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ARTES

ARTES

POVOS PRÉ-HISTÓRICOS E PRIMITIVOS; A-


MÉRICA ANTIGA
Se partirmos do significado da arte como exer- o fato refletia-se em suas representações naturais ao
cício de atividades, como o processo de edificação de desenhar como observavam. Sua pintura era parte de
uma casa ou templo tem-se que nenhum povo existe um ritual, no qual se pretendia interferir na captura de
ou existiu no mundo sem arte. Por outro lado, enten- animais.
demos a arte como aquilo que é belo o artigo de luxo A imagem aqui apresentada trata do estudo do
deleitados em museus e exposições. período neolítico em que observamos as diversas al-
Ao recuarmos na história, diversas são as fina- terações ocorridas, que podem ser a confirmação que
lidades que se crê serem servidas pela arte. Entre os precisávamos ter de que eles representavam tanto o
mais ancestrais, citando aqui os “primitivos”, não que viam como o que viviam.
porque se tornaram mais simples do que nós, mas pe-
lo seu processo racional. Entre os primitivos não há
diferença entre fazer a imagem em relação ao que se
refere a utilidade.
Nesses estranhos começos, se procurarmos pe-
netrar na ação pensante dos povos desse período, à
compreensão da imagem representada é algo podero-
so a ser usado e não contemplado e belo.
Quando foram descobertas em paredes de ca-
vernas e em rochas na Espanha e no Sul da França os
estudiosos passaram a crer que as representações a-
nimadas, naturais e vigorosos dos animais pudessem Pinturas rupestres encontradas em Tassili, região do Saara
ser feitas por homens na Era Glacial. (cerca de 4500 a.C) (1.2.)

Por isso o início do texto menciona a questão


do processo do primitivo, e não de uma classificação
artística, de função ou de estética.
Ainda existem povos primitivos limitados ao
emprego de ferramentas de pedra raspando imagens
rupestres de animais para fins mágicos. Muitas tribos
celebram festividades regulares, nas quais se vestem
como animais e como eles se movimentavam em
danças solenes e rituais.
Cada família tem de fato suas próprias tradi-
ções e predileções, sem as quais a árvore não parece
ficar adequada. Todavia, quando chega o grande
Pré - História cerca de 15.000 anos a.C., Bisonte, Caverna de
momento de decorar a árvore, ainda resta muita coisa
Altamira, Espanha.
por decidir.
(1.1)
A arte primitiva funciona justamente de acordo
A imagem (1.1) do Bisonte é um exemplo do com essas diretrizes preestabelecidas, mas permite ao
período Paleolítico, em que seus artistas viviam ex- artista margem bastante para revelar sua índole O
clusivamente da caça, a organização das imagens e- domínio técnico de alguns artífices tribais é deveras
ram distribuídas de forma sobreposta, com variação surpreendente.
de pigmentação amarela, vermelha, branca e a preta,
lembrando que o preto auxiliava ao desempenho das
formas, assim como as saliências das cavernas pro-
porcionavam volume. Os primitivos desse período
não tinham uma vida de organização desenvolvida e

Editora Exato 1
ARTES

EGITO
A história da arte como um esforço contínuo não se propuseram a bosquejar a natureza tal como se
não começa nas cavernas do sul da França nem entre lhes apresentava sob qualquer ângulo fortuito. Dese-
os índios norte–americanos. Todos sabemos que o nhavam de memória, contrários aos primitivos que
Egito é a terra das pirâmides, montanhas de pedra observavam, e submetidos a regras estritas, as quais
que, de fato, tinham importância prática aos olhos asseguravam que tudo o que tivesse de entrar no qua-
dos reis e seus súditos. O faraó era considerado um dro se destacaria com perfeita clareza.
ser divino que exercia completo domínio sobre seu Na representação do corpo humano, a cabeça
povo e que, ao partir deste mundo, voltava para junto era mais facilmente vista de perfil, de modo que eles
dos deuses dos quais viera. As pirâmides, erguendo- a desenhavam lateralmente. O olho humano, se ob-
se em direção ao céu, ajudá-lo-iam provavelmente a servarmos, era representado de frente e era plantado
realizar essa ascensão. Os egípcios acreditavam que o na vista lateral da face. Os ombros e o tronco são vis-
corpo tinha que ser preservado a fim de que a alma tos melhor de frente, pois assim observamos como os
pudesse continuar vivendo no além. Em toda a volta braços se ligam ao corpo. Braços e pernas posiciona-
da câmara funerária, eram escritas fórmulas mágicas dos com intenção de movimento, porém, vêem-se
e encantamentos para ajudá-los em sua jornada para o com muito mais clareza de lado. Esta técnica ficou
outro mundo. Um nome para designar o escultor era: conhecida como Lei da Frontalidade (2.2.).
“Aquele que mantém vivo”.
A religião se tornou o fator de maior relevância
para os egípcios, e a morte o grande argumento para
sustentação do poder e da arte.
Na quarta “dinastia” do “Antigo império”, den-
tro das características peculiares da arte, os escultores
não eram fiéis à realidade. A observação da natureza
e a regularidade do todo são equilibradas de um mo-
do tão uniforme que essas cabeças nos impressionam
por sua expressão de vida, sendo, no entanto, remotas
Baixo relevo de um túmulo próximo de Sacará
e permanentes. Podemos estudá-las melhor nos rele- (Cerca de 2500 a.C.). Museu do louvre, Paris. (2.2.)
vos e pinturas que adornavam as paredes dos túmu-
los. As pinturas e os modelos encontrados em A regra para a arte egípcia permitia incluir tu-
túmulos egípcios estavam associados à idéia de for- do o que consideravam importante na forma humana;
necer servos para a alma no outro mundo, uma crença supõe-se ter algo a ver com a finalidade mágica da
que é encontrada em muitas culturas antigas. representação pictórica.
Representavam o que eles sabiam fazer, da
pessoa ou de uma cena, partiam de formas aprendidas
e dele conhecidas, construía figuras a partir do mo-
mento que suas formas podiam ser dominadas. Não
se tratava apenas do conhecimento técnico, mas pelo
conhecimento que eles tinham do significado das
formas representadas.
Um outro exemplo na arte egípcia em relação
ao significado de suas figuras destinava à separação
de aspecto social, representar a figura de um chefe
maior em uma comunidade egípcia, seu tamanho em
relação às outras figuras destacava-se.
O estilo egípcio incorporou uma série de leis
bastante rigorosa e todo artista tinha que apreendê-las
O jardim de Nebamun, c. 1400 a.C. Mural um tumulo em Tebas, desde muito jovem. Estátuas sentadas deviam ter as
64 x 74,2 cm; British Museum, Londres. mãos sobre os joelhos; os homens eram sempre pin-
(2.1.) tados com a pele um pouco mais escura que as mu-
lheres; aparência rigorosamente estabelecida.
A tarefa do artista consistia em preservar tudo
com maior clareza e permanência possível. Assim,

Editora Exato 3
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GRÉCIA, SÉCULOS VII A V A.C


Entre os diferentes climas temperados do mar comunidades, mas nenhuma delas conseguiu-se do-
nas múltiplas ilhas, grandes e pequenas, do mediter- minar todas as outras.
râneo oriental e nas costas recortadas por inúmeras Quando os artistas começaram a fazer estátuas
enseadas das penínsulas da Grécia a Ásia Menor es- de pedras, partiram do ponto em que os egípcios pa-
tavam o povo cretense cuja arte foi copiada no conti- raram, estudaram e imitaram seus modelos, dos quais
nente grego, sobretudo em Micenas. aprenderam como reproduzir a figura de um jovem
Nos primeiros séculos de sus domínio sobre a de pé, marcando as divisões do corpo e os músculos
Grécia, a arte dessas tribos ora bastante rude desgra- que o mantêm unido, os artistas apresentam-se de
ciosa e primitiva. Nada existe nessas obras que lem- forma que se limitava em obedecer a fórmulas fixas
bre, mesmo de longe, o alegre movimento do estilo por melhor que elas fossem.
cretense, pareciam superar até os egípcios em rigidez. Contrários aos egípcios que baseavam sua arte
As cenas representadas faziam parte do desenho aus- no conhecimento, os gregos usavam seus próprios o-
tero e rigoroso. lhos, o sorriso de suas escultura surgia de uma expe-
Na Grécia do século VI a.C., os artistas dos an- riência embaraçada, com uma postura rígida parecia
tigos impérios orientais tinham – se empenhado em criar impressão de falsidade.
obter um tipo peculiar de perfeição. Sobre a pintura egípcia pouco se soube, algu-
As tribos gregas tinham-se instalado em várias ma maneira que se pode formar uma vaga idéia de
cidades pequenas e em portos de abrigo ao longo da seu surgimento está em observar as decorações em
costa. Havia muita rivalidade e atritos entre essas cerâmicas. Neles também se encontram os vastos mé-
todos egípcios.

Figura 1 Figura 2

A desoedida do guerreiro, c. 510 - 500 a.C.


Aquiles e Ájax jogando damas, c. 540 a.C. Vaso em estilo de “Figuras vermelhas” , assinado
vaso no estilo de “ iguras pretas” , assinado por Eutímedes; altura 60 cm; Staatliche
por exekias; altua 61 cm; Museu Etrusco Vaticano. Antikensammlugen und G lyptothek, Munique.

Começaram assim a representar como real- Podemos concluir que o artista tinha a intenção
mente viam, foi justamente através desses artistas que de imitar um rosto real, com todas as suas imperfei-
surgiam a técnica do escorço. Exemplo apresentado ções, mas o modelava a partir de seus conhecimentos
na figura 2. sobre a forma humana.
Passou-se a ter a pretensão de levar em conta o Século IV a.C a I d. C A Beleza do Im-
ângulo de onde o artista via o objeto, logo as técnicas pério Grego
mudavam-se aos poucos, e era possível notar os níti-
O artista revela-se agora orgulhoso do seu i-
dos contornos, incluindo-se o conhecimento do corpo
menso poder e gradualmente durante o século IV dis-
humano. Amantes das linhas firmes e planos equili-
cutiam pinturas e estátuas como discutiam poemas e
brados.
Editora Exato 4
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teatro e elogiavam suas beleza ou criticavam sua Outra religião Oriental que aprendeu a repre-
forma e concepção. sentar suas histórias sagradas para a construção dos
Durante todo o século, os artistas estiveram crentes foi a judaica. Mesmo pela proibição que tinha
analisando se empenhavam em insuflar cada vez em relação às imagens, temendo a idolatria. Suas i-
mais vida nos corpulentos modelos antigos. magens distanciavam da realidade justamente pelo
Século I a IV d. C medo de pecar, e as imagens apenas restringiam-se a
A maioria dos artistas que trabalhavam em lembrar, pois, a manifestação do poder de Deus.
Roma eram gregos, e a maioria dos colecionadores Foi exatamente através deles que surgiu a pri-
romanos adquiria obras dos grandes mestres gregos meira representação de Jesus, apesar das origens da
ou cópias dessas obras. A esses artistas foram confia- arte cristã estarem ainda mais longe.
das diferentes tarefas e eles tiveram, por conseguinte,
que se adaptar aos novos métodos.
O mais citado do edifício é o Panteão, templo
dedicado a todos os deuses. O único templo da anti-
guidade clássica que sempre se conservou como local
de culto.

Cristo com São Pedro e São Paulo, c. 389


d. C. Relevo em mármore do sarcófago
de Junius Bassus; cripta de São Paulo, Roma.

Os primeiros artistas chamados a pintar ima-


gens para lugares cristãos de sepultamento – as cata-
cumbas humanas. A representação pictórica deixara
de existir como uma coisa bela por si mesma. Seu
principal intuito era recordar agora aos fiéis um dos
exemplos do poder e da misericórdia de Deus.
Começava a separar os ideais de fiel imitação,
O interior do Panteão, Roma, c. 130 d. C. Pinturas atentando-se à idéia de clareza e simplicidade, procu-
de G.P. Pamini, Santeuns Museum for kunst, Copenhague. rando o máximo de nitidez e objetividade.
A arte primitiva cristã pode ser comparada à
Os romanos agiam dentro de seu principal ob- tentativa infantil de se criar um desenho. De traços
jetivo, narravam as façanhas de um herói e procura- simples e contornos toscos, suas imagens eram priva-
vam o grande valor para as religiões. das de apuro técnico, pois não eram executadas por
A arte grega e romana, que tinha ensinado o artistas profissionais e sim por homens simples da
homem a visualizar deuses e heróis com belas for- sociedade cristã ainda perseguida pela proibição ao
mas, também ajudou os indianos a criar uma imagem cristianismo.
do seu salvador. Suas imagens giravam em torno dos símbolos
cristãos, como a âncora, a palma, a cruz e o peixe,
símbolo predileto dos cristãos.

Cabeça do Buda, século IV - V d.C. Encontrada em Hadda,


Afeganistão (Antiga Gandhara); estuque com traços de
pigmentos, altura 29 cm, Victoria Albert Museum, Londres.

Editora Exato 5
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O GÓTICO
O estilo romântico não sobreviveu sequer ao permitiam que significado e mensagem pudessem ser
século XII, permitindo nascer na França setentrional entendidos e meditados pelos fiéis.
o aparecimento do estilo gótico. A tarefa dos pintores nórdicos era a iluminação
As diferenças inovadoras foram descobertas de manuscrito; observe “o sepultamento de cristo”:
pelo método de alobar uma igreja por meio de arcos “Mostra-nos semelhante importância em expor
transversais, desejaram empregar pilares leves e os sentimentos das figuras. A virgem debruça-se so-
“costelas” estreitas nas arestas da abóbada. Passou a bre o corpo morto de Cristo e S. João entrelaça a
ser o ideal dos arquitetos construir igrejas quase à mão, numa atitude de profundo pesar”.
maneira como hoje se constrói estufa. No século XIII,a época das grandes catedrais, a
Surgia uma idéia dominante das catedrais góti- França era o mais rico e o mais importante da Euro-
cas, desenvolvidas ao norte da França durante a 2ª pa. Somente na segunda metade século XIII é que um
metade do século XII. escultor italiano começou a seguir o exemplo dos
O princípio de cruzamento de “nervuras” não mestres franceses e a estudar os métodos da escultura
foi suficiente, foi preciso unir segmentos de arcos – clássica a fim de representar a natureza de modo mais
criando os arcos mais achatados ou pontiagudos, se- concrescente.
guindo as exigências da estrutura. A arte italiana encontrou o pintor genial floren-
No interior de uma catedral gótica somos leva- tino Giotto de B. As mais famosas obras de Giotto
dos a compreender complexas interações de traços e são os murais ou afrescos (pintura ainda fresca, ou
pressões que mantêm a grandiosa abóbada em seu lu- úmida).
gar. Todo o interior parece tecidos delicados, fustes e Ele criou a ilusão de que a história sagrada es-
nervuras e ao longo as paredes da nave parecem reu- tava acontecendo diante dos nossos olhos, já não era
nir no capitel dos diversos pilares que são formados suficiente examinar as representações mais antigas da
por um feixe de varas de pedras. mesma cena e adaptar aqueles modelos consagrados
Eram formadas de vitrais policromos que refu- pelo tempo a um novo uso.
gam como rubis e esmeraldas. Os pilares, nervuras e Observe a obra, o tema é o velório em torno do
rendilhados despendiam cintilações douradas. corpo de Cristo, a virgem abraçando-lhe pela última
Nos portais, as figuras esculpidas que se aglo- vez.
meram nos poéticos das grandes catedrais góticas

Editora Exato 6
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Variou o tamanho das figuras de modo a en- uma vez que os interesses enveredaram por esse ca-
caixá-la bem na página, e se tentarmos imaginar as minho, a arte medieval podia realmente considerar-se
figuras em 1º plano e S. João ao fundo – com Cristo e no fim. E a partir daqui chegamos a tal grandioso pe-
a Virgem, percebe-se que tudo está espremido e que ríodo renascentista.
o artista não se importou com problemas de espaço. O início do século XV, conquistando a
Para Giotto, o observar é como uma testemu- realidade
nha do que estava acontecendo, ele mostra de modo
O renascimento ganhava terreno na Itália des-
tão convincente como cada figura reflete a dor pro-
de a época de Giotto, e ali mesmo a idéia de renasci-
funda suscitada pela trágica cena que não podemos
mento associava-se, na mente dos romanos, à idéia de
deixar de pressentir a mesma aflição nas figuras aga-
ressurreição da “grandeza de Roma”.
chadas, cujos rostos não podemos ver.
Os italianos do século XIV acreditavam que a
Como o trabalho continuava no século XIV,
arte, a ciência e o saber haviam florescido no período
vem-se a ambição dos grandes bispados por podero-
clássico, que todas essas coisas foram destruídas pe-
sas catedrais. Podemos dizer que o gosto do século
los bárbaros do Norte e que a eles cabia a missão de
XIV se inclinava mais para o refinado do que para o
reviver o passado glorioso.
grandioso.
O líder foi o arquiteto Fillipo Brunelleschi, que
Em sua arquitetura, já não se contentavam com
decidiu descartar inteiramente o estilo tradicional a-
os métodos e majestosos contornos, gostavam de exi-
dotado e ansiava pelo modelo romano.
bir sua habilidade na decoração e nos rendilhados
Tinha como intenção que as formas da arquite-
complexos. Há quem afirme que as obras mais carac-
tura clássica fossem desenvolvidas de formas livres
terísticas deste século são os trabalhos menores em
usadas para criar novos modos de harmonia e beleza.
metais preciosos ou marfim, em que o amor dos pin-
Brunelleschi não foi apenas o pioneiro da ar-
tores do século XIV por detalhes graciosos e delica-
quitetura da Renascença, mas também dominou toda
dos é visto em manuscritos iluminados, e o método
a arte de séculos subseqüentes: a da perspectiva,
de contar a história continua um tanto irreal.
culminou colunas, pilastras e arcos à sua própria ma-
Somente no decorrer do século XIV é que os
neira, a fim de lograr um efeito de leveza e elegância
dois elementos dessa arte, a leve narrativa e a obser-
diferente de tudo o que se construíra antes.
vação se conjugaram gradualmente.
Foi Brunelleschi quem forneceu a artistas mei-
Giotto foi contemporâneo do grande poeta flo-
os técnicos para solucionar esse problema. E o entu-
rentino Dante, que o menciona na divina comédia.
siasmo que isso causou entre os seus amigos pintores
Esses, entre outros artistas do século XIV, pintaram
deve ter sido imenso.
copiando da natureza, o que desenvolveu a arte retra-
A figura a seguir trata de um mural numa igre-
tista.
ja florentina representando a Santíssima trindade com
A Boêmia tornou-se um dos centros através do
a Virgem e S.João sob a cruz, e os doadores – um ve-
qual essa influência, oriunda da Itália e da França,
lho mercador e sua esposa – ajoelhados do lado de
propagou-se mais amplamente, alcançado contato a-
fora.
inda com a Inglaterra. A Europa da igreja latina ainda
O artista que representou tal grandiosidade
era mais vasta. Artistas e idéias circulavam livremen-
chama-se Masaccio, que significa “desejeitado”, sua
te de um centro para o outro, e ninguém pensava em
arte não constituía apenas a perspectiva elaborada na
rejeitar uma realização por ser “estrangeira”. O estilo
pintura, mas elaborou através da simplicidade e gran-
surgiu do intercâmbio em fins do século XIV, é co-
deza das figuras que eram emolduradas por essa nova
nhecido entre os historiadores como o “estilo interna-
arquitetura.
cional”.
Figuras maciças em sólidas formas angulares e
Os artistas desse estilo aplicaram a mesma ca-
a presença de um túmulo sombrio com um esqueleto
pacidade de observação e o mesmo prazer em coisas
acima, substituindo a delicadeza das flores e pedras
belas e delicadas sempre que retrataram o mundo à
preciosas.
sua volta. Tinha o costume da Idade Média ilustrar
calendários com quadros das diversas ocupações ca-
racterísticas dos sucessivos meses: se menteira, caça,
colheita etc.
Aqui era possível colocar todo o conhecimento
adquirido da natureza a serviço da arte religiosa, co-
mo os mestres do século XIV tinham feito. Havia o
treino antes das antigas fórmulas para representar as
principais figuras da história sagrada. Sendo assim,

Editora Exato 7
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tante determinado na reprodução minuciosa de cada


detalhe em sua pintura.
Os artistas aqui citados até agora tinham de-
senvolvido um método pelo qual a natureza podia ser
representada num quadro com exatidão quase cientí-
fica. Começavam com uma estrutura de linhas em
perspectivas, e construíam o corpo humano graças
aos seus conhecimentos de anatomia e das leis da na-
tureza, mediante a paciente adição de detalhe, até que
a tonalidade da sua pintura se convertesse num espe-
lho do mundo visível.
Jan foi o inventor da pintura a óleo, os artistas
tinham que preparar suas tintas extraídas de plantas e
minerais, adicionado um líquido aos pigmentos ad-
quiridos, a fim de convertê-los em uma pasta.
Observe a obra em que descreve o espelho da
realidade, onde nada lhe faltava: o tapete e os chine-
los, o rosário na parede, entre outros detalhes.

Entre os maiores escultores, citamos Donatel-


lo, o qual transmitia a suas imagens uma impressão
de vida e movimento, cujos contornos permanecem
claros e sólidos como uma rocha. Ele nos revela, as-
sim, tirar uma nova representação através da obser-
vação na natureza.
Jan Van Eyck – Os ensaios dos Amolfini, 1434. Óleo sobre madeira, 81,8
O estudo do corpo humano era inevitável e pa- x 59,7 cm: Nacional Gallery, Londres
ra realizá-lo solicitava a seus colegas artistas que po- O pintor foi chamado a registrar esse importan-
sassem para ele em atitude requerida, a fim de te momento como testemunha. Entende-se que ele foi
parecer sua obra mais convincente. chamado para declarar que estivera presente num ato
A arte da perspectiva aumenta ainda mais a i- solene idêntico. O fato se explica no momento em
lusão de realidade. Auxiliada pelo domínio da ciência que pôs seu nome numa posição de destaque do qua-
e o conhecimento da arte clássica permaneceu de dro, com as palavras latinas: “Johannes de eyck fuit
posse exclusiva dos artistas italianos da Renascença. hit”. (Jan Van Eyky esteve aqui).
Deixemos um pouco a pintura de lado, afinal
de contas não foi a única arte que realizou conquistas
da realidade do Norte. Na região dos Países Baixos, o
pintor Jan Van Eyck fazia descobertas revolucioná-
rias.
Jan Van Eyck atinham-se à observação da na-
tureza e cada vez mais paciente, ele parecia ser bas-

Editora Exato 8
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Final do Século XV na Itália cela de cada monge e no final de cada corredor. Ob-
As novas descobertas que os artistas da Itália e serve uma de suas pinturas.
Flandres tinham feito nos começos do século XV: a
nobreza do período comungava nos ideais da cavala-
ria; sua lealdade ao rei ou ao senhor feudal não im-
plicava que se considerassem os paladinos de
qualquer povo ou nação. Cada cidade orgulhava-se e
era ciosa de sua própria posição e privilégios no co-
mércio e indústria. Assim que os artistas ganharam
importância. Os artistas, como todos os artesão e artí-
fices, organizaram-se em corporações, as quais eram
companhias ricas que faziam ouvir sua voz na admi-
nistração da cidade, e não só a ajudavam a prosperar
como também se empenhavam em fazê-la bela, po-
rém dificultavam a todo e qualquer artista estranho
obter emprego ou instalar-se entre eles.
No século XV, a arte fragmentou-se numa sé-
rie de “escolas” diferentes; quase todas as cidades,
grandes ou pequenas, da Itália, Flandres e Alemanha
tinham sua própria “escola de pintura”. O termo es-
cola era para determinar que se uma criança se dedi-
Fra Angélico – A anunciação, 1440. Afresco
casse à pintura, o pai a colocava desde cedo na casa
187 x 157. Museu di San Marco, Florença.
dos mestres da cidade, com a intenção dele se tornar
um aprendiz.
Outro a ser citado é o pinto Paolo Uccello, a-
Como exemplo do período citamos Fra Angé-
parentemente sua pintura parece bastante medieval.
lico, um frade dominicano, e os afrescos que pintou
em uma de suas mais belas obras, uma cena sacra na

Paolo Uccello – A Batalha de San Romano, c. 1450. Provavelmente de um aposento do Palazzo Médici Florença, óleo sobre madeira,
181,6 x 320 cm. National gallery, Londres.

O pintor empenhou-se em representar as várias bordagem oposta. Tentou construiu um convincente


peças de armadura que juntam o solo da perspectiva. alço onde suas figuras parecessem sólidas e reais.
Isso deve ter sido de extrema dificuldade. Uma pintu- Apesar de tudo, Uccello ainda não aprendera a
ra pequena em relação a tantas outras figuras. usar os efeitos de luz e sombra, a fim de suavizar os
Paollo devia à tradição gótica, e como a trans- duros contornos de uma representação estritamente
formou, optou por uma abordagem de todas as coisas perspectivada.
até o ínfimo sombreado. Uccello optou por uma a-
Editora Exato 9
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Nesse tempo, outros pintores nas cidades ao


norte e ao sul de Florença tinham absorvido a mensa-
gem da nova arte de Donatello e Masaccio, e ansio-
sos por extrair dela o máximo proveito do que os
próprios florentinos.
Outro grande pintor foi Piero della Francesca.
Seus afrescos foram pintados pouco depois de mea-
dos do século XV, uma geração após Masaccio.

Editora Exato 10
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LISTA DE EXERCÍCIOS
EXERCÍCIOS 2 Conforme a imagem, julguem os seguintes itens:

1 Em Giotto, encontramos um artista de tempera-


mento muito mais ousado e dramático. Desde o
início, Giotto estava menos próximo da maneira
grega e foi, por instinto, um pintor de afrescos,
muito mais de painéis. Devemos agora voltar
nossa atenção para a pintura italiana que no final
do século XII, gerou uma extraordinária explosão
de energia criadora, cujos resultados foram tão
prolíferos quanto havia sido a ascensão das cate-
drais góticas na França.

1 As duas pinturas foram colocadas lado a lado


para dar a impressão de constituírem uma só
obra.
2 Os detalhes da paisagem são proporcionais às
figuras características das obras renascentistas.
3 Percebe-se na obra um esforço do artista em
fazer-nos crer que a paisagem envolve o edifí-
cio.
4 Apesar de todos os detalhes, o painel não apre-
senta profundidade.

3 Usando seu próprio testemunho, Piero della


Conforme imagem e texto, julgue os itens: Francesca, podemos dizer que suas obras nasce-
1 A ação da cena desenvolve-se em primeiro ram de sua paixão pela perspectiva. Mais que
plano. qualquer artista de seu tempo, ele acreditava na
2 Giotto faz com que o olhar do espectador fique perspectiva científica como sendo a base da pin-
no mesmo nível das cabeças das figuras, pare- tura; em um tratado repleto de rigor matemático,
ce dar continuidade ao espaço em que nos en- o primeiro do gênero, ele demonstrou como a
contramos. perspectiva se aplicava aos corpos estereométri-
3 A arquitetura é apresentada na imagem com a cos e formas arquitetõnicas, bem como a forma
mesma importância com que é narrada a histó- humana.
ria em sua obra.
4 A profundidade é obtida através dos volumes
combinados dos corpos sobrepostos na pintura.

Editora Exato 11
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Com base no texto e imagem, julgue os itens: 6 A arte gótica, como a conhecemos até o presente,
1 A sua obra apresenta, em sua arquitetura, uma reflete um desejo de conferir aos temas tradicio-
ilusão de formas geométricas. nais do cristianismo um apelo emocional cada
2 Suas pinturas já não têm por função represen- vez mais intenso. A mais característica e difundi-
tar um acontecimento. da dessas imagens é chamada Pietà, uma repre-
3 A pintura observada destina-se a transmitir sentação da Virgem lamentando o Cristo morto.
emoções, como alegria e tristeza. Essa cena não aparece nas escrituras. foi criado
4 As figuras representadas parecem estar estáti- em contrapartida ao tema da Madona com o Me-
cas. nino.

4 No século XVI, a nova arquitetura foi chamada


desdenhosamente de gótica, porque tinha uma de
aparência tão bárbara que poderia ter sido criada
pelos godos, povo que invadiu o Império Romano
e destruiu muitas obras da antiga civilização ro-
mana. Mais tarde, o nome gótico perdeu seu cará-
ter depreciativo e ficou definitivamente ligado à
arquitetura dos arcos ogivais.
Partindo da leitura feita do texto, julgue os itens:
1 A rosácea, uma janela arredondada, é um ele-
mento arquitetônico característico do estilo gó-
tico, porém foi na renascença que recebeu um
destaque maior.
2 A característica mais importante gótica é a a-
bóbada de nervura, a mesma utilizada na igre-
jas românicas. Conforme texto e imagem, julgue os itens:
3 A utilização de arcos ogivais possibilitava que 1 O realismo registra na expressão quase até o
as igrejas fossem construídas mais altas. grotesco, de modo a provocar uma opressiva
4 A igreja gótica apresenta um tímpano na sua sensação de horror e piedade.
fachada principal, os quais narram, através de 2 Seus corpos macelentos e parecidos com mari-
trabalhos escultóricos, momentos diferentes da onetes, atinge o ponto extremo da negação dos
vida de Cristo. aspectos físicos da figura humana.
3 É possível notar a ausência ao observador, já
5 Nas, artes, o ideal humanista e a preocupação que a sua intenção era representar os temas
com o rigor cientifica podem ser encontrados nas cristãos.
mais diferentes manifestações. Trabalhando ora o 4 A imagem incorpora as forças das trevas, se-
espaço, na arquitetura, ora as linhas e cores, na melhantes às enormes famílias de criaturas
pintura, ou ainda os volumes, na escultura, os ar- selvagens ou monstruosas ,registradas na Idade
tistas do Renascimento sempre expressaram os Média.
maiores valores da época a racionalidade e a dig-
nidade do ser humano. 7 Michelângelo exemplifica mais plenamente que
Com base no texto, julgue os seguintes itens: qualquer outro artista o conceito de genialidade
1 O renascimento buscava em sua arquitetura a como inspiração divina, um poder sobre-humano
ordem e a disciplina que igualasse ao ideal de concedido a poucos e raros indivíduos, e que atua
infinitude do espaço das catedrais góticas. através deles. Ao contrário de Leonardo, para
2 A matemática estabelecida para a ocupação do quem a pintura era a mais nobre das artes porque
espaço pelo edifício foi estabelecida para o ob- abarcava todos os aspectos visíveis do mundo; A
servador pudesse compreender a lei que o or- arte, para ele, era uma ciência. mas sim "a criação
ganiza, de qualquer ponto em que se coloque. de homens", a análoga à criação divina.
3 A preocupação dos construtores renascentistas
era criar espaços compreensíveis de todos os
ângulos visuais.

Editora Exato 12
ARTES

3 Toda a gestualidade registrada na obra é desvi-


ada para a virgem, já que ela é o ponto mais al-
to da imagem e o mais iluminado.
4 A profundidade da imagem é dada pela luz que
brilha muito além da escuridão da superfície
das pedras.

9 No Egito, ao dominar uma série de leis rigoro-


sas,o artista dava por encerrada a sua aprendiza-
Conforme texto e imagem, julgue os itens: gem. Ninguém queria coisas diferentes, ninguém
1 A cena apresenta uma dramática justaposição lhe pedia que fosse original. As figuras eram re-
do homem e de Deus. presentadas da forma mais claramente visível.
2 A imagem é semelhante às imagens gregas, Na Grécia, embora os artistas não copiassem a
que mostram sua beleza e corpos trabalhados. natureza tal como a viam, já não consideravam a
3 A imagem possui uma construção diagonal, o fórmula de representação da figura humana como al-
que desequilibra a obra. go sagrado, que devesse ser seguida em todos os
4 A imagem de Adão representado por um ho- pormenores.
mem jovem, cujo corpo forte e harmonioso A grande revolução da arte grega, a descoberta
concretiza o ideal da beleza do Renascimento. de formas naturais e do escorço, ocorreu em uma é-
poca que é, acima de tudo, o mais assombroso perío-
do da história humana. É a época em que o povo das
8 Leonardo não pensa em termos de contornos, cidades gregas começou a contestar as antigas tradi-
mas sim de corpos tridimensionais que tornam ções e lendas sobre os deuses e a investigar sem pre-
visíveis, em graus variados, através da luz. Nas conceitos a natureza das coisas
sombras, essas formas permanecem incompletas,
e seus contornos são sugeridos.

Conforme a figura e o pequeno trecho sobre os


estudos da pintura do autor Leonardo, julgue os itens:
Figura I A deusa Hathor e o rei Sthi I, 19, dinastia, 1303-1290 a.C.
1 As figuras estão em disposição geométrica, de
maneira que formem uma pirâmide, onde a ba-
se é a Virgem.
2 O contraste de claro e escuro que incide no
rosto da virgem a torna o centro da obra.

Editora Exato 13
ARTES

dos instrumentos que os grupos utilizavam em suas


atividades, como pontas de projéteis em osso, lâmi-
nas de machado, quebra-coquinhos, agulhas, pesos de
rede, anzóis, além de objetos de arte, como o objeto
de pedra representando uma ave, mostrando na figura
II, acima.

Figuras II Cenas de aprendizagem, pintura sobre cerâmica.


Com o auxílio do texto e das figuras acima,
julgue os itens que se seguem, acerca das diferenças
de estilo e de forma nas artes egípcia e grega.
1 Na arte egípcia, os artistas utilizavam a lei da Figura I-Sambaqui. Sítio Figueirinha-I, Jaguaruna, Santa Catarina
frontalidade.
2 As figuras humanas, na obra egípcia mostrada
na figura I, têm o mesmo tamanho e, portanto,
possuem a mesma importância na cena.
3 O desenho sobre o vaso grego, mostrado na fi-
gura II, embora naturalista, tem função decora-
tiva.
4 Ao contrário do que mostra a obra de arte e-
gípcia, representada na figura I, o desenho do
vaso grego representado na figura II é estático.
5 O autor do relevo egípcio, mostrado na figura
Figura II- Zoolito, acervo do MAE-USP
I, teve liberdade para escolher as cores de sua
pintura. Com base no texto e nas figuras acima, julgue
os itens seguintes, acerca dos sambaquis e de outras
evidências da arte e da cultura dos habitantes primiti-
10 Esta narrativa faz parte da mitologia contada pe- vos do Brasil.
los povos de língua tupi e relata a história de um 1 Alguns sambaquis demoraram centenas de a-
povo na busca da Terra sem Mal, da eterna fonte nos para serem construídos.
de juventude de Maíra e de uma inesgotável pro- 2 Os sambaquis eram construídos por grupos que
fusão de alimentos e recursos em geral. De fato, habitavam e exploravam o ambiente marinho.
mais ou menos há 1.500 anos, partindo do Ama- 3 O objeto mostrado na figura II traduz a mani-
zonas, esses grupos empreenderam um enorme festação de um valor cultural ligado à sobre-
deslocamento populacional, expandindo seu terri- vivência do grupo social que o produziu.
tório e alcançando, na época da colonização eu- 4 A técnica de desbaste utilizada no trabalho em
ropéia,uma verdadeira unidade nacional. Suas pedra mostrado na figura II permitiu obter de-
aldeias se distribuíam da Amazônia ao sul do talhes minuciosos.
Brasil, formando uma extensa faixa ao longo do 5 As dimensões dos sambaquis e o seu destaque
litoral. na paisagem fazem que eles pareçam monu-
Há mais ou menos 6.000 anos, uma parte do li- mentos para a demarcação do território ocupa-
toral brasileiro começou a ser ocupada por grupos do pelo grupo que os construiu.
que, utilizando os recursos oferecidos por oceanos,
mangues e lagunas, construíam sambaquis, como o
mostrado na figura I, acima, com cerca de 15 m de 11 O trecho a seguir traz a opinião de Ulpiano Be-
altura. zerra de Meneses acerca da definição da arte no
O nome sambaqui vem da língua tupi (tampa = período pré-colonial no Brasil.
marisco e ki = amontoado), e é mais ou menos isso É preciso evitar noções associadas ao fenôme-
que os sambaquis representam. no artístico na civilização ocidental, em que a produ-
Em um sítio sambaqui, encontramos marcas de ção internacional (ou a conversão de produção
fogueiras, de habitações, restos de alimentos e deze- originada de outro contexto), a circulação e o consu-
nas de sepultamentos. Encontramos, ainda, muitos mo de certos bens obedecem a tal especificidade, que

Editora Exato 14
ARTES

é possível falar em categorias como objetos artísticos, 15 A arte egípcia tinha como seu deus não a coca–
artista, colecionador de arte, marchand e assim por cola, mas ao faraó a quem exortavam em suas
diante. Dentro dessa perspectiva, é totalmente inade- pinturas e esculturas.
quado presumir uma atividade artística para as cultu-
16 As figuras encontradas no período egípcio eram
ras primitivas e, portanto, tentar identificar uma
bastante adornadas com ouro e brilho para manter
classe de produtos de arte ou buscar especialização
a crença e o poder hierárquico de seu povo.
na sua manufatura. Por outro lado, remeter, como so-
lução alternativa, todos e quaisquer fenômenos for- 17 A arte na pré–história assemelha-se aos egípcios
mais relevantes, nessas culturas, a um contexto quando suas figuras produzem movimento e ins-
cerimonial e a conteúdos simbólicos é praticar outra tabilidade em cena.
forma de reducionismo que nada pode esclarecer. 18 As imagens no período paleolítico e neolítico não
se diferenciavam em suas formas apenas na temá-
tica e na organização das figuras.
19 Os artistas gregos iniciavam sua arte semelhante
à arte egípcia o tronco do corpo geometrizado aos
quadris.
20 Os egípcios e os povos primitivos possuíam suas
estilizadas.
21 Os romanos diferenciam em sua arte dos artistas
gregos apenas pelos valores das vestimentas.
22 Os artistas gregos idealizavam os homens como
Ulpiano Bezerra de Meneses. A arte no período pré-colonial. Walther Zanini. Histo- centro do universo, semelhantes aos deuses.
ria geral da arte no Brasil. São Paulo,Instituto Walther Moreira Salles, 1982, v 1 p
21. 23 Os romanos, além da escultura, que aperfeiçoa-
A partir do texto e da figura acima, que mostra ram em seu estilo artístico, tinham a arquitetura
urna funerária confeccionada em argila, julgue os i- como um dos seus grandes méritos, pois conse-
tens a seguir. gue elaborá-las em andares.
1 A urna exibida não tem função utilitária.
2 Os pés da figura humana representada pela 24 A arte cristã–primitiva era realizada em templos,
uma mostrada têm também a função de dar a- onde estabelecia a nova religião cristianismo.
poio ao objeto. 25 Os gregos dividem-se em três períodos artístico
3 O material utilizado na confecção da uma mos- arcaico, clássico e o período helênico, onde suas
trada na figura é raro no Brasil esculturas desenvolvem-se com novas formas e
4 A cerâmica é geralmente produzida por socie- sem implementação de materiais inovadores.
dades que não atingiram um estágio agrícola.
5 Conforme o exemplo da uma exibida na figura, 26 As catacumbas cristãs assemelham-se aos rituais
as irregularidades na superfície do objeto em egípcios, pois eles acreditavam em desenhos ar-
cerâmica tomam sua forma assimétrica. tísticos, como magia, pré–destinadores de salva-
ção.

Julgue os itens: 27 O dinamismo da arte grega é dado quando as fi-


guras femininas são representadas envolvidas por
12 Apesar do texto no final criticar o contemporâ- pequenos panos sugerindo o movimento.
neo, enfatiza a importância de conhecer o princí-
pio e a cultura que motiva a existência destes 28 A escultura helenística é o auge grego quando se
povos. descobre o bronze e o mármore um material que
permite maior maleabilidade para esculpi-las e
13 O princípio apresentado pelos arqueólogos em assim criar novas formas e posições.
seus estudos científicos era uma organização so-
cial de no classes paleolítico e no neolítico. 29 Algumas esculturas gregas foram encontradas i-
nacabadas, por causa do material que não propor-
14 Não existe, segundo pesquisas realizadas, ne- cionava firmeza e assim quebravam quando não
nhuma relação do ritual realizado pelos povos e- estavam em repouso.
gípcios ao ritual dos povos primitivos.
30 As imagens na pré–história, durante o período
paleolítico, eram sobrepostas, pois eles não ti-

Editora Exato 15
ARTES

nham um sistema organizacional como o período Lendo o texto, julgue os itens sobre a arte roma-
neolítico. na.
31 A arquitetura na Grécia limitava-se a grandes es-
1 A estrutura romana era exclusiva para que se
pudessem glorificar os deuses em que eram re-
paços retangulares com colunas dóricas e jônicas.
presentados através de esculturas.
32 A tentativa de perspectiva da arte egípcia é dada 2 A arte romana é menos idealizada e intelectual
pela proporção em que as figuras são representa- que a arte clássica grega, porém os romanos
das. desenvolviam um maior poder de razão e inte-
33 A arte no período paleolítico já demonstrava a lecto em relação a administração, enquanto que
necessidade de criar volume e dar formas com os gregos queriam apenas brilhar.
maior precisão, pois tratava da sobrevivência e 3 As formas romanas são exclusivas e distintas.
fé. 4 A utilização inovadora da arquitetura romana
permitiu projetos mais flexíveis como a utili-
34 Os egípcios eram regidos por leis e regras deter- zação de abóbadas, formas curvas e circulares.
minadas pelos faraós, que manipulavam a arte em
seu favor. 38 A pintura de vasos tornou-se uma importante in-
35 A arte iniciou por estranhos começos nos quais dústria em Atenas, e os humildes artífices empre-
os homens estabeleciam uma comunicação entre gados nas oficinas estavam ávidos por introduzir
si. as mais recentes descobertas em seus trabalhos.
Nos primeiros vasos, pintados no século VI a.C.,
36 A arte é considerada primitiva porque seus artis-
ainda encontram-se vestígios dos métodos egíp-
tas não sabiam desenhar e manipular as cores
cios.
conforme as observavam.

37 A maioria dos artistas que trabalhavam em Roma


eram gregos, e a maioria dos colecionadores ad-
quiria obras dos grandes mestres gregos ou có-
pias dessas obras. Apesar disso, a arte mudou,
quando Roma se tornou senhora do mundo. Aos
artistas foram confiadas diferentes tarefas, e eles
tiveram, por conseguinte, que se adaptar aos no-
vos métodos. A mais importante característica da
arquitetura romana é, porém, o uso de arcos.
Construir um arco com pedras separadas em for-
ma de cunha é uma dificílima façanha de enge- 1 Ambas as figuras são rigorosamente mostradas
nharia. Cada vez mais ousados, os romanos de perfis, assim como na arte egípcia, onde
tornaram-se grandes especialistas na arte da cons- nobres e escravos eram representados pela lei
trução de abóbadas, graças a diversos expedientes da frontalidade.
de natureza técnica. 2 Com o passar do tempo, os gregos atingem e-
feitos realistas através de utensílios domésti-
cos.
3 Nas pinturas em cerâmica, exclusivamente em
vasos, encontravam-se apenas figuras de he-
róis.
4 A cor avermelhada que faz o plano de fundo
aos heróis é a descoberta da arte grega.

39 A grande revolução da arte grega, a descoberta


de formas naturais e do escorço (síntese do dese-
nho), ocorreu numa época que é, certamente, o
mais assombroso período da história humana. É a
época em que os povos das cidades gregos come-
çaram a contestar as antigas tradições e lendas
sobre deuses, e a investigassem preconceitos a

Editora Exato 16
ARTES

natureza das coisas. É período em que a ciência, 3 O desenho do vaso grego representado é estáti-
tal como hoje entendemos o termo, e a filosofia co.
desperta pela primeira vez entre os homens, e de- 4 A arte grega envolve uma harmonia em sua
senvolvendo-se o teatro a partir das cerimônias obra tão expressiva que tudo se combina, o que
em honra a Dionísio. produziu uma composição harmoniosa.
5 A arte grega possui suas formas geométricas
de rigidez, retendo uma singela beleza e luci-
dez em sua obra.

41 A partir do século 12 os centros irradiadores de


cultura deixaram de ser os mosteiros e se expan-
diram para as igrejas das grandes cidades da Eu-
ropa. A catedral da cidade tornou-se o edifício
mais importante e é nela que vamos encontrar to-
das as características do estilo gótico.
A respeito da Arte Gótica, julgue os itens:
1 A pintura é o elemento mais característico da
arte Gótica.
2 A arquitetura Gótica é esbelta e muito alta,
como querendo elevar-se ao céu em busca de
Deus.
3 A escultura gótica está associada diretamente
à arquitetura.
4 Os vitrais filtram a luz natural e colorem o in-
1 O pé direito ainda foi desenhado da maneira terior das igrejas góticas.
“padronizada”, mas o esquerdo já está “escor-
çado”, ver-se os cincos dedos dispostos como 42 A difusão do cristianismo e sua afirmação coin-
uma fileira de cinco pequenos círculos. cidiu historicamente com o momento de esplen-
2 Neste vaso, é possível observar que o artista dor do Império Bizantino e a arte tomou novo
grego desenvolveu o seu olhar sobre a obra, ou direciomamento, refletindo toda a grandeza e o
seja, passa a levar em conta o ângulo de onde contexto político daquela sociedade.
ele vê o objeto. Quanto à Arte Bizantina, julgue os itens:
3 As artes gregas estavam voltadas apenas para 1 Com a oficialização do cristianismo a arte
narração de eventos contemporâneos surgidos cristã assume um caráter majestoso.
na época. 2 Apesar das tentativas de conquista do povo a-
4 O escorço ajuda a obter uma maior perfeição través da oficialização do cristianismo e da
para se pintar a realidade tal como ela é vista. mudança da linguagem dos temas artísticos, a
arte assumiu um caráter de contestação política
40 Todas as obras gregas do século V a.C. mostram contra a posição do Imperador de se colocar no
essa sabedoria e habilidade na distribuição das fi- lugar de Deus.
guras, mas os gregos de então valorizam ainda 3 A arte Bizantina ganhou, além da expressivi-
mais o fato de que a recém–adquirida liberdade dade natural da arte, uma função de divulgação
para representar o corpo humano em qualquer e promoção política.
posição ou movimento podia ser utilizada para 4 Na verdade, mesmo com todas as mudanças
refletir a vida interior das figuras representadas. político-sociais, houve uma mudança significa-
Após ler o texto e observar a obra, julgue os i- tiva no fazer artístico daquele período.
tens:
1 Subentende-se através do texto que os artistas
43 Desde que Roma adotou a religião cristã o ho-
gregos tinham dominado os meios de transmi-
mem europeu passou a viver apenas para Deus e
tir um pouco dos sentimentos mudos existentes
a arte servia como veículo para afirmar sua cren-
entre as pessoas.
ça. No século 14 houve muito progresso nas ar-
2 O desenho representado sobre o vaso grego
tes, na literatura e nas ciências e o homem voltou-
mostrado, embora naturalista, tem função de-
se para si mesmo, recolocando-se como a criatura
corativa.
mais importante da Terra.
Editora Exato 17
ARTES

A respeito do Renascimento, julgue os itens: GABARITO


1 O Renascimento é dividido em quatrocentis-
mo (séc. XV) e quinhetismo (séc. XVI). 1 C, C, C, E
2 A pintura no quatrocentismo empregou muito
os tons claro e escuro e preocupou-se com a fi- 2 C, E, C, E
delidade anatômica. 3 E, C, E, C
3 A escultura do renascimento não tinha preo-
4 E, E, C, E
cupação com a anatomia.
4 Na arquitetura os prédios eram inovadores e 5 E, C, E, C
não tinham ligações com a antiguidade clássi-
6 C, C, E, E
ca.
7 C, C, E, C
44 Quanto às características da escultura gótica ana- 8 E, C, E, C
lise e julgue os itens a seguir em certos ou erra- 9 E, C, C, E, E
dos.
1 A escultura está intensamente ligada a arqui- 10 E, E, C, C, E
tetura. 11 C, C, C, C, E
2 Sua função é ocupar espaço dentro das cons-
truções. 12 C
3 As imagens nuas são um marco, pois se des- 13 E
tacam das demais criações deste período.
4 Sua função era única e meramente decorativa. 14 E
15 E
45 Quanto às características do Renascimento, jul- 16 C
gue os itens.
17 E
1 Na escultura renascentista predomina o nu,
assim como no clássico grego. 18 E
2 A posição do homem como o centro do mun- 19 E
do é visto pela primeira vez no Renascimento.
3 É na arquitetura renascentista que se decora o 20 C
interior dos ambientes com inspiração na arte 21 E
da Idade Média.
4 A pintura renascentista acompanha os mes- 22 E
mos padrões da escultura grega. 23 C
24 E
46 Quanto à pintura renascentista, julgue os itens.
1 No chamado quatrocentismo empregou-se o 25 E
claro e o escuro. 26 C
2 Houve uma grande preocupação com a fideli-
dade anatômica. 27 E
3 Personagens de outras épocas foram vestidos 28 C
com roupas do século XV.
29 C
4 Apesar das tentativas de conquista do povo a-
través da oficialização e da mudança da lin- 30 C
guagem dos temas artísticos, a arte assume um
31 C
caráter de contestação política contra a posição
do Imperador de se colocar no lugar de Deus. 32 C
33 C
34 C
35 E
36 E

Editora Exato 18
ARTES

37 E, C, E, C
38 E, C, E, C
39 C, C, E, C
40 C, C, C, C, E
41
42
43
44
45
46

Editora Exato 19
ARTES

BARROCO
1. INTRODUÇÃO Barroco apresentou um dinamismo e um exagero de
formas e cores jamais visto no Renascimento.
Historicismo A Pintura Barroca na Itália
1523 – Reforma Protestante de Lutero. De um modo geral, a pintura barroca pode ser
1541 – Contra-Reforma Católica. resumida em alguns pontos principais. O primeiro é a
1542 – Instaurada a Santa Inquisição pelo Concílio disposição dos elementos dos quadros, que sempre
de Trento. forma uma composição em diagonal. Além disso, as
1600 – Caravaggio pinta A Conversão de Santo Pau- cenas são envolvidas em acentuado contraste de cla-
lo. ro-escuro, intensificando a expressão de sentimentos.
1607 – Final das obras da Basílica de São Pedro. E se a pintura barroca é realista, essa realidade não é
1612 – Ingleses iniciam a colonização da Índia. só a vida de reis e nobres, mas também a do povo
1636 – Rembrandt pinta O Cegamento de Sansão. simples.
1654 – Expulsão dos Holandeses do Brasil. Dentre os pintores italianos desse período, qua-
1660 – Vermeer cria A Moça de Turbante. tro são os mais expressivos; Michelangelo, o verda-
1687 – Jesuítas fundam Sete Povos das Missões deiro precursor do barroco, ainda dentro do
(Brasil). Renascimento. Seu trabalho na Capela Sistina já pre-
1740 – Bouchet pinta Triunfo de Vênus. diz o que seria o barroco. Ele lançou as bases da pin-
1757 – Início da Construção da Igreja de Sta. Geno- tura barroca, seu estilo e suas tendências. O Segundo
veva. foi Tintoretto, o mestre do Maneirismo que, com o
1766 – Aleijadinho projeta a Igreja de São Francisco passar dos anos, enveredou pelo barroco, encontran-
de Assis. do nesse estilo o campo fértil para seu talento. Tinto-
O surgimento do Barroco no século XVII, na retto determinou aqui duas características bem
Itália, deve-se a uma série de mudanças econômicas, marcantes: os corpos das figuras são mais expressi-
religiosas e sociais ocorridas na Europa. Com o hu- vos do que seus rostos e a luz e a cor têm grande in-
manismo, o Renascimento e, principalmente, a Re- tensidade.
forma Religiosa de Lutero, a Igreja católica teve seu Tintoretto (Jacopo Robusti, 1518 –
poder enfraquecido. O grande Império cristão frag- 1594) – O mestre filho de um tintureiro
mentou-se em diversas religiões e para reconquistar Pintor italiano de Veneza, cujo apelido, Tinto-
seu prestígio e poder, organiza a Contra-Reforma, retto, deriva da profissão de seu pai, um tintureiro.
tomando iniciativas que visavam reafirmar e difundir Foi na tinturaria do pai que o jovem pintor começou a
a fé católica. Uma dessas iniciativas é a imediata experimentar cores e tons, ainda sobre tecidos velhos
construção de grandes igrejas que serão verdadeira e manchados. Produziu uma grande quantidade de
exibição artística da riqueza, do esplendor e do poder obras para a Igreja, além de cenas mitológicas e retra-
católico. É na construção desse tipo de Igreja que tos. Foi um desenhista formidável que se destacou
nasce a arte Barroca. por empregar em suas telas vívidos exageros de luz e
Da Itália, a arte barroca se propagou para ou- movimento. Já velho e milionário, resolveu ensinar
tros países europeus e pelo continente americano a- sua arte a jovens discípulos, fundando sua própria es-
través dos colonizadores portugueses e espanhóis. cola de arte, atitude incomum para a época.
Mas ela não se desenvolveu de forma igual. Houve
grandes diferenças entre artistas e entre obras produ-
zidas nos diferentes países. Inclusive no Brasil, onde
a arte Barroca, em muitos aspectos e também na sua
duração histórica, superou a própria arte italiana. A-
pesar disso, alguns princípios gerais podem ser indi-
cados como característicos dessa arte: o barroco
rompeu o equilíbrio entre o sentimento e a razão ou
entre a arte e a ciência, que os renascentistas procura-
ram realizar de forma consciente. No barroco, pre-
dominam as emoções e não o racionalismo
renascentista. As figuras barrocas são representadas
de tal forma que parecem estar em movimento. O A Última Ceia, de Tintoretto

Editora Exato 20
ARTES

Caravaggio(1573 – 1610) – O uso revo-


lucionário da luz
Caravaggio não se interessou pela beleza clás-
sica que encantou o Renascimento. Procurava seus
modelos entre pessoas do povo. O que melhor carac-
teriza a pintura de Caravaggio é essa atitude de retra-
tar os temas sagrados como um acontecimento atual
entre pessoas humildes; as figuras bíblicas asseme-
lham-se a trabalhadores comuns, com fisionomias
curtidas pelo tempo.

Vocação de São Mateus, de Caravaggio.


E mais que isso, a forma revolucionária como
ele usava a luz. Ela não aparece como reflexo da luz
A Glória de Sto. Inácio, afresco de A. Pozzo no teto da igreja de
solar, mas é criada intencionalmente pelo artista para Sto. Inácio, Roma.
dirigir a atenção do observador. Isso foi tão funda-
mental na sua obra, que ele é conhecido como funda- 2. O BARROCO FORA DA ITÁLIA
dor do estilo Iluminista. Espanha
Andrea Pozzo (1642 – 1709) – Os tetos Na Espanha, o Barroco se desenvolveu princi-
das igrejas abrem-se para o Céu palmente na arquitetura, nos entalhes requintados das
A pintura barroca desenvolveu-se também nos portadas de edifícios religiosos e civis. Em relação à
tetos de igrejas e de palácios. Essa pintura, decorati- pintura, a Espanha foi muito influenciada pelo Barro-
va, marcou o trabalho de Pozzo, que ao pintar os inte- co italiano, onde predominou o realismo. O artista
riores e teto das igrejas, impressionava pelo número que mais se destacou no Barroco espanhol foi:
de figuras e pela ilusão – criada pela perspectiva – de Diego Velázquez (1599-1660) – A cara
que as paredes e colunas da igreja continuam no teto, da nacionalidade espanhola
e que este se abre para o céu, de onde anjos e santos O maior pintor da escola espanhola, mestre na
convidam o homem para a santidade. representação de luz e sombra. Nasceu em Sevilha, e
logo na adolescência produziu obras que impressio-
nam pela elaborada técnica utilizada. Em 1623, foi
nomeado um dos pintores da corte do rei Filipe IV,
tornando-se o mais prestigiado pintor do reino.
Embora tenha se dedicado a pintar retratos da
realeza, também registrou em seus quadros o cotidia-
no de pessoas humildes do seu país.
El Greco (Domenikos Theotocopoulus,
1541 – 1614) – A verticalidade da pin-
tura
Nascido na Grécia (daí o apelido El Greco),
destacou-se em Toledo, na Espanha, onde se estabe-

Editora Exato 21
ARTES

leceu e desenvolveu seu estilo próprio, a partir de guras, a luz e a cor numa vasta escala, sugerindo um
1577. Suas obras se caracterizam pela predominância intenso movimento.
da verticalidade, que lembra os temas góticos, as fi-
guras são alongadas e geralmente pintadas em cores
frias. Extravasou em sua pintura um intenso senti-
mento religioso, uma forte ironia com a Igreja (no
quadro O Enterro do Conde Orgaz, metade dos ros-
tos das figuras presentes ao enterro são do próprio El
Greco), em diferentes fases da vida e a outra metade,
de bispos e padres. O pintor se divertiu com a ironia,
mas o Papa quis excomungá- lo.

Erguimento da Cruz, de Rubens


Rembrandt van Rijn (1606-1669)- A
Emoção da Claridade
Foi o maior artista da escola holandesa. Nas-
Velha Fritando Ovos, de Velazquez.
ceu em Leiden e se mudou para Amsterdã aos 17 a-
Países Baixos nos. Sua obra se caracteriza pela predominância de
O Estilo Barroco expandiu-se da Itália para vá- expressões dramáticas e pela utilização de vívidos e-
rios países europeus entre os séculos XVII e XVIII. feitos de luz. Rembrandt conseguiu reproduzir em
Na Holanda, ele adquiriu características próprias do suas telas uma gradação de claridade nunca vista an-
povo holandês, a austeridade e a praticidade. Realis- tes. Embora os retratos e cenas religiosas e mitológi-
ta, o artista holandês não se preocupava com padrões cas constituam a maior parte de sua obra, ele também
de beleza, preferindo retratar cenas do cotidiano, di- contribuiu de forma original com outros gêneros, in-
ferenciando-se do artista italiano, que retratava na cluindo a natureza-morta e o desenho.
maioria das vezes temas nobres. Dentre os holande-
ses, cita-se:
Peter Rubens (1577-1640) – A força da
cores quentes
Rubens nasceu em Siegen, na Alemanha, lugar
em que seu pai, um advogado holandês, se refugiou
para escapar da perseguição religiosa. Aos 10 anos de
idade, após a morte de seu pai, Rubens vai para a An-
tuérpia acompanhado de sua mãe. Foi na Antuérpia
que ele teve como um de seus mestres o pintor Otto
van Veen, que o influenciou a ir para a Itália. Em
1600, dois anos após ter se tornado mestre, Rubens
vai para Roma, onde conhece as obras renascentistas
que serviriam de base para seu grande estilo.
Rubens costumava dar às vestimentas um colo-
rido exuberante que contrastava com a pele clara das
figuras retratadas. Trouxera da Itália a predileção por
telas gigantescas e foi mestre na arte de dispor as fi-

Editora Exato 22
ARTES

A Sagrada Família, de Rembrandt.


O Enterro do Conde Orgaz, de El Greco.
Vermeer (1632 – 1675) – A beleza deli-
cada da vida cotidiana 3. A ESCULTURA BARROCA
Diferente de Rembrandt, Vermeer trabalha os O Equilíbrio entre razão e emoção, caracterís-
tons em plena claridade. Seus temas são sempre os da tica da escultura renascentista, desapareceu com o
vida burguesa da Holanda seiscentista. Seus quadros predomínio do Barroco, que escolheu a dramaticida-
documentam com uma beleza delicada os momentos de das expressões e o dinamismo dos movimentos
simples da vida cotidiana. No quadro Mulher Lendo como elementos básicos de seu espírito. Essas pecu-
uma Carta, por exemplo, observamos o quarto inun- liaridades da escultura barroca se concretizaram a-
dado de luz e uma suave harmonia de cores e formas. través da predominância de linhas curvas, excesso de
Assim como essa obra, muitas outras pinturas de dobras nas vestes e a utilização do dourado. Os ges-
Vermeer que retratam ocupações domésticas em inte- tos e os rostos das personagens revelam emoções vi-
riores mostram um sugestivo trabalho com os efeitos olentas e atingem uma dramaticidade desconhecida
de luz. no Renascimento. Como na pintura, o impulso inicial
para esse desenvolvimento artístico partiu de artistas
italianos, entre os quais Gian Lorenzo Bernini (1598-
1680) foi o mais importante. Arquiteto, escultor, ur-
banista e pintor, Bernini conseguiu, com suas escul-
turas, registrar momentos de pura expectativa, que
envolvem o observador emocionalmente.

Mulher lendo uma carta, Vermeer.

Editora Exato 23
ARTES

Davi, de Bernini (Mostra grande vigor. Compare com o Davi de


Michelângelo). O Êxtase de Sta. Teresa, de Bernini.

4. ARQUITETURA BARROCA
A arquitetura do séc. XVII realizou-se princi-
palmente nos palácios e nas igrejas. A Igreja Católi-
ca queria proclamar o triunfo de sua fé e, por isso,
realizou obras que impressionaram pelo seu esplen-
dor. Por outro lado, governantes como Luís XIV, da
França, que se consideravam reis por direito divino,
também desejaram palácios que demonstrassem po-
der e riqueza.
Quanto ao estilo da construção, os arquitetos
deixam de lado os valores de simplicidade e raciona-
lidade típicos da Renascença e insistem nos efeitos
decorativos, pois “no barroco, todo muro se ondula e
dobra para criar um novo espaço".
Outro fato importante que merece ser assinala-
do é o reconhecimento, no barroco, de que as áreas
que cercam os prédios tinham importância para a be-
leza final da construção. Daí a preocupação paisagís-
tica com os grandes jardins dos palácios, como em
Versalhes, ou com as praças das igrejas, como a basí-
lica de São Pedro, no Vaticano.

Editora Exato 24
ARTES

1505 – Giovanni Bellini pinta Nossa Senhora


do Prado.
1532 – Fundação de S. Vicente, por Martim
Afonso de Souza.
1543 – Copérnico fundamenta a tese do Sol
como centro do universo.

O termo Renascimento é comumente aplicado


à civilização européia que se desenvolveu entre 1300
e 1650. Ele sugere que, a partir do século XIV, teria
havido na Europa um súbito reviver dos ideais da
cultura greco-romana. Essa é, no entanto, uma visão
Palácio de Versalhes (França), com seus jardins. simplista da História, já que, mesmo durante o perío-
do medieval, o interesse pelos autores clássicos nun-
ca deixou de existir. Nas escolas das catedrais e dos
mosteiros, autores gregos ou romanos, como Cícero,
Virgílio, Sêneca e os grandes filósofos gregos eram
muito estudados.
Outro problema é o da subestimação e do des-
conhecimento da cultura medieval. O termo “renas-
cimento” pode sugerir que todo o período medieval
foi uma época de trevas e ignorância. Essa falsa idéia
foi difundida pelos próprios renascentistas, que, no
desejo de combater tudo que fosse medieval, chama-
vam a Idade Média de “Idade das Trevas”.
Na verdade, já a partir do século XI, começa a
Praça da Basílica de São Pedro, no Vaticano. surgir por toda a Europa Ocidental uma série de mo-
vimentos de renovação cultural inspirados nos ideais
greco-romanos. No entanto, sob vários aspectos, o
Renascimento retoma certos elementos da cultura
medieval. Por outro lado, o Renascimento foi um
momento da História muito mais amplo e complexo
do que o simples reviver da antiga cultura greco-
romana. Ocorreram nesse período muitos progressos
e incontáveis realizações no campo das artes, da lite-
ratura e das ciências, que superaram a herança clássi-
ca. O ideal humanista foi, sem dúvida, o móvel desse
progresso e tornou-se o próprio espírito do Renasci-
mento. Num sentido amplo, esse ideal é entendido
como a valorização do homem e da natureza em opo-
O RENASCIMENTO sição ao divino e ao sobrenatural conceituados na I-
dade Média.
Devido ao humanismo e ao ideal de liberdade
HISTORICISMO predominante no período, o artista renascentista teve
1308 – Dante Alighieri começa a escrever A a oportunidade de expressar suas idéias e sentimentos
Divina Comédia. sem estar submetido à Igreja ou a outro poder. Ele
1333 – Simoni de Martini pinta O Anjo e a era um criador e tinha um estilo pessoal, diferencian-
Anunciação. do-se dos artistas medievais. Além disso, o artista era
1415 – Navegadores portugueses chegam a dignamente pago para produzir suas obras, quer fos-
Ceuta. sem elas feitas para compradores particulares ou para
1448 – Gutenberg inventa a imprensa. a própria Igreja.
1474 – Da Vinci pinta O Retrato de Ginevra 5. ARQUITETURA RENASCENTISTA
Benci.
1492 – Colombo descobre a América. A preocupação dos construtores renascentistas
1500 – Cabral chega ao Brasil. foi criar espaços compreensíveis de todos os ângulos

Editora Exato 25
ARTES

e que fossem o resultado de uma justa proporção en- Na Idade Média, a produção artística era anô-
tre todas as partes do edifício. A principal caracterís- nima, de acordo com os ideais eclesiástico e real da
tica da arquitetura do Renascimento, portanto, é o iniqüidade do homem diante de Deus e de seu Rei.
equilíbrio das linhas, a organização matemática dos Na arte renascentista, sobretudo na pintura, surge o
espaços e a presença de elementos da Antigüidade artista com estilo pessoal, idéias próprias e liberdade
clássica na decoração. A cúpula é um detalhe impor- para divulgá-las. A partir dessa época, começa a exis-
tante e constante nas construções renascentistas. O tir o artista como o conceituamos atualmente: um cri-
mais famoso exemplo de cúpula existente nesse perí- ador individual e autônomo, que expressa em suas
odo é sem dúvida a da basílica de São Pedro, no Va- obras os seus sentimentos e suas idéias, sem submis-
ticano, em Roma. Erguida entre 1507 e 1607, da sua são a nenhum poder que não a sua própria capacidade
construção participaram grandes arquitetos como de criação.
Donato Bramante, de 1507 a 1510; Rafael, de 1514 a Assim, no Renascimento, são inúmeros os no-
1520; Antonio Sangalloi, de 1540 a 1546; Michelan- mes de artistas conhecidos, cada um com característi-
gelo, de 1546 a 1564, juntamente com Giacomo Del- cas próprias.
la Porta, que continuou a execução do projeto até
7. LEITURA DE OBRAS RENASCENTISTAS
1602; e Carlo Moderni, que a concluiu entre 1602 e
1607. Este, como outros prédios públicos e palácios Masaccio (1421-1428): a pintura como
do período, teve sua arquitetura fortemente influenci-
imitação da realidade
ada pelas características do Renascimento.
Foi um artista genial e precoce que, aos 21 a-
nos, concebeu a pintura como imitação fiel do real e
morreu aos 27 anos, deixando obras que retratam as
formas humanas com impressionante beleza. Seu rea-
lismo é tão cuidadoso que ele parece ter a intenção de
nos convencer da realidade da cena retratada e mais,
parece nos convidar a participar do que está represen-
tado na pintura.
Fra Angélico (1400 –1455) – a busca da
conciliação entre o plano terrestre e o
sobrenatural
Frade dominicano que seguiu as tendências re-
alistas de Masaccio, mas, por respeitar seriamente
seus votos, tem em sua obra como tema principal a
Cúpula da Basílica de S.Pedro – de Michelangelo e Della Porta. religião. Sua pintura, embora siga os princípios re-
6. A PINTURA RENASCENTISTA nascentistas da perspectiva e da técnica claro-escuro,
está impregnada de um sentido místico. O ser huma-
A pintura do Renascimento confirma as três no representado nas obras de Fra Angélico não pare-
conquistas que os artistas do último período gótico ce manifestar angústia ou inquietação diante do
haviam alcançado: a perspectiva, o realismo e o uso mundo, mas serenidade, pois se reconhece como
do claro-escuro. Na Antigüidade, pintores gregos e submisso à vontade de Deus.
romanos já haviam dominado esses recursos da pin- Paollo Uccello (1397-1475) – O encon-
tura, entretanto, os pintores românicos e medievais
tro das fantasias medievais com a
abandonaram essas possibilidades de imitar a reali-
dade. No período Gótico e no Renascimento, porém, perspectiva geométrica
predomina a tendência de uma interpretação científi- Uccello procura compreender o mundo segun-
ca da realidade e do mundo. O resultado disso nas ar- do os conhecimentos científicos do seu tempo e, em
tes plásticas, e sobretudo na pintura, são os estudos suas obras, tenta recriar a realidade segundo princí-
da perspectiva segundo princípios da Matemática e pios matemáticos. Por outro lado, sua imaginação o
da Geometria. O uso da perspectiva conduziu a outro remete às fantasias medievais, um mundo lendário de
recurso, o claro-escuro, que consiste em pintar algu- um passado superado. Sua pintura está repleta de
mas áreas iluminadas e outras na sombra, reforçando movimento e realismo fantástico.
a sugestão de volume dos corpos. A combinação da
perspectiva com o claro-escuro deu maior realismo às
pinturas.

Editora Exato 26
ARTES

Leonardo da Vinci (1452 – 1519) – A


busca do conhecimento científico e da
beleza artística
Foi o talento mais versátil do Renascimento.
Desenhista, pintor, escultor, engenheiro e arquiteto,
realizou vários trabalhos e pesquisas aprofundando-
se nos mais diversos setores do conhecimento huma-
no, entre eles anatomia, botânica, mecânica, hidráuli-
ca, óptica, arquitetura e astronomia. Em artes, seus
estudos de perspectiva são considerados insuperáveis.
Na verdade, pintou pouco: o afresco da Santa Ceia,
em Milão, e cerca de quinze quadros, a maioria, o-
bras-primas de expressivos jogos de luz e sombras.

Madonna com o Menino, de Masaccio.

O Nascimento de Vênus, de Botticelli.

Anunciação, de Fra Angélico.


Sandro Botticelli (1444-1510) – A Linha
que sugere mais ritmo que energia
Nasceu e viveu em Florença, Itália. Trabalhou
na decoração da Capela Sistina, em 1481. Botticelli
retratava dois temas em suas obras: a Antigüidade La Gioconda (Mona Lisa), de DaVinci.
grega e o Cristianismo. Uma característica comum Michelangelo Buonarroti(1475-1564) –
em suas obras é a leveza dos corpos, esguios e des- A genialidade a serviço da expressão
providos de força: parecem flutuar, com ritmo, ex-
pressando suavidade e graça. As figuras humanas de da dignidade humana
seus quadros são belas, porque manifestam a graça Arquiteto, pintor, poeta e escultor, um dos
divina, e, ao mesmo tempo, melancólicas, porque maiores representantes do Renascimento. Como ar-
supõem que perderam esse dom de Deus. quiteto, trabalhou na cúpula da igreja de São Pedro,
em Roma, e na praça do Capitólio. Como pintor, sua

Editora Exato 27
ARTES

maior obra é a pintura do teto da capela Sistina. Em-


bora tenha concordado em realizar esta obra, ele se
considerava, acima de tudo, um escultor. As poses
das figuras da capela Sistina baseiam-se em famosas
esculturas gregas e romanas, que Michelangelo estu-
dava minuciosamente.

Pietá, escultura de Michelangelo, considerada a de acabamento mais elaborado de


toda a sua obra.
Rafael Sanzio (1483 –1520) – O equilí-
brio e a simetria
É considerado o pintor que melhor desenvol-
veu, na Renascença, os ideais clássicos de beleza:
harmonia e regularidade de formas e cores. Rafael
A Criação do Homem e, em seguida, O Juízo Final, afrescos no teto da Capela Sis-
tina, obras de Michelangelo.
planejava detalhadamente suas obras e fazia centenas
de desenhos preliminares a partir de modelos vivos,
antes de pintar os afrescos. Suas obras comunicam ao
observador um sentimento de ordem e segurança,
pois os elementos que compõem seus quadros são
dispostos em espaços amplos, claros e de acordo com
uma simetria equilibrada, expressando de forma clara
e simples os temas pelos quais se interessou.

Davi, escultura de Michelangelo. Inspirada nos modelos greco-romanos.

Editora Exato 28
ARTES
Madona do Grã-Duque, de Rafael.
8. O RENASCIMENTO FORA DA ITÁLIA
Ticiano Vecellio (1490 –1576) – O pin-
tor que virou nobre As concepções estéticas italianas de valoriza-
ção da cultura greco-romana começaram a se interna-
Ticiano foi o maior pintor da escola veneziana.
cionalizar. Nesses países, foi comum o conflito entre
Viveu toda a sua vida em Veneza, considerada a mais
as tendências nacionais e as novas formas artísticas
importante cidade italiana do Renascimento. Em
vindas da Itália. Mas tal conflito se resolveu com a
1533, o rei Carlos V nomeou-lhe pintor da corte e lhe
nacionalização das idéias italianas.
concedeu um título de nobreza, nunca antes conquis-
Fora da Itália, foi a a pintura, entre as artes
tado por um artista. Ticiano produziu uma série de
plásticas, que melhor refletiu a nacionalização do es-
obras religiosas, mitológicas e retratos utilizando co-
pírito humanista renascentista italiano. No séc. XV,
res vivas e movimentos que mais tarde serviram de
ainda eram conservadas, na pintura alemã e na dos
base para outros artistas.
Países Baixos, por exemplo, as características do esti-
lo gótico. Mas, alguns artistas, como Dürer, Hans
Holbein, Bosch e Bruegel, fizeram uma espécie de
conciliação entre o gótico e a nova pintura italiana,
intérprete científica de uma realidade. Assim, Albre-
cht Dürer (1471-1528) foi o primeiro artista alemão a
conceber a arte como uma representação fiel da reali-
dade e a buscar traços psicológicos do ser humano e
retratá-los em seus quadros, como por exemplo, no
retrato de Oswolt Krell, onde registra fielmente os
traços físicos do personagem, mas também a atitude
enérgica desse comerciante alemão.

Ascensão da Virgem, de Ticiano.

O Maneirismo
A partir de 1520, alguns pintores italianos co- Oswold Krel, de Dürer

meçaram a procurar formas alternativas para a cria- Já Hans Holbein (1498-1543) ficou conhecido
ção de suas obras. Embora tenham buscado como retratista de políticos, intelectuais e financistas
inspiração nas obras renascentistas de Michelângelo, da Inglaterra e dos Países Baixos. Tudo retratado
Leonardo da Vinci e Rafael, deram início a um novo com um realismo tranqüilo, diferente da inquietação
estilo artístico que rompeu com o equilíbrio, a orga- de Dürer. Soube expressar o esmero técnico e o ideal
nização espacial, a simetria, a racionalidade e as pro- renascentista de beleza com precisão e forma. Ao re-
porções estabelecidas pela arte renascentista. Este tratar seu amigo Erasmo de Roterdã, Holbein o fez
novo estilo foi denominado Maneirismo, termo origi- com simplicidade, traçando com sutileza os traços
nário da palavra italiana maniera, que designa o estilo psicológicos e físicos do grande humanista do séc.
ou a maneira própria com que cada artista realiza a XVI.
sua obra. As características iniciadas no Maneirismo
tiveram total desenvolvimento no estilo Barroco, que
sucedeu o renascimento.

Editora Exato 29
ARTES

Erasmo de Roterdã, de Holbein


Hieronymus Bosch (1450-1516) criou um es- Jogos Infantis, de Bruegel.
tilo inconfundível. Sua pintura é repleta de símbolos
da astrologia, da alquimia e da magia conhecidas ao
final da Idade Média. E nem todos os elementos de
suas telas podem ser decifrados, dada a combinação
de seres e formas presentes em sonhos ou delírios do
pintor. Para muitos críticos, esta era a representação
do conflito interior do homem ao final da Idade mé-
dia: tensão ante o pecado dos prazeres materiais e a
busca da virtude de uma vida espiritual. Tudo envolto
em superstições e crenças malignas.

O Jardim das Delícias, de Bosch.


Pieter Bruegeli, o Velho (1525-1569), viveu
nas grandes cidades da região de Flandres, sob os i-
deais renascentistas, mas retratou como ninguém a
realidade das pequenas aldeias que ainda conserva-
vam a cultura medieval. Esta temática aparece em
quadros como Jogos Infantis, em que apresenta 84
brincadeiras de crianças, da época.

Editora Exato 30
ARTES

POVOS PRÉ-HISTÓRICOS E PRIMITIVOS; A-


MÉRICA ANTIGA
Se partirmos do significado da arte como exer- um ritual, no qual se pretendia interferir na captura de
cício de atividades, como o processo de edificação de animais.
uma casa ou templo tem-se que nenhum povo existe A imagem aqui apresentada trata do estudo do
ou existiu no mundo sem arte. Por outro lado, enten- período neolítico em que observamos as diversas al-
demos a arte como aquilo que é belo o artigo de luxo terações ocorridas, que podem ser a confirmação que
deleitados em museus e exposições. precisávamos ter de que eles representavam tanto o
Ao recuarmos na história, diversas são as fina- que viam como o que viviam.
lidades que se crê serem servidas pela arte. Entre os
mais ancestrais, citando aqui os “primitivos”, não
porque se tornaram mais simples do que nós, mas pe-
lo seu processo racional. Entre os primitivos não há
diferença entre fazer a imagem em relação ao que se
refere a utilidade.
Nesses estranhos começos, se procurarmos pe-
netrar na ação pensante dos povos desse período, à
compreensão da imagem representada é algo podero-
so a ser usado e não contemplado e belo.
Quando foram descobertas em paredes de ca-
vernas e em rochas na Espanha e no Sul da França os Pinturas rupestres encontradas em Tassili, região do Saara
estudiosos passaram a crer que as representações a- (cerca de 4500 a.C) (1.2.)
nimadas, naturais e vigorosos dos animais pudessem
ser feitas por homens na Era Glacial. Por isso o início do texto menciona a questão
do processo do primitivo, e não de uma classificação
artística, de função ou de estética.
Ainda existem povos primitivos limitados ao
emprego de ferramentas de pedra raspando imagens
rupestres de animais para fins mágicos. Muitas tribos
celebram festividades regulares, nas quais se vestem
como animais e como eles se movimentavam em
danças solenes e rituais.
Cada família tem de fato suas próprias tradi-
ções e predileções, sem as quais a árvore não parece
ficar adequada. Todavia, quando chega o grande
momento de decorar a árvore, ainda resta muita coisa
por decidir.
Pré - História cerca de 15.000 anos a.C., Bisonte, Caverna de
A arte primitiva funciona justamente de acordo
Altamira, Espanha.
com essas diretrizes preestabelecidas, mas permite ao
(1.1)
artista margem bastante para revelar sua índole O
A imagem (1.1) do Bisonte é um exemplo do domínio técnico de alguns artífices tribais é deveras
período Paleolítico, em que seus artistas viviam ex- surpreendente.
clusivamente da caça, a organização das imagens e-
ram distribuídas de forma sobreposta, com variação
de pigmentação amarela, vermelha, branca e a preta,
lembrando que o preto auxiliava ao desempenho das
formas, assim como as saliências das cavernas pro-
porcionavam volume. Os primitivos desse período
não tinham uma vida de organização desenvolvida e
o fato refletia-se em suas representações naturais ao
desenhar como observavam. Sua pintura era parte de

Editora Exato 1
ARTES

EGITO
A história da arte como um esforço contínuo lhes apresentava sob qualquer ângulo fortuito. Dese-
não começa nas cavernas do sul da França nem entre nhavam de memória, contrários aos primitivos que
os índios norte–americanos. Todos sabemos que o observavam, e submetidos a regras estritas, as quais
Egito é a terra das pirâmides, montanhas de pedra asseguravam que tudo o que tivesse de entrar no qua-
que, de fato, tinham importância prática aos olhos dro se destacaria com perfeita clareza.
dos reis e seus súditos. O faraó era considerado um Na representação do corpo humano, a cabeça
ser divino que exercia completo domínio sobre seu era mais facilmente vista de perfil, de modo que eles
povo e que, ao partir deste mundo, voltava para junto a desenhavam lateralmente. O olho humano, se ob-
dos deuses dos quais viera. As pirâmides, erguendo- servarmos, era representado de frente e era plantado
se em direção ao céu, ajudá-lo-iam provavelmente a na vista lateral da face. Os ombros e o tronco são vis-
realizar essa ascensão. Os egípcios acreditavam que o tos melhor de frente, pois assim observamos como os
corpo tinha que ser preservado a fim de que a alma braços se ligam ao corpo. Braços e pernas posiciona-
pudesse continuar vivendo no além. Em toda a volta dos com intenção de movimento, porém, vêem-se
da câmara funerária, eram escritas fórmulas mágicas com muito mais clareza de lado. Esta técnica ficou
e encantamentos para ajudá-los em sua jornada para o conhecida como Lei da Frontalidade (2.2.).
outro mundo. Um nome para designar o escultor era:
“Aquele que mantém vivo”.
A religião se tornou o fator de maior relevân-
cia para os egípcios, e a morte o grande argumento
para sustentação do poder e da arte.
Na quarta “dinastia” do “Antigo império”, den-
tro das características peculiares da arte, os escultores
não eram fiéis à realidade. A observação da natureza
e a regularidade do todo são equilibradas de um mo-
do tão uniforme que essas cabeças nos impressionam
Baixo relevo de um túmulo próximo de Sacará
por sua expressão de vida, sendo, no entanto, remotas (Cerca de 2500 a.C.). Museu do louvre, Paris. (2.2.)
e permanentes. Podemos estudá-las melhor nos rele-
vos e pinturas que adornavam as paredes dos túmu- A regra para a arte egípcia permitia incluir tu-
los. As pinturas e os modelos encontrados em do o que consideravam importante na forma humana;
túmulos egípcios estavam associados à idéia de for- supõe-se ter algo a ver com a finalidade mágica da
necer servos para a alma no outro mundo, uma crença representação pictórica.
que é encontrada em muitas culturas antigas. Representavam o que eles sabiam fazer, da
pessoa ou de uma cena, partiam de formas aprendidas
e dele conhecidas, construía figuras a partir do mo-
mento que suas formas podiam ser dominadas. Não
se tratava apenas do conhecimento técnico, mas pelo
conhecimento que eles tinham do significado das
formas representadas.
Um outro exemplo na arte egípcia em relação
ao significado de suas figuras destinava à separação
de aspecto social, representar a figura de um chefe
maior em uma comunidade egípcia, seu tamanho em
relação às outras figuras destacava-se.
O estilo egípcio incorporou uma série de leis
bastante rigorosa e todo artista tinha que apreendê-las
desde muito jovem. Estátuas sentadas deviam ter as
O jardim de Nebamun, c. 1400 a.C. Mural um tumulo em Tebas, mãos sobre os joelhos; os homens eram sempre pin-
64 x 74,2 cm; British Museum, Londres. tados com a pele um pouco mais escura que as mu-
(2.1.) lheres; aparência rigorosamente estabelecida.
A tarefa do artista consistia em preservar tudo
com maior clareza e permanência possível. Assim,
não se propuseram a bosquejar a natureza tal como se
Editora Exato 2
ARTES

Um artífice egípcio trabalhando numa esfnge dourada, c


.1380 a.C.

Editora Exato 3
ARTES

GRÉCIA, SÉCULOS VII A V A.C


Entre os diferentes climas temperados do mar comunidades, mas nenhuma delas conseguiu-se do-
nas múltiplas ilhas, grandes e pequenas, do mediter- minar todas as outras.
râneo oriental e nas costas recortadas por inúmeras Quando os artistas começaram a fazer estátuas
enseadas das penínsulas da Grécia a Ásia Menor es- de pedras, partiram do ponto em que os egípcios pa-
tavam o povo cretense cuja arte foi copiada no conti- raram, estudaram e imitaram seus modelos, dos quais
nente grego, sobretudo em Micenas. aprenderam como reproduzir a figura de um jovem
Nos primeiros séculos de sus domínio sobre a de pé, marcando as divisões do corpo e os músculos
Grécia, a arte dessas tribos ora bastante rude desgra- que o mantêm unido, os artistas apresentam-se de
ciosa e primitiva. Nada existe nessas obras que lem- forma que se limitava em obedecer a fórmulas fixas
bre, mesmo de longe, o alegre movimento do estilo por melhor que elas fossem.
cretense, pareciam superar até os egípcios em rigidez. Contrários aos egípcios que baseavam sua arte
As cenas representadas faziam parte do desenho aus- no conhecimento, os gregos usavam seus próprios o-
tero e rigoroso. lhos, o sorriso de suas escultura surgia de uma expe-
Na Grécia do século VI a.C., os artistas dos an- riência embaraçada, com uma postura rígida parecia
tigos impérios orientais tinham – se empenhado em criar impressão de falsidade.
obter um tipo peculiar de perfeição. Sobre a pintura egípcia pouco se soube, algu-
As tribos gregas tinham-se instalado em várias ma maneira que se pode formar uma vaga idéia de
cidades pequenas e em portos de abrigo ao longo da seu surgimento está em observar as decorações em
costa. Havia muita rivalidade e atritos entre essas cerâmicas. Neles também se encontram os vastos mé-
todos egípcios.

Figura 1 Figura 2

A desoedida do guerreiro, c. 510 - 500 a.C.


Aquiles e Ájax jogando damas, c. 540 a.C. Vaso em estilo de “Figuras vermelhas” , assinado
vaso no estilo de “ iguras pretas” , assinado por Eutímedes; altura 60 cm; Staatliche
por exekias; altua 61 cm; Museu Etrusco Vaticano. Antikensammlugen und G lyptothek, Munique.

Começaram assim a representar como real- Podemos concluir que o artista tinha a intenção
mente viam, foi justamente através desses artistas que de imitar um rosto real, com todas as suas imperfei-
surgiam a técnica do escorço. Exemplo apresentado ções, mas o modelava a partir de seus conhecimentos
na figura 2. sobre a forma humana.
Passou-se a ter a pretensão de levar em conta o Século IV a.C a I d. C A Beleza do Im-
ângulo de onde o artista via o objeto, logo as técnicas pério Grego
mudavam-se aos poucos, e era possível notar os níti-
O artista revela-se agora orgulhoso do seu i-
dos contornos, incluindo-se o conhecimento do corpo
menso poder e gradualmente durante o século IV dis-
humano. Amantes das linhas firmes e planos equili-
cutiam pinturas e estátuas como discutiam poemas e
brados.
Editora Exato 4
ARTES

teatro e elogiavam suas beleza ou criticavam sua Outra religião Oriental que aprendeu a repre-
forma e concepção. sentar suas histórias sagradas para a construção dos
Durante todo o século, os artistas estiveram crentes foi a judaica. Mesmo pela proibição que tinha
analisando se empenhavam em insuflar cada vez em relação às imagens, temendo a idolatria. Suas i-
mais vida nos corpulentos modelos antigos. magens distanciavam da realidade justamente pelo
Século I a IV d. C medo de pecar, e as imagens apenas restringiam-se a
A maioria dos artistas que trabalhavam em lembrar, pois, a manifestação do poder de Deus.
Roma eram gregos, e a maioria dos colecionadores Foi exatamente através deles que surgiu a pri-
romanos adquiria obras dos grandes mestres gregos meira representação de Jesus, apesar das origens da
ou cópias dessas obras. A esses artistas foram confia- arte cristã estarem ainda mais longe.
das diferentes tarefas e eles tiveram, por conseguinte,
que se adaptar aos novos métodos.
O mais citado do edifício é o Panteão, templo
dedicado a todos os deuses. O único templo da anti-
guidade clássica que sempre se conservou como local
de culto.

Cristo com São Pedro e São Paulo, c. 389


d. C. Relevo em mármore do sarcófago
de Junius Bassus; cripta de São Paulo, Roma.

Os primeiros artistas chamados a pintar ima-


gens para lugares cristãos de sepultamento – as cata-
cumbas humanas. A representação pictórica deixara
de existir como uma coisa bela por si mesma. Seu
principal intuito era recordar agora aos fiéis um dos
exemplos do poder e da misericórdia de Deus.
Começava a separar os ideais de fiel imitação,
O interior do Panteão, Roma, c. 130 d. C. Pinturas atentando-se à idéia de clareza e simplicidade, procu-
de G.P. Pamini, Santeuns Museum for kunst, Copenhague. rando o máximo de nitidez e objetividade.
A arte primitiva cristã pode ser comparada à
Os romanos agiam dentro de seu principal ob- tentativa infantil de se criar um desenho. De traços
jetivo, narravam as façanhas de um herói e procura- simples e contornos toscos, suas imagens eram priva-
vam o grande valor para as religiões. das de apuro técnico, pois não eram executadas por
A arte grega e romana, que tinha ensinado o artistas profissionais e sim por homens simples da
homem a visualizar deuses e heróis com belas for- sociedade cristã ainda perseguida pela proibição ao
mas, também ajudou os indianos a criar uma imagem cristianismo.
do seu salvador. Suas imagens giravam em torno dos símbolos
cristãos, como a âncora, a palma, a cruz e o peixe,
símbolo predileto dos cristãos.

Cabeça do Buda, século IV - V d.C. Encontrada em Hadda,


Afeganistão (Antiga Gandhara); estuque com traços de
pigmentos, altura 29 cm, Victoria Albert Museum, Londres.

Editora Exato 5
ARTES

O GÓTICO
O estilo romântico não sobreviveu sequer ao permitiam que significado e mensagem pudessem ser
século XII, permitindo nascer na França setentrional entendidos e meditados pelos fiéis.
o aparecimento do estilo gótico. A tarefa dos pintores nórdicos era a iluminação
As diferenças inovadoras foram descobertas de manuscrito; observe “o sepultamento de cristo”:
pelo método de alobar uma igreja por meio de arcos “Mostra-nos semelhante importância em expor
transversais, desejaram empregar pilares leves e os sentimentos das figuras. A virgem debruça-se so-
“costelas” estreitas nas arestas da abóbada. Passou a bre o corpo morto de Cristo e S. João entrelaça a
ser o ideal dos arquitetos construir igrejas quase à mão, numa atitude de profundo pesar”.
maneira como hoje se constrói estufa. No século XIII,a época das grandes catedrais, a
Surgia uma idéia dominante das catedrais góti- França era o mais rico e o mais importante da Euro-
cas, desenvolvidas ao norte da França durante a 2ª pa. Somente na segunda metade século XIII é que um
metade do século XII. escultor italiano começou a seguir o exemplo dos
O princípio de cruzamento de “nervuras” não mestres franceses e a estudar os métodos da escultura
foi suficiente, foi preciso unir segmentos de arcos – clássica a fim de representar a natureza de modo mais
criando os arcos mais achatados ou pontiagudos, se- concrescente.
guindo as exigências da estrutura. A arte italiana encontrou o pintor genial floren-
No interior de uma catedral gótica somos leva- tino Giotto de B. As mais famosas obras de Giotto
dos a compreender complexas interações de traços e são os murais ou afrescos (pintura ainda fresca, ou
pressões que mantêm a grandiosa abóbada em seu lu- úmida).
gar. Todo o interior parece tecidos delicados, fustes e Ele criou a ilusão de que a história sagrada es-
nervuras e ao longo as paredes da nave parecem reu- tava acontecendo diante dos nossos olhos, já não era
nir no capitel dos diversos pilares que são formados suficiente examinar as representações mais antigas da
por um feixe de varas de pedras. mesma cena e adaptar aqueles modelos consagrados
Eram formadas de vitrais policromos que refu- pelo tempo a um novo uso.
gam como rubis e esmeraldas. Os pilares, nervuras e Observe a obra, o tema é o velório em torno do
rendilhados despendiam cintilações douradas. corpo de Cristo, a virgem abraçando-lhe pela última
Nos portais, as figuras esculpidas que se aglo- vez.
meram nos poéticos das grandes catedrais góticas

Editora Exato 6
ARTES

Variou o tamanho das figuras de modo a en- uma vez que os interesses enveredaram por esse ca-
caixá-la bem na página, e se tentarmos imaginar as minho, a arte medieval podia realmente considerar-se
figuras em 1º plano e S. João ao fundo – com Cristo e no fim. E a partir daqui chegamos a tal grandioso pe-
a Virgem, percebe-se que tudo está espremido e que ríodo renascentista.
o artista não se importou com problemas de espaço. O início do século XV, conquistando a
Para Giotto, o observar é como uma testemu- realidade
nha do que estava acontecendo, ele mostra de modo
O renascimento ganhava terreno na Itália des-
tão convincente como cada figura reflete a dor pro-
de a época de Giotto, e ali mesmo a idéia de renasci-
funda suscitada pela trágica cena que não podemos
mento associava-se, na mente dos romanos, à idéia de
deixar de pressentir a mesma aflição nas figuras aga-
ressurreição da “grandeza de Roma”.
chadas, cujos rostos não podemos ver.
Os italianos do século XIV acreditavam que a
Como o trabalho continuava no século XIV,
arte, a ciência e o saber haviam florescido no período
vem-se a ambição dos grandes bispados por podero-
clássico, que todas essas coisas foram destruídas pe-
sas catedrais. Podemos dizer que o gosto do século
los bárbaros do Norte e que a eles cabia a missão de
XIV se inclinava mais para o refinado do que para o
reviver o passado glorioso.
grandioso.
O líder foi o arquiteto Fillipo Brunelleschi, que
Em sua arquitetura, já não se contentavam com
decidiu descartar inteiramente o estilo tradicional a-
os métodos e majestosos contornos, gostavam de exi-
dotado e ansiava pelo modelo romano.
bir sua habilidade na decoração e nos rendilhados
Tinha como intenção que as formas da arquite-
complexos. Há quem afirme que as obras mais carac-
tura clássica fossem desenvolvidas de formas livres
terísticas deste século são os trabalhos menores em
usadas para criar novos modos de harmonia e beleza.
metais preciosos ou marfim, em que o amor dos pin-
Brunelleschi não foi apenas o pioneiro da ar-
tores do século XIV por detalhes graciosos e delica-
quitetura da Renascença, mas também dominou toda
dos é visto em manuscritos iluminados, e o método
a arte de séculos subseqüentes: a da perspectiva,
de contar a história continua um tanto irreal.
culminou colunas, pilastras e arcos à sua própria ma-
Somente no decorrer do século XIV é que os
neira, a fim de lograr um efeito de leveza e elegância
dois elementos dessa arte, a leve narrativa e a obser-
diferente de tudo o que se construíra antes.
vação se conjugaram gradualmente.
Foi Brunelleschi quem forneceu a artistas mei-
Giotto foi contemporâneo do grande poeta flo-
os técnicos para solucionar esse problema. E o entu-
rentino Dante, que o menciona na divina comédia.
siasmo que isso causou entre os seus amigos pintores
Esses, entre outros artistas do século XIV, pintaram
deve ter sido imenso.
copiando da natureza, o que desenvolveu a arte retra-
A figura a seguir trata de um mural numa igre-
tista.
ja florentina representando a Santíssima trindade com
A Boêmia tornou-se um dos centros através do
a Virgem e S.João sob a cruz, e os doadores – um ve-
qual essa influência, oriunda da Itália e da França,
lho mercador e sua esposa – ajoelhados do lado de
propagou-se mais amplamente, alcançado contato a-
fora.
inda com a Inglaterra. A Europa da igreja latina ainda
O artista que representou tal grandiosidade
era mais vasta. Artistas e idéias circulavam livremen-
chama-se Masaccio, que significa “desejeitado”, sua
te de um centro para o outro, e ninguém pensava em
arte não constituía apenas a perspectiva elaborada na
rejeitar uma realização por ser “estrangeira”. O estilo
pintura, mas elaborou através da simplicidade e gran-
surgiu do intercâmbio em fins do século XIV, é co-
deza das figuras que eram emolduradas por essa nova
nhecido entre os historiadores como o “estilo interna-
arquitetura.
cional”.
Figuras maciças em sólidas formas angulares e
Os artistas desse estilo aplicaram a mesma ca-
a presença de um túmulo sombrio com um esqueleto
pacidade de observação e o mesmo prazer em coisas
acima, substituindo a delicadeza das flores e pedras
belas e delicadas sempre que retrataram o mundo à
preciosas.
sua volta. Tinha o costume da Idade Média ilustrar
calendários com quadros das diversas ocupações ca-
racterísticas dos sucessivos meses: se menteira, caça,
colheita etc.
Aqui era possível colocar todo o conhecimento
adquirido da natureza a serviço da arte religiosa, co-
mo os mestres do século XIV tinham feito. Havia o
treino antes das antigas fórmulas para representar as
principais figuras da história sagrada. Sendo assim,

Editora Exato 7
ARTES

tante determinado na reprodução minuciosa de cada


detalhe em sua pintura.
Os artistas aqui citados até agora tinham de-
senvolvido um método pelo qual a natureza podia ser
representada num quadro com exatidão quase cientí-
fica. Começavam com uma estrutura de linhas em
perspectivas, e construíam o corpo humano graças
aos seus conhecimentos de anatomia e das leis da na-
tureza, mediante a paciente adição de detalhe, até que
a tonalidade da sua pintura se convertesse num espe-
lho do mundo visível.
Jan foi o inventor da pintura a óleo, os artistas
tinham que preparar suas tintas extraídas de plantas e
minerais, adicionado um líquido aos pigmentos ad-
quiridos, a fim de convertê-los em uma pasta.
Observe a obra em que descreve o espelho da
realidade, onde nada lhe faltava: o tapete e os chine-
los, o rosário na parede, entre outros detalhes.

Entre os maiores escultores, citamos Donatel-


lo, o qual transmitia a suas imagens uma impressão
de vida e movimento, cujos contornos permanecem
claros e sólidos como uma rocha. Ele nos revela, as-
sim, tirar uma nova representação através da obser-
vação na natureza.
Jan Van Eyck – Os ensaios dos Amolfini, 1434. Óleo sobre madeira, 81,8
O estudo do corpo humano era inevitável e pa- x 59,7 cm: Nacional Gallery, Londres
ra realizá-lo solicitava a seus colegas artistas que po- O pintor foi chamado a registrar esse importan-
sassem para ele em atitude requerida, a fim de te momento como testemunha. Entende-se que ele foi
parecer sua obra mais convincente. chamado para declarar que estivera presente num ato
A arte da perspectiva aumenta ainda mais a i- solene idêntico. O fato se explica no momento em
lusão de realidade. Auxiliada pelo domínio da ciência que pôs seu nome numa posição de destaque do qua-
e o conhecimento da arte clássica permaneceu de dro, com as palavras latinas: “Johannes de eyck fuit
posse exclusiva dos artistas italianos da Renascença. hit”. (Jan Van Eyky esteve aqui).
Deixemos um pouco a pintura de lado, afinal
de contas não foi a única arte que realizou conquistas
da realidade do Norte. Na região dos Países Baixos, o
pintor Jan Van Eyck fazia descobertas revolucioná-
rias.
Jan Van Eyck atinham-se à observação da na-
tureza e cada vez mais paciente, ele parecia ser bas-

Editora Exato 8
ARTES

Final do Século XV na Itália cela de cada monge e no final de cada corredor. Ob-
As novas descobertas que os artistas da Itália e serve uma de suas pinturas.
Flandres tinham feito nos começos do século XV: a
nobreza do período comungava nos ideais da cavala-
ria; sua lealdade ao rei ou ao senhor feudal não im-
plicava que se considerassem os paladinos de
qualquer povo ou nação. Cada cidade orgulhava-se e
era ciosa de sua própria posição e privilégios no co-
mércio e indústria. Assim que os artistas ganharam
importância. Os artistas, como todos os artesão e artí-
fices, organizaram-se em corporações, as quais eram
companhias ricas que faziam ouvir sua voz na admi-
nistração da cidade, e não só a ajudavam a prosperar
como também se empenhavam em fazê-la bela, po-
rém dificultavam a todo e qualquer artista estranho
obter emprego ou instalar-se entre eles.
No século XV, a arte fragmentou-se numa sé-
rie de “escolas” diferentes; quase todas as cidades,
grandes ou pequenas, da Itália, Flandres e Alemanha
tinham sua própria “escola de pintura”. O termo es-
cola era para determinar que se uma criança se dedi-
Fra Angélico – A anunciação, 1440. Afresco
casse à pintura, o pai a colocava desde cedo na casa
187 x 157. Museu di San Marco, Florença.
dos mestres da cidade, com a intenção dele se tornar
um aprendiz.
Outro a ser citado é o pinto Paolo Uccello, a-
Como exemplo do período citamos Fra Angé-
parentemente sua pintura parece bastante medieval.
lico, um frade dominicano, e os afrescos que pintou
em uma de suas mais belas obras, uma cena sacra na

Paolo Uccello – A Batalha de San Romano, c. 1450. Provavelmente de um aposento do Palazzo Médici Florença, óleo sobre madeira,
181,6 x 320 cm. National gallery, Londres.

O pintor empenhou-se em representar as várias bordagem oposta. Tentou construiu um convincente


peças de armadura que juntam o solo da perspectiva. alço onde suas figuras parecessem sólidas e reais.
Isso deve ter sido de extrema dificuldade. Uma pintu- Apesar de tudo, Uccello ainda não aprendera a
ra pequena em relação a tantas outras figuras. usar os efeitos de luz e sombra, a fim de suavizar os
Paollo devia à tradição gótica, e como a trans- duros contornos de uma representação estritamente
formou, optou por uma abordagem de todas as coisas perspectivada.
até o ínfimo sombreado. Uccello optou por uma a-
Editora Exato 9
ARTES

Nesse tempo, outros pintores nas cidades ao


norte e ao sul de Florença tinham absorvido a mensa-
gem da nova arte de Donatello e Masaccio, e ansio-
sos por extrair dela o máximo proveito do que os
próprios florentinos.
Outro grande pintor foi Piero della Francesca.
Seus afrescos foram pintados pouco depois de mea-
dos do século XV, uma geração após Masaccio.

Editora Exato 10
ARTES

LISTA DE EXERCÍCIOS
2 Conforme a imagem, julguem os seguintes itens:
EXERCÍCIOS

1 Em Giotto, encontramos um artista de tempera-


mento muito mais ousado e dramático. Desde o
início, Giotto estava menos próximo da maneira
grega e foi, por instinto, um pintor de afrescos,
muito mais de painéis. Devemos agora voltar
nossa atenção para a pintura italiana que no final
do século XII, gerou uma extraordinária explosão
de energia criadora, cujos resultados foram tão
prolíferos quanto havia sido a ascensão das cate-
drais góticas na França.

1 As duas pinturas foram colocadas lado a lado


para dar a impressão de constituírem uma só
obra.
2 Os detalhes da paisagem são proporcionais às
figuras características das obras renascentistas.
3 Percebe-se na obra um esforço do artista em
fazer-nos crer que a paisagem envolve o edifí-
cio.
4 Apesar de todos os detalhes, o painel não apre-
senta profundidade.

3 Usando seu próprio testemunho, Piero della


Conforme imagem e texto, julgue os itens: Francesca, podemos dizer que suas obras nasce-
1 A ação da cena desenvolve-se em primeiro ram de sua paixão pela perspectiva. Mais que
plano. qualquer artista de seu tempo, ele acreditava na
2 Giotto faz com que o olhar do espectador fique perspectiva científica como sendo a base da pin-
no mesmo nível das cabeças das figuras, pare- tura; em um tratado repleto de rigor matemático,
ce dar continuidade ao espaço em que nos en- o primeiro do gênero, ele demonstrou como a
contramos. perspectiva se aplicava aos corpos estereométri-
3 A arquitetura é apresentada na imagem com a cos e formas arquitetõnicas, bem como a forma
mesma importância com que é narrada a histó- humana.
ria em sua obra.
4 A profundidade é obtida através dos volumes
combinados dos corpos sobrepostos na pintura.

Editora Exato 11
ARTES

Com base no texto e imagem, julgue os itens: 6 A arte gótica, como a conhecemos até o presente,
1 A sua obra apresenta, em sua arquitetura, uma reflete um desejo de conferir aos temas tradicio-
ilusão de formas geométricas. nais do cristianismo um apelo emocional cada
2 Suas pinturas já não têm por função represen- vez mais intenso. A mais característica e difundi-
tar um acontecimento. da dessas imagens é chamada Pietà, uma repre-
3 A pintura observada destina-se a transmitir sentação da Virgem lamentando o Cristo morto.
emoções, como alegria e tristeza. Essa cena não aparece nas escrituras. foi criado
4 As figuras representadas parecem estar estáti- em contrapartida ao tema da Madona com o Me-
cas. nino.

4 No século XVI, a nova arquitetura foi chamada


desdenhosamente de gótica, porque tinha uma de
aparência tão bárbara que poderia ter sido criada
pelos godos, povo que invadiu o Império Romano
e destruiu muitas obras da antiga civilização ro-
mana. Mais tarde, o nome gótico perdeu seu cará-
ter depreciativo e ficou definitivamente ligado à
arquitetura dos arcos ogivais.
Partindo da leitura feita do texto, julgue os itens:
1 A rosácea, uma janela arredondada, é um ele-
mento arquitetônico característico do estilo gó-
tico, porém foi na renascença que recebeu um
destaque maior.
2 A característica mais importante gótica é a a-
bóbada de nervura, a mesma utilizada na igre-
jas românicas. Conforme texto e imagem, julgue os itens:
3 A utilização de arcos ogivais possibilitava que 1 O realismo registra na expressão quase até o
as igrejas fossem construídas mais altas. grotesco, de modo a provocar uma opressiva
4 A igreja gótica apresenta um tímpano na sua sensação de horror e piedade.
fachada principal, os quais narram, através de 2 Seus corpos macelentos e parecidos com mari-
trabalhos escultóricos, momentos diferentes da onetes, atinge o ponto extremo da negação dos
vida de Cristo. aspectos físicos da figura humana.
3 É possível notar a ausência ao observador, já
5 Nas, artes, o ideal humanista e a preocupação que a sua intenção era representar os temas
com o rigor cientifica podem ser encontrados nas cristãos.
mais diferentes manifestações. Trabalhando ora o 4 A imagem incorpora as forças das trevas, se-
espaço, na arquitetura, ora as linhas e cores, na melhantes às enormes famílias de criaturas
pintura, ou ainda os volumes, na escultura, os ar- selvagens ou monstruosas ,registradas na Idade
tistas do Renascimento sempre expressaram os Média.
maiores valores da época a racionalidade e a dig-
nidade do ser humano. 7 Michelângelo exemplifica mais plenamente que
Com base no texto, julgue os seguintes itens: qualquer outro artista o conceito de genialidade
1 O renascimento buscava em sua arquitetura a como inspiração divina, um poder sobre-humano
ordem e a disciplina que igualasse ao ideal de concedido a poucos e raros indivíduos, e que atua
infinitude do espaço das catedrais góticas. através deles. Ao contrário de Leonardo, para
2 A matemática estabelecida para a ocupação do quem a pintura era a mais nobre das artes porque
espaço pelo edifício foi estabelecida para o ob- abarcava todos os aspectos visíveis do mundo; A
servador pudesse compreender a lei que o or- arte, para ele, era uma ciência. mas sim "a criação
ganiza, de qualquer ponto em que se coloque. de homens", a análoga à criação divina.
3 A preocupação dos construtores renascentistas
era criar espaços compreensíveis de todos os
ângulos visuais.

Editora Exato 12
ARTES

3 Toda a gestualidade registrada na obra é desvi-


ada para a virgem, já que ela é o ponto mais al-
to da imagem e o mais iluminado.
4 A profundidade da imagem é dada pela luz que
brilha muito além da escuridão da superfície
das pedras.

9 No Egito, ao dominar uma série de leis rigoro-


sas,o artista dava por encerrada a sua aprendiza-
Conforme texto e imagem, julgue os itens: gem. Ninguém queria coisas diferentes, ninguém
1 A cena apresenta uma dramática justaposição lhe pedia que fosse original. As figuras eram re-
do homem e de Deus. presentadas da forma mais claramente visível.
2 A imagem é semelhante às imagens gregas, Na Grécia, embora os artistas não copiassem a
que mostram sua beleza e corpos trabalhados. natureza tal como a viam, já não consideravam a
3 A imagem possui uma construção diagonal, o fórmula de representação da figura humana como al-
que desequilibra a obra. go sagrado, que devesse ser seguida em todos os
4 A imagem de Adão representado por um ho- pormenores.
mem jovem, cujo corpo forte e harmonioso A grande revolução da arte grega, a descoberta
concretiza o ideal da beleza do Renascimento. de formas naturais e do escorço, ocorreu em uma é-
poca que é, acima de tudo, o mais assombroso perío-
do da história humana. É a época em que o povo das
8 Leonardo não pensa em termos de contornos, cidades gregas começou a contestar as antigas tradi-
mas sim de corpos tridimensionais que tornam ções e lendas sobre os deuses e a investigar sem pre-
visíveis, em graus variados, através da luz. Nas conceitos a natureza das coisas
sombras, essas formas permanecem incompletas,
e seus contornos são sugeridos.

Conforme a figura e o pequeno trecho sobre os


estudos da pintura do autor Leonardo, julgue os itens:
Figura I A deusa Hathor e o rei Sthi I, 19, dinastia, 1303-1290 a.C.
1 As figuras estão em disposição geométrica, de
maneira que formem uma pirâmide, onde a ba-
se é a Virgem.
2 O contraste de claro e escuro que incide no
rosto da virgem a torna o centro da obra.

Editora Exato 13
ARTES

dos instrumentos que os grupos utilizavam em suas


atividades, como pontas de projéteis em osso, lâmi-
nas de machado, quebra-coquinhos, agulhas, pesos de
rede, anzóis, além de objetos de arte, como o objeto
de pedra representando uma ave, mostrando na figura
II, acima.

Figuras II Cenas de aprendizagem, pintura sobre cerâmica.


Com o auxílio do texto e das figuras acima,
julgue os itens que se seguem, acerca das diferenças
de estilo e de forma nas artes egípcia e grega.
1 Na arte egípcia, os artistas utilizavam a lei da Figura I-Sambaqui. Sítio Figueirinha-I, Jaguaruna, Santa Catarina
frontalidade.
2 As figuras humanas, na obra egípcia mostrada
na figura I, têm o mesmo tamanho e, portanto,
possuem a mesma importância na cena.
3 O desenho sobre o vaso grego, mostrado na fi-
gura II, embora naturalista, tem função decora-
tiva.
4 Ao contrário do que mostra a obra de arte e-
gípcia, representada na figura I, o desenho do
vaso grego representado na figura II é estático.
5 O autor do relevo egípcio, mostrado na figura
Figura II- Zoolito, acervo do MAE-USP
I, teve liberdade para escolher as cores de sua
pintura. Com base no texto e nas figuras acima, julgue
os itens seguintes, acerca dos sambaquis e de outras
evidências da arte e da cultura dos habitantes primiti-
10 Esta narrativa faz parte da mitologia contada pe- vos do Brasil.
los povos de língua tupi e relata a história de um 1 Alguns sambaquis demoraram centenas de a-
povo na busca da Terra sem Mal, da eterna fonte nos para serem construídos.
de juventude de Maíra e de uma inesgotável pro- 2 Os sambaquis eram construídos por grupos que
fusão de alimentos e recursos em geral. De fato, habitavam e exploravam o ambiente marinho.
mais ou menos há 1.500 anos, partindo do Ama- 3 O objeto mostrado na figura II traduz a mani-
zonas, esses grupos empreenderam um enorme festação de um valor cultural ligado à sobre-
deslocamento populacional, expandindo seu terri- vivência do grupo social que o produziu.
tório e alcançando, na época da colonização eu- 4 A técnica de desbaste utilizada no trabalho em
ropéia,uma verdadeira unidade nacional. Suas pedra mostrado na figura II permitiu obter de-
aldeias se distribuíam da Amazônia ao sul do talhes minuciosos.
Brasil, formando uma extensa faixa ao longo do 5 As dimensões dos sambaquis e o seu destaque
litoral. na paisagem fazem que eles pareçam monu-
Há mais ou menos 6.000 anos, uma parte do li- mentos para a demarcação do território ocupa-
toral brasileiro começou a ser ocupada por grupos do pelo grupo que os construiu.
que, utilizando os recursos oferecidos por oceanos,
mangues e lagunas, construíam sambaquis, como o
mostrado na figura I, acima, com cerca de 15 m de 11 O trecho a seguir traz a opinião de Ulpiano Be-
altura. zerra de Meneses acerca da definição da arte no
O nome sambaqui vem da língua tupi (tampa = período pré-colonial no Brasil.
marisco e ki = amontoado), e é mais ou menos isso É preciso evitar noções associadas ao fenôme-
que os sambaquis representam. no artístico na civilização ocidental, em que a produ-
Em um sítio sambaqui, encontramos marcas de ção internacional (ou a conversão de produção
fogueiras, de habitações, restos de alimentos e deze- originada de outro contexto), a circulação e o consu-
nas de sepultamentos. Encontramos, ainda, muitos mo de certos bens obedecem a tal especificidade, que

Editora Exato 14
ARTES

é possível falar em categorias como objetos artísticos, 15 A arte egípcia tinha como seu deus não a coca–
artista, colecionador de arte, marchand e assim por cola, mas ao faraó a quem exortavam em suas
diante. Dentro dessa perspectiva, é totalmente inade- pinturas e esculturas.
quado presumir uma atividade artística para as cultu-
16 As figuras encontradas no período egípcio eram
ras primitivas e, portanto, tentar identificar uma
bastante adornadas com ouro e brilho para manter
classe de produtos de arte ou buscar especialização
a crença e o poder hierárquico de seu povo.
na sua manufatura. Por outro lado, remeter, como so-
lução alternativa, todos e quaisquer fenômenos for- 17 A arte na pré–história assemelha-se aos egípcios
mais relevantes, nessas culturas, a um contexto quando suas figuras produzem movimento e ins-
cerimonial e a conteúdos simbólicos é praticar outra tabilidade em cena.
forma de reducionismo que nada pode esclarecer. 18 As imagens no período paleolítico e neolítico não
se diferenciavam em suas formas apenas na temá-
tica e na organização das figuras.
19 Os artistas gregos iniciavam sua arte semelhante
à arte egípcia o tronco do corpo geometrizado aos
quadris.
20 Os egípcios e os povos primitivos possuíam suas
estilizadas.
21 Os romanos diferenciam em sua arte dos artistas
gregos apenas pelos valores das vestimentas.
22 Os artistas gregos idealizavam os homens como
Ulpiano Bezerra de Meneses. A arte no período pré-colonial. Walther Zanini. Histo- centro do universo, semelhantes aos deuses.
ria geral da arte no Brasil. São Paulo,Instituto Walther Moreira Salles, 1982, v 1 p
21. 23 Os romanos, além da escultura, que aperfeiçoa-
A partir do texto e da figura acima, que mostra ram em seu estilo artístico, tinham a arquitetura
urna funerária confeccionada em argila, julgue os i- como um dos seus grandes méritos, pois conse-
tens a seguir. gue elaborá-las em andares.
1 A urna exibida não tem função utilitária.
2 Os pés da figura humana representada pela 24 A arte cristã–primitiva era realizada em templos,
uma mostrada têm também a função de dar a- onde estabelecia a nova religião cristianismo.
poio ao objeto. 25 Os gregos dividem-se em três períodos artístico
3 O material utilizado na confecção da uma mos- arcaico, clássico e o período helênico, onde suas
trada na figura é raro no Brasil esculturas desenvolvem-se com novas formas e
4 A cerâmica é geralmente produzida por socie- sem implementação de materiais inovadores.
dades que não atingiram um estágio agrícola.
5 Conforme o exemplo da uma exibida na figura, 26 As catacumbas cristãs assemelham-se aos rituais
as irregularidades na superfície do objeto em egípcios, pois eles acreditavam em desenhos ar-
cerâmica tomam sua forma assimétrica. tísticos, como magia, pré–destinadores de salva-
ção.

Julgue os itens: 27 O dinamismo da arte grega é dado quando as fi-


guras femininas são representadas envolvidas por
12 Apesar do texto no final criticar o contemporâ- pequenos panos sugerindo o movimento.
neo, enfatiza a importância de conhecer o princí-
pio e a cultura que motiva a existência destes 28 A escultura helenística é o auge grego quando se
povos. descobre o bronze e o mármore um material que
permite maior maleabilidade para esculpi-las e
13 O princípio apresentado pelos arqueólogos em assim criar novas formas e posições.
seus estudos científicos era uma organização so-
cial de no classes paleolítico e no neolítico. 29 Algumas esculturas gregas foram encontradas i-
nacabadas, por causa do material que não propor-
14 Não existe, segundo pesquisas realizadas, ne- cionava firmeza e assim quebravam quando não
nhuma relação do ritual realizado pelos povos e- estavam em repouso.
gípcios ao ritual dos povos primitivos.
30 As imagens na pré–história, durante o período
paleolítico, eram sobrepostas, pois eles não ti-

Editora Exato 15
ARTES

nham um sistema organizacional como o período Lendo o texto, julgue os itens sobre a arte roma-
neolítico. na.
31 A arquitetura na Grécia limitava-se a grandes es-
1 A estrutura romana era exclusiva para que se
pudessem glorificar os deuses em que eram re-
paços retangulares com colunas dóricas e jônicas.
presentados através de esculturas.
32 A tentativa de perspectiva da arte egípcia é dada 2 A arte romana é menos idealizada e intelectual
pela proporção em que as figuras são representa- que a arte clássica grega, porém os romanos
das. desenvolviam um maior poder de razão e inte-
33 A arte no período paleolítico já demonstrava a lecto em relação a administração, enquanto que
necessidade de criar volume e dar formas com os gregos queriam apenas brilhar.
maior precisão, pois tratava da sobrevivência e 3 As formas romanas são exclusivas e distintas.
fé. 4 A utilização inovadora da arquitetura romana
permitiu projetos mais flexíveis como a utili-
34 Os egípcios eram regidos por leis e regras deter- zação de abóbadas, formas curvas e circulares.
minadas pelos faraós, que manipulavam a arte em
seu favor. 38 A pintura de vasos tornou-se uma importante in-
35 A arte iniciou por estranhos começos nos quais dústria em Atenas, e os humildes artífices empre-
os homens estabeleciam uma comunicação entre gados nas oficinas estavam ávidos por introduzir
si. as mais recentes descobertas em seus trabalhos.
Nos primeiros vasos, pintados no século VI a.C.,
36 A arte é considerada primitiva porque seus artis-
ainda encontram-se vestígios dos métodos egíp-
tas não sabiam desenhar e manipular as cores
cios.
conforme as observavam.

37 A maioria dos artistas que trabalhavam em Roma


eram gregos, e a maioria dos colecionadores ad-
quiria obras dos grandes mestres gregos ou có-
pias dessas obras. Apesar disso, a arte mudou,
quando Roma se tornou senhora do mundo. Aos
artistas foram confiadas diferentes tarefas, e eles
tiveram, por conseguinte, que se adaptar aos no-
vos métodos. A mais importante característica da
arquitetura romana é, porém, o uso de arcos.
Construir um arco com pedras separadas em for-
ma de cunha é uma dificílima façanha de enge- 1 Ambas as figuras são rigorosamente mostradas
nharia. Cada vez mais ousados, os romanos de perfis, assim como na arte egípcia, onde
tornaram-se grandes especialistas na arte da cons- nobres e escravos eram representados pela lei
trução de abóbadas, graças a diversos expedientes da frontalidade.
de natureza técnica. 2 Com o passar do tempo, os gregos atingem e-
feitos realistas através de utensílios domésti-
cos.
3 Nas pinturas em cerâmica, exclusivamente em
vasos, encontravam-se apenas figuras de he-
róis.
4 A cor avermelhada que faz o plano de fundo
aos heróis é a descoberta da arte grega.

39 A grande revolução da arte grega, a descoberta


de formas naturais e do escorço (síntese do dese-
nho), ocorreu numa época que é, certamente, o
mais assombroso período da história humana. É a
época em que os povos das cidades gregos come-
çaram a contestar as antigas tradições e lendas
sobre deuses, e a investigassem preconceitos a

Editora Exato 16
ARTES

natureza das coisas. É período em que a ciência, 3 O desenho do vaso grego representado é estáti-
tal como hoje entendemos o termo, e a filosofia co.
desperta pela primeira vez entre os homens, e de- 4 A arte grega envolve uma harmonia em sua
senvolvendo-se o teatro a partir das cerimônias obra tão expressiva que tudo se combina, o que
em honra a Dionísio. produziu uma composição harmoniosa.
5 A arte grega possui suas formas geométricas
de rigidez, retendo uma singela beleza e luci-
dez em sua obra.

41 A partir do século 12 os centros irradiadores de


cultura deixaram de ser os mosteiros e se expan-
diram para as igrejas das grandes cidades da Eu-
ropa. A catedral da cidade tornou-se o edifício
mais importante e é nela que vamos encontrar to-
das as características do estilo gótico.
A respeito da Arte Gótica, julgue os itens:
1 A pintura é o elemento mais característico da
arte Gótica.
2 A arquitetura Gótica é esbelta e muito alta,
como querendo elevar-se ao céu em busca de
Deus.
3 A escultura gótica está associada diretamente
à arquitetura.
4 Os vitrais filtram a luz natural e colorem o in-
1 O pé direito ainda foi desenhado da maneira terior das igrejas góticas.
“padronizada”, mas o esquerdo já está “escor-
çado”, ver-se os cincos dedos dispostos como 42 A difusão do cristianismo e sua afirmação coin-
uma fileira de cinco pequenos círculos. cidiu historicamente com o momento de esplen-
2 Neste vaso, é possível observar que o artista dor do Império Bizantino e a arte tomou novo
grego desenvolveu o seu olhar sobre a obra, ou direciomamento, refletindo toda a grandeza e o
seja, passa a levar em conta o ângulo de onde contexto político daquela sociedade.
ele vê o objeto. Quanto à Arte Bizantina, julgue os itens:
3 As artes gregas estavam voltadas apenas para 1 Com a oficialização do cristianismo a arte
narração de eventos contemporâneos surgidos cristã assume um caráter majestoso.
na época. 2 Apesar das tentativas de conquista do povo a-
4 O escorço ajuda a obter uma maior perfeição través da oficialização do cristianismo e da
para se pintar a realidade tal como ela é vista. mudança da linguagem dos temas artísticos, a
arte assumiu um caráter de contestação política
40 Todas as obras gregas do século V a.C. mostram contra a posição do Imperador de se colocar no
essa sabedoria e habilidade na distribuição das fi- lugar de Deus.
guras, mas os gregos de então valorizam ainda 3 A arte Bizantina ganhou, além da expressivi-
mais o fato de que a recém–adquirida liberdade dade natural da arte, uma função de divulgação
para representar o corpo humano em qualquer e promoção política.
posição ou movimento podia ser utilizada para 4 Na verdade, mesmo com todas as mudanças
refletir a vida interior das figuras representadas. político-sociais, houve uma mudança significa-
Após ler o texto e observar a obra, julgue os i- tiva no fazer artístico daquele período.
tens:
1 Subentende-se através do texto que os artistas
43 Desde que Roma adotou a religião cristã o ho-
gregos tinham dominado os meios de transmi-
mem europeu passou a viver apenas para Deus e
tir um pouco dos sentimentos mudos existentes
a arte servia como veículo para afirmar sua cren-
entre as pessoas.
ça. No século 14 houve muito progresso nas ar-
2 O desenho representado sobre o vaso grego
tes, na literatura e nas ciências e o homem voltou-
mostrado, embora naturalista, tem função de-
se para si mesmo, recolocando-se como a criatura
corativa.
mais importante da Terra.
Editora Exato 17
ARTES

A respeito do Renascimento, julgue os itens: GABARITO


1 O Renascimento é dividido em quatrocentis-
mo (séc. XV) e quinhetismo (séc. XVI). 1 C, C, C, E
2 A pintura no quatrocentismo empregou muito
os tons claro e escuro e preocupou-se com a fi- 2 C, E, C, E
delidade anatômica. 3 E, C, E, C
3 A escultura do renascimento não tinha preo-
4 E, E, C, E
cupação com a anatomia.
4 Na arquitetura os prédios eram inovadores e 5 E, C, E, C
não tinham ligações com a antiguidade clássi-
6 C, C, E, E
ca.
7 C, C, E, C
44 Quanto às características da escultura gótica ana- 8 E, C, E, C
lise e julgue os itens a seguir em certos ou erra- 9 E, C, C, E, E
dos.
1 A escultura está intensamente ligada a arqui- 10 E, E, C, C, E
tetura. 11 C, C, C, C, E
2 Sua função é ocupar espaço dentro das cons-
truções. 12 C
3 As imagens nuas são um marco, pois se des- 13 E
tacam das demais criações deste período.
4 Sua função era única e meramente decorativa. 14 E
15 E
45 Quanto às características do Renascimento, jul- 16 C
gue os itens.
17 E
1 Na escultura renascentista predomina o nu,
assim como no clássico grego. 18 E
2 A posição do homem como o centro do mun- 19 E
do é visto pela primeira vez no Renascimento.
3 É na arquitetura renascentista que se decora o 20 C
interior dos ambientes com inspiração na arte 21 E
da Idade Média.
4 A pintura renascentista acompanha os mes- 22 E
mos padrões da escultura grega. 23 C
24 E
46 Quanto à pintura renascentista, julgue os itens.
1 No chamado quatrocentismo empregou-se o 25 E
claro e o escuro. 26 C
2 Houve uma grande preocupação com a fideli-
dade anatômica. 27 E
3 Personagens de outras épocas foram vestidos 28 C
com roupas do século XV.
29 C
4 Apesar das tentativas de conquista do povo a-
través da oficialização e da mudança da lin- 30 C
guagem dos temas artísticos, a arte assume um
31 C
caráter de contestação política contra a posição
do Imperador de se colocar no lugar de Deus. 32 C
33 C
34 C
35 E
36 E

Editora Exato 18
ARTES

37 E, C, E, C
38 E, C, E, C
39 C, C, E, C
40 C, C, C, C, E
41
42
43
44
45
46

Editora Exato 19
ARTES

BARROCO
1. INTRODUÇÃO Barroco apresentou um dinamismo e um exagero de
formas e cores jamais visto no Renascimento.
Historicismo A Pintura Barroca na Itália
1523 – Reforma Protestante de Lutero. De um modo geral, a pintura barroca pode ser
1541 – Contra-Reforma Católica. resumida em alguns pontos principais. O primeiro é a
1542 – Instaurada a Santa Inquisição pelo Concílio disposição dos elementos dos quadros, que sempre
de Trento. forma uma composição em diagonal. Além disso, as
1600 – Caravaggio pinta A Conversão de Santo Pau- cenas são envolvidas em acentuado contraste de cla-
lo. ro-escuro, intensificando a expressão de sentimentos.
1607 – Final das obras da Basílica de São Pedro. E se a pintura barroca é realista, essa realidade não é
1612 – Ingleses iniciam a colonização da Índia. só a vida de reis e nobres, mas também a do povo
1636 – Rembrandt pinta O Cegamento de Sansão. simples.
1654 – Expulsão dos Holandeses do Brasil. Dentre os pintores italianos desse período, qua-
1660 – Vermeer cria A Moça de Turbante. tro são os mais expressivos; Michelangelo, o verda-
1687 – Jesuítas fundam Sete Povos das Missões deiro precursor do barroco, ainda dentro do
(Brasil). Renascimento. Seu trabalho na Capela Sistina já pre-
1740 – Bouchet pinta Triunfo de Vênus. diz o que seria o barroco. Ele lançou as bases da pin-
1757 – Início da Construção da Igreja de Sta. Geno- tura barroca, seu estilo e suas tendências. O Segundo
veva. foi Tintoretto, o mestre do Maneirismo que, com o
1766 – Aleijadinho projeta a Igreja de São Francisco passar dos anos, enveredou pelo barroco, encontran-
de Assis. do nesse estilo o campo fértil para seu talento. Tinto-
O surgimento do Barroco no século XVII, na retto determinou aqui duas características bem
Itália, deve-se a uma série de mudanças econômicas, marcantes: os corpos das figuras são mais expressi-
religiosas e sociais ocorridas na Europa. Com o hu- vos do que seus rostos e a luz e a cor têm grande in-
manismo, o Renascimento e, principalmente, a Re- tensidade.
forma Religiosa de Lutero, a Igreja católica teve seu Tintoretto (Jacopo Robusti, 1518 –
poder enfraquecido. O grande Império cristão frag- 1594) – O mestre filho de um tintureiro
mentou-se em diversas religiões e para reconquistar Pintor italiano de Veneza, cujo apelido, Tinto-
seu prestígio e poder, organiza a Contra-Reforma, retto, deriva da profissão de seu pai, um tintureiro.
tomando iniciativas que visavam reafirmar e difundir Foi na tinturaria do pai que o jovem pintor começou a
a fé católica. Uma dessas iniciativas é a imediata experimentar cores e tons, ainda sobre tecidos velhos
construção de grandes igrejas que serão verdadeira e manchados. Produziu uma grande quantidade de
exibição artística da riqueza, do esplendor e do poder obras para a Igreja, além de cenas mitológicas e retra-
católico. É na construção desse tipo de Igreja que tos. Foi um desenhista formidável que se destacou
nasce a arte Barroca. por empregar em suas telas vívidos exageros de luz e
Da Itália, a arte barroca se propagou para ou- movimento. Já velho e milionário, resolveu ensinar
tros países europeus e pelo continente americano a- sua arte a jovens discípulos, fundando sua própria es-
través dos colonizadores portugueses e espanhóis. cola de arte, atitude incomum para a época.
Mas ela não se desenvolveu de forma igual. Houve
grandes diferenças entre artistas e entre obras produ-
zidas nos diferentes países. Inclusive no Brasil, onde
a arte Barroca, em muitos aspectos e também na sua
duração histórica, superou a própria arte italiana. A-
pesar disso, alguns princípios gerais podem ser indi-
cados como característicos dessa arte: o barroco
rompeu o equilíbrio entre o sentimento e a razão ou
entre a arte e a ciência, que os renascentistas procura-
ram realizar de forma consciente. No barroco, pre-
dominam as emoções e não o racionalismo
renascentista. As figuras barrocas são representadas
A Última Ceia, de Tintoretto
de tal forma que parecem estar em movimento. O

Editora Exato 20
ARTES

Caravaggio(1573 – 1610) – O uso revo-


lucionário da luz
Caravaggio não se interessou pela beleza clás-
sica que encantou o Renascimento. Procurava seus
modelos entre pessoas do povo. O que melhor carac-
teriza a pintura de Caravaggio é essa atitude de retra-
tar os temas sagrados como um acontecimento atual
entre pessoas humildes; as figuras bíblicas asseme-
lham-se a trabalhadores comuns, com fisionomias
curtidas pelo tempo.

Vocação de São Mateus, de Caravaggio.


E mais que isso, a forma revolucionária como
ele usava a luz. Ela não aparece como reflexo da luz A Glória de Sto. Inácio, afresco de A. Pozzo no teto da igreja de Sto. Inácio, Roma.
solar, mas é criada intencionalmente pelo artista para
dirigir a atenção do observador. Isso foi tão funda- 2. O BARROCO FORA DA ITÁLIA
mental na sua obra, que ele é conhecido como funda-
dor do estilo Iluminista.
Espanha
Na Espanha, o Barroco se desenvolveu princi-
Andrea Pozzo (1642 – 1709) – Os tetos
palmente na arquitetura, nos entalhes requintados das
das igrejas abrem-se para o Céu portadas de edifícios religiosos e civis. Em relação à
A pintura barroca desenvolveu-se também nos pintura, a Espanha foi muito influenciada pelo Barro-
tetos de igrejas e de palácios. Essa pintura, decorati- co italiano, onde predominou o realismo. O artista
va, marcou o trabalho de Pozzo, que ao pintar os inte- que mais se destacou no Barroco espanhol foi:
riores e teto das igrejas, impressionava pelo número Diego Velázquez (1599-1660) – A cara
de figuras e pela ilusão – criada pela perspectiva – de
que as paredes e colunas da igreja continuam no teto,
da nacionalidade espanhola
e que este se abre para o céu, de onde anjos e santos O maior pintor da escola espanhola, mestre na
convidam o homem para a santidade. representação de luz e sombra. Nasceu em Sevilha, e
logo na adolescência produziu obras que impressio-
nam pela elaborada técnica utilizada. Em 1623, foi
nomeado um dos pintores da corte do rei Filipe IV,
tornando-se o mais prestigiado pintor do reino.
Embora tenha se dedicado a pintar retratos da
realeza, também registrou em seus quadros o cotidia-
no de pessoas humildes do seu país.
El Greco (Domenikos Theotocopoulus,
1541 – 1614) – A verticalidade da pin-
tura
Nascido na Grécia (daí o apelido El Greco),
destacou-se em Toledo, na Espanha, onde se estabe-
leceu e desenvolveu seu estilo próprio, a partir de

Editora Exato 21
ARTES

1577. Suas obras se caracterizam pela predominância


da verticalidade, que lembra os temas góticos, as fi-
guras são alongadas e geralmente pintadas em cores
frias. Extravasou em sua pintura um intenso senti-
mento religioso, uma forte ironia com a Igreja (no
quadro O Enterro do Conde Orgaz, metade dos ros-
tos das figuras presentes ao enterro são do próprio El
Greco), em diferentes fases da vida e a outra metade,
de bispos e padres. O pintor se divertiu com a ironia,
mas o Papa quis excomungá- lo.

Erguimento da Cruz, de Rubens


Rembrandt van Rijn (1606-1669)- A
Emoção da Claridade
Foi o maior artista da escola holandesa. Nas-
ceu em Leiden e se mudou para Amsterdã aos 17 a-
nos. Sua obra se caracteriza pela predominância de
Velha Fritando Ovos, de Velazquez.
expressões dramáticas e pela utilização de vívidos e-
Países Baixos feitos de luz. Rembrandt conseguiu reproduzir em
O Estilo Barroco expandiu-se da Itália para vá- suas telas uma gradação de claridade nunca vista an-
rios países europeus entre os séculos XVII e XVIII. tes. Embora os retratos e cenas religiosas e mitológi-
Na Holanda, ele adquiriu características próprias do cas constituam a maior parte de sua obra, ele também
povo holandês, a austeridade e a praticidade. Realis- contribuiu de forma original com outros gêneros, in-
ta, o artista holandês não se preocupava com padrões cluindo a natureza-morta e o desenho.
de beleza, preferindo retratar cenas do cotidiano, di-
ferenciando-se do artista italiano, que retratava na
maioria das vezes temas nobres. Dentre os holande-
ses, cita-se:
Peter Rubens (1577-1640) – A força da
cores quentes
Rubens nasceu em Siegen, na Alemanha, lugar
em que seu pai, um advogado holandês, se refugiou
para escapar da perseguição religiosa. Aos 10 anos de
idade, após a morte de seu pai, Rubens vai para a An-
tuérpia acompanhado de sua mãe. Foi na Antuérpia
que ele teve como um de seus mestres o pintor Otto
van Veen, que o influenciou a ir para a Itália. Em
1600, dois anos após ter se tornado mestre, Rubens
vai para Roma, onde conhece as obras renascentistas
que serviriam de base para seu grande estilo.
Rubens costumava dar às vestimentas um colo-
rido exuberante que contrastava com a pele clara das
figuras retratadas. Trouxera da Itália a predileção por
telas gigantescas e foi mestre na arte de dispor as fi-
guras, a luz e a cor numa vasta escala, sugerindo um
intenso movimento.
A Sagrada Família, de Rembrandt.

Editora Exato 22
ARTES

Vermeer (1632 – 1675) – A beleza deli- 3. A ESCULTURA BARROCA


cada da vida cotidiana O Equilíbrio entre razão e emoção, caracterís-
Diferente de Rembrandt, Vermeer trabalha os tica da escultura renascentista, desapareceu com o
tons em plena claridade. Seus temas são sempre os da predomínio do Barroco, que escolheu a dramaticida-
vida burguesa da Holanda seiscentista. Seus quadros de das expressões e o dinamismo dos movimentos
documentam com uma beleza delicada os momentos como elementos básicos de seu espírito. Essas pecu-
simples da vida cotidiana. No quadro Mulher Lendo liaridades da escultura barroca se concretizaram a-
uma Carta, por exemplo, observamos o quarto inun- través da predominância de linhas curvas, excesso de
dado de luz e uma suave harmonia de cores e formas. dobras nas vestes e a utilização do dourado. Os ges-
Assim como essa obra, muitas outras pinturas de tos e os rostos das personagens revelam emoções vi-
Vermeer que retratam ocupações domésticas em inte- olentas e atingem uma dramaticidade desconhecida
riores mostram um sugestivo trabalho com os efeitos no Renascimento. Como na pintura, o impulso inicial
de luz. para esse desenvolvimento artístico partiu de artistas
italianos, entre os quais Gian Lorenzo Bernini (1598-
1680) foi o mais importante. Arquiteto, escultor, ur-
banista e pintor, Bernini conseguiu, com suas escul-
turas, registrar momentos de pura expectativa, que
envolvem o observador emocionalmente.

Mulher lendo uma carta, Vermeer.

Davi, de Bernini (Mostra grande vigor. Compare com o Davi de Michelângelo).

O Enterro do Conde Orgaz, de El Greco.

Editora Exato 23
ARTES

Palácio de Versalhes (França), com seus jardins.

O Êxtase de Sta. Teresa, de Bernini.

4. ARQUITETURA BARROCA
A arquitetura do séc. XVII realizou-se princi-
palmente nos palácios e nas igrejas. A Igreja Católi- Praça da Basílica de São Pedro, no Vaticano.
ca queria proclamar o triunfo de sua fé e, por isso,
realizou obras que impressionaram pelo seu esplen-
dor. Por outro lado, governantes como Luís XIV, da
França, que se consideravam reis por direito divino,
também desejaram palácios que demonstrassem po-
der e riqueza.
Quanto ao estilo da construção, os arquitetos
deixam de lado os valores de simplicidade e raciona-
lidade típicos da Renascença e insistem nos efeitos
decorativos, pois “no barroco, todo muro se ondula e
dobra para criar um novo espaço".
Outro fato importante que merece ser assinala-
do é o reconhecimento, no barroco, de que as áreas
que cercam os prédios tinham importância para a be-
leza final da construção. Daí a preocupação paisagís-
tica com os grandes jardins dos palácios, como em
Versalhes, ou com as praças das igrejas, como a basí-
lica de São Pedro, no Vaticano.

Editora Exato 24
ARTES

O RENASCIMENTO
HISTORICISMO sição ao divino e ao sobrenatural conceituados na I-
dade Média.
1308 – Dante Alighieri começa a escrever A Devido ao humanismo e ao ideal de liberdade
Divina Comédia. predominante no período, o artista renascentista teve
1333 – Simoni de Martini pinta O Anjo e a a oportunidade de expressar suas idéias e sentimentos
Anunciação. sem estar submetido à Igreja ou a outro poder. Ele
1415 – Navegadores portugueses chegam a era um criador e tinha um estilo pessoal, diferencian-
Ceuta. do-se dos artistas medievais. Além disso, o artista era
1448 – Gutenberg inventa a imprensa. dignamente pago para produzir suas obras, quer fos-
1474 – Da Vinci pinta O Retrato de Ginevra sem elas feitas para compradores particulares ou para
Benci. a própria Igreja.
1492 – Colombo descobre a América.
1500 – Cabral chega ao Brasil. 1. ARQUITETURA RENASCENTISTA
1505 – Giovanni Bellini pinta Nossa Senhora
A preocupação dos construtores renascentistas
do Prado.
foi criar espaços compreensíveis de todos os ângulos
1532 – Fundação de S. Vicente, por Martim
e que fossem o resultado de uma justa proporção en-
Afonso de Souza.
tre todas as partes do edifício. A principal caracterís-
1543 – Copérnico fundamenta a tese do Sol
tica da arquitetura do Renascimento, portanto, é o
como centro do universo.
equilíbrio das linhas, a organização matemática dos
espaços e a presença de elementos da Antigüidade
O termo Renascimento é comumente aplicado
clássica na decoração. A cúpula é um detalhe impor-
à civilização européia que se desenvolveu entre 1300
tante e constante nas construções renascentistas. O
e 1650. Ele sugere que, a partir do século XIV, teria
mais famoso exemplo de cúpula existente nesse perí-
havido na Europa um súbito reviver dos ideais da
odo é sem dúvida a da basílica de São Pedro, no Va-
cultura greco-romana. Essa é, no entanto, uma visão
ticano, em Roma. Erguida entre 1507 e 1607, da sua
simplista da História, já que, mesmo durante o perío-
construção participaram grandes arquitetos como
do medieval, o interesse pelos autores clássicos nun-
Donato Bramante, de 1507 a 1510; Rafael, de 1514 a
ca deixou de existir. Nas escolas das catedrais e dos
1520; Antonio Sangalloi, de 1540 a 1546; Michelan-
mosteiros, autores gregos ou romanos, como Cícero,
gelo, de 1546 a 1564, juntamente com Giacomo Del-
Virgílio, Sêneca e os grandes filósofos gregos eram
la Porta, que continuou a execução do projeto até
muito estudados.
1602; e Carlo Moderni, que a concluiu entre 1602 e
Outro problema é o da subestimação e do des-
1607. Este, como outros prédios públicos e palácios
conhecimento da cultura medieval. O termo “renas-
do período, teve sua arquitetura fortemente influenci-
cimento” pode sugerir que todo o período medieval
ada pelas características do Renascimento.
foi uma época de trevas e ignorância. Essa falsa idéia
foi difundida pelos próprios renascentistas, que, no
desejo de combater tudo que fosse medieval, chama-
vam a Idade Média de “Idade das Trevas”.
Na verdade, já a partir do século XI, começa a
surgir por toda a Europa Ocidental uma série de mo-
vimentos de renovação cultural inspirados nos ideais
greco-romanos. No entanto, sob vários aspectos, o
Renascimento retoma certos elementos da cultura
medieval. Por outro lado, o Renascimento foi um
momento da História muito mais amplo e complexo
do que o simples reviver da antiga cultura greco-
romana. Ocorreram nesse período muitos progressos
e incontáveis realizações no campo das artes, da lite-
ratura e das ciências, que superaram a herança clássi-
Cúpula da Basílica de S.Pedro – de Michelangelo e Della Porta.
ca. O ideal humanista foi, sem dúvida, o móvel desse
progresso e tornou-se o próprio espírito do Renasci- 2. A PINTURA RENASCENTISTA
mento. Num sentido amplo, esse ideal é entendido
A pintura do Renascimento confirma as três
como a valorização do homem e da natureza em opo-
conquistas que os artistas do último período gótico
Editora Exato 25
ARTES

haviam alcançado: a perspectiva, o realismo e o uso mundo, mas serenidade, pois se reconhece como
do claro-escuro. Na Antigüidade, pintores gregos e submisso à vontade de Deus.
romanos já haviam dominado esses recursos da pin- Paollo Uccello (1397-1475) – O encon-
tura, entretanto, os pintores românicos e medievais tro das fantasias medievais com a
abandonaram essas possibilidades de imitar a reali-
dade. No período Gótico e no Renascimento, porém, perspectiva geométrica
predomina a tendência de uma interpretação científi- Uccello procura compreender o mundo segun-
ca da realidade e do mundo. O resultado disso nas ar- do os conhecimentos científicos do seu tempo e, em
tes plásticas, e sobretudo na pintura, são os estudos suas obras, tenta recriar a realidade segundo princí-
da perspectiva segundo princípios da Matemática e pios matemáticos. Por outro lado, sua imaginação o
da Geometria. O uso da perspectiva conduziu a outro remete às fantasias medievais, um mundo lendário de
recurso, o claro-escuro, que consiste em pintar algu- um passado superado. Sua pintura está repleta de
mas áreas iluminadas e outras na sombra, reforçando movimento e realismo fantástico.
a sugestão de volume dos corpos. A combinação da
perspectiva com o claro-escuro deu maior realismo às
pinturas.
Na Idade Média, a produção artística era anô-
nima, de acordo com os ideais eclesiástico e real da
iniqüidade do homem diante de Deus e de seu Rei.
Na arte renascentista, sobretudo na pintura, surge o
artista com estilo pessoal, idéias próprias e liberdade
para divulgá-las. A partir dessa época, começa a exis-
tir o artista como o conceituamos atualmente: um cri-
ador individual e autônomo, que expressa em suas
obras os seus sentimentos e suas idéias, sem submis-
são a nenhum poder que não a sua própria capacidade
de criação.
Assim, no Renascimento, são inúmeros os no-
mes de artistas conhecidos, cada um com característi-
cas próprias.
3. LEITURA DE OBRAS RENASCENTISTAS

Masaccio (1421-1428): a pintura como


imitação da realidade
Foi um artista genial e precoce que, aos 21 a- Madonna com o Menino, de Masaccio.

nos, concebeu a pintura como imitação fiel do real e


morreu aos 27 anos, deixando obras que retratam as
formas humanas com impressionante beleza. Seu rea-
lismo é tão cuidadoso que ele parece ter a intenção de
nos convencer da realidade da cena retratada e mais,
parece nos convidar a participar do que está represen-
tado na pintura.
Fra Angélico (1400 –1455) – a busca da
conciliação entre o plano terrestre e o
sobrenatural
Frade dominicano que seguiu as tendências re-
alistas de Masaccio, mas, por respeitar seriamente
seus votos, tem em sua obra como tema principal a
religião. Sua pintura, embora siga os princípios re-
nascentistas da perspectiva e da técnica claro-escuro,
está impregnada de um sentido místico. O ser huma-
no representado nas obras de Fra Angélico não pare-
ce manifestar angústia ou inquietação diante do
Anunciação, de Fra Angélico.

Editora Exato 26
ARTES

Sandro Botticelli (1444-1510) – A Linha


que sugere mais ritmo que energia
Nasceu e viveu em Florença, Itália. Trabalhou
na decoração da Capela Sistina, em 1481. Botticelli
retratava dois temas em suas obras: a Antigüidade
grega e o Cristianismo. Uma característica comum
em suas obras é a leveza dos corpos, esguios e des-
providos de força: parecem flutuar, com ritmo, ex-
pressando suavidade e graça. As figuras humanas de
seus quadros são belas, porque manifestam a graça
divina, e, ao mesmo tempo, melancólicas, porque
supõem que perderam esse dom de Deus.
Leonardo da Vinci (1452 – 1519) – A
busca do conhecimento científico e da
beleza artística
Foi o talento mais versátil do Renascimento.
Desenhista, pintor, escultor, engenheiro e arquiteto,
realizou vários trabalhos e pesquisas aprofundando- La Gioconda (Mona Lisa), de DaVinci.
se nos mais diversos setores do conhecimento huma- Michelangelo Buonarroti(1475-1564) –
no, entre eles anatomia, botânica, mecânica, hidráuli- A genialidade a serviço da expressão
ca, óptica, arquitetura e astronomia. Em artes, seus
estudos de perspectiva são considerados insuperáveis.
da dignidade humana
Na verdade, pintou pouco: o afresco da Santa Ceia, Arquiteto, pintor, poeta e escultor, um dos
em Milão, e cerca de quinze quadros, a maioria, o- maiores representantes do Renascimento. Como ar-
bras-primas de expressivos jogos de luz e sombras. quiteto, trabalhou na cúpula da igreja de São Pedro,
em Roma, e na praça do Capitólio. Como pintor, sua
maior obra é a pintura do teto da capela Sistina. Em-
bora tenha concordado em realizar esta obra, ele se
considerava, acima de tudo, um escultor. As poses
das figuras da capela Sistina baseiam-se em famosas
esculturas gregas e romanas, que Michelangelo estu-
dava minuciosamente.

O Nascimento de Vênus, de Botticelli.

A Criação do Homem e, em seguida, O Juízo Final, afrescos no teto da Capela Sis-


tina, obras de Michelangelo.

Editora Exato 27
ARTES

Davi, escultura de Michelangelo. Inspirada nos modelos greco-romanos.


Madona do Grã-Duque, de Rafael.
Ticiano Vecellio (1490 –1576) – O pin-
tor que virou nobre
Ticiano foi o maior pintor da escola veneziana.
Viveu toda a sua vida em Veneza, considerada a mais
importante cidade italiana do Renascimento. Em
1533, o rei Carlos V nomeou-lhe pintor da corte e lhe
concedeu um título de nobreza, nunca antes conquis-
tado por um artista. Ticiano produziu uma série de
obras religiosas, mitológicas e retratos utilizando co-
res vivas e movimentos que mais tarde serviram de
base para outros artistas.

Pietá, escultura de Michelangelo, considerada a de acabamento mais elaborado de


toda a sua obra.
Rafael Sanzio (1483 –1520) – O equilí-
brio e a simetria
É considerado o pintor que melhor desenvol-
veu, na Renascença, os ideais clássicos de beleza:
harmonia e regularidade de formas e cores. Rafael
planejava detalhadamente suas obras e fazia centenas
de desenhos preliminares a partir de modelos vivos,
antes de pintar os afrescos. Suas obras comunicam ao
observador um sentimento de ordem e segurança,
pois os elementos que compõem seus quadros são
dispostos em espaços amplos, claros e de acordo com
uma simetria equilibrada, expressando de forma clara
e simples os temas pelos quais se interessou.
Ascensão da Virgem, de Ticiano.

Editora Exato 28
ARTES

O Maneirismo Já Hans Holbein (1498-1543) ficou conhecido


A partir de 1520, alguns pintores italianos co- como retratista de políticos, intelectuais e financistas
meçaram a procurar formas alternativas para a cria- da Inglaterra e dos Países Baixos. Tudo retratado
ção de suas obras. Embora tenham buscado com um realismo tranqüilo, diferente da inquietação
inspiração nas obras renascentistas de Michelângelo, de Dürer. Soube expressar o esmero técnico e o ideal
Leonardo da Vinci e Rafael, deram início a um novo renascentista de beleza com precisão e forma. Ao re-
estilo artístico que rompeu com o equilíbrio, a orga- tratar seu amigo Erasmo de Roterdã, Holbein o fez
nização espacial, a simetria, a racionalidade e as pro- com simplicidade, traçando com sutileza os traços
porções estabelecidas pela arte renascentista. Este psicológicos e físicos do grande humanista do séc.
novo estilo foi denominado Maneirismo, termo origi- XVI.
nário da palavra italiana maniera, que designa o estilo
ou a maneira própria com que cada artista realiza a
sua obra. As características iniciadas no Maneirismo
tiveram total desenvolvimento no estilo Barroco, que
sucedeu o renascimento.
4. O RENASCIMENTO FORA DA ITÁLIA
As concepções estéticas italianas de valoriza-
ção da cultura greco-romana começaram a se interna-
cionalizar. Nesses países, foi comum o conflito entre
as tendências nacionais e as novas formas artísticas
vindas da Itália. Mas tal conflito se resolveu com a
nacionalização das idéias italianas.
Fora da Itália, foi a a pintura, entre as artes Erasmo de Roterdã, de Holbein
plásticas, que melhor refletiu a nacionalização do es- Hieronymus Bosch (1450-1516) criou um es-
pírito humanista renascentista italiano. No séc. XV, tilo inconfundível. Sua pintura é repleta de símbolos
ainda eram conservadas, na pintura alemã e na dos da astrologia, da alquimia e da magia conhecidas ao
Países Baixos, por exemplo, as características do esti- final da Idade Média. E nem todos os elementos de
lo gótico. Mas, alguns artistas, como Dürer, Hans suas telas podem ser decifrados, dada a combinação
Holbein, Bosch e Bruegel, fizeram uma espécie de de seres e formas presentes em sonhos ou delírios do
conciliação entre o gótico e a nova pintura italiana, pintor. Para muitos críticos, esta era a representação
intérprete científica de uma realidade. Assim, Albre- do conflito interior do homem ao final da Idade mé-
cht Dürer (1471-1528) foi o primeiro artista alemão a dia: tensão ante o pecado dos prazeres materiais e a
conceber a arte como uma representação fiel da reali- busca da virtude de uma vida espiritual. Tudo envolto
dade e a buscar traços psicológicos do ser humano e em superstições e crenças malignas.
retratá-los em seus quadros, como por exemplo, no
retrato de Oswolt Krell, onde registra fielmente os
traços físicos do personagem, mas também a atitude
enérgica desse comerciante alemão.

O Jardim das Delícias, de Bosch.


Pieter Bruegeli, o Velho (1525-1569), viveu
nas grandes cidades da região de Flandres, sob os i-
deais renascentistas, mas retratou como ninguém a
realidade das pequenas aldeias que ainda conserva-
vam a cultura medieval. Esta temática aparece em
quadros como Jogos Infantis, em que apresenta 84
brincadeiras de crianças, da época.
Oswold Krel, de Dürer

Editora Exato 29
ARTES

Jogos Infantis, de Bruegel.

Editora Exato 30
BIOLOGIA
BIOLOGIA

CITOLOGIA
Água (H2O)
BIOQUÍMICA Substância mais abundante no organismo, a
água equivale a cerca de 60-70% (quantidade relati-
1. INTRODUÇÃO va) do peso do corpo humano. As quantidades podem
variar em função de inúmeros fatores, entre eles: ati-
Os seres vivos apresentam uma grande diver- vidade metabólica do tecido, idade do organismo e
sidade e é possível distingui-los da matéria bruta de- tipo de organismo.
vido a algumas características básicas: metabolismo,
Sais minerais
material genético, reprodução, excitabilidade e cres-
cimento. Há três maneiras básicas de apresentação dos
 Metabolismo: conjunto de reações quími- íons nos seres vivos. Encontraremos estes na forma
cas que ocorrem no organismo. As reações iônica (ex.: Mg+) imobilizados no esqueleto (ex:
que envolvem síntese de substâncias consti- CaCO3 - Tecido ósseo) ou combinados com molécu-
tuem o anabolismo e as reações que envol- las orgânicas (ex.: Cobalto, na vitamina B12).
vem a degradação de substâncias 3. SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS
constituem o catabolismo.
 Material genético: a maioria dos organis- Carboidratos
mos possui a molécula de DNA como de- São substâncias formadas por carbono(C), hi-
tentora da informação genética. O fato de drogênio(H) e oxigênio(O). Também são chamadas
os seres vivos terem a informação codifica- de hidratos de carbono, ou glúcides, ou glicídos.
da em uma molécula capaz de autoduplica- Classificação dos Carboidratos
ção é fundamental à ocorrência de  Monossacarídeos: moléculas de carboidra-
reprodução. O material genético possui tos simples (não sofrem hidrólise), forma-
também a vantagem de não ser estático; su- das segundo a fórmula geral Cn(H2O)n, onde
as transformações, as mutações, constituem n representa o número de átomos de carbo-
fator essencial à ocorrência da evolução no, que varia entre 3 e 7. Podem ser cha-
dos seres vivos, devido à possibilidade de mados de trioses, tetroses, pentoses,
surgimento aleatório de novos genes. hexoses e heptoses, de acordo com o núme-
 Reprodução: na reprodução sexuada, a ro de átomos de carbono.
troca de material genético entre organismos Exemplos de monossacarídeos:
leva à produção de prole variada, o que é Glicose: monossacarídeo do tipo hexose, é um
vantajoso para a evolução dos organismos. carboidrato com função energética, produzido pelos
Já, na reprodução assexuada, não há troca vegetais através da fotossíntese.
de material genético e, conseqüentemente,
os organismos produzidos são geralmente Frutose: monossacarídeo do tipo hexose, é um
idênticos àqueles que os produziram. carboidrato com função energética, encontrado em
 Crescimento: os seres vivos crescem por frutas.
transformações da matéria absorvida, o que  Dissacarídeos:
leva ao crescimento por aumento do volu- Os dissacarídeos são formados por 2 moléculas
me celular ou aumento do número de célu- de monossacarídeos (monossacarídeo + monossaca-
las. rídeo). Ao sofrerem hidrólise, geram monossacarí-
Os seres vivos apresentam uma composição deos.
química muito complexa. Na sua organização celular, Principais dissacarídeos:
consideraremos dois grandes grupos de substâncias: Maltose (glicose + glicose): encontrada em ce-
as orgânicas e as inorgânicas. Estas variam em quali- reais.
dade e quantidade em função do metabolismo a que Lactose (glicose + galactose): encontrada no
cada tipo se destina. leite.
Sacarose (glicose+frutose): encontrada na ca-
2. SUBSTÂNCIAS INORGÂNICAS na-de-açúcar.
Compreende o grupo de substâncias que não  Polissacarídeos:
apresentam o carbono como elemento principal da São cadeias formadas pela união de vários mo-
molécula. nossacarídeos (polímeros de oses).
Principais polissacarídeos:
Editora Exato 1
BIOLOGIA

Amido: reserva energética dos vegetais. Nos vegetais, as gorduras ficam armazenadas
Celulose: presente no tecido vegetal, apresenta em sementes ou em frutos, o que representa uma ca-
função estrutural. racterística adaptativa interessante, pois essas estrutu-
Glicogênio: reserva energética animal. ras compactas contêm grande quantidade de energia,
Lipídios empregada pelo embrião durante seu desenvolvimen-
São ésteres (ácido graxo + álcool) insolúveis to ou por muitos animais que se alimentam de frutos
em água, mas que degradam-se em meio a solventes e de sementes. Sendo estruturas relativamente peque-
orgânicos como álcool, clorofórmio, benzina etc. A- nas, as sementes e os frutos podem ser levados para
tuam como eficiente reserva energética, pois rendem locais distantes da planta mãe – o que se chama dis-
mais do que duas vezes a energia por grama do que persão - facilitando a ocupação de territórios. Os a-
os carboidratos. Também atuam como importantes nimais colaboram para esse transporte quando
componentes estruturais das células, especialmente comem os frutos e esparramam as sementes.
da membrana celular. Proteínas
Classificação dos Lipídios: São macromoléculas orgânicas formadas por
 Lipídios Simples: unidades (monômeros) denominadas aminoácidos.
a) Glicerídeos (óleos e gorduras). Composição Cada aminoácido é formado por um grupo carboxila,
básica: álcool de cadeia curta (glicerol + ácido gra- um grupo amina e uma porção variável da molécula
xo). São conhecidos como “triglicerídeos”. denominada radical.
b) Cerídeos (ceras). Composição básica: álcool
de cadeia longa.
Rn Radical
 Lipídios Compostos (Conjugados):
Encontram-se associados a outras substâncias.
Exemplo: fosfolipídios (lecitina, esfingomieli-
na, cefalina). H2N C COOH
 Esteróides:
Composição básica: álcoois de cadeia fechada
(ex.: colesterol + ácido graxo). São esteróides: hor- Amina Carboxila
mônios sexuais masculinos e femininos, hormônios H
corticais supra-renais (ex.: corticoesteróides), vitami- Estrutura de um aminoácido

na D, os sais biliares e o colesterol.


A combinação entre os aminoácidos se dá por
Armazenar gorduras ou amido? ligação peptídica, em que o grupo amina de um a-
Estocar substâncias ricas em energia é uma minoácido liga-se ao grupo carboxila de outro ami-
propriedade importante dos seres vivos. Cada grama noácido. Observe:
de gordura libera mais de duas vezes a quantidade de
energia liberada pela mesma massa de amido. Em
H H
termos de armazenagem, os vegetais armazenam a- H H H H N O
mido, enquanto os animais estocam gorduras. N
=

O H N O H C C H + HO H
Na fotossíntese, as plantas produzem molécu- H C C + H C C C N
las de glicose e a produção do amido, a partir delas, H OH H OH H O
exige um equipamento enzimático relativamente H C C C
simples. Como o gasto energético das plantas não é H H OH
tão elevado quanto o dos animais, já que são relati- Ligação peptídica
vamente imóveis, o fato de haver menos trabalho me-
tabólico favoreceu a armazenagem de amido no Um total de somente 20 aminoácidos compõe
processo evolutivo dos vegetais. todas as proteínas de todos os seres vivos. Um dos
Os animais, por sua vez, gastam muita energia principais fatores que caracterizam esses polipeptí-
na locomoção e devem carregar consigo seu estoque deos é o arranjo (ordem, tipo e número) dos aminoá-
de energia. Armazenar gorduras representa diminui- cidos que os constituem. Esse arranjo é determinado
ção da massa a ser transportada, com menor gasto pela ação dos ácidos nucléicos.
energético. Existem dois tipos básicos de aminoácidos, os
A capacidade de estocagem de carboidratos naturais e os essenciais. Os primeiros são sintetiza-
pelos animais é pequena, restringindo-se aos múscu- dos pelo organismo e os últimos, por não serem sinte-
los e ao fígado, na forma de glicogênio. tizados no organismo, devem estar incluídos na dieta.
A classificação de aminoácido essencial e natural é
Editora Exato 2
BIOLOGIA

variável entre os organismos, o que significa dizer  Estrutura terciária e quaternária: as ca-
que se um aminoácido é essencial para o homem, po- deias protéicas podem dobrar-se, formando
de ser natural para um cão, por exemplo. a estrutura terciária de natureza globular. A
As proteínas são classificadas da seguinte for- maioria das proteínas com atividade bioló-
ma: gica possui forma globular. Muitas proteí-
 Simples⇒ moléculas formadas exclusiva- nas são formadas por mais de uma cadeia
mente por aminoácidos. polipeptídica, sendo esse nível de organiza-
 Conjugadas⇒ apresentam um grupamento ção denominado estrutura quaternária. São
prostético, que é uma porção não protéica exemplos de proteínas globulares:
da molécula. Exemplos: nucleoproteínas  Hemoglobina;
(grupo prostético é um ácido nucléico), gli-  Mioglobina;
coproteínas (grupo prostético contém polis-  Hemocianina;
sacarídeos), lipoproteínas (grupo prostético  Enzimas;
contém lipídios), metaloproteínas (grupo  Proteínas da membrana.
prostético é um metal) .
Níveis de Organização das Proteínas
 Estrutura primária: refere-se à seqüência
linear de aminoácidos em uma cadeia poli-
peptídica. Cada tipo de proteína (cadeia po-
lipeptídica) possui uma seqüência particular
de aminoácidos.

ALA Estrutura terciária

GLY Atividade Biológica das Proteínas


 Defesa: anticorpos, ou imunoglobulinas,
LEU
são moléculas de natureza protéica, produ-
VAL zidas por células (glóbulos brancos ou leu-
cócitos) especiais denominadas
LYS plasmócitos.
 Estrutural: proteínas fibrosas, como o co-
LYS lágeno e a queratina. O colágeno é uma
proteína animal, encontrada em abundância
GLY em ossos, tendões, cartilagens. A queratina
também é uma proteína animal, encontrada
HIS
na pele, bicos, unhas e pêlos. Actina e mio-
Estrutura primária sina são proteínas encontradas em fibras
musculares e relacionadas à dinâmica da
contração muscular.
 Estrutura secundária: a estrutura secundá-  Hormonal: alguns hormônios, como o glu-
ria mais comum é a alfa-hélice, que se as- cagon e a insulina, são de natureza peptídi-
semelha a uma escada em espiral. A ca (protéica).
estrutura rígida da espiral é mantida às cus-  Enzimática: as enzimas são proteínas glo-
tas de pontes de hidrogênio. bulares que atuam como catalisadores bio-
lógicos, ou seja, atuam diminuindo a
energia de ativação necessária à ocorrência
de uma reação química. Os catalisadores
não são consumidos durante a reação, sen-
do, por isso, eficientes em doses pequenas.
A ação enzimática baseia-se em uma pro-
priedade denominada especificidade, ou
seja, uma enzima possui um ou mais cen-
Estrutura secundária:
tros ativos aos quais o substrato (substân-
Alfa hélice cia sobre a qual atua a enzima) combina-se
Editora Exato 3
BIOLOGIA

para que seja exercida a ação catalítica. Es- Observe os gráficos a seguir :
sa relação entre a enzima e seu substrato é
chamada de efeito chave-fechadura. Pelo
Velocidade máxima
que foi exposto, é fácil concluir que a ativi-
dade enzimática depende fundamentalmen-
te da forma espacial da molécula da Velocidade da
enzima. Modificações na forma dessa mo- reação
lécula, como as que ocorrem na desnatura- Temperatura
ção, inativam as enzimas. ótima

E1 Temperatura
A B A E2 produtos

A B
Velocidade máxima
E3
Especificidade enzimática: efeito chave-fechadura. (A)= enzima (B) substrato
Velocidade da
reação
A estrutura terciária da cadeia protéica de uma
enzima é mantida por pontes de hidrogênio entre os pH
grupos R dos aminoácidos em voltas adjacentes da ótimo
cadeia e por interações entre os vários grupos R dos
aminoácidos. Na desnaturação protéica, há o rom- pH
pimento dessas ligações, o que resulta em perda da
forma e, conseqüentemente, da atividade biológica da
proteína. A desnaturação pode ocorrer por alterações Velocidade máxima
no meio, tais como aumento da acidez ou aumento da Velocidade da
temperatura. A coagulação da clara do ovo é um bom reação
exemplo de desnaturação protéica. Em geral, os or-
ganismos não vivem em ambientes com temperaturas
muito altas, pois a desnaturação de suas enzimas in-
viabiliza o metabolismo celular. Concentração do substrato
Algumas enzimas necessitam, para exercerem
sua atividade biológica, de co-fatores, que podem ser
um íon ou uma molécula (coenzima). O complexo Inibidores Enzimáticos
formado pela enzima (apoenzima) e seu co-fator é
Existem substâncias capazes de impedir a ação
chamado de holoenzima.
de uma enzima. São chamados inibidores enzimáti-
O nome das enzimas é formado geralmente pe-
cos. Uma enzima “reconhece” seu substrato porque
la adição do sufixo ase à raiz de nome do substrato.
se liga ao seu centro ativo. Se outra molécula, com
Exemplos:
estrutura espacial semelhante à de seu substrato, li-
Amilase⇒ catalisa a hidrólise do amido. gar-se a ela, a enzima poderá ser desativada temporá-
Sacarase⇒ catalisa a hidrólise da sacarose. ria ou definitivamente.
Fatores que Interferem na Atividade Muitos dos inibidores enzimáticos competem
Enzimática com o verdadeiro substrato pela ligação com o centro
 Temperatura: a atividade enzimática é ativo. Há venenos que exercem sua ação tóxica dessa
inativada pelo calor, sendo que temperatu- maneira. Por exemplo: algumas plantas em decompo-
ras de 50 a 60 ºC inativam a maioria das sição geram dicumarol, cuja molécula é semelhante à
enzimas. Essa inativação é irreversível. Ge- da vitamina K.
ralmente as enzimas não são inativadas a- Olhando a molécula inteira, é possível saber de
pós o congelamento, mas sua atividade qual molécula se trata, mas, embora sejam um pouco
reduz-se bastante a baixas temperaturas. diferentes, ambas podem ligar-se a certas enzimas.
 pH: as enzimas são sensíveis às alterações As enzimas são “enganadas” pela semelhança.
no pH: alterações de acidez ou alcalinidade Se um animal ingerir esta substância, ela irá
no meio em que a reação está ocorrendo. competir com a vitamina K pela ligação com as en-
 Concentração do substrato. zimas que participam da produção da protrombina,
proteína indispensável para a coagulação do sangue.

Editora Exato 4
BIOLOGIA

Como conseqüência, poderão ocorrer hemorragias O DNA: Ácido Desoxirribonucléico


graves. O DNA é a molécula responsável por conter a
Algumas drogas antimicrobianas, como as sul- informação genética. Essa molécula é formada por
fas, também são inibidores enzimáticos. Elas “enga- dois filamentos dispostos em forma de hélice no es-
nam” as enzimas bacterianas responsáveis pela paço (modelo de Watson e Crick), conforme mostra a
produção do ácido fólico, componente indispensável figura abaixo.
para a reprodução das bactérias.
2
Fospato

Sulfa
PABA

Ação de um inibidor enzimático


3
base pentose
Ácidos Nucléicos: a vida em código 1 (1) Fosfato
Modelo de DNA proposto por J. Watson e F. Crick: dupla hélice (2) Pentose
As moléculas de ácidos nucléicos situam-se (3) Base
entre as maiores encontradas na célula. Recebem a
denominação DNA (ácido desoxirribonucléico) e Observe que, na molécula de DNA, os nucleo-
RNA (ácido ribonucléico). Essas grandes moléculas tídeos de uma mesma fita ligam-se através dos gru-
são formadas por unidades menores, denominadas pos fosfato e que os nucleotídeos de fitas
nucleotídeos, sendo, por isso, denominadas molécu- complementares ligam-se através de pontes de hidro-
las polinucleotídicas. gênio que se estabelecem entre as bases nitrogenadas.
Estrutura dos ácidos nucléicos (nucle- A ligação entre as bases ocorre entre adenina e timina
otídeos) (duas pontes de hidrogênio), citosina e guanina (três
Cada nucleotídeo é formado por um grupo fos- pontes de hidrogênio). Dessa forma, em uma molécu-
fato, uma pentose (carboidrato) e por uma base nitro- la de DNA, a porcentagem de adenina deve ser igual
genada púrica: adenina(A) ou guanina(G) ou uma à de timina, bem como a porcentagem de citosina de-
base nitrogenada pirimídica: citosina(C), timina(T) e ve ser igual à de guanina.
uracila(U).
Observe a figura abaixo: P P P P P
Fosfato

Fosfato Cadeia
D D D D polinucleotídea

C C
A A
Base
Carboidrato Nitrogenada Pontes de
Bases
(pentose) nitrogenadas Hidrogênio
Nuleotídeo: unidade de ácido nucléico G G
T T

 O fosfato é uma estrutura comum ao DNA D D D D


e ao RNA.
 A pentose dos nucleotídeos de DNA é a de-
soxirribose, enquanto que, no RNA, os nu- P P P P P
cleotídeos apresentam a ribose.
Estutrura da molécula de DNA: duas fitas poliucleotídicas
 DNA e RNA apresentam as mesmas bases
púricas (A e G) e diferem em relação a uma
O RNA: Ácido Ribonucléico
das bases nitrogenadas, de forma que a ti-
mina é uma base exclusiva para o DNA e a É uma molécula bem menor que o DNA e que
uracila é uma base nitrogenada exclusiva está relacionada diretamente com a síntese protéica.
É uma molécula formada por uma cadeia simples de
para o RNA.
nucleotídeos. Observe a figura a seguir:

Editora Exato 5
BIOLOGIA

P= fosfato Duplicação: o DNA, para a maior parte dos


P R= ribose seres vivos, é a molécula responsável por conter a in-
A, C, U, G = bases nitrogenadas formação genética. Portanto, é extremamente impor-
R
C tante para a hereditariedade que o DNA possua a
P capacidade de gerar cópias. Na duplicação, a molécu-
la de DNA tem rompidas as pontes de hidrogênio que
R U mantêm unidas as bases nitrogenadas e novos nucleo-
P tídeos encaixam-se obedecendo à correspondência:
adenina/timina e citosina/guanina. Como cada nova
A
R molécula possui uma fita “velha”, diz-se que o pro-
P
cesso é semiconservativo.
R U
P G C
T A
molécula original
G A T
R
P A T
G C
Modelo da molécula de RNA: única fita polinucleotidica
C G

T A
Os três tipos de RNA existentes, o mensageiro,
o ribossômico e o transportador, são indispensáveis à rompimento das
ocorrência da produção intracelular de proteínas. fontes de hidrogênio

G
C
C
G
 RNAm: molécula em que o número de nu- A
T
cleotídeos é diretamente proporcional ao T
A
tamanho da proteína que codifica. Na ver- T
A
dade, há uma relação entre o número de a- C
G
minoácidos e o número de trincas de G
C
nucleotídeos (ou bases). A seqüência de A
T
códons de RNAm é determinada pela se-
qüência de códons de um segmento de
DNA (gene). G
C
 RNAr: é a maior molécula de RNA e tam- G T
C
A
bém a mais abundante, responde por 80% T A
A
T
do total do RNA celular. Quando associada A T
T A
a moléculas de proteínas, constitui os ribos- A T
Inserção de
somos que, quando presos a filamentos de G C novos nucleotídeos
RNAm, formam os polirribossomos, onde C G G
ocorre a síntese protéica. T A
 RNAt: é a menor molécula de RNA. Tem
como função ligar-se a um aminoácido es-
pecífico e conduzi-lo ao local de síntese
protéica. Apresenta uma seqüência especí-
fica de três bases, o anticódon, que se liga G C G C
ao códon do RNAm. Existe pelo menos um T A T A Formação de
RNAt para cada aminoácido. duas novas
A T A T
moléculas, cada
Atividade dos ácidos nucléicos A T A T uma com uma
O esquema a seguir resume a atividade dos á- G C G C fita da original:
cidos nucléicos: C G C G
duplicação
semiconservativa.
T A T A

Replicação(duplicação) Duplicação semiconservativa do DNA.


DNA DNA
Transcrição Tradução Transcrição: é o fenômeno pelo qual o DNA
RNA Proteína
serve de molde para a produção de uma molécula de
RNA. Esse processo ocorre no núcleo e tem início

Editora Exato 6
BIOLOGIA

quando uma enzima, a RNA polimerase, atua sobre aminoácidos


um segmento de DNA, determinando o rompimento
das pontes de hidrogênio que mantêm unidas as duas
fitas. Após essa abertura, ocorre um pareamento de GLI
ribonucleotídeos, formando-se, assim, uma nova mo- ribossomo (RNAR )
lécula de RNA. É importante lembrar que a corres- HIS
pondência das bases será mantida, exceto no caso da
adenina, que fará par com a uracila, na molécula de C A
C A G
RNA formada. Após a transcrição, a molécula de U
RNA resultante destaca-se da molécula de DNA e di- G G U C A U G G C A U U C A U
rige-se ao citoplasma, onde irá participar da produção RNA mensageiro
de proteínas.
Tradução: síntese protérica

Filamento
de DNA Código Genético: dos 64, 61 codificam amino-
ácidos.
1ª base 2 base 3ª base

U C A G
UUU UCU UAU Tirosina (Tir) UGU Cisteína (Cis) U
Fenilalanina (Fen) UAC UGC C
UUC UCC
Serina (Ser)
U UUA Leucina (Leu)
UCA UAA Códons de UGA Códons de finalização A
UUG UCG UAG finalização UGG triptofano (Trp) G

CUU CCU CAU Histidina (His) CGU U


CUC CCC CAC CGC Arginina (Arg) C
C CUA
Leucina (Leu)
CCA
Prolina (Pro)
CAA
Glutamina (Glu)
CGA A
T U A CUG CCG CAG CGG G
T UA U
A A T AUU
Iisoleucina (lle)
ACU
ACC
AAU Asparagina (Asn) AGU
AGC
Serina (Ser)
C
AUC AAC
G GC RNA Polimerase A AUA ACA
Treonina (Tre)
AAA AGA
Arginina (Arg)
A
C CG AUG Metionina (Met) ACG AAG
Lisina (Lis) AGG G
A A T codão de iniciação
A A T GUU GCU
GCC
GAU Ácido GGU U
GUC GGC C
A A T G GUA Valina (Vall) GCA Alanina (Ala)
GAC
GAA
aspártico (Asp)
GGA
Glicina (Gli)
A
C CG GUG GCG GAG
Ácido
glutâmico (Glu)
GGG G
G GC Relação de códons e aminoácidos
C CG
A A T
Em determinada região de tRNA, existe uma
RNA-m seqüência de três nucleótidos chamada anticódon,
que é complementar de um dos códons do mRNA.
Na extremidade 3’ da molécula de tRNA, liga-se o
aminoácido respectivo. Estas ligações implicam
transferências de energia e são catalisadas por enzi-
mas que asseguram que ao tRNA com determinado
anticódon somente se ligue um determinado aminoá-
Transcrição: a síntese de RNA
cido.
Tradução: é a síntese protéica. A tradução
corresponde à transformação da mensagem contida 4. LEITURA COMPLEMENTAR
no mRNA, na seqüência de aminoácidos que consti- Projeto Genoma Humano
tuem a cadeia polipeptídica. Neste processo, há vá- O livro dos nossos genes
rios intervenientes: Cada uma das cerca de 10 bilhões de células
 RNAm → contém a informação genética; do corpo humano contém 46 cromossomas. Global-
 Ribossomas → sistemas de leitura. Cada ri- mente, calcula-se que existem três mil milhões de ba-
bossoma é constituído por duas subunida- ses nucleotídicas, repartidas pelo DNA, que entram
des. Na sua constituição entram proteínas e na constituição destes cromossomas!
RNA ribossômico (RNAr); O objetivo principal do Projeto Genoma é se-
 Aminoácidos → em estoque no citoplasma; qüenciar as larguíssimas combinações dessas bases.
 RNAt (RNA de transferência) → pequenas Elas são somente de 4 tipos – adenina, timina, citosi-
moléculas de RNA que transportam os a- na e guanina – e constituem o alfabeto genético, que
minoácidos para junto dos ribossomas; contém entre 50.000 a 100.000 parágrafos com senti-
 Enzimas e moléculas → transferem energia do, responsáveis pela síntese de proteínas.
para todo o sistema. Observe o esquema: Fundamentalmente, o Projeto Genoma tem
grande interesse médico. Existem cerca de 3500 do-
enças genéticas devidas a um defeito de “escrita”, ou
alteração de alguns dos parágrafos desta mensagem.
Editora Exato 7
BIOLOGIA

Somente se conhecem cerca de 2 por cento destes pa- 4 O que é DNA?


rágrafos.
Os cientistas e investigadores esperam até o
ano 2005 conseguir conhecer a total seqüenciação.
Para a realização do Projeto, é preciso, numa primei-
ra fase, localizar os genes sobre os cromossomas, pa-
ra depois estabelecer o modo como estão
seqüenciados.
Segundo o que assinalou o prêmio Nobel, Wal-
ter Bilbert, a informação contida “cabe num disco 5 O que é RNA?
compacto”, o que equivale a mil listas telefônicas de
mil páginas cada uma.
Engenharia genética: a divisão celular
em bactérias a serviço do homem
A engenharia genética vem sendo considerada
a grande revolução científica deste final de século.
A técnica do DNA recombinante – isto é, um
DNA constituído por genes de dois organismos dife-
rentes - constitui a base da engenharia genética. Essa EXERCÍCIOS
técnica consiste basicamente em cortar, usando en-
zimas de restrição, pontos específicos no DNA de um 1 (MACK-SP) “São substâncias químicas consti-
organismo e transplantar o pedaço cortado em outro tuídas por aminoácidos, unidos por sucessivas li-
organismo diferente. O pedaço de DNA inoculado é, gações peptídicas, e com outras funções no nosso
então, “aceito” pela célula hospedeira, que passa a organismo”. Referimo-nos aos (às):
executar as ordens contidas nesse DNA estranho. a) carboidratos. d) vitaminas.
Dessa maneira, os cientistas podem dirigir o “com- b) proteínas. e) sais minerais.
portamento”, por exemplo, de uma bactéria, para fins c) lipídios.
previamente definidos.

ESTUDO DIRIGIDO 2 (PUC-SP) A respeitos das enzimas, podem-se


fazer todas as afirmações abaixo, com exceção de
1 O que são substâncias inorgânicas? uma:
a) são compostos protéicos.
b) agem sobre substâncias específicas denomina-
das substratos.
c) são insensíveis às mudanças de temperatura.
d) são produzidas por células.
e) são catalisadores biológicos.

2 O que são substâncias carboidratos? 3 (PUC-SP) O gráfico seguinte relaciona a veloci-


dade de uma reação química catalisada por enzi-
mas com a temperatura na qual esta reação
ocorre. Podemos afirmar que:

3 O que são proteínas?

a) a velocidade da reação independe da tempera-


tura.

Editora Exato 8
BIOLOGIA

b) existe uma temperatura ótima na qual a veloci- b) 1 e 3.


dade da reação é máxima. c) 3 e 2.
c) a velocidade aumenta proporcionalmente à d) 3 e 1.
temperatura.
d) a velocidade diminui proporcionalmente à
temperatura. 8 Com relação ao código genético e à síntese de
e) a partir de uma certa temperatura, inverte-se o proteínas, pode-se dizer que:
sentido da reação. a) o açúcar presente na molécula de DNA é a ri-
bose.
b) a enzima RNA polimerase é responsável pelo
4 (UFRN) Os principais carboidratos de reserva transporte de aminoácidos.
nos vegetais e animais são, respectivamente: c) o ribossomo é a organela essencial no processo
a) amido e glicogênio. de tradução da síntese de proteínas.
b) glicose e maltose. d) as bases nitrogenadas na molécula de DNA
c) sacarose e celobiose. são: adenina, guanina, citosina e uracila.
d) glicogênio e lactose. e) o código GTA no DNA corresponderá a um
e) celulose e glicose. códon CAT no RNA mensageiro.

5 (MACK-SP) As substâncias que se destinam a 9 Duas cadeias polinucleotídicas, ligadas entre si


fornecer energia, além de serem responsáveis pe- por pontes de hidrogênio, são constituídas por
la rigidez de certos tecidos, sendo mais abundan- fosfatos: desoxirribose, citosina, adenina e timi-
tes nos vegetais, são os ___, sintetizados pelo na. O enunciado acima refere-se à molécula de:
processo de ___. A alternativa que preenche cor- a) um ácido nucléico qualquer.
retamente os espaços é: b) uma enzima, que são compostos protéicos.
a) lipídios, fotossíntese. c) DNA, devido à pentose e às bases nitorgena-
b) ácidos nucléicos, autoduplicação. das.
c) ácidos nucléicos, fotossíntese. d) uma proteína, devido à presença de pontes de
d) álcoois, fermentação. hidrogênio.
e) carboidratos, fotossíntese. e) RNA, devido à dupla cadeia de polinucleotí-
deos, ligadas por pontes de hidrogênio.
6 Assinale a alternativa CORRETA, de acordo
com as proposições apresentadas: GABARITO
I – A membrana plasmática apresenta uma cons-
tituição lipoprotéica. Estudo Dirigido
II – Os carboidratos, os lipídios e o protídeos são
os constituintes inorgânicos da célula. 1 Compreende o grupo de substâncias que não a-
III – As moléculas de proteínas são formadas por presentam o carbono como elemento principal da
uma seqüência de nucleotídeos. molécula.
a) somente I e II estão corretas. 2 São substâncias formadas por carbono (C), hi-
b) somente I está correta. drogênio (H) e oxigênio (O).
c) somente II está correta.
d) somente II e III estão corretas. 3 São macromoléculas orgânicas formadas por u-
nidades (monômeros) denominadas aminoácidos.

7 Durante o ciclo de vida celular ocorrem os se- 4 O DNA é a molécula responsável por conter a in-
guintes fenômenos: formação genética. Essa molécula é formada por
dois filamentos dispostos em forma de hélice no
1 2 espaço (modelo de Watson e Crick).
DNA RNA PROTEÍNA
5 É uma molécula bem menor que o DNA e que
3 está relacionada diretamente com a síntese pro-
DNA téica. É uma molécula formada por uma cadeia
simples de nucleotídeos.
Transcrição e tradução estão representadas,
respectivamente, pelos números:
a) 1 e 2.

Editora Exato 9
BIOLOGIA

Exercícios
1 B
2 C
3 B
4 A
5 E
6 B
7 A
8 C
9 A

Editora Exato 10
BIOLOGIA

ORGANIZAÇÃO CELULAR
1. INTRODUÇÃO As células eucarióticas animais apresentam os
centríolos como estruturas típicas, e estes se incum-
A célula é a unidade básica formadora dos se- bem do processo de divisão celular.
res vivos.
De acordo com a estrutura celular, os seres vi- complexo
vos classificam-se em procariontes e eucariontes. Os de golgi centríolo
primeiros caracterizam-se por não apresentarem ca- núcleo vacúolo
rioteca (membrana nuclear) e não possuem organe- lisossomos
las citoplasmáticas membranosas. Os eucariontes mitocôndrias
têm carioteca, que individualiza o material genético ribossomo nucléolo
(ácidos nucléicos), além de organelas revestidas de membrana
membranas.
Observe, nos esquemas a seguir, os elementos
haloplasma
(estruturais e funcionais) que evidenciam os modelos
retículo endoplasmático
citados. Esquema de célula animal
2. CÉLULA PROCARIÓTICA
Célula eucariótica animal
As células procarióticas são as primeiras for-
A célula animal é como um pequenino saco
mas de vida, provavelmente surgiram há 3,5 bilhões
cheio de material gelatinoso. Ela é envolvida por uma
de anos atrás e atualmente são representadas por bac-
membrana plasmática flexível, que não lhe dá a for-
térias e algas cianofíceas (algas azuis). Perceba, para
ma rígida da célula vegetal. A célula animal precisa
a distribuição interna de suas estruturas, que são ca-
receber alimento, do qual obtém energia para sobre-
rentes de membranas.
viver. Muitas células animais são microscópicas, mas
algumas como, por exemplo, a gema do ovo, podem
Ribossomos Membrana medir dez centímetros. As células nervosas, por e-
xemplo, chegam a ter cerca de um metro.
Citoplasma 4. ENVOLTÓRIOS CELULARES

DNA
Existem três envoltórios celulares:
2µm
1. Parede celular: envoltório semi-rígido, inerte,
de composição química variada, que circunda
Parede a célula externamente à membrana celular. A
bacteriana parede celular dos vegetais, ou parede celuló-
sica, é composta principalmente de uma subs-
Célula bacteriana tância que lhe confere resistência, a celulose.
2. Membrana Plasmática (Plasmalema): envol-
3. CÉLULA EUCARIÓTICA tório delgado(75Aº), elástico, lipoprotéico. A
membrana plasmática possui a função de con-
Célula eucariótica vegetal
trolar a entrada e saída de substâncias, de a-
As células eucarióticas vegetais apresentam
cordo com as necessidades celulares
como estrutura típica a parede celular, composta ba-
(permeabilidade seletiva).
sicamente de celulose, e também os plastos, cujo
O modelo aceito para a organização da mem-
principal tipo é o cloroplasto, que se incumbe do pro-
brana é o de Singer e Nicholson. Segundo estes, exis-
cesso de fotossíntese.
te uma película bimolecular de fosfolípidios e
Retículo moléculas dispersas de proteínas globulares. Esse
Mitocôndria endoplasmático modelo, que explica a disposição de lipídios e proteí-
Parede nas na molécula, é denominado modelo do mosaico
Citoplasma
celular
Membrana
fluido.
Cloroplasto
celular
Complexo
Ribossomos de Golgi

Esquema de célula vegetal

Editora Exato 11
BIOLOGIA

Modificações (especializações) da Subunidades Ribossomo


membrana
Microvilosidades – aumento da superfície ce-
lular por pregueamento da membrana; ocorre em cé- Poliribossomo
lulas secretoras e células de absorção. mRNA
Desmossomos - espaçamentos em pontos de
contato entre membranas de células justapostas. Au-
mentam, substancialmente, a adesão entre as células.
Plasmodesmos – pontes citoplasmáticas entre O s ribossomos
células vegetais.
3. Glicocálix: envoltório presente em células a-  Retículo endoplasmático: sistema de ca-
nimais, forma uma rede frouxa de carboidratos nais e túbulos que formam uma verdadeira
que recobre a membrana plasmática. Protege a rede intracitoplasmática. O retículo endo-
célula contra agressões físicas e químicas, a- plasmático pode ser denominado liso (agra-
lém de reter nutrientes e enzimas. nular) ou rugoso (ergastoplasma), quando a
suas membranas asssociam-se os ribosso-
5. CITOPLASMA: ORGANELAS CITOPLAS- mos. O Retículo endoplasmático liso rela-
MÁTICAS ciona-se com funções importantes para a
Retículo
Membrana Nuclear
célula, como desintoxicação celular, trans-
Endoplasmático
Liso Nucléolo porte de substâncias e síntese de esteróides.
Aparelho Membrana O ergastoplasma é a sede de intensa síntese
de Golgi Celular
Mitocôndria Retículo
protéica.
Endoplasmático
Rugoso
Ribossomas e Hialoplasma
Polissomas

Polirribossomo
Centrossomas

Microtúbulos
Lisossomas

Célula Animal
Cavidade
O citoplasma é a região celular compreendida do retículo
entre a membrana plasmática e o material nuclear. O Retículo endoplasmático endoplasmático
citoplasma é preenchido por um fluido gelatinoso, o
hialoplasma, no interior da célula, na qual se encon-  Complexo de Golgi: é uma estrutura cito-
tram as organelas. plasmática formada por um conjunto de
A célula, como unidade básica morfo- membranas que reúne e empacota diferen-
fisiológica dos seres vivos, apresenta diversas estru- tes substâncias, como as enzimas e os hor-
turas citoplasmáticas que desempenham funções im- mônios. Sua principal função é, portanto, a
portantes para a manutenção da vitalidade da célula. secreção celular. Além disso, ainda sinteti-
A seguir, estão listadas as principais organelas com za mucopolissacarídeos e atua na formação
suas respectivas funções: do acrossomo do espermatozóide. O acros-
 Ribossomos: estruturas granulares sinteti- somo é uma bolsa cheia de enzimas capazes
zadas no núcleo, formadas por RNAr asso- de dissolver as camadas externas do gameta
ciado às proteínas. Os ribossomos podem feminino, permitindo a fecundação.
ser encontrados livres no hialoplasma ou
associados ao retículo endoplasmático ru- Vesículas
goso. Os ribossomos relacionam-se com a
síntese protéica.

Complexo de G olgi

Editora Exato 12
BIOLOGIA

 Mitocôndria: organela cilíndrica de extre- no metabolismo celular e é prejudicial à cé-


midades arredondadas, com uma membrana lula por se tratar de um forte oxidante.
externa lisa e outra interna com dobras  Vacúolos: bolsas encontradas em diversos
(cristas mitocondriais). No interior das mi- tipos celulares, atuam no armazenamento
tocôndrias, existe a matriz mitocondrial. de substâncias dentro da célula. A maioria
Essas estruturas relacionam-se com a pro- das células vegetais contém o vacúolo, es-
dução de energia (ATP), através da respira- paço preenchido por um fluido aquoso,
ção celular, que será vista em detalhes mais chamado suco celular. Em protozoários
adiante. dulcícolas, como a ameba, existe o vacúolo
pulsátil, ou contráctil, que se relaciona
Cristas mitocondriais com a eliminação do excesso de água da cé-
lula, evitando que a mesma sofra citólise.
 Plastos: estruturas presentes nas células
vegetais. Existem dois tipos de plastos:
Leucoplastos: são plastos incolores que atuam
Matriz no armazenamento de substâncias nutritivas (amilo-
Membrana externa plastos, oleoplastos, proteoplastos).
mitocôndria Cromoplastos: são plastos pigmentados. Os
cloroplastos contêm clorofila, um pigmento verde
 Lisossomos: são organelas com formato que retém parte da energia da luz solar. A clorofila se
variável, delimitadas por uma membrana, e encontra disposta no interior de sacos achatados,
que possuem em seu interior várias enzimas chamados tilacóides. Os cloroplastos são encontrados
hidrolíticas. A função dessas organelas é, em quase todas as células vegetais, exceto nas raízes
portanto, a digestão intracelular. A destrui- e no interior dos caules.
ção de organelas celulares é um processo
Lamelas
fisiológico importante para o bom funcio- Tilacóide Estroma
Granum
namento da célula. Esse mecanismo é de-
nominado autofagia. No entanto, em
algumas situações, há o rompimento dos li-
sossomos e seu conteúdo enzimático digere
a própria célula. Esse mecanismo é deno-
minado autólise e leva à morte celular. Na
doença silicose, que acomete mineradores,
Cloroplasto
a sílica aspirada leva à liberação das enzi-
mas lisossômicas, com conseqüente autóli-  Centríolos: organelas tubulares, formadas
se de células pulmonares. por túbulos protéicos. Essas organelas cito-
 Peroxissomos: são organelas que possuem plasmáticas participam dos fenômenos de
grande quantidade da enzima catalase. Essa divisão celular e atuam na formação de cí-
enzima é importante para a desintoxicação lios e flagelos. Os centríolos não são encon-
celular, pois degrada o peróxido de hidro- trados em células de vegetais superiores
gênio (H2O2), a água e o oxigênio. O peró-
xido de hidrogênio forma-se naturalmente

Quadro comparativo dos componentes da célula bacteriana, célula animal e célula vegetal

Componente Bactéria Célula animal Célula vegetal


Parede celular Sim Não Sim
Membrana plasmática Sim Sim Sim
Citoesqueleto Não Sim Sim
Envoltório nuclear Não Sim Sim
DNA Sim Sim Sim
Cromossomo Único e circular (apenas Múltiplos (DNA e proteí- Múltiplos (DNA e proteí-
DNA) nas) nas)

Editora Exato 13
BIOLOGIA

Mitocôndria Não Sim Sim


Cloroplastos Não Não Sim
Ribossomos Sim (pequenos) Sim Sim
Retículo endoplasmático Não Sim Sim
Complexo de Golgi Não Sim Sim
Vacúolo central Não Não Sim
Lisossomos Não Sim Raramente
Ausentes na maioria das
Centríolos Não Sim
fanerógamas

E o vírus ?! d) A célula A é típica de um parasita, enquanto a


É considerado uma organização acelular: estru- B, mais complexa, é de um ser de vida livre.
turalmente é formado por: e) A célula A é de um procarionte, tal como uma
Capsídeo (envoltório de proteínas) bactéria; a B é de um eucarionte, podendo re-
 
Nucleocapsídeo  + presentar uma célula humana.
núcleo (material genético; DNA ou RNA)

Não possui metabolismo: sobrevive às custas
do metabolismo da célula hospedeira. 2 (PUC-PR) Associe os números das estruturas ce-
É parasita intracelular obrigatório. lulares, assinaladas no desenho, com os respecti-
Possui apenas um ácido nucléico: DNA ou vos nomes da coluna a seguir. Depois assinale a
RNA. opção em que a seqüência coincida com o que foi
marcado na coluna.
ESTUDO DIRIGIDO
2 1 3 6
1 O que é membrana plasmática?

2 O que são ribossomos? 5

3 O que é mitocôndria?
4
4 Qual a estrutura do vírus?
( ) centríolo a) 2, 1, 3, 5, 6, 4
( ) retículo endoplasmático b) 2, 1, 3, 5, 4 6
EXERCÍCIOS ( ) complexo de Golgi c) 1, 6, 5, 3, 2, 4
( ) vacúolo d) 6, 4, 3, 5, 1, 2
1 (FMU/Fiam-SP) Observe os desenhos das célu- ( ) carioteca e) 1, 2, 3, 4, 5, 6
las A e B e assinale a alternativa correta. ( ) mitocôndria

3 (MOJI-SP) A membrana plasmática, apesar de


invisível ao microscópio óptico, está presente:
a) em todas as células, seja ela procariótica ou
eucariótica.
b) apenas nas células animais.
c) apenas nas células vegetais.
A B
d) apenas nas células dos eucariontes.
e) apenas nas células dos procariontes.
a) A célula A é de um protista, tal como uma bac-
téria, e a B é de um organismo incluído no rei-
no monera, tal como um vírus.
b) A célula A é de um vegetal, enquanto a B é de
um animal.
c) A célula A é de uma alga; a B é de uma planta
superior, tal como um milho.

Editora Exato 14
BIOLOGIA

4 (FCC-SP) Numa célula vegetal, a parede celular Capsídeo (envoltório de proteínas)


tem por principal função: 4 
Nucleocapsídeo  +
núcleo (material genético; DNA ou RNA)
a) proteger o citoplasma e regular a absorção de 
água pela célula. Exercícios
b) proteger o citoplasma e agir como uma mem-
brana semipermeável à entrada dos nutrientes 1 E
minerais. 2 B
c) impermeabilizar a célula contra solutos óxidos.
d) regular a absorção de água e sais minerais pela 3 A
célula. 4 A
e) impedir a saída da clorofila.
5 B
6 A
5 A membrana celular é uma película sensível, na
qual ocorrem 2 tipos de transporte, passivo e ati-
vo. Dentre esses grupos está o fenômeno da Os-
mose. Este, por sua vez, se resume da seguinte
maneira:
a) O solvente move-se do meio hipertônico para o
hipotônico.
b) O soluto move-se do meio hipotônico para o
meio hipertônico.
c) O solvente move-se do meio hipotônico para o
meio hipertônico.
d) O soluto move-se do meio hipotônico para o
meio hipotônico.

6 O citoplasma celular está envolvido por uma


membrana chamada plasmalema ou membrana
plasmática, que desenvolveu, talvez através da
evolução, capacidades específicas. Uma delas, a
permeabilidade, que é entendida como:
a) O controle da entrada e saída de substâncias.
b) A passagem de qualquer substância através da
membrana.
c) A entrada e a saída de substâncias.
d) O englobamento de partículas sólidas pela
membrana plasmática.

GABARITO

Estudo Dirigido
1 Envoltório delgado(75Aº), elástico, lipoprotéico.
A membrana plasmática possui a função de con-
trolar a entrada e saída de substâncias, de acordo
com as necessidades celulares (permeabilidade
seletiva).
2 Estruturas granulares sintetizadas no núcleo,
formadas por RNAr, associado às proteínas.
3 Organela cilíndrica de extremidades arredonda-
das, com uma membrana externa lisa e outra in-
terna com dobras (cristas mitocondriais).

Editora Exato 15
BIOLOGIA

ESTUDO DOS SERES VIVOS


Cão : Canis familiaris
TAXONOMIA As categorias taxonômicas considera-
das atualmente são:
1. INTRODUÇÃO
A grande diversidade de organismos no plane- Reino
ta gerou a necessidade de classificá-los. O uso de um
Filo
sistema único de classificação facilitou em muito a
comunicação entre os cientistas ao evitar eventuais Classe
confusões geradas pela utilização de nomes popula-
res. Ordem
A taxonomia estuda a classificação dos seres
vivos segundo princípios pré-fixados. Os primeiros Família
sistemas de classificação levavam em consideração Gênero
características arbitrárias como locomoção, habitat
etc. Espécie
O atual sistema de classificação deve muito
aos trabalhos de um botânico sueco chamado Lineu.
Observe o esquema abaixo, que mostra a
Em seu sistema de classificação, Lineu propôs que os
classificação do homem com a relação às categorias
organismos recebessem nomes em latim e que deve-
taxonômicas, desde o reino até a espécie.
riam ser inseridos em categorias hierárquicas de clas-
sificação, segundo a seguinte ordem: Reino : Animalia(Animal)

Reino Filo: Chordata(Cordados)


Classe Mammalia (Mamíferos)
Classe
Ordem : Primates (Primatas)
Ordem
Família : Hominidae
Gênero Gênero : Homo

Espécie Espécie Homo sapiens.


A espécie é a unidade básica de classificação
O atual sistema de classificação considera biológica. Uma espécie é um grupo de organismos
principalmente as características filogenéticas, ou se- que, tendo muitos caracteres em comum e diferindo
ja, as relações evolutivas existentes entre os organis- de outros grupos em um ou mais aspectos, são férteis
mos. Desse modo, na classificação de um organismo, entre si e produzem descendentes férteis. Indivíduos
devem ser considerados vários aspectos como carac- de espécies diferentes podem ocasionalmente cruzar
terísticas bioquímicas, embrionárias, anatômicas e até e gerar na descendência um híbrido estéril. É o que
mesmo a estrutura celular. acontece com o cruzamento entre o jumento (Equus
asinus) e a égua (Equus caballus) que produz a mula,
Principais Regras de Nomenclatura:
animal estéril.
 O nome dos organismos deve ser escrito em Indivíduos de espécies assemelhadas perten-
latim. cem a um mesmo gênero. Gêneros assemelhados per-
 Todo organismo deve apresentar, no míni- tencem a uma mesma família. As famílias se
mo, dois nomes. O primeiro nome refere-se organizam em ordens, que se organizam em filos, que
ao gênero e deve possuir inicial maiúscula e por sua vez pertencem a um reino.
o segundo, o epíteto específico, deve ser
escrito com a inicial minúscula. 2. REINOS
 O nome deve ser escrito em itálico ou, se Segundo a classificação de Withaker (1969),
manuscrito, sublinhado. os organismos dividem-se em cinco grandes reinos:
Exemplo: Monera⇒ ⇒ organismos unicelulares, procari-
Homem: Homo sapiens ontes autótrofos (quimiossintetizantes ou fotossinteti-
Onça: Panthera leo

Editora Exato 16
BIOLOGIA

zantes) ou heterótrofos. Bactérias e cianofíceas (algas nada plasmídio. Essas estruturas extracromossomiais
azuis) pertencem a esse reino. são formadas por pequenas moléculas de DNA e os
Protista⇒⇒ organismos unicelulares, eucarion- genes que apresentam não codificam caracteres es-
tes, autótrofos ou heterótrofos. Pertencem a esse rei- senciais. Da mesma forma como ocorre com o cro-
no os protozoários e as algas unicelulares. mossomo bacteriano, os plasmídios são
Fungi⇒ ⇒ organismos uni ou pluricelulares, eu- autoduplicáveis e sua duplicação independe da dupli-
cariontes e heterótrofos. Os fungos pertencem a esse cação do cromossomo.
reino. A reprodução entre as bactérias ocorre por bi-
Plantae⇒ ⇒ (Metaphyta) organismos, em sua partição e em algumas situações as bactérias podem
maioria, pluricelulares, eucariontes e autótrofos fo- trocar material genético extracromossomial, os plas-
tossintetizantes. Pertencem a esse reino as algas plu- mídeos, através de um processo denominado conju-
ricelulares, as briófitas, pteridófitas, gimnospermas e gação. Esse processo aumenta a variabilidade desses
angiospermas. organismos. A esporulação é um fenômeno que leva
Animalia (Metazoa)⇒ ⇒ organismos pluricelu- à multiplicação desses organismos pela formação de
lares, heterótrofos. Englobam organismos com grau esporos, estruturas extremamente resistentes às in-
de complexidade bem variável como vertebrados, po- tempéries.
ríferos, moluscos etc. As bactérias dos gêneros Bacillus e Clostridi-
um freqüentemente formam os esporos. Os esporos
3. REINO MONERA são formados no interior das células bacteriana na
forma vegetativa, especialmente quando os nutrientes
Bactérias bacterianos são escassos. Cada esporo possui uma
Observe a figura abaixo, que ilustra a estrutura cópia completa do material genético da bactéria, além
de uma bactéria. de ribossomos e estruturas relacionadas com a produ-
ção de energia. Em condições adequadas, o esporo
germina gerando uma bactéria na forma vegetativa.
Ribossomos
Cromatina

Membrana
esqueletica Célula mãe

Membrana
plasmática

Hialoplasma

Bacteria

Características gerais
As bactérias são seres presentes em basica-
mente todos os ambientes. A célula bacteriana apre-
senta uma parede celular gelatinosa formada por um
polímero, o peptoglicano. A parede celular é a res- Células filhas
ponsável pela definição da forma das bactérias, que Reprodução assexuada em bactérias
podem se apresentar como cocos, bastonetes, espiri-
los ou vibriões. Como acontece com todos os inte- Em relação à nutrição, as bactérias podem ser
grantes do reino Monera, não há carioteca e não há autótrofas, realizando fotossíntese ou quimiossíntese,
organelas intramembranosas (mitocôndrias, plastos, e ainda heterótrofas (parasitas ou saprófitas). As bac-
complexo de Golgi etc.). Existe, no entanto, uma do- térias podem ainda ser aeróbicas ou anaeróbicas.
bra da membrana denominada mesossomo que se re- Algumas bactérias apresentam capacidade de
laciona com a produção de energia. O citoplasma locomoção graças a flagelos formados por longos fi-
apresenta abundância em ribossomos, responsáveis lamentos de proteínas.
pela produção de proteínas e seu material genético é Importância
representado por um único cromossomo circular for-  Atuam como decompositores em ecossis-
mado apenas por DNA. temas.
Além do cromossomo, muitas bactérias possu-  Realizam fotossíntese e quimiossíntese.
em ainda em seu citoplasma uma estrutura denomi-
Editora Exato 17
BIOLOGIA

 Na alimentação humana: produção de ali- 4. REINO PROTISTA


mentos, como queijos, iogurtes etc.
 Produção de antibióticos, como a estrepto- Protozoários
micina. Os protozoários são organismos formados por
 Causam uma série de doenças, como sífilis, uma única célula, que apresenta elevado grau de
gonorréia, cárie, pneumonia, tuberculose complexidade. Como já foi dito, são eucariontes e he-
etc. O fenômeno da resistência bacteriana terótrofos, podendo ser aeróbicos ou anaeróbicos.
pelo uso indiscriminado de antibióticos tem Classificação
causado sérios problemas para a humanida- Os protozoários são classificados de acordo
de. com as estruturas locomotoras. Dessa forma, classifi-
 Fixação do nitrogênio atmosférico, especi- cam-se em:
almente as bactérias do gênero Rhizobium.  Sarcodíneos (rizópodes): locomovem-se às
Cianofíceas ou cianobactérias custas da emissão de pseudópodes. Exem-
plo: Ameba (Entamoeba histolytica).
Clorofila e Membranas
outros pigmentos Ribossoos

DNA

Membrana
plasmática

Entamoeba histolytica
Parede celular
Vacúolo com
Estrutura de uma cianobactéria reserva de amido
 Flagelados (mastigóforos): locomovem-se
às custas de flagelos. Exemplo: Trypano-
Características gerais soma cruzi.
São organismos autótrofos, fotossintetizantes,
que vivem isolados ou em colônias na água, na terra
úmida ou em associação com outros organismos.
Também apresentam uma parede celular, citoplasma
rico em ribossomos e com lamelas fotossintetizantes.
Associados a essas lamelas, encontram-se pigmentos
como clorofilas e xantofilas. Esses organismos não
apresentam cloroplastos.
A reprodução entre as cianofíceas pode ser as-
sexuada através de bipartição ou hormogonia, fenô-
meno em que uma colônia sofre fragmentação.
Importância Trypanosoma cruzi
 Como autótrofos, formam a base de diver-
sas cadeias alimentares.  Ciliados (cilióforos): locomovem-se às
 Liberam oxigênio através da realização de custas de cílios. Exemplo: paramécio (Pa-
fotossíntese. ramecium caudatum), protozoário de vida
 São organismos pioneiros em uma sucessão livre que vive em lagoas, tanques e poças
ecológica, devido às baixas exigências nu- de água doce. Uma peculiaridade do para-
tricionais, já que, além de fotossíntese, são mécio é a presença de um macronúcleo, que
capazes de fixar o nitrogênio atmosférico. regula as atividades gerais da célula e da
 Podem associar-se com fungos e constituir reprodução assexuada, e de um micronú-
os liquens. cleo, que participa dos processos de repro-
dução assexuada e sexuada. A reprodução

Editora Exato 18
BIOLOGIA

sexuada ocorre por conjugação e a assexua- ocasiona o fenômeno maré vermelha. Nes-
da por divisão binária. sa situação, há liberação de toxinas pelos
dinoflagelados que causam grande mortali-
dade de organismos aquáticos. No litoral
sul do Brasil, em 1978, ocorreu um grave
caso de maré vermelha que resultou na
morte de um grande número de crustáceos,
aves e peixes.
Como as algas são organismos fotossintetizan-
tes, realizam papel importantíssimo nos ecossistemas
aquáticos, onde atuam como produtores, formando o
fitoplâncton. O fitoplâncton é formado principal-
mente por dinoflagelados e crisofíceas.
5. REINO FUNGI
Os fungos, conhecidos popularmente como bo-
lores, mofos ou leveduras, são organismos que não
apresentam clorofila, conseqüentemente não realizam
Paramecium caudatum fotossíntese. São todos heterótrofos por absorção, ou
seja, suas enzimas atuam fora do organismo e quando
 Esporozoários: não apresentam estruturas ocorre a digestão apenas absorvem os nutrientes.
de locomoção. Exemplo: plasmódio (Plas- Os fungos apresentam células eucariontes e
modium sp.), parasita causador da malária. uma estrutura que pode ser unicelular ou pluricelular.
Importância dos protozoários Suas células armazenam o glicogênio, um polissaca-
 Vivem em associações harmônicas com um rídeo de reserva típico das células animais. No caso
grande número de organismos. É o caso do dos fungos pluricelulares, o corpo é chamado de mi-
protozoário Trichonimpha, que vive associ- célio. O micélio, por sua vez, é formado por uma sé-
ado com cupins e auxilia na digestão de ce- rie de filamentos emaranhados denominados hifas.
lulose. Vale lembrar que o micélio não forma um tecido ver-
 São causadores de doenças graves, como dadeiro.
malária, doença de Chagas etc. Essas doen-
ças serão estudadas em programas de saú-
de.
Célula

Algas Hifa
As algas protistas são organismos unicelulares,
que apresentam uma grande diversidade e vivem tan- Micélio
to em água doce como salgada. Dividem-se em:
 Euglenofíceas (Euglenophyta): encontradas
principalmente na água doce. O principal
exemplo é a Euglena viridis.
Talo
 Crisofíceas: encontradas principalmente
nos mares. Os principais exemplos são as Estrutura de fungo pluricelular
diatomáceas, algas com uma parede celular
silicosa. As hifas podem formar uma massa celular ci-
A terra de diatomáceas é um material explora- toplasmática, onde existem vários núcleos. As hifas
do comercialmente. Esse produto é formado por res- com casas características são denominadas cenocíti-
tos das carapaças das diatomáceas e é usado na cas. As hifas com septos separando os núcleos são as
indústria de cosméticos, cremes dentais e materiais mais comuns, sendo chamadas de monocarióticas ou
para polimento. dicarióticas pelo número de núcleos presentes nos
 Pirrofíceas/dinoflagelados: encontradas septos.
principalmente nos mares. Esses organis-
mos apresentam dois flagelos e geralmente
possuem coloração esverdeada ou parda.
A proliferação excessiva desses organismos
Editora Exato 19
BIOLOGIA

Algumas considerações importantes Classificação


sobre os fungos Ficomicetos ou Zigomicetos:
São organismos essencialmente terrestres, po- São os fungos mais simples, formados por hi-
dendo ser unicelulares ou pluricelulares. Todos os fas cenocíticas, com núcleos haplóides.
fungos são heterótrofos e são sapróbios (vivem da Podem apresentar ciclo de reprodução sexuada
matéria orgânica proveniente de organismos mortos), ou assexuada. O bolor preto do pão pertencente ao
parasitas ou simbiontes mutualistas. O glicogênio é o gênero Rhizophus é exemplo desse grupo.
principal polissacarídeo de reserva, enquanto o prin-
cipal polissacarídeo estrutural é a quitina.

Esporângios Esporos
Reprodução O zigósporo germina
assexuada e, por meiose, origina
núcleos haplóides.

Esporo
sofre
mitose

Zigósporo

Reprodução
sexuada
Hifa(+)
Gametângios
Hifas

Fecundação

Ciclo reprodutor do fungo Hifa (-)

Basidiomicetos Ascomicetos
Fungos complexos formados por um compo- Fungos que apresentam as hifas organizadas
nente vegetativo geralmente subterrâneo e uma por- em forma de sacos, os ascocarpos. Estão incluídos
ção visível denominada corpo de frutificação ou nesse grupo os fungos do gênero Saccharomyces,
basidiocarpo. Cogumelos comestíveis, orelhas de pau Neurospora, Penicillium e Aspergillus.
e os cogumelos de chapéu são apenas alguns exem-
plos de fungos pertencentes a esse grupo.

Penicillium, o fungo do
qual se extraiu o primeiro
antibiótico, a penicilina.

Basídios

Deuteromicetos
Como não apresentam reprodução sexuada,
são também chamados fungos imperfeitos. Doenças
como a monilíase, candidíase e pé-de-atleta são cau-
Basidiósporos sadas por fungos pertencentes a esse grupo.
Importância
 Atuam como decompositores nos ecossis-
temas.
Basidiomiceto  São causadores de prejuízos na agricultura:
pode-se citar como exemplo o fungo causa-
dor da ferrugem no café, o Hemileias vasta-
trix.
Editora Exato 20
BIOLOGIA

 São causadores de doenças (micoses) no EXERCÍCIOS


homem. Como exemplo de micose, pode-
mos citar o pé-de-atleta, causado pela Tinea 1 (OSEC - SP) “Um organismo formado por célu-
pedis e a candidíase causada pela Candi- las nucleadas, sem pigmentos fotossintetizantes e
da albicans. Alguns fungos como o Boletus que cresce sobre matéria orgânica em decompo-
satanas e o Amanita verna podem causar a sição é, provavelmente”:
morte, se ingeridos. Há ainda fungos causa- a) fungo.
dores de alergias devido a esporos de fun- b) musgo.
gos, como o Penicillum e Aspergillus, c) alga.
presentes na poeira. d) samambaia.
 São importantes para a indústria farmacêu- e) angiosperma.
tica. O fungo Claviceps purpurea produz o
LSD, potente produto alucinógeno. Al-
guns, como o Penicillium notatum, produ- 2 (UFRGS) O organismo causador de uma deter-
zem a penicilina, importante antibiótico. minada infecção no homem caracteriza-se ao mi-
 Fonte de alimento para o homem, o cham- croorganismo, como unicelular sem núcleo
pinhon (Agaricus campestris) é extrema- unicelular e sem núcleo diferenciado. Ele poderá
mente nutritivo. O Saccharomyces é usado ser classificado como:
na produção de bebidas alcoólicas (fermen- a) fungo.
tação alcoólica) e no preparo de pães. b) vírus.
 Formam associações ecológicas mutualísti- c) bactéria.
cas com outros organismos. Os líquens são d) protozoário.
associações de fungos, normalmente um as- e) animal.
comiceto e uma alga, que pode ser uma clo-
rofícea ou cianofícea. Através da 3 (Fatec-SP) Numa conferência relacionada a Eco-
fotossíntese a alga fornece alimento para logia, fez-se referência a organismos procariontes
ambos enquanto que o fungo é responsável cuja reprodução é assexuada e se faz através de
pela proteção e fornecimento de sais mine- estruturas especiais, os hormogônios. Esse orga-
rais para a alga. As micorrizas são associa- nismos são também capazes de fixar o nitrogênio
ções de fungos com raízes de plantas. Nessa atmosférico e fazer fotossíntese, Sua clorofila, no
associação, a presença do fungo na raiz da entanto, se dispersa no citoplasma. Trata-se de:
planta aumenta a sua captação de água e a) bactéria quimiossintetizante.
sais. O fungo também é responsável pela b) traqueófita.
conversão de minerais em formas mais ab- c) cianofícea.
sorvíveis pela planta. d) briófita.
e) alga.
ESTUDO DIRIGIDO

1 Quais as categorias taxonômicas consideradas a- 4 (UFMG) Todos os vírus são constituídos por:
tualmente? a) DNA e proteína.
b) aminoácidos e água.
c) ácidos nucléicos e proteínas.
2 Cite três importâncias das bactérias. d) DNA e RNA.
e) RNA e proteína.

3 O que são protozoários? 5 (Cesgranrio) Existem organismos que, apesar de


possuírem propriedades, como a auto-reprodução,
hereditariedade e mutação, são dependentes de
células hospedeiras e por isso considerados para-
sitas obrigados. Tais organismos incluem:
4 Caracterize os basidiomicetos. a) procariontes e vírus.
b) bactérias e micoplasmas.
c) bactérias e vírus.
d) somente bactérias.
e) somente vírus.
Editora Exato 21
BIOLOGIA

6 Um organismo formado por células nucleadas, 3 São organismos formados por uma única célula,
sem pigmentos fotossintetizantes e que cresce so- que apresenta elevado grau de complexidade.
bre matéria orgânica em decomposição, é, prova- Como já foi dito, são eucariontes e heterótrofos,
velmente: podendo ser aeróbicos ou anaeróbicos.
a) Bactéria;
4 Fungos complexos, formados por um componen-
b) Fungo;
te vegetativo geralmente subterrâneo e uma por-
c) Protozoários;
ção visível denominada corpo de frutificação ou
d) Vírus.
basidiocarpo.
Exercícios
7 Lineu, em 1735, publicou um trabalho, no qual
apresentava um plano para classificação de seres 1 A
vivos. Nele estavam propostos o emprego de pa- 2 C
lavras latinas e o uso de categorias de classifica-
3 C
ção hierarquizadas. Deve-se também a Lineu a
regra de nomenclatura binominal para identificar 4 C
cada organismo. Nesta regra, entre outras reco-
5 E
mendações, fica estabelecido que devemos escre-
ver: 6 B
a) em primeiro lugar o gênero, depois a espécie. 7 A
b) em primeiro lugar o gênero, depois a família.
c) em primeiro lugar a espécie, depois o gênero. 8 A
d) em primeiro lugar a espécie, depois o filo.

8 Assinale a afirmação INCORRETA para bacté-


rias:
a) possuem núcleo individualizado.
b) a maioria é heterótrofa.
c) são serves vivos unicelulares.
d) algumas possuem uma camada gelatinosa ao
redor da membrana celular.

GABARITO

Estudo Dirigido
1

Reino

Filo

Classe

Ordem

Família

Gênero

Espécie

2 Atuam como decompositores em ecossistemas.


Realizam fotossíntese e quimiossíntese. Na ali-
mentação humana: produção de alimentos como
queijos, iogurtes etc.
Editora Exato 22
BIOLOGIA

PROGRAMA DE SAÚDE - VÍRUS


1. VIROSES  Contato com sangue contaminado com
HIV.
Os vírus são parasitas intracelulares obrigató-  Contato com esperma ou secreções vaginais
rios. Significa dizer que sua reprodução está condi- infectadas.
cionada ao ambiente da célula. Vale lembrar que um  Uso de seringas ou material cirúrgico con-
vírus é uma estrutura acelular, sem metabolismo e taminado.
que, ao invadir a célula, tem seu material genético  Placenta de mães infectadas.
subjugando o metabolismo celular. Normalmente, os  Leite materno de mães infectadas.
vírus apresentam uma especificidade em relação às As medidas profiláticas são:
células que atacam. As células que são atacadas são  Uso de preservativo.
denominadas células-alvo.  Utilizar materiais descartáveis, tais como
Como esses organismos não apresentam meta- seringas e materiais que entrem em contato
bolismo, os antibióticos não são usados no tratamento com sangue e/ou secreções.
das viroses.  No caso de mulher portadora do HIV, evitar
A multiplicação de um vírus ocorre graças à a gravidez e a amamentação.
multiplicação do material genético e à síntese protéi-
ca para a montagem do capsídeo. Para a realização Dengue
desses fenômenos, em geral, o metabolismo da célula É uma grave infecção, transmitida pela picada
hospedeira é suprimido pelo material genético viral. da fêmea contaminada do mosquito Aedes aegypti.
AIDS Esse mosquito, em geral, pica durante o dia e vive as-
sociado a habitações humanas. Por isso, a manuten-
É uma infecção grave e, até o momento, incu- ção de água parada próximo às residências constitui
rável. A infecção tem início com a entrada do HIV um importante fator para a proliferação do vetor.
em suas células-alvo, normalmente os linfócitos T e A doença pode se manifestar de duas maneiras:
macrófagos. Estas células apresentam uma proteína  Forma clássica: dor, cansaço, febre, dores
de superfície chamada de CD4. Após a invasão da musculares e articulares, manchas verme-
célula-alvo, o HIV pode reproduzir-se de modo lento, lhas na pele.
sem que haja a destruição da célula-alvo. Quando is-  Hemorrágica: além dos sintomas descritos
so acontece, fala-se em reprodução controlada do anteriormente, essa grave manifestação da
vírus. Se a reprodução viral for muito intensa, a pon- doença se caracteriza por envolver hemor-
to de causar a destruição da célula, fala-se em lise ce- ragias que podem levar o paciente à morte.
lular.
O vírus HIV é um retrovírus, ou seja, após a Outras viroses
introdução do RNA viral, ocorre a transcrição rever-  Rubéola.
sa. Nesse fenômeno, o RNA viral serve como molde  Sarampo.
para a produção de DNA viral, com o auxílio de uma  Raiva.
enzima: transcriptase reversa. As moléculas de DNA  Caxumba.
viral produzidas são então incorporadas ao DNA ce-  Febre amarela.
lular, onde passarão a comandar a síntese de novos  Herpes.
vírus.  Gripe.
Com a redução da população de linfócitos T, a  Poliomielite.
pessoa passa a ter uma queda enorme em seus pro- 2. BACTERIOSES
cessos imunitários, o que resulta no aparecimento de
doenças oportunistas, tais como: Este reino reúne os organismos unicelulares e
 Herpes. procariontes, representados pelas bactérias e algas
 Candidíase. azuis ou cianofíceas. Consideradas como um grupo
 Pneumonia. de bactérias, as cianofíceas são denominadas, atual-
 Encefalite. mente, de cianobactérias.
 Tuberculose. As bactérias representam um dos menores e
mais simples seres do planeta, englobando cerca de
Além dessas infecções, há o aparecimento de 4.800 espécies.
lesões cancerosas, como o sarcoma de Kaposi.
A transmissão do vírus da AIDS ocorre através de:

Editora Exato 23
BIOLOGIA

Principais patogenias causadas por contato sexual (pode passar também da mãe
bactérias para o feto pela placenta). Um sinal caracte-
rístico da doença é o aparecimento, próxi-
 Tuberculose – é causada pelo bacilo de
mo aos órgãos sexuais, de uma ferida de
Koch (Mycobacterium tuberculosis), ata-
bordas endurecidas, indolor (o “cancro du-
cando geralmente os pulmões. Há tosse
ro”), que regride mesmo sem tratamento.
persistente, emagrecimento, febre, fadiga e,
Sem tratamento, a doença tem sérias conse-
nos casos mais avançados, hemoptise (ex-
qüências, atacando diversos órgãos do cor-
pectoração com sangue). O tratamento é
po, inclusive o sistema nervoso, e
feito com antibióticos e as medidas preven-
provocando paralisia progressiva e morte.
tivas incluem vacinação das crianças – a
 Cólera – doença causada pela bactéria Vi-
vacina é a BCG (Bacilo de Calmet-
brio cholerae (vibrião colérico), que se ins-
Guérin)–, radiografias e melhorias dos pa-
tala e se multiplica na parede do intestino
drões de vida das populações mais pobres.
delgado, produzindo uma forte diarréia. As
 Hanseníase (lepra) – transmitida pelo ba-
fezes são aquosas e esbranquiçadas (pare-
cilo de Hansen (Mycobacterium leprae),
cendo água de arroz), sem muco ou sangue.
causa lesões na pele, nas mucosas e nos
Ocorrem também cólicas abdominais, dores
nervos. O doente fica com falta de sensibi-
no corpo, náuseas e vômitos. Mais de 90%
lidade na pele. Quando o tratamento é feito
das pessoas que contraem o cólera perma-
a tempo, a recuperação é total.
necem assintomáticas, isto é, não chegam a
 Pneumonia bacteriana – embora algumas
adoecer, podendo sofrer apenas uma diar-
formas de pneumonia sejam causadas por
réia branda (embora possam transmitir a
vírus, a maioria é provocada pela bactéria
doença por cerca de 30 dias). A doença é
Streptococcus pneumoniae, que ataca o
contraída através da ingestão de água ou a-
pulmão. Começa com febre alta, dor no pei-
limentos contaminados, crus ou mal cozi-
to ou nas costas e tosse com expectoração.
dos (a bactéria morre em água fervida e em
O tratamento consiste em antibioticoterapia
alimentos cozidos). Embora haja vacinas
orientada por médico e o doente deve ficar
contra o cólera, sua eficácia é apenas parci-
em repouso.
al (em geral, cerca de 50%) e dura pouco
 Tétano – produzido pelo bacilo do tétano
meses. Por isso, a doença somente pode ser
(Clostridium tetani), pode penetrar no or-
erradicada através de medidas de higiene e
ganismo por ferimentos na pele ou pelo
saneamento básico.
cordão umbilical do recém-nascido, quando
Medidas de profilaxia contra o cólera:
este não é cortado com instrumentos esteri-
1. Os dejetos humanos não devem ser eliminados
lizados. Há dor de cabeça, febre e contra-
ou lançados em coletores de água, como, por
ções musculares, provocando rigidez na
exemplo, rios, lagos, açudes etc.
nuca e mandíbula. Há casos de morte por
2. A higiene pessoal diminui a possibilidade de
asfixia. A vacinação e os cuidados médicos
transmissão do agente do cólera. Lavar as
(é aplicado o soro antitetânico em caso de
mãos com sabão freqüentemente e, principal-
ferimento suspeito) são essenciais.
mente, antes de preparar e comer alimentos.
 Leptospirose – causada pela Leptospira in-
3. Adotar as medidas de higiene na preparação dos
terrogans, é transmitida pela água, alimen-
alimentos e, na fase epidêmica, evitar a utiliza-
tos e objetos contaminados por urina de
ção de hortaliças e frutos do mar, consumidos
ratos, cães e outros animais portadores da
sem cozinhar ou insuficientemente cozidos.
bactéria. Há febre alta, calafrios, dores de
4. Alimentos preparados e mantidos em refrigera-
cabeça e dores musculares e articulares. É
ção, como leite, arroz, feijão, papas etc., de-
necessário atendimento médico para evitar
vem sofrer sempre uma nova cocção antes do
complicações renais e hepáticas.
consumo.
 Gonorréia ou blenorragia – causada por
5. Utilizar apenas água potável e, na dúvida, fer-
uma bactéria, o gonococo (Neisseria go-
ver por 2 a 3 minutos. Não consumir sorvetes,
norreae), transmite-se por contato sexual.
sucos, refrigerantes etc., preparados com água
Provoca dor e ardência ao urinar. O trata-
de origem desconhecida.
mento deve ser feito sob orientação médica,
6. Adicionar 4 gotas de água sanitária por litro de
pois exige o emprego de antibióticos.
água a ser consumida na lavagem de louças,
 Sífilis – provocada pela bactéria Trepone-
panelas ou mesmo para beber. Dissolver algu-
ma pallidum, é transmitida, geralmente, por
Editora Exato 24
BIOLOGIA

mas gotas de vinagre para lavagem de frutas e  O consumo de álcool apresenta incidência
verduras. preocupante com altos índices, na faixa de
38.7% constatados tanto na escola pública
Antibióticos
quanto particular. Desses, 17.25% fazem
Drogas de caráter medicinal, usadas no contro- uso semanal, em encontros com amigos nos
le de bacterioses. (Lembre-se de que o poder patogê- finais de semana, hábito permitido pelas
nico da bactéria está vinculado à presença da parede famílias, reforçado pela mídia, e indiferente
celular). às escolas de modo geral.
Advertência: o uso indevido e/ou indiscrimi-  As drogas ilícitas (inalantes, maconha, co-
nado de medicamentos, inclusive antibióticos, é con- caína, crack, merla) apresentam 19.1% de
denável. Além de poder trazer complicações, pode incidência nas duas redes de ensino.
selecionar variantes mais patogênicas.  Entorpecentes mais consumidos:
Inalantes 11.45%
3. DROGAS Maconha 4.95%
Anfetaminas 1.40%
Introdução Cocaína 0.40%
O ser humano da sociedade contemporânea Crack 0.55%
busca empreender estranhas viagens, através do uso
de substâncias psicoestimulantes, que obrigam o cé- 4. CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS PSICO-
rebro a provocar grande estimulação física e mental TRÓPICAS
através de seus neurotransmissores.
Essas substâncias são denominadas drogas, Em farmacologia, são denominadas psicotrópi-
que podem ser lícitas (tabaco e álcool) e ilícitas (sol- cos substâncias químicas, naturais ou sintéticas que
ventes, inalantes, maconha, cocaína, crack, merla, he- atuam sobre o sistema nervoso central, modificando
roína etc.). os processos mentais ou psíquicos. Os psicotrópicos
A Organização Mundial de Saúde define toxi- podem ser classificados em três grandes grupos, ana-
comania como um estado de intoxicação periódico ou lisados a seguir:
crônico, nocivo ao indivíduo e à sociedade, pelo con- Depressoras
sumo de uma droga natural ou sintética. São drogas que diminuem a atividade mental.
Dá-se o nome de droga a toda substância que, Induzem a tranqüilidade e sedação, combatendo a
quando introduzida no organismo vivo, pode modifi- tensão emocional e os estados de angústia. Álcool,
car uma ou mais de suas funções. heroína e solventes como éter são exemplos dessas
“Doença social epidêmica” é como a OMS drogas.
(Organização Mundial de Saúde) considera o cres- Estimulantes
cente uso de drogas entre os jovens. O que levou São estimulantes do sistema nervoso central.
muitos governos a realizarem levantamentos para a- Exemplos: cocaína, anfetaminas, cafeína e nicotina.
valiarem a situação relativa a esse uso. A cafeína é amplamente consumida, represen-
O levantamento de Brasília (Conen, 1995), tando a bebida nacional por excelência, podendo cau-
realizado entre dois mil estudantes de escolas públi- sar danos à saúde.
cas e particulares do DF, traz alguns aspectos que A nicotina, aspirada pelo fumo do tabaco causa
merecem ser mencionados: danos cardiovasculares e respiratórios. As anfetami-
 A faixa etária entre 10 e 15 anos é apontada nas são medicamentos ainda muito consumidos, em
como sendo de risco para uso de tabaco, ál- particular para ficar acordado (estudantes e caminho-
cool e drogas ilícitas. neiros). Substâncias anfetamínicas contidas nos mo-
 A curiosidade é a causa apontada por 15% deradores de apetite (anorexígenos), além de
dos jovens para uso de drogas ilícitas. emagrecimento, criam dependência.
 O tempo ocioso e a ausência de realizações Todo abuso de substâncias estimulantes pode
significativas entre estudantes de camadas provocar insônia, nervosismo, irritabilidade, instabi-
média e média-alta da população, tem pro- lidade emocional e idéias de perseguição (paranóia),
vocado nos jovens a chamada síndrome do chegando a formações delirantes.
“tédio existencial”, considerado um dos in- Perturbadoras
dicadores para o consumo de drogas entre
Caracterizam-se por produzir alucinações ou
jovens.
despersonalização, levando a alterações do compor-
tamento. Exemplos: maconha e LSD (dietilamina do
ácido lisérgico).
Editora Exato 25
BIOLOGIA

Temos, assim, classes distintas de drogas: de- alcoolista não apresenta “cura” e, sim, recuperação, o
pressoras, estimulantes e perturbadoras, todas afetan- que significa que “enquanto se abstiver da bebida e
do o funcionamento do sistema nervoso central e do de usar drogas, pode levar vida saudável e produti-
cérebro, retardando, acelerando ou desgovernando va”.
sua atividade. Desta forma, dificultam a coordenação O assim chamado bebedor-problema apresenta
motora, mental e emocional: a pessoa fica “drogada”, problema físico, psicológico ou social, causado pelo
“intoxicada” ou “inebriada” em um grau que depende álcool. Estudos mostram que fatores hereditários são
da substância usada (quantidade e qualidade), da pes- importantes na continuidade geracional para uso do
soa e do contexto. álcool, ou seja, filhos de pais alcoólatras tendem a
beber e a se tornar dependentes com mais facilidade
5. ASPECTOS TÉCNICOS
do que filhos de pais abstêmios.
As substâncias que agem sobre o sistema ner- A escola deve ter como preocupação detectar
voso central, usadas indiscriminadamente, podem le- sinais de sintomas da doença antes que atinja a fase
var à dependência física e/ou psíquica. Dessa aguda, razão pela qual é importante que se conheça a
maneira, o uso conduz ao vício e à necessidade de trajetória do alcoolismo, que ocorre em três estágios:
consumo contínuo, muitas vezes crescente, até pro- 1º estágio (agudo): o usuário afirma beber apenas
vocar danos físicos e mentais irreparáveis ao indiví- socialmente, raramente fica embriagado, porque
duo. inicialmente o organismo filtra as substâncias com
Qual é a diferença entre a dependência psí- mais facilidade; mas esta fase, aparentemente ino-
quica e a dependência física? No primeiro caso, a fensiva, prepara para o 2º estágio.
droga produz sensação de “libertação” dos proble- 2º estágio – intermediário (subagudo): o bebedor
mas, o que leva o indivíduo a procurar obtê-la com precisa de um fluxo regular de álcool, não ficando
freqüência, a fim de evitar os conflitos, numa verda- muito tempo sem beber. Tendem a passar a ima-
deira “fuga” da realidade. Para obtê-la, o viciado é gem de bebedores periódicos, mas são tão alcoóli-
capaz de cometer atos condenáveis. Já na dependên- cos quanto os que se embriagam constantemente,
cia física, o problema é bem maior, pois o organismo dizem os estudiosos.
se adapta quimicamente à presença da substância no 3º estágio – final (crônico): sente-se a presença da
sangue e reage com sensações terríveis de náuseas, obsessão pela bebida, tornando-se o álcool tudo
vômitos, irritabilidade e ansiedade incontroláveis, na vida da pessoa, embora os alcoólicos não se
quando o indivíduo não faz uso da droga. Esta série convençam de que o são, negando o problema.
de manifestações físicas quando há interrupção do Geralmente, os consumidores de álcool e ou-
consumo de uma droga caracterizam a síndrome de tras drogas como a maconha, por exemplo, utilizam-
abstinência. se do mecanismo denominado “crise da negação”,
que é a recusa em reconhecer seus efeitos prejudici-
O fenômeno da tolerância ocorre quando o
ais, mesmo que sejam cientificamente demonstrados.
organismo começa a se adaptar à droga, e a necessi-
O álcool é uma droga que traz consigo lesões
dade de doses cada vez maiores torna-se imperiosa
hepáticas, intestinais, pancreáticas, gástricas, cardio-
para satisfazer a necessidade do viciado.
vasculares, neurológicas, mentais, psicológicas, e,
Na maioria das vezes, a pessoa atinge doses
não raro, é fatal. A faixa etária de contato e consumo
tão grandes que acaba sofrendo um quadro de pro-
de álcool está entre 10 e 15 anos de idade.
funda alteração do sistema nervoso com bloqueio das
A pessoa desenvolve a doença alcoolismo
funções vitais que comandam a atividade do coração
quando o álcool passa a ser o “centro da vida dela”.
e os movimentos respiratórios, ocorrendo a morte de
Parar de beber é apenas o primeiro passo, o mais im-
maneira súbita.
portante é não voltar a beber. O álcool é também o
6. ALCOOLISMO grande causador de acidentes de trânsito e de violên-
cia física. Vale mencionar que 32% dos leitos de
Como droga depressora, cria graves problemas hospitais públicos são ocupados por pessoas com
e sofrimentos, com altíssimo custo social. O uso crô- problemas relacionados ao álcool.
nico leva a uma degradação física e moral, uma sín- Sintomas do alcoolismo:
drome de abstinência violenta. Leva à morte (por  Desejo intenso de beber.
coma alcoólico ou complicações orgânicas, como a  Dificuldades em parar de beber.
cirrose). Instiga com freqüência a violência e aciden-  Necessidade de doses cada vez maiores.
tes, bem como absenteísmo no trabalho. (Bucher,  Ansiedade, angústia, suores frios intensos,
1995). delírios.
O alcoolismo é uma doença que pode atingir
qualquer pessoa, da mesma forma que a diabetes, o
Editora Exato 26
BIOLOGIA

 Abandono das atividades de lazer e faltas apresenta ação no sistema nervoso central, 3 minutos
ao trabalho. depois de inalado e 14 segundos depois de injetado
 Uso do álcool, apesar dos males. por via intravenosa.
Raramente se pode encontrar consumidores de
7. TABAGISMO
cocaína como droga única, porque, geralmente, são
Em quase todo fumante, observa-se uma ne- politoxicômanos, usando-a, combinada com fumo,
cessidade psicológica de continuar fumando. Nos álcool, cafeína, maconha e benzodiazepina, sendo os
grandes fumantes, revela-se dependência, havendo mais comuns em nosso meio. Nos Estados Unidos e
sintomas físicos quando privados de cigarros. O con- Europa, combinam com opiáceos: “sobem com a co-
sumo exagerado de cigarros relaciona-se com estados caína e baixam com a heroína”, prática denominada
de tensão e ansiedade, com preocupações, fobias e speed boiling.
obsessões.
9. MACONHA
Fumo e saúde
Os efeitos nocivos do fumo à saúde dependem A maconha e duas outras drogas com ela rela-
dos componentes encontrados nos cigarros. Um de- cionadas, o haxixe (resina da planta) e o óleo de ha-
les, a nicotina, tem ação sobre o sistema nervoso, co- xixe, derivam de uma planta conhecida como
ração, vasos, sendo, provavelmente, responsável pela cannabis, ou cânhamo, que tem passado por trans-
dependência ao fumo. formações significativas.
Doenças associadas Planta que existe nas Américas, a Cannabis sa-
tiva está sendo hibridizada com uma potente varieda-
Além do câncer pulmonar, outras doenças re-
de asiática, a Cannabis indica e a Cannabis
lacionadas com o tabagismo são:
ruderalis.
Doença coronariana (leva ao enfarte do mio-
Segundo relatório da UNDCP (Programa da
cárdio).
Nações Unidas para o Controle Internacional de Dro-
Doença vascular cerebral.
gas), a maconha, principal droga de abuso, é cultiva-
Doença arterial periférica.
da na América do Sul, sobretudo no Brasil e na
Enfisema pulmonar.
Colômbia, sendo contrabandeada desta para a Euro-
Câncer de bexiga.
pa. A maconha continua sendo a principal droga de
8. COCAÍNA abuso na América do Sul.
Em geral, o jovem baseia-se no mito de que a
Os seres humanos usam folhas de coca desde
maconha faz menos mal do que o cigarro, afirmando
tempos muito remotos, sendo que atualmente os dois
que é inofensiva, embora estudos científicos revelem
principais produtos que narcotraficantes oferecem
que é uma das mais complexas drogas ilegais em es-
aos compradores são a coca e o crack.
tudo.
Nas folhas de coca, cada 100 gramas contém
Contém o alucinógeno THC, que produz alte-
305 calorias, 19 gramas de proteína e 42.6 gramas de
ração mental, levando o usuário a estados de euforia
carboidratos, além de quantidades importantes de fer-
e com dificuldades de concentração. É falso o argu-
ro, cálcio, fósforo e vitaminas A1, B2 e E.
mento de que a maconha, sendo um produto natural
As folhas de coca são mastigadas com um rit-
proveniente de uma planta, apresentaria propriedades
mo monótono denominado “coqueo”; cerca de 18 a
menos tóxicas do que outras drogas sintéticas, por-
20 minutos depois da mastigação, os princípios ativos
que, até o momento, já foram identificados 421 (qua-
chegam ao cérebro.
trocentos e vinte e um) compostos pertencentes a 15
Já o “crack” é uma cocaína altamente intensifi-
diferentes classes químicas.
cada e impura, podendo ser fumado, chegando ao cé-
O THC (tetrahidrocanabinol), existente na ma-
rebro em 6 a 8 segundos. A “pasta básica da
conha, não é a única droga psicoativa, podendo ser
cocaína”, outra variante, pode ser fumada, misturada
encontrados dezenas de canabinóis na marijuana, to-
com fumo ou maconha.
dos importantes, sendo o THC o alucinógeno mais a-
Essa forma é encontrada nos países produtores tivo, podendo ser detectado na urina, de 7 a 14 dias
e vizinhos, sendo mais barata e impura, costumando após o uso.
conter 36% de sulfato da cocaína, sendo o restante Os efeitos da maconha sobre o cérebro foram
amoníaco, ácido sulfúrico, querosene etc. A “free ba- estudados pelo Prof. Heath (Departamento de Psiqui-
se” ou cocaína de base livre, é uma variante purifica- atria e Neurologia da Escola Médica de Tulane –
da, que também pode ser fumada, sendo o resultado New Orleans), tendo publicado 350 trabalhos a res-
do processamento do cloridrato de cocaína com éter, peito. Estudando seus pacientes usuários de maconha
chegando ao cérebro também em 6 a 8 segundos, a- (como única droga), observou que apresentavam sin-
pós ser fumada. O clássico “cloridrato de cocaína”
Editora Exato 27
BIOLOGIA

tomas comuns de perda de motivação, irritabilidade vermes adultos


nas veias do
anormal, hostilidade, mudanças bruscas de humor, e fígado
fígado
dificuldade de memória para fatos recentes. Alguns
ovos elimi-
pacientes narravam situações de pânico, paranóia e penetração ativa das nados na
depressão, com tendências suicidas em alguns casos. cercárias através da água
Esses sintomas desapareciam após 3 ou 4 meses de pele
ovo
abstinência, no uso da droga, exceto perda da memó- miracídio eclosão do
cercárias abandonam cercária miracídio e
ria para fatos recentes. o caramujo
penetração no
O uso crônico da maconha apresenta efeitos rédias caramujo
bastante severos na modificação química dos esper- cercárias Desenvolvimento do
matozóides, como resultado da perda do conteúdo de miracídio no corpo
do caramujo
aminoácidos de certas proteínas. rédia esporocisto
Ciclo do Shistosoma mansoni
10. VERMINOSES
Chamam-se verminoses as doenças causadas A análise do ciclo permite concluir que o para-
por vermes. Essas doenças têm grande importância, sita apresenta dois hospedeiros: o homem e o cara-
dada a sua larga incidência e os danos à saúde que mujo. O parasita adulto vive associado aos vasos
provocam. sangüíneos do tubo digestivo. Para eliminar os ovos,
No Brasil, é de particular interesse o estudo as fêmeas deslocam-se para os capilares intestinais e
das chamadas verminoses intestinais, responsáveis lançam os ovos para o interior do tubo digestivo para
por desnutrição, avitaminoses, distúrbios gástricos e que alcancem as fezes. Quando o indivíduo defeca e
intestinais, estados convulsivos e outros problemas. as fezes se espalham pelo meio ambiente, os ovos
As verminoses intestinais têm repercussão ne- podem ser levados para lagoas onde os ovos eclodem
gativa sobre o desenvolvimento físico e mental das e liberam as larvas miracídios. Essas larvas deslo-
crianças, sobre o estado geral de jovens e adultos. cam-se na água para penetrar em um caramujo pla-
É importante lembrar que o termo verme não norbídeo, que fará o papel de hospedeiro
possui valor taxonômico. intermediário. No caramujo, o parasita sofre reprodu-
11. DESCRIÇÃO DAS PRINCIPAIS DO- ção assexuada surgindo assim as larvas cercárias, que
são liberadas do corpo do molusco. As cercárias na-
ENÇAS CAUSADAS POR PLATELMINTOS
dam ativamente e penetram na pele humana causando
Vamos apresentar três tipos de platelmintos um prurido intenso. As cercárias atingem os vasos
que se destacam como grandes inimigos da saúde sangüíneos e deslocam-se para os vasos sangüíneos
humana: o Schistosoma mansoni, a Taenia solium e a intestinais onde se transformam em animais adultos.
Taenia saginata, causadores das respectivas doenças: Constituem medidas profiláticas eficientes
esquistossomose e teníase. contra essa doença:
Esquistossomose  Não entrar em contato com água de lagoas
contaminadas;
A esquistossomose é uma parasitose que afeta
 Recolhimento e tratamento de esgotos;
cerca de 1 milhão de brasileiros. A doença deve-se
 Filtrar ou ferver a água a ser ingerida;
principalmente às lesões provocadas no fígado pelos
 Combater o caramujo.
ovos depositados por fêmeas adultas, parte dos quais
são aprisionados pelo tecido hepático. O ciclo de S-
chistosoma mansoni, responsável por essa doença,
está esquematizado abaixo:

Editora Exato 28
BIOLOGIA

Teníase (solitária)  O hospedeiro intermediário, já com o cisti-


cerco na musculatura estriada (porque inge-
Ciclo da Teníase riu ovos do verme).
N o homem No ambiente A doença se caracteriza por perturbações intes-
3-Progiotes grávidas des-
predem -se unidos em
tinais, tais como: diarréias, prisão de ventre, cólicas,
além de provocar um quadro de desnutrição no doen-
1-A fixação da tênia
grupos de 2 a 6 e são libe-
no intestino ocorre
pelo escólex. rados durante ou após as
evacuações. N o solo,
rompe-se e liberam ovos.
Cada ovo é esférico, mede
te.
cerca de 30 m de diâmetro,
possui 6 pequenos ganchos
e conhecido como oncosfera.
São medidas profiláticas eficientes contra a te-
níase:
2-Proglotes maduros,
contendo testículos e Levado pelo vento espalham
ovários, reproduzem-se -se pelo meio e podem ser

 consumir carne bovina ou suína sempre


entre si e originam ingeridos pelo hospedeiro
proglotes grávidas, intermediário
cheios de ovos
bem cozida.
No porco
 coleta e tratamento do esgoto.
5-Ao se alimentar de carnes cruas
ou malpassadas, o homem pode
ingerir cisticercos. No intestino ,a
Atenção!
larva se liberta, fixa o escólex, cresce
e origina a tênia.
A cisticercose é uma doença grave, caracteri-
zada pelo desenvolvimento do cisticerco (larva da tê-
4-No intestino do animal os ovos penetram no revestimento intestinal
nia) em alguma parte do corpo humano.
e caem no sangue. Atigem principalmente a musculatura sublingual,
diafragma, cérebro e coração. Cada ovo se transforma e uma larva,
uma tênia em miniatura, chamada cisticerco, cujo tamanho lembra o
Considerando que as tênias, no seu ciclo evolutivo,
de um pequeno grão de milho. Essa larva contém escólex e um curto
pescoço investido, tudo envolto por uma vesícula protetora, formando
têm de passar necessariamente pelas fases do ovo
um cisto
(contendo o embrião), larva (cisticerco) e verme a-
A teníase é uma doença causada pela presença, dulto, é evidente que o indivíduo da espécie humana
no tubo digestivo, de um verme que pode ser a Tae- só pode contrair a cisticercose se ingerir o ovo em-
nia solium ou Taenia saginata. A primeira apresenta brionado de tênia, o que ocorre esporádica e aciden-
como hospedeiro intermediário o porco enquanto a talmente. Por isso, a cisticercose é relativamente
segunda parasita bovinos. Observe as diferenças no muito mais rara que a teníase.
escólex desses dois organismos: 12. DESCRIÇÃO DAS PRINCIPAIS DO-
ENÇAS CAUSADAS POR NEMATELMIN-
T. Saginata
TOS
Ascaridíase. Enfermidade provocada pelo As-
caris lumbricoides, popularmente chamado de lom-
briga. Esses vermes vivem no intestino delgado
humano, onde exercem ação espoliativa e provocam
T. Solium reações alérgicas, cólicas, náuseas e oclusão intesti-
nal.

1. ovo com
O Ciclo evolutivo da Taenia solium pode ser 7. l arva é engolida larva desce
pelo esôfago
resumido em: 6.larva na traquéia
 Ingestão, pelo homem, de carne infestada 5.larva no pulmão
por cisticerco.
 Libertação do embrião hexacanto no estô- 4.larva no coração 2. larva sai do
intestino e vai
mago humano. 3.larva no fígado para o fígado
 Desenvolvimento da tênia no intestino.
8. no intestino, as
 Liberação de anéis grávidos da solitária, larvas evoluem para
contendo ovos embrionados. forma adulta
 Anel grávido, eliminado com as fezes, já no verduras são regadas
9. acasalamento e
com água contaminada
meio externo, dando liberdade aos ovos. liberação dos ovos
 Ingestão do ovo embrionado, pelo hospe- 10.ovos caem no solo
deiro intermediário. O ovo libera uma larva com as fezes
- a oncosfera - que perfura a parede intesti-
nal. Em geral, a larva se instala na muscula-
Ciclo do Ascaris lumbricoides
tura do animal.
Ancilostomose ou necatorose. Os vermes
Ancylostoma duodenale e Necator americanus são os
Editora Exato 29
BIOLOGIA

causadores dessa doença, popularmente conhecida larva cresce e passa para


o homem durante a picada
como “amarelão” ou “opilação”. Na figura, você já
observa o ovo de Ancylostoma e o aspecto dos ver-
mes adultos. Estes alojam-se no intestino delgado,
onde provocam hemorragia na mucosa; nutrem-se,
então, do sangue liberado. A vítima passa a sofrer de
intensa anemia, tornando-se bastante debilitada, ad-
quirindo uma coloração amarela, daí o nome popular o verme adulto obstrui
a larva passa
ao mosquito
da doença. os vasos linfáticos
causando elefantíase

6. larva no 5. larva na traquéia


esôfago
3. larva no coração
4. larva no
pulmão 7. larva no estômago

8. larva no intestino
larva no sangue
ovo com Ciclo da filária
larva

ESTUDO DIRIGIDO

1 O que é AIDS?

2 O que é dengue e quais são os possíveis sintomas


2. a larva ovo no apresentados?
cai na solo
circulação liberta
larva
3 O que são drogas depressoras?

ovo nas fezes


4 Cite algumas medidas eficientes na prevenção da
esquistossomose.
larva no
1. larva penetra na pele solo
Ciclo do Ancylostoma duodenale EXERCÍCIOS

Filariose ou elefantíase 1 A falta de instalações sanitárias adequadas está


diretamente relacionada com as seguintes doen-
Grave doença causada pelos vermes Wuchere-
ças endêmicas:
ria bancrofti, que, quando adultos, alojam-se nos va-
a) doença de Chagas, malária, amarelão.
sos linfáticos de órgãos diversos (mamas, bolsa
b) esquistossomose, doença de Chagas, malária.
escrotal, pernas). A obstrução desses vasos dificulta o
c) bócio endêmico, amarelão, teníase.
escoamento da linfa, ocasionando hipertrofia (cres-
d) esquistossomose, doença de Chagas, malária.
cimento exagerado) dos órgãos afetados. Os mosqui-
e) esquistossomose, teníase, amarelão.
tos do gênero Culex (hematófagos, isto é, que se
alimentam de sangue) adquirem os embriões do para-
sita ou sugam o sangue da pessoa infectada. Nos 2 Analise o quadro abaixo.
mosquitos, após vários estágios, as larvas assumem a Dependência
forma infestante; pela picada do inseto, essas larvas Droga Psíquica Física Tolerância
penetram no homem, alojando-se nos vasos linfáti- Álcool Sim I sim
cos, onde completam seu desenvolvimento, originan- Cocaína II não não
do as formas adultas. A profilaxia da elefantíase Maconha III não (pouca) não (pouca)
consiste basicamente na destruição do inseto. Anfetaminas Sim não IV
Transmissão Barbitúricos Sim V sim
A transmissão dessas moléstias do doente ou Heroína Sim VI sim
portador para a pessoa sadia, geralmente ocorre por
meio de uma cadeia, como mostra a ilustração. Verifique se as associações tornam o quadro cor-
reto:
Editora Exato 30
BIOLOGIA

1 I – sim. 4 A febre amarela é causada por um vírus trans-


2 II. – não. mitido ao homem somente através da picada
3 III – sim. do mosquito Aedes aegypti. Essa doença com-
4 IV – sim. promete especialmente as células do fígado.
5 V – sim. 5 O vírus da poliomielite afeta a medula óssea e
6 VI - não outras regiões do sistema nervoso central, par-
ticularmente o bulbo.
3 Leia o texto abaixo:
A maconha é o nome dado aqui no Brasil a 5 Leia o texto abaixo:
uma planta chamada cientificamente de Cannabis “ (...) quando eu fumava merla, sentia meu cora-
sativa. Ela já era conhecida há pelo menos 5000 ção pulando dentro do peito! Parecia estar sendo
anos, sendo utilizada quer para fins medicinais, carregado por um avião! Desesperado, quase não
quer para “produzir risos”. conseguia esperar minha vez de dar outra bafora-
Folheto do CEBRID – Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas da. Não pensava em outra coisa, não comia, não
Psicotrópicas
estudava, apenas era consumido pela droga...
1 A maconha apresenta indicações terapêuticas,
Perdi a conta de quantas vezes pensei em mor-
como a utilização para controle de vômitos, em
rer.”
pacientes submetidos à quimioterapia, e tem
efeito benéfico na inibição do apetite.
1 O usuário descreveu claramente os sintomas
da síndrome de abstinência.
2 O THC, tetrahidrocanabinol, é uma substância
química sintetizada pela própria planta, sendo
2 Há uma incoerência no texto, pois o usuário
relata efeitos cardíacos que não podem ocorrer,
o principal responsável pelos efeitos estimu-
já que a merla é uma droga psicotrópica, atu-
lantes da droga.
ando somente no sistema nervoso central.
3 A quantidade de THC pode variar de planta
para planta, dependendo de vários fatores co-
3 A merla é um subproduto da fabricação da ma-
conha.
mo qualidade do solo, clima, estação do ano,
época de colheita.
4 As informações presentes no trecho não permi-
tem caracterizar a existência de dependência
4 Uma quantidade de maconha incapaz de causar
física.
efeito nítido em um indivíduo pode produzir
forte intoxicação em uma outra pessoa.
5 Há informações no texto que permitem carac-
terizar a merla como uma droga psicotrópica,
5 A interrupção do consumo da droga se faz a-
estimulante e causadora de tolerância.
companhar de sérias implicações fisiológicas,
como náuseas, vômitos e perda da consciência.
6 O consumo da maconha tende a aguçar os 6 A elefantíase, ou filariose, é uma parasitose co-
sentidos, sendo por isso muito utilizada clan- mum na região amazônica. Sua profilaxia pode
destinamente por caminhoneiros que desejam ser feita através do combate ao inseto vetor e do
permanecer ao volante por mais tempo. isolamento e tratamento das pessoas doentes. O
7 Pessoas sob efeito da maconha não deveriam agente causador e o hospedeiro intermediário
executar tarefas que dependem da atenção, dessa parasitose são, respectivamente:
bom senso e discernimento, pois essa droga é a) Ascaris lumbricoides e um mosquito do gênero
um forte inibidor do sistema nervoso autôno- Culex.
mo. b) Wuchereria bancrofti e um mosquito do gênero
8 O consumo esporádico de maconha deve cau- Culex.
sar menos prejuízos ao organismo do que o c) Wuchereria bancrofti e o caramujo.
consumo rotineiro de álcool. d) Schistosoma mansoni e a filária.
e) Ancylostoma duodenale e a filária.
4 Sobre as viroses, julgue os itens abaixo:
1 A dengue é uma doença causada por um vírus 7 Exemplos de moléstias causadas por parasitas
transmitido ao homem pela picada do mosqui- que se manifestam apenas na espécie humana e
to Aedes aegypti. cuja transmissão independe de hospedeiro inter-
2 A forma hemorrágica da dengue pode levar à mediário são:
morte. a) ascaridíase e ancilostomose.
3 Não existem vacinas eficientes contra a hepati- b) esquistossomose e malária.
te. Dessa forma, essa infecção, em muitos ca- c) malária e ascaridíase.
sos, pode ser fatal. d) ancilostomose e teníase.
Editora Exato 31
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e) teníase e esquistossomose. GABARITO

8 Ao abrir o envelope com o resultado de seu exa- Estudo Dirigido


me parasitológico de fezes, Jequinha leu: positivo 1 É uma infecção grave e, até o momento, incurá-
para ovos de Ascaris lumbricoides. vel. A infecção tem início com a entrada do HIV
Qual das medidas preventivas de doenças parasi- em suas células-alvo, normalmente os linfócitos
tárias, relacionadas a seguir, NÃO deve ter sido T e macrófagos. Estas células apresentam uma
observada por Jequinha na sua vida diária? proteína de superfície chamada de CD4. Após a
a) Andar calçado, para que a larva não penetre pe- invasão da célula-alvo, o HIV pode reproduzir-se
los pés. de modo lento, sem que haja a destruição da célu-
b) Comer carne de porco ou de boi inspecionada e la-alvo. Quando isso acontece, fala-se em repro-
bem cozida. dução controlada do vírus. Se a reprodução
c) Lavar bem as mãos e os alimentos antes das re- viral for muito intensa, a ponto de causar a des-
feições. truição da célula, fala-se em lise celular.
d) Colocar tela nas janelas, para impedir a entrada
do mosquito Culex. 2 É uma grave infecção, transmitida pela picada da
e) Não nadar em lagoas que tenham o caramujo fêmea contaminada do mosquito Aedes aegypti.
Biomphalaria. Esse mosquito, em geral, pica durante o dia e vi-
ve associado a habitações humanas. Sintomas:
dor, cansaço, febre, manchas vermelhas na pele e
9 Conforme o ciclo evolutivo, os parasitas são hemorragia (pode levar o paciente à morte).
classificados em monogenéticos e digenéticos.
3 São drogas que diminuem a atividade mental. In-
No primeiro caso, quando seu ciclo se passa num
único hospedeiro e no segundo caso, quando se duzem a tranqüilidade e sedação, combatendo a
desenvolve em dois hospedeiros, o intermediário tensão emocional e os estados de angústia. Álco-
ol, heroína e solventes como éter são exemplos
e o definitivo.
Um parasita considerado monogenético é: dessas drogas.
a) Ascaris lumbricoides. 4 Não entrar em contato com água de lagoas con-
b) Taenia sollium. taminadas; Recolhimento e tratamento de esgo-
c) Trypanosoma cruzi. tos; Filtrar ou ferver a água a ser ingerida;
d) Leishmania brasiliensis. Combater o caramujo.
e) Wuchereria bancrofti. Exercícios
1 E
10 As verminoses são um grande problema de saú-
de, principalmente nas populações de baixa ren- 2 C, E, C, C, C, E
da, que geralmente vivem onde as condições 3 E, E, C, C, E, E, E, E
sanitárias são precárias ou inexistentes. Sobre as
verminoses, julgue os itens. 4 C, C, E, E, E
1 A "barriga d'água" é causada pelo Schistosoma 5 E, E, E, C, E
mansoni, cujo hospedeiro intermediário é o ca-
6 B
ramujo.
2 Os cisticercos da Taenia sollium são transmiti- 7 A
dos ao homem pela carne do porco crua ou mal
8 C
cozida.
3 A lombriga é um asquelminte que se aloja 9 A
principalmente no intestino. 10 C, C, C, E
4 A ameba é um nematoda que, no homem, cau-
sa o cólera.

Editora Exato 32
BIOLOGIA

CÉLULAS TRONCO E TRANSGÊNICOS


1. CÉLULAS TRONCO Polêmica
O uso das células tronco embrionárias gera
O que são células tronco?
mundialmente uma grande polêmica, devido às di-
Cientistas brasileiros estão testando a utiliza- vergências de opinião sobre quando a vida se inicia.
ção de células tronco no tratamento de doenças do Para a maioria dos grupos religiosos, a vida humana
coração. Mas o que são células tronco? Boa pergun- já está contida dentro do embrião. Destruí-lo seria
ta! Mas vamos por partes. destruir uma vida humana.
Para começar... O que é uma célula? Pela defi- Não há um consenso sobre quando a vida hu-
nição oficial “célula é a unidade estrutural e funcio- mana começa. Alguns acreditam que seja no momen-
nal dos seres vivos”. É estrutural, porque um to da fecundação; outros, quando o embrião é
organismo é construído célula por célula. Igualzinho implantado no útero. Porém, como existe um consen-
a uma casa, que é erguida tijolo por tijolo. É funcio- so de que a vida termina quando cessa a atividade ce-
nal, porque são as células que executam todas as tare- rebral do indivíduo, a maioria dos países que
fas de um corpo. permitem as pesquisas com células-tronco embrioná-
E o tronco? Por que células tronco? Bem, ima- rias estabeleceram um limite de até 14 dias, pois até
gine o tronco de uma grande árvore. Ele é sólido, ro- essa fase não existe vestígio de sistema nervoso no
busto. Tem mais ou menos a mesma aparência, desde embrião.
que sai do chão até o ponto onde começam a surgir
os galhos. A partir daí, os galhos começam a mudar... Células tronco no tratamento do Dia-
Aparecem folhas, flores e frutos. Pegou a idéia? A betes tipo 1
célula tronco é como o tronco de uma árvore. É a par- O que é Diabetes tipo 1: ODiabetes mellitus
tir dela que surgem todas as células do corpo. Assim tipo 1 normalmente se inicia na infância ou adoles-
como uma árvore, que tem partes tão diferentes como cência, e se caracteriza por um déficit de insulina,
folhas e galhos, um organismo vivo tem células mui- devido à destruição das células beta do pâncreas por
to diferentes umas das outras. processos auto-imunes (em que os linfócitos são res-
As células tronco acompanham o ser vivo des- ponsáveis pela destruição parcial ou total do pân-
de a sua criação. Depois elas se diferenciam em célu- creas). Só cerca de 1 em 20 pessoas diabéticas tem
las do coração, do cérebro, da coluna vertebral ou em diabetes tipo 1, a qual se apresenta mais freqüente-
outras células do organismo. Esta é uma capacidade mente entre em joves e crianças.
especial e única das células tronco, porque as outras Tratamento experimental: uma equipe de
células só se diferenciam em um tipo específico de pesquisadores do Hospital das Clínicas na Universi-
tecido. Por exemplo, uma célula da pele só poderá dade de São Paulo – Brasil – está realizando estudos
reconstutir a pele, nunca um outro órgão. com células tronco hematológicas em pacientes dia-
Conforme um ser vivo vai crescendo, ainda béticos Mellitus recém-diagnosticados. O tratamento
guarda algumas células tronco, que ficam com ele até consiste no desligamento do sistema imunológico a-
sua morte. Mas essas células que sobraram têm capa- través de um processo quimioterápico e imunossu-
cidade de diferenciação limitada, ou seja, as células pressor, após a imunodeficiência total são
tronco adultas só se diferenciam em alguns tipos de implantadas células tronco do próprio paciente (co-
tecidos, não em qualquer um. lhidas e congeladas previamente). A diferenciação
Hoje em dia, os cientistas estudam formas de das células-tronco ocorre na medula óssea que pro-
programar células tronco, para que elas se diferenci- duzirá um novo sistema imune, por sua vez esse novo
em em tecidos ou órgãos que precisam ser reparados. sistema perde sua “memória”, cessando a inflamação
Essa é a chamada medicina regenerativa, que prome- no pâncreas, que volta a funcionar normalmente.
te, para o futuro, avanço significativo no tratamento 2. TRANSGÊNICOS
de algumas doenças, como por exemplo, doença de
Parkinson e doenças do coração. Histórico
Texto redigido por Horácio Antônio Rodrigues, aluno de Os primeiros experimentos com plantas trans-
Ciências Biológicas e pela professora Débora D´Ávila Reis do
Laboratório de Biologia do Sistema Linfóide e da Regeneração. gênicas foram conduzidos em 1986, nos E.U.A e na
Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. França. Entre 1986 e 1995, 56 culturas foram testadas
em mais de 3.5 mil experimentos realizados em mais
de 15 mil locais (34 países). Em 1996 e 1997, o nú-
mero de países que testaram plantas transgênicas au-
mentou para 45, tendo sido conduzidos somente
Editora Exato 33
BIOLOGIA

nestes dois anos mais de 10 mil experimentos. Neste Genes de Interesse


período, as culturas mais testadas foram as de milho, O genoma de uma bactéria contém em média
soja, tomate, batata e algodão. Na maioria dos casos, 5000 genes, o de plantas, entre 40000 e 60000, en-
as características genéticas introduzidas foram tole- quanto o genoma humano consiste de aproximada-
rância a herbicidas, resistência a insetos, qualidade mente 30.000 genes. Os genes são segmentos de um
do produto e resistência a vírus. mesmo tipo de molécula: o ácido desoxirribonucléico
A China foi o primeiro país a comercializar (DNA) e é esta característica que permite que genes
plantas transgênicas no início da década de 90, com a de um organismo sejam potencialmente funcionais
introdução do fumo resistente a vírus, seguido pelo em outro. Diversos genes de interesse agronômico já
tomate resistente a vírus. Em 1994, a Calgene obteve foram isolados, entre eles temos:
a primeira aprovação nos EUA para comercializar o  Gene que codifica uma proteína capaz de
tomate transgênico “Flavr-Savr”, que apresentava modificar herbicidas, inativando-os. Os
amadurecimento retardado. herbicidas são muito usados no controle de
Definição ervas daninhas, entretanto, algumas culturas
O melhoramento genético é baseado na com- não sobrevivem à aplicação deste produto.
binação genética de duas plantas da mesma espécie, Deste modo, culturas contendo este gene
por meio de cruzamento sexual ou, em alguns casos, poderiam tornar-se resistentes ao herbicida,
entre plantas de espécies diferentes, mas do mesmo facilitando, assim, o controle das ervas.
gênero, com grandes semelhanças entre si. Os des-  Gene que codifica uma proteína de alto va-
cendentes desse cruzamento são selecionados, esco- lor nutricional, presente na castanha-do-
lhendo-se apenas aqueles indivíduos que tenham as pará. Este gene poderia ser usado para au-
características desejadas, como maior produtividade, mentar o valor nutricional de culturas im-
resistência a insetos ou doenças. O melhoramento portantes como feijão e soja.
genético trabalha com a diversidade genética dentro  Genes bacterianos, que codificam proteínas
de uma mesma espécie. com propriedades tóxicas para insetos. Os
Já na modificação genética ou transgenia, insetos que se alimentassem de plantas ex-
seqüências do código genético são removidas de um pressando este gene morreriam ou se de-
ou mais organismos e inseridos em outro organismo, senvolveriam com menor eficiência,
de espécie diferente. A principal implicação da trans- levando ao seu controle na cultura.
genia é a quebra da barreira sexual entre diferentes Regeneração da planta inteira
espécies, permitindo cruzamentos impossíveis de o- Para obter a planta inteira a partir do tecido
correrem naturalmente, como entre uma planta e um transgênico, elas são cultivadas sob condições ambi-
animal, uma bactéria e um vírus, um animal e um in- entais controladas numa série de meios contendo nu-
seto. A inserção de genes exóticos em uma planta, trientes e hormônios, um processo conhecido como
por exemplo, pode resultar em efeitos imprevisíveis cultura de tecidos. Uma vez gerada toda a planta e
em seus processos bioquímicos e metabólicos. produzidas as sementes, começa a avaliação da pro-
Procedimentos para a obtenção de gênie.
plantas transgênicas: 3. TRANSGÊNICOS NA AGRICULTURA
Para obter plantas transgênicas, são necessá-
rios: A maioria dos produtos já liberados para a co-
 um gene de interesse; mercialização contém transgenes que codificam ca-
 uma técnica para transformar células vege- racterísticas que visam minimizar estresses
tais através da introdução do gene de inte- ambientais, incluindo tolerância a herbicidas, resis-
resse; tência a insetos e vírus. No entanto, as características
 uma técnica para gerar uma planta inteira a que visam aumentar a qualidade nutricional dos ali-
partir de uma só célula transformada. mentos vêm se tornando progressivamente mais im-
Após esta última etapa, teremos uma planta portantes e deverão prevalecer nas próximas gerações
transgênica, porque ela contém, além dos genes natu- de produtos transgênicos.
rais, um gene adicional proveniente de outro orga- Alimentos produzidos através de tecnologias
nismo, que pode ser uma planta, uma bactéria ou até de modificação genética podem ser mais nutritivos,
um animal. estáveis quando armazenados e, em princípio, podem
promover saúde trazendo benefícios para consumido-
res, seja em nações industrializadas ou em desenvol-
vimento.

Editora Exato 34
BIOLOGIA

Esforços em conjunto, organizados, devem ser se estabeleceu como a primeira equipe de pesquisa-
feitos para investigar os efeitos potenciais no meio dores realizando trabalhos em clonagem de genes e
ambiente (positivos ou negativos) dos vegetais trans- desenvolvimento de tecnologias para obtenção de
gênicos em suas aplicações específicas. Esses esfor- plantas transgênicas. Hoje, vários laboratórios no
ços devem ser avaliados tomando-se como referência Brasil estão trabalhando com plantas geneticamente
os efeitos de tecnologias convencionais da agricultu- modificadas, incluindo diferentes centros de pesquisa
ra, que estejam atualmente em uso. da Embrapa e universidades federais e estaduais, a-
O uso da tecnologia da modificação genética lém de empresas privadas.
de vegetais pode ser aplicada a alguns problemas es- Alface - A Embrapa está investindo na produ-
pecíficos da agricultura, tais como: ção de alface transgênico, contendo um gene para re-
Resistência a pragas: temos como exemplo a sistência a fungo. O objetivo é testar as variedades
papaia que é resistente ao vírus Ringspot e que tem geneticamente modificadas contra a Sclerotinia, um
sido comercializada e plantada no Hawai desde 1996. fungo que causa a podridão do alface. O fungo é res-
Este exemplo prova a eficiência do uso de modifica- ponsável ainda por uma doença conhecida como mo-
ção genética em vegetais visando obter maior resis- fo branco, que ataca de forma bastante nociva o
tência a uma praga específica. feijão, a soja, entre outras 60 culturas agrícolas.
Colheitas mais abundantes: como exemplo te- A unidade também está desenvolvendo, em
mos as pesquisas que envolvem a produção de ali- parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais
mentos de alto-rendimento. O maior exemplo é o (UFMG), uma planta-vacina transgênica para comba-
trigo semi-anão que possui genes insensíveis a gibe- ter a leishmaniose, uma doença infecciosa causada
relina. A introdução desses genes faz com que se ob- pelo protozoário do gênero Leishmania. Essa tecno-
tenha uma planta mais baixa, mais forte e que logia consiste na introdução do gene da proteína Lack
aumenta o rendimento da safra diretamente, uma vez (antígeno da leishmaniose) em plantas de alface e
que se reduz o alongamento das células na parte ve- tem como objetivo fazer com que as pessoas se tor-
getativa, de forma que a planta desenvolva mais sua nem imunes à enfermidade com a simples ingestão da
parte reprodutiva (comestível). hortaliça.
Uso de terras marginalizadas: solos com ele- Feijão - A Embrapa já possui, desde 2000,
vados índices de salinidade e alcalinidade podem ser plantas transgênicas de feijão para resistência ao ví-
utilizados caso se consiga obter um transgênico que rus do mosaico dourado, considerado o pior inimigo
tenha por característica ser resistente nessas condi- da cultura na América do Sul. No Brasil, a doença es-
ções. Como exemplo, temos um gene de tolerância tá presente em todas as regiões, e se atingir a planta-
em manguezais (Avicennia marina), que foi clonado ção ainda na fase inicial, pode causar perdas de até
e transferido para outras plantas e através dele pôde- 100% na produção.
se observar que as plantas transgênicas mostraram-se Batata - A Embrapa Recursos Genéticos e Bio-
mais tolerantes a altas concentrações de sal. tecnologia, em parceria com a Embrapa Hortaliças,
Benefícios nutricionais: temos o exemplo da Universidade Federal de Pelotas, o Instituto de Inge-
introdução de genes para obter maior produção de be- niería Genética Y Biotecnologia (Ingeb, da Argenti-
ta caroteno, precursor da vitamina A, extremamente na), e o Centro Brasileiro-Argentino de
necessária e cuja deficiência nos animais causa ce- Biotecnologia, desenvolveram variedades transgêni-
gueira. A semente deste transgênico apresenta cor cas de batata resistentes aos vírus "Y" e PLRV, ou ví-
mais amarelada. Também já se desenvolveu o arroz rus do enrolamento das folhas, como é mais
transgênico com elevados níveis de ferro, de forma a conhecido. O primeiro causa o enrugamento das fo-
combater a anemia. Este arroz foi produzido usando- lhas e mosaico. Já o segundo, como já diz o nome,
se genes envolvidos na produção de proteínas capa- provoca o enrolamento. Ambos têm como sintomas a
zes de ligar o ferro e de uma enzima que facilita a redução do porte da planta e do tamanho das folhas e,
disponibilidade de ferro na dieta humana. As plantas quando estão juntos, são capazes de causar 100% de
transgênicas contêm entre 2 e 4 vezes mais ferro do perdas na produção.
que normalmente encontrado no arroz convencional. Mamão - A Embrapa desenvolveu plantas
Principais pesquisas com transgênicos transgênicas de mamão resistentes ao vírus da man-
no Brasil cha anelar. O vírus é considerado o pior inimigo da
cultura de mamão em nível mundial. Além de reduzir
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuá-
o tamanho das folhas, ele diminui também a capaci-
ria (Embrapa), que começou a investir em biotecno-
dade de fotossíntese das plantas, levando à redução
logia na década de 80, desenvolve a maior parte das
de seu crescimento e, conseqüentemente, a perdas
pesquisas no País. Foi na Embrapa Recursos Genéti-
significativas na produção.
cos e Biotecnologia, localizada em Brasília (DF), que
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BIOLOGIA

Tomate - A Embrapa Recursos Genéticos e Indústria biotecnológica


Biotecnologia está iniciando pesquisas de transfor- Um argumento das indústrias biotecnológicas
mação genética para tornar o tomate resistente ao para o consumo do alimento transgênico, seria que,
grupo dos geminivírus, uma das piores pragas dessa no cotidiano, muitas vezes o homem ingere genes e
cultura e que tem inviabilizado o seu cultivo em vá- proteínas virais durante o consumo de plantas não
rias regiões brasileiras. O gene já foi isolado e a pes- transgênicas infectadas.
quisa encontra-se na fase de construção de vetores. Antes que o DNA de uma planta transgênica
Soja - Além das variedades de soja transgênica fosse incorporado ao DNA do homem, ele teria que
para resistência a herbicidas, que já estão desenvolvi- sobreviver num ambiente hostil representado pelos
das e prontas para serem testadas no campo, a Em- ácidos gástricos e nucleases presentes no trato gas-
brapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em trintestinal. Além disso, cada bactéria tem 1 em 10
parceria com a Embrapa Soja, vem desenvolvendo milhões de chances de transferir seu DNA para as
outras pesquisas para a sua transformação genética. bactérias do trato intestinal.
Uma delas, de aplicação para a saúde humana, é para A seguir, o DNA teria que penetrar na parede
expressar o hormônio do crescimento que, por ser intestinal e cruzar a membrana celular, tendo que so-
muito caro, é pouco acessível à população. breviver ao sistema desenvolvido para degradar DNA
O desenvolvimento de plantas transgênicas de exógeno, ainda este DNA teria que ser integrado ao
soja com o hormônio poderá baratear sua produção. genoma do hospedeiro.
Além do hormônio de crescimento, a unidade está in- Outro problema levantado pelos ambientalistas
troduzindo também em plantas de soja, um gene de foi a alergenicidade, alguns pesquisadores afirmam
um anticorpo, que pode ser eficaz na prevenção de que pelo menos 1/3 dos adultos apresentam algum ti-
vários tipos de câncer. Os genes já foram inseridos e po de alergia a determinados alimentos, os sintomas
a equipe já tem sementes transformadas, que estão só se manifestam em 2% da população. Os principais
sendo aperfeiçoadas. Juntamente com a Universidade alimentos que podem provocar alergia são: peixe,
de Brasília (UnB), a Embrapa está também empenha- amendoim, soja, leite, ovos, crustáceos, trigo e nozes.
da em produzir outras proteínas de interesse médico Foi também criada uma polêmica em relação
em plantas de leguminosas. ao uso de antibióticos como marcadores, no entanto,
Algodão - A Embrapa está desenvolvendo vale lembrar que os mesmos sempre foram utilizados
plantas transgênicas de algodão para resistência a na alimentação animal a fim de prevenir doenças e
herbicidas, insetos (com o gene Bt - Bacillus thurin- favorecer seu crescimento.
giensis e outros), doenças fúngicas e bacterianas. As Conclusão
unidades já dominam a técnica de transformação de
O tema “transgênico” ainda é muito polêmico
plantas de algodão e têm genes isolados para resis-
e existem duas linhas muito divergentes argumentado
tência ao bicudo do algodoeiro e a lagartas que ata-
a liberação ou não desses produtos. Para uma melhor
cam essa cultura, mas ainda não existem plantas
conclusão sobre o assunto, ainda serão necessários
prontas.
muitos estudos e avaliações tanto dos efeitos ambien-
Danos ao Meio Ambiente tais, quanto os relativos à saúde humana. Ainda não
Grupos ambientalistas alegam que a melhor se sabe como cada ser humano em particular reagiria
justificativa utilizada pela indústria biotecnológica é com relação ao uso freqüente dos transgênicos. Dessa
a necessidade de produzir alimentos para uma popu- forma, é importante ressaltar que esforços em conjun-
lação em crescimento. Mas, segundo as Nações Uni- to devem ser feitos para investigar os efeitos potenci-
das, o mundo produz uma vez e meia a quantidade de ais no meio ambiente e na saúde humana.
alimentos necessária para alimentar toda a população http://darwin.bio.uci.edu/~tjf/tmf_tgms.html
do planeta. http://www.colband.com.br/ativ/nete/biot/textos/alimentos/003.h
tm
Outro ponto que chama a atenção destes gru- http://www.terra.com.br/reporterterra/transgenicos/pesquisas_br
pos é a preocupação, por parte da indústria biotecno- asil.htm
http://www.agroclubes.com.br
lógica, em desenvolver variedades resistentes a www.ambicenter.com.br/
herbicidas ao invés de variedades que sejam toleran- www.cnpa.embrapa.br
tes a ervas daninhas, plantas fixadoras de nitrogênio http://www.escience.ws/b572/L20/L20.htm
ou resistentes à seca. Os herbicidas causam grande
impacto no meio ambiente, por isso, seria mais inte- ESTUDO DIRIGIDO
ressante o desenvolvimento de plantas que dispensas- 1 As células tronco possuem uma capacidade espe-
sem o uso deles. cial. Explique.

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BIOLOGIA

2 Diferencie melhoramento genético e modificação procedimento fundamenta-se no fato de que essas


genética (ou transgenia). células tronco
a) podem ser usadas para a clonagem de células
sadias do paciente.
b) não serão afetadas pela doença, já que foram
diferenciadas em outra pessoa.
3 Cite algumas utilidades da transgenia para a agri- c) secretam substâncias que inibem o crescimento
cultura. celular.
d) podem dar origem a linfócitos T que, por sua
vez, ingerem os leucócitos em excesso.
e) podem dar origem a todos os diferentes tipos de
células sangüíneas.
EXERCÍCIOS

1 Com relação à Biotecnologia, julgue os itens. 4 A pesquisa com células tronco tem-se tornado de
1 Um exemplo de biotecnologia é o uso de bac- grande importância para a recuperação de órgãos
térias no controle de pragas agrícolas como bi- lesionados que não têm capacidade de regenera-
oinseticidas. ção de suas células. As células tronco têm grande
2 A produção de alimentos transgênicos deu-se poder de regeneração porque:
graças à utilização da biotecnologia. a) têm todos os seus genes funcionando.
3 A clonagem e o projeto genoma humano são b) todos os seus genes estão desligados.
consideradas perdas de tempo e dinheiro, uma c) têm alto grau de especialização.
vez que já existem muitos seres vivos na Terra. d) são pouco especializadas.
4 A técnica de formação de um animal ou vege- e) não se reproduzem com facilidade.
tal transgênico consiste na retirada de um gene
de um ser e implante do material genético em
outro ser. 5 O melhoramento de plantas consiste basicamente
em modificar seu patrimônio genético com a fi-
nalidade de obter variedades capazes de apresen-
2 Alimentos transgênicos são bons ou ruins para a tar o maior rendimento possível, com produtos de
saúde? Esta é uma dúvida muito comum entre a alta qualidade. No entanto, não se sabe os efeitos
população. Até hoje não existe nenhuma pesquisa que isto provoca à saúde daqueles que ingerem
que comprove os efeitos tóxicos ou somente as constantemente estes produtos. Por isso, o gover-
vantagens destes alimentos. Os estudos que estão no brasileiro exigiu que nas embalagens estivesse
sendo feitos nesta área devem durar um longo explícito se a mercadoria é um transgênico ou
tempo para que possam mostrar qualquer tipo de não. Dessa forma, as pessoas sabem seguramente
alteração no indivíduo, mesmo que a eventual aquilo que estão comendo. Supondo-se que uma
modificação não seja relevante. O que existe hoje hortaliça transgênica heterozigota foi cruzada
é muita especulação a respeito destes alimentos. com uma homozigota recessiva, qual a probabi-
O mais sensato é esperar “que bicho vai dar”. lidade de ter um descendente recessivo?
Segundo seus conhecimentos sobre material ge- a) 0%.
nético, julgue os itens: b) 25%.
1 O RNA se difere do DNA somente por apre- c) 75%.
sentar fita simples. d) 50%.
2 As bases nitrogenadas púricas (adenina e gua-
nina) se ligam obrigatoriamente às bases piri-
mídicas (citosina, timina ou uracila). GABARITO
3 A duplicação do DNA também é chamada de
replicação. Estudo Dirigido
4 Durante a duplicação do material genético
podem ocorrer mutações, afetando o indivíduo. 1 As células tronco acompanham o ser vivo desde
a sua criação. Depois elas se diferenciam em cé-
lulas do coração, do cérebro, da coluna vertebral
3 O tratamento da leucemia por meio dos trans- ou em outras células do organismo. Esta é uma
plantes de medula óssea tem por princípio a capacidade especial e única das células tronco,
transferência de células tronco da medula de um porque as outras células só se diferenciam em um
indivíduo sadio para o indivíduo afetado. Tal tipo específico de tecido.
Editora Exato 37
BIOLOGIA

2 O melhoramento genético é baseado na combi- 4. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA


nação genética de duas plantas da mesma espécie
por meio de cruzamento sexual ou, em alguns ca- BIRNER, Ernesto. UZUNIAN, Armênio Biolo-
sos, entre plantas de espécies diferentes, mas do gia. Volume único.. Ensino Médio. Editora
mesmo gênero, com grandes semelhanças entre Harbra.
si. Os descendentes desse cruzamento são sele- ADOLFO, Augusto. CROZETTA, Marcos e
cionados, escolhendo-se apenas aqueles indiví- LAGO, Samuel Ramos. Biologia-Coleção Vi-
duos que tenham as características desejadas. tória-Régia.. categoria: Ensino Médio. Editora
IBEP.
3 Resistência a pragas; colheitas mais abundantes; FONSECA, Albino. Biologia – Curso Comple-
uso de terras marginalizadas; benefícios nutricio- to.. Horizontes. Editora IBEP.
nais. FONSECA, Albino. Sistema de Ensino IBEP -
Exercícios Apostila – Biologia.. Editora IBEP.
MARTHO, Gilberto Rodrigues. AMABIS, José
1 C, C, E C Mariano Biologia - Volume 1 - Das células -
2 E, E, C, C Origem da vida, Citologia, Histologia e Em-
briologia. 2ª edição.. Editora Moderna.
3 E
MARTHO, Gilberto Rodrigues. AMABIS, José
4 D Mariano Biologia - Volume 2 - Das células -
Origem da vida, Citologia, Histologia e Em-
5 D
briologia. 2ª edição.. Editora Moderna.
MARTHO, Gilberto Rodrigues. AMABIS, José
Mariano Biologia - Volume 3 - Das células -
Origem da vida, Citologia, Histologia e Em-
briologia. 2ª edição.. Editora Moderna.
GEWANDSZNAJDER, Fernando. LINHA-
RES, Sérgio. Biologia - Série Brasil. Volume
Único.. Editora. Ática.
PAULINO, Wilson Roberto. Biologia - Volume
Único. . Editora Ática.
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ble strategies for producing foreign molecules
in plants. Curr Opinion in Plant Biol 7:189–
195, 2004.

Editora Exato 38
BIOLOGIA

GENÉTICA
mamíferos, por X e Y. Nas células somáticas, os
HERANÇA MENDELI- cromossomos organizam-se aos pares, fala-se então
em pares de cromossomos homólogos.
ANA Genes
São segmentos de DNA com informações so-
1. HEREDITARIEDADE bre a síntese de determinada proteína, normalmente
uma enzima.
Desde séculos, o homem estabeleceu que, nu- Os gens alelos ou alelomorfos são aqueles que
ma infinita diversidade de formas, as gerações se su- se encontram em mesmo “locus” de cromossomos
cedem de tal modo que semelhante origina homólogos.
semelhante.
A noção de hereditariedade impõe-se, de fato, Os genes dominantes são aqueles que mani-
pela simples observação do mundo que nos rodeia. festam seu efeito tanto em dose dupla, quanto em do-
Na tentativa de explicar o modo como são se simples. Já os genes recessivos, normalmente,
transmitidas as características hereditárias foram sur- somente manifestam seu efeito quando estão em dose
gindo várias teorias, entre as quais a da hereditarie- dupla.
dade sangüínea. Segundo este modelo teórico, na Os genes letais quando se expressam causam a
reprodução dos animais, os fatores responsáveis pelas morte do indivíduo (ou até mesmo impede o seu nas-
características flutuavam no sangue dos dois progeni- cimento). Normalmente, esses genes atuam quando
tores e passavam para o ovo. Hoje, a nossa lingua- estão em homozigose.
gem retém ainda reminiscências que refletem esta Genótipo
explicação. É o caso de frases comuns como: “está no É o patrimônio hereditário de um indivíduo, is-
sangue”; “sangue azul”; “irmão de sangue”; “tem to é, a bagagem de gens que é recebida dos pais; mais
sangue ruim”. Mas nem sempre os modelos teóricos especificamente, genótipo é representado pelos gens
estabelecidos são compatíveis com os resultados ob- alelos de um indivíduo para um citado caráter.
servados. Fenótipo
Há cerca de 150 anos, um monge agostinho, É a manifestação de uma constituição hereditá-
Gregor Mendel (1822-1881), que ensinava ciências ria de um indivíduo. O fenótipo refere-se à caracterís-
na Escola Secundária, nos arredores do Mosteiro de tica detectável através de métodos diretos ou
Brünn, na antiga Checoslováquia, utilizando ervilhas indiretos.
da espécie Pisum sativum, fez experiências cujos re-
sultados constituíram as bases científicas da trans- Fenótipo = Genótipo + Meio ambiente
missão dos caracteres hereditários. Homozigoto ou puro
Mendel não pertencia a nenhuma instituição É aquele indivíduo que para um citado caráter
acadêmica como seria de supor. A sua horta foi o la- apresenta gens alelos iguais - dominantes ou recessi-
boratório onde demonstrou que a transmissão dos ca- vos.
racteres não é ambígua, mas pode ser prevista. Exemplo:
Mendel lançou as bases científicas da Genéti- AA ou aa
ca, ciência que estuda o modo de transmissão dos ge- Heterozigoto ou híbrido
nes, e a sua expressão a nível celular e do organismo. É aquele que para um citado caráter apresenta
Os seus conceitos fundamentam grande parte da Bio- gens alelos diferentes - um dominante e um recessi-
logia moderna e relacionam-se com muitos dos gran- vo.
des problemas do Homem de hoje.
Exemplo:
Conceito Básicos em Genética Aa = “olhos castanhos recessivos para azuis”.
Cromossomos
São estruturas nucleares formadas por DNA
associado a proteínas. Os cromossomos autossomos
contêm os gens responsáveis pelos caracteres somáti-
cos de um indivíduo, determinando as características
físicas do indivíduo. Já, os cromossomos alossomos
são responsáveis pelos caracteres sexuais primários e
secundários de um indivíduo. São representados, nos
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2. PRIMEIRA LEI DE MENDEL


A A a a A a
Hereditariedade autossômica com do-
minância
Gregor Mendel, além de professor, tinha ainda
a seu cargo a supervisão dos jardins do mosteiro onde
Homozigoto Homozigoto Heterozigoto residia. Como desempenhou o seu cargo de professor
dominante recessivo pouco sabemos, mas, quanto ao trabalho desenvolvi-
do nos jardins, os resultados chegaram até hoje.
Cruzamento-teste Mendel trabalhou com várias plantas e alguns
É o teste em que o indivíduo com o fenótipo animais, mas os seus melhores resultados foram obti-
dominante e genótipo suspeito é cruzado com um dos com a ervilha de cheiro, Pisum sativum. Esta
homozigoto recessivo para a mesma característica. planta apresenta características que a tornam um ex-
celente material de experimentação:
Homozigoto Homozigoto  Possui caracteres bem diferenciados e cons-
dominante recessivo
AA aa tantes, que se reconhecem facilmente.
X  É fácil de cultivar e tem crescimento rápi-
do, o que permite a obtenção de várias ge-
Aa Aa Aa Aa rações em pouco tempo.
 As suas flores possuem uma corola muito
100% heterozigotos Homozigoto especial, onde normalmente se verifica a
Heterozigoto

recessivo
Aa aa autopolinização.
X

Aa aa
50% 50%

Retrocruzamento
No retrocruzamento, o indivíduo cujo genótipo
se deseja conhecer é cruzado com o progenitor de
genótipo homozigoto recessivo e, como resultado,
surgirão dois tipos de descendentes em iguais pro-
porções.
Cruzamento Consangüíneo
É o cruzamento entre indivíduos aparentados
por descendência, por exemplo, primos em primeiro  A estrutura da corola não permite a entrada
grau. Em geral, quanto maior o grau de consangüini- de pólen estranho, evitando assim perturba-
dade, maiores os riscos de aparecimento de caracte- ções devidas a cruzamentos não desejados.
rísticas deletérias na prole.
Fenocópia
É uma alteração que imita uma característica
originariamente determinada por um gen específico.
Cariótipo
É o conjunto de características formado desde
o número, tamanho, forma e estrutura dos cromos-
somos de uma célula diplóide.
Genoma Para efetuar cruzamentos entre plantas diferen-
É o termo usado para fazer referência à carga tes, pode realizar-se a polinização cruzada artificial.
de gens de uma célula gamética, espermatozóide ou Nesta técnica, cortam-se os estames ainda imaturos
óvulo. das flores de um dos progenitores e polvilham-se os
estigmas dessas flores com pólen proveniente das an-
teras das flores do outro progenitor.

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Nos estudos que realizou, Mendel trabalhou Ao deixar que os híbridos se autopolinizassem,
com sete características diferentes, bem distintas u- Mendel obteve 929 sementes que, semeadas, origina-
mas das outras. ram uma 2ª geração, que costuma representar-se por
F2, em que aparecem indivíduos com flores verme-
Órgão Carácter Formas antagônicas do carácter lhas e indivíduos com flores brancas, numa propor-
ção aproximada de 3 para 1.
Cor da semente
Na interpretação dos resultados experimentais
Semente Amarela Verde obtidos, Mendel propôs:
Forma da semente
Rugosa
 Cada organismo contém dois fatores para
Lisa
cada caráter.
Cor da corola
Púrpura Branca
 Na formação dos gametas, os fatores sepa-
Flor ram-se de tal modo que cada gameta con-
Disposição das flores
Axial Terminal
tém um só fator de cada par (pureza dos
gametas).
Cor da vagem
Verde Amarela Este princípio é conhecido por princípio da
Vagem
segregação fatorial.
Forma da vagem
Lisa Rugosa
No caso da geração parental, cada progenitor
possui dois fatores iguais. Um dos progenitores tem
Caule
Tamanho do caule
dois fatores responsáveis pela cor vermelha e os ou-
tros dois fatores responsáveis pela cor branca.
Cada indivíduo da geração F1 resulta da união
Alto Baixo
de dois gametas que transportam, cada um deles, um
fator antagônico, possuindo portanto os dois fatores,
Para cada uma destas características, e durante
um par da cor vermelha e outro para a cor branca.
dois anos, tentou isolar linhas puras, isto é, plantas
O fator que condiciona o aparecimento do ca-
que, autopolinizadas, originam uma descendência
racter branco encontra-se de fato nos indivíduos da
que é sempre toda igual entre si, e igual aos progeni-
geração F1. Só assim se explica que venha mais tarde
tores relativamente à característica considerada. Por
a surgir nos seus descendentes.
exemplo, plantas altas cruzadas com plantas altas, o- Como nos indivíduos da geração F1, os dois fa-
riginam sempre plantas altas.
tores se encontram em presença um do outro e só o
3. O EXPERIMENTO DE MENDEL vermelho se manifesta, chama-se a este fator domi-
nante em relação ao branco, que se chama fator re-
Um princípio fundamental em investigação bi- cessivo pelo fato de não se manifestar quando em
ológica consiste em dividir um problema complexo presença do dominante correspondente.
em problemas simples. Uma das razões por que Além de trabalhar com o caráter cor da corola,
Mendel foi bem sucedido deve-se ao fato de ter se- Mendel efetuou outras experiências de monoibridis-
guido este princípio. Em vez de estudar a hereditarie- mo, envolvendo outros caracteres. A tabela apresenta
dade no seu todo, debruçou-se sobre sete caracteres, os resultados obtidos, relativamente aos sete pares de
iniciando os seus trabalhos com a análise do que se caracteres contrastantes estudados por Mendel.
passava em relação a apenas um, isoladamente - mo-
noibridismo.
Começou por efetuar cruzamentos entre indi-
víduos pertencentes a linhas puras, previamente iso-
ladas - cruzamento parental.
O caráter em estudo assumia em cada um dos
progenitores aspectos antagônicos. Por exemplo, o
caracter cor da corola poderia apresentar-se sob dois
aspectos: o branco e a púrpura.
Para conseguir este cruzamento, Mendel recor-
reu à polinização cruzada, impedindo o processo na-
tural de autopolinização cruzada. As sementes
colhidas nas plantas deste cruzamento deram origem
à ervilheira de corola vermelha. Esta geração filial
designa-se por geração F1, ou híbridos da primeira
geração.

Editora Exato 41
BIOLOGIA

Experiências de Mendel com ervilhas Geração F2


Caracter Dominante Recessivo dominante recessivo Total
Forma da semente Lisa Rugosa 5474 1850 7324
Cor da semente Amarela Verde 6022 2001 8023
Posição da flor Axial Terminal 651 207 858
Cor da flor Vermelha Branca 705 224 929
Forma da vagem Lisa Rugosa 882 299 1181
Cor da vagem Verde Amarela 428 152 580
Tamanho do caule Alto Baixo 787 277 1064

Em todos os casos, a análise dos dados revela dentes, em cromossomas homólogos. A zona de um
que: cromossoma onde se situa um gene designa-se por
 A geração F1 é uniforme em relação ao cará- locus. Os dois alelos que controlam um dado caracter
ter em estudo, manifestando o fator dominan- estão localizados em loci (plural de locus) correspon-
te. dentes nos dois cromossomas.
 Na geração F2, a proporção da característica Cada organismo possui uma constituição gené-
determinada pelo fator dominante em relação tica própria, da qual dependem as suas característi-
ao recessivo é aproximadamente 3/4 para 1/4 cas. O termo genótipo é usado para designar a
(3 para 1). constituição genética de um indivíduo. Aos caracte-
res que o indivíduo manifesta, resultantes da sua
Por convenção, pode representar-se o fator que constituição genética, foi atribuído o termo fenótipo.
condiciona a forma dominante pela letra inicial mai- Este corresponde ao modo como o genótipo se ex-
úscula da característica (neste caso, V) e o que condi- pressa. Assim, no exemplo apresentado, a cor verme-
ciona a forma recessiva pela mesma inicial, mas lha das corolas, fenótipo, pode corresponder a dois
minúscula (v). genótipos diferentes (Vv ou VV) em que V represen-
Nos indivíduos da geração F1, existem dois fa- ta o alelo para a cor vermelha e v, o alelo para a cor
tores (Vv), cada um recebido através dos gametas dos branca.
respectivos progenitores. Um transmite o fator V e o Árvores genealógicas ou heredogra-
outro o fator v.
mas
Quando se formam os gametas dos indivíduos
da geração F1, os dois fatores em causa separam-se O heredograma é uma prática representação
novamente, levando cada gameta apenas um dos fato- gráfica usada em genética e que permite a análise
res, dominante (V) ou recessivo (v). concomitante de várias gerações.
Na fecundação, vão-se juntar dois gametas ao Os símbolos usados na confecção dos heredro-
acaso, formando-se zigotos com todos os tipos de gramas são:
combinações possíveis dos respectivos fatores. Em
conseqüência disso, os indivíduos da geração F2 po-
dem ter dois fatores iguais ou diferentes em relação à
cor vermelha, aparecendo indivíduos que possuem os Portadora G êmeos Gêmeos
Afetado Casamento
dois fatores que condicionam corolas vermelhas, VV, heterozigota monozigóticos n dizigóticos
Principais símbolos usados
manifestando-se o dominante. Embora sejam todos
vermelhos, a sua composição fatorial é diferente.
Surgem ainda indivíduos produtores de flores Albinos
Normais
brancas cuja composição fatorial é vv. 1 2

Como se interpretam hoje esses resul-


tados? 3 4 5 6

Os fatores considerados por Mendel responsá-


veis pela transmissão das características hereditárias
correspondem a segmentos da molécula de DNA e 7 8 9 10 11 12 13 14

designam-se por genes. Os genes podem apresentar Exemplo de heredograma

formas alternativas responsáveis pelos caracteres


contrastantes. O estudo da transmissão genética na espécie
Tais formas alternativas de um mesmo gene humana reveste-se de dificuldades especiais devidas
são chamadas alelos e ocupam posições correspon- não só ao elevado número de cromossomas e ao pe-
queno número de indivíduos por geração, mas tam-
Editora Exato 42
BIOLOGIA

bém ao fato de, na espécie humana, os cruzamentos


experimentais não serem possíveis. Os geneticistas
recorrem freqüentemente à análise de árvores genea-
lógicas.
Cada um de nós nasceu dos seus pais e estes,
por sua vez, resultaram dos pais deles e assim suces-
sivamente. Construir a árvore genealógica, de um in-
divíduo implica traçar para trás a sua história através
dos pais, dos avós, dos bisavós etc. A análise dessa
história pode ser usada para averiguar o modo como
certas características são herdadas ao longo das gera-
ções.
Para construir uma árvore genealógica em re-
lação ao caráter em estudo, o geneticista junta aspec-
tos fenotípicos dos membros da família relativos a
várias gerações. Da sua análise, pode determinar-se a
origem de certas anomalias ou inferir sobre riscos da
sua transmissão em gerações futuras.
Por exemplo, na alteração genética conhecida
por albinismo, que se reflete numa incapacidade de
sintetizar o pigmento melanina, os indivíduos possu-
em cabelos e pêlos brancos, a pele é igualmente
branca e os olhos vermelhos (a ausência de pigmento
na íris permite ver o fundo do olho em transparência).
Se um gene recessivo é raro, como são muitos
dos que determinam anormalidades, a probabilidade 4. QUADRO DE PUNNET
de dois indivíduos serem heterozigóticos para esse
alelo é muito maior se forem da mesma família e por- É o método freqüentemente utilizado para de-
tanto, tiverem ancestrais comuns. São os casamentos terminar os tipos de zigotos produzidos pela fusão de
entre heterozigóticos que permitem a expressão feno- gametas dos parentais.
típica de alelos recessivos.
G ametas
Mas nem sempre as anomalias são determina-
das por genes recessivos. R r
A polidactilia, ou seja, um número excessivo
de dedos nas mãos ou nos pés, é uma anomalia de-
terminada geneticamente por um alelo dominante. R RR Rr
G ametas

Zigotos

Distribui-se um pouco por todo o mundo, mas é par-


ticularmente freqüente na República da Ucrânia. r Rr rr
Quando um indivíduo manifesta a anomalia,
pelo menos um dos progenitores também a possui. Zigotos
Além disso, quando um dos elementos do casal tem
polidactilia, aproximadamente metade da sua descen- Interpretação
dência é afetada.
Estas ocorrências estão normalmente associa- RR → 25%; 1/4 ou 0,25
das à expressão de um alelo dominante. Rr → 50%; 1/2 ou 0,5
Além do albinismo e da polidactilia, existem rr → 25%; 1/4 ou 0,25
muitos outros caracteres do fenótipo de um indivíduo
que são transmitidos geneticamente por um par de a- 5. HERANÇA SEM DOMINÂNCIA
lelos.
Até o momento, vimos que os indivíduos ho-
mozigotos dominantes e os heterozigotos possuem o
mesmo fenótipo. No entanto, existe uma situação em
que esse fato não é confirmado, pois os heterozigotos
apresentam fenótipo intermediário entre os homozi-
gotos dominantes e homozigotos recessivos. Essa si-
tuação ilustra a chamada ausência de dominância,
Editora Exato 43
BIOLOGIA

também conhecida como co-dominância. Um exem- EXERCÍCIOS


plo desse tipo de herança são as flores da planta ma-
ravilha. Nelas, as flores podem ter cor vermelha, 1 (UFF-RJ) A cor dos pêlos em coelhos é definida
branca ou rosa. Plantas que produzem flores cor-de- geneticamente. No entanto, coelhos da variedade
rosa são heterozigotas, enquanto os outros dois fenó- Himalaia podem ter a cor dos seus pêlos alterada
tipos são devidos à situação homozigota. Supondo em função da temperatura. Isto indica que o am-
que o gene B determine a cor vermelha, e o gene b, biente influencia:
cor branca, teríamos.: a) o fenótipo apenas na idade adulta.
BB → flor vermelha b) o genótipo da população.
bb → flor branca c) o genótipo e o fenótipo.
Bb → flor cor-de-rosa d) o genótipo apenas para cor dos pêlos.
e) o fenótipo dos indivíduos.
6. GENES LETAIS: OS GENES QUE MATAM
As mutações que ocorrem nos seres vivos são 2 (PUC-RJ) "Cada caráter é condicionado por um
totalmente aleatórias e, às vezes, surgem variedades par de fatores que se separa na formação dos ga-
gênicas que provocam a morte do portador antes do metas." Mendel, ao enunciar esta lei, já admitia,
nascimento ou, caso ele sobreviva, antes de ser atin- embora sem conhecer, a existência da seguinte
gida a maturidade sexual. Esses genes, que conduzem estrutura e processo, respectivamente:
à morte do portador, são conhecidos como genes le- a) cromossomos; mitose.
tais. b) núcleos; meiose.
Conhecem-se alguns casos de genes, cuja ação c) núcleos; mitose.
produz alterações metabólicas que tornam inviáveis d) genes; mitose.
os seus portadores. É o caso de uma variedade de
e) genes; meiose.
planta conhecida como boca-de-leão que, devido a
um gene letal, nasce totalmente amarelada e despro-
vida de clorofila; sendo incapaz de realizar fotossín- 3 (Fuvest-SP) O gene autossômico, que condicio-
tese, a planta morre cedo, logo após a germinação da na pêlos curtos em cobaias, é dominante em rela-
semente. ção ao gene que determine pêlos longos. Do
Em animais, um exemplo de gene letal é um cruzamento de cobaias heterozigotos nasceram
gene recessivo em gado bovino, que condiciona au- 320 cobaias, das quais 240 tinham pêlos curtos.
sência de patas. Os bezerros com essa anomalia são Entre as cobaias de pêlo curto, o número espera-
conhecidos como amputados e, de modo geral, são do de heterozigotos é:
abortados e morrem. O gene atua na forma recessiva a) 45.
e, em heterozigose, não se manifesta. b) 60.
c) 90.
ESTUDO DIRIGIDO d) 160.
e) 180.
1 Diferencie genes dominantes e genes recessivos.

4 (PUCC-SP) Quando um cruzamento entre ratos


negros e brancos produz descendentes apenas ne-
2 Caracterize genótipo e fenótipo.
gros, e possível afirmar que:
a) os pais têm genótipo aguais.
b) todos os descendentes são homozigotos.
3 O que é retrocruzamento? c) houve mutação.
d) os pais têm o mesmo fenótipo.
e) os pais são homozigotos.
4 O que é genoma?
5 (Cesgranrio-RJ) A Dentinogenesis imperfecta é
uma doença hereditária dominante em relação à
condição normal. Assinale a alternativa que a-
5 Defina herança sem dominância. presenta probabilidade de uma criança nascer
com a doença, considerando que entre os quatro
avos, apenas um era doente e homozigoto:
a) 0%.
Editora Exato 44
BIOLOGIA

b) 50%. 10 Na espécie humana, há um tipo de surdez que é


c) 100%. determinada por um gene recessivo. Analise o
d) 25%. heredograma abaixo:
e) 75%.

6 (DESU) Na espécie humana, a característica des-


tra é condicionada por um gene dominante C, e a
característica canhota, por um gen recessivo c.
Uma mulher destra, homozigota, casa-se com um
homem canhoto. O genótipo e o fenótipo de seus
filhos serão, possivelmente:
Genótipo Fenótipo
a) CC destro
b) Cc destro
c) Cc canhoto
d) cc canhoto

O genótipo dos indivíduos 1, 5 e 6 são respecti-


7 Um rapaz tem uma característica genética que o vamente:
impede de distinguir o sinal vermelho do verde. a) Aa; aa; AA
Esse fenômeno não ocorre com suas irmãs. Com b) aa; AA; Aa
relação a esse fato, pode-se afirmar que: c) Aa; Aa. AA
a) o pai apresenta a mesma característica do ra- d) Todos são heterozigotos.
paz.
b) os avós maternos não estão ligados ao proble-
ma do rapaz. GABARITO
c) a mãe do rapaz é portadora genética dessa ca-
racterística. Estudo Dirigido
d) a avó paterna também tem dificuldade na dife-
renciação das cores. 1 Os genes dominantes são aqueles que manifes-
tam seu efeito tanto em dose dupla, quanto em
dose simples. Já os genes recessivos, normal-
8 Observe as afirmativas abaixo: mente, somente manifestam seu efeito quando es-
I – Todo homozigoto é recessivo. tão em dose dupla.
II – Todo recessivo é homozigoto.
2 Genótipo - É o patrimônio hereditário de um in-
III – Todo dominante é homozigoto.
divíduo, isto é, a bagagem de gens que é recebida
Está(ã) CORRETA(s):
dos pais; mais especificamente, genótipo é repre-
a) Somente I.
sentado pelos gens alelos de um indivíduo para
b) Somente II.
um citado caráter. Fenótipo - É a manifestação de
c) Somente I e II.
uma constituição hereditária de um indivíduo. O
d) Somente II e III.
fenótipo refere-se à característica detectável atra-
vés de métodos diretos ou indiretos.
9 O albinismo (ausência de pigmentação da epi- 3 No retrocruzamento, o indivíduo cujo genótipo se
derme) é condicionado por gene recessivo. O ale- deseja conhecer é cruzado com o progenitor de
lo dominante condiciona pigmentação normal. genótipo homozigoto recessivo e, como resulta-
Dois indivíduos normais, netos de uma mesma do, surgirão dois tipos de descendentes em iguais
avó albina e, portanto, primos em primeiro grau, proporções.
tiveram um filho albino. Qual a probabilidade de
ser albina uma outra criança que esse casal venha 4 É o termo usado para fazer referência à carga de
a ter ? gens de uma célula gamética, espermatozóide ou
a) 0%. óvulo.
b) 25%. 5 Existe uma situação em que esse fato não é con-
c) 50%. firmado, pois os heterozigotos apresentam fenóti-
d) 75%. po intermediário entre os homozigotos

Editora Exato 45
BIOLOGIA

dominantes e homozigotos recessivos. Essa situa-


ção ilustra a chamada ausência de dominância,
também conhecida como co-dominância.
Exercícios
1 E
2 E
3 D
4 E
5 B
6 B
7 C
8 B
9 B
10 D

Editora Exato 46
BIOLOGIA

GENÉTICA: POLIALELIA E GRUPOS


SANGÜÍNEOS
1. POLIALELIA OU ALELOS MÚLTIPLOS ma imunológico do indivíduo reconhece como estra-
nhos os antígenos de um sangue diferente do seu.
Nos casos de hereditariedade analisados até Quando os antígenos são introduzidos num organis-
aqui, cada caráter é determinado por um gene que mo que não os possui, provocam a formação de anti-
pode assumir apenas duas formas alélicas, que ocu- corpos. Estes são moléculas protéicas específicas,
pam loci correspondentes em cromossomos homólo- sintetizadas pelo sistema imunológico do indivíduo,
gos. No entanto, para muitas características em resposta ao antígeno para o qual tem grande afi-
determinadas geneticamente, existem na população nidade.
mais de duas formas alélicas que podem ocupar o Os anticorpos existentes no plasma reagem es-
mesmo locus nos cromossomos. Tal grupo de alelos é pecificamente com os antígenos dos glóbulos verme-
designado por série de alelos múltiplos ou polialelos. lhos aglutinando-os no início e destruindo-os depois.
Cada indivíduo, no entanto, só pode apresentar duas A importância desta reação faz com que os antígenos
dessas formas. dos eritrócitos sejam designados por aglutinogênios,
Um exemplo clássico do que foi citado é o que dando-se o nome de aglutininas aos anticorpos que
ocorre na genética da pelagem dos coelhos domésti- lhes correspondem no plasma. Os aglutinogênios das
cos, em que quatro alelos determinam o tipo de pela- hemácias humanas, embora distintos, têm algumas
gem: características comuns agrupando-se em sistemas.
c - selvagem No homem, já foram descritos pelo menos
cch - chinchila quinze sistemas de grupos sangüíneos diferentes, ca-
ch - himalaia da um deles, em regra, relativo a um locus gênico que
Ca - albino determina a presença de antígenos nos eritrócitos.
A relação de dominância entre os genes alelos O grupo sangüíneo de cada pessoa é uma ca-
é: racterística fenotípica fixa e que se transmite heredi-
C > cch > ch > ca tariamente. No sistema ABO há três alelos possíveis:
É importante frisar que, apesar de existirem 04 IA, IB e i, sendo que os dois primeiros genes não apre-
genes alelos determinando a pelagem dos coelhos, sentam dominâncias entre si, mas dominam o tercei-
um animal possui apenas um par desses genes. Assim ro, ou seja, IA = IB > i. Temos, então, seis
sendo, os seguintes genótipos são possíveis: combinações possíveis entre os genes.
 CC ; Ccch ; Cch ; Cc⇒ Selvagem (aguti) Daí, podemos estabelecer um quadro geral:
 Cchcch ; cchch, cchc ⇒ Chinchila
 chch, chc⇒ Himalaia Aglutino-
Agluti-
 cc ⇒ Albino. Fenótipo nina
gênio
O tipo selvagem apresenta coloração uniforme, Genótipo Tipo de Presente
Presente na
e tem uma pelagem da cor cinza-marrom. Um mutan- Sangue no plas-
hemácia
te, conhecido como albino, é bem distinto do tipo ma
selvagem pela falta de pigmento. Além destes, há a- IAIA ou Sangue
A anti-B
inda outros mutantes, entre os quais o chinchila, to- IAi A
talmente colorido e com pelagem prateada, e o IBIB ou Sangue
B anti-A
himalaia, todo branco com exceção das extremidades IBi B
(nariz, cauda e patas). Sangue
IAIB AeB Não há
AB
2. GRUPOS SANGÜÍNEOS
Sangue Anti A e
ii Não há
Sistema ABO O anti B
Os diferentes grupos sangüíneos, muitas vezes 3. TRANSFUSÕES SANGÜÍNEAS
chamados tipos de sangue, são caracterizados pela
presença, na superfície das membranas dos glóbulos Como regra geral, ao se analisar uma transfu-
vermelhos, de determinadas moléculas designadas são, deve-se considerar o aglutinogênio do doador e
por antígenos. Os antígenos são lipoproteínas especí- as aglutininas do receptor. Observe o esquema a se-
ficas que variam conforme o tipo de sangue. O siste- guir, construído com base nessa regra:

Editora Exato 47
BIOLOGIA

0
O AB

A B
A O

AB
Transfusões

Ao se realizar uma transfusão com incompati- O


AB
bilidade, o resultado é a aglutinação, fenômeno de-
corrente da ação das aglutininas do receptor sobre as
hemácias (com aglutinogênios) do receptor. Os a- 5. SISTEMA RH
glomerados sangüíneos resultantes da aglutinação Em 1940, Landsteiner e Wiener injetaram san-
podem causar sérios prejuízos ao receptor, pois são gue de um macaco do gênero Rhesus em coelhos, e
capazes de obliterar vasos sangüíneos. As reações no obtiveram um anticorpo, produzido pelos coelhos,
receptor podem variar de uma simples reação alérgi- que tinha a propriedade de aglutinar as hemácias do
ca à morte. macaco. O antígeno das hemácias do macaco foi de-
Indivíduos com sangue do tipo O, por não te- nominado fator-Rh; o anticorpo produzido pelos coe-
rem aglutinogênios em suas hemácias, são chamados lhos foi chamado de anti-Rh.
de doadores universais. Já os indivíduos com sangue Quando este soro anti-Rh foi testado em mais
do tipo AB não apresentam aglutininas em seu plas- de quatro centenas de indivíduos da população de
ma, aceitam pequenas transfusões de qualquer tipo de Nova Iorque, os pesquisadores percebem que 85%
sangue e são chamados de receptores universais. dessa amostra apresentavam hemácias que reagiam
4. FENÔMENO DE BOMBAIM com o anti-Rh. Ficou claro, então, que esses indiví-
duos apresentavam, em suas hemácias, o antígeno
Os antígenos A e B são sintetizados a partir de Rh, e foram denominados Rh positivo (Rh+). Os in-
um antígeno H sobre o qual agem os genes IA e IB; o divíduos que não apresentaram o fator Rh foram de-
gene i é amorfo, isto é, completamente inativo. O an- nominados Rh negativo (Rh-).
tígeno H, por sua vez, é produzido pela ação de um A hipótese aceita atualmente para explicar a
gene H sobre uma substância precursora; também herança do sistema Rh é de que ele seja determinado
neste caso o alelo h é amorfo, visto que não altera o pela ação de um par de genes alelos independentes
substrato. dos genes que determinam o sistema ABO. Dessa
Assim sendo, uma pessoa pode ser desprovida forma, o gene dominante D determina a produção do
de antígenos a e/ou b em suas hemácias tanto, devido fator Rh, enquanto seu alelo d não determina a pro-
ao fato de não possuir os genes ia e/ou ib, como por dução desse antígeno.
ser homozigota para o gene h. Neste último caso, as Quando indivíduos negativos recebem sangue
enzimas produzidas pelo genes ia e/ou ib não têm a Rh positivo podem produzir anticorpos anti – Rh.
substância sobre a qual agem, isto é, não existe o an- Observe a tabela a seguir:
tígeno h; por isso, não há produção dos antígenos a
e/ou b, mesmo que os genes ia e/ou ib estejam presen- Genótipo Grupo Hemácia Plasma
tes. Uma pessoa nessas condições será falsamente do DD ou Dd Rh positivo Fator Rh ----
grupo O, pois, embora seja desprovida de antígenos a Anticorpos
e/ou b, possui os genes IA e/ou IB, podendo transmiti- anti Rh a-
los à sua descendência. pós o con-
No heredograma abaixo, representamos o fe- Rh negati- Sem o fator
dd tato com
nótipo, isto é, os grupos sangüíneos de uma família vo Rh
hemácias
onde ocorre este fato: Rh positi-
vas

Editora Exato 48
BIOLOGIA

6. SISTEMA RH E ERITROBLASTOSE FE- 7. SISTEMA MN


TAL Da mesma forma como se preparam anticorpos
Doença conhecida também como Doença He- anti-Rh, pode-se conseguir a produção de outros anti-
molítica do Recém-nascido (DHRN) afeta ambos os corpos injetando sangue humano em coelhos. Assim,
sexos e se caracteriza pela destruição das hemácias foram separados do soro de coelhos sensibilizados
fetais por anticorpos da mãe e conseqüente anemia. vários anticorpos, por exemplo: os anti-M e anti-N.
Para combatê-la, ocorre uma hiperplasia medular (ós- As hemácias humanas podem reagir de três formas
sea) nas zonas hematopoiéticas do baço. A necessi- diferentes frente a esses anticorpos, como se vê no
dade de hemácias conduz ao lançamento, na corrente quadro abaixo:
sangüínea, de hemácias imaturas, o que resulta em
deficiência no transporte de oxigênio. G rupo san-
Aglutinogênio Reação com guíneo (fenó- G enótipo
Para que ocorra a doença, são necesá- tipo)
rios alguns eventos: ANTI-M ANTI-N
M + M MM
1. Sendo a mãe Rh- e o pai Rh+, o feto poderá ter o +
N N NN
antígeno Rh em suas hemácias. Caso o pai seja MeN + + MN MN
Rh+ e homozigoto, então, obrigatoriamente, o fi-
lho será Rh+. A herança desses grupos depende de um par de
2. Embora a quantidade de hemácias fetais que po- alelos co-dominantes M e N, que determinam três
derão passar para a circulação materna espontane- genótipos (MM, NN e MN). Esses grupos têm pe-
amente, devido a pequenas hemorragias das quena importância tanto para transfusões como para a
vilosidades placentárias, não seja significativa no determinação de acidentes devido à incompatibilida-
parto, quando a placenta se desloca, alguns milí- de materno-fetal.
metros cúbicos de sangue fetal caem na corrente
circulatória da mãe. 8. LEITURA COMPLEMENTAR
3. O contato com as hemácias fetais Rh + faz com Os testes de paternidade com base nos grupos
que a mãe se sensibilize contra o antígeno Rh. sangüíneos não são definitivos, pois podem negar a
Uma vez que a mãe é sensibilizada, passará a paternidade, mas não permitem confirmá-la.
produzir anticorpos anti-Rh, que permanecerão Atualmente, testes mais sofisticados permitem
em sua circulação. Como este anticorpo se forma confirmar a paternidade com 99.9% de certeza. São
lentamente, a criança nascerá antes que ele atinja testes feitos comparando-se os DNAs da criança, da
concentrações “perigosas”. mãe, dos possíveis pais.
4. Numa segunda gestação, caso a criança seja tam- Nesses testes, o DNA extraído da célula (ge-
bém de Rh+ os anticorpos pré-elaborados da mãe, ralmente glóbulos brancos do sangue) de um indiví-
passarão para a criança. A partir daí, dá-se a rea- duo é quebrado por ação enzimática em pequenos
ção de aglutinação com destruição das hemácias pedaços. Essa quebra, no entanto, não é aleatória; é
fetais. direcionada para que ocorra em certos locais do
DNA, isolando trechos formados por seqüências de
a) Hemácias Rh do feto passam à circulação materna.
bases nitrogenadas que têm características muito pe-
b) O organismo materno produz anticorpos anti-Rh.
c) Os anti-Rh, ao penetrarem na circulação fetal, culiares. São seqüências de função ainda desconheci-
destroem as hemácias do feto (hemólise).
da, que não codificam proteínas. Essas seqüências
b)
são formadas por pequeno número de bases nitroge-
O anticorpo anti-Rh
é produzido pelo
nadas (de 4 a 40), constituindo unidades. Repetições
organismo materno.
dessas unidades podem estar espalhadas por todo o
DNA ou concentradas em séries ao longo de trechos
c)
Passagem de anti-Rh
do DNA. Quando se quebra o DNA, o que se preten-
para o feto de isolar são exatamente essas séries. Isto porque se
a)
constatou que a extensão e a repetição dessas séries
Passagem de
hemácias fetais
no DNA variam de indivíduo para indivíduo, de tal
para a mãe.
modo que cada pessoa tem uma combinação que é só
sua. Constatou-se também que o padrão de diferentes
tamanhos dessas séries é herdado da mesma maneira
A gênese da eritroblastose fetal

Editora Exato 49
BIOLOGIA

que os genes: o indivíduo recebe metade do padrão e) que a pessoa só possui genes recessivos.
do pai e metade da mãe.
Valendo-se dessas informações é que são fei-
tos os testes de paternidade com base no DNA. Nes- 2 (Cesgranrio-RJ) O sistema abaixo apresenta
ses testes, comparam-se o padrão de séries do DNA possíveis transfusões entre indivíduos dos grupos
da criança com o dos possíveis pais. Os pais verda- sangüíneos do sistema ABO:
deiros são aqueles cujos padrões de repetição das u- AB
nidades do DNA encontram-se registrados no DNA
da criança, sendo metade dos padrões igual ao da A AB B
mãe e metade igual ao do pai.
A O B
A identificação dessas séries é feita, simplifi-
cadamente, do seguinte modo: os pedaços de DNA
O
são quebrados uns dos outros, por eletroforese, em
uma placa gelatinosa. Após a separação, adicionam- A partir do esquema, podemos concluir que:
se ao meio sondas, que são trechos conhecidos de a) B tem aglutinogênio A e aglutinina B.
DNA, com bases nitrogenadas radiativas. As bases b) A tem aglutinogênio a e aglutinina A.
dessas sondas pareiam-se com os segmentos isolados c) O tem aglutinogênio A e B.
de DNA, marcando-os com a radiatividade. A seguir, d) AB não tem nenhum dos aglutinogênios.
a placa de gelatina é colocada sob um filme fotográ- e) AB não tem nenhuma das aglutininas.
fico virgem, no escuro. Após algum tempo, cada sé-
rie deixa sua impressão no filme. O resultado é uma 3 (IMS-SP) Em uma criança do grupo sangüíneo A
imagem fotográfica semelhante a um código de bar- e filha de uma mulher do grupo sangüíneo B, o
ras. Esses códigos são tão exclusivos de um indiví- grupo sangüíneo do pai deve ser:
duo como são suas impressões digitais, não existindo a) A.
dois indivíduos com o mesmo “código de barras” b) A ou AB.
(com exceção, é claro dos gêmeos univitelinos). c) AB ou O.
d) B ou O.
ESTUDO DIRIGIDO
e) Nenhuma das alternativas.
1 Defina polialelia.
4 O rei Salomão resolveu uma disputa entre duas
mulheres que reclamavam a posse de uma crian-
2 O que são antígenos? ça. Ao propor dividir a criança ao meio, uma das
mulheres desistiu. O rei, então, concluiu que a-
quela que havia desistido era de fato a mãe ver-
dadeira. Nos tribunais modernos, um juiz pode
3 Por que os indivíduos O são considerados doado- utilizar a análise dos grupos sangüíneos e teste de
res universais e os indivíduos AB receptores uni- DNA para ajudar a solucionar questões seme-
versais? lhantes. Analisando uma situação em que uma
mulher chamada Joana, de sangue A, atribuía a
paternidade de seu filho, de sangue O, a um ho-
mem chamado Paulo, de sangue B, o juiz não pô-
4 O que é Eritroblastose fetal?
de chegar a nenhuma decisão conclusiva.
Baseado no texto e em conhecimentos correlatos,
julgue os itens.
EXERCÍCIOS 1 Um homem do grupo sangüíneo B pode ser he-
terozigoto e, portanto, pai do filho de Joana.
1 (Unifor-CE) Determinando-se, através de teste 2 Se Paulo fosse do grupo AB não poderia ser o
bioquímico, que uma pessoa pertence ao grupo pai da criança com sangue tipo O.
sangüíneo A, está determinado, em relação ao 3 A análise dos grupos sangüíneos do sistema
grupo ABO: ABO não apresenta nenhuma utilidade no es-
a) o fenótipo da pessoa. clarecimento de paternidade duvidosa. O único
b) o genótipo da pessoa. teste capaz de incluir Paulo na lista dos prová-
c) que a pessoa é homozigoto. veis pais biológicos seria o teste de DNA, que
d) que a pessoa é heterozigota. é capaz de comparar as seqüências de bases ni-

Editora Exato 50
BIOLOGIA

trogenadas de "pais" e "filhos", com acerto de d) a mãe é Rh- e o pai é Rh-


aproximadamente 99,9%.

4 Se Paulo e Joana forem os pais biológicos da


criança com sangue tipo O, haverá 25% de GABARITO
chances desse casal ter uma criança com san-
gue do tipo O ou B em uma próxima gestação. Estudo Dirigido
1 Quando existe 3 ou mais tipos de alelos diversos
5 Em uma família, o homem é do grupo sangüíneo para o mesmo locus cromossômico.
A, homozigoto. A mulher é do grupo sangüíneo 2 São lipoproteínas específicas, que variam con-
O e as crianças são dos grupos A, AB e O. Quais forme o tipo de sangue.
das crianças são adotivas?
a) AB e O. 3 Indivíduos com sangue do tipo O, por não terem
b) A e O. aglutinogênios em suas hemácias, são chamados
c) A e AB. de doadores universais. Já os indivíduos com
d) O e B. sangue do tipo AB não apresentam aglutininas
em seu plasma, aceitam pequenas transfusões de
qualquer tipo de sangue e são chamados de re-
6 Um banco de sangue possui 5 litros de sangue ti- ceptores universais.
po AB, 3 litros tipo A, 8 litros tipo B e 2 litros ti-
po O. Para transfusões em indivíduos tipo O, A, 4 Doença conhecida também como Doença Hemo-
B e AB, estão disponíveis, respectivamente: lítica do Recém-nascido (DHRN), afeta ambos os
a) 2, 5, 10 e 18 litros. sexos, e se caracteriza pela destruição das hemá-
b) 2, 3, 5 e 8 litros. cias fetais, por anticorpos da mãe, e conseqüente
c) 18, 8, 13 e 5 litros. anemia.
d) 7, 5, 10 e 11 litros. Exercícios
1 A
7 Um homem com Rh+ heterozigótico casa-se com 2 E
uma mulher Rh-. Em relação aos filhos do casal,
é CORRETO afirmar: 3 B
a) Os filhos serão Rh+ e Rh-. 4 C, C, E, C
b) Todos os filhos serão Rh+
c) Não há possibilidade de terem filhos com eri- 5 A
troblastose fetal. 6 A
d) O primeiro filho será Rh+.
7 A
8 B
8 Quando Kal Landsteiner, no início do século 20,
descobriu os grupos sangüíneos ABO, ninguém
previa as aplicações práticas de seu trabalho. Em
1940, ele mesmo, junto com Winer, “brincando”
com sangue de macaco, descobriram o Sistema
Rh, naquele momento mera curiosidade científi-
ca. Logo após a descoberta, foi constatado que o
fator Rh era responsável pela doença do recém-
nascido chamada eritroblastose fetal (ou doença
hemolítica do recém nascido). Ela é caracterizada
pela destruição das hemácias do feto, que, se for
acentuada, acarretará uma série de conseqüên-
cias. A eritroblastose fetal pode ocorrer apenas
num tipo de situação:
a) a mãe é Rh+ e o pai é Rh-
b) a mãe é Rh- e o pai Rh+
c) a mãe é Rh+ e o pai é Rh+
Editora Exato 51
BIOLOGIA

FISIOLOGIA ANIMAL
SISTEMA
Os mamíferos são animais placentários. A pla-
REPRODUTOR centa tem como função básica a nutrição do feto. Du-
rante o período gestacional, haverá troca de alimento
e oxigênio. A eliminação de excretas ocorre de tal
1. REPRODUÇÃO maneira que o feto e a mãe em profunda ligação esta-
Como visto na unidade de Citologia, uma das rão unidos até o momento do nascimento, daí classi-
características fundamentais da vida é a reprodução. ficarmos estes animais como vivíparos. Em
Esse processo pode ocorrer de duas maneiras distin- organismos ovíparos não há intercâmbio entre a mãe
tas: e o embrião.
Reprodução Assexuada 2. REPRODUÇÃO HUMANA
Nesse processo, os indivíduos gerados resul-
O estudo da reprodução humana, além de inte-
tam de um único indivíduo sem que ocorra a partici-
ressar diretamente à nossa espécie, permite a com-
pação de estruturas reprodutoras especiais. Como não
preensão do mecanismo da reprodução dos
há mecanismos de recombinação gênica envolvidos,
mamíferos em geral.
o material genético da prole é idêntico ao do genitor.
Os tipos de reprodução assexuada mais impor- 3. SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO
tantes são:
 Divisão binária: processo comum em pro- bexiga ureter vesícula seminal
tozoários. O organismo se divide em duas
metades que crescem até o tamanho do or-
ganismo original.
 Esporulação: nesse processo, comum entre
os protozoários, ocorre divisão múltipla do
núcleo seguida de divisão do citoplasma.
 Brotamento: nesse processo, comum em
poríferos, um novo indivíduo surge como canal ejaculatório
Pênis
um broto a partir do organismo original. próstata
 Fragmentação: nesse processo, encontrado canal deferente
epidídimo
em alguns platelmintos, o indivíduo se par- testículo
te em dois ou mais fragmentos que resulta- escroto
orifício
rão no desenvolvimento de um organismo urinário uretra
adulto. e genital

Reprodução sexuada Estrutura do sistema reprodutor masculino.


Nesse processo, os indivíduos resultam da ati-
vidade de gametas. Como a reprodução sexuada en- O sistema reprodutor do homem compreende
volve a produção de gametas, os mecanismos de pênis, testículos, epidídimos, vesículas seminais,
recombinação gênica garantem a existência de varia- próstata, glândulas bulbo-uretrais, canais deferentes e
bilidade. uretra. Os testículos e epidídimos se encontram alo-
Os gametas são produzidos em órgãos especi- jados na bolsa escrotal.
ais, as gônadas. Testículos são as gônadas masculinas Os testículos produzem espermatozóides e
e produzem espermatozóides enquanto ovários repre- hormônios masculinos(testosterona, por exemplo).
sentam as gônadas femininas que produzem os óvu- Em cada testículo existem os túbulos seminíferos on-
los. de são produzidos os espermatozóides. Entre os túbu-
Existem alguns animais, como anelídeos, que los semníferos existem células especiais, as células
apresentam as gônadas masculinas e femininas em intersticiais, cuja função é produzir testosterona.
um só corpo, sendo por isso denominados monóicos. Os epidídimos são túbulos enovelados associa-
Animais dióicos apresentam sexos separados, ou seja, dos aos testículos. Essas estruturas armazenam os es-
cada indivíduo possui apenas as gônadas masculinas permatozóides.
ou femininas. Existem ainda os canais deferentes, canal eja-
culatório e a uretra que são ductos que permitem a
Editora Exato 52
BIOLOGIA

passagem dos espermatozóides. A vasectomia, efici- masculinos (caracteres sexuais primários); as caracte-
ente método contraceptivo masculino, consiste na in- rísticas sexuais secundárias que diferenciam homens
terrupção cirúrgica dos canais deferentes. Esse e mulheres. A distribuição dos pêlos (maior quanti-
método age impedindo que os espermatozóides sejam dade, na face e no peito, por exemplo), o tom da voz
liberados durante a ejaculação. Não há outros prejuí- e o desenvolvimento muscular e ósseo são algumas
zos às funções sexuais do homem após a cirurgia, ou das características sexuais masculinas.
seja, ereção e desejo sexual não sofrem alterações.
5. SISTEMA REPRODUTOR FEMININO
As vesículas seminais, a próstata e as glându-
las bulbo-uretrais formam os líquidos do sêmen, que O sistema reprodutor da mulher compreende
protegem e nutrem os espermatozóides além de esti- vagina, útero, tubas uterinas e ovários. A vagina é um
mularem sua motilidade. canal bastante elástico onde são lançados os esperma-
O pênis é o órgão copulador possuindo corpos tozóides; o útero é um órgão muscular oco, que abri-
cavernosos e corpo esponjoso. Essas estruturas en- ga o embrião e o feto até o nascimento; as tubas
chem-se de sangue e garantem a ereção do pênis du- uterinas comunicam os ovários com o útero; os ová-
rante a ereção. rios são os órgãos produtores de óvulos e hormônios
Durante a excitação sexual, estímulos nervosos femininos.
vindos do sistema nervoso autônomo (divisão do pa-
rassimpático) dilatam artérias do pênis, provocando
um acúmulo de sangue nesses tecidos. O pênis come-
ça a inchar e aumentar de tamanho, comprimindo as ureter fímbria trompa
canal de Falópio
veias e obstruindo o retorno do sangue. 0 resultado é bexiga ovário

a ereção: aumento de volume e enrijecimento do ór-


gão. corpo
útero
A incapacidade de ter (ou de manter) uma ere- uretra
colo

ção por tempo suficiente para o ato sexual é chamada vagina


impotência. Esse problema pode ser causado por fa- clítoris
orifício urinário
tores psicológicos (estresse, ansiedade, frustrações, grandes lábios
pequenos lábios
problemas conjugais) ou por problemas fisiológicos orifício genital

(doenças vasculares, uso de certos medicamentos, le- Sistema reprodutor feminino


sões nervosas etc.). É necessário, portanto, um diag-
nóstico adequado, que indique o melhor tratamento 6. REGULAÇÃO HORMONAL FEMININA
(uso de medicamentos, psicoterapias ou prótese, con-
forme o caso).
Durante o ato sexual, quando os estímulos se
tornam suficientemente intensos, ocorrem contrações
dos músculos lisos do epidídimo, do canal deferente,
da uretra e das glândulas anexas, lançando o sêmen
para o exterior: é a ejaculação – acompanhada de
sensações agradáveis, o orgasmo.
Em cada ejaculação são expulsos, em média,
de 3 a 4 ml de esperma, contendo cerca de 400 mi-
lhões de espermatozóides.
4. REGULAÇÃO HORMONAL MASCULINA
Durante a puberdade, que começa em geral en-
tre os 12 e 17 anos, os testículos são estimulados pe-
los hormônios folículo estimulante (FSH) e
luteinizante (LH), produzidos pela hipófise.
O LH, também chamado no homem de ICSH
(hormônio estimulador das células intersticiais), es-
timula as células de Leydig a secretar o hormônio
testosterona, responsável pelas características sexuais
masculinas e pela espermatogênese. Assim, a testos-
terona determina: a descida dos testículos para a bol-
sa escrotal o desenvolvimento dos órgãos genitais

Editora Exato 53
BIOLOGIA

fase folicular fase luteínica assim um corpo amarelo, o corpo lúteo. Este é uma
LH
importante estrutura secretora de hormônios femini-
FSH LH
nos, principalmente progesterona. Sob a ação da pro-
LH FSH gesterona, o endométrio uterino completa seu
desenvolvimento aumentando a quantidade de glân-
0 14° 28°
dulas e vasos sangüíneos(fase uterina secretora).
Caso não ocorra a fecundação a taxa do hor-
mônio LH cairá e, como conseqüência, haverá a atro-
fia do corpo amarelo. Com isso, a taxa de
Folículo ovulação corpo amarelo progesterona cairá o que resultará em descamação do
maduro (corpo lúteo)
endométrio (menstruação).
Caso ocorra a fecundação, o embrião será con-
ciclo ovariano
duzido das tubas uterinas ao útero onde ocorrerá a
estrogeno progesteona nidação. O embrião passará então a secretar o hor-
mônio gonadotrofina coriônica, que mantém o corpo
lúteo funcional e, portanto, impede a queda de pro-
gesterona. O corpo lúteo mantém-se funcional até
0 14° 28° mais ou menos o quarto mês de gestação quando en-
tão a placenta assume a produção de progesterona
ciclo uterino responsável pela manutenção do endométrio.
endométrio
A pílula anticoncepcional é um método contra-
ceptivo muito eficiente sendo considerado um méto-
do anovulatório, isto é, impede a ovulação. Essa
ausência de ovulação ocorre devido ao fato da pílula
ser constituída por hormônios sintéticos semelhantes
mestruação ao estrógeno e progesterona. A manutenção de taxas
alterações hormonais e uterina do ciclo reprodutor femenino
O ciclo menstrual se dá do primeiro dia da elevadas desses hormônios impedem a liberação de
menstruação até o último dia antes da próxima mens- FSH e LH pela hipófise, hormônios indispensáveis à
truação. Todo este mecanismo é controlado pela inte- produção dos gametas femininos.
ração dos hormônios hipofisários (FSH e LH) e
ESTUDO DIRIGIDO
gonadais (estrógenos e progesterona).
A fase mais expressiva do ciclo menstrual é a 1 Caracterize reprodução assexuada.
menstruação. Esta ocorre devido à descamação do
endométrio, que é a camada interna do útero, e, como
este é ricamente vascularizado, caracterizar-se-á por
um grande fluxo de sangue, que será excretado pelo
orifício vaginal. A descamação do endométrio ocorre 2 Caracterize reprodução sexuada.
devido a uma redução na taxa dos hormônios femini-
nos.
No início de um ciclo menstrual, devido a uma
redução nas taxas de estrógenos e progesterona, a hi- 3 Quais hormônios controlam o ciclo menstrual?
pófise libera o hormônio FSH na corrente circulató-
ria. Esse hormônio atua sobre os ovários, fazendo
com que se incie a maturação de folículos ovarianos.
Esses folículos em desenvolvimento liberam quanti-
dades crescentes de estrógeno na corrente circulató- EXERCÍCIOS
ria. Esse estrógeno atua sobre o endométrio, fazendo
com que este inicie o processo de proliferação (fase 1 (Santa Casa –SP) Qual das alternativas marcam,
uterina proliferativa). corretamente, as taxas de hormônio no sangue de
O LH é o segundo hormônio hipofisário a par- uma mulher grávida, durante a fase de implanta-
ticipar do ciclo. Esse hormônio é liberado em função ção do embrião?
das quantidades crescente de estrógeno e sua função Gonadotrofina Estrógeno Progesterona
é atuar sobre o ovário determinando a ovulação. As a) alta alta baixa
células do folículo que liberou o gameta (ainda ovó- b) alta baixa alta
cito) passam a produzir um lipídio amarelo gerando c) baixa alta baixa
Editora Exato 54
BIOLOGIA

d) alta baixa baixa e) só ocorre entre espécies onde não existem dois
e) baixa alta Alta sexos, e a sexuada ocorre nos seres em que há
diferença dos dois sexos.
2 (Fuvest-SP) O gráfico representa as variações
nos níveis de dois importantes hormônios re- 5 O uso de esteróides anabolizantes tem-se tornado
lacionados com o ciclo menstrual na espécie cada vez mais comum entre as pessoas que bus-
humana. Qual das alternativas indica fenôme- cam um desenvolvimento muscular rápido. O uso
nos que ocorrem, respectivamente, nos mo- freqüente desses esteróides, análogos à testoste-
mentos 1 e 2 do ciclo? rona, pode causar problemas cardiovasculares e
hepáticos, além de alterar o equilíbrio hormonal
hormônio 1 do organismo e aumentar a chance de desenvol-
nível hormonol

luteinizante (LH) progesterona


vimento de tumores.
2 O uso constante de anabolizantes na mulher pode
causar:
1º 5° 10° 15° 20° 25º a) interrupção do ciclo menstrual.
dias do ciclo b) flacidez muscular.
c) predomínio de reações de análise.
a) Amadurecimento do óvulo e ovulação. d) aumento da fertilidade.
b) Menstruação e crescimento do endométrio. e) maior atividade uterina.
c) Liberação do óvulo e menstruação.
d) Ovulação e formação do corpo amarelo ovari-
ano.
e) Menstruação e formação do corpo amarelo o-
variano.

3 (PUC-SP) Sabe-se que as pílulas anticoncep-


cionais são a combinação de estrógeno e pro-
gesterona, que inibem a produção de GABARITO
gonadotrofinas pela adeno-hipófise. Uma mu-
lher, ingerindo regulamente pílulas a partir do Estudo Dirigido
5° dia do início da menstruação até o 25° dia,
deverá apresentar: 1 Nesse processo, os indivíduos gerados resultam
a) maturação dos folículos avarianos e ovulação. de um único indivíduo sem que ocorra a partici-
b) crescimento da mucosa uterina e menstruação pação de estruturas reprodutoras especiais. Como
normal. não há mecanismos de recombinação gênica en-
c) aumento de secreção do hormônio folículo- volvidos, o material genético da prole é idêntico
estimulante (FSH). ao do genitor.
d) desenvolvimento normal do corpo amarelo. 2 Nesse processo, os indivíduos resultam da ativi-
e) aumento de secreção do hormônio luteinizante dade de gametas. Como a reprodução sexuada
(LH). envolve a produção de gametas, os mecanismos
de recombinação gênica garantem a existência de
4 (FCC-SP) A diferença fundamental entre repro- variabilidade.
dução assexuada e sexuada é que a reprodução 3 É controlado pela interação dos hormônios hipo-
assexuada: fisários (FSH e LH) e gonadais (estrógenos e
a) exige apenas um indivíduo para se cumprir, e a progesterona).
sexuada exige dois. Exercícios
b) não cria variabilidade genética e a sexuada po-
de criar. 1 C
c) só ocorre entre vegetais, e a sexuada entre ve- 2 D
getais e animais.
d) dá origem a vários indivíduos de uma só vez, e 3 B
a sexuada a um indivíduo apenas. 4 B

Editora Exato 55
BIOLOGIA

5 A

Editora Exato 56
FILOSOFIA
FILOSOFIA

FILOSOFIA
A cultura, com o acúmulo de conhecimentos e
1. O PENSAMENTO HUMANO ENQUANTO
de experiências pelas pessoas ao longo das gerações,
PENSAMENTO REFLEXIVO FILOSÓFICO torna o ser humano diferente dos animais. O ser hu-
O ser humano dos tempos pós-modernos tem mano utiliza tal aprendizado cultural para experimen-
em suas mãos ferramentas suficientes capazes de fa- tar, analisar e diferencia o que há de melhor na vida.
zê-lo diferenciar-se dos outros seres. Ora, sabemos Os animais também se utilizam da experimentação
que desde sua criação ele tem buscado transformar para se desenvolver, mas o homem atingiu primeiro o
sua história e, conseqüentemente a história do mun- estágio de encadear as idéias com um grau mais apu-
do. Ao diferenciar-se dos outros seres, Ele necessari- rado de raciocínio para um fim específico e determi-
amente se torna um agente transformador da história. nado.
Tal diferenciação é visivelmente vista na maior qua- Não podemos negar também que ao longo dos
lidade humana, a esfera do pensamento. Por meio do tempos o ser humano passou por várias mudanças até
pensar, o ser humano passa à qualidade de “animal” chegar ao estágio atual. Se olharmos a história huma-
diferenciado das outras espécies porque é capaz de na a partir de básicos fundamentos científicos bási-
pensar de maneira elaborada. cos, racionalmente aceitos, perceberemos que
A explicação para tornar aceita racionalmente realmente ele evoluiu bastante, desde a caverna ou a
essa diferenciação entre ser animal e ser humano tem pré-história, passando pelo homo sapiens, até chegar
gerado diversas discussões até nossos dias. Há um ao atual humano, dominador da Informática e da In-
tempo atrás, alguns pensadores apostaram suas “fi- ternet.
chas” na Teoria Criacionista para explicar porque vi- Todas as transformações humanas ou evolu-
emos ao mundo, ou ao menos explicar porque o ções se devem ao fato de que o homem percebeu-se
mundo existe. Sem respostas reais e evidentes capa- capaz de criar, inventar, dominar. Conforme a coisas
zes de tranqüilizar o pensamento humano quanto à iam acontecendo, ele crescia cada vez mais na cons-
sua existência, os cientistas da Teoria Criacionista as- ciência de sua consciência, do seu potencial como
sumiram Deus como resposta mais plausível para agente transformador da história. Sua percepção da
tantas interrogações acerca do mundo, do universo e própria consciência levou-o a concluir que necessita-
da existência humana. va conviver com outros de sua espécie de maneira
Outros pensadores, no entanto, desviaram seus harmoniosa e pacífica, por motivos de sobrevivência
pensamentos dessa teoria, pois não aceitavam que a em relação à natureza e às outras espécies animais.
existência humana e do planeta tenham sido algo rea- Por causa dessa percepção, não foi difícil para
lizado num “passe de mágica” por um ser que sequer o ser humano aceitar que viver em sociedade seria si-
conhecemos o seu rosto. Eles, por este motivo, co- nônimo de viver em comunidade (comum + unida-
meçaram a pensar a partir de uma nova perspectiva. de). Ora, essa vivência refere-se à regra fundamental
Acreditavam que o ser humano não havia sido criado da vida coletiva: saber dividir o “seu” com os outros.
por Deus como uma “mágica” em que se tira um coe- A vivência em sociedade também é um diferencial
lho da cartola, mas que ele evoluiu a partir de um fundamental do homem em relação aos outros seres,
macaco ou mesmo de um mamífero. Isto não quer di- visto que na natureza os animais comuns possuem
zer que viemos do macaco. Na verdade, a teoria refe- uma espécie de comunidade, (a das abelhas por e-
re-se à ancestralidade. Assim como há vários tipos de xemplo), mas essa vivência não altera a programação
flores mas a flor em si é única, havia também há mi- permanente da natureza. Com o homem ocorre a mu-
lhares de anos atrás diversos tipos de primatas, entre dança das regras da natureza pois ele se nega a ser
eles, o homo. parte desse eterno determinismo.
Mas, em quem podemos acreditar? Estaria com A vida social trouxe responsabilidades ao ho-
a razão a ciência, que procura através de provas e ex- mem que, como indivíduo isolado, não as possuía.
perimentação explicar a existência das coisas e do Devido a sua evolução, ele foi forçado a adquirir ain-
ser? Ou os antigos estavam corretos ao tomarem nas da mais conhecimento, aprender a respeitar o direito
sagradas escrituras o princípio Deus como explicação alheio e a exigir os seus. Assim, ele aprendeu a amar
para a existência humana e das coisas? Não poderiam a prole protegendo-a de tudo, mesmo que nessa prole
elas, a ciência e as sagradas escrituras, serem asas do tivesse alguém sem condições para enfrentar as duras
mesmo corpo? Toda essa discussão, entretanto, fica regras da seleção natural, ou fosse fragilizado por
num âmbito teórico mais complexo que não cabe a- questões de doença. Ora, no mundo animal em geral,
qui aprofundar. Por enquanto, ocupemo-nos apenas quando um bicho passa a não ser mais útil para a pro-
com os fatos. le, este é descartado sem qualquer escrúpulo. Neste
Editora Exato 1
FILOSOFIA

aspecto temos que questionar nossa postura humana a re-leitura, faça uma pausa e reflita sobre as idéias
dos tempos atuais. Não estaríamos hoje retrocedendo mais importantes que há no texto. Finalmente, escre-
em nosso processo descartando pessoas que julgamos va carta direcionada a um amigo, comentando a im-
inúteis para a sociedade ou para determinado sistema portância da existência humana e o rumo da
econômico, ou para a melhoria da família? sociedade, a partir da percepção humana de sua capa-
O ser humano aprende ainda a monogamia, cidade transformadora da história.
com o acréscimo do amor. Isto eleva os laços de con-
Comece assim:
vivência e provoca uma revolução no significado de
família. O homem tenta tornar sua vida algo eterno “Caro amigo/a, tenho refletido....”
na memória e na cultura de seus filhos, ele assume
2. A FILOSOFIA ENQUANTO INSTRUMEN-
sua condição humana e repassa essa atitude a seus fi-
lhos que a melhoram a fim de que um dia, no longín- TO DO PENSAR HUMANO
quo futuro, ele esteja maduro suficientemente para Considere o seguinte texto extraído do livro Fi-
conviver com o outro sem problemas de qualquer na- losofia para Jovens, de Maria Luiza Silveira Teles.
tureza. “O homem é um animal diferente. Só ele tem
Um outro aspecto diferenciador entre ser hu- consciência de si próprio e da realidade, pode refletir
mano e animal refere-se à arte. Temos a natureza que sobre isto e, também, agir sobre si, transformando-se,
possui mil maneiras de criar a arte. Entretanto, o ho- e sobre a realidade exterior, criando cultura e mudan-
mem aprendeu mil maneiras de apreciá-la, demons- do as circunstâncias. Não é apenas o fato de racioci-
trando um sentimento elaborado para tanto. Os nar, de ter um sistema nervoso mais complexo, mas,
animais passam milênios fazendo a mesma coisa, principalmente, o fato de poder opor o polegar e ser
como as aranhas que tecem suas teias fantásticas para capaz de manipular os objetos que o leva a se perce-
aprisionar suas presas, mas não escapam de seus mo- ber como algo separado do mundo, embora inserido
delos milenares. O homem pode criar a arte. E pode nele. Isto conduz a uma série de conseqüências, in-
fazê-la com maestria a ponto de, a partir dela mesma, clusive ao ato de filosofar.
experimentar novas formas. Tudo isso em prol do Já que ele não se mistura com a natureza, em-
bem comum. bora faça parte dela e só se realize nela, ele levanta
Mas, sejamos realistas, temos algumas obriga- questões como “quem sou eu?”, “qual a minha ori-
ções como seres humanos diferenciados. Temos o gem?”, “qual o meu destino?”, etc.
dever de preservar o cosmo, a vida humana. Temos A investigação filosófica, pois, consiste em
também o dever de trabalhar em prol do bem comum tomar como objeto da consciência o próprio ato de
a fim de que todos vivam com dignidade porque so- consciência das coisas, é uma busca do significado
mos todos uma parte privilegiada da natureza. Por is- imutável das coisas em si. Ela é uma atitude, um ato
so, atingir o bem comum e fazer a vida acontecer em de reflexão e apreensão, metodicamente controlado.
ritmo de boa vizinhança é uma tarefa fundamental Se ela é uma apreensão de algo que está além
para nós seres humanos. Se falharmos nesse aspecto das aparências e do nível aparente do que é dito, con-
social, estaremos, ao contrário do sentido de nossa siste, portanto, em:
existência, tecendo a própria falência humana em sua  um esforço intelectual do pensamento para
busca fantástica pela razão de seu existir. a obtenção de uma resposta;
 uma análise metódica;
Praticando o pensamento  uma interpretação teórica;
 uma reflexão sobre as possibilidades de cer-
O texto acima coloca você diante de uma rea-
teza ou não dessa interpretação.
lidade que se inicia agora em sua atividade filosófica.
A filosofia busca, então, respostas, eleva-se,
Tal realidade pode ser chamada de condição humana.
desenvolve-se, reflete-se, retoma, ao reconsiderar
É fundamental que você tenha elementos básicos so-
respostas anteriores. Ela não é uma conclusão a res-
bre o caráter diferenciado do ser humano em relação
peito de nada, mas, mais apropriadamente, uma colo-
à natureza e suas belas peripécias. Esta consciência
cação, um debate. Como diz Husserl: ‘a filosofia é,
da condição humana permitirá que você desfrutar
por essência, uma ciência dos começos verdadeiros,
com mais gosto das reflexões filosóficas sistemáticas,
das origens radicais’. O filosofar é, portanto, próprio
que a partir desse momento se iniciam.
da natureza humana. Que é isto? O que é o homem?
Neste momento, você é convidado a pensar Qual a sua humanidade?/.../ O legítimo filosofar é a
sobre o texto acima citado. Ele contém algumas idéi- tentativa de responder, pessoalmente, a uma pergunta
as iniciais que o introduzirão na arte de pensar a vida pessoal, sobre algo experienciado.
e o mundo. Releia-o e exercite seu pensamento. Após

Editora Exato 2
FILOSOFIA

Em 25 séculos de filosofia, temos inumeráveis Praticando o pensamento


doutrinas contraditórias. Não há, sequer, um reduzido
número de proposições sobre as quais os filósofos es- 1) Reflita sobre o que Maria Luiza escreve:.
tejam de acordo. Os filósofos – e todos nós – se enre- “O homem é um animal diferente. Só ele tem consci-
dam em suas próprias elucidações. Estão sempre ência de si próprio e da realidade, pode refletir sobre
insatisfeitos. A verdade é que buscam soluções, da isto e, também, agir sobre si, transformando-se, e so-
mesma maneira desesperada que todos nós. A meta bre a realidade exterior, criando cultura e mudando as
final é a realização, mas alguém consegue alcançá-la? circunstâncias.” Faça uma breve análise crítica pro-
Eles vão – e nós também... – só até onde a inteligên- curando explicar racionalmente as razões que fazem
cia pode ir e ela é limitada, e o que alcança não nos o ser humano ser diferente dos animais em comum.
satisfaz. 2) As reflexões de Maria Luiza nos situa na es-
O que é a realidade? Somente o que é palpá- fera do pensamento filosófico. Procure, por isso, ex-
vel? Já sabemos que não. O homem sofre ou é infeliz plicar o que ela quis dizer em: “Na filosofia, pois,
por meio de formas invisíveis (amor, ódio...), que, no aprendemos a analisar os elementos que compõem a
entanto, não são menos reais do que aquilo que é pal- existência do ser-no-mundo, isto porque há em nós
pável. /.../ Na filosofia, pois, aprendemos a analisar uma inquietação existencial congênita. Ao filosofar,
os elementos que compõem a existência do ser-no- avivamos nossa própria luz interior, fazemos um e-
mundo, isto porque há em nós uma inquietação exis- xercício de aproximação e de encontro com o que é
tencial congênita. Ao filosofar, avivamos nossa pró- buscado. Há, pois, o descobrimento e o diálogo, em
pria luz interior, fazemos um exercício de busca do conhecimento. Por isso, a filosofia é o co-
aproximação e de encontro com o que é buscado. nhecimento do conhecimento. Aí está a diferença
Há, pois, o descobrimento e o diálogo, em bus- com relação à ciência. Enquanto esta trata dos da-
ca do conhecimento. Por isso, a filosofia é o conhe- dos experimentais da realidade, a filosofia trata das
cimento do conhecimento. Aí está a sua diferença idéias, conceitos ou representações mentais daquela
com relação à ciência. Enquanto esta trata dos dados mesma realidade.”
experimentais da realidade, a filosofia trata das idéi-
as, conceitos ou representações mentais daquela 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
mesma realidade. /.../ Muitos especulam se o mundo A caminhada filosófica se dá a partir de ques-
realmente existe. Para nós esta questão é um contra- tionamentos fundamentais para entendermos nossa
senso, porque sem esta existência o homem não seria existência e assumirmos nosso papel no mundo. Não
“existência”. podemos esperar que nosso pensamento seja preen-
Seria, também contra-senso pensar o homem chido por fórmulas mágicas inseridas pelas ciências,
como um simples resultado de forças e processos ou pelas religiões, ou ainda pela própria filosofia,
cósmicos. Só o homem dá sentido às coisas. Há uma sem que para isso sejamos capazes de entender pro-
prioridade de subjetividade sobre as coisas, pois elas fundamente o real fluxo do pensamento humano em
só têm sentido para o homem. Ele é, pois, o único ser sua permanente busca por compreensão de seu papel
que tenta explica o seu próprio ser. no mundo.
O filosofar é, então, uma apreensão da vida, a Não deixando de considerar que devemos ini-
fim de exprimi-la. Mas este filosofar só tem valor se ciar nossa caminhada de algum ponto do pensamento
a experiência do filósofo sustenta sua própria expres- humano, para daí percorrer o belo processo do co-
são reflexiva. Na filosofia, aprendemos a analisar os nhecimento da realidade e de sua verdade, há que se
elementos que compõem a existência do ser-no- aceitar que o caminho é complexo diante das respos-
mundo. Mas, como disse alguém: “não há aqui ne- tas nem sempre satisfatórias, ou diante de novos
nhuma lógica matemática, pois esta não é capaz de questionamentos que geram outros e mais outros.
explicar o que é o homem e em que consiste o senti- Iniciar a caminhada filosófica é iniciar uma
do da vida”. caminhada sem possibilidade de definir sua chegada.
Filosofar, no mundo contemporâneo, é mais Mas, se a filosofia indicasse de antemão uma chega-
importante do que nunca, pois o novo homem está da, ela mesma perderia seu sentido existencial. Por
ameaçado de ser vítima da mentalidade tecnocrática. isso, é necessário um ponto para iniciarmos a cami-
Mais do que nunca, se torna necessário levantar uma nhada, mas chegar ao final, a uma conclusão não é
série de questões, começando por: “O QUE É O uma preocupação que faça a filosofia ficar irrequieta.
HOMEM? Somente filosofando poderemos encontrar Talvez porque o problema maior da filosofia não seja
caminhos que nos levem à tão buscada felicidade.” solucionar problemas. Ora, faça a sua conclusão a
partir do que Karl Jarspers2 diz em seu belo texto fi-
losófico:

Editora Exato 3
FILOSOFIA

“O problema crucial é o seguinte: a filosofia


aspira à verdade total, que o mundo não quer. A filo-
sofia é, portanto, perturbadora da paz.
E a verdade o que será? A filosofia busca a
verdade nas múltiplas significações do ser-verdadeiro
segundo os modos do abrangente. Busca, mas não
possui o significado e substância da verdade única.
Para nós, a verdade não é estática e definitiva, mas
movimento incessante, que penetra no infinito.
No mundo, a verdade está em conflito perpé-
tuo. A filosofia leva esse conflito ao extremo, porém
o despe de violência. Em suas relações com tudo
quanto existe, o filósofo vê a verdade revelar-se a
seus olhos, graças ao intercâmbio com outros pensa-
dores e ao processo que o torna transparente a si
mesmo.
Quem se dedica à filosofia põe-se à procura do
homem, escuta o que ele diz, observa o que ele faz e
se interessa por sua palavra e ação, desejoso de parti-
lhar, com seus concidadãos, do destino comum da
humanidade.
Eis por que a filosofia não se transforma em
credo. Está em contínuo combate consigo mesma.”

Editora Exato 4
FILOSOFIA

FILOSOFIA
grado da desolação e da condenação. A tragédia é o
1. O PENSAMENTO ORIGINÁRIO
ser da realidade fundado numa identidade misteriosa.
É costume dizer que quando refletimos sobre a Incapazes de decifrar do conteúdo trágico a i-
vida a partir de fundamentos filosóficos, quando de- dentidade verdadeira do ser, tornamo-nos impotentes
batemos filosoficamente o mundo, sempre iniciamos para reabilitar a noção tão desgastada do ser humano.
com questionamentos nem sempre fáceis de resolver. Recorremos à ciência para chegarmos à via da histo-
Os questionamentos filosóficos não são gerados em ricidade, mas nos deparamos com um outro problema
vista de uma solução racional e inteligível. Eles são gerado pelas ciências fundadas na primazia do fenô-
formulados para exigir da consciência humana o ato meno sobre o universal: o presente haverá de ser
de pensar. Por esta razão, não cabe neles direciona- compreendido se recuperarmos adequadamente arti-
mento para um pensar único, perfeito e feito. O pen- culações do passado, esquecidas pela própria dinâmi-
samento não deve estar preso entre as paredes da ca da vida. Por isso, devemos pensar nas razões que
crença e do fundamentalismo, ou mesmo em catego- geraram uma ciência desesperada que, não tolerando
rias científicas que limitem o espaço em que a cons- esperar, se atropela na impotência de seu poder em
ciência é capaz de explorar na sua busca fantástica alcançar o mistério do pensamento. É necessário pois
pela verdade. despojarmo-nos de tudo quanto julgamos já saber so-
A finalidade da filosofia pode ser dita como o bre o pensamento dos primeiros pensadores, e resga-
fundamento e o sentido último de todos os fins, ou tarmos todo o pensamento ao longo da história,
seja a apreensão do ser. Mas há dificuldade de se en- aprendendo a dialogar com a tradição, gerando novos
contrar com a identidade no próprio seio das diferen- pensamentos.
ças. O ser contra o nada, a ausência contra a Um pensamento originário é a coragem de
aparência, o bem contra o mal, o inteligível contra o descer às raízes das próprias possibilidades de pensar.
sensível, o permanente contra o mutável, o verdadei- Um pensamento originário é um pensamento radical.
ro contra o falso, o racional contra o animal, o ne- Procura interpretar os modos de ser da realidade, res-
cessário contra o contingente, o uno contra o tituindo as estruturas de suas diferenças à identidade
múltiplo, a sincronia contra a diacronia. Onde po- do mistério. O modo de ser que nos apresenta como
demos apreender de fato o ser? E quando finalmente presente, não é originalmente um determinado pre-
o apreendemos, é essa apreensão verdadeira ou falsi- sente.
dade na aparência forçosa da verdade?
Nessa dúvida sistemática perpassa a certeza de Praticando o pensamento
que não haverá a imposição de nenhuma verdade que
não seja problematizada e pensada em todos os seus O texto acima coloca você diante de uma nova
aspectos por cada um de nós. Por isso, essa dúvida postura frente ao significado de filosofia. É funda-
nos abre sem possibilidade de fechamento à questão mental que você saiba o mais profundo significado
do sentido de nossas vidas. A verdade e a não- do que vem a ser atividade filosófica. O próprio ter-
verdade, a certeza e a ilusão são como um bufão em mo filosofia tem um significado interessante. Ele re-
permanente riso debochado de nossa consciência, fere-se à profunda amizade (filo) que alguém pode ter
como a dizer: vocês desconhecem o paradoxo da re- com a sabedoria (sofia).
volução do pensamento. O texto contém algumas proposições que de-
Por isso, para fazer filosofia, é preciso perder monstram a finalidade da filosofia. Releia-o e exerci-
algo da fé nas aparências, nas rotinas, nos dogmas e te seu pensamento. Após a re-leitura, faça uma pausa
crenças. Pensar, pois, é acordar o não-pensado. O re- e reflita sobre as idéias mais importantes que há no
velar autêntico do ser se dá na forma do pensar. Ele texto. Finalmente, escreva carta direcionada a um
surgiu quando o trágico travou a luz pensante do ra- amigo, convencendo-o da importância de se pensar
cional e do irracional, do físico e do político, do mito filosoficamente. Use os argumentos do texto e os
e do culto, do desespero e da salvação. seus argumentos críticos.
Trágico é perceber o nosso abandono desespe-
rado às forças da natureza, ao império fundado em 2. OS PENSADORES ORIGINÁRIOS
vontades e punições de deuses, à fatalidade do desti- Após nosso primeiro contato com idéias refe-
no que aponta para um determinismo que gera total rentes ao significado de filosofia, a sua finalidade e
impotência no ser humano. A tragédia é o palco sa- algumas de suas características fundamentais, vamos
agora para um segundo momento onde você terá a
Editora Exato 5
FILOSOFIA
oportunidade de ter contato com as idéias de alguns das coisas. O número era portanto o princípio primei-
dos maiores pensadores do Período Originário do ro de toda a realidade, a essência geradora e promoto-
Pensamento Grego da Filosofia. Entre com amor no ra da harmonia. Seria uma espécie de “tudo é
mundo desses filósofos, eles são fundamentais para número”. Mas, este filósofo não estava satisfeito com
entender não somente a filosofia, como também a sua perspicaz reflexão. Como as coisas acontecem,
História do Pensamento Humano até nossos dias. como há a multiplicidade dos seres? Há, na posição
No período Originário da Filosofia, há uma va- de Pitágoras, multiplicidade porque também há um
riedade muito grande de filósofos. Para melhor en- vir-a-ser constante. Conforme seu pensamento, a al-
tendermos o pensamento grego originário, é comum ma é imortal, mas vive em constante re-criação, ou
dividirmos ele em duas fases, a naturalista e a antro- vir-a-ser, sendo parte da constante revolução de um
pológica. Neste módulo nos concentraremos na filo- determinado ciclo. Esta afirmação nos leva a perce-
sofia naturalista. Selecionamos alguns dos mais ber que para Pitágoras nada é absolutamente novo.
importantes filósofos e representantes do Pensamento Ao avançar ainda mais em seu pensamento, Pi-
Originário, que são Anaximandro, Pitágoras, Herácli- tágoras recorre à idéia da existência de uma luta de
to e Parmênides. Vamos pois ao encontro deles. opostos – em seu caso, pares e ímpares – para con-
2.1. Anaximandro firmar sua teoria da multiplicidade das coisas. Mas
Anaximandro, que viveu por volta de 546 a.C., esta luta de opostos é reconduzida à unidade, ao um
buscava, como outros filósofos de sua época, uma pela harmonia matemática.
explicação válida e consistente para dar sentido e u- Um outro ponto fundamental do pensamento
nidade às coisas, à natureza e ao universo, visto que pitagórico refere-se à idéia da investigação. O estu-
essa explicação poderia nos ajudar a responder o sen- dar, o investigar, o erigir descobertas deveriam estar
tido de nossa existência. Pensador do período dito na- unidos ao ser, ao viver, ao relacionar-se. Para haver a
turalista, onde as idéias estava voltadas para o mundo compreensão da verdade é necessário que haja a vida
exterior, Anaximandro, ao sustentar o pensamento de vivida em seu cotidiano, com os outros. Vida esta
Tales de Mileto, afirmou haver uma substância pri- que deve estar incessantemente ligada à prática das
mária e uma lei, natural atuante no mundo gerando virtudes. Portanto, para a escola pitagórica, o acesso
um Movimento Eterno do universo, mas conservando à verdade se dá pela via da pureza e do amor ao bem.
um equilíbrio entre os diferentes elementos existen- Ora, para que haja progresso ordenado, antes
tes. de nos ocuparmos das coisas grandes, devemos nos
atentar em ocupar das coisas pequenas. Isto significa
que através de nossas virtudes nos tornaremos seme-
lhantes a Deus. Neste sentido, o pensamento pitagó-
A substância a que ele se referia, ou o “princí- rico deve ser visto a partir da idéia de ser enquanto
pio gerador” deste movimento, é denominada de a- tudo quanto é imaterial, eterno, essencialmente ativo;
peirón – algo indeterminado, infinito e em o que goza de uma existência própria, que se basta a
movimento perpétuo. Esta substância gerava um mo- si mesmo e permanece sempre como é. O vir-a-ser
vimento provocador de incessante separação de pares constante e inalterado por que numérico absoluto do
de opostos. Essa relação de separação acabava por ser na realidade é algo que devemos investigar pro-
gerar, para ele, freqüentes injustiças de ambos os la- fundamente pela via da virtude, ponte fundamental a
dos separados, necessitando pois daquela própria ser atravessada se queremos chegar à verdade.
substância e de uma lei natural atuante que tornasse 2.3. Heráclito
simétrica essa relação. Anaximandro resolve esta si-
Heráclito viveu por volta do ano 500 a.C., em
tuação apontando que, ao longo do tempo, os opostos
Éfeso, na Jônia. Seu pensamento também está volta-
pagam entre si as injustiças cometidas de maneira re-
do para a busca da unidade das coisas. Ele afirmava
cíproca. Podemos inclusive tomar o mesmo rumo de
que tudo estava em permanente fluxo. Sua teoria
vários intérpretes e afirmar que essa concepção cos-
fundamental diz respeito à essência, ao princípio ge-
mológica significaria a afirmação de uma Lei do E-
rador da realidade, que também considerava como
quilíbrio Universal, garantida através do processo de
um constante vir-a-ser. Para ele, tal essência em per-
compensação dos excessos, conforme podemos ob-
manente fluxo somente poderia ser explicada caso a
servar na relação frio /inverno – calor/: verão.
denominássemos de fogo pois este está em constante
2.2. Pitágoras mudança, em permanente fluir. Ele também não tem
Pitágoras, fundador de uma escola baseada em como escapar ao questionamento da multiplicidade.
suas idéias matemáticas e metafísicas, viveu por volta Sua explicação dá-se na idéia de que o vir-a-ser é
de 571 a.C. A escola pitagórica defendia uma harmo- uma luta, onde a vida e a morte revezam-se incessan-
nia cósmica baseada nos números enquanto relações temente. Ora, a unidade da realidade ocorria pela
Editora Exato 6
FILOSOFIA
harmonia e pela sabedoria universais, determinadoras letheia) e à certeza, fazendo com que permaneçamos
de um acordo entre esses opostos. no nível instável das opiniões e das convenções da
Heráclito refere-se à natureza como uma uni- linguagem.
dade de tensões opostas. Para ele, há uma harmonia Na terceira parte, ele defende a via da ascese e
oculta das forças opostas que geram a unidade da na- revelação como método de busca da verdade. Ele
tureza. Esta harmonia oculta não está no âmbito ex- busca uma unidade lógica que é incompatível com a
clusivamente cosmológico, mas na razão, no saber. A multiplicidade e o movimento percebidos, tais reali-
razão – logos – significa precisamente a unidade que dades defendidas pelos filósofos Anaximandro, He-
as oposições aparentes ocultam e sugerem. Assim, ráclito e Pitágoras.
pode-se afirmar que os contrários, em todas as di-
mensões da realidade, seriam aspectos inerentes a es-
ta unidade. Neste aspecto, o um imerge no múltiplo e Na terceira parte, Parmênides define que “O
a multiplicidade significa apenas uma forma de uni- que é” sendo “O que é” terá de ser único. Além do
dade. Numa linguagem simplificada, todas as coisas “O que é”, estaríamos apenas atribuindo existência ao
são um. Portanto, o logos seria, no pensamento de não-ser, que é impensável e indivisível. Por isso o
Heráclito, a unidade nas mudanças, nas tensões e no Ser é enquanto uno, imutável e eterno, imóvel, idên-
fluir permanente a reger os planos da realidade. tico, determinado. Não cabe no pensamento de Par-
A crítica de Heráclito a Pitágoras está no fato mênides considerar que uma coisa pode ser e não ser
dele propor a supremacia do Um sobre a multiplici- ao mesmo tempo. A esta contradição opõe-se o prin-
dade. A idéia do Uno imutável não está em concorde cípio que rege “o ser é” e “o não-ser não é”.
com um em permanente fluxo. Há a multiplicidade da Não há, entretanto, como rejeitar a existência
realidade mesmo que esta realidade múltipla seja re- do movimento no mundo que percebemos, pois as
conduzida à unidade por via da razão. Heráclito tam- coisas nascem e morrem, são mutáveis em seu tempo
bém tece críticas a Anaximandro quando este aponta e em seu espaço, geram e são geradas sob infinita
para a extinção dos conflitos e tensões entre os opos- multiplicidade de aspectos.
tos através da compensação dos excessos de cada Ora, para Parmênides, o movimento existe a-
“qualidade-substância” em relação ao seu oposto. Pa- penas no mundo sensível, e a percepção levada a e-
ra ele, o vir-a-ser é luta constante e não uma momen- feitos pelos sentidos é ilusória. Só o mundo
tânea oposição que exige compensação para chegar à inteligível é verdadeiro, pois está submetido ao prin-
simetria. Mas, Heráclito entende que o ser humano cípio que hoje chamamos na Lógica de identidade e
possui grandes dificuldades para perceber esta rela- de não-contradição.
ção visto que há uma ignorância na maioria dos ho- Esse princípio aponta que há identidade entre o
mens, incapazes de compreender a lei universal ser e o pensar. Ou seja, o que eu não conseguir pen-
regente de tudo. sar não pode ocorrer ou ser na realidade. Essa defini-
2.4. Parmênides ção de Parmênides é um abrir o leque para uma nova
O Eleata Parmênides viveu na primeira metade reflexão: a distinção entre a ciência construída pela
do século V a.C. Sua obra, escrita sob a forma de um razão e que nos dá a verdade, o Uno; e a opinião
poema, demonstra a perspicácia deste grande pensa- construída pelos sentidos e que não nos oferece a
dor. Em um poema extremamente profundo, ele revi- verdade, mas uma enganosa e aparente verdade.
taliza o debate em torno do ser que movimenta o O conhecimento dos seres humanos - a doxa -
universo. A divisão do seu poema é feita em três par- é iluminado pela verdade do ser. Mas esse conheci-
tes: mento sem a presença da razão pura gera apenas uma
Na primeira delas, ele defende a via da verda- percepção sensorial da realidade, portanto, mero en-
de. afirmando que o homem, ao se deixar conduzir gano do conhecimento. O engano é uma ausência
pela razão, é levado à certeza de que “O que é, é” – e com “pele” de presença.
que não pode deixar de ser. Chamamos esse princípio Entretanto, o ser humano é capaz de evidenciar
de identidade do ser. a verdade. Para tanto, é preciso que ele filosofe, veja
A segunda parte é dirigida a problemas rela- o ser na diferença com os seres. É preciso que ele
cionados ao senso comum, à opinião geradora de considere a presença das coisas a partir de um dife-
uma compreensão falsa da realidade com a aparência rencial fundamental, a aletheia (= verdade), evidência
de verdade. Neste ponto, Parmênides afirma que ao fundamental do ser. Ou de outra maneira, é a dimen-
considerarmos os dados empíricos e informações dos são do ser que permite evidenciar a diferença entre
sentidos para chegarmos à verdade, estamos trilhando aletheia – a verdade – e doxa – a opinião.
caminhos sem sentido. Tais dados e informações não Esses são os dois princípios fundamentais uti-
nos fazem chegar ao desvelamento da verdade (a- lizados por Parmênides para definir o mundo real na
Editora Exato 7
FILOSOFIA
perspectiva do ser. Pode-se, ora pensar o real, anali- Praticando o pensamento
sá-lo em processo de vir-a-ser segundo os dados for-
necidos pela opinião, pelo senso comum (doxa), mas 1) O pensamento de Anaximandro segue a i-
é de fundamental importância ajustar esses dados à déia de Tales de Mileto, pois ele afirma haver uma
concepção do ser, visto como a única via de pesquisa substância primária e uma lei natural atuante no
digna de fé. É necessário ajustar, porque não há sepa- mundo gerando um Movimento Eterno do universo.
ração entre doxa e aletheia, mas complementaridade. Para ele, o princípio gerador do movimento é deno-
A ilusão é somente falsa na medida em que a verdade minado de apeirón. Faça uma breve análise do signi-
vem à luz. ficado desse princípio originário.
Por esta razão, a filosofia de Parmênides não 2) Releia o texto de Heráclito e depois disserte
pode ser mecanicamente vista como “um espaço me- sobre sua concepção no que se refere à substância ú-
tafísico sobreposto a um espaço físico”. Ora, não po- nica ou princípio gerador da vida, o fogo. Comente
demos conceber o pensamento de Parmênides sob a também suas divergências com Pitágoras e Anaxi-
ótica da dualidade que luta entre si e não encontram a mandro.
harmonia. Isto seria incorrer em um erro grave.
Como, no entanto, chegar ao conhecimento 3) Um dos pontos fundamentais de Pitágoras
pleno da aletheia? Há algum instrumento deixado por refere-se à idéia da investigação. O estudar, o inves-
Parmênides, um método, um procedimento? O que tigar, o erigir descobertas deveriam estar unidos ao
Parmênides nos deixa chama-se Nous, uma realidade ser, ao viver, ao relacionar-se. A partir do que Pitágo-
dinâmica, com vida e movimento. O Nous é uma vi- ras percebe como atividade filosófica, como você en-
são do espírito para além da multiplicidade da per- tende a filosofia? Seria essa atividade uma união de
cepção sensível. O Nous quer ser um movimento que virtude e Busca da Verdade? Justifique sua posição.
atravessa os limites da doxa, mas faz esse percurso 4) O pensamento de Parmênides é dividido em
com destino certo e por certo não perigoso pois sua três grandes momentos. Descreva-os de maneira clara
função unificadora fundado no ser, capta a unidade e fundamentada. Faça em seguida a distinção de
do que se apresenta no real como múltiplo e descon- Parmênides entre Verdade (aletheia) e Opinião (do-
tínuo. xa).
Uma análise ainda mais sistemática desta idéia
de Parmênides nos evoca a relacionar aspectos que 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
estudam o ser (chamados de ontológicos) à questão Apreender a realidade consciente de que há
do conhecimento (chamado de gnosiologia), quando algo mais profundo em seu interior. É esse o papel da
ele vê no Nóos a essência do humano, que não se es- filosofia. Há que se perceber a realidade de maneira
vazia na totalidade do ser, mas que corresponde a ele lógica e unificada. Um todo feito partes ajustadas e
ao modo da presença e da ausência, da identidade na em permanente reconstrução. Talvez seja esse o nos-
diferença. so limite: conseguir apreender a partir de nossa limi-
A intervenção humana no processo de apreen- tada razão a constante mudança da realidade
são contínua da realidade se dá em seu interior com provocada pelo ser.
sua diferença. O ser humano lança na palavra racio- O pensamento originário nos mostrou que o
nalmente tecida a busca e não a posse plena do ser. É caminho a seguir é longo e de difícil acesso. Nossos
na realidade presente, nas coisas e na vida de todos instrumentos deverão ser o interrogar permanente e a
os dias que se deve aprender a perceber o ser, ou me- constante insatisfação com as respostas fornecidas
lhor, se deixar captar pelo ser, presente naquilo que é por nossa razão e nossa experiência. Ora, a finalidade
vivido. A “presentificação” se dá por meio de uma da filosofia é a busca dos fundamentos necessários
vivência de linguagem, que é tanto revelação divina – para que a apreensão do sentido último de todas as
aletheia – quanto diálogo fundado no senso comum e coisas não seja frustrante.
na opinião dos humanos – doxa. Através de uma per- Há que sistematizar o pensamento e a certeza
cepção unificadora, o dizer formulado na doxa des- para não haver imposição de verdades não problema-
cobre o mundo re-velando, trazendo à luz e tornando tizáveis e não pensáveis em todos os seus aspectos
verdade o ser. Ao rejeitar a idéia da dualidade confli- por cada um de nós. Por isso, é necessário que te-
tiva dessa relação, Parmênides finalmente sugere que nhamos dúvidas. A dúvida nos abre uma infinidade
o ser amarra o homem em laços firmes que excluem de possibilidades, ao mesmo tempo em que não se
o viver e o morrer. fecha diante da questão do sentido de nossas vidas.

Editora Exato 8
FILOSOFIA

FILOSOFIA
coisas”. Ou seja, as coisas são como lhe aparecem.
1. O PENSAMENTO ORIGINÁRIO DO PERÍ-
As pessoas decidem o que é verdadeiro para elas, e
ODO ANTROPOLÓGICO elas agem de acordo com o que se lhe apresenta co-
O Pensamento Grego é dividido didaticamente mo verdade. Com isto, quer-se dizer que não é a na-
em dois períodos fundamentais: o período naturalista, tureza a detentora dos rumos do comportamento
onde os filósofos dedicaram boa parte do seu tempo humano, mas os próprios indivíduos que são capazes
procurando razões naturais e empíricas para interpre- de tomar decisões por si próprios. No entanto, as de-
tar a existência do cosmos e, conseqüentemente, a e- cisões dos homens dessa época eram fundamentadas
xistência humana. no princípio da persuasão que na medida do seu de-
O pensamento grego naturalista ou cosmológi- senvolvimento tornava-se cada vez mais importante
co, representado pelas idéias de Tales, Anaximandro, que a verdade.
Anaxímenes, Heráclito, Parmênides e outros é apro- Ora, fundamentos do conhecimento baseado
fundado e sistematizado quando Sócrates, Platão e nesse tipo de sistematização sofística põem a ciência
Aristóteles começam a caracterizar conceitualmente a às ruínas e cria um sério problema moral visto que o
ciência e a inteligência. Há nessa época uma mudan- único bem é o prazer, e a única regra de conduta é o
ça de interesse, que passa da natureza para homem e interesse particular.
o espírito, o conhecimento e a moral.
Ora, essa mudança é pensada como uma ruptu- Praticando o pensamento
ra em relação ao pensamento originário. Tal ruptura
O texto acima coloca você diante de uma nova
demonstra que os gregos deram um novo rumo à his-
postura grega frente ao significado de filosofia. É
tória do pensamento ao optarem pelo uno desarticu-
fundamental que você saiba sobre o que os filósofos
lado do múltiplo, pelo inteligível livre do sensível.
antropólogos refletiam em seus ensaios filosóficos.
Devido a esta linha de pensamento, a filosofia produ-
Releia, pois, o módulo dois.
zida nesse período resultou na estruturação de um
pensamento metafísico. Daí ser dado a este período Depois de relembrado o conteúdo da primeira
também o nome de Período Antropológico, visto que etapa, vamos pensar sobre o texto acima citado. Ele
há uma valorização da importância e do lugar do ho- contém algumas proposições que demonstram a mu-
mem e do espírito no mundo. dança no objeto de pensar da filosofia. Releia-o e e-
Tudo parece começar com o advento da demo- xercite seu pensamento. Após a re-leitura, faça uma
cracia, que ganhara impulso logo depois das vitórias pausa e reflita sobre as idéias mais importantes que
atenienses e gregas sobre o Império Persa. Conside- há no texto. Finalmente, escreva uma carta direcio-
rando que o tipo de democracia grega exigia dos ho- nada a um amigo, comentando a importância dos fi-
mens adultos livres a participação no governo. A lósofos antropólogos para a humanidade.
democracia, nesta época, era desenvolvida com deba-
tes em praça pública. Surge daí um grupo de filósofos
denominado de “sofista”, ou seja, homem sábio. Tais
filósofos acreditavam em idéias que fossem úteis pa-
ra a política, e para que as pessoas tivessem sucesso
na vida. Sua metodologia de debate levava em conta
a capacidade de conquistar o povo pela persuasão.
Essa atividade de conquista do povo era a razão da
oratória sofística, sendo Protágoras e Górgias seus
maiores representantes.
Os sofistas especulavam profundamente sobre
o comportamento humano. Para eles, grupos diferen-
tes e diferentes indivíduos podem ter comportamen-
tos diferentes. Essa idéia era caracterizada de
relativista. Ora, a Teoria do Conhecimento sofística
pode ser caracterizada como uma teoria do relativis-
mo, da subjetividade e do ceticismo. Um dos mais
conhecidos sofistas era Protágoras, que cunhou a se-
guinte expressão: “o homem é a medida de todas as

Editora Exato 9
FILOSOFIA

FILOSOFIA
lado para outro, através de diferentes posicionamen-
1. O PENSAMENTO GREGO A PARTIR DE
tos e conceitos, questionando e redefinindo conceitos
SÓCRATES a fim de solidificar idéias e, por esse caminho, chegar
No período Originário da Filosofia, há uma va- à verdade.
riedade muito grande de filósofos chamados de natu- Sócrates era um polemizador de marca maior.
ralistas e antropólogicos. Alguns dos mais Polemizava suas idéias na praça do mercado, em A-
importantes naturalistas, conforme o módulo dois, tenas. Estava tão preocupado em descobrir o que era
são Anaximandro, Pitágoras, Heráclito e Parmênides, bom, justo e verdadeiro que acabara por afirmar que
que já estudamos. Neste momento, selecionamos al- a maior causa do mal era a ignorância, e, por esta ra-
guns dos mais importantes filósofos do período an- zão, o homem pecava por falta de conhecimento. Ele
tropológico da filosofia grega: Sócrates, Platão e tinha como objetivo de vida viver na justiça e formar
Aristóteles são os maiores representantes do Pensa- cidadãos sábios, honestos e temperados. Esse objeti-
mento Originário Antropológico. Vamos pois ao en- vo visava uma formação oposta a dos sofistas que a-
contro destes pensadores. giam com intenções direcionadas ao próprio proveito.
2.1. Sócrates Os sofistas formavam grandes egoístas, que lutavam
Sócrates é uma personalidade fundamental pa- uns contra os outros e escravizavam o próximo, além
ra a filosofia. Uma maneira de percebermos sua im- de sua metodologia negar a existência da verdade.
portância talvez esteja num episódio ao final de sua Sócrates não aceitava aquela maneira de ajudar os
vida. No momento em que Sócrates estava prestes a homens a viverem suas vidas.
morrer, e ele sabia da hora chegada, aquela em que O sentido da vida toma novo rumo com o pen-
sua alma entraria para a eternidade e com isto para o samento de Sócrates. Para ele, a vida não analisada
contato com a verdade absoluta, ele admite que a vi- não merece ser vivida. Para que haja vida verdadeira,
da é um erro e convida os seus amigos a o seguirem a pessoa tem que ir em busca da verdade, mas esta
em seu envenenamento. busca se faz via conhecimento fundado na virtude. O
Ele percebera os limites que o corpo infligia saber em Sócrates é conhecimento sólido, não deteri-
contra o acesso à verdade e à imortalidade da alma. orável, irrefutável. Ora, mesmo que não saibamos a
Finalmente a proximidade da morte parece lhe colo- verdade, é necessário sabermos que nada sabemos,
car cara-a-cara com a possibilidade da verdade. As- mas sem jamais desistir de buscar a verdade, ter pre-
sim, seu corpo, um obstáculo à essa busca já não faz sente a idéia da verdade, um lançar-se à procura do
sentido algum. Sócrates, na fronteira da morte, via-se verdadeiro saber.
ansioso por encontrar-se no Hades, na morada dos O diálogo provocador do pensar tinha, para
mortos, com ilustres pensadores ou com deuses que Sócrates, a função de ajudar a pessoa questionada a
finalmente poderiam decifrar os códigos da verdade. tomar consciência da própria ignorância. O exercício
A morte não tem sentido enquanto fim do ser. Ela é, da descoberta do próprio ser ignorante é uma espécie
antes de mais nada, a libertação da alma que, ao afas- de busca do próprio conhecimento. Em suas palavras,
tar-se do invólucro corpóreo, das ilusões e dos erros um conheça-te a ti mesmo. O ápice da sabedoria é
produzidos por ele, pode agora chegar a instância da atingido através da virtude que aponta para uma rea-
verdade absoluta. lidade franca: a verdade nasce quando a pessoa se dá
Nascido por volta do ano 470 a.C., Sócrates conta de que todo saber que pensava possuir não tem
não deixou nada escrito. Entretanto, seu discípulo na verdade qualquer verdade. O ser humano a esta al-
mais famoso, Platão, registrou os passos da vida des- tura encontra-se consigo na consciência racional de si
se grande filósofo. Na verdade, Sócrates é lembrado mesmo. Esse encontrar consigo na consciência ra-
muito mais por causa de sua maneira de ensinar. Ele cional quer afirmar que a verdade das coisas não po-
desenvolvera um método que consistia em diálogo derá ser captada pelo seu aspecto sensível, mas pelo
mediante perguntas. Esse diálogo visava chegar à próprio pensamento das coisas, ou seja, pelo univer-
descoberta do conceito, meio imprescindível de se sal que o pensamento apreende em todo o sensível e
chegar à verdade. que, na medida em que é apreendido pelo pensamen-
Para compreendermos o método de Sócrates to, transforma-se em conceito.
devemos em primeiro lugar considerar o diálogo co- O ato de pensar as coisas a partir de seu aspec-
mo artifício metodológico de procura da verdade. Ali to racional é, em outras palavras, um partir em busca
é o lugar da gestação e do nascimento da verdade. No da verdade com o objetivo de estabelecer um sistema,
diálogo, a pessoa caminhava reflexivamente de um um organismo lógico de conceitos. Ora, esse estabe-

Editora Exato 10
FILOSOFIA
lecimento quer nos levar a um patamar onde somos questões fundamentais tais como o ser, o conhecer e
capazes de olhar as coisas a partir de seu conceito u- o agir. Nascido por volta de 428 a.C., Platão baseia
niversal. Caso haja um fracasso nessa nossa busca, toda a sua filosofia na questão do ser. Por esta razão,
então a pregação dos sofistas tornar-se-á certamente via o filósofo como amante da verdade e de todo ser
insuperável: o conhecimento – como conhecimento verdadeiro, devendo por isso, aspirar desde a sua ju-
das particularidades é sem dúvidas relativo e contra- ventude à verdade sobre todas as coisas. Platão Fun-
ditório, sendo assim, a comunicação e as relações de dou a ACADEMIA, uma espécie de maquete de
respeito entre os homens tornam-se também imprati- todas as universidades. Nesta Academia, os estudos
cáveis. básicos estavam direcionados para a aritmética, a ge-
Entretanto, não buscamos a verdade com pers- ometria, a astronomia e a harmonia do som. Nela,
pectivas de fracasso. Se tomamos como nossa a bus- Platão intencionava treinar a mente dos homens para
ca de Sócrates, então para nós procurar a verdade capacitá-los a pensar por si mesmos à luz da razão. A
deve significar ir ao encontro da própria força supre- educação exigia esforça conjunto da parte do profes-
ma que pode orientar nossa vida, visto que ao agir- sor e do aluno em processo verdadeiramente dialéti-
mos mal acabamos por gerar dor e infelicidade. Com co. Nesta Academia estudou um dos maiores
isto, alcançar a verdade significa alcançar a salvação filósofos de que se tem notícia: Aristóteles.
da vida, relação essencial existente entre a verdade e No pensamento de Platão sobre o papel do
a vida. Por isso, a reflexão socrática direciona nossas verdadeiro filósofo, ele tece algumas importantes co-
vidas para o mundo da ética. locações. Em primeiro lugar, Platão aponta que o
O ensino dialógico de Sócrates tinha o objetivo verdadeiro amante do saber é aquele que deseja en-
de reconstruir o conhecimento através da extração de contrar a verdade desde sua juventude. Transfigura-
idéias. Sua forma de ajudar os outros a pensar seguia dos pelas virtudes que fazem o ser humano tornar-se
os seguintes passos: Ironia: Maiêutica: Introspecção: justo, o filósofo vai em busca de superar os limites do
Ignorância: Indução: Definição. conhecimento fornecido pelo corpo. Ora, quando os
O primeiro passo chama-se Ironia. Ela visa de- outros opinam dizendo que os filósofos são pessoas
sembaraçar o espírito de conhecimentos errados, pre- inúteis, que vivem “no mundo da lua”, que pouco se
conceitos e opiniões. Na ironia ridiculariza-se a interessam por questões práticas, na verdade eles es-
linguagem sofística das pessoas, levando-as a perce- tão desqualificando quem pode mudar o mundo, go-
ber que nada sabem acerca da verdade. vernando-o.
Uma vez chegada a conclusão da ignorância. Platão vê naquele que busca sinceramente a
Sócrates aponta o segundo passo, a maiêutica. A verdade das coisas, e a medida justa de tudo, um ser
maiêutica realiza o conhecimento verdadeiro pela ra- único capaz de mudar o mundo. Talvez por estar ple-
zão, extraindo-o através do próprio aprendiz. Na per- no de justeza, ele seja o mais capacitado a promover
cepção de Sócrates, a verdade não nos pode ser a transformação no mundo, a governar a sociedade.
transmitida por outros ou vir ao nosso encontro de Para Platão, o homem harmoniosamente constituído,
algum modo a partir do exterior. O ansiar por desco- despojado da avareza e da mesquinhez, da vaidade, e
brir a verdade é, para Sócrates, um sinal de que a da covardia, jamais poderá mostrar-se duro ou injusto
verdade está no ser de quem anseia. A verdade reside em suas relações com os outros. Esta é uma das mai-
numa dimensão diferente da exterior. Esta dimensão ores qualidades do filósofo.
somos nós mesmos, enquanto consciência. Mas, por que o filósofo é tão importante para
A maiêutica tem o objetivo de desmascarar a Platão? Uma resposta é o fato do filósofo ir em busca
falsa sabedoria e chegar a um conhecimento da natu- da verdade pura. Neste sentido, o próprio Platão faz o
reza do homem, limitado em sua busca. Ao buscar a papel nato do filósofo que busca incessantemente a
verdade que se esconde para além das aparências, o verdade. Para ele, a filosofia, tal como Sócrates, é a
ser humano passa por um processo de introspecção, ciência capaz de resolver o problema da vida. E o
voltando-se para si mesmo, dirimindo questões até maior de todos os problemas é o conhecimento pleno,
esvaziar-se de seu conhecimento aparente. Há então o ou o desvelamento da verdade; visto que o conheci-
reconhecimento de que o conhecimento está para a- mento prático, a gnose nascida do senso comum é li-
lém do senso comum. Há logo em seguida um novo mitada e pura aparência.
passo. Pela via dialógica, o ser humano volta ao Para enveredarmos no pensamento de Platão,
mundo universal a partir do particular a fim de atingir iniciemos com uma de suas mais famosas estórias: a
os limites da verdade através de conceitos. Alegoria da Caverna. Ela é uma maneira de Platão
2.2. Platão demonstrar como ocorre a sua Teoria das Idéias.
Aristocrata, discípulo de Sócrates, Platão foi o Imaginemos uma Caverna onde há pessoas.
primeiro a refletir e colocar em um sistema coerente Todo mundo acorrentado numa caverna desde a in-

Editora Exato 11
FILOSOFIA
fância. Com as cabeças presas, os prisioneiros só po- idéia e das almas. É uma questão de devir e de idéia,
dem olhar em uma direção, a direção da parede da a dissolução do mundo do devir no mundo das idéias.
caverna. Um fogo aceso atrás deles, e por entre eles e Ora, as idéias são o fundamento que permite diálogo
o fogo, pessoas circulam carregando objetos. Virados e, por conseguinte, a realização da utopia como pro-
para a parede, não conseguem ver o fogo ou as pes- jeto de humanidade em todos os níveis. Essa sistema
soas que circulam ou mesmo os objetos que elas car- de pensamento revela a percepção metafísica de Pla-
regam. Os prisioneiros vêem somente as sombras tão em relação ao ser feito mundo divino das idéias.
projetadas e julgam que elas são a realidade. De re- O evoluir do pensamento para além das apa-
pente, um homem foge, sai da caverna e vê o mundo rências, para o ápice das idéias permanentes exige
real. Ele volta mas, ofuscado pela luz, parece mais i- um processo dialético e dialógico. O diálogo e a dia-
diota do que antes. Convida os outros para sair e ver lética são possíveis graças ao Eros, aquele que busca
a nova realidade. Os outros não aceitam, preferem a metade que nos falta, aquele que nos faz desejar o
viver na crença da própria aparência. que nos torna felizes. Eros nos ajuda na mudança do
Esta alegoria é uma demonstração de que o diálogo para a dialética, que se faz pelo processo de
conhecimento aparente se apresenta a nós como se unificação desde uma interioridade em travessia à ex-
fosse pura verdade. Ora, a Alegoria da Caverna quer terioridade e vice-versa. O aprender consigo mesmo
demonstrar que o sensível é, na teoria platônica, insu- no responder e no perguntar nos faz crescer em nos-
ficiente para identificar o conhecimento. Em outras sa percepção e conhecimento da verdade e inclusive
palavras, a idéia, que não possuímos plenamente, é de nós próprios. O conhecer-me a mim mesmo diz
real e o real, que nossa percepção sensível capta natu- respeito ao apreender o ser que se revela em nós.
ralmente, é apenas aparência. O corpo, fonte de aces- Neste aspecto, Platão indica que a atividade fi-
so ao conhecimento primeiro, é um obstáculo ao losófica implica uma postura ético-metodológica do
conhecimento da verdade visto que ele revela apenas sujeito, sendo simultaneamente, abertura ao outro e
a aparência das coisas. abertura ao ser. É a ética e a razão do filosofar juntas.
No entanto, Platão postula que devemos consi- O método dialético ético realizado no diálogo com o
derar a percepção – e isso exige o sensorial – como outro nos ajuda a, através da argumentação racional,
condição necessária para fazer a razão chegar ao ápi- encontrar o caminho que ascende da opinião à verda-
ce das idéias. Esse subir racionalmente do sensorial de justa. Por isso, há de fato uma necessidade ima-
ao mundo das idéias é um processo dialético ascen- nente do outro, o que nos leva a formular uma
dente enquanto que o processo inverso pode ser cha- concepção ética, cujo fundamento se encontra na sub-
mado de dialético descendente. Na verdade, esse sair jetividade, mas que exige de nós a racionalidade a
de nossas próprias percepções sombrias, é um passo fim de que a humanidade seja realizada. E realizar a
fundamental caso queiramos ver sair da caverna e ver humanidade significa libertar inteiramente da sensibi-
o mundo real. lidade para o permanente mundo das idéias.
Ora, o sensível é insuficiente ao conhecimento 2.3. Aristóteles
porque está manifestado de erros. Por esta razão é O estagirita Aristóteles, discípulo incondicio-
necessário que pela anamnesis sejamos capazes de nal de Platão na Academia, nasceu em 384. Sua mai-
transitar da subjetividade às idéias pois o verdadeiro or atividade social e política talvez tenha sido a de
conhecimento só se produz a partir da relação com as educar Alexandre, o grande. Aristóteles fundou tam-
idéias, que está além das aparências. Podemos ainda bém uma espécie de faculdade, o LICEU, tido como
afirmar que uma vez longe do mundo das idéias, a superior à Academia. Sua maneira de ensinar tinha
verdade desaparece de nossas mentes. Platão refuta como metodologia o caminhar. Por esta razão, seus
tal premissa revelando que mesmo que esqueçamos a alunos eram chamados de peripatéticos.
realidade ideal, nossa lembrança do que conhecíamos A organização lógica do nosso pensamento em
antes de conhecer em realidade – anamnesis – faz- silogismos, ou seja, em premissas e conclusões, é fei-
nos saber aquilo que nunca experienciamos. Assumir ta por Aristóteles. Ao refletir questões do pensamento
a anamnesis significa aceitar o fato de que podermos ele define como meio fundamental de acesso ao co-
conhecer a verdade não significa que a conhecemos. nhecimento a filosofia. Filosofia é teorética e, por is-
A nossa busca pela verdade deve estar fundada so, busca pensar os problemas mais profundos do
em princípios da racionalidade enquanto instância universo. Ora, a filosofia enquanto ciência das causas
que permite aproximação com o eterno, o imutável, primeiras, é fatuamente teórica, e eleva o ser do esta-
as essências, as idéias. Apesar desta concepção pla- do de ignorância para o estado de sabedoria.
tônica supor uma divisão no âmbito do ser, uma sepa- Para Aristóteles, o conhecimento de todas as
ração entre idéia e alma, a psyché deverá determinar coisas encontra-se necessariamente naquele que, em
o nexo estrutural, ou seja, o princípio unificador da maior grau, possui a ciência universal, porque ele co-
Editora Exato 12
FILOSOFIA
nhece, de certa maneira, todos os sujeitos, ou casos tendamos por potência como o não-ser atual e a ca-
particulares do universal. Mas ao ser humano, por pacidade de ser, e como ato o ser efetivo.
seus limites que não vão além do sensorial, torna-se O pensamento aristotélico caracteriza-se então
difícil chegar ao conhecimento universal. Há neces- como um pensar analítico, que fundamenta uma
sidade de filosofar. Mas há que diferenciar entre a- forma de acesso ao real, e uma visão de mundo arti-
quele que apreende o pensamento dos filósofos e culada em contraposição à forma de saber da tradição
aquele que debate com eles seus pensamentos. grega até então, que era dialética. Mas a analítica a-
Aristóteles afirma que filosofar é uma questão ristotélica tem uma preocupação fundamental, a de
de atitude. E tal atitude se inicia pelo “admirar” co- salvar a racionalidade humana do arbítrio em virtude
mo fonte de aprendizado filosófico. do emprego do jogo de opostos feito por sofistas.
Se cabe ao filósofo o belo papel de admirar o Aristóteles não tolerava os sofistas. Contra o
ser, logo, é tarefa da filosofia captar e tematizar o pensamento falacioso destes pensadores, ele dividiu
permanente, o imutável em todas as coisas, ou seja, a em categorias os diferentes tipos de coisas que po-
physis: totalidade do real, o necessário e permanente. demos dizer algo. As categorias são substância, qua-
Ao apontar um conceito mais elaborado para physis, lidade, quantidade, relação, lugar, tempo, posição,
Aristóteles revela sua visão metafísica das coisas e do estado, ação, propriedade. Ora, ao categorizar as coi-
próprio ser humano. Para ele, todo o homem deseja sas, Aristóteles revela sua visão cosmológica do
naturalmente saber. Mas esse conhecer exclui o com- mundo. Nesta visão, sua organização metodológica
portamento prático e utilitarista. Há que se ter na ver- leva a termo uma descrição precisa dos fenômenos.
dade um comportamento admirativo. Ora a Tal organização é assim desenhada: em primeiro te-
admiração é o elemento fundamental da gênese do fi- mos a causa material que constitui as coisas e permi-
losofar. Devemos, no entanto, chegar através da ad- te que haja mudança; a causa eficiente, o evento em
miração filosófica à consciência da ignorância por processo levando a um resultado; causa formal, a
meio da percepção de uma dificuldade. O admirar realidade que leva à mudança; causa final, razão ex-
remonta à tese básica da identidade fundamental, a- terna da mudança. A causa final é um princípio bási-
quela em que Parmênides nos apresenta: pensar e ser, co de sua filosofia que indica haver finalidade em
onde o Ontos é o todo e o Logos é a reunião prévia de tudo. O ser humano nasceu para a finalidade de pen-
todos os entes cada um em seu lugar. sar. Essa visão finalista da natureza das coisas é cha-
O pensamento aristotélico não nega, contudo o mada de teleologia, uma maneira de explicar o
movimento que é uma característica real do ser en- desenvolvimento dos seres vivos e das pessoas.
quanto realidade. No entanto, sem negar o movimen-
to, o verdadeiro sentido da realidade no pensar Praticando o pensamento
aristotélico é a imutabilidade. Essa é a maior diferen-
ça entre o pensamento de Platão e o de Aristóteles. 1) O pensamento de Sócrates é muito impor-
Enquanto Platão separa o mundo das idéias do mun- tante devido ao seu método de apreensão do conhe-
do das aparências, o estagirita afirma que a idéia e- cimento. Chamado de maiêutica, esse método tem
xiste na matéria, ou a essência existe na substância. várias fases quando colocado em prática. Faça uma
Assim, o conhecimento do ser deve se iniciar no co- breve análise explicando como é na prática esse mé-
nhecimento do real. Com isto, Aristóteles coloca no todo de Sócrates.
centro da reflexão filosófica o conceito fundamental 2) O pensamento de Platão é muito importante
de essência. para entendermos os problemas relacionados ao co-
A essência é interna possibilitas, ou seja, é a nhecimento sensível e ao conhecimento racional. Pa-
possibilitação interna de uma coisa, sua necessidade, ra tanto ele faz uso de um conto chamado de Alegoria
aquilo que faz com que ela seja necessariamente o da Caverna. Releia no texto essa alegoria e faça uma
que ela é. Cabe aqui afirmar a essência como princí- síntese da história interpretando cada personagem e
pio de identidade da substância, onde a substância é a cada ato da alegoria.
junção de matéria e forma. Logo, os dois principais
aspectos da realidade física para Aristóteles são a 3) No pensamento de Aristóteles há uma dife-
substância, ou tudo o que se constitui; e a essência, rença muito grande sobre o significado de conhecer
ou o que tudo realmente é. Neste aspecto, Aristóteles em relação ao pensamento de Platão. Reflita e tente
avança em sua reflexão sobre o permanente, ou a es- descrever o pensamento de Aristóteles destacando es-
sência, e o mutável, a substância. As coisas mudam sa diferença.
porque à medida em que há o andamento natural das
coisas, tais coisas vão realizando o seu potencial. En-

Editora Exato 13
FILOSOFIA
2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Uma nova caminhada da filosofia se dá com a
mudança de ótica do pensamento grego. O cerne dos
questionamentos não está mais na realidade a ser a-
preendida, mas no ser que gera a realidade e a trans-
forma a medida que o tempo passa. Não há somente a
mudança de ótica do pensar grego, mas em Sócrates
se inicia uma nova maneira de pensar. Seu método de
fazer parir as idéias é uma singular maneira de cons-
truir o conhecimento sobre a verdade, sobre o ser, e
sobre o universo. Em Platão, o diálogo transforma-se
em Dialética. O pensamento evolui para além das a-
parências, para o nível mais elevado das idéias per-
manentes, que exige um processo dialético e
dialógico.
Mas, em Aristóteles o debate ganha novos a-
res. A dialética platônica dá lugar à analítica. Não é
mais o diálogo que fornece as informações e o co-
nhecimento. Aristóteles constrói os argumentos, tece
um método para se conhecer sem que haja necessari-
amente o diálogo. Para ele, o ser humano veio ao
mundo para a finalidade de pensar. Por isso há que se
considerar fundamentos argumentativos para che-
garmos ao conhecimento da verdade. Aristóteles será
o grande pensador, o mais influente até nossa época
pois sua filosofia dá novos rumos à ciência e sua fi-
nalidade.

Editora Exato 14
FILOSOFIA

FILOSOFIA
exigia a existência de uma fé comum e infalível, a
1. ATIVIDADEFILOSÓFICA EM ALGUNS
fim de estar acima das mudanças temporais e do pen-
PENSADORES MEDIEVAIS samento humano, em constante ataque por variadas
A divisão mais profunda da História da Filo- correntes filosóficas.
sofia é marcada pelo Cristianismo. Mas, ao pensar- Assim, dogmas foram proclamados contra os
mos essa divisão temos que considerar que não há, no quais não havia contestação. Dentro dessa redoma, a
sentido próprio do termo, uma filosofia cristã, visto filosofia cristã tentava promover o diálogo entre fé e
que o pensamento cristão é de cunho religioso. Mas, razão, gerando argumentos que não podiam ser con-
por pressupor uma concepção bastante específica do testados, pois seus fundamentos se encontravam na
mundo e da vida, sua doutrina faz uso de fundamen- revelação divina, fonte única da verdade. Mas duran-
tos filosóficos. Sua primeira fase se dá entre o segun- te esse período de desenvolvimento da filosofia cris-
do e o oitavo século. Esta fase é chamada de tã, alguns filósofos arriscaram envolver-se em
Patrística, pois representa o pensamento dos Padres debates delineadores do pensar, quebrando a redoma
da Igreja. Nela, há uma busca especulativa profunda da teologia para ex-trair dela a filosofia e dar-lhe de
para resolver o problema do mal. Do nono ao décimo volta a liberdade de pensar com seus próprios argu-
quinto século ocorre a segunda fase, chamada de Es- mentos, a razão e, também, a própria fé. Centraremos
colástica, pois representa a filosofia ensinada nas es- nossa atenção em apenas alguns filósofos mais im-
colas da época por mestres chamados escolásticos. portantes do Pensamento Medieval.
Nela, o pensamento cristão cria a filosofia cristã ver- 1.1. Santo Agostinho
dadeira e própria. A partir desses dados fundamen- Nascido em 354, Santo Aurélio Agostinho é
tais, tomaremos nossa postura reflexiva sobre os considerado um filósofo neoplatonista, com uma ex-
filósofos que fizeram escola no período em que o periência de fé profunda. Por esta razão, ele deixa-se
Cristianismo se expande e passa a indicar os rumos conduzir pela fé quando exerce uma atividade filosó-
do pensamento no mundo. Mas, atentamos à verdade fica. Conforme Agostinho, a filosofia é importante
de que há uma ruptura ordenada com o pensamento para a fé enquanto lhe mostra a racionalidade, dando
grego clássico. compreensão e coerência. Fazendo uso da filosofia
No mundo grego, a percepção das coisas se como solucionadora da vida, Santo Agostinho acredi-
dava a partir da idéia de movimento. As coisas se ta poder chegar a uma solução integral. No entanto,
moviam, tornavam algo e deixavam de ser algo, de- ele defende a posição de que a última palavra deveria
monstrando um constante e perpétuo vir-a-ser. Por estar na revelação, fonte da verdade definitiva porque
esta razão não havia problemas com relação à não- provinda de Deus. Essa posição era tão importante
existência. Para o Cristianismo, no entanto, as coisas para Agostinho que ele chegou a afirmar em seu livro
poderiam não ser pois sua existência requer uma jus- As Confissões que a vida feliz é a alegria que provem
tificação. A não justificação resulta em que a coisa da verdade. Tal é a que brota em vós, ó meu Deus.
em si deixe de existir. Esse tipo de filosofia promove Ou uma outra assertiva mais adiante, revela magis-
o niilismo. Logo, no mundo grego as coisas são vari- tralmente sua postura filosófica, onde encontrei a
áveis, enquanto no pensamento cristão, o “nada” é verdade, aí encontrei a meu Deus, a mesma verdade.
um pretendente a ser. O que está aí, o ser da visão Ora, ele aponta que somos demasiados fracos para
grega é redefinido pelos filósofos cristãos como o descobrir a verdade apenas pelo raciocínio.
não ser nada. Assim, podemos perceber que há no Logo, podemos perceber que a atividade filo-
novo pensar filosófico a partir do Cristianismo um sófica está em pleno vapor nesta época. Uma amostra
acréscimo argumentativo que diz respeito ao ser cri- da importância da filosofia na vida de Santo Agosti-
ador e ao ser criado. nho, e uma prova de sua atividade racional, está em
Ora, os séculos que se seguiram após o Cristi- sua definição de tempo. O tempo é enquanto possibi-
anismo tornar-se a religião oficial de Roma, tiveram lidade futura provada na expectação ou memória viva
uma profunda mudança no eixo de reflexão filosófi- e real do presente no qual perpassamos, com nossos
ca, ao ponto de a História do Pensamento Filosófico atos e atitudes. Mas, quanto a Deus? Como se pode
chegar ao final do século XIII dominado quase por falar de tempo em relação a Deus? Santo Agostinho
completo, pela Teologia Cristã. Mas para chegar a es- sustentava que Deus é eterno e, por isso, está fora do
te ponto, a Igreja conseguiu um feito único no mun- tempo. Então, o tempo para Deus é um eterno presen-
do, uniu com a magia de uma crença invariável a te. Isso levou Agostinho a tomar a postura de que
maior parte do continente europeu. Ora, a unidade somente o presente realmente existe.

Editora Exato 15
FILOSOFIA
1.2. Santo Anselmo condutor de seres humanos ao reino da imortalidade e
Bispo da Cantuária, Santo Anselmo nasceu em da verdade. Esse é o centro de seu pensamento, a dis-
1033. Seu pensamento pode ser definido com a sua tinção da teologia natural da teologia revelada. A
mais famosa frase: eu não procuro compreender-te primeira, segundo ele, provem a atividade da razão e
para crer, mas creio para poder compreender-te. das experiências sensíveis. A segunda, da fé, da graça
Com essa epígrafe podemos afirmar que Santo An- e das escrituras. O objeto das duas, porém, é a apre-
selmo dedica sua atividade filosófica a tentar esclare- ensão de Deus.
cer com a razão o que ele já possuía como fé. Ou Santo Tomás era um sacerdote com visão ex-
seja, o objeto revelado deveria ser confirmado pela pansionista da fé cristã. Neste sentido, ele reconhece
iluminação do raciocínio. Assim, a razão humana de- a dificuldade em debater a verdade revelada com pes-
veria ser vista como lançadora de luz sobre os misté- soas que não reconhecem as sagradas escrituras como
rios da fé cristã, demonstrando sua coerência, sua autoridade máxima da verdade. Desse reconhecimen-
conveniência e sua necessidade. Logo, sua proposta to surge a necessidade de se recorrer à razão natural
se resume no fides quarens intelectum e credo ut in- para argumentar assuntos teológicos. No entanto, há
telligam (a fé que procura o intelecto para tornar a que se precaver de um limite lógico, a razão natural
própria fé inteligente). pode enganar-se quando da argumentação sobre as
Por tal razão filosófica, há que se pensar uma coisas de Deus, em especial sobre a verdade revelada.
realidade ontológica fundada na teologia para tornar Então, a filosofia e a teologia tinham como objeto de
a própria atividade intelectual válida diante da fé na especulação o divino, Deus.
revelação. A filosofia de Santo Anselmo funda o ar- Em contestação a Santo Anselmo, Tomás de
gumento ontológico para demonstrar a existência na Aquino apresenta cinco provas da existência de Deus.
realidade e na natureza algo do que o qual nada se A primeira é o argumento do movimento. O movi-
pode pensar. O algo para além do pensar não é o na- mento está em toda parte. Alguém o causa, logo deve
da, mas algo para além do entendimento. O para a- haver um Deus como o Motor Imóvel de Aristóteles.
lém do pensar é uma possibilidade válida pois A segunda prova é o argumento das causas. Quem
consideramos que o ser enquanto totalidade é mais causa as causas? Existirá uma causa primeira e ina-
universal amplo do que nossas limitadas capacidades cabada? Conforme Tomás de Aquino, sim. A terceira
de apreendê-lo. Daí a necessidade da crença preexis- prova é o argumento da contingência. Como expli-
tir em relação à razão. camos a contingência na natureza? Somente pela e-
O que mais intrigou os filósofos dessa época xistência de um Ser Necessário que esteja além da
foi o argumento ontológico, que pode ser descrito contingência. A quarta prova é o argumento dos
da seguinte forma: “Dizemos que Deus é o maior ob- Graus de Perfeição. Há graus de perfeição na nature-
jeto do pensamento. Ora, se dizemos que uma coisa za. Isso implica a noção de perfeição, que por sua
não existe, outra coisa exatamente igual, se existisse vez, implica o que podemos chamar de Um Ser Per-
pelo simples fato de existir, seria superior. Portanto, feito. Finalmente a Quinta prova, argumento da Or-
se Deus não existisse, poderíamos imaginar algo su- dem Universal. Em tudo o que vemos há adaptação
perior, ou seja, um Deus que exista. Já que podemos ou acordo. Isso é um desígnio que manifesta uma In-
conceber este Deus superior, o próprio Deus deve e- teligência que organiza as coisas.
xistir, do contrário, existiria um ainda superior. Logo, A profundidade de tais argumentos sugerem
Deus existe”, nesmo que tenha provocado uma revi- uma profunda organização da atividade racional em
ravolta com tal argumento, Santo Anselmo é uma re- defesa da fé cristã.
al amostra do aprofundamento filosófico nesta época 1.4. Filósofos Árabes: Avicena e Al-
da história do pensamento. Gazzali
1.3. Tomás de Aquino Um pouco antes de Santo Anselmo, alguns
O italiano Santo Tomás de Aquino nasceu em pensadores árabes se destacaram no mundo da filoso-
1225. Seus estudos eram fundamentados pela filoso- fia. Avicena, nascido em 980, tentou uma síntese en-
fia aristotélica. Ele parte de Aristóteles para organizar tre o Islamismo, Platão e Aristóteles. Sua concepção
os ramos do conhecimento num sistema completo. filosófica é a de que esta é uma ciência com o fim de
O objeto de sua filosofia volta-se para o divi- informar acerca da verdade de todas as coisas na
no, sem o qual não há sentido debater sobre o mundo medida em que for possível ao homem. A possibili-
e o homem. O pensar filosófico faz sentido somente dade do conhecimento da verdade deve ser objeto do
enquanto sustentáculo do pensamento teológico, pois homem que deseja a nobreza e a perfeição para a sua
a verdade além de estar revelada, seu sentido é defi- alma. Há assim dois tipos de filosofia, a prática que
nitivamente garantido a partir da fé. Ora, a sabedoria, visa a busca do bem, e a teórica que visa a busca da
conforme Santo Tomás de Aquino, é apenas um fio verdade.
Editora Exato 16
FILOSOFIA
No esforço de buscar a verdade, um outro filó-
sofo, de nome Al-Gazzali aponta para a necessidade
de se certificar das bases da certeza. A certeza é o
mais claro e completo conhecimento das coisas, des-
de que não haja nos espaços dos argumentos margem
para a dúvida e o erro. Neste sentido escreveu o tomo
Destructio Philosopharum onde afirma que a filoso-
fia fazia mal, pois mesmo que ela fosse capaz de ge-
rar argumentos racionais válidos, a verdade eterna
estaria centrada em Deus.

Praticando o pensamento
O texto acima coloca você diante de uma nova
realidade a partir da Idade Medieval e a atividade fi-
losófica desse período. Tal realidade pode ser cha-
mada de A filosofia a partir do Pensamento
Teológico Cristão. É fundamental que você tenha e-
lementos básicos sobre o caráter diferenciado da filo-
sofia cristã em relação à filosofia clássica nascida na
Grécia. Saber perceber as diferenças o permitirá a-
profundar as razões para a Revolução do pensamento
a partir do Século XVI.
Neste momento, você é convidado a pensar
sobre o texto acima citado. Ele contém algumas idéi-
as básicas que o ajudarão e o introduzirão na arte de
pensar a vida e o mundo a partir da Idade Média. Re-
leia-o e exercite seu pensamento. Após a re-leitura,
faça uma pausa e reflita sobre as idéias mais impor-
tantes que há no texto. Finalmente, escreva uma carta
direcionada a um Padre da Igreja Católica Romana,
oferecendo explicações sobre as razões assumidas pe-
la Igreja para deter o pensamento filosófico e atrelá-
lo ao pensamento teológico da Igreja.
Comece assim:
“Caro amigo/a, tenho refletido....”

Editora Exato 17
FILOSOFIA

FILOSOFIA
do, celebrado, exaltado até à divindade, livre de si.
1. O MODO DE CONCEBER E FAZER FILO-
Ocorre de fato um endeusamento do homem demons-
SOFIA EM ALGUNS PENSADORES MO- trando a existência de uma redescoberta da Filosofia
DERNOS Antiga, mas desta vez exaltando o Humanismo. O
novo pensar no início da Era Moderna indica que o
1.2. Visão Panorâmica do Modo de
sentimento vigente na época era o de que as pessoas
Pensar Moderno não pareciam ser tão incapazes de conhecer a verda-
A História do Pensamento Moderno iniciada de, como a filosofia cristã deixara transparecer.
por volta do século XIV é um exemplo evidente de Na busca de auto-afirmação diante de um
que nossa maneira de “olhar” o mundo ainda está em mundo em reordenação surge a idéia da mecânica do
um processo de construção. Nessa época, a mudança universo. Esta nova postura do pensar refere-se em
na rota da história do pensamento provocou uma re- primeiro lugar à geometrização do espaço. Na física
viravolta nas questões relacionadas à percepção do aristotélico-tomista, o espaço fora caracterizado co-
Cosmos. Tal mudança leva a concepção greco- mo topográfico ou topológico, ou seja, rico em aci-
romana cristã, que promovia a idéia de uma ordem dentes. A nova concepção espacial o vê como neutro,
fixa segundo hierarquias de perfeição, dotada de homogêneo, mensurável, calculável, sem hierarquia e
centro e de limites conhecíveis, cíclico no tempo e sem valores, portanto, sem qualidades. A geometri-
limitado no espaço, a uma nova fase, com o reorde- zação do espaço diz respeito à idéia de que o univer-
namento de idéias e de questões filosóficas da época. so, feito de figuras geométricas circulares e
No lugar da concepção de uma ordem fixa surge a i- triangulares, parece escrito em linguagem matemáti-
déia do Universo Infinito, para além dos limites hu- ca.
manos, aberto no tempo e no espaço. Blaise Pascal Essa nova postura diante do universo requer
retrata a nova mudança na seguinte frase: “esfera cu- também uma nova concepção da ciência da natureza
ja circunferência está em toda parte e o centro em enquanto pensamento acerca do cosmos baseado na
nenhuma.” mecânica. O princípio da mecânica que fundamenta a
No século XIV e seguintes, as crenças das pes- ciência da natureza da Idade Moderna postula que to-
soas passavam por uma drástica mudança. Em vários dos os fenômenos naturais são corpos constituídos de
campos sociais e científicos a humanidade passava partículas dotadas de grandeza, figura e movimento
por câmbios os mais diversos. O comércio florescia, determinados. Ora, para conhecer a natureza é preci-
a quantidade de bens produzidos era cada vez maior, so estabelecer as leis necessárias do movimento e do
resultando em excedentes e desenvolvendo cada vez repouso que conservam ou alteram a grandeza e a fi-
mais as relações de mercado através da troca via es- gura das partículas. Ou seja, é necessário que se acei-
pécie monetária. As cruzadas haviam deixado aberto te a concepção física da Causa e do Efeito. Por esta
o caminho para o Oriente, a imprensa dera um passo razão, devemos repensar nossas idéias de Substância
importante na propagação do conhecimento a partir e de Causalidade. Ora, o mundo greco-romano pen-
de Gutenberg. A invenção da bússola motivou nave- sava a existência de uma pluralidade infinita de subs-
gantes a avançarem cada vez mais em suas descober- tâncias. Essas substâncias podem ser um gênero, ou
tas marítimas, derrubando crenças nunca antes uma espécie ou mesmo um indivíduo, cada qual com
questionadas. Uma Nova Era estava sendo construí- seus modos ou acidentes e suas próprias causalida-
da. A essa época de grandes mudanças universais de- des.
nominamos de Renascença. A Renascença é o Os modernos simplificam tal conceito, afir-
resultado da explosão do pensamento humano em vi- mando que a substância é toda realidade capaz de e-
as de libertação das crenças cristãs. xistir ou de subsistir em si e por si mesma. Neste
Ora, essa nova postura que então se desenhava caso, há três substâncias: a extensão - matéria dos
estava sob a bandeira de um movimento filosófico corpos regida pelo movimento e pelo repouso. O
chamado de Humanismo Imanentista. Ele procurava pensamento - a essência das idéias, e constitui as al-
destruir a harmonia do Pensamento Clássico baseado mas. Por fim, o infinito, ou seja, a substância divina.
na transcendência cristã. Ele privilegiava os interes- A partir dessas três substâncias ocorre o processo de
ses e ideais materiais e terrenos, colocando de lado conhecimento, que se fará pelo princípio da causali-
valores espirituais e religiosos. Para o Humanismo dade. Logo, conhecer é conhecer a causa da essência,
Imanentista, era necessário conquistar, dominar, go- da existência e das ações de um ser. Por isso, um co-
zar o mundo com meios humanos. Com ênfase em tal
tipo de postulado, o homem passa a ser potencializa-
Editora Exato 18
FILOSOFIA
nhecimento será verdadeiro, apenas e somente, ao o- sacordo é apenas aparente, e que o significado autên-
ferecer essas causas. tico da Revelação não se encontra em desacordo com
No desejo de decifrar um conceito mais preci- a razão.
so do conhecimento, Baruch Spinoza (1632-1677) a- Com sua mais nobre invenção, o telescópio,
firma que o conhecimento verdadeiro revela como Galileu confirma a teoria copérnica. Além disso, fun-
uma realidade foi produzida, isto é, o conhecimento damentou três princípios essenciais para se pensar a
verdadeiro é o que alcança a gênese necessária de nova ordem física do universo. Em primeiro, um cor-
uma realidade. Guilherme Leibniz (1646-1716) am- po, ao contrário do que se pensava, podia ter dois
plia a noção de conhecimento estabelecendo o prin- movimentos de natureza diferente. Em segundo, há o
cípio Nihil sine ratione, onde nada é sem causa princípio da inércia, ou seja, na ausência de qualquer
racional. intervenção externa, um corpo em repouso se man-
O pensamento filosófico amplia suas fronteiras tém em repouso e um corpo em movimento se man-
ao buscar novas interpretações de cunho mecanicista tém em movimento. A idéia de Galileu era
da realidade natural e social. A ciência moderna é a geometricamente fantástica, mas como explicar que
maior evidência de que houve uma ruptura da filoso- os planetas não perdiam sua rota apesar de sua vida
fia realizada nos séculos XV em diante em relação a vagante? Esse passo ele deixara para outro. Isaac
feita nos séculos anteriores. A ciência moderna se a- Newton (1643-1727) leva adiante o problema ao u-
presenta como saber apto a isolar uma dimensão par- sar o cálculo matemático, da mecânica galileana, das
ticular da realidade, mas deixa para outros a leis planetárias de Kepler e da teoria da atração de
compreensão da origem e do objetivo da vida huma- Gilbert, e chega à Lei da Gravitação Universal.
na. A partir dessa época surgem vários pensadores Ora, a nova ciência prescinde do mundo hu-
com a ambição grandiloqüente de desvendar os mis- mano e de toda a explicação metafísica e teológica do
térios da natureza. Leonardo da Vinci (1452-1519), devir do mundo. Esse devir aparece aos olhos da ci-
João Kepler (1571-1630), Nicolau Copérnico (1473- ência como um mecanismo, no qual o movimento de
1543), Gilbert (1544-1603) eram os novos filósofos cada parte é determinado pelo movimento de uma ou-
experimentais, ou cientistas. Além destes, vários ou- tra parte. A ciência não procura a origem e o objetivo
tros se destacaram no cenário mundial pela coragem do movimento, mas acompanha constantemente a
em fornecer, mesmo que dedutivamente a priori, no- produção de novos fatos que são objetos de investi-
vas leis que explicassem o funcionamento do mundo. gação a partir dos fatos observáveis. A percepção de
Surge pois a grande novidade da ciência nessa uma ciência ainda dependente de explicação metafí-
época para explicar o mecanismo do mundo, a Terra sica e a concepção mecanicista da realidade depen-
não era o centro do universo. Há, conseqüentemente, dente de fundamentos causais do ser são resultados
um confronto do modelo físico do mundo pensado do isolamento do todo. Logo, uma ciência feita nes-
por Copérnico com o modelo cristão ptolomaico. Os ses moldes terá a tendência de tornar-se uma concep-
luminares existiam, segundo Ptolomeu, para iluminar ção metafísica tal como o atomismo grego.
a Terra, durante o dia, e o outro durante a noite. Ora, Do interior de tais entraves científicos, brota a
nesse modelo, a Terra era concebida como uma esfe- atitude filosófica moderna, que se dá com base na
ra imóvel no centro do mundo, estando os outros cor- concepção mecanicista do mundo. Essa atitude acaba
pos celestes girando ao redor dela, segundo uma por dar uma nova concepção às ciências que, no pen-
hierarquia. Mas como explicar que um objeto tão samento de Thomas Hobbes (1588-1679), pode ser
grande, que era o Sol, ficava girando ao redor da Ter- definida de estudo das causas e dos efeitos mecânicos
ra sem sequer mudar sua rota? dos corpos em movimento. Para além desta lei en-
Dentro desse contexto, surge um dos mais fa- contra-se Deus pois não há uma ciência do infinito,
mosos pensadores, Galileu Galilei (1564-1642). Em do eterno e da origem primeira, como também não há
sua época, o debate com a Igreja sobre o verdadeiro uma ciência da totalidade do mundo. E Deus está pa-
conhecimento acerca da ordem universal era ainda ra além de toda a nossa imaginação sensível. Isto não
bastante complexo. Mas suas idéias já direcionavam quer dizer que o ser humano aceite os limites da Físi-
o mundo para um novo pensar. O seu Diálogo a Res- ca Mecânica. Sua vontade de sobreviver provoca seu
peito dos dois Maiores Sistemas: Ptolomaico e Co- desejo de ir além de seus limites naturais, enveredan-
pernicano provocou ira na cúpula da Igreja, levando do inclusive caminhos de desavença com seus seme-
Galileu a se submeter a um processo inquisitorial. lhantes. Mas para evitar a luta recíproca, o ser
Apesar de seu receio em relação às punições, Galileu humano deve impor a si mesmo limites à sua própria
chegara a afirmar que quando se demonstra de modo vontade de domínio. A obsessão humana não contro-
indubitável algo que parece estar em desacordo com lada tende a extrapolar os limites de sua possibilida-
as Escrituras, é sempre possível mostrar que esse de- de, avançando a qualquer preço dentro dos mistérios

Editora Exato 19
FILOSOFIA
universais, provocando inexoravelmente a destruição fia partia da certeza de que ele existia e se ele existia,
do cosmos. Deus também existia, pois se a existência de Deus era
Iremos a partir desse momento nos direcionar possível, mais ainda o conhecimento. Sua solução pa-
para alguns pensadores modernos. ra a questão epistemológica sobre o que podemos co-
1.2. O Filosofar em Descartes nhecer tornou-se uma corrente filosófica chamada de
René Descartes, francês da Bretanha (1596- Racionalismo, ou a crença de que a mente é capaz de
1650), é considerado o pai da Filosofia Moderna. Seu conhecer coisas mesmo sem experiência. Assim, o
início de atividade foi marcado por um ceticismo e- pensar cartesiano se direciona para a metafísica.
vidente, talvez devido a seu apego à idéia de que não A metafísica visa fundamentar o saber. O saber
tinha certeza de nada e, ao mesmo tempo, ansiava porém não é o fundamento da verdade. A verdade, na
conhecer a partir de suas faculdades racionais. Des- verdade, é uma relação entre pensamento e objetos. A
cartes procurou sistematizar seu pensamento através idéia de saber envolve relação entre a verdade e a
de um método eficaz a partir do qual seria possível certeza de que algo é verdadeiro. A certeza é apenas
conhecer. um estado do sujeito. Logo, fundamentar o saber sig-
Para ele, o conhecimento se deduz das primei- nifica evidenciar dois aspectos, a verdade e a certeza.
ras causas. Por isso há a necessidade de se começar a Evidenciar a verdade e a certeza é o objetivo
pensar o conhecimento obedecendo a duas condições do método cartesiano que tem sua gênese na funda-
fundamentais: a primeira é ter um princípio tão claro mentação dos primeiros princípios por si evidentes.
e evidente que não haja qualquer possibilidade de Eles não se apoiam em qualquer outro princípio, e
dúvida de sua verdade, e uma outra que o conheci- enquanto evidentes dispensam qualquer outra de-
mento das coisas deve depender do princípio anterior monstração. Assim, o método cartesiano passa a du-
para deduzir esse conhecimento das coisas. Partindo vidar de todos os gêneros de conhecimento para
dessa percepção racional, Descartes inicia sua orga- encontrar um princípio que, se colocado ainda em
nização do Discurso do Método, esboçando quatro questão, acarretaria uma contradição. Se no entanto
regras básicas: aceitar somente idéias claras e defini- um princípio é indubitável e não acarreta contradição,
das; dividir cada problema em tantas partes quantas não pode ser negado e pode assim ser considerado
forem necessárias para a sua solução; ordenar o pen- justificadamente como um primeiro princípio.
samento do simples ao complexo, e verificar exausti- O método dedutivo, físico-matemático, quanti-
vamente se há algum lapso. tativo-mecanicista de Descartes fundamentado na
Ele afirma o seguinte: por desejar ocupar-me dúvida coloca em questão os saberes sensíveis, a i-
somente com a pesquisa da verdade, pensei que era maginação e, por fim, a própria razão. Dessa dúvida
necessário agir exatamente ao contrário, e rejeitar radical emerge um enunciado fundamental e indubi-
como absolutamente falso tudo aquilo em que pudes- tável: eu penso. Só o ato de pensar, a consciência vi-
se imaginar a menor dúvida... Enquanto eu queria va desse pensar é indubitável, e nesse mesmo ato
pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente encontra-se o desejo de provar a existência de Deus.
que eu, que pensava, fosse alguma coisa, e, notando A dúvida cartesiana sem a inserção da questão sobre
que esta verdade: eu penso, logo existo, era tão firme a existência de Deus e sua prova irrefutável gera o
e tão certa que todas as mais extravagantes suposi- ceticismo. Ora, a idéia de Deus perfeito deve ter uma
ções dos céticos não seriam capazes de abalar, jul- causa. Mas como somos imperfeitos, não podemos
guei que poderia aceitá-la, sem escrúpulo, como o ser essa causa, de maneira que Deus deve ser a causa
primeiro princípio da filosofia que procurava. de nossa idéia da perfeição dele.
O cogito ergo sum cartesiano leva à suposição 1.3. O Pensar Filosófico Segundo Loc-
de que a essência do ser era o pensamento, e que a ke
mente era algo separado do corpo. Mas, como algo John Locke (1632-1704) é um pensador que
separado do corpo e, por conseguinte, do mundo ex- nos proporciona uma teoria do conhecimento bastan-
terno, podia conhecer os objetos? Não estaria Descar- te interessante e diversa de Descartes. O Empirismo,
tes adotando uma postura dualista platônica? De fato, em contraposição ao Racionalismo na Europa do sé-
para ele, a alma é uma substância distinta do corpo, culo XVII, estava crescendo cada vez mais. Locke
mas os dois trabalhavam como dois relógios sincro- assume o Empirismo como forma válida de atingir o
nizados. conhecimento. Para ele, o Empirismo é o fundamento
A filosofia primeira cartesiana não é uma ciên- de como aprendemos o que sabemos. Os nossos co-
cia que prioriza o conhecimento de objetos específi- nhecimentos (idéias) derivam da experiência. Há um
cos. Se ela demonstra a existência de certos objetos é fenômeno do pensamento, onde as idéias que temos
porque somente por meio deste conhecimento é pos- são representações derivadas da experiência, ou seja,
sível fundamentar as outras ciências. Esta sua filoso- não há idéias inatas. Para ele, os sentidos e a mente
Editora Exato 20
FILOSOFIA
funcionam em conjunto para transformar a experiên- ventos. Para ele, todo conhecimento humano é com-
cia em entendimento. A experiência no entanto ocor- binação de sensações. A impressão é a percepção a-
re de maneira dupla, uma externa que ocorre através tual das coisas e a idéia é a imagem que a impressão
das sensações e nos proporciona a representação dos deixa após ser.
objetos chamados externos (cheiro, cor, e etc); e uma A filosofia de Hume assume que todo conhe-
interna, reflexiva, e nos proporciona a representação cimento é reduzido ao sentido, que nos proporciona
das operações feitas pelo espírito sobre os objetos os fenômenos, as aparências das coisas. Mas temos
(conhecer, querer, e etc.). impressão de algo. Diferentemente de Locke, esse al-
Locke ainda desvela que nosso entendimento é go é chamado de substância. Assim temos que as im-
feito de impressões, idéias, sensações e reflexões, in- pressões e a idéias são coligadas entre si pela lei
teragindo entre si, e proporcionando o nosso pensar. fundamental da associação. A substância é uma cons-
Mesmo idéias imaginárias, fruto de nossos sonhos tante associação de percepções, tirada da experiência
formam-se a partir de experiências reais. Com a idéia real, na realidade. Ora, a realidade é resolvida em um
do entendimento enquanto objeto para si próprio e o mundo atômico de impressões sensíveis, aparências
sujeito de conhecimento objeto de conhecimento, a fenomênicas, em perpétuo vir-a-ser.
filosofia moderna inicia a Teoria do Conhecimento. Por buscar os fundamentos para o conhecimen-
Locke ainda defende a tese da mente como um to nos sentidos, Hume não prega a Metafísica, ao
papel não escrito, uma tabula rasa. A medida em que mesmo tempo em que ao demolir a idéia da ligação
alguém vai experienciando sons, imagens, cores, sen- causal entre os fenômenos, acaba também por implo-
tindo os objetos, ele vai aprendendo sobre tais coisas. dir a indução como método científico. Ele também
Assim, a experiência e a observação são como a ca- implode quase toda a ciência, e qualquer conheci-
neta que preenche o papel vazio, a mente humana. mento do eu e do mundo externo ao determinar que a
Neste caso, Locke reformula a idéia aristotélica de realidade é a associação de acontecimentos separados
que os objetos que percebemos estão na verdade den- e coincidentes. Essas ligações associativas reúnem-se
tro de nossas mentes quanto os percebemos. Para em nossas mentes somente se forem semelhantes
Locke, sabemos das coisas somente porque nossas umas às outras ou se as experimentamos conjunta-
percepções produzem a partir delas sensações das mente. Por exemplo, podemos associar abacate e a-
quais formamos idéias. bacateiro porque costumamos experimentá-los
Um dos problemas do pensamento de Locke juntos.
diz respeito ao fato de que ele afirmava a existência A ruptura que Hume faz entre fatos e razão é
da idéia de substância, embora o nosso conhecimento chamada de “forquilha de Hume”, e refere-se à idéia
empírico e racional seja obtido pelas nossas impres- de que os fatos não existem em relação lógica neces-
sões. Se as substâncias não podem ser assimiladas sária, e essas relações não pressupõem nenhum fato
por nosso cérebro, e Locke assume que só conhece- específico, não havendo portanto nexo causal na rela-
mos o que a experiência nos ensina, então como ele ção entre as coisas, apesar de gerarem novos conhe-
pode ter certeza de que a substância existe? Além dos cimentos.
problemas gnosiológicos, Locke ainda se interessou 1.5. A Ilustração (Iluminismo) e a Ati-
pela Moral, Política e Pedagogia. vidade Racional
1.4. O Filosofar Segundo Hume O século XVIII, na Europa, é marcado pela li-
O escocês David Hume (1711-1776) desen- bertação da razão de tudo o que fosse irracional, a
volveu o fenomenismo empírico. Sua filosofia, por- saber: a tradição, a autoridade, a religião, o mito e os
tanto, é de caráter empírico. Hume aprofunda o preconceitos. O progresso da humanidade podia fi-
empirismo de Bacon e Locke. Ele parte de duas idéi- nalmente ser plenificado através da ciência e da filo-
as fundamentais. A primeira é o princípio de que só sofia que instrumentalizando as luzes da razão
os fenômenos são observáveis; e a segunda é a de que podiam levar adiante os anseios existenciais da hu-
o mecanismo do real não é passível de experiência. manidade. Esse período é denominado de Iluminismo
Assim, as relações entre o ser humano e os objetos ou Ilustração. Ilustração é uma expressão alemã Auf-
são modos que o homem tem de passar de um objeto klarung para significar a saída do ser humano de sua
a outro sem que para isso tenha de passar pelas idéi- menoridade para sua maioridade.
as. Portanto, o nexo causal, propagado no início do Essa saída é realizada por meio de um movi-
Renascimento, onde estabelecer um nexo causal é de- mento cultural desenvolvido entre a revolução ingle-
terminar quais as identidades e quais as diferenças sa (1688) e a revolução francesa (1789). De nome
entre os seres, é totalmente rejeitado por Hume, que Iluminismo, refere-se ao próprio objetivo do movi-
prefere dizer que as coisas observadas por nós são mento de iluminar a sociedade da época com a razão
apenas uma sucessão de fatos ou a seqüência de e- contra o Obscurantismo da história e das tradições
Editora Exato 21
FILOSOFIA
política e religiosa. Ora, a Reforma Luterana retroce- Finalmente, a razão se impõe como fundamen-
deu o pensamento cristão à sua época inicial. O Hu- to da humanidade e instrumento luminar da ação hu-
manismo e a Renascença remontaram ainda mais mana. Mas seria essa razão capaz de controlar os
atrás, até a civilização pagã. O Racionalismo enquan- anseios humanos de domínio em relação ao universo
to método crítico demoliu a estrutura do pensamento e a seus próprios semelhantes? A razão tornada uma
cristão tradicional. O Empirismo, por sua vez, pro- espécie de deusa teria força suficiente para implantar
moveu a reconstrução da percepção da realidade a- no coração do ser humano princípios morais capazes
través de elementos primitivos mediante o de preservar a espécie humana de guerras e desaven-
mecanicismo e o associacionismo. Mas, desses mo- ças, lutas de conquistas e de colonização? Estariam
vimentos e correntes, nada se compara ao Iluminis- os sentimentos humanos condenados à repressão para
mo. sempre? As leis do Estado estariam subordinadas à
A característica do Iluminismo é o culto à deu- razão ou à vontade geral? Se por um lado o Ilumi-
sa razão, que deve dominar absolutamente todas as nismo libertou a humanidade do Obscurantismo, por
instâncias da sociedade, provocador de guerra a tudo outro, fez o ser humano tornar-se sujeito absoluto dos
que não seja puramente racional, como fantasia, pai- rumos da humanidade avançando os próprios limites
xão e sentimentos. É preciso demolir tudo para im- e assumindo e auto-denominando o novo dono do
plantar o reino da razão. Kant revela com bastante mundo.
clareza essa época: entretanto, nada além da liberda- 1.6. A Atividade Filosófica Segundo
de é necessário à ilustração; na verdade, o que se Kant
requer é a mais inofensiva de todas as coisas às
O pensamento contemporâneo se inicia com
quais esse termo pode ser aplicado, ou seja, a liber-
Immanuel Kant (1724-1804), filósofo alemão consi-
dade de fazer uso público da própria razão a respei-
derado o pensador mais influente dos tempos moder-
to de tudo.
nos. Kant fornece uma síntese crítica e especulativa,
A vitória das Luzes sobre o Obscurantismo
fundindo os dois fenômenos, razão e sensação, em
Medieval pode ser visualizada como o fato de que ela
um superior, o Idealismo, que é denominado por ele
passa pela instalação do sol em seu verdadeiro lugar.
de Criticismo. Essa síntese explicita uma concepção
Daí para frente, a luta seria cada vez mais facilmente
sistemática imanentista e humanista do mundo e da
realizada. Surge logo em seguida o projeto da Enci-
vida de sua época. Tal pensamento vai até Hegel.
clopédia, esforço coletivo entre pensadores filósofos
Immanuel Kant é um grande pensador. Segun-
e cientistas visando difundir e solidificar o novo pen-
do ele, a atividade filosófica deve considerar a razão,
samento tornando-o acessível ao povo. Os enciclope-
mas também deve levar em conta as sensações. Ao
distas concebiam a natureza como um grande
ter esse princípio como fundamento de seu pensa-
processo criativo, com o ser humano sendo parte de
mento, ele volta sua atividade para a organização de
um todo. Além disso, apontavam a necessidade de
um pensamento crítico diante dos problemas do co-
mudanças principalmente no aspecto cultural da Eu-
nhecimento.
ropa. Entre os grandes enciclopedistas, temos Ques-
Os estudos de Kant fizeram-no perceber apa-
nay, Buffon, D´Alembert, Rousseau, Voltaire,
rentes contradições nas ciências físicas da época. Ele
Montesquieu e Diderot. A Enciclopédia da ciência,
também percebe certa contradição nas ilações feitas
arte e ofícios foi lançada em 17 volumes e concluída
por Hume em sua análise do princípio de causa, onde
sob a coordenação de Diderot.
aponta que a relação de causa e efeito é uma coinci-
Promotores da humanidade, os enciclopedistas
dência e não um conhecimento verdadeiro, conforme
também defendiam as idéias iluministas. Entre as
havia dito Leibniz. Por esta razão, Kant decide tecer
mais importantes temos a defesa do homem como ser
uma crítica sobre a experiência humana do conheci-
não depravado por natureza; o objetivo da vida é a
mento a fim de solidificar as verdades metafísicas
própria vida, mas não a vida após a morte; a condição
que o ceticismo de Hume havia demolido. Hume ha-
essencial para bem viver na terra era libertar o ser
via revelado que não podemos ter nenhum conheci-
humano de sua ignorância e superstição, bem como
mento metafísico da realidade.
dos poderes arbitrários do estado; a evolução para se
Entre Leibniz e Hume, Kant confronta com
chegar à perfeição humana é condição fundamental;
mais profundidade o pensamento de Hume. Este ha-
tudo é interligado e é parte de um grande esquema de
via afirmado que nada podemos conhecer sem a ex-
uma providência benevolente..
periência, além de termos de julgá-la para então
compreendê-la. Por isso, o conhecimento estava re-
duzido ao mundo real. Além disso, a mente ainda de-
veria “apelar” à associação dos objetos reais para que
houvesse o mínimo de conhecimento. Kant inverte a
Editora Exato 22
FILOSOFIA
idéia empírica de submissão do conhecimento à ex- tros dois termos fundamentais, o conhecimento a pri-
periência. Não é o conhecimento que deve se con- ori, que vem antes da experiência e torna a experiên-
formar com os objetos, mas os objetos é que devem cia possível; e o conhecimento a posteriori, que
se conformar com o conhecimento, pois os objetos ocorre a partir da experiência.
são organizados pelo conhecimento. Para superar es- Na filosofia da época kantiana, os juízos analí-
se problema, Kant afirma que o conhecimento é ticos eram perfeitamente concebíveis, mas o que di-
constituído de forma e matéria. A matéria são as coi- zer dos juízos sintéticos a priori? A filosofia de
sas em si e a forma somos nós com nossa percepção Hume não acreditava na possibilidade do conheci-
a priori das coisas. mento que ultrapassava os limites do objeto real em
Immanuel Kant tinha também uma preocupa- si. Mas Kant insistia que o conhecimento sintético a
ção com a metafísica. Sua rejeição à metafísica “tra- priori era possível. O conhecimento nesse aspecto era
dicional”, presa a rigorosos dogmatismos sem antes o resultado de uma síntese entre experiência e concei-
pensar o que de fato o ser humano era capaz de co- tos. Ora, sem os sentidos, como perceberíamos os ob-
nhecer, fê-lo tecer novos fundamentos para a metafí- jetos? Mas sem o entendimento, como formarmos
sica. Seu pressuposto parece bastante válido pois conceito de um dado objeto? Logo, era necessário a
percebia o homem como um ser desejoso de conhecer interação entre sensibilidade e razão para ocorrer o
as coisas para além da experiência. A alegação de “conhecer”. É necessário que o mundo numênico (re-
Kant é um bom início de nossa reflexão: o ser huma- alidade em si) e o mundo fenomênico (aparência) in-
no em sua ânsia de conhecer enfatiza a questão fun- terajam em vista do conhecimento, visto que a coisa
damental da vida: o que é o ser humano? Em sua em si – noumenon, era incognoscível. Ultrapassar os
Crítica da Razão Pura ele destrói a metafísica tradi- limites de seu método levaria inevitavelmente a falá-
cional e a reconstrói sob novas bases racionais. cias e paradoxos. Por isso, o emprego da razão devia
Ora, o homem possui uma natureza metafísica, se dar na esfera prática, conhecendo o mundo, orga-
pois relaciona-se com o ser e não se desenvolve se nizando sob a forma a priori de tempo e espaço nossa
não for a partir de sua compreensão do ser. O pro- percepção sobre ele. Tempo e espaço no pensamento
blema surgirá quando Kant tentar conciliar Raciona- kantiano deve ser pensado como formas que alguém
lismo e Empirismo, Idealismo e Realismo. No põe nas coisas, e não como uma realidade externa.
Realismo, conhecer os objetos é apreendê-los como 1.7. Notas Finais Sobre o Pensamento
realmente são em sua existência independente da Moderno
mente. Conhecer algo é assumir entre vários concei-
O Renascimento trouxe para o centro das re-
tos o mais adequado a tal coisa, ou seja, a essência.
flexões uma ruptura radical frente ao pensamento
Ao contrário do Realismo, temos o Idealismo. Para
cristão. As preocupações especulativas desde então
ele, as coisas existem conforme a construção da men-
apontaram suas baterias carregadas de questionamen-
te; tudo que existe é conhecido através de idéias ou
tos filosóficos com respostas nem sempre alcançáveis
como idéias. O Racionalismo tem na razão sua fonte
ao pensamento humano. Neste sentido, René Descar-
do conhecimento. Ora, há uma classe de verdades
tes é um profeta do conhecimento pleno. Sua dúvida
que o intelecto pode intuir diretamente, e que está a-
sobre a certeza do conhecimento pleno do ser fê-lo
lém da percepção sensível. Na contraposição está o
chegar a idéia fundamental de que a dúvida é a certe-
Empirismo, onde todo conhecimento vem da experi-
za de um conhecimento livre de qualquer erro da ló-
ência sensível.
gica. Assim, podemos assumir como o centro de
Para Kant, conciliar essas quatros concepções
nossa atividade filosófica a dúvida sob a fantasia do
do conhecimento era fundamental para seu postulado.
questionamento. Ora, a pergunta é um instrumento
Sua atividade filosófica presume a organização do
necessário para evitar que o pensamento se interrom-
pensamento, percebendo que o problema da percep-
pa em seu processo de apreensão do conhecimento.
ção das coisas pelos cientistas era muito semelhante
Mas não somente Descartes é profeta. Imma-
ao de como os metafísicos conheciam coisas sobre
nuel Kant, ao valorizar razão e sentido, criticando
idéias abstratas tais como a justiça, a honestidade, a
posturas particulares, dogmáticas e reducionistas de
moral. Segundo Kant, o ser humano parte de dados
certas correntes filosóficas, coloca-nos num grau ele-
para fazê-los juízos. Inicia-se aqui sua idéia de que a
vadíssimo do pensar humano. Com nosso raciocínio
razão pura é a que contém os princípios que servem
envolvido nesse grau, a prática do nosso pensar tra-
para conhecer alguma coisa a priori.
balha os limites, as fronteiras do conhecimento pos-
Para tanto, ele usa proposições analíticas e sin-
sível, permitindo “olhar” o mundo como se sempre
téticas. As proposições analíticas só explicam as pa-
fosse a primeira vez. Por isso, para o ser humano en-
lavras, enquanto que as sintéticas explicam as coisas
veredar nas atividades filosóficas é preciso perder al-
para além das palavras. Além disso, ele assume ou-
go da fé nas aparências, nas rotinas, nos dogmas para
Editora Exato 23
FILOSOFIA
que não seja aceita nenhuma verdade que não seja
especulada, problematizada e pensada limitar nosso
conhecimento. Hoje, distante dos idos séculos do das
Luzes ainda podemos desfrutar das conquistas que a
vitória da razão trouxe para a humanidade. Daquela
época até nossos tempos, o ser humano vem enfati-
zando cada vez mais a não clausura do pensamento e
o permanente compromisso de manter aberta a ques-
tão do sentido de nossas vidas.
O permanecer em aberto as questões funda-
mentais de nossas vidas remonta a Hegel que, em sua
feliz apreciação acerca da história, revela que ela en-
sina que nunca aprendemos com ela. Talvez isso te-
nha duas verdades aparentemente paradoxais. A
primeira verdade é a que nossa alienação permanente
diante dos fatos ocorridos é uma realidade pois os fa-
tos históricos se repetem porque somos incapazes de
alterá-los ao longo do caminhar temporal. A segunda
verdade é a que não ocorre esse repetir, mas o reco-
locar no centro do caminhar temporal as mesmas
questões feitas há milhares de anos atrás para que,
quem sabe com novos postulados categóricos, com
novos dados da história e das ciências, possamos res-
ponder finalmente a grande pergunta kantiana: o que
é o ser humano? Se assim fazemos então estamos fa-
zendo filosofia, ou seja, estamos dialogando com
uma tradição que já tem mais de 25 séculos no Oci-
dente.
Praticando o pensamento
1) Reflita sobre a seguinte idéia: "O Renasci-
mento trouxe para o centro das reflexões uma ruptura
radical frente ao pensamento cristão. As preocupa-
ções especulativas desde então apontaram suas bate-
rias carregadas de questionamentos filosóficos com
respostas nem sempre alcançáveis ao pensamento
humano. Neste sentido, René Descartes é um profeta
do conhecimento pleno. Sua dúvida sobre a certeza
do conhecimento pleno do ser fê-lo chegar a idéia
fundamental de que a dúvida é a certeza de um co-
nhecimento livre de qualquer erro da lógica. Assim,
podemos assumir como o centro de nossa atividade
filosófica a dúvida sob a fantasia do questionamento.
Ora, a pergunta é um instrumento necessário para e-
vitar que o pensamento se interrompa em seu proces-
so de apreensão do conhecimento...” Faça uma breve
análise crítica procurando explicar racionalmente as
razões que evidenciam a importância do perguntar na
Filosofia.

Editora Exato 24
FÍSICA
FÍSICA

CINEMÁTICA ESCALAR
1. INTRODUÇÃO 1.5. Espaço ou Posição Escalar (S)
A cinemática escalar é a parte da Mecânica Determina a localização do ponto material em
que apenas descreve o movimento, sem se preocupar uma determinada escala ao longo da trajetória. Ob-
com a sua causa. serve que a posição não representa o quanto a partí-
Só podemos dizer que conhecemos o movi- cula deslocou-se. Quando se diz, por exemplo, que há
mento de um corpo se, e somente se, em qualquer um automóvel quebrado no quilômetro 20 da BR
instante, pudermos informar qual a posição, a veloci- 040, você com certeza sabe sua localização; no en-
dade e a aceleração que esse corpo terá. tanto, não pode determinar quanto ele viajou para
chegar lá, pois não sabe de onde o automóvel partiu.
1.1. Ponto Material
Corpo cujas dimensões são desprezíveis, quando 1.6. Deslocamento Escalar ou Variação
comparadas com outras dimensões envolvidas no es- de Espaço (∆s):
tudo do fenômeno. Seja So a posição escalar de uma partícula de
Exemplo: a Terra em relação à Via Láctea tem um instante t0 e S sua posição escalar no instante t. O
dimensões desprezíveis. Assim, em relação à Via deslocamento escalar é definido por:
Láctea, a Terra é um ponto material.
∆S = S − S 0
No estudo de um ponto material, devemos
desprezar seu movimento de rotação. 100 Km 300 Km
1.2. Corpo Extenso
Corpo cujas dimensões não podem ser des- S0 S
prezadas no estudo de um determinado fenômeno.
Exemplo: Na figura, um automóvel sai do quilômetro
Um carro fazendo uma manobra em uma gara- 100 e vai ao quilômetro 300. Para calcular o deslo-
gem é um corpo extenso. O mesmo carro em relação camento escalar temos:
à rodovia Belém-Brasília é um ponto material.
∆S = S – So
1.3. Trajetória
Linha que une todas as sucessivas posições de ∆S = 300 –
um objeto. 100

P2 ∆S = 200 km
1.7. Velocidade Escalar Média (Vm)
É muito comum, ao assistirmos a uma corrida
P1 P3 de automóveis, o locutor dizer qual foi a velocidade
média dos carros em uma determinada volta ou mes-
mo em toda a corrida. Isto não significa, porém, que
A forma da trajetória depende do referen-
aquela tenha sido a velocidade do carro em todo o
cial adotado. percurso.
Exemplo: Define–se velocidade escalar média de um
Um estudante, sentado no banco de um ônibus móvel, o quociente entre a variação de espaço e o in-
em movimento retilíneo uniforme, lança uma borra- tervalo de tempo gasto.
cha para cima, na vertical. Para o estudante, a trajetó-
ria da borracha, será uma reta. Para um observador ∆S
Vm =
parado na estrada, a trajetória será um arco de pará- ∆t
bola.
1.4. Movimento e repouso. Para converter km/h em m/s, basta dividir o
Um ponto material está em repouso em relação valor em km/h pelo fator de conversão 3,6. Para a
a um certo referencial quando sua posição não varia transformação inversa – converter m/s em km/h –
para este referencial. Caso ocorra variação na posi- basta multiplicar o valor em km/h por 3,6.
ção, o ponto material estará em movimento para a- Dizer que a velocidade de um móvel é cons-
quele referencial. tante significa que essa velocidade é a mesma em
qualquer instante e que é igual à velocidade escalar
média em qualquer intervalo de tempo.

Editora Exato 1
FÍSICA

Se o móvel avançar e, em seguida, recuar so- Vm =


∆s
, vamos substituir = 5=
∆s
, como o
bre a mesma trajetória, voltando ao ponto de partida, ∆t 30
temos: número 30 está dividindo, o ∆s ele passa para o outro
∆S = 0 e Vm = 0. lado multiplicando o 5, olhe
5.30 = ∆s
ESTUDO DIRIGIDO ∆s = 150m
1 Defina ponto material e cite um exemplo.
3 Um automóvel possui velocidade média de
100km/h. Calcule o tempo que ele gasta para
percorrer 400km.
Resolução:
2 Um estudante sentado no banco de um ônibus Dados
que viaja a 60km/h estará certamente em mo- Vm=100km/h
vimento. Certo ou errado? Justifique.
∆s 400km
∆t = ?
Vm =
∆s
= 100 = 400
∆t ∆t
400
3 Qual a fórmula para se calcular a velocidade ∆t =
//
100
//
escalar média? Escreva o significado de cada
símbolo e sua respectiva unidade no sistema ∆t = 4h
internacional.
EXERCÍCIOS

1 Calcule a velocidade escalar média de um


homem que corre 200m num intervalo de
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS tempo de 40s.
1 Um carro percorre 300km em 3 horas. Calcule
sua velocidade escalar média. Dê a resposta 2 Um carro leva 8 horas para ir de Brasília a
em km/h e depois transforme para m/s. Belo Horizonte. Considerando que o mesmo
Resolução: tenha desenvolvido uma velocidade média de
Dados: 93km/h, calcule a distância percorrida pelo
∆s = 300km veículo.
∆t = 3h
Vm = ?
∆s 300 3 A prova mais rápida de uma Olimpíada é a
Vm = → Vm = corrida de 100m no atletismo. Sabendo que
∆t 3
km esta prova dura aproximadamente 10s, qual a
Vm = 100
h velocidade média desenvolvida pelos atletas
Para transformar km/h para m/s basta dividir por nesta prova?
3,6, assim: 100 ÷3,6 = Vm = 27,7m/s.
4 Juliano foi a um concerto de uma orquestra
2 Um cavalo corre com velocidade média de sinfônica, mas, como chegou um pouco atra-
5m/s. Calcule o seu deslocamento após 30s de sado, teve que se sentar nas últimas cadeiras.
corrida. Considerando que ele estava a 99m do palco,
Resolução: onde estava a orquestra, quanto tempo o som
Dados: levaria para sair do palco e chegar aos ouvidos
Vm = 5m/s de Juliano? (velocidade do som no ar =
∆t = 30s 330m/s)
∆s = ?

Editora Exato 2
FÍSICA

5 A respeito dos conceitos de movimento e re-


pouso, julgue os itens:
1 A Terra está em movimento em relação ao
Sol.
2 Um móvel pode estar em movimento em rela-
ção a um referencial e em repouso em relação
a outro.
3 As estrelas do céu estão em repouso.
4 Se uma pessoa está em repouso em relação à
Terra, ela está em repouso em relação a todos
os outros referenciais.

GABARITO

Estudo dirigido
1 Corpo de dimensões desprezíveis quando o
comparamos com outras dimensões. Exemplo:
a terra em relação ao universo é desprezível,
já em relação a você ela é muito grande; logo,
em relação ao universo, a Terra é um ponto
material e em relação a você, não.
2 Errado. Depende do referencial. Por exemplo:
para uma árvore na estrada, o estudante estaria
em movimento; já, para o banco do ônibus, ele
está parado (repouso).
∆s
3 Vm =
∆t
Vm = velocidade média (m/s)
∆s = deslocamento (m)
∆t = variação de tempo (s)
Exercícios
1 5m/s.
2 744km.
3 10 m/s.
4 0,3s.
5 C, C, E, E

Editora Exato 3
FÍSICA

GRANDEZAS E VETORES
1. INTRODUÇÃO Resposta:
Define-se como grandeza tudo aquilo que pode Volume = 10 + 20 = 30l
ser medido. O universo das grandezas é dividido em
dois grandes grupos, as escalares e as vetoriais. As 3. OPERAÇÕES COM GRANDEZAS VETO-
grandezas que ficam completamente determinadas RIAIS
por seu valor numérico e uma unidade adequada são A adição e a subtração de grandezas vetoriais
denominadas de escalares. Por exemplo, quando o necessitam de uma nova álgebra. Como exemplo,
noticiário diz que em Palmas a temperatura é de consideramos os deslocamentos feitos por uma pes-
32°C, conseguimos entender a mensagem claramente soa que anda com um mapa procurando um tesouro.
sem a necessidade de complemento. Outros exemplos Observe que no mapa não se pode escrever somente:
de grandezas escalares são: área, volume, massa, e- ande 20 passos! Para onde? Os deslocamentos são
nergia, tempo, carga elétrica. grandezas vetoriais que precisam, portanto, de orien-
Existem, por outro lado, grandezas físicas que tação.
exigem para sua completa compreensão, além do seu Assim, o mapa deve conter informações como
valor numérico, o conhecimento de uma direção ori- direção e sentido. Informações do mapa:
entada. Tais grandezas são denominadas de vetoriais.  A partir do ponto A, ande 20 passos para o
Como exemplo, veja o esquema do mapa na figura 2 Norte, em seguida, ande 6 passos para o
– observe que é necessário dizer para onde os passos Leste e, finalmente, 12 passos para o Sul.
devem ser dados, ou seja, é preciso orientação. Quantos passos a pessoa deu? 38 passos.
As grandezas vetoriais são representadas por
um ente matemático denominado vetor, que se carac-
N
teriza por apresentar módulo, direção e sentido. Gra- 06
ficamente representamos um vetor por um segmento
orientado (fig. 1) e indicado por uma letra qualquer, 12 O L
r
sobre a qual se coloca uma pequena seta ( v ) . 20
B S

A dr Figura 2
1cm 1cm Reta suporte r
Se a pessoa fosse direto de A para B, andando
Direção
o segmento dr , chamado aqui de Deslocamento Re-
O P sultante, ela teria andado 10 passos. Como este cálcu-
Sentido Figura 1
lo é feito?
Devemos subtrair vetores com sentidos opos-
A direção do vetor é a mesma da reta suporte r. tos, assim temos 20 – 12 = 8. Os vetores 6 e 8 são
O sentido é de O para P dado pela ponta da seta. O perpendiculares entre si. Utilizamos aqui o Teorema
módulo é o comprimento do vetor. Na figura 1, o de Pitágoras para nos fornecer o deslocamento resul-
módulo do vetor vale 2cm. tante dr .
2. OPERAÇÕES COM GRANDEZAS ESCA-
LARES 6
2.1. Soma e subtração de grandezas
escalares 8
Para se somar ou subtrair grandezas escalares, dr
devemos aplicar a álgebra já conhecida do 1º grau.
Vejamos um exemplo: em 10l de água quente, são
adicionados 20l de água fria. Qual o volume total de dr2 = 82 + 62
água?
dr2 = 64 + 36
dr = 100 dr = 10
passos

Editora Exato 4
FÍSICA

Este método de adicionar vetores é chamado 3.3. Soma de vetores que formam en-
de regra origem–extremidade: a resultante vai da ori- tre si um ângulo reto ( α = 90°)
gem do primeiro vetor até a extremidade do último
vetor.
Considere os vetores V1 e V2 da figura abaixo.
Pela regra origem–extremidade, temos:
VR
V1
V2

V1 V1

V
V2

V2

VR2 = V12 + V22 Teorema de Pitágoras


V = V1 + V2

Casos Particulares: ESTUDO DIRIGIDO


3.1. Soma de vetores com a mesma di- 1 Defina grandeza escalar, citando 2 exemplos.
reção e sentido.
O ângulo formado entre os vetores é de 0°.

VR = A + B Intensidade 2 Defina grandeza vetorial, citando 2 exemplos.


A A B
A+ B
VR
B
VR Vetor Resultante
3 Desenhe:
a) dois vetores com mesma direção e sentido.
Exemplo: b) dois vetores com mesma direção e sentidos
opostos.
F1 = 4N FR = F1 + F2
FR = 4 + 3
FR = 7N EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
F2 = 3N
1 Um homem caminha 4 passos para Leste e de-
3.2. Soma de dois vetores de mesma pois 3 passos para o Sul. Qual o seu deslocamen-
direção e sentidos opostos. to resultante?
O ângulo formado entre os vetores é de 180° Resolução:
Pontos cardeais
N
(+ ) NO NE

A A
O E

B VR B
SO SE
VR = A+ (-B) S , oriente-se
VR = A - B Intensidade
4 passos
E

DR 3 passos

Editora Exato 5
FÍSICA

DR2 = D12 + D22 c) Teorema de Pitágoras


1 2 2
D =4 +3
R

DR2 = 16 + 9
DR2 = 25 DR
6 8 DR2 = 62 + 82
DR = 25
DR2 = 36 + 64
DR = 5 passos
DR2 = 100
O deslocamento resultante (DR) foi de 5 pas- DR = 100
sos. DR = 10

2 Some os vetores abaixo. d) Aqui basta subtrair 5 de 8, pois são vetores


a) opostos; e usar depois o Teorema de Pitágoras. A-
companhe:
3
4 4
5
8 5 3 DR2 = 42 + 32
DR
b) DR2 = 16 + 9
8-5=3 DR2 = 25
7
DR = 25
3
DR = 5

c)

6 EXERCÍCIOS
8
1 Se somarmos dois vetores de módulo 20 e 8, que
d) tenham mesma direção e sentido, qual será o mó-
dulo do vetor resultante?
4

8 5 2 Calcule o módulo do vetor soma (resultante), dos


seguintes casos:
a)
Resolução:
10
a) Basta somar
6
3 5
DR= 8 b)

7 9

b) Basta subtrair c)
7
3
DR = 4
5
90º
12

d)

60º
2

Editora Exato 6
FÍSICA

3 Um homem está sobre um ônibus cuja velocidade


é de 60km/h em relação ao solo. Se o homem
começar a andar com uma velocidade de 3km/h
em relação ao ônibus, qual a velocidade do ho-
mem em relação ao solo, se ele anda na mesma
direção e sentido do ônibus?

4 Assinale a alternativa que contém apenas grande-


zas vetoriais.
a) tempo, força, energia.
b) força, velocidade, temperatura.
c) energia, corrente elétrica e quantidade de mo-
vimento.
d) força, aceleração e quantidade de movimento.
e) tempo, espaço e energia.

5 Determinado veículo gasta 2h numa viagem de


Brasília a Goiânia. Sabendo que o carro percorreu
uma distância de 210km e que a distância entre as
duas cidades, em linha reta, é de 170km, calcule
o módulo da velocidade escalar média e da velo-
cidade vetorial média do veículo.

GABARITO

Estudo dirigido
1 É a grandeza física que fica perfeitamente defini-
da com um número e uma unidade, ou seja, não
precisa de orientação. Exemplos: massa, tempo.
2 É a grandeza física que além do número e unida-
de precisa de orientação (direção e sentido).
3
a) b)
Exercícios
1 28
2 a)16
b)2
c)13
d) 2 3
3 63km/h.
4 D
5 105km/h e 85km/h

Editora Exato 7
FÍSICA

M.R.U E M.R.U.V
1. MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME m/s/s, assim podemos dizer que a velocidade varia 2
(MRU) m/s a cada segundo:
Considere um automóvel que viaja num trecho 0s, 1s, 2s, 3s ... Tempo
reto de uma estrada. Você observa que o velocímetro 0 m/s, 1m/s, 2m/s, 3m/s ... Velocidade
registra sempre a mesma velocidade. O automóvel 2.2. Função horária da velocidade
em questão está em Movimento Retilíneo Uniforme.
V = V0 + at
80 km/h 80 km/h
2.3. Função horária do Espaço

at 2
S = S 0 + V0 t +
S0 S 2

1.1. Função Horária do Espaço 2.4. Torricelli


V 2 = V02 + 2a∆S
S = S 0 + Vt
Observação:
2. MOVIMENTO RETILÍNEO UNIFORME-
Problemas de MRUV são resolvidos por asso-
MENTE VARIADO (MRUV)
ciação de duas das três equações.
Em relação a um determinado referencial, um
3. CLASSIFICAÇÃO DOS MOVIMENTOS
móvel está em MRUV se sua aceleração vetorial a é
constante. Nesse movimento, o módulo da velocidade Progressivo →O móvel desloca-se no sentido da ori-
aumenta e/ou diminui uniformemente. entação positiva da trajetória. A velocida-
de escalar é, portanto, positiva.
aceleração Retrógrado →O móvel desloca-se no sentido oposto
da orientação positiva da trajetória. A ve-
v0 locidade escalar é, portanto, negativa.
Acelerado →O módulo da velocidade é crescente. A
S0 v
velocidade e a aceleração apresentam o
+ mesmo sentido.
Retardado →O módulo da velocidade é decrescente.
S A velocidade e a aceleração apresentam
sentidos opostos.
2.1. Aceleração Escalar Média
É a medida da variação da velocidade escalar, ESTUDO DIRIGIDO
num determinado intervalo de tempo.
1 Escreva a função horária do MRU e cite o que
No MRUV, a aceleração escalar média é igual significa cada símbolo da equação.
à aceleração escalar instantânea. (Aceleração Tan-
gencial)
2 Escreva as funções do MRUV citando o signifi-
∆v  m 
cado de cada termo.
am =
∆t  s 2 
3 O que é um movimento acelerado? Escreva ainda
Observação: a fórmula da aceleração escalar média.
m
m s
O símbolo nada mais é que , ou seja, é
s2 s
uma forma reduzida que expressa como a velocidade
varia no tempo. Por exemplo, 2,0 m/s2 quer dizer 2
Editora Exato 8
FÍSICA

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS motorista tenha levado 5s para frear completa-


mente o carro, calcule, em módulo, a aceleração
1 A função horária de um carro que faz uma via- do carro.
gem entre duas cidades é dada por S=100+20t.
Determine em unidades do sistema internacional.
4 Um carro partindo do repouso adquire velocidade
a) a posição inicial;
de 72km/h em 10s. Calcule a aceleração escalar
b) a velocidade;
média desse carro em m/s2.
c) a posição final em 30s.
Resolução:
Para resolver este tipo de questão basta usar a 5 Um carro de Fórmula-1 acelera de 0 a 216km/h
função original e compará-la com a que foi dada. (60m/s) em 10s. Calcule a aceleração média do
F-1.
S = S0 + V t
S = 100 + 20 t
GABARITO
a) S0 = 100m
b) V=20m/s Estudo dirigido
c) basta substituir t por 30s, assim: 1 S = S0 +Vt
S=100+20(30) S=posição final
S=100+600 S0= posição inicial
S=700m V=velocidade
t=tempo
2 Um carro partindo do repouso leva 5s para alcan- at 2
çar a velocidade de 20m/s, calcule sua aceleração 2 V = V0 + at , S = S0 +V0t + , V 2 = V0 2 + 2a ∆s
2
média. V=velocidade final
Resolução: V0=velocidade inicial
S=posição final
∆v v −v0
am = = am = = S0=posição inicial
∆t ∆t
a=aceleração
20 − 0 20
am = = = am = 4m / s2 t=tempo
5 5
∆s=deslocamento escalar.
Como ele partiu do repouso, sua velocidade i- 3 É aquele que possui o módulo da velocidade
nicial é zero. crescente.
EXERCÍCIOS ∆v m 
am =  s2 
∆t  
1 A equação horária de um móvel é dada por
s = 10 − 2t (SI)
Encontre a posição inicial, velocidade e instante Exercícios
em que ele passa pela origem (s=0). 1 10m, -2m/s e 5s.
2 C, E, E
2 Um corpo realiza um movimento uniformemente
3 4m/s².
variado segundo a equação horária
s = −2t + 4t 2 4 2m/s2.
Julgue os itens:
5 6m/s².
1 A velocidade inicial do corpo é de –2m/s.
2 A aceleração do corpo é de 4 m/s².
3 No instante t=2s o corpo estará na posição
s=20m.

3 Um veículo trafega em uma pista a 20m/s. De re-


pente o sinal de trânsito à sua frente fica amarelo,
e posteriormente, vermelho. Considerando que o
Editora Exato 9
FÍSICA

MOVIMENTO SOB A AÇÃO DA GRAVIDADE


1. INTRODUÇÃO  O tempo de queda independe da massa e é
2h
Galileu Galilei, considerado como o introdutor dado por t = .
g
do método experimental na Física, acreditava que
qualquer afirmativa referente ao comportamento da
ESTUDO DIRIGIDO
natureza só deveria ser aceita após sua comprovação
por meio de experiências cuidadosas. Para testar as 1 O movimento sob ação da gravidade é variado ou
idéias de Aristóteles, conta-se que Galileu realizou a uniforme? Por quê?
experiência descrita a seguir.
Estando no alto da torre de Pisa, Galileu aban-
donou simultaneamente algumas esferas de pesos di-
ferentes, verificando que todas chegaram ao solo no
mesmo instante. 2 O que acontece com o valor da velocidade de um
Quando dois corpos quaisquer são abandona- corpo lançado verticalmente para cima?
dos de uma mesma altura e caem no vácuo ou no ar
com resistência desprezível (queda livre), o tempo de
queda é igual para ambos, mesmo que seus pesos se-
jam diferentes.
3 Num lançamento vertical, qual a relação entre o
2. MOVIMENTO VERTICAL NO VÁCUO tempo de subida e o tempo de descida?
Todos os corpos exercem, uns sobre os outros,
uma atração denominada gravitacional. Quando um
corpo é abandonado de uma certa altura, ele cai, de-
vido à ação da atração gravitacional. Seu movimento EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
é chamado queda livre.
Nos lançamentos verticais e na queda livre, o 1 Uma pedra é solta de uma altura de 45m, qual o
movimento do corpo será uniformemente variado, tempo gasto na queda? Considere a aceleração da
pois este corpo sofrerá a mesma aceleração, devido gravidade g = 10m / s2 .
ao efeito da gravidade. Essa aceleração é chamada Resolução: O tempo de queda (tq) é dado pela
aceleração da gravidade. equação
2h
Q ueda livre Lançamento para cima tq = , onde h é a altura e g, a gravidade, as-
g
V0= 0 V= 0 sim:
g(+ )
h h max 2.45
tq =
10
V0
90
tq =
10

Equações tq = 9
tq = 3s
g 2
h = h0 + v0yt ± t vy = v0y ± gt
2
v2y = v0y2 ± 2gh 2 Um homem lança verticalmente para cima um
3. PROPRIEDADES corpo com velocidade inicial de 10m/s. Conside-
re g=10m/s2, calcule:
 Na altura máxima, temos a = g e v = 0. a) a altura máxima atingida;
 O tempo de subida é igual ao tempo de des- b) o tempo gasto na subida;
cida. c) o tempo total do movimento de ida e volta.
 A velocidade escalar de saída é igual à ve- Resolução:
locidade escalar de retorno ao ponto de lan- a) Para calcular a altura máxima devemos lem-
çamento. brar que nesse ponto a velocidade final é zero.
V=0
g=10m/s2

Editora Exato 10
MATÉRIA

H=? 4 Um menino joga uma pedra para o alto e, depois


V0=10m/s de 3,0s, ela volta às suas mãos. Desprezando-se a
Utilizando a expressão resistência do ar e admitindo-se g=10m/s2, per-
v 2 = v 0 2 + 2gh gunta-se:
0 = 10 2 − 2.10.h a) com que velocidade ele lançou a pedra?
20h = 10 2
b) qual a altura máxima atingida?
20h = 100
c) com que velocidade ela atinge o solo?
100
h=
20
GABARITO
h = 5m
Lembre-se! Por convenção, o sinal de g é negati- Estudo dirigido
vo quando o corpo está subindo.
1 O movimento é variado, pois o módulo da velo-
b) utilize V = V0 + gt cidade varia sobe a ação da aceleração da gravi-
0=10-10.t dade.
10t=10 2 À medida que o corpo sob o valor da velocidade
T=1s, portanto este é o tempo de subida. diminui e chega a zero no ponto mais alto.

c) Lembrando da teoria, temos que o tempo de 3 Os tempos de subida e descida são iguais.
subida é igual ao tempo de descida, logo: Exercícios
tsubida = 1s 1 80m
tdescida = 1s
ttotal = 2s 2
a) Hmáx=80m
EXERCÍCIOS b) t=8s
t = 0, 85s
1 Do alto de um edifício, deixa-se cair uma pedra c)  1
t 2 = 7,16s
que leva 4s para atingir o chão. Desprezando a
resistência do ar e considerando g = 10m/s2, de- 3 D
termine a altura do edifício.
4
a) 15m/s
2 Uma esfera é lançada do solo, verticalmente para b) 11m
cima, com velocidade inicial de 40m/s. (Nos lan- c) -15m/s
çamentos verticais, a velocidade inicial é aquela
adquirida pelo corpo logo após o lançamento). A
aceleração do corpo é a gravidade, para baixo, e
de valor aproximadamente igual a 10m/s2.
a) Qual a altura máxima atingida?
b) Durante quanto tempo a esfera permanecerá no
ar?
c) Qual o instante em que ela estará a 30m do so-
lo?

3 (PUC-RS) Um pequeno objeto é lançado verti-


calmente para cima, realizando na descida um
movimento de queda livre. Supondo positiva a
velocidade do objeto na subida, podemos afirmar
que sua aceleração será:
a) positiva na subida e negativa na descida.
b) negativa na subida e positiva na descida.
c) constante e positiva na subida e na descida.
d) constante e negativa na subida e na descida.
e) variável e negativa na subida e na descida.

Editora Exato 11
FÍSICA

LEIS DE NEWTON
1. FORÇA Figura 1 v

A idéia de força é bastante relacionada com a


experiência diária de qualquer pessoa. Sempre que a
puxamos ou empurramos um objeto, dizemos que es-
tamos fazendo uma força sobre ele. É possível encon-
trar forças que se manifestam sem que haja contato
entre os corpos que interagem. Por exemplo: um ímã
exerce uma força magnética de atração sobre um pre- Ô nibus acelera e o passageiro cai para trás.
go, mesmo que haja certa distância entre eles; um
pente eletrizado exerce uma força elétrica de atração Como fazer para vencer a inércia?
sobre os cabelos de uma pessoa, sem necessidade de Para vencer a inércia, é preciso sempre ter a in-
entrar em contato com eles; de forma semelhante, a tervenção de uma força.
Terra atrai os objetos próximos à sua superfície, O passageiro deve segurar-se no ônibus, para
mesmo que eles não estejam em contato com ela. A receber uma força capaz de vencer a sua inércia de
força com que a Terra atrai um corpo é o peso deste repouso e de acelerá-lo juntamente com o ônibus.
corpo. Exemplo 2:
Sempre que ocorrer uma mudança no estado de Quando um corpo está em movimento, ele tem
movimento de um corpo, teremos a atuação de uma uma tendência natural e espontânea de continuar em
força. Unidade (SI): Newton (N). movimento, mantendo inalterável a sua velocidade
vetorial.
2. INÉRCIA Assim, quando um ônibus, em pleno movi-
Galileu acreditava que qualquer estudo sobre o mento em linha reta, freia bruscamente, o passageiro
comportamento da natureza deveria ter por base ex- desprevenido é projetado para a frente, por insistir
periências cuidadosas. Realizando, então, uma série em manter o seu movimento vetorial.
de experiências com corpos em movimento, ele con- Para vencer essa inércia de movimento, mais
cluiu, por exemplo, que sobre o livro que é empurra- uma vez, será preciso a intervenção de uma força.
do em uma mesa atua também uma força de atrito,
que tende sempre a contrariar o seu movimento. As- Figura 2 V
sim, de acordo com Galileu, se não houvesse atrito, o
livro não pararia quando cessasse o empurrão. As
conclusões de Galileu estão sintetizadas a seguir: se a
um corpo estiver em repouso, é necessária a ação de
uma força sobre ele para colocá-lo em movimento.
Uma vez iniciado o movimento, cessando a ação da
força, o corpo continuará a se mover indefinidamente
em linha reta, com velocidade constante. Ô nibus freia e o passageiro cai para frente.
lnércia
A inércia consiste na tendência do corpo em O passageiro deve segurar-se no ônibus, para
manter sua velocidade vetorial constante. receber uma força capaz de vencer a sua inércia de
Explicando, para uma melhor compreensão: movimento e de freá-lo, juntamente com o ônibus.
Exemplo1: 3. PRIMEIRA LEI DE NEWTON
Quando um corpo está em REPOUSO, ele tem
uma tendência natural e espontânea de continuar em Vários anos mais tarde, após Galileu ter esta-
repouso, isto é, uma tendência de MANTER SUA belecido o conceito de inércia, lsaac Newton, ao for-
VELOCIDADE NULA. Assim, quando um ônibus mular as leis básicas da mecânica, conhecidas como
arranca, a partir do repouso, o passageiro despreveni- "as três leis de Newton", concordou com as conclu-
do cai, por insistir em manter-se em repouso. sões de Galileu e usou-as no enunciado de sua pri-
meira lei:

Editora Exato 12
FÍSICA

Primeira lei de Newton (Lei da inércia, patinadores se movem em sentidos opostos. Se os pa-
de Galileu) tinadores tiverem a mesma massa, terão a mesma a-
celeração; se tiverem massas diferentes, o de maior
Quando a resultante das forças é nula, um cor-
massa terá menor aceleração, mas a força trocada en-
po em repouso continua em repouso, e um corpo em
tre eles terá módulo igual.
movimento continua em movimento em linha reta e
Observe ainda que a força que A aplica está
com velocidade constante.
em B, a que B aplica está em A. Assim mesmo, tendo
módulos iguais e sentidos opostos, não podem se a-
Força resultante nula
nular.

Referencial
Figura 4
A B A B +
Repouso FBA FAB
Equilíbrio
(Ponto Material) M.R.U.

FAB = FBA
4. PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA DINÂMI-
CA (2ª LEI DE NEWTON)
6. PESO E MASSA
A aceleração que um corpo adquire é direta-
mente proporcional à força resultante que atua sobre 6.1. Peso de um corpo
ele e tem a mesma direção e o mesmo sentido desta A força peso de um corpo é conseqüência do
força. campo gravitacional criado pela Terra.
O planeta Terra, bem como qualquer corpo
Na segunda lei de Newton, quando um corpo esti-
material, cria em torno de si um campo de forças a-
ver sujeito a várias forças, deve-se substituí-las – F –
r trativas, denominado campo gravitacional. Qualquer
pela resultante Fr dessas forças. corpo dentro do campo gravitacional da Terra será a-
Então temos, de uma maneira mais geral: traído por esta, e a força de atração é denominada
força gravitacional.
Não considerando os efeitos ligados à rotação
da Terra, a força gravitacional, aplicada pela Terra,
corresponde ao peso do corpo.
r
Sendo m a massa do corpo e g o vetor acele-
r r
Fr = m ⋅ a ração de queda livre (imposta pelo campo gravitacio-
nal e que é independente da massa do corpo), de
Unidade de força no SI: Newton (N) acordo com a 2ª Lei de Newton (PFD), o vetor peso
r r
Observe que a força aplicada Fr e a aceleração P será dado por: r r
adquirida são grandezas vetoriais que têm sempre a P = mg
mesma orientação, isto é, mesma direção e sentido,
pois a massa m é um escalar positivo. 1. A massa (m) é característica do corpo e é a
1N= 1Kg m/s2 mesma em qualquer local do universo em que esteja
o corpo, isto é, a massa independe do local.
5. AÇÃO X REAÇÃO (3ª LEI DE NEWTON)
2. A intensidade do campo gravitacional varia
A toda força de ação corresponde uma força de com o local e é independente da massa do corpo que
reação, com o mesmo módulo, mesma direção e sen- está sendo atraído pela Terra.
tidos OPOSTOS.
Ação e reação estão sempre aplicadas em cor- 3. O peso de um corpo não é característica sua,
pos distintos, portanto AÇÃO E REAÇÃO NUNCA pois varia de uma região para outra, proporcional-
SE EQUILIBRAM. mente ao valor da gravidade local. Isto significa que,
Ação e reação têm SEMPRE O MESMO se a gravidade for n vezes maior, o peso de um dado
MÓDULO, mas podem produzir efeitos diferentes. corpo também será n vezes maior.
Exemplo:
Considere dois patinadores, A e B, sobre patins
em uma pista de gelo. O patinador A empurra o pati-
nador B. O que se observa na pista é que ambos os
Editora Exato 13
FÍSICA

Resolução:
ESTUDO DIRIGIDO Em primeiro lugar, devemos colocar todas as
forças que atuam nos blocos, assim teremos
1 Qual a unidade de força no sistema internacio-
nal? NA
T

T
A B
cálculo do PB
2 O que é inércia? PA PB PB = mB .g
PB = 4.10
PB = 40N

3 Enuncie a 1ª Lei de Newton. Escrevemos FR = ma , para cada bloco:


A B
FR = ma FR = ma
T = mA.a PB −T = mBa
Somando as equações:
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS T = maa
1 Explique por que um passageiro sem cinto de se- PB − T = mba
gurança é arremessado para frente quando o carro PB = a (mA + mB )
freia bruscamente. 40 = a (1+ 4 ) T = mAa
Resolução: O passageiro do carro viaja à mesma 40 , agora é substituir em T = 1.8 .
velocidade do carro, quando o carro freia, o a= T = 8N
5
passageiro continua com a mesma velocidade, a = 8m / s2
o que dá a entender que ele é arremessado para Se você substituir em PB −T = mBa dará o mesmo re-
frente.
sultado. Faça pra ver!

2 Nos exercícios abaixo, despreze os atritos e con- EXERCÍCIOS


sidere a gravidade g = 10m / s2 .
1 O corpo indicado na figura tem massa de 5 kg e
a) Calcule a aceleração do bloco abaixo: está em repouso sobre um plano horizontal sem
atrito. Aplica-se ao corpo uma força de 20N.
F1 =20N F2 =5N
3kg Qual a aceleração adquirida por ele?

F
5kg
Resolução:
FR = ma
F1 − F2 = ma
20 − 5 = 3.a
15 = 3.a 2 Um determinado corpo está inicialmente em re-
15 pouso, sobre uma superfície sem qualquer atrito.
a= = a = 5m / s2
3 Num determinado instante aplica-se sobre o
mesmo uma força horizontal constante de módulo
12N. Sabendo-se que o corpo adquire uma velo-
b) Calcule a tração no fio suposto perfeito cidade de 4m/s em 2 segundos, calcule sua acele-
ração e sua massa.
A
3 Em 20 de julho, Neil Armstrong tornou-se a pri-
ma=1kg meira pessoa a pôr os pés na Lua. Suas primeiras
mb=4kg B palavras, após tocar a superfície da Lua, foram "É
um pequeno passo para um homem, mas um gi-
gantesco salto para a Humanidade". Sabendo que,
na época, Neil Armstrong tinha uma massa de 70

Editora Exato 14
FÍSICA

kg e que a gravidade da Terra é de 10m/s² e a da Exercícios


Lua é de 1,6m/s², calcule o peso do astronauta na
Terra e na Lua. 1 4m/s².
2 2m/s² e 6kg.
4 A figura representa dois corpos, A e B, ligados 3 700N e 112N.
entre si por um fio inextensível que passa por
4 2,5m/s² e 1,6kg.
uma polia. Despreze os atritos e a massa da polia.
Sabe-se que a intensidade da tração do fio é de 5 E, C, E, E
12N, a massa do corpo A, 4,8kg e g = 10m/s².
Calcule a aceleração do sistema e a massa do
corpo B.

5 Julgue os itens:
1 Todo corpo, por inércia, tende a manter sua
aceleração constante.
2 O uso de cintos de segurança em automóveis
é uma conseqüência da 1ª lei de Newton, a Lei
da inércia.
3 Um corpo que está sobre uma mesa e se man-
tém em repouso, tem aplicado sobre ele duas
forças: o peso e a força normal. Essas forças
constituem um par ação e reação, pois estão
sendo aplicadas num mesmo corpo.
4 Se há forças aplicadas num corpo, certamente
ele apresenta uma aceleração não-nula.

GABARITO

Estudo dirigido
1 Newton (N)
2 Consiste na tendência do corpo em manter sua
velocidade vetorial constante.
3 Quando a resultante das forças é nula, um corpo
em repouso continua em repouso, e um corpo em
movimento continua em movimento em linha reta
e com velocidade constante.
4 O par ação e reação possui a mesma direção, a
mesma intensidade e sentidos opostos, e não se
anulam pois estão aplicados em corpos diferen-
tes.

Editora Exato 15
FÍSICA

ENERGIA MECÂNICA E SUA CONSERVAÇÃO


1. INTRODUÇÃO (ou qualquer outro referencial). Tal energia, dita po-
tencial gravitacional, é dada pela expressão:
“Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo
se transforma.” Nas aulas anteriores, estudamos pro- Ep = mgh
blemas que podiam ser resolvidos com a aplicação
das leis de Newton. Nessas situações, a aceleração m
V0 = 0
escalar dos corpos se apresentava constante e os de- A
mais cálculos decorrentes foram resolvidos com as
expressões do Movimento Retilíneo Uniformemente
h
Variado. Em muitos casos, a aceleração é variável e
as expressões conhecidas até então não são mais vá-
lidas. Várias dessas questões são resolvidas com o B
V solo
conceito de trabalho e energia que serão estudados a
seguir. A energia pode ser classificada em vários ti-
Na posição A, o corpo não possui energia ciné-
pos. Em Mecânica, temos a energia cinética, que é
tica, e sim a capacidade potencial de tê-la. Dessa ma-
associada ao movimento do corpo, e a energia poten-
neira, na posição A, o corpo tem uma energia,
cial, que é associada à posição que o corpo ocupa em
relacionada à sua posição, ainda não transformada em
relação a um referencial. Se um corpo está em repou-
cinética.
so a uma altura h qualquer, ele possui energia poten-
cial; ao ser abandonado, essa energia se transforma Energia potencial elástica
em energia cinética (de movimento). Estudaremos a
seguir a Energia Mecânica dos sistemas e sua conser- F
vação.
2. ENERGIA CINÉTICA (EC)
Consideremos a figura, em que uma partícula
de massa m possui, num determinado instante t, ve-
r
locidade v sobre um plano horizontal. Associamos
ao movimento da partícula uma quantidade de ener-
gia dita cinética. x

V
Uma mola que apresenta um comprimento
v
na-
tural, ao ser comprimida por uma força F , sofre uma
m deformação x. O trabalho realizado para deformar a
mola é dado por:
kx 2
τ=
mv 2 2
EC =
2 Esse trabalho representa a energia potencial
Unidade - Sistema internacional joule [ J ]. armazenada na mola, tomando como referência a mo-
3. ENERGIA POTENCIAL (EP)
la em sua posição natural:
kx 2
Energia potencial gravitacional EP =
2
Considere o corpo de massa m colocado no K → Constante elástica. Unidade [ N/m ].
ponto A a uma altura h do solo. Ao abandonarmos o
corpo, este adquirirá velocidade v e uma quantidade 4. CONSERVAÇÃO DA ENERGIA MECÂNI-
mv2 CA
de energia cinética dada por . De onde veio esta
2
A energia nunca é criada ou destruída. Ela se
energia? transforma de um tipo em outro, ou outros. Em um
Lembre-se de que energia não pode ser criada. sistema isolado, o total de energia existente antes de
Dizemos que a energia cinética veio da transforma- uma transformação é igual ao total de energia após a
ção de uma quantidade de energia armazenada no sis- transformação. Esse princípio é chamado princípio
tema devido à posição do corpo em relação ao solo de conservação da energia.
Editora Exato 16
FÍSICA

Sistemas conservativos energia potencial é transformada em cinética


Quando nos referimos a um sistema, estamos quando a pedra toca o solo. Assim temos:
falando de uma porção do universo que está sob ob-
servação. Os sistemas em questão são conjuntos de Ep= mgh

corpos que interagem entre si.


Nos sistemas conservativos, somente forças 5m
conservativas realizam trabalho. Nesse tipo de siste-
ma, toda a diminuição de energia potencial corres- mv
2
Ec=
ponde a um aumento de energia cinética, e vice- 2
versa. Dessa forma, a soma da energia cinética com a
energia potencial é constante. Portanto:
Chamamos de energia mecânica (E ) de um m
Ec = Ep
determinado corpo a soma da energia cinética mv 2
= mgh
(E ) com a energia potencial (E ) desse corpo.
c p
2
2
1.v
Em = Ec + EP = 1.10.5
2
Em um sistema conservativo, a energia mecâ- v 2

nica é sempre constante. = 50 → v 2 = 100


2
v = 100 → v = 10m / s
ESTUDO DIRIGIDO

1 Escreva a fórmula para se calcular a energia ciné-


tica, dando o nome de cada termo. EXERCÍCIOS\

1 Calcule a energia cinética de um corpo de 2kg


que se desloca a uma velocidade de 10m/s.

2 Escreva a equação da energia potencial gravita-


2 Um corpo cai de uma altura de 10m. Consideran-
cional, dando o nome de cada termo?
do a gravidade local como igual a 10m/s² e des-
considerando a resistência do ar, calcule, em m/s,
a velocidade com que o corpo atingirá o solo.

3 O que ocorre com o valor da energia mecânica


em sistemas conservativos? 3 Calcule a energia elástica armazenada em uma
mola de constante elástica k = 8000 N/m se ela
for comprimida em 5cm. Dê sua resposta em Jou-
les.

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 4 Julgue os itens abaixo:


1 A energia potencial gravitacional depende da
1 Um carrinho de massa 20kg possui a velocidade
velocidade do corpo.
de 5m/s. Calcule sua energia cinética.
2 Molas armazenam energia na forma de ener-
Resolução:
2
gia potencial elástica. E quanto maior a cons-
mv 2 20. ( 5 ) tante elástica da mola, maior a energia
Ec = → Ec = =
2 2 potencial que ela consegue armazenar.
20.25
Ec = = 250 J 3 Se a velocidade é relativa, ou seja, depende do
2 referencial adotado, pode-se dizer que a ener-
gia cinética também é relativa.
2 Uma pedra de massa 1kg é solta da altura de 5m. 4 Quando um corpo cai, ele transforma energia
Desprezando os atritos, calcule sua velocidade de cinética em potencial gravitacional.
chegada ao solo. Adote g = 10m / s2 .
Resolução: Quando a pedra está para ser solta ela 5 Um corpo de massa 1 kg com velocidade de 8m/s
possui energia potencial gravitacional;como não de módulo, que se move sobre uma superfície ho-
há atritos, o sistema é conservativo, então toda a rizontal, choca-se frontalmente com a extremida-
de livre de uma mola ideal de constante elástica
Editora Exato 17
FÍSICA
4
4.10 N/m. A compressão máxima sofrida pela
mola é, em cm:

GABARITO

Estudo Dirigido
mv 2
1 EC = , onde m é a massa dada em kg (quilo-
2
gramas) e v é a velocidade em m/s.
2 Ep = mgh , onde m=massa (kg); g = gravidade
(m/s2); h=altura (m)
3 A energia mecânica permanece constante.
Exercícios
1 100 J
2 10 m/s
3 10 J
4 E, C, C, E
5 4 cm

Editora Exato 18
FÍSICA

TRABALHO E POTÊNCIA MECÂNICA


uma categoria especial de forças, denominadas forças
1. TRABALHO MECÂNICO ( ) τ conservativas. (O peso é uma força conservativa). Na
figura dada por Ep=mgh, o trabalho do peso para des-
1.1. Trabalho de uma Força Constante
r locar a massa “m” da posição de altura “h” até o solo,
Consideramos uma força F , cujo ponto de a- é igual à energia potencial a ela associada. Assim,
r
plicação se desloca de A para B, sendo d o vetor podemos escrever que:
deslocamento correspondente. Seja θ o ângulo for-
r r
mado entre os vetores F e d . m
r
Define-se trabalho da força F no deslocamento
r
d como:
h P
τ=F.d. cos θ

F
θ
d τ = P ⋅ d cos 0°
τ = mgh ⋅ 1

A
d
B
Assim:
τp = mgh
Unidade Si joule [J] 1.3. Trabalho da Resultante
O trabalho é uma grandeza escalar. O trabalho da força resultante sobre um corpo,
Em função do ângulo θ, o trabalho pode ser num determinado deslocamento, é igual à variação da
positivo, negativo ou nulo: energia cinética do corpo neste deslocamento.
Trabalho Nulo → O trabalho é nulo quando a Se o corpo se moveu do ponto A para o ponto
força for nula, ou o deslocamento for nulo ou a força B e a força resultante realizou um trabalho τ neste
fizer um ângulo θ = 90° com o deslocamento, pois deslocamento, temos τAB = E c B − E c A .
temos cos90° nulo. Assim, concluímos que forças
perpendiculares ao deslocamento não realizam traba-
A B
lho mecânico.
Gráfico
Considere o gráfico cartesiano da força Ft em
função da posiçãor X ao longo do deslocamento. O 1.4. Trabalho de uma Força Elástica
trabalho da força F entre duas posições A e B quais- A deformação de uma mola é dita elástica
quer é numericamente igual à área determinada entre quando, retirada a ação da força que produziu a de-
a curva e o eixo horizontal. formação, ela volta à posição inicial.
r
Nessas condições, aplicando-se uma força F , a
mola responde com uma força reativa dita elástica
r
Ft Fel , que se opõe à deformação, tendendo a trazer a
mola para a posição inicial. Pela lei de Hooke, temos
Fel = k . x, onde k é a constante elástica da mola. A
A
unidade de k no SI é N/m.
{

Sendo a intensidade da força elástica variável,


0 A B X
d o trabalho é calculado pelo gráfico:

1.2. Trabalho do Peso


Um corpo pode possuir energia devido à sua
posição, mesmo estando em repouso. Essa forma de
energia denomina-se energia potencial. A variação da
energia potencial, analogamente à variação da ener-
gia cinética, está relacionada com o trabalho realiza-
do. Entretanto, nesse caso, o trabalho é realizado por

Editora Exato 19
FÍSICA

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
Fel
kx 1 Calcule o trabalho realizado para deslocar a caixa
da figura abaixo por 10m.
τ=N A Resolução:
X Fel
A
F=50N
F
0 x X

Calculando a área A, temos: τ=F.d → τ=50.10 → τ=500J


x.kx kx 2
A= = .
2 2
2 Uma fruta de 1kg cai de um galho que está a 5m
Daí: do solo. Calcule o trabalho da força peso. Adote
k.x 2 g = 10m / s2 .
τ= 2 Resolução: O trabalho do peso é dado por
O trabalho da força é motor quando restitui a τ=m.g.h, assim:
mola à posição inicial, e resistente quando a mola é
alongada ou comprimida pela ação de outra força. τ=1.10.5 → τ=50J
2. POTÊNCIA MECÂNICA (POT)
3 Um garoto estica uma mola de 10cm e constante
A potência mede a rapidez de realização de
elástica 20N/m. Calcule o trabalho realizado pelo
trabalho.
garoto.
Pot =
τ
Unidade:
[J] = watt[W]
Resolução:
∆t [S] Lembre-se de que x é a deformação sofrida pe-
1 cavalo vapor (C.V)=735 W la mola e deve ser dada em metros; para transformar.
basta uma regra de três
1 Horse Power (HP)= 746w
1m 100cm
F x 10cm

θ 100 x = 10
v
10
x=
100
x = 0,1m
2
Pot Média = F . v . cosθ kx 2 20 ( 0,1)
τ = →τ =
2 2
ESTUDO DIRIGIDO 20.0, 01
τ = → τ = 0,1J
2
1 Qual a unidade internacional de trabalho?

EXERCÍCIOS

1 O bloco da figura é arrastado ao longo de um


plano horizontal por uma força F constante de in-
tensidade 20N, atuando numa direção que forma
2 Nas equações abaixo, escreva o significado de 60º com a horizontal. O deslocamento do bloco é
cada símbolo e sua correspondente unidade no de 5m e sobre o bloco atua uma força de atrito de
sistema internacional. intensidade fat = 2N. Determine:
a) τ=F.d
b) τ=mgh
kx 2
c) τ=
2

Editora Exato 20
FÍSICA

5 Um motor de potência útil igual a 1000W, fun-


cionando como elevador, eleva a 10m de altura,
com velocidade constante, um corpo de peso i-
F
60°
gual a 500N no tempo de:

GABARITO
a) O trabalho da força F Estudo dirigido
b) O trabalho da força de atrito.
c) O trabalho do peso do bloco. 1 Joule
2 a)
2 O caixote da figura abaixo tem massa de 50 kg e τ= trabalho – unidade joule(J)
está sendo empurrado por um esqueleto que exer- F = força – unidade Newton (N)
ce uma força F paralela ao plano horizontal, com d = deslocamento – unidade metro (m)
velocidade constante, num deslocamento de b)
2,0m. Sabendo que o coeficiente de atrito cinéti- m = massa – unidade quilograma (kg)
co entre o caixote e o plano é de 0,2, e assumindo g = gravidade – unidade m/s2
que g = 10m/s², determine: h = altura – unidade m
c)
k = constante elática – N/m
x = deformação da mola - m
Exercícios
1
a) 50 J
b)-10 J
a) o trabalho realizado pelo esqueleto (F);
c) 0 J
b) o trabalho realizado pela força de atrito;
c) o trabalho realizado pela força peso (P); 2
d) o trabalho realizado pela reação normal do pi- a) 200 J
so (N). b)-200 J
c) 0J
d) 0J
3 A figura abaixo mostra uma força constante de
20N atuando sobre um corpo, deslocando-o hori- 3 8W
zontalmente a uma distância de 5,0 m em 10s. 4 250 J
Determine a potência desenvolvida por esta for-
ça. (Dados: sen 37º = 0,6 ; cos 37º = 0,8) 5 5s

F
37° d

4 Quando vai dar o saque, Gustavo Kuerten bate


com a raquete na bolinha, inicialmente em repou-
so. Sabendo que a bolinha tem 200g de massa e
atinge uma velocidade de 180 km/h, calcule o
trabalho que a raquete realizou sobre a bolinha no
instante do saque. Dê a resposta em Joule.

Editora Exato 21
FÍSICA

IMPULSO E QUANTIDADE DE MOVIMENTO


1. IMPULSO (I)
Vo t V
Consideremos um ponto material sob a ação de
r
uma força F constante, durante um intervalo de tem- F
po ∆t.
Impulso é uma grandeza vetorial definida co- Fr = ma
r r
mo I = F.∆t . A unidade SI do impulso é N.s. O vetor
impulso apresenta a mesma direção e sentido da força ∆v
F= m
que o origina. ∆t
mv − mvo
F=
t ∆t
F F. ∆t = mv - m v0
r
I = ∆Q

5. CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE
2. GRÁFICO MOVIMENTO
r r r
No caso da força F constante, o gráfico da in- Q final = Q inicial
tensidade da força em função do tempo se apresenta Em um sistema isolado, a quantidade de mo-
de acordo com o gráfico abaixo. vimento do sistema é constante.
A área A é numericamente igual à intensidade
Um sistema é dito isolado quando a força re-
do impulso I no intervalo de tempo ∆t. sultante externa é nula, ou seja, participam somente
O exposto acima também é válido com a inten- forças internas.
sidade da força variável.
6. CHOQUE MECÂNICO
F
Para que possamos aplicar o princípio da con-
servação da quantidade de movimento aos choques,
precisamos de um sistema isolado, ou seja, de um sis-
A
tema no qual não haja interações relevantes com for-
t ças externas a ele.
Área = I
N Para um choque entre dois corpos A e B, num
sistema isolado, teremos:
r
3. QUANTIDADE DE MOVIMENTO ( Q ) r r r r
Q A + Q B = Q 'A + Q B'
Quantidade de movimento, ou momento linear, Sendo os choques na mesma direção e adotan-
ou simplesmente momento, é uma grandeza vetorial do-se um sentido positivo, podemos escrever:
definida como o produto da massa do corpo por sua
r Q A + Q B = Q 'A + Q 'B
velocidade. Sendo m a massa e V a velocidade,
r r
temos Q = m V . ou
A unidade SI da quantidade de movimento é
mAvA + mBvB = mAv'A + mBvB'
kg . m/s.
Classificação dos choques:
4. TEOREMA DO IMPULSO
6.1. Perfeitamente elástico
O impulso da força resultante sobre um corpo  Conserva energia cinética
durante um determinado intervalo de tempo é igual à EcA = EcD (Antes → A; Depois → D)
variação da quantidade de movimento do corpo no
mesmo intervalo de tempo.  Conserva quantidade de movimento
r
Sendo I o impulso
r r
da força resultante entre os QA = QD
instantes t1 e t2, e Q1 e Q 2 , as respectivas quantidades
r r r
de movimento, temos I = Q 2 − Q 1 .  Coeficiente de restituição (e)
Note que 1 N . s = 1 kg . m/s. e=1

Editora Exato 22
FÍSICA

6.2. Parcialmente elástico ou parcial- Resolução: r r


mente inelástico Aplicando a equação I= F∆t
 Não conserva energia cinética I=10.3 → I=30N.s
ECA > ECD
 Conserva quantidade de movimento 2 Calcule a quantidade de movimento de uma bola
QA = QD de massa 3kg que possui velocidade de 5m/s.
 Coeficiente de restituição (e) Resolução: aplicando a equação
0<e<1 r
Q = mv
r
6.3. Inelástico ou anelástico Q = 3.5
 Não conserva energia cinética Q = 15kgm / s
ECA > ECD

 Conserva quantidade de movimento 3 Uma força de 20N atua durante 6s sobre uma pe-
QA = QD quena bola. Qual a variação da quantidade de
movimento da bola?
 Coeficiente de restituição Resolução:
r r
e=0 Lembrando que I = ∆Q , basta aplicar a equação:
I = ∆Q
Após um choque inelástico, os corpos perma-
F ∆t = ∆Q
necem unidos.
∆Q = 20.6
7. COEFICIENTE DE RESTITUIÇÃO ∆Q = 120kgm / s
Consideremos duas esferas, A e B, realizando
um choque direto. 4 Uma massa de modelar rola com velocidade 1m/s
As propriedades elásticas dos corpos envolvi- quando colide com outra massa idêntica que es-
dos em choques são caracterizadas por uma grandeza tava em repouso. Qual a velocidade de ambas a-
chamada coeficiente de restituição. pós a colisão, sabendo que agora elas se
O coeficiente de restituição e é definido como movimentam juntas?
o quociente entre o módulo da velocidade relativa de Resolução:
afastamento dos corpos imediatamente após o choque A quantidade de movimento antes e depois da
e o módulo da velocidade relativa de aproximação colisão é a mesma (conservação); portanto,podemos
imediatamente antes do choque. escrever:
| velocidade relativa depois do choque| Q antes Q depois
e=
| velocidade relativa antes do choque| mv
1 1 + m2v 2 (m1 + m2 )v
O coeficiente de restituição é adimensional e m.1+ m.o (m + m )v
varia de 0 a 1. Quando o valor é 1, temos um choque Q ANTES = Q DEPO IS
perfeitamente elástico. 1.m + 0 = 2mV
.
1m
/ = 2mV
/.
ESTUDO DIRIGIDO
1
v= m/ s
1 Escreva as equações de impulso e quantidade de 2
movimento.
EXERCÍCIOS
2 Defina sistema isolado.
1 Uma força constante F = 34,0 N atua sobre um
corpo, inicialmente em repouso, por 6 s. Calcule,
3 Classifique os tipos de choque, comentando quais em Ns, o impulso exercido por esta força no cor-
são conservativos. po.

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 2 Um jogador de futebol, ao bater uma falta, con-


segue chutar a bola a uma velocidade de 30 m/s.
1 Um garoto faz uma força constante de 10N sobre Se a bola tem 400g de massa e o contato do pé do
um carrinho durante 3s, calcule o impulso sofrido jogador com a bola durou 0,04s, calcule a força,
pelo carrinho. suposta constante, que o jogador exerceu na bola.
Editora Exato 23
FÍSICA

3 Julgue os itens:
1 Um sistema físico isolado de forças externas
conserva sua energia e sua quantidade de mo-
vimento.
2 Numa colisão totalmente elástica e na ausên-
cia de forças externas, há conservação de ener-
gia.
3 Numa colisão inelástica e na ausência de for-
ças externas, há conservação da quantidade de
movimento.
4 O vetor quantidade de movimento de um cor-
po é proporcional ao seu vetor velocidade.

4 Um átomo de Hélio, com velocidade inicial de


1000 m/s colide com outro átomo de Hélio, inici-
almente em repouso. Considerando que o choque
foi perfeitamente elástico e que a velocidade de
ambos tem sempre mesma direção e sentido, cal-
cule a velocidade dos dois átomos após o choque.

5 Dois patinadores de mesma massa deslocam-se


numa trajetória retilínea com velocidades respec-
tivamente iguais a 8m/s e 6 m/s. O patinador mais
rápido persegue o outro. Ao alcançá-lo, salta ver-
ticalmente e agarra-se às suas costas, passando os
dois a se deslocarem com a mesma velocidade V.
Calcule V.

GABARITO

Estudo dirigido
r r r r
1 I = F .∆t , Q = mv

2 Um sistema é dito isolado quando a força resul-


tante externa é nula, ou seja, participam somente
forças internas.
3 Perfeitamente elástico, conserva a energia cinéti-
ca, enquanto o parcialmente elástico e o inelásti-
co não conservam.
Exercícios
1 204 Ns
2 300N
3 E, C, C, E
4 0 e 1000m/s.
5 7 m/s

Editora Exato 24
FÍSICA

TERMOMETRIA
1. INTRODUÇÃO de números, fazendo corresponder a cada temperatu-
ra um número, temos um instrumento chamado ter-
Termometria é a parte da Termofísica que tem mômetro (a escala de números é chamada de escala
por meta o estudo e a medição da temperatura, ou se- termométrica). O termômetro mais comum consiste
ja, ela tem por finalidade associar um número a cada em um capilar de vidro, adaptado a um pequeno bul-
estado térmico, de modo a permitir comparações en- bo, também de vidro, contendo o metal mercúrio no
tre estados térmicos de corpos diferentes. A medida estado líquido. Funciona como grandeza termométri-
da temperatura é feita por um processo indireto. ca o comprimento da coluna capilar de mercúrio.
Experimentalmente, verificou-se que determi-
nadas características dos corpos se alteram quando
sua temperatura muda, ou seja, certas grandezas são
afetadas pela alteração do estado térmico do corpo. O
comprimento de uma barra, o volume de um líquido,
a pressão de um gás, a resistência elétrica de um con-
tubo capilar
dutor variam com a temperatura e, medindo os valo-
res destas grandezas, podemos avaliar o estado
térmico do corpo.
2. TEMPERATURA coluna de mercúrio
h
Temperatura é uma grandeza primitiva e, por-
tanto, não pode ser definida. Mas a idéia macroscópi-
ca sobre temperatura tem origem na sensação que nos
diz se um corpo está frio ou quente. Quando tocamos bulho
um corpo, nossa sensibilidade térmica nos permite
Termômetro de mercúrio: a cada tempertura T
fazer uma estimativa grosseira de sua temperatura. corresponde uma altura h.
Tal estimativa é proporcionada através do nosso tato,
que pode nos levar a situações enganosas de tempera-
tura. A seguir, relatamos uma experiência clássica, Graduação do termômetro
mostrando este tipo de engano: tome três recipientes Na graduação de um termômetro, costuma-se
contendo água quente, morna e fria. Mergulhe uma atribuir pontos de referência para as temperaturas,
das mãos na água quente e a outra na água fria por que correspondem a estados térmicos bem determi-
um determinado tempo. Coloque agora as duas mãos nados e de fácil obtenção na prática: são os chamados
na água morna. A sensação térmica será igual para as pontos fixos. Os dois pontos fixos mais utilizados na
duas mãos? Não, a água morna parecerá fria para a construção de escalas de temperatura são: o ponto do
mão que estava na água quente, e parecerá quente pa- gelo e o ponto do vapor.
ra a que estava na água fria. Assim, é evidente que a  Ponto do gelo
sensibilidade à temperatura é muito limitada, não Corresponde à fusão do gelo sob pressão de
sendo precisa para ser útil em ciência. 1atm. O termômetro é colocado em gelo moído em
Em nível microscópico, pode-se dizer que equilíbrio térmico com água (gelo fundente). Observe
temperatura é uma grandeza que mede o estado de que o mercúrio desce. Pouco depois ele estaciona.
agitação térmica das partículas que constituem um Enquanto durar a fusão de gelo, o mercúrio manterá a
corpo. Em um gás, por exemplo, quanto maior a ve- sua posição. Marque a posição do extremo da coluna
locidade média de suas moléculas, maior a sua tem- de mercúrio.
peratura.
3. TERMÔMETRO DE MERCÚRIO
A variação do estado térmico de um corpo é
sempre acompanhada da variação de algumas de suas
propriedades. Estas são denominadas propriedades
termométricas, e as grandezas com que são medidas,
grandezas termométricas. Um sistema que apresenta
uma propriedade termométrica chama-se termoscó-
pio. Ao acrescentarmos a um termoscópio uma escala
Editora Exato 25
FÍSICA

temperaturas de fusão (ponto do gelo) e ebulição


(ponto do vapor) da água, sob pressão normal, que
correspondem a dois pontos da altura h do termôme-
tro. O intervalo entre esses dois pontos é dividido em
temperatura 100 partes.
do primeiro A escala de temperatura Kelvin atribui o valor
tg ponto fixo zero de temperatura ao zero absoluto, por isso é cha-
mada de escala absoluta. Naturalmente, percebe-se
que na escala Kelvin não há leituras negativas.
Para converter uma temperatura expressa em
graus Celsius para a escala Kelvin, adiciona-se, na
prática, 273 ao valor da temperatura.
Em países de língua inglesa, como Inglaterra e
Estados Unidos, é muito comum o uso da escala Fa-
hrenheit. Esta escala foi criada de forma que a tempe-
ratura mais baixa ocorrida na Inglaterra, cerca de –
18ºC, correspondesse a 0ºF e a temperatura do corpo
humano, cerca de 37ºC, fosse 100ºF. As temperaturas
 Ponto do vapor de fusão do gelo e ebulição da água, sob pressão
Corresponde à ebulição da água, sob pres- normal, são 32ºF e 212ºF, dividindo o intervalo entre
são de 1atm. estes dois pontos em 180 partes. Abaixo, representa-
Exponha agora o termômetro aos vapores mos a conversão entre as escalas:
d’água em ebulição, tomando o cuidado de não
tocar a superfície. Observe que o mercúrio sobe. Celsius Fahrenheit Kelvin
Marque a posição do extremo da coluna de mer-
cúrio. ponto do vapor 100ºC 212ºF 373K

Temperatura
do segundo
ponto fixo TC TF T
tg
V ∆H

h ∆h
ponto
do gelo 0ºC 32ºF 273K

hg
h-altura da coluna de mercúrio

Tc − 0 T − 32 T − 273
= f =
100 − 0 212 − 32 373 − 273

Tc T − 32 T − 273
= f =
100 180 100

Tc Tf − 32 T − 273
= =
5 9 5
4. ESCALAS TERMOMÉTRICAS
Em particular:
Escalas termométricas são um conjunto de va- T = Tc + 273
lores numéricos de temperaturas, associados a um de- Há ainda outras escalas, como, por exemplo, a
terminado estado térmico preestabelecido, escala absoluta Rankine. Ela, por ser uma escala ab-
denominado ponto fixo da escala. soluta, só apresenta valores acima de zero e se rela-
Para a graduação do termômetro de mercúrio, ciona com a escala Fahrenheit da seguinte forma:
usamos a escala Celsius, oriunda dos antigos graus
centígrados, que atribuíam os valores 0°C a 100°C às TR = TF + 459, 67

Editora Exato 26
FÍSICA

5. EQUILÍBRIO TÉRMICO que ele trabalha, essa esterilização não pode ser feita
através de processos que utilizam temperaturas ele-
A experiência mostra que, quando colocamos vadas. O álcool, então, é o anti-séptico recomendado.
um corpo quente próximo a um corpo frio, este se
aquece e o corpo quente se esfria. O processo conti- Os termômetros de mercúrio são muito utiliza-
nua até que, num dado momento, as temperaturas dos dos na prática, pois:
dois corpos se igualam. Neste instante, dizemos que - O mercúrio é facilmente obtido em elevado grau de
os dois corpos se encontram em equilíbrio térmico. pureza.
Generalizando, temos que:
- O mercúrio apresenta dilatação térmica regular e
Dois corpos estão em equilíbrio térmico quan- muito superior à do vidro.
do tiverem a mesma temperatura.
- Sob pressão normal, o mercúrio é líquido num in-
6. PRINCÍPIO ZERO DA TERMODINÂMICA tervalo de temperaturas bastante extenso (entre
Dois corpos em equilíbrio térmico com um ter- 39°C e 359°C), o que abrange os fenômenos tér-
ceiro estão em equilíbrio térmico entre si. micos mais freqüentes.

7. LEITURA COMPLEMENTAR - O mercúrio não adere ao vidro e não reage com ele.
- Os termômetros de mercúrio são de fácil construção
Termômetro clínico e cômodos no manuseio.
É um termômetro de mercúrio adaptado para
funcionar no intervalo de temperaturas de 35°C a ESTUDO DIRIGIDO
44°C.
Normalmente, o termômetro clínico é utilizado 1 Defina temperatura em nível microscópico.
na determinação da temperatura do corpo humano e
de outros seres vivos.
Como é construído com a finalidade básica de 2 Cite os pontos fixos mais utilizados na constru-
indicar a temperatura mais elevada por ele atingida, ção de escalas de temperatura.
quando em contato com o corpo humano, o termôme-
tro clínico é considerado um termômetro de máxima. 3 Quais são os pontos fixos das escalas Celsius e
Para que esse objetivo seja alcançado, há um estran- Fahrenheit?
gulamento do tubo capilar na região que o liga ao
bulbo, evitando, assim, o refluxo de mercúrio após
ter atingido a temperatura máxima. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

estrangulamento 1 Transforme 40ºC em ºF


Resolução: basta usar as escalas.
44

35

bulho
100ºC 212

40 TF
Para desfazer o efeito do estrangulamento, é
suficiente sacudir o termômetro com movimentos rá-
pidos: a inércia do mercúrio leva-o de volta ao bulbo. 0 32
O termômetro clínico deve ter pequenas di-
mensões, a fim de atingir o equilíbrio térmico com o Assim, temos:
corpo humano rapidamente, e sua escala deve ser fra- 40 − 0 T − 32
= F →
cionada para que seja sensível a pequenas variações 100 − 0 212 − 32
de temperatura. Na prática, o termômetro clínico a- 40 TF − 32
= →
presenta tubo capilar de alguns milímetros de diâme- 100 180
4 TF − 32
tro e comprimento de dez centímetros, = →
1 18
aproximadamente.
4.18 = TF − 32 → 72 = TF − 32
O termômetro clínico, quando usado em mais TF = 72 + 32 → TF = 104º F
de um paciente, pode funcionar como veículo de con-
taminação microbiana. Assim, após cada tomada de
temperatura, ele deve ser esterilizado. Mas, devido ao
pequeno intervalo de temperaturas (35°C a 44°C) em
Editora Exato 27
FÍSICA

Se você preferir, pode decorar a equação: °C


80
Tc FF − 32
=
5 9

20

2 Que temperatura apresenta a mesma marcação 0 50 °X


nas escalas Celsius e Fahrenheit.
Resolução: Aqui, vamos usar a equação pronta.
Veja:
Tc TF − 32 5 O sêmen bovino utilizado para inseminação arti-
= , se Tc = TF , temos ficial é conservado em nitrogênio líquido que, à
5 9
Tc Tc − 32 pressão normal, tem temperatura de 78K. Calcule
5
=
9

esta temperatura em ºC e ºF.
9.Tc = 5 (Tc − 32 ) →
9Tc = 5Tc − 160
GABARITO
9Tc − 5Tc = −160
4Tc = −160
Estudo dirigido
160
Tc = − → Tc = −40º C
4 1 Em nível microscópico, pode-se dizer que tempe-
ratura é uma grandeza que mede o estado de agi-
tação térmica das partículas que constituem um
EXERCÍCIOS corpo.

1 Julgue os itens: 2 Os dois pontos fixos mais utilizados são os pon-


1 A temperatura é uma medida que dá a noção tos do gelo e do vapor. O primeiro corresponde
do grau de agitação das moléculas de um cor- ao ponto de fusão do gelo à pressão de 1atm, en-
po. quanto o segundo corresponde à ebulição da água
2 Se um corpo A está em equilíbrio térmico à pressão de 1atm.
com um corpo B, pode-se dizer que estão em 3
equilíbrio térmico entre si.
3 O ponto de fusão da água a 1 atm em diferen- Escala Celsius Escala Fahrenheit
100ºC vapor 212ºF vapor
tes escalas é de 0ºC, 32ºF e 273K.
4 As escalas Kelvin e a Fahrenheit só podem
apresentar valores não-negativos de temperatu-
ra.
0ºC gelo 32ºF gelo
2 Que temperatura apresenta a mesma marcação
numérica nas escalas Celsius e Fahrenheit? Exercícios
1 C, C, C, E
3 Um termômetro clínico de mercúrio, ao ser cali-
brado, apresentava a coluna de mercúrio com 2 –40 0(°C ou °F)
uma altura de 1,0cm para 35ºC e 11,5 cm para 3 55cm
42ºC. Que altura teria a coluna de mercúrio a
4 62,5°x
uma temperatura de 38ºC?
5 –195°C e –319°F
4 Uma escala arbitrária X relaciona-se com a esca-
la Celsius de acordo com o diagrama a seguir.
Qual a temperatura na escala X correspondente à
temperatura de ebulição da água?

Editora Exato 28
FÍSICA

CALORIMETRIA
1. INTRODUÇÃO
3. CALOR ESPECÍFICO DE UMA SUBSTÂN-
Vamos considerar uma moeda quente que, CIA (C)
quando mergulhada em uma porção de água fria, tem
sua temperatura diminuída. É a razão entre a capacidade térmica C de um
Inicialmente, a temperatura da moeda é maior corpo constituído da substância considerada e a mas-
que a da água. De acordo com a teoria cinética, as sa m do corpo:
C
moléculas da moeda têm maior agitação que as molé- c= C = mc
m
culas de água, ou seja, maior energia cinética média.
Quando a moeda é mergulhada na água, acon- A capacidade térmica de uma substância de-
tece uma transferência de energia das moléculas da pende da natureza e da quantidade da substância. O
moeda para as da água, diminuindo a temperatura da calor específico depende da natureza da substância,
moeda e aumentando a da água. À medida que as mas não depende da quantidade.
temperaturas se igualam, cessa a transferência de e-
Exemplo:
nergia e, nessa situação, atingimos o equilíbrio tér-
mico. A essa energia transferida da moeda para a 1kg de ferro tem o mesmo calor específico de
água, devido à diferença de temperatura, damos o 2kg de ferro, mas os 2kg de ferro têm capacidade
nome de calor. térmica maior.
Caro aluno, não esqueça!!! Fórmula fundamental da calorimetria
Consideremos dois corpos A e B, com tempe-
O termo calor é usado para indicar a energia raturas TA > TB , haverá, então, passagem de energia do
que se transfere de um corpo, ou sistema, a outro, não
corpo A para o corpo B, até que os dois tenham a
sendo usado para indicar a energia que um corpo
mesma temperatura (equilíbrio térmico). A quantida-
possui.
de de calor trocada entre os corpos A e B pode ser
A unidade de quantidade de calor [Q] no Sis-
calculada com a expressão abaixo:
tema Internacional é o joule (J). As unidades mais
usadas, no entanto, são a caloria (cal) e seu múltiplo, CALO R
o quilocaloria (kcal).
Definição de caloria ⇒ 1 caloria é a quantida- A B
de de calor necessária para elevar a temperatura de
1g de água de 14,5ºC a 15,5ºC, sob pressão normal.
1 cal = 4,186 J
1 kcal = 103 cal Q = mc ∆T
2. CAPACIDADE TÉRMICA DE UM CORPO Em que:
Q = quantidade de calor sensível (cal)
(C)
m = massa do corpo (g)
Representa a quantidade de calor necessária  cal 
c = calor específico  
para que a temperatura do corpo varie de 1 grau. Siga  g ⋅ °C 
o exemplo: ∆ T = Tf - Ti = variação de temperatura (°C)
 Um pedaço de ferro de 100g é aquecido Se:
num calorímetro de 20° C para 50° C, rece-
Tf ≥ Ti ⇒ Q > 0 (calor recebido pelo corpo)
bendo para isso uma quantidade de calor
Tf ≤ Ti ⇒ Q < 0 (calor cedido pelo corpo)
(Q) de aproximadamente 330 cal. Ou seja,
precisou de 11cal para aquecer 1° C. As-  Calor sensível → define-se calor sensível
sim, a capacidade térmica desse pedaço de como a quantidade de calor dada a uma
ferro é de 11cal/ºC. Daí, temos que: substância, a fim de que esta sofra apenas
Q uma variação de temperatura, sem que o-
C= corra mudança de fase.
∆T
C = Capacidade térmica (cal / °C).
Q = Quantidade de calor.
∆T = Variação de temperatura.

Editora Exato 29
FÍSICA

 Calor específico de algumas substâncias: m = massa do corpo (g).


L = calor latente de mudança de fase (cal /g).
Substância Calor específico (cal/g°C)
6. CALORÍMETRO
Alumínio 0,219
Água 1,000 Para medir a quantidade de calor recebida ou
Estanho 0,055 cedida por uma substância, usamos um aparelho
Ferro 0,119 chamado calorímetro, que tem a propriedade de não
Gelo 0,550 efetuar trocas de calor com o ambiente.
Mercúrio 0,033

Calor específico da água:


Note, na tabela anterior, que o calor específico
da água é bem superior ao das demais substâncias.
Na verdade, na natureza, pouquíssimas substâncias
possuem calor específico maior. Como exemplo, po-
demos citar o hélio. O fato de a água possuir elevado
calor específico significa que precisamos de uma
grande quantidade de calor para produzir uma eleva-
ção de temperatura relativamente pequena numa de-
terminada massa d’água. Como conseqüência, o
clima de regiões que possuem grandes quantidades
de água (como as litorâneas) sofre menores variações Um dos modelos mais simples é o calorímetro
de temperatura, tendo, portanto, um clima mais ame- de água, com capacidade para cerca de 2 l . É for-
no. Isso não ocorre, por exemplo, em desertos, pois a mado por um recipiente de cobre, alumínio ou ferro,
areia tem baixo calor específico. envolvido por um material isolante, como o isopor, e
4. PRINCÍPIO DA IGUALDADE DAS TROCAS que contém uma quantidade conhecida de água. Um
termômetro é colocado através da tampa do recipien-
DE CALOR
te, a fim de se verificar a temperatura do sistema.
Consideramos vários corpos com temperaturas
diferentes colocados em contato, constituindo um sis- ESTUDO DIRIGIDO
tema termicamente isolado (não troca calor com o
meio externo), por exemplo, uma caixa de isopor. 1 O que é calor?
Como as temperaturas são diferentes, os corpos tro-
cam calor até atingirem o equilíbrio térmico. 2 Temos duas amostras de ferro, uma têm 1kg e a
Como não há trocas com o meio externo, a outra possui 2kg. Pergunta-se:
quantidade de calor recebida pelos corpos mais frios a) Qual das duas tem o maior calor específico?
é exatamente igual à quantidade de calor cedida pelos b) Qual possui a maior capacidade térmica?
corpos mais quentes. Adotando, para quem cede, o
sinal negativo, e para quem recebe calor, o sinal posi-
tivo; podemos afirmar que: num sistema termicamen- 3 Escreva a equação de calor sensível, diga o que
te isolado, a soma das quantidades de calor recebido significa cada símbolo, e sua unidade usual.
e cedido é nula.
∑ Qrecebido + ∑ Qcedido = 0
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
5. CALOR LATENTE
1 Calcule a quantidade de calor necessária para e-
É a quantidade de calor que um grama de uma levar a temperatura de 200g de H2O de 20ºC para
substância precisa ganhar ou perder para mudar de 30ºC. Use calor específico da água 1cal/gºC.
uma fase a outra. Resolução:
Durante a mudança de fase de uma substância Utilizando a equação Q = mc ∆t , temos:
pura, se a pressão permanece constante, a temperatu- Q=200.1(30-20)
ra também permanece constante. Q=200.1.10
Q = m ⋅L Q=2000cal
Q = quantidade de calor trocada durante a mu-
dança de fase (cal).

Editora Exato 30
FÍSICA

2 Misturam-se 40l de água a 60ºC com 20l de á- 4 Um cubo de gelo de 20g, que estava inicialmente
gua a 30ºC. Calcule a temperatura final da mistu- a −10°C , é retirado do congelador e colocado em
ra. Dado C H O = 1cal / g º C .
2
um copo. Após estar em equilíbrio térmico com o
Resolução: ambiente, que está a 25ºC, que quantidade de ca-
Quando se trata de mistura, é preciso lembrar lor o gelo terá absorvido?
que a quantidade de calor cedida pelo mais quente é Dados:
totalmente transferida para o mais frio, pois aqui con- Calor específico da água líquida = 1,0 cal/gºC
sideramos que o sistema é isolado termicamente, ou Calor específico do gelo = 0,5 cal/gºC
seja, não perde energia para o ambiente. Assim temos Calor latente de fusão da água = 80 cal/g

Q CED = Q RED 5 Um rapaz deseja tomar banho de banheira, com


mC
1 ∆t = m2C ∆t água a uma temperatura de 30°C, misturando á-
40.000 ⋅ 1(TF − 60 ) = 20.000 ⋅ 1(TF − 30 ) gua quente e fria. Inicialmente, ele coloca 100L
40.000
/ / / / (TF − 60 ) = 20.000
/ / / / ( 30 −TF ) de água fria a 20°C. Desprezando a capacidade
4 (TF − 60 ) = 2 ( 30 −TF ) →
térmica da banheira e a perda de calor da água,
pergunta-se:
4TF − 240 = −2TF + 60 →
a) Quantos litros de água, a 50°C, ele deve colo-
4TF + 2TF = 60 + 240 →
car na banheira?
300 b) Se a vazão da torneira de água quente é de
6TF = 300 → TF =
6 0,20L/s, durante quanto tempo a torneira deve
TF = 50º C
permanecer aberta?

Lembre-se ainda que 1l de H2O corresponde a


1.000g; assim, 40l=40.000g e 20l=20.000g. GABARITO

Estudo dirigido
EXERCÍCIOS
1 Calor é energia térmica em trânsito, passando es-
1 A definição de calor é: pontaneamente do corpo mais quente para o mais
a) a mesma de temperatura. frio. Lembre-se de que não é correto afirmar que
b) energia transferida entre corpos devido à dife- um corpo possui calor.
rença de temperatura. 2
c) energia armazenada em corpos quentes. a) O calor específico depende da natureza da
d) energia armazenada em corpos frios. substância, mas independe da quantidade. C como as
e) energia total de um corpo. amostras são de ferro possuem o mesmo calor especí-
fico.
2 Julgue os itens abaixo: b) A capacidade térmica, depende da natureza
1 Dois corpos à mesma temperatura estão em e da quantidade da substância; logo, a amostra de 2kg
equilíbrio térmico e não trocam calor entre si. possui maior capacidade térmica.
2 Quanto maior o calor latente de um corpo, 3 Q = mc ∆t
maior a quantidade de calor que uma certa Q = quantidade de calor - calorias (cal)
massa do corpo deve receber para que tenha m = massa – grams (g)
um certo aumento de temperatura. c = calor específico – cal/gºC
3 Dois corpos de mesmo calor específico po- ∆t = variação de temperatura – Celsius (ºC)
dem ter capacidades térmicas diferentes.
4 O calor armazenado em um corpo é denomi-
nado calor específico. Exercícios
1 B
3 Um certo corpo sólido, de 200g, que está inici- 2 V, F, V, F
almente a 10ºC, é aquecido até 40ºC. Para tanto,
3 0,1 cal/g°C
absorveu 600cal de calor. Determine o calor es-
pecífico do material que constitui este sólido. 4 2200 cal
5 a) 50L b) 250s

Editora Exato 31
FÍSICA

DILATAÇÃO E MUDANÇAS DE FASES


1. INTRODUÇÃO
À medida que aumenta a temperatura de um chapa na temperatura T0 área A 0
corpo, aumenta a amplitude e suas agitações ou vi-
brações moleculares e, em conseqüência desse fato, chapa na temperatura T área A
as distâncias médias entre as moléculas aumentam,
alterando as dimensões físicas do corpo, que tem seu
volume aumentado (dilatação). Quando a temperatura 4. DILATAÇÃO VOLUMÉTRICA
do corpo diminui, temos o efeito contrário: a dimi-
nuição do volume (contração). A dilatação volumétrica é diretamente propor-
Veja alguns exemplos: cional ao volume e à variação da temperatura. Por is-
1. Deixam-se pequenos vãos entre os trilhos de so, podemos estabelecer o seguinte esquema:
uma estrada de ferro, para prevenir o aumento do seu
comprimento, nos dias quentes. chapa na temperatura T0 volume V 0
2. As calçadas de cimento não devem ser intei-
riças, pois o cimento se dilata, provocando rachadu-
chapa na temperatura T volume V
ras, por isso, colocam-se ripas de madeira a
intervalos regulares.
3. Ao receber água quente, uma vasilha de vi- 5. LEITURA COMPLEMENTAR
dro pode rachar, pois as camadas internas se dilatam
antes das camadas externas. Dilatação irregular da água
4. Você já deve ter percebido que, quando um A maioria das substâncias, ao ser aquecida, so-
recipiente de vidro está fortemente fechado com tam- fre aumento em seu volume. Outras, no entanto, ao
pa metálica, basta mergulhá-lo na água quente ou serem aquecidas, sofrem redução em seu volume. A
derramar água quente sobre a tampa e ela abrirá fa- água é um exemplo deste comportamento irregular.
cilmente. A tampa de metal dilata-se mais que o vi- Verifica-se experimentalmente que uma certa massa
dro, ficando frouxa. de água, ao ser aquecida de 0°C até 4°C, apresenta
uma redução em seu volume. Após 4°C, a água se di-
2. DILATAÇÃO LINEAR
lata normalmente.
Considere uma barra metálica de comprimento Isto ocorre porque, no estado sólido, cada mo-
inicial L0, na temperatura To. Aquecendo-se esta bar- lécula da água se liga a outras quatro através de pon-
ra até a temperatura T, seu comprimento passa a ser tes de hidrogênio. Isso forma uma estrutura
L. A barra sofreu um acréscimo de comprimento ∆L hexagonal semelhante a um favo de mel, com lacunas
= L – L0, quando sua temperatura variou ∆T = T – T0. entre as moléculas. Quando o gelo se funde, esta es-
Esquematizando, temos: trutura se quebra e os espaços vazios começam a ser
preenchidos. A partir de 4ºC, o volume da água vai
aumentando com a temperatura em conseqüência da
T0
L maior energia cinética das moléculas.
O fato de a água apresentar esse comportamen-
to irregular é muito importante na natureza. É graças
a ele que, nos países onde o inverno é rigoroso, os la-
T gos e rios se congelam na superfície, enquanto no
L0
fundo permanece água a 4°C, que se deslocou para
esta posição em virtude de sua densidade ser mais e-
3. DILATAÇÃO SUPERFICIAL levada nesta temperatura.
Considere uma chapa metálica de área inicial
Aplicações da dilatação
A0 na temperatura T0. Aquecendo-se esta chapa até a
Dilatação de uma lâmina bimetálica - lâmina
temperatura T, sua área passa a ser A. A chapa sofreu
bimetálica é o conjunto de duas fitas de materiais di-
uma dilatação superficial ∆A = A – A0, quando sua
ferentes presas uma à outra. Por exemplo, tome uma
temperatura aumentou ∆T = T − T .
0
fita de zinco e outra de cobre e rebite-as, como na fi-
gura. Aqueça-as com o auxílio de uma chama. O zin-
co se dilatará mais que o cobre e as lâminas se
Editora Exato 32
FÍSICA

curvarão. Veja, na Tabela 1, que o coeficiente de di- Fusão (ou solidificação) nítida é aquela em que
latação linear do zinco é maior que o do cobre. há a coexistência das fases sólida e líquida. O corpo
Lâminas como estas podem ser usadas como passa aos poucos de uma fase para a outra. É própria
reguladores de temperaturas em ferros de engomar, das substâncias cristalinas.
em estufas, em fornos elétricos e em lâmpadas de A fusão do gelo é nítida, porém a da parafina,
pisca-pisca. da cera, não é. Enquanto parte do gelo já se fundiu
(virou água), a outra parte continua sólida. Por outro
Cu lado, a parafina vai amolecendo, passa por um estado
pastoso e, em seguida, vai de uma vez para o estado
líquido.
 Vaporização é a passagem da substância do
estado líquido para o estado gasoso.
Zn  Liquefação é a passagem do gasoso para lí-
quido. É a transformação inversa da vapori-
zação.
Tensão térmica  Sublimação é a passagem da substância di-
A tensão térmica nos dá uma explicação para o retamente do estado sólido para o gasoso ou
fato de um copo de vidro grosso comum romper-se do gasoso para o sólido.
ao receber água fervendo em seu interior. Como o vi- A experiência mostra que a fusão e a vaporiza-
dro é mal condutor de calor, as camadas internas dila- ção se processam sempre com recebimento de calor,
tam-se mais rapidamente do que as camadas externas. sendo, pois, transformações endotérmicas.
A tensão aí criada provoca a ruptura do vidro. Isso Já a solidificação e a liquefação se processam
não acontece com o pirex, pois este possui um coefi- com desprendimento de calor sendo, pois, transfor-
ciente de dilatação bem menor que o vidro comum. mações exotérmicas.
Portanto, apresenta uma tensão térmica bem menor 8. TEMPERATURA DE MUDANÇA DE FASE
também.
A fusão e a solidificação se processam na
6. MUDANÇAS DE FASES mesma temperatura, chamada temperatura (ou ponto)
A matéria (as substâncias, os elementos etc) de fusão ou de solidificação (TF). Por exemplo, a á-
pode apresentar-se em três estados físicos fundamen- gua sob pressão atmosférica normal sempre se funde
tais: sólido, líquido e gasoso. e se solidifica a 0°C. A ebulição e a liquefação se
Analisando, de uma maneira muito simples, processam na mesma temperatura, chamada tempera-
sob o ponto de vista físico, podemos dizer que sóli- tura (ou ponto) de ebulição ou de liquefação (TE).
dos são os corpos que apresentam forma e volume Por exemplo, a água sob pressão atmosférica normal
próprios, resistência a esforços de tração, compres- sempre entra em ebulição e liquefaz a 100°C.
são, cisalhamento etc; já os líquidos têm volume pró- Durante a mudança de fase de uma substância
prio, mas não têm forma própria, tomando a forma do pura à pressão constante, a temperatura permanece
recipiente que os contém; finalmente, os gases não constante.
têm forma própria e nem volume próprio, tomando
sempre a forma e o volume do recipiente em que são 9. DIAGRAMAS DE FASE
colocados.
Os líquidos e os gases, que podem ser chama- Para a maioria das substâncias:
P
dos indistintamente de fluidos, não apresentam resis- Líquido
Fusão

tência a esforços de tração e cisalhamento, mas


ão

resistem à compressão; os líquidos apresentam gran-


riz

Sólido
po

de resistência à compressão, mas nos gases a resis- PT


Va

ão Gás
tência é muito pequena. Por isso mesmo, os líquidos aç
são considerados como incompressíveis e os gases b lim Vapor
Su
como compressíveis.
7. DEFINIÇÕES TC T

 Fusão é a passagem de uma substância do


PT = Ponto Triplo → Ponto onde há coexis-
estado sólido para o estado líquido.
tência dos três estados de agregação em equilíbrio.
 Solidificação é a passagem de líquido para
sólido. É a transformação inversa da fusão.
Editora Exato 33
FÍSICA

TC = Temperatura Crítica → Temperatura aci-


ma da qual a substância gasosa não pode ser liquefei-
ta por compressão isotérmica, passando de vapor a
gás.

Para a água:
P Líquido

Va po rização
Fu
sã o

Sólido
ão P T G ás 11. PRESSÃO X TEMPERATURA DE E-
aç Vapor
b l im BULIÇÃO
Su
Um aumento da pressão sobre um líquido fará
T com que o ponto de ebulição aumente. Assim, no alto
do Everest, a água sofre ebulição abaixo de 100°C e
10. PRESSÃO X TEMPERATURA DE FU- dentro de uma panela de pressão, acima de 100°C.
SÃO A tabela ilustra a temperatura de ebulição da
água em algumas cidades.
Na maioria das substâncias, o aumento de
Cidade Temperatura de
pressão acarreta aumento na temperatura de fusão.
ebulição (C°)
Na água, um aumento de pressão diminui a
La Paz 87°
temperatura de fusão.
Quito 90°
A fusão de um material sólido puro obedece a
dois princípios básicos: Brasília 96°
 A uma dada pressão, todo o material sofre São Paulo 98°
fusão a uma temperatura determinada. Rio de Janeiro 100°
 Não havendo variação de pressão, a tempe-
ratura de fusão se mantém constante.
ESTUDO DIRIGIDO
Vamos estudar a influência da pressão na tem- 1 Por que existem pequenos vãos entre os trilhos
peratura de fusão das substâncias em duas partes: pa- de ferro?
ra a maioria das substâncias e para a água.
A maioria das substâncias ao sofrer fusão sofre
expansão (aumenta de volume). Para tais substâncias, 2 Quando um pedreiro faz uma calçada, ele costu-
o aumento da pressão acarreta um aumento da tempe- ma deixar ripas de madeira entre os blocos de
ratura de fusão. A água faz exceção à regra, pois ao cimento. Por que ele faz isso?
sofrer fusão ela sofre contração (diminui de volume),
para a água um aumento de pressão leva a uma redu-
3 O que acontece com a temperatura de uma subs-
ção da temperatura de fusão.
tância pura durante uma mudança de fase?
Experiência de Tyndall
Considere um bloco de gelo numa temperatura
inferior a 0°C. Se passarmos sobre o bloco de gelo 4 Qual a influência da pressão durante a fusão da
um fio fino de metal com dois pesos de alguns quilo- maioria das substâncias? E do gelo?
gramas nas extremidades, o acréscimo de pressão nos
pontos de contato do fio com o gelo diminui a tempe-
ratura de fusão e provoca o derretimento do gelo sob EXERCÍCIOS
o fio. Nas regiões em que o fio já atravessou o bloco,
1 (PUC) Uma porca está muito apertada no parafu-
a água, livre de pressão do fio volta a se congelar (re-
so. O que você deve fazer para afrouxá-la?
gelo).
a) é indiferente esfriar ou esquentar a porca.
Desta forma, o fio de metal atravessa o bloco
b) esfriar a porca.
de gelo sem que haja rompimento deste.
c) esquentar a porca.
d) é indiferente esfriar ou esquentar o parafuso.
e) esquentar o parafuso.

Editora Exato 34
FÍSICA

2 (FURG-RS) Uma chapa metálica tem um orifí- d) A temperatura de fervura da água depende da
cio circular, como mostra a figura, e está a uma umidade relativa do ar e não pode ser calcula-
temperatura de 10ºC. A chapa é aquecida até uma da só com esses dados.
temperatura de 50ºC. Enquanto ocorre o aqueci-
mento, o diâmetro do orifício:
a) aumenta continuamente. 6 Na panela de pressão:
b) diminui continuamente. a) a água ferve mais rapidamente, a menos de
c) permanece inalterado. 100ºC, acelerando o cozimento dos alimentos.
d) aumenta e depois diminui b) a água atinge temperaturas acima de 100ºC
e) diminui e depois aumenta. sem ferver, acelerando o cozimento dos ali-
mentos.
c) a água ferve a 100ºC e a grande pressão interna
3 Baseado no gráfico e em seus conhecimentos, acelera o cozimento dos alimentos.
julgue os itens: d) a temperatura interna é menor que nas panelas
comuns.
Pessão
B.
A.
7 Se, para uma dada temperatura constante e menor
C. que a temperatura do ponto triplo, a pressão da
água líquida é diminuída, que transformação se
Temperatura
espera que ocorra com a água?
a) Vaporização. b) Sublimação.
1 O gráfico representa o diagrama de fases da c) Condensação. d) Fusão.
água. e) Solidificação.
2 O ponto A representa o estado sólido.
3 O ponto B representa o estado gasoso.
4 O ponto A representa o estado de vapor. GABARITO
5 Se o corpo estiver inicialmente em B, ao di-
minuirmos sua temperatura, ele se solidificará. Estudo dirigido
1 Para que os trilhos possam se dilatar em dias
4 A transformação a seguir representa a: muitos quentes.
2 O pedreiro faz uso das ripas para permitir a dila-
p (atm)
tação do concreto. Caso ele seja uma placa só, em
dias quentes, tende a rachar.
3 A temperatura permanece constante.

t(°C)
4 Para a maioria das substâncias um aumento de
pressão eleva a temperatura de fusão, já para o
gelo um aumento de pressão baixa o ponto de fu-
a) solidificação. são, ou seja, o gelo passa a derreter a temperatu-
b) fusão. ras abaixo de zero.
c) vaporização.
Exercícios
d) condensação.
e) sublimação. 1 C
2 A
5 Ao nível do mar, a água líquida entra em ebuli- 3 E, C, E, C, C
ção a 100ºC. Em Brasília, que fica a 1000m aci-
ma do nível do mar, é correto dizer que: 4 D
a) A água ferve a mais de 100ºC. 5 C
b) A água ferve a 100ºC.
c) A água ferve a menos de 100ºC. 6 B
c) A temperatura de fervura da água depende da 7 E
potência do fogo/aquecedor e não pode ser cal-
culada só com esses dados.

Editora Exato 35
FÍSICA

TRANSMISSÃO DE CALOR
1. TRANSMISSÃO DE CALOR surge em virtude do seu aquecimento ou resfriamen-
to.
O calor se propaga espontaneamente sempre O congelador de uma geladeira é colocado na
de um corpo de maior temperatura para outro de me- parte superior; o ar frio desce, retira “calor” dos cor-
nor temperatura. A propagação de calor se dá por pos que estão na geladeira, aquece-se e sobe até o
condução, convecção e radiação. congelador, onde novamente se resfria.
2. CONDUÇÃO
Se colocamos uma extremidade de uma barra
metálica sobre uma chama e seguramos na outra ex-
tremidade, notamos que esta se torna cada vez mais
quente, apesar de não estar em contato direto com o
fogo. Dizemos que o calor atingiu a extremidade
mais fria da barra por condução através do material
que a constitui. As moléculas da extremidade quente
da barra aumentam a amplitude de sua vibração à

Quente

Frio
medida que a temperatura aumenta. Ar
Verificam-se então colisões dessas moléculas
com as suas vizinhas, menos próximas da extremida-
de mais quente, e que se movem mais lentamente: as-
sim, parte da energia das moléculas da extremidade
mais quente é absorvida pelas vizinhas, e o processo
se repete progressivamente. Desse modo, a energia
térmica se propaga de uma molécula para a seguinte,
sem que se desloquem as moléculas de sua posição 4. IRRADIAÇÃO OU RADIAÇÃO
inicial.
O termo radiação se refere à emissão contínua
de energia, da superfície de todos os corpos. Esta e-
Calor
nergia é chamada energia radiante e se apresenta sob
a forma de ondas eletromagnéticas. Estas ondas se
deslocam com a velocidade da luz e são transmitidas
tanto através do vácuo como no ar (no vácuo, a
transmissão é melhor, pois o ar as absorve um pou-
barra co).
metálica Quando elas atingem um corpo que não lhes é
transparente, tal como a superfície da mão ou as pa-
É fato conhecido serem os metais bons condu- redes de um quarto, elas são absorvidas e sua energia
tores de calor e eletricidade. À capacidade de serem é transformada em calor.
bons condutores de eletricidade devemos a existência
dos elétrons “livres”, isto é, dos elétrons que se sepa-
ram de suas moléculas. Os elétrons livres também Sol Terra
tomam parte na condução do calor: a razão pela qual
os metais são bons condutores de calor é exatamente
o fato de tanto os elétrons livres como as moléculas
tomarem parte na transmissão de energia térmica das 5. GARRAFA TÉRMICA (VASO DE DEWAR)
partes quentes para as partes frias.
A garrafa térmica permite a conservação por
3. CONVECÇÃO um tempo maior da temperatura de um líquido em
Processo de transmissão de calor com o arraste seu interior. Isso se dá diminuindo as trocas de calor
de matéria. Este processo é característico dos líquidos com o ambiente da seguinte maneira:
e gases (fluidos). A movimentação das diversas par- Tampa → evita convecção.
tes do fluido ocorre pela diferença de densidade que Vácuo → condução e convecção.
Parede espelhada → evita irradiação.
Editora Exato 36
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Tampa Ar quente
Ar
frio

Vácuo
Porção
Espelhada Água Areia
fria quente

6. LEITURA COMPLEMENTAR
Ar quente
Efeito Estufa Ar
frio
Um dos exemplos de aplicação da irradiação é
a estufa de plantas. Nas estufas, o teto é feito de vidro
transparente. A luz solar (energia radiante) atravessa
as paredes de vidro e a energia é absorvida pelas
Água Areia
plantas e objetos no interior da estufa. quente fria
Posteriormente, essa energia é emitida (irradi-
ada) na forma de raios infravermelhos que não atra-
vessam o vidro; assim o interior da estufa mantém-se
aquecido. Inversão térmica
O vapor d’água e o dióxido de carbono presen- Outro fenômeno importante relacionado com a
tes na atmosfera terrestre dificultam a propagação convecção do ar é a inversão térmica. Ela é causada
dos raios infravermelhos. Com isso, a energia térmica pela ausência de correntes de convecção no ar em
emitida pela Terra fica, em parte, retida. O aumento dias frios em grandes centros urbanos. Normalmente,
progressivo de dióxido de carbono (CO2), principal- a camada de ar poluído junto ao solo é mais quente
mente devido às indústrias e aos carros, que lançam que as camadas superiores, com ar mais limpo. Então
grandes quantidades de gases na atmosfera, entre eles o ar poluído tende a subir e os poluentes são disper-
o CO2, faz com que se acentue tal fenômeno, deno- sos nas camadas mais altas da atmosfera. Porém, em
minado “efeito estufa”. Devido ao “efeito estufa”, a dias mais frios, há um maior número de frentes frias.
energia média da Terra tende a aumentar, provocando Quando há o encontro de duas massas de ar de dife-
derretimento do gelo polar (fusão) com graves con- rentes temperaturas, a mais fria fica por baixo. As-
seqüências para o planeta, desde grandes inundações sim, em dias frios, o ar poluído, junto ao solo, é mais
até doenças de pele nos seres vivos. Os problemas frio do que o ar limpo das camadas superiores. Isso
que podem surgir, se o “efeito estufa” não for contro- impede a ocorrência de correntes de convecção, au-
lado, são muito amplos para a vida na Terra. mentando a concentração de poluentes no ar próximo
ao solo.
Brisas litorâneas
ar limpo ar limpo
No litoral, é comum a ocorrência de brisas. Pa-
frio frio
ra o melhor entendimento de tal fenômeno, vale lem-
brar que o calor específico da água é bem superior ao
de outros materiais. Isso significa que a água sofre
uma menor variação de temperatura que, neste caso, ar poluído
a areia da praia. De manhã, o Sol aquece tanto a areia quente
quanto a água do mar, mas a areia se aquece mais ra-
dia normal
pidamente. O ar que está sobre a areia se aquece e
sobe, sendo substituído pelo ar que estava sobre a á- ar limpo ar limpo
gua: é a brisa marítima. À noite, a areia se resfria quente quente
mais rapidamente do que a água. Então, o ar junto à
água, agora mais quente que o da areia, sobe, dando
lugar ao ar que estava junto à areia: é a brisa terrestre.
ar poluído
frio

dia frio (inverno): inversão térmica

Editora Exato 37
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ESTUDO DIRIGIDO 5 (UnB) Julgue os itens abaixo:


1 A capacidade de um casaco de lã de manter
1 Cite os três processos de transmissão de calor. uma pessoa aquecida repousa, exclusivamente,
Qual deles ocorre no vácuo? na baixa condutividade térmica da lã.
2 A radiação não visível, emitida por um corpo
aquecido, obedece às mesmas leis da reflexão
2 Cite um bom condutor e um bom isolante térmi- para a luz visível.
co. 3 O processo de transmissão de calor por con-
vecção exige movimento de translação de ma-
téria.
EXERCÍCIOS 4 O processo de transmissão de calor por radia-
1 (UnB) Julgue os itens abaixo: ção exige a presença de meio material entre os
1 Em uma garrafa térmica, hermeticamente fe- sistemas envolvidos no processo.
chada e contendo água fervente, não há saída
de calor por convecção.
GABARITO
2 As chaminés de grandes fornos são muito al-
tas. Isso facilita a convecção e assim a renova- Estudo dirigido
ção do ar a ser queimado.
3 Com o bisturi a raio laser transfere-se energia 1 Os três processos são: condução, convecção e ir-
térmica para o tecido por convecção. radiação e somente a irradiação ocorre no vácuo,
é desta maneira que a energia solar chega à terra.

2 A radiação é o principal processo de transferên- 2


cia de energia no caso: Condutor: barra de ferro
a) da chama no fogão para a panela. Isolante: madeira
b) do Sol para um satélite de Júpiter. Exercícios
c) do ferro de soldar para a solda. 1 C, C, E
d) da água para um cubo de gelo flutuando nela.
e) de um mamífero para o meio ambiente. 2 B
3 C
3 Em uma sala de temperatura homogênea, toca-se 4 A
numa peça de metal e numa peça de madeira; no-
ta-se que o metal parece mais frio que a madeira. 5 E, C, C, E
Esta diferença de sensação dá-se porque:
a) o calor específico do metal é maior que o calor
específico da madeira.
b) a temperatura do metal está mais baixa do que
a temperatura da madeira.
c) o coeficiente de condutibilidade térmica do me-
tal é maior que o da madeira.
d) o metal conduz o calor por condução e a ma-
deira por radiação.
e) a madeira é menos densa que o metal.

4 (FAAP) O calor se propaga através dos corpos,


sejam eles sólidos, líquidos ou gasosos. Abaixo,
da incandescência, nos sólidos, a propagação
mais intensa é dada pela:
a) condução térmica.
b) convecção térmica.
c) irradiação térmica.
d) contato térmico.
e) decomposição térmica.

Editora Exato 38
FÍSICA

TERMODINÂMICA
1. INTRODUÇÃO 3 M 2
U = Ec = nRT T= v
2 ou 3R
Termodinâmica é a ciência que estuda as rela-
ções entre o calor e o trabalho, que ocorrem, por e- R- constante universal dos gases
xemplo, entre um gás perfeito e o meio externo. n- número de mols
v- velocidade quadrática média
2. TRABALHO SOB PRESSÃO CONSTANTE M- massa molar
O trabalho realizado por um gás, numa trans- 4. PRIMEIRO PRINCÍPIO DA TERMODINÂ-
formação isobárica, é dado pelo produto da pressão MICA
pela variação de volume sofrida pelo gás.
O primeiro princípio nada mais é do que a a-
plicação do princípio da conservação de energia à
termodinâmica, onde a energia não pode ser criada
nem destruída. Aqui, as energias postas em jogo são
o calor e o trabalho; por exemplo, admitamos que um
sistema recebeu 90 joules de calor. O sistema então
V1 V2 realiza 70 joules de trabalho. Onde estão os outros 20
joules? Foram destruídos? Não, eles ficaram armaze-
nados sob a forma de energia interna. Portanto, a e-
τ = p∆V ⇒ τ = p(V2 -V1) nergia interna aumentou 20 joules.
Q = τ + ∆U
 Quando o volume aumenta, o trabalho é po-
sitivo; o sistema realiza trabalho. Em que:
V2 > V1 ⇒ τ >0 ∆U = variação de energia interna
 Quando o volume diminui, o trabalho é ne- Q = calor trocado pelo gás
gativo; o sistema recebe trabalho. τ = trabalho realizado/recebido pelo gás.
V2 < V1 ⇒ τ < 0 5. SEGUNDO PRINCÍPIO DA TERMODINÂ-
 Quando o volume não se altera, o trabalho é MICA
nulo; o sistema não troca trabalho.
V2 = V1 ⇒ τ = 0 É impossível construir uma máquina térmica,
que, operando em ciclos, converta calor de uma fonte
O trabalho pode também ser calculado por integralmente em trabalho.
meio do diagrama p x V. Nesse caso, o trabalho é 6. ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES GA-
numericamente igual à área da figura: SOSAS
n
τ área
Em uma transformação gasosa reversível, é
P possível descrever o comportamento das variáveis do
processo, estabelecendo relações por meio de fórmu-
las ou gráficos. Na transformação reversível, o siste-
ma permanece sempre em equilíbrio.
A
Quando temos uma transformação reversível,
na qual o estado inicial é diferente do final, podemos
afirmar que:
V
- só há realização de trabalho quando há varia-
ção de volume;
3. ENERGIA INTERNA (U) - só há variação de energia interna quando há
Para gases com moléculas monoatômicas, a variação de temperatura.
energia interna corresponde à energia cinética de Transformação Isobárica
translação das moléculas e é dada por: O trabalho realizado τ e a quantidade de calor
3 3 trocado Qp, são dados por:
U = Ec = nRT U= pV
2ou 2 τ = p . ∆V e Qp = m . cp . ∆T
A relação entre a temperatura de um gás per-
feito e a velocidade média de suas moléculas é:
Editora Exato 39
FÍSICA

O módulo do trabalho realizado é dado nume- dar em função do isolamento do sistema em relação
ricamente pela área indicada no gráfico abaixo: ao ambiente ou à velocidade de transformação eleva-
Nessa transformação, o volume e a temperatu- da que faz com que a troca de calor com o meio am-
ra absoluta se relacionam em proporção direta; logo, biente seja desprezível.
a energia interna do gás varia. Exemplo:
Ao comprimirmos rapidamente o êmbolo de
P uma bomba comum, dessas usadas para encher bola
de futebol, por exemplo, o ar contido em seu interior
B C torna-se mais quente. O aumento da energia interna
nesse aquecimento veio do trabalho realizado pelo
A operador sobre a bomba. Como o processo é rápido,
consideramos como sendo adiabático.
0 ∆V V Assim, nas compressões adiabáticas, há um
aumento de temperatura do gás. Já, nas expansões a-
diabáticas, há uma diminuição da temperatura do gás.
∆U = Qp – τ, ∆U ≠ 0 temos: Qp ≠ τ Experimente fazer um biquinho com a boca e soprar
Transformação Isocórica sua mão. Explique por que o ar esfria ao sair de sua
Não temos realização de trabalho devido ao boca.
volume constante; assim, podemos afirmar que τ = 0.
Observamos, no diagrama pV abaixo, que não 7. MÁQUINA TÉRMICA
há área representativa do trabalho, pois a transforma- É um dispositivo que, operando em ciclos,
ção é representada por uma reta paralela ao eixo da transforma calor em trabalho.
pressão. Exemplo:
Máquina a vapor, motor de combustão interna
P
(automóveis).
P2 Q
Fonte Q 11 Máquina
Q
Q 22 Fonte
P1 quente Térmica fria

0 V1 V

Na transformação isocórica, a variação da Em que:


energia interna é igual à quantidade de calor trocada Q1 = calor retirado da fonte quente
pelo gás. Q2 = calor rejeitado à fonte fria
Q = ∆U τ = trabalho útil.
Transformação Isotérmica O balanço energético é:
Sabemos, pela lei de Joule, que a energia in-
Q1 = τ + Q2 ⇒ τ = Q1 - Q2
terna não varia com a temperatura constante:
∆T = 0 → ∆U = 0 O rendimento da máquina é:
logo, energia util
η=
∆U = Q – τ energia total

0=Q–τ τ Q
η= ouη = 1 − 2
τ=Q Q1 Q1
Podemos concluir que o trabalho realizado é Uma máquina térmica nunca terá um rendi-
igual à quantidade de calor trocada com o meio am- mento 100%.
biente.
Você sabia?
Q =0 A Primeira idéia de máquina a vapor aparece no
τ + ∆U = 0 texto Pneumática, do filósofo Heron, de Alexandria
τ = −∆U (cerca de 130 a. C.). Trata-se da eolípila que, embora
rudimentar, ofereceu os princípios para futuros in-
Transformação Adiabática ventos. Veja o esquema abaixo:
Transformação adiabática é aquela na qual não
há troca de calor com o meio ambiente, o que pode se
Editora Exato 40
FÍSICA

d) transformação adiabática.
saída de
vapor
2 No diagrama Pressão (P) x volume (v), abaixo
identifique todos os tipos de transformações ga-
sosas.
saída
P
de Vapor
vapor
B C

água isotermas

A D
V

fogo

EXERCÍCIOS

1 Quanto aos processos sofridos por gases ideais


entre dois estados, julgue os itens:
8. CICLO DE CARNOT 1 Num processo isotérmico, há troca de calor
com o meio exterior.
Ciclo teórico que permite o maior rendimento 2 Num processo adiabático, não há transferên-
entre as máquinas térmicas. cia de calor para o meio exterior.
O rendimento no ciclo de Carnot depende so- 3 O processo adiabático é um processo lento,
mente das temperaturas absolutas das fontes quente e em que a variação de energia do gás é igual ao
fria. trabalho realizado sobre este.
4 O processo isotérmico é um processo lento,
P no qual, há variação na energia interna do gás.
5 Num processo isotérmico de compressão de
um gás, a pressão exercida sobre as paredes do
recipiente, que contém o gás, aumentará.
A 6 Num processo isotérmico, a energia cinética
média das moléculas é a mesma nos estados i-
B nicial e final.
T1
D 2 (U. F. Viçosa – MG) Considere as afirmativas I,
T2
C II e III, relativas às transformações de um gás
V
ideal, mostradas na figura:

Tfria P T1 T2
η = 1−
Tquente
Transformações:
 A B isotérmica. a c
 B C adiabática.
 C D isotérmica. b
 D A adiabática.
V
ESTUDO DIRIGIDO
I – Na transformação ac, o sistema realiza traba-
1 Defina: lho e recebe calor;
a) transformação istérmica; II – As transformações ac e bc têm a mesma vari-
b) transformação isobárica; ação de energia interna;
c) transformação isocárica;

Editora Exato 41
FÍSICA

III – Na transformação bc, o trabalho é nulo e o 5 (OSEC-SP) Um gás perfeito descreve o ciclo
sistema cede calor à vizinhança. ABCDA, como mostra a figura:

Entre as alternativas seguintes, a opção correta é: p( N/ m 2 )


a) somente as alternativas I e III são verdadeiras. B C
6
b) somente as alternativas II e III são verdadeiras.
4
c) somente as alternativas I e II são verdadeiras.
d) todas as alternativas são verdadeiras. 2
A D
e) todas as alternativas são falsas.
0 1 2 3 V(m 3 )

3 (Med. ABC) O diagrama abaixo representa o ci- O trabalho, em joules, realizado pelo gás é:
clo de Carnot entre as temperaturas T1 = 800K e a) 2,0;
T2 =400K. Sabendo-se que o motor (de Carnot) c) 15,0;
recebe calor Q1=1000 J da fonte quente, o calor b) 8,0;
rejeitado (Q2) e o trabalho (τ), (ambos em módu- d) 18,0;
lo) valem, respectivamente: e) Nenhuma.
P

GABARITO

Q Estudo dirigido
1

T1 1
a) aquela que se processa a uma temperatura
constante, portanto a energia interna não varia
Q2 T2 também.
b) aquela que ocorre sob pressão constante.
T c) aquela em que o volume não varia, assim tam-
bém não há realização de trabalho.
a) 500 J, 500 J. d) é uma transformação rápida onde não ocorrem
b) 400 J, 600 J. trocas de calor com o ambiente.
c) 300 J, 700 J.
d) 200 J, 800 J. 2 De A→B = isocórica, o volume permanece cons-
e) 100 J, 900 J. tante
∆v = 0 = trabalho nulo
De B → C= isobárica pressão constante
4 O Diagrama abaixo representa os processos pelos De C → D = isocórica
quais passa um gás ideal dentro de um recipiente.
De D → A = isobárica
Calcule, em joules, o módulo do trabalho total re-
Nas linhas inclinadas (isotermas) a temperatura
alizado sobre o sistema, durante o ciclo completo.
permanece constante, ou seja, de D → B não há vari-
Desconsidere a parte fracionária do resultado ob-
ação de temperatura.
tido, caso exista.
Exercícios
2
P(N/ m ) 1 C, C, E, E, C, C
60 2 C
C B
50
40 3 A
30 4 80
20
10
5 B
A

0 1 2 3 4 5 6 V(m3 )

Editora Exato 42
FÍSICA

ELETRIZAÇÃO E LEI DE COULOMB


1. CARGA ELÉTRICA  Os nêutrons não se manifestam eletrica-
mente.
Na Antiga Civilização Grega, há cerca de
2.500 anos, descobriu-se que uma pedra de cor ama- Carga Elétrica Elementar
rela originada da resina de certas árvores, denomina- Cada próton possui uma unidade de carga posi-
da âmbar, quando atritada com pele de animais, tiva; cada elétron, uma unidade de carga negativa. As
passava a atrair pequenos pedaços de palha, penas e cargas do elétron e do próton, iguais em valor absolu-
outros objetos leves. As explicações dadas para essas to, são conhecidas como cargas elementares e, trata-
atrações diziam que os corpos atraídos pelo âmbar se, por enquanto, da menor carga elétrica encontrada
serviam-lhe de alimento. na natureza. Sua intensidade é:
Somente mais tarde, com o médico inglês Wil- e = 1,6 . 10- 19 C,
liam Gilbert (1544-1603), é que a eletricidade foi ob- Onde C (coulomb) representa, no Sistema in-
jeto de investigação científica. Foi Gilbert que, em ternacional (SI) a unidade de carga elétrica.
1600, apresentou os primeiros resultados experimen- A quantidade total de carga de um corpo (Q) é
tais e as primeiras tentativas de explicação das atra- dada por:
ções observadas pelos gregos. Ele chamou os corpos Q=±n.e
que, depois de atritados, passam a atrair outros cor-
 n → número de partículas do corpo.
pos, de corpos eletrizados. Essa palavra vem do gre-
go elektron, que significa âmbar. Subunidades
Charles Dufay (1698-1739) observou que, en- 1mc (milicoulomb) = 10-3C
quanto o âmbar eletrizado atraía objetos não eletriza- 1µc (microcoulomb) = 10-6C
dos, dois pedaços de âmbar eletrizados se repeliam. 1nc (nanocoulomb) = 10-9C
Concluiu então que existiam dois tipos de eletricida- 1pc (picocoulomb) = 10-12C
de (cargas elétricas), denominadas por Benjamin A carga elétrica é quantizada. Quantizada
Franklin como positiva e negativa. Assim, a Proprie- quer dizer que a quantidade de carga não pode ser
dade Fundamental da carga elétrica é sua existência qualquer valor, mais sim múltiplos inteiros da carga
em duas espécies. elementar (e).
Como você sabe, o átomo é composto de cen- Assim, podemos encontrar uma partícula com
tenas de partículas, entre as quais estão as que inte- carga +6e ou –8e, mas é impossível acharmos uma
ressam ao estudo desenvolvido neste capítulo: os partícula com carga 4,32e.
prótons, nêutrons e os elétrons. Princípio da atração e repulsão
Verifica-se, experimentalmente, que corpos e-
letrizados com cargas de mesmo sinal se repelem e
corpos eletrizados com cargas de sinais contrários se
núcleo com atraem.
carga positiva

Sinais opostos atração

A FAB FBA B
elétron

figura 2 - A

figura 1
Mesmo sinal repulsão
Vamos retomar o modelo da estrutura do áto-
mo, que é semelhante ao nosso sistema planetário. Os
A B A B FBA
prótons e os nêutrons constituem o núcleo do átomo. FAB
Ao redor deste núcleo giram, na eletrosfera, os elé-
trons. Convencionou-se que: figura 2- B
 Os prótons têm carga elétrica positiva;
 Os elétrons têm carga elétrica negativa;

Editora Exato 43
FÍSICA

2. ELETRIZAÇÃO DOS CORPOS


 Corpo Neutro – Um corpo neutro apresen- Série Tribo Elétrica
ta o mesmo número de prótons e de elé-
trons. Material Regra Prática
 Corpo Eletrizado – Em algumas substân-
cias, como nos metais, os elétrons das últi- vidro
mica
mas camadas ou da periferia do átomo

podem se liberar, tornando-se elétrons li-
pele de gato
vres. Os átomos que perdem elétrons pas-
seda
sam a ser íons positivos. Os que recebem,
algodão
passam a ser íons negativos.
ebonite
Quando um corpo está eletrizado, significa
que ele tem excesso ou falta de elétrons:
Excesso de elétrons → corpo negativamente
d ro
carregado. o d e vi
Falta de elétrons → corpo positivamente car- bastã
regado. Algodão
3. CONDUTORES E ISOLANTES
figura 5
Em princípio, é sempre possível deslocar car-
gas elétricas através de um meio material. Mas esta
possibilidade de movimento varia com a natureza do 4.2. Contato
meio. Meios em que as cargas elétricas se deslocam Neste processo, um corpo previamente eletri-
com facilidade são chamados condutores (os metais, zado é colocado em contato com um corpo neutro. Se
água contendo ácidos, bases ou sais em solução, o o corpo estiver eletrizado positivamente, atrai elé-
corpo humano etc). Os meios que não permitem o trons do neutro e ambos ficam carregados positiva-
deslocamento de cargas elétricas são chamados iso- mente. Se o corpo estiver negativamente eletrizado,
lantes ou dielétricos (vidro, plásticos usuais, água cede elétrons ao neutro e ambos ficam carregados
destilada, óleos minerais etc). Quando os átomos se negativamente. Quando os corpos forem condutores,
unem para formar as substâncias, eles o fazem de di- a carga espalha-se por todo o corpo.
ferentes maneiras. Do ponto de vista da condução e- Se os corpos forem isolantes, a carga fica res-
létrica, a maneira mais importante é a ligação trita à região onde ocorre o contato. Lembre-se de
metálica. Em um átomo metálico, os elétrons das ca- que a quantidade de carga do sistema se conserva. A
madas mais externas não permanecem intimamente proporção de carga elétrica existente no final, em ca-
ligados aos respectivos átomos, formando os chama- da condutor, depende da forma, das dimensões e do
dos elétrons livres, que se deslocam aleatoriamente meio que envolve esse condutor. No caso particular
por entre a rede cristalina do metal, facilitando a con- de dois condutores idênticos, por exemplo esferas de
dução elétrica nessas substâncias. mesmo raio, a redistribuição é feita de tal forma que,
no final, os condutores terão cargas iguais. Assim,
4. PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO poderíamos escrever, (veja figura 6):
São processos através dos quais transformamos
corpos neutros em corpos eletrizados. Figura 6
São eles:
A B A B
4.1. Atrito
Ao atritarmos dois corpos feitos de materiais , ,
QA Q QA Q
diferentes, permitimos que ocorra entre eles uma tro- B B
ca de elétrons. O corpo que cede elétrons, fica carre- Antes do contato Depois do contato
gado positivamente e o que recebe elétrons, fica , ,
Q A= Q Q = 0
B Q A= Q_ Q B= Q_
carregado negativamente. Para sabermos qual dos 2 2
corpos se eletrizará positivamente, consultamos a
chamada série tribo elétrica. Na tabela abaixo, o ma-
terial mais superior cede elétrons para o inferior, as-
sim, ao atritarmos, por exemplo, um bastão de vidro e
algodão, o algodão fica carregado negativamente.

Editora Exato 44
FÍSICA

antes depois O induzido adquire carga de sinal oposto ao do


+
+ + + + indutor.
+
+ + + 5. LEI DE COULOMB
+ + +
+ +
+
+ + +
+ + neutro
+ +
Figura 7

4.3. Indução
A indução tem como base o fato de que, num
condutor metálico, os elétrons livres podem movi-
mentar-se sob influência de forças externas. Acom-
panhe a explicação das figuras abaixo, onde
representamos um bastão carregado e uma esfera
neutra.
Figura 8
+++

+
+
+ + +
+ ++
++

+
+ +
+ Indutor +
A força de atração ou de repulsão que age en-
Induzido
tre dois corpos puntifomes eletrizados é diretamente
proporcional ao produto das quantidades de eletrici-
dade Q1 e Q2 que esses corpos possuem, e inversa-
elétrons
mente proporcional ao quadrado de sua distância d.
(a) (b) (c)
Sua intensidade é dada pela expressão:
Na figura 8(a), o bastão carregado positiva-
Q1 Q 2
mente, ao aproximar-se da esfera condutora, faz com F= k
d2
que ocorra uma separação de cargas com o movimen-
to dos elétrons livres para o lado mais próximo do
bastão. Observe, no entanto, que a esfera continua onde
neutra, apenas houve separação de cargas. Na figura N ⋅ m2
k = 9 x 109 (Vácuo)
8(b), a esfera é ligada à Terra e há um fluxo de elé- C2
trons da Terra para a esfera; finalmente, em 8(c), a
Q1 Q2
conexão com a Terra foi desfeita e o bastão afastado.
F21 F12
Temos, então, que a esfera fica eletrizada com carga
negativa. Vale lembrar que não houve contato entre o
bastão e a esfera, por isso esse processo é também d
chamado de eletrização por influência.
Se o bastão estivesse carregado negativamente, F12 = F21
a esfera se eletrizaria com carga positiva. Figura 1

A constante de proporcionalidade k depende


Figura 9 do meio onde as cargas se encontram e do sistema de
- -
- - N.m2
- - unidades escolhido. No vácuo k = 9.109 (SI) é
-- -- C2

Indutor
chamado de ko.

ESTUDO DIRIGIDO
elétrons
1 Qual o valor da carga elementar?

2 Explique o princípio da atração e repulsão.

Editora Exato 45
FÍSICA

3 O que é um corpo neutro? EXERCÍCIOS

1 Julgue os itens:
1 Após a eletrização por atrito, os corpos eletri-
zados têm cargas de mesmo sinal.
2 Após a eletrização por atrito, os corpos ten-
4 O que é um corpo eletrizado?
dem a se repelir.
3 Após a eletrização por contato, os corpos ad-
quirem cargas de mesmo sinal.
4 Na eletrização por indução, é necessária a uti-
lização de um fio-terra ou algum dispositivo
5 Cite os processos de eletrização. que funcione como tal.
2 Julgue os itens:
1 A carga do elétron é, por convenção, negativa.
2 A carga do próton é, por convenção, positiva.
3 Em módulo, o próton e o elétron possuem
6 Escreva a expressão matemática da Lei de Cou- mesma carga elétrica.
lomb explicando o significado de cada símbolo. 4 A unidade de carga elétrica, no sistema inter-
nacional, é o Ampère.
5 A carga elétrica é uma grandeza quantizada.

3 Sabendo que um determinado corpo tem 5 tri-


lhões de prótons e 4,9 trilhões de elétrons, julgue
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
os itens abaixo:
1 Uma carga elétrica de 6 µc está distante de 20cm 1 Se adicionarmos 0,1 elétrons ao corpo, ele fi-
ca neutro.
de outra carga de 4µc no vácuo. Calcule a força
2 O corpo está carregado positivamente.
Nm 2
elétrica entre elas. Dado: K = 9.10 9 . 3 O corpo certamente foi carregado por contato.
C2
4 O corpo tem uma carga de 0,1 trilhões de
Resolução: Coulombs.
Para trabalhar com a equação de Coulomb, de-
vemos utilizar a distância em metros e as cargas
em Coulomb. Então, primeiro vamos transformar: 4 Baseado em seus conhecimentos de força elétrica
1m 10 0 cm e leis de Coulomb, julgue os itens:
x 2 0 cm 1 Quanto maior a distância entre duas cargas,
100 x = 20 maior a força elétrica entre elas.
20 2 É impossível um nêutron sentir uma força elé-
x= → x = 0, 2m
100 trica.
-6 3 A força elétrica existente entre cargas de si-
1µ c 10 c
nais iguais é de repulsão.
6µ c X
4 A força elétrica existente entre duas partículas
x = 6.10 −6 c
é proporcional ao produto de suas cargas.
-6
1µ c 10 c
4µc X 5 Duas cargas positivas idênticas de 1.10-3C estão
−6
x = 4.10 c separadas por uma distância de 3m. Calcule a
força elétrica trocada por elas. (k = 9.109Nm²/C²)
K Q .q 9.109.6.10 −6.4.10 −6
F = 2
→F = 2

d ( 0, 2 )
9.6.4.10 −3 216.10 −3
F = →F =
0, 04 0, 04
lembre-se que 0,04 = 4.10-2 , então
216.10 −3
F = → F = 54.10 −1N .
4.10 −2

Editora Exato 46
FÍSICA

GABARITO

Estudo dirigido
1 O valor da carga elementar é e = ±1, 6.10 −19C
2 Segundo esse princípio, cargas de mesmo sinal se
repelem enquanto cargas de sinal contrário se a-
traem.
3 É aquele que possui o mesmo número de prótons
e elétrons.
4 É aquele que possui um excesso ou falha de elé-
trons.
Positivo – falta de elétrons.
Negativo – excesso de elétrons.
5 Atrito, contato e indução.
6
K Q .q
F = , onde
d2
F = força – Newton (N)
d = distância – metros (m)
Q e q = carga elétrica – Coulomb (C)
Nm 2
K = constante elétrica 9.109 (vácuo)
C2
Exercícios
1 E, E, C, C
2 C, C, C, E, C
3 E, C, E, E.
4 E, C, C, C.
5 1000N.

Editora Exato 47
FÍSICA

CORRENTE ELÉTRICA, RESISTÊNCIA, DDP, 1ª


E 2ª LEIS DE OHM
1. CARGA ELÉTRICA (Q)  Nos isolantes  permanecem na região em
que surgiram.
Observa-se, experimentalmente, na natureza da
matéria, a existência de uma força com propriedades 2. CORRENTE ELÉTRICA (I)
semelhantes à força gravitacional, embora atue em
As cargas elétricas podem se mover no vácuo
condições diferentes. Esta força é denominada força
ou em meios materiais. Cargas elétricas em movi-
elétrica. Todos os corpos que exercem forças elétri-
mento ordenado constituem a corrente elétrica.
cas possuem o que chamamos de carga elétrica.
Para que seja possível o estabelecimento da
A unidade de carga elétrica no Sistema Interna-
corrente elétrica, é necessário que haja um percurso
cional (SI) é o coulomb (C).
ao longo do qual possa existir a movimentação das
1.1. Carga elementar cargas.
Todos os corpos são formados por átomos. Os meios materiais que apresentam maior pos-
Cada átomo é composto por várias partículas. Especi- sibilidade de locomoção para o estabelecimento da
ficamente, trataremos dos prótons e elétrons. corrente elétrica são os condutores, como ligas metá-
Os átomos contêm um núcleo com uma deter- licas, alguns gases ionizados, alguns líquidos etc.
minada carga elétrica convencionada positiva. Esta Os meios que apresentam dificuldade para esta
carga é devida à presença dos prótons, que são partí- locomoção são materiais isolantes, como borracha e
culas dotadas de carga elétrica. Ao redor do núcleo, certas composições plásticas, gases não-ionizados
há partículas com cargas elétricas convencionadas etc.
negativas, denominadas elétrons. Outra condição fundamental para o estabele-
Em geral, um átomo é eletricamente neutro, ou cimento de uma corrente elétrica entre dois pontos de
seja, tem quantidades iguais de carga elétrica negati- um meio é a diferença de potencial entre estes dois
va e positiva, ou de elétrons e prótons. pontos (ddp).
Os prótons estão contidos na estrutura dos á- 2.1. Intensidade da Corrente Elétrica
tomos e encerram praticamente toda a massa do á-
Considere um condutor onde uma corrente elé-
tomo, pois a massa de um próton é,
trica seja estabelecida:
aproximadamente, 2000 vezes maior que a do elé-
tron.
Nos elétrons, dependendo do elemento, as li-
gações com a estrutura do átomo são mais fracas,
possibilitando seu desligamento da estrutura. Quando
isso ocorre, o átomo perde seu equilíbrio de cargas Uma secção reta do condutor é atravessada por
elétricas, possibilitando uma predominância de carga. uma quantidade n de elétrons livres, cada um com
A carga elétrica de um elétron é numericamen- carga elétrica e perfazendo uma carga total ∆Q = n.e
te igual à de um próton e vale e = 1,6 . 10-19C, onde e num intervalo de tempo ∆t. A intensidade da corrente
é denominada carga elementar. elétrica é determinada pelo quociente da carga pelo
Os corpos dotados de carga elétrica (q) possu- intervalo de tempo:
em valores de carga múltiplos da carga elementar (e) ∆Q n.e
logo, q = n ⋅ e onde n é a diferença numérica entre pró- i= i=
∆t ∆t
tons e elétrons no corpo. No SI, a intensidade de corrente é medida em
Resumo: ampère (A).
 Grandeza quantizada: e = 1,6 . 10 −19 C. 1A = 1C/s
 Conceito primitivo. Na prática, é muito usado também o
 Nos condutores  espalham-se com faci- miliampère (mA) e o microampère (µA).
lidade. 1 mA = 10-3 A
 Condutores sólidos (metais)  exclusiva- 1 µA = 10-6 A
mente elétrons. Sentido Real → Movimento de Cargas Negativas.
 Nas soluções iônicas  íons (cátions e â- Sentido Convencional → Movimento de Cargas
nions). Positivas.
 Nos gases  íons e elétrons.

Editora Exato 48
FÍSICA

3. DIFERENÇA DE POTENCIAL (DDP) i


R
É a medida da quantidade de energia elétrica
que é cedida à carga elétrica que atravessa um gera-
dor. Quando se diz que um chuveiro está ligado a U
uma tomada de 220V, significa que, sobre cada cou-
lomb de carga elétrica que o percorre, a força elétrica U=R i
realiza 220J de trabalho. Lei de OHM
Resistor ôhmico
Bateria
-
Pilha + U
+

- α
i

EeL [J] = volt[V ]


U= N

q [C] R = tgα
U= DDP ⇒ Volt [ V ]
EeL = Energia Elétrica ⇒ [ J ] A resistência é constante, independentemente
Q = Carga Elétrica ⇒ [ C ] dos valores da tensão e corrente.

4. RESISTÊNCIA ELÉTRICA ( R ) Resistor não ôhmico


Quando uma corrente elétrica é estabelecida
em um condutor metálico, um número muito elevado U
de elétrons livres passa a se deslocar nesse condutor.
Nesse movimento, os elétrons colidem entre si e
também contra os átomos que constituem a rede
cristalina do metal. Portanto, os elétrons encontram
uma certa dificuldade para se deslocar, isto é, existe
uma resistência à passagem da corrente no condutor.
i
A passagem da corrente elétrica pela
resistência faz com que parte da energia elétrica seja
convertida em energia térmica (efeito joule). A A resistência varia com a tensão e a corrente
potência dissipada pode ser dada por: elétrica .
P = R ⋅ i2
6. ENERGIA ELÉTRICA (EEL)
P = Ω ⋅ A 2 = watt
[ ] A potência elétrica de um aparelho qualquer
pode ser calculada com a expressão P = i ⋅ U e é dada
R no sistema internacional em watt[ W ].

P = Ri2
Potência Elétrica [ W ] Podemos calcular
ou
Resistência Elétrica [ Ω ] = ohm P = iU ⇒ U = Ri ⇒ 2 a potência com
U
P= estas equações
5. 1ª LEI DE OHM R
também.
A corrente estabelecida em um condutor
metálico é diretamente proporcional à voltagem a A experiência mostra que os aparelhos que
ele aplicada, de modo que sua resistência mais consomem energia elétrica são aqueles de
permanece constante (não depende da voltagem maior potência e/ou que ficam ligados mais tempo.
aplicada). Assim, definimos energia elétrica como sendo o
produto da potência do aparelho pelo tempo que este
permanece ligado.
Editora Exato 49
FÍSICA

EeL = P ⋅ ∆t R1 R2 R3

No SI, a unidade de energia elétrica é o joule,


no entanto, é usual as companhias de eletricidade
usarem o quilowatt-hora (kwh) nas nossas conta de
+
luz.
7. ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES

7.1. Série: 7.2. Paralelo:


R1
R1 R2 R3
i i i
+ i1
i2 R2 i
i
U1 U2 U3

Suponha que duas lâmpadas estejam ligadas a Em uma associação de resistências em


uma pilha, de tal modo que haja apenas um caminho paralelo, observam-se as seguintes características:
para a corrente elétrica fluir de um pólo da pilha  A corrente total i, fornecida pela bateria, se
para o outro: dizemos que as duas lâmpadas estão divide pelas resistências da associação; a
associadas em série. maior parte da corrente i passará na
Evidentemente, podemos associar mais de resistência de menor valor (caminho que
duas lâmpadas dessa maneira, como em uma árvore oferece menor oposição).
de Natal, onde geralmente se usa um conjunto de  Quanto maior for o número de resistências
várias lâmpadas associadas em série. Em uma ligadas em paralelo, menor será a
associação em série de resistências, observam-se as resistência total do circuito (tudo se passa
seguintes características: como se estivéssemos aumentando a área
 Como há apenas um caminho possível para total da seção). Portanto, se mantivermos
a corrente, ela tem o mesmo valor em todas inalterada a voltagem aplicada ao circuito,
as resistências da associação, mesmo que maior será a corrente fornecida pela pilha
essas resistências sejam diferentes. ou bateria.
 Quanto maior for o número de resistências  Quando várias resistências R1, R2 etc., são
ligadas em série, maior será a resistência associadas em paralelo, a resistência
total do circuito (tudo se passa como se equivalente R, desse conjunto, pode ser
estivéssemos aumentando o comprimento calculada pela relação:
1 1 1
total da resistência do circuito). Portanto, se = +
R eq R1 R 2
mantivermos a mesma voltagem aplicada
ao circuito, menor será a corrente nele Características principais:
estabelecida. A corrente total é a soma das correntes.
 A resistência única R, capaz de substituir a Todos os resistores em paralelo estão submeti-
associação de várias resistências R1, R2, R3 dos à mesma DDP.
etc., em série, é denominada resistência iT = i1 + i2
equivalente do conjunto. O valor dessa U1 = U2 = U
resistência equivalente é dado por:
R = R1 + R2 + R3 + ... Casos particulares de associação em
Características principais paralelo
Todos os resistores submetidos à mesma cor- 1ºcaso:
rente.
A tensão na associação é a soma das tensões
dos resistores. R1

UT = U1 + U2 + U3
i1 = i2 = i3 = i
R2

Editora Exato 50
FÍSICA

R1 R2 EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
Req =
R1 + R2
2º Caso: 1 Uma resistência de 10Ω é submetida a uma
R tensão de 40V. Calcule a corrente que a
Caso os resistores sejam iguais R eq = onde atravessa.
N
N é o número de resistores. Resolução:
Dados: R=10Ω; u = 40V; i=?
8. LEITURA COMPLEMENTAR U = Ri.
A lâmpada incandescente foi inventada, em 40 = 10.i
1879, por Thomas Alva Edison e passou por inúme- 40
i = → i = 4A
ros aperfeiçoamentos até os dias de hoje. Ela consiste 10
de um fio de tungstênio em forma de espiral, chama-
do filamento, colocado dentro de um bulbo de vidro 2 Calcule a DDP que deve ser estabelecida para
com um gás nobre que retarda a sublimação desse fi-
que, através de uma resistência de 4Ω, circule
lamento.
uma corrente de 10A.
Resolução:
filamento ampola (bulbo) Dados: R=4Ω; i=10ª; U=?
de vidro U = Ri.
suporte
U = 4.10
de vidro
U = 40v
fio metálico rosca metálica
contato
metálico isolante 3 As empresas de energia elétrica cobram a fatura,
baseando-se no consumo mensal de energia dada
Quando o filamento é atravessado por uma em kwh (kilowatt hora). Imagine uma pessoa que
corrente elétrica, ele se aquece e, tornando-se incan- tome um banho de 30 minutos uma vez por dia
descente, passa a emitir luz. As lâmpadas são consti- durante um mês (30 dias), utilizando um chuveiro
tuídas para trabalhar em uma tensão e potência de potência 3000W. Sendo o valor do kwh igual a
nominal específicas. Por exemplo: 110 V - 110 W. A R$ 0,60, quanto esta pessoa gasta em um mês
luminosidade - ou brilho - da lâmpada está direta- com os banhos?
mente relacionada ao quadrado da tensão aplicada. Resolução:
Quando aplicamos tensão inferior à nominal, a lâm- Para resolver esta questão, utilizaremos a
pada brilha menos que o normal. Com tensão superi- equação EeL = p.∆t lembrando que a potência (P)
or à nominal, brilha mais, porém, pode provocar a agora deve ser dada em kw e o tempo em horas.
queima do filamento. Assim, devemos fazer as transformações:

ESTUDO DIRIGIDO 1kw 1000W


x 3000W
1 Defina corrente elétrica, dando ainda seu símbolo
e sua unidade no sistema internacional. 3000
x= → x = 3kw
1000

1h 60min
2 O que significa DDP? Dê um outro sinônimo e x 30min
cite sua unidade internacional.
60 x = 30
30
x= → x = 0, 5h
60
3 Escreva a primeira Lei de OHM, explicando o EeL = P.∆t
significado de cada termo.
EeL = 3 ⋅ 0, 5 essa é a energia gasta por banho,
EeL = 1, 5kwh
em trinta dias basta multiplicar 1,5X30 = 45kwh→
4 Escreva a equação para o cálculo de energia 45X0,60=27. Então o custo mensal dos banhos é de
elétrica. R$ 27,00

Editora Exato 51
FÍSICA

4 Calcule a resistência equivalente nos exercícios 4 Quanto maior a área da secção reta de um
abaixo: condutor, menor a sua resistência.
3Ω 2Ω 5Ω
a)
4 Uma casa com 6 moradores possui um chuveiro
Resolução: Como as resistências estão em série,
com a seguinte inscrição: 3600 W – 220 V. Sa-
basta somá-las 3+2+5=10
bendo que cada morador toma um banho de 10
Req = 10Ω.
minutos por dia, qual a energia gasta, em 30 dias,
b)
só com o chuveiro, em kWh? Sabendo que o
6Ω kWh custa R$0,25, quanto se gasta por mês para
que os moradores desta casa possam tomar banho
diariamente?

5 Um aparelho de ar condicionado traz as seguintes


3Ω
especificações 220 V – 1100 W.
Resolução: Para duas resistências em paralelo, Calcule a resistência do aparelho e a corrente
utilizamos a equação que o circula quando o mesmo está em funcio-
R1.R2 6.3 namento.
Req = →
R1 + R2 6+3
18 6 (UnB) Julgue os itens abaixo:
= 2Ω
9 1 Aumentando-se o comprimento de um resis-
tor, sua resistência aumentará, mantida a es-
pessura, o material e a temperatura constantes.
EXERCÍCIOS 2 Um resistor ôhmico de resistência elétrica 20
Ω, sob uma d.d.p. de 200V e percorrido por
1 Qual a corrente que circula por um resistor ôhmi-
uma corrente elétrica de 10A.
co de 50Ω quando o mesmo é submetido a uma 3 Mantida a temperatura constante, a resistência
ddp de 200V? Qual a potência dissipada no mes- elétrica de um condutor ôhmico é diretamente
mo? proporcional à tensão à qual está submetido.
4 Se um resistor metálico tem o seu diâmetro
2 Calcule as seguintes resistências equivalentes: reduzido à metade, sua resistência também se
a) 2Ω 4Ω 6Ω reduzirá à metade.
5 O valor da resistência elétrica de um condutor
2 Ω ôhmico não varia, se mudarmos a d.d.p. a que
ele está submetido.
b) 3Ω
7 (Unicamp-SP) Uma loja teve a sua fachada de-
6Ω corada com 3000 lâmpadas, de 0,5W cada, para o
Natal. Essas lâmpadas são do tipo pisca-pisca e
200 Ω ficam apagadas 75% do tempo.
c) 100 Ω a) Qual a potência total dissipada, se 30% das
200 Ω lâmpadas estiverem acesas simultaneamente?
b) Qual a energia gasta (kWh) com essa decora-
ção ligada das 20 até as 24 horas?
3 Julgue os itens: c) Considerando que o kWh custa R$ 0,08, qual
1 O efeito Joule acontece quando um resistor seria o gasto da loja durante 30 dias?
dissipa energia elétrica ao ser atravessado por
uma corrente.
2 Para um resistor ôhmico, quanto maior a ddp
à que ele está submetido, maior a corrente que
o atravessa.
3 A resistência de um condutor é proporcional
ao comprimento do mesmo.

Editora Exato 52
FÍSICA

8 Dado o circuito, determine i1, i2 e i3. 9. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA


Dado: UAB = 60V
FILIZOLA. Roberto. Física - coleção: Vitória-
10Ω Régia. Ensino Médio. Editora IBEP.
ANJOS. Ivan Gonçalves dos. Física – Curso Com-
2,0Ω i2 2,0Ω pleto.. Ensino Médio. Editora IBEP.
A B GUIMARÃES, Osvaldo. CARRON, Wilson. As fa-
i1 ces da Física - Volume único. 2ª edição, ,. Editora
i3
15Ω
Moderna.
JÚNIOR, Francisco Ramalho. FERRARO, Nicolau
Gilberto. SOARES, Paulo Antônio de Toledo. Os
fundamentos da Física 1 – Mecânica.. Editora
GABARITO Moderna.
JÚNIOR, Francisco Ramalho. FERRARO, Nicolau
Estudo dirigido Gilberto. SOARES, Paulo Antônio de Toledo. Os
fundamentos da Física 2 – Termologia óptica,
1 Corrente elétrica é o movimento ordenado de elé- geométrica e ondas.. Editora Moderna.
trons. O símbolo usual é a letra I e sua unidade é JÚNIOR, Francisco Ramalho. FERRARO, Nicolau
o ampère (A). Gilberto. SOARES, Paulo Antônio de Toledo. Os
2 DDP significa diferença de potencial (a também fundamentos da Física 1 – Elétrica.. Editora Mo-
chamada voltagem), e sua unidade internacional é derna.
o volt (V) GASPAR, Alberto. Física - Volume Único. Coleção
Física. Editora Ática.
3 U=R.i PARANÁ, Djalma Nunes da Silva. Física (Paraná) -
U = DDP – volt (V) Série Novo Ensino Médio.. Editora Ática.
R = resistência – OHM (Ω)
i = corrente elétrica – ampère (A)
4 , onde P é potência dada em watts (W) e
EeL = P.∆t
∆t é tempo dado em segundos (s).
Exercícios
1
i=4A P = 800 W
2 a)10 Ω b)1 Ω c)200 Ω
3 C, C, C, C
4 108 kWh. R$ 27,00
5
R = 44Ω
i=5A
6
a) 450W
b) 1,5kWh
c) R$ 3,60
7
a) 50A
b) 15kWh
c) R$ 54,00
i1 = 6 A
8 i 2 = 3,6 A
i3 = 2,4 A

Editora Exato 53
FÍSICA

Editora Exato 54
GEOGRAFIA
GEOGRAFIA

GEOGRAFIA FÍSICA
Dobras (pressões horizontais)
RELEVO E SOLO
1. AGENTES INTERNOS DO RELEVO

Tectonismo/Diastrofismo
São movimentos provocados por forças do in-
terior da Terra que atuam de forma lenta e prolonga-
da. Os movimentos tectônicos podem também ser Vulcanismo
chamados de diastrofismo (distorção). Acarretam fa- É um movimento interno da Terra, que expulsa
lhas e dobramentos, dando origem a várias formas de material magmático do interior para a superfície. Os
relevo. São caracterizads como as formas mais inten- vulcões em constante erupção são chamados de ati-
sas de movimentos internos da terra. vos, os que não possuem atividade são chamados de
a) Movimentos Epirogenéticos: extintos.
São movimentos verticais, constituindo levan- As duas áreas onde se concentra a maioria dos
tamentos e rebaixamentos, formando as falhas. E- vulcões são:
xemplo: a formação da Holanda. a) Círculo de Fogo do Pacífico: concentra a-
proximadamente 80% dos vulcões, abrange áreas dos
Fraturas (pressões verticais) Andes até as Filipinas, passando pela costa oeste dos
EUA e pelo Japão.
b) Círculo de Fogo do Atlântico: abrange áreas
da América central, Antilhas e Mediterrâneo.
1
Chaminé
secundária
9

Fraturas (pressões verticais)


8
2
7
Falhas 5
3
6

4
Juntas

b) Movimentos Orogenéticos:
São movimentações horizontais, determinando Abalos Sísmicos ou Terremotos
dobramentos. Esses movimentos originaram os rele- Os abalos sísmicos podem ser chamados de
vos de maior altitude hoje presentes no globo, como a terremotos, são movimentos naturais na litosfera, que
cordilheira dos Andes, Himalaia, Montanhas Rocho- se propagam através de vibrações. Podem ser perce-
sas, dentre outras. bidos pelas pessoas naturalmente ou por meio de apa-
relhos chamados sismógrafos.
Fraturas (pressões verticais) A intensidade do abalo é variável. O fator que
mais influi é a proximidade do local de origem (Hi-
pocentro-interior) e o local onde se manifesta (Epi-
centro-superfície).
A escala mais utilizada e conhecida para se
medir a magnitude é a escala Richter, que pode variar
até nove.
Somente uma parcela muito pequena dos tre-
mores podem ser sentida pelas pessoas. Nesses casos,
suas conseqüências podem variar de uma pequena
sensação de desequilíbrio ao desmoronamento de ci-
dades inteiras, o que obriga muitas pessoas a abando-
Editora Exato 1
GEOGRAFIA

narem certas áreas. Com isso, os terremotos podem zes esses abalos ocorrem no mar (maremotos) geran-
modificar intensamente as paisagens do espaço geo- do uma onda de catástrofe, como a que ocorreu na
gráfico. Mesmo com incessantes pesquisas desenvol- Ásia no dia 26 de dezembro de 2004, gerando ondas
vidas em torno da origem dos terremotos, ainda não é gigantes, as tsunamis, matando milhares de pessoas
possível prever com precisão quando e com qual in- na região e gerando o caos e a destruição.
tensidade um abalo sísmico pode ocorrer. Muitas ve-

Epicentro
Fratura

O ndas sísmicas
Hipocentro

Agentes Externos do relevo possuem encostas íngremes e, por isso, sofrem inten-
São também conhecidos como agentes mode- samente a ação dos agentes externos do relevo (água,
ladores do relevo (exógenos). Determinam a configu- vento, geleiras). As montanhas fornecem grande
ração do terreno a partir do desgaste e decomposição quantidade de sedimentos para as áreas mais baixas
das rochas, processo conhecido como intemperismo. em seu entorno. Normalmente estão presentes em es-
Essa formação é determinada, sobretudo, por esses truturas geológicas mais recentes.
fatores: 3. RELEVO SUBMARINO
 Ação Antrópica (ação do homem);
 Ventos; Na área dos mares e oceanos, existe um con-
 Mar; junto amplo de relevo, que se constitui de planícies,
 Geleiras; planaltos e até montanhas.
 Rios. Neste tipo de relevo podemos diferenciar:
Plataforma continental
2. TIPOS DE RELEVO
É a estrutura geológica continental abaixo do
Montanhas: são áreas elevadas, ligadas a mo- nível do mar. Apresenta uma profundidade razoável,
vimentos tectônicos, localizados em áreas de forma- contribuindo para que se desenvolva vegetação mari-
ção geológica mais recentes. nha e conseqüentemente o desenvolvimento de ativi-
Planaltos: superfície aplainada, caracterizada dade pesqueira. Com o passar do tempo, as
pelo fator da erosão superar o da deposição. Situa-se depressões do terreno da plataforma continental tor-
em média a partir de 200 metros. Pode assumir dife- nam-se bacias sedimentares de grande importância
rentes formas, e ser chamado de escarpa, serra ou para a exploração de petróleo no oceano.
chapada. Talude
Planícies: caracteriza-se por ser bastante plana Onde ocorre o encontro da crosta continental
e normalmente localizada a poucos metros do nível com a crosta oceânica, com inclinação de profundi-
do mar, contudo podem também ocorrer em área de dade que pode chegar a 3mil metros.
altas altitudes. Nessa forma de relevo a deposição de Região pelágica
matérias supera a erosão.
É o relevo submarino, onde encontramos de-
Depressões: são divididas em dois grandes
pressões, montanhas tectônicas e vulcanismo, poden-
grupos. As depressões absolutas são aquelas que se
do atingir 6 mil metros abaixo do mar.
situam abaixo do nível do mar e as depressões relati-
vas são aquelas que se situam abaixo do nível das re- 4. RELEVO BRASILEIRO
giões vizinhas e abaixo do nível do mar.
A partir do desenvolvimento do sensoriamento
Cadeias Montanhosas: reúnem na mesma á-
remoto e do geoprocessamento foram feitas ao longo
rea uma série de montanhas. As montanhas possuem
das décadas várias classificações do relevo brasileiro,
as superfícies mais elevadas do relevo continental,
Editora Exato 2
GEOGRAFIA

essas classificações se tornaram cada vez mais preci- tos e a água. O país não apresenta atividades geológi-
sas e continuam cada vez mais dados. cas internas (endógenas) em caráter expressivo, como
terremotos de grande magnitude e vulcanismo.
Relevo brasileiro Dec. 40 Prof. Aroldo de Azevedo O relevo Brasileiro é em geral modesto, desta-
Planalto Guiano cando-se o Pico da Neblina (3.014 m) na fronteira do
Amazonas com a Venezuela. A inexistência de do-
Planície Amazônica
bramentos modernos e a ação erosiva, pela qual já
passaram os escudos cristalinos, ocasionaram o baixo

i ra
nível do relevo. Contudo o predomínio de baixas alti-

ti co
Planalto Central

ste
ân
tudes não significa que o relevo Brasileiro seja basi-

Co
Atl
ie
Planície do

lto
camente de planícies, ao contrário, a maioria do

n íc
na
Pantanal

Pla
Pla
Planalto Atlântico, Meridional Planalto território é constituída de planaltos, e uma grande
Meridional
e Central formam o Planalto parcela de depressões. As áreas de concentração das
Brasileiro
Pampas ou planícies verdadeiras não chegam a um quinto do ter-
Planície Gaúcha
ritório nacional.
5. LEITURA COMPLEMENTAR
-PI

Planalto das Guianas Relevos em meias-laranjas


MA

Existe um agente do relevo chamado intempe-


do

Planícies e terras
lt o

baixas amazônicas rismo. Os agentes do intemperismo são: a água (in-


na

Planalto Nordestino
Pla

temperismo químico), a temperatura ou, mais


o ste ras
iras

Planalto Central
propriamente, as oscilações de temperatura do ar at-
b aix ie e ter

mosférico quente e frio (intemperismo físico) e a a-


as c

Planície do Pantanal
íc

ção dos seres vivos sobre as rochas (intemperismo


Plan

Planalto Meridional
biológico).
Serras e
planaltos Em todo lugar da Terra, eles agem sobre o re-
Planalto Uruguaio do leste e levo e sobre as rochas, erodindo-os. Entretanto, de-
Rio-Grandense sudeste
pendendo das características do clima chuvoso ou
úmido, seco, frio, quente etc. – um certo tipo de in-
RELEVO BRASILEIRO -DÉC. 80/ 90 temperismo age mais intensamente que outro.
Na área de domínio dos mares de morros, o
5
clima é quente e úmido. Aí age com uma intensidade
13
23
o intemperismo químico (a água). Quando chove ou
existe elevada umidade no ar atmosférico, a água e o
28
vapor d’água – que possuem gases, principalmente o
2
12
14
6
10
gás carbônico, com poder corrosivo sobre os minerais
25
24
20
das rochas – agem sobre as rochas, desgastando-as;
4 19
ou sobre as pontas das rochas, que são erodidas e dão
17 16
15
8 origem a formas arredondadas; em seguida são ero-
26

PLAN ALTO S EM:


7 didas a aresta da rocha e a face.
1 Planalto da Amazônia oriental
2 Planaltos e chapadas da bacia do Parnaí 9
18 3
Esse tipo de erosão, ou seja, em forma de casca
3 Planaltos e chapadas da bacia do Paraná
4 Planaltos e chapadas dos Parecis
5 Planaltos residuais norte-amazônicos
21
de cebola, recebe o nome de esfoliação esferoidal;
6 Planaltos residuais sul-americanos
7 Planaltos e serras do Atlântico leste sudeste assim, os relevos como “pães de açúcar”, “mares de
8 Planalto e serras de Goiás-Minas
9 Serras residuais do Alto Paraguai
10 Planalto da Botborema 22 27
morros” ou “matacões” surgem pela predominância
11 Planalto sul-io-grandense
11 da ação do intemperismo químico.
DEPRESSÕ ES
12 Depressão da Amazônia ocidental
Quanto ao intemperismo físico, no decorrer do
13 Depressão
14 Depressão
margial norte amazônica
margial sul-amazônica
PLANÍCIES: dia, o Sol aquece os minerais das rochas, provocando
15 Depressão do Araguai 23 Planícies do rio Amazonas
16 Depressão
17 Depressão
cuiabana
do Alto Paraguai-Guaporé
24 Planícies do rio Araguai
25 Planícies e pantanal do rio Guaporé
a sua dilatação. À noite, com a diminuição da tempe-
18 Depressão
19 Depressão
20 Depressão
do Miranda
sertaneja e do São Francisco
do tocantins
26 Planícies e pantanal mato-grossense
27 Planícies da lagoa dos Patos e Mirim
28 Planícies e tabuleiros litorâneos
ratura do ar atmosférico, os minerais se esfriam e o-
21 Depressão
22 Depressão
periférica da borda leste da bacia do Paraná
periférica sul-rio-grandense
corre a sua contração. Esse movimento da rocha, de
Prof. Jurandyr L. S. Ross
dilatação e contração de seus minerais, acaba, depois
de algum tempo, provocando a desagregação ou rup-
O Brasil é um país que possui uma estrutura tura da rocha.
geológica bastante antiga, o que determina seu relevo Quanto aos seres vivos ou ao intemperismo bi-
de baixa altitude, influenciado principalmente por ológico, o tatu, por exemplo, ao fazer um buraco no
agentes externos (exógenos), como o homem, os ven-
Editora Exato 3
GEOGRAFIA

solo, estará facilitando a penetração da água da chuva da rocha matriz.


e a conseqüente decomposição dos minerais; o de- Rocha inalterada (ma- Rocha matriz ou rocha inal-
senvolvimento de plantas que crescem nas fendas das triz) terada.
rochas exerce uma força para desagregar a rocha (é o
intemperismo biológico). Solo
É importante que se diga que o resultado final Uma rocha qualquer, ao sofrer intemperismo,
do intemperismo é o solo. Em outras palavras, o solo transforma-se em solo, adquire maior porosidade e,
(a terra, como é popularmente chamado) forma-se pe- como decorrência, há penetração de ar e água, o que
la ação do intemperismo. cria condições propícias para o desenvolvimento de
6. SOLOS formas vegetais e animais.
A matéria orgânica, fornecida pela fauna e pela
São derivados de um processo de desintegra- flora decompostas, encontra-se concentrada na cama-
ção e decomposição da rocha, ocasionado pelo in- da superior do solo. Essa camada é chamada de hori-
temperismo, determinado por agentes físicos (calor/ zonte A, o mais importante para a agricultura, dada a
frio), agentes químicos (água) e agentes biológicos sua fertilidade. Logo abaixo, com espessura variável
(animais, vegetais). Esse processo é lento e imper- de acordo com o clima, responsável pela intensidade
ceptível. No entanto, para existir o solo deve haver e velocidade da decomposição da rocha, encontramos
uma incorporação de elementos orgânicos, chamados rocha intemperizada, ar e água, que formam o hori-
de húmus, sem esses organismos os solos não seriam zonte B. Em seguida, encontramos rocha em proces-
formados. so de decomposição – horizonte C – e, finalmente, a
Dentre os aspectos formadores do solo, o que rocha matriz – horizonte D -, que originou o manto
mais influi é o fator climático. de intemperismo ou o solo que a recobre. Sob as
7. CAMADAS DO SOLO mesmas condições climáticas, cada tipo de rocha ori-
gina um tipo de solo diferente, ligado à sua constitui-
Também caracterizadas como horizontes. O ção mineralógica: do basalto, por exemplo, originou-
solo divide-se em cinco horizontes, conforme tabela se a terra roxa; do gnaisse, o solo de massapé, e as-
abaixo. sim por diante.
Divisão Características
Húmus É o horizonte superficial. Tempo
Horizonte do solo

Contém mais de 20% de ma-


téria orgânica (animal e ve- A A
A
getal) em diferentes graus de C
decomposição. Rocha
B
Rocha
Solo de superfície Apresenta maior quantidade
de matéria orgânica decom- Rocha C

posta e misturada com ele- Rocha recém Solo jovem Solo raso Solo maduro
Rocha

mentos minerais. Sofre exposta (litossolo) (cambissolo) (podzófico)

perdas de minerais (ferro e


alumínio) através da lixivia- 8. TIPOS DE SOLO
ção (ação das águas). Nas á-
Terra Roxa: encontrada em São Paulo e Norte
reas cultivadas, está em
do Paraná. Solos altamente fértil, formado a partir do
contato direto com a atmos-
derrame basáltico. Foi muito utilizado pelas fazendas
fera. Contém as raízes dos
de café.
vegetais.
Massapé: solo altamente fértil, encontrado no
Subsolo Bastante intemperizado. litoral nordestino. Foi o solo utilizado nas fazendas
Pouco afetado pela erosão de cana-de-açúcar, ainda é utilizado pelos grandes la-
natural e pela ação do ho- tifúndios.
mem. Pouca matéria orgâni- Latossolo: é localizado em climas quentes e
ca, muita matéria mineral e úmidos. Muito profundo (mais de 2 metros) e pouco
cor geralmente vermelha ou fértil. No Brasil, em região tropical.
amarela. Recebe materiais Brunizen ou de Pradaria: solos férteis, rasos
lixiviados do solo de superfí- e de clima temperado. No Brasil, região sul.
cie. Desérticos: bastante rasos e pouco férteis
Rocha fragmentada Chamado de regolito, mate- Hidromórficos: local alagado, solos férteis.
rial decomposto proveniente

Editora Exato 4
GEOGRAFIA

Salinos: local árido e semi-árido, espessura vionais, não apresentam horizontes, por se formarem
média e pouca fertilidade, também encontrado em á- a partir do acúmulo de sedimentos em uma depres-
reas próximas ao mar. Alta concentração de sais sali- são, e não por ação do intemperismo; mas são extre-
nos. mamente férteis, por possuírem muita matéria
Litossolos: solos em locais de alta declividade, orgânica.
situam-se sobre rochas pouco alteradas. O principal problema ambiental relacionado ao
Solos Aluviais: solos férteis, formados nas solo é a erosão superficial ou desgaste, que ocorre em
várzeas fluviais (solos alagados), grande presença de três fases: intemperismo, transporte e sedimentação.
sedimentos e matéria orgânica. Os fragmentos intemperizados da rocha estão
livres para serem transportados pela água que escorre
9. SOLO EM AGONIA E SOLO SADIO
pela superfície (erosão hídrica) ou pelo vento (erosão
eólica). No Brasil, o escoamento superficial da água é
o principal agente erosivo e, sendo o horizonte A o
primeiro a ser desgastado, a erosão acaba com a ferti-
lidade natural do solo.
A intensidade da erosão hídrica está direta-
mente ligada à velocidade de escoamento superficial
da água: quanto maior a velocidade de escoamento,
maior a capacidade da água de transportar material
em suspensão; quanto menor a velocidade, mais in-
tensa a sedimentação.
A velocidade de escoamento depende da decli-
Solo em agonia vidade do terreno e da densidade da cobertura vege-
tal. Em uma floresta, a velocidade é baixa, pois a
água encontra muitos obstáculos (raízes, troncos, fo-
lhas) à sua frente e, portanto, muita água se infiltra no
solo. Em uma área desmatada, a velocidade de esco-
amento superficial é alta e a água transporta muito
material em suspensão, o que intensifica a erosão e
diminui a quantidade de água que se infiltra no solo.
Assim, para combater a erosão superficial, há
dois caminhos: manter o solo recoberto por vegeta-
ção ou quebrar a velocidade de escoamento, utilizan-
do a técnica de cultivo em curvas de nível, seja
seguindo as cotas altimétricas na hora da semeadura,
Solo Sadio seja plantando em terraços.
Para a conservação dos solos, deve-se evitar a
Problemas no Solo prática das queimadas, que acabam com a matéria
O solo apresenta vários problemas de cunho orgânica do horizonte A. Somente em casos especi-
ambiental relacionados a sua formação e desenvol- ais, na agricultura, deve-se utilizar essa prática para
vimento. Esses problemas estão relacionados à ero- combater pragas ou doenças.
são superficial, ao desgaste do solo e também a Um problema natural relacionado aos solos de
transformações químicas, físicas e biológicas no pró- clima tropical, sujeito a grandes índices pluviométri-
prio solo, devido à ação destrutiva do homem. Essas cos, é a erosão vertical, representada pela laterização.
alterações podem ocasionar um forte intemperismo A água se infiltra no solo, escoa através dos poros,
(mudança do solo), transporte e deposição, alterando como em uma esponja, e vai, literalmente, lavando os
toda a dinâmica do meio ambiente. No Brasil, devido sais minerais hidrossolúveis (sódio, potássio, cálcio,
à alta incidência de chuvas o processo de erosão plu- etc.), o que retira a fertilidade do solo. Essa “lava-
vial é bastante significativo, sendo verificado em á- gem” chama-se lixiviação. Paralelamente a esse pro-
reas interioranas e com uma presença bastante cesso, ocorre a laterização ou surgimento de uma
intensa em áreas centrais do país, essa erosão ocasio- crosta ferruginosa, a laterita – popularmente chamada
na uma diminuição considerável na fertilidade natural de canga, no interior do Brasil -, que em certos casos
do solo. chega a impedir penetração das raízes no solo.
É importante destacar que solos de origem se- Lixiviação: “lavagem do solo”. Esse processo
dimentar, encontrados em bacias sedimentares e alu- caracteriza-se pela retirada dos materiais orgânicos e

Editora Exato 5
GEOGRAFIA

minerais, pela ação das chuvas, tornando o solo pou- Revista Veja, Notas Internacionais, pag. 54, 21 de janeiro de 2001

co fértil. Julgue os itens:


Laterização: formação de uma crosta ferrugi- 1 O texto acima descreve uma situação que vem
nosa, tornando o solo avermelhado e péssimo para a se agravando a cada dia, em conseqüência da
agricultura. intensa destruição do meio ambiente.
Voçoroca: estágio avançado de erosão do solo, 2 A escala, citada na primeira linha do texto, não
onde se forma uma fenda, reduzindo sua utilização. explica as causas dos tremores de terra e sim
Esse fato ocorre principalmente pela ação das chuvas. define a intensidade do fenômeno e as possí-
veis conseqüências.
Elementos Corretivos
3 A ausência de vulcões ativos e terremotos de
Adubos e fertilizantes: utilizados em solos grande magnitude em nosso país resulta da i-
pouco férteis para aumentar a produção. dade da formação do relevo e da faixa de lati-
Irrigação: muito utilizada em regiões secas e tude em que nos encontramos.
áridas, para buscar desenvolver melhor a produção, 4 A maioria das regiões no planeta, que estão su-
deixando o solo úmido. jeitas a tremores, localizam-se em bacias sedi-
Calagem: utilização de calcário para diminuir mentares ou nos escudos cristalinos.
a acidez do solo, muito utilizado em solos das regiões 5 Segundo o cientista alemão Alfred Wegener,
tropicais. nosso planeta já possuiu uma configuração do
10. LEITURA COMPLEMENTAR relevo continental diferente da que conhece-
mos hoje. Há alguns milhares de anos existia
A Bacia de Poeira americana um único continente, Pangéia, que se rompeu e
Durante a década de 30, a parte central dos Es- foi se dividindo lentamente, dando origem à
tados Unidos sofreu um processo de erosão tão grave configuração dos continentes da forma que co-
que a atividade agrícola se tornou impossível. A seca, nhecemos hoje.
associada a um plantio excessivo, transformou o solo
em pó, que era carregado em enormes quantidades
pelo vento. Nada germinava e o gado morria de fo- 2 As formas de relevo não devem ser consideradas
me. Frangos e outras aves domésticas morreram nas apenas pelas suas altitudes, mas principalmente
tempestades de poeira, enquanto as pessoas sofriam pela sua estrutura, ou seja, pela composição e ar-
com a febre provocada pelo pó. Agricultores do Co- ranjo de suas rochas, sua idade geológica e pelas
lorado, Kansas, Oklahoma e Novo México foram ações internas e externas que as formaram ou ne-
forçados a abandonar suas casas e terras, mudando-se las ocorreram. Com base no relevo da Terra, jul-
para longe de lá. gue os itens.
O fenômeno americano, conhecido como Ba- 1 Planaltos são relevos aplainados, que se desta-
cia de Poeira, é considerado como um dos piores er- cam em relação à área circundante, podendo
ros ambientais já registrados na História. Após 50 possuir diferentes formas, como serras, chapa-
anos, a porção de terra afetada já se recuperou o sufi- das e escarpas.
ciente para sustentar o cultivo de produtos agrícolas 2 As planícies sempre se encontram em áreas
outra vez. Contudo, a erosão do solo continua a ser baixas, próximas ao nível do mar.
um grave problema e hoje uma área ainda maior pa- 3 A montanha é encontrada em áreas recentes do
rece ameaçada. A lição dos anos 30 parece ainda não globo, formada por movimentos tectônicos.
ter sido aprendida. Também podem ser chamadas de dobramentos
LAMBERT. M. Agricultura e Meio Ambiente. Scipione, modernos.
1992. 4 As depressões dividem-se em dois grupos, as
depressões absolutas, que são aquelas que es-
EXERCÍCIOS
tão abaixo do nível do mar, e as depressões re-
1 Feriado trágico - Um terremoto de 7,9 pontos na lativas, que são aquelas que estão abaixo do
escala Richter atingiu uma vasta região na fron- nível do relevo da região.
teira da Índia e do Paquistão, na sexta-feira 26,
feriado nacional, em que os indianos comemora- 3 (UFCE) O termo tectonismo refere-se:
vam o Dia da República. Ahmadabad, cidade in- a) à erosão dos solos nos climas equatoriais.
diana de 4,5 milhões de habitantes, teve b) à influência das monções nas florestas tropi-
quarteirões inteiros de prédios e casas destruídas. cais.
Os dois países, que vivem em pé de guerra, já c) à alternância entre períodos glaciais e intergla-
contavam mais de 1.500 mortos no tremor, o pior ciais.
dos últimos cinqüenta anos na região.
Editora Exato 6
GEOGRAFIA

d) aos movimentos verticais e horizontais que a- 5 Injustificável, porque os movimentos mais pro-
fetam a litosfera. fundos no interior da Terra não interferem nos
e) ao processo erosivo que ocorre nas regiões ári- acidentes geográficos que aparecem na sua su-
das e semi-áridas. perfície.

4 Sobre o relevo do Brasil, julgue os itens. 7 (UnB) Associando os processos naturais e a fra-
1 Caracteriza-se como um relevo de altitudes gilidade do ecossistema amazônico, julgue os i-
modestas. tens seguintes.
2 Ao contrário do que se pensava, apenas 1/5 do 1 O regime de chuvas na bacia amazônica atua
território brasileiro é formado por planícies. intensamente no processo de lixiviação do so-
3 O Planalto Brasileiro é dividido em Planalto lo.
Central, Meridional e Atlântico. 2 A implantação da área empresarial em áreas de
4 A principal planície brasileira é a do pantanal florestas é propiciada pela sua adaptabilidade
Mato-Grossense. às condições naturais locais.
3 Conhecendo a fragilidade do ecossistema ama-
zônico, recomenda-se a interação de tecnologi-
5 Com base no Relevo do continente americano, as avançadas compatíveis com as técnicas
responda V (verdadeiras) e F (falsas). tradicionais próprias do lugar.
1 O Brasil é um país que apresenta uma grande
quantidade de rios, grandes partes navegáveis;
contudo, por ser um território muito antigo se 8 (UEL) No Brasil, conhecido como terra roxa,
caracteriza com uma região pobre em planal- temos um solo avermelhado, formado pela de-
tos. composição de:
2 A Cordilheira dos Andes é o planalto mais alto a) basalto e diabásio, encontrados principalmente
da América do Sul e abrange países como o em planaltos do sul do país.
Chile, Peru, Bolívia e Brasil. b) gnaisse e calcário, encontrados na Zona da
3 Dentre os vários aspectos de modelagem do re- Mata nordestina.
levo, um que se destaca é a água, pois a grande c) gnaisse e diabásio, encontrados ao longo dos
concentração ou a escassez de chuvas ocasiona rios e várzeas inundáveis.
transformações no relevo. d) granito, encontrado em vários trechos no pla-
4 O Brasil sofre fortes tremores ocasionados pe- nalto Atlântico e centro-sul do país.
los movimentos tectônicos de placas. e) basalto, encontrado em trechos úmidos do ser-
tão nordestino.
6 (ENEM) “O continente africano há muito tempo
desafia geólogos, porque toda a sua metade meri- 9 Sobre solos, responda:
dional, a que fica ao Sul, ergue-se a mais de 1000 1 Os solos no Brasil são altamente férteis, esse
metros sobre o nível do mar. (...) Uma equipe de fato é determinado pelo alto índice de chuvas
pesquisadores apresentou uma solução desse de- que ocorre em todo o país.
safio, sugerindo a existência de um esguicho de 2 No Nordeste existe a presença de solos alta-
lava subterrânea empurrando o plano africano de mente salinos e profundos, fato muito visto na
baixo para cima.” região litorânea.
(Adaptando de Revista Superinteressante). São Paulo: Abril, 3 Os solos aluviais são solos de alta fertilidade,
nov. 1998, p. 12) pela grande concentração de matéria orgânica.
Analise os itens e marque o verdadeiro. 4 Os solos de pradaria, também chamados de
1 Improvável, porque as formas do relevo terres- brunizen são encontrados em regiões tempera-
tre não se modificam há milhões de anos. das, e possuem como aspecto principal o alto
2 Pouco fundamentada, pois as forças externas, índice de fertilidade.
como as chuvas e o vento, são as principais
responsáveis pelas formas de relevo.
3 Plausível, pois as formas do relevo resultam da 10 Sobre solos, responda às questões:
ação de forças internas e externas, sendo im- 1 São formados por intemperismo físico, quími-
portante avaliar os movimentos mais profun- co e biológico, e constituem a camada mais
dos no interior da Terra. superficial da crosta terrestre.
4 Plausível, pois a mesma justificativa foi com- 2 O solo maduro é aquele solo que contém todos
provada nas demais regiões da África. os horizontes.
Editora Exato 7
GEOGRAFIA

3 O horizonte O é o mais superficial e apresenta


cerca de 20% de matéria orgânica.
4 A rocha matriz pode receber a denominação de
rocha inalterada.

11 (UFG-com adaptações) Pela erosão geológica,


num processo lento, equilibrado e renovador, fo-
ram esculpidos os morros, escavados os vales,
formadas as várzeas e o delta dos rios. O homem,
no entanto, quando cultiva o solo ou sobre ele
constrói cidades, estradas e pontes, sem o uso de
práticas de conservação do solo, desencadeia
processos de erosão acelerada altamente danosos.
Analise as questões abaixo.
1 A falta de cobertura vegetal tende a aumentar o
arraste do solo pelo aumento do volume d’água
que circula superficialmente.
2 Os fluxos de água concentrados podem provo-
car profundos sulcos no solo, fenômeno que,
uma vez desencadeado, torna-se de difícil con-
tenção.
3 A abertura de estradas de terra paralelamente
ao declive das colinas e das longas encostas
desfavorece o processo erosivo.
4 A erosão antrópica causa perda de enormes vo-
lumes de solo e conseqüente assoreamento de
rios, barragens e portos.
5 O plantio em curvas de nível e a rotação de
culturas estão entre as medidas de contenção
da erosão nas áreas de cultivo agrícola.

GABARITO

Exercícios
1 E, C, C, E, C
2 C, E, C, C
3 D
4 C, C, C, E
5 E, E, C, E,
6 C
7 C, E, C
8 A
9 E, C, C, C
10 C, C, E, C
11 C, C, E, C, C

Editora Exato 8
GEOGRAFIA

GEOGRAFIA FÍSICA
gua, cristais de gelo etc., que formam as
ATMOSFERA nuvens). É a camada que nos envolve dire-
tamente e na qual ocorrem as perturbações
1. CARACTERÍSTICAS GERAIS atmosféricas. Na troposfera, a temperatura
diminui em média 6,5ºC/km à medida que
Características da Atmosfera nos elevamos, podendo atingir –60ºC na
A Atmosfera é composta basicamente de 78% parte superior, que é chamada de tropopau-
de nitrogênio, 21% de oxigênio e 1% dividido entre sa.
os outros gases. É incolor, transparente e não possui
cheiro.
Exosfera
2. CAMADAS DA ATMOSFERA
+ / -600km
Desde a parte mais externa até a superfície ter- + 1.000ºC
restre, temos as seguintes camadas:
 Exosfera: é a camada mais externa da at-
mosfera. Começa mais ou menos a 600km
de altitude, e seus limites superiores são + 80ºC Ionosfera
imprecisos. Nessa camada, a inexistência
de ar permite temperaturas elevadíssimas
(mais de 1.000ºC), razão pela qual as naves 80km
espaciais devem ser construídas com mate- -90ºC
riais super-resistentes.
 Ionosfera: prolonga-se da mesosfera até
cerca de 600km. O ar é muito rarefeito e Mesosfera
carregado de íons (partículas eletrizadas
que têm a propriedade de refletir as ondas
de rádio, o que torna possível captar essas 50km
ondas provenientes de longas distâncias, 2ºC
como de outros países, por exemplo). É
nessa camada que os meteoros (popular-
mente chamados de estrelas cadentes) se
desintegram. Estratosfera
 Mesosfera: dá início à chamada atmosfera
superior e vai da tropopausa até 80km de
altitude. Ao contrário do que ocorre na es-
tratosfera, aqui a temperatura diminui com Tropopausa
10km
a altitude (o ar é muito rarefeito), podendo -60ºC Troposfera
atingir –90ºC no limite superior.
0 + 15ºC Nível do mar
 Estratosfera: estende-se a partir da tropos-
fera até cerca de 50km. Ao contrário do que Enciclopédia da Ciência. São Paulo, Globo, 1993. p. 45
ocorre na troposfera, aqui a temperatura
aumenta com a altitude, chegando a atingir 3. ASPECTOS GERAIS DE CLIMA E TEMPO
cerca de 2ºC na parte superior. O vapor de
Clima: o Clima é um fator constante (estado
água é quase inexistente e conseqüentemen-
médio), não altera com freqüência. As medições do
te não existem nuvens. Essa camada é par- clima são feitas em média a cada 35 anos.
ticularmente importante devido à presença
Tempo: o tempo é um fator variável das con-
do gás ozônio, que filtra a maior parte dos dições atmosféricas, de um determinado lugar a um
raios ultravioleta emitidos pelo Sol. Se não
certo momento estabelecido. O tempo podem alterar
fosse o ozônio, morreríamos pela ação dos
a qualquer momento, no mesmo dia e local pode o-
raios ultravioleta.
correr várias alterações do tempo como, chuva, sol,
 Troposfera: atinge até cerca de 10 a 12 km
frio, calor. Esses fatos ocorrem pela grande dinâmica
de altitude e concentra 75% dos gases e
espacial.
80% da umidade atmosférica (vapor de á-
Editora Exato 9
GEOGRAFIA

4. FATORES DO CLIMA clonar) para uma área de baixa pressão (ci-


clonal) levando consigo aspectos de pres-
 Latitude: a latitude também influencia na são, umidade e temperatura.
formação do clima, no sentido de que à
medida que aumenta a latitude, o clima ten- 5. ELEMENTOS DO CLIMA
de a ficar mais frio, devido à diminuição de
 Temperatura;
incidência dos raios solares.
 Umidade;
 Precipitação;
da 90º
i
o
çã ra N  Vegetação.
u u
in at
m er
D i mp 6. MASSAS DE AR NO BRASIL
te

mEa Massa Equatorial Atlântica: Origina-se


Equador Latitute 0º da região do Equador, abrange todo o litoral do nor-
SO L
deste. Massa quente e úmida.
mEc Massa Equatorial Continental: Origina-se
D
te i m i
no interior da Amazônia e abrange a própria região
m nu
pe iç
ra ã o
Norte. Massa quente e úmida.
tu d
ra a S
90º Atmosfera mTa Massa Tropical Atlântica: Originária da
região do trópico de Capricórnio, abrange principal-
mente o litoral sudeste e sul. Massa quente e úmida.
 Altitude: quanto mais alta for a região, o mTc Massa Tropical Continental: Originária
clima estará propício para se tornar mais da depressão do Chaco boliviano (pantanal do Bra-
frio. Esse fato ocorre porque a atmosfera se sil). Influencia a região central do Brasil. Massa
aquece por irradiação, o calor é transferido quente e seca.
da superfície da terra para cima, quanto mPa Massa Polar Atlântica: originária da Pa-
mais alto, mais rarefeito torna-se o ar, de- tagônia, influencia no clima do Brasil, principalmente
terminando uma diminuição da irradiação. no inverno (chuvas frontais no Nordeste e friagem na
 Continentalidade: o aquecimento e o res- Amazônia). Massa fria e úmida.
friamento e extremamente rápidos, o que
determina uma ampla amplitude térmica, Atuação das massas de ar no Brasil
pois a umidade diminui. durante o verão
 Maritimidade: o mar funciona como um MEA
Equador
verdadeiro regulador térmico, graças à sua
grande capacidade de se aquecer e perder
MEC
calor muito mais lentamente do que as á-
reas continentais. Esse fator faz com que as
amplitudes térmicas variem pouco. Período das
chuvas
 Correntes Marítimas: determinam aque- MTA

cimento ou resfriamento das massas de ar e


MTC
áreas litorâneas. Um exemplo típico é a cor-
rente de Humboldt,ou do Peru,que resfria a Trópico de Capricórnio
massa quente e úmida vinda do pacífico,
determinando chuvas no próprio oceano.
Essas massas chegam secas ao continente,
estabelecendo a formação de áreas extre-
mamente áridas, como o deserto de Ataca-
ma, no Chile. MPA
 Relevo: o relevo de uma região pode conter
a passagem de massas úmidas, o que pro-
porciona alterações climáticas significativas
na região.
 Homem: um dos principais agentes do cli-
ma. Possui o poder de alterar toda a conjun-
tura climática de uma região.
 Pressão Atmosférica: as massas de ar diri-
gem-se de uma área de alta pressão (antici-
Editora Exato 10
GEOGRAFIA
Atuação das massas de ar no Brasil
durante o inverno
MEA
Condensação
Equador
MEC

Chuvas no
sertão do NE
Friagem
Evapotranspiração
Chuvas
frontais MTA
Período de
estiagem
CHUVA CO NVECTIVA

Trópico de Capricórnio c) Frontal: esse tipo de chuva ocorre pelo


choque de uma massa quente com uma massa fria,
ocasionando chuvas rápidas, contudo muito intensas.
Baixas
temperaturas
Ar quente
e geadas
Ar frio

MPA

Frentes: quando a massa de ar frio avança so-


bre a quente é denominada de frente fria, quando a
massa de ar quente avança fazendo com que a massa
de ar frio recue é chamada de massa de frente quente. CHUVA FRO NTAL
Quando ocorre a parada das massas de ar devido à
forte intensidade das duas é chamada de frente esta-
cionária. 8. TIPOS DE CLIMA MUNDIAIS

7. TIPOS DE CHUVA Clima Polar: clima extremamente frio, onde a


temperatura em média se aproxima de zero grau, lo-
a) Orográfica: também conhecida de “chuva calizado nas altas latitudes.
de relevo”, ocorre devido a elevação da massa de ar, Clima Temperado: assemelha-se muito ao
devido à presença de algum obstáculo (serras, chapa- clima subtropical, a diferença entre os dois é que o
das, morros) que, atingindo uma altitude mais eleva- clima temperado possui invernos mais rigorosos e ve-
da precipita-se (áreas a barlavento), se dirigindo ao rões menos quentes.
outro lado do relevo (sotavento). A massa de ar já Clima Mediterrâneo: clima do litoral sul da
não possui umidade. Europa.
Clima Desértico: localizado principalmente
em áreas da África e Ásia. Essa forma de clima é ex-
Vento Sotavento tremamente seca e árida, com baixíssimos índices de
(sem chuva) chuvas (menos que 250 mm anuais).
Barlavento
(com chuva)
Mar 9. LEITURA COMPLEMENTAR
CHUVA O RO GRÁFICA
Tufões e furacões
Tempestades tropicais são comuns no Hemis-
b) Convectiva: são chuvas em que o ar aque- fério Norte no fim do verão e no começo do outono,
ce, evapora, condensa e precipita (movimento verti- quando ocorrem fortes mudanças no aquecimento das
cal do ar). A precipitação normalmente ocorre em águas dos oceanos e no continente.
locais diferentes do local de evaporação. Essas chu- Recebem vários nomes, como furacões, no Ca-
vas são normalmente de baixa intensidade e duradou- ribe, e tufões, na China. São tempestades violentíssi-
ras. mas com ventos de mais de 120 km por hora, com as
nuvens e ventos distribuídos numa área circular. No
centro, essas tempestades apresentam o “olho”, onde
há ventos muito leves e praticamente não há nuvens.

Editora Exato 11
GEOGRAFIA

Em 1998, o furacão George devastou a Améri-


ca Central e o Sul dos Estados Unidos. A intensidade
dos ventos desse furacão foi uma das maiores regis-
tradas nos últimos anos, levando morte e destruição
por onde passou. Honduras foi um dos países mais a-
tingidos pelo George, e os estragos foram incalculá-
veis. Acredita-se que a economia do país leve 10
anos para voltar aos níveis de 1998.
Paulo Roberto Moraes. Geografia geral e do Brasil. Editora Harbra.

EXERCÍCIOS

1 Sobre os conceitos referentes a clima e tempo,


destaque a opção correta:
a) Esses conceitos são sinônimos.
b) O clima é inconstante, ou seja, varia o tempo
todo.
c) O tempo é considerado constante, não possui
variação.
d) O Brasil inteiro possui o mesmo clima.
e) O clima é constante e o tempo é inconstante,
ou seja, variável.

2 Em relação aos fatores que determinam o clima,


destaque entre as opções abaixo qual não é consi-
derado um fator:
a) Altitude.
b) Latitude.
c) Homem.
d) A precipitação.
e) Relevo.

GABARITO

1 E
2 D

Editora Exato 12
GEOGRAFIA

GEOGRAFIA FÍSICA
de chuva ou de neve; esta água acaba fluindo através
HIDROSFERA dos rios e por outros meios para o oceano. Esse é, em
síntese, o ciclo da água, onde a precipitação maior
1. ÁGUAS OCEÂNICAS cabe aos oceanos. Podemos dizer que, em cada 100
anos, a água passa 98 anos no oceano.
Oceanografia é a ciência que estuda os ocea- Além disso, devemos lembrar que:
nos. Como ciência propriamente dita, a oceanografia  A vida nos oceanos é abundante e constitui
é muito recente, tendo surgido há pouco mais de um importantes fontes de alimentos para o ho-
século, com a expedição da corveta a vapor Challen- mem.
ger, da Marinha britânica, cuja viagem durou quatro  O mar é grande fornecedor de produtos
anos (1872-76), tendo percorrido os oceanos Atlânti- químicos e minerais, tais como sais, petró-
co, Pacífico e Antártico. As importantes pesquisas e leo, areia etc.
observações realizadas por essa expedição represen-  Cerca de 505 das reservas mundiais de pe-
tam o primeiro grande passo da moderna oceanogra- tróleo estão nos mares.
fia.  A dessalinização da água do mar já é uma
A Terra, nosso planeta, tem uma superfície de realidade e muitos países, principalmente os
cerca de 510 milhões de km2. Desse total, 361 mi- situados nas regiões áridas, já adotam essa
lhões (70%) são cobertos por água. É uma imensa ex- prática.
tensão muito irregular, pois as terras emersas a  Os oceanos exercem grande influência no
dividem em uma série de bacias que se comunicam clima.
entre si. As cinco bacias maiores, que separam conti-  Os oceanos desempenham importante papel
nentes inteiros, são chamadas de oceanos: Atlântico, nos setores de transportes e comunicações
Pacífico, Índico, Ártico e Antártico. As bacias meno- em todo o mundo.
res, bem mais numerosas, denominam-se mares e são  Como a água possui grande capacidade de
circundadas em boa parte pelos continentes ou por armazenar calor, os oceanos desempenham
grupos de ilhas, comunicando-se entre si ou com os importante papel regulador térmico ou cli-
oceanos apenas em alguns pontos. mático.
Por que o mar é salgado? 3. PROPRIEDADES DAS ÁGUAS OCEÂNI-
Na área do mar estão dissolvidas substâncias CAS
minerais, com predomínio de 80% de cloreto de só-
Salinidade
dio (o sal de cozinha), que lhe confere o típico gosto
salgado. Há também cloreto de magnésio, que lhe dá É o teor de sais existente nas águas oceânicas.
um sabor amargo; e o bicarbonato de cálcio, usado A média é de 32 a 37 g/l. No Mar Báltico, a salinida-
pelos moluscos e corais para construírem seus pró- de é de apenas 8 g/l e no Mar Morto é de 250 /l devi-
prios esqueletos. Existem ainda na água do mar sulfa- do à elevada evaporação.
to de potássio, além de traços de muitos metais (ouro, Temperatura
prata, urânio, chumbo, fero, zinco). Nela, estão dis- A temperatura das águas oceânicas varia de
solvidos também alguns gases, como o oxigênio e o acordo com a latitude, a profundidade e as estações
gás carbônico, indispensáveis à fauna e à flora mari- do ano. A média é de 16ºC e, quando atingem 2ºC, as
nhas. águas congelam-se, formando banquisas.

2. IMPORTÂNCIA DOS OCEANOS 4. MOVIMENTOS DAS ÁGUAS OCEÂNICAS

A própria história da Terra está intimamente As águas dos oceanos acham-se em constante
ligada aos oceanos. Os oceanos são os grandes reser- movimento. Destacamos três movimentos: as ondas
vatórios de água da Terra e, por isso, eles regulam (ou vagas), as marés e as correntes marinhas.
grande parte dos processos que nela ocorrem. Ondas
A água está permanentemente se movendo na As ondas resultam do choque das moléculas e
atmosfera, nos continentes e nos oceanos, realizando da ação do vento. Apresentam movimento oscilatório
o que chamamos de ciclo hidrológico ou ciclo da á- (local), quando não se deslocam, ou transladativo,
gua: a energia solar evapora a água; os ventos trans- quando se expandem na direção dos litorais (arreben-
portam o vapor até que este se condense; após a tação).
condensação, a água retorna à superfície sob a forma Os elementos de uma onda são:
Editora Exato 13
GEOGRAFIA

 Crista, a parte mais elevada; por ora, três grandes regiões submarinas: a platafor-
 Cavado, a parte mais baixa; ma continental, a região pelágica e a região abissal.
 Altura, a distância vertical entre a crista e o A plataforma continental apresenta profundi-
cavado; dades que vão do nível 0 (nível do mar) até 200 me-
 Comprimento, a distância horizontal entre tros. Deve abranger, aproximadamente, 20% da
as duas cristas. superfície dos oceanos.
Elementos de uma onda Talude continental
Situa-se entre a borda marítima da plataforma
comprimento continental e as profundezas oceânicas. Forma um
desnível abrupto e violento da ordem de 2000 até
crista mais de 3000m, onde se localizam os cannyons sub-
altura marinos, isto é, vales profundos e de paredes abrup-
tas. Constitui o verdadeiro limite do continente.
cavado Região pelágica
Compreende duas porções: as bacias oceânicas
e as cristas, ou dorsais oceânicas. Inicia-se no limite
inferior do talude continental, indo, portanto, de 3000
Marés a 5000m ou mais.
As bacias oceânicas são constituídas por ex-
Conjugação Q uando a lua se coloca entre a terra tensas planícies, as quais são dividas entre si por cor-
e o Sol, dá-se a essa posição o nome
Sol de conjunção. O correm nessa fase dilheiras submarinas, as quais formam as cristas ou
as marés fortes: marés de águas
Lua
Terra vivas ou de sizigia. dorsais oceanicas.
Região abissal
O posição Corresponde aos abismos submarinos. As fos-
Q uando a terra se coloca entre o Sol
Sol e a Lua, é a fase da oposição. Também sas submarinas são depressões longas e estreitas e
Lua nessa fase ocorrem as marés fortes.
Terra chegam a alcançar mais de 10km de profundidade.
Q uadratura Aqui, os três astros se encontram Não se localizam no centro dos oceanos e, sim, perto
Lua em quadratura, isto é, as duas linhas
dos continentes e das ilhas nas proximidades do talu-
imaginárias que os unem formam
Sol um ângulo reto, no qual a Terra ocupa de continental. Essa região abrange cerca de 1% da
o vértice. N essa fase, as marés são
Terra fracas; são as marés de águas mortas área dos fundos dos oceanos.
ou de quadraturas.
Principais oceanos
O pacífico é o maior dos oceanos e separa as
São movimentos de subida e descida das á-
Américas da Ásia e da Oceania, com aproximada-
guas, por força da atração do Sol e da Lua, a cada pe-
mente 165.000.000kn2. É também o que possui as
ríodo de 12 horas. As marés variam conforme as
maiores profundidades: as fossas de Vitiaz com
fases da Lua: marés de águas vivas ou de sizígia (Lua
11.034m (Ilhas Marinhas) e de Mindanao (Filipinas).
Cheia e Nova), e as marés menos intensas, chamadas
O Atlântico localiza-se entre a América, a Eu-
de marés de águas mortas (quarto crescente e quarto
ropa e a África, com 85.000.000km2. Suas fossas
minguante).
mais profundas são Millwaukee e Virgens, na Améri-
A altura das marés é bastante variável e de-
ca Central.
pende da forma e da profundidade das bacias oceâni-
O Índico é menor que os anteriores, com
cas. No mundo, as maiores oscilações de maré são
73.000.000km2, é o mais quente. Banha África, Ásia
observadas na Baía de Fundy, no leste do Canadá,
e Oceania. Sua fossa mais profunda é a de Java, na
com variações em torno de 8m, ocorrem no litoral do
Indonésia.
Maranhão.
O Glacial Antártico, situado no Hemisfério
Atualmente, a força das marés tem sido utili-
Sul, apresenta as mais baixas temperaturas do planeta
zada na geração de energia elétrica. Em Rance, da
e uma infinidade de icebergs e banquisas. Já o Glaci-
Bretanha, noroeste da França, instalou-se a primeira
al Ártico, no Hemisfério Norte, também permanece
usina maremotriz do mundo.
congelado boa parte do ano.
5. RELEVO SUBMARINO Mares
Para a moderna Oceanografia, os oceanos, ain- Mares são porções de água salgada situadas
da hoje, são grandes desconhecidos e podem reser- nas áreas costeiras ou no interior dos continentes.
var-nos grandes surpresas. Explorações com sondas e Possuem características físico-químicas próprias e
sonares e estudos mais apurados permitem distinguir,
Editora Exato 14
GEOGRAFIA

são influenciados pelas condições ecológicas das ter- Lagos


ras vizinhas. São porções líquidas continentais cercadas por
Classificação dos mares terras. Os lagos são alimentados pelas chuvas, rios ou
Os mares são classificados de acordo com o ti- geleiras e possuem diferentes origens. Podem ser:
po de ligação que possuem com os oceanos ou outros  Tectônicos: são formados por fossas tectô-
mares. Podem ser: abertos ou costeiros, mediterrâ- nicas (grabem). De modo geral, são os mais
neos ou interiores e fechados ou isolados. profundos. Exemplo: Lago Baikal (com
Águas continentais 1.70m de profundidade, é o mais profundo
São as águas represadas pelos rios, lagos, ge- do planeta).
leiras e lençóis freáticos.  Vulcânicos: correspondem aos preenchi-
Os rios mentos das crateras de vulcões extintos.
Exemplo: Crater Lake (EUA).
Navegar desde as geleiras até o oceano parece
 De Barragem: são formados pela deposição
um feito impossível; no entanto, com botes ágeis e
de materiais provenientes de agentes exter-
leves podemos navegar ao longo de trechos mais rá-
nos. Exemplo: Lagoa dos Patos e Mirim, no
pidos e impetuosos dos cursos de água. Chegando à
litoral gaúcho.
planície, porém, as águas se acalmam e a navegação
 Residuais: são antigos mares que, devido ao
pode continuar sem qualquer dificuldade. Via de co-
movimento da crosta, se desligaram dos o-
municação incomum e esportiva: apenas mais um
ceanos. Exemplo: Lago “mar”Cáspio, Aral.
dentre os inúmeros serviços prestados pelos rios.
 Depressão: resultam da acumulação de á-
São cursos naturais de água de grande impor-
gua numa depressão fechada. Exemplo: La-
tância para o equilíbrio da vida do planeta. O homem
go Tchad (África).
pode utilizá-los para:
 Mistos: são lagos que apresentam mais de
 Navegação;
uma origem, como por exemplo, os Gran-
 Obtenção de energia elétrica;
des Lagos (EUA), que são formados ao
 Irrigação;
mesmo tempo pela ação glacial e pela bar-
 Alimentação;
ragem de detritos.
 Abastecimento de água;
 Lazer. ESTUDO DIRIGIDO
Os rios, por sua vez, são agrupados em bacias
hidrográficas. 1 Descreva as principais diferenças entre os tipos
Termos específicos relacionados aos rios: de rocha existentes no planeta.
 Rio: curso de água que se forma natural-
mente pelas águas subterrâneas (fontes), pe-
las chuvas ou, ainda, pelo derretimento das
geleiras nas montanhas. Raramente secam. 2 Faça uma síntese de como ocorre a formação do
 Nascente: lugar onde o rio “nasce” ou se solo.
forma (fonte, ponto de confluência de vá-
rios cursos de água, extremidade inferior de
uma geleira). 3 Determine quais são os principais agentes exter-
 Bacia hidrográfica: conjunto de terras dre- nos do relevo e como esses agentes configuram o
nadas por um rio principal e seus afluentes. terreno.
 Leito: sulco (escavado pelas águas) em que
se orienta o curso de água.
 Descarga ou débito fluvial: quantidade de
água que passa em determinado ponto de 4 Dentre as camadas que formam a atmosfera, des-
um rio numa unidade de tempo. taque a camada que controla a entrada de raios
 Afluente: curso de água que desemboca em ultravioletas nocivos que causam câncer de pele.
um rio principal.
 Foz: ponto em que o rio desemboca no mar
ou em outro rio.
5 Qual a importância dos oceanos para o desenvol-
 Montante: sentido contrário ao curso do rio,
vimento econômico da sociedade moderna?
em sentido à nascente.

Editora Exato 15
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EXERCÍCIOS b) Águas escoando para rios intermitentes; águas


escoando para oceanos abertos; águas perdidas
1 (UEPG) Com relação aos oceanos e mares, assi- por infiltração.
nale a alternativa incorreta: c) Águas evaporando-se; águas escoando para la-
a) As correntes marítimas são conseqüência da a- gos; águas escoando para mares abertos.
tração que o Sol e a Lua exercem sobre as d) Águas escoando para lagos; águas escoando
grandes massas líquidas. para mares abertos; águas evaporando-se.
b) As ondas de translação provocadas pelos ven- e) Águas evaporando-se; águas escoando para
tos são o principal tipo de onda. mares abertos; águas escoando para mares fe-
c) Maremotos são ondas isoladas, de grande po- chados.
tência, provocadas por furações, terremotos
etc.
4 (UEM-PR) O Peru salienta-se como um dos
d) Marés são movimentos verticais das grandes
grandes países pesqueiros do mundo. Tal fato po-
massas líquidas, provocadas pela atração lunar
de ser explicado, fisicamente, por:
e solar.
a) ser banhado pelo Oceano Atlântico.
e) Os movimentos do mar podem provocar a cri-
b) suas costas sofrerem influências da Corrente
ação de formas litorâneas de depósitos, como a
de Humboldt.
praia, uma das mais representativas.
c) possuir costa marítima extensa do tipo rio.
d) suas costas sofrem influência da Corrente do
2 (UFPE) Analise as proposições a seguir: Golfo.
I. Praticamente dois terços das terras emersas en- e) possui profundidades acentuadas no seu litoral.
contram-se no Hemisfério Norte, por isso ele é
denominado hemisfério das terras ou continen- 5 A porção Meridional da Groelândia e a Península
tal. Escandinava estão na mesma latitude, porém go-
II. O Oceano Pacífico separa o continente ameri- zam de climas diferentes. Na porção meridional
cano das terras africanas e da Oceania. da Groenlândia, o clima é frio e na Península Es-
III. A plataforma continental é a porção mais im- candinava é temperado. Que fator geográfico ex-
portante do relevo submarino, ocupando cerca plica essa diferença?
de 80% de sua área total. a) A posição de ambas quanto à longitude.
IV. No Oceano Atlântico, a meio caminho das b) A presença da corrente marítima do Golfo.
terras americanas e euro-africanas, o relevo c) A inclinação do eixo da Terra.
submarino é bastante acidentado, possuindo d) O relevo montanhoso dos Alpes Escandinavos.
uma elevação montanhosa submersa, denomi- e) A posição do Meridiano de Greenwich.
nada Dorsal Oceânica.
GABARITO
V. Após a plataforma continental, o relevo sub-
marino desce para profundidades acentuadas,
Estudo Dirigido
que varia de 200 a 3000 metros, constituindo o
talude continental. 1 Aglomerado de um ou mais minerais, ou um úni-
Estão corretas: co mineral solidificado.
a) I, III e V. Tipos de rochas:
b) II e IV.  Magmáticas ou Ígneas: provêm da conso-
c) II, III e V. lidação do magma e são, por isso, de ori-
d) I, IV e V. gem primária. Uma rocha magmática
e) III, IV e V. expressa as condições geológicas nas quais
se formou, através de fatores como a textu-
ra e composição química. Segundo sua
3 (UNESP) Quanto ao escoamento, as redes fluvi-
composição química, as rochas magmáticas
ais costumam ser classificadas em: exorréicas,
podem ser agrupadas em dois grandes gru-
endorréicas e arréicas.
pos:
a) Águas escoando para mares e oceanos; águas
 Rochas Intrusivas ou plutônicas:
escoando para lagos ou mares fechados; águas
são as rochas magmáticas formadas
que desaparecem por infiltração e/ou evapora-
no interior da crosta terrestre, como
ção.
exemplo temos o Granito.
 Rochas Extrusivas ou vulcânicas:
são rochas magmáticas determina-
Editora Exato 16
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das a partir do momento em que o sença do gás ozônio, que filtra a maior parte dos
magma extravasa para a superfície. raios ultravioleta emitidos pelo Sol. Se não fosse
Um dos exemplos mais marcantes é o ozônio, morreríamos pela ação dos raios ultra-
o Basalto. violeta.
 Sedimentares: são rochas formadas a partir
5 A própria história da Terra está intimamente li-
de rochas pré-existentes destruídas (qual-
gada aos oceanos. Os oceanos são os grandes re-
quer tipo). De forma mais ampla, incluem-
servatórios de água da Terra e, por isso, eles
se nesse segmento as rochas provindas de
regulam grande parte dos processos que nela o-
atividades biológicas, como os corais. Na
correm. A água está permanentemente se moven-
superfície da terra existe uma grande quan-
do na atmosfera, nos continentes e nos oceanos,
tidade de exemplos de rochas sedimentares,
realizando o que chamamos de ciclo hidrológico
como é o caso da areia, do seixo e da argila.
ou ciclo da água: a energia solar evapora a água;
Essas rochas podem ser depositadas sob la-
os ventos transportam o vapor até que este se
gos, parte continental ou mares, essa depo-
condense; após a condensação, a água retorna à
sição pode ser feita pelo vento, rios e pela
superfície sob a forma de chuva ou de neve; esta
atividade antrópica.
água acaba fluindo através dos rios e por outros
 Metamórficas: sob elevada temperatura e
meios para o oceano. Esse é, em síntese, o ciclo
pressão, qualquer rocha magmática e sedi-
da água, onde a precipitação maior cabe aos oce-
mentar pode ser transformada em uma ro-
anos. Podemos dizer que, em cada 100 anos, a
cha metamórfica. Essa modificação ocorre
água passa 98 anos no oceano. Além disso, de-
na aparência e na composição, pois os mi-
vemos lembrar que:
nerais que formam essas rochas sofrem al-
 A vida nos oceanos é abundante e constitui
terações. São exemplos de rochas
importantes fontes de alimentos para o ho-
metamórficas o mármore (calcário) e a Ar-
mem.
dósia (argilito).
 O mar é grande fornecedor de produtos
2 São derivados de um processo de desintegração e químicos e minerais, tais como sais, petró-
decomposição da rocha, ocasionado pelo intem- leo, areia etc.
perismo, determinado por agentes físicos (calor/  Cerca de 505 das reservas mundiais de pe-
frio), agentes químicos (água) e agentes biológi- tróleo estão nos mares.
cos (animais, vegetais). Esse processo é lento e  A dessalinização da água do mar já é uma
imperceptível. Contudo, para existir o solo, deve realidade e muitos países, principalmente os
haver uma incorporação de elementos orgânicos, situados nas regiões áridas, já adotam essa
chamados de húmus; sem esses organismos os prática.
solos não seriam formados. Dentre os aspectos  Os oceanos exercem grande influência no
formadores do solo o que mais influi é o fator clima.
climático.  Os oceanos desempenham importante papel
nos setores de transportes e comunicações
3 São também conhecidos como agentes modela-
em todo o mundo.
dores do relevo (exógenos). Determinam a confi-
 Como a água possui grande capacidade de
guração do terreno a partir do desgaste e
armazenar calor, os oceanos desempenham
decomposição das rochas, processo conhecido
importante papel regulador térmico ou cli-
como intemperismo. Essa formação é determina-
mático.
da, sobretudo, por esses fatores:
 Ação Antrópica (ação do homem); Exercícios
 Ventos; 1 A
 Mar;
 Geleiras; 2 D
 Rios. 3 A
4 Estratosfera: Estende-se a partir da troposfera até 4 B
cerca de 50km. Ao contrário do que ocorre na
troposfera, aqui a temperatura aumenta com a al- 5 B
titude, chegando a atingir cerca de 2ºC na parte
superior. O vapor de água é quase inexistente e
conseqüentemente não existem nuvens. Essa ca-
mada é particularmente importante devido à pre-
Editora Exato 17
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MEIO AMBIENTE
1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS I Conferência Mundial Sobre Meio Am-
biente.
a) Meio ambiente: conjunto de fatores físicos, O primeiro grande passo para a discussão da
químicos e biológicos que integra o ambiente natural questão ambiental no critério global foi a Conferên-
e humanizado. cia, de Estocolmo (Suécia), em 1972. Nessa confe-
b) Ecologia: ramo da ciência que estuda a re- rência a posição do Brasil foi de neutralidade.
lação dos seres vivos com o meio ambiente. Caracte- RIO-92-II-Conferência das Nações Unidas pa-
riza-se por um aspecto mais social e político. ra o Meio Ambiente e Desenvolvimento.
c) Poluição: qualquer forma de desequilíbrio Agenda 21 (disparidades existentes entre na-
dos aspectos ambientais normais, ou do meio social. ções ricas e pobres, busca a melhoria global da quali-
Essas alterações, quando acarretam mudanças no dade de vida, constituída de 40 capítulos). É
meio social, determinando perda da qualidade de vi- caracterizada como o manual do desenvolvimento
da, são consideradas formas de poluição. sustentável.
d) Desenvolvimento sustentável: termo que se Carta da Terra: documento que determinava
refere ao desenvolvimento econômico e social que que a exploração desenfreada, ocasionada principal-
possa atender às necessidades do presente, mas que mente pelos países desenvolvidos mais industrializa-
não coloque em perigo as capacidades das futuras ge-
dos, estava causando fortes desequilíbrios no meio
rações de também virem atender às suas próprias ne- ambiente. Como esses países são os que mais poluem
cessidades. precisam ser os mais atuantes no combate à poluição,
e) Biodiversidade: variedade de espécies em auxiliando programas voltados ao desenvolvimento
uma dada região. Também conhecido como diversi- sustentável e pesquisas científicas para tecnologias
dade biológica. menos poluentes e mais eficazes.
f) Princípio poluidor-pagador: transferência Conferência da Biodiversidade: preservação
aos poluidores dos custos da prevenção, da luta con- ambiental e equilíbrio dos lucros obtidos com os as-
tra a poluição, incentivando, com isso, as pesquisas pectos genéticos (Royalties).
sobre meio, e produtos e tecnologia que possam auxi- Declaração dos Princípios da Floresta: prin-
liar na redução dos níveis de poluição. Determina-se cipal ponto de discussão foi a questão da madeira. A
bem a idéia do princípio da utilização racional dos utilização foi defendida pelo Brasil, para que se tenha
recursos ambientais. uma política ampla e eficaz de fiscalização da utiliza-
2. POLÍTICA AMBIENTAL ção, que hoje é desenfreada.
Convenção do Clima: principal fator de dis-
Um dos problemas mais importantes a ser veri- cussão, pois determinava uma diminuição da explo-
ficado é a influência negativa gerada pela utilização ração dos recursos naturais, com isso proporcionando
em massa dos recursos naturais, principalmente pelos uma diminuição da produção. Esse aspecto foi dura-
países desenvolvidos, destacando-se os Estados Uni- mente criticado pelos Estados Unidos.
dos. Os países desenvolvidos utilizam cerca de 70% Fórum Global: reunião organizada por mem-
dos recursos energéticos (combustíveis), e são res- bros das ONG’s, buscando promover saídas viáveis
ponsáveis por cerca de 80% da poluição mundial. sobre os temas discutidos nas reuniões.
Principais organizações ecológicas: essas or- Embora não tenha atingido todos os objetivos,
ganizações são conhecidas como ONGs, que signifi- foi um grande passo para a questão ambiental, no
ca “Organizações Não Governamentais”, são sentido da promoção da discussão em âmbito global,
entidades sem fins lucrativos que buscam pressionar destacando o debate direto entre países ricos, desen-
governos e grupos econômicos para a resolução de volvidos e altamente poluidores, com os países sub-
questões ambientais, surgiram na década de 1960. As desenvolvidos, que, muitas vezes explorados, tendem
principais ONGs são: a promover desequilíbrios ambientais.
- Word Wildlife Fund (WWF): Fundo Mundial
para a Natureza - presente em cerca de 27 países. 3. FATORES RECENTES
- Greenpeace Internacional: organiza protestos Nas últimas décadas, o critério de pensamento
pacíficos no mundo inteiro. sobre meio ambiente no que se refere à utilização,
manutenção, conservação e sustentabilidade deu
margem à discussão entre os países produtores de po-
luição, que antes se supriam dos recursos naturais

Editora Exato 18
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sem uma preocupação maior com as conseqüências 5. POLUIÇÃO DO AR


que isso acarretaria ao meio ambiente. Um dos mar-
cos iniciais desse novo período foi o movimento eco- Esse tipo de poluição ganhou importância a
lógico, determinado pela ecologia ambiental e social. partir da Revolução Industrial, período em que as in-
Essa visão protecionista anteriormente não presente dústrias passaram a se concentrar em um determina-
(sociedade econômica, poluidora e instável) passou a do espaço e a produzir em larga escala, emitindo
gerar preocupação, pelo fato de se conhecer que o assim mais resíduos para a atmosfera.
ambiente é estável, quando não agredido. A poluição ambiental está intimamente ligada
A sociedade contemporânea tem o pilar princi- à queima de combustíveis fósseis, principalmente
pal apoiado no fator econômico (produção e consu- carvão e petróleo. Esses dois produtos são intensa-
mo), com isso há um conflito muito grande devido ao mente utilizados por vários setores da economia mo-
jogo do mercado (procura e oferta), que acaba acarre- derna, como a geração de energia elétrica, de
tando o consumo exagerado de produtos e serviços, transporte e o setor industrial. A ONU estipula que
que necessitam cada vez mais de recursos (grande cerca de 90% da energia comercial utilizada em todo
parte naturais) e acabam determinando um desequilí- o mundo provenha desses combustíveis.
brio ambiental. O mundo contemporâneo vê que a emissão ca-
Nas últimas décadas, libertando-se do conceito da vez maior de poluentes estava afetando de maneira
errôneo de que os recursos naturais são bens de concreta o equilíbrio ambiental (aumento do efeito
atividade inesgotável, e partindo do pressuposto de estufa, aumento do buraco da camada de ozônio…).
meio ambiente global, os países (principalmente os Esses problemas estão intimamente ligados a níveis
desenvolvidos) passaram a ter maior preocupação de produção, os quais estão relacionados à explora-
com a inesgotabilidade dos recursos (renováveis e ção ambiental.
não renováveis) e a mobilidade dos poluentes. Os principais poluentes são: monóxido de car-
No mês de setembro de 2002, ocorreu a Rio + bono — emitido por carros e chaminés de indústrias,
10 – Reunião Mundial Sobre Desenvolvimento Sus- e que podem causar problemas pulmonares e levar à
tentável. Essa reunião, organizada por governos, a- morte em grande concentração. Dióxido de carbono
gências da ONU e ONG’s (organizações não- — gás que acelera o efeito estufa. CFC (cloroflúor-
governamentais) ocorreu em Johannesburgo (África carbono) — principal elemento ligado ao aumento do
do Sul). Entre as principais questões que foram deba- buraco na camada de ozônio.
tidas nessa conferência mundial estão: 6. POLUIÇÃO DO SOLO
Os países em geral têm se esforçado para cum-
prir a agenda 21? Os principais agentes de poluição do solo são
Foram ratificadas as convenções criadas em os resíduos sólidos das indústrias e residências. Ele-
1992? mentos muito comuns como plásticos, vidros e papel,
O que é preciso para conseguir alcançar os ob- em grande concentração determinam sérios proble-
jetivos traçados? mas ambientais.
Quais são as novas prioridades e assuntos a se- A demora na decomposição de alguns resíduos
rem tratados? sólidos determina uma preocupação intensa dos go-
Para que área os esforços deverão ser direcio- vernos, que vêem seus depósitos de lixo crescerem e
nados? se acumularem. Uma das saídas utilizadas é a incine-
Os resultados obtidos nessa conferência foram ração e a formação de grandes aterros, contudo essas
aquém do esperado, esse fato se deu principalmente medidas apenas possibilitam novas formas de polui-
pela continuidade da política do consumismo exage- ção.
rado em detrimento do meio ambiente. Foi constata- Em vários países, principalmente nos subde-
do também que reuniões de grande porte como essa senvolvidos, o lixo ainda se concentra a céu aberto,
não são a melhor forma de desenvolvimento de polí- em contato direto com o solo, determinando muitas
ticas ambientais. vezes o alto nível de concentração de elementos quí-
micos nocivos à vida.
4. PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS A diminuição de áreas agricultáveis é um pro-
DOS CENTROS URBANOS blema auxiliado também pela poluição do solo. Nesse
caso, entram fertilizantes, adubos químicos e pestici-
 Poluição sonora.
das.
 Poluição visual.
Revolução Verde: plano utilizado para se ob-
 Microclimas urbanos – “ilhas de calor”.
ter maior produtividade, baseado em técnicas moder-
 Acúmulo de lixo.
nas de produção e materiais químicos (inseticidas,
 Diminuição das áreas verdes.
pesticidas, etc.), para aumentar a produção (quanti-
Editora Exato 19
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dade, tamanho e durabilidade do produto). Entretanto 8. BURACO NA CAMADA DE OZÔNIO


essa forma de produção acarreta prejuízo ao solo (uso
intensivo) e problemas socioeconômicos (concentra- As pesquisas determinam que esse fator se dá
ção de terras). devido à emissão de um elemento químico conhecido
As melhores formas de amenizar o alto grau de como CFC (cloroflúorcarbono), muito presente em
concentração de resíduos sólidos é a reciclagem dos geladeiras, refrigeradores e aparelhos de ar. O buraco
produtos e o uso de materiais biodegradáveis e não na camada de ozônio se concentra na região da An-
descartáveis. tártica.
O buraco na camada de ozônio é um fator gra-
7. POLUIÇÃO DA ÁGUA víssimo, que fez com que 24 países desenvolvidos
assinassem um tratado de erradicação gradual do clo-
A poluição gerada pelo crescimento exagerado
roflúorcarbono (CFC) do mundo. Esse tratado é co-
da população e o aumento intensivo da utilização de
nhecido como Protocolo de Montreal, realizado no
fontes de água, associada à poluição, tornou-se se-
Canadá em 1987.
gundo pesquisas da revista Science um dos principais
A camada de ozônio localiza-se na estratosfe-
problemas ambientais do novo milênio.
ra, área que varia de 20 a 45 Km e atinge cerca de 15
Os principais poluentes dos rios, lagos e área
Km de diâmetro. Essa camada possibilita a vida na
costeira são os resíduos domésticos, acompanhados
terra, ela impede a passagem de parte da radiação ul-
de resíduos industriais, os quais são bastante perigo-
travioleta (nociva aos seres vivos), e possibilita a fo-
sos, como fertilizantes, pesticidas - o mais famoso
tossíntese, dentre outros aspectos.
deles, o inseticida DDT. Essa poluição gerada pela
Os governos dos países desenvolvidos estão
indústria é responsável por um grande aumento na
buscando novas tecnologias para que ocorra a substi-
incidência de doenças. O ramo industrial que é o
tuição do CFC. Com isso diminui também a dimen-
principal vilão é o setor químico.
são do buraco da camada de ozônio, a longo prazo.
O meio de vida considerado o mais ameaçado
Essa atitude vai buscar diminuir a incidência de cân-
é o ecossistema de água doce, que ocupa pouco me-
cer de pele e outras doenças ocasionadas pela emis-
nos que 1% da superfície terrestre. Esse meio sofre
são direta de raios ultravioletas.
com fatores típicos da poluição ambiental, aliado a
Hoje, a camada de ozônio também é afetada
fatores modernos, como a construção de diques e bar-
pelos efeitos da utilização de brometo de metila, um
ragens, que determinam uma mudança brusca no e-
inseticida que possui as mesmas características que o
quilíbrio local, muitas vezes transformando tanto o
CFC. Esse inseticida é muito utilizado nas plantações
meio ambiente, que ele acaba sendo destruído.
de morango e tomate.
Na poluição das águas, há destaque também
para a poluição dos mares. Esse aspecto está intima- Conseqüências
mente relacionado a derrames de produtos concentra- O buraco na camada de ozônio pode aumentar
dos, principalmente petróleo, por grandes cargueiros a incidência de câncer de pele, devido ao aumento da
e petroleiros. Os países hoje buscam inserir na legis- radiação.
lação, leis e penas severas para os países ou grupos O buraco na camada de ozônio pode gerar dis-
econômicos ligados a acidentes globais, infelizmente túrbios nas plantas, pelo alto grau de radiação.
muito comuns nos dias atuais. 9. CHUVA ÁCIDA
Outros Problemas
 Desastre na Baía de Minamata (Japão) — Devido à intensa queima de combustíveis fós-
contaminação de mercúrio que acarretou o seis (petróleo, carvão), utilizada pelos vários setores
envenenamento da população, o governo econômicos, sobretudo industrial, a concentração de
japonês proibiu o consumo de peixe no Ja- resíduos na atmosfera tornou-se muito intensa. A par-
pão. tir da emissão de CO2 (dióxido de carbono ou gás
 Maré Vermelha — aumento da produção de carbônico), NO2 (óxido nitroso) e SO2 (óxido de en-
algas cianofíceas, devido ao acúmulo de re- xofre), formam-se elementos altamente ácidos, como
síduos orgânicos. Essas algas liberam subs- H2SO4 (ácido sulfúrico) e HNO3 (ácido nitroso), os
tâncias tóxicas que causam riscos de quais por meio de chuvas, alteram a composição das
sobrevivência a vida aquática. águas e do solo. Esses gases a médio e longo prazo
 Eutrofização — aumento da produção de poluem os rios e causam destruição de florestas (des-
algas em rios e lagos. troem as folhas), exemplo típico é a floreta negra, no
Reino Unido. Outro aspecto negativo é a destruição
de monumentos públicos.
A chuva ácida não atinge apenas a região de
concentração industrial, muitas vezes, pelo movimen-
Editora Exato 20
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to das massas de ar, ela atinge regiões distantes do sertificação. No Nordeste, principalmente o agreste e
foco de origem. Na Europa, é comum a ajuda eco- o sertão, o nível de desertificação tem aumento muito
nômica a países altamente poluidores (Exemplo: Suí- nos últimos anos, principalmente pela falta de em-
ça ajudando a Polônia). prego de técnicas agrícolas de produção. Outra região
No Brasil, existe um caso típico de degradação propícia à desertificação é a Amazônia. O desmata-
ambiental ocasionada pela chuva ácida. A Mata A- mento, aliado à utilização para a agricultura e a pecu-
tlântica está sofrendo perdas substanciais de área de- ária, tem proporcionado o aumento das áreas de
vido a agravamento do fenômeno, esse fenômeno foi deserto, isso ocorre sobretudo, pela fragilidade do so-
ocasionado pela grande concentração industrial de lo amazônico, que se caracteriza como um solo ex-
Cubatão (SP), principalmente nas décadas de 80. tremamente pobre. Embora haja regiões com grande
Como é um fator acumulativo, atualmente se verifica incidência de formação de deserto (como as coloca-
o grande mal causado pela má organização industrial das anteriormente). No país, esse grave problema o-
nessa região. corre em praticamente todos os Estados, tendo como
Como se forma a chuva ácida base o uso intensivo da terra.
Local da Transformação química A desertificação do mundo:
NO 2 HNO 3 H SO
SO 2 H2 SO6 2 4

Fotoxidação
poluentes ácidos
Hidrocaborneto N O 2 SO2
Ásia
Emissões para a atmosfera Deposição úmida Europa
Chuva ácida e neve
Gases H2 SO4 HNO3

Particulados N

Geração O L
eletricidade
S
Fonte: Atlas do Meio Ambiente.1998 Deserto existente Área com moderado
risco de desertificação
Áreas com alto risco
10. DESERTIFICAÇÃO de desertificação Áreas florestais devastas

Florestas existentes
A palavra “deserto” derivou da raiz latina de-
sertus, que significa “solitário”. Durante a História,
Fonte: adaptado de Concise Atlas of the would. New York, Oxford Uni-
várias ciências determinaram diferentes conceitos pa- versity, 1994.
ra esse fator natural que está sendo acelerado pela a- Conseqüências
ção antrópica.
Diminuição das áreas produtivas.
A desertificação é um problema grave que está
Diminuição da produção mundial, principal-
sendo enfrentado por uma grande quantidade de paí-
mente nos países mais necessitados.
ses, sobretudo os países subdesenvolvidos. Nesses
Custo alto e muito tempo para a recuperação
países, o problema se torna mais grave, pelo aspecto
de áreas degradadas.
claro de que esse grupo não apresenta recursos para a
manutenção e melhoria das condições do solo, utili- 11. DESMATAMENTO
zando o solo de forma intensa e sem nenhum cuidado
O rápido aumento do fluxo econômico na soci-
com sua manutenção. Assim, possibilitam o aumento
edade determinou novas necessidades, que recaem na
das áreas de deserto. Segundo dados da ONU, a Áfri-
utilização cada vez maior de recursos naturais e no-
ca e a Ásia Meridional são as regiões onde houve um
vas áreas, ocasionando muitas vezes um crescimento
aumento substancial das áreas de deserto.
exagerado e o desmatamento.
Hoje se calcula que cerca de 1/3 das áreas a-
Um dos principais fatores do desmatamento é a
gricultáveis em todo o mundo esteja passando por
prática da agropecuária, que muitas vezes utiliza a
processos acelerados de desertificação.
queimada para “limpar o terreno”. Contudo existem
No Brasil, ocorre intensamente em algumas á-
outros ramos que ocasionam fortes desmatamentos
reas, tornando-se um problema espacial local. No Sul
como a ocupação urbana e a mineração.
do país, na região dos pampas gaúchos, ocorre atual-
mente forte desertificação. Essa característica é ex-
plicada pelo alto índice de desmatamento, e pela falta
de utilização de técnicas produtivas mais eficientes e
menos degradantes. Esses fatores, aliados à condição
frágil do solo acaba acarretando um nível alto de de-

Editora Exato 21
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Desmatamento no Brasil (1500-2000): terra dos raios ultravioleta e participam também do


aquecimento global da terra (efeito estufa), são
1500 1989- Área da floresta
provenientes de aparelhos de ar condicionado,
Amazônica destruída:
343,9 mil km2
geladeiras, aerossóis, responsáveis por cerca de 20%
do efeito estufa.
O N2O (óxido nitroso), liberado por micróbios,
aumentou drasticamente devido à utilização de
fertilizantes químicos, queima e desmatamento,
contribui com 6% do efeito estufa.
A temperatura, desde o século XIX, aumentou
cerca de 0,5%; parece um aumento insignificante,
20 00- Área da floresta contudo quando se verifica que nos últimos 10 anos
Amazônica destruída:
1,5milhões de km 2 aumentou cerca de 1%, nota-se que o aumento da
Mata Atlântica
Floresta Amazônica
temperatura está sendo progressivo e bastante rápido.
A cada ano registram-se recordes de pico de
O utros ecossistemas
temperatura (Ìndia, 51ºC, ocasionou a morte de 3.000
Áreas desmatas
pessoas).

Efeito estufa: retenção de energia que aumenta a temperatura


da atmosfera

Conseqüências
Diminuição da fauna e flora (extinção). CO 2 O3 CH Gases absorvem
Auxilia na diminuição de áreas agricultáveis. 4 calor

Calor
12. EFEITO ESTUFA refletido
energia
No que se refere a efeito estufa, existe o efeito Calor enviado solar
naturalmente produzido pela natureza que não para a terra
determina nenhum fator maléfico ao ecossistema, e
existe o efeito estufa antrópico, que acarreta o
aquecimento global pela retenção do calor emanado
Fonte: adaptado de Conti, José Bueno. Clima e Meio Ambiente.São
pelo planeta, sob a forma de raios infravermelhos Paulo.1998
impedindo de dissipar-se pelo espaço exterior. Com o Protocolo de Kyoto: pela necessidade rápida
excesso gerado, que ultrapassa as fontes naturais, a de mudanças nos níveis de produção, foi organizada
temperatura nos últimos anos tem aumentado uma reunião, na qual discutiu-se os passos futuros e a
vertiginosamente. forma de utilização e exploração dos recursos natu-
Os principais gases que determinam o efeito rais. Esse protocolo foi assinado em 1997 e previa a
estufa são: redução das taxas de emissão dos gases que contribu-
CO2 (gás carbônico ou dióxido de carbono), em para o efeito estufa (cerca de 5,2% em relação aos
gerado pela queima de combustíveis fósseis níveis de gases nocivos ao ambiente em 1990, essa
(petróleo, gás natural, carvão), pelo desmatamento e redução tem que dar entre 2008 e 2012). Todavia, Es-
queimadas. Esse gás permanece na atmosfera por tados Unidos, principal emissor de gases no mundo,
centenas de anos e compõe cerca de 50% do efeito não ratificou o tratado. Destacou como critério que
estufa. O CO2 é um gás fundamental à manutenção esse protocolo ia contra os interesses de aumento de
da vida na terra (serve para manter a temperatura, produção e alargamento do setor industrial america-
sem ele a temperatura média do nosso planeta seria no.
de -18ºC). Contudo o aumento progressivo de
Conseqüências
eliminação desse gás tem produzido aumentos
O derretimento das geleiras e o aumento do ní-
excessivos de temperatura.
vel do mar, ocasionarão o desaparecimento de várias
CH4 (gás metano) produzido por bactérias,
ilhas e regiões de alguns países.
aterros sanitários, mineração, queima de biomassa,
Mudanças climáticas: em algumas regiões o-
possui uma vida útil de 7 a 10 anos. Contudo
correrá chuvas intensas e alagamentos, em outras se-
participa com cerca de 15 a 20% do efeito estufa.
cas intensas e desertificação.
CFC (cloroflúorcarbono) gases que reagem
com o ozônio, destroem o “escudo” que protege a

Editora Exato 22
GEOGRAFIA

Se forem mantidas as tendências atuais, a tem- ESTUDO DIRIGIDO


peratura media atual irá aumentar 3,5º C até 2050.
1 O que vem a ser desenvolvimento sustentável?
13. INVERSÃO TÉRMICA
Dê um exemplo prático.
Normalmente o ar mais quente está próximo ao
chão devido ao aquecimento do solo. Por ser um ar
mais quente, as moléculas estão mais separadas e por 2 Determine os fatores que causam a Chuva Ácida.
isso se tornam mais leves e tendem a subir. Com a
formação de uma área de “vazio”, o ar mais frio loca- 3 Identifique três (3) das principais causas do des-
lizado na parte superior tende a descer, formando um matamento no Brasil.
movimento de ar vertical, chamado de correntes de
convecção. Nos dias de inversão térmica, a massa in-
ferior está mais fria (devido ao menor aquecimento 4 Para que serve o Protocolo de Kyoto? Destaque
do solo) determinando a estagnação do movimento por que ainda não foi plenamente implantado.
da massa de ar.
Situação térmica normal: 5 Como ocorre o processo de Inversão Térmica?

Ar frio (mais pesado)


EXERCÍCIOS

Resfriamento 1 Foram discutidos e votados na RIO-92 os seguin-


tes aspectos, com exceção de:
Aquecimento
a) Conferência sobre o Clima;
Ar quente (mais leve) b) Carta da Terra;
c) Constituição do Brasil;
d) Agenda 21;
e) Conferência sobre a biodiversidade.

Superfície fria
2 Existe uma técnica de tratamento do lixo que di-
Inversão térmica: minui a sua concentração nos lixões e aterros sa-
nitários, o método consiste em transformar lixo
em adubo orgânico. Entre as opções abaixo, des-
taque qual a técnica utilizada:
Ar quente (mais leve) a) Coleta normal;
b) Incineração;
c) Deposição a céu aberto;
Ar frio (mais pesado) d) A reciclagem do lixo orgânico;
e) Enterrar o lixo.
Retenção
de poluentes
3 Sobre os conceitos básicos de meio ambiente,
destaque a opção incorreta:
a) Ecologista é a pessoa que estuda a fauna e a
Superfície fria flora;
b) Meio ambiente é a junção de elementos físicos,
Fonte: Adaptado de Conti, José Bueno. Clima e Meio Ambiente, São químicos e biológicos, associados à ação hu-
Paulo, Atual, 1998.
mana;
Características e conseqüências c) Utilizando o ambiente sem degradá-lo é o que
Ocorre no inverno; se chama de desenvolvimento sustentável;
Bastante visível nos grandes centros urbanos e d) Poluição é utilizar os recursos de maneira sus-
industriais; tentável, sem gerar excedentes e rejeitos;
Causa aumento de doenças pulmonares; e) Biodiversidade é a variedade de espécies natu-
Diminui o campo visual; rais.
Também conhecida com a denominação de
smog (nevoeiro e fumaça).

Editora Exato 23
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4 Um dos grupos mais ativos de combate à polui- em volta da cidade, no caso a Serra do Mar. Esse
ção e à destruição do meio ambiente, presente em problema embora seja local, é visto em várias
vários países, prestando consultoria e apoiando partes do mundo. Destaque o nome dessa chuva
na regulamentação de leis que possibilitem um entre as opções abaixo:
desenvolvimento sustentável amplo. Esse grupo é a) Chuva Temporal;
denominado: b) Chuva de Verão;
a) Viva a vida; c) Chuva Quente;
b) Políticos; d) Chuva Ácida;
c) Greenpeace; e) Chuvisco.
d) Terroristas;
e) Economistas.
9 Alguns dias, durante o inverno, podem acontecer
de a massa de ar mais fria está próxima ao solo
5 Tratado firmado em 1994 buscando reduzir as ta- determinando uma parada na circulação e propor-
xas de emissão de dióxido de carbono (CO2). cionando uma concentração de poluentes, princi-
Hoje um dos tratados mais discutidos nas grandes palmente nas grandes cidades. Esse fenômeno é
reuniões sobre o meio ambiente: conhecido como:
a) Tratado de Kiev; a) Poluição da água;
b) Tratado de Kyoto; b) Efeito estufa;
c) Tratado do papa; c) Buraco na Camada de Ozônio;
d) Tratado de Madri; d) Desmatamento;
e) Tratado da peca; e) Inversão Térmica.

6 Hoje o mundo atravessa um grande problema que 10 O principal agente causador do buraco na camada
é a retirada das árvores para fins econômicos, de ozônio é o gás conhecido como:
merecendo destaque as madeireiras, a agricultura, a) venenoso;
a pecuária e a ocupação urbana e desenvolvimen- b) CFC (cloroflúorcarbono);
to de cidades. Esse processo é conhecido como: c) condensado;
a) Reflorestamento; d) mostarda;
b) Florestamento; e) ativo.
c) Plantio;
d) Desmatamento;
e) Criação. GABARITO

Estudo Dirigido
7 Sobre o efeito estufa, destaque a opção incorreta:
a) Existe o efeito estufa natural, que é benéfico 1 Desenvolvimento sustentável: termo que se re-
para a manutenção da vida na terra. fere ao desenvolvimento econômico e social que
b) Significa um aumento da temperatura, que, de possa atender às necessidades do presente, mas
forma exagerada e rápida, determina desequilí- que não coloque em perigo a capacidade das futu-
brios na temperatura e no clima. ras gerações de também virem atender às suas
c) Nos últimos anos, a temperatura só vem au- próprias necessidades.
mentando. 2 Devido à intensa queima de combustíveis fósseis
d) Um dos principais causadores é o CO2 (gás (petróleo, carvão…), utilizada pelos vários seto-
carbônico), elemento que mais influi hoje no au- res econômicos, sobretudo industrial, a concen-
mento da temperatura. tração de resíduos na atmosfera tornou-se muito
e) O aumento constante da temperatura só traz intensa. A partir da emissão de CO2 (dióxido de
benefícios para a sociedade. carbono ou gás carbônico), NO2 (óxido nitroso) e
SO2 (óxido de enxofre), formam-se elementos al-
8 Na Europa, em algumas áreas da Ásia, nos Esta- tamente ácidos, como H2SO4 (ácido sulfúrico) e
dos Unidos e até mesmo no Brasil esse problema HNO3 (ácido nitroso), os quais por meio de chu-
ambiental vem ocorrendo. No Brasil, a região de vas alteram a composição das águas e do solo.
Cubatão concentrava uma grande quantidade de Esses gases a médio e longo prazo poluem os rios
indústrias poluidoras as quais formavam uma e causam a destruição de florestas (destroem as
chuva que proporcionava a destruição da floresta folhas), exemplo típico é a floreta negra, no Rei-

Editora Exato 24
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no Unido. Outro aspecto negativo é a destruição


de monumentos públicos.
3 O rápido aumento do fluxo econômico na socie-
dade determinou novas necessidades, que recaem
na utilização cada vez maior de recursos naturais
e novas áreas, ocasionando muitas vezes um
crescimento exagerado e desmatamento.
Um dos principais fatores do desmatamento é a
prática da agropecuária, que muitas vezes utiliza a
queimada para “limpar o terreno”. Contudo existem
outros ramos que ocasionam fortes desmatamentos,
como a ocupação urbana e a mineração.
4 Pela necessidade rápida de mudanças nos níveis
de produção, foi organizada uma reunião, na qual
discutiu-se os passos futuros e a forma de utiliza-
ção e exploração dos recursos naturais. Esse pro-
tocolo foi assinado em 1997 e previa a redução
das taxas de emissão dos gases que contribuem
para o efeito estufa (cerca de 5,2% em relação
aos níveis de gases nocivos ao ambiente em
1990, essa redução tem que dar entre 2008 e
2012). Contudo, Estados Unidos, principal emis-
sor de gases no mundo, não ratificou o tratado.
Destacou como critério que esse protocolo ia
contra os interesses de aumento de produção e a-
largamento do setor industrial americano.
5 Normalmente o ar mais quente está próximo ao
chão devido ao aquecimento do solo. Por ser um
ar mais quente, as moléculas estão mais separa-
das e por isso se tornam mais leves e tendem a
subir. Com a formação de uma área de “vazio”, o
ar mais frio localizado na parte superior tende a
descer, formando um movimento de ar vertical,
chamado de correntes de convecção. Nos dias de
inversão térmica, a massa inferior está mais fria
(devido ao menor aquecimento do solo) determi-
nando a estagnação do movimento da massa de
ar.
Exercícios
1 C
2 D
3 D
4 C
5 B
6 D
7 E
8 D
9 E
10 B
Editora Exato 25
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BLOCOS ECONÔMICOS SUPRANACIONAIS


A multiplicação dos acordos e blocos regionais Estrutura Geopolítica da União Euro-
constitui um dos fenômenos mais marcantes do Pós- péia no Pós-Guerra Fria
Guerra Fria.
A formação de blocos supranacionais (forma-
dos por várias nações) é uma realidade presente no Islândia

plano político e econômico do mundo globalizado.


Suécia Finlândia
Esse fato torna-se cada dia mais visível, sendo mar- O ceano Noruega
Atlântico
cado pela mudança de função do Estado-nação de to- Mar
do Mar Estônia Federação Russa
talizador das decisões para mediador das decisões do N orte
Reino Dinamarca
Letônia
Irlanda Báltico Lituânia
bloco. Unido
Países Rus
Baixos Belarus
Mar
Bélgica Polônia
Alemanha Cáspio
1. UE (UNIÃO EUROPÉIA) Lux Rep. Tcheca Ucrânia
Rep. Eslovaca
França Moldova
Suíca Áustria Hungria
Histórico Eslovênia Romênia
Itália C roácia
A União Européia nasceu com a denominação Portugal
Bó snia
Herzegovina
Iugoslávia
Mar Negro
Geórgia
Armênia
Espanha Bulgária
de Comunidade Econômica Européia, ou Mercado Macedônia Turquia
(parte européia)
Albânia
Comum Europeu, durante o período marcado pela Grécia
Ásia
Núcleo da União Econômica
Guerra Fria. África e M onetária “ Primeira linha” de candidatos
à integração na UE
No ano de 1952 foi criada a comunidade do Estados da União Européia

carvão e do aço (Ceca) entre a Alemanha e a França


(inimigas históricas), esse foi o primeiro passo de Organização Interna
concretização de um bloco europeu. Conselho de Ministros – Órgão máximo da
No ano de 1957, pela Conferência de Roma, União Européia, formado por representantes de todos
foi criado o Mercado Comum Europeu, formado por os países membros (ministros dos setores), determina
seis países: Alemanha, Itália, França e os países do as decisões mais importantes do bloco. A distribuição
Benelux (Bélgica, Holanda e Luxemburgo). dos votos é determinada a partir de uma configuração
No ano de 1973, vislumbrando o crescimento demográfica:
do Mercado Comum Europeu, o Reino Unido resol- Comissão Européia – instituição responsável
veu integrar o bloco, juntamente com a Dinamarca e pela administração e gestão da União Européia;
a Irlanda. A adesão do Reino Unido representou a Comitê Econômico e Social – presta consulto-
completa integração da comunidade ao Oidente, lide- ria à Comissão Européia;
rado pelos Estados Unidos, pois Londres era o prin- Tribunal de Justiça e Tribunal de Contas – ava-
cipal aliado de Washington. lia ações e tratados da Comissão, e a segunda avalia
No ano de 1982, houve o ingresso da Grécia. as receitas e os gastos da Comissão;
No ano de 1986, foi instituído o Ato Único, o Parlamento Europeu – instituição que controla
qual determinava as bases para a futura União Euro- as ações da Comissão Européia.
péia, nesse mesmo ano ingressaram os países Ibéri- Cada país possui total soberania para determi-
cos, Portugal e Espanha. nar suas políticas sociais e econômicas internas.
Na Holanda, mais precisamente na cidade de Características
Maastricht, foi desenvolvida uma reunião que mudou  Livre circulação de mercadorias, capitais e
os rumos da integração européia. O Tratado de Maas- serviços;
tricht foi assinado em fevereiro de 1992, entrando em  Livre circulação de pessoas, ampliando o
vigor no final de 1993, alterando o termo Comunida- conceito de cidadania européia, facilitando
de Econômica Européia para União Européia. o acesso ao trabalho e moradia a um dos
Com o fim da Guerra Fria houve, o ingresso de países membros; os cidadãos europeus ga-
três países destacados como neutros, Áustria, Suécia nharam o direito ao voto e a se candidatar
e Finlândia, no ano de 1995. às eleições municipais e ao Parlamento Eu-
Países como a Suíça e a Noruega, a partir de ropeu em qualquer país membro;
plebiscito interno, decidiram não ingressar na União Com exceção do Reino Unido e da Irlanda, to-
Européia, tornando-se exceções dentro da parte oci- dos os demais países membros do Bloco Econômico
dental da Europa. se comprometeram a abolir as barreiras para a circu-
lação de pessoas num prazo de cinco anos, a partir de
1997.

Editora Exato 26
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 Criação da Justiça Comum; Composição do ECU


(percentual de cada moeda)
 Desenvolvimento e melhoria das áreas me-
Coroa (DIN)
nos desenvolvidas; 2,52
 Estabelecimento de planejamento ambiental
Marco (ALE) Libra (G BR)
conjunto; 30,60 12,22
 Criação de um exército comum;
 Busca de desenvolvimento de uma política Escudo (PO R) 0,80
externa comum;
Florim (HO L)
 Formulação de uma política agrícola co- 9,56
mum (PAC);
Dracma (G RE) Franco (LUX) 0,31
Atualmente o mercado comum pode ser deno- 0,57
minado de União Econômica e Monetária, por causa Peseta (ESP) Lira (ITA) 9,83
da concretização do Euro. 5,29 Libra (IRL) 1,12
Franco (FRA) 19,32

Comério interno na U.E.


Fonte ONU, 2002
dia Alemanha B
Finlân élg Aspectos recentes
ia ica
éc O Encontro dos 15 atuais países integrantes da
Su
54,1
62,1

Lu

União Européia em Copenhague (Dinamarca) em de-


4 5 ,8
5 1 ,3

xe
72 3

mb
rca

5 5 ,3

zembro de 2002 foi histórico. Nessa reunião foi deci-


,
,8
75
54
,3

ur
ma

go

,1
6 1 ,5 dido o ingresso de 10 países no grupo efetivo do
a

5 2 ,8 80
Din

5 4 ,2 Bloco. Os dez países que foram aprovados ingressa-


Itália

5 9 ,1 rão no Bloco a partir do início de 2004, sendo favo-


5 7 ,7
recidos pelo aumento do fluxo comercial, pelos altos
anda

64,3 U.E. 65,9


investimentos e pela possibilidade de circulação da
Áustria

76,7
67,8
ha Hol

64 população pelos países em que vigora a livre circula-


6 4 ,1
,7
5 1 ,6 ,3 ção de pessoas.
56
tan

G ré

7
6 9 4 ,0 A Cortina de Ferro caiu a 10 anos, mas só ago-
Bre

,2
7 0 ,9

cia
7 4 ,7

ra os países do antigo bloco soviético estão sendo


5 9 ,9
,9
66
-

5 8 ,1
ã

63 ,0
Gr

a ug
Po
rt admitidos à principal mesa política e econômica da
nd
Irla l E
spanh
a
Europa, ao lado do Chipre e de Malta. Existiu nessa
França a
reunião a formação de dois grandes grupos, de um
lado os donos das carteiras mais recheadas da União
exportações
Européia, liderados pela Alemanha, que não querem
importações
pagar mais do que o necessário, principalmente em
tempos de crise. Do outro lado da moeda, estão os
Euro mais novos, beneficiados pelas verbas da União Eu-
A formação de uma União Econômica e Mone- ropéia, como o caso da Polônia, que querem fazer o
tária foi determinada como um dos pilares centrais de melhor negócio possível para favorecer e mecanizar
desenvolvimento do bloco, desde o Tratado de Maas- os sistemas agrícolas, a fim de gerar competitividade
tricht. A moeda única, intitulada de EURO, passou a no novo mercado. A Cúpula da União Européia tem à
circular gradativamente no dia 1º de janeiro de 1999 frente outras importantes decisões sobre Bulgária e
(normalmente ligada a trocas bancárias). Em escala Romênia, que provavelmente terão o ingresso apro-
mundial, ocorreu no início do ano de 2002, quando vado no Bloco no ano de 2007 e sobre a Turquia, que
também foi criado o banco central europeu (Alema- há vários anos solicita a entrada no Bloco, mas não
nha). A moeda única não foi adotada por todos os pa- consegue resolver o grave problema interno sobre as
íses do bloco. reformas nos direitos humanos.
Países como o Reino Unido, a Dinamarca e a Os dez novos países integrantes do Bloco são:
Suécia aguardam a segunda fase do euro, para verifi-  Letônia
car como ficará o desdobramento da adoção da moe-  Estônia
da única. Portanto, não são todos os países que  Lituânia
ingressaram na União Econômica e Monetária.  República Tcheca
 Eslováquia
 Polônia
 Hungria

Editora Exato 27
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 Malta Fatores Negativos


 Chipre Uma das características marcantes desse bloco
 Eslovênia supranacional são as disparidades, embora integrem a
2. NAFTA mesma região geoeconômica. Essas diferenças se en-
quadram no campo político, social, histórico, mas é
O Acordo de Livre Comércio da América do principalmente no campo econômico que as discre-
Norte (North American Free Trade Agreement) é pâncias são mais visíveis.
comumente conhecido como Nafta. Esse acordo, as- No México, no mesmo ano em que foi efetiva-
sinado em 1992, foi o primeiro feito concreto do Pla- do o Nafta, ocorreu uma forte crise (crise de super-
no de Iniciativa para as Américas. O acordo entrou consumo), o que levou a um aumento do índice de
em vigor no ano de 1994. O Bloco tem como mem- desemprego no país. Outro fato verificado foi a não
bros países da América Anglo-Saxônica e desenvol- ocorrência da redução da entrada de imigrantes legais
vidos (Estados Unidos e Canadá) e um país da e na sua maioria ilegais para o território dos Estados
América Latina e subdesenvolvido (México). Unidos.
5. MERCOSUL
Alasca (EUA)
Nafta
Círculo Polar Ártico O Mercado Comum do Sul é formado por qua-
tro países da América do Sul, Brasil, Argentina, Uru-
guai e Paraguai. É um mecanismo típico da Nova
Canadá Ordem Internacional, marcada pela revolução técni-
O ceano Pacífico
co-científica e pela formação econômica em blocos
Tró
supranacionais.
p ico Estados Unidos O ceano Atlântico
de
cân
Histórico de Formação
cer A base inicial da busca de uma integração na
região foi a criação da Associação de Livre Comércio
México
(Alalc). Essa associação foi criada pelo tratado de
Montevidéu em 1960. Tinha como meta uma ampla
integração e uma zona de livre comércio. Na década
3. CARACTERÍSTICAS DO BLOCO
de 70 as principais metas não tinham sido cumpridas
 Livre circulação de mercadorias; e o tratado caracterizou-se como um fracasso.
 Livre circulação de capitais; A partir da constatação do fracasso da Alalc,
 Diminuição progressiva das tarifas alfande- foi instituída a Aladi (Associação Latino Americana
gárias; de Desenvolvimento e Integração) no ano de 1980.
 Fortalecimento do bloco comum; Com metas menos pretensiosas e maior autonomia
 Não permissão da livre circulação de pes- dos Estados nas decisões, esse acordo tomou propor-
soas. ções favoráveis nas relações econômicas. Contudo, a
crise que assolava os países subdesenvolvidos na dé-
4. FATOS IMPORTANTES
cada de 80 impossibilitou o desenvolvimento integral
Os Estados Unidos buscaram transferir as in- dessa associação.
dústrias de base, que normalmente empregam uma O Mercosul nasceu realmente da integração de
maior quantidade de mão-de-obra para o México, a acordos bilaterais entre os dois principais parceiros
fim de reduzir as taxas de imigração. do bloco — Brasil e Argentina. Esses acordos inicia-
Outro fato importante dessas indústrias é a re- ram na década de 80, logo após a democratização
dução da poluição no território norte-americano (di- desses países. Passaram de regimes ditatoriais para
minuição da pressão internacional). governos democráticos.
Aumento da liberalização de importações pelo O primeiro grande encontro foi entre o presi-
governo mexicano, um dos pilares da crise em 1994. dente José Sarney (Brasil) e Raul Alfonsín (Argenti-
Fatores Positivos na) em 1985.
Aumentou a potencialidade econômica de to- No ano seguinte, foi assinado um Programa de
dos os membros no comércio internacional, pois am- Integração e Cooperação Econômica (Pice). Esse
pliou o comércio intra-regional, favorecendo a programa tinha como meta acordos relacionados ao
criação de empresas nacionais e a modernização das setor industrial, baseado em uma integração gradual.
empresas já existentes, sobretudo as transnacionais. No ano de 1988, já estava sendo discutido en-
tre os dois países (Brasil e Argentina), o plano da u-

Editora Exato 28
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nião aduaneira (redução de taxas alfandegárias) e a Destaque dos Países Membros


criação de uma zona efetiva de livre comércio.
Em julho de 1990, os novos governos dos dois
países (Fernando Collor - Brasil e Carlos Menem -
Argentina) resolveram acelerar a integração e redu- 0º
ção de tarifas alfandegárias (ACE-14) até a total eli-
minação. Essa reunião serviu para moldar o futuro Brasil
Mercosul.
No ano de 1991, foi estabelecido o Tratado de 20º
Assunção, o qual consolidava como meta de início 23º 27’ Paraguai
efetivo do bloco o ano de 1995. Nessa mesma reuni- O ceano
ão houve a adesão do Uruguai e do Paraguai, que Uruguai
Pacífico O ceano
Argentina
completaram o contorno geopolítico do Mercosul. Atlântico
Características
 União aduaneira;
80º 70º 50º 30º
 Bloco econômico sub-regional, submetido à
influência da nova política externa norte- Países integrantes do
americana; Mercosul
 Busca a integração e desenvolvimento eco-
nômico, baseado nas trocas comerciais, de URUGUAI: destaque na agroindústria, princi-
bens e serviços; palmente grãos, laticínios e carne.
 É um bloco Sul — Sul; ARGENTINA: cereais (5º do mundo), carne, e
 O Mercosul não tem a pretensão no mo- setor industrial (atrelado ao brasileiro).
mento de formar uma comunidade de na- BRASIL: destaque para a indústria (país mais
ções, busca sim a formação de um forte industrializado do bloco).
mercado comum; PARAGUAI: setor agrícola (sem grandes des-
 Guardam trações culturais comuns; taques).
 Países centrais do bloco (Brasil e Argenti- Relação do Chile e Bolívia com o Mer-
na), países secundários (Paraguai e Uru- cosul
guai); O Chile é um país que já foi convidado a in-
 Os países do Mercosul integram a região gressar no Mercosul, contudo esse país nunca se
platina (região onde se concentram as áreas mostrou muito aberto à integração em um bloco sub-
mais desenvolvidas do bloco); regional. A economia chilena é muito mais aberta
 TEC (tarifa externa comum), imposto co- que as economias dos países do Mercosul, o Chile
mum de importação. possui também uma forte integração econômica com
Problemas Entre Eles os Estados Unidos e com países do Pacífico, o que
 Diferença dos níveis de desenvolvimento torna ainda mais difícil sua integração efetiva.
dos países membros; A Bolívia possui uma economia muito mais
 Código de defesa do consumidor brasileiro; fraca que a economia chilena. Contudo se tornou um
 Impasse acerca da política agrícola; ótimo parceiro na questão energética, sobretudo com
 Protecionismo dos países (inclusive o Bra- o Brasil (fornecimento de gás natural). A integração
sil); efetiva é dificultada pelo aspecto primordial presente
 Dificuldade de manutenção de um equilí- na ata do Tratado de Assunção, que não permite a en-
brio econômico. trada de países já pertencentes a outro bloco, como é
o caso da Bolívia, que já está associada ao Pacto An-
dino.
Mesmo não sendo efetivamente integrantes do
Mercosul, esses países apresentam uma relação forte
com o bloco, tornando-se parceiros importantes e
participantes indiretos do Mercado Comum do Sul. O
Mercosul tem a meta de integrar todos esses países,
formando um bloco mais forte, com todos os mem-
bros do Cone Sul.

Editora Exato 29
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Outros Destaques O atual presidente do Brasil, Luis Inácio Lula


Destaque no setor de transportes: Hidrovia do da Silva, tem como um dos seus principais objetivos
Mercosul (Bacia do Prata), Rodovia sul-americana na política externa ampliar as relações do Mercosul
(São Paulo- Buenos Aires) e Ferrovia do Mercosul tanto com os seus membros, quanto com parceiros
(interligando as principais cidades e portos dos países externos, como no caso da União Européia.
membros). 6. ALCA
Problemas Atuais no Mercosul
Atualmente os principais problemas enfrenta- A iniciativa para as Américas caracteriza-se
dos pelo bloco são a crise na Argentina e a pressão por ser mais que um plano de formação de um mega
por parte dos Estados Unidos. bloco comum. Ela espelha o interesse político e eco-
Com a queda brusca da balança comercial, e a nômico dos Estados Unidos na Nova Ordem Mundi-
fim de proteger o mercado produtivo interno (indús- al, no que se refere sobretudo à organização do
tria e comércio), a Argentina passou a aumentar as ta- comércio internacional. Depois da Guerra Fria, etapa
rifas de importação, inclusive para os membros do histórica na qual o continente europeu desempenhava
Mercosul. Isso propiciou uma crise nas bases do Blo- papel centralizador dos investimentos e interesses e-
co. conômicos norte-americanos, Estados Unidos passou
O Estabelecimento de um plano econômico na a modificar seu enfoque geopolítico central. Houve a
Argentina (Plano Cavallo), que estabelecia a equipa- retomada da Doutrina formulada pelo presidente nor-
ração do dólar com a moeda nacional (peso), deter- te-americano, James Monroe (Doutrina Monroe), em
minando que o governo só poderia emitir moeda a 1823, “América para os Americanos”. Esse plano de
partir das reservas em dólar. A valorização gerada política externa foi o pilar central até a II Guerra
pela equiparação fez com que a balança comercial Mundial e está sendo retomado agora como alavanca
argentina sofresse uma queda fortíssima (se o peso para o desenvolvimento e integração concreta do se-
vale mais que outras moedas, todos irão comprar gundo maior continente da terra.
produtos importados). A Iniciativa para as Américas foi lançada em
A Argentina atravessou no início do século junho de 1990, pelo então presidente norte-americano
uma das piores crises econômicas da sua história. George Bush, estabelecendo uma zona de livre co-
Durante os anos 2000 e 2001, ela não conseguiu e- mércio que abrangeria terras desde o Alasca até a ter-
quilibrar sua balança comercial, a produção interna ra do fogo.
decresceu em função da diminuição da procura por Os Estados Unidos, através da ALCA (área de
produtos nacionais, ocorreu uma queda nos investi- livre comércio das Américas), têm como objetivo
mentos externos, pelo receio do não pagamento das impedir que o amplo mercado da América Latina in-
compras e dos empréstimos, ocorrendo em função tensifique suas relações com a poderosa e consolida-
desses fatores um aumento violento nos índices de da União Européia.
desemprego no país. Essa crise na Argentina repercu- Esse plano tinha como metas o aumento do
tiu intensamente no Mercosul, impossibilitando um fluxo de investimentos nos países da América Latina,
crescimento no Bloco. Para que a Argentina e o Mer- maior abertura de mercados e rediscussão das dívidas
cosul possam voltar a crescer é necessário que a Ar- externas desses países, buscando com isso a forma-
gentina desenvolva um plano de contenção de gastos ção efetiva de um bloco econômico integrado sobre a
públicos, aliado a uma política de emprego e cresci- esfera dos Estados Unidos.
mento econômico, para que o mercado internacional,
principal investidor possa retornar com o seu capital
para gerar um aquecimento na economia, possibili-
tando assim a estabilidade econômica.
Os Estados Unidos querem implantar, no mais
tardar até 2005, seu plano de integração das Améri-
cas (Alca). Contudo a meta principal desse plano é a
hegemonia norte-americana sobre as decisões. Com
isso, torna-se clara a insatisfação norte-americana
com blocos internos (é mais fácil discutir com um pa-
ís do que com um bloco). Mas a visão do Mercosul
(principalmente do Brasil) é ingressar na Alca como
um bloco, para ter mais poder de decisão do contexto
geopolítico.

Editora Exato 30
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Blocos econômicos da Américas 9. LEITURA COMPLEMENTAR


Os subsídios e a ALCA
Alasca Mais uma vez os Estados Unidos atropelam
Canadá
sua pregação em favor das liberdades comerciais e
abertura dos mercados. O Senado e a Câmara de Re-
presentantes acabam de acertar a aprovação de US$
Estados Unidos 4,5 bilhões anuais como subsídios à agricultura. A
dotação vai vigorar pelos próximos seis anos. Agra-
México va-se, assim, a violação costumeira às regras exigidas
Cuba
Jamaica
Haiti
Rep. Dominicana
pela Organização Mundial de Comércio (OMC) con-
Guatemala
El Salvador
Honduras
Venezuela forme as decisões da Rodada Uruguai, do extinto
Nicaragua G uiana
Costa Rica Suriname Acordo Geral de Tarifa e Comércio
Panamá Colômbia Guiana Francesa
Equador
(Gatt).Washington, eis a ironia, foi dos parceiros que
Países do
mais trabalharam em favor do pacto.
NAFTA
Peru Brasil O favorecimento aos agricultores equivale ao
Países do
Bolívia fechamento do mercado norte-americano à concor-
Mercado Comum
Centro-americano O ceano Chile
Paraguai
O ceano
rência internacional. Fere em particular os interesses
Pacífico Atlântico dos fornecedores tradicionais de gêneros e insumos
Uruguai
Países do
Pacto Andino
Argentina alimentícios. O Brasil se insere como principal preju-
dicado na América Latina. É impossível competir em
Países do
Mercosul área onde a formação de preços não resulta do livre
jogo capitalista, mas da pressão baixista dos subsí-
dios.
7. APEC
Mais grave é que a eventual exportação de
A Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífi- mercadorias produzidas com o suporte de subsídios
co não configura teoricamente um bloco supranacio- caracteriza-se como dumping, prática que os EUA
nal, visto que não é regulamentada por nenhum consideram uma das formas mais ultrajantes de com-
tratado entre os Estados membros, caracterizando-se petição desleal. Por isso mesmo, quando decidem
como uma área de integração por investimentos. proteger segmentos obsoletos de sua indústria, sobre-
Características: tudo a siderurgia, recorrem a acusações de dumping
 Forte fluxo comercial interdependente; para barrar importações. O Brasil é uma das princi-
 Transferência de capital; pais vítimas de expedientes do gênero. A imposição
 Transferência tecnológica; recente de sobretaxas causará às siderúrgicas brasilei-
 Aumento das relações inter-regionais; ra frustração de faturamento da ordem de US$ 410
 Não possui limites geográficos; milhões anuais.
 Principal líder é o Japão. As estatísticas disponíveis mostram que os
subsídios do governo norte-americano a produtores
8. TIPOLOGIA DOS TRATADOS ECONÔMI- agrícolas chegaram a US$ 32 bilhões em 2000. Ano
COS REGIONAIS passado foram bastante superiores, embora se ignore
Tipologia dos tratados econômicos regionais ainda em que bases percentuais. Qualquer que seja a
Zona de União Mercado União e- previsão de gastos na rubrica orçamentária do ano
comércio Aduanei- comum conômica corrente e seguinte, sabe-se que será acrescida de
livre ra e monetá- US$ 4,5 bilhões até 2007.
ria Dentro dos próprios Estados Unidos, econo-
Mercado- Livre cir- Livre cir- Livre cir- Livre cir- mistas e especialistas em integração econômica não
rias culação culação culação culação atinam de que forma o presidente George W. Bush
Tarifa ex- Definida Imposto Imposto Imposto pretende obter a solidariedade dos parceiros para a
terna por cada comum comum comum formação da Área de Livre Comércio das Américas
país (Alca). Ele quer vê-Ia em funcionamento em 2005.
Capitais, Regras Regras Livre cir- Livre cir- Mas barreiras alfandegárias, subsídios a produtores,
serviço e nacionais nacionais culação culação
uso matreiro das acusações de dumping e outras hi-
pessoas
Moeda Nacional Nacional Nacional Comuni-
póteses protecionistas impedem a livre concorrência.
tária E não há maneira de alcançar livre intercâmbio
comercial entre países soberanos sem competição a-

Editora Exato 31
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berta. Isenta de restrições o projeto que aumenta. Os 2 Dentre as características abaixo referente à União
subsídios e a Alca. Européia, marque:
(visão. In: Correio Brasiliense. 29/4/2002) a) A União Européia foi concretizada em 1993,
com a finalização do acordo de Maastricht.
ESTUDO DIRIGIDO b) A União Européia é um bloco recente e con-
centra apenas países subdesenvolvidos.
1 Determine quais foram as principais decisões c) Com a criação da União Européia houve o
decretadas no Tratado de Maastricht. crescimento da dependência econômica e tec-
nológica para com seu maior aliado, os Esta-
2 A União Européia atualmente é o principal bloco dos Unidos.
econômico do mundo, possui uma estrutura inve- d) O EURO, moeda da União Européia, foi im-
jada e um PIB que ultrapassa os Estados Unidos. plantado a partir de 2001, ano em que todos os
Possui uma estrutura política, social, econômica e países da Europa ingressaram no bloco.
financeira comum, o que o torna realmente um d) Esse bloco faz trocas de bens, comércio e
bloco de integração européia. Destaque as princi- serviços e se caracteriza como uma União
pais características da União Européia, explican- Aduaneira.
do por que hoje ela pode ser chamada de União ( ) Todas as respostas corretas.
Econômica e Monetária. ( ) Apenas a “a” é correta.
a) Explique a forma de troca de bens, serviços e ( ) a, b e c são corretas.
capital no bloco. ( ) a, b e d são corretas.
b) Como é desenvolvida a política agrícola e o ( ) Todas são incorretas.
comércio internacional.
c) Como é a circulação de pessoas e os direitos 3 São países do Mercosul, exceto:
políticos. a) Paraguai.
d) Por que hoje pode ser chamada de União Eco- b) México.
nômica e Monetária. c) Uruguai.
d) Brasil.
3 Determine qual a relação do Chile e da Bolívia e) Argentina.
com o Mercosul.
4 Os Estados Unidos estão buscando concretizar o
4 O que vem a ser e quando foi criada a ALCA. mais rápido possível a criação da Área de Livre
Comércio das Américas – ALCA. Por parte dos
Estados Unidos as primeiras atividades já seriam
5 Por que podemos dizer que a APEC ainda não se iniciadas a partir de janeiro de 2000. Contudo o
constitui um bloco econômico pleno? restante dos países decidiu adiar esse início para
poderem melhor se adaptar as mudanças propos-
tas. Sobre a ALCA, responda com V (verdadei-
EXERCÍCIOS ras) e F (falsas) às questões abaixo:
1 Norte – Estados Unidos, Canadá e México, dois
1 A ALCA terá a participação de todos os países
do continente americano.
deles desenvolvidos e um subdesenvolvido. Pos-
sui como uma das características mais importan-
2 Os Estados Unidos possuem interesse direto na
AlCA, porque aumentariam as exportações pa-
tes a proibição da livre circulação de pessoas.
ra os países americanos, assim como ocorreu
Dentre o conjunto de blocos econômicos abaixo,
com o México.
qual o bloco que está sendo destacado.
a) União Européia.
3 O temor de perda do mercado americano para
a União Européia também determina a pressa
b) Nafta.
dos Estados Unidos na implantação do projeto.
c) Mercosul.
d) ALCA.
4 Embora seja o maior beneficiado, os Estados
Unidos perderão a condição de líder das Amé-
e) APEC.
ricas, pois em um bloco econômico todos os
países possuem o mesmo poder.
5 O plano dos Estados Unidos é se unir ao Mer-
cosul, dando continuidade às atividades.

Editora Exato 32
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5 Dentro da esfera da organização socioeconômica Atualmente o mercado comum pode ser deno-
da América do Sul o bloco econômico que mais minado de União Econômica e Monetária, por causa
se destaca é o Mercosul. Esse bloco possui países da concretização do Euro.
considerados efetivos, países esses que foram a) A troca de bens, capital e serviços é livre de
fundadores do bloco e determinam quais as re- tributação e impostos.
gras e diretrizes, e países associados, que possu- b) O bloco busca desenvolver todas as compras
em uma relação importante com os países externas e a produção agrícola em conjunto, buscan-
efetivos, contudo não seguem todas as regras de- do com isso reduzir os custos e ampliar os lucros.
terminadas pelo bloco econômico. Assinale a op- c) Todas as pessoas que vivem em países inte-
ção correta, que determina os dois países grantes da União Européia são consideradas cidadãos
associados do Mercosul: europeus. Esse fato determina que possam circular
a) Colômbia e Venezuela. pelos países e influenciar, com ressalvas, a política
b) Brasil e Argentina. dos países integrantes.
c) Colômbia e Chile. d) Porque eles adotam a mesma moeda, o EU-
d) Chile e Bolívia. RO.
e) Venezuela e Bolívia.
3 O Chile é um país que já foi convidado a ingres-
sar no Mercosul, mas esse país nunca se mostrou
muito aberto à integração em um bloco sub-
GABARITO
regional. A economia chilena é muito mais aberta
Estudo Dirigido que as economias dos países do Mercosul, o Chi-
le possui também uma forte integração econômi-
1 Na Holanda, mais precisamente na cidade de ca com os Estados Unidos e com países do
Maastricht, foi desenvolvida uma reunião que pacífico, o que torna ainda mais difícil sua inte-
mudou os rumos da integração européia. O Tra- gração efetiva. A Bolívia possui uma economia
tado de Maastricht foi assinado em fevereiro de muito mais fraca que a economia chilena. Entre-
1992, entrando em vigor no final de 1993, alte- tanto se tornou um ótimo parceiro na questão e-
rando o termo Comunidade Econômica Européia nergética, sobretudo com o Brasil (fornecimento
para União Européia. de gás natural). A integração efetiva é dificultada
2 pelo aspecto primordial presente na ata do Trata-
 Livre circulação de mercadorias, capitais e do de Assunção, que não permite a entrada de pa-
serviços; íses já pertencentes a outro bloco, como é o caso
 Livre circulação de pessoas, ampliando o da Bolívia, que já está associada ao Pacto Andi-
conceito de cidadania européia, facilitando no. Todavia mesmo não sendo efetivamente inte-
o acesso ao trabalho e moradia a um dos grantes do Mercosul, esses países apresentam
países membros; os cidadãos europeus ga- uma relação forte com o bloco, tornando-se par-
nharam o direito ao voto e a se candidatar ceiros importantes e participantes indiretos do
às eleições municipais e ao Parlamento Eu- Mercado Comum do Sul. O Mercosul tem a meta
ropeu em qualquer país membro; de integrar todos esses países, formando um blo-
Com exceção do Reino Unido e da Irlanda, to- co mais forte com todos os membros do Cone
dos os demais países membros do Bloco Econômico Sul.
se comprometeram a abolir as barreiras para a circu- 4 A Iniciativa para as Américas caracteriza-se por
lação de pessoas num prazo de cinco anos, a partir de ser mais que um plano de formação de um mega
1997. bloco comum. Ela espelha o interesse político e
 Criação da Justiça Comum; econômico dos Estados Unidos na Nova Ordem
 Desenvolvimento e melhoria das áreas me- Mundial, no que se refere sobretudo à organiza-
nos desenvolvidas; ção do comércio internacional. Depois da Guerra
 Estabelecimento de planejamento ambiental Fria, etapa histórica na qual o continente Europeu
conjunto; desempenhava papel centralizador dos investi-
 Criação de um exército comum; mentos e interesses econômicos norte-
 Busca de desenvolvimento de uma política americanos, os Estados Unidos passou a modifi-
externa comum; car seu enfoque geopolítico central. Houve a re-
 Formulação de uma política agrícola co- tomada da Doutrina formulada pelo Presidente
mum (PAC); norte-americano, James Monroe (Doutrina Mon-
roe), em 1823, “América para os Americanos”.

Editora Exato 33
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Esse plano de política externa foi o pilar central


até a II Guerra Mundial e está sendo retomado
agora como alavanca para o desenvolvimento e
integração concreta do segundo maior continente
da terra.
A Iniciativa para as Américas foi lançada em
junho de 1990, pelo então presidente norte-americano
George Bush, estabelecendo uma zona de livre co-
mércio que abrangeria terras desde o Alasca até a ter-
ra do fogo.
5 A Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico
não configura teoricamente um bloco suprana-
cional, visto que, não é regulamentada por ne-
nhum tratado entre os Estados membros,
caracterizando-se como uma área de integração
por investimentos.
Exercícios
1 B
2 D
3 B
4 E, C, C, E, E
5 D

Editora Exato 34
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GLOBALIZAÇÃO
1. FORMAÇÃO DO CONCEITO ção européia já havia se consolidado novamente, não
necessitando de tantos produtos vindos da América.
A Globalização se caracteriza por buscar reali- Os Estados Unidos, presenciando um clima de inse-
zar uma integração cultural, comercial, política e so- gurança e recessão, colocaram em prática um plano
cial, buscando uma maior integração mundial, denominado de Welfare State (estado do bem-estar
intensificando assim os fluxos econômicos e finan- social). A intervenção do Estado na economia ocor-
ceiros em nível internacional. A utilização do concei- reu a partir da produção de empregos (construção de
to é recente, embora, as trocas comerciais em nível rodovias, ferrovias, hidroelétricas…) para que a po-
internacional existam desde as grandes navegações, pulação continuasse inserida no mercado de consu-
demonstrando que a geografia política atual é fruto mo, fazendo com que a economia não entrasse em
desse processo. recessão.
2. ORDEM MUNDIAL Década de 1980 - Novos Ramos e
Monopolar: Reino Unido da Grã Bretanha. Transferência da Dívida
Século XVIII e XIX. Nesse período, a hegemonia Na década de 1980, o governo Reagan adotou
mundial era determinada por essa potência a partir do uma política contraditória, em que diminuiria os im-
domínio industrial e marítimo. postos, ao mesmo tempo aumentaria os juros. Essa
Bipolar: o mundo era marcado por dois gran- política foi apoiada no dólar moeda nacional e tam-
des grupos militares, políticos, econômico e ideológi- bém de troca internacional. A política embasava-se
cos: Capitalismo (líder EUA) e Socialismo (líder na transferência da dívida interna ocasionada pela
URSS), os quais ditaram as regras mundiais durante corrida armamentista, perda nas exportações e déficit
toda a Guerra Fria, proporcionando a bipolaridade público para os países subdesenvolvidos que solicita-
mundial. vam empréstimos, uma vez que, ficaram condiciona-
Multipolar: com a fragmentação da União dos a pagar os juros dessas dívidas, favorecendo o
Soviética e mudança do contexto econômico da Chi- enriquecimento dos países credores, principalmente
na, países caracterizados como os mais fortes da he- os Estados Unidos.
gemonia socialista, o mundo atravessou um período 4. FATORES GEOPOLÍTICOS DA GLOBALI-
de divisão entre as potências, proporcionando a evo-
ZAÇÃO
lução global para multipolar. Esse período também
marcou uma diminuição do poder quase absoluto dos  Queda do Muro de Berlim;
Estados Unidos, acarretando a divisão desse poder  Reunificação da Alemanha;
com países que emergiam na nova conjuntura como  Fragmentação da União Soviética e fim da
líderes mundiais, como o Japão (líder na região do cortina de ferro;
pacífico) e a Alemanha (líder na Europa), ocasionan-  Democratização dos países do Leste euro-
do uma maior dinâmica econômica no mundo con- peu;
temporâneo. Atualmente buscam se desenvolver  Fragmentação da Iugoslávia.
áreas de influência a partir de blocos econômicos.
5. CARACTERÍSTICAS GERAIS DA GLOBA-
3. CARACTERÍSTICAS HISTÓRICAS LIZAÇÃO
Década de 1950 e 1960 - Crescimento Econô- Maior fluxo comercial (informatização
mico
do processo produtivo)
Nesse período houve um forte crescimento de
O aumento do fluxo comercial é uma realidade
produção nos Estados Unidos, acarretado pela neces-
clara dentro da Globalização e um dos enfoques prin-
sidade de abastecer os mercados europeus. A II Guer-
cipais do apoio a esse sistema é o aumento das trocas
ra Mundial havia ocasionado uma destruição de
comerciais, que estão sendo muito facilitadas e dina-
vários parques industriais na Europa, o que propiciou
mizada pela rapidez na informação.
o crescimento substancial da produção industrial nos
Estados Unidos, que possuem um amplo parque in- Neoliberalismo
dustrial e uma grande reserva financeira. Abertura econômica de um determinado país
Década de 1970- Crise e Welfare State ao capital externo, essa abertura ocorre muitas vezes
por imposição de países credores, que influenciam
O clima de euforia e superprodução das déca-
nas decisões de privatizações e diminuição dos gastos
das de 1950 e 1960 diminuem muito na década de
1970, no sentido de que o grande mercado de produ-
Editora Exato 35
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públicos, a partir do fornecimento de ajuda financei- empresariais. Cidades como Nova York, Paris e São
ra. Paulo possuem essa configuração geopolítica.
Desigualdade Regional e Mundial Formação de Blocos Econômicos
Há desigualdades sociais e econômicas tanto Esses blocos econômicos são baseados sobre-
na conjuntura global, ou seja, ordem de países (ricos, tudo em formação de pólos de poder, baseados na
pobres, intermediários), quanto na escala regional. concentração da economia:
Em um mesmo país, muitas vezes destacado como  Bloco econômico americano;
desenvolvido, existem áreas com características típi-  Bloco econômico japonês;
cas de países subdesenvolvidos, o que demonstra que  Bloco econômico europeu.
a globalização da economia não possibilita um cres-
cimento homogêneo nem dentro do mesmo país América UE
do Norte (Alemanha)
quanto mais em nível mundial. (EUA)
O Estado Tornou-se Mediador Econô- Pacífico
(Japão e Tigres)
mico e Político
Na globalização moderna, o Estado está per-
dendo força em relação aos Blocos Econômicos, de-
terminando seu grau de atuação na concretização de
planos e realização de metas a serem alcançadas pelo
bloco. Os Estados membros tendem a desenvolver os
mecanismos para a concretização das uniões comer-
ciais, políticas e sociais.
Crescimento das Transnacionais
O Crescimento das transnacionais se deu pelo Maior Intercâmbio Cultural
aumento considerável do fluxo econômico global. Com o desenvolvimento do setor tecnológico
Essas empresas, através da dinâmica financeira, bus- (computação, comunicação), as relações culturais fi-
caram novas áreas de fixação empresarial, baseando- caram mais rápidas, atualmente o fluxo de informa-
se em alguns fatores como: ções que é passado para a população é muito mais
 Presença de um mercado consumidor; dinâmico, o que ocasiona mudanças ainda mais rápi-
 Estabilidade política; das no território. Apesar disso, ainda existe uma
 Incentivos fiscais. grande parcela da população fora desse contexto, esse
Esses fatores, aliados à necessidade dos países grupo está relacionado à população mais carente tan-
de gerar empregos, fizeram dos países subdesenvol- to nos países subdesenvolvidos quanto nos desenvol-
vidos mais estruturados peças-chave para a evolução vidos.
e proliferação de transnacionais, como no caso do
Brasil. Usuários da internet - ainda um enclave global

O círculo maior representa a população mundial;


as fatias, a sua distribuição por regiões;
as áreas mais escuras, os usuários de internet.

Estados
Unidos

Ásia meridional

Países ricos da O CDE


África subsaariana
(exceto os EUA
Países árabes
América Latina
Leste
Extremo O riente e Caribe
europeu
e Pacífico
e CEI

Usuários de internet
(portentagem da população) 1998 2000
Formação de Cidades Globais Estados Unidos 26,3 54,3
Países ricos da O CDE 6,9 28,2
Algumas cidades no mundo globalizado torna- (exceto os Estados Unidos)
América Latina e Caribe 0,8 3,2
ram-se verdadeiras metrópoles mundiais, caracteri- Extremo O riente e Pacífico
Leste europeu e CEI
0,5
0,8
2,3
3,2
Países árabes 0,2 0,6
zando-se como centros de pesquisa, locais de África subsaariana
Ásia meridional
0,1
0,04
0,4
0,4
gerenciamento, administração e instalação de sedes Mundo 2,4 6,7

Editora Exato 36
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a visão homogênea de vários critérios, como a ali-


mentação (Mcdonald’s), informática (Microsoft) e
Formação de Conglomerados vestuário (jeans). Fatores como esses exemplificam
Para aumentar o lucro empresarial, grandes que a globalização pode viver junto com a regionali-
transnacionais estão realizando megafusões (grandes zação econômica, no sentido de que essa regionaliza-
acordos e uniões), que proporcionam um alargamento ção muitas vezes auxilia na divulgação do sistema
do mercado consumidor e a possibilidade de um mai- global. O estudo da teoria econômica explica que a
or aprimoramento e evolução tecnológica do produto. formação de áreas de livre comércio em nível regio-
Maior Divisão do Trabalho nal acarreta duas conseqüências simultâneas. De um
Com a evolução do capitalismo, novos ramos lado, fluxos comerciais já existentes são redireciona-
de trabalho foram criados, em detrimento dos ramos dos, em função de políticas de eliminação de tarifas
que foram se extinguindo (“apertador de parafuso”). alfandegárias. Essa abertura determinada pela dimi-
A divisão do trabalho aprimorou o profissional dinâ- nuição e eliminação de tarifas faz com que novos
mico e bem preparado (qualificação profissional), de- produtos entrem nos mercados, estimulando a impor-
terminando para esse trabalhador especializado tação de mercadorias. O redirecionamento atua con-
grandes possibilidades de crescimento profissional. tra a globalização, enquanto o aumento de
importações é um dos agentes da globalização. Atu-
Dificuldade de Integração entre Países almente a criação de novas oportunidades é mais in-
Ricos e Pobres tensa que o redirecionamento de fluxos já existentes.
Aumentou a desigualdade social no mundo, os
países mais ricos se tornam cada vez mais ricos, en- 7. RELAÇÃO NORTE X SUL
quanto os pobres aumentam sua miséria. Esse fato
ocorre principalmente pela redução das tarifas de ex- Conflito N orte x Sul

portações, que favorecem os países desenvolvidos e


ricos, os quais exportam produtos tecnológicos; en- N orte

quanto os países mais pobres, na sua maioria agro-


exportadores, exportam menos a cada dia, devido a
fortes subsídios que os países centrais determinam na
Sul
produção interna, barateando muito o produto, geran-
do assim uma dificuldade de entrada do produto nes-
ses mercados.
A globalização determinou um aumento do
fluxo do comércio mundial, contudo a participação
dos países subdesenvolvidos, restringe-se muito ao Com a decadência do socialismo, a divisão do
fornecimento de produtos primários e matérias- espaço mundial, no final do século XX, foi entre paí-
primas. ses pobres e países ricos. A área de concentração
A maioria dos investimentos nos setores eco- quase absoluta de países pobres, também conhecidos
nômicos e sociais circulam nos países desenvolvidos, como subdesenvolvidos, é o Hemisfério Sul (exce-
apenas uma pequena parcela desses recursos se dirige ções Nova Zelândia, Austrália e Israel). o Hemisfério
aos países subdesenvolvidos, normalmente em forma Norte localiza-se a grande massa de países desenvol-
de ajuda humanitária. Segundo os dados da FAO vidos, existindo várias exceções, como os antigos pa-
(Órgão da ONU) apenas 25% dos investimentos re- íses socialista do leste europeu, que passaram para
caem sobre os países periféricos. capitalistas, abrangendo várias características de sub-
desenvolvimento. A relação entre o Norte desenvol-
6. GLOBALIZAÇÃO X REGIONALIZAÇÃO
vido e o Sul subdesenvolvido, em sua maioria, é
O processo de internacionalização do capita- bastante turbulenta pelo alto nível de exploração ge-
lismo trouxe duas tendências, a de globalizar caracte- rado, pela dependência econômica crescente e pela
rísticas culturais e meios econômicos, e formar falta de participação na conjuntura das políticas in-
mercados regionais a fim de proteger e expandir a ternacionais.
economia dos países membros. A idéia de uma soci-
8. PROBLEMAS ATUAIS DO MUNDO GLO-
edade global foge totalmente da realidade vista no
mundo, representada por diferenças étnicas, culturais BALIZADO
e territoriais, mas a tendência de formação de blocos Atualmente os dois maiores problemas que as-
econômicos não impossibilita a globalização, haja solam o mundo são o terrorismo e a violência urbana.
vista que, fatores econômicos e sociais proporcionam O terrorismo é um problema de âmbito global, sendo

Editora Exato 37
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fator de grande preocupação nos últimos anos, pelo


aumento crescente da atuação dos grupos terroristas e
pela intensidade dos ataques. O último grande ataque Organismos da ONU
terrorista ocorreu na manhã do dia 11 de setembro de
2001, quando dois prédios no centro de Manhattam UNESCO UNICEF
foram atingidos por aviões pilotados por terroristas. O NU
Esse fato demonstrou a fragilidade da sociedade pe- FMI O MS
BIRD
rante ataques dessa magnitude. Atualmente o mundo Nova
luta para diminuir a atuação desses grupos. Outro fa- York Paris O IT
tor de grande preocupação global é o aumento em es- Washington Genebra
cala rápida dos índices de violência urbana. Cada vez
mais, o mundo está condicionado ao medo, medo es-
se que transforma o espaço, determinando áreas li- CEPAL
vres de qualquer ação governamental, colocando o
cidadão comum da cidade à mercê dos bandidos. Es-
se problema é alarmante principalmente nos grandes Santiago
centros. Para combater esses problemas são necessá-
rios vários fatores, dentre os quais acarretar uma me-
lhor distribuição de renda à população, possibilitando
com isso um melhor equilíbrio social
A formação de vários conflitos étnicos, princi- OMS: Organização Mundial de saúde.
palmente em regiões da Europa (Espanha, Irlanda do OIT: Organização Internacional do Trabalho.
Norte) e regiões do Oriente Médio também tem pro- UNICEF: Fundo Mundial de Assistência à In-
porcionado grande preocupação no âmbito mundial, fância.
esses conflitos, relacionados quase sempre a questões UNESCO: Organização das nações Unidas pa-
nacionalistas, são campos férteis proliferação de gru- ra a Educação, Ciência e Cultura.
pos terroristas e extremistas, um mal que a sociedade CEPAL: Comissão Econômica das Nações U-
deve combater. Atualmente alguns conflitos têm se nidas para a América Latina.
intensificado, como no Oriente Médio e Espanha, en- Presença da ONU
quanto outros buscam a resolução através de reuniões Nos últimos anos a participação do órgão foi
amigáveis, como é caso da Irlanda. marcante, principalmente em grandes conflitos, como
a guerra do Golfo (Oriente Médio), na Iugoslávia e
9. PAPEL DA ONU na África, para onde foi enviada uma grande quanti-
A ONU (Organização das Nações Unidas) foi dade de tropas de paz. A ONU aumentou seu prestí-
fundada em 1945 (pós-II guerra mundial), foi resul- gio internacional com o início da ordem multipolar,
tado da união de várias nações, buscando desenvolver pois o fim dos dois blocos e a expansão econômica
um órgão internacional que promovesse a paz mun- de outros países acarretaram várias modificações na
dial. Embora tenha aumentado a sua presença ativa estrutura, possibilitando que a ONU atuasse de forma
em vários conflitos e programas mundiais, a ONU mais expressiva. Atualmente, o Brasil busca integrar-
apresenta uma série de problemas, como o alto grau se ao conselho permanente.
de burocracia, o elevado endividamento e a submis- Aspecto Econômico
são aos países centrais. FMI (Fundo Monetário Internacional).
Estrutra da ONU Bird (Banco Internacional para a Reconstrução
Conselho de segurança (5 membros) EUA, e Desenvolvimento).
China, Rússia, França e Reino Unido, mais 10 mem- OMC (Organização Mundial do Comércio).
bros eleitos a cada 2 anos – poder de veto. 10. LEITURA COMPLEMENTAR
Assembléia geral da ONU (representantes dos
186 países membros). China, Cuba e Coréia do Norte: em que mundo se
Tribunal Internacional de Haia (Holanda). encontram?
Secretário Geral (Kofi Anan). As profundas mudanças pelas quais passaram
os países de formação socialista na década de 1990
tornam extremamente difícil a inclusão de China,
Cuba e Coréia do Norte num grupo específico de paí-
ses.

Editora Exato 38
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Por seu nível de desenvolvimento, tanto Cuba


quanto a Coréia do Norte poderiam ser incluídos no
Terceiro Mundo (países subdesenvolvidos). Mas,
como ambos ainda mantêm um regime de cunho so-
cialista, com economia planificada, pouca presença 4 Explique qual o fator da maior divisão do traba-
de propriedade privada e regime político autoritário e lho no mundo globalizado.
centralização, poderiam ser incluídos também no que
tradicionalmente se denominava Segundo Mundo
5 Quais são os principais problemas do processo de
(dos países socialistas). No entanto, esse bloco sofreu
globalização?
profundas alterações e encontra-se atualmente em
plena transição para o capitalismo e para regimes po-
líticos democráticos – o que o torna cada vez mais EXERCÍCIOS
afastado do modelo econômico, social e político ain-
da vigente na Coréia do Norte e em Cuba. 1 Sobre a ordem mundial, analise as questões abai-
O caso da China parece ainda mais complexo. xo:
Apesar de manter um regime político socialista, esse 1 Hoje o mundo pode ser considerado como mo-
país vem, desde 1978, adotando práticas capitalistas nopolar, no sentido de que, só os Estados Uni-
na economia. Com isso, experimenta pujante cresci- dos ditam as regras.
mento econômico (cerca de 10% ao ano) e tende a 2 Durante a Guerra Fria, ou Paz armada, o mun-
firmar-se como uma potência no século XXI. Mas a- do conheceu a ordem bipolar, marcada pela
inda não é possível incluir a China entre os países de- disputa entre as duas grandes potências da é-
senvolvidos. Sua renda per capita, de apenas 600 poca – Estados Unidos e União Soviética.
dólares, aproxima-a dos países do Terceiro Mundo. 3 Com a queda do socialismo na União Soviéti-
No entanto, sua população usufrui de muitos benefí- ca, o mundo passou a conhecer a ordem multi-
cios originados da organização socialista – assistên- polar.
cia médica, educação, baixo custo de alimentação, 4 A Inglaterra, durante os séculos XVIII e XIX,
moradia, vestuário, transporte etc. Por tudo isso, o era considerada a grande potência do globo.
país não apresenta as características fundamentais do 5 No mundo atual o poder político e econômico
Terceiro Mundo, que são a grande concentração de está cada vez mais dividido entre as grandes
renda (fator de profundas desigualdades sociais) e a potências.
dependência em relação aos países desenvolvidos.
Igor Moreira. Construindo o Espaço Americano. Volume 3. p.23.
2 São fatores importantes para a ampliação da glo-
ESTUDO DIRIGIDO balização, com exceção de:
a) Queda do muro de Berlim.
1 Faça uma síntese da evolução da ordem mundial.
b) Reunificação Alemã.
c) Fim do socialismo na URSS.
2 À medida que avança a globalização da econo- d) Unificação da Iugoslávia.
mia internacional, as metrópoles que comandam e) Democratização dos países do Leste europeu.
os maiores espaços econômicos tendem a possuir
uma importância cada vez maior na geopolítica
3 São características gerais da Globalização, com
do país, se portando como um novo tipo de cida-
exceção de:
de: cidades globais.
a) Formação de Blocos Econômicos.
a) Cite dois exemplos de cidades globais e justi-
b) Maior divisão do trabalho e surgimento de no-
fique a escolha de cada um deles.
vos ramos de trabalho.
b) Quais são as características que distinguem as
c) Formação de cidades globais.
modernas cidades globais das antigas metrópo-
d) Forte atuação do Estado, possuindo cada vez
les industriais?
mais poderes pela concentração de estatais.
e) Neoliberalismo.
3 Os Estados Unidos vêm assistindo, já há algum
tempo, a um processo de perda de sua hegemonia
4 Analise as questões abaixo com V (verdadeira) e
econômica mundial. Com quem cada vez mais
F (falsas):
eles dividem esse papel e por quê?
1 Com a decadência do socialismo, a divisão a-
tual do mundo é entre países ricos e pobres.

Editora Exato 39
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2 O Hemisfério Sul concentra a maioria dos paí- líderes mundiais, como o Japão (líder na região
ses desenvolvidos do mundo. do pacífico) e a Alemanha (líder na Europa), pro-
3 O processo de internacionalização do capita- porcionando uma maior dinâmica econômica no
lismo trouxe duas tendências, a de globalizar mundo contemporâneo. Atualmente buscam se
características culturais e meios econômicos e desenvolver áreas de influência a partir de blocos
formar mercados regionais, a fim de proteger e econômicos.
expandir a economia dos países membros.
2
4 Um dos fatores negativos que trabalha contra a a) Resposta livre. As cidades globais devem
globalização é o protecionismo.
possuir uma elevada dinâmica econômica, funcionar
5 A globalização é uma característica nova, que
24 horas, elevada variedade cultural e variedade nos
iniciou no século XX.
vários segmentos da produção.
b) A Dinâmica cultural e econômica das cida-
5 Dentre os fatores geopolíticos que tem marcado o des globais.
surgimento de uma “globalização moderna”, po- 3 Acarretando a divisão desse poder com países
de se destacar, nesse contexto, que emergiam na nova conjuntura como líderes
a) os Tratados de paz no Oriente Médio, que de- mundiais, como o Japão (líder na região do pací-
monstram o caráter hegemônico da Europa fico) e a Alemanha (líder na Europa), proporcio-
nessa parte do mundo. nando uma maior dinâmica econômica no mundo
b) a forte tendência à bipolarização do mundo en- contemporâneo. Atualmente buscam se desen-
tre os Estados Unidos e o Japão. volver áreas de influência a partir de blocos eco-
c) as recentes transformações ocorridas no Leste nômicos.
Europeu, que passou a fazer parte da esfera de
influência capitalista. 4 Com a evolução do capitalismo, novos ramos de
d) a perda de flexibilidade das fronteiras nacio- trabalho foram criados, em detrimento dos ramos
nais, reduzindo os mercados e as trocas co- que foram se extinguindo (“apertador de parafu-
merciais na nível global. so”). A divisão do trabalho aprimorou o profis-
e) a diminuição crescente das diferenças socioe- sional dinâmico e bem preparado (qualificação
conômicas entre os países do Hemisfério Sul, profissional), determinando para esse trabalhador
todos subdesenvolvidos, e do Hemisfério Nor- especializado grandes possibilidades de cresci-
te (todos desenvolvidos). mento profissional.
5 Atualmente os dois maiores problemas que asso-
lam o mundo são o terrorismo e a violência urba-
GABARITO na. O terrorismo é um problema de âmbito
global, sendo fator de grande preocupação nos úl-
Estudo Dirigido timos anos, pelo aumento crescente da atuação
1 Monopolar: Reino Unido da Grã Bretanha. Sé- dos grupos terroristas e pela intensidade dos ata-
culo XVIII e XIX. Nesse período, a hegemonia ques. O último grande ataque terrorista ocorreu
mundial era determinada por essa potência a par- na manhã do dia 11 de setembro de 2001, quando
tir do domínio industrial e marítimo. Bipolar: o dois prédios no centro de Manhattam foram atin-
mundo era marcado por dois grandes grupos mili- gidos por aviões pilotados por terroristas. Esse fa-
tares, políticos, econômicos e ideológicos: Capi- to demonstrou a fragilidade da sociedade perante
talismo (líder EUA) e Socialismo (líder URSS), ataques dessa magnitude. Atualmente o mundo
os quais ditaram as regras mundiais durante toda luta para diminuir a atuação desses grupos. Outro
a Guerra Fria, proporcionando a bipolaridade fator de grande preocupação global é o aumento
mundial. Multipolar: com a fragmentação da em escala rápida dos índices de violência urbana.
União Soviética e a mudança do contexto eco- Cada vez mais, o mundo está condicionado ao
nômico da China, países caracterizados como os medo, medo esse que transforma o espaço, de-
mais fortes da hegemonia socialista, o mundo a- terminando áreas livres de qualquer ação gover-
travessou um período de divisão entre as potên- namental, colocando o cidadão comum da cidade,
cias, acarretando a evolução global para à mercê dos bandidos. Esse problema é alarmante
multipolar. Esse período também marcou uma principalmente nos grandes centros. Para comba-
diminuição do poder quase absoluto dos Estados ter esses problemas são necessários vários fato-
Unidos, acarretando a divisão desse poder com res, dentre os quais acarretar uma melhor
países que emergiam na nova conjuntura como distribuição de renda à população, possibilitando
com isso um melhor equilíbrio social. A forma-
Editora Exato 40
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ção de vários conflitos étnicos, principalmente


em regiões da Europa (Espanha, Irlanda do Nor-
te) e regiões do Oriente Médio também tem pro-
porcionado grande preocupação no âmbito
mundial, esses conflitos, relacionados quase
sempre a questões nacionalistas, são campos fér-
teis para a proliferação de grupos terroristas e ex-
tremistas, um mal que a sociedade deve
combater. Atualmente alguns conflitos têm se in-
tensificado, como no Oriente Médio e Espanha,
enquanto outros buscam a resolução através de
reuniões amigáveis, como é caso da Irlanda.
Exercícios
1 E, C, C, C, C
2 D
3 D
4 C, E, C, C, E
5 C

Editora Exato 41
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AS RELAÇÕES DE PODER NO ESPAÇO MUN-


DIAL
movimento foi tranqüilo; em outros, houve conflitos
1. EUROPA
armados e revoluções, dentre os destaques estão:
Durante o período de constituição da cortina de  Tchecoslováquia
ferro, ocorreram vários conflitos geopolíticos nos pa-  Romênia
íses satélites da União Soviética, conflitos que busca-  Polônia
ram alterar a dinâmica geopolítica da parte oriental  Países Bálticos
da Europa. Os conflitos mais importantes foram: Iugoslávia
Insurreição Húngara: ocorreu em 1956, bus- Localizada na região dos Bálcãs, surgiu em
cando aumentar a participação pública no âmbito po- 1918, logo após a 1ª guerra, unia diversos povos
lítico. Esse movimento das camadas superiores foi (sérvios, croatas, eslovenos, montenegrinos, macedô-
duramente reprimido pelos exércitos do Pacto de nios), ou seja, havia diferenças marcantes entre esses
Varsóvia, iniciando um processo denominado pela povos.
União Soviética de “normalização”. Desde o final da II Guerra Mundial, a antiga
A Primavera de Praga: ocorreu no ano de Iugoslávia apresentava um clima de estabilidade polí-
1968; teve um embasamento interno (maior partici- tica. No território, viviam vários grupos étnicos dife-
pação e liberdade política e cultural) e externo (apoio rentes (croatas, sérvios, eslovenos, macedônios,
da Iugoslávia e da Romênia). Os soviéticos nessa o- húngaros e albaneses), onde eram falados 4 idiomas e
casião optaram por uma política de conversação, que professadas três religiões.
uniu ainda mais a Tchecoslováquia e a União Sovié- A Iugoslávia viveu esse período de estabilida-
tica. de marcada pela regência do líder carismático Josep
Movimento Solidariedade: ocorreu na Polô- Boz Tito, dirigente supremo do partido comunista iu-
nia em 1980. Esse movimento foi desenvolvido nas goslavo. Por não ter precisado dos aliados (URSS)
bases populares (operários), tinha como líder Lech para eliminar o nazismo, não tinha uma dependência
Walesa. A formação do Solidariedade teve grande direta com a URSS, embora adotasse o regime socia-
respaldo popular. Durante o movimento de normali- lista. Tito era um governador altamente autoritário,
zação, houve uma grande massa de pessoas presas, contudo realizou importantes ações sociais e econô-
contudo o movimento nunca acabou, vivendo na micas que possibilitaram e garantiram um longo pe-
clandestinidade, até as alterações políticas que trans- ríodo de estabilidade nesse verdadeiro “barril de
formaram a União Soviética e a região leste da Euro- pólvora”. Com a sua morte, em 1980, se iniciou uma
pa. luta pelo controle político do país, acirrando as dispu-
Formação da CEI tas entre os vários grupos étnicos. Essa disputa pelo
Um encontro dos presidentes da Rússia, da U- poder na região empurrou a Iugoslávia para uma i-
crânia e de Belarus (antiga Bielorússia), realizado em mensa crise econômica, que intensificou ainda mais
dezembro de 1991, em Minsk, selou o fim da União os movimentos separatistas, culminando com a frag-
Soviética e criou a Comunidade dos Estados Inde- mentação, no início da década de 1990, da Iugoslávia
pendentes (CEI). Esse organismo supranacional bus- em 5 grandes repúblicas:
ca administrar os problemas econômicos e militares Eslovênia: país com melhor estrutura socioe-
herdados da extinta União Soviética. Sua sede fica conômica da região. Mantém boas relações com os
em Minsk (Ucrânia). países da Europa ocidental, futura integrante da UE.
Dentre as 15 Repúblicas que constituíam a U- Ótimas condições de emprego.
nião das Repúblicas Socialistas Soviéticas – URSS, Croácia: possui a 2º maior área, alto índice
apenas 3 não aderiram à CEI (Comunidade dos Esta- populacional.
dos Independentes), que foi o caso das repúblicas Bósnia-herzergovina: país que embora seja
bálticas (Letônia, Estônia e Lituânia). independente provavelmente tende a não existir no
Efeito Dominó futuro (21% croatas e 37% sérvios); capital: Saraje-
Após a queda do socialismo na União Soviéti- vo.
ca e a formação da CEI, houve um forte movimento Macedônia: país mais pobre da região, durante
pró-democracia nos antigos países da “cortina de fer- a independência não houve conflitos, contudo atual-
ro”. Em alguns países, como a Tchecoslováquia, o mente existem vários conflitos na região.

Editora Exato 42
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Iugoslávia: formada pela Sérvia e Montenegro Sérvia Sérvios (89%)


mais os territórios autônomos de Vojvodina e Koso- Bósnia - Herzegóvi- Bósnios (40%)
vo (albaneses). Região ainda instável. Em 1998 e na Sérvios (37%)
1999, houve uma guerra violenta na região (guerra Croatas (21%)
em Kosovo). Voivodiana Sérvios (56%)
Hoje o ex-presidente Milosevic está sendo jul- Húngaros (21%)
gado por atrocidades de guerra no Tribunal Interna- Croácia Croatas (79%)
cional de Aiwa (Suíça). Sérvios (15%)
Desmembramento da antiga Iugoslávia Montenegro Montenegrinos
(67%)
ÁUSTRIA
HUN GRIA Sérvios (20%)
Liubliana
ESLO VÊNIA Zagreb N ovi Sad Kosovo Albaneses (83%)
CRO ÁCIA RO MÊN IA
Voivodina Eslovênia Eslovenos (96%)
BÓ SNIA-
HERZEG O VIN A Belgrado Macedônia Macedônia (69%)
Sarajevo
IUGO SLÁVIA
Sérvia Sérvios (18%)
ITÁLIA
Jayme Brener. O mundo pós-guerra Fria. São Paulo, Scipione, 1994.
MAR Montenegro Pristina
Kosovo BULGÁRIA
ADRIÁTICO Questão Irlandesa
Repúblicas que se separaram
Podgorica Skopje As bases dos conflitos na Irlanda remontam ao
MACEDÔ N IA
da antiga Iugoslávia
Atual Iugoslávia
ALBÂNIA G RÉCIA
período de formação da Grã-Bretanha como Estado,
quando ocorreu uma grande reforma protestante que
deflagrou um choque religioso e político na ilha entre
Diferente de vários países do leste europeu, a protestantes e católicos.
separação em Repúblicas ocorreu de forma sangren-
Divisão da Irlanda
ta, determinando um dos piores conflitos do início da
No ano de 1800, foi criada a Union Act, a qual
década de 1990.
vinculava a Irlanda ao Reino Unido da Grã-Bretanha,
As áreas mais ativas no conflito foram a Croá-
promovendo um aspecto político de estabilidade para
cia (1991) e a Bósnia (1992), essas áreas tornaram-se
a grande massa populacional de protestantes que ha-
verdadeiros campos de batalha, determinando a mor-
viam migrado para a ilha.
te de vários civis e um grande número de refugiados.
Durante o século XIX cresceram as organiza-
A situação na antiga Iugoslávia ainda não se
ções nacionalistas católicas no sul da ilha. Eram as
estabilizou, o último grande conflito foi na região au-
bases do futuro IRA (Exército Republicano Irlandês)
tônoma de Kosovo. Uma outra região propícia a con-
e do seu braço político, o Sinn Fein.
flitos é a própria Bósnia, pois está fortemente
Posteriormente a vários conflitos ocorridos no
dividida entre dois grupos (croatas e sérvios).
início do século XX, foi desenvolvido o plano políti-
Fragmentação territorial e composição co denominado de Ireland Act, que criou um estado
étnica e religiosa na Iugoslávia livre da Irlanda (Eire) associado ao império britânico.
As províncias do norte, maioria protestante (65%),
continuaram diretamente ligadas à coroa britânica.
Eslovênia Esse fato determinou uma estabilidade na região.
Liubliana Zagreb Em 1937 a Irlanda, “Irlanda do Sul”, determina
Croácia
Voivodina a sua independência que só foi reconhecida pela In-
Novi Sad glaterra após a II Guerra Mundial no ano de 1949.
Bósnia- Após o reconhecimento a Irlanda (Müster) passou a
Herzegovina Belgrado se chamar República da Irlanda, com capital em Du-
blin.
Sérvia
Sarajevo

Montenego
Podgorica Pristina
Kosovo
Católicos
Skople
Ortodoxos
Macedônia
Muçulmanos
0 100km
Yves Lacoste (org. Atlas 2000. Paris, Nathan, 1998

Editora Exato 43
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Divisão política das ilhas Britânicas Questões Bascas


As províncias Bascas
Reino Unido da Grã-Betanha e Irlanda do Norte

Ilhas Shetland
França
Labourd i xa
Ba arre
v
O CEANO Vizcaya oa Na
ATLÂNTICO sc

Sou le
ú
ui p
Irlanda Mar G
do Norte Escócia do
Norte Alava
Navarra
Irlândia
(Eire)
Dublin

País de
Gales Inglaterra Espanha
Londres

Canal da Mancha
Províncias bascas

As origens do povo Basco são bastante antigas,


Os conflitos que ocorrem na região não possu- os Bascos possuem cerca de 5 mil anos de história.
em apenas embasamento religioso, mas social, políti- Sua língua (a euskera) é anterior às fontes mais anti-
co e cultural. gas da Europa. Atualmente existem cerca de 500 mil
A Irlanda é uma região de menor dinâmica e- bascos concentrados em uma região de províncias en-
conômica que a Irlanda do Norte. A população cató- tre a Espanha (Vizcaya, Guipúscoa, Alava e Navarra)
lica residente na Irlanda do Norte atravessa vários e a França (baixa Navarre, Labourd e Soule).
problemas, como: Durante a ditadura de Francisco Franco (1939
 Emprego – normalmente vinculados aos –1975), o povo basco sofreu fortes perseguições, so-
piores empregos. A taxa de desemprego em bretudo pelo aspecto centralizador do governo, que
Belfast (Irlanda do Norte) para os católicos era totalmente contrário a aberturas culturais, políti-
é de 19%, enquanto os protestantes não cas e sociais. Durante esse período, os fatos que mais
chegam a atingir 8,5%; marcaram as perseguições ao povo basco foram:
 Moradia – vivem em guetos e áreas perifé-  Proibição total do uso da língua basca (eus-
ricas, constituindo verdadeiros bairros mi- kera);
seráveis;  As escolas estavam proibidas de ensinar
 Política – cidades de maioria católica são qualquer aspecto ligado ao povo basco;
governadas por protestantes.  As cores branca, vermelha e verde (cores da
No início da década de 1970, o IRA retorna bandeira basca), se usadas, eram duramente
com grande força (realização de vários atentados na reprimidas;
Irlanda do Norte e em Londres).  Proibição total da difusão de festas Bascas.
O ano de 1972 foi marcado pelo “Bloody Sun-
7.1. Nascimento do ETA
day” (Domingo Sangrento). Nesse dia estava sendo
realizada uma passeata pacífica pelos católicos na ci- Durante o período franquista, nasce o ETA
dade de Belfast, quando ocorreu uma dura repressão (Euskadi ta Askatasuna), que significa “Pátria Basca
do exército britânico, resultando na morte de 13 pes- e Liberdade”, esse fato ocorreu no ano de 1959. Sur-
soas. A partir de então, o movimento pelos direitos giu a partir da ala jovem, no auge do período de re-
civis estava acabado e a luta armada e o terrorismo pressão na Espanha.
voltavam à tona com toda a força. O ETA surgiu como um grupo voltado à difu-
Toda a década de 1970 e 1980 foi marcada pe- são da atividade cultural, dos valores e costumes bas-
cos, contudo, já no ano de 1966 o ETA lançou-se à
la violência. No ano de 1973, o Reino Unido realizou
um plebiscito interno na Irlanda do Norte, que deci- ação política e ao terrorismo. A ação mais marcante
diu pela continuidade da integração ao Reino Unido. do ETA foi o assassinato do primeiro ministro fran-
No ano de 1994, o IRA declarou “suspensão quista, Carrero Blanco, em Madri.
completa” retornando as conversações, contudo a ins-
tabilidade e o ódio na região têm proporcionado uma
dificuldade muito grande a favor da integração e paz.
Editora Exato 44
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7.2. Divisão do ETA Determinantes Naturais


O ETA, desde o ano de 1974, é dividido em Litoral: possui um litoral bastante recortado,
duas alas: destacando o Mar Mediterrâneo (aspecto econômico),
 ETA político e militar (rejeita o terroris- interligado com o oceano Atlântico, pelo Estreito de
mo). Gibraltar, destaca-se também o Canal da Mancha.
 ETA-M (que utiliza como arma principal o Relevo: concentração de planícies e baixos
terrorismo). planaltos ao longo do litoral e regiões montanhosas,
Durante a abertura política e cultural proposta como os Pirineus (entre a Espanha e a França), Alpes
a partir de 1979 houve um curto espaço de trégua do (parte da França, Áustria, Suíça, Alemanha, Itália).
terrorismo até 1982. Hidrografia: são rios pequenos e de pouco vo-
O ETA-M retornou à utilização de atos terro- lume, comparado a outras áreas do globo. Destacam-
ristas, baseado no plano destacado como Alternativa se os rios:
KAS:  Reno: (Suíça)
 Formação de um Estado Basco independen-  Tâmisa: (Inglaterra)
te, em território Espanhol e Francês;  Sena: (França)
 Incorporação da província de Navarra (que  Volga:Rússia
estava fora do estatuto de 1979) a esse Es-  Danúbio: Alemanha.
tado Basco independente; Clima: os climas mais presentes são o subpo-
 Reconhecimento Internacional; lar, o temperado oceânico, continental e o mediterrâ-
 Retirada da polícia espanhola do país; neo.
 Anistia para os presos bascos (cerca de qui- Vegetação: bastante variada, indo de tundra
nhentos) na Espanha e na França. (regiões frias) até vegetação mediterrânea (quentes).
A década de 1980 foi marcada por vários atos Contudo, predominam florestas temperadas.
terroristas, gerando a indignação e o ódio da popula- Sociedade
ção da Espanha e França. População
Nos anos 90, o isolamento político do movi-
A Europa é um continente com uma população
mento demonstra o esgotamento do sistema da “via
absoluta superior a 700 milhões de habitantes, consti-
terrorista”, seguida pelo separatismo basco.
tuindo uma população relativa de 72 habitantes por
Aspectos Naturais Da Europa quilômetro quadrado. Embora possua uma população
Localização absoluta elevada, o ritmo de crescimento no conti-
Com uma área de cerca de 11 milhões de qui- nente é o menor do mundo.
lômetros quadrados, pouco maior que o Canadá, esse
continente localiza-se totalmente no Hemisfério Nor- O continente atravessa um período preocupan-
te, possuindo grande parcela de terras no Hemisfério te no que se refere à imigração. Com a crise na déca-
Oriental. da de 1980, na Europa ressurgiu um forte processo de
aversão a estrangeiros, conhecido como xenofobismo,
esse movimento está muito presente atualmente em
países como a Alemanha e a França.
Problemas
Altas taxas de desemprego.
Diminuição da jornada de trabalho.

Fonte: CID

Editora Exato 45
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Duas Europas Itália


Durante o período da Guerra Fria havia, uma A Itália, ao contrário das outras potências da
divisão política, econômica, ideológica e militar na Europa, apresentou uma industrialização tardia
Europa. Posteriormente à queda do socialismo na (1930), determinada pelo governo facista de Benito
URSS e o efeito dominó, houve alterações importan- Mussollini.
tes na estrutura geográfica da Europa. Atualmente, a Itália ocupa a sexta posição
Hoje em dia, as diferenças entre as nações es- mundial, apresentando um índice de crescimento in-
tão mais ligadas aos aspectos econômicos. dustrial superior aos demais países da União Euro-
Existe na Europa, atualmente, a divisão em vá- péia. A região que mais se destaca no nível industrial
rios grupos, tendo dois como destaque – o dos países é a região do vale do Rio Pó (Gênova-Milão-Turim).
desenvolvidos centrais e o dos ex-países socialistas. Hoje, a Itália busca desenvolver um parque in-
Países Desenvolvidos Centrais: constitui o nú- dustrial também na região sul, região menos desen-
cleo econômico da Europa, corresponde aos países volvida do país. Outro problema enfrentado são as
capitalistas ricos, altamente industrializados e com empresas clandestinas.
índices favoráveis de qualidade de vida. Reino Unido
Ex-Países Socialistas: antigos países do bloco Berço da revolução industrial, o Reino Unido
socialistas que estão em transição para a economia de da Grã-Bretanha perdeu muito de sua força econômi-
mercado (capitalista), vários deles apresentam difi- ca comercial e industrial após a II Guerra Mundial.
culdades econômicas. Atualmente, vêm apresentando destaque no plano e-
Países de Destaque conômico os setores de bebida, informática, automó-
Alemanha vel e naval.
O desenvolvimento industrial alemão iniciou- 2. JAPÃO
se no século XIX, com a implementação das indús-
trias familiares. Histórico
Após a II Guerra Mundial, a indústria alemã O Japão era um país que se apresentava com
estava arrasada, contudo nos anos seguintes esse país uma política altamente fechada, possuindo apenas re-
apresentou um rápido crescimento industrial e eco- lações de cunho comercial e político com países do
nômico determinado pelos seguintes fatores: oriente.
 Ajuda econômica americana através do pla- No ano de 1854, os Estados Unidos bombarde-
no Marshall; aram os portos japoneses, pressionando o governo a
 Presença de grandes reservas de recursos realizar a abertura do seu mercado. Essa abertura
minerais, destacando o carvão no vale do marcou o surgimento da Era Meiji.
Rio Ruhr; O Japão Meiji foi uma potência militar expan-
 Ampliação do mercado consumidor; sionista, anexou várias ilhas e regiões dentro do es-
 Abundância e qualidade da mão-de-obra; paço do Pacífico, participou de vários conflitos na
 Entrada no Mercado Comum Europeu região, destacando-se os conflitos na China e na Co-
(MCE). réia.
Com a fragmentação da União Soviética, a Ale- Essas áreas de influência eram ótimas fontes
manha atualmente representa a terceira maior potên- de matéria-prima para as grandes empresas familiares
cia econômica do mundo, sendo um dos pilares que brotavam no Japão - Zaibatsu.
centrais da União Européia. O expansionismo japonês atingiu o auge na
Segunda Guerra Mundial, com o ataque à base norte-
França americana de Pearl Harbour (1941). Esse fato inseriu
Após a II Guerra Mundial, houve uma retoma- diretamente os Estados Unidos na II Guerra Mundial.
da do crescimento industrial e econômico, caracteri- Os Estados Unidos, como represália ao ataque e des-
zada pelos mesmos aspectos da Alemanha associada fecho da guerra, detonou duas bombas nucleares no
à ótima posição geográfica apresentada pelo país. território japonês (Hiroxima, Nagasaki).
A França hoje é uma das maiores potências in- Com a derrota do Japão na Segunda Guerra, o
dustriais do mundo, destacando-se as indùstrias quí- país assinou um acordo de paz mútua e desmilitariza-
mica, têxtil e mecânica e telecomunicações. A região ção. Segundo esse acordo, que vigorava na Constitui-
de maior industrialização no país é a região de Alsá- ção, estava proibido o uso da força em conflitos e o
cia – Lorena. estoque de armas nucleares por parte do Japão. O Ja-
pão, por sua vez, alterou o foco econômico para o
modelo ocidental. Na verdade o acordo de paz mútua
foi um termo de rendição.
Editora Exato 46
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Milagre Japonês Possui destaque também na indústria pesqueira


O Japão, a partir da II Guerra Mundial, atra- e na produção de arroz (rizicultura), subsídios e na
vessou um período de reconstrução e crescimento rede de transporte ferroviário.
nunca antes visto, em poucas décadas o Japão já se Problemas do Japão
inseria no conjunto dos países mais ricos e poderosos Um dos graves problemas que o país apresenta
do mundo. Esse fato foi ocasionado pelos seguintes é a pesada dependência do petróleo e minerais para
fatores: as indústrias de tecnologia, o que acaba acarretando
 Plano Colombo: plano de ajuda americana uma dependência das variações do mercado interna-
aos países do Oriente, destruídos pela II cional. Outro fator preocupante é a pressão demográ-
Guerra Mundial, política semelhante ao fica (340 habitantes/ km2), ocasionada pela ocupação
Plano Marshall. humana (cidades superpovoadas).
 Formação de uma poupança interna por Esse país localiza-se no Círculo de Fogo do
parte do povo japonês. Pacífico, área de grande instabilidade tectônica, sen-
 Investimentos no setor tecnológico, abran- do constante a atuação de terremotos e vulcões. Um
gendo mercado interno e externo. outro aspecto que perturba a população japonesa é a
 Longas jornadas de trabalho (cerca de 43 presença constante dos tsunamis (ondas gigantes).
horas semanais) associado à relação de No ano de 1997, atravessou uma crise ocasio-
crescimento com a empresa. Existe uma fi- nada pela crise nos tigres asiáticos: os países que
delidade muito grande do trabalhador para compunham os tigres asiáticos perderam investimen-
com a empresa (a empresa é a extensão do tos, ficando sem capital para pagar as dívidas com o
lar). Japão, provocando um “calote” bilionário. Com me-
 Amplos investimentos na área de educação, do de uma crise maior, os investidores retiram seu
a partir do pós-guerra, principalmente para dinheiro, ocasionando uma desvalorização do iên e
o ensino técnico e qualificação profissional. uma crise econômica no país. No início desse século,
Os resultados atualmente são visíveis: cerca o Japão tem que combater o mal da crise econômica
de 98% dos estudantes cursam o segundo que o país atravessa, essa desaceleração da economia
grau e se dirigem para a universidade. tem acarretado falências e demissões no país.
 Investimento em pesquisa de novas tecno- Espaço
logias, tanto no ligado ao governo, quanto O Japão é conhecido como Terra do Sol Nas-
ao capital privado, fazendo o país se desta- cente.
car nos setores de tecnologia de ponta. O Japão é um arquipélago formado por várias
Japão Forte ilhas, as 4 mais importantes são: Kyushu, Shikoku,
No plano político, o país é uma monarquia par- Honshu, Hokkaido. Dentre essas, destaque para Hon-
lamentarista, na qual o primeiro ministro está ligado shu, onde se concentra a maioria da população e onde
ao PLD - Partido Liberal Democrático, partido este existe a grande megalópole japonesa (TOKAIDO).
ligado ao setor industrial japonês. Nos últimos anos Existem dois pólos industriais no país - Tóquio
houve uma queda do prestígio do partido, ocasionada e Osaka, neles se concentram as indústrias automobi-
por denúncias de corrupção. lísticas, petroquímicas, mecânicas, de materiais elé-
O Japão apresentou um súbito crescimento, es- tricos e de aparelhos eletrônicos.
se crescimento foi desenvolvido pela política de ex- O Japão possui áreas de planície e áreas mon-
portação de produtos industrializados (mais caros), tanhosas, como é o caso do Monte Fuji.
pelos salários mais baixos, no início da reconstrução No setor industrial, as empresas voltadas ao se-
(comparado a outros países capitalistas) e pela quan- tor tecnológico foram as que mais se desenvolveram.
tidade de horas trabalhadas (muito superior a outros O Japão é o grande líder da região do Pacífico,
países). atuando com bastante força para o desenvolvimento
Atualmente o Japão apresenta ótimos indicado- da Associação e Cooperação do Pacífico (APEC).
res econômicos:
3. ESTADOS UNIDOS – SUPERPOTÊNCIA
 1º em expectativa de vida.
 1º em alfabetização.  Enfraquecimento das metrópoles européias
 Menor taxa de mortalidade infantil. determinada, sobretudo, pela participação
O Japão é um país que comporta várias sedes direta nas guerras mundiais e crescimento
de transnacionais, exporta modelos empresariais, li- da economia interna dos Estados Unidos.
nhas de montagem e equipamentos eletrônicos, e  Cerca de 25% da riqueza mundial é norte-
compete com outras potências anteriormente hege- americana.
mônicas.  País mais militarizado do mundo.
Editora Exato 47
GEOGRAFIA

 País com maior dinâmica no comércio ex- Posteriormente, os EUA compraram o sul
terno, maior taxa de importação e exporta- do Novo México e do Arizona.
ção.  A última etapa da expansão continental foi
 Chamado de “Nova Roma”. a compra do Alasca em 1867. Eles compra-
 Século XX—Século Americano (dólar mo- ram essa região dos russos, que preferiram
eda mundial). vender para os norte-americanos, não para
Histórico de Formação da Nação Nor- os ingleses, que na época era uma grande
te-Americana potência hegemônica.
No momento da declaração de independência, Presença dos EUA no Continente Ame-
em 1776, os Estados Unidos da América eram do ta- ricano
manho de treze colônias inglesas, espremidas entre o  Destino Manifesto.
oceano Atlântico, a Leste e os Montes Apalaches, a  Doutrina Monroe (1823) — “América para
Oeste. os Americanos”.
Com a vitória na guerra da independência, a  Nafta (Bloco da América do Norte).
sua área original praticamente duplicou, já em 1783,  Alca (Área de livre comércio das Améri-
ocupando terras até a margem do Rio Mississipi. Es- cas).
sas terras pertenciam anteriormente aos ingleses. Características do Crescimento
A partir desse período, os Estados Unidos bus-  A América Anglo-Saxônica foi colonizada
caram desenvolver o seu expansionismo territorial, de forma diferenciada do restante do conti-
fato marcante até o final do século XIX, período em nente americano (exceto o Sul dos EUA). O
que atingiram sua atual configuração territorial. Ob- modelo de colonização adotado foi o de
serve o mapa abaixo, com as áreas anexadas. povoamento, caracterizado pelo desenvol-
vimento interno. Esse desenvolvimento in-
Estados Unidos:Expansão Territorial Euro p a
Ásia
terno determinou a forte industrialização.
50° Maine: Os fatos que auxiliaram foram:
Cedido pela
Inglaterra em 1842  Forte presença de matérias-primas (manga-
O regon: Cedido pela
Cedido pela Inglaterra
Maine 1820
40° nês, ferro, cobre e petróleo).
Inglaterra
em 1846
em 1818  Facilidade na circulação e transporte (ferro-
40° Lousiana Meio oeste
vias, hidrovias e rodovias).
Norte-Americano
Califórnia: Adquirida da
Território Mexicano França em1803
Trados de Paris,
de 1783 Treze
 Formação de grandes centros urbanos, pró-
anexado em 1848 O ceano
Colônias ximos a portos, uma grande necessidade no
O riginais Atlântico
Gadsen: Texas: Flórida
período.
30°
Ádquirido Anexado em 1845 Adquirida da  Mão-de-obra numerosa e barata, atualmente
O ceano em 1853 Espanha em 1818
Pacífico
bastante qualificada.
2 3 °27
Tr óp ico de
80° oeste de greenwich 60°  Poupança interna (mercado de consumo).
C âncer Escala 0 450 900km
 Fontes de energia (carvão, petróleo - ter-
120° 110° 100° 90° Projeção: Lambert azimutal equal-área

moelétrica, água - hidroelétrica).


Basedo em V. Yans-Mclaughlin e M, Ligthman, Ellis Island and the  Posição geográfica favorável, saídas para
peopling of America, p, 32
ao Atlântico e Pacífico.
Aspectos Importantes  Ampliação do mercado de consumo externo
 A França de Napoleão Bonaparte estava en- dos seus produtos.
frentando fortes conflitos na Europa, e, não
possuindo exércitos para defender a Louisi- Século XX: Fases da Economia Norte-
ana, vendeu-a para os EUA a um preço irri-
sório. Americana
 Os EUA, aproveitando-se das dificuldades Década de 20: grande crescimento econômico
econômicas da Espanha, invadiram e ane- gerado pelo aumento de mercado interno e externo (I
xaram a Flórida. Guerra Mundial).
 A partir de um acordo com a Inglaterra, os Taylorismo — método de especialização na li-
EUA atingiram o Pacífico. nha de montagem, para buscar no planejamento das
 Houve um conflito territorial com o Méxi- etapas de produção uma diminuição dos desperdícios
co, onde os EUA anexaram o Texas e que (tanto material quanto humano), buscando assim uma
culminou com o Tratado de Guadalupe- maior produção no menor tempo possível, maximi-
Hidalgo, que transferia uma larga porção zando os lucros. Ligado a uma divisão do trabalho.
territorial do Novo México até a Califórnia.
Editora Exato 48
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Crise de 1929 (Quebra da Bolsa de Valores de 2 Os países do Leste europeu sempre foram con-
Nova York): causada pelo aumento da produção, di- siderados capitalistas.
minuição do consumo e valorização das ações. Gerou 3 Hoje todos os países do Leste europeu são ca-
a 1ª grande crise mundial do capitalismo. Essa crise pitalistas desenvolvidos.
também ocasionou a revisão do modelo de interven- 4 O Leste europeu também era conhecido como
ção do Estado, notou-se que não poderia deixar a e- a área da cortina de ferro.
conomia totalmente vinculada ao mercado. 5 Em todos os países da região houve conflitos
New Deal: política de desenvolvimento basea- sangrentos para a instalação da ordem demo-
da em pesados investimentos estatais para estimular a crática.
recuperação econômica, determinada pelo presidente
dos EUA Franklin Roosevelt.
2 Sobre a Irlanda, analise as questões abaixo com
Pontos Chaves do New Deal V (verdadeiras) e F (falsas):
Fiscalização dos bancos e instituições financei- 1 A parte norte da ilha da Irlanda está sob a in-
ras. fluência direta da Inglaterra.
Aumento substancial de obras públicas. 2 O IRA (exército Republicano Irlandês) foi um
Desenvolvimento da Previdência Privada (au- grupo terrorista fundado por pessoas da parte
mento dos auxílios). sul da Irlanda, para buscar, através da força,
Empréstimos e subsídios aos pequenos produ- conquistar a independência total da ilha.
tores. 3 Hoje o IRA ainda age como grupo terrorista,
Controle da corrupção no governo. sendo a década de 1990 a de maior concentra-
Apoio aos sindicatos e cooperativas. ção de atentados.
ESTUDO DIRIGIDO
4 Um dos marcos do conflito entre católicos e
protestantes na região foi o Bloody Sunday
1 Destaque os principais pontos dos grupos terro- (domingo sangrento), que desencadeou uma
rista IRA e ETA (formação, área de atuação e si- nova onda de violência na Irlanda do Norte.
tuação atual). 5 A parte sul da Irlanda hoje é um país inde-
pendente.

2 A Iugoslávia, no início da década de 1990, co- 3 Após a queda do socialismo e a desestruturação


meçou a sua fragmentação, que se concretizou da União Soviética, houve a formação de um blo-
em 2006. Destaque quais foram os novos países co militar e político entre 12 e 15 ex-repúblicas
formados nessa área. soviéticas, esse bloco é conhecido como:
a) CEI (Comunidade dos Estados Independentes).
b) CEPAL (Comissão geral).
c) Mercado Comum Europeu.
3 Determine os fatores que tornam a Alemanha, d) União Européia.
França, Itália e Reino Unido países de destaque e) Pacto de Varsóvia.
na Europa.

4 A Iugoslávia sofreu, no início da década de 1990,


4 Cite as causas do Milagre Japonês. um amplo processo de fragmentação, que deter-
minou a formação de várias repúblicas, dentre as
5 Quais os principais fatores que determinaram que opções abaixo qual não é considerada uma das
os Estados Unidos se tornassem uma grande po- regiões da antiga Iugoslávia?
tência mundial? a) Bósnia-Herzegóvina.
b) Croácia.
c) República Tcheca.
EXERCÍCIOS d) Eslovênia.
e) Montenegro.
1 Sobre o Leste europeu e o efeito dominó, analise
as questões abaixo, com V (verdadeiras) e F (fal-
sas):
1 O efeito dominó foi um movimento pró-
democracia realizado pelos países do leste eu-
ropeu.
Editora Exato 49
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5 Durante o período de governo do ditador Ferdi- como um continente localizado totalmente no


nando Franco, nasce o ETA, com o lema “Pátria Hemisfério Norte.
Basca e Liberdade”, esse fato ocorreu no ano de b) Possui atualmente um baixo crescimento natu-
1959, surgindo a partir da ala estudantil durante o ral ou vegetativo.
período de repressão militar. Determine qual a c) Um dos problemas do Continente é o aumento
região onde se concentra a nação basca: das taxas de desemprego.
a) Itália. d) Hoje o problema mais grave no Continente é a
b) Portugal. disputa entre países capitalistas desenvolvidos
c) Alemanha e Áustria. e países socialistas.
d) Espanha e França. e) Atualmente o país mais importante em nível
e) Inglaterra e Irlanda. econômico é a Alemanha, terceira maior eco-
nomia mundial.
6 Dentre as características físicas abaixo, qual não
integra o conjunto europeu? 10 Berço da Revolução Industrial, esse país já foi a
a) Existe uma grande variedade de relevo, possu- maior potência mundial nos séculos XVIII e XIX,
indo planícies, depressões, planaltos e monta- desenvolvendo a navegação e a indústria. Após a
nhas na região. II Grande Guerra Mundial, esse país perdeu mui-
b) Existe uma grande variedade de climas, que to da sua força militar e econômica e hoje ocupa
vai do polar até o tropical e o mediterrâneo. a sexta posição mundial no plano econômico, me-
c) Devido à variedade de relevo e clima existe recendo destaque as indústrias de bebida, vestuá-
uma grande variedade de vegetação. rio e automóveis. Dentre as opções abaixo, a qual
d) Existe uma pequena parcela do terreno voltada país está se referindo o texto?
à agricultura, contudo a área que serve para es- a) Itália.
se fim é utilizada de forma intensa. b) Inglaterra.
e) Não existe na região rio navegável, todos os c) França.
rios são utilizados para a geração de energia. d) Alemanha.
e) Portugal.
7 Dentre os fatores abaixo, qual merece destaque
entre os graves problemas socioeconômicos da 11 Qual dos países abaixo é chamado de País do Sol
Europa? Nascente
a) Boa distribuição de renda. a) Japão.
b) Alta expectativa de vida. b) China.
c) Bons indicadores de escolaridade, possui um c) Rússia.
alto índice de cidadãos com nível superior. d) Cingapura.
d) Xenofobismo, que significa aversão à entrada e) Tailândia.
de estrangeiros no país.
e) Estrutura urbana de qualidade.
12 Sobre a organização socioeconômica e política
do espaço geográfico japonês, analise as questões
8 A Itália é um dos países mais industrializados da e insira V (verdadeiras) e F (falsas):
União Européia. Em sua região, a área que con- 1 Uma das razões de o Japão ter sobrevivido ao
centra a maior atividade fabril é: colonialismo ocidental foi a falta de recursos
a) Nova York, região leste do país. naturais.
b) Vale do Tibre, região de Roma. 2 O espaço agrário japonês tem relativamente
c) Vale do Rio Pó, principalmente entre Turim e pouca importância no cenário econômico
Milão. mundial.
d) Área metropolitana de Paris. 3 O Japão sempre foi um país fechado e nunca se
e) Região da Escandinávia. preocupou com algum plano de expansão terri-
torial.
4 Hoje o Japão é um dos países mais militariza-
9 Dentre as características abaixo, qual não pode dos do mundo.
ser destacada para o continente europeu? 5 O Japão cresceu muito economicamente devi-
a) Continente localizado totalmente acima da li- do à presença de petróleo.
nha do Equador, com isso se caracterizando

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13 A alta produtividade é um fato conhecido em to- b) situa-se a estação de lançamentos espaciais de


do o mundo. Sobre o Japão, analise as questões Cabo Kennedy.
abaixo: c) estão centralizadas as maiores siderúrgicas do
1 A grande quantidade de recursos naturais e a país.
situação geográfica foram essenciais ao desen- d) concentram-se os grandes fabricantes de com-
volvimento industrial. putadores.
2 A exploração das grandes jazidas de carvão e) localiza-se Detroit, centro de produção auto-
mineral, apesar da mão-de-obra tecnologica- mobilística.
mente incapacitada, facilitou essa alta produti-
vidade.
3 As indústrias japonesas são exemplos da pos- 18 Considerando as afirmativas abaixo, relativas à
sibilidade de crescimento industrial em países economia norte-americana, destaque a opção in-
com alta densidade demográfica e nenhum in- correta:
vestimento econômico inicial. a) A Informática, símbolo de uma nova era indus-
4 A indústria japonesa desenvolveu-se a partir da trial, valorizou o Vale do Silício, na Califórnia.
escassez de mão-de-obra e da abundância de b) É grande o consumo energético, símbolo da
recursos naturais. força de sua economia.
c) No setor agrícola, os Estados Unidos sempre
produziram com interesses comerciais, não se
14 “De formação geológica recente, este país é po- preocupando com a produção de subsistência.
bre em recursos minerais energéticos. É um dos d) Hoje, a riqueza americana tem a sua origem
maiores importadores de minério de ferro, petró- nas atividades primárias, setor do qual a popu-
leo e carvão mineral. Sua maior dependência é lação ativa depende para a oferta de empregos.
em relação ao petróleo, pois chega a importar
98% do que consome”. O Texto refere-se:
a) Ao Canadá. 19 Podemos definir o Nordeste dos Estados Unidos
b) Aos Estados Unidos. como:
c) À Rússia. a) uma região de clima subtropical, tradicional-
d) Ao Japão. mente agrícola, com pequeno surto industrial
e) Ao Brasil. nas últimas décadas.
b) um centro de polarização econômica, com po-
pulação basicamente urbana: é a região do Ma-
15 Sobre a organização espacial do território japo- nufacturing-Belt.
nês, é correto afirmar: c) uma região de clima temperado continental,
a) O Japão é composto de uma grande ilha. conhecida como coração agrícola do país.
b) Não sofre abalos tectônicos. d) a área de culturas irrigadas e de intensa ativi-
c) Território altamente dependente do capital ex- dade mineradora, destacando-se o manganês.
terno. e) a região é marcada por um clima ameno, em
d) O Japão é um arquipélago formado por várias que as culturas de trigo e de algodão se alter-
ilhas. nam ao lado das frutas cítricas.
e) Possui uma baixa concentração territorial.

20 Qual dos países abaixo é o país que mais importa


16 Dentre os países abaixo, qual é considerado o e exporta?
mais desenvolvido? a) Japão.
a) França. b) Brasil.
b) Brasil. c) México.
c) Estados Unidos. d) Itália.
d) Cuba. e) Estados Unidos.
e) Colômbia.

17 Marque a alternativa que completa o enunciado


corretamente:
Na área industrial do Vale do Silício, na Califór-
nia, Estados Unidos da América,
a) destaca-se a indústria aeronáutica.

Editora Exato 51
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GABARITO A década de 1980 foi marcada por vários atos


terroristas, gerando a indignação e o ódio da popula-
Estudo Dirigido ção da Espanha e da França.
Nos anos 90, o isolamento político do movi-
1 IRA: no início da década de 1970, o IRA retorna mento demonstra o esgotamento do sistema da “via
com grande força (realização de vários atentados terrorista”, seguida pelo separatismo basco.
na Irlanda do Norte e em Londres). O ano de
1972 foi marcado pelo “Bloody Sunday” (Do- 2
mingo Sangrento). Nesse dia estava sendo reali- Bósnia - Herzegovina
zada uma passeata pacífica pelos católicos, na Sérvia
cidade de Belfast, quando ocorreu uma dura re- Croácia
pressão do exército britânico, resultando na morte Montenegro
de 13 pessoas. A partir de então, o movimento Macedônia
pelos direitos civis estava acabado e a luta arma- Eslovênia
da e o terrorismo voltavam à tona com toda a for- 3 Após a II Guerra Mundial, a ajuda econômica de-
ça. Toda a década de 1970 e 1980 foi marcada senvolvida pelos Estados Unidos, aliada à eleva-
pela violência. No ano de 1973, o Reino Unido da produtividade, o bom nível educacional e a
realizou um plebiscito interno na Irlanda do Nor- presença de empresas desenvolveram uma reto-
te, que decidiu pela continuidade da integração ao mada de importância dos países europeus, que
Reino Unido. No ano de 1994, o IRA declarou culminou com a formação da União Européia.
“suspensão completa”, retornando às conversa-
ções, contudo a instabilidade e o ódio na região 4 O Japão, a partir da II Guerra Mundial, atraves-
têm proporcionado uma dificuldade muito grande sou um período de reconstrução e crescimento
a favor da integração e da paz. nunca antes visto. Em poucas décadas, o Japão já
ETA: durante o período franquista, nasce o se inseria no conjunto dos países mais ricos e po-
ETA (Euskadi ta Askatasuna), que significa “Pátria derosos do mundo. Esse fato foi ocasionado pelos
Basca e Liberdade”, esse fato ocorreu no ano de seguintes fatores:
1959. Surgiu a partir da ala jovem no auge do perío-  Plano Colombo: plano de ajuda americana
do de repressão na Espanha. aos países do Oriente destruídos pela II
O ETA surgiu como um grupo voltado à difu- Guerra Mundial, política semelhante ao
são da atividade cultural, dos valores e costumes bas- Plano Marshall.
cos, contudo, já no ano de 1966, o ETA lançou-se à  Formação de uma poupança interna por
ação política e ao terrorismo. A ação mais marcante parte do povo japonês.
do ETA foi o assassinato do primeiro ministro fran-  Investimentos no setor tecnológico, abran-
quista, Carrero Blanco, em Madri. gendo mercado interno e externo.
O ETA, desde o ano de 1974, é dividido em  Longas jornadas de trabalho (cerca de 43
duas alas: horas semanais) associadas à relação de
 ETA político e militar (rejeita o terroris- crescimento com a empresa. Existe uma fi-
mo). delidade muito grande do trabalhador para
 ETA-M (que utiliza como arma principal o com a empresa (a empresa é a extensão do
terrorismo). lar).
Durante a abertura política e cultural proposta  Amplos investimentos na área de educação,
a partir de 1979 houve um curto espaço de trégua do a partir do pós-guerra, principalmente para
terrorismo até 1982. o ensino técnico e a qualificação profissio-
O ETA-M retornou à utilização de atos terro- nal. Os resultados atualmente são visíveis,
ristas, baseado no plano destacado como Alternativa cerca de 98% dos estudantes cursam o se-
KAS: gundo grau e se dirigem para a universida-
 Formação de um Estado Basco independen- de.
te, em território Espanhol e Francês;  Investimento em pesquisa de novas tecno-
 Incorporação da província de Navarra (que logias, tanto no ligado ao governo quanto
estava fora do estatuto de 1979) a esse Es- capital privado, fazendo o país se destacar
tado Basco independente; nos setores de tecnologia de ponta.
 Reconhecimento internacional; 5
 Retirada da polícia espanhola do país;  A América Anglo-Saxônica foi colonizada
 Anistia para os presos bascos (cerca de qui- de forma diferenciada do restante do Conti-
nhentos) na Espanha e na França.
Editora Exato 52
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nente americano (exceto o sul dos EUA). O


modelo de colonização adotado foi o de
povoamento, caracterizado pelo desenvol-
vimento interno. Esse desenvolvimento in-
terno determinou a forte industrialização.
Os fatos que auxiliaram foram:
 Forte presença de matérias-primas (manga-
nês, ferro, cobre e petróleo).
 Facilidade na circulação e transporte (ferro-
vias, hidrovias e rodovias).
 Formação de grandes centros urbanos, pró-
ximos a portos, uma grande necessidade no
período.
 Mão-de-obra numerosa e barata, atualmente
bastante qualificada.
 Poupança interna (mercado de consumo).
 Fontes de energia (carvão, petróleo - ter-
moelétrica, água - hidroelétrica).
 Posição geográfica favorável, saídas para o
Atlântico e o Pacífico.
 Ampliação do mercado de consumo externo
dos seus produtos.
Exercícios
1 C, E, E, C, E
2 C, C, E, C, C
3 A
4 C
5 D
6 E
7 D
8 C
9 D
10 B
11 A
12 C, C, E, E, E
13 E, E, E, E
14 D
15 D
16 C
17 D
18 D
19 B
20 E

Editora Exato 53
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GEOGRAFIA DA POBREZA
1. ÁSIA
A Ásia é o maior continente do globo (cerca de um terço das terras emersas do globo), localizado totalmente
no Hemisfério Oriental, possuindo áreas nos Hemisférios Norte e Sul, determinando o motivo principal da grande
variedade de paisagens naturais do continente. Esse continente é banhado por três oceanos: o Índico (ao sul), o Pa-
cífico (a leste) e o Ártico (ao norte).

Grandes regiões da ásia

Extremo O riente
Sul da Ásia
Sudeste da Ásia
Países da ex-União Soviética
O riente Médio 0 850 1700km

2. ÍNDIA E PAQUISTÃO Índia: Fronteiras em disputa

A região da Índia atravessou um longo período


Caxemira
de dominação inglesa; era caracterizada como a prin- Afeganistão
China
cipal colônia britânica na Ásia (recursos e rota co-
Punjab
mercial). No ano de 1947, o parlamento britânico, Paquistão Nepal
não conseguindo mais manter a ordem na região, Butão
concedeu a independência à Índia, baseado em acor- Rajastão
dos com o plano da liga muçulmana. Esse plano con- Bangladesh

sistia na formação de uma área independente, com ÍNDIA


Mianma
ditames da religião muçulmana. Com isso foi criado
o Paquistão ocidental e oriental (aspecto intimamente Golfo de
Bengala
ligado à religião); posteriormente, o Paquistão orien-
tal, com o apoio direto da Índia, conseguiu sua inde- O ceano Região reivindicada pela China
pendência e fundou Bangladesh. Índico
Região reivindicada pelo Paquistão

Conflitos armados
Barreira do Himalaia
Sri Lanka

3. ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA E SOCIAL

Índia
 País subdesenvolvido.
 Democracia parlamentarista.

Editora Exato 54
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 Maioria da população presente no campo no contexto das potências nucleares. A Índia já vinha
(cerca de 70%). realizando testes há vários anos, mesmo com deter-
 País populoso e povoado (mais de 1 bilhão minações contrárias de outras potências. A Índia con-
de habitantes). sidera que nenhuma organização ou país possui o
 Possui uma agricultura baseada na Revolu- direito de impedir o seu avanço militar, principal-
ção Verde (alta tecnologia para exporta- mente grupos como a ONU, cujos membros do con-
ção). selho permanente (Estados Unidos, Rússia, Reino
 Maioria de religião Hindu. Unido, França e China) já desenvolveram e testaram
 Dividida em castas. com sucesso suas próprias bombas. Algumas sema-
 Na Índia ainda se destaca a presença da va- nas após as comemorações e a euforia na Índia, era a
ca como animal sagrado e vital para a eco- vez do vizinho e inimigo Paquistão realizar com su-
nomia. cesso seus testes nucleares, mostrando à vizinha Índia
 Contradições: fome, miséria X bomba nu- que está pronto para uma guerra de proporções nu-
clear, setor de produção de tecnologia de cleares. Esses acontecimentos, associados a ressenti-
ponta (informática e biotecnologia, grande mentos mútuos e disputas territoriais, tornaram a área
concentrações de doutores) X uma péssima uma das mais instáveis desse novo século.
distribuição de renda e alta taxa de analfa-
4. RELAÇÃO COREANA
betismo da população.
Essa região foi um dos ícones principais no i-
nício da Guerra Fria. A Coréia do Norte invadiu a
Coréia do Sul destacando que era necessário unificar
o país. Nesse contexto, entraram os EUA (Coréia do
Sul) e URSS (Coréia do Norte). Ao fim de três anos e
vários mortos, as fronteiras permaneceram onde esta-
vam desde o início.

A Coréia Dividida
ÍNDIA
China

Coréia Mar
do Norte do Japão
Região industrial Pyongyang
Carvão
Paralelo 38
Petróleo
Refinaria de petróleo
Hidrelétrica Mar Seul
0 350 700km
Termelétrica Amarelo Coréia
Usina nuclear
do Sul
Japão
Paquistão Mar da
 País com baixa infra-estrutura e condição China Oriental
econômica.
 Altamente dependente da ajuda externa. 5. CORÉIA DO NORTE
 País agrário.
A Coréia do Norte é um dos países que podem
 Governo ditatorial.
ser tratados como “pedra no sapato dos Estados Uni-
Região da Caxemira dos”. Formado por um governo ditatorial bastante to-
Existem algumas áreas conflitantes na fronteira talitário, o país não respeita as cláusulas da ONU e
com a Índia, mas o que mais se destaca é a região da nem as ordens diretas dos Estados Unidos. O fator
Caxemira. Essa região, a partir do acordo de separa- principal dessa desobediência mundial é a presença
ção, ficou contida no território indiano, embora a área de ogivas nucleares e tecnologia para a produção de
apresente uma população predominante de muçulma- mísseis, que, embora dificilmente atinjam os Estados
nos, que possuem o desejo claro de separação da Ín- Unidos, podem destruir os seus vizinhos e gerar um
dia e anexação ao Paquistão. desequilíbrio econômico e ambiental em esfera mun-
Questão nuclear dial. Com uma economia fraca e dependente, a maior
Três grandes explosões nucleares marcaram o parcela dos recursos é direcionada para o setor mili-
dia 11 de maio de 1998, na região desértica do Rajas- tar, um dos que mais cresce no mundo.
tão, na Índia. Nesse dia, a Índia entrou diretamente
Editora Exato 55
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6. AFEGANISTÃO  Implantação da religião mulçumana como a


única religião aceita no país.
O Afeganistão é um país que conviveu histori-  Amputação de pés e mãos, em caso de rou-
camente com conflitos e invasões constantes. Esse bo, e o açoite em praça pública, para os
país localiza-se em uma rota direta entre o Oriente consumidores de bebidas alcoólicas.
Médio e o restante da Ásia. Com isso tornou-se uma  A proibição total da difusão do conheci-
área de grande valor estratégico. mento de massa (rádio, televisão, cinema,
Para se compreender melhor o que se passa no teatro etc). As únicas músicas aceitas no pa-
Afeganistão, alguns dados a respeito da população ís eram as ligadas à religião ou as que evo-
são muito importantes. A nação afegã é formada por cassem o aspecto do Taliban.
várias etnias, que possuem uma tradição de rivalidade  As mulheres eram proibidas de estudar, tra-
entre si. balhar e eram obrigadas a usar a burka ao
Durante o período da Guerra Fria, o país foi sair à rua.
invadido pela URSS (União Soviética), essa invasão  Qualquer ato contra as regras estabelecidas
durou do final de 1979 ao início de 1989 e teve como era normalmente tratado com pena de mor-
desfecho a saída “humilhante” das tropas soviéticas, te.
deixando armas que serviriam para abastecer posteri-  Os homens tinham que deixar a barba cres-
ormente as tropas do Taliban. cer.
O Afeganistão é uma região montanhosa e bas- Com os atentados do dia 11 de setembro 2001,
tante árida, possuindo também outro marco natural, os Estados Unidos lançaram uma ofensiva que acar-
que é o frio intenso no período de inverno. retou a queda do regime Taliban no Afeganistão, já
que este se negou a entregar Osama Bin Laden, prin-
io Lago Aral
sp cipal responsável pelos atentados aos Estados Uni-
r Cá Uzbequistão Casaquistão dos. Atualmente a política está sendo dirigida pelos
Ma
vários grupos existentes na região, buscando com is-
Turcomenistão Q uirguistão so desenvolver um elo para a democracia no país.
Tadjiquistão 7. OCEANIA

Irã Afeganistão China Continente formado por uma base continental e


um amplo conjunto de ilhas. A maioria das ilhas tem
origem vulcânica e o continente possui uma distorção
Paquistão socioeconômica bastante ampla.
Ma
r Ar Índia Destaques:
ábi Nepal
O mã co  Austrália: (base industrial e turismo).
Atlas Geográfico. Regina Vasconcellos. FTD. p.54.  Nova Zelândia (produção de alimentos e
lã).
Parte considerável da economia do Afeganis- Indicadores Austrália Nova Zelân-
tão é sustentada na produção da papoula, matéria- dia
prima básica para a produção do Ópio, droga consu- PIB (em milhões de 404.000 54.600
mida em países da Europa, América e Ásia. Esse fa- US$)
tor, associado à falta de empenho do governo PIB agropecuária 3% 7%
(governo Taliban), fez com que os países, liderados PIB indústria 26% 26%
pelos Estados Unidos, implantassem um embargo PIB serviços 70% 67%
comercial ao Afeganistão, gerando uma crise econô- *Crescimento anual do 3,9 2,2
mica e social ainda maior no país. PNB (1990-1998)
O Afeganistão após várias disputas internas Balança comercial (em -10870 -700
passou a ser governado pelo grupo Taliban (1996- milhões de US$)
2001), liderado por Mohammed Omar. Esse grupo Dívida externa Não pos- Não possui
foi formado pelas alas estudantis, no país vizinho, sui
Paquistão e possuía uma política baseada no funda- *Inflação (ao ano) 0,6% 1,3%
mentalismo islâmico radical; além disso, implantou
Desemprego 8% 7,5%
no Afeganistão a política do terror baseado no total World Bank. Woorld Development Indicators, 2001.
controle do Estado. As bases principais do Taliban, PNUD – Relatório do Desenvolvimento Humano, 2000.
contido na Sharia, severo código civil, eram:

Editora Exato 56
GEOGRAFIA

8. TIMOR LESTE Indonésia foram mortos a golpes de machado. Eles


passavam por um bairro de maioria separatista, Beco-
Com a saída de Portugal, que administrava essa ra, segundo a polícia. Testemunhas contaram que os
região como colônia, houve uma indefinição nos ru- dois tentaram intimidar os eleitores, percorrendo as
mos do poder. A partir desse contexto, desenvolve-se ruas de moto e com armas nas mãos.
a Fretilin (Frente Revolucionária do Timor Leste In- Na quinta-feira, pelo menos seis pessoas foram
dependente), a qual derrota o grupo timorense que ti- mortas, nesse bairro, por militantes pró-Indonésia que
nha planos de integração à Indonésia. No ano de tentavam incitar a população a não votar amanhã.
1975, tropas da Indonésia invadiram o Timor Leste, Esse é um dos grandes problemas desse plebis-
conseguindo sua anexação à região como a 27ª pro- cito – o medo de votar. As milícias favoráveis à In-
víncia, no ano seguinte. Esse domínio indonésio so- donésia ameaçam e intimidam os cidadãos que,
bre a região nunca foi reconhecido pela ONU, e presumivelmente, votarão pela independência.
provocou vários conflitos entre o exército da Indoné- Os eleitores estão inquietos, explica o paquis-
sia e os revolucionários da Fretilin. Com a derrota do tanês Khalik Rahmak, responsável pelas eleições da
movimento pró-indepedência, o Timor Leste foi ane- Missão das Nações Unidas para o Timor-Leste (U-
xado à Indonésia. A partir de 1996, com o recebi- namet). “Eles perguntam: estamos em segurança?
mento do Prêmio Nobel da Paz por parte do bispo Nosso voto será mesmo secreto?”
Carlos Felipe Ximenes Belo e do líder do movimento A Unamet tenta acalmar a população com pro-
separatista José Ramos Horta, houve o retorno maci- gramas educativos, mas, segundo as organizações
ço das atenções à causa de independência timorense, não-governamentais, os funcionários indonésios con-
o que causou indignação no governo do ditador Su- tinuam afirmando que sempre é possível saber como
harto, da Indonésia, provocando perseguições e guer- se votou e tomar represálias contra os favoráveis à
ra civil na região. independência.
No dia 30 de agosto de 1999, os timorenses Por isso, a Igreja Católica está usando toda a
decidiram, a partir de um plebiscito interno, pela in- sua influência para pedir aos católicos, majoritários
dependência do país; com isso, forças-tarefa da ONU em Timor-Leste, que dêem uma prova de coragem e
buscaram desenvolver a região, possibilitando, assim, participem do plebiscito.
um crescimento mais rápido. No ano de 2002, tomou Numa mensagem lida pelos sacerdotes em to-
posse o primeiro presidente eleito do país (Xanana do o território, monsenhor Carlos Felipe Ximenes
Gusmão). O país busca desenvolver a identidade na- Belo, bispo de Díli, exortou os timorenses, “a gera-
cional a partir do desenvolvimento da Língua Portu- ção que fará História” a não ter medo “e escolher, se-
guesa. Hoje o Timor Leste, também conhecido como gundo sua consciência, aquele que será o futuro de
Timor Loro Sae (Timor do Sol Nascente) constitui-se Timor-Leste”. Belo ganhou o prêmio Nobel da Paz,
como um dos países mais pobres do globo. em 1996, por sua luta em favor dos timorenses.
Timor do Sol Nascente “Apesar das intimidações e da violência, de-
O dia, hoje, é histórico para o Timor-Leste. Os veis ter coragem e combater com vosso voto”, disse,
451.792 eleitores inscritos decidirão se querem um em sermão, o padre Filomeno Jakob, da igreja Mota-
país independente – o Timor do Sol Nascente ou Ti- el.
mor Loro Sae – ou continuar sendo a 27ª província da A Igreja Católica é a principal autoridade mo-
Indonésia. Se tudo correr bem, os resultados serão ral da ex-colônia portuguesa e, para muitos analistas,
conhecidos em uma semana e anunciados, simultane- a força que permitiu à população conservar sua iden-
amente, em Díli, a capital do Timor-Leste, e em No- tidade ao longo de 24 anos, depois de o país ser inva-
va York, na sede da Organização das Nações Unidas dido e anexado pela Indonésia.
(ONU). As previsões são de que a independência ga- A Unamet anunciou ontem a conclusão de um
nhará. acordo entre os prós e os contras a independência. As
O que não se sabe é como os perdedores rece- armas dos dois lados devem ser entregues ou manti-
berão os resultados. Poucos acreditam que os milici- das nos locais onde guerrilheiros e milicianos estão
anos que lutam contra a independência e são acampados.
apoiados pela Indonésia aceitarão passivamente se a Mas nada permite acreditar que esse acordo se-
maioria votar pela separação. E os guerrilheiros pró- rá cumprido e terá mais efeito que outros acordos an-
independência terão muitos argumentos para alegar a teriores.
legitimidade da eleição. A guerra pode continuar. E a vida segue. Retraídos em suas casas desde
É, pois, uma eleição de alto risco, organizada quinta-feira, devido à violência, os timorenses ontem
pelas Nações Unidas. A violência e as hostilidades lotaram as igrejas. Os mercados também estavam a-
entre os favoráveis e os contrários à independência bertos e muito concorridos.
continuavam, ontem. Em Díli, dois militantes pró-
Editora Exato 57
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Nos bairros populares, a vida parecia quase maiores especialistas saibam responder a essa ques-
normal: as pessoas passeavam nas ruas e as portas e tão. Para tentar esclarecê-la, ÉPOCA foi ver de perto
janelas das casas estavam abertas, pela primeira vez o que a Índia tem que o Brasil não tem. Foi investigar
em muitos dias. como o exemplo indiano pode ajudar o país a voltar a
Correio Braziliense, 30 de agosto de 1999. Mundo. P. 3. crescer com vigor e atender a suas enormes deman-
9. LEITURA COMPLEMENTAR das sociais. Conversamos com empresários, executi-
vos, economistas e políticos do governo e da
A Revolução Verde na Índia oposição. Visitamos empresas de tecnologia, indús-
O aumento populacional na Índia gerou sérios trias pesadas e órgãos governamentais. Sentimos o
problemas com relação à produção de alimentos. pulso das ruas de grandes cidades, como Mumbai
Com o objetivo de combater a fome, o governo indi- (antiga Bombaim, o centro econômico do país), a ca-
ano incentivou, a partir da década de 1960, a chama- pital Nova Délhi e Hyderabad, novo pólo indiano de
da Revolução Verde. Essa revolução caracterizou-se tecnologia. De tudo o que vimos, extraímos 12 lições
pela modernização das atividades agrícolas por meio da Índia para o Brasil.
da introdução de técnicas avançadas de cultivo, como Hoje, é consenso entre os especialistas que a
o desenvolvimento de novas variedades de cereais, principal missão do próximo governo brasileiro será
sementes selecionadas e mais produtivas, uso inten- fazer a economia crescer. Depois de termos conquis-
sivo de adubos e pesticidas, além do emprego de am- tado a estabilidade econômica, nosso próximo desa-
plos sistemas de irrigação. fio será elevar as taxas de crescimento. Só assim a
A Revolução Verde, embora tenha gerado um economia pode ganhar o dinamismo necessário para
grande aumento no volume da produção agrícola, não gerar empregos e atrair investimentos. É justamente
solucionou o problema da fome no país. na questão do crescimento que a Índia nos oferece
Isso se explica pelo fato de a Índia, assim co- um exemplo. Curiosamente, ela ostenta números até
mo a imensa maioria dos países subdesenvolvidos, piores que os brasileiros em quesitos considerados
destinar grande parte de sua produção agrícola à ex- essenciais pelos economistas. Do ponto de vista dos
portação, o que diminui a oferta desses gêneros no gastos públicos, um dos indicadores mais usados para
mercado interno. Além disso, houve também um au- avaliar a saúde financeira de um país, a Índia não a-
mento da concentração fundiária no país, uma vez penas gasta mais que o Brasil em relação ao Produto
que os pequenos produtores, descapitalizados e sem Interno Bruto (PIB). Sua dívida pública é muito mai-
condições de investir na modernização de suas pro- or que a nossa: equivale a 79,5% do PIB, ante 51,5%
priedades, venderam-nas para os grandes proprietá- no Brasil. De acordo com uma pesquisa do Banco
rios, justamente aqueles que mais produzem para o Mundial, o Estado é considerado tão ineficiente e bu-
mercado externo. rocrático na Índia quanto aqui. E, embora muita gente
A produção de grãos na Índia saltou de 114 pense que a Índia é um país de monges budistas e
milhões de toneladas anuais, em 1970, para mais de hinduístas, a corrupção, segundo o estudo, é hoje a
226 milhões em 1998, um acréscimo de quase 100%. principal preocupação dos empresários indianos para
Nesse mesmo período, entretanto, a disponibilidade o desenvolvimento dos negócios. É certo que a Índia
de grãos por habitante aumentou apenas cerca de não tem os problemas dramáticos do Brasil com se-
10%, em decorrência do crescimento populacional e, gurança. Mas, ao contrário do Brasil, que vive em
também, do aumento das exportações. paz com os vizinhos há um século, a Índia tem pro-
Geografia, espaço e vivência. 7ª série. Atual Editora. 2001. p. 176.
blemas sérios de fronteira com a China e o Paquistão.
Além disso, tem um sistema de castas que ainda im-
Por que a Índia cresce?
pede a ascensão social de boa parte da população.
Ela é mais parecida com o Brasil do que se i-
Enfrenta também disputas religiosas que se intensifi-
magina. Tem impostos indecentes e um ambiente
caram nos últimos anos e estimularam o terrorismo.
hostil aos negócios. Tem legislação trabalhista ana-
Não por acaso, a Índia é um dos poucos países que
crônica e uma infra-estrutura sofrível. Lá, como aqui,
têm a bomba atômica. Seus gastos militares chega-
o governo gasta muito - e mal. E o Fundo Monetário
ram a 4% do PIB em 2005, em comparação a 1,5%
Internacional (FMI) vive cobrando - sem sucesso - a
destinado à área no Brasil. Até a abertura econômica
realização das reformas tributária e fiscal para o país
implementada nos anos 90 pelo atual primeiro-
entrar numa rota de crescimento sustentado. Acredite,
ministro, Manmohan Singh, então ministro das Fi-
é isso mesmo. A Índia, a queridinha dos investidores
nanças, a Índia foi um país quase socialista. Restrin-
internacionais, o novo eldorado da economia global,
gia a iniciativa privada e era praticamente fechada às
padece basicamente dos mesmos males do Brasil. Por
importações. Proibia até a entrada de Coca-Cola. Ho-
que, então, ela cresce 8% ao ano, enquanto nós não
je, os resquícios do Estado-que-pode-tudo ainda são
chegamos nem a 3%? É provável que nem mesmo os
Editora Exato 58
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marcantes, apesar da liberalização da economia nos  A Dr. Reddy's, segunda maior empresa in-
últimos anos. Mesmo assim, a Índia consegue crescer diana da área farmacêutica, controla fábri-
e prosperar, enquanto o Brasil patina num estado de cas na China e no México. No ano passado,
semi-estagnação econômica. "Precisamos pensar comprou uma das maiores empresas alemãs
grande", afirma o primeiro-ministro Singh. "Precisa- do ramo por US$ 570 milhões. Agora, se-
mos ir além do crescimento vegetativo, para um cres- gundo informações dadas a ÉPOCA por seu
cimento exponencial jamais visto na História." presidente, Satish Reddy, prepara-se para
reforçar sua base no Brasil. Deve construir
Mentalidade global uma fábrica própria de genéricos no país,
As principais empresas indianas não restrin- com o objetivo de faturar US$ 50 milhões
gem sua atuação no mercado global às exportações. por ano a partir de 2012.
Elas querem mais que isso. Querem ser as melhores
do mundo naquilo que fazem, para ganhar a disputa Foco no desenvolvimento
pelo consumidor contra quem quer que seja. Seus Ao contrário do Brasil, que viveu um processo
comandantes parecem acreditar seriamente que po- inflacionário que durou mais de duas décadas, a Índia
dem chegar lá, com a oferta de produtos e serviços de nunca passou por nada semelhante. Talvez, por isso,
classe mundial. A Índia, com 1,1 bilhão de consumi- o foco da política econômica indiana seja o cresci-
dores, é o segundo maior mercado do mundo, logo mento. A maior preocupação é gerar riqueza para
abaixo da China. Ainda assim, muitas empresas indi- melhorar a qualidade de vida da população, hoje es-
anas expandem seus domínios para fora do país. "As timada em 1,1 bilhão de pessoas, 300 milhões das
empresas indianas entraram na arena global de forma quais vivem com menos de US$ 1 por dia. Formal-
agressiva", diz o empresário Yogesh Deveshwar, pre- mente, a Índia não adota o modelo de metas de infla-
sidente da Confederação da Indústria da Índia (CII). ção seguido no Brasil. Ainda assim, as estimativas de
"Nos próximos anos, um número cada vez maior de inflação sofrem uma atualização trimestral. "O prin-
empresas indianas vai se globalizar", afirma o eco- cipal objetivo é promover o crescimento econômico
nomista Arindam Chauduri, autor do livro The Great com estabilidade de preços", afirma Muneesh Kapur,
Indian Dream (O Grande Sonho Indiano, ainda sem diretor do Reserve Bank of India (RBI), o banco cen-
tradução para o português) e responsável pelo Centro tral do país, que atua de forma independente do go-
de Pesquisa Econômica e Estudos Avançados, de verno. A julgar pelos resultados, a estratégia indiana
Nova Délhi. Na área de tecnologia, os investimentos funciona bem melhor que a nossa. Nos últimos dez
feitos por empresas indianas no exterior alcançaram anos, a Índia foi o segundo país que mais cresceu no
US$ 5 bilhões no primeiro semestre de 2006. Desse mundo, com uma média superior a 6% ao ano, atrás
total, US$ 200 milhões vieram para o Brasil, segundo apenas da China. E a inflação, na faixa de 5% ao ano,
o Ministério das Relações Exteriores da Índia. Hoje, manteve-se sob controle. Se continuar a crescer no
os investimentos da Índia no Reino Unido, o todo- mesmo ritmo, a Índia poderá reduzir de forma signi-
poderoso colonizador de outrora, são maiores que os ficativa a miséria em 20 ou 30 anos. Lá, parece estar
do Reino Unido na Índia. Em diversos setores eco- claro para todos que, em condições normais, é o cres-
nômicos, como aço, petróleo ou indústria farmacêuti- cimento que faz a diferença entre um bom governo e
ca, a presença indiana se faz notar. Eis alguns um governo medíocre. A política monetária e a infla-
exemplos: ção são importantes, é claro. Cuidar das despesas do
 A Mittal é a maior produtora de aço do setor público, também. Seria leviano dizer o contrá-
mundo. Ela recentemente se uniu à Arcelor, rio. Mas não se pode perder de vista que tudo isso só
gigante européia do setor, e tem bases em deve servir para uma coisa: o crescimento econômico
60 países, nenhuma delas na Índia. e a prosperidade da população.
 O Grupo Tata, com ramificações nas áreas
10. ÁFRICA
de siderurgia, eletricidade, telecomunica-
ções, tecnologia e indústria automobilística, Características Gerais
faturou US$ 21,9 bilhões em 2005 e está Esse continente apresenta a terceira maior ex-
presente em 40 países dos cinco continen- tensão mundial.
tes. Possui espaço territorial nos quatro hemisfé-
 A Infosys, da área de software, fatura US$ rios, pois é cortado pelo equador (parte central) e pe-
1 bilhão ao ano. Tem nove centros de de- lo meridiano de Greenwich (parte ocidental).
senvolvimento na Índia e 30 em outros paí-
ses.

Editora Exato 59
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Na parte oeste, é banhado pelo oceano Atlânti- no comércio para abastecimento de suprimentos de
co; na parte sudeste, pelo oceano Índico; na parte les- viagem.
te, pelo mar vermelho e ao norte, pelo mar
mediterrâneo. Nos séculos XVII e XVIII, o comércio intensi-
Um dos três maiores bolsões de pobreza do ficou-se principalmente pela presença de um grande
mundo, em nível relativo, é a zona mais problemática produto de aceitação no mercado internacional — o
no aspecto social e econômico do Globo. escravo negro. O escravo negro foi o principal “pro-
A taxa média de mortalidade infantil é da or- duto” comercial nesses séculos, impulsionando um
dem de 152 por mil. As mais altas do mundo. forte comércio entre a África e as Américas. Nesses
séculos também não houve uma colonização efetiva,
Europa visto que os negros eram capturados nas tribos por
traficantes e trazidos para o litoral para serem comer-
Marrocos Ásia
cializados.
Tunísia
O século XIX iniciou com a entrada em vigor
Argélia
Saara
Líbia
Egito da lei Bill Aberdeen. Essa lei inglesa determinava o
O cidental
Mauritânia
fim do tráfico de escravos, ou seja, qualquer navio
Níger
Senegal
Mali
Chade Sudão
Eritréia que transportasse escravos poderia ser afundado. Es-
sa lei, associada à abolição da escravatura nos países
Tog o

é Nigéria
G uin o a República Djibuti
a Le
Serr ib êria Centro-Africana Etiópia americanos, impulsionou o crescimento populacional
Beni n
a
G an
a rfim

L Camarões Somália
na África que até aquele momento era bastante redu-
d o M ta
Cos

República Uganda
Gabão
Democrática Q uênia zido. Em 1884 foi realizada a Conferência de Berlim.
o
Co
ng do Gongo Tanzânia Nessa conferência os países da Europa traçaram suas
Angola áreas de influência dentro da África.
Malaui
Zâ mbia
Zimbáque ique
13. DESCOLONIZAÇÃO
Namíbia b
ça m
Botsuana M o Madagascar
A maioria dos países africanos obteve sua in-
Rep.da
África do Sul
dependência após a II Guerra Mundial, destacando-se
a década de 1960. Contudo, o processo de coloniza-
Atlante Geográfico Metódico. De Agostinim, Novara Instituto
Geográfico, 1997.
ção foi marcado pela criação de fronteiras artificiais e
essas por sua vez não levaram em consideração as di-
ferenças étnicas e históricas, inserindo no mesmo pa-
11. ASPECTOS FÍSICOS
ís grupos e tribos inimigas, impossibilitando a
O continente africano constitui-se de uma es- formação de uma nação plena.
trutura geológica bastante antiga, apresentando na Embora tenham adquirido a independência po-
maioria da porção territorial relevos de baixa altitude. lítica, esses países não conseguiram implantar com
Salvo alguns casos, como o monte Kilimanjaro, no sucesso o princípio da autodeterminação (governados
Quênia. por si só), pois, historicamente foram explorados e a
A vegetação na África é bastante diversificada, dependência econômica se fez presente como forma
existem áreas de florestas equatoriais, savanas, flo- de dominação.
resta temperada, campos e regiões desérticas. O cli- Para piorar a situação, a nova geopolítica
ma também é bastante variado, apresentando ao norte mundial foi marcada pelo desenvolvimento de duas
o clima mediterrâneo, na parte central o equatorial e grandes potências (Guerra Fria). Esses países se mos-
desértico e ao sul o tropical e subtropical. traram presentes no Continente africano, influencian-
A maioria dos rios africanos são intermitentes. do nas políticas, fornecendo armas e financiando
No continente, destacam-se duas bacias: Congo — conflitos internos.
maior potencial hidroelétrico do mundo e Nilo — ba- Com o fim da Guerra Fria, a ajuda externa foi
cia que proporciona a vida no Egito, serve para abas- minimizada, entretanto, o quadro de miséria econô-
tecimento e irrigação. mica, social e político que aflorava na região era i-
menso. O Continente apresenta milhares de pessoas
12. HISTÓRICO
morrendo de fome, sede e de doenças endêmicas,
A colonização do Continente foi iniciada no uma dívida altíssima, sem perspectiva de pagamento.
século XVI. Essa colonização não foi efetiva, no sen- Faltam recursos básicos para a população, existe uma
tido de que não havia a interiorização no continente. quantidade enorme de campos de refugiados, pois vá-
Todo o contato era litorâneo, baseado principalmente rios países ainda estão em guerra civil. A África ago-
niza em sua própria miséria e os países e organismos

Editora Exato 60
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internacionais apenas realizam política assistencialis-


tas, que nada resolvem a problemática histórica de Região mais rica e com melhor IDH (índice de
desenvolvimento que aflige a região. desenvolvimento humano).
Europa Colônias Africanas - 1940
Destaque na economia: extração de riquezas
minerais, como o petróleo (Líbia e Argélia, membros
Marrocos Ásia da OPEP) e o turismo (região do Mediterrâneo) são
Tunísia
os grandes destaques.
Argélia
Saara
O cidental Líbia
Egito
A religião mulçumana predomina na região;
Mauritânia Grande parte da população tem origem na etnia
Níger
Senegal
Mali
Chade Sudão
Eritréia branca (região semelhante ao Oriente Médio).
Dividida em: Maghreb (onde o sol se põe),
To go

é Nigéria
G uin o a República Djibuti
a Le
Serr ib êria Centro-Africana Etiópia norte do Saara e vale do Nilo (Egito).
Beni n
a
G an
arfi m

L Somália
Camarões
Países da região: Egito, Líbia, Argélia, Marro-
do M ta
Cos

República Uganda
G abão
Democrática Q uênia cos e Tunísia.
o do G ongo
ng
Co Tanzânia
16. ÁFRICA NEGRA
Angola
Bélgica Malaui
Zâ mbia Características
Espanha
França Zimbáque i que
Independentes
Namíbia
ça m
b Também chamada de África verdadeira.
Botsuana M o Madagascar
Itália
Portugal
Dividida em África Ocidental (Nigéria), Cen-
Protetorado Rep.da
África do Sul
tral (bacia do rio Congo), Oriental (Somália, Ruanda)
Reino Unido
e Meridional (África do Sul).
Geografia, Geral e do Brasil - Editora Harbra pág. 169. Região bastante pobre (exceto África do Sul).
Base econômica agrária, destacando também a
14. DIVISÃO ÉTNICA DA ÁFRICA extração de minerais (voltados a exportação).
África branca e negra Vários conflitos internos.
As duas regiões são separadas pelo deserto do
Saara, que ocupa áreas das duas partes, e se caracte-
Mar riza como um divisor natural. O Saara tem no seu li-
Mediterrâneo
mite sul uma extensa área que está sendo atingida por
um forte processo de desertificação – região conheci-
da como Sahel – que vem ampliando muito sua ex-
tensão, pelo uso irregular da terra para fins agrícolas
e urbanos, empobrecendo ainda mais essa região afri-
cana.

África O ceano
Índico
O ceano
Atlântico

África do Norte
África Subsaariana ESCALA
Sahel 0 9 10 18 20
Km
Chaliand, Géard e Rageu, Jean-Pierre. Atlasstratégique,
Paris, Complexe 1997.

15. ÁFRICA BRANCA

Características Em razão das péssimas condições de vida, da


Localiza-se na parte norte ou setentrional e falta de investimentos na área de saúde, educação e
uma parte do oeste; banhada pelo mar Mediterrâneo emprego, a África negra, ou subsaariana, vem enfren-
ao norte. tando uma epidemia nos casos de aids, tornando-se a
Editora Exato 61
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região com maior incidência de doentes infectados  Não poderiam estar juntos em estabeleci-
com HIV. A situação, além de escandalosa, é bastan- mentos públicos.
te preocupante, pois as políticas assistencialistas hoje  Não poderiam morar em bairros de brancos.
empregadas na região não estão surtindo efeito bené-  Não votavam e não se elegiam.
fico, apenas mascarando um problema, ligado dire-  Não participavam do exército.
tamente à política de exploração e miséria que o  Um negro só poderia hospedar sua família
continente vive. por no máximo 72 horas.
Hoje ainda existe racismo mascarado na regi-
17. PAÍSES DE DESTAQUE
ão.
África do Sul Angola e Moçambique
Características gerais São países que estão inseridos na comunidade
País mais desenvolvido da África. de países que falam a língua portuguesa. Apresentam
Mais militarizado. outra característica comum: são países que passaram
Rico em recursos minerais (carvão, ouro, dia- longos anos sobre uma forte guerra civil, a qual de-
mante, urânio), exceto petróleo. sestruturou toda a sua economia. Conflitos intima-
Os brancos na região, em sua maioria, são de mente ligados à questão da Guerra Fria. Atualmente
origem holandesa (boërs), e ingleses. Caracterizam buscam desenvolver melhorias sociais e econômicas,
cerca de 17% da população sul-africana. baseadas em instáveis acordos de paz.
Capital do executivo (Pretória), legislativo O Brasil vem auxiliando o Continente africano,
(Cidade do Cabo), principal cidade (Johannesburgo). sobretudo os países que falam a Língua Portuguesa,
Aspecto político como Angola, Moçambique e Guiné-Bissau. Nesses
A África do Sul, principal país da África, im- países, o Brasil está gerenciando um programa amplo
plantou um regime no ano de 1948, denominado de de alfabetização, a fim de reduzir a taxa de analfabe-
Apartheid. Esse regime baseava-se em uma segrega- tismo, que gira em torno de 70% da população ativa
ção política, econômica e social formal, que sobrepu- (em idade de trabalho). Outro fator de ajuda do go-
nha a população branca (minoria) sobre a negra verno brasileiro foi o perdão da dívida externa desses
(maioria). países para conosco, buscando assim promover o seu
O Apartheid iniciou seu declínio desde o fim crescimento. Essa política de ajuda tem favorecido o
dos anos 80, acarretado pela pressão da população aumento do poder brasileiro no cenário mundial, no
local, mas principalmente pelas colocações interna- sentido de que os países mais pobres vêem no Brasil
cionais de repúdio e a possibilidade de um boicote in- um líder entre os países subdesenvolvidos.
ternacional. Ruanda e Burundi
Foram criadas áreas na periferia para os negros Conflito da África Central
(townships). Exemplo: Soweto.
Devido ao aumento do número de negros (pre- Problemas Uganda
interétnicos graves L.Alberto
ocupação com rebeliões), foram criadas regiões, em Q uênia
Kampala
áreas longe do centro, conhecidas como bantustões. Zona de acolhida de
refugiados de Ruanda L.Eduardo
Década de 60 e 80 período de maior conflito e Burundi Lago
dentro da região. Via férrea Goma Ruanda vitória
L.Kivu Kigali
Em 1992, o governo determinou uma votação, Burundi
Bukavu Bujumbura
em que 70% da população branca votou o fim do a- REPÚBLICA
Ilebo DEMO CRÁTICA
partheid. DO CO NGO
Só recentemente (1994) tiveram eleições livres Tanzânia
em que os negros puderam votar. Venceu Nelson Kananga Kalemie Dodoma
L.Tanganica
Mandela (CNA), primeiro presidente negro da histó- Para
Dar Es Salam
ria. Angola
Menono
O atual presidente da África, Thabo Mbeki, en-
frenta vários problemas como o desemprego, a vio-
lência e a Aids. Para
Benguela
Kolwezi
L. Niassa

Bases do Apartheid Lubumbashi

 Pass book (passaporte). N Zâmbia


 Não podia haver casamento inter-racial. Mialauí
O L ESCALA Para Cidade
 Negros não eram donos de terra. S
0
Km
158
do Cabo
 Tinham salários menores que os brancos.

Editora Exato 62
GEOGRAFIA

Fonte:Le Monde Diplomatique. Cartografia de Phillipe Re- falta de informação da maioria da população africana.
kacewich. Paris, 2000. A contaminação da elite dirigente do Zimbábue mos-
tra que se atingiu um novo e terrível patamar. Soube-
se da existência dos ministros aidéticos porque uma
organização de ajuda aos portadores do vírus HIV
Países que sofrem com uma guerra civil entre encontrou seus nomes entre os atendidos por um pro-
Hutus e Tutsis, que já acarretou a morte de milhares grama de distribuição gratuita do coquetel anti-Aids.
de pessoas e colocou essa região em destaque como O Zimbábue tem 1,5 milhão de contaminados, entre
uma das mais perigosas e violentas do mundo. Esse eles 56 000 crianças mas o programa de medicação
conflito já é um dos mais longos da África Central e gratuita, do qual se beneficiam os ministros, atinge
ganhou ares de um conflito regional, pois se misturou apenas 500 pessoas. Por razões éticas, a organização
a conflitos na República Democrática do Congo (an- não identificou os seis figurões, mas os exortou a as-
tigo Zaire) e vários países próximos, como Angola e sumir publicamente a doença para ajudar a reduzir o
Namíbia. preconceito contra os portadores do HIV. "As pesso-
Chifre da África as temem revelar a contaminação, não procuram aju-
Nessa região estratégica, área de ligação entre da nem tratamento e com isso aumentam a cadeia de
o Mar Vermelho e o Golfo de Áden, estão localiza- contaminação", diz Peter Piot, o presidente da U-
dos a Etiópia, a Somália, Djibuti e Eritréia. Região naids, órgão da Organização Mundial de Saúde. En-
extremamente pobre e que passa por constantes con- quanto na Europa, nos Estados Unidos e mesmo no
flitos que no atual momento atravessa um período de Brasil as campanhas de prevenção e novas drogas
trégua que não se sabe quanto tempo vai durar. têm conseguido deter a epidemia e prolongar a vida
18. QUESTÕES GEOPOLÍTICAS de milhares de portadores do HIV, para os africanos a
combinação de pobreza e falta de informações torna a
Conferência de Durban (África do Sul): essa doença praticamente sem esperança. Entre a popula-
conferência ocorreu no ano de 2001. Tinha como ba- ção mais pobre do Zimbábue, a Aids nem sequer é
se a discussão da segregação e exclusão social, le- nominada. É chamada simplesmente de iyoyo, ou "a
vando em consideração aspectos de exploração coisa" - um mal-estar misterioso associado a defi-
histórica pelas grandes potências mundiais. Discutiu- nhamento, febre e infecções. Uma pesquisa revelou
se entre outros aspectos: que as adolescentes zimbabuanas, em sua maioria,
 Xenofobismo (aversão a estrangeiros). não acreditam que correm risco de serem contamina-
 Pedido formal de desculpas pela exploração das em relações sexuais sem preservativo. O resulta-
histórica por parte das metrópoles. do dessa ignorância é dramático. Morrem 100 000
 Perdão da dívida externa. pessoas por ano e a estimativa de vida no Zimbábue
 Saídas viáveis para o crescimento da regi- deve cair pela metade, de 66 para 33 anos, até 2010.
ão. A situação é igualmente grave nos países vizinhos.
 Movimento sionista e a geopolítica mundi- Em Botsuana, 36% dos adultos estão contaminados.
al. Na África do Sul, o Estado mais organizado do con-
Conferência Mundial Sobre o Meio Ambiente tinente, um em cada cinco adultos está infectado. São
(2002): essa conferência ocorreu em setembro, na Á- mais de 4 milhões de pessoas, o maior número abso-
frica do Sul, e discutiu as transformações gerais do luto de portadores do vírus HIV num único país.
meio ambiente e a relação dos países com a conser-
vação ambiental. Os piores do mundo:
19. LEITURA COMPLEMENTAR Os dez países com maior porcentual da população
adulta contaminada pelo HIV
A expansão da Aids na África é assombrosa, Botsuana 36%
mesmo num continente de números assustadores. Na Suazilândia 25%
região subsaariana, formada por 45 dos países mais Zimbábue 25%
pobres, vivem 24 milhões dos 34 milhões de infecta- Lesoto 23%
dos pelo HIV no mundo. Por lá, morrem 2 milhões de Zâmbia 20%
pessoas por ano, o que representa 80% do total de África do Sul 20%
mortos pela epidemia. No mês de novembro de Namíbia 19%
2001, tornou-se pública uma faceta inesperada, que Malauí 16%
ajuda a dimensionar a tragédia africana: seis dos 22
Quênia 14%
ministros do Zimbábue estão contaminados pelo ví-
República Centro - Africana 14%
rus. A expansão da doença é atribuída à pobreza e à
Fonte: Unaids/OMS

Editora Exato 63
GEOGRAFIA

ESTUDO DIRIGIDO EXERCÍCIOS

1 Determine os principais motivos do ataque norte- 1 Sobre o Timor Leste, responda às questões pro-
americano ao Afeganistão em 2001. postas abaixo:
1 O Timor Leste, antes da anexação forçada por
parte da Indonésia, era colônia de Portugal, por
isso ainda guarda traços culturais e hoje busca
desenvolver a língua portuguesa como língua
oficial.
2 O movimento pró-democracia na ilha foi cal-
mo e sem grandes conflitos, pois a Indonésia
2 Quais são os principais fatores históricos que tor- estava disposta a promover um processo pací-
naram a África um dos continentes mais pobres fico.
do planeta? 3 No ano de 2002, foi eleito o primeiro presiden-
te do país, Xanana Gusmão, o atual presidente
era líder do Frentilin (Frente Revolucionária
do Timor Independente) e ficou preso na Indo-
nésia até a concretização de independência do
país.
4 O Timor Leste é também conhecido como Ti-
mor Loro Sae, que significa Timor do Sol Nas-
3 O que foi o Apartheid? Quais os fatores que oca-
cente.
sionaram o fim desse sistema?
5 O Timor Leste é parte de uma ilha que fica na
região do pacífico.

2 Leia o texto abaixo, de autoria do jornalista Ri-


cardo Bonalume Neto:
A belíndia original
O Brasil já foi definido por um economista
4 Determine os fatores que levaram a Índia em
como um país “Belíndia”, misturando vastos territó-
1947 a se tornar um país independente, insira na
rios de pobreza “indiana” com bolsões de riqueza
sua resposta o fator de formação do Paquistão
“belga”. Mas nenhum país é mais “belíndia” do que a
como país.
própria Índia. Além de armas atômicas, a Índia tem
as maiores e mais bem equipadas forças armadas do
Terceiro Mundo. Os indianos compraram o porta-
aviões britânico Hermes, veterano da Guerra das
Malvinas; dispõem de mísseis franceses, aviões de
caça russos e produzem seus próprios mísseis balísti-
cos. Isso tudo em um país que ainda é sinônimo de
pobreza extrema, onde restos de carne humana flutu-
am no Rio Ganges por não terem sido cremados a
5 Existem algumas áreas conflitantes na fronteira contento.
Folha de S. Paulo, 24 maio 1998.
com a Índia, contudo a que mais se destaca é a
região da Caxemira. Explique as causas do con-
1 A Índia é um país considerado desenvolvido
por apresentar um aparato militar semelhante
flito nessa região.
às grandes potências mundiais.
2 A Índia desenvolveu o plano agrícola baseado
na idéia da Revolução Verde, esse plano con-
sistia no aumento da produção baseado na tec-

Editora Exato 64
GEOGRAFIA

nologia e no aumento da exploração da terra, Veja 10/2001, com adaptações). Com base nos
contudo essa política não possibilitou uma me- aspectos políticos, responda às questões:
lhora considerável no nível de produção inter- 1 O Afeganistão é um país controlado pela milí-
na de gêneros agrícolas. cia Taliban, essa milícia é fundamentalista ra-
dical (ou simplesmente fundamentalista), tem
sua formação apoiada na ala estudantil de ori-
gem paquistanesa.
3 A Índia é uma das potências que apresenta o
conhecimento para a produção de um arsenal
nuclear.
4 Uma das grandes contradições desse país é a 2 O Afeganistão, como qualquer país islâmico,
alta concentração de doutores presentes nos destaca que a mulher não possua nenhum direi-
quatro cantos do mundo, desenvolvendo teses to público.
e pesquisas e o alto índice de analfabetismo da 3 O governo atual é organizado em um conselho,
população. que busca inserir membros de todas as etnias
da região.
4 Hoje existe um rígido controle e censura, essas
3 (UFV-MG) Índia, Bangladesh e Japão são países são as principais armas desse governo para
considerados “formigueiros humanos”, mas apre- manter a ordem na região.
sentam diferentes perfis socioeconômicos. Isto 5 Atualmente apenas o Paquistão, seu vizinho a
significa que: Sul e Leste, mantém relações diplomáticas
a) a adoção da política neo-malthusiana tem re- com o país.
sultado numa visível melhoria de vida da po-
pulação daqueles países.
b) as grandes concentrações populacionais não 5 (UFES) A Índia, desde 1947, vem se defrontando
determinam necessariamente a ocorrência de com diversas ameaças à sua unidade nacional.
graves problemas sociais. Uma dessas ameaças é a reivindicação de parte
c) a superpopulação é um fator determinante para de seu território por um país asiático.
tornar esses países áreas de repulsão de inves- Esse país é:
timentos. a) o Nepal, que reivindica a região de Caxemira.
d) o endividamento externo e as grandes desi- b) o Cazaquistão, que reivindica a região de
gualdades sociais são causas diretas da super- Thanjavur.
população. c) o Afeganistão, que reivindica a região de Ca-
e) são países superpopulosos, que possuem pro- xemira.
blemas de pobreza e miséria resultados do d) o Paquistão, que reivindica a região de Caxe-
grande número de habitantes. mira.
e) o Tadjiquistão, que reivindica a região de
Kampur.
4 A lista de horrores é de forte magnitude. Meninas
proibidas de ir à escola e condenadas ao analfabe-
tismo. Mulheres impedidas de trabalhar e andar 6 “Por ser um continente tão subdesenvolvido, a
pelas ruas sozinhas. Milhares de viúvas que, sem África não pode fazer mais do que sobreviver,
poder ganhar seu sustento, dependem de esmolas, como não pode senão sobreviver, é cada vez mais
ou simplesmente passam fome. Mulheres com os subdesenvolvida. Isso se tornou um ciclo vicio-
dedos decepados por pintar as unhas. Casadas, so.”
solteiras, velhas ou moças que sejam suspeitas de (Adaptado do texto de Manuel Castells, publi-
transgressão, são duramente castigadas com o es- cado no jornal Folha de S. Paulo, agosto de 2002, ca-
pancamento ou até a morte. E por toda a parte derno mais)
aquela imagem que já se tornou símbolo: grupos 1 O fator mais importante do alto grau de subde-
de figura idênticas, sem forma, sem rosto, cober- senvolvimento dos países africanos foi a ex-
tas da cabeça aos pés com uma túnica — as bur- ploração excessiva, desenvolvida pelas
kas. Elas vivem em regime de submissão há metrópoles, que só se preocuparam com o seu
muito tempo, mas a falta de direitos públicos in- enriquecimento.
tensificou-se após a subida ao poder do grupo Ta- 2 Os países da África apresentam os piores indi-
liban, no ano de 1996. (trecho retirado da revista cadores econômicos do globo, destacando-se a
baixa expectativa de vida, a mortalidade infan-

Editora Exato 65
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til e o número de infectados pelo HIV, que ho- lismo industrial e, depois na fase monopolista,
je chega a mais de 26 milhões de pessoas. sendo que esta colonização esteve mais presen-
3 Todos os países da África apresentam guerras te no litoral, deixando o interior do continente
civis, esse é um resquício da ocupação euro- marginalizado.
péia na região.
4 Na prática podemos dizer que a independência
política não beneficiou os países da África ne-
gra (subsaariana), que, na maioria das vezes
passaram a ser governados por ditaduras reple-
tas de problemas, como o forte esquema de
corrupção. 8 Uma das mais graves conseqüências da coloniza-
5 Fome, guerras, escravidão, prostituição e dis- ção européia na África foi a instalação de frontei-
seminação de doenças são males que estão ras artificiais. Essas fronteiras foram desenhadas
sendo duramente combatidos pelos governos e estipuladas na Conferência de Berlim, em 1884,
africanos. pelos países europeus, o que acarretou problemas
até hoje vistos na África. Responda V (verdadei-
ras) e F (falsas).
7 O continente africano está infestado de países em 1 A Conferência de Berlim foi realizada para es-
situação-limite. Um dos casos mais sérios é o do tipular a divisão da África para as várias me-
Sudão. A guerra entre a elite árabe-mulçumana trópoles que ali já se localizavam, ou seja,
do Norte e as populações negras aniministas e organizar melhor a forma de exploração do
cristãs do sul tem sido constante desde a inde- continente africano pelas metrópoles.
pendência do país, em 1956, mas atingiu maior 2 Na divisão também foram analisados aspectos
virulência nos últimos quatros anos. A Sharia de inserção de tribos, como no caso de tribos
(lei islâmica) está sendo aplicada com mais rigor que tinham conflitos históricos; nesse caso,
do que nunca, as ofensivas contra as bases do e- houve a separação em territórios distintos.
xército popular de libertação do Sudão vêm au- 3 Hoje já cessaram os conflitos internos no Con-
mentando, e o governo de Cartum vem efetuando tinente, ligados à questão da organização terri-
ações de “limpeza étnica”, que incluem entre ou- torial, no sentido de que o continente por si só
tros fatores deportações em massa e escravidão já reorganizou suas áreas.
contra as comunidades Fur, no oeste, e Nuba, no 4 Existem alguns países na África que podem ser
centro do país. Esse fato foi denunciado à ONU, considerados estados-nações, por haver nesses
que busca através da diplomacia minimizar os países várias línguas, crenças, centros de po-
conflitos na região. der, o que torna esses países apenas um aglo-
1 Os conflitos que flagelam a África possuem merado de povos.
várias características em comum, contudo uma 5 Hoje a pobreza e os conflitos vistos na África
delas torna-se até irônica: os cenários das bata- podem ser considerados conseqüências da ex-
lhas são quase sempre países extremamente ri- ploração excessiva por parte dos países mais
cos em recursos naturais. ricos, que sempre se preocuparam em extrair e
2 A interferência dos Estados Unidos e da ex- explorar o máximo do continente, nunca bus-
União Soviética na África durante o período de cando desenvolver essa área com uma parcela
Guerra Fria, com o fornecimento de armas e do que foi explorado.
empréstimos aos seus respectivos aliados, pos-
sibilitaram o crescimento econômico e a me-
lhoria das condições gerais da população. 9 Sobre o Continente africano, analise as questões
3 O caráter imperialista teve destaque no século abaixo:
XIX e foi caracterizado pela ocupação efetiva 1 Esse Continente ainda atravessa guerras civis,
do continente africano por parte dos europeus. derivadas do ódio religioso, étnico e econômi-
4 Um dos fatores que ocasionaram o processo de co.
descolonização foi o nível de exploração im- 2 A Região apresentou na última década um de-
posta pelas metrópoles que desencadeou um créscimo considerável nas taxas de natalidade,
intenso sentimento de nacionalismo e liberda- esse fato se deve à política eficaz de planeja-
de. mento familiar que foi implantada em vários
5 Com o processo de colonização por povoa- países do Continente.
mento, a África sempre esteve sob o domínio 3 A região do deserto do Saara constitui uma das
europeu e isso ocorreu no período do capita- áreas de maior vazio demográfico do mundo.
Editora Exato 66
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4 A África hoje é a região de maior preocupação controle de uma hegemonia branca, consolida-
no que se refere a conflitos mundiais, pois está da por século de dominação territorial e políti-
diretamente ligada aos conflitos que assolam o ca.
Oriente Médio atualmente. 2 Expressão das lutas por conquistas sociais, as
políticas liberalizantes de privatização das em-
presas públicas permitiram que a África do Sul
eliminasse as diferenças entre negros e brancos
quanto à inserção nos mercados de trabalho e
de consumo.
10 A República da África do Sul é seguramente o 3 Na África do Sul dos dias atuais, as linhas do
país que, pelas suas dimensões (1 221 037 Km2), conflito político não se reduzem à antiga opo-
possui a maior concentração mundial de riquezas sição entre a maioria negra e a minoria branca,
minerais: ouro e diamantes, carvão, dentre outros. porque restaram as divergências raciais, orga-
A África do Sul é também o país mais industria- nizadas em torno da questão de etnia.
lizado de todo o continente africano. Contudo, no 4 O fim da Guerra Fria, os conflitos étnicos e as
plano político a África do Sul possui uma política guerras civis constituem fatores que determina-
recente bastante negativa, no sentido de que du- ram a desarticulação da economia dos países
rante um período de mais de três décadas, esse africanos, consolidando as condições de po-
país possuiu um racismo oficializado e denomi- breza e miséria desse continente.
nado de Apartheid. 5 O Apartheid constituía um espaço territorial
1 O Apartheid, embora tenha sido excluído do segregador, cuja idéia central era a noção de
contexto da África do Sul, ainda é bastante vis- uma grande fronteira interna, que delimitava o
to em vários país da África, América e Ásia. uso de áreas e serviços, confinando em locais
2 Com o objetivo de controlar a maioria negra e preestabelecidos a população negra, a quem só
manter o modelo econômico baseado na explo- era permitido circular mediante a apresentação
ração da força de trabalho negra, a minoria de passaportes.
branca da África do Sul, detentora do poder e
da riqueza, criou o Apartheid, meio de domi-
nação e discriminação hostilizado pelo restante GABARITO
do mundo.
3 Após 1994, ocorreram as primeiras eleições Estudo Dirigido
universais na região. Esse fato fez desencadear 1 O Afeganistão foi atacado pelos Estados Unidos
um movimento inverso ao Apartheid determi- em razão de supostamente estar escondendo ter-
nando hoje que a maioria negra impossibilite a roristas da Al Qaeda e seu grande líder Osama
minoria branca de utilizar os meios públicos Bin Laden
comuns, de melhor qualidade como hospitais e
escolas, tornando a vida da minoria branca na 2 A Colonização da África
região insustentável. Nos séculos XVI e XVII, os países europeus
4 A África do Sul, embora tenha tido uma me- começaram a se interessar pelo Continente africano e
lhora substancial com a abertura política e so- começam a fundar feitorias na região africana, a ini-
cial, ainda apresenta índices muito baixos de ciar pela Inglaterra, que tinha como ideal a conquista
desenvolvimento da população e problemas es- das regiões do Cairo (Egito) ao Cabo (África do Sul),
truturais gravíssimos, principalmente nos bair- ou seja, praticamente toda a África, projeto que não
ros de negros, os townships. deu certo porque outros países como França, Alema-
nha, Itália e Holanda também passam a se interessar
pelos territórios. A África passa a ficar dividida em
11 (UnB 2°/2003) Como o fim do Apartheid, em sua totalidade aos países europeus, que não respeitam
1994, a África do Sul viu-se ante o grande desa- a cultura anteriormente encontrada.
fio da construção de um projeto nacional que A Descolonização da África
permitisse incorporar à cidadania os mais de 80% Somente com o fim da Segunda Guerra Mun-
da população historicamente marginalizados: os dial e a disputa pelo poder do bipolarismo da guerra
negros e os mestiços. Nesse contexto, acerca da fria é que a presença colonialista começa a ser encer-
realidade africana, julgue os seguintes itens. rada, apoiada financeiramente pelo capital norte ame-
1 Na África do Sul-pós-Apartheid a estrutura e- ricano e soviético, determinando uma forte
conômica pouco foi alterada: as grandes em- dependência econômica, social e política dos países
presas, as terras e o capital continuaram sob o
Editora Exato 67
GEOGRAFIA

da África em relação as grandes potências do perío-


do.
3 A África do Sul, principal país da África, implan-
tou um regime no ano de 1948, denominado de
Apartheid. Esse regime baseava-se em uma se-
gregação política, econômica e social formal, que
sobrepunha a população branca (minoria) sobre a
negra (maioria). O fim desse sistema foi ocasio-
nado sobretudo pela pressão internacional.
4 A região da Índia atravessou um longo período
de dominação inglesa, era caracterizada como a
principal colônia britânica na Ásia (recursos e ro-
ta comercial). No ano de 1947, o parlamento bri-
tânico, não conseguindo mais manter a ordem na
região, concedeu a independência à Índia, basea-
do em acordos com o plano da Liga Muçulmana.
Esse plano consistia na formação de uma área in-
dependente, com ditames da religião mulçumana.
Com isso foi criado o Paquistão ocidental e orien-
tal (aspecto intimamente ligado à religião), poste-
riormente o Paquistão oriental, com apoio direto
da Índia, conseguiu sua independência e fundou
Bangladesh.
5 Existem algumas áreas conflitantes na fronteira
com a Índia, contudo a que mais se destaca é a
região da Caxemira. Essa região, a partir do acor-
do de separação, ficou contida no território india-
no, embora a área apresente como população
predominante os mulçumanos, que possuem o
desejo claro de separação da Índia e anexação ao
Paquistão.
Exercícios
1 C, E, C, C, C
2 E, C, C, C
3 B
4 E, E, C, C, E.
5 D
6 C, C, E, C, E
7 C, E, C, C, E
8 C, E, E, E, C
9 C, E, C, E
10 E, C, E, C
11 C, E, C, C, C

Editora Exato 68
GRAMÁTICA
GRAMÁTICA

FONOLOGIA
1. INTRODUÇÃO 3. ENCONTROS VOCÁLICOS
Fonologia é a parte da gramática que estuda os  Ditongo:
sons. a) Crescente:
 Fonema ⇒ são unidades sonoras mínimas Oral → quase
SV + V 
capazes de estabelecer diferenças no signi- Nasal → quando

ficado das palavras. b) Decrescente:
 Letra ⇒ são as representações gráficas de Oral → vai
um fonema. V + SV 
Nasal → não

Um fonema pode ser representado por uma só  Tritongo:
letra ou por mais de uma. Oral → iguais
SV + V + SV 
Exemplo: Nasal → saguão

|B| →b; |T| → t; |a| → a; |Z| → z, s, x  Hiato:
 Dígrafo ⇒ duas letras iguais a um fonema. Oral → saúde
V+V 
São eles: lh, nh, ch, ss, rr, sç (estes sempre), Nasal → suando

qu, gu, sc, xc (seguidos de e ou i), M/N
4. ENCONTRO CONSONANTAL
(quando não seguidos de vogal, junto com a
vogal que os antecede). Encontro de consoantes numa mesma sílaba ou
Exemplo: em sílabas diferentes. Pode ser:
Samba onda a) Inseparável:
|s ã b a| |õ d a| Exemplo:
Uma palavra pode ter o número de letras mai- Cravo
or, igual ou menor que a de fonemas. Bloco
Exemplos: b) Separável:
- querida |k e r i d a| 7L – 6F Exemplo:
- cavalo |k a v a l o| 6L – 6F Costa
- hora |o r a| 4L – 3F Ardil
- nexo |n e k s o| 4L – 5F 5. SEMÂNTICA
b) AM, AN, EM, EN ⇒ no final de palavra,
não formam dígrafo, pois o M/N viram semivogais. Significação das Palavras
Exemplo: Quanto ao significado, as palavras têm a se-
Além cantam guinte classificação: sinônimas, antônimas, homôni-
| a l e~ i | |kã tãu| mas, parônimas e de sentido figurado.
I - Sinônimas: são palavras semelhantes na signifi-
2. TIPOS DE FONEMAS cação.
 Vocálicos ⇒ Toda sílaba tem uma, e ape- Exemplo:
nas uma, vogal. O Ministro é um cidadão íntegro.
 Consonantais ⇒ Não existe sílaba só com O delegado é um cidadão honesto.
consoante. II - Antônimas: São palavras opostas na significa-
 Semivocálicos ⇒ Só haverá semivogal se ção.
na mesma sílaba houver pelo menos dois Exemplos:
elementos que podem ser vogais. O orador apresentou-se mal.
Dicas para semivogal O cantor apresentou-se bem.
 a ⇒ sempre vogal. OBS: A sinonímia e a antonímia são muito
contextuais.
 e, o (vogais) ⇒ numa mesma sílaba com i,
III - Homônimas: nomes iguais. Podem ser:
u (semivogais).
 i, u ⇒ junto na mesma sílaba (Quem apa-
a) Homógrafas: são palavras iguais na grafia, mas
recer primeiro será vogal).
diferentes na pronúncia.
 ü (tremado) ⇒ sempre semivogal.

Editora Exato 1
GRAMÁTICA

Exemplos: fusil = que se pode fundir


O gosto de que gosto. fuzil = carabina
b) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia, fusível = resistência de fusibilidade calibrada
mas diferentes na grafia e no significado.
Exemplos: espiar = espreitar
expiar = sofrer pena ou castigo
Mandar apreçar a mercadoria.
Mandar apressar o movimento.
espirar = soprar, respirar, estar vivo
Quando as palavras são, ao mesmo tempo, homó- expirar = expelir (o ar), morrer
grafas e homófonas, chamam-se homônimas perfei-
tas. esterno = osso do peito
IV - Parônimas: são palavras diferentes na significa- externo = exterior
ção, mas semelhantes na forma. hesterno = relativo ao dia de ontem
Exemplo:
Era iminente o risco que corria o eminente pro- estrato = camada sedimentar; tipo de nuvem
fessor. extrato = o que foi tirado de dentro; frag-
V - Denotação e conotação: a palavra possuiu dois mento
sentidos: próprio e figurado.
brocha = prego curto de cabeça larga e chata
6. ALGUNS HOMÔNIMOS E PARÔNIMOS broxa = pincel
IMPORTANTES
imoral = contrário à moral bucho = estômago de animais
amoral = indiferente à moral buxo = arbusto ornamental

deferir = atender, conceder cartucho = canudo de papel


diferir = adiar, distinguir cartuxo = pertencente à ordem da cartuxa

descrição = ato de descrever chá = arbusto; infusão


discrição = reserva, moderação xá = título de soberano no Oriente

flagrante = evidente, manifesto chalé = casa campestre


fragrante = aromático xale = cobertura para os ombros

incipiente = iniciante cheque = ordem de pagamento


insipiente = ignorante xeque = contratempo; incidente no xadrez

prescrever = preceituar, ordenar tacha = brocha, pequeno prego


proscrever = desterrar, banir taxa = imposto; preço

ratificar = confirmar acender = pôr fogo a


retificar = corrigir ascender = subir

cegar = impedir de ver discente = relativo a alunos


segar = cortar, ceifar docente = relativo a professores

asado = que tem asas acético = relativo ao vinagre


azado = oportuno ascético = relativo ao ascetismo
asséptico = relativo à assepsia
asar = guarnecer com asas
azar = dar azo a; má sorte acento = inflexão da voz; sinal gráfico
assento = lugar onde a gente se senta
coser = costurar
cozer = cozinhar acessório = que não é fundamental
assessório = relativo ao assessor

Editora Exato 2
GRAMÁTICA

apreçar = marcar ou ver o preço de EXERCÍCIOS


apressar = tornar rápido
1 (CEFET-MG) Os vocábulos também, saguão,
caçar = perseguir a caça jóia, pia e água possuem respectivamente:
cassar = anular a) ditongo crescente, tritongo, ditongo crescente,
hiato.
cela = aposento de religiosos b) ditongo crescente, hiato,. tritongo, hiato, di-
sela = arreio de cavalgadura tongo crescente.
c) hiato, tritongo, tritongo, ditongo crescente, di-
censo = recenseamento tongo crescente.
senso = juízo claro d) ditongo crescente, ditongo crescente, ditongo
decrescente, ditongo crescente, hiato.
cerrar = fechar e) ditongo decrescente, tritongo, ditongo decres-
serrar = cortar cente, hiato, ditongo crescente.
cessão = doação; anuência
secção ou seção = corte; divisão 2 Indique o número de fonemas das palavras abai-
sessão = reunião xo:
a) cachorrinha: _____________________.
cessar = interromper b) tórax: ___________________________.
sessar = peneirar c) máximo: _________________________
d) cinqüenta: ________________________
cesta = utensílio de vara e) deságuam: ________________________
sexta = ordinal feminino de seis f) hexágono: _________________________
sesta = hora de descanso g) complexamente: ____________________
h) gnomologia: _______________________
concertar = harmonizar; combinar i) carrocinhas: ________________________
consertar = remendar; reparar j) recolhendo: ________________________

incerto = duvidoso
3 Enumere a 2ª coluna pela lª:
inserto = inserido, incluído
(1) D.C.O.
(2) D.C.N.
laço = laçada
(3) D.D.O.
lasso = cansado
(4) D.D.N.
(5) T.O.
maçudo = indigesto; monótono
(6) T.N.
massudo = volumoso
( ) aéreo
paço = palácio
( ) piauiense
passo = passada
( ) cooperação
( ) leão
ruço = pardacento; grisalho
( ) deságuam
russo = natural da Rússia
( ) bloqueio
( ) saguão
comprimento = extensão
( ) iguais
cumprimento = saudação
( ) qualquer
( ) quantia
soar = dar ou produzir som; ecoar
( ) herói
suar = transpirar
( ) aviação
( ) consciência
vultoso = volumoso
vultuoso = atacado de vultuosidade

Editora Exato 3
GRAMÁTICA

4 Preencha as lacunas com as palavras do quadro a d) No período III, pode-se observar o emprego de
seguir, atentando para o correto significado: conotação e denotação.
Fluir – Prescrever – Fruir – Proscrever – Infringir
– Despercebido – Incipiente – Cocho – Insipiente 7 Analisando as expressões “felicidades certas” e
– Desapercebido – Sela – Coxo – Infligir – Cela – “certas felicidades”, pode-se afirmar que:
Estrato – Espirar – Extrato – Expirar – Eminente – a) Ambas encerram a mesma idéia.
Iminente. b) Ambas não encerraram a mesma idéia.
a) ___________ desfrutar; possuir. c) O sentido da primeira é exatamente o oposto
b) ___________ montaria. da segunda.
c) ___________ pessoa que apresenta defeito na d) A segunda apresenta sentido ambíguo em rela-
perna. ção à primeira.
d) ___________ aplicar a lei.
e) ___________ fixar; tornar sem efeito.
f) ___________ fragmento; o que veio do interior. 8 Complete com o parônimo adequado:
g) __________ próximo, prestes a ocorrer. a) Às portas do século XXI, existem países que
h) __________ passar sem ser notado. ainda apresentam um regime de ____ racial
i) ___________ ignorante. (descriminação - discriminação).
j) ___________ morrer. b) Existem campanhas que lutam pela ___ do uso
de drogas. (descriminação - discriminação)
c) A viagem da família fez da ___ uma festa para
5 Complete as lacunas com as palavras do quadro a as baratas. (despensa - dispensa).
seguir: d) Somente através de um requerimento, você po-
Sela – Eminente – Sessão – Infringir – Vultoso – derá pedir a ___ das aulas de educação física
Iminente – Cela – Vultuoso – Infligir – Seção (despensa - dispensa).
a) É __________ uma guerra no Golfo Pérsico.
b) Ele recebeu ____________ pagamento, mas já 9 (FUVEST) A _________ científica do povo le-
o gastou por inteiro. vou-o a _________ de feiticeiros os ______ da
c) Vá a __________ de roupas, por favor. astronomia.
d) Coloque, direito, esta ____________ neste ca- a) insipiência – tachar – expertos.
valo. b) insipiência – taxar – expertos.
e) Suas faces se encontram em aspecto c) incipiência – taxar – espertos.
___________. d) incipiência – tachar – espertos.
f) O prisioneiro fugiu de sua _____________. e) insipiência – taxar – espertos.
g) O juiz vai _____________ o réu por ter come-
tido um estupro.
h) Só irei àquele cinema na ____________ das 10 Destaque o termo adequado entre parênteses:
dez. a) Cassaram-lhe o (mandado/mandato) porque não
i) Não devemos ___________ as leis. soube exercê-lo condignamente.
j) Ele é um cidadão ____________. Todos o res- b) A ciência em si é (amoral/imoral), mas a calú-
peitam naquela cidade. nia sempre é (amoral/imoral).
c) Era (eminente/iminente) a queda do (eminen-
te/iminente) político.
6 Assinalando os períodos: d) No próximo (senso/censo) ainda estaremos na
I – “Na ponta do chalé brilhava um grande ovo de casa dos cem milhões?
louça azul”.
II – “Houve um tempo em que a minha janela se
abria para um terreiro...”
III – “Houve um tempo em que a minha janela se
abria sobre uma cidade que parecia feita de
giz”.
É correto afirmar que:
a) Nos períodos I, II e III não há denotação.
b) Nos períodos I, II e III há denotação somente.
c) Nos períodos I e II há denotação e no III, cono-
tação.

Editora Exato 4
GRAMÁTICA

GABARITO

1 E
2 8, 6, 6, 7, 8, 8, 12, 10, 9, 8
3 1, 3, 4, 4, 6, 3, 6, 5, 1, 2, 3, 4, 1
4
a) Fruir
b) Sela
c) Coxo
d) Infligir
e) Prescrever
f) Extrato
g) Iminente
h) Despercebido
i) Insipiente
j) Expirar
5
a) Iminente
b) Vultoso
c) Seção
d) Sela
e) Vultuoso
f) Cela
g) Infligir
h) Sessão
i) Infringir
j) eminente
6 D
7 B
8
a) Discriminação.
b) Descriminação.
c) Despensa.
d) Dispensa.
9 A
10
a) Mandato.
b) Amoral – imoral.
c) Iminente – eminente.
d) Censo.

Editora Exato 5
GRAMÁTICA

PALAVRAS E EXPRESSÕES
Algumas palavras e expressões que, na língua
Lembre-se:de que se ela estiver no final da fra-
culta, costumam apresentar alguma dificuldade ao es-
se, deverá levar acento circunflexo.
tudante.
Porquê
1. A/HÁ É um substantivo e significa motivo. Virá
Na indicação de tempo futuro e distância, você sempre acompanho de artigo.
deve empregar a. Exemplo:
Exemplos: Ainda não sei o porquê de sua recusa.
Ele chegará daqui a dois meses. São vários os porquês desse comportamento.
Daqui a três semanas teremos prova. Porque (conjunção)
Você encontrará um posto policial a dois qui- Quando essa palavra puder ser substituída por
lômetros daqui. “pois”.
Exemplos:
Em referência a tempo passado, empregue há. Não fui à aula porque estava doente. (Não fui à
Exemplos: aula pois estava doente).
Ela chegou há uma semana. Não receberei o prêmio porque não me classi-
Há três anos que não temos férias. fiquei. (Não receberei o prêmio pois não me classifi-
Esperava os convidados há mais de uma hora. quei).
4. AONDE/ONDE
Nesse caso, há sempre pode ser substituído por
faz. Aonde
Ela chegou faz uma semana. Emprega-se com verbos que indicam movi-
Faz três anos que não temos férias. mento.
Esperava os convidados faz mais de uma hora. Onde
Verbos que não indicam movimento.
Lembre-se de que há também é empregado
com o sentido de existe (m).
Exemplos:
Aonde quer chegar?
Exemplos: A polícia descobriu o local aonde eram levadas
Naquela sala, há pelo menos cinco pessoas. as vítimas.
Há muitos discos raros naquela loja. Onde mora aquele pobre ser?
2. MAL/MAU Não sabiam onde o patrão se encontrava.
Quando puder ser substituído por bom, não te- 5. ACENTUAÇÃO GRÁFICA
nha dúvidas: empregue mau. Caso possa ser substitu- Além das letras, temos outros recursos de que
ído por bem, deve-se empregar mal. nos servimos para registrar nossa comunicação: após-
Exemplos: trofo, cedilha, hífen, til, trema e acentos. Vamos, a-
Escolheu um mau momento para falar. qui, nos deter às regras de acentuação.
Sempre tinha um mau hálito. Tipos de Acento
Aquelas pessoas agiram muito mal. Em nossa língua, há três tipos de acentos gráfi-
Aquele automóvel estava mal conservado. cos.
3. POR QUE/POR QUÊ/ PORQUÊ/PORQUE  Acento agudo
 Acento circunflexo
Por que  Acento grave
Quando a expressão puder ser substituída por
pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais, por O trema (“ü”) é um sinal usado para indicar que a
qual, por quais. vogal “u” é pronunciada nos grupos gue e gui, que e
qui: agüentar, lingüística, seqüestro, tranqüilo.
Exemplo:
Sílaba Tônica
Esta é a rua por que passo diariamente. (pela
As palavras (quase todas) apresentam uma sí-
qual passo...)
Não sei por que motivo ele saiu apressado. laba tônica – a que é pronunciada com mais força.
(por qual motivo...) Essa sílaba tônica, no entanto, nem sempre é marca-

Editora Exato 6
GRAMÁTICA

da, na escrita, por um acento gráfico. As palavras po- u for pronunciado e átono: dilinqüente, lin-
dem ser, quanto à posição da sílaba tônica: güiça).
 Oxítonas – quando a sílaba tônica é a últi- Casos Especiais
ma: caqui, vatapá, mulher;  Acento diferencial:
 Paroxítonas – quando a sílaba tônica é a Acento gráfico não se justifica por nenhuma
penúltima: cozinha, útil, louças; das regras estudadas. Aparece para diferenciar pala-
 Proparoxítona – quando a sílaba tônica é a vras que têm grafias idênticas. São elas:
antepenúltima: oxítona, máscara, tímido; Pára (verbo parar) – para (preposição)
 Monossílabas: são palavras formadas por Pêlo (substantivo: cabelo) – pélo, péla, pélas
uma sílaba. Dividem-se em dois grupos: (verbo pelar = tirar o pêlo) – pelo, pela (preposição
 Átonas – são pronunciadas fracamente: me, per mais artigo ou pronome) pêra (substantivo: fruta)
de, com, o, a, os, as etc. pera (preposição antiga).
 Tônicas – são pronunciadas com força: dor, Pólo (substantivo: extremidade, espécie de jo-
sol, lá, pé, flor, mês etc. go) – pôlo (substantivo: espécie de ave)
Regras de Acentuação Pôr (pretérito perfeito) – pode (presente), têm
Acentuam-se: (plural) – tem (singular), vêm (plural) – vem (singu-
 Os monossílabos tônicos terminados em: lar).
a(s): pá, dás, Brás
6. CRASE
e(s): Sé, dê, vê
o(s): nós, pó, pôs É a fusão da preposição a com o artigo a/as ou
 Os oxítonos terminados em: o a inicial do demonstrativo aquele (e derivados). É
a(s): Paraná, está, verás representada na escrita pelo acento grave (`).
e(s): dendê, vocês, bebê Para ocorrer crase, é necessário que o termo
o(s): compôs, jiló, avó regente peça a preposição a e o termo regido aceite
em, ens: também, alguém, parabéns artigo feminino, ou seja, o a inicial do demonstrativo
 Os paroxítonos terminados em: aquele (e derivativos).
l: fácil, agradável, inútil Exemplo:
n: hífen, éden, pólen Fiz alusão a a moça  Fiz alusão à moça.
r: caráter, dólar, repórter Irei a as festas  Irei às festas.
x: fênix, tórax, ônix Refiro-me a aquele fato Refiro-me àquele
ditongo: Amélia, órfão, família fato.
i, is: lápis, táxi, júris Não ocorre Crase
us: vírus, Vênus, bônus 1- Entre palavras iguais.
um, uns: médium, álbum, fóruns Exemplo:
ã, ãs: imã, órfã, órfãns Face a face, cara a cara
ps: bíceps, tríceps 2- Antes de verbo.
Obs: Exemplo:
Só não se acentuam as paroxítonas terminadas Vivo a sorrir, a cantar.
em A – E – O (seguidas ou não de “S” e antecedidas 3- Antes de palavra masculina
de consoante) en – em. Exemplo:
 Todos os proparoxítonos: lâmpada – trân- Ando a pé, a cavalo.
sito – geográfico. Exceção: subentendida a palavra moda, manei-
 Os ditongos abertos e tônicos ói – éi – éu: ra.
éu: céu, chapéu, véu Exemplo:
éi: Andréia, papéis, idéia Peruca à Luiz XV.
ói: herói, lençóis, caracóis 4- Antes da palavra uma (menos hora)
 O i e o u, quando forem segunda vogal de Exemplo:
um hiato, estiverem. Sozinhos na sílaba (ou Refiro-me a uma mulher.
com S) Luís, reúne, saúde, juízes, sanduí- 5- A (singular) antes de palavra plural (sentido ge-
che. nérico).
 As primeiras vogais dos hiatos oo e eem, Exemplo:
com circunflexo: vôo, lêem, enjôo, vêem. Obedeço a ordens.
 O u pronunciado e tônico, nos grupos que, 6- Antes de pronomes.
qui, gue, gui: averigúe, obliqúe (lembre-se Exemplo:
de que usamos o trema quando esse mesmo Refiro-me a ela / a esta.
Editora Exato 7
GRAMÁTICA

Exceções: 5- Casa, Terra, Distância  Só admitem crase


a) Com aquele (e derivados). quando determinadas.
Exemplo: Exemplo:
Fui àquele baile. Irei à casa de Ana.
Porém  Olhei aquela mulher. Cheguei à terra encantada
b) Com os de tratamento Senhora, Senhorita e Fiquei à distância de 100 m.
Dona (os demais não.) Cuidado
Exemplo: I – Antes de nome de mulher, a crase é faculta-
Fiz referência à senhora tiva (se for personalidade, não ocorrerá crase).
Porém  Fiz referência a Vossa Senhoria. Exemplo:
c) É facultativa com minha, tua, sua, nossa, vossa. à
Exemplo: Refiro-me  ⇒ Ana.
a
à
Irei  ⇒ sua festa. Porém  Refiro-me a Teresa de Calcutá.
 a II – Antes do instrumento da ação verbal, o uso
Porém  Olhei a sua cidade. da crase é um fator de discussão. A tendência atual é
Usa-se Crase que ela seja optativa.
1- A = AO (ao se trocar por palavra masculina). Exemplo:
Exemplo: à
Escrever  ⇒ máquina.
Digo tudo à moça (= ao rapaz). a
2- Horas
Exemplo: ESTUDO DIRIGIDO
Cheguei às 9h / Saí à uma hora da manhã.
Corrida na praia
Exceções “Além do ar mais limpo e da paisagem bem
a) Antecedidas de preposição. mais interessante do que a urbana, a corrida na praia
Exemplo: é mais intensa e provoca maior queima calórica do
Marquei para as 9h / Espero desde as 6h. que a praticada no asfalto ou sobre uma esteira. De-
b) É facultativa com até pendendo da velocidade da corrida podem se queimar
Exemplo: entre 500 kcal e 600 kcal por hora – volume de calo-
 às rias contidas em duas fatias de bolo de cenoura com
Esperei até  ⇒ 9h.
 as cobertura de chocolate. Diferentemente do asfalto, a
3- Lugar areia absorve mais o impacto do corpo, o que obriga
a) Se vou e volto DA  crase no a. o praticante a imprimir mais força para impulsionar o
Exemplo: corpo para a frente.
Vou à Itália (volto DA). A corrida na praia é recomendada para quem já
b) Se vou e volto DE  Crase pra quê? tem uma boa resistência física. As lesões no joelho
Exemplo: são comuns como conseqüência dessa atividade.
Vou a Roma (volto DE) Uma das recomendações para desviar-se desses e de
outros problemas é evitar correr em praias inclinadas
para não sobrecarregar o peso apenas de um único
Se o lugar for determinado, ocorre a crase.
lado do corpo. Outra recomendação, dizem os médi-
Exemplo: cos especializados em medicina esportiva, é usar tê-
Vou à São Paulo de Covas. nis com função amortecedora.”
(Folha de São Paulo, 3 de janeiro de 2002. folhaequilíbrio, p.8)
4- Expressões femininas que dão idéia de (locuções
adverbiais):
1 No texto acima, assinalamos a sílaba tônica de
a) Modo  às claras, às escondidas.
todas as palavras de duas ou mais sílabas. Obser-
b) Tempo às vezes, à noite.
ve-as atentamente e responda ao que segue:
c) Lugar  à direita, à esquerda.
a) Sabendo que as palavras podem ser oxítonas ,
Também as locuções conjuntivas e prepositi- paroxítonas e proparoxítonas, qual delas é
vas. mais comum na língua portuguesa? Após ana-
Exemplo: lisar essas palavras mais comuns, que regra de
acentuação gráfica você estabeleceria?
À medida que, à espera de.

Editora Exato 8
GRAMÁTICA

b) Transcreva as palavras proparoxítonas no tex- 3 Complete as frases com por que, por quê, porquê
to. Após analisá-las, elabore uma regra de a- ou porque:
centuação gráfica para elas. a) ________me julgas assim tão apressadamente?
b) Marcos não foi viajar ________?
c) Jamais encontrei o livro ________ procuravas.
d) Nem o governo sabe o ________ da inflação.
e) Saímos apressados ________ já era tarde.
f) Não sei ________ estou aqui.
g) Você deveria dizer que está aqui ________
quer aprender mais.
c) No texto, encontramos quatro palavras grafa- h) Então, eis a razão ________ estou aqui.
das com til (~). Leia-as, analise-as e explique i) Mas você está aqui, ________?
qual a função do til nessas palavras. j) Não sei ________, mas gosto de estar aqui.
l) O ________ é fácil.
m) ________ você não estudou?
n) Você não estudou, ________?
o) Agora diga ________ você não estudou.
p) Eis a razão ________você não estudou.
q) Diga o ________da sua falta de estudo.
r) Não estudei ________ não tive tempo.
d) Se retirarmos o acento gráfico da palavra mé- s) Você aprendeu o ________?
dico, como a classificaríamos quanto à tonici-
dade? Escreva uma frase com a nova palavra. 4 Utilize onde ou aonde:
a) Não sei mais ________ te procurar.
b) Já fui diversas vezes ao lugar ________ você
irá.
c) ________ estou?
d) ________ você quer chegar?
e) ________ você estava?
f) ________ você irá?
g) ________você mora?
EXERCÍCIOS h) ________ você reside?
1 Complete com há ou a: i) Esta é a casa ________ moro?
a) O livro chegou ________ um mês? j) aquela é a escola ________ irei.
b) ________ quantos dias ele está viajando?
c) Partirei daqui ________ uma semana. 5 Julgue os itens:
d) não tiro férias ________ muito tempo. 1 Uma das palavras está separada incorretamen-
e) Daqui ________ três dias, verei um amigo que te: subs-tan-ci-al; su-ba-gên-cia; cor-rei-o;
conheço ________ vinte anos. tran-sa-tlân-ti-co; re-u-ni-ão.
2 Todas as palavras a seguir deveriam receber
2 Complete as lacunas com mau ou mal, correta- acento: INTERIM, ETER, BICEPS, RITMI-
mente: CO, HÍFEN, LATEX.
a) O aluno ________ vai ________ na prova. 3 Os vocábulos HIERÓGLIFO, ZANGÃO,
b) Mas que sapato ________ feito! RÉPTIL e SÓROR apresentam dupla prosódia.
c) O lobo ________ foi ________ educado. 4 Não há erro na divisão silábica das palavras
d) Ela foi ________ em todas as provas. PNEU-MO-LO-GIA, EM-PO-EI-ROU, SU-
e) Procure nunca fazer o ________, para não ser BLI-NHAR e CA-Í-EIS.
um ________homem. 5 As palavras RODÍZIO, FARMÁCIA, VÁ-
RIOS e TRÉGUA são acentuadas graficamente
pelo mesmo motivo.
São todos monossílabos tônicos: VI, TU, PÓ,
LI, ME, SOU, VÁ, e COR.
7 Todas levam acento gráfico: FAISCA, RAIZ,
BAUS, JUIZES.

Editora Exato 9
GRAMÁTICA

8 Não são acentuadas as palavras: IBERO, PU- 9 Julgue os itens quanto à crase:
DICO, RUBRICA, CONDOR, (AVARO) . 1 Em “Fiquei até as 9 horas esperando-te.”, o si-
9 São sempre separáveis os dígrafos RR, SS, SC, nal indicativo de crase é facultativo como em
SÇ e XC. “Olhei a sua cidade.”
2 Em “Peruca à Luís XV” o sinal indicativo da
crase está incorreto, pois “Luís” é palavra
6 (PUC-PR) Leia com atenção estas orações: masculina.
1) Não fizemos nenhuma alusão a Joana D' Arc. 3 Em “Ela chegou à terra de seus pais” e “Ob-
2) Já entreguei a chave à Dona Luísa. servei à casa de minha amada”, o sinal indica-
3) Breve voltarei à Catanduva das belas garotas. tivo de crase é escorreito.
4) Não fui a casa hoje nem para almoçar. 4 Em “Ele agrada à namorada” a retirada do si-
5) Fiz uma redação à Machado de Assis. nal indicativo de crase traria alteração semân-
Assinale a alternativa correta quanto ao emprego tica.
do sinal indicativo da crase nas orações acima: 5 Em “Disse tudo a Ruth Cardoso” não deve o-
a) Em 1 e 5 o uso da crase é dispensado. correr sinal indicativo de crase por se tratar de
b) Somente em 5 o uso da crase está incorreto. uma personalidade.
c) Em 2 e 4 o uso da crase é obrigatório.
d) Em todas as orações o uso da crase está corre-
to. 10 Explique a diferença de sentido entre:
e) Em 3 o uso da crase é dispensado. a) Ela, a noite, chegou.

7 (EFOA-MG) O acento gráfico indicativo da o- b) Ela, à noite, chegou.


corrência de crase está corretamente empregado
em:
a) À família compete obedecer às leis que garan-
tem à criança o direito à vida.
b) À justiça compete garantir à todas as crianças GABARITO
o cumprimento das leis que as protegem.
c) Daqui à algumas semanas, iremos às urnas à 1
fim de elegermos nossos representantes. a) há.
d) À noitinha, todos se reúnem à beira da foguei- b) há.
ra alimentada à fogo brando. c) a.
e) Todo o mundo vive à reclamar mudanças, d) há.
pois o país está às portas do caos. e) a – há.
2
8 Julgue os itens quanto à crase: a) mau-mal.
1 Em “Prefiro filme a novela” se houvesse artigo b) mal.
antes de “filme”, haveria sinal indicativo de c) mau-mal.
crase em “a novela”. d) mal.
2 Em “Ensinei a você tudo” se trocasse “você” e) mal-mau.
por “ela”, o “a” levaria acento indicativo de
3
crase.
a) Por que.
3 Em “Refiro-me a leis.” a ausência do artigo dá
b) por quê.
à frase sentido genérico.
c) porque.
4 Em “Refiro-me à senhora” a substituição de d) porquê.
“senhora” por qualquer outro pronome de tra-
e) porque.
tamento eliminaria o sinal indicativo de crase.
f) porquê.
5 Em “Não vou a festa alguma” deveria ocorrer g) porque.
sinal indicativo de crase já que o termo regente
h) porquê.
pede a preposição “a”.
i) por quê.
j) porquê.
l) porquê.
m) por que.
n) por quê?.

Editora Exato 10
GRAMÁTICA

o) porque.
p) porquê.
q) porquê.
r) porque.
s) por quê.
4
a) onde.
b) onde.
c) onde.
d) aonde.
e) onde.
f) aonde.
g) onde.
h) onde.
i) onde.
j) aonde.
5 E, C, C, E, C, E, E, C, C
6 D
7 A
8 C, E, C, E, E
9 E, E, E, C, C
10 Na 1ª, a noite é aposto e explica quem é ela. / Na
2ª, à noite é adjunto adverbial, logo alguém che-
gou no período da noite.

Editora Exato 11
GRAMÁTICA

ELEMENTOS FORMADORES DE PALA-


VRAS/SUBSTANTIVO/ADJETIVO
1. DEFINIÇÃO Desinência de Número
É o s final indicador de plural.
Os elementos mórficos que podem aparecer
Exemplos: tristes, carros
em uma palavra (no caso, em nomes) são vários, a
saber: Vogal e consoante de ligação
Elementos de função apenas fonológica que
podem aparecer entre dois radicais (geralmente a vo-
Radical
gal) ou entre um radical e um sufixo (geralmente a
Parte fundamental e invariável da palavra, traz
consoante).
o seu significado básico.
Exemplos:
Exemplos:
Gasômetro (vogal de ligação); chaleira (conso-
carro, carroça, carreta ; desleal, lealdade, des-
ante de ligação).
lealdade
Palavras Cognatas ou famílias de Pa-
Afixos lavras
Elementos que se podem agregar ao radical, São palavras que possuem um mesmo radical
antepondo-se ou pospondo-se a este. Podem ser: significativo (ou raiz) em comum.
a. Prefixo - Afixo que se antepõe ao radical. Exemplos:
Apresenta significado próprio. Pedra, pedregulho, pedreiro, apedrejar.
Exemplos: 2. PROCESSOS FORMADORES DE PALA-
desleal (negação); amoral (privação). VRAS
b. Sufixo - Afixo que se pospõe ao radical. Po-
de ser nominal, verbal ou adverbial. Vários são os processos de formação de pala-
Exemplo vras em Língua Portuguesa. Os mais produtivos são a
beleza (nominal), chuviscar (verbal), habil- derivação e a composição. Vejamos, abaixo, os pro-
mente (adverbial). cessos do nosso idioma.
I - Derivação
Desinência de Gênero Processo que ocorre, basicamente, da junção
Vogal final que indica o masculino e o femini- de afixos a um radical. Pode ser:
no da palavra (a substituição de uma por outra altera a. Prefixal ou Prefixação - agrega-se um pre-
apenas o gênero e não o significado). fixo ao radical.
Exemplos: Exemplos:
menino - menina ; lobo – loba infeliz, desleal, amoral.
b. Sufixal ou Sufixação - agrega-se um sufixo
Vogal Temática Nominal ao radical.
Vogal final que aparece em nomes que não Exemplos:
possuem desinência de gênero. gostosa, felizmente.
Exemplos: c. Prefixal-Sufixal - agregam-se, não-
Curso, porta, porto, triste simultanea-mente, um prefixo e um sufixo ao radical.
Os nomes terminados em consoante, no singu- Exemplos:
lar, possuem apenas o radical. deslealdade, infelizmente.
Exemplos: DICA - Se tirar o prefixo, a palavra existe.
Lápis, néctar. d. Parassintética - agregam-se, simultanea-
As palavras oxítonas e monossílabas não têm mente, um prefixo e um sufixo ao radical.
desinência de gênero nem vogal temática. Apresen- Exemplo:
tam, no singular, apenas o radical. amanhecer, enegrecer.
Exemplos: DICA - Se tirar o prefixo, não existe a palavra.
café, jiló, pá, só.

Editora Exato 12
GRAMÁTICA

e. Regressiva ou deverbal - a palavra se for- Palavra que se forma de iniciais de palavras


ma da diminuição de uma outra. Geralmente são que formam uma expressão.
formas verbais terminadas em a-e-o. Exemplo:
Exemplos: Detran (Departamento de Trânsito).
cantar - canto; atacar – ataque. Vasp (Viação Aérea São Paulo).
Varig (Viação Aérea Riograndense).
Substantivo abstrato se origina do verbo (can-
tar-canto); 3. SUBSTANTIVO
Substantivo concreto dá origem ao verbo (ân- Palavra com que se nomeia um ser ou objeto
cora - ancorar). (substantivo concreto), uma ação, qualidade, estado
f. Imprópria ou conversão - ocorre quando (substantivo abstrato), considerados separados dos
uma palavra muda seu emprego normal ou sua classe seres ou objetos a que pertencem.
gramatical. Quanto a sua formação
Exemplos: O substantivo pode ser:
Nossa! Que barulho! (interjeição);  Simples: Quando é formado apenas por um
O senhor Machado (nome próprio). radical
II - Composição Exemplo: Chuva, flor.
Processo que ocorre quando duas ou mais pa-  Composto: quando é formado por mais de
lavras se juntam para formar um novo vocábulo. Po- um radical.
dem formar-se: Exemplo: Guarda-chuva, beija-flor.
a. Por justaposição - não ocorre alteração fo-  Primitivo: quando não se origina de ne-
nética. nhuma outra palavra.
Exemplos: Exemplo: Ferro, livro.
ponta+pé: pontapé; guarda+chuva: guarda-  Derivado: quando se origina de outra pala-
chuva; gira+sol: girassol. vra
b. Por aglutinação - ocorre alteração fonética. Exemplo: ferreiro, livraria.
Exemplo Quando a sua classificação
filho+de+algo: fidalgo; plano+alto: planalto; O substantivo pode ser:
em+boa+hora: embora.  Comum: é o substantivo que dá nome a to-
III - Hibridismo dos os seres da mesma espécie.
Processo em que se forma uma palavra com Exemplos: homem, cidade, país.
elementos mórficos de línguas diferentes.  Próprio: é o substantivo que dá nome a um
só ser da mesma espécie.
Exemplo
Exemplos: Pedro, Fortaleza, Brasil.
televisão, sociólogo, sambódromo, caiporismo,  Concreto: é o substantivo que designa seres
motocicleta, burocracia, abreugrafia, lactômetro, ba- e cosias do mundo real ou imaginário.
nanal, bígamo, monóculo etc.
Exemplos: criança, fada, nuvem.
IV - Onomatopéia  Abstrato: é o substantivo que exprime a-
Processo em que se forma uma palavra procu- ções, qualidades ou estados.
rando retratar um som do elemento a que se refere. Exemplos: estudo, beleza, tristeza.
Exemplos: Coletivos
reco-reco, psiu, tique-taque. É o substantivo que representa um conjunto de
V - Abreviação ou Redução seres da mesma espécie.
Palavra que se forma a partir de uma redução Alguns coletivos
na sua grafia. Assembléia Pessoas
Exemplos: Academia Intelectuais
foto (fotografia), pneu (pneumático), cine, ci- Banca Examinadores
nema (cinematógrafo). Claque De pessoas pagas para aplaudir ou
VI - Reduplicação ou Redobro vaiar
Consiste em unirmos duas palavras iguais nu- Clero De padres
ma só. Colônia De imigrantes
Exemplos: Campanha De pescadores, de tripulação de barcos
lambe-lambe, corre-corre. Acervo De coisas amontoadas
VII - Sigla Antologia De trechos literários
Editora Exato 13
GRAMÁTICA

Armada De navios de guerra  Derivados: são formados a partir de um ou-


Arquipélago De ilhas tro adjetivo, de um substantivo ou de um
Baixela De utensílios de mesa verbo, por meio de afixos.
Comboio De navios escoltados; de caminhões Exemplo: Homem bondoso, camisa esverdea-
Alcatéia De lobos; de hienas; de panteras; de da.
animais ferozes Adjetivos pátrios
Bando De aves São adjetivos que indicam a nacionalidade, a
Cáfila De camelos pátria, o lugar, a procedência de seres em geral.
Canzoeira De cães Exemplos:
Cardume De peixes Continentes
Colméia De cortiços de abelha África – africano
Enxame De abelhas, de insetos América – americano
Vara De porcos Ásia – asiático
4. MORFOSSINTAXE DO SUBSTANTIVO
Países
Alemanha – alemão
O substantivo pode funcionar na oração como Arábia – árabe
núcleo das seguintes funções sintáticas: Áustria – austríaco
 Sujeito: Vendas crescem no final do ano. Brasil – brasileiro
 Predicativo do sujeito: Naquele time, Pe- Estados e cidades do Brasil
dro é o capitão. Acre – acreano
 Predicativo do objeto: Consideraram o Alagoas – alagoano
técnico herói. Bahia – baiano
 Objeto direto: no mês passado, compraram Boa Vista – boa-vistense
livros. Brasília – brasiliense
 Objeto indireto: Acreditam em Deus.
 Complemento nominal: Tinham sede de Observações:
justiça. Para formar adjetivos pátrios compostos, o
 Agente da passiva: A praia foi tomada por primeiro elemento deve aparecer na forma reduzida
turistas. e, normalmente, erudita.
 Aposto: Carlos, a vítima, foi imediatamente
socorrido. Afro – africano hispanico - espanhol
 Adjunto adverbial: Compraram as frutas Anglo – inglês ítalo - italiano
na feira.
 Vocativo: Alunos, comportem-se! Austro – austríaco luso – português, lusitano
 Adjunto adnominal: Realizaram um traba- Belgo – belga nipo - japonês, nipônico
lho de mestre.
Euro – europeu sino - chinês
5. ADJETIVO
Grego – grego teuto - alemão
Adjetivo é a palavra variável em gênero, nú-
Exemplos: franco-italiano, sino-libanês, luso-
mero e grau que modifica a compreensão do substan-
espanhol.
tivo, atribuindo-lhe uma qualidade, um estado, um
modo de ser, um aspecto ou uma aparência exterior. Locuções adjetivas
Classificação do adjetivo Usa-se, muitas vezes, no lugar do adjetivo,
uma expressão formada por mais de uma palavra para
Os adjetivos podem ser classificados em:
caracterizar o substantivo. Essa expressão recebe o
 Simples: são formados por um único radi-
nome de locução adjetiva.
cal.
Exemplos:
Exemplos: alimento dietético, borboletas bran-
Amor de mãe – amor materno.
cas.
Dever de pai – dever paterno
 Compostos: são formados por dois ou mais
Atitudes de anjo – atitudes angelicais.
radicais.
As locuções adjetivas podem ser formadas por:
Exemplos: menino surdo-mudo, acordo luso-
brasileiro. Preposição + substantivo
 Primitivos: são aqueles que dão origem a Rosto de anjo
outras palavras.
Exemplos: homem bom, camisa verde. Preposição + advérbio
Editora Exato 14
GRAMÁTICA

Jornal da tarde Exceções:


Algumas locuções adjetivas: Surdo-mudo – surdos-mudos
De água Hídrico Surda-muda – surdas-mudas.
De águia Aquilino Se o adjetivo transmitir idéia de cor, só o se-
De aluno Discente gundo elemento varia.
De anel Anular Exemplos: camisa verde-clara – camisas
De anjo Angelical verde-claras.
Marrom-escuro – marrom-escuros
De bispo Episcopal
Quando o último for substantivo, ambos per-
De boca Bucal ou oral
manecerão invariáveis.
De cabelo Capilar
Exemplos: blusa verde-esmeralda – blu-
Sem cabelo Calvo sas verde esmeralda.
De campo Campestre ou rural Parede branco-gelo – paredes branco-gelo.
De cão Canino Também permanecerão invariáveis os elemen-
De cavalo Eqüestre ou eqüino tos das locuções adjetivas como na cor de, da cor de,
De céu Celeste de cor.
Sem cheiro Inodoro Exemplos:
De chuva Pluvial Luva cor-de-rosa – luvas cor-de-rosa.
De cidade Urbano Bota da cor-da-terra – botas cor-da-terra.
De circo Circense Grau
Flexão do adjetivo O adjetivo apresenta dois graus: o comparativo
O adjetivo pode apresentar flexão de gênero, e o superlativo.
número e grau. Comparativo
Gênero O grau comparativo pode ser:
Quando ao gênero, os adjetivos podem ser:  De superioridade: mais... que, mais... do
 Uniformes: apresentam apenas uma forma, que...
tanto para o masculino quanto para o femi- Exemplo: Seu namorado é mais interessado
nino. que o meu.
Exemplos:  De igualdade: tão...quanto, tão.. com, tan-
Garoto leal – garota leal to.. quanto, tanto...como.
Homem comum – mulher comum Exemplo: Seu namorado é tão interessando
Decisão inteligente – espaço inteligente quanto o meu.
 Biformes: Apresentam duas formas, uma
Observações: O grau comparativo é obtido pe-
para o masculino e outra para o feminino.
lo processo analítico. No entanto, há alguns adjetivos
Exemplos:
que formam o comparativo de superioridade pelo
Continente europeu – cidade européia.
processo sintético.
Homem bom – fruta boa
Aluno francês – língua francesa Comparativo de superioridade
Adjetivo Analítico Sintético
Número
Bom Mais bom Melhor
Os adjetivos, quanto ao número, podem apre-
Mau Mais mau Pior
sentar as formas singular ou plural, tanto os adjetivos
Grande Mais grande Maior
simples quanto os compostos.
Pequeno Mais pequeno Menor
 Adjetivo simples: a formação do plural dos
adjetivos simples segue as mesmas regras Nesses casos, deve-se preferir a forma sintéti-
do plural dos substantivos. ca. Só se deve usar a forma analítica quando se com-
Exemplos: normal – normais param duas qualidades no mesmo ser.
Cruel – cruéis Exemplos:
Fácil – fáceis Esta sala é maior que a outra.
Azul – azuis Esta sala é mais grande que arejada.
 Adjetivos compostos: Só o último elemento Superlativo
recebe a flexão de plural. Expressa a qualidade, sem compará-la à de
Exemplo: qualquer outro ser. Pode ser analítico ou sintético.
Sobre-humano – sobre-humanos Exemplos:
Sócio-política – sócio-políticas Este menino é muito inteligente. (superlativo
Médico-cirúrgico – médico-cirúrgicos absoluto analítico).
Editora Exato 15
GRAMÁTICA

Este menino é inteligentíssimo. (superlativo EXERCÍCIOS


absoluto sintético).
Aquele professor é superamigo. (superlativo 1 Aponte nas frases a formação das palavras desta-
absoluto sintético). cadas.
Relativo (A) por derivação sufixal
Expressa a qualidade em relação a outro ser. (B) por derivação regressiva
Pode ser de superioridade ou de inferioridade. (C) por composição
Exemplos: (D) por derivação parassintética
Você é a mais bonita da sala (superlativo rela- (E) por hibridismo
tivo de superioridade). (F) por onomatopéia
Ela era a menos estudiosa da turma. (superlati- (G) por abreviação
vo relativo de inferioridade). (H) por derivação imprópria
O superlativo absoluto sintético é feito pelo a- (I) por sigla
créscimo do sufixo –íssimo, -ílimo ou érrimo. a) Ontem à tarde fomos ao centro de bíci.
Acre – acérrimo b) Empreste os cedês do Arnaldo para mim?
Ágil – agílimo c) O filme tem um público-alvo que não foi atin-
Agradável – agradabilíssimo gido.
Amável – amabilíssimo d) Não quis saber de micro nem de auto.
Amargo – amaríssimo e) O aviãozinho veio e zás. Bateu na porta.
Áspero – aspérrimo f) Que belo anoitecer na selva.
Atroz – atrocíssimo g) Terminaram a busca?
Belo – belíssimo h) Peça para ele não engavetar o processo.
Célebre – celebérrimo i) Este é um elemento alcalóide.
j) Já viu um óvni em sua vida?
6. MORFOSSINTAXE DO ADJETIVO I) Passamos um frio monumental.
Na oração, o adjetivo (e as locuções adjetivas) m) Estive nestas terras gauchescas.
poderá exercer as seguintes funções sintáticas:
 Adjunto adnominal - quando acompanha 2 (UA-AM) Observando-se o processo de forma-
o substantivo diretamente, isto é, sem me- ção das palavras abaixo.
diação de verbo: Coisas assustadoras ocor- I - incredulidade
reram naquela casa. / Colecionavam II - importância
objetos antigos. / As dores de estômago III - identificação
prostravam-no IV - internacional
No primeiro exemplo, o adjetivo caracteriza o é correto afirmar.
núcleo do sujeito; no segundo, o adjetivo caracteriza a) Todas são formadas por derivação prefixal.
o núcleo do objeto direto. No terceiro exemplo, a lo- b) Em I e IV, a formação se deu por derivação
cução adjetiva especifica o núcleo do sujeito. parassintética.
 Predicativo do sujeito – quando se refere c) Apenas em II e llI foi usada a derivação prefi-
ao sujeito da oração com a mediação de um xal.
verbo (de ligação ou não): Os professores d) Em IV, empregou-se a composição.
ficaram satisfeitos com o resultado da pro- e) Nenhuma das anteriores.
va. / Os professores compareceram à reu-
nião satisfeitos./ O anel era de ouro.
Nos exemplos, os adjetivos e a locução adjeti- 3 Julgue os itens quanto ao grau do substantivo:
va referem-se aos substantivos, que funcionam como 1 Em “Ana é menor que o irmão” tem-se grau
núcleo do sujeito. comparativo de superioridade.
 Predicativo do objeto – quando se refere 2 Em “Esta é a mais alta palmeira que há” ocorre
ao objeto mediante um verbo transitivo: grau superlativo como em “Aquela mulher é
Considero sua proposta extravagante. / belíssima”.
Considero sua proposta sem pé nem cabe- 3 Por destacar a qualidade de alguém, utilizando-
ça. se de um sufixo, tem-se grau superlativo abso-
Nos exemplos, tanto o adjetivo como a locução luto sintético em “Ana é demasiadamente lin-
adjetiva referem-se ao núcleo do objeto direto. da”.

Editora Exato 16
GRAMÁTICA

4 Em “Ana é mais grande que chata” o uso de 8 (UNIRIO-RJ) Assinale o item em que houve er-
“mais grande” é incorreto, já que esta expres- ro na flexão do nome composto.
são deve ser sempre trocada por “maior”. a) As touceiras verde-amarelas enfeitavam a
5 Tanto no grau comparativo como no superlati- campina.
vo há um processo de comparação. Neste, com b) Os guarda-roupas são de boa madeira.
outro ser; naquele, com um todo. c) Na fazenda, havia muitos tatus-bola.
d) No jogo de contra-ataques, vence a melhor e-
quipe física.
4 Julgue os itens quanto ao substantivo e ao adjeti- e) Os livros ibero-americanos são de fácil impor-
vo: tação.
1 Nem sempre o grau do substantivo expressa
aumento ou diminuição de tamanho.
2 Em “homem mortal” e “pedra azul”, ambos os 9 (ITA) O plural de “terno azul-claro” e terno ver-
adjetivos são uniformes e explicativos. de-mar” é:
3 Nos adjetivos compostos, apenas o último e- a) ternos azuis-claros, ternos verdes-mares.
lemento sofre flexão, sem exceção. b) ternos azuis-claros, ternos verde-mares
4 São femininos os substantivos: alface, apendi- c) ternos azul-claro, ternos verde-mar
cite e libido. d) ternos azul-claros, ternos verde-mar.
5 Algumas palavras alteram o significado quan- e) ternos azuis-claros, ternos verde-mar.
do ocorre alteração de número.

GABARITO
5 Julgue os itens quanto ao substantivo e ao adjeti-
vo: Exercícios
1 Causaria alteração semântica a substituição do
artigo feminino pelo masculino em “A pianista 1
tocou uma bela canção”. a) G
2 Causaria alteração semântica a substituição do b) G
artigo feminino pelo masculino em “O jogador c) C
perdeu a moral”. d) G
3 Quando se refere a um produto comum ao Ja- e) F
pão e à Itália, diz-se “produto nipo-italiano”. f) H
4 Tem-se, respectivamente, palavra invariável e g) B
palavra empregada somente no plural em: atlas h) D
e núpcias. i) A
5 Há locução adjetiva nas expressões: dor de es- j) I
tômago, água de chuva e amor de mãe. l) A
m) A

6 (FUMEC-MG) O termo em destaque é um adje- 2 E


tivo desempenhando a função de um nome em: 3 C, C, E, E, E
a) “O coitado está se queixando dela com toda a
razão”. 4 C, E, E, C, C
b) “É uma palavra asustadora”. 5 C, E, C, E, C
c) “Num joguinho aceita-se até o cheque frio”.
d) “Ele é meu braço direito, doutor”. 6 A
e) “Entre ter um caso e um casinho a diferença, às 7 D
vezes, é a tragédia passional”.
8 E
9 D
7 (FATEC-SP) Indique a alternativa em que não é
atribuída a idéia de superlativo ao adjetivo.
a) É uma idéia agradabilíssima.
b) Era um rapaz alto, alto, alto.
c) Saí de lá hipersatisfeito.
d) Almocei tremendamente bem.
e) É uma moça assustadoramente alta.
Editora Exato 17
GRAMÁTICA

TERMOS DA ORAÇÃO
1. FRASE Os meus filhos saíram.
Quem saiu? – Os meus filhos – sujeito simples.
Enunciado de sentido completo que pode, ou

não, apresentar verbo.
Núcleo
Exemplo:
Socorro! (frase nominal) Os, meus – adjuntos adnominais do sujeito.
Quero água (frase verbal) 6.2. Composto
Mais de um núcleo.
2. ORAÇÃO
Exemplo:
É uma frase, ou fragmento de frase, que con- Ana e Paulo se casaram.
tém verbo. Quem se casou? – Ana e Paulo – Sujeito Com-
Exemplo: posto.
Desejo você, agora. ↓ ↓
Núcleos
3. PERÍODO
6.3. Oculto (elíptico ou desinencial)
É a organização da frase em oração, ou ora- É aquele que não aparece expresso, mas o i-
ções. Deve começar por maiúscula e terminar por dentificamos pela desinência verbal ou pelo contexto
pausa bem definida (.!?...). (eu, tu, ele, nós, vós – subentendido).
4. TERMOS DA ORAÇÃO Exemplo:
Falei o fato a ela.
Sujeito Quem falou? Eu (- ei) – sujeito oculto.
I. Essenciais : 
Pr edicado 6.4. Indeterminado
Objeto direto a) Verbo na 3ª pessoa do plural (sem aparecer
Objeto Indireto
 o sujeito).
II. Integrantes: Complemento no minal Exemplo:
 Agente da Passiva
 Falaram de mim a você.
Pr edicativo do sujeito e do objeto Quem falou? Eles ou elas? Muitos ou poucos?
 Adjunto da Passiva (aa) Não sei → Sujeito indeterminado
 b) Verbo não transitivo direto + se (Índice de
III. Acessórios :  Adjunto Adverbial (AA)
 Aposto indeterminação do sujeito)

Vocativo – Termo em separado Exemplo:
Necessita–se de amigos.
5. TERMOS ESSENCIAIS DA ORAÇÃO Mora–se aqui.
Sujeito – Ser sobre o qual se faz uma declara- Não confunda com:
ção. Verbo transitivo direto + se (pronome apassi-
Predicado – Tudo aquilo que se diz do sujeito. vador) = sujeito simples ou composto.
Exemplo: Exemplo:
O carro velho da minha tia quebrou. Vende–se carro. (carro é vendido)
↓ ↓ ↓
Suj. pred. Suj. Simples
Falamos muita besteira. Alugam–se salas. (salas são alugadas)
↓ ↓
Pred. Suj. Simples
Diga – me, Ana, toda a verdade. Compram-se carros e motos (carros e motos
↓ ↓ são comprados) ↓
pred. Pred. Sujeito composto
6. TIPOS DE SUJEITO Obs: Se o verbo transitivo direto for completa-
do por um objeto direto preposicionado, o sujeito se-
6.1. Simples rá indeterminado. Ex: Ama-se a Deus.
Um só núcleo (palavra mais importante).
Exemplo:
Editora Exato 18
GRAMÁTICA

Predicado sujeito (oração)


É preciso estudar a lição.
6.5. Inexistente (verbo impesso- Predicado sujeito (oração)
al)/oração sem sujeito (oss) 8. TIPOS DE PREDICADO
a) Haver ( = existir, ocorrer, tempo passado) /
Fazer (indicando tempo ou temperatura) / Ser ou es- 8.1. Nominal (P.N.)
tar (indicando tempo). a) Verbo de ligação (ser, estar, ficar, parecer,
Exemplo: continuar, permanecer, andar, viver) + predicativo
Havia crianças inocentes. / Faz 9 anos hoje que (=qualidade ou característica).
não a vejo./ É cedo. / Está tarde. Exemplo:
b) Verbos que indicam fenômenos da natureza Ana parece doente.
(chover, nevar, gear etc.). ↓ ↓ ↓
Exemplo: S.S. V.L. P.S.
Nevou no Paraná./ Choveu muito ontem. b) Verbo que indica mudança de estado do su-
Obs:Em sentido figurado, tais verbos podem jeito (virar, tornar–se, transformar–se etc.)
apresentar sujeito. Exemplo:
Exemplo: O tronco virou canoa.
Trovejaram palavrões no meu ouvido. ↓ ↓ ↓
↓ S.S. V.L. P.S.
Sujeito simples 8.2. Verbal (P.V)
c) Chegar e bastar usados no imperativo, se- Basta não ter predicativo.
guidos da preposição DE. Exemplo:
Exemplo: Ana comprou uma casa na praia
Basta de bagunça! ↓ ↓ ↓
Chega de conversa! S.S. OD A.A

7. MORFOSSINTAXE DO SUJEITO 8.3. Verbo-Nominal ( P.V.N)


Verbo de ação + predicativo (= qualidade, ca-
O núcleo do sujeito pode ser expresso por racterística ou função)
substantivo, pronome substantivo, numeral substanti- Exemplos:
vo ou qualquer palavra substantivada. Elegeram João síndico
Substantivo ↓ ↓ ↓
O artista representa a realidade. V. de ação OD P. O .D
Sujeito predicado
Flores ornamentavam o cabelo dos indígenas.
Sujeito predicado
Pronome substantivo Ana chegou assustada
Eles não visitam museus. ↓ ↓ ↓
S.S. V. ação P.S.
Sujeito predicado
Aquilo nos preocupava. I - Podem ser predicativo: substantivo, adjeti-
Sujeito predicado vo, numeral e pronome. Jamais advérbio.
Numeral substantivo II - No P.N., o predicativo será sempre do sujeito; no
Um é pouco. P.V.N., o predicativo pode ser do sujeito ou obje-
Sujeito predicado. to direto.
Ambos compareceram.
Sujeito predicado Obs: Apenas com o verbo chamar pode haver predi-
Palavra substantivada cativo do objeto indireto, desde que ele esteja no
Um olá foi dito com voz trêmula. sentido de apelidar. Ex : Chamei ao rapaz de bur-
ro P.O I
Sujeito predicado
III - Qualidade que se refere ao objeto indireto é ad-
Em alguns casos, o sujeito pode ser represen- junto adnominal.
tado por toda uma oração (oração subordinada subs- Exemplo:
tantiva subjetiva).
É necessário que você entenda as diferentes culturas. Ana deu balas aos meninos famintos – P.V.

Editora Exato 19
GRAMÁTICA

↓ ↓ ↓ ↓ ↓
S.S. VTDI OD OI Adj. adnominal 3 Coloque S se o sujeito for simples e I se for inde-
terminado:
( ) Bebe-se bom vinho em Caixas.
( ) Precisa-se de químicos neste país.
IV - Qualidade que se refere ao objeto direto pode ( ) Aqui se respeitam os sinais de trânsito.
ser: ( ) Aqui se obedece às leis de trânsito.
a) Predicativo – Quando ela for momentânea. ( ) Fala-se de teatro.
Exemplo: ( ) Vêem-se, neste cinema, os filmes de Chaplin.

Vi uma mulher faminta – P.V.N.


4 Diga se o predicado é verbal (PV) ou nominal
↓ ↓ (PN):
OD Predicativo do objeto direto (a) Ela parece com a avó materna.
b) Adjunto Adnominal – Quando ela for per- (b) Mário continua no Rio.
manente.
Exemplo: (c) Maria continua doente.
Vi um carro azul. – P.V.
(d) Meu sobrinho permanece acamado.
↓ ↓
OD Adj. Adnominal (e) Vocês estão apreciadíssimos.

EXERCÍCIOS 5 (PUC-PR) Assinale a alternativa que contém


uma oração sem sujeito.
1 Classifique o Sujeito das orações a seguir (sim- a) Ontem fez muito calor.
ples, composto, oculto, inexistente, indetermina- b) Vive-se bem em apartamento.
do): c) Existem muitos apartamentos à venda.
a) Cadeiras ali havia demais. d) O dia de ontem foi muito quente.
e) Vendem-se apartamentos.
b) Vivia-se muito bem naquele lugar.

c) Levaste tudo, amigo? 6 (PUC-PR) Sobre o exemplo: "A lua brilhou ale-
gre no céu", afirmamos que:
d) Arrebentou-se a porta finalmente. I. O verbo brilhar é intransitivo.
II. O verbo brilhar é transitivo direto.
e) Faz frio ali. III. O verbo brilhar é transitivo indireto.
IV. O predicado é nominal.
V. O predicado é verbal.
2 Classifique o Predicado (verbal, nominal, verbo- VI. O predicado é verbo-nominal.
nominal): a) Estão corretas I e VI.
a) Tornei meu irmão um anfitrião. b) Estão corretas I e V.
c) Estão corretas II e V.
d) Está correta apenas IV.
b) Ainda chego a doutor. e) Estão corretas III e VI.

c) Você parece mal hoje! 7 (FASP) Nas orações:


I. "E no céu plúmbeo há uma lua baça."
II. "Chão, gente, lua e estrelas, tudo está enxuto.”
d) João saiu satisfeito. III. "Disseram muitas coisas lindas."
IV "Fala-se em liberdade e em sinceridade."
a) Todas têm sujeito indeterminado.
e) Marlene comprou um carro veloz. b) Só a I tem sujeito indeterminado.
c) Nenhuma delas têm sujeito indeterminado.

Editora Exato 20
GRAMÁTICA

d) Só a III e a IV têm sujeito indeterminado. 5 A


8 (FMPA-MG) Identifique a alternativa em que o 6 A
verbo não é de ligação.
7 D
a) A criança estava com fome.
b) Pedro parece adoentado. 8 D
c) Ele tem andado confuso. 9 A
d) Ficou em casa o dia todo.
e) A jovem continua sonhadora. 10 B

9 (PUC-SP) No período: "Não brincara, não pan-


degara, não amara todo esse lado da existência
que parece fugir um pouco à sua tristeza necessá-
ria, ele não vira, ele não provara, ele não experi-
mentara", as últimas orações “não vira”, "não
provara", "não experimentara" têm a mesma or-
ganização sintática, e seus predicados são:
a) verbais, formados por verbos transitivos dire-
tos, complementados por um objeto direto ex-
plícito no período.
b) verbais, formados por verbos intransitivos.
c) verbais, formados por verbos transitivos indire-
tos, complementados por um objeto indireto
não explícito no período.
d) verbais, formados por verbos transitivos dire-
tos e indiretos.
e) verbo-nominais, formados por verbos e predi-
cativos do sujeito.

10 (Unesp-SP) “O professor entrou apressado”. O


destaque indica:
a) predicado nominal.
b) predicado verbo-nominal
c) predicado verbal.
d) adjunto adverbial.
e) nenhuma.

GABARITO

1
a) S. Inexistente.
b) S. Indeterminado.
c) S. Oculto.
d) S. Simples.
e) S. Inexistente.
2
a) PVN
b) PN
c) PV
d) PVN
e) PV
3 S, I, S, I, I, S
4 PV, PV, PN, PN, PN.
Editora Exato 21
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Editora Exato 22
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ARTIGO/PRONOME/VERBOS/ADVÉRBIO
1. ARTIGO Emprego dos artigos
Artigo é a palavra variável que serve para Usa-se, obrigatoriamente, o artigo definido:
substantivar as palavras, caracterizando-as como se-  Após o pronome indefinido todo, no senti-
res determinados ou indeterminados e indicando-lhes do de totalidade, inteiro.
o gênero e o número. Exemplo: O jovem leu todo o romance de Cla-
rice Lispector.
Classificação do artigo
 Antes de nomes de estado, países, continen-
Os artigos podem ser: tes, rios, terras e de outros nomes próprios
 Definidos: determina o substantivo de mo- geográficos.
do preciso. São eles: o, a, os, as. Exemplo: a Mata Atlântica e a Floresta Ama-
Exemplos: zônica sofrem constantes queimadas.
O menino resolveu a questão.
As flores estão bonitas. Não se usa o artigo definido:
 Indefinidos: determina o substantivo de  Antes de nomes de pessoas, se não houver
modo vago, impreciso. São eles: um, uma, relação de familiaridade ou intimidade.
uns, umas. Exemplo: Luis Inácio Lula da Silva é presiden-
Exemplos: te do Brasil.
Um menino resolveu uma questão.  Após o pronome relativo cujo.
Umas flores estão bonitas. Exemplo: Aquele é o menino cujo amigo mor-
Propriedades dos artigos reu.
A anteposição do artigo pode substantivar  Antes de pronomes de tratamento
qualquer palavra. Exemplo: Vossa Excelência chegará hoje.
Exemplos: Exceções: senhor, senhora, senhorita, dona.
A menina recebeu um não como resposta  Antes do pronome oNutro e de seus deriva-
(não=advérbio substantivado). dos.
O jantar será servido em dez minutos. (jan- Exemplo: Uns chegaram, outros saíram cedo.
tar=verbo substantivado).  Antes de substantivos usados em sentido
geral e indeterminado.
O artigo permite reconhecer o gênero e o nú- Exemplo: Pobreza não é defeito.
mero do substantivo.  Em máximas e provérbios.
Exemplos: Exemplo: Tristezas não pagam dívidas.
O pianista – (masculino e singular)  Antes da maioria dos nomes das cidades.
A pianista – (feminino e singular) Exemplo: Curitiba é contagiante.
Uma gramática – (feminino e singular)  Antes de formas de adjetivos superlativos
Uns lençóis – (masculino e plural) relativos.
Exemplo: Conheci os professores mais compe-
O artigo pode aparecer unido com preposições. tentes da cidade.
Exemplos:  Nos vocativos
Ele estava no (em+o) jardim. Exemplo: Alunos! Prestem atenção nas expli-
Ela precisava do (de + o) apoio dos amigos. cações.
Deixou a carteira numa (em + uma) loja.  Antes de datas, desde que não apareça a pa-
lavra dia.
O artigo pode distinguir os homônimos, defi- Exemplo: Nasci em 14 de setembro de 1956.
nindo sua significação.  Antes das palavras terra (no sentido de terra
Exemplos: firme) e casa (no sentido de moradia).
O capital – a capital Exemplos:
O guarda – a guarda A mulher está sempre em casa.
Os pescadores ficaram em terra.
O artigo indefinido anteposto a um número re-
vela quantidade aproximada. Atenção: As palavras terra e casa aceitarão ar-
Exemplos: tigo quando vierem modificadas ou especificadas.
Faltaram uns dez alunos. Exemplo: visitei a terra de meus avós.
Repeti a explicação umas vinte vezes.
Editora Exato 22
GRAMÁTICA

2. MORFOSSINTAXE DO ARTIGO N.º Pes. Reto Oblíquo Átono Oblíquo Tôni-


co
O artigo sempre estará se referindo a um subs- 1a Eu Me mim, comigo
Singular 2a Tu Te ti, contigo
tantivo. Justamente por isso, exerce na oração a fun- 3a Ele(a) o, a, lhe, se si, ele, ela, con-
ção sintática de adjunto adnominal do substantivo a sigo
que estiver se referindo. 1a Nós Nos nós, conosco
Plural 2a Vós Vos vós, convosco
3a Eles(as) os, as, lhes, se si, eles, elas,
3. PRONOMES consigo
Palavras que podem substituir os substantivos
ou acompanhá-los, considerando-os como pessoas do Observações:
discurso, não se referindo às suas propriedades ou ca-
1 Os pronomes oblíquos podem ser Átonos (nunca
racterísticas.
aparecem precedidos de preposição) ou Tônicos
Exemplo:
(usados com preposição). Se a preposição é
Maria chegou. (substantivo) / Ela chegou.
COM, empregamos as formas COMIGO, CON-
(pronome).
TIGO, CONSIGO, CONOSCO, CONVOSCO.
O pronome pode ser substantivo ou adjetivo.
O emprego de COM NÓS e COM VÓS é pos-
a. Pronome Substantivo - Substitui o sível apenas quando seguidos de MESMOS, PRÓ-
substantivo. PRIOS, TODOS, ORAÇÃO ADJETIVA OU
Exemplo: NUMERAL.
João chegou. (substantivo) / Ele chegou. (pro- Exemplo:
nome). Queremos falar com vós todos!
b. Pronome Adjetivo - Acompanha o 2 Pronome oblíquo diz-se REFLEXIVO quando o
substantivo. complemento verbal é da mesma pessoa do sujei-
Exemplo: to. São exclusivamente REFLEXIVOS: se, si e
Meu casaco (Pronome Adjetivo + Substanti- consigo.
vo). Exemplo:
O pronome refere-se às pessoas do discurso. João falava consigo (=com ele mesmo).
Discurso - Mensagem transmitida.
Exemplo: 3 Pronome oblíquo diz-se RECÍPROCO quando
Fogo! / Vou à missa. / Quero sair. traduz a idéia de UM ao OUTRO ou RECIPRO-
CAMENTE.
Pessoa - Ser a que se refere no discurso (a Exemplo:
mensagem transmitida) o emissor. Ana e Paulo beijaram-se. (se= um ao outro,
mutuamente)
Existem três pessoas no singular e 4 ATENÇÃO: Os pronomes oblíquos átonos da 3a
plural. pessoa: o, a, os, as tomam as formas:
1a - é a que fala: eu, nós a) LO, LA, LOS, LAS: quando vêm depois de
2a - é a com quem se fala: tu, vós formas verbais terminadas em R, S e Z (as quais, en-
3a - é a de quem se fala: ele, ela, eles, elas tão, são suprimidas).
Exemplos:
Você deve levá-la para casa.
Há seis tipos de pronomes:
A verdade, pessoal, enfrentemo-la com digni-
1. Pessoais
dade!
2. Possessivos
O trabalho, fá-lo-ei com esmero.
3. Demonstrativos
b) NO, NA, NOS, NAS: quando se liga a for-
4. Indefinidos
mas verbais terminadas em ditongo nasal.
5. Relativos
Exemplos:
6. Interrogativos
Tragam-na aqui.
4. PRONOMES PESSOAIS
5 Os pronomes de tratamento fazem parte dos pes-
Referem-se diretamente às pessoas do discur- soais. Levam o verbo para a 3a pessoa (do singu-
so, sendo sempre substantivos. Podem ser Retos (e- lar ou do plural).
xercem a função de sujeito ou predicativo) ou Exemplos:
Oblíquos (exercem a função de complementos). Vossa senhoria falou com seus filhos.
Vossa santidade rezou sua missa?

Editora Exato 23
GRAMÁTICA

- VOCÊ, VOCÊS são originalmente pronomes dade de tratamento é de rigor. Não podemos co-
de tratamento com características de 2a pessoa, mas meçar uma carta usando pronome de 2a pessoa,
levam o verbo para a 3a pessoa, assim como todos os depois mudar para terceira ou vice-versa.
outros pronomes de tratamento. Exemplos:
Exemplo: Espero que compareças ao meu baile. Você vai
Você é estudioso. gostar. Deve ser:
Vocês são estudiosos. Espero que compareças ao meu baile. Vais gos-
tar.
Principais Pronomes de Tratamento ou
Vossa Alteza Príncipes, arquiduques, duques, Carde-
ais Espero que compareça ao meu baile. Vai gostar.
Vossa Eminência Cardeais
Vossa Excelência Altas autoridades do governo e das
8 Os pronomes o, a, os, as sempre funcionam co-
classes armadas mo objeto direto. Os pronomes lhe, lhes, como
Vossa Magnificência Reitores de Universidades objeto indireto. Me, te, nos, vos, se como objeto
Vossa Majestade Reis, Imperadores
Vossa Excelência Re- Bispos, Arcebispos
direto ou indireto.
verendíssima Exemplos:
Vossa Paternidade Abades, superiores de convento Ninguém o quis. (O o é objeto direto).
Vossa Reverendíssima Sacerdotes em geral
Vossa Santidade Papas
Ninguém lhe deu esmola. (O lhe é objeto indi-
Vossa Senhoria Funcionários públicos graduados, ofi- reto).
ciais até coronel, pessoas de cerimônia Ninguém te quis ( O te é objeto direto).
VOCÊ é classificado como pronome de trata- Ninguém te deu esmola. (O te é objeto indire-
mento por algumas gramáticas e como simples pro- to).
nome pessoal por outras. Em tempos passados, você 9 Não se empregam formas retas em vez das oblí-
foi um pronome de tratamento (=vossa mercê), mas quas.
hoje não o é mais. Exemplos:
Quando nos referimos às pessoas, usamos o Vi ele; olhe eu. São construções comuns ao
possessivo SUA em vez de VOSSA. povo.
Deve-se dizer:
Exemplos: Vi-o; olhe-me.
Sua Excelência está acamado (em referência à Os objetos são representados por pronomes o-
pessoa). blíquos.

Os senhores me desculpem, mas Sua Senhoria 5. PRONOMES DEMONSTRATIVOS


não pode atendê-los hoje (em referência à pessoa). Apontam os seres, indicando sua proximidade
6 Os pronomes EU e TU só funcionam como sujei- ou afastamento, espacial ou temporal, em relação ao
to e como predicativo. falante.
Exemplos:
Eu saí carregado. 1ª pessoa: este, esta, isto (proximidade em re-
Tu cantavas quando cheguei. lação ao falante).
Ele não é tu. Tu não és ele. 2ª pessoa: esse, essa, isso (proximidade em re-
lação ao ouvinte).
a) Esses pronomes nunca podem vir regidos de 3ª pessoa: aquele, aquela, aquilo (afastamento
preposição. Devem-se empregar, em tais casos, as do falante e do ouvinte).
formas oblíquas MIM e TI. O, A, OS, AS - pronomes demonstrativos,
Exemplos: quando equivalem a aquilo.
Nunca houve nada entre mim e ti. Mesmo, próprio, semelhante, tal - pronomes
Entre mim e ti não houve nada. demonstrativos quando indicam identidades ou se re-
Sem mim não irás; sem ti, não irei. ferem a seres e idéias já expressas anteriormente.
b) Não obstante, em se tratando de sujeito, usa- Equivalem a: esse, aquele, este etc.
se a forma reta.
Exemplos: 1 - O, A, OS, AS  Serão demonstrativos
Livro para eu ler (e não para mim ler). quando equivalentes a: aquele, aquela, aquilo (ge-
Doce para tu comeres (e não para ti comeres). ralmente vêm seguidos de um que - pronome relati-
7 Nenhuma carta, nenhum discurso, nenhum escri- vo).
to poderá ter tratamentos diferentes. A uniformi-
Editora Exato 24
GRAMÁTICA

Ex.: Não sei o que falei. certa certas


 todo todos
aquilo toda todas
fulano sicrano
2 - Uso do ESTE, ESSE, AQUELE (e deriva-
dos): beltrano tudo
vários várias
a) Em relação ao espaço: muitos muitas
-ESTE  Perto de quem fala.
Locuções Pronominais Indefinidas
-ESSE  Perto de com quem se fala. Locução pronominal indefinida: duas ou mais
-AQUELE  DISTANTE de ambos. palavras equivalentes a um pronome indefinido.
Cada qual age como quer.
b) Em relação ao tempo: Qualquer um tem o direito de pensar, aqui.
-ESTE  Tempo presente ou futuro próxi- Quem quer que seja morreu.
mo. 1 - Todo (a)
-ESSE  Qualquer passado ou futuro. Seguido de artigo  = inteiro
-AQUELE  Passado ou futuro distantes Sem artigo  = qualquer
(ênfase).
2 - Todos (as)
c) Em relação ao contexto:
Ligado a substantivo deve ser, sempre, seguido de ar-
-ESTE  Refere-se ao último termo men- tigo.
cionado.
Ex.: Todas as mulheres.
-AQUELE  Refere-se ao primeiro termo
mencionado. 3 - Algumas palavras podem ser pronomes indefini-
dos e podem ser também advérbio de intensidade
Exemplo: (quando ligadas a verbo, adjetivo ou advérbio).
Vasco e Palmeiras são times de futebol. Aque- Exemplo:
le é do Rio; este, de São Paulo.
Ele fala muito. (advérbio).
d) - Se já disse, usa-se ISSO
Muito arroz no prato. (pronome).
Exemplo:
7. PRONOMES RELATIVOS
Eu te amo, guarde isso.
Se ainda vai dizer, usa-se ISTO. São aqueles que se referem a um termo ante-
cedente (nome ou pronome), evitando sua repetição;
Exemplo: iniciam uma oração adjetiva, exercem função sintáti-
Digo-te isto: eu te amo. ca (não são meros conectivos). São eles: QUE,
QUEM, QUAL, CUJO, ONDE, COMO (antecedi-
6. PRONOMES INDEFINIDOS do de maneira), QUANTO (antecedido de tudo).
Exemplo:
Pronomes indefinidos são aqueles que se refe-
Vi a mulher, a mulher me deixou.
rem à 3ª pessoa, dando-lhe sentido vago, impreciso
Vi a mulher que me deixou.
ou quantidade indeterminada.
Exemplos: a) Pode aparecer preposição antes do pronome relati-
Alguém bateu à porta. vo (dependerá de sua função sintática).
Ninguém saiu da sala.
Exemplo:
Está claro que a terceira pessoa está com senti-
do vago, representada pelos pronomes “alguém” e A mulher a que me refiro é linda.
“ninguém”. b) Não se usa artigo antes ou depois de CUJO, que
Os principais pronomes indefinidos são: concordará com o termo posterior.
alguém ninguém
algo (alguma coisa) cada Exemplo:
algum alguns Eis o homem cujas filhas eu conheço.
alguma algumas
certo certos
Editora Exato 25
GRAMÁTICA

c) A língua culta recomenda o uso do QUE ao Tu, que és a rainha do meu lar, não fujas.
QUAL. Este, porém, deve ser usado para evitar  Na função de complemento verbal, usam-se
ambigüidade ou após preposição não- os pronomes oblíquos, e não os pronomes
monossilábica. retos.
Convidei ele. (construção não aceita pela nor-
Exemplos:
ma culta) – Convidei-o. (construção aceita).
Este é o motivo contra o qual luto. Chamaram nós. (construção não aceita pela
Vi o carro da moça que sumiu (ambíguo). norma culta). – Chamaram-nos (construção aceita).
 Os pronomes retos (exceto eu e tu), quando
Vi o carro da moça - o qual / a qual sumiu precedidos de preposição, funcionam como
pronomes oblíquos. Nesse caso, seu empre-
8. PRONOMES POSSESSIVOS
go é aceito pela norma culta nas funções de
São os que se referem às pessoas gramaticais, complemento verbal ou agente da passiva.
atribuindo-lhes a posse de alguma coisa. Informaram a ele os reais motivos.
Quando digo, por exemplo: - meu livro - a pa- Eles gostam muito de nós.
lavra grifada diz que o livro pertence à primeira pes- Emprestaram a nós os livros.
soa (eu). Teu livro, indicaria pertencente ao ouvinte e O trabalho foi feito por nós.
seu livro, o mesmo objeto pertencente a alguém que  As formas retas eu e tu só podem funcionar
não estaria participando do colóquio. como sujeito ou predicativo. Seu emprego
Quadro dos Pronomes Possessivos como complemento não é aceito.
Um Possuidor Vários Possuido-
res
Nunca houve desentendimentos entre eu e tu.
um vários um Vários (não aceito). – Nunca houve desentendimentos entre
objeto objetos objeto objetos mim e ti. (aceito).
1ª pessoa masculina meu meus nosso nossos
feminina minha minhas nossa nossas
Como regra prática, propomos a seguinte ori-
2ª pessoa masculina teu teus vosso vossos entação: quando precedidas de preposição, não se u-
feminina tua tuas vossa vossas sam as formas retas eu e tu, mas as formas oblíquas
3ª pessoa masculina seu seus seu seus mim e ti.
feminina sua suas sua suas
Ninguém irá sem eu. (não aceito). – Ninguém
9. PRONOMES INTERROGATIVOS irá sem mim. (aceito).
Nunca houve discussões entre eu e tu (não a-
Pronomes interrogativos são os pronomes: que,
ceito) – Nunca houve discussões entre mim e ti. (a-
quem, qual (e flexão) e quanto (e flexões), usados em
ceito.
orações interrogativas.
Há, no entanto, um caso em que se empregam
Exemplo:
as formas retas eu e tu mesmo precedidas por prepo-
Que mal fiz eu?
sição: quando essas formas funcionam como sujeito
Qual é a sua opinião?
de um verbo no infinitivo.
Quem chegou?
Deram o livro para eu ler (sujeito)
Quantas moedas tens?
Deram o livro para tu leres (sujeito)
Verifique que, nesse caso, o emprego das for-
A interrogativa pode ser direta ou indireta. A
mas retas eu e tu é obrigatório, já que tais pronomes
interrogativa direta termina sempre com ponto de in-
exercem a função sintática de sujeito.
terrogação; a indireta é constituída de verbos próprios
 As formas oblíquas o, a, os, as são sempre
para interrogar, tais como: perguntar, saber, ver etc.
empregadas como complemento de verbos
Exemplo:
transitivos diretos, ao passo que as formas
Não sei quem é você (indireta).
lhe, lhes são empregadas como complemen-
10. MORFOSSINTAXA DOS PRONOMES to de verbos transitivos indiretos.
O menino convidou-a (verbo transitivo direto)
Pronomes pessoais O filho obedece-lhe (verbo transitivo indireto)
 Os pronomes pessoais retos (eu, tu, ele/ela, Não são aceitas pela norma culta construções
nós, vós, eles/elas) devem ser empregados em que o pronome (e flexões) aparece como com-
na função sintática de sujeito, de predicati- plemento de verbos transitivos indiretos, assim como
vo ou de vocativo. as construções em que o pronome lhe (lhes) aparece
Eu cheguei atrasado. (o pronome eu desempe- como complemento de verbos diretos.
nha a função de sujeito). Eu lhe vi ontem. (não aceito) – Eu o vi ontem
Mas ela não é você! (o pronome você desem- (aceito).
penha a função de predicativo do sujeito).
Editora Exato 26
GRAMÁTICA

Nunca o obedeci (não aceito) – Nunca lhe o- tivo em questão aparece inicialmente junto a outro
bedeci (aceito). pronome possessivo adjetivo:
 Há pouquíssimos casos em que o pronome
oblíquo pode funcionar como sujeito. Isso Este é o meu livro. O teu, o professor já levou.
ocorre com os verbos deixar, fazer, ouvir, Pronome adjetivo Pronome substantivo
mandar, sentir, ver, seguidos de infinitivo; (adjunto adnominal) (núcleo do objeto direto)
o pronome oblíquo será sujeito desse infini-
tivo. Pronomes demonstrativos
Deixei-o sair (sujeito) Os pronomes demonstrativos variáveis podem
O professor deixou-me sair da sala (sujeito) desempenhar funções próprias do substantivo (sujei-
É fácil perceber a função de sujeito dos pro- to, objeto direto, objeto indireto etc) ou do adjetivo
nomes oblíquos, desenvolvendo as orações reduzidas (adjunto adnominal e predicativo). Já, os pronomes
de infinitivo. demonstrativos invariáveis (isto, isso, aquilo) neces-
Deixei-o sair. – Deixei / que ele saísse. sariamente desempenham funções próprias do subs-
O professor deixou-me sair da sala. – O pro- tantivo.
fessor deixou / que eu saísse da sala.
 Os pronomes oblíquos se, si, consigo de- Este livro é de Geografia; aquele é de Matemática.
vem ser empregados somente como reflexi-
vos. Pronome adjetivo Pronome substantivo
Ele feriu-se. (adjunto adnominal) (objeto direto)
Cada um faça por si mesmo a redação.
O professor trouxe as provas, consigo. Isto é o que pensa!
Não são aceitas quaisquer construções em que Pronome substantivo
esses pronomes não sejam reflexivos. Portanto, (sujeito)
quando estivermos nos dirigindo a um interlocutor
(segunda pessoa), empregaremos pronomes de trata- Ela disse aquilo?
mento e não pronomes reflexivos.
Pronome substantivo
Querida, gosto muito de você (e não: Querida, (objeto direto)
gosto muito de si).
Preciso muito falar com você. (e não: Preciso
Pronomes relativos
falar consigo).
Os pronomes relativos introduzem orações su-
 Muitas vezes, os pronomes oblíquos equi-
bordinadas adjetivas, nas quais sempre desempenham
valem a pronomes possessivos, exercendo a
uma função sintática.
função sintática de adjunto adnominal
Roubaram-me o livro (=Roubaram o meu li- Oração adjetiva
vro).
Escutei-lhe os conselhos (=Escutei os seus Ouço a voz do vento, quevarre a tarde.
conselhos).
Pronomes possessivos pronome relativo, sujeito do verbo varrer
O pronome possessivo surge mais comumente
Oração adjetiva
como pronome adjetivo, ou seja, acompanhando um
substantivo. Nesse caso, desempenha a função sintá- Ouço a voz que o vento traz.
tica de adjunto adnominal.
pronome relativo, objeto do verbo trazer
Objeto direto

Entreguei teu trabalho ao professor. Pronomes indefinidos


Os pronomes indefinidos podem acompanhar
prossessivo substantivo ou substituir um substantivo. Serão, respectivamente,
(adjunto adnominal) (núcleo do objeto) pronomes adjetivos ou pronomes substantivos e de-
sempenharão funções sintáticas típicas dessas classes
Representando um substantivo, o possessivo de palavras. Os pronomes alguém, ninguém, ou-
desempenha a função sintática típica de substantivo trem, algo e nada sempre têm valor de substantivo:
(núcleo do sujeito, do complemento verbal, do predi-
cativo, etc). Nesses casos, normalmente teremos no
período uma estrutura paralelística na qual o substan-
Editora Exato 27
GRAMÁTICA
Alguém roubou a minha caneta!
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
Pronome substantivo desempenhando a função de sujeito simples Dá-se o nome de rizotônica à forma verbal cu-
jo acento tônico está no radical.
Pronomes interrogativos Exemplo:
O pronome quem é sempre empregado como Falo, estudam
substantivo, desempenhando, portanto, funções subs-
tantivas: Dá-se o nome de arrizotônica à forma verbal
cujo acento tônico está fora do radical.
Quem chamou? Exemplo: falamos, estudarei.
Conjugações
Sujeito
1ª → Vogal Temática - a. Exemplo: amar
O pronome qual é, em geral, empregado como 2ª → Vogal Temática - e. Exemplo: beber
adjetivo e exerce a função de adjunto adnominal: 3ª → Vogal Temática - i. Exemplo: partir

Qual caneta é a minha? Pôr (e derivados) pertence à 2ª conjugação


(forma latina poer).
Adjunto adnominal
Formas Nominais
a) Infinitivo.
11. VERBO
 Impessoal → não flexionado.
Verbo é a palavra variável que exprime ação, Exemplo:
estado, fenômeno ou transformação. amar, beber, partir
Exemplo:  Pessoal → flexionado.
Ele trabalha. Exemplo:
Ela está alegre. amar (eu)
Anoiteceu. amar ES (tu)
Ana tornou-se mulher. amar (ele)
Estrutura das Formas Verbais amar MOS (nós)
Radical é a unidade indivisível em unidades amar DES (vós)
menores que indica o significado do verbo. amar EM (eles)
Exemplo:
comp - é o radical do verbo comprar. b) Gerúndio → final - NDO.
beb - é o radical do verbo beber. Exemplo:
dorm - é o radical do verbo dormir. amar → amando / beber → bebendo
Vogal temática é o elemento que, acrescenta-
do ao radical, possibilita a ligação entre o radical e a c) Particípio
desinência.  Regular → Final - ado (1ª conjugação) e -
Exemplo: ido (2ª e 3ª conjugações)
comprAr, bebEr, dormIr. Exemplo:
Tema é o radical acrescido da vogal temática. amar → amado / beber → bebido / partir →
Exemplo: partido
COMPRAr, BEBEr, DORMIr.  Irregular → pôr → posto / abrir - aberto
Desinências: são elementos que se acrescen-
tam ao radical (ou ao tema) para indicar as categorias Alguns verbos apresentam as duas formas.
gramaticais de tempo e modo (desinência modo- matar → matado e morto
temporal) e de pessoa e número (desinência número-
pessoal). aceitar → aceitado e aceito
Exemplo: ganhar → ganhado e ganho
Usa-se a forma regular na voz ativa, após os
r vt dmt dnp verbos TER e HAVER.
compr- a va ∅ Exemplo:
compr- á va mos O juiz tem expulsado jogadores.
compr- á sse m Usa-se a forma irregular na voz passiva, após
os verbos SER e ESTAR.
Editora Exato 28
GRAMÁTICA

Exemplo: Flexão Verbal


O jogador foi expulso pelo juiz.
Tempo Composto e Locução Verbal número : singular / plural

Dois ou mais verbos que funcionam como um pessoa : primeira, segunda, terceira
 indicativo
só. O 1º é o auxiliar (sofre as flexões); o último é o  
modo : subjuntivo
principal (forma nominal e indica a transitividade).  imperativo
 
 Tempo Composto → ter ou haver + parti-  pre sen te
cípio.  
tempo : pretérito
Exemplo:  futuro
 
Tenho contado.
 Locução Verbal → qualquer outra combi- Modos e Tempos
nação. I - Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas
Exemplo: pelo verbo na expressão de um fato. Em portu-
Estou sonhando. guês, há três modos:
Tipos Verbais a) Indicativo: expressa um fato ou estado con-
Os verbos classificam-se em: siderado indubitável.
a) Regulares: são os que possuem as desinên- Exemplo:
cias normais de sua conjugação e cuja flexão não Estou feliz.
provoca alterações no radical. Ele canta bastante.
Exemplo: Nós vamos a pé.
canto, cantei, cantarei, cantava, cantasse.
b) Subjuntivo: expressa a possibilidade ou de-
b) Irregulares: são aqueles cuja flexão provo- sejo de realização de um fato ou a incerteza sobre o
ca alterações no radical ou nas desinências. estado de um ser.
Exemplo: Exemplo:
faço, fiz, farei, fizesse. Se você vier, avise-me.
Desejo que você seja o vendedor.
c) Defectivos: são os que não apresentam con-
jugação completa, como os verbos falir, abolir, e os c) Imperativo: expressa ordem, advertência ou
verbos que indicam fenômenos naturais, como cho- pedido.
ver, trovejar etc. Exemplo:
d) Abundantes: são os que possuem mais de Não fale alto!
uma forma com o mesmo valor. Geralmente, essa Fique quieto!
característica ocorre no particípio.
Exemplo:
II - Tomando-se como referência o momento em que
matado, morto.
enxugado, enxuto. se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer
no presente (ação simultânea ao ato de fala), no
e) Anômalos: são os que incluem mais de um
passado ou pretérito (ação anterior ao ato de fala)
radical em sua conjugação. Apenas SER e IR.
ou no futuro (ação posterior ao ato de fala).
Exemplo:
verbo ser: sou, fui, era.
verbo ir: vou, irei, fui.

Editora Exato 29
GRAMÁTICA

Presente - canto
Imperfeito - eu cantava
Simples - eu cantei
Pretérito Perfeito
Composto - eu tenho (hei) cantado
Simples - eu cantara
Indicativo Mais-que-perfeito
Composto - eu tinha (havia) cantado

Simples - eu cantarei
Do presente
Composto - eu terei cantado
Futuro
Simples - eu cantaria
Do pretérito
Composto - eu teria (haveria) cantado

Presente - que eu cante

Imperfeito - se eu cantasse
Pretérito Perfeito - que eu tinha (haja) cantado
Subjuntivo
Mais-que-perfeito - se eu tivesse (houvesse) cantado

Simples - quando eu cantar


Futuro
Composto - quando eu tiver (houver) cantado

Afirmativo Canta tu, cante você, cantemos nós, cantai vós, cantem vocês
Imperativo
Não cantes tu, não cante você, não cantemos nós, não canteis vós,
Negativo
não cantem vocês

Número e Pessoa Os verbos de conteúdo significativo (que indi-


1ª pessoa → Quem fala (eu/nós). cam ação, fenômeno da natureza, existência, desejo,
2ª pessoa → Com quem se fala (tu/vós). conveniência) formam o núcleo do predicado verbal
3ª pessoa → De quem se fala (ele/eles). ou um dos núcleos do predicado verbo-nominal. Ob-
serve:
Marcos recebeu os presentes. (o verbo funcio-
 SINGULAR → Um só ser pratica a ação.
na como núcleo do predicado verbal).
 PLURAL → Mais de um ser pratica a a-
Marcos recebeu os presentes triste. (o verbo
ção.
funciona como um dos núcleos do predicado verbo-
12. MORFOSSINTASE DO VERBO nominal; o outro núcleo é o adjetivo triste).
Os verbos de ligação não funcionam como nú-
Inicialmente, é importante atentar para os se- cleo do predicado. Dessa forma, nos predicados em
guintes detalhes: que aparecem, o núcleo será sempre um nome. Daí
 Toda oração se estrutura em torno de um poder-se afirmar que, quando ocorrer verbo de liga-
verbo ou de uma locução verbal; ção, o predicado será, sem dúvida, predicado nomi-
 Sabemos quantas orações um período tem nal. Veja:
contando o número de verbos e locução Os convidados ficaram insatisfeitos. (O nú-
verbais que apresenta; cleo do predicado é o adjetivo insatisfeitos).
 O verbo sempre integrará o predicado. Aquelas pessoas eram alegres. (O núcleo do
A maioria dos verbos são significativos, isto é, predicado é o adjetivo alegres).
informam alguma coisa a respeitos do sujeito a que
se referem. Há, no entanto, alguns verbos cuja função 13. ADVÉRBIO
é a de estabelecer um elo entre o sujeito e um atributo
O advérbio é a palavra invariável que modifica
dele (o predicativo do sujeito): são os chamados ver-
o verbo, o adjetivo ou ainda outro advérbio, expri-
bos de ligação.
mindo determinada circunstância.

Editora Exato 30
GRAMÁTICA

Exemplos: substantivo
Cheguei cedo. 
preposicão adjetivo
Eles agiram mal. adverbio

Eram alunas muito bonitas.
Eles chegaram bastante cedo. exemplo:
Classificação dos advérbios Ele resolveu o problema com calma.
Conforme a circunstância que expressam, os (=calmamente)
advérbios classificam-se em: Algumas locuções adverbiais: à direita, à es-
 De afirmação: sim, certamente, efetivamen- querda, à frente, à vontade, de cor, em vão, por acaso,
te, realmente, etc. frente a frente, de maneira alguma, de manhã, em
 De dúvida: talvez, quiçá, possivelmente, breve, de súbito, de propósito, de repente, ao léu, etc.
provavelmente, etc.
 De Intensidade: muito, pouco, bastante, 14. MORFOSSINTAXE DO ADVÉRBIO
demais, menos, tão, etc. Os advérbios e as locuções adverbiais desem-
 De lugar: aqui, ali, aí, cá, lá, atrás, perto, penham, sintaticamente, a função de adjuntos ad-
abaixo, acima, dentro, fora, além, adiante, verbiais.
etc. A exemplo dos advérbios, os adjuntos adverbi-
 De tempo: agora, já, ainda, amanhã, cedo, ais também são classificados a partir da circunstância
tarde, sempre, nunca, etc. que exprimem. Veja dois exemplos:
 De modo: assim, bem, mal, depressa, deva- Hoje eu quero a rosa mais linda que houver.
gar e grande parte dos vocábulos em – (Dolores Duran).
mente: calmamente, afobadamente, alegre- O advérbio hoje funciona sintaticamente como
mente, etc. adjunto adverbial de tempo.
 De Negação: Não, tampouco, etc. Entre e fique à vontade.
Advérbios interrogativos A locução adverbial à vontade desempenha a
As palavras onde, como, quanto, quando e função sintática de adjunto adverbial de modo.
por que, usadas em frases interrogativas (diretas ou
indiretas) são chamadas advérbios interrogativos. EXERCÍCIOS
Onde – Expressa circunstância de lugar.
1 (FAU-SANTOS) “O policial recebeu o ladrão a
Exemplo: Onde você mora? (interrogativa di-
bala. Foi necessário apenas um disparo; o assal-
reta).
tante recebeu a bala na cabeça e morreu na hora.”
Como – Expressa circunstância de modo (de
No texto os vocábulos destacados são respecti-
que maneira).
vamente:
Exemplo: Não sei como ele fez isso. (interro-
a) preposição e artigo.
gativa indireta).
b) preposição e preposição.
Quando – Expressa circunstância de tempo.
c) artigo e artigo.
Exemplo: Quando você volta? (interrogativa
d) artigo e preposição.
direta).
e) artigo e pronome indefinido.
Por que – Expressa circunstância de causa.
Exemplo: queria saber por que ela não veio.
(interrogativa indireta). 2 (FESP) Assinale a opção em que o a é, respecti-
Quanto – (e flexões, quanta, quantos, quantas) vamente, artigo, pronome pessoal e preposição.
expressa circunstância de quantidade (número, fre- a) Esta é a significação a que me referi e não a
qüência, preço). que entendeste.
Exemplo: Quanto custou a mercadoria? (inter- b) A dificuldade é grande e sei que a resolverei a
rogativa direta). curto prazo.
Locução adverbial c) A escrava declarou que preferia a morte à es-
Freqüentemente o advérbio não é representado cravidão.
por uma única palavra, mas por um conjunto de pala- d) Esta é a casa que compre e não a vendi a ele.
vras, que se denomina locução adverbial. Esse con- e) A que cometeu a falta receberá a punição.
junto de palavras é geralmente formado por:

Editora Exato 31
GRAMÁTICA

3 Assinale a alternativa em que o uso do artigo de- j) Não ______ digo tudo que sei. (lhe/a)
finido está substantivando uma palavra.
a) A liberdade vai marcar a poesia social de Cas-
tro Alves. 7 (UCDB-MT) Assinale a alternativa que preenche
b) Leitor perspicaz é aquele que consegue ler as corretamente as lacunas.
entrelinhas. Orientaram - ... corretamente.
c) A navalha ia e vinha no couro esticado. Roubaram - ... todas as jóias.
d) Haroldo ficou encantado com o andar de baila- Cumprimentei- ... afetuosamente.
rina de Joana. Informaram- ... que a reunião será amanhã.
e) Bárbara dirigia os olhos para a lua encantada. a) nos – nas – lhes – nos.
b) nos – lhes – os – lhes.
c) lhes – lhes – os – nos.
4 Levando em conta que alguns nomes de lugar d) nos – nas – lhes – lhes.
admitem a anteposição do artigo, assinale a alter- e) lhes – nas – lhes – nos.
nativa em que a crase foi empregada corretamen-
te.
a) Ele nunca foi à Belém. 8 (FGV-RJ) Assinale o item em que há erro quan-
b) Ele nunca foi à Paris. to à análise da forma verbal cantávamos.
c) Ele nunca foi à Portugal. a) cant- radical
d) Ele nunca foi à Roma. b) a- vogal temática
e) Ele nunca fio à China. c) canta- tema
d) va- desinência de pretérito imperfeito do sub-
juntivo
5 (VUNESP-SP) Considere os enunciados a se- e) mos- desinência de 1º pessoa do plural
guir:
a) O senhor não deixa de comparecer. Precisamos
do seu apoio. 9 (MACK-SP)
b) Você quer que te digamos toda a verdade? I. Embora o jogo estivesse monótono, a torcida se
c) Vossa Excelência conseguiu realizar todos os exaltou muito.
vossos intentos? II. O torcedor gritou tanto que ficara rouco.
d) Vossa majestade não deve preocupar-se uni- III. É preciso que se evita gritar muito.
camente com os problemas dos seus auxiliares Com relação ao uso dos tempos verbais,
diretos. a) somente a I está adequada.
Verifica-se que há falta de uniformidade no em- b) II e III estão adequadas.
prego das pessoas gramaticais nos enunciados: c) somente a II está adequada.
a) b e d. d) a e c. d) somente I e II estão adequadas.
b) c e d. e) b e c. e) I e III estão inadequadas.
c) a e d.
10 (PUC-RS) Assinale a seqüência que substitui,
6 Complete as lacunas com uma das opções entre corretamente, as formas verbais dos parênteses.
parênteses: Se tu (ver) seu amigo em dificuldade, (ajudar)
a) Foi maravilhoso para ______ conhecer você. – o!
(eu/mim) Ele (reaver) algumas das provas.
b) _____ avião que passa sobre nós, viaja a fé. Se você (saber) de alguma notícia, (telefonar)
(neste/naquele) – me!
c) _____, todos estudarão. (Com nos/Conosco) Eu leio, mas eles (ler) melhor.
d) O amor é a base da vida, guarde bem ____. (Crer) no poder de tua mente!
(isso/isto) a) veres – ajuda – reouve – souber – telefona –
e) O livro, tu tem-_____ lido(lo/no) lêm – crê.
f) Entre ______ morrer e você, que seja você. b) veres – ajuda – reviu – saberes – telefone – lê-
(eu/mim) em – creia.
g) Ana falou ______ todos sobre o fato. (com c) vires – ajude – reouve – saber – telefona – lem
nós/conosco) – crês.
h) Ana não vai para a cama sem _______ dar d) veres – ajude – reviu – souber – telefone – le-
um beijo nela. (eu/mim) em – creia.
i) Ana, você quer _____ folha aqui? (esta/essa)
Editora Exato 32
GRAMÁTICA

e) vires – ajuda – reouve – souber – telefone – lê-


em – crê.

GABARITO

1 A
2 B
3 D
4 E
5 E
6
a) mim.
b) naquele.
c) conosco.
d) isso.
e) lo.
f) eu.
g) com nós.
h) eu.
i) esta.
j) lhe.

7 B
8 D
9 A
10 E

Editora Exato 33
GRAMÁTICA

REGÊNCIA
1. DEFINIÇÃO Custar
Regência é a parte da gramática que trata das No sentido de “ser custoso, ser difícil”, pede
relações entre os termos da oração, verificando como objeto indireto com a preposição a seguido de oração
se estabelece a dependência entre eles. infinitiva.
Observe as seguintes orações: Custou ao aluno aceitar o fato
Jogamos futebol Custa-me crer que ela ainda volte.
Gostamos de futebol. Assim, na linguagem culta, são consideradas
Temos interesse por futebol. erradas construções como:
Ao estudarmos os termos da oração, vimos que O aluno custou para aceitar o fato.
terminadas palavras (verbos, substantivos, adjetivos e Custa-me crer que ela ainda volte.
advérbios) podem ou não exigir complementos e tais Implicar
complementos podem ou não vir introduzidos por No sentido de “acarretar”, exige complemento
preposições. sem preposição.
Nos exemplos acima, você pode observar que Tal atitude implicará sua demissão.
os verbos jogar e gostar exigem complementos. O A divulgação prévia dos gabaritos implicará a
primeiro sem preposição (verbo transitivo direto); o anulação da prova.
segundo com preposição (verbo transitivo indireto). Morar/residir
Mas não são apenas os verbos que podem exi- Exigem a preposição em.
gir complementos. No terceiro exemplo, o termo que Ele mora em Campina Grande.
exige complemento é o substantivo interesse: trata-se Ele reside em Campina Grande.
de complemento nominal introduzido pela preposição Os nomes morador e residente exigem também
por. a preposição em.
Damos o nome de regente ao termo que pede o Paulo Honório, morador na Fazenda São Ber-
complemento e de regido ao complemento. nardo.
Quando o termo regente é um verbo, dizemos Pedro de Alcântara, residente na Rua da Me-
que se trata de regência verbal. mória.
Os amigos necessitavam de apoio. Namorar
Regente regido Na linguagem formal culta, exige complemen-
Quando o termo regente é um nome, dizemos to sem preposição.
que se trata de regência nominal. João namora Maria.
Eles eram fiéis ao amigo. Ele namora uma aluna do segundo ano.
Regente regido
Obedecer
2. REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS Exige complemento com a preposição a.
O filho obedece ao pai.
Alguns verbos costumam provocar dúvidas de
Ele obedecia a leis antigas.
regência porque seu uso popular se encontra em de-
Embora transitivo indireto, o verbo obedecer
sacordo com a norma culta. Outros, porque possuem
admite voz passiva.
mais de um sentido e, conseqüentemente, mais de
O pai é obedecido pelo filho.
uma regência.
As leis antigas eram obedecidas por ele.
Ir
Preferir
Na linguagem formal culta, deve ser emprega-
Na linguagem formal culta, exige dois com-
do com a preposição a ou para.
plementos: um sem, outro com a preposição a.
Iremos a Santo André.
Prefiro estudar a trabalhar.
Vou ao banheiro.
Prefiro cinema a teatro.
Vou para a Alemanha fazer um curso.
O verbo preferir não admite termo intensivo,
Devemos empregar a preposição a quando uti-
nem a palavra antes. Assim, na linguagem formal
lizamos o verbo ir com o sentido de “dirigir-se sem a
culta, não se deve dizer:
intenção de permanecer”; no sentido de “dirigir-se
Prefiro mais estudar que trabalhar.
com a intenção de permanecer”, deve-se empregar a
Prefiro antes cinema do que teatro.
preposição para.

Editora Exato 34
GRAMÁTICA

Ser Nesse caso, admite-se também a construção


Na linguagem formal culta, não se deve em- preposicionada.
pregar o verbo ser seguido da preposição em. Assim, O técnico chamou pelos jogadores.
não se deve dizer: Chamou pelos seus protetores.
Somos em trinta nesta classe No sentido de “cognominar, dar nome”, exige
Deve-se dizer: indiferentemente complemento com ou sem a prepo-
Somos trinta nesta classe. sição a e predicativo com ou sem a preposição de.
Simpatizar Daí admitir quatro construções diferentes:
Chamei Pedro de tolo.
Exige a preposição com.
Chamei a Pedro de tolo.
Simpatizei com aquela pessoa.
Chamei Pedro tolo.
A diretoria não simpatizou com o novo funcio-
Chamei a Pedro tolo.
nário.
Ou ainda, substituindo o substantivo pelo pro-
O verbo simpatizar não é pronominal. Assim,
nome oblíquo:
não são aceitas no padrão formal culto construções
Chamei-o de tolo.
como:
Chamei-lhe de tolo.
Simpatizei-me com aquela pessoa.
Chamei-o tolo.
3. VERBOS QUE APRESENTAM MAIS DE Chamei-lhe tolo.
UMA REGÊNCIA Esquecer/lembrar
Quando não-pronominais, exigem complemen-
Aspirar to sem preposição (objeto direto).
No sentido de “inspirar, sorver”, exige com- Ele esqueceu o caderno.
plemento sem preposição (objeto direto). O canto triste lembrava as terras africanas.
Ela aspirou o aroma das flores. Quando pronominais, tais verbos exigem com-
Naquele ambiente, aspirava um ar insalubre. plemento com a preposição de (objeto indireto).
No sentido de “almejar, pretender”, exige Ele se esqueceu do caderno.
complemento com a preposição a (objeto indireto). Nós nos lembramos de tudo o que houve.
A funcionária aspirava ao cargo de chefia.
Informar
O candidato aspirava a uma posição de desta-
que. Pede dois complementos, um sem e outro com
preposição. Admite duas construções:
Assistir Informei a nota ao aluno.
No sentido de “dar assistência, dar ajuda”, é u- Informei o aluno da (ou sobre a) nota.
tilizado com complemento sem preposição (objeto di- Pelos exemplos acima, observamos que, quan-
reto). do o objeto direto refere-se a uma coisa, a pessoa será
Uma junta médica assistiu o paciente. objeto indireto com a preposição a. Quando o objeto
A nova política fundiária procurará assistir o direto refere-se a uma pessoa, a coisa será objeto in-
trabalhador rural. direto com a preposição de ou sobre.
Também se admitem as construções assistir ao A regência do verbo informar se aplica tam-
paciente, assistir ao trabalhador. bém aos verbos avisar, certificar, notificar, prevenir,
No sentido de “ver, presenciar como especta- cientificar.
dor”, exige complemento com a preposição a (objeto
Pagar/perdoar
indireto).
Assistimos a um filme interessante. Quando têm por complemento uma palavra
No sentido de “caber, pertencer”, exige com- que denote coisa, não exigem preposição. Quando
plemento com a preposição a (objeto indireto). têm por complemento uma palavra que denote pesso-
Tal prerrogativa assiste ao aluno. a, exigem a preposição a.
Nesse sentido, assistir admite a forma oblíqua Paguei o livro. (coisa)
lhe. Assim, é correto dizer: Paguei ao livreiro. (pessoa)
É um direito que lhe assiste. Paguei o livro ao livreiro.
Perdoei o pecado. (coisa)
Chamar Perdoei ao pecador. (pessoa)
No sentido de “convocar, mandar vir”, exige Perdoei o pecado ao pecador.
complemento sem preposição (objeto direto).
Proceder
O técnico chamou os jogadores.
Chame os trabalhadores. No sentido de “ter fundamento” não exige
complemento algum, trata-se, pois, de verbo intransi-
tivo.
Editora Exato 35
GRAMÁTICA

Aqueles boatos não procediam. Obedeço ao amigo – Obedeço-lhe.


Se sua reclamação proceder, farei a revisão da Quero o livro – Quero-o.
prova. Quero a meus pais – Quero-lhes.
No sentido de “originar-se, vir de algum lu- 4. Havendo pronome relativo, se o termo re-
gar”, exige a preposição de. gente da oração subordinada exigir preposição, esta
O avião procede de Roma. deve vir antes do pronome relativo.
Todos os males procedem da hipocrisia. Esta é a faculdade a que aspiro.
No sentido de “executar, realizar”, exige a pre- Estes são os filmes a que assisti.
posição a. Este é o autor a cuja obra me refiro.
Procederemos a um inquérito. Este é o autor de cuja obra gosto.
Tão logo a votação se encerre, procederemos Este é o autor por cuja obra tenho simpatia.
às apurações. 5. Há verbos transitivos indiretos que não ad-
Querer mitem o pronome oblíquo lhe, mas sim o pronome
No sentido de “desejar”, exige complemento ele, precedido de preposição.
sem preposição (objeto direto). Preciso usar óculos. Dependo deles para diri-
Eu quero uma casa no campo. gir.
Quero um refúgio que seja seguro. Moro perto de uma farmácia. Recorro a ela
No sentido de “estimar, ter afeto”, exige com- sempre que necessito de remédios.
plemento com a preposição a (objeto indireto). Veja mais alguns desses verbos: aludir, aspirar,
Quero a meus pais. obstar, assistir (no sentido de “presenciar como es-
Quero a meus colegas. pectador”), carecer, desconfiar, duvidar, gostar, in-
Visar correr, insistir, pensar, reparar, concordar.
No sentido de “mirar”, exige complemento 4. REGÊNCIA DE ALGUNS NOMES
sem preposição (objeto direto).
Ele visou o alvo. abrigado – a, com, de, em, sob
No sentido de “dar visto”, exige complemento acessível – a, para, por
sem preposição (objeto direto). adequado – a, com, para
O gerente visou o cheque. afável – a, com, para com
No sentido de “ter em vista”, exige comple- agradável – a, de, para
mento com a preposição a (objeto indireto). alheio – a, de
Visamos a uma posição de destaque. amante – de
Visamos a uma posição de destaque. amigo – de
amoroso – com, para, para com
Considerações importantes análogo – a
1. Os verbos transitivos indiretos (exceção fei- ansioso – de, por, para
ta ao verbo obedecer) não admitem voz passiva. As- anterior – a
sim, na linguagem formal culta, não são aceitas aparentado – a, com
construções como: apto – a, para
O filme foi assistido pelos alunos. ávido – de, por
O cargo era visado pelos funcionários. bacharel – em, por
Deve-se dizer: banhado – de, em, por
Os alunos assistiram ao filme. capaz – de, para
Os funcionários visavam ao cargo. caritativo – com, para com
2. Não se deve dar um mesmo complemento a caro – a, de
palavras de regência diferentes. Assim, no nível for- certo – com, de, em, para
mal culto, não se devem utilizar construções como: cheio – com, de
Entrou e saiu da sala. (entrar em; sair de) cheiro – a, de
Assisti e gostei do filme (assistir a; gostar de) cobiçoso – de
Deve-se dizer: compatível – a, com
Entrou na sala e saiu dela. comum – a, com, de, em, entre, para
Assisti ao filme e gostei dele. conforme – a, com, em, para
3. As formas oblíquas o, a, os, as funcionam conivente – com, em
como complementos de verbos transitivos diretos, constante – de, em
enquanto as formas lhe, lhes funcionam como com- contemporâneo – a, de
plementos de verbos transitivos indiretos. contíguo – a, com
Convidei o amigo – Convidei-o.
Editora Exato 36
GRAMÁTICA

contrário – a, de, em, por lento – de, em


cruel – a, com, em, para, para com liberal – com, de, em, para com
cuidadoso – com, de, em maior – de
cúmplice – de, em para mau – com, para, para com
curioso – a, de menor – de
desagradável – a, de, para morador – de, em
desatento – a odioso – a, por, para
descontente – com, de oneroso – a, para
desejoso – de orgulhoso – com, de, em, por
desfavorável – a, para parecido – a, com, em
desleal - a, com, para com peculiar – a, de
devoto – a, de posterior – a
diferente – com, de, em, entre, por prestes – a, em, para
digno – de pródigo – a, com, de, em, para com
diverso – de, em pronto – a, em ,para
entendido – em, por propício – a, para
escasso – de próprio – a, de, para
essencial - a, de, em, para proveitoso – a, para
estranho – a, de querido – a, de, em, por
exato – em rente – a, com, de, por
fácil – a, de, em, para residente – em
falho – de, em respeito – a, com, de, em, entre, para com, por
falto – de sábio – em, para
favorável – a sensível – a, para
feliz – com, de, em, por sito – em, entre
fértil – de, em situado – a, em, entre
fiel – a, em, para com solícito – com, de, em, para, para com
firme – em suspeito – a, de
furioso – com, contra temeroso – a, de, em
grato – a, por, para temível – a, para
hábil – em, para triste – com, de, em, por
habituado – a, com, em união – a, com, de, entre
horror – a, diante, de, por único – a, em, entre, sobre
hostil – a, contra, para com usual – entre
ida – a, para útil – a, de, em, para
idêntico – a, em utilidade – a, em, para
imediato – a utilizado – em
impaciente– com, de, por vacilante – em
impotente - a, ante, contra, diante de, em, para vagaroso – em
imprópria – a, de, para vaidade – de
imune – a, de vaidoso – de, em
inábil – em, para vários – de
inacessível – a vedado – a, por
incapaz – de, em, para velado – a, de, por
incompatível – com vencido – de, em, por
incompreensível – a, para vendido – a, por
inconstante – em veneração – a, de, por, para com
incrível – a, para venerado – por
indeciso– em, entre, quanto a, sobre venerável – a, por
indigno – de venturoso – com, por
indulgente – com, para, para com verdade – de, em, sobre
inerente – a, em vergonha – de, para
insensível – a versado – em
intolerante – a, com, em, para vestido – a, com, de, em, para , por
leal – com, em, para com veto – a, contra

Editora Exato 37
GRAMÁTICA

viagem – a, através de , em, por III. Cientificaram-lhe ______ que aquela imagem
refletia a alvura de seu mundo interno.
vinculado – a, com, por De acordo com a regência verbal, a preposição de
visível – a cabe:
vizinho – a, com, de a) nos períodos I e II.
b) apenas no período II.
EXERCÍCIOS c) nos períodos I e III.
1 (FUVEST-SP) Assinale a alternativa que preen- d) em nenhum dos três períodos.
che corretamente as lacunas correspondentes. e) nos três períodos.
A arma _______ se feriu desapareceu.
Estas são as pessoas ________ lhe falei. 5 (UFPR) Preencha convenientemente as lacunas
Aqui está a foto _____ me referi. das frases seguintes, indicando o conjunto obtido.
Encontrei um amigo de infância _____ nome não 1. A planta ______ frutos são venenosos foi der-
me lembrava. rubada.
Passamos por uma fazenda _______ se criam bú- 2. O estado _____ capital nasci é este.
falos. 3. O escritor _______ obra falei morreu ontem.
a) que, de que, à que, cujo, que. 4. Este é o livro ____ páginas sempre me referi.
b) com que, que, a que, cujo qual, onde. 5. Este é o homem _____ causa lutei.
c) com que, das quais, a que, de cujo, onde. a) em cuja, cuja, de cuja, a cuja, por cuja.
d) com a qual, de que, que, do qual, onde. b) cujos, em cuja, de cuja, cujas, cuja.
e) que, cujas, as quais, do cujo, na cuja. c) cujos, em cuja, de cuja, a cujas, por cuja.
d) cujos, cuja, cuja, a cujas, por cujas.
2 (CESGRANRIO-RJ) Assinale a alternativa que e) cuja, em cuja, cuja, cujas, cuja.
completa corretamente as lacunas da frase abai-
xo. 6 (PUC-RS) Alguns demonstram verdadeira aver-
A linguagem especial, ______ emprego se opõe o são ______ exames, porque nunca se empenha-
uso da comunidade, constitui um meio ____ os ram o suficiente ____ utilização do tempo ____
indivíduos de determinado grupo dispões para dispunham para o estudo.
satisfazer o desejo de auto-afirmação. a) com, pela, de que.
a) a cujo, de que. b) por, com, que.
b) do qual, ao qual. c) e, na, que.
C0 cujo, que. d) com, na, que.
d) o qual, a que. e) a, na, de que.
e) de cujo, do qual.

7 (UNIFIC-RS) Os encargos ____ nos obrigam


3 (CESGRANRIO-RJ) Assinale a opção que são aqueles ____ o diretor se referia.
completa corretamente as lacunas da seguinte fra- a) de que, que.
se. b) a cujos, cujo.
“O controle biológico de pragas, ____ o texto faz c) por que, que.
referência, é certamente o mais eficiente e a- d) cujos, cujo.
dequado recurso ____ os lavradores dispõem e) a que, a que.
para proteger a lavoura sem prejudicar o solo.”
a) do qual, com que.
b) de que, que. 8 (UFPEL-RS) A frase que não apresenta proble-
c) que, o qual. ma(s) de regência, levando-se em consideração o
d) ao qual, cujos. padrão formal, é:
e) a que, de que. a) preferiu sair antes do que ficar até o fim da pe-
ça.
b) O cargo a que todos visavam já foi preenchido.
4 (UM-SP) c) Lembrou de que precisava voltar ao trabalho.
I. Certifiquei-o ____ que uma pessoa muito que- d) As informações que dispomos não são sufici-
rida aniversaria neste mês. entes para esclarecer o caso.
II. Lembre-se ___ que, baseada em caprichos, e) Não tenho dúvidas que ele chegará breve.
não obterá bons resultados.

Editora Exato 38
GRAMÁTICA

9 (ITA-SP) Assinale a alternativa correta. GABARITO


a) Antes prefiro aspirar uma posição honesta que
ficar aqui. 1 C
b) Prefiro aspirar uma posição honesta que ficar
aqui. 2 A
c) Prefiro aspirar a uma posição honesta que ficar 3 E
aqui.
4 A
d) Prefiro antes aspirar a uma posição honesta
que ficar aqui. 5 C
e) Prefiro aspirar a uma posição honesta a ficar
6 E
aqui.
7 E
10 (UNICAMP-SP) Na nova gramática do Portu- 8 B
guês contemporâneo, de Celso Cunha, lêem-se as 9 E
seguintes considerações sobre a questão da cha-
mada regência verbal: 10
“A ligação do verbo com o seu complemento, a) “Mas nenhum se compara, afirma, ao que ele
isto é, a regência verbal pode [...] fazer-se: esteve envolvido ontem pela manhã.” O pro-
- diretamente, sem uma preposição intermédia, blema de regência verbal consiste na ausência
quando o complemento é o objeto direto. da preposição em exigida pelo verbo envolver.
- indiretamente, mediante o emprego de uma b) “Mas nenhum se compara, afirma, ao em que
preposição, quando o complemento é objeto indireto. ele esteve envolvido ontem pela manhã.” Ou
Rio de janeiro: Fename, 1980, p. 480. “Mas nenhum se compara, afirma, àquele em
Com base nas considerações acima, identifi- que ele esteve envolvido ontem pela manhã.”
que, no trecho abaixo, a passagem em que ocorre um
problema de regência verbal.
“Gentil de Araújo, motorista do caminhão que
parou o avião na Marginal do Rio Tietê, há 20 anos
trabalha nas estradas do país dirigindo caminhões pa-
ra transportadoras. Durante todo esse tempo, diz que
já viu muitos acidentes. Mas nenhum se compara, a-
firma, ao que ele esteve envolvido ontem pela manhã.
Na estrada a gente vê de tudo. Já vi um barco cair de
uma carreta e amassar um Fusca. Só faltava ter visto
um avião bater em meu caminhão. Quando contar pa-
ra os meus amigos, muitos não vão acreditar.”
a) Transcreva e diga em que consiste, na passa-
gem transcrita, o problema de regência verbal.
b) Reescreva, a seguir, essa mesma passagem, de
modo a adequá-la à modalidade escrita culta da
língua.

Editora Exato 39
GRAMÁTICA

CRASE
1. DEFINIÇÃO Note que, para que ocorra crase, é necessário
que o termo regente exija a preposição a e o termo
A palavra crase significa “mistura, fusão, jun- regido venha determinado pelo artigo feminino a. se
ção”. Em Português, ocorre a crase com as vogais i- um desses fatos não ocorrer, não haverá crase.
dênticas (a+a), indicada, na escrita, pelo acento grave Eu conheço a diretora.
(`). Regente artigo regido
É fundamental atentar que, embora idênticas,
estas vogais pertencem a classes gramaticais diver- Eu me refiro a ela.
sas: o primeiro a é sempre uma preposição; o segun- Regente artigo regido
do pode ser: No primeiro exemplo, não ocorre crase porque
Artigo feminino a ou as o termo regente (conheço) não exige preposição a
Fui a + a feira (conhecer alguém ou alguma coisa: verbo transitivo
Fui à feira. direto); portanto, ali está presente apenas um a (artigo
Retornamos a + as praias. que determina o termo regido diretora).
Retornamos às praias. No segundo exemplo, também não ocorre cra-
O a que inicia os pronomes demonstra- se, porque temos tão-somente a preposição a, exigida
tivos aquele(s), aquela(s), aquilo pelo termo regente me refiro (referir-se a alguém ou a
Fui a + aquele monumento. alguma coisa). Observe que diante do temos regido
Fui àquele monumento. (ela) não se emprega o artigo.
O a do pronome relativo a qual ou as Se adotarmos o procedimento de trocar o ter-
mo regido por um masculino correlato, não obtere-
quais mos a combinação ao. Substituindo o termo regido
A cidade a + a qual nos referimos fica longe. por um masculino correlato, teremos:
A cidade à qual nos referimos fica longe. Eu conheço o diretor. (Não ocorre a preposi-
O pronome demonstrativo a ou as ção, mas tão somente o artigo a).
Esta caneta é semelhante a + a que me deste. Eu me refiro a ele. (Não ocorre o artigo, mas
Esta caneta é semelhante à que me deste. tão-somente a preposição a).

O a e as são pronomes demonstrativos quando 3. DIANTE DE NOMES DE LUGAR


equivalem a aquela e aquelas. Haverá crase diante de nomes de lugar se o
Apresentamos o estudo da crase imediatamente termo regente exigir a preposição a e o termo regido
após o capítulo sobre regência, já que a identificação (o nome do lugar) admitir a anteposição do artigo a.
da ocorrência ou não da crase depende fundamental- Para verificar se um nome de lugar admite ou
mente dos conceitos de termo regente e de termo re- não o artigo, podemos utilizar o seguinte artifício: se,
gido, estudados no capítulo anterior. ao formularmos uma frase com um nome de lugar
precedido do verbo vir, obtivermos a contração da,
2. REGRA GERAL PARA A OCORRÊNCIA DA fica claro que diante daquele nome de lugar cabe o
CRASE COM O ARTIGO A/AS artigo a, uma vez que da é a contração da preposição
de com o artigo a.
Haverá crase sempre que o termo regente exi-
Se, por outro lado, obtivermos simplesmente a
gir a preposição a e o termo regido admitir o artigo
preposição de, claro está que aquele nome de lugar
a(s).
não admite a anteposição do artigo.
Eu me referi a + a diretora.
Viajamos à Argentina no mês passado. (Vie-
Eu me referi à diretora.
mos da Argentina).
Fui a + a cidade.
Vou à Itália. (Venho da Itália).
Fui à cidade.
Retornou a Roma. (Venho de Roma).
Nesses casos, é fácil comprovar a ocorrência
Vou a Curitiba (Venho de Curitiba).
de crase. Ao trocarmos o termo regido por um mas-
Se o nome de lugar que não admite o artigo vi-
culino, correlato, obteremos a combinação ao (prepo-
er determinado, passará a admiti-lo e, conseqüente-
sição a mais artigo masculino o), o que confirma a
mente, ocorrerá a crase.
presença da preposição e do artigo. Observe:
Vou à Roma antiga. (Venho da Roma antiga).
Eu me referi ao diretor.
Retornamos à agradável Curitiba. (Venho da
Fui ao bairro.
agradável Curitiba).
Editora Exato 40
GRAMÁTICA

É evidente que em: masculino correlato. Ex.: Esta é a faculdade a que


Conheço a Bahia. aspiro. (Este é o curso a que aspiro).
Visitamos a Itália.
6. CASOS ESPECIAIS
Não ocorre a crase, uma vez que os termos re-
gentes (conheço e vistamos) não exigem a preposição Expressões adverbiais, prepositivas e
a, pois são verbos transitivos diretos. Nesses exem-
conjuntivas
plos, os a são artigos.
O a inicial das expressões adverbiais, preposi-
4. DIANTE DAS PALAVRAS CASA E TERRA tivas e conjuntivas formadas por palavras femininas
(à noite, à tarde, à vista, às duas horas, à meia-noite,
As palavras casa (no sentido de lar, moradia) e
às vezes, às pressas, às escondias, à moda de - mes-
terra (no sentido de chão firme) não admitem a ante-
mo que a palavra moda fique subentendia -, à medida
posição do artigo a; por isso, diante delas, não ocorre
que, à proporção que, à exceção de, à beira de, etc)
crase.
deve receber o acento grave.
Voltamos cedo a casa.
Ex.:
Os marinheiros desceram a terra.
Chegou às duas horas e só saiu à noite.
Se, no entanto, tais palavras estiverem especi-
Às vezes caminhava às pressas pela rua.
ficadas, passarão a admitir artigo e, conseqüentemen-
É importante notar que nessas expressões ocor-
te, ocorrerá crase (desde que, é claro, o termo regente
re o acento grave (`), mesmo que não tenha ocorrido
exija a preposição a).
a crase, isto é, a fusão de duas vogais idêntica. Em
Iremos cedo à casa deles.
“Saímos à meia-noite”, o acento grave indica a fusão
Os marinheiros desceram à terra dos anões.
de dois a. Verifique que, se substituirmos o termo re-
5. DIANTE DE PRONOMES RELATIVOS gido (meia-noite) por um correlato (meio-dia), obte-
remos a combinação ao: “saímos ao meio-dia”.
 A(s) qual (is): ocorrerá crase com o prono- Já em: “Vendi à vista o relógio que ganhei
me relativo a(s) qual(is) quando ele vier numa rifa”, o acento grave não está indicando a fusão
precedido de uma preposição a, exigida pe- de dois a. Se substituirmos o termo regido (vista) por
lo termo da oração que tal pronome intro- um masculino correlato (prazo) não obteremos a
duz. Ex.: A cidade à qual iremos possui combinação ao: “Vendi a prazo o relógio que ganhei
praias às quais chegaremos. numa rifa.”
Observe que, nesse exemplo, os termos iremos
e chegaremos exigem a preposição a, que migra para O a das expressões adverbiais femininas de
antes dos pronomes relativos e com eles deve se fun- instrumento e das expressões formadas por palavras
dir. É fácil constatar a ocorrência da crase nesses ca- repetidas (cara a cara, frente a frente, gota a gota, etc)
sos, utilizando o artifício de trocar os termos não deve receber o acento grave.
femininos por masculinos correlatos. Observe: O país Ex.:
ao qual iremos possui recantos aos quais chegaremos.
 Quem e cuja: esses pronomes não admitem Eles escreveram a máquina.
a anteposição do artigo; portanto, diante de- Saíram num barco a vela.
les, não ocorre crase. Ex.: Esta é a mulher a
quem obedeço. Contava as moedas uma a uma.
Nesse caso, o a é simplesmente preposição, Ficou cara a cara com os inimigos.
observer a frase no plural: Ex.: Estas são as mulheres
a quem obedeço. 7. PODE OU NÃO OCORRER CRASE
 Que: diante do pronome relativo que nor- Há três casos em que pode ou não ocorrer a
malmente não há crase, uma vez que esse crase:
pronome não admite a anteposição do arti-  Diante de nomes de pessoas do sexo femi-
go. Ex.: Esta é a faculdade a que aspiro. nino. Ex.: Ele fez referência a(à) Sandra.
Nesse caso, ocorre apenas a preposição a. No  Diante de pronomes possessivos femininos.
entanto, ocorrerá crase diante do pronome relativo Ex.: obedeço a(à) minha irmã.
que quando antes dele tivermos o pronome demons- Diante de tais palavras, pode ou não ocorrer
trativo a ou as (=aquela, aquelas). Ex.: Esta camisa é crase, porque a presença do artigo é facultativa.
igual à que comprei. Se optarmos por utilizar o artigo e o termo an-
Em caso de dúvida, pode-se verificar se ocorre tecedente exigir a preposição a, ocorre a crase.
ou não crase substituindo o termo feminino por um  Depois da preposição até. Ex.:Fomos até
a(à) feira.
Editora Exato 41
GRAMÁTICA

Nesse caso, pode ou não ocorrer crase, pois b) À justiça compete garantir à todas as crianças
podemos indiferentemente usar a proposição até ou a o cumprimento das leis que as protegem.
locução prepositiva até a. Em “Fomos até a feira”, c) Daqui à algumas semanas, iremos às urnas à
ocorre a preposição até seguida do artigo a, portanto fim de elegermos nosso representantes.
temos a locução prepositiva até a, cujo a vai se fundir d) À noitinha, todos se reúnem à beira da foguei-
com o artigo que antecede a palavra feira. ra alimentada à fogo brando.
e) Todo mundo vive à reclamar mudanças, pois o
EXERCÍCIOS país está às portas do caos.
1 (UEL-PR) Ainda _____ pouco, o professor refe-
ria-se ____ questões interligadas _____ prática de 6 (FURG-RS)____ muitos anos, o gaúcho era livre
ensino. para percorrer ____ cavalo largas distâncias,
a) a – à – a. pondo ____ prova suas qualidades de cavaleiro.
b) há – a – à. Selecione a alternativa que preenche corretamen-
c) à – à – à . te as lacunas da frase apresentada.
d) há – a – à. a) há – à – a.
e) a – a – a. b) a – a – à.
c) à – à – a.
d) há – a – a.
2 (FUVEST-SP) Assinale a alternativa que preen- e) há – a – à.
che adequadamente as lacunas do texto.
“Chegar cedo ____ repartição. Lá ____ de estar
outra vez o Horário conversando ____ uma das 7 (PUC-RS) Em todas as frases deve ser utilizado
portas com Clementino.” o acento indicativo da crase, exceto em:
a) à – há – a. A) É preciso resistir a violência.
b) à – há – à. b) Nem sempre se sobrevive a violência.
c) a – há – a. c) A dor do agredido sucede a violência.
d) à – a – a. d) É necessário desaprovar a violência.
e) a – a – à. e) Não se pode ceder a violência.

3 (UEL-PR) Foi ____ Brasília aprender ____ artes 8 (UFSCAR-SP) Leia as frases abaixo:
políticas, mas retornou ____ terra natal sem A conclusão do inquérito foi prejudicial ____ to-
grandes conhecimentos. da categoria.
a) a – as – à. Mostrou-se insensível ____ qualquer argumenta-
b) à – as – a. ção.
c) a – às – à. Este prêmio foi atribuído ____ melhor aluna do
d) a – as – a. curso.
e) à – às – à. Faço restrições ____ ter mais elementos no gru-
po.
Indique a alternativa que, na seqüência, preenche
4 (UFRS) O grupo obedece ____ comando de um as lacunas acima corretamente.
pernambucano, radicado ____ tempos em São a) a – a – à – a.
Paulo, e se exibe diariamente ____ hora do almo- b) à – à – à – à.
ço. c) à – à – a – a.
a) o, a, à. d) à – à – a – à.
b) ao, há, à. e) a – a – à – à.
c) ao, a, a.
d) o, há, a.
e) o, a, a. 9 (UFV-MG) Indique a alternativa em que o sinal
indicativo de crase é facultativo:
a) Voltou à casa do juiz.
5 (EFOA-RS) O acento gráfico indicativo da ocor- b) Chegou às três horas.
rência da crase está corretamente empregado em: c) Voltou à minha casa.
a) À família compete obedecer às leis que garan- d) Devolveu as provas àquela aluna.
tem à criança o direito à vida. e) Voltou às pressas.

Editora Exato 42
GRAMÁTICA

10 (UCDB-MT) Assinale a opção que completa


corretamente as lacunas.
____ dois dias, ele pegou ____ sacola, disse a-
deus ____ filha e saiu ____ cavalo.
a) A – a à – à
b) A – à – a – a
c) Há – a – a – à
d) Há – a – à – a
e) Há – a – à – à

GABARITO

1 D
2 A
3 A
4 B
5 A
6 E
7 D
8 A
9 C
10 D

Editora Exato 43
GRAMÁTICA

CONCORDÂNCIA VERBAL
1. CONCORDÂNCIA VERBAL N ⇒ Nem nome nem nome
Estuda a concordância do verbo com seu sujei- Exemplo:
to. Nem ouro nem prata traz / trazem alegria.
Exemplo:
U ⇒ Um (a) e outro (a)
Os romanos conquistaram o mundo.
Exemplo:
Regra geral: Ana e Paula, uma e outra passará / passarão.
O verbo concorda em número e pessoa com o IV - Sujeitos ligados por ou:
seu sujeito. a) Se só um pode praticar a ação verbal.
Exemplo: ⇒ Verbo no singular.
Tu cantaste muito. Exemplo:
As moças saíram caladas. Ana ou Paula será eleita miss.
b) Se ambos podem praticar a ação verbal
2. CASOS ESPECIAIS ⇒ Verbo no plural.
I - Verbo ligado a sujeito composto: Exemplo:
A regra geral manda o verbo para o plural. Flamengo ou Botafogo perderão para o Vasco.
Exemplo: V - Parecer não faz EM - EM:
Ana e Paula chegaram. Se o verbo parecer for para o plural, o outro
- O verbo pode concordar com o mais próximo fica no singular; se o outro for para o plural, o verbo
se: parecer fica no singular. Jamais os dois no plural.
a) Vier anteposto ao sujeito composto: Exemplo:
Exemplo: Eles parecem cantar. → certo.
Chegaram / Chegou Ana e Paula. Eles parece cantarem. → certo.
Eles parecem cantarem. → errado.
b) O sujeito constituir-se de palavras sinôni- VI - Expressões que indicam quantida-
mas ou quase sinônimas. de aproximada (cerca de, perto de,
Exemplo:
mais de, menos de etc):
O amor e a paixão me domina/dominam.
O verbo concorda com o número.
c) O sujeito for uma enumeração gradativa. Exemplo:
Cerca de 100 alunos faltaram. /
Exemplo:
Menos de 2 alunos saíram. /
Um riso, um beijo, um abraço, um carinho me
Mais de 1 aluno saiu.
alegra / alegram.
II - Sujeito composto por pessoas gra- “Mais de 1” só irá para o plural se der idéia de
maticais diferentes: reciprocidade ou aparecer repetido.
Eu + qualquer pessoa = nós Exemplo:
Tu + qualquer pessoa (-eu) = vós Mais de 1 aluno se abraçaram.
Exemplo:
Mais de 1 aluno, mais de um professor falta-
Eu e Ana saímos / Tu e ele cantastes.
ram.
III - Expressões que admitem o verbo
VII - Dois verbos brigaram com o plural
no singular ou plural: → Sempre singular.
P ⇒ Parte ou todo + elemento plural. Haver (=- existir/ ocorrer)
Exemplo: Fazer (= tempo, temperatura)
A maioria dos alunos faltou/faltaram./ Uma Exemplo:
manada de búfalos fugiu/fugiram. Havia flores no jardim.
U ⇒ Um (a) dos (as) que Porém → Existiam flores no jardim.
Exemplo: Faz 9 anos que não saio.
Ana é uma das alunas que chegou/chegaram

Editora Exato 44
GRAMÁTICA

Atenção! Briga Feia! b) Quem ⇒ O verbo vai para a 3ª pessoa do


Se houver um verbo antes, também será singu- singular (preferencialmente) ou concorda com o an-
lar. tecedente.
Exemplo: Exemplo:
Não fui eu quem cantou / cantei.
Deve haver mulheres sinceras. XIII - Sujeito composto resumido por
Porém → Devem existir mulheres sinceras. um aposto resumitivo (TUDO, NADA,
Chega a fazer 40° no verão NINGUÉM, NENHUM ETC):
VIII - Dias e horas → O verbo concorda com o aposto.
Concordam com o número. Exemplo:
Exemplo: Reco, soldado, sargento, nenhum escapou.
É meio-dia / é uma e 30 / são 3 h / são 5 e 20 XIV - SER:
h. a) Sujeito (coisa) + predicativo no plural → O
Hoje é 1º de abril / Hoje são 30 /Hoje são 25. verbo concorda preferencialmente com o predicativo
Porém → Hoje é dia 15. do sujeito.
IX - Expressões do tipo: de nós, de vós, dentre nós, Exemplo:
dentre vós etc. A causa eram seus projetos.
→ Risque-as e olhe a palavra anterior: b) Sujeito (pessoa) + predicativo no plural →
a) Se ela for singular → Verbo na 3ª pessoa do O verbo concorda com o sujeito.
singular.
Exemplo:
O filho é as glórias dos pais.
Exemplo:
c) Pronome indefinido ou demonstrativo +
Qual de nós saiu? / Quem de vós contou?
predicativo no plural → O verbo concorda preferen-
b) Se ela for plural → Verbo na 3ª pessoa do
cialmente com o predicativo.
plural ou concorda com o pronome riscado.
Exemplo: Exemplo:
Tudo eram ilusões.
Quais de nós saíram / saímos.
Aquilo são tristezas.
Alguns de vós cantaram / cantastes.
X - Qualquer quantia ou quantidade (intensifica- d) Predicativo que é pronome pessoal do caso
da): reto → O verbo concorda obrigatoriamente com o
Verbo sempre no singular. predicativo.
Exemplo: Exemplo:
5 mil litros é muito. Os responsáveis somos nós.
500 mil dólares é pouco. XV - NEM UM NEM OUTRO / UM OU
XI - BATER, SOAR, DAR - HORAS: OUTRO
Procurar o objeto que indica as horas: Verbo sempre na 3ª pessoa do singular, pois a
a) Se existir e ele for sujeito → O verbo con- idéia é de exclusão.
corda com ele. Exemplo:
Exemplo: Nem um nem outro comentou o fato.
Bateu 9 h o relógio. / Deu 6 h o sino da igreja. Um ou outro conhece seus direitos.
b) Se não existir ou existir e não for sujeito → XVI - TÍTULOS (OBRAS, PAÍSES, ACI-
O verbo concorda com o número. DENTES GEOGRÁFICOS)
Exemplo: a) Se aparecer OS, AS → Verbo no plural.
Bateram 9h agora mesmo. / Deram 6h no reló- Exemplo:
gio. (adjunto adverbial). Os Estados Unidos invadiram o Iraque.
XII - Que / Quem: (pronome relativo Os Lusíadas são um marco da Literatura.
funcionando como sujeito).
a) Que ⇒ O verbo concorda com o anteceden- b) Se não aparecer OS, AS → Verbo no sin-
te. gular
Exemplo: Exemplo:
Não fui eu que cantei. Vassouras fica no Rio de Janeiro.

Editora Exato 45
GRAMÁTICA

XVII - Sujeito é número percentual (%) 3. LEITURA COMPLEMENTAR


O verbo concorda com o número. Você sabia que muitos erros ortográficos se
Exemplo: explicam pela influência da fala sobre a escrita? É o
Perderam-se quarenta por cento da lavoura por que acontece com “calvície” (e não calvice), “com-
causa da seca. panhia” (e não compania), “empecilho” (e não impe-
cílio). Outros erros são uma conseqüência de
Exemplo: associações indevidas como, por exemplo, “benefi-
Os vinte por cento dos faltosos não afetarão o cente” que, por associação a deficiente e paciente,
movimento. muitas vezes é escrito “beneficiente”.
Obs: A tendência atual é a preferência pela
concordância irregular, ou seja, com o termo que está EXERCÍCIOS
posposto ao número.
1 Coloque Certo (C) ou Errado (E) para as frases
Exemplo: abaixo, considerando-se a concordância verbal:
Um por cento das pessoas estão isentas do Im- ( ) Para que se fizeram tantas promessas de
posto de Renda. benfeitorias?
( ) Fazem anos hoje dois funcionários desta
XVIII - HAJA VISTA: repartição.
→ O singular é sempre correto. ( ) O jogo já havia começado e havia ainda
Exemplo: muitos lugares vazios.
Haja vista os comentários ( ) Eu sei que nem tudo são mentiras.
Haja vista aos comentários. ( ) Há muitos anos que vivia, nesta região,
Hajam vista os comentários. (sem preposição/ várias tribos de índios.
substantivo plural seria, também, correto o singular). ( ) No fundo do vale via-se passar vultos fan-
XIX - SUJEITO COMPOSTO POR VER- tasmagóricos.
( ) A maior parte dessas casas foi destruída
BOS SUBSTANTIVADOS NO INFINITI- pelo terremoto.
VO ( ) Que me importam a vida ou a morte des-
a) O verbo fica no singular. ses seres?
Exemplo: ( ) As aves pareciam pressentir a catástrofe.
Estudar e trabalhar é importante. ( ) Nem nas lendas encontram-se vestígios de
suas proezas.
b) O verbo ficará no plural se os termos do su- ( ) Sua fama e glória há de durar para sempre.
jeito forem antônimos ou se vierem determinados. ( ) Mais de um problema ficou sem ser resol-
Exemplo: vido.
Rir e chorar fazem parte da vida. ( ) Não há de faltar motivos que expliquem
O exercitar, o caminhar, o participar caracteri- suas atitudes.
zam pessoas dinâmicas. ( ) Naquela família acontece, freqüentemente,
discussões e brigas.
XX - CONCORDÂNCIA IDEOLÓGICA OU ( ) Fui eu quem lhe explicou o motivo de sua
SILEPSE demissão.
É a concordância feita com uma idéia suben-
tendida e não com a palavra expressa.
Exemplo:
2 O trecho abaixo apresenta um erro de concordân-
Os brasileiros somos educados. (Silepse de
cia: “Pode-se argumentar, é certo, que eram pre-
pessoa).
visíveis os percalços que enfrentariam qualquer
O povo aplaudiram o espetáculo. (Silepse de
programa de estabilização (...) necessário no Bra-
número)
sil”.
A bela São Paulo (Silepse de gênero).
a) Transcreva o trecho em que ocorre o erro de
concordância.
b) Qual a explicação para que tenha ocorrido tal
erro?
c) Reescreva o trecho de forma a adequá-lo à mo-
dalidade escrita culta.

Editora Exato 46
GRAMÁTICA

Sem Comentários e) A casaria compacta em volta da praça a pouco


e pouco se ampliava.
Do delegado regional do Ministério da Educa-
ção do Rio, Antônio Carlos Reborado, ao ler ontem
um discurso de agradecimento ao seu chefe, o minis- 6 Assinale a frase correta:
tro Eraldo Tinoco: “Os convênios assinados traduz a) Sempre haverão vozes discordantes.
(sic)* os esforços...” b) Vão fazer três anos, a contar do momento em
(Painel, Folha de S. Paulo, 12/09/92). que comecei o projeto.
*sic: palavra latina que significa “assim”; no c) Deram duas horas na torre, é agora!
caso, é usada pelo jornal com o sentido de “exata- d) Deu duas horas na torre, é agora!
mente desta forma”. e) Hão de trazer o que me prometeram! Ora, se
hão!
3 O título da nota acima, “Sem comentários” é, na
verdade, um comentário que expressa o ponto de 7 Assinale a frase incorreta:
vista do jornal, motivado por um problema gra- a) Ficou no porta-luvas o revólver e os documen-
matical no discurso lido por A. C. Reborado. tos.
a) Que problema gramatical provocou o comentá- b) Ficaram no porta-luvas o revólver e os docu-
rio do jornal? mentos.
b) Explicite o comentário que está sugerido, neste c) Outrora devia haver ali fortes tabas.
caso específico, pela expressão “Sem comentá- d) Outrora deviam haver ali fortes tabas.
rios”. e) Outrora deviam existir ali fortes tabas.

4 (Cefet-MG) A concordância verbal está incorreta 8 (FCMSC-SP) Por falta de verba,


em: _____________ as experiências e os estudos que
a) Havia dias em que, para ele, a face das criaturas se ______________:
e das coisas se apresentava fria. a) foi suspenso, planejava fazer.
b) Considerai os lírios do campo. Eles não fiam b) foram suspensas, planejava fazer.
nem tecem e, no entanto, nem Salomão em toda c) foram suspensos, planejava fazerem.
a sua glória se cobriu como um deles. d) foram suspensas, planejavam fazer.
c) O mundo está cheio de criaturas perversas, au- e) foi suspensa, planejavam fazer.
daciosas e egoístas, que não escolhem meios
para conseguir a satisfação de seus desejos.
9 (UFV-MG) Em todas as frases abaixo, a concor-
d) "Retruquei-lhe que, falando com sinceridade,
dância verbal está incorreta, exceto em:
eu não acreditava em que conseguisse um mun-
a) Qual de nós chegamos primeiro ao topo da
do perfeito, mas, por outro lado, tinha uma con-
montanha?
fiança absoluta em que, ao cabo de algumas
b) Os Estados Unidos representa uma segurança
dezenas de anos de reeducação, uma sensível
para todo o Ocidente.
melhoria de vida se havia de operar".
c) Recebei, Vossa Excelência, os protestos de
e) "Congregar os homens de boa vontade partidá-
nossa estima.
rios do pacifismo e determinar a cada um a sua
d) Sem a educação, não podem haver cidadãos
tarefa, tendo em vista que todos, desde o arte-
conscientes.
são mais humilde até o intelectual mais reputa-
e) Sobrou-me uma folha de papel, uma caneta e
do, pode prestar serviços à causa dentro do raio
uma borracha.
de sua atividade”.

10 (UFCE) Assinale a opção correta.


5 (UFPE) Esta questão versa sobre concordância
a) Mais de um retirante se afastou do serviço.
verbal. Julgue os itens:
b) Qual de vós sabeis o destino do retirante?
a) Ali haviam a tapera enorme das expedições an-
c) Podem haver, no campo, dias horríveis.
teriores, uma igreja e casebres vazios.
d) Espera-se dias mais propícios.
b) A tropa, com grande dificuldade e coragem,
equilibravam-se na beirada dos fossos.
c) O Vasa-Barris abarcava-a e infletia depois.
d) As duas torres da igreja pareciam destacarem-
se nítidas na paisagem.
Editora Exato 47
GRAMÁTICA

11 (Cesgranrio-RJ) Assinale a opção em que a la- c) Havia apenas um campo de batatas para as duas
cuna pode ser preenchida por qualquer das duas tribos, mas outros poderiam haver na vertente
formas verbais indicadas entre parênteses posterior da montanha.
a) Um de seus sonhos ...... morrer na terra natal. d) A vida ou a morte restará após a batalha.
(era, eram). e) Cabe às tribos, pela força, definir quem tem di-
b) Aqui não ...... os sítios onde eu brincava (exis- reito às batatas.
te, existem).
c) Uma porção de sabiás ...... na laranjeira (canta-
va, cantavam) 15 (ESPM-SP) Nas alternativas abaixo, todas as
d) Não ...... em minha terra belezas naturais. (fal- frases envolvem ou a expressão "mais de", ou a
to, faltam) expressão "um dos que". Aponte aquela que in-
e) Sou eu que ...... morrer ouvindo o conto do sa- corre em erro de concordância.
biá. (quer, quero) a) "Mais de dois terços de sua existência haviam
sido consumidos fora de Portugal".
b) "Um dos primeiros homens doutos que escrevia
12 (ESPM-SP) Assinale a alternativa que contenha em português sem mácula foi Bernardes".
erro de concordância. c) "Mais de um coração teriam que bater apressa-
a) Os resultados pareciam depender da vontade do do no meio da iminente luta".
diretor. d) "Sei que há mais de um que não se conforma
b) A medicina tem avançado pouco, hajam vistas com essa foto".
às pesquisas sobre a Aids. e) "Sabemos que mais de um milhão de reais fo-
c) Os diagnósticos parecia dependerem do resul- ram desviados do tesouro".
tado do exames de laboratório.
d) O poder da propaganda é discutível, haja vista
a acentuada queda de consumo durante o plano 16 (ACAFE-SC) Assinale a alternativa que preen-
Collor. che corretamente os espaços na frase:
e) Se houvesse melhores condições de ensino, e- Hoje, quem _______, porque, ontem, ______ tu
xistiriam melhores resultados. que ____________.
a) paga sou eu - foste – pagaste.
b) paga sou eu - foi – pagou.
13 (PUC-SP) Assinale a alternativa correspondente c) paga sou eu – foste - pagou.
à frase em que a concordância verbal esteja corre- d) paga é eu - foi – pagaste.
ta. e) paga sou eu - fostes – pagastes.
a) Discutia-se a semana toda os acordos que têm
de ser assinados nos próximos dias.
b) Poderá haver novas reuniões, mas eles discu- 17 (FEI-SP) Assinalar a alternativa em que a con-
tem agora sobre que produtos recairão, a partir cordância verbal está incorreta:
de janeiro, a sobretaxa de exportação. a) Crianças, jovens, adultos, ninguém ficou imune
c) Entre os dois diretores deveria existir sérias di- aos seus encantos
vergências, pois a maior parte dos funcionários b) Mais de mil pessoas compareceram ao comício
nunca os tinha visto juntos. c) Não só a educação mas também a saúde precisa
d) Faltava ainda dez votos, e já se comemoravam de muita atenção do governo.
os resultados. d) Bastam dois toques para sabermos que você
e) Eles hão de decidir ainda hoje, pois faz mais de chegou.
dez horas que estão reunidos naquela sola. e) Boa parte das pessoas está preocupada com o
futuro.

14 (UFF-RJ) Quanto à concordância verbal, é ina-


ceitável, segundo a norma culta contemporânea, a Analise as frases para responder às questões 13 e 14:
seguinte frase: I – “Ei, mãe, não sou mais menino (. . .) e nos meus
a) Não só o encontro de duas expansões, mas planos não estão você.” (trecho de música de Ro-
também expansão de duas formas podem re- berto e Erasmo)
sultar na supressão de uma delas. II – “Os convênios assinados traduz os esforços. . .”
b) A guerra é um dos eventos que mais caracteri- (frase dita por um delegado regional do Ministério
zavam a história das civilizações. da Educação)

Editora Exato 48
GRAMÁTICA

III – “São para esses cidadãos anônimos, que ganha- 3


ram personalidade dia 15 de novembro, que o no- a) Um erro grosseiro de concordância verbal:
vo governo deverá estar voltado.” “traduz” (traduzem seria o correto).
IV – “A maioria dos estudantes sabem que faz 9 anos b) O erro foi tão absurdo (cometido por quem foi
que vários de nós punem gratuitamente.” cometido e na situação em que ocorreu) que
V – “Falou a verdade ela e eu, porém, se houvesse não precisa sequer de comentário.
motivos, não falaríamos.”
4 E
VI – “Pode-se contar verdades, mas não se tratam de
verdades sinceras.” 5 E, E, C, E, C

18 Com base nas frases, julgue os itens: 6 E


1 A frase I está incorreta, já que os autores con-
cordam com “meus planos” e não com “você”, 7 D
que seria o correto. 8 D
2 O erro da frase II é tão grosseiro quanto “nós
é”. 9 E
3 O fato de uma pessoa importante do Ministé- 10 A
rio da Educação ter dito a frase II torna o erro
mais grave e absurdo. 11 C
4 Há apenas 3 frases com erro de concordância 12 B
verbal.
13 E
5 Na frase III, “são” deveria ser “é”, já que
forma uma partícula expletiva com o 1º “que” 14 C
da frase.
15 C
16 A
19 Com base nas frases, julgue os itens:
1 Na frase IV, dois dos três verbos poderiam ser 17 C
flexionados de uma outra forma. 18 C, C, C, E, E
2 O único erro da frase IV é o verbo “fazer” que
deveria estar no plural para concordar com “9 19 C, E, E, E, C
anos”.
3 O primeiro verbo da frase V deveria estar
conjugado na 1ª pessoa do plural, já que no su-
jeito composto há a presença do “eu”.
4 “houvesse” (frase V) deveria estar no plural
para concordar com o sujeito “motivos”.
5 Na frase VI, “pode” deveria estar no plural e
“tratam” deveria estar no singular, já que, nes-
ta, o sujeito é indeterminado e naquela, sim-
ples.

GABARITO

1 C, C, C, C, E, C, C, C, C, C, E, C, E, E, C
2
a) “(. . .) os percalços que enfrentariam qualquer
programa(. . .)”
b) Pensou-se que “os percalços” fosse o sujeito
do verbo enfrentar, quando, na verdade, é
“qualquer programa de estabilização”.
c) Os percalços que enfrentaria qualquer progra-
ma.

Editora Exato 49
GRAMÁTICA

CONCORDÂNCIA NOMINAL
1. CONCORDÂNCIA NOMINAL Milhões de soldados permanecem alerta. (= em
alerta).
É a adaptação do adjetivo, do artigo, do pro-
nome adjetivo e do numeral ao substantivo a que se IV - Meio
referem. a) um tanto ⇒ é advérbio e fica invariável.
Exemplo: Exemplo:
Os teus dois olhos belos. Elas estão meio resfriadas. (um tanto)
Regra Geral:
O determinante concorda em gênero e número b) metade ⇒ é numeral e concorda com o
com o substantivo, esteja anteposto ou posposto. substantivo a que se refere.
Exemplo: Exemplo:
Casas novas / novo carro / bola nova. É meio-dia e meia / meia dúzia.
2. CASOS ESPECIAIS c) =maneira ⇒ é substantivo e varia.
V - Bastante:
I - Um adjetivo, referindo-se a dois ou a) Singular,quando for igual a muito/muita.
mais substantivos: Exemplo:
a) Quando posposto: Comi bastante hoje. (muito)
O adjetivo concorda com o mais próximo ou Bastante salada comi ontem. (muita)
vai para o plural (masculino, se houver palavra mas-
culina, e feminino, se não houver). b) Plural,quando for igual a muitos/muitas.
Exemplo: Exemplo:
Anel e pulseira nova / novos. Li bastantes livros. (muitos)
Pulseira e anel novo / novos. Lá existiam bastantes bolsas. (muitas)
Blusa e pulseira nova / novas. VI - Expressões do tipo: é proibido, é
b) Quando anteposto: ótimo, é permitido etc, seguidas de pa-
Na função de adjunto adnominal, a concor- lavras femininas:
dância se fará obrigatoriamente com o mais próximo. a) Se a palavra feminina estiver sozinha (não
Exemplo: determinada), o adjetivo será masculino.
Velho sapato e blusa. Exemplo:
Velhas blusas e sapato. É proibido entrada. (sozinha)
(Sozinha) Pinga é ótimo para matar.
Na função de predicativo → pode ir para o
plural ou concordar com o mais próximo. b) Se a palavra feminina estiver acompanhada
Exemplo: (determinada - artigo, pronome), o adjetivo será fe-
São lindos a blusa e o sapato./É linda blusa e o minino.
sapato. Exemplo:
Encontrei nervoso(s) o rapaz e a moça. É proibida a entrada. (acompanhada)
II - Obrigado, servido: (Acompanhada) Esta pinga é ótima para ma-
Concordam com a pessoa que agradece. tar.
Exemplo: VII - Anexo, incluso, junto, leso, extra,
Ele disse muito obrigado / Elas estão servidas. quite:
Ela disse muito obrigada / Ele está servido. Concordam normalmente com a palavra a que
Eles disseram muito obrigados / Ela está servi- se referem.
da. Exemplo:
III - Menos, alerta (= em alerta), pseudo: Fez trabalhos extras.
Ficam sempre invariáveis. Seguem inclusas as listas das compras.
Exemplo: Elas chegaram juntas.
Mais trabalho e menos confiança Lesa-sociedade.
Pseudo-heroína./ Pseudo-heróis. Nós estamos quites.
As cestas vão anexas.
Editora Exato 50
GRAMÁTICA

Porém: b) Em função adjetiva, concordam com o subs-


a) Em anexo / Em incluso → expressões inva- tantivo (após verbo de ligação ou ligado diretamente
riáveis. ao substantivo).
Exemplo: Exemplo:
As blusas são caras/baratas.
Seguem em incluso as listas das compras.
Comprei livros baratos/caros.
Em anexo vão os relatórios.
XIII - Um e outro / Nem um nem outro
b) Junto a/ com / de (locução prepositiva) → Com estas expressões, o substantivo fica no
fica invariável. singular, mas o adjetivo vai para o plural.
Exemplo: Exemplo:
Elas chegaram junto com os pais. Um e outro rapaz alegres
VIII - Só Nem um nem outro procedimento eficazes.
a) apenas → é invariável. XIV - Substantivos em gradação segui-
Exemplo: dos de adjetivo → o adjetivo concorda
Só elas fizeram a lição. (apenas) com o último deles.
Exemplo:
b) sozinho → concorda com a palavra a que se Um olhar, um sorriso, um gesto demorado.
refere. XV - Substantivos acompanhados de
Exemplo: numerais ordinais adjetivos:
Ela foi só ao cinema. (sozinha).
a) Os dois numerais precedidos de artigo →
Elas foram sós ao cinema (sozinhas).
singular ou plural.
IX - Monstro: Exemplo:
Quando for igual a imenso, muito grande, fica O primeiro e o segundo lugares / lugar.
invariável.
Exemplo: b) Apenas o primeiro com artigo → plural.
Fui a comícios monstro. / fez a comida naquela
Exemplo:
panela monstro.
O primeiro e segundo lugares.
X - Mesmo, próprio c) Numerais pospostos ao substantivo → plural
Concordam com a palavra a que se referem.
Exemplo:
Exemplo: Os lugares primeiro e segundo.
Ela mesma saiu. / Elas próprias saíram.
XVI - Um substantivo ligado a dois ou
Eles mesmos saíram. / Ela própria saiu.
Cuidado: mais adjetivos:
Elas saíram mesmo. (= realmente) → invariá- Exemplo:
vel A seleção brasileira e a argentina.(singular, re-
petindo o artigo).
XI - Tal qual As seleções brasileira e argentina. (plural, sem
Quando equivale a igual, cada palavra mantém repetir artigo).
autonomia de concordância.
Exemplo: 3. LEITURA COMPLEMENTAR
Você sabia que não é norma culta usar o verbo
O filho é tal qual o pai.
“ter” pelo verbo “existir”? Então, a partir de hoje, se
Os filhos são tais qual o pai.
alguém falar “tem gramáticas horríveis no Brasil”,
O filho é tal quais os pais
diga a ele que é verdade, principalmente aquela em
Os filhos são tais quais os pais.
que ele estudou, pois, se fosse boa, ele afirmaria
XII - Caro, barato “Existem (ou há) gramáticas horríveis no Brasil”.
a) Em função adverbial, ficam invariáveis (a-
pós os verbos custar, vender e pagar).
Exemplo:
Os carros custam caro/barato.

Editora Exato 51
GRAMÁTICA

EXERCÍCIOS II - A colega andava ________ aborrecida com


os resultados da avaliação.
1 Questões do tipo Verdadeiro e Falso: A. meio
( ) Envio-lhe anexos os pedidos de envelope. B. meia
( ) Ela saiu meia triste. III - Os alto-falantes anunciaram que as relações
( ) Seguem inclusas duas duplicatas. _______ estavam melhores.
( ) Não acho que seja necessário paciência. A. luso-brasileiras
( ) Eu estou quite. B. lusos-brasileiras
( ) Bastante vezes os avisei. IV - Não se deve dar ouvidos às ________ que
( ) Não se aceitam quaisquer desculpas. existem por ai.
( ) Muito obrigadas. disseram elas. A. pseudo-heroínas
( ) Estou quites com o serviço militar. B. pseudas-heroínas
( ) É meio-dia e meio.
( ) Elas próprias tomaram todos os cuidados A combinação conseguida foi:
possíveis. a) I-A, lI-A, III-A, IV-A;
( ) Meus sinceros votos e recomendações. b) I-B, lI-A, III-A, IV-A;
( ) Estamos alertas. c) I-A, II-B, III-A, IV-A;
( ) Exijo menas conversa e mais ação. d) I-B, II-B, III-A, IV-A;
( ) Ele falou com sorriso e ironia amarga e) I-A, lI-A, III-B, IV-B.
( ) Ele falou com sorriso e ironia amargos
( ) Coleciono antigas revistas e jornais.
5 (FMPA-MG) Todas as concordâncias nominais
( ) Coleciono antigos jornais e revistas.
estão corretas, exceto em:
( ) Tinha vãos esperanças e temores.
a) Seguem anexo as notas promissórias.
( ) Recebeu o cravo e a rosa perfumada.
b) Escolhemos má hora e lugar para a festa.
( ) Não tenhas fantásticas ilusão e esperança.
c) A justiça declarou culpados o réu e a ré.
d) A moça usava uma blusa verde-clara.
2 (PUC-SP) Apenas uma alternativa preenche cor- e) Estou quite com meus compromissos.
retamente os espaços existentes na sentença abai-
xo. Assinale-a:
6 (TRT IGO/ESAF-90) Quanto à concordância
“Aquelas mulheres estão __________ porque que-
nominal, a única frase certa é:
rem aproveitar a liquidação para comprar
a) Eles mesmo preencherão a declaração de ba-
_________ vestidos _____________”.
gagem.
a) alertas, bastantes, bege.
b) Seguem anexo as provas do processo.
b) alerta, bastante, beges.
c) Estamos quite com o fisco.
c) alerta, bastantes, bege.
d) A mercadoria estava meio escondida.
d) alertas, bastante, beges.
e) É proibido a entrada .de frutas cítricas no país.
e) alerta, bastantes, beges.

7 (PUC-SP) Não foi ________ a pesada suspensão


3 (UFV-MG) Todas as alternativas abaixo estão
que lhe deram, porque você foi o que ________
corretas quanto à concordância nominal, exceto:
falhas apresentou; podiam ter pensado em outras
a) Foi acusado de crime de Iesa-justiça.
penalidades mais ____________.
b) As declarações devem seguir anexas ao proces-
a) justo - menas – cabível.
so.
b) justa - menos – cabível.
c) Eram rapazes os mais elegantes possível.
c) justa - menos – cabíveis.
d) É necessário cautela com os pseudolíderes.
d) justo - menos – cabível.
e) Seguiram automóveis, cereais e geladeiras ex-
e) justo - menos – cabíveis.
portados.

8 (FCC-SP) Elas ________ providenciaram os a-


4 (FESP) Escolha entre o par de alternativas a que
testados, que enviaram ________ às procurações,
estabelece corretamente a concordância nominal.
como instrumentos _________ para fins colima-
I - Havia ________ pessoas interessadas no car-
dos.
go.
a) mesmas, anexos, bastantes.
A. menas
b) mesmo, anexo, bastante.
B. menos
Editora Exato 52
GRAMÁTICA

c) mesmas, anexo, bastante. c) Sós, aquelas moças desapareceram, cheias de


d) mesmo, anexos, bastante. preocupações.
e) mesmos, anexos, bastante. d) Aqueles jovens rebeldes provocaram sós essa
movimentação.
e) Depois de tão pesadas ofensas, prefiro ficar a
9 (FMT-MG) Em todas as frases a concordância sós a conviver com essa agressiva companhia.
se fez corretamente, exceto em:
a) Os soldados, agora, estão todos alerta.
b) Ela possuía bastante recursos para viajar. 14 Seguem __________ várias propostas.
c) As roupas das moças eram as mais belas pos- Ouvi histórias as mais mirabolantes
síveis. _____________.
d) Rosa recebeu o livro e disse: “Muito obriga- A criança estava _______________ sonolenta.
da”. a) anexas, possíveis, meio;
e) Sairei de São Paulo hoje, ao meio-dia e meia. b) anexas, possível, meio;
c) anexo, possível, meia;
d) anexo, possíveis, meia.
10 (PUCCAMP-SP) Assinale a alternativa em que
meio funciona como advérbio:
a) Fica no meio do quarto. 15 Segue a documentação __________.
b) Quero meio quilo. Pedro está ____________ com a tesouraria.
c) Está meio triste. Os vigias estão sempre ___________.
d) Achei o meio de encontrar-te. Maria estava ___________ encabulada.
e) Nenhuma. a) anexo, quites, alerta, meio;
b) anexo, quites, alertas, meia;
c) anexa, quite, alerta, meio;
11 (FCC-SP) Informo a Vossa Senhoria que, d) anexa, quite, alertas, meio.
__________ seguem a carta, o relatório e a cópia
que nos solicitaram, e que estão inteiramente à
__________ disposição para exame. 16 Julgue os itens quanto à concordância nominal:
a) incluso, vossa. 1 Tanto a expressão “Aluno e aluna estudio-
b) inclusos, sua. sos.” e “Aluno e aluna estudiosa.” são corretas,
c) incluso, sua. havendo, porém, alteração semântica.
d) inclusa, vossa. 2 Em “Observei bastante o trabalho.” e “Bas-
e) inclusos, vossa. tante esforço dediquei.”, a palavra “Bastante” é
advérbio de intensidade.
3 Em “São lindos o menino e a menina.”, a
12 (UFSC) Aponte a alternativa em que a concor- concordância está incorreta, pois, por estar an-
dância nominal não é adequada: teposto, o adjetivo deveria concordar apenas
a) Obrigava sua corpulência a exercício e evolu- com o mais próximo.
ção forçada. 4 “Livro e carne saborosa.” Esta é a única con-
b) Obrigava sua corpulência a exercício e evolu- cordância possível na frase.
ção forçados. 5 Em “Eles vendem caro as derrotas.” O vocá-
c) Obrigava sua corpulência a exercício e evolu- bulo “caro” fica invariável por se encontrar em
ção forçadas. função adverbial.
d) Obrigava sua corpulência a forçado exercício e
evolução.
e) Obrigava sua corpulência a forçada evolução e 17 Julgue os itens quanto à concordância nominal:
exercício. 1 “O segundo e o terceiro colocados.” Seria cor-
reto, também, o uso do substantivo no singular.
2 Em “Enviei anexas as fotos.” e “Enviei em
13 (MACK-SP) Indique a frase em que a palavra só anexo as fotos.” , a concordância é correta e
é invariável: as expressões destacadas exercem a mesma
a) Elas partiram sós, deixando-me para trás abor- função sintática.
recida e bastante magoada. 3 Em “Elas se encontram meio nervosas.” ,
b) Chegaram sós, com o mesmo ar exuberante de “Encontrei um meio de explicar.” e “Cortei
sempre. meio limão.”, não há erro de concordância, po-

Editora Exato 53
GRAMÁTICA

rém a palavra “meio” exerce funções sintáticas 2 E


diferentes.
3 C
4 Está correta a concordância em “As embaixa-
das brasileira e argentina.” 4 B
5 Em “Uma e outra menina ________” e “Vi 5 A
_______ meninas e meninos.” , as lacunas só
podem ser preenchidas com a forma feminina
plural do adjetivo “bonito”. Exercícios de Casa
1 D
2 C
Analise as frases abaixo para responder às questões
13 e 14: 3 A
I – Ela tomou atitudes o mais sensatas possível.
4 B
II – Era meio-dia e meia quando um e outro estu-
dante esforçado viram caros livros na livraria. 5 C
III – É necessário a atenção de todos. 6 B
IV – Comprei livros e frutas maduras.
V – Havia ali sapatos e camisas importados. 7 C
VI – Os militares estão alertas, pois chegam a e- 8 E
les meias notícias de que o primeiro e segundo
batalhões pretendem mesmo entrar em greve. 9 A
18 Julgue os itens com base nas frases: 10 C
1 A frase I está incorreta e há duas possibilida- 11 C, E, E, C, C
des de corrigi-la.
2 Há apenas duas frases incorretas entre todas. 12 C, E, C, C, C
3 A frase IV, por apresentar substantivo mascu- 13 E, E, E, C, C
lino, poderia ter o adjetivo também no mascu-
lino. 14 C, C, E, E, E
4 Há apenas um erro de concordância na frase
II.
5 Por o substantivo estar determinado, na frase
III, deveria ser usado “necessária”.

19 Com base nas frases acima, julgue os itens:


1 Na frase V, a outra concordância possível tra-
ria alteração semântica a ela.
2 Na frase VI, o único erro é “alertas” que só
vai para o plural quando substantivo.
3 “mesmo” (frase VI) apresenta a mesma fun-
ção sintática que na frase “Ele mesmo conferiu
tudo.”
4 Na frase VI, há um substantivo plural que po-
deria ser usado no singular sem incorrer em er-
ro.
5 “caros” (frase II) está em função adjetiva co-
mo na frase “O carro custa caro.”

GABARITO

Exercícios de Sala
1 C, E, C, C, C, E, C, C, E, E, C, C, E, E, C, C, C,
C, E, C, E

Editora Exato 54
HISTÓRIA
HISTÓRIA

A ESTRUTURAÇÃO DO FEUDALISMO E A
IGREJA MEDIEVAL
1. A SOCIEDADE FEUDAL Resumo das principais obrigações ser-
vis
A sociedade feudal era estamental, isto é, não
Trabalho gratuito nas terras do
havia mobilidade social. Os grupos sociais manti-
Corvéia senhor (manso senhorial) em al-
nham-se rigidamente estanques. O acesso ou não à
guns dias da semana.
posse ou propriedade de terra dividia a sociedade
Talha Porcentagem da produção do
feudal em dois estamentos: os senhores e os depen-
manso servil.
dentes.
Os senhores feudais eram os possuidores ou Tributo devido pelo uso de ins-
proprietários de feudos. Formavam uma aristocracia Banalidade trumentos ou bens do senhor,
dominante, sendo originários da nobreza e do clero. como o moinho, o forno, o celei-
A nobreza se subdividia em duques, condes, barões e ro, as pontes.
marqueses. Os senhores feudais eclesiásticos, vincu- Captação Imposto pago por cada membro
lados à Igreja Romana, pertenciam à alta hierarquia da família servil.
do clero. Eram, geralmente, bispos, arcebispos e aba- Imposto pago à igreja, utilizado
des. Tostão de Pedro para a manutenção da capela lo-
O estamento dos dependentes, incorporando a cal.
maioria da população medieval, compunha-se de ser- Tributo devido na transferência
vos e vilões. Os servos não tinham a propriedade ou Mão-morta das obrigações de um servo fale-
posse da terra e estavam presos a ela. Eram trabalha- cido a seus herdeiros.
dores semi-livres. Não podiam ser vendidos fora de Formariage Taxa cobrada quando o campo-
suas terras, como se fazia com os escravos, mas não nês se casava.
tinham liberdade para abandonar as terras onde nas- Obrigação de alojamento e for-
ceram. Eram em número reduzido, havia um outro ti- Albergagem necimento de produtos ao senhor
po de trabalhador medieval, o vilão. Este não estava e sua comitiva quando viajavam.
preso à terra. Descendia de antigos pequenos proprie-
tários romanos. Não podendo defender suas proprie- A economia feudal era:
dades, entregava suas terras em troca da proteção de  voltada para a auto-suficiência;
um grande senhor feudal. Recebia tratamento mais  baseada nos tributos pagos pelos servos;
brando que os servos.  de um comércio local e pouco dinâmico.
2. A ECONOMIA FEUDAL E A RELAÇÃO DE 3. A POLÍTICA E A RELAÇÃO DE SUSERA-
[

SERVIDÃO NIA E VASSALAGEM


Voltada principalmente paras as necessidades Os vínculos e a hierarquia entre a nobreza feu-
internas do feudo, a produção baseava-se num siste- dal eram estabelecidos pelos laços de suserania e vas-
ma no qual o servo possuía a obrigação de pagar os salagem. Um senhor feudal, possuidor de grandes
seus tributos na forma de trabalho e produtos. Havia porções de terra, doava uma parcela de suas proprie-
o tributo em trabalho, chamado de corvéia, que con- dades a outro nobre. O doador passava a ser conside-
sistia em tarefas a serem executadas no Manso Se- rado suserano e o recebedor, vassalo. Estabelecia-se
nhorial conforme a indicação do senhor. Este entre ambos, relações de direitos e deveres. O vassalo
trabalho era executado de três a cinco dias na sema- passava a ter, entre outras obrigações, a de colocar
na. seu exército à disposição do suserano, dar-lhe hospe-
Os tributos pagos em produtos eram variados, dagem quando necessário, contribuir para o dote e
sendo os dois principais a talha e as banalidades, que armação dos seus filhos.
eram relacionados ao que era produzido no Manso O suserano, por seu lado, devia ao vassalo pro-
Servil. Sendo obrigado, ainda, a pagar à Igreja o dí- teção militar, garantia da posse do feudo doado, tute-
zimo e o “Tostão de Pedro”, o servo ficava com me- la sobre os herdeiros e sobre a viúva do vassalo
nos de 10% da produção. morto.
Os laços de suserania e vassalagem vincula-
vam toda a nobreza feudal. Por exemplo, um barão
Editora Exato 1
HISTÓRIA

doava um feudo a um marquês. Este, ao receber o de os monges dedicavam-se a copiar manuscritos an-
feudo, prestava-lhe homenagem. O barão tornava-se tigos.
suserano do marquês e este, vassalo do barão. O ba-
rão, entretanto, havia recebido feudos de um conde, ESTUDO DIRIGIDO
prestando-lhe o juramento de vassalagem. Assim, o
barão, suserano do marquês, era, ao mesmo tempo, 1 Explique a importância do feudo na Idade Média.
vassalo do conde.
As guerras constantes que marcaram o proces- 2 Mencione três aspectos da economia feudal.
so de formação do feudalismo foram responsáveis
pelo surgimento da cavalaria medieval, cujo ideal de
honra, lealdade e heroísmo criou o mito do herói pro- 3 De que forma a igreja conseguiu manter sua uni-
tetor, simbolizado pela figura do cavaleiro. dade religiosa?
Nos seus primórdios, o cavaleiro era servidor
de alguém em troca de fatores. Por volta do século
XII, ser cavaleiro indicava status e uma condição so- EXERCÍCIOS
cial superior, pois, para ser cavaleiro era preciso ter
1 O feudalismo foi o modo de produção que pre-
posses para adquirir cavalo, armadura, espada e lan-
dominou na Europa durante a Idade Média. Re-
ça.
sultado da síntese entre elementos romanos e
4. A IGREJA germânicos, o sistema feudal caracterizou-se:
a) Por um sistema baseado na ausência de moe-
Nos fins do século IV, o imperador Teodósio das; na produção, tendente a auto-suficiência,
tornou o cristianismo religião oficial do Império. A sendo a agricultura seu principal setor.
oficialização do cristianismo realizou-se ao mesmo b) Pela constante utilização de novas técnicas a-
tempo em que crescia o poder do clero dentro da I- grícolas, visando atender à demanda do comér-
greja. O clero, constituído por elementos que se dedi- cio externo.
cavam totalmente à religião, era cada vez mais c) Pela ausência de caráter militar, pois a socie-
importante porque dominava as formas de culto e a dade feudal, fechada e estratificada, não care-
doutrina, que pouco a pouco se tornavam mais com- cia de defesa.
plexas dentro da comunidade cristã. Com a derrocada d) Pela excessiva centralização do poder real em
do Império do Ocidente, o prestígio do clero aumen- detrimento do poder local dos senhores feu-
tou ainda mais, pois era o único grupo organizado e dais.
possuidor de cultura em face da situação caótica que
sucedeu às invasões, ocupando, por isso, funções po-
líticas e administrativas. 2 Dentre os itens abaixo, marque aquele que con-
O poder da Igreja era embasado também na tém SOMENTE características do Feudalismo:
imensa quantidade de terras que possuía, esta era a) Regime de trabalho servil, ausência de mobili-
chamada de a suserana dos suseranos, o Papa tinha dade social e economia agrária.
sob o seu comando a maioria dos nobres do Ocidente. b) Intensa mobilidade social, economia urbana e
O universalismo era a prática política da Igreja, na Estado centralizado.
qual, valendo-se de seu poder ideológico e econômi- c) Sociedade estamental, centralização política e
co, o Papa interferia na vida dos reinos. economia urbana.
d) Economia baseada no comércio marítimo, Es-
5. A CULTURA MEDIEVAL EUROPÉIA
tado monárquico forte e cultura clericalizada.
A cultura medieval foi marcada pela teologia e
subordinada à igreja cristã. Estas características cen-
3 “Na sociedade feudal, o vínculo humano caracte-
trais, contudo, não significam um retrocesso, uma “i-
rístico foi o elo entre o subordinado e o chefe
dade das trevas”, como afirmam muitos historiadores.
mais próximo. De escalão em escalão, os nós as-
Apenas que, na Idade Média, o teocentrismo ade-
sim formados uniam, tal como se tratasse de ca-
quou-se perfeitamente ao feudalismo, pois implicava
deias infinitamente ramificadas, os mais
uma visão estática e hierárquica do mundo, o que es-
pequenos aos maiores. A própria terra só parecia
tava de acordo com a sociedade estamental.
ser uma riqueza tão preciosa por permitir obter
Durante a alta Idade Média, as únicas institui-
‘homens’ remunerando-os”
ções educacionais existentes estavam sob o controle (Marc Bloch, A sociedade feudal).
da Igreja, a saber: Escolas Episcopais, mantidas pe- O texto acima descreve:
los bispos para formação do clero e os mosteiros, on- a) Organização política das cidades medievais.
Editora Exato 2
HISTÓRIA

b) Hierarquia das corporações de ofício.


c) Relação de suserania e vassalagem na socieda-
de feudal.
d) Hierarquia eclesiástica da igreja católica.

4 “Na idade Média, uma investigação sobre os bas-


tidores do Vaticano poderia causar excomunhão e
até a morte em alguma fogueira de madeira de
lei. Apesar de a Igreja Católica não ter mais o
poder de expor seus críticos à execração pública, M
este tipo de pesquisa não deixa de ter seus ris- A
cos.” T
(Revista Isto É, agosto de2002) E
Segundo o texto: R
a) Ainda existe hoje em dia, a ameaça de exco- I
munhão por parte da Igreja Católica a pessoas A
que escrevem estes tipos de artigos contra a L
Santa Imagem da Igreja;
b) A execração era a forma mais perversa da I- P
greja Católica de se livrar de seus opositores; A
c) Era lícito aos estudiosos, no período denomi- R
nado Idade Média, criticar a literatura eclesi- A
ástica sem correrem riscos de se tornarem
Hereges; A
d) A Igreja não tem mais poder nenhum de atua- N
ção espiritual sobre o povo católico, ficando A
cada qual livre do medo de arder no fogo e- L
terno. I
S
E
GABARITO
N
Estudo Dirigido A
1 O feudo tornou-se a principal unidade de produ- O
ção do sistema feudal.
P
2 Auto-suficiência baseada nos tributos pagos pe- O
los servos; comércio local e baseado nas trocas D
naturais. E
3 Dominando as formas de culto e a doutrina; con-
trolando o acesso ao saber e reprimindo as here- S
sias; se aliando aos nobres. E
Exercícios R
1 A C
2 A
O
P
3 C I
4 B A
D
O

Editora Exato 3
HISTÓRIA

A BAIXA IDADE MÉDIA


1. CARACTERÍSTICAS neo, à sua passagem, a dominação muçulmana na-
quele mar foi sendo liquidada.
As características do feudalismo não foram a- Uma outra conseqüência de grande importân-
centuadas durante toda a Idade Média. Aos poucos, cia foi a mudança nos hábitos de consumo da popula-
elas perderam sua força e deram lugar a novas carac- ção européia. Em cada uma das Cruzadas,
terísticas. Preparava-se o início de um novo tipo de participaram milhares de pessoas, que tomaram con-
sociedade, diferente da feudal. Cresceram os confli- tato com o estilo de vida oriental.
tos entre a Igreja e o poder temporal. Surgiram as O movimento das Cruzadas representou um M
Cruzadas. Renasceram as cidades e o comércio. O formidável estímulo ao comércio na região sul da Eu- A
poder político foi, gradualmente, sendo centralizado ropa. Enquanto o cruzadismo e o comércio desenvol- T
na pessoa dos reis, constituindo-se as monarquias na- viam-se no Mediterrâneo, crescia também a atividade E
cionais. No século XIV, fome, pestes, guerras e rebe- comercial na região norte do continente. A partir des- R
liões de servos abalaram ainda mais as já combalidas sas duas regiões, as trocas começaram a realizar-se I
instituições feudais. Toda essa transformação na so- numa escala cada vez maior, nas diversas partes do A
ciedade feudal era a preparação para uma revolução território europeu. L
na economia, na política e nos costumes, que viria a
ser chamada de Revolução Comercial (séculos XV, 3. O RENASCIMENTO COMERCIAL
P
XVI e XVII). A
O movimento cruzadístico em muito contri-
O crescimento populacional está relacionado R
buiu para o desenvolvimento comercial. O tráfego
a dois fatores básicos: o fim das invasões bárbaras, A
marítimo tornou-se mais intenso e seguro. Construí-
que diminuiu os conflitos e conseqüentemente as
ram-se faróis e estaleiros. Os caminhos terrestres e os
mortes em combate, aumentando a expectativa de vi- A
portos marítimos e fluviais foram melhorados. Os
da do homem europeu; por outro lado, ocorreu um
produtos do Oriente - jóias, perfumes, especiarias, N
aumento na quantidade de terras cultiváveis, melho-
sedas, louças, peles, couros, cereais - chegaram aos A
rando as condições de alimentação da população.
portos das cidades italianas, francesas e alemãs. As L
Uma conseqüência imediata do crescimento
trocas comerciais passaram a ser feitas por meio de I
populacional do início da Baixa Idade Média foi a
moedas; surgiram novas cidades e as já existentes se S
falta de terras para serem transformadas em benefí-
desenvolveram. E
cios (feudos), o que afetava os filhos da nobreza, que
O comércio se desenvolveu principalmente por
se viam na iminência de se tornarem senhores sem
rotas fluviais e marítimas, devido às péssimas condi- N
feudos.
ções das estradas medievais. Os mares Mediterrâneo, A
2. CRUZADAS do Norte e Báltico, formaram os eixos econômicos da O
Europa.
O cruzadismo no Oriente Próximo desenvol- O Mediterrâneo voltou a ser a via principal das P
veu-se entre os anos de 1095 e 1270. Nesse período, atividades italianas. Veneza, Gênova e Pisa redistri- O
houve oito cruzadas apoiadas por inúmeros reis, im- buíam pela Europa os produtos vindos do Oriente. D
peradores e papas. Com a Primeira Cruzada (1095- Veneza importava do Egito e da Síria especiarias E
1099), a cristandade européia conseguiu apoderar-se (canela, cravo, pimenta) e tecidos. Exportava madei-
de Jerusalém e estabelecer, na região, um reino feu- ras e armas. A grande rival de Veneza foi Gênova,
dal. Mas, no século XII, os turcos voltaram a apode-
S
revendendo produtos orientais, particularmente teci- E
rar-se da cidade santa. Para combatê-los, dos. Após o século XII, exportava para o Oriente te-
organizaram-se novas expedições, que fracassaram
R
cidos de lã confeccionados em Flandres e em
no seu objetivo. No entanto, mesmo não atingindo o Florença.
seu objetivo básico, as Cruzadas trouxeram uma série
C
As feiras tinham importância não apenas pelo O
de importantes mudanças para a sociedade européia. comércio. Os últimos dias eram consagrados às tran-
Uma primeira e fundamental conseqüência do
P
sações financeiras. Até o século XII, a moeda prati- I
movimento cruzadista foi a reabertura do Mediterrâ- camente desaparecera. Com o Renascimento
neo à navegação cristã ou, como dizem alguns histo- A
Comercial, ela fez seu reaparecimento. Surgiu o es- D
riadores, “a quebra do anel de ferro muçulmano em terlino, peça de prata inglesa. Em ouro, eram cunha-
torno do sul da Europa”. Com efeito, à medida que a O
dos o escudo francês, o ducado, de Veneza e o
maior parte das expedições cruzadistas procuraram florim, de Florença. No centro da feira, os banquei-
atingir o Oriente Médio, navegando pelo Mediterrâ- ros, chamados na época de cambistas, pesavam, ava-
liavam e trocavam as mais variadas espécies de
Editora Exato 4
HISTÓRIA

moedas. Faziam-se empréstimos, liquidavam-se ve- 5. O RENASCIMENTO URBANO


lhas dívidas, movimentavam-se letras de câmbio. A
terra deixava de ser a única riqueza na Europa oci- Com o renascimento comercial, a vida nas ci-
dental. Essa verdadeira revolução econômica enfra- dades foi crescendo e houve uma forte aceleração na
quecia a nobreza, ligada à terra, e fortalecia a urbanização. Cidades que praticamente haviam desa-
burguesia, ligada ao dinheiro. parecido durante a Alta Idade Média revigoraram-se.
O encontro de rotas comerciais e as feiras também
Feiras Medievais:
deram origem a novas cidades.
locais de grandes negócios
Escandinávia As condições de higiene dessas cidades eram
Inglaterra
Mar do
Norte precárias. As construções eram pequenas; devido ao
O ceano Londres Lübeck
Hamburgo
Prússia Rússia
alto preço dos terrenos e da madeira, praticamente MM
Gand
Atlântico
Bruges Flandres
amontoadas umas sobre as outras. As ruas, destituí- AA
Paris das de calçamento, eram estreitas e tortuosas. Inexis- TT
França Champagne
La Rochelle tia sistema de esgoto.
Santiago de
Veneza
Mar Negro
EE
Gênova
Compostela
pa ESTUDO DIRIGIDO RR
ro Roma
Lisboa
Eu Nápoles
Constantinopla
II
Sevilha Ásia
1 Indique os motivos que levaram ao movimento AA
Fez
Túnis
Palermo cruzadista. LL
África
Rota do Mediterrâneo Mediterrâneo
Rota de Champagne Alexandria PP
Rota Mediterrâneo-Atlântico Norte
AA
RR
História das Cavernas ao Terceiro Milênio – Myrian Becho e Patrícia
Ramos Braick
AA
2 O que eram as corporações de ofício?
4. AS ASSOCIAÇÕES DE ARTESÃOS E CO- AA
MERCIANTES NN
As corporações de ofício aglutinavam todos os AA
que se dedicavam a um mesmo tipo de trabalho. As- LL
sim, quase todas as cidades possuíam diversas corpo- 3 De que forma o desenvolvimento das atividades II
rações, como, por exemplo, a dos sapateiros, a dos comerciais contribuiu para desestruturar o siste- SS
tecelões, a dos curtidores etc. Aprendizes, jornaleiros ma feudal? EE
e mestres faziam parte da mesma associação, lutando
pelos mesmos interesses. A distância entre trabalha- NN
dores e proprietários era pequena. O aprendiz, com o AA
tempo, viria a ser mestre e teria sua própria oficina. O OO
jornaleiro vivia com o mestre, comia da mesma co-
mida, era educado nas mesmas idéias. EXERCÍCIOS PP
As corporações tinham por objetivo regula- OO
1 O aparecimento da Burguesia, no fim da Idade DD
mentar a profissão, evitando excesso de pessoas no
Média, está intimamente ligado à atividade: EE
mesmo ofício, controlar a qualidade e o preço do
a) agrícola
produto, dificultando a concorrência, dirigir o apren-
b) industrial SS
dizado da profissão e amparar os artesãos necessita-
c) manufatureira EE
dos.
d) comercial RR
As guildas eram associações organizadas pelos
mercadores das cidades, com o fim de defender os
seus interesses mercantis. No início, essas associa- 2 As Cruzadas representaram para a sociedade CC
ções abrangiam todos os que viviam do comércio. feudal: OO
As hansas eram sociedades mercantis podero- a) uma aventura militar que levou a cristandade a PP
sas, organizadas com o objetivo de ampliar o sistema perder importantes territórios e a conhecer a II
de comércio e proteger os interesses dos seus associ- peste negra. AA
ados. b) uma saída para o excedente populacional e a DD
satisfação da necessidade espiritual na peregri- OO
nação a Jerusalém.

Editora Exato 5
HISTÓRIA

c) um movimento nobiliárquico que, ao reforçar o ram se deslocando para as cidades e passaram a


feudalismo, atrasou a centralização política em desenvolver o artesanato.
dois séculos. Exercícios
d) um reforço importante no prestígio da Ordem
Dominicana, que as idealizou, organizou, fi- 1 D
nanciou e, teoricamente, comandou. M 2 B
A
T 3 D
3 Entre os séculos XII e XV, ocorreu naEEuropa
4 C
Ocidental, a transição do FeudalismoRpara o
Capitalismo. Assinale a alternativa que Inão faz
parte deste contexto histórico: A
a) Renascimento comercial e urbano; L
b) O final das cruzadas;
c) O desenvolvimento do comércio dinâmico
P en-
volvendo o Mar-Mediterrâneo; A
d) O surgimento do operariado como grupo
R social
urbano. A

4 A da
Podemos considerar como fatos característicos
Idade Moderna, EXCETO: N
a) O desenvolvimento do comércio ligado A às
grandes navegações, a descoberta deL novos
I
continentes e a formação do sistema colonial;
b) O aparecimento do trabalho assalariadoS e as-
E com-
censão da burguesia, classe heterogênea
posta por comerciantes financistas e
industriais; N
A
c) Descentralização do poder político. Devido a
aliança entre a burguesia e a nobreza Oo poder
real foi se enfraquecendo e levando os ricos
comerciantes a intervirem nas decisõesPdo Es-
tado; O
d) A transição dos valores dominantes da D Idade
Média para a mentalidade burguesa que E se de-
senvolveu na Idade Média manifestada pelo
Renascimento. S
E
R
GABARITO
C
Estudo Dirigido O
P
1 O aumento populacional; exploração dos servos;
I
a necessidade de terras para comportar a crescen-
te população.
A
D
2 Tinham por objetivo regulamentar a profissão,
O
evitando o excesso de pessoas no mesmo ofício,
controlar a qualidade e o preço do produto, difi-
cultando a concorrência, dirigir o aprendizado da
profissão e amparar os artesãos necessitados.
3 Na medida em que foram surgindo novas técni-
cas de produção, que proporcionavam melhores
condições de vida e alimentação, as pessoas fo-

Editora Exato 6
HISTÓRIA

OS ESTADOS MODERNOS, O ABSOLUTISMO E


O MERCANTILISMO
1. CARACTERÍSTICAS Jacques Bossuet (1627-1704), francês que ela-
borou a teoria do direito divino dos reis, isto é, para
A centralização do poder monárquico e sua ele, o poder real é emanado de Deus e não pode ser
evolução para o Absolutismo, já visíveis, na Penínsu- contestado, rebelar-se contra ele é rebelar-se contra
la Ibérica, no Século XIV (Portugal, 1385: Revolução Deus. Estas idéias foram muito influentes no auge da
de Avis), representam o momento de transição políti- monarquia absolutista na França e, por incrível que
ca entre a crise do Feudalismo e a formação do Capi- pareça, continuam sendo utilizadas até hoje.
talismo. Jean Bodin (1530-1596) e Hugo Grotius
Entre as novas necessidades que o aparecimen- (1583-1645) também foram importantes articuladores
to de uma economia de mercado provocou, destaca- da justificativa teórica do absolutismo com base na
se a centralização do poder político. Tal concentração teoria do direito divino dos reis.
de poder fez-se lentamente, vencendo os obstáculos
da estrutura política feudal. Para impor a sua autori- 3. PORTUGAL E ESPANHA: OS PIONEIROS
dade ao conjunto do território nacional, os soberanos
A origem de Portugal remonta ao chamado
lançariam mão dos mais variados meios:
Condado Portucalense, que havia sido doado ao no-
 aliança com a burguesia: além da necessi-
bre Henrique de Borgonha, como recompensa por sua
dade burguesa de diminuir a insegurança
participação na luta contra os mouros. No ano de
proveniente da crise, o seu capital permitia
1139, o Condado proclamou sua independência, sob
acelerar o processo de centralização.
a liderança de Dom Afonso Henriques, que é reco-
 recuperação das prerrogativas perdidas du-
nhecido rei de Portugal apenas no anos de 1143. Seus
rante o Feudalismo: exército nacional, cu-
sucessores continuaram a luta contra os mulçumanos,
nhagem de moedas, tribunais reais,
empurrando-os para o sul. Ao mesmo tempo, desen-
burocracia etc.
volveu-se na região uma economia baseada em ativi-
 estudo do Direito Romano: legitimação do
dades comerciais, o que proporcionou o
papel centralizador dos monarcas.
aparecimento de uma classe de mercadores que não
 divergências entre a Nobreza e a Burguesia:
tinha os mesmos interesses da nobreza dominante na
por motivos e interesses diversos - manu-
política do jovem país.
tenção dos privilégios, no primeiro caso, e
Foi somente no ano de 1385 que o grupo mer-
ampliação das atividades econômicas, no
cantil, aliado a setores dissidentes da nobreza portu-
segundo - , ambos os grupos sociais procu-
guesa, tomou o poder através da chamada Revolução
ravam o apoio dos reis que, por sua vez,
de Avis. Será sob o governo da dinastia de Avis que
adotando a postura de árbitros, estimulavam
Portugal se lançará na expansão marítima que iria
essa luta.
mudar radicalmente o perfil da história da Europa.
2. OS TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO A Espanha também se consolidou como mo-
narquia nacional durante a luta contra os mouros. Du-
O primeiro e, sem dúvida, um dos mais impor- rante a guerra, surgiram os reinos de Leão, Castela,
tantes pensadores políticos do absolutismo foi o flo- Navarra e Aragão. Embora a autoridade do senhor
rentino Nicolau Maquiavel (1469-1527). Ele é feudal continuasse vigorando nesses territórios, a
considerado o fundador da ciência política ao separar presença de um inimigo poderoso e belicoso, como
a religião da política, justificando que os objetivos do eram os árabes, favoreceu o surgimento de uma auto-
governante não podem ser limitados pelos dogmas ridade forte e centralizada para dirigir a luta. Mas foi
religiosos. apenas no ano de 1476, após a união de Aragão e
Sua principal obra é “O Príncipe”, considerada Castela (com o casamento de Fernando e Isabel, res-
ainda uma obra atual. Neste livro, Maquiavel aconse- pectivos governantes) e a expulsão definitiva dos á-
lha ao governante a se manter acima das considera- rabes de Granada, em 1492, que a Espanha se tornou
ções morais, acreditando que os fins justificam os um Estado Nacional.
meios. Para Maquiavel, os objetivos do príncipe são
dois: manter o seu próprio poder e garantir a sobera-
nia nacional. Para tanto, seu poder deve ser forte, a
força deve ser usada, se necessário.

Editora Exato 7
HISTÓRIA

4. FRANÇA 6. A POLÍTICA ECONÔMICA DO ABSOLU-


Com a dinastia Bourbon, o absolutismo francês TISMO: O MERCANTILISMO
conheceu o seu apogeu, e também o seu fim. A gran- O mercantilismo não pode ser definido como
de figura foi Luís XIV (1643-1715),: com ele a mo- um sistema econômico preciso. Na verdade, ele
narquia absoluta alcançou sua forma mais completa. sequer constituiu uma doutrina geral com base
Era menor de idade ao herdar o trono e, por isso, o científica. Foi mais um conjunto de medidas
governo foi assumido pelo cardeal Mazarino, que deu econômicas adotadas pelo Estado moderno a partir
continuidade à política de fortalecimento do poder das opiniões de homens ligados a alguma atividade
real. Coube a ele sufocar a última sublevação dos no- econômica.
bres - a Fronda - , que se dividiu em dois movimen- Entretanto, apesar da diversidade de modelos,
tos: a Fronda parlamentar (1648) e a Fronda dos e das diferentes épocas em que passaram a ser
príncipes, provocada pelo príncipe de Condé (1649- utilizadas, podemos destacar um conjunto de práticas
1653’), um dos mais importantes nobres do reino. e idéias comuns às várias nações mercantilistas
Ao assumir o governo, em 1661, em caráter européias:
pessoal, Luís XIV teve condições de exercer o poder
real, soberano e absoluto, com todas as prerrogativas. - CONTROLE ESTATAL DA ECONOMIA
A tal ponto que acabou se tornando o próprio símbo- - METALISMO
lo desse regime. Foi chamado de Luís, o Grande, e de
- BALANÇA COMERCIAL FAVORÁVEL
Rei Sol. A ele atribui-se a frase “O Estado sou Eu”,
com que se pretende afirmar a completa identificação - PROTECIONISMO
entre soberano e Estado. O que pode ser considerado,
- MONOPÓLIO DA EXPLORAÇÃO
aliás, como síntese do absolutismo.
COLONIAL
5. INGLATERRA
ESTUDO DIRIGIDO
A dinastia Tudor, ao longo do século XVI e até
o início do XVII, exercitou na Inglaterra um absolu- 1 Mencione as características das Monarquias Na-
tismo de fato, que apresentou pelo menos duas parti- cionais.
cularidades dignas de nota. A primeira delas diz
respeito à forte tradição feudal inglesa, que dava aos
barões, senhores de terra que constituíam a antiga a-
ristocracia feudal, um forte poder político, represen-
tado pelo Parlamento, criado no século XIII. A
soberania (o poder de estabelecer as leis) era reparti-
da entre as duas instâncias políticas: o rei e o parla-
mento, de modo que o poder do primeiro, para se 2 Que objetivos eram defendidos por Nicolau Ma-
fazer absoluto, devia ajustar-se ao Parlamento. quiavel em relação ao poder absoluto dos prínci-
A outra particularidade, no entanto, fortalecia pes?
o poder real e, de certa forma, explicava-se também
pelas características da feudalidade inglesa. As lutas
constantes e duras entre os nobres contribuíram para
a ruína de muitos dos grandes feudos e, em contra-
partida, permitiram que se formasse uma nova nobre-
za, que se identificava com a burguesia emergente no
tocante ao desenvolvimento de atividades econômi- 3 Cite as práticas mercantilistas adotadas pelos Es-
cas como comércio e manufaturas, de acordo com as tados Absolutistas.
formas do capitalismo nascente.
A integração entre desenvolvimento capitalista
e monarquia absoluta, desde a sua origem, fez com
que o processo revolucionário decorrente das trans-
formações da economia feudal em capitalista na In-
glaterra se antecipasse, em relação ao restante da
Europa.

Editora Exato 8
HISTÓRIA

EXERCÍCIOS b) Decorrência da expansão do comércio e das


fronteiras conhecidas pelos europeus.
1 Sobre os fatores que contribuíram para a forma- c) Expressão do individualismo em nível político,
ção das Monarquias Nacionais na Europa Oci- tendo por base o princípio da legitimidade.
dental, analise os itens abaixo e marque a d) Resultado de uma concepção, com base no e-
alternativa CORRETA: quilíbrio necessário do princípio hierárquico
I – As lutas constantes entre os senhores feudais e entre as nações.
as permanentes tentativas dos reis para conso-
lidarem seu poder.
4 Sobre o Mercantilismo, marque a ÚNICA alter-
II – A idéia de que os reis, catalisadores das aspi-
nativa CORRETA:
rações nacionais eram figuras sagradas, imbuí-
a) Para os mercantilistas, o Estado deveria au-
das de uma autoridade concedida por Deus.
mentar sua quantidade de metais nobres e co-
III – A organização de um corpo burocrático-
locar em prática o liberalismo econômico, ou
adminstrativo, subordinado à autoridade real e
seja, deixar que a própria iniciativa privada
o impulso dado ao comércio, a partir da Baixa
controle a economia, sem nenhuma interferên-
Idade Média.
cia do Estado.
a) Estão corretas apenas I e III;
b) O mercantilismo propunha ao Estado a máxi-
b) Todas são falsas;
ma de importação e o mínimo de exportação.
c) Estão corretas apenas I e II.
Porque o que fazia um país ser rico era seu po-
d) Todas são corretas;
der de compra e seu acúmulo de metais precio-
sos.
2 O Absolutismo caracterizou-se pelo regime polí- c) O mercantilismo não aceitava nenhuma inter-
tico monárquico, alicerçado na centralização de ferência do Estado na economia, na medida em
poder, na burocracia e na unificação territorial. que tal atitude poderia prejudicar o livre trânsi-
No território, repousava tranqüila a comunidade to das atividades comerciais.
racional, cujo monarca se tornava a expressão d) O mercantilismo pode ser definido como o
máxima. conjunto de doutrinas e práticas econômicas
Sobre os fatores que contribuíram para a centrali- que vigoraram na Europa de meados do século
zação de poder nas mãos do rei, analise os i- XV, a meados do século XVII. Seu grande ob-
tens abaixo e marque uma ÚNICA alternativa: jetivo era fortalecer o Estado e a burguesia na
I – Pacto político, que gerou a união entre a mo- fase de transição do feudalismo para o capita-
narquia emergente e a burguesia nacional. lismo.
II – A arrecadação de tributos e a emissão de mo-
eda única, substituindo as moedas cunhadas
pelos nobres feudais. GABARITO
III – Formação de milícias locais, suplantando o
poder do exército que estava sob o domínio Estudo Dirigido
dos nobres feudais. 1 Exército Nacional; Unificação Monetária; Cen-
IV – Organização político-administrativa e judi- tralização Administrativa e Justiça Real.
ciária centralizada, pela qual o monarca impôs
sua dominação sobre amplos espaços sociais e 2 Manter o seu próprio poder e garantir a soberania
geográficos, criou um código civil próprio, ba- nacional.
seado na jurisprudência romana. 3 Metalismo; Balança Comercial Favorável; Prote-
a) Estão corretas apenas I, II, III e IV. cionismo e Monopólio.
b) Estão corretas apenas I, II. Exercícios
c) Estão corretas apenas II, IV.
d) Estão corretas apenas I, II e III. 1 D
2 A
3 Nos tempos modernos, a organização política da 3 A
Europa em sistema de Estados Nacionais pode
ser considerada: 4 D
a) Forma de rearticulação das forças sociais em
conflito e progresso econômico. E centraliza-
ção política nas mãos do rei.

Editora Exato 9
HISTÓRIA

A EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL E O


DESCOBRIMENTO
1. O PIONEIRISMO IBÉRICO dos dois reinos. Os mouros foram definitivamente
expulsos de Granada (último reduto árabe), em 1492,
1.1. Expansão marítima portuguesa completando a unificação territorial e política da
Portugal foi o pioneiro da expansão marítima, Espanha. Não foi por acaso que, exatamente no
isso se deve a fatores como: centralização pioneira do mesmo ano, isto é, em 1492, os reis católicos
poder político, a existência de um forte grupo mer- financiaram a viagem de Colombo, iniciando a
cantil nacional que, aliado aos grupos estrangeiros, expansão espanhola. A direção escolhida, porém, foi
tinha interesse na expansão marítima e comercial. Os diferente: Colombo saiu em busca do Oriente, através
comerciantes, armadores e banqueiros estrangeiros - do Ocidente, e descobriu a América.
flamengos, bascos, alemães, venezianos e genoveses, Apesar dessa descoberta, a atitude da Europa
entre outros, estiveram presentes durante toda a não se modificou: o comércio lucrativo era com o
expansão marítima portuguesa. Capitães e oficiais Oriente. Por esse motivo, a Espanha continuou
estrangeiros eram comuns nas frotas lusitanas que buscando uma passagem, pelo mar, que ligasse a
singravam o Atlântico. Portos de outros países, como América ao Oriente. Nas viagens pelas Antilhas,
Antuérpia (Bélgica) e Roterdã (Holanda), também se descobriu-se o México, e Balboa descobriu o
beneficiavam com as expedições portuguesas. Aliás, Pacífico, atravessando o istmo de Panamá.
sem os financiamentos dos banqueiros flamengos, Parece claro que a América, em função dos
alemães e venezianos, é bem possível que Portugal se interesses mercantilistas europeus, era um obstáculo,
visse obrigado a adiar sua expansão marítima. pois não dava lucros imediatos. Sua colonização só
Como os capitais começaram a escassear em se iniciou no século XVI, por causa dos problemas
Portugal, o rei Dom João I resolveu iniciar sua internos europeus; gradativamente, os Estados
expansão marítima por Ceuta, entreposto comercial centralizaram-se e lançaram-se na expansão, o que
árabe no norte da África e centro irradiador do gerou competições comerciais. Foi nesse quadro de
comércio africano. O saque e a conquista de Ceuta, disputas por novos mercados que se iniciou o
além de permitirem o controle parcial do comércio processo de colonização da América, na medida em
africano pelos portugueses, propiciariam os capitais que as terras passaram a ser valorizadas, ao entrar no
de que Portugal necessitava para continuar a jogo comercial europeu, e os países precisavam
expansão marítima. Pesou também na decisão real o preservar suas colônias da ameaça dos demais.
fato de Ceuta ser dominada pelos árabes, o que daria Alguns tratados foram efetivados entre eles, inclusive
um sentido cruzadístico à expedição. Afinal, seria a o de Tordesilhas, entre Portugal e Espanha, dividindo
luta dos cristãos contra os infiéis muçulmanos, e isso as terras descobertas.
excitava a nobreza, ávida de guerras religiosas, além 1.3. A Oficialização da posse
de garantir as bênçãos do papa.
Ceuta foi efetivamente conquistada em 1415. portuguesa sobre o Brasil
Os lucros obtidos com o saque permitiram o Para conseguir o direito sobre essas terras, o
prosseguimento das navegações atlânticas. Depois rei espanhol dirigiu-se ao papa, que na época era a
Portugal ocupou as ilhas de Porto Santo e Madeira e autoridade máxima do mundo ocidental. Alexandre
o arquipélago dos Açores. Nessas ilhas, foi VI atendeu ao pedido espanhol e, por meio da bula
introduzido o sistema de capitanias hereditárias e lnter-Coetera, de 1493, estabeleceu o seguinte: a
deu-se início à cultura de várias espécies vegetais linha demarcatória passaria a 100 léguas a oeste das
levadas do reino, como vinhas e cana-de-açúcar, Ilhas de Cabo Verde. As terras que ficassem a oeste
além da criação de animais domésticos, como dessa linha (América pertenceria à Espanha e as que
ovelhas. Nas Ilhas de Cabo Verde repetiu-se esse ficassem a leste (África) seriam propriedade de
mesmo esquema. De todas as culturas aí implantadas, Portugal.
a que mais se desenvolveu foi a da cana-de-açúcar. Portugal, entretanto, não se conformou com a
decisão papal. Reuniu-se com a Espanha, na cidade
1.2. A expansão espanhola
espanhola de Tordesilhas, e, por meio de um tratado
A Espanha foi um exemplo típico: a sua assinado em 1494, conseguiu mudar a linha
formação, realizada com o casamento entre Fernando demarcatória para 370 léguas a oeste de Cabo Verde.
de Aragão e Isabel de Castela, intensificou o Por esse tratado, parte das terras atuais do Brasil, que
movimento da Reconquista, fortalecido com a união

Editora Exato 10
HISTÓRIA

oficialmente ainda não tinha sido descoberto, EXERCÍCIOS


passaram a pertencer a Portugal.
Duas questões relacionadas ao Descobrimento 1 Leia o texto:
do Brasil provocaram muitas dúvidas e discussões: “As águas são muitas e infindas. E em tal ma-
 A questão dos precursores de Cabral: outros neira [a terra] é grandiosa que, querendo aproveitá-la,
navegadores teriam estado no Brasil antes tudo dará nela, por causa das águas que tem. Porém,
de Cabral? Há indícios bastante fortes de o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que
que Américo Vespúcio e Vicente Pinzón será salvar esta gente. E esta deve ser a principal se-
teriam estado em terras atualmente mente que Vossa Alteza nela deve lançar. E que não
pertencentes ao Brasil no ano de 1499. houvesse mais que ter aqui Vossa Alteza esta pousa-
 A questão da intencionalidade ou da para a navegação [...], isso bastava. Mas ainda,
casualidade do Descobrimento: sabiam os disposição para nela cumprir-se - e fazer - o que Vos-
portugueses da existência das terras do sa Alteza tanto deseja, a saber, o acrescentamento da
Brasil ou Cabral aqui chegou por acaso, nossa Santa Fé!” (Carta de Pedro Vaz de Caminha, 1º
desviando-se de sua rota para a Índia? Há de maio de 1500).
argumentos a favor das duas hipóteses. Com base nesse trecho da carta de Caminha, o
Parece, entretanto, que os portugueses, se descobrimento do Brasil pode ser relacionado:
não tinham certeza, ao menos desconfiavam a) ao ideal de expansão religiosa do cristianismo,
da existência de terras neste lado do nas novas colônias descobertas.
Oceano Atlântico. Caso contrário, como se b) a procura de produtos para o comércio no Con-
explicaria a insistência do rei de Portugal, tinente Americano.
Dom João II, em transferir a linha c) a contra-Reforma Religiosa.
demarcatória entre as terras espanholas e d) a procura do caminho marítimo para as Índias.
portuguesas para 370 léguas a oeste das
Ilhas de Cabo Verde, como ficou
estabelecido no Tratado de Tordesilhas, em 2 Entre os fatores a serem considerados para o pe-
1494? ríodo das chamadas Grandes Navegações estão:
Diante disso, parece mais seguro afirmar que a I – a necessidade de romper o monopólio comer-
expedição de Cabral teve dois objetivos principais: cial das cidades italianas com o Oriente.
 estabelecer o domínio sobre a parte do II – a tomada de Constantinopla pelos turcos o-
Oceano Atlântico já pertencente a Portugal tomanos e as dificuldades de comércio daí de-
pelo Tratado de Tordesilhas e as possíveis correntes.
terras nela existentes, procurando, III – o aperfeiçoamento das técnicas e dos ins-
inclusive, implantar bases de operações que trumentos de navegação.
facilitassem as viagens para a Índia; Somente estão CORRETAS:
 dar continuidade às relações políticas e a) I
comerciais com o Oriente, iniciadas por b) I, II e III
Vasco da Gama. c) II e III
d) I e III
ESTUDO DIRIGIDO

1 Cite os fatores que contribuíram com o pionei- 3 Sobre os fatores que impulsionaram a expansão
rismo português. marítima européia, marque a alternativa COR-
RETA:
a) Necessidade de novos mercados consumidores
para os produtos europeus e locais para inves-
2 Que fatores representavam problemas de desen- timento de capital, em abundância na Europa.
volvimento para a Europa? b) Interesses econômicos dos europeus, em trans-
formar o mundo colonial em mercados desen-
volvidos e autônomos.
c) Ambição material e busca por parte dos euro-
3 O que significou a conquista da América pelos
peus de novas tecnologias.
europeus?
d) Interesses religiosos e políticos, busca de no-
vos mercados consumidores e produtores de
matéria prima, escassez de ouro e prata na Eu-
ropa etc.

Editora Exato 11
HISTÓRIA

4 Sobre o desenvolvimento do capitalismo nos sé-


culos XV e XVI, analise os itens abaixo e marque
a ÚNICA alternativa CORRETA:
a) O desenvolvimento do capitalismo está associ-
ado à expansão marítimo-comercial da Europa,
cujos resultados foram o descobrimento de no-
vas rotas de comércio para o Oriente e o des-
cobrimento e a conquista colonial da América.
b) O desenvolvimento do capitalismo está associ-
ado ao desenvolvimento econômico na Europa,
e à abundância de ouro e prata no continente
europeu.
c) Desenvolvimento da economia agrária, de no-
vas tecnologias e o desenvolvimento científico,
que expandiu as relações comerciais para além
do território europeu.
d) O desenvolvimento do capitalismo foi resulta-
do da centralização monárquica e do controle
econômico nas mãos da nobreza agrária, a qual
procurou novos mecanismos para expandir sua
economia, como a busca de novas rotas co-
merciais e o desenvolvimento tecnológico nas
novas colônias descobertas.

GABARITO

Estudo Dirigido
1 Centralização administrativa; aperfeiçoamento
técnico; localização geográfica e apoio burguês.
2 Escassez de metais preciosos e a expulsão dos
mulçumanos.
3 Expansão territorial, fortalecimento das monar-
quias nacionais e posse de matérias-primas e es-
cravos.
Exercícios
1 A
2 B
3 D
4 A

Editora Exato 12
HISTÓRIA

O ILUMINISMO E O LIBERALISMO
1. CARACTERÍSTICAS Principais representantes do liberalis-
As idéias iluministas favoreciam os ideais bur- mo:
gueses, redefinidos após a Revolução Industrial, com  Adam Smith: “A riqueza das Nações”; o
as transformações geradas por ela. As mudanças nas trabalho aliado ao capital é o gerador da ri-
estruturas de produção, bem como nas relações soci- queza.
ais de então, implicavam a necessidade de se trans-  David Ricardo: “Princípios da Economia
formar, também, princípios políticos e econômicos Política e Tributária”; elabora o conceito de
vigentes do Antigo Regime. A burguesia ansiava pelo renda.
fim das barreiras protecionistas como forma de ob-  Stuart Mill: “Princípios da Economia Polí-
tenção de novos mercados, ansiava, ainda, pelo fim tica”; preocupa-se com problemas sociais e
dos monopólios coloniais e da escravidão; defendia a distribuição de riquezas.
não intervenção do Estado na economia. Ora, tais  Quesnay: “Máximas Gerais do Governo
princípios embasavam o Estado Absolutista e a práti- Econômico de um Reino Agrícola”; países
ca mercantilista negados agora também pelos ilumi- agrários não devem investir em manufatu-
nistas. Um conjunto filosófico envolvendo esferas ras e comércio de lucro.
econômicas, políticas e religiosas definiria melhor tal  Malthus: “Ensaio sobre a População”; a po-
movimento. pulação cresce em progressão geométrica e
Claramente, percebemos que todos esses prin- a produção, em progressão aritmética.
cípios combatem o Estado Absolutista e os privilé- 2. UM DESPOTISMO DE APARÊNCIA ILU-
gios da nobreza, defendem um sistema constitucional
MINISTA
e a limitação do poder do Estado, principalmente, no
campo econômico. E é sobre esse último que vemos “A expressão despotismo esclarecido, portan-
surgir uma nova teoria: o liberalismo econômico. to, designa uma estratégia de governo que permitia a
Explicando, justificando e amparando as no- Estados atrasados se desenvolverem e seus governan-
vas práticas burguesas originadas da Revolução In- tes propagandearem seus feitos. A idéia desses go-
dustrial, formaram-se duas correntes teóricas: vernantes era glorificar o Estado e ampliar seus
 Fisiocracia, surgida na França, acreditando poderes. Se, por um lado, suas reformas administrati-
que toda a riqueza dependia e era gerada vas, fiscais e militares, com base em rígidas regula-
pela agricultura, que deveria ser estimulada. mentações, garantiam o enriquecimento do país,
 Escola Clássica, surgida na Inglaterra, de- através da construção de estradas e canais, da criação
fendendo que toda a riqueza se origina do de indústrias, por outro, não alteravam a estrutura
trabalho. arcaica da sociedade. Os camponeses permaneciam
Principais iluministas: na servidão ou próximos dela, a burguesia continuava
 John Locke: “Segundo Tratado Sobre o excluída do poder, a urbanização pouco se desenvol-
Governo”, “Carta Acerca da Tolerância” e via, enquanto a nobreza ampliava seus privilégios. A
“Ensaio Acerca do Entendimento Huma- adesão à filosofia iluminista não passava de uma apa-
no”; defendia os limites ao poder real e a rência”.
Flávia de Campos – Oficina de história
teoria do “Estado Natural”.
 Jean Jacques Rosseau: “O Contrato Social”, ESTUDO DIRIGIDO
“Discurso Sobre a Origem e os Fundamen-
tos da Desigualdade Entre os Homens”; de- 1 Que pressupostos podem ser considerados no
fendia um pacto social: o Estado deveria movimento iluminista?
seguir a vontade da maioria; combatia a
propriedade privada.
 Montesquieu: “O Espírito das Leis” defen-
dia o poder real limitado, “Cartas Persas”
defendia as instituições parlamentares in- 2 Diferencie as correntes teóricas da Fisiocracia e
glesas e a divisão do Estado em 3 poderes. da Escola Clássica.
 Voltaire: “Dicionário Filosófico”, “Cartas
Inglesas”, de 37 volumes agrupando o con-
junto de conhecimentos científicos da épo-
ca.
Editora Exato 13
HISTÓRIA

3 Caracterize as idéias dos pensadores políticos do 4 Sobre o chamado Despotismo Esclarecido, é


Iluminismo. CORRETO afirmar que:
a) foi um fenômeno comum a todas as Monarqui-
as européias, tendo por características a utili-
zação de princípios iluministas.
b) foi uma tentativa bem intencionada, embora
fracassada, das Monarquias Americanas re-
EXERCÍCIOS formarem estruturalmente os Estados.
c) foi uma tentativa mais ou menos bem sucedida
1 As transformações culturais iniciadas pelo Re- de algumas monarquias (Prússia, Rússia, Áus-
nascimento (1300 – 1550) iriam se aprofundar e tria) de reformarem as estruturas vigentes,
ganhar mais consistência no século XVIII. Neste sem, contudo alterá-las.
século, a burguesia conquistaria poder político na d) foram os déspotas esclarecidos os responsáveis
França refletido em uma verdadeira revolução in- pela sustentação e difusão das idéias iluminis-
telectual conhecida como Iluminismo. No campo tas elaboradas pelos filósofos da época.
social, os filósofos do Iluminismo propunham:
a) a ascensão da nobreza e do clero e a desigual-
dade social. GABARITO
b) o restabelecimento da classe média e a igual-
dade social. Estudo Dirigido
c) o fim dos privilégios da nobreza e do clero e
igualdade jurídica dos homens. 1 A liberdade individual; direitos naturais; igualda-
d) a ascensão da burguesia e a manutenção dos de jurídica; autonomia política e comercial.
privilégios do clero e da nobreza. 2 Fisiocracia – Toda riqueza dependia e era gerada
pela agricultura, que deveria ser estimulada. Es-
2 Em O Espírito das Leis afirma-se: “É uma ver- cola Clássica – defendia que toda riqueza se ori-
dade eterna: qualquer pessoa que tenha poder gina no trabalho.
tende a abusar dele. Para que não haja abuso é 3
preciso organizar as coisas de maneira que o po- Montesquieu – instituições parlamentares e a di-
der seja contido pelo poder”. visão dos poderes.
Essa afirmação reflete: Voltaire – criticava a intolerância religiosa.
a) o espírito clássico renascentista; Rousseau – defendia o pacto social, combatia a
b) os princípios da Teoria do Direito Divino; propriedade privada.
c) o pensamento liberal iluminista; Exercícios
d) o pensamento de Luís XIV.
1 C

3 Sobre o Iluminismo, analise os itens abaixo e 2 C


marque a alternativa CORRETA: 3 D
I - O Iluminismo foi o movimento intelectual por-
tador de uma visão unitária de mundo e de 4 C
homem, que expressou as vicissitudes e os an-
seios da sociedade burguesa do século XVIII.
II - Os pensadores iluministas possuíam uma
concepção de mundo racional, pois defendiam
que a razão era a essência inerente do homem.
III - O Iluminismo era um projeto de emancipa-
ção do homem, que passava a pensar por si
mesmo.
a) Somente I e II estão corretas.
b) Todas estão erradas.
c) Somente II e III estão corretas.
d) Todas estão corretas.

Editora Exato 14
HISTÓRIA

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
1. SÍNTESE DA FORMAÇÃO E EVOLUÇÃO DO CAPITALISMO – SÉCULO XV/XXI
Capitalismo Mercantilismo Capitalismo Capitalismo Colonização
(transição) industrial (capital li- monopolista e finan- e neoliberarismo
beral) ceiro
Período aproximado Século XV - XVII Séculos XVIII – XX Século XX (até a Séculos XX (a partir
(até a década de primeira metade) da 2°metade) e XXI
1920)
Região do mundo Europa Ocidental Inglaterra Europa Ocidental Estados Unidos, Eu-
(Inglaterra, França, ropa, Sudeste Asiáti-
Alemanha, Itália, Es- co
tados Unidos e Japão
Aspectos fundamen- *Início da acumula- *Originou-se com a *Divisão internacio- *Internacionalização
tais ção (primitiva) de Revolução Industrial nal do trabalho das economias
capital – ocorrendo (1750) *Surgimento dos *Revolução Tecno-
na circulação de mer- *Domínio político e grandes conglomera- lógica – informática/
cadorias (comércio) econômico da bur- dos (oligopólios, robótica/ telemática
*Expansão marítima guesia industrial trusts, cartéis, hol- *Redivisão da área
*Desenvolvimento da *Surgimento da clas- dings) do globo
burguesia comercial se operária *2ª Revolução Indus- *Abertura de merca-
*Não há relação assa- *Relação assalariada trial do
lariada de produção de produção é domi- *Corrida Armamen- *Estado mínimo
como forma de ex- nante tista *Privatizações
ploração do trabalho *Investimento e de- *Neocolonialismo e *Concentrações da
dominante senvolvimento do se- o imperialismo produção nos oligo-
(trabalho artesanal) tor técnico e *Partilha afro- pólios
*Etapa de transição científico asiática *Abandono das prá-
do feudalismo ao ca- *Desenvolvimento da *Domínio do sistema ticas do Estado do
pitalismo indústria bélica financeiro bem-estar social
*Livre concorrência *Etapa posterior do (Welfare State)
*Acumulação ocorre desenvolvimento ca- *Formação dos Blo-
na produção (indús- pitalista cos Econômicos
tria) *Substituição do ca- *Abertura ao capital
pital liberal pelo Mo- *Formação dos Me-
nopolista gablocos Econômicos
*1ª e 2ª Guerra Mun- *Predomínio do Sis-
diais tema Financeiro In-
*Guerra Fria ternacional
Mas, com o tempo, o capitalismo e a burguesia
2. CARACTERÍSTICAS
“perceberam” que o absolutismo e o mercantilismo
Durante os séculos XV, XVI e XVII, a burgue- iam, pouco a pouco, representando um obstáculo à
sia associou-se à monarquia como forma de desen- sua expansão. Isso porque a política mercantilista era
volver suas atividades comerciais e artesanais. O rigidamente protecionista e as taxações acabavam a-
capitalismo, sistema criado com a expansão das rela- trapalhando a liberdade de negociar e de fabricar. Por
ções econômicas mais dinâmicas, nasceu no momen- essas razões havia uma tendência para eclodir uma
to em que as monarquias nacionais começavam a se crise entre a burguesia e o absolutismo.
impor. Era o sistema econômico da burguesia, basea- A economia mudara muito entre o final do sé-
do principalmente na propriedade privada das ferra- culo XVII e o começo do XVIII, a ponto de provocar
mentas, das fábricas e das matérias-primas (meios de a concentração de riquezas nas mãos de um número
produção), e havia se desenvolvido com a ajuda da menor de capitalistas empreendedores. Isso facilitou
monarquia absoluta e da política mercantilista. o aumento da produção, impulsionado também pelo

Editora Exato 15
HISTÓRIA

fato de as corporações de ofícios não conseguirem A necessidade de aumentar a produção incen-


mais controlar a produção artesanal independente. tivou a pesquisa de novas técnicas. Foi assim que, em
Foi neste período que a Inglaterra conheceu 1760, apareceu a máquina de fiar. No ano de 1779,
uma pré revolução industrial: os empresários se utili- implantou-se o uso de um invento que se tornou a
zavam do trabalho dos camponeses que ficavam em marca registrada da Revolução Industrial: a máquina
suas casas “fabricando” fios e tecidos em suas “má- a vapor, de James Watt. Foi a máquina a vapor que,
quinas” primitivas. Os empresários compravam sob alguns anos depois, adaptada à máquina de fiar e te-
encomenda e vendiam a preços bem mais altos para o cer, acabou revolucionando todo o antigo processo de
mercado, nas cidades. Isso proporcionou as primeiras fabricação de tecidos e, a seguir, de qualquer outro
condições para a futura industrialização. produto.
A partir daí, surgiu a fábrica moderna. Perto
3. A INGLATERRA E A REVOLUÇÃO IN-
dela, tudo o que tinha acontecido antes, no que se re-
DUSTRIAL feria à fabricação de produtos, parecia brincadeira.
A Inglaterra foi a potência mercantilista que Numa fábrica, o produto passava por múltiplas e su-
melhor reaplicou os lucros auferidos durante a ex- cessivas operações, diminuindo muito o tempo de e-
pansão comercial. Grande parte desse lucro provinha xecução de cada peça e multiplicando rapidamente a
da exploração do comércio de escravos para as colô- quantidade de peças produzidas. O trabalho do ho-
nias da América, como o Brasil e o Sul dos Estados mem mudou radicalmente.
Unidos. Outra atividade bem lucrativa para os cofres A fábrica só podia funcionar com trabalho co-
ingleses foi a cobertura dada à pirataria, como já vi- letivo, e o operário foi se transformando em um au-
mos anteriormente. tômato, uma extensão da máquina. Não havia mais
Simultaneamente a esse processo de enrique- lugar para o pequeno artesão isolado. Os tecelões,
cimento, o país passara por profundas transforma- com suas oficinas arruinadas, foram à falência, sendo
ções, que impulsionaram a Revolução Industrial. obrigados a trabalhar nas grandes fábricas de tecidos.
A primeira dessas transformações foi a revolu- Do algodão, as transformações se estenderam e
ção na agricultura inglesa: as terras tomadas dos pe- se adaptaram a outros produtos. A fundição de ferro
quenos proprietários e camponeses, na época dos começou a ser inovada.
cercamentos, transformaram-se em grandes latifún- Por sua vez, a produção de máquinas para in-
dios. Esses latifúndios empregavam mão-de-obra as- crementar a fabricação de diversos produtos incenti-
salariada e produziam grande quantidade de vava o aparecimento de novas indústrias, sempre
alimentos e matérias-primas (lã) para serem vendidas reduzindo os tempos de produção e aumentando o
a um mercado cada vez maior. volume.
A segunda transformação foi a ampliação do A Revolução Industrial trouxe consigo uma
mercado consumidor interno, em conseqüência do outra importante revolução no modo de vida do ho-
crescimento demográfico e do mercado consumidor mem europeu: a explosão dos centros urbanos. Pela
externo, gerado pelos países nos quais a industriali- primeira vez na história da humanidade, as cidades
zação não se desenvolvia, como Portugal, Espanha e começaram a ter mais habitantes do que o campo.
suas respectivas colônias. Além de atender às colô- Surgia um novo tipo de trabalhador: o operário urba-
nias de outros países, a Inglaterra aumentava também no.
seu próprio mundo colonial, para garantir a colocação As cidades passaram a ser grandes centros
de sua produção e o fornecimento de matéria-prima. concentradores de indústrias e de operários. A vida
Entre as novas matérias-primas incorporadas pela dos habitantes das cidades era, de modo geral, bem
nascente industrialização sobressaía o algodão, que difícil, pois as condições de moradia e alimentação
foi pouco a pouco substituindo a lã nos teares ingle- eram precárias. Os salários dos operários eram bai-
ses. xos, o que com o passar do tempo fez com que os
O tecido de algodão fazia parte das “especia- trabalhadores adquirissem consciência de que seus
rias” que vinham do oriente, principalmente da Índia, interesses eram antagônicos aos da classe burguesa.
para a Europa. Os ingleses estavam entre os maiores Dessa consciência nasceram diferentes mecanismos
consumidores desse produto. Tornou-se possível re- de reivindicação e defesa dos interesses dos trabalha-
duzir a importação à medida que os tecelões ingleses dores: os sindicatos e depois os partidos operários.
começaram a produzir tecidos com fios de algodão,
em lugar da lã. O algodão vinha em forma bruta da
América e devia ser processado pelos fabricantes in-
gleses. Aos poucos, as pequenas fábricas não conse-
guiam mais atender à procura.

Editora Exato 16
HISTÓRIA

ESTUDO DIRIGIDO III – Trouxe como conseqüência a abolição da


escravidão em alguns países, com o objetivo
1 Que fatores contribuíram para o pioneirismo in- de ampliar os mercados consumidores mundi-
glês na Revolução Industrial? ais.
Assinale agora uma ÚNICA alternativa CORRE-
TA:
2 Quais foram as principais inovações técnicas da a) Somente I e II estão corretas;
Revolução Industrial inglesa? b) Somente II e III estão corretas;
c) Somente I e III estão corretas;
3 Cite duas conseqüências da Revolução Industrial. d) Todas estão corretas.

4 Sobre as transformações provocadas pela Revo-


EXERCÍCIOS lução Industrial, analise os itens abaixo e marque
1 Entre o século XVIII e meados do século XIX, a seqüência CORRETA:
na Inglaterra, ocorreram profundas mudanças no I – A substituição do trabalho artesanal pelo tra-
sistema de produção que podem ser caracteriza- balho assalariado nas linhas de montagem.
das: II – O crescimento da produtividade, tendo em
a) pela adoção do sistema de fábricas de alta tec- vista não apenas o aperfeiçoamento da organi-
nologia financiados pelo capital monopolista zação produtiva, mas, sobretudo, o avanço tec-
financeiro. nológico.
b) pela abolição total da divisão do trabalho na III – A crescente exigência, por parte dos empre-
fábrica em benefício da intensificação da jor- sários industriais, da intervenção do Estado no
nada de trabalho. controle do processo produtivo.
c) pela substituição da produção artesanal domés- IV – A progressiva substituição da ferramenta pe-
tica e manufatureira por máquinas e trabalha- la máquina, isto é, por aparelhos acionados por
dores concentrados em fábricas. qualquer força motora, menos a força humana
d) pela total participação do Estado, na regula- ou a animal.
mentação das questões trabalhistas: jornada de a) Estão corretas I, III e IV.
trabalho, salário etc. b) Estão corretas II, III e IV.
c) Estão corretas I, II e III.
d) Estão corretas I, II e IV.
2 A respeito da Revolução Industrial, assinale a al-
ternativa INCORRETA:
a) Ocorreu em primeiro lugar na Inglaterra, nos GABARITO
meados do século XVII.
b) Caracterizava-se pela separação entre força de Estudo Dirigido
trabalho e propriedade dos meios de produção. 1 Acumulação de capital; cercamentos; matéria-
c) Favoreceu a ascensão da Inglaterra à posição prima e mão de obra.
de maior potência da Europa.
d) No campo político, estimulou a concretização 2 A máquina a vapor e a máquina de tecer e fiar.
das teorias de Hobbes. 3 Urbanização; divisão do trabalho; surgimento do
operariado.
3 No início do século XVIII e meados do século Exercícios
XIX, ocorreram profundas mudanças no sistema
1 C
de produção, levando o mundo a um processo de
desenvolvimento conhecido como Revolução In- 2 D
dustrial. Sobre a Revolução Industrial, julgue. 3 D
I – Ocorreu principalmente na Inglaterra (Primei-
ra Revolução Industrial) e mais tarde em al- 4 D
guns países da Europa Ocidental e nos Estados
Unidos (Segunda Revolução Industrial).
II – Ocorreu principalmente por causa do acúmu-
lo de enormes capitais provenientes das ativi-
dades mercantilistas.

Editora Exato 17
HISTÓRIA

O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DO BRASIL


1. A VINDA DA FAMÍLIA REAL PARA O valorem (sobre o seu valor) nas alfândegas brasilei-
BRASIL ras, exceto vinhos, aguardentes e azeites, que teriam
seus impostos duplicados. Alguns meses mais tarde,
Em 1806, apesar do domínio continental estar as mercadorias portuguesas passaram a pagar apenas
aparentemente assegurado, a Inglaterra resistiu a Na- 16% de impostos.
poleão, favorecida pela sua posição insular e sua su-
premacia naval, sobretudo depois da batalha de 3. OS TRATADOS DE 1810
Trafalgar (1805). A afirmação da dependência econômica brasi-
Para Napoleão, tratava-se, pois, de derrotar a leira em relação à Inglaterra, já esboçada com a aber-
Inglaterra através de sua supremacia continental. O tura dos portos, e a consolidação do imperialismo
bloqueio continental era uma guerra indireta para de- britânico sobre o Brasil se dão com o Tratado de
sorganizar a economia inglesa. Comércio e Navegação e o de Aliança e Amizade,
Outro problema que Napoleão teve que enfren- ambos firmados em 1810.
tar foi Portugal - tradicional aliado da Inglaterra - que Em seus principais artigos, os tratados estipu-
relutava em aderir ao bloqueio. Para pôr fim às hesi- lavam:
tações, Napoleão ordenou que Portugal rompesse  mútua concessão de privilégios entre os
com a Inglaterra e prendesse os súditos ingleses, con- dois países;
fiscando-lhes os bens. Caso contrário, a invasão fran-  renovação dos direitos ingleses sobre a Ilha
cesa seria inevitável. Sem poder responder negativa da Madeira;
ou positivamente ao ultimatum francês, a situação de  direito aos súditos de cada uma das Coroas
Portugal refletia com toda a clareza a impossibilidade de comerciar ou mesmo residir em território
de manter o status quo. da outra;
Pressionada por Napoleão, mas incapaz de lhe  direito inglês de manter uma esquadra de
opor qualquer resistência, e também sem poder pres- guerra no litoral brasileiro;
cindir da aliança britânica, a Corte portuguesa estava  garantia de liberdade religiosa aos ingleses;
hesitante. Qualquer opção significativa, causaria no  assegurar o compromisso de D. João VI em
mínimo, o desmoronamento do sistema colonial ou abolir lentamente o tráfico negreiro para o
do que dele ainda restava. A própria soberania de Brasil;
Portugal encontrava-se ameaçada, sem que fosse pos-  concessão aos ingleses de elegerem seus
sível vislumbrar qualquer solução plausível. Nesse próprios juízes conservadores, aos quais
contexto, destacou-se o papel desempenhado por competia julgar os súditos da Inglaterra no
Lord Strangford, que, segundo Oliveira Lima, foi Brasil;
“um desses diplomatas, que a Inglaterra costuma ex-  criação de tarifas alfandegárias preferenci-
portar para certos países; que têm mais de protetores ais para a Inglaterra; por esse artigo as mer-
do que de negociadores, e que impõem, com mais cadorias inglesas pagariam apenas 15%
brutalidade do que persuasão, o reconhecimento ego- Enquanto os portugueses ou brasileiros pa-
ísta dos interesses dos seus concidadãos e de sua na- gariam 16% e as dos demais países 24%.
ção”. Como representante inglês, Strangford soube
impor, sem vacilação, o ponto de vista da Coroa bri- 4. A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA (1817)
tânica. Antimonárquicos, os rebeldes pretendiam for-
2. ABERTURA DOS PORTOS (1808) mar uma república federativa composta por Per-
nambuco, Paraíba e do Rio Grande do Norte.
A abertura dos portos, que segundo D. João VI Contudo fracassaram as tentativas de conseguir o a-
seria em caráter provisório, permitia a importação poio de Ceará e de Alagoas, devido à prisão daqueles
“de todos e quaisquer gêneros, fazendas, e mercado- a quem foi confiada essa missão.
rias transportadas em navios estrangeiros das potên- Ao empenho da repressão, o despreparo dos
cias que se conservavam em paz e harmonia com a chefes rebeldes, e os desacordos entres eles sobre a
Real Coroa”, mas reservava ao Estado o monopólio escravidão e a utilização do negro na luta aniquilaram
sobre o comércio do pau-brasil e dos demais produtos as pretensões do governo revolucionário, que, depois
estancados. de algumas resistências caracterizadas pela falta de
Quanto à tributação alfandegária, a Carta Ré- brilho militar, foi forçado a se render. Era a vitória da
gia de Abertura dos Portos determinava que todas as opressão.
mercadorias importadas pagariam taxas de 24% ad
Editora Exato 18
HISTÓRIA

Mais uma vez vinha à tona a violência da re- tivas, tais como a franquia dos portos e autonomia
pressão portuguesa, simbolizada pela crueldade das administrativa. Não defendia, de início, a separação
execuções. A maioria dos líderes foi condenada à de Portugal, pois se interessava apenas em conservar
morte; outros, à prisão. as conquistas obtidas.
5. POLÍTICA EXTERNA DE D. JOÃO A guerra de independência
A independência política do Brasil ocorreu ba-
Outro acontecimento que marcou o governo sicamente através da articulação da aristocracia rural
joanino foi a elevação do Brasil à categoria de Reino do Rio de Janeiro, Minas e São Paulo.
Unido a Portugal e Algarves, em 1815. Esse fato No norte e nordeste, onde o poder dos proprie-
está ligado ao Congresso de Viena, onde se reuniram tários rurais era menor, o controle da situação política
as principais nações européias para discutir a instala- encontrava-se nas mãos do forte grupo de comercian-
ção de nova ordem na Europa, após a prisão e o exí- tes portugueses, contrários à independência.
lio de Napoleão Bonaparte. A idéia de elevação do Nessas regiões, as tropas portuguesas aliaram-
Brasil a Reino partiu do representante francês Talle- se às Juntas Governamentais (ocupadas por comerci-
yrand, que buscava o apoio de nações européias mais antes) e resolveram resistir à independência. Daí a
fracas, como Portugal, para impedir o retalhamento necessidade de luta armada, levada à frente pelo povo
da França e que a América caísse em mãos republi- e com o financiamento participativo do Estado.
canas, o que já ocorria em grande parte do continen- Ao final de 1823, o país estava sob o controle
te. O argumento de Talleyrand para convencer o do governo imperial.
representante português em Viena foi o de que a ele-
vação a reino “destruiria a idéia de colônia, que tanto ESTUDO DIRIGIDO
desagradava aos súditos brasileiros”.
A conquista e anexação ao Brasil da Província 1 O que significou a Abertura dos Portos no Brasil
Cisplantina (atual Uruguai) foi mais um ato do impe- no contexto do processo de independência?
rialismo político de D. João VI e a realização do ve-
lho sonho português de se apossar da região do Rio
de Prata. A anexação da Cisplatina foi oficialmente
reconhecida pelos uruguaios em 1821, pertencendo
ao Brasil até 1828, ano da sua definitiva independên-
cia com a criação da Republica Oriental do Uruguai. 2 Cite duas determinações do Tratado de Comércio
6. A REVOLUÇÃO DO PORTO E A VOLTA e Navegação e de Aliança de 1810.
DA FAMÍLIA REAL
A revolução propriamente dita eclodiu a 24 de
agosto de 1820, e os rebeldes imediatamente forma-
ram um governo: a junta Provisional do Governo Su-
premo do Reinado. A revolução, de início limitada ao
Porto, mais tarde chegou a Lisboa, tornando-se prati-
camente um movimento nacional. 3 O que exigiam os rebeldes da revolta do Porto?
Forçado pela pressão da revolução e temendo
perder o trono português D. João VI partiu com a
corte em direção a Portugal, em 26 de abril de 1821,
deixando no Brasil D. Pedro como príncipe regente.
Antevendo os acontecimentos, D. João VI disse a seu
filho:
“- Pedro, se o Brasil se separar, seja para ti,
que hás de me respeitar, do que para algum desses EXERCÍCIOS
aventureiros”. 1 “A metrópole se arroga em monopolizadora das
7. A EMANCIPAÇÃO DO BRASIL compras e vendas dos produtos de suas colônias,
o que significa que todas as exportações da colô-
O “partido brasileiro” reunia a aristocracia ru- nia se destinam à metrópole e todas as importa-
ral, os comerciantes nativos e os burocratas, ou seja, ções das colônias provêm da metrópole. E, para
os grupos beneficiários das liberdades econômicas se assegurar integralmente a aplicação desses
joaninas. O partido brasileiro tinha como projeto a dois monopólios, a metrópole reserva a si tam-
manutenção das conquistas econômicas e administra- bém o monopólio dos transportes”.
Editora Exato 19
HISTÓRIA

O texto acima se refere: tências que se conservem em paz e harmonia com


a) ao Bloqueio Continental imposto por Napole- a minha coroa”. Decretava-se assim:
ão, que intencionava controlar as colônias por- a) o Tratado de 1810.
tuguesas e com isso ter o controle comercial do b) a Abertura dos Portos às Nações Amigas.
ocidente. c) o Tratado de Versalhes.
b) ao liberalismo econômico vigente à época da d) o Tratado de Fontainebleau.
independência brasileira, que fez com que nos-
so país se libertasse das amarras econômicas
com Portugal. GABARITO
c) ao pacto colonial que estabelecia a total de-
pendência econômica do Brasil com Portugal Estudo Dirigido
durante o período que vai do seu “descobri- 1 Permitia a importação de todos e quaisquer gêne-
mento” até a fuga da família real portuguesa ros, fazendas e mercadorias transportadas em na-
para o Brasil. vios estrangeiros das potências que se
d) ao protecionismo econômico imposto por D. conservavam em paz e harmonia com a real Co-
João VI ao Brasil após sua independência, com roa, mas reservava ao Estado o monopólio do
o intuito de que a ex-colônia portuguesa conti- pau-brasil e dos demais produtos estancados.
nuasse atrelada economicamente a Portugal.
2 Mútua concessão de privilégios entre os dois paí-
ses; renovação dos direitos ingleses sobre a ilha
2 Desde a transferência da família real para o Bra- da madeira.
sil, a situação político-econômica de Portugal es-
tava à beira do caos. Diante dessa situação, os 3 A recolonização do Brasil.
portugueses aderiram ao movimento revolucioná- Exercícios
rio do porto. Dentre os fatores que provocaram a
1 C
Revolução do Porto, assinale abaixo a única al-
ternativa INCORRETA: 2 D
a) O país estava extremamente empobrecido pela 3 A
guerra contra as forças de Napoleão.
b) Portugal era comandado por um militar inglês. 4 B
c) O comércio português estava arruinado em
conseqüência da abertura dos portos brasilei-
ros.
d) Portugal e França aderiram ao Tratado de Fon-
tainebleau para conter as forças rebeldes revo-
lucionárias da burguesia lusitana.

3 Durante o período em que o centro político do


Estado Português esteve sediado no Brasil, o con-
flito de interesses sociais teve como efeito:
a) a Conspiração Liberal de 1817, em Portugal,
chefiado pelo general Gomes Freire de Andra-
de.
b) a Conjuração Baiana de 1798.
c) a Revolução do Porto de 1820.
d) o Bloqueio Continental em 1806.

4 Sete dias após desembarcar na Bahia (Brasil), D.


João determinava, através de carta-régia datada
de 28 de janeiro de 1808, “interina e provisoria-
mente, enquanto não consolido um sistema geral
que estejam admissíveis nas alfândegas do Brasil
todos e quaisquer gêneros, fazendas e mercadori-
as transportadas em navios estrangeiros das po-

Editora Exato 20
HISTÓRIA

1º REINADO – GOVERNO DE D. PEDRO I


1. RECONHECIMENTO EXTERNO DA INDE- política sobre o bloco português. As disputas seriam
PENDÊNCIA acirradas.
No Partido Brasileiro, existiam duas alas: a ala
Um problema sério que o Brasil enfrentou foi democrata, que defendia a autonomia das províncias
o do reconhecimento externo da sua independência. (federalismo), e a ala aristocrata, que pretendia a ins-
Os governos latino-americanos retardaram o talação de uma monarquia centralista. A ala aristocra-
reconhecimento, desconfiados das intenções do go- ta era liderada pelo antidemocrata José Bonifácio,
verno monárquico brasileiro, já que a monarquia - cujo objetivo era que o poder político emanasse prin-
modelo europeu - era um regime político incompatí- cipalmente de suas mãos. É dele a frase: “Nunca fui
vel com o regime republicano adotado em todos os nem serei realista puro, mas nem por isso me alistarei
países americanos independentes. Por outro lado, jamais debaixo das esfarrapadas bandeiras da suja e
questionavam a soberania do Brasil sobre a Província caótica democracia”.
Cisplatina (atual Uruguai) e a insistência de D. Pedro D. Pedro I, que não admitia a limitação dos
I em manter esse domínio. seus poderes, decretou a dissolução da Assembléia
Por sua vez, os Estados Unidos e as principais constituinte (12 de novembro de 1823). Os constitu-
potências européias buscavam ganhar tempo para ti- intes passaram a noite deliberando se resistiam ou
rar o máximo proveito econômico do reconhecimento não à medida. Esse episódio ficou conhecido como
da independência brasileira. Noite da Agonia. O imperador em pessoa comandou
Os Estados Unidos foram o primeiro país a re- as forças militares que o apoiavam no cerco ao prédio
conhecer o Brasil como independente, em 1824. A- da Assembléia. Vários deputados foram presos e os
pesar de o reconhecimento ser um ato de coerência irmãos Andrada desterrados.
com a Doutrina Monroe (“A América para os ameri-
canos”), o que o governo norte-americano realmente 3. A CONSTITUIÇÃO DE 1824
pretendia era ampliar sua ação nos mercados interna- Em linhas gerais, a Constituição outorgada em
cionais. O Brasil poderia ser um grande aliado na 1824 - que vigorou até a proclamação da república
consolidação de um bloco comercial antieuropeu. A em 1889 - estabelecia o seguinte:
hegemonia comercial no continente era, portanto, a  Monarquia constitucional e hereditária;
pretensão fundamental dos norte-americanos.  Regime unitário de governo, ou seja, quase
A Inglaterra, mais interessada no reconheci- todos os poderes político-administrativos
mento, dadas as vantagens comerciais alcançadas concentravam-se nas mãos do governo cen-
com os tratados de 1810, agilizou sua diplomacia pa- tral. Os governos das províncias tinham au-
ra convencer Portugal, por sua vez, das vantagens tonomia mínima.
que poderia tirar com o reconhecimento. Seguindo os  União entre a Igreja e o Estado, sendo a re-
planos ingleses, D. João VI reconheceu a indepen- ligião católica a oficial; era o sistema de
dência brasileira em 1825, porém exigiu o pagamento “padroado”.
de 2 milhões de libras e o título honorário de impera-  Voto censitário e eleições indiretas, ou seja,
dor do Brasil. as eleições seriam em dois graus (Paróquia
2. A CONSTITUINTE e Província), sendo eleitos primeiro alguns
representantes (eleitores) que escolheriam
Convocada, pela primeira vez, em junho de os deputados e senadores em cada provín-
1822, a Assembléia Constituinte reuniu-se, finalmen- cia. Para votar nos eleitores, era necessário
te, em maio de 1823. ter uma renda líquida anual de 100 mil réis;
De um lado, o Partido Português, composto para ser um deles, era preciso ganhar 200
por uma elite de funcionários públicos, militares que mil réis; para ser deputado, 400 mil réis; e
na maioria haviam pertencido ao antigo exército por- Senador, 800 mil réis.
tuguês e, principalmente, comerciantes lusitanos; de  Existência de quatro poderes: o Moderador,
outro, o Partido Brasileiro, dominado por fazendei- pessoal e exclusivo do imperador, que po-
ros. deria intervir sempre que houvesse confli-
O Partido Português buscava impor sua influ- tos entre os demais poderes, determinando
ência para que a Constituição defendesse os interes- qual deles tinha razão. No exercício do Po-
ses recolonizadores das Cortes; a aristocracia agrária der Moderador, o imperador nomeava os
do Partido Brasileiro pretendia impor sua hegemonia senadores, convocava a Assembléia Geral
(Congresso) para reuniões extraordinárias,
Editora Exato 21
HISTÓRIA

sancionava decretos e resolução da Assem- partir para emissão ampla de papel moeda, acentuan-
bléia, dissolvia a Câmara dos Deputados, do-se assim a alta de preços.
convocando novas eleições, suspendia ma- Na tentativa de conciliar as rebeliões, o impe-
gistrados. Era assessorado no exercício des- rador ainda colocou um ministério mais liberal, que,
se poder pelo Conselho de Estado, cujos entretanto, pouco depois foi substituído por um mi-
membros eram por ele mesmo nomeados. nistério de tendências absolutistas: o Ministério dos
Outros poderes eram: o Executivo, também Marqueses.
exercido pelo imperador e seus ministros; o Esse fato desencadeou protestos das tropas e
legislativo, entregue à Assembléia Geral, do povo do Rio de Janeiro, que exigia a readmissão
composta de Câmara de Deputados e Sena- do ministério brasileiro. Sentindo-se sem apoio, D.
do Vitalício e o Judiciário, exercido pelo Pedro optou pela abdicação a 7 de abril de 1831. Es-
tribunais provinciais e pelo Supremo Tri- tava, então, rompido o último elo entre Brasil e Por-
bunal de justiça tugal.
 Eram excluídos do direito de voto as mu-
lheres, os solteiros com menos de 25 anos, ESTUDO DIRIGIDO
os empregados domésticos e os membros
do clero. Não podiam ser eleitores de pro- 1 Defina os interesses dos partidos brasileiro e por-
víncia os escravos libertos, e proibia-se a tuguês no Brasil.
eleição dos não católicos para os cargos de
deputado e senador. 2 Cite três princípios da Constituição de 1824.
Em resumo, os eleitores eram uma porcenta-
gem insignificante da população, o que transformava
as eleições em pouco mais de uma comédia. Comple- 3 Caracterize a crise econômica no I reinado.
tava-se, assim, o caráter fundamental: liberal na apa-
rência, conservadora no conteúdo, autocrática no
funcionamento. EXERCÍCIOS

4. A ABDICAÇÃO 1 A economia brasileira na primeira metade do sé-


culo XIX, teve como aspecto marcante:
No período entre 1824 e 1831, o Brasil regis- a) Oferecer grandes estímulos às atividades co-
trou um clima de crise política quase permanente. Es- merciais e, especialmente, às indústrias urba-
sa situação provocou o progressivo desgaste da nas.
imagem de D. Pedro I e do Partido português que o b) Esforçar-se no sentido de eliminar a importa-
apoiava culminando finalmente com a abdicação do ção de produtos agrícolas.
Imperador, em abril de 1831. c) Centralizar sua produção em torno da pequena
Paralelamente à crise política, o Primeiro Rei- propriedade e da grande indústria.
nado foi um período em que a crise econômico- d) Dar continuidade a uma estrutura colonial, a-
financeira do país atingiu níveis seríssimos, pois as gora dependente do comércio externo com a
principais exportações brasileiras enfrentavam con- Inglaterra.
corrência internacional. O açúcar brasileiro concorria
com o cubano e o jamaicano, além do açúcar de be-
terraba; o algodão e o arroz concorriam com a produ- 2 “D. Pedro de Alcântara foi oficialmente reconhe-
ção norte americana; o tabaco estava prejudicado cido como Imperador do Brasil em outubro 1822,
pelos obstáculos criados pela Inglaterra ao tráfico ne- embora sua coroação só ocorresse em 1º de de-
greiro; o couro concorria com a produção platina; o zembro do mesmo ano. Era o início do Primeiro
café ainda não tinha peso comercial para equilibrar Reinado do Império Brasileiro. O nosso Império,
nossa balança de pagamentos, apesar de ser lavoura embora não apresente condições que o identifique
em expansão. Além disso, havia outras dificuldades com o conceito tradicional de Império, foi mol-
de ordem financeira. A maioria dos produtos impor- dado segundo o modelo Napoleônico: uma mo-
tados vinha da Inglaterra e estes pagavam uma tarifa narquia centralizada, mas constitucional”. A
muito baixa, sendo assim, a arrecadação era mínima respeito da Independência do Brasil, é válido
nessa área. concluir que:
A fim de obter recursos, o Estado então recor- a) as camadas senhoriais, defensores do libera-
ria a empréstimos externos, a juros altos, o que con- lismo político, pretendiam não apenas a eman-
corria para o aumento de déficit público, além de cipação política, mas a alteração das estruturas
econômicas.

Editora Exato 22
HISTÓRIA

b) o liberalismo defendido pela aristocracia rural


apoiava a emancipação dos escravos.
c) a Independência Brasileira se caracterizou por
ter sido um processo revolucionário com a par-
ticipação popular.
d) a Independência Brasileira foi um arranjo polí-
tico que preservou a Monarquia como forma
de governo e também os privilégios da classe
proprietária.

3 A Inglaterra atuou em favor do Brasil para a ob-


tenção do reconhecimento da Independência, mas
exigia em troca a extinção:
a) dos contratos comerciais com os países da San-
ta Aliança.
b) da escravatura.
c) do Pacto Colonial com a França.
d) do acordo comercial de 1810.

4 São características da Constituição de 1824:


a) O sufrágio universal direto e o estabelecimento
do regime federativo do Brasil.
b) A divisão tripartida dos poderes e a abolição
do Conselho de Estado.
c) As eleições indiretas e censitárias e a nomea-
ção dos presidentes das Províncias pelo Poder
Executivo.
d) A extinção do regime do padroado e o direito
de voto dos alforriados.

GABARITO

Estudo Dirigido
1 Autonomia das províncias e centralização políti-
ca.
2 Padroado, Voto Censitário e Poder Moderador.
3 Crise desencadeada pela concorrência comercial
enfrentada pelos latifundiários produtores de açú-
car.
Exercícios
1 D
2 D
3 B
4 C

Editora Exato 23
HISTÓRIA

O PERÍODO REGENCIAL
está foi a mais longa guerra civil de nossa história li-
1. PRINCIPAIS FACÇÕES POLÍTICAS
derada por Bento Gonçalves e Giusepe Garibaldi
Entre a abdicação de D. Pedro I (1831) e a an- Enfim, em março de 1845, quando Davi Cana-
tecipação da maioridade de D. Pedro II (1840) situ- barro e Caxias entraram em acordo, a rebelião dos
ou-se um dos períodos mais agitados de nossa farrapos estava superada. A concessão oficial foi e-
história. O governo foi entregue aos regentes, que e- norme: anistia geral aos revoltosos; incorporação dos
xerceram o poder no lugar do futuro D. Pedro II. Para soldados e oficiais ao Exército imperial em igual pos-
o Brasil, este fato equivaleu a uma verdadeira “expe- to, exceto o de general; devolução das terras confis-
riência republicana”. Nesse período, 3 grupos políti- cadas, além do aumento dos impostos sobre o
cos se formaram em defesa dos interesses das elites, charque platino.
quais foram: Cabanagem
 Os restauradores: agrupados em torno da A Cabanagem foi precedida de uma série de
Sociedade Conservadora, mais tarde Socie- revoltas que agitaram o Grão-Pará desde a época da
dade Militar, da qual faziam parte os An- independência. As razões que motivaram a revolução
dradas, representavam a tendência ultra- dos cabanos foram praticamente as mesmas que de-
reacionária. Na verdade, constituíam uma ram origem a tantas outras revoltas sociais ocorridas
força política secundária, limitando-se a de- em diferentes províncias: fome, miséria, escravidão e
fender o retorno e a restauração de D. Pedro latifúndio.
I, composto quase que exclusivamente por Mais uma vez, formava-se no Grão-Pará um
portugueses. governo popular. Esse governo, presidido por Eduar-
 Os exaltados, agrupados em torno da Soci- do Angelim, não tinha porém condições de atender
edade Federalista, defendiam maior auto- aos anseios da população. Em face da ameaça de uma
nomia provincial; o fim do voto censitário; poderosa força militar e de uma grande esquadra en-
o fim do conselho de estado e do Senado viada pelo governo do Rio de Janeiro, os rebeldes a-
vitalício; não raro, alguns deles eram fran- bandonaram a capital e foram para o interior, onde
camente republicanos. Expressavam as as- resistiram até 1839. Foram finalmente massacrados; a
pirações das camadas urbanas e eram mais “pacificação” da província, em 1840, se fez em cima
representativos no sul do país destacando a da crueldade assassina. Saldo: 40.000 cabanos mortos
defesa dos interessse da indústria do char- numa província cuja população, antes do conflito,
que não chegava a 100 mil habitantes.
 Os moderados: monarquistas defensores da Sabinada
hereditariedade de D. Pedro; conseguiram o Ao contrário do caráter verdadeiramente popu-
poder político utilizando os exaltados como lar da Cabanagem, a Sabinada foi uma revolta que fi-
massa de manobra, representavam a grande cou restrita às camadas médias urbanas de Salvador e
maioria de elite no Brasil. Defendiam a a algumas tropas militares baianas.
monarquia escravista e estavam dispostos a
Balaiada
permitir reformas políticas que não afetas-
Ao latifúndio improdutivo, gerador de dispari-
sem seus privilégios e exclusivismo políti-
dades sociais, somava-se a escravidão e a queda das
co.
exportações do algodão - principal produto de expor-
Farroupilha tação do Maranhão desde a segunda metade do sécu-
Do ponto de vista da economia agroexportado- lo XVIII -, que sofria a concorrência da produção
ra, que tudo subordinava aos seus objetivos, a pecuá- norte-americana nos mercados internacinais.
ria rio-grandense era, naturalmente, um setor que não Embora a pauta de reivindicações não fosse
podia ambicionar grandes lucros, pois estava impedi- precedida por uma pregação ideológica e tampouco
da de onerar o setor principal da economia, cujos tenham sido traçados objetivos claros, a luta levou
preços deveriam se manter competitivos no mercado todos os mestiços, todas as castas oprimidas, todos os
internacional. Por essa razão, as províncias do Norte resíduos humanos espalhados pelas perseguições ou
não hesitavam em importar o charque produzido nas acossados pelas violências dos poderes públicos ou
regiões platinas com baixos direitos aduaneiros. dos senhores de engenho.
A solução para a crise da empresa do charque,
A Revolta dos Malês
encaminhada pela elite agrária foi a guerra de separa-
A Bahia também foi palco de uma rebelião de
ção e independência em relação ao estado brasileiro
escravos, que, embora tenha durado somente dois di-
Editora Exato 24
HISTÓRIA

as, teve importância capital, a Revolta dos Malês. 3 Dentre os itens abaixo, assinale aquele que ex-
Nestes dias, os escravos de origem malê, de religião pressa CORRETAMENTE uma característica do
muçulmana, se rebelaram contra a pressão dos senho- Brasil, na primeira metade do século XIX:
res brancos. a) Em 1824, foi promulgada a primeira constitui-
Durante 24 horas, a cidade de Salvador viveu ção brasileira, cuja característica principal foi a
horas de extrema tensão. Desarmados, os escravos instituição dos três poderes e nos leva a perce-
foram dominados com facilidade e a repressão foi vi- ber o caráter descentralizador do governo de
olenta tanto durante o conflito, que vitimou 70 ne- D. Pedro I.
gros, quanto após, quando 500 negros receberam b) O período regencial foi marcado por várias re-
castigos que variavam do açoite até a pena de morte. voltas, que acabaram desestabilizando a vida
política daquela época. Os liberais aproveita-
ESTUDO DIRIGIDO ram tal motivo para articular a posse de D. Pe-
dro II como imperador, alegando que só a
1 Cite as facções políticas que caracterizaram o figura rei, com poderes plenos, poderia “paci-
quadro político brasileiro no período regencial. ficar” o país e fazer voltar a estabilidade.
c) No período regencial foi criada a Guarda Na-
cional, com o objetivo de proteger, juntamente
com o exército, as propriedades dos barões do
café das possíveis fugas de escravos descon-
tentes.
2 Que motivo fez com que os estancieiros do Sul d) Ocorreram várias revoltas (Farroupilha, Caba-
organizassem uma revolta contra o governo? nagem, Balaiada) todas de caráter popular e
bem organizadas, que acabaram levando os re-
gentes a reverem algumas posturas políticas
chegando até mesmo a conceder mais autono-
mia às províncias para tentar conter os ânimos
dos rebelados.

3 Explique a razão que considera o período regen-


cial como uma fase republicana. 4 “Quantas revoluções já houve no Brasil? Uma
porção, desde a Proclamação da República, e ele
continua de pé. A base é o chefe local, o “coro-
nel” que manda seus eleitores votarem contra ou
a favor de determinado candidato. O coronel é o
homem que comanda a Guarda Nacional, porque
ele é quem elege os homens que a fazem. E o co-
EXERCÍCIOS ronel não é um homem atrasado e imbecil como
se afirma. Todo mundo pensa que o sujeito vai
1 Entre as revoltas que se iniciaram no Período para o “curral eleitoral” à força. Não, ele vai por-
Regencial, a única que teve suas reivindicações que quer. [...]”.
atendidas foi: (José Bonifácio Andrade, publicado em O Estado
a) a Sabinada. de São Paulo, de 16 de Março de 1980.)
b) a Balaiada. O texto se refere a um personagem bastante
c) a Revolução Farroupilha. comum na política nacional, o coronel, desde os tem-
d) a Cabanagem. pos do Império até os dias de hoje. A respeito do co-
ronelismo e com base no texto acima, assinale a
ÚNICA alternativa INCORRETA:
2 Dentre as modificações ocorridas na Regência a) Na sua origem, o posto do coronel era ocupado
Trina Permanente, a que contribuiu para uma cer- pelos principais proprietários rurais que ingres-
ta descentralização político-administrativa foi: saram na Guarda Nacional, criada no período
a) a aprovação do Ato Adicional. regencial, com objetivo inicial de conter as vá-
b) a criação a Guarda Nacional. rias rebeliões ocorridas naquela época.
c) a outorga da Constituição Imperial. b) Diante da fragilidade das instituições públicas,
d) a promulgação do Primeiro Código Civil. o coronel assume funções que deveriam ser de
atribuição do Estado. Questões de justiça, elei-
ções e benefícios públicos tornavam-se atribu-
Editora Exato 25
HISTÓRIA

tos dos coronéis que intermediavam as rela-


ções entre seus agregados e as instâncias pú-
blicas.
c) A Guarda Nacional era uma força repressiva
contra revoltas de grupos sociais descontentes.
Aos poucos a patente de coronel deixou de
vincular-se ao exército militar e passou a ser
empregada para distingüir os principais líderes
políticos de cada centro urbano, que, articula-
dos entre si, agem com total autonomia, des-
vinculados do governo federal.
d) O coronelismo articulava a política brasileira
durante a República Velha. Mas podemos a-
firmar que muitas das características da ação
dos coronéis ainda estão presentes na política
brasileira nos dias de hoje como, por exemplo,
a ligação entre o poder público e o interesse
privado e a influência de determinados chefes
políticos sobre os eleitores de algumas regiões.

GABARITO

Estudo Dirigido
1 Os restauradores; os moderados e os exaltados.
2 A concorrência comercial e a autonomia admi-
nistrativa.
3 Devido ao exercício do poder de forma descen-
tralizada, assumido por regentes durante a meno-
ridade de D. Pedro II.
Exercícios
1 C
2 A
3 B
4 D

Editora Exato 26
HISTÓRIA

2º REINADO – GOVERNO DE D. PEDRO II


1. LIBERAIS E CONSERVADORES 1853, do Ministério da Conciliação, assim chamado
porque em sua composição haviam liberais e conser-
Vimos que, durante a Regência Una de Feijó, a vadores.
vida partidária brasileira se resumiu a dois partidos: o Mesmo após o fim deste ministério e da for-
Progressista e o Regressista. Após o Golpe da Maio- mação de sucessivos ministérios conservadores, a po-
ridade, o Partido Progressista passou a se chamar lítica brasileira continuou marcada pela conciliação.
Partido Liberal e o Regressista, Partido Conservador. De 1862 a 1868, houve uma nova conciliação parti-
Para garantir a vitória dos deputados liberais dária no exercício do poder. Foi o período de governo
na formação da nova Câmara, o governo liderado pe- da Liga Progressista, formada novamente por liberais
los irmãos Andrada, alterou completamente a prática e conservadores.
eleitoral no Brasil.
Não bastando a violência física, a fraude foi a 4. A REVOLUÇÃO PRAIEIRA
garantia da vitória do Partido Liberal: meninos, es-
A tradição revolucionária dos pernambucanos
cravos mortos e pessoas que não existiam foram qua-
se manifesta mais uma vez, em 1848, através da Re-
lificadas como eleitores; trocaram a identidade de
volução Praieira.
muitos eleitores e o conteúdo das urnas substituído
A insurreição dos praieiros mantém-se até
por votos preparados; fraudaram a apuração alterando
1850, quando seu último líder, ainda atuando, Pedro
a contagem dos votos. A partir de então, a fraude e a
Ivo, rendeu-se ao governo. Atraiçoado, preso e envi-
violência tornaram-se práticas comuns nas eleições
ado às fortaleza da Laje (RJ), foge de navio para a I-
brasileiras.
tália, mas no meio do caminho morre de causas
O gabinete conservador iniciou um processo
naturais. O pretexto para a eclosão da luta foi a queda
de reformas que atestavam seu espírito regressista:
do Ministério Liberal, no Rio de Janeiro, em 1848, e
restauraram o Conselho de Estado e decretaram a re-
a nomeação de um presidente conservador para Per-
forma do Código do Processo Criminal.
nambuco.
2. O PARLAMENTARISMO
No Manifesto ao Mundo, de autoria de Borges
Num regime parlamentarista clássico como o da Fonseca, os revolucionários tornavam público seu
inglês – (do qual, aliás, tirou-se o modelo), primeiro programa de reivindicações. Exigiam:
são realizadas eleições para a Câmara dos Deputados,  o fim do império e a proclamação de uma
que elegeria o 1°ministro. Já no caso brasileiro o im- República;
perador nomeava o 1°ministro fazendo valer o título  a extinção do Senado vitalício e do Poder
de palamentarismo às avessas. Moderador;
 voto livre e universal;
Poder
Moderador  nacionalização do comércio;
exercido pelo
imperador  liberdade de trabalho para garantir a vida do
Poder Poder Poder
cidadão, princípio defendido também pelos
Legislativo Executivo Judiciário
socialistas utópicos franceses;
Primeiro
Ministro
 reformas sociais e econômicas;
 liberdade de imprensa;
Câmara dos
Deputados Senado
Conselho de
Estado
Presidentes de
Províncias
Juízes  reforma judicial que assegurasse as garanti-
as individuais.
Parlamento

5. ECONOMIA E SOCIEDADE
Esquema das relações dos poderes políticos durante o parlamentarismo,
no Segundo Reinado.
A sociedade e a economia brasileiras passa-
3. A CONCILIAÇÃO ram, na segunda metade do século XIX, por signifi-
cativas transformações que alteraram o processo
A partir dos anos 50 do século XIX, a grande histórico nacional.
maioria dos políticos entendia que era necessária a
realização de reformas econômico-financeiras que
promovessem o progresso material do país e uma
maior integração nacional. Contudo, sabiam que para
a realização de reformas era preciso o trabalho con-
junto dos dois partidos. Isso levou à criação, em

Editora Exato 27
HISTÓRIA

gião, o chamado Oeste Paulista assume a dianteira na


Sudeste 41%
economia cafeeira, a partir de meados da década de
Sul 7%
1870.
Centro-O este 2% Exportação do café do vale do Paraíba
Norte 3% (em milhares de sacas de 60 kg)
1821-1830 3.178
Nordeste 47% 1831-1840 10.430
1841-1850 18.367
1851-1860 27.339
1861-1870 29.103
Distribuição regional da população brasileira em 1872 (%)
Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo – História do Brasil.
1871-1880 32.509
No período, ocorreram a extinção do tráfico 1881-1890 51.631
negreiro, um relativo desenvolvimento industrial, um
extraordinário crescimento da produção cafeeira e da Produção de Café do Brasil
imigração, a sistematização do trabalho assalariado, a (em toneladas de café em grão)
abolição da escravidão e, do ponto de vista político, a 1841-1850 1.027.260
proclamação da República. 1851-1860 1.575.180
Café 1861-1870 1.730.820
1871-1880 2.180.160
CULTURA CAFEEIRA NO BRASIL 1881-1890 3.199.560
1891-1900 4.469.460
Minas Gerais
1901-1910 7.835.940
Carangola
Espírito 1911-1920 7.230.180
Santo 1921-1930 8.371.920
Ribeirão
Preto O ceano Atlântico Elza Nadai e Joana Neves – História do Brasil
Juiz de Fora
São Rio Preto
Paulo Rio de Janeiro A imigração
Campinas Queluz Petrópolis
Rio de Primeiro setor em que a Para os cafeicultores, tornou-se urgente buscar
Angra dos Reis Janeiro cafeicultura se desenvolveu
São Paulo
Segundo setor em que a
uma solução para o agravamento da carência de mão-
Santos São Sebastião cafeicultura se desenvolveu de-obra após a eliminação da fonte africana. A solu-
ção encontrada foi o incremento da imigração estran-
História do Brasil – Luiz Koshiba e Denise Manzi Frayze Pereira
geira.
Principal responsável pelas transformações e-
Pelo sistema de parceria, que se espalhou por
conômicas, sociais e políticas ocorridas no Brasil na
quase todo o interior paulista, os fazendeiros financi-
segunda metade do século XIX, o café reintegrou a
avam, através de empréstimos, a vinda e as despesas
economia brasileira nos mercados internacionais,
de instalação nos primeiros momentos do imigrante
contribuiu decisivamente para o incremento das rela-
europeu.
ções assalariadas de produção e possibilitou a acumu-
O imigrante agora estava mais garantido que
lação de capital que, disponível, foi aplicado em sua
no sistema de parceria. Sua viagem com a família era
própria expansão e em alguns setores urbanos como a
paga pelo governo, e os gastos, durante o primeiro
indústria, por exemplo. O café foi ainda responsável
ano de sua estada no Brasil, eram de responsabilidade
pela inversão na balança comercial brasileira que,
do fazendeiro. Além disso, o imigrante recebia um
depois de uma história de constantes déficits, passou
salário fixo anual e mais um salário que variava de
a superavitária entre os anos de 1861 e 1885.
acordo com a colheita.
Contudo, a economia brasileira continuava es-
truturada no velho modelo agroexportador e depen- A Era Mauá
dente dos mercados externos. Semelhante ao período Apesar da inegável prosperidade do império, a
colonial, a economia do país sustentava-se na expor- arcaica estrutura socioeconômica assentada na agro-
tação de um pequeno número de produtos agrícolas, exportação escravista e o ainda incipiente mercado
dos quais o café tornou-se “produto-rei”. consumidor interno não possibilitaram uma industria-
No processo de desenvolvimento da economia lização nos moldes europeus. Portanto, o que houve
cafeeira, no Brasil, duas regiões se destacaram como no Brasil, na segunda metade do século XIX, apesar
grandes produtoras, gerando renda e uma forte oli- da explosão da “Era Mauá”, não foi mais que um sur-
garquia cafeeira (Os Barões do Café). A primeira a se to industrial que não tirou o país da dependência eco-
destacar, até meados da década de 1860, foi a região nômica internacional. Por longos anos ainda, a
do Vale do Paraíba, no Rio de Janeiro. A segunda re- economia brasileira continuaria baseada na lavoura
de exportação.
Editora Exato 28
HISTÓRIA

A Tarifa Alves Branco A guerra do Paraguai


Os privilégios alfandegários ingleses, que boi- Os ingleses não podiam tolerar um país que,
cotavam o crescimento do setor industrial brasileiro, por meio de uma política excessivamente protecionis-
finalmente foram extintos pela Tarifa Alves Branco ta, impedia as importações de manufaturados estran-
de 1844. Com essa medida protecionista de elevação geiros. Para a Inglaterra, o modelo econômico
das tarifas alfandegárias, as mercadorias estrangeiras paraguaio era muito perigoso e teria de ser destruído
que desembarcavam no Brasil pagariam de 30% a antes que nações como Brasil e Argentina o adotas-
60% de impostos alfandegários. sem e se libertassem do jugo capitalista britânico.
Para viabilizar a destruição, a Inglaterra articu-
6. POLÍTICA EXTERNA DO SEGUNDO REI-
lou um conflito e habilmente jogou o Brasil e a Ar-
NADO gentina na guerra destruidora do Paraguai.
Intervenções na bacia do prata Francisco Solano López, sucessor do pai, em
1862, também não confiava no capital privado e por
Mato Grosso
isso continuou a política intervencionista estatal. Vi-
Territórios perdidos
pelo Paraguai sando a um maior incremento industrial, Solano Ló-
PARAGUAI BRASIL
5 pez concedeu bolsas de estudos na Europa a jovens
paraguaios e de lá importou técnicos, engenheiros e
homens de ciências.
1 Uma saída para o mar libertaria o país das altas
2 Guerras
Platinas
Data Adversários
taxas cobradas por Buenos Aires para exportar mer-
1 Cisplatina
4 Contra
1825-1828 Brasil x Argentina, Uruguai

Brasil + “ colorados” x
cadorias paraguaias e o integraria nos mercados in-
ARGENTINA 2 1850-1851
ternacionais. O Grande Paraguai seria formado por
(Província da O ribe Argentina + “ blancos”
Cisplatina entre
Contra
(1816-28)
3 3 1852 Brasil x Argentina
URUGUAI
Paraguai, Uruguai, Rio Grande do Sul, parte de Mato
Rosas
Buenos Aires Contra Brasil + Argentina + “ colorados”
4 Aguirre 1864-1865
x “ blancos”
N0 232 464 5 do Paraguai 1864-1870
Tríplice aliança (Brasil, Argentina
e Uruguai) x Paraguai
Grosso e as províncias argentinas de Corrientes e En-
km
tre-Rios.
O Imperialismo brasileiro no Prata.
Cláudio Vicentino e Gianpaolo Dorigo – História do Brasil.
Entre 1851 e 1870, o Brasil interveio em vários
conflitos na Bacia do Prata, gerando conflitos com o
Uruguai, a Argentina e o Paraguai, o mais mortífero
conflito da história das Américas.
A primeira intervenção brasileira deu-se em
1851 (Guerra de Oribe e Rosas). Visava pôr no poder
os colorados de Rivera, no Uruguai; e os federalistas,
na Argentina. O inimigo declarado pelo Brasil é o ar-
gentino Rosas e seu aliado, Manuel Oribe, presidente
uruguaio. O governo brasileiro temia que Rosas reu-
nificasse o antigo vice-reinado do Prata (Argentina,
Uruguai, Paraguai, Bolívia).
O Uruguai foi invadido pelo RS (Caxias), Ar- A Guerra do Paraguai
gentina (Urquiza) e por mar (Grenfell). A permanên- Revista Super Interessante Setembro 1999.
cia brasileira no Uruguai durou 2 anos. O conflito tornou-se iminente quando o gover-
A invasão reforça a presença brasileira no U- no brasileiro não aceitou a intermediação de Solano
ruguai. O Barão de Mauá torna-se o maior barqueiro López na questão com o Uruguai. Solano rompeu re-
e pecuarista do país; 30% das terras uruguaias são de lações com o Brasil, estabeleceu uma aliança políti-
brasileiros. co-militar com Aguirre e afirmou que não toleraria a
A segunda intervenção brasileira no Uruguai intervenção brasileira no Uruguai.
aconteceu em 1864. Foi mais violenta do que a de Nesse mesmo ano, a vitória do almirante Bar-
1851, e visava derrotar e retirar do poder o Presidente roso na Batalha do Riachuelo foi fundamental para a
Aguirre. Frente a 11 navios e 8 mil soldados, Aguirre libertação do Rio Grande do Sul.
se rende (20/02/1865) e entrega a capital a Flores. O Em Janeiro de 1869, Caxias conquistou As-
império brasileiro conta outra vez com um governo sunção e pouco depois foi substituído pelo conde
amigo na ex-província Cisplatina. d’Eu. Apesar de conquistada a capital do país, os pa-
raguaios continuaram resistindo bravamente. O conde
d”Eu empreendeu a Campanha das Cordilheiras, uma

Editora Exato 29
HISTÓRIA

intensa perseguição a Solano López que só terminou Vale do Paraíba, presos às velhas e arcaicas formas
com a morte em combate do ditador paraguaio em de produção escravista, a nova aristocracia paulista
Cerro Cora, em março de 1870. A guerra chegava ao introduziu o trabalho assalariado em suas fazendas,
fim. A maior guerra da história do Brasil, que forma substituindo a mão-de-obra escrava.
seu exército e marinha, é também a mais mortífera Movimento e Partido Republicano
das Américas. Mata 158 mil brasileiros, 32 mil ar- As idéias republicanas eram antigas no Brasil
gentinos e uruguaios, 606 mil militares e civis para- e, no fim do período colonial, significavam a revolta
guaios (mais que a Guerra Civil dos EUA, da qual contra a metrópole e a negação do estatuto de colô-
utilizam-se armamentos como os fuzis de repetição, nia. Mas na época da independência passaram a sig-
canhões de cano raiado e couraçados). nificar a oposição ao governo.
7. A CRISE DO IMPÉRIO Os princípios básicos do republicanismo eram
a federação, o fim do poder hereditário, soberania na-
A Extinção do tráfico negreiro. cional e a reintegração política do Brasil com as na-
O fim do tráfico contribuiu para uma série de ções européias e americanas.
transformações na economia brasileira. Os capitais Os republicanos pretendiam mudanças sem vi-
que eram investidos no comércio de escravos passam olência, este movimento elitista não admitia a parti-
a ser aplicados na modernização dos transportes; logo cipação popular e nem alterações profundas na
após, surgiram as primeiras ferrovias no Brasil. O sis- realidade política e social do país dando ao movimen-
tema de comunicações também foi inovado, surgindo to um caráter reformista e não revolucionário.
o telégrafo. O sistema financeiro se amplia com o Questão abolicionista
surgimento de muitos bancos. Prova da intenção gradualista da elite escravis-
Um fato que está relacionado à Lei Eusébio de ta foi a aprovação de algumas leis que visavam acal-
Queirós foi à edição da Lei de Terras, também no ano mar os ânimos dos abolicionistas mais exaltados e
de 1850. Por essa lei, ficava determinado que as ter- postergar uma resolução final para a questão. A Lei
ras devolutas (abandonadas) só poderiam ser ocupa- do Ventre Livre (1871), aprovada na gestão do Gabi-
das mediante a compra pelo interessado. Desta nete Conservador do Visconde do Rio Branco, de-
forma, os pequenos agricultores continuaram impos- terminava que, a partir de sua entrada em vigor, os
sibilitados de ter acesso à propriedade. Por outro la- filhos de escravas seriam libertos. Mas, determinava
do, esta lei visava dificultar ao máximo a aquisição que isso só ocorreria após completarem 21 anos e que
de terras pelos imigrantes. Uma vez que, após o ano seus proprietários receberiam uma indenização. Co-
de 1850, a classe dominante brasileira passa a incen- locada em prática, esta lei produziu poucos efeitos.
tivar a vinda de colonos europeus para substituir o Entre os anos de 1885 a 1888, a luta abolicio-
trabalhador compulsório, objetiva-se transformar o nista ganha força, radicaliza-se, promovendo fugas
imigrante em mão-de-obra para as grandes lavouras e em massa, arrecadando fundos para a compra de al-
não em pequenos proprietários. forrias. Nesta época, praticamente só existiam vozes
As Transformações econômicas e so- fortes em favor do escravismo no Vale do Paraíba.
ciais Torna-se clara a falta de base social para manter-se o
As transformações econômicas e a urbanização sistema. Isso ficou demonstrado no ano de 1888. A
promoveram profundas mudanças sociais e geraram maioria do parlamento, com exceção de apenas nove
aspirações e interesses diferentes dos tradicionais. deputados, acompanhando os anseios sociais, aprova
A nova elite cafeeira do Oeste paulista, ao de- o fim da escravidão, em lei que foi sancionada pela
senvolver uma mentalidade empresarial moderna, se regente, Princesa Isabel.
contrapunha à tradicional elite agrária açucareira do Esse fato foi determinante para a crise do im-
Nordeste e à cafeeira fluminense e valeparaibana a- pério. Muitos dos escravistas ainda existentes des-
pegadas ao conservadorismo escravista. Dona do po- contentam-se profundamente com relação ao regime.
der econômico, já que o café era a base da Para os libertos, contudo, a liberdade não foi acom-
sustentação econômica nacional, a aristocracia cafe- panhada de melhorias em suas condições de vida.
eira paulista não tinha entretanto uma representação Não houve um programa educacional e nem de re-
política compatível com sua força econômica, pois o forma agrária para a população afro-brasileira. Aque-
poder era manipulado pela velha e retrógrada aristo- les que viviam no campo continuam como
cracia. trabalhadores nas grandes fazendas.
A aristocracia cafeeira do Oeste paulista intro- Nas cidades, tornam-se excluídos, constituem,
duziu métodos mais modernos de produção. Diferen- por meio das favelas, uma nova paisagem urbana.
te dos “barões do café” das zonas fluminenses e do

Editora Exato 30
HISTÓRIA

Escravos importados pelo Brasil


No período de 1842-1852
1842 1843 1844 1845 1846 1847 1848 1849 1850 1851 1852

17.435 19.095 22.849 19.453 50.324 56.172 60.000 54.000 23.000 3.287 700

Análise sobre a crise A cultura popular urbana manifestava-se na


Em síntese, a crise do Império se deve a uma organização dos grupos de bairros que dariam origem
série de fatores que, interagindo, levaram à mudança às sociedades carnavalescas, às escolas de samba e
do regime: aos conjuntos de chorinho. Também começava a to-
 as transformações ocorridas na sociedade mar impulso, neste momento, a prática daquele que
brasileira na segunda metade do século seria o nosso grande esporte nacional: o Futebol. Nas
XIX; artes plásticas, destacaram-se as correntes cubista e
 a decadência da aristocracia tradicional; impressionista.
 aparecimento de um nova aristocracia cafe- A Cultura imperial sofreu este desenvolvimen-
eira mais dinâmica, moderna, rica e podero- to após o período de produção cafeeira, pois os ba-
sa, cuja intervenção na política nacional rões eram mais viajados, conheciam outros países e
conduziu o país ao regime republicano; outras culturas, custeando assim uma produção inte-
 a apatia do governo imperial no atendimen- lectual mais refinada e um sistema de governo mais
to às aspirações das diferentes camadas so- moderno a seu serviço.
ciais que exigiam mudanças significativas;
 a Questão Militar, a Questão Religiosa e a ESTUDO DIRIGIDO
abolição da escravidão. 1 Que partidos destacaram-se no segundo reinado?
O fim do regime monárquico resultou, portan-
to, numa série de fatores cujo peso não é o mesmo.
Duas forças, de características diversas, devem ser
ressaltadas: o Exército e um setor expressivo da bur-
guesia cafeeira de São Paulo, organizado politica-
mente no Partido Republicano Paulista (PRP). A 2 Cite duas reivindicações da revolução praieira.
queda do Imperador, em 15 de novembro de 1889,
resultou da iniciativa quase exclusiva do Exército,
que deu um decisivo empurrão para o fim do regime
monárquico. Por outro lado, a burguesia cafeeira
permitiria à República contar com uma base social
3 Mencione dois fatores que explicam a crise do
estável que nem o Exército nem a população urbana
Império e a mudança do regime.
do Rio de Janeiro podiam por si mesmas proporcio-
nar.
8. CULTURA NO IMPÉRIO
A cultura durante o império também se desen-
volveu. As escolas, que ofereciam ensino para os fi-
lhos da elite, cresceram acompanhando a EXERCÍCIOS
prosperidade econômica e social vivida. O Colégio
Pedro II (RJ) foi criado como modelo para várias es- 1 Na segunda metade do século XIX, considerada a
colas secundárias que foram criadas. No ensino supe- fase do apogeu, ocorreu no Brasil um surto de
rior, há que se destacar a Escola de Medicina (RJ) e crescimento de atividades econômicas. Assinale,
as Escolas de Direito (SP e PE). entre as alternativas a seguir, a que corresponde
O teatro foi muito pouco explorado, destacan- aos principais fatores que contribuíram para esse
do-se apenas algumas obras de Martins Pena e de ou- desenvolvimento:
tros autores. Na poesia, nasce o Parnasianismo, uma a) Alta das cotações do café no mercado interna-
corrente que se preocupava com rimas ricas, levando cional; extinção do tráfico negreiro, com a lei
a poesia à perfeição e ao afastamento da realidade de Eusébio de Queiroz; construção de estradas
social (ex: Olavo Bilac). de ferro, facilitando o escoamento da produ-
ção.
Editora Exato 31
HISTÓRIA

b) Investimentos particulares em estaleiros, valo- galizasse a entrada de estrangeiro no país como


rização da mão-de-obra negra, passando o ex- mão-de-obra específica para o setor agrário.
escravo a receber salários; desenvolvimento da d) a crise da economia agrícola cafeeira, com a
exportação cafeeira. abolição da escravatura, ocasionando a aplica-
c) Valorização da mão-de-obra imigrante em ção de capital estrangeiro no setor fabril.
substituição à mão-de-obra escrava; redução
das tarifas alfandegárias; construção de estra-
das de ferro, facilitando as comunicações. 4 Assistiram-se, no decorrer de 1988, às mais di-
d) A vinda de imigrantes para substituir a mão- versas comemorações dos cem anos de abolição
de-obra escrava; a substituição das grandes da escravidão. Ao mesmo tempo, presenciaram-
propriedades de café por minifúndios; investi- se protestos de grupos ligados ao movimento ne-
mentos particulares na plantação de outros gro contra a idealização da figura da princesa I-
produtos no lugar do decadente café. sabel como grande libertadora dos escravos.
I – Os movimentos negros, após a emancipação,
passaram a adotar posições racistas com rela-
2 O declínio da monarquia e a propagação dos ide- ção aos homens brancos brasileiros.
ais republicanos, no final do século passado, li- II – A história oficial da escravidão não leva em
gam-se sem dúvida, aos efeitos que a guerra do consideração toda a luta da raça negra por sua
Paraguai nos deixou como herança, isto porque: liberdade.
a) a guerra acelerou as contradições internas, aba- III – A abolição não libertou os negros da situa-
lando a mais sólida base da monarquia - a es- ção social inferior que lhes foi imposta pelos
cravidão – e fazendo emergir um exército com brancos escravistas.
consciência de seu poder. IV – A comemoração de um fato histórico não
b) a guerra contra a nação paraguaia acarretou pa- significa que os negros ocupem na escala eco-
ra o Brasil uma redução considerável de sua nômica, atualmente, papéis proporcionais aos
dívida externa, bem como uma crescente influ- dos brancos.
ência política e social do exército. Marque a alternativa CORRETA:
c) a derrota brasileira obrigou a monarquia a fa- a) Estão corretos somente os itens I, II, III.
zer concessões territoriais que abalaram a eco- b) Estão corretos somente os itens I, III, IV.
nomia, aumentando consideravelmente a c) Estão corretos somente os itens II, III, IV.
dívida externa do Brasil, o que levou D. Pedro d) Todos os itens estão corretos.
II a recorrer aos empréstimos ingleses.
d) embora nossa situação econômica se consoli-
dasse com a guerra, a monarquia não procurou GABARITO
reconciliar as duas facções de nossa política na
época, o partido liberal e o conservador, levan- Estudo Dirigido
do este último a patrocinar o golpe que derru- 1 Partidos Liberal e Conservador.
bou D. Pedro II.
2 Voto livre e universal e nacionalização do co-
mércio.
3 Há mais de século, teve início no Brasil um pro-
cesso de industrialização e crescimento urbano 3 A decadência da aristocracia tradicional e as
acelerado. Podemos identificar, como condições questões militar, abolicionista e religiosa.
que favoreceram essas transformações: Exercícios
a) a crise da economia açucareira no nordeste que
1 A
propiciou um intenso êxodo rural e uma grande
aplicação de capitais no setor têxtil em outras 2 A
regiões do país, mas principalmente na região 3 B
norte.
b) o que favoreceu essas transformações foram os 4 C
lucros conseguidos com a produção e a comer-
cialização do café, que deram origem ao capi-
tal para a instalação de industrias e importação
de mão-de-obra estrangeira.
c) a crise provocada pela abolição do tráfico ne-
greiro, que favoreceu a criação de leis que le-

Editora Exato 32
HISTÓRIA

REVOLUÇÃO RUSSA
1. A RÚSSIA DOS CZARES A entrada e a permanência da Rússia na guerra
provocou um pequeno período de euforia, logo subs-
"O Imperador de todas as Rússias é um monar- tituído por insatisfações da população civil e dos
ca autocrata e ilimitado. O próprio Deus determina meios militares. Os soldados, subalimentados e mal-
que o seu poder supremo seja obedecido, tanto por armados, eram dizimados aos milhares nas frentes de
consciência como por temor”. batalha. Estima-se que em dois anos e meio de guer-
Artigo I das Leis Fundamentais do Império
ra, 4 milhões de soldados tenham sido mortos.
No final do século XIX, a Rússia era o Estado
mais extenso da Europa. Apesar disso, o império rus-
so abrigava povos e culturas diversas, com graves de-
sequilíbrios sociais, econômicos e políticos. Um dos
principais problemas era a concentração de terras nas
mãos de poucos proprietários.
A reforma de 1861, realizada pelo czar Ale-
xandre II, liberou os servos e distribuiu terras, mas
não atingiu os resultados esperados. Poucos campo-
neses receberam terras em quantidades suficientes.
Apenas uma minoria de pequenos e médios proprie-
tários, os kulaks, se beneficiaram. O restante da po-
pulação do campo era formada por um miserável
proletariado rural.
O tardio desenvolvimento industrial russo se
deu graças à participação de capitais estrangeiros,
principalmente ingleses e franceses. Mesmo assim, o
desenvolvimento industrial russo foi inferior ao das
demais potências européias. Em 1877, dos cem mi-
lhões de habitantes russos, apenas um milhão eram
operários. O massacre de russos na 1ª Guerra Mundial.
Os czares russos governavam o império com Em fevereiro, eclodiram manifestações popula-
mão de ferro. Na monarquia russa, opositores do re- res, primeiro em Petrogrado e depois por toda a Rús-
gime eram perseguidos por um eficiente aparelho de sia. Em 02 de março de 1917, o Czar abdicou o trono.
repressão policial. Nesse clima, surgiram vários gru- Constituía-se então o primeiro governo provisório,
pos de oposição. controlado pela burguesia liberal, comandado por A-
No final do século XIX, as idéias socialistas lexandre Kerensky.
chegaram até a Rússia. O Partido Social-democrata
abrigava os socialistas russos, entre eles Vladimir I- 3. A REVOLUÇÃO DE OUTUBRO
litch Ulianov, popularmente conhecido como Lenin. As forças políticas, nesse período, estavam di-
2. A REVOLUÇÃO DE FEVEREIRO vididas em três correntes:
 os Kadetes, partido constituído pela bur-
“Enquanto os bolchevistas pretendiam que a guesia liberal. Transformado em guardião
classe operária deveria liderar a revolução, em alian- do conservadorismo, defendia seus direitos
ça principalmente com o campesinato, a maior parte de propriedade e a permanência do país na
dos mencheviques queria que fosse liderada pela guerra;
burguesia e era favorável a alianças com os liberais”.  o Partido Bolchevista representava o ex-
Jorge Milar - Dicionário do Pensamento Marxista.
tremo oposto. Propunha a realização de
A revolução que depôs o regime czarista, des- profundas reformas sociais; defendia o con-
truindo a monarquia, foi conseqüência de uma série fisco das grandes propriedades e o controle
de greves organizadas, em 1917, pela classe operária da indústria pelos operários. Era contrário à
de São Petersburgo, na época já rebatizada de Petro- permanência da Rússia na guerra e insistia
grado. num movimento de boicote ao conflito, a
ser realizado por operários de todo o mun-
do.

Editora Exato 33
HISTÓRIA

 os Menchevistas, que acreditavam numa nha concentrasse seus esforços bélicos na


revolução gradual, realizada por etapas e frente ocidental; e
por meio de medidas reformistas. Eram  a profunda repercussão da revolução no
contrários à guerra, mas não queriam ver a plano internacional; a União Soviética tor-
Rússia derrotada. Viviam numa posição nou-se o foco dos movimentos revolucioná-
bem ambígua. rios comunistas na Europa.
Kerensky assumiu então o poder como primei- A Nova Política Econômica (NEP) - ao fim da
ro-ministro, formando o segundo governo de coali- guerra civil, o país estava totalmente devastado, sua
zão, cuja maioria era constituída de menchevistas e produção industrial reduzida a 18% e sua agricultura,
sociais revolucionários. a 30% do que era em 1913. Assim, a fome e a miséria
grassavam na Rússia soviética. Para promover a re-
construção econômica do país, Lênin concebeu a No-
va Política Econômica, definida como “um passo
atrás para dar dois passos à frente”. A NEP consistiu
na restauração parcial da economia de mercado com
a adoção de uma série de medidas típicas do capita-
lismo. Assim, foram suprimidas as requisições agrí-
colas forçadas, desnacionalizadas as fábricas com
menos de vinte trabalhadores, restabelecida a escala
de salários, permitido o comércio interno e incentiva-
da a introdução de capitais estrangeiros no país. Com
a NEP ocorreu, portanto, a coexistência de dois seto-
res distintos da economia: um estatal, basicamente
socialista, e um privado, tipicamente capitalista. A
Lênin e Trotsky comandam a massa.
NEP, que se estendeu até 1928, trouxe resultados i-
O Partido Bolchevista crescia, e crescia tam-
mediatos: em 1924, a produção industrial atingiu
bém sua influência nos Sovietes. A partir de setem-
50% e a produção agrícola equiparou-se aos índices
bro, os bolchevistas assumiram a maioria dos
de 1913.
Sovietes em Moscou, no Bacu, no Ural, em Donetz e
em mais de cinqüenta cidades. Trotsky elegeu-se pre- 5. O GOVERNO STÁLIN
sidente do Soviete de Petrogrado, o que acabou com
Em 1924, a morte de Lênin desencadeou uma
a hegemonia dos menchevistas e sociais-
luta pelo poder que colocou frente a frente os dois
revolucionários que controlavam a organização. O
mais destacados dirigentes do Partido Bolchevique:
confronto entre a Duma e os Sovietes caminhou a
Tróstski, Comissário do Povo para a guerra, e Stálin,
partir de agosto, após uma tentativa de golpe de direi-
Secretário Geral do partido. Muito mais que uma dis-
ta, liderado por Kornilov.
puta pessoal pelo controle do poder, essa luta repre-
4. A GUERRA CIVIL E O GOVERNO DE LÊ- sentou o confronto entre duas concepções
NIN revolucionárias: de um lado, a teoria da revolução
permanente, defendida por Trótski; de outro, a teoria
Ao tomar o poder, os bolcheviques assinaram a da construção interna do socialismo na Rússia, advo-
paz com a Alemanha. A nacionalização de terras e a gada por Stálin.
administração das fábricas pelos operários constituí- A vitória das teses de consolidação do socia-
ram a grande novidade introduzida pela revolução. lismo interno no Soviet (antiga Duma) entrega o po-
Apesar do auxílio estrangeiro, o governo de der a Stálin que iniciou um período de terror
Lênin triunfou sobre seus inimigos internos e conso- eliminando possíveis opositores em todas as instân-
lidou a revolução comunista no antigo império dos cias da administração, do corpo diplomático, do e-
czares. Politicamente o novo regime proclamou a no- xército, do partido e das universidades. Enviando
va ordem social na Constituição de 1918. A constitu- seus opositores para prisões, exílio na Sibéria, hospi-
ição soviética contém uma Declaração de Direitos do tais psiquiátricos, campos de concentração, ou sim-
“povo explorado e trabalhador”, cujo conteúdo era: plesmente eliminando-os, implantou o domínio do
 a criação do primeiro Estado socialista, ba- terror - os gulags - e realizou uma depuração geral na
seado nas doutrinas de Marx e Lênin; classe dirigente e nos setores intermediários do Esta-
 a independência da Polônia, da Finlândia e do.
dos países bálticos; A URSS, vivendo praticamente isolada do
 o afastamento da Rússia em relação às po- mundo, por decisão própria ou pela implantação do
tências européias, permitindo que a Alema-
Editora Exato 34
HISTÓRIA

Cordão Sanitário, depois da Primeira Guerra, apre- sócio-políticas instauradas pela Revolução Russa de
sentou-se no final da década de 1930 como o grande 1917:
enigma para as potências ocidentais. a) Estatização dos principais meios de produção.
Enclausurada em suas fronteiras desde a revo- b) Legalização do sistema pluripartidarista.
lução socialista, construiu não só um regime alterna- c) Igualdade social de todos os cidadãos, tendo
tivo ao capitalismo como também emergiu como por base os ideais das Revoluções Burguesas.
grande potência, principalmente devido aos planos d) Eliminação das diferenças culturais e religiosas
qüinqüenais (planificação da economia). dos diversos grupos étnicos.

ESTUDO DIRIGIDO
3 A Revolução Russa de 1917 marcou o início de
1 Mencione um dos principais problemas enfrenta- uma nova era na história da sociedade, na medida
dos no czarismo. em que se constitui:
a) na primeira experiência de um regime au-
tocrático.
b) em um desafio à ordem burguesa capitalista.
c) em uma aliança bem sucedida entre burguesia
e proletariado.
2 O que defendiam Mencheviques e Bolcheviques? d) em uma alternativa para superar a ação das
multinacionais.

4 Em 1921, tão logo o exército vermelho pôs fim à


guerra civil, o governo de Lênin criou uma com-
3 Explique a NEP. issão de planejamento econômico (GOSPLAN)
para coordenar a reorganização da economia. As-
sim, em março de 1921, foi adotada a NEP (Nova
Política Econômica). Sob as medidas que com-
punham a NEP, marque a ÚNICA alternativa
CORRETA:
EXERCÍCIOS
a) O governo procurou atrair capitais estrangeiros
1 Em março de 1921, Lênin afirma: “É necessário que foram canalizados para o desenvolvimento
abandonar a construção imediata do socialismo da indústria de base;
para se voltar, em muitos setores econômicos, na b) A agricultura e o comércio foram organizados
direção de um capitalismo de Estado.” Tendo em através de cooperativas;
vista as etapas da Revolução Russa, podemos in- c) Foi estabelecida a liberdade de comércio inter-
terpretar essas declarações no sentido de: no e foram autorizadas as diferenças salariais;
a) Representar o abandono do Comunismo de d) A supervisão geral da economia e o controle
Guerra e o início da Guerra Civil. dos setores vitais, como o comércio, indústria
b) Traduzir o insucesso dos planos qüinqüenais e de base, etc, ficava nas mãos dos trabalha-
o retorno de uma economia capitalista. dores.
c) Indicar a possibilidade do socialismo num só
país, daí a volta ao capitalismo monopolista.
d) Introduzir a Nova Política Econômica (NEP), GABARITO
caracterizada por algumas concessões ao capi-
talismo, a fim de possibilitar o avanço do so- Estudo Dirigido
cialismo. 5 A concentração de terras nas mãos dos latifundiá-
rios.
2 “Quando a terra pertencer aos camponeses e as 6 Mencheviques – revolução baseada também em
fábricas aos operários, e o poder aos soviets, aí princípios liberais capitalistas, de modo gradual e
teremos a certeza de possuir alguma coisa pela reformista; Bolcheviques – defendiam a radicali-
qual lutar – e por ela lutaremos!”. zação socialista (confisco de propriedades e con-
(Cristopher Hill, Lênin e a Revolução Russa) trole das fábricas).
Assinale o item que demonstra o que ocorreu
na União Soviética em decorrência das mudanças 7 Restauração parcial da economia de mercado
com adoção de medidas típicas do capitalismo.
Editora Exato 35
HISTÓRIA

Exercícios
8 D
9 A
10 B
11 A

Editora Exato 36
INGLÊS
INGLÊS

LESSON 1 – ARTICLES
(LIÇÃO 1 – ARTIGOS)
Em inglês há dois tipos de artigos: o Definite Ex: The piano (O piano).
Article (artigo definido) e o Indefinite Article (artigo l) antes de números ordinais.
indefinido). Ex: The first (O primeiro).
m) antes de nomes de famílias no plural.
1. DEFINITE ARTICLE – THE (O, A, OS, AS)
Ex: The Simpsons (Os Simpsons).
O Definite Article (THE) é usado com subs-
tantivos nas formas masculina e feminina, singular e Não se usa o Definite Article
plural. a) antes de nomes próprios.
Ex: The boy is my friend. (O menino é meu Ex: Susan is my sister.
amigo). (Susan é minha irmã).
The boys are my friends. (Os meninos são b) antes de pronomes possessivos.
meus amigos). Ex: Our car is new.
The girl is my friend. (A menina é minha a- (Nosso carro é novo).
miga). c) antes de substantivos usados em sentido
The girls are my friends. (As meninas são geral.
minhas amigas). Ex: Boys like soccer.
(Meninos gostam de futebol).
Usa-se o Definite Article d) antes do nome de refeições.
a) antes de substantivo que é especificado. Ex: It’s time for lunch.
Ex: The boys of our school are in São Paulo. (É hora do almoço).
(Os meninos da nossa escola estão em e) antes de nomes de ciências e línguas.
São Paulo). Ex: English is easy.
b) antes de substantivos únicos da espécie. (Inglês é fácil).
Ex: The sun rises in the est.
2. INDEFINITE ARTICLES – A / AN (UM,
(O sol nasce no leste).
c) antes de nomes de países com as palavras UMA)
Union, United ou Republic ou cujo nome esteja no Os Indefinite Articles (A / AN) são usados
plural. com substantivos nas formas masculina, feminina e
Ex: The United States (Estados Unidos). apenas singular.
The Netherlands (Holanda). Usa-se A (um, uma)
d) antes de nomes de grupos de ilhas, penín- a) antes de palavras iniciadas com som de
sulas, estreitos, canais. consoantes.
Ex: The Bahamas (Bahamas) Ex: a boy (um garoto).
e) antes de nomes de navios. a chair (uma cadeira).
Ex: The Titanic (O Titanic) b) antes de palavras iniciadas por H, quando
f) antes de nomes de hotéis e lojas onde o este for pronunciado.
nome é impessoal. Ex: a horse (um cavalo).
Ex: The Hilton Hotel. (O Hotel Hilton) a house (uma casa).
g) antes de nomes de rios e oceanos. c) antes de palavras iniciadas com som de
Ex: The Amazon River (O rio Amazonas) semi-vogal (som de y ou w).
The Pacific Ocean (O oceano Pacífico) Ex: a university (uma universidade).
h) antes dos pontos cardeais. a year (um ano).
Ex: The sun rises in the est. a European (um europeu).
(O sol nasce no leste).
i) antes de pólos, linhas imaginárias, trópicos.
Usa-se AN (um, uma)
Ex: The Tropic of Cancer. (O trópico de
Câncer) a) antes de palavras iniciadas com som de
vogal.
j) antes de superlativos.
Ex: The best student (O melhor aluno). Ex: an egg (um ovo).
k) antes de nomes de instrumentos musicais. an apple (uma maçã).

Editora Exato 1
INGLÊS

b) antes de palavras iniciadas por H, quando 2 Complete as frases com os artigos indefinidos
este não for pronunciado. (A/AN), quando necessário:
Ex: an hour (uma hora). I’m reading _____ adventure book about _____
an heir (um herdeiro). boy.
I bought _____ used car from _____ old man
Não se usa A e AN who seemed _____ honest person.
a) antes de substantivos no plural. She is eating _____ sandwich and drinking _____
Ex: Horses are mammals. milk.
(Cavalos são mamíferos). Resolução: Usa-se A antes de palavras inici-
b) antes de substantivos incontáveis. adas por som de consoante e AN antes de palavras i-
Ex: I need some information. niciadas por som de vogal. Assim, usa-se A antes de
(Eu preciso de informação). boy (menino, garoto) e sandwich (sanduíche) e usa-se
AN antes de adventure (aventura) e old (velho).
ESTUDO DIRIGIDO Também se usa A antes de palavras iniciadas por
som de semi-vogal e AN antes de palavras iniciadas
1 O que são os artigos em inglês? por som de H, quando este não for pronunciado. Usa-
se A antes de used (usado) e AN antes de honest (ho-
2 Em geral como é usado o artigo definido (THE)? nesto). Não se usa A ou AN antes de substantivos in-
contáveis. Não há artigo antes de milk (leite). Logo, a
resposta é:
3 Quando o artigo definido (THE) não é usado? I’m reading an adventure book about a boy.
(Estou lendo um livro de aventura sobre um garoto)
I bought a used car from an old man who se-
4 Em geral como são usados os artigos indefinidos emed an honest person. (Comprei um carro usado de
(A / AN)? um senhor que parecia ser uma pessoa honesta).
She is eating a sandwich and drinking milk.
5 Quando os artigos indefinidos não são usados? (Ela está comendo um sanduíche e bebendo leite).

EXERCÍCIOS
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
1 Julgue C (certo) ou E (errado) as frases, de acor-
1 Complete as frases com o artigo definido (THE), do com o uso dos artigos em inglês:
quando necessário: ( ) She speaks the Spanish.
_____ Mary doesn’t play _____ soccer but she ( ) The earth is in danger.
plays _____ guitar. ( ) The my car is new.
_____ coffee is the national drink of _____ Bra- ( ) There is a students in my room.
zil. ( ) It takes me an hour to get home.
_____ Smiths moved to _____ United Kingdom. ( ) France is a European country.
Resolução: Não se usa THE antes de nome
próprio e antes de substantivos usados em sentido ge-
ral. Assim, não há artigo antes de Mary (nome pró- Nas questões abaixo marque a alternativa correta:
prio), soccer (futebol) e coffee (café). Usa-se THE 2 ______ Andes are ______ highest mountains in
antes de nome de instrumento musical, antes de nome South América.
de família no plural e antes de nomes de países que a) The – the
estejam no plural ou com as palavras Union, United b) no article – the
ou Republic, então usa-se THE antes de guitar (gui- c) The – no article
tarra ou violão), Smiths (nome de família) e United d) no article – no article
Kingdom (Reino Unido), porém não se usa THE an-
tes de Brazil (Brasil). Portanto a resposta é:
Mary doesn’t play soccer but she plays the 3 We crossed ______ Atlantic Ocean and visited
guitar. (Mary não sabe jogar futebol mas ela sabe to- ______ Paris.
car violão). a) The – the
Coffee is the national drink of Brazil. (Café é b) no article – the
a bebida nacional do Brasil). c) The – no article
The Smiths moved to the United Kingdom. d) no article – no article
(A família Smith modou-se para o Reino Unido).
Editora Exato 2
INGLÊS

4 It’s ______ honor and ______ pleasure to have 6 B


you here.
a) a – a CURIOSITY (CURIOSIDADE)
b) a – an
c) an – an BARBECUE = Churrasco
d) an – a
They’re having a barbecue on Saturday.
Eles vão fazer um churrasco no sábado.
5 The students brought ______ apple, ______ use-
ful book and ______ coffee for the teacher. O barbecue inglês, ou americano, é normal-
a) a – a – an mente feito ao ar livre, e são convidados amigos e pa-
b) a – an – no article rentes. Não se serve a mesma quantidade de carne
c) an – an – a como num churrasco brasileiro, mas costuma-se ser-
d) an – a – no article vir várias comidas além da carne, como peixe, lingüi-
ça, salsicha e hambúrguer. Como abreviação,
escreve-se “Bar-B-Q”. Informalmente, em inglês aus-
6 She went on ______ exciting trip. ______ trip traliano, barbecue é chamado de barbie, mas isso não
was to ______ India. tem nada a ver com a boneca famosa de mesmo no-
a) a – The – an me!
b) an – The – no article
c) an – The – a
d) the – no article – an

GABARITO

Estudo dirigido
1 Em inglês, há dois tipos de artigos: o Definite
Article (artigo definido) e o Indefinite Article (ar-
tigo indefinido).
2 É usado com substantivos nas formas masculina
e feminina, singular e plural.
3 Não se usa o artigo definido antes de nomes pró-
prios, antes de pronomes possessivos, antes de
substantivos usados em sentido geral, antes do
nome de refeições e antes de nomes de ciências e
línguas.
4 São usados com substantivos nas formas mascu-
lina, feminina e apenas singular. O artigo A antes
de palavras iniciadas com som de consoante e o
artigo AN antes de palavras iniciadas com som de
vogal.
5 Não se usa os artigos indefinidos antes de subs-
tantivos no plural e antes de substantivos incon-
táveis.
Exercícios
1 E, C, E, E, C, C
2 A
3 C
4 D
5 D

Editora Exato 3
INGLÊS

LESSON 2 – NOUNS
(LIÇÃO 2 – SUBSTANTIVOS)
steward (comissário) stewardess (comissária)
1. GENDER OF NOUNS (GÊNERO DOS
lion (leão) lioness (leoa)
SUBSTANTIVOS)
tiger (tigre) tigress (tigresa)
Há quatro gêneros em inglês: o masculino, o
feminino, o neutro e o comum. c) Anteposição e posposição de palavras –
O masculino é usado para se referir a pesso- Acrescenta-se uma palavra antes ou depois de pala-
as e animais do sexo masculino. Exemplos: man vras femininas ou masculinas para se determinar o
(homem), king (rei), cock (galo). gênero. Ex:
O feminino é usado para se referir a pessoas
e animais do sexo feminino. Exemplos: woman (mu- MASCULINO FEMININO
lher), queen (rainha), hen (galinha). Frenchman (francês) Frenchwoman (francesa)
O neutro é usado para se referir a coisas ina- grandfather (avô) grandmother (avó)
nimadas. Exemplos: table (mesa), door (porta), knife he-bear (urso) she-bear(ursa)
(faca). bull-elephant (ele- cow-elephant (elefante
O comum é usado para se referir a pessoas fante macho) fêmea)
de ambos os sexos. A mesma palavra é usada para o
masculino e para o feminino. Exemplos: child (crian-
ça), cousin (primo(a)), person (pessoa), neighbor (vi- 2. PLURAL OF NOUNS (PLURAL DOS
zinho(a)), doctor (médico(a)). SUBSTANTIVOS)
Diferente do português, a maioria dos subs- Para formar o plural dos substantivos em in-
tantivos em inglês têm a mesma forma para o mascu- glês, deve-se seguir as seguintes regras:
lino e para o feminino, ou seja, é comum para os dois a) Regra geral: acrescenta-se S à forma sin-
gêneros. gular do substantivo. Ex:
O gênero dos substantivos pode ser indicado
por:
SINGULAR PLURAL
a) Palavras diferentes – Os substantivos têm
car (carro) cars (carros)
formas diferentes para o masculino e para o femini-
table (mesa) tables (mesas)
no. No caso dos animas mais comuns, há em geral
palavras distintas para o macho e para a fêmea. Ex:
b) Substantivos terminados em X, S, SH,
CH, Z: acrescenta-se ES à forma do singular subs-
MASCULINO FEMININO
tantivo. Ex:
boy (menino) girl (menina)
brother (irmão) sister (irmã)
SINGULAR PLURAL
bull (boi) cow (vaca)
box (caixa) boxes (caixas)
father (pai) mother (mãe)
kiss (beijo) kisses (beijos)
man (homem) woman (mulher)
brush (escova) brushes (escovas)
nephew (sobrinho) niece (sobrinha)
watch (relógio) watches (relógios)
son (filho) daughter (filha)
buzz (zunido) buzzes (zunidos)
uncle (tio) aunt (tia)
c) Substantivos terminados em Y: há dois
b) Terminações diferentes – Acrescenta-se casos.
uma terminação (-ess) a palavra masculina para se - se o Y for precedido por vogal: aplica-se a
formar a feminina. Ex: regra geral.
- se o Y for precedido por consoante: substi-
MASCULINO FEMININO tui-se o Y por i e acrecenta-se ES. Ex:
actor (ator) actress (atriz)
waiter (garçon) waitress (garçonete) SINGULAR PLURAL
heir (herdeiro) heiress (herdeira) boy (menino) boys (meninos)
fly (mosca) flies (moscas)
Editora Exato 4
INGLÊS

d) Substantivos terminados em O: há dois g) Substantivos que têm a mesma forma


casos. para o singular e para o plural. Ex:
- se o O for precedido por vogal: aplica-se a
regra geral. SINGULAR E PLURAL
- se o O for precedido por consoante: acres- fish (peixe – peixes)
centa-se ES. Ex: sheep (ovelha – ovelhas)
deer (veado – veados)
SINGULAR PLURAL shrimp (camarão – camarões)
radio (radio) radios (rádios) aircraft (aeronave – aeronaves)
hero (herói) heroes (heróis)
Apesar das regras e exceções para se formar
e) Substantivos terminados em F ou FE: os o plural dos substantivos em inglês, sempre que hou-
substantivos perdem o F ou FE final e acrescenta-se ver dúvida o melhor é consultar um dicionário para
VES. Ex: ter certeza da forma do plural dos substantivos.

SINGULAR PLURAL 3. COUNTABLE AND UNCOUNTABLE


calf (bezerro) calves (bezerros) NOUNS (SUBSTANTIVOS CONTÁVEIS E
half (metade) halves (metades) INCONTÁVEIS)
knife (faca) knives (facas) a) Countable Nouns – substantivo contável
life (vida) lives (vidas) é todo aquele que se pode efetivamente contar indivi-
shelf (prateleira) shelves (prateleiras) dualmente. Eles possuem uma forma para o singular
thief (ladrão) thieves (ladrões) e uma forma para o plural. É o caso da maioria dos
wife (esposa) wives (esposas) substantivos. Ex:
I need two tables.
Porém, há alguns substantivos terminados em (Eu preciso de duas mesas).
F que admitem as 2 formas de plural: acrescentando- b) Uncountable Nouns – substantivo incon-
se S ou VES. Ex: tável é todo aquele em que é necessária a utilização
de uma unidade de medida para se poder contá-lo.
SINGULAR PLURAL (S) PLURAL Em geral, são os substantivos que se referem a subs-
(VES) tâncias, qualidades ou idéias abstratas. Eles não ad-
scarf (cachecol) scarfs (ca- scarves (cache- mitem plural. Ex:
checóis) cóis) I need 2 kilos of sugar.
wharf (o cais) wharfs (os cais) wharves (os (Eu preciso de dois quilos de açúcar)
cais) Lista de alguns substantivos contáveis
roof (telhado) roofs (telhados) rooves (telha- e incontáveis em inglês
dos)
Countable Nouns Uncountable Nouns
f) Plurais irregulares: há substantivos que bird (pássaro) advice (conselho)
não obedecem as regras de formação do plural, pos- car (carro) gold (ouro)
suindo assim formas peculiares. Ex: girl (garota) information (informação)
house (casa) news (notícia)
SINGULAR PLURAL table (mesa) furniture (móvel)
man (homen) men (homens) fork (garfo) water (água)
woman (mulher) women (mulheres) chair (cadeira) fire (fogo)
child (criança) children (crianças) orange (laranja) salt (sal)
foot (pé) feet (pés) song (canção) music (música)
tooth (dente) teeth (dentes) dollar (dólar) money (dinheiro)
mouse (camundongo) mice (camundongos) flower (flor) love (amor)
goose (ganso) geese (gansos) bottle (garrafa) power (poder)
louse (piolho) lice (piolhos)
ox (boi) oxen (bois)
person (pessoa) people (pessoas)

Editora Exato 5
INGLÊS

4. POSSESSIVE CASE / GENITIVE CASE i) Quando o caso possessivo não for segui-
(CASO POSSESSIVO OU CASO GENITI- do pela coisa possuída: a coisa possuída está suben-
VO) tendida.
Ex: They are at the McDonald’s (Ou seja,
O caso possessivo é típico do inglês e é usa- They are at the McDonald’s Snackbar) (Eles estão
do para indicar posse. É formado pelo acréscimo de no McDonald – Eles estão na lanchonete McDonald).
um apóstrofo ( ‘ ) seguido de S após o nome do pos- j) Cuidado para não confundir o caso posses-
suidor que precederá sempre a coisa possuída. O uso sivo (‘S) com a forma abreviada do verbo to be na 3ª
de ‘S refere-se a substituição da preposição OF (de) pessoa do singular (is).
para indicar a relação de posse entre pessoas, ani- Ex: Ted’s father is a doctor (O pai de Ted é
mais, lugares, etc. Ex: médico).
John’s car (The car of John). Ted’s an intelligent boy (Ted é um garoto in-
(O carro de John). teligente).
The elephant’s trunk (The trunk of the ele-
phant). 5. NUMBERS
(A tromba do elefante). O quadro abaixo apresenta os números cardi-
Casos especiais nais e ordinais por extenso em inglês. A seguir, have-
a) Quando o possuidor estiver no plural rá algumas considerações importantes sobre o uso
(terminar em s): acrescenta-se apenas o apostrofo (‘). desses números.
Ex: The boys’ mother (A mãe dos meninos).
b) Com nomes próprios terminados em S: Cardinal Numbers Ordinal Numbers
acrescenta-se ‘S ou apenas o apostrofo (‘). (Números Cardinais) (Números Ordinais)
Ex: Iris’s house is big / Iris’ house is big (A 0 – zero -------
casa de Iris é grande). 1 – one 1st – first
c) No caso de nomes clássicos terminados 2 – two 2nd – second
em S: acrescenta-se apenas o apostrofo (‘). 3 – three 3rd – third
Ex: Jesus’ life (A vida de Jesus). 4 – four 4th – fourth
d) Com substantivos compostos: acrescen- 5 – five 5th – fifth
ta-se ‘S ou apenas o apostrofo (‘) à última palavra. 6 – six 6th – sixth
Ex: My brother-in-law’s job is interesting 7 – seven 7th – seventh
(O emprego do meu cunhado é interessante). 8 – eight 8th – eighth
e) Não se usa o caso possessivo se o possui-
9 – nine 9th – ninth
dor for um objeto: usa-se a construção OF THE ou
10 – ten 10th – tenth
a inversão.
11 – eleven 11th – eleventh
Ex: The leg of the table is broken / The ta-
ble leg is broken (A perna da mesa está quebrada). 12 – twelve 12th – twelveth
f) Com expressões de espaço, tempo e me- 13 – thirteen 13th – thirteenth
dida: usa-se o caso possessivo. 14 – fourteen 14th – fourteenth
Ex: Next week’s test (A prova da semana 15 – fifteen 15th – fifteenth
que vem). 16 – sixteen 16th – sixteenth
Ten miles’s distance (Distância de 10 mi- 17 – seventeen 17th – seventeenth
lhas). 18 – eighteen 18th – eighteenth
g) Quando se tratar de apenas 1 objeto 19 – nineteen 19th – nineteenth
possuído e vários possuidores: acrescenta-se ‘S ou 20 – twenty 20th – twentieth
apenas o apostrofo (‘) no último possuidor. 21 – twenty-one 21st – twenty-first
Ex: Bob and Sue’s mother lives in Brazil (A 22 – twenty-two 22nd – twenty-second
mãe de Bob e Sue mora no Brasil – A mãe de Bob e 23 – twenty-three 23rd – twenty-third
Sue é a mesma, ou seja, eles são irmãos). 24 – twenty-four 24th – twenty-fourth
h) Quando se tratar de vários objetos pos- 25 – twenty-five 25th – twenty-fifth
suídos e vários possuidores: acrescenta-se ‘S ou a- 26 – twenty-six 26th – twenty-sixth
penas o apostrofo (‘) a todos os possuidores. 27 – twenty-seven 27th – twenty-seventh
Ex: Bob’s and Sue’s mothers live in Brazil 28 – twenty-eight 28th – twenty-eighth
(As mães de Bob e Sue moram no Brasil – Cada um 29 – twenty-nine 29th – twenty-ninth
tem sua mãe, eles não são irmãos). 30 – thirty 30th – thirtieth
40 – forty 40th – fortieth
Editora Exato 6
INGLÊS
th
50 – fifty 50 – fiftieth ESTUDO DIRIGIDO
60 – sixty 60th – sixtieth
70 – seventy 70th – seventieth 1 Quais são os gêneros dos substantivos em inglês?
80 – eighty 80th – eightieth
90 – ninety 90th – ninetieth
2 Como é indicado o gênero dos substantivos em
100 – one / a hundred 100th – one/a hundredth
inglês?
1,000 – one/a thousand 1,000th - one/a thousandth
1,000,000–one/a million 1,000,000th–one/a millionth
Considerações sobre os números em 3 Como pode ser indicado o plural dos substantivos
em inglês?
inglês:
a) Quando escrevemos os números cardinais
ou ordinais por extenso, a unidade e a dezena são 4 O que é substantivo contável e substantivo incon-
sempre separadas por hífen. tável? Dê exemplos.
Ex:
32 – thirty-two.
84th – eighty-fourth. 5 O que é o Possessive Case? Para que ele é usado?
257 – two hundred and fifty-seven.
185th – one hundred and eighty-fifth.
b) A pontuação dos números em inglês é di- EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
ferente, na realidade, é oposta à do português. Usa-se 1 Marque a alternativa em que o gênero da palavra
vírgula no lugar do ponto e ponto no lugar da vírgula. esteja correto:
Ex: 2.125,39 (português) - 2,1225.39 (inglês). a) husband – neutro
c) Para diferenciar os números cardinais dos b) poetess – masculino
ordinais em português, usa-se os símbolos: ª ou º de- c) bed – feminino
pois dos números ordinais. Em inglês, não existe es- d) nurse – comum
tes sinais. Usa-se no lugar deles as duas últimas letras Resolução: A palavra husband significa
do número ordinal por extenso para tal diferenciação. marido, então pertence ao gênero masculino e seu
Ex: feminino é wife (esposa). A palavra poetess significa
1st – first. poetisa, então pertence ao gênero feminino e seu
15th – fifteenth. masculino é poet (poeta). A palavra bed significa
33rd – thirty-third. cama (coisa inanimada), então pertence ao gênero
d) Em inglês é comum usar o plural das de- neutro. E a palavra nurse significa enfermeira ou
zenas para se referir a décadas ou a fase de idade das enfermeiro e, como é usada para se referir a pessoas
pessoas. de ambos os sexos, é considerada do gênero comum.
Ex: A resposta correta é letra d.
In the seventies – Nos anos 70.
Ted is in his forties – Ted é “quarentão”.
e) Quando os anos são escritos por extenso, 2 Marque a alternativa que apresente os plurais de
deve-se separá-los em duas dezenas, quando se tratar fish, goose, wolf e policeman, respectivamente.
de anos até 1999. E com os anos a partir do ano 2000, a) fishes, gooses, wolfes, policemans.
a escrita é igual ao do português. b) fish, gooses, wolves, policemans.
Ex: c) fish, geese, wolves, policemen.
1568 – fifteen sixty-eight (quinze sessenta e d) fishes, geese, wolfes, policemen.
oito). Resolução: A palavra fish tem a mesma for-
1994 – nineteen ninety-four (dezenove no- ma para o singular e para o plural. O plural das pala-
venta e quatro). vras goose e policeman é irregular: geese e
2000 – two thounsand (dois mil). policemen. E o plural da palavra wolf é wolves. Res-
2010 – two thounsad and ten (dois mil e dez). posta correta letra c.

3 Marque a alternativa que complete corretamente


a frase: “This is my _________________ book”.
a) sister-in-law’s.
b) sister-in’s-law.
c) sister’s-in-law.
Editora Exato 7
INGLÊS

d) sister’s-in’s-law’s. 6 De acordo com o estudo do plural dos substanti-


Resolução: O caso possessivo(‘S) é usado vos, marque a seqüência correta das palavras a
para indicar posse. No caso de substantivos compos- seguir: foot, sheep, dish, potato.
tos o (‘S) é usado apenas na última palavra. A respos- a) foots, sheeps, dishs, potatos.
ta correta é letra a. b) feet, sheeps, dishs, potatoes.
c) feet, sheep, dishes, potatoes.
EXERCÍCIOS d) foots, sheep, dishes, potatos.
1 Julgue C (certo) ou E (errado) as afirmações a-
baixo, em relação ao gênero dos substantivos: 7 Marque a alternativa que apresente apenas susb-
1 O substantivo friend é do gênero masculino. tantivos incontáveis em inglês:
2 O feminino da palavra nephew é niece. a) money, water, advice, news.
3 Os substantivos heir (herdeiro) e heiress b) girl, information, gold, love.
(herdeira) indicam o gênero por palavras dife- c) bird, student, flower, song.
rentes. d) sugar, salt, milk, car.
4 O gênero neutro é usado para se referir a pes-
soas, animais ou coisas inanimadas.
5 A anteposição e a posposição de palavras 8 Marque a alternativa incorreta de acordo com a
também é uma forma de indicar o gênero dos classificação dos substantivos abaixo:
substantivos. Exemplo: grandson (neto) e a) hour (hora) – susbtantivo contável.
granddaughter (neta). b) people (pessoas) – substantivo contável.
c) dollar (dólar) – substantivo incontável.
d) furniture (móvel) – substantivo incontável.
2 Dadas as afirmações de que o feminino de:
I – singer é singer;
II – king é queen; 9 Marque a alternativa que tenha a frase correta em
III – prince é princess. relação ao emprego do caso possessivo em in-
Estão corretas as afirmações: glês:
a) I e II. a) Bob and Joe’s eyes are blue.
b) I e III. b) Saly and Susan’s father is an engineer.
c) II e III. c) The room’s window is open.
d) Todas. d) The students’s books are under the table.

3 Todas as palavras seguem a mesma regra para 10 Observe as frases a seguir:


formar o plural, exceto: I – Your mother-in-law’s car is not working.
a) Plural em ES – watch, Box, Kiss, sky. II – We bought many clothes at Pernanbucanas’.
b) Plural em IES – daisy, lady, baby, city. III – James’s house is big.
c) Plural em S – cowboy, valley, way, day. Estão corretas as frases:
d) Plural em VES – wife, leaf, loaf, knife. a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
4 De acordo com o estudo do plural, marque a al- d) Nenhuma.
ternativa que completa corretamente a frase:
“Those ________ are afraid of these ________.”
a) ladys – mice. GABARITO
b) lady – mouse.
c) ladies – mouses. Estudo dirigido
d) ladies – mice. 1 Há quatro gêneros em inglês: o masculino (refe-
re-se a pessoas e animais do sexo masculino), o
5 Sobre o plural dos substantivos, identifique a re- feminino (refere-se a pessoas e animais do sexo
lação correta: feminino), o neutro (refere-se a coisas inanima-
a) man – mans. das) e o comum (refere-se a pessoas de ambos os
b) tomato – tomatoes. sexos).
c) child – childs. 2 O gênero pode ser indicado por palavras diferen-
d) life – lifes. tes (há palavras diferentes para o masculino e pa-

Editora Exato 8
INGLÊS

ra o feminino), terminações diferentes (há o a- CURIOSITY (CURIOSIDADE)


créscimo de uma terminação na palavra masculi-
na para se formar a feminina) ou anteposição e GOODBYE = Tchau
posposição de palavras ( há o acréscimo de uma
palavra antes ou depois de palavras femininas ou Goodbye, see you tomorrow.
masculinas para se determinar o gênero). Tchau, até amanhã.
3 O plural dos substantivos pode ser indicado pe-
las terminações S, ES ou IES ou pelas formas ir- A palavra goodbye vem do século XVI e é
regulares de plural. uma contração de God be with you – ao pé da letra
“Deus esteja com você” –, parecido com o português
4 Substantivo contável é todo aquele que se pode “adeus”. A palavra God (Deus) virou good (bom, bo-
efetivamente contar individualmente. Eles possu- a), seguindo o padrão das expressões já existentes
em uma forma para o singular e uma forma para good morning (bom dia), good afternoon (boa tarde),
o plural. Exemplos: bird (pássaro), car (carro), good evening (boa noite). Informalmente, fala-se bye-
girl (garota), house (casa). Substantivo incontável bye ou simplesmente bye. Em inglês britânico infor-
é todo aquele em que é necessária a utilização de mal, fala-se também cheerio, cheers e ta-ta.
uma unidade de medida para se poder contá-lo.
Em geral, são os substantivos que se referem a
substâncias, qualidades ou idéias abstratas. Eles
não admitem plural. Exemplos: water (água), mu-
sic (música), love (amor), advice (conselho).
5 O Possessive Case ou Genitive case é típico do
inglês e é usado para indicar posse. É formado
pelo acréscimo de um apóstrofo ( ‘ ) seguido de S
após o nome do possuidor, que precederá sempre
a coisa possuída.
Exercícios
1 E, C, E, E, C
2 D
3 D
4 D
5 B
6 C
7 A
8 C
9 B
10 A

Editora Exato 9
INGLÊS

LESSON 3 –PRONOUNS - I
(LIÇÃO 3 – PRONOMES - I)
This is my house. (Esta é minha casa).
1. DEMONSTRATIVE PRONOUNS (PRONO-
These cars are mine. (Estes carros são meus).
MES DEMONSTRATIVOS) These are her friends. (Estas são as amigas
Perto Longe dela).
Singular This este, es- That aquele, aquela, b) That e Those referem-se a algo ou alguém
ta, isto aquilo que está longe de quem fala.
Plural These estes, Those aqueles, aque- Ex:
estas, las, aquilo That girl over there is my sister. (Aquela ga-
isto rota bem ali é minha irmã)
That is my friend John. (Aquele é meu ami-
Uso dos Demonstrative Pronouns:
go John).
a) This e These referem-se a algo ou alguém Those girls are pretty. (Aquelas garotas são
que está próximo de quem fala. lindas).
Ex:
Those are my brothers. (Aqueles são meus
This book is interesting. (Este livro é interes- irmãos).
sante).

2. PERSONAL PRONOUNS (PRONOMES PESSOAIS)


Pessoa Subject Pronouns Object Pronouns
(Pronomes Sujeito) (Pronomes Objetos)
1ª do singular I Eu me me, mim, comigo
2ª do singular You Tu / Você you te, ti, contigo
3ª do singular masculino He Ele him o, lhe, se, si, consigo
3ª do singular feminino She Ela her a, lhe, se, si, consigo
3ª do singular neutro It Ele / Ela it lhe, se, si
1ª do plural We Nós us nos, conosco
2ª do plural You Vós / Vocês you vos, convosco
3ª do plural They Eles / Elas them os, as, lhe, se, si, consigo

Observações Importantes: Ex: Bob is my brother. He is eighteen years


a) I: o pronome de 1ª pessoa do singular é old. (Bob é meu irmão. Ele tem dezoito anos).
sempre grafado com letra maiúscula, mesmo no meio d) She: é o pronome de 3ª pessoa do singular
das frases. quando se refere a pessoas do sexo feminino. Porém,
Ex: Susan and I are neighbours. (Susan e eu esse pronome pode ser usado para substituir nomes
somos vizinhas). de navios.
b) You: é o pronome de 2ª pessoa tanto do Ex: My mother cooks every day. But she
singular quanto do plural. Esse pronome possui doesn’t like to cook. (Minha mãe cozinha todos os
também a mesma forma para as duas funções dos dias. Mas, ela não gosta de cozinhar).
Personal Pronouns (Subject - sujeito e Object - e) It: é o pronome de 3ª pessoa do singular
objeto). Apenas o contexto dirá qual o pronome e quando se refere a animais e objetos inanimados. Po-
qual a pessoa a que a frase se refere. rém, quando se trata de animais de estimação pode-se
Ex: usar os pronomes He (ele) ou She (ela). Além disso,
I gave you a present. – Object Pronoun (sin- it possui também a mesma forma para as duas fun-
gular) (Eu lhe dei um presente). ções dos Personal Pronouns (Subject - sujeito e
You are my best friends. – Subject Pronun Object - objeto) e somente o contexto dirá de qual
(plural) (Vocês são meus melhores amigos). pronome se trata a frase.
c) He: é o pronome de 3ª pessoa do singular
quando se refere a pessoas do sexo masculino.

Editora Exato 10
INGLÊS

Ex: The dog is hungry. It wants some food. Ex:


(O cachorro está com fome. Ele quer um pouco de I am Brazilian. (Eu sou brasileiro).
comida). They like soccer. (Eles gostam de futebol).
f) They: é o pronome de 3ª pessoa do plural. b) Os Object Pronouns equivalem aos Pro-
Não há distinção entre pessoas, animais e objetos. nomes do Caso Oblíquo em português. Eles têm
Assim, usa-se they em todos os casos. função de objeto (direto ou indireto) dos verbos nas
Ex: Susan, John and Tom study English frases e por isso são posicionados depois de verbos
every day. They like it very much. (Susan, John e ou preposições.
Tom estudam inglês todos os dias. Eles gostam mui- Ex:
to). Mary loves him. (Mary o ama).
g) Em inglês, há sempre um sujeito expresso John gave some flowers to her. (John deu
nas frases, por isso ocorre a repetição de pronomes. flores a ela).
Não se admite sujeito oculto em inglês; assim, It é
3. POSSESSIVE ADJECIVE AND POSSES-
usado em orações impessoais que em português têm
há sujeito. SIVE PRONOUNS (ADJETIVOS POSSES-
Ex: SIVOS E PRONOMES POSSESSIVOS)
It is raining a lot. (Está chovendo muito). Como o próprio nome sugere, os possessivos
It is difficult to learn Japanese. (É difícil a- são usados para indicar posse em inglês, assim como
prender japonês). o caso possessivo ou genitivo que já foi estudado. Os
Função dos Personal Pronouns: adjetivos possessivos são usados como adjetivos nas
a) Os Subject Pronouns equivalem aos Pro- frases sempre acompanhando o substantivo. E os
nomes do Caso Reto em português. Eles têm função pronomes possessivos são usados como pronomes
de sujeito das frases e por isso são colocados sempre nas frases substituindo os substantivos.
antes do verbo, geralmente no início das frases.

Pessoa Possessive Adjectives Possessive Pronouns


(Adjetivos Possessivos) (Pronomes Possessivos)
1ª do singular my meu(s), minha(s) mine (o) meu(s), (a) minha(s)
2ª do singular your teu(s), tua(s) yours (o) teu(s), (a) tua(s)
3ª do singular masculino his dele(s) his (o) dele(s)
3ª do singular feminino her dela(s) hers (a) dela(s)
3ª do singular neutro its dele(s), dela(s) its (o) dele(s), (a) dela(s)
1ª do plural our nosso(s), nossa(s) ours (o) nosso(s), (a) nossa(s)
2ª do plural your teu(s), tua(s) yours (o) teu(s), (a) tua(s)
3ª do plural their deles, delas theirs (os) deles, (as) delas

Observações Importantes: não com a coisa possuída como acontece em portu-


a) Os Possessive Adjectives são sempre usa- guês.
dos antes de um substantivo. Ex: I love my girl, you love yours. (Eu amo
Ex: This is my book. (Este é meu livro). minha garota e você ama a sua).
b) Os Possessive Pronouns não aparecem e) Os Possessive Pronouns são usados após
antes de um substantivo, na realidade ele é usado no construções com um substantivo + a preposição of.
lugar do substantivo. Ex: She is a friend of mine. (Ela é uma ami-
Ex: This book is mine. (Este livro é o meu). ga minha).
c) Os Possessive Pronouns são usados para
evitar a repetição de um substantivo que já foi men- ESTUDO DIRIGIDO
cionado na frase. 1 Quais são os pronomes demonstrativos em in-
Ex: glês? Como eles são usados?
Your car is black and mine is white. (Seu
carro é preto e o meu é branco).
Your car is black and my car is white. (Seu 2 Como são divididos os pronomes pessoais em in-
carro é preto e o meu carro é branco) glês? Qual é a função de cada um deles nas fra-
d) Tanto os Possessive Adjectives quanto os ses?
Possessive Pronouns concordam com o possuidor e

Editora Exato 11
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3 Qual é a função dos Possessive Adjectives e dos b) Apenas duas.


Possessive Pronouns em inglês? Como eles são c) Todas.
usados nas frases? d) Nenhuma.
Resolução: Na primeira frase deve-se usar
um Possessive Adjective, pois o possessivo está a-
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS companhado de substantivo, e o possessivo que con-
corda com o possuidor (She) é her. Na segunda frase
1 Marque a alternativa que empregou corretamente deve-se usar um Possessive Adjective (pois o pos-
os Demonstrative Pronouns: sessivo está acompanhado de substantivo) no primei-
a) That shoes are mine. ro caso e um Possessive Pronoun (pois o possessivo
b) I am tired of this job. não está acompanhado de substantivo) no segundo. O
c) Let’s play with those child. possessivo que concorda com o primeiro possuidor
d) These chair is very comfortable. (Peter) é his e o segundo possessivo que concorda
Resolução: Usa-se this e that para o singular com o possuidor ( I ) é mine. Na terceira frase deve-
e these e those para o plural. Na primeira frase that se usar um Possessive Adjective, pois o possessivo
deve ser acompanhado de uma palavra no singular e está acompanhado de substantivo, e o possessivo que
shoes está no plural. Na segunda frase this deve ser concorda com o possuidor (We) é our. E, na quarta
acompanhado de uma palavra no singular e job está frase, deve-se usar um Possessive Pronoun, pois o
no singular. Na teceira frase those deve ser acompa- possessivo não está acompanhado de substantivo, e o
nhado de uma palavra no plural e child está no singu- possessivo que concorda com o possuidor implícito
lar. Na última frase these deve ser acompanhado de (I) é mine. Assim, a resposta correta é a letra b.
uma palavra no plural e chair está no singular. Então,
a resposta é a letra b. EXERCÍCIOS

1 Marque a alternativa que empregou corretamente


2 Marque a alternativa que substitua corretamente os pronomes demonstrativos:
os termos grifados da frase: Paul loves Carol but a) That men is Chinese.
Carol loves Tom and Bob. b) These boxes are empty.
a) He – she – I – they. c) Those orange is delicious.
b) It – her – her – he. d) This computers are broken.
c) She – it – he – him.
d) He – her – she – them.
Resolução: Há duas frases. Na primeira frase 2 O plural da frase “This boy is a good actor” é:
Paul tem função de sujeito, pois está antes do verbo a) This boys is a good actors.
então só pode ser substituído por He (Subject Pro- b) That boys is a good actors.
noun para pessoa do sexo masculino). Ainda na pri- c) These boys are good actors.
meira frase, Carol tem função de objeto direto do d) Those boys are a good actors.
verbo, pois está depois do verbo love então só pode
ser substituída por her (Object Pronom para pessoa
3 A tradução da frase: “Aqueles alunos estão na sa-
do sexo feminino). Na segunda frase (que começa
la de aula” é:
depois da conjunção but – mas), Carol tem função
a) This students are in the classroom.
de sujeito, pois está antes do verbo então só pode ser
b) That student are in the classroom.
substituída por She (Subject Pronon para pessoa do
c) Those students are in the classroom.
sexo feminino). E Tom and Bob têm função de obje-
d) These student is in the classroom.
to direto da segunda frase, pois estão depois do verbo
love, então só podem ser substituídos por them (Ob-
ject Pronoun para 3ª pessoa do plural). Então, a res- 4 Marque a alternativa que substitui corretamente
posta correta é a letra d. os termos grifados na frase: “Paul, Robert and I
gave flowers to Helen”.
a) They – its – she.
3 Analise as frases abaixo e veja quantas emprega-
b) We – them – her.
ram corretamente os Possessivos.
c) We – its – her.
I – She loves her husband.
d) They – them – she.
II – Peter brought his dog and I brought mine.
III – We are reading ours newspaper.
IV – This umbrella is my.
a) Apenas uma.
Editora Exato 12
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5 Complete a frase com o pronome em inglês que 4 Na frase “They decided to spend their vaca-
completa corretamente a frase: “Come with tion in New York” a palavra grifada morfolo-
_________ (nós)”. gicamente é um Possessive Adjective
a) we. (Adjetivo Possessivo).
b) you. 5 Em inglês, sempre há um sujeito expresso nas
c) them. frases.
d) us.

GABARITO
6 Complete as frases abaixo com os pronomes que
substituem as palavras sublinhadas. Em seguida, Estudo dirigido
marque a seqüência correta:
I – The dog is in the house. ________ is in the 1 Os pronomes demonstrativos em inglês são: this
house. (este, esta, isto), these (estes, estas, isto), that (a-
II – Is Mr. Browm a doctor? ________ a doctor? quele, aquela, aquilo) e those (aqueles, aquelas,
III – Sally is French. ________ She is French. aquilo). This (singular) e these (plural) são usa-
IV – Bob and Jack are in the kitchen. ________ dos para se referir a algo ou alguém que está pró-
are in the kitchen. ximo de quem fala. E that (singular) e those
a) it – he – she – they (plural) são usados para se referir a algo ou al-
b) it – it – she – he guém que está longe de quem fala.
c) he – he – she – they 2 Os pronomes pessoais em inglês são divididos
d) it – she – he – they em: Subject Pronouns e Object Pronouns. Os
Subject Pronouns equivalem aos Pronomes do
7 Marque a alternativa que empregou corretamente Caso Reto em português e têm função de sujeito
os possessivos em inglês: das frases e por isso são colocados sempre antes
a) Those shoes are his. do verbo principal. Os Object Pronouns equiva-
b) This sweater is her. lem aos Pronomes do Caso Oblíquo em portu-
c) I don’t like theirs friends. guês e têm função de objeto (direto ou indireto)
d) You can sell yours car. das frases sendo posicionados depois de verbos
ou preposições.

8 Marque a alternativa que complete corretamente 3 Os possessivos (tanto adjetivos quanto prono-
a frase: “We are reading ________ books. Is she mes) são usados para indicar posse em inglês. Os
adjetivos possessivos são usados como adjetivos
reading ________ ?”.
a) our – her. nas frases sempre acompanhando o substantivo.
b) ours – her. E os pronomes possessivos são usados como pro-
c) ours – hers. nomes nas frases substituindo os substantivos.
d) our – hers. Exercícios
1 B
9 Na frase “These are _________ pen, not 2 C
________” qual a alternativa que contém os pos-
sessivos para completá-la corretamente? 3 C
a) my – your. 4 B
b) my – yours.
c) mine – yours. 5 D
d) mine – your. 6 A
7 A
10 Julgue C (certo) ou E (errado) as afirmações a 8 D
seguir sobre o uso dos pronomes:
1 A frase “Those are my parents” está no plural. 9 B
2 Na frase “The dog is old” “The dog” pode ser 10 C, E, E, C, C
substituído por “He”.
3 Na frase “Joe and I live in Miami” “Joe and
I” pode ser substituído por “They”.

Editora Exato 13
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LESSON 4 – TO BE AND THERE TO BE


(LIÇÃO 4 – TO BE E THERE TO BE)
They are They’re Eles/Elas são/estão
1. TO BE (SER / ESTAR)
Usa-se o verbo to be
O verbo to be (ser/estar) é geralmente o pri- a) para dizer a profissão das pessoas.
meiro verbo que se aprende quando se estuda inglês Ex:I am a dentist (Eu sou dentista).
por três motivos: b) para dizer a nacionalidade ou naturalidade
 Primeiro: pelo seu significado: é o verbo das pessoas.
ser ou estar em português. Ex: Ronaldinho is from Brazil. (Ronaldinho
 Segundo: por ser um verbo irregular: sua nasceu no Brasil).
conjugação é bem diferente dos outros ver- c) para descrever pessoas ou coisas.
bos em inglês. Ex: You are beautiful. (Você é linda)
 Terceiro: por ser também usado como ver- The bus is yellow. (O ônibus é amarelo).
bo auxiliar: ajuda a formar tempos compos- d) para dizer a idade das pessoas.
tos em inglês. Ex: I am 25 years old. (Eu tenho 25 anos).
Observe a tabela abaixo, com a conjugação e) em expressões de tempo.
do verbo to be na forma afirmativa do presente sim- Ex: It is sunny today. (Está ensolarado hoje).
ples. f) para dizer a localização de coisas e pessoas.
Forma Afirmativa (Presente) Ex: We are in New York. (Nós estamos em
Forma A- Forma Tradução Nova Iorque).
firmativa Contraída Forma Negativa (Presente)
I am I’m Eu sou / estou Para formar uma frase negativa que tenha o
You are You’re Tu és/estás (Você verbo to be, basta acrescentar a partícula de negação
é/está) not depois do verbo. Em inglês, há ainda a possibili-
He is He’s Ele é/está dade de usar a forma contraída, que é a junção do
She is She’s Ela é/está verbo com a partícula de negação. Observe a tabela
It is It’s Ele/Ela é/está abaixo, com a conjugação do verbo to be na forma
We are We’re Nós somos/estamos negativa.
You are You’re Vós sois/estais (Vocês
são/estão)

Forma Negativa Forma Contraída Tradução


I am not I’m not Eu não sou / estou
You are not You aren’t Tu não és / estás (Você não é / está)
He is not He isn’t Ele não é / está
She is not She isn’t Ela não é / está
It is not It isn’t Ele/Ela não é / está
We are not We aren’t Nós não somos / estamos
You are not You aren’t Vós não sois / estais (Vocês não são / estão)
They are not They aren’t Eles/Elas não são / estão

Forma Interrogativa (Presente) abaixo com a conjugação do verbo to be na forma in-


Em português, para transformar uma frase a- terrogativa.
firmativa em uma pergunta, há apenas a inclusão do
ponto de interrogação no final da frase e ocorre a Forma Interrogativa Tradução
mudança de entonação da frase. Porém, para formar Am I? Eu sou / estou?
perguntas em inglês com o verbo to be deve-se inver- Are you? Tu és / estás? (Você é / es-
ter a posição do pronome (sujeito) com o verbo e in- tá?)
cluir o ponto de interrogação no final da frase. Para Is he? Ele é / está?
perguntas não há a forma contraída. Observe a tabela Is she? Ela é / está?

Editora Exato 14
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Is it? Ele/Ela é / está? Forma Interrogativa Tradução


Are we? Nós somos / estamos? Singular Is there? Há? / Existe?
Are you? Vós sois / estais?(Vocês Plural Are there? Há? / Existem?
são / estão)
Are they? Eles/Elas são / estão? Forma Interrogativa Short An- Short Answer
Short Answers (Respostas curtas) swer Sim Não
Em inglês, as respostas sim e não são cha- Singular Is there? Yes, there is. No, there isn’t.
madas de Short Answers (respostas curtas) e variam Plural Are there? Yes, there No, there
de acordo com o sujeito da pergunta. Observe a tabe- are. aren’t.
la abaixo, com as short answers do verbo to be.
ESTUDO DIRIGIDO
Forma Inter- Short Answer Short Answer 1 Por que o verbo to be é geralmente o primeiro
rogativa Sim Não verbo que se aprende ao estudar o inglês?
Am I? Yes, I am. No, I’m not.
Are you? Yes, you am. No, You aren’t.
Is he? Yes, he is. No, he isn’t. 2 Quando se usa o verbo to be?
Is she? Yes, she is. No, she isn’t.
Is it? Yes, it is. No, it isn’t. 3 Como é formada a negativa e a interrogativa do
Are we? Yes, we are. No, we aren’t. verbo to be?
Are you? Yes, you are. No, you aren’t.
Are they? Yes, they are. No, they aren’t.
4 Qual é o equivalente em inglês do verbo haver no
2. THERE TO BE (HAVER / EXISTIR) sentido de existir do português?
O verbo There to be (haver / existir) é na rea-
lidade uma expressão formada pela palavra there 5 Como ocorre a concordância do verbo there to
(advérbio que significa lá, alí) com o verbo to be (is / be?
are). Essa expressão é equivalente ao verbo haver, no
sentido de existir em português.
Ex: EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
There is a flower in the vase. (Há (Existe)
uma flor no vaso) 1 Marque a alternativa em que o verbo to be esteja
There are ten flowers in the vase. (Há (Exis- sendo usado corretamente.
tem) dez flores no vaso). a) Marcos are tired.
A concordância desse verbo em inglês se faz com o b) My parents is very old.
substantivo que segue a expressão there to be. Assim, c) The student is very intelligent.
se o substantivo estiver no singular, o verbo to be es- d) Sue and I am cousins.
tará no singular também (is). Ex: There is a book on Resolução: A conjugação do verbo to be de-
the table (Há um livro na mesa). E se o substantivo pende do sujeito; assim, analisando o sujeito sabere-
estiver no plural, o verbo to be também ficará no plu- mos a conjugação do verbo to be que deve ser usada.
ral (are). Ex: There are two books on the table (Há O sujeito da primeira frase é Marcos, pessoa do sexo
dois livros na mesa). Observe, a seguir, a conjugação masculino que pode ser substituída por He. Então o
do verbo there to be no presente nas formas afirmati- verbo to be que acompanha He é is e não are. O su-
va, negativa, interrogativa e as short answers. jeito da segunda frase é My parents (Meus pais) que
pode ser substituído pelo pronome They (eles). As-
Forma Afirmativa Tradução sim o verbo to be que acompanha They é are e não
Singular There is Há / Existe is. O sujeito da terceira frase é The student (O aluno
Plural There are Há / Existem ou A aluna) que pode ser substituído pelos pronomes
He ou She (pronome de 3ª pessoa do singular). O
Forma Negativa Forma Tradução verbo to be que acompanha he ou she é is. O sujeito
Contraída da última frase é Sue and I (Sue e eu) que pode ser
Singular There is not There isn’t Não há/Não substituído pelo pronome We (nós). O verbo to be
existe que acompanha We é are e não am. Então a reposta
Plural There are not There aren’t Não há/Não correta é a letra c.
existem

Editora Exato 15
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2 Marque a alternativa em que o verbo there to be 5 Assinale a alternativa que responda a pergunta
esteja sendo corretamente usado. “Are the children happy?”
a) There is children in the garden. a) Yes, he is.
b) Are there many students in class? b) Yes, it is.
c) There is not three cars in the street. c) Yes, they are.
d) There are an orange in the basket. d) No, they are.
Resolução: A concordância do verbo there to
be acontece com o verbo to be. Se o susbtantivo que
acompanha a expressão there to be estiver no singu- 6 Marque a alternativa que usa corretamente o ver-
lar, usa-se is. Se o substantivo que acompanha a ex- bo there to be:
pressão there to be estiver no plural, usa-se are. O a) There are chairs in the class.
sunstantivo da primeira frase é children (crianças) b) Is there teachers at school?
que está no plural, então deve-se usar are. O subs- c) Are there a flower in the vase?
tantivo da segunda frase é students (alunos) que está d) There is problems in my life.
no plural, então deve-se usar are também. O subs-
tantivo da terceira frase é cars (carros) que também 7 Marque a alternativa que completa corretamente
está no plural devendo também usar are na frase. Na a frase: “____________ a clock on the wall”:
última frase, o substantivo é orange (laranja), que es- a) There are.
tá no singular, então deve ser usado is na frase. As- b) There is.
sim a resposta é a letra b. c) There to be.
d) There have.
EXERCÍCIOS

1 Marque a alternativa que complete corretamente 8 Marque a alternativa que completa corretamente
a frase: “Mr. Jone and I ________ happy but the a frase “In my school _____________ many stu-
girls __________. dents”:
a) are – aren’t. a) there have.
b) is – aren’t. b) there to be.
c) am – isn’t. c) there is.
d) are – am not. d) there are.

2 Marque a alternativa que utiliza o verbo to be na 9 A frase “There is a mistake in your exercise” no
forma negativa correta: plural é:
a) Alice and Nancy isn’t in my house. a) There is not a mistake in your exercise.
b) The bue car am not expensive. b) There is many mistakes in your exercises.
c) She and I aren’t Brazilian. c) There are many mistakes in your exercises.
d) We isn’t American. d) There to be many mistakes in your exercices.

3 De acordo com as regras de formação de frases 10 Qual é a tradução correta da frase “There are
interrogativas com o verbo to be, marque a alter- beautiful girls at the club”?
nativa correta: a) Existem rapazes bonitos no clube.
a) Are you my teacher? b) Existem garotas bonitas no clube.
b) She is my mother? c) Existe garotas bonitas no clube.
c) The is cat mine? d) Existe garota bonita no clube.
d) Is you sick?

GABARITO
4 Marque a alternativa que apresenta corretamente
a transformação da frase “They are easy and che-
Estudo dirigido
ap to fix“ para a 3ª pessoa do singular:
a) I am easy and cheap to fix. 1 São três motivos. Primeiro, pelo seu significado
b) You are easy and cheap to fix. (é o verbo ser ou estar em português); segundo,
c) We is easy and cheap to fix. por ser um verbo irregular (sua conjugação é di-
d) It is easy and cheap tp fix. ferente dos outros verbos); e, terceiro, por ser

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INGLÊS

também usado como verbo auxiliar (ajuda a for- CURIOSITY (CURIOSIDADE)


mar tempos compostos em inglês).
2 O verbo to be é usado para dizer a profissão, a
nacionalidade ou naturalidade, a idade das pesso- HALLOWEEN = Dia das Bruxas
as, para descrever pessoas ou coisas, para dizer a
localização de coisas e pessoas e é usado em ex- To celebrate Halloween people dress up as
pressões de tempo. witches, ghosts, etc.
Para comemorar o Dia das Bruxas, as pessoas
3 Para formar uma frase negativa que tenha o ver- se vestem com fantasias de bruxas, fantasmas etc.
bo to be basta acrescentar a partícula de negação
not depois do verbo. Ex: She is not 20 years old. O Dia das Bruxas, dia 31 de outubro, véspera
E para formar perguntas em inglês com o verbo do Dia de Todos os Santos, é chamado de Halloween
to be deve-se inverter a posição do pronome (su- em inglês. O nome vem das palavras All Hallows-
jeito) com o verbo e incluir o ponto de interroga- Eve, “Noite de Todos os Santos”, que passou a Hal-
ção no final da frase. Ex: Is she 20 years old? low-Eve e, finalmente, Halloween. O Halloween é
4 O verbo there to be é o equivalente ao verbo ha- uma das datas comemorativas mais antigas, cujas o-
ver no sentido de existir em português. Esse ver- rigens remontam ao século V a.C. Segundo o antigo
bo, na realidade, é uma expressão formada pela calendário celta, o dia 31 de outubro era o último dia
palavra there (advérbio lá, aqui) com o verbo to do ano e a noite em que todos os feiticeiros e bruxas
be (is/are). ficavam fora de casa, soltos. Hoje em dia é motivo
para muitas festas com fantasias horripilantes com
5 A concordância desse verbo se faz com o subs- esqueletos, caveiras, caixões, abóboras etc. Princi-
tantivo que segue a expressão there to be. Assim, palmente nos Estados Unidos, as crianças costumam
se o substantivo estiver no singular, o verbo to be colocar fantasias e passar, de casa em casa, pedindo
estará no singular também (is). E se o substantivo doces. Essa brincadeira tradicional chama-se Trick or
estiver no plural, o verbo to be também ficará no Treat (Gostosuras ou Travessuras).
plural (are). Exemplos: There is a flower in the
vase. There are ten flowers in the vase.
Exercícios
1 A
2 C
3 A
4 D
5 C
6 A
7 B
8 D
9 C
10 B

Editora Exato 17
INGLÊS

LESSON 5 – IMPERATIVE
(LIÇÃO 5 – IMPERATIVO)
O Imperativo é um dos três modos verbais do Ex:
inglês e seu uso é semelhante ao português. Ele é u- to go = ir – (You) Go home! (Vá para casa!)
sado para expressar uma ordem, um pedido ou um to answer = atender – (You) Don’t an-
oferecimento. O imperativo pode ser usado também swer the phone! (Não atenda ao telefone!).
em sugestões, conselhos, instruções, proibições, avi-
sos, convites, etc. ESTUDO DIRIGIDO
Para se formar o imperativo basta eliminar a
partícula to do infinitivo do verbo. Ex: 1 Para que é usado o modo imperativo em inglês?
to close = fechar – Close the door! (Feche a
porta!). 2 Como é formado o modo imperativo em inglês?
O modo imperativo também pode ser usado
na forma negativa, para isso basta acrescentar don’t
antes do verbo no infinitivo sem o to. Ex: 3 Como é formado o imperativo negativo em in-
to speak = falar – Don’t speak so loud! (Não glês?
fale tão alto!).
Observe a tabela abaixo com mais alguns e-
xemplos de verbos no modo imperativo. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1 Marque a alternativa cuja frase esteja no modo


Forma Afirmativa Forma Negativa Imperativo:
To clean (limpar) To drive (dirigir) a) There is a good film on TV tonight.
Clean your room! Don’t drive too fast! b) Help yourself with that chocolate bar.
(Limpe seu quarto) (Não dirija tão rápido!) c) What is your brother like?
To help (ajudar) To drink (beber) d) You have to clean your bedroom.
Help me, please! Don’t drink beer! Resolução: O modo imperativo têm duas ca-
(Me ajude, por favor!) (Não beba cerveja!) racterísticas importantes. A primeira é que ele é for-
To do (fazer) To step (pisar) mado pelo infinitivo do verbo sem a partícula to
Do your homework now! Don’t step on the grass! (forma afimativa) e a segunda é que não há sujeito
(Faça seu dever de casa (Não pise a grama!) explícito nas frases no modo imperativo. Então as
agora!) frases no imperativo começam por um verbo no infi-
To listen (escutar) To get up (levantar) nitivo sem to. Assim, a única frase com essas carac-
Listen your father! Don’t get up late! terísticas é a da letra b.
(Escute seu pai!) (Não levante tarde!)

Observações: 2 Marque a alternativa que completa corretamente


a) A forma imperativa LET’S (vamos) é u- a frase “__________ watch TV. There is a good
sada para expressar uma proposta ou um convite. Ela film tonight”:
pode ser usada nas formas afirmativa e negativa. Ob- a) Not.
serve os exemplos abaixo: b) Don’t.
c) Do.
Forma Afirmativa to go out = sair d) Let’s.
Let’s go out tonight! (Vamos Resolução: A frase expressa um convite. Pa-
sair hoje à noite!) ra convites usamos a forma imperativa Let’s. Então, a
Forma Negativa to visit = visitar resposta correta é a letra d.
Let’s not visit Mary today!
(Não vamos visitar Mary hoje!).

b) O imperativo, diferente dos outros modos


em inglês, não apresenta sujeito explícito. Porém, há
um sujeito implícito em todas as frases no modo im-
perativo: you (você).
Editora Exato 18
INGLÊS

EXERCÍCIOS GABARITO

1 Marque a alternativa cuja frase esteja no modo Estudo dirigido


Imperativo:
a) Not turn on the radio. 1 O modo imperativo é usado para expressar uma
b) No, I don’t need your help. ordem, um pedido ou um oferecimento. Ele tam-
c) Don’t buy that newspaper. bém pode ser usado em sugestões, conselhos, ins-
d) She doesn’t sleep here. truções, proibições, avisos, convites, etc.
2 Para se formar o imperativo basta eliminar a par-
2 Baseado no uso da forma do imperativo, marque tícula to do infinitivo do verbo. Exemplo: verbo
a alternativa incorreta: to open (abrir) – Open the door! (Abra a porta!).
a) Don’t talk to me! 3 A forma negativa do imperativo é formada pelo
b) Stop the car! acréscimo da expressão don’t antes do verbo no
c) Don’t walk on the grass! infinitivo sem o to. Exemplo: verbo to go (ir) –
d) To drink water! Don’t go home now! (Não vá para casa agora!).
Exercícios
3 Qual é a forma negativa da frase “Let’s talk a- 1 C
bout love!”?
a) Let’s not talk about love! 2 D
b) Let’s talk not about love! 3 A
c) Don’t let’s talk about love!
d) Not let’s talk about love! 4 C
5 D
4 Qual das frases abaixo representa um convite? 6 B
a) Don’t go home.
b) Go home.
c) Let’s go home.
d) Don’t let’s go home.

5 Observe o parágrafo a seguir:


“Clean your room! Don’t leave your tennis shoes
in the bathroom! Do your homework! Don’t co-
me late at night!”
Quantas frases estão no modo imperativo?
a) uma.
b) duas.
c) três.
d) quatro.

6 Marque a alternativa que completa corretamente


a frase “__________ disturb her. She is sleep-
ing”:
a) Not.
b) Don’t.
c) Do.
d) Let.

Editora Exato 19
INGLÊS

LESSON 6 – SIMPLE PRESENT


(LIÇÃO 6 – PRESENTE SIMPLES)
He works He eats He drives
1. USA-SE O SIMPLE PRESENT OU PRE-
She works She eats She drives
SENTE SIMPLES PARA EXPRESSAR:
It works It eats It drives
a) um fato, uma situação atual ou uma condi- We work We eat We drive
ção geral. You work You eat You drive
Ex: I live in Brasília. (Eu moro em Brasília). They work They eat They drive
b) uma ação ou acontecimento habitual. Nes-
se caso, é comum o uso de advérbios de freqüência. O cuidado que se deve ter ao conjugar os
Ex:I get up at 7 o’clock every day. (Eu levan- verbos no Presente Simples é apenas na 3ª pessoa do
to às 7 horas todo dia). singular (He (ele), She (ela), It (ele/ela – neutro)).
c) verdades univesais.
Ex: Birds fly. (Os pássaros voam). 3. REGRAS PARA A FORMAÇÃO DA 3ª
d) ações futuras planejadas. Ex: PESSOA DO SINGULAR DO PRESENTE
The plane leaves in 20 minutes. (O avião par- SIMPLES:
te em 20 minutos). a) Regra geral: acrescenta-se S no final do
2. FORMA AFIRMATIVA verbo.
Ex:
Para conjugar qualquer verbo no Presente to swim = nadar – She swims every day. (Ela
Simples, basta retirar a partícula to do infinitivo do nada todo dia).
verbo e acrescentar S à 3ª pessoa do singular. Obser- to drink = beber – He drinks much coffee
ve a tabela abaixo: (Ele bebe muito café).
to bark = latir – It barks a lot. (Ele late mui-
to work = tra- to eat = comer to drive = diri- to).
balhar gir b) Verbos terminados em SS, SH, CH, X,
I work I eat I drive Z e O: acrescenta-se ES no final do verbo. Ex:
You work You eat You drive

to kiss = beijar
He kisses his mother before sleeping.
(Ele beija sua mãe antes de dormir).
to brush = escovar She brushes her hair in the morning.
(Ela penteia o cabelo pela manhã).
to watch = assistir She watches tv in the afternoon.
(Ela assiste tv de tarde).
to fix = consertar He fixes cars.
(Ele conserta carros).
to buzz = zumbir The bee buzzes a lot.
(A abelha faz muito zunido).
to go = ir She goes to school on foot.
(Ela vai para a escola a pé).

c) Verbos terminados em y: há dois casos. d) Exceção: Verbo to have (ter) na 3ª pessoa


- se o y for precedido de vogal: acrescenta-se é has.
apenas o S. Ex: Ex: to have = ter – He has two brothers. (Ele
to play = tocar – She plays the piano. (Ela to- tem dois irmãos).
ca piano).
4. FORMA NEGATIVA E INTERROGATIVA
- se o y for precedido de consoante: substi-
tui-se o y por i e acrecenta-se ES. Ex: Nas formas negativa e interrogativa usa-se o
to study = estudar – He studies at night. (Ele verbo auxiliar to do nas formas do ou does, que não
estuda à noite). possuem tradução em português. Como o próprio

Editora Exato 20
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nome sugere, eles apenas ajudam a formar a negativa na forma interrogativa), o verbo principal perde o S,
e a interrogativa das frases. Quando o verbo to do ES ou IES que se acrescenta na conjugação da forma
(do/does) é usado como principal significa fazer. afirmativa.
Usa-se do quando o sujeito for I (eu), You Na forma negativa, usa-se ainda a partícula
(tu/você), We (nós) ou They (eles/elas) e usa-se does de negação not junto com o verbo auxiliar do / does
para a 3ª pessoa do singular, ou seja, quando o sujeito que é posicionado antes do verbo principal das frases.
for He(ele), She (ela) e It (ele/ela – neutro). Observe a conjugação de dois verbos na forma nega-
Quando se usa o verbo auxiliar does na 3ª tiva na tabela abaixo.
pessoa do singular (tanto na forma negativa quanto

to go = ir to study = estudar
Forma Negativa Forma Contraída Forma Negativa Forma Contraída
I do not go I don’t go I do not study I don’t study
You do not go You don’t go You do not study You don’t study
He does not go He doesn’t go He does not study He doesn’t study
She does not go She doesn’t go She does not study She doesn’t study
It does not go It doesn’t go It does not study It doesn’t study
We do not go We don’t go We do not study We don’t study
You do not go You don’t go You do not study You don’t study
They do not go They don’t go They do not study They don’t study

Na forma interrogativa, usa-se o verbo auxi-


liar do / does no início da frase e o ponto de interro- to study = ir Short Answer - Short Answer -
gação no final da frase. Observe a conjugação de Sim Não
alguns verbos na forma interrogativa na tabela abai- Do I study? Yes, I do. No, I don’t.
xo. Do you study? Yes, you do. No, you don’t.
Does he study? Yes, he does. No, he doesn’t.
to work = tra- to have = ter to watch = as- Does she study? Yes, she does. No, she doesn’t.
balhar sistir Does it study? Yes, it does. No, it doesn’t.
Do I work? Do I have? Do I watch? Do we study? Yes, we do. No, we don’t.
Do you work? Do you have? Do you watch? Do you study? Yes, you do. No, you don’t.
Does he work? Does he have? Does he watch? Do they study? Yes, they do. No, they don’t.
Does she work? Does she have? Does she watch? 6. EXPRESSÕES USADAS NO PRESENTE
Does it work? Does it have? Does it watch?
SIMPLES
Do we work? Do we have? Do we watch?
Do you work? Do you have? Do you watch? Geralmente usa-se advérbios de freqüência e
Do they work? Do they have? Do they watch? expressões de tempo nas frases para expressar o Sim-
ple Present. Os advérbios de freqüência são posicio-
5. SHORT ANSWERS (RESPOSTAS CUR- nados normalmente antes do verbo principal da frase
TAS) e as expressões de tempo são colocadas no final das
As short answers são as respostas curtas em frases.
inglês (sim e não). Observe na tabela abaixo o uso Ex:
das short answers. I always listen to the radio. (Eu sempre escu-
to o rádio).
to go = irShort Answer - Short Answer - Bob studies English three times a week.
Sim Não (Bob estuda inglês três vezes por semana).
Do I go? Yes, I do. No, I don’t.
Do you go? Yes, you do. No, you don’t.
Does he go? Yes, he does. No, he doesn’t.
Does she go? Yes, she does. No, she doesn’t.
Does it go? Yes, it does. No, it doesn’t.
Do we go? Yes, we do. No, we don’t.
Do you go? Yes, you do. No, you don’t.
Do they go? Yes, they do. No, they don’t.
Editora Exato 21
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Observe a lista abaixo com as expressões mais usadas.


Advérbios de Freqüência Tradução Expressões de Tempo Tradução
Always Sempre Every day Todo dia
Usually Usualmente Every week Toda semana
Often Freqüentemente Every Saturday Todo sábado
Rarely Raramente Twice a day Duas vezes ao dia
Never Nunca Three times a month Três vezes por mês
Generally Geralmente In the morning De manhã
Sometimes Às vezes In the afternoon De tarde
Seldom Quase nunca At night À noite
Frequently Freqüentemente On Mondays Às segundas

ESTUDO DIRIGIDO 2 Complete as frases abaixo, utilizando o Simple


Present dos verbos em parênteses:
1 Quando se usa o Presente Simples em inglês? Mary ____________ (to plant) a tree every year.
My mother ____________ (to use) recycled pa-
per.
2 O que acontece com os verbos na 3ª pessoa do My cousin ____________ (to waste / not) food.
singular? They ____________ (to smoke) so much.
Resolução: Os verbos na forma afirmativa do
3 Como é formada a negativa e a interrogativa do Simple Present são usados no infinitivo sem a partí-
Presente simples em inglês? cula to. Porém, os verbos na 3ª pessoa so singular re-
cebem S, ES ou IES; dependendo do verbo. O sujeito
da primeira frase é Mary (3ª pessoa do singular) e o
4 Qual é a posição dos advérbios de freqüência e verbo é to plant. Então o verbo to plant na 3ª pessoa
das expressões de tempo usados no Presente do singular é plants. O sujeito da segunda frase é My
Simples? mother (minha mãe – 3ª pessoa do singular) e o ver-
bo é to use. Então o verbo to use na 3ª pessoa do sin-
gular é uses. O sujeito da terceira frase é My cousin
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS (meu primo(a) – 3ª pessoa do singular) e o verbo é to
waste na forma negativa. Então o verbo to waste na
1 Marque a alternativa cuja frase esteja escrita cor- forma negativa da 3ª pessoa do singular é doesn’t
retamente na forma afirmativa do Simple Present: waste. O sujeito da quarta frase é They (3ª pessoa do
a) Ted plaies tennis here. plural) e o verbo é to smoke. Então o verbo to smoke
b) We goes shopping on Sunday. na 3ª pessoa do plural é smoke. Assim as respostas
c) You work at night. são: plants – uses – doesn’t waste – smoke e as frases
d) They studies at UnB. completas são:
Resolução: Os verbos na forma afirmativa do Mary plants a tree every year.
Simple Present são usados no infinitivo sem a partí- My mother uses recycled paper.
cula to. Porém, os verbos na 3ª pessoa so singular re- My cousin doesn’t waste food.
cebem S, ES ou IES; dependendo do verbo. O sujeito They smoke so much.
da primeira frase é Ted (3ª pessoa do singular) e o
verbo é to play. Então o verbo to play na 3ª pessoa
do singular é plays. O sujeito da segunda frase é We 3 Marque a alternativa que tenha a frase “They go
(1ª pessoa do plural) e o verbo é to go. Então o verbo to the movies on Saturdays” transformada para a
to go na 1ª pessoa do plural é go. O sujeito da terceira 1ª pessoa do singular.
frase é You (2ª pessoa do singular ou do plural) e o a) You go to the movies on Saturdays.
verbo é to work. Então o verbo to work na 2ª pessoa b) She goes to the movies on Saturdays.
(tanto do singular quanto do plural) é work. E o su- c) I go to the movies on Saturdays.
jeito da quarta frase é They (3ª pessoa do plural) e o d) We go to the movies on Saturdays.
verbo é to study. Então o verbo to study na 3ª pessoa Resolução: A primeira pessoa do singular em
do plural é study. Assim, a resposta correta é a letra inglês é o pronome I (eu). Então o sujeito da nova
c. frase deve ser I. Assim, a única alternativa que dis-
põem dessa possibilidade é a frase da letra c. Respos-
ta correta letra c.
Editora Exato 22
INGLÊS

EXERCÍCIOS 8 Relacione as colunas e depois marque a alternati-


va que contenha a seqüência correta.
1 Marque a alternativa que complete corretamente
a frase “_________ they __________ ecology?” (1) Do you drink milk? ( ) No, we don’t.
a) Does – study. (2) Do they take the subway? ( ) Yes, I do.
b) Do – study. (3) Do we like to play football? ( ) No, she doesn’t.
c) Do – studies. (4) Does she speak French? ( ) No, they don’t.
d) Does – studies. a) 3 – 1 – 4 – 2
b) 1 – 3 – 2 – 4
c) 4 – 2 – 3 – 1
2 Marque a alternativa que complete corretamente d) 3 – 1 – 2 – 4
a frase “Peter ____________ many books”.
a) have.
b) haves. 9 A conjugação correta dos verbos abaixo na 3ª
c) has. pessoa do singular é:
d) hases. to fly – to stay – to Kiss – to drink
a) flies – staies – kiss – drinkies.
b) flys – stays – kisses – drinkes.
3 Marque a alternativa que complete corretamente c) flys – staies – kissies – drinks.
a frase “John and Mary __________ in the lake”. d) flies – stays – kisses – drinks.
a) don’t swim.
b) doesn’t swim.
c) don’t swims. 10 Marque a alternativa que tenha a frase “We cry
d) doesn’t swims. when we are sad” transformada na a 3ª pessoa do
singular.
a) I cry when I am sad.
4 Qual é a forma negativa da frase “John cries all b) They cry when they are sad.
night.”? c) She cries when she is sad.
a) John doesn’t cries all night. d) You cries when you is sad.
b) John not cry all night.
c) John don’t cries all night.
d) John doesn’t cry all night. GABARITO

5 Qual é a forma interrogativa da frase “They eat Estudo dirigido


vegetables every day”? 1 O Presente Simples em inglês é usado para ex-
a) Does they eat vegetables every day? pressar: um fato, uma situação atual ou condição
b) Do they eat vegetables every day? geral; uma ação ou acontecimento habitual; ver-
c) Does they eats vegetables every day? dades universais ou ações futuras.
d) Do they eats vegetables every day?
2 Os verbos na 3ª pessoa do singular (he, she, it)
recebem as terminações: S, ES ou IES; depen-
6 Marque a alternativa cuja frase esteja correta em dendo do verbo. Porém, os verbos só sofrem essa
relação ao estudo do Simple Present. mudança na forma afimativa.
a) I washes the dishes.
3 Nas formas negativa e interrogativa usa-se o ver-
b) They corrects the composition.
bo auxiliar to do (do / does). Usa-se do quando o
c) You need money.
sujeito for: I, You, We ou They e usa-se does
d) She live in New York.
quando o sujeito for: He, She ou It. Quando se
usa does nas frases o verbo na 3ª pessoa do singu-
7 Marque a alternativa que empregou corretamente lar perde o S, ES ou IES, ficando na mesma for-
o verbo auxiliar to do (do / does) no Simple Pre- ma que as outras pessoas. Na negativa usa-se
sent. ainda a partícula de negação not depois do verbo
a) Does my friends play basketball every day? auxiliar (do / does) que é posicionado antes do
b) You doesn’t have a good English dictionary. verbo principal das frases. Exemplo: He does not
c) She don’t work here. go to school on Saturdays (Ele não vai para a es-
d) Do those children study English? cola aos sábados). E, na forma interrogativa, o
verbo auxiliar (do / does) é posicionado no início
Editora Exato 23
INGLÊS

da frase e o ponto de interrogação é colocado no CURIOSITY (CURIOSIDADE)


final das frases. Do you play the piano? (Você
toca piano?).
4 Os advérbios de freqüência são posicionados HAMBURGER = Hambúrger
normalmente antes do verbo principal da frase e
as expressões de tempo são colocadas no final Youngsters really like hamburgers and fries.
das frases. Exemplos: Susan usually makes deli- Os jovens gostam muito de hambúrgeres e
cious cakes (Susan usualmente faz bolos delicio- batata fritas.
sos), They watch TV at night (Eles assistem à tv
à noite). O nome dessa comida americana tem sua o-
rigem no nome da cidade de Hamburgo, na Alema-
Exercícios
nha. Massa redonda e fina feita com carne moída,
1 B misturada com cebola, ovos etc. e frita, já era uma
comida comum na região báltica séculos atrás. A i-
2 C
déia de comer assim foi levada para os Estados Uni-
3 A dos pelos imigrantes do porto de Hamburgo, onde foi
também chamada de beefburger ou, simplesmente,
4 D
burger, para evitar a confusão com o nome ham, que,
5 B em inglês, é “presunto”, ou “pernil”. Hoje, existem
6 C inúmeras variedades com ingredientes diferentes. Por
exemplo: cheeseburger (com queijo), chickenburger
7 D (de frango), vegeburger (com vegetais). Normalmen-
8 A te o burger é servido em pão redondo chamado em
inglês de bun.
9 D
10 C

Editora Exato 24
INGLÊS

LESSON 7 – PRESENT CONTINOUS


(LIÇÃO 7 – PRESENTE CONTÍNUO)
He is reading a very good book. (Ele está
1. USA-SE O PRESENT CONTINUOUS OU
lendo um livro muito bom).
PRESENTE CONTÍNUO PARA EXPRES- c) ações futuras planejadas ou previstas. Ex:
SAR She is visiting John tomorrow. (Ela está indo
a) ações que estão acontecendo no momento visitar John amanhã).
em que se fala. Ex: 2. FORMA AFIRMATIVA
I am studying English. (Eu estou estudando
inglês). O Present Continuous ou Presente Contí-
b) um fato que está acontecendo no momento nuo é formado pelo presente simples do verbo to be
em que se fala, mas não necessariamente no momen- (am/ is/ are) e o verbo principal no gerúndio, ou seja,
to exato da fala. Ex: com a terminação ING. Observe a conjugação de al-
guns verbos no Presente Contínuo na tabela abaixo:

to work = trabalhar to eat = comer To drive = dirigir


I am working I am eating I am driving
You are working You are eating You are driving
He is working He is eating He is driving
She is working She is eating She is driving
It is working It is eating It is driving
We are working We are eating We are driving
You are working You are eating You are driving
They are working They are eating They are driving

d) Os verbos terminados em consoante / vo-


3. FORMAÇÃO DO GERÚNDIO
gal / consoante que possuem a última sílaba tônica:
O gerúndio é uma das três formas nominais dobra-se a última consoante e acrescenta-se ING. Ex:
dos verbos e equivale em português aos verbos ter- to cut = cortar - cutting = cortando
minados em ando, endo, indo. to swim = nadar - swimming = nadando
a) Para se formar o gerúndio em inglês basta to begin = começar - beginning = começando
acrescentar a terminação ING ao infinitivo sem a Porém, se o verbo terminar em W ou X não
partícula to dos verbos. Ex: se deve dobrar a última consoante, acrescentando a-
to buy = comprar - buying = comprando penas a terminação ING.
to sell = vender - selling = vendendo Ex: to snow = nevar
to bark = latir - barking = latindo snowing = nevando
to fix = consertar
fixing = consertando
b) Os verbos terminados em E: retira-se o E
4. FORMA NEGATIVA
e acrescenta-se ING. Ex:
to love = amar - loving = amando Para se formar frases negativas no Present
to write = escrever - writing = escrevendo Continuous, basta acrescentar a partícula de negação
to drive = dirigir - driving = dirigindo not depois do verbo to be. A forma contraída do ver-
bo to be com a partícula de negação é possível tam-
c) Os verbos terminados em IE: substitui-se bém no Present Continuous. Observe a tabela a
o IE por Y e acrescenta-se ING. Ex: seguir com a conjugação de dois verbos.
to tie = amarrar - tying = amarrando
to die = morrer - dying = morrendo
to lie = mentir - lying = mentindo

Editora Exato 25
INGLÊS

to work = trabalhar to stop = parar


Forma Negativa Forma Contrída Forma Negativa Forma Contrída
I am not working I’m not working I am not stopping I’m not stopping
You are not working You aren’t working You are not stopping You aren’t stopping
He is not working He isn’t working He is not stopping He isn’t stopping
She is not working She isn’t working She is not stopping She isn’t stopping
It is not working It isn’t working It is not stopping It isn’t stopping
We are not working We aren’t working We are not stopping We aren’t stopping
You are not working You aren’t working You are not stopping You aren’t stopping
They are not working They aren’t working They are not stopping They aren’t stopping

5. FORMA INTERROGATIVA 6. SHORT ANSWERS (RESPOSTAS CUR-


Para formar frases interrogativas, deve-se in- TAS)
verter a posição do pronome (sujeito) com o verbo to As short answers são as respostas curtas em
be e incluir o ponto de interrogação no final da frase. inglês (sim e não). Observe na tabela abaixo o uso
Observe a conjugação de dois verbos na forma inter- das short answers no Present Continuous.
rogativa na tabela abaixo.

to work = trabalhar to stop = parar


Am I working ? Am I stopping ?
Are you working ? Are you stopping ?
Is he working ? Is he stopping ?
Is she working ? Is she stopping?
Is it working ? Is it stopping ?
Are we working ? Are we stopping ?
Are you working ? Are you stopping ?
Are they working ? Are they stopping ?

to work = trabalhar Short Answer – Sim Short Answer – Não


Am I working ? Yes, I am. No, I’m not.
Are you working ? Yes, you are. No, you aren’t.
Is he working ? Yes, he is. No, he isn’t.
Is she working ? Yes, she is. No, she isn’t.
Is it working ? Yes, it is. No, it isn’t.
Are we working ? Yes, we are. No, we aren’t
Are you working ? Yes, you are. No, you aren’t.
Are they working ? Yes, they are. No, they aren’t.

to stop = parar Short Answer – Sim Short Answer – Não


Am I stopping ? Yes, I am. No, I’m not.
Are you stopping ? Yes, you are. No, you aren’t.
Is he stopping ? Yes, he is. No, he isn’t.
Is she stopping? Yes, she is. No, she isn’t.
Is it stopping ? Yes, it is. No, it isn’t.
Are we stopping ? Yes, we are. No, we aren’t
Are you stopping ? Yes, you are. No, you aren’t.
Are they stopping ? Yes, they are. No, they aren’t.

Editora Exato 26
INGLÊS

Resolução: Para uma frase estar no Present


7. EXPRESSÕES USADAS NO PRESENT
Continuous, ela deve ter dois verbos: o verbo to be
CONTINUOUS: no presente e o verbo principal com a terminação
Geralmente usa-se advérbios de tempo em ING. A primeira frase possui dois verbos: are using,
frases no Present Continuous. As expressões mais u- o verbo to be no presente (are) e o gerúndio do verbo
sadas são: principal (using). A segunda frase contém apenas um
now – agora verbo: are, verbo to be no presente simples. A ter-
at this moment – neste momento ceira frase também possui apenas um verbo: is, verbo
at present – no presente to be no presente simples. E a última frase também
possui apenas um verbo: prefer, presente simples do
ESTUDO DIRIGIDO verbo to prefer (preferir). Assim, a alternativa correta
é a letra c.
1 Quando é usado o Presente Contínuo em inglês?

2 Como é formado o Presente Contínuo? EXERCÍCIOS

1 Para formar o gerúndio em inglês, acrescenta-se


3 Como é formado o gerúndio em inglês? a terminação ING no final dos verbos, porém há
algumas regras e exceções. Marque a alternativa
que tenha todos os verbos na forma correta do ge-
4 Como é formada a negativa e a interrogativa do rúndio.
Presente Contínuo em inglês? a) to play – playing / to love – loving / to stop –
stopping / to agree – agreeing
b) to play – plaing / to love – loveing / to stop –
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS stoping / to agree – agreeing
c) to play – plaing / to love – loving / to stop –
1 Marque a alternativa que complete corretamente
stopping / to agree – agreing
a frase “Answer the telephone, please! It
d) to play – playing / to love – loving / to stop –
__________________” no Present Continuous.
stoping / to agree – agring
a) is ringing.
b) ring.
c) rings. 2 Quanto ao estudo do Present Continuous, marque
d) ringing. a alternativa que tenha a forma correta de uma
Resolução: O Present Continuous é formado frase nesse tempo verbal:
pelo presente simples do verbo to be (am / is / are) e a) Paul is work in the garden at this moment.
pelo verbo principal no gerúndio (ING). Assim, a b) Paul is working in the garden at this moment.
única alternativa que possui a opção de dois verbos é c) Paul working in the garden at this moment.
a letra a. Analisando ainda a frase, temos o sujeito It d) Paul are working in the garden at this moment.
que é acompanhado do verbo to be is e o verbo prin-
cipal to ring (tocar) que no gerúndio tem a forma
ringing. Então, a resposta correta é a letra a. 3 Marque a alternativa que complete corretamente
as frases a seguir no Present Continuous:
I – The woman ________ (to wear) black clothes.
2 Tendo como base o estudo do Present Continu- II – Those boys ____________ (to look) at you.
ous e as frases a seguir, responda. a) wearing / looking
I – Many people are using bicycles for exercises. b) is wear / are look
II – Bikes are popular. c) are wearing / is looking
III – Exercises is only one of the reasons. d) is wearing / are looking
IV – Many people prefer bicycles to cars.
Quantas frases estão no Present Continuos?
a) todas. 4 Qual é a forma negativa da frase “Our children
b) nenhuma. are facing serious problems”?
c) uma. a) Not our children are facing serious problems.
d) duas. b) Our children not are facing serious problems.
c) Our children are not facing serious problems.
Editora Exato 27
INGLÊS

d) Our children aren’t are facing serious prob- Exemplo: Are they studying now? (Eles estão es-
lems. tudando agora?).

5 Qual é a forma interrogativa da frase “The cat is


Exercícios
running around the table”?
a) Running the cat is around the table? 1 A
b) Is the cat running around the table?
2 B
c) The is cat running around the table?
d) The cat is running around the table? 3 D
4 C
6 A frase “My sisters work so much” no Present 5 B
Continuous seria:
a) My sisters are work so much. 6 D
b) My sisters working so much.
c) My sisters is working so much. CURIOSITY (CURIOSIDADE)
d) My sisters are working so much. JEANS = Calça jeans

She put on a pair of blue jeans.


GABARITO
Ela vestiu uma calça jeans azul.
Estudo dirigido
A calça jeans que conhecemos hoje, de tecido
1 O Presente Contínuo é usado para expressar a- grosso de algodão e normalmente azul, apareceu nos
ções que estão acontecendo no momento em que Estados Unidos em meados do século XIX, como
se fala, para expressar um fato que está aconte- calça de trabalho, mas existem referências a calças
cendo no momento em que se fala, mas não ne- jeans bem antes disso na Inglaterra. O nome jeans
cessariamente no momento exato da fala e para vem de um tipo de brim de Gênova, na Itália. Os
expressar ações futuras planejadas ou previstas. franceses levaram o tecido sarjado para a Inglaterra
no século XV, com o nome de Janne, que era a pala-
2 O Presente Contínuo é formado pelo presente
vra francesa arcaica para Gênova. Na Inglaterra, ga-
simples do verbo to be (am / is / are) e o verbo
nhou o nome modificado de jean fustian, “fusão de
principal no gerúndio, ou seja, com a terminação
Gênova”, que virou jeans – peça de roupa muito ad-
ING.
mirada hoje por todos no mundo inteiro.
3 O gerúndio é uma das três formas nominais dos
verbos e equivale em português aos verbos ter-
minados em ando, endo, indo. Em geral, para se
formar o gerúndio em inglês basta acrescentar a
terminação ING ao infinitivo sem a partícula to
dos verbos. Os verbos que terminam em E, retira-
se o E e acrecenta-se ING. Os verbos que termi-
nam em IE, substitui-se o IE por Y e acrescenta-
se ING. E os verbos terminados em condsoante /
vogal / consoante, que possuem a última sílaba
tônica, dobra-se a última consoante e acrescenta-
se ING.
4 Para se formar a negativa, basta acrescentar a
pertícula de negação not depois do verbo to be.
Exemplo: They are not studying now. (Eles não
estão estudando agora). E para se formar pergun-
tas no Present Continuous deve-se inverter a po-
sição do pronome (sujeito) com o verbo to be e
incluir o ponto de interrogação no final da frase.
Editora Exato 28
LITERATURA
LITERATURA

TEORIA LITERÁRIA
1. ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO E FUN-  Função Metalingüística: é centrada no có-
ÇÕES DA LINGUAGEM digo e caracteriza-se pela explicação da lin-
guagem por meio da própria linguagem.
O homem é um ser social e, portanto, necessita As funções de linguagem concorrem entre si,
comunicar-se. Assim, emite uma série de mensagens, isto é, num mesmo texto aparece mais de uma função
transmitidas por meio dos mais diferentes códigos. mas, normalmente, uma é predominante.
Essas mensagens falam sobre algo e, para sua trans-
missão, necessitam de um canal de comunicação. 2. SIGNO LINGÜÍSTICO
E a cada uma dessas emissões, percebe-se, no O signo é um código verbal ou não-verbal, que
emissor, uma intenção, que varia de acordo com o serve como instrumento de comunicação. Possui duas
seu interesse sobre os elementos da comunicação. A partes indissociáveis: o significante, que diz respeito
essas intenções chamamos “Funções da Linguagem”, à sua forma, e o significado, referente ao seu conteú-
as quais mantêm estreita relação com os elementos do.
utilizados no ato comunicativo. O signo lingüístico é um código verbal, ou se-
REFERENTE ja, aquele que usa essencialmente a palavra, seja ela
(Referencial) escrita, seja ela falada. O significante, portanto, dirá
respeito sempre à identificação dos sons, na palavra
pronunciada, ou das letras, na palavra escrita. Por ou-
EMISSOR MENSAGEM RECEPTOR tro lado, o significado referir-se-á ao conceito que se
(Emotiva) (Poética) (Conativa)
tem do significante.
CÓDIGO SIGNO LINGÜÍSTICO = material = concreto = forma = sons / letras
(Metalingüística)
Imaterial abstrato conteúdo conceito
CANAL
(Fática) Denominam-se polissemia os vários significa-
dos de mesma origem para um mesmo significante.
Funções da Linguagem EX:
 O teto lá de casa precisa de reparos.
 Função Referencial: é centrada no referen-
 Coitado! Não tem teto onde morar.
te, no assunto, e apresenta linguagem obje-
 Você tá velho, hein! Perdeu até o teto.
tiva, clara, definida, em que predomina a
Normalmente a polissemia abrange a denota-
denotação, usando-se sempre a 3ª pessoa do
ção, que pode ser entendida como a palavra usada em
discurso.
seu sentido real, claro, objetivo, na primeira acepção
 Função Emotiva: é centrada no emissor, a-
do dicionário; e a conotação, que se entende por sen-
presenta linguagem subjetiva, em que há
tido figurado, ou seja, quando se retira a palavra de
traços estilísticos, como interjeições, pontu-
seu sentido original e atribui-se a ela novos sentidos.
ação expressiva, adjetivos e há o uso da 1ª
A denotação e a conotação levam-nos a mais
pessoa do discurso.
dois conceitos importantes no estudo da literatura.
 Função Conativa (Apelativa): centra-se no
São eles: texto literário e texto não-literário. Como
receptor, apresenta vocativos, frases impe-
identificá-los?
rativas e optativas, busca convencer o des-
O texto não-literário, normalmente, é centrado
tinatário da mensagem e usa a 2ª pessoa do
no plano de conteúdo, pois seu objetivo é fornecer in-
discurso.
formação, ou seja, usando a linguagem denotativa,
 Função Fática: é centrada no canal, busca
informar o receptor sobre algo.
assegurar a comunicação, a transmissão da
Veja o exemplo abaixo:
mensagem, é o canal sendo testado para
Fotossíntese – Da ação da luz sobre os vege-
medir sua eficiência.
tais verdes depende o mais importante de todos os
 Função Poética: centra-se na mensagem,
fenômenos vitais, escravizando todos os seres vivos.
tem por objetivo deixar a mensagem mais
Exteriormente, a fotossíntese se manifesta pela
expressiva, através da seleção e da combi-
troca de gases entre o vegetal e a atmosfera: o vege-
nação dos signos, e não se restringe apenas
tal absorve CO2 e elimina Oxigênio. Duas condições
à poesia.
são necessárias para que o fenômeno se realize: uma
é a presença de clorofila; consiste em absorver uma

Editora Exato 1
LITERATURA

parte das radiações solares, cuja energia é então a- par e figurada. A esse desvio estilístico, chamaremos
proveitada para reações químicas no interior da Figuras de Linguagem.
planta.
4. FIGURAS DE LINGUAGEM
Nessa função, as radiações vermelhas são as
mais eficazes, vindo depois do aspecto, o vileta. Na Figuras de linguagem são, portanto, recursos
faixa correspondente ao verde, o fenômeno é quase literários que exploram e recriam formas, estruturas e
nulo. significados, produzindo um efeito artístico e inova-
O mais importante, porém, é que, graças à e- dor, chamado estranhamento.
nergia solar absorvida, a planta verde decompõe o  Elipse: é a omissão de um termo que pode
CO2 em seus elementos (carbono e oxigênio), devol- ser deduzido pelo contexto. Seu principal
ve o oxigênio à atmosfera, e unindo o carbono aos efeito é a concisão.
materiais da seiva, fabrica substâncias orgânicas. Exemplo:
Esta síntese, efetuada sob a ação da luz, é que justifi- No céu, dois fiapos de nuvens.
ca a denominação de Fotossíntese dada ao fenôme- (No céu, há/existem dois fiapos de nuvens).
no.
Normalmente, a elipse de um termo essencial é
3. TEXTO LITERÁRIO E NÃO-LITERÁRIO marcada por vírgulas.
 Pleonasmo: é a repetição de um termo ou
O texto literário, ao contrário do não-literário,
idéia óbvia.
apresenta o trabalho com a linguagem, fixa-se no ní-
O efeito é o reforço da expressão.
vel do plano da expressão, em que predomina a cono-
Exemplo:
tação. Neste caso, a expressão sobrepõe-se ao
Rolou pela escada abaixo.
conteúdo, resultando nas várias significações do tex-
Resta-me a mim somente uma solução.
to.
Leia o texto abaixo, comparando-o ao texto O pleonasmo vicioso constitui um defeito de
não-literário: linguagem.
Luz do Sol Exemplo:
(Caetano Veloso) “subir para cima”/ “descer para baixo”/ “sair
Luz do sol, para fora”.
Que a folha traga e traduz  Polissíndeto: é a repetição de conjunção,
Em verde novo, em folha, em graça geralmente, a coordenativa aditiva “e”.
Em vida, em força e em luz Exemplo:
Céu azul E foge, e volta, e vacila, e treme, e solta a voz,
Que vem até onde os pés tocam a terra e canta.
E a terra expira e exala seus azuis.  Assíndeto: é a ausência, a omissão de con-
Reza, reza o rio junção.
Córrego pro rio Exemplo:
O rio pro mar Subira à janela, sondava os arredores, gritava a
Reza a correnteza plenos pulmões.
Roça a beira  Anáfora: é a repetição da mesma palavra
Doura a areia ou expressão, no início de frases ou versos.
Exemplo:
Marcha o homem sobre o chão, “Se você gritasse,
Leva no coração uma ferida acesa “Se você gemesse,
Dono do sim e do não “Se você tocasse a valsa vienense,
Diante da visão da infinita beleza “Se você dormisse,
Finda por ferir com a mão essa delicadeza, “Se você cansasse,
A coisa mais querida “Se você morresse,
A glória da vida. Mas você não morre,
Você é duro, José!”
Na construção do texto literário, como já foi (Carlos Drummond de Andrade)

dito, o uso da linguagem conotativa se torna muito  Aliteração: é a repetição de sons consonan-
mais imponente que o uso da denotação. A conotação tais para sugerir um objeto ou as caracterís-
se fará presente, nestes textos, através da construção ticas desse objeto.
de imagens resultantes de uma linguagem única, ím- Exemplo:
“Acho que a chuva ajuda a gente se ver”.
(Caetano Veloso)

Editora Exato 2
LITERATURA

 Assonância: é a repetição de sons vocáli- Exemplo:


cos. Ide, correi, voai, que por vós chama o rei, a pá-
Exemplo: tria, o mundo , a glória. (clímax)
Amar abre a alma, alcança o ar, amassa o mar Não já lutando, mas rendido, enfermo, prostra-
 Silepse : é a concordância ideológica, ou do, desfalecido, morrendo, morto. (anticlímax)
seja, é a concordância com o sentido, a i-  Prosopopéia ou Personificação: consiste
déia das palavras e não com a forma delas. em dar características de seres animados a
Ocorre em três casos: seres inanimados, ou, ainda, atribuir quali-
1º- Silepse de gênero: é a concordância com dade, sentimentos humanos a seres irracio-
gênero implícito: masculino ou feminino. nais ou inanimados.
Exemplo: Exemplo:
Santos é muito poluída. As árvores são imbecis: despem- se justamente
Vossa Majestade é muito generoso. quando chega o inverno.
2º - Silepse de número: é a concordância com  Metáfora: é uma comparação implícita;
número implícito: singular ou plural. consiste em transportar para um termo uma
Exemplo: significação que não lhe é própria; para is-
O povo pediu que o governante cedesse, para so, faz-se uma associação afetiva, subjetiva
isso, saíram em passeata. entre dois universos de significação; é uma
3º - Silepse de pessoa: é a concordância com a figuração em que cabe, perfeitamente, a co-
pessoa implícita: primeira, segunda ou terceira. notação. Por ser uma comparação “abrevia-
Exemplo: da”, faltam elementos conectores.
Todos os brasileiros somos assim. Exemplo:
 Antítese: é a oposição evidenciada em pa- Murcharam-lhe os entusiasmos da mocidade.
lavras ou idéias.  Comparação: vem explícita por marcas e-
Exemplo: videntes na oração.
“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Exemplo:
Depois da luz, se segue a noite escura, Sua boca é como um pássaro vermelho.
Em tristes sombras morre a formosura, (comparação)
Em contínuas tristezas, a alegria”. Sua boca é um pássaro vermelho. ( símile)
 Paradoxo: é um tipo de antítese, restrito à O pássaro vermelho tocou-me os lábios.
oposição de idéias reunidas num só pensa- (metáfora)
mento.  Catacrese: é uma metáfora cristalizada pe-
Exemplo: lo uso, é o emprego impróprio de uma pa-
“Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”. lavra ou expressão no lugar de outra por
(Gregório de Matos) não haver correspondência, na língua, de
 Hipérbole: é o exagero de uma expressão palavra adequada.
para enfatizá-la. Exemplo:
Exemplo: Embarcamos no avião das dez horas.
Estou morrendo de fome.  Metonímia: é a substituição de um nome
Chorou um rio de lágrimas. pelo outro porque entre eles existe a relação
 Eufemismo: é o abrandamento de expres- de proximidade; é a representação de um
sões desagradáveis. nome por outro. Esta relação surge quando
Exemplo: se emprega:
Ele contraiu o mal de Hansen. (lepra) O autor pela obra
Ele abotoou o paletó. ( morreu) Exemplo: Leio Machado de Assis.
 Ironia ou Antífrase: consiste em sugerir o A causa pelo efeito
contrário do que as palavras ou frases ex- Exemplo: Esta casa é fruto do meu suor.
primem, pela entonação ou pelo contexto, O continente pelo conteúdo ou vice-versa
com intenção sarcástica ou satírica. Exemplo: Tomou duas latas de cerveja.
Exemplo: O instrumento pela pessoa que o utiliza
Você é tão inteligente! Não acertou nenhuma Exemplo: Ele é um bom garfo.
questão. O lugar pelo produto
 Gradação: consiste em dispor as idéias em Exemplo: O presidente gosta de um bom Ha-
ordem crescente (clímax) ou decrescente vana.
(anticlímax).

Editora Exato 3
LITERATURA

O concreto pelo abstrato ou vice-versa Pra matá minha sede


Exemplo: A juventude brasileira está mal-
orientada Oô...
O sinal pelo significado
Exemplo: O trono estava abalado. Vou mimbora vou mimbora

ESTUDO DIRIGIDO Não gosto daqui


Nasci no sertão
1 O poema abaixo é um exemplo clássico de rica Sou de Ouricuri
exploração do signo lingüístico. Leia-o atenta-
mente: Oô...
Trem de Ferro
Café com pão Vou depressa
Café com pão Vou correndo
Café com pão Vou na toda
Que só levo
Virge Maria que foi isso maquinista? Pouca gente
Agora sim Pouca gente
Café com pão Pouca gente
Agora sim (Manuel Bandeira)
Voa, fumaça
a) Explique por que na primeira estrofe o desta-
Corre, cerca que maior é para o significante e não para o
Ai seu foguista significado.
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força

Oô...
Foge, bicho b) Levando-se em conta o formato do poema
Foge, povo (versos curtos, estrofes longas), que imagem
Passa ponte visual ele sugere?
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
De ingazeira
Debruçada

No riacho
Que vontade c) Localize duas estrofes em que significante e
De cantar significado estão igualmente destacados, con-
ferindo ao poema força e sonoridade.
Oô...
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô...
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Editora Exato 4
LITERATURA

EXERCÍCIOS Porque quer


E eu estou pra o que der e vier
1 Identifique a função da linguagem que prevalece Ele chega ao anoitecer
nos textos abaixo: Quando vem a madrugada
a) "É dever da família, da sociedade e do Estado Ele some
assegurar à criança e ao adolescente, com ab- Ele é quem quer
soluta prioridade, o direito à vida, à alimenta- Ele é o homem
ção, à educação, ao lazer, à profissionalização, Eu sou apenas
à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade Uma mulher"
e à convivência familiar e comunitária, além (Caetano Veloso)

de colocá-los a salvo de toda forma de negli- g)


gência, discriminação, exploração, violência,
crueldade e opressão". O que Todo Executivo Deve Saber
(Constituição da República Federativa do Brasil. art. 227)
Sobre a Postura do Executivo
b) Vem o vento veloz varando as velas.
temos de mergulhar dentro da noite
molhada e fria de intocada treva."
(Mauro Mota)

c)

Incline-se para a frente e pouse


Cruze os Braços
o queixo sobre as mãos.

Incline-se para trás e repouse Mas não incline demais


a cabeça nas mãos. para trás.

d) "Eu te peço perdão por amar de repente Os esquemas abaixo referem-se às questões 3 e 4.
Embora o meu amor seja uma velha canção
nos teus ouvidos. 2 Observe os quatro esquemas dos processos de
Das horas que passei à sombra dos teus gestos comunicação para julgar os itens abaixo:
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eterna- 1. A B 2. A B
mente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolica-
mente" A
(Vinicius de Moraes) B
e) ..Fuzuê. S.M. Bras. 1. Festa, função. 2 Barulho, A B
3. 4.
confusão, conflito.

f) "Ah! esse cara tem 1 No primeiro esquema, A não se comunica


me consumido com B.
A mim e a tudo que eu quis 2 Nos esquemas 1 e 2, a comunicação é eficien-
Com seus olhinhos infantis te.
Como os olhos de um bandido 3 Não se observa processo de comunicação no
Ele está na minha vida último esquema.

Editora Exato 5
LITERATURA

4 Considera-se efetiva a comunicação apenas no não têm comparação com os da realidade concreta.
esquema 3. São as verdades humanas gerais, que traduzem antes
um sentimento de experiência, uma compreensão e
um julgamento das coisas humanas, um sentido da
3 Os itens abaixo relacionam situações equivalen- vida, e que fornecem um retrato vivo e insinuante da
tes aos esquemas dados; julgue as proposições vida, o qual sugere antes que esgota o quadro.
considerando o processo de comunicação. A literatura é, assim, vida, parte da vida, não se
1 A conversa entre um americano e um brasileiro admitindo que possa haver conflito entre uma e outra.
que estuda inglês há pouco tempo pode ser re- Através das obras literárias, tomamos contato com a
presentada pelo esquema 2. vida, nas suas verdades eternas, comuns a todos os
2 O esquema 1 caracteriza a tentativa de conver- homens e lugares porque são as verdades da mesma
sa entre um brasileiro e um japonês em que um condição humana.
não fala a língua do outro. (COUTINHO, Afrânio, Notas de Teoria Literária. 2. ed,
3 A palestra de um professor universitário sobre Rio de Janeiro)
física nuclear a alunos de 2º grau é indicada
pelo esquema 4.
4 Pessoas que falam a mesma língua de mesmo 5 O título do texto propõe o conceito de literatura.
nível em perfeito entendimento, não teriam re- Julgue os itens.
presentatividade nos esquemas dados. 1 Segundo o texto, literatura e língua são com-
ponentes artísticos.
2 O artista é o responsável pela criação literária.
4 Todas as afirmativas estão corretas, exceto: 3 Na literatura, a realidade é forjada.
a) na obra literária predomina a função poética da 4 O sentido da vida entra em conflito com a lite-
linguagem, ainda que as demais estejam pre- ratura, pois aquele é modificado em função
sentes; desta.
b) o caráter arbitrário do signo lingüístico não 5 A vida revela-se por meio das obras de arte.
pode ser determinado nem observado em tex-
tos literários.
c) os conceitos de cultura, língua e literatura es- 6 De acordo com as funções da linguagem, julgue
tão estreitamente ligados; os itens abaixo:
d) a criação literária é, fundamentalmente, a cria- 1 Apesar de tratar sobre literatura, o texto é não-
ção de um estilo que oferece determinada cisão literário, pois nele predomina a função referen-
do homem e do mundo. cial da linguagem.
e) literatura é a criação, a invenção mediante a 2 Dizemos que há metalinguagem quando se uti-
sensibilidade do autor num processo estético e liza um código para se falar dele próprio. As-
textual. sim, um filme que discorre sobre o próprio
cinema, um poema que fala sobre a própria po-
esia são exemplos de metalinguagem. Este
conceito de função metalingüística não é ob-
Considere o texto abaixo, para responder às questões servado no texto.
de 6 a 8. 3 A função metalingüística da linguagem con-
O que é literatura centra-se no próprio código; isto é, o código é
A literatura, como toda arte, é uma transfigura- o tema da mensagem ou serve para explicar o
ção do real, é a realidade recriada através do espírito próprio código. No texto, a metalingüística i-
do artista e retransmitida através da língua para as nexiste.
formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma 4 No último parágrafo, o autor inclui a função
corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra, conativa.
autônoma, independente do autor e da experiência da
realidade de onde proveio. Os fatos que lhe deram, às
vezes, origem, perderam a realidade primitiva e ad- 7 Reconheça quais dos textos foram escritos em
quiriram outra, graças à imaginação do artista. São linguagem literária e quais em linguagem utilitá-
agora fatos de outra natureza, diferentes dos fatos na- ria. A autoria e a fonte dos textos foram suprimi-
turais objetivados pela ciência, ou pela história, ou das propositadamente.
pela sociedade? a) "O homem velho deixa vida e morte para trás.
O artista literário cria, ou recria, um mundo de Cabeça a prumo, segue rumo e nunca, nunca
verdades que não são mensuráveis pelos mesmos pa- mais. O grande espelho que é o mundo ousaria
drões das verdades fatuais. Os fatos que manipulam
Editora Exato 6
LITERATURA

refletir os seus sinais. O homem velho é o rei 9 Leia o texto abaixo, transcrito de uma pichação
dos animais”. de muro em São Paulo:
b) "Para o mundo, quando era quinhentos anos Eternamente
mais novo, os contornos de todas as coisas pa- É ter na mente
reciam mais nitidamente traçados do que nos Éter na mente
nossos dias. O contraste entre o sofrimento e a Eternamente
alegria, entre a adversidade e a felicidade apa-
recia mais forte." Pode-se considerar este texto como artístico,
c) “A rede de tricô era áspera entre os dedos, não principalmente porque:
íntima como quando a tricotara. A rede perde- a) traduz, de maneira límpida, a idéia de eterni-
ra o sentido e estar num bonde era um fio par- dade.
tido; não sabia o que fazer com as compras no b) trabalha um arranjo de signos a partir de um só
colo. E como uma estranha música, o mundo vocábulo, relacionando-os entre si.
recomeçava ao redor”. c) participa socialmente de um contexto, por estar
d) “Autoridades culturais italianas estão tentando pichado num muro.
levantar fundos (com participação internacio- d) evoca uma mensagem poética, a partir do dado
nal) para desenterrar e recuperar os tesouros da imortalidade.
arqueológicos da cidade de Herculano, destru-
ída, com Pompéia, pelo vulcão Vesúvio (sul de
Nápoles)”. GABARITO
e) "Os sapatos ficam entre os pés e o chão, no que
são como as palavras. As meias entre os pés e Estudo Dirigido
os sapatos, como os adjetivos. Os verbos, pas- 1
sos. Cadarços, laços. Os pés caminham lado a a) O poeta usa a expressão café com pão três ve-
lado, calçados. Sapatos são calçados. Porque zes para reproduzir os primeiros movimentos
são e porque são usados. Palavras são pedaços. do trem. O significado delas pouco diz, mas
Os pés descalços caminham calados". elas são perfeitas quanto à tonicidade.
b) Sugere o desenho de um trem e seus vagões.
8 Os textos a seguir apresentam linguagem conota- c) à 4ª e a última.
tiva e literária. Procure compreender as idéias Exercícios
fundamentais de cada um deles ou reescreva-os
1
em linguagem denotativa e utilitária.
a) referencial.
a) ando tão à flor da pele b) poética.
que qualquer beijo de novela me faz c) metalingüística.
chorar d) emotiva.
ando tão à flor da pele e) metalingüística.
que teu olhar flor na janela me faz mor- f) emotiva/poética.
rer g) conativa.
(Zeca Baleiro)
2 C, E, E, E
b) Dezembro
3 C, C, C, C
Oiti: a cigarra zine:
convite à praia. Tine 4 B
o sol no quadril, e o míni 5 C, C, C, E, E
véu, dissolve, do biquíni.
(Carlos Drummond de Andrade) 6 C, E, E, E
7
c) o vazio do quarto a) Caetano Veloso – linguagem literária.
É o avesso da festa b) Johan Huizinga – linguagem utilitária.
O avesso do vício c) Clarice Lispetor – linguagem literária.
De te namorar d) Folha de São Paulo – linguagem utilitária.
(Daniela Mercury e Durval Lelys)) e) Arnaldo Antunes - linguagem literária.

Editora Exato 7
LITERATURA

8
a) O eu-lírico se diz sensível a assuntos sentimen-
tais, provavelmente por estar apaixonado ou
muito carente.
b) faz calor e uma mulher de biquíni toma sol na
praia.
c) A ausência provoca uma grande tristeza.
9 B

Editora Exato 8
LITERATURA

GÊNEROS LITERÁRIOS/VERSIFICAÇÃO
Segundo a classificação, desde a Antiguidade marcas reais de encenação, tais como posi-
Clássica, os gêneros são: ção dos personagens em palco, cenário,
vestimenta. A sua primeira forma foi a tra-
1. GÊNERO LÍRICO
gédia, na Antiguidade Clássica, cuja maté-
A palavra “lírico” refere-se à lira, instrumento ria era retirada do mundo dos grandes
de cordas que acompanhava o canto. Este gênero acontecimentos míticos e das situações li-
compreende a poesia breve, estruturada em pequenas mites. É a presentificação de um mundo em
estrofes. Normalmente seus temas relacionam-se à conflito: o homem arrastado por forças in-
consciência do poeta em face de seu interior, das e- superáveis de paixões, desencadeando em
moções da alma e do mistério transcendentes, cria destinos adversos que o vencem sempre.
uma realidade imitada em que o EU está em autocon- No Renascimento, Shakespeare retomou es-
templação ou expansão dos sentimentos e emoções. te espírito na Inglaterra, e, na França, Cor-
neille e Racine. No romantismo, foi
2. GÊNERO ÉPICO substituído pelo drama, que focaliza as re-
Originária do grego, a palavra “épico” é a fu- lações humanas no plano social, próximo à
são de duas outras, também gregas: “épos”, que sig- realidade do cidadão comum.
nifica: ” verso” e “poieô”, a primeira pessoa do verbo  Prosa: narrativa literária de ficção ou não,
“fazer” “agir”. Trata-se de poesia narrativa, estrutu- estruturada em longos ou breves capítulos
rada em longas estrofes, referindo-se aos homens de ou partes, divididos em parágrafos. O fic-
caráter elevado, os heróis, e suas ações grandiosas. cionista (desde o século XVIII) é o obser-
Neste caso, o poeta é observador, interferindo o mí- vador do mundo à sua volta; suas histórias
nimo possível nos fatos, narrando acontecimentos re- são imaginadas e pode haver seu envolvi-
lacionados a povos e a um herói que vence todos os mento emocional nos fatos narrados; ele fil-
obstáculos pela elevação do caráter. tra o mundo social por meio do individual.
Compreende o romance, a novela, o conto e
3. GÊNERO DRAMÁTICO a crônica, a fábula e o apólogo.
Também do grego, “drama” significa “ação”. a) O romance: a palavra origina-se do latim (“ro-
Neste gênero, a poesia é dialogada. Divide-se nas se- mans”, “romancius”, “ romanço”) e designava o
guintes modalidades: falar dos povos sob o domínio romano, a lingua-
 Tragédia: tematiza os grandes conflitos da gem popular e, depois, composições literárias de
condição humana, vividos por homens su- caráter folclórico, popular. Hoje, o romance é
periores. Seus heróis são arrastados pela fa- uma estrutura narrativa de temática variada que
talidade. recria o mundo, transfigura a realidade, produ-
 Comédia: mostra o ridículo, a mediocridade zindo e ampliando outra realidade: a artística. O
do mundo real, concreto e mesquinho, onde romance ocupou o lugar de vários gêneros da li-
agem homens inferiores ou tolos, é uma crí- teratura clássica, como a epopéia e, até mesmo, a
tica de costumes. tragédia.
b) A novela: a origem da palavra também é latina,
4. CLASSIFICAÇÃO MODERNA com sentido inicial de “novo”. Na Idade Média
Na classificação moderna, temos como gêne- passou a indicar enceno. Literariamente, a novela
ros literários. desenvolve um jogo de paixões, de conflitos. Sua
ação é polivalente, com vários ângulos dramáti-
 Poesia: tanto em forma lírica quanto épica, cos, sem unidade espacial; possui variabilidade
utiliza linguagem verbal artística, rítmica temática.
ou melódica: a poética – representada por c) O conto: apresenta um único ângulo dramático,
versos, isto é, linha de palavras que criam um conflito, a ação é restrita, assim como o espa-
determinado ritmo, estruturas em estrofes, ço.
contendo ou não rimas. O tempo e o número de personagens são reduzi-
 Teatro: atualmente pode ser em prosa ou dos. O conto é o embrião da novela e do roman-
verso estruturado em cenas. É representado ce.
por meio de diálogos ou monólogos (soliló- d) A crônica: o nome vem de “Cronos”, do grego,
quios) de personagens; pode apresentar que significa tempo. Inicialmente, nomeava os
textos históricos de feitos nobres ou livros de li-
Editora Exato 9
LITERATURA

nhagens. Depois, por meio dos jornais, escritores Note: em todos os versos há sete sílabas métri-
famosos passaram a divulgar textos de fatos coti- cas ou poéticas, e a contagem destas só se faz até a
dianos e de caráter atemporal. Atualmente, a crô- última sílaba tônica da última palavra do verso.
nica jornalística trata de assuntos diversos: Escandir um verso é dividi-lo em sílabas mé-
esportes, futebol, artes, vida social. Já, a literária tricas. E, quanto ao número de sílabas, os versos po-
invoca um humor crítico e bizarro, um caráter dem ser classificados como:
melancólico ou fatos cotidianos. Em ambos os ti- Classificação dos versos
pos, o narrador é onisciente, o ponto de vista é Quanto ao metro: número de sílabas:
interno, conhece a estória, porém não participa
dela, normalmente. A crônica pode reunir a nar-
a) Monossílabos
ração e a dissertação.
b) Dissílabos
 Crítica estética: ocupa-se em julgar as o-
c) Trissílabos
bras literárias e discernir sobre seus méto-
d)Tetrassílabos
dos. É o exame intelectual da expressão
e) Pentassílabos ou redondilha menor
artística. Compreende os ensaios, os arti-
f) Hexassílabos
gos, as resenhas, as análises de texto.
g) Heptassílabos ou redondilha maior
5. NOÇÕES DE VERSIFICAÇÃO h) Octossílabos
i) Eneassílabos
Versificação é a arte de fazer versos. j) Decassílabos
Verso é o nome da linha do poema. Assim, ca- Heróico
da linha abaixo constitui um verso: Sáfico
Minha terra tem palmeiras, k) Hendecassílabos
Onde canta o sabiá;
l) Dodecassílabos ou:
As aves que aqui gorjeiam, Alexandrinos
Não gorjeiam como lá. Gonçalves Dias) m) Bárbaros (mais de 12 sílabas)
O conjunto de versos se chama estrofe ou es-
tância. Os versos sem métrica constante chamam-se
Todo verso possui, normalmente, estes ele- livres.
mentos: metro, ritmo e rima, dos quais os primeiros Classificação das Estrofes
são os mais importantes.. a) dístico ou parelha
Metro – é a extensão da linha poética, o nú- b) terceto
mero de sílabas do verso. c) quarteto ou quadra
As sílabas de um verso recebem o nome de sí- d) quintilha
labas métricas e devem ser contadas auditivamente e e) sextilha
obedecer aos princípios: f) setilha
 quando houver vogal no fim de uma pala- g) oitava
vra e vogal no início da palavra seguinte, h) nona
formando ditongo (grande amor = gran- i) décima
dia-mor; campo alcatifado = cam-pual-ca- Ritmo – é a música do verso. Para que um ver-
ti-fa-do) ou crase (minha alma = mi-nhal- so tenha ritmo, usam-se sílabas fortes e sílabas fracas,
ma; santo orvalho = san-tor-va-lho), conta- com intervalos regulares. A seqüência rigorosa des-
se apenas uma sílaba; sas sílabas é que dá ao verso música, harmonia e be-
 no verso, a contagem de sílabas métricas se leza.
faz somente até a sílaba tônica da última
palavra. Portanto, se a palavra for paroxíto- 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Só a le ves pe ran çaem to da(a) vi (da)
na, não se conta a última sílaba; se for pro- dis far ça(a) pe na de vi ver mais na (da)
paroxítona, as duas últimas sílabas serão
desprezadas. Rima – é a identidade ou semelhança de sons,
Vamos, então, tomar os versos já vistos e divi- a partir da vogal tônica, entre duas ou mais palavras.
di-los em sílabas métricas: Exemplo:
“Quando a chuva cessava e um vento fino
1 2 3 4 5 6 7
Franzia a tarde tímida e lavada,
Mi nha te rra tem pal mei (ras) Eu saía a brincar pela calçada,
On de can ta o sa bi á
As a ves Que a qui gor jei (am)
Nos meus tempos felizes de menino”
Não gor jei am co mo lá

Editora Exato 10
LITERATURA

As rimas podem ser classificadas quanto à 6. ESTILO INDIVIDUAL / ESTILO DE ÉPOCA


classe gramatical e quanto à posição.
Estilo é a representação de uma experiência de
Quanto à Classe Gramatical aplicação da língua. Instrumento de comunicação so-
rima rica: entre palavras de classes gramaticais cial e psicológica, o estilo é feito a partir de uma ela-
diferentes. boração mental. Denomina-se estilo individual o
Exemplo: mar/amar conjunto de traços de um autor, ou seja, a seleção e a
pobre: rima entre palavras de mesma classe combinação das palavras, frases ou expressões; por
gramatical. outro lado, estilo de época representa aspectos co-
Exemplo: sair/partir muns a um povo em determinada época. É a atitude
preciosa: entre um substantivo e um pronome de uma cultura ou civilização, que surge com tendên-
átono. cias análogas na arte, costumes e modo de pensar.
Exemplo: estrela/vê-la
Rima rara: presença de palavras incomuns: ESTUDO DIRIGIDO
Exemplo: enfim/rubim
Quanto à Posição: Leia o poema para responder às questões:
Emparelhadas : a a b b / aa bb ou a a b b c c Soneto de amor total
Alternadas ou cruzadas: a b a b Amo-te tanto, meu amor... não cante
Interpoladas, intercaladas ou opostas: a b b a O humano coração com mais verdade...
Internas ou iteradas: ocorrem no mesmo verso. Amo-te como amigo e como amante
Exemplo: “Donzela bela que me inspira à li- Numa sempre diversa realidade.
ra” Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
Encadeadas: ocorrem entre uma palavra no fim E te amo além, presente na saudade.
do verso e outra no interior do verso. Amo-te, enfim, com grande liberdade
Exemplo: “E a mangueira já florida Dentro da eternidade e a cada instante.
Nos convida a respirar” (Silva Alvarenga)
Misturadas: são dispostas sem critérios físicos Amo-te como um bicho, simplesmente,
Oitavas rimas: obedecem ao esquema a b a b a De um amor sem mistério e sem virtude
bcc Com um desejo maciço e permanente.
Os versos sem rima chamam-se brancos ou E te amar assim muito e amiúde
soltos. É que um dia em teu corpo de repente
Encadeamento, Cavalgamento ou En- Hei de morrer de amar mais do que pude.
(Obra poética. Rio de Janeiro: Aguilar, 1968. p. 560.)
jambement
É a ligação lógica do final de um verso com o 1 Esse poema é um soneto porque apresenta uma
início do verso seguinte. estrutura de construção fixa. Seus 14 versos estão
Exemplo: distribuídos em quatro estrofes. Como elas se
Se a cólera que espuma, a dor que mora classificam quanto ao número de versos?
N’alma, e destrói cada ilusão que nasce
Tudo o que punge, tudo o que devora 2 A métrica dos versos desse soneto é regular. Faça
O coração no rosto se estampasse;” a escansão dos dois primeiros versos do 2º quar-
(Raimundo Correia)
teto e classifique-os quanto ao número de sílabas
Paralelismo poéticas.
É a repetição de estruturas de verso na mesma
estrofe ou em estrofes diferentes.
Exemplo: 3 Faça o esquema das rimas empregadas no poema
“Ai, que perfume de lima! e classifique-as.
Ai, que perfume silvestre...
Até me provoca a rima,
4 Nesse soneto, o eu lírico faz uma reflexão sobre
Ai, que perfume de lima!
seu modo de amar, desenvolvendo-a gradativa-
Dizei, Silvestre de Lima,
mente até a declaração final. Explique a concep-
Donde este cheiro, Silvestre?
ção amorosa do eu lírico expressa nos dois
Ai, que perfume de lima!
últimos versos do poema.
Ai, que perfume silvestre !”
(Fontoura Xavier)

Editora Exato 11
LITERATURA

EXERCÍCIOS a) dramático.
b) satírico.
1 Responda: c) lírico.
a) O trágico e o cômico são manifestações princi- d) épico.
pais de que gênero literário? e) cronístico.
b) Qual a função da linguagem predominante no
gênero dramático?
6 As rimas que se operam segundo o esquema aa,
c) Como podemos relacionar os gêneros lírico e
bb, cc são emparelhadas. São encadeadas as ri-
dramático do ponto de vista das emoções?
mas em que a última palavra de um verso rima
d) Qual a função da linguagem predominante no
com outra no meio do verso seguinte. As que se
gênero lírico?
operam segundo o esquema abba são chamadas:
e) Uma obra épica pode conter passagens líricas?
a) Opostas.
Justifique.
b) Pobres.
c) Intercaladas.
2 Assinale as opções corretas: d) Ricas.
a) Gênero lírico é aquele em que o poeta expressa e) Misturadas.
seu mundo interior, seus sentimentos e emo-
ções, sua atitude perante o mundo e os ho-
mens. GABARITO
b) O gênero narrativo se caracteriza pela repre-
sentação da ação no palco, incluindo o drama, Estudo Dirigido
a tragédia, a comédia... 1 Duas quadras ou quartetos e dois tercetos.
c) O romantismo, ao valorizar a liberdade de cri-
ação e a incontida expressão do sentimento, 2 A / mo / te a / fim, / de um / cal / mo a / mor / pres
opôs-se ao Arcadismo, que ainda obedecia à /tan / E / te a / mo a / lém / pré / sem / te / na / sau /
maior racionalidade e às normas prefixadas pe- da.
la arte poética. Quanto à métrica, os versos são decassílabos.
3 ABAB ABBA CDC DCD: alternadas, interpola-
3 Qual a alternativa que relaciona, pela ordem, as das e misturadas.
afirmações abaixo com os gêneros literários? 4 A concepção de um amor total, isto é, uma total
1. Há sucessividade de células dramáticas. entrega à pessoa amada a ponto de morrer de tan-
2. Narração sem conflito. Um simples relato. to amar.
3. É portador de um só conflito, uma unidade, Exercícios
número reduzido de personagens.
4. Narrativa longa que nos dá pelo conflito das 1
personagens certa concepção da realidade. a) gênero dramático.
a) romance – conto – crônica – novela. b) função conativa.
b) conto - romance – crônica – novela. c) no gênero lírico predomina a projeção dos sen-
c) novela – crônica – conto – romance. timentos do autor (1ª pessoa); o dramático pro-
d) novela – conto – crônica – romance. cura provocar as emoções do público (2ª
e) conto – novela – crônica – romance. pessoa).
d) função emotiva.
e) Sim, pois na autêntica obra literária participa-
4 O gênero dramático, entre outros aspectos, apre- vam os três gêneros: épico, lírico e dramático.
senta como característica essencial: A classificação se baseia na predominância de
a) a presença de um narrador. um sobre os demais.
b) a estrutura dialógica.
c) o extravasamento lírico. 2 A, C
d) a musicalidade. 3 C
e) o descritivismo.
4 B
5 C
5 O soneto é uma das formas poéticas mais tradi-
cionais e difundidas nas literaturas ocidentais e 6 C
expressa, quase sempre, conteúdo:
Editora Exato 12
LITERATURA

LITERATURA PORTUGUESA
Momento histórico Características
 Estende-se do final do séc. XII ao  Predominância da arte poética;
início do séc XV;  Presença do ambiente campestre;
 Consolidação da independência  Lirismo amoroso;
do país;  Remissão a aspectos da vida na
 Base de produção feudal; Corte;
 Agricultura: atividade principal;  Presença constante do aspecto reli-
 Aristocracia feudal representada gioso;
TROVADORISMO pela nobreza e pelo clero;  Teocentrismo;
(1198 / 1434)  Agricultores representados por  Lamentos de amores impossíveis
colonos e servos. ou perdidos;
 Refrões;
 Atos heróicos dos cavaleiros (nove-
las de cavalaria);
 Cantigas;
 Líricas: amor e amigo;
 Satíricas: escárnio e maldizer.

 período de transição entre Idade  surgimento do teatro português;


Média e Renascimento;  a poesia separa-se da música, em-
 desenvolvimento do comércio e bora coexistam as cantigas;
das cidades;  maior interesse pelo ser humano e
HUMANISMO  circulação de moeda; questionamento de suas atitudes;
(fase de transição)  o feudalismo entra em decadên-  presença de um espírito mais críti-
(1434 / 1527) cia; co;
 ascende a burguesia;  valorização da historiografia;
 a Igreja enfrenta questionamentos  prosa doutrinária.
de suas posições;
 movimentos antipapais;
 homem preocupando-se com o
próprio homem.

 o mercantilismo instaura-se defi-  culto da beleza e da perfeição for-


nitivamente; mal;
 desenvolvimento da indústria;  paganismo;
 heliocentrismo;  clareza e objetividade;
 aperfeiçoamento da construção  correção gramatical e uso da ordem
CLASSICISMO naval; inversa da frase;
(1527 / 1580)  desenvolvimento da imprensa;  racionalismo;
 desenvolvimento das universida-  valorização do gênero épico;
des tendendo a separar-se do co-  universalidade;
mando da Igreja;  imitação dos clássicos greco-
 Reforma Protestante; latinos;
 Contra-Reforma.  personificação;
 antropocentrismo.

Editora Exato 13
LITERATURA

ARCADISMO OU NEOCLASSICISMO
1. INTRODUÇÃO Classicismo e pelo barroco. O romantismo represen-
tará uma inovação em todos os sentidos.
O nome Arcadismo designa, especialmente, o
novo estilo de época na literatura e provém da pala- 2. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DA
vra Arcádia, região lendária da Grécia, habitada por PRODUÇÃO ARTÍSTICA
pastores e protegida pelo deus Pan. Vivia-se ali em
perfeita integração com a natureza. A Arcádia simbo- A literatura produzida no Brasil revela caracte-
lizava, portanto, “o paraíso”. O Arcadismo é também rísticas neoclássicas do Arcadismo português, embo-
chamado Neoclassicismo, porque é uma volta à Anti- ra já se note preocupação por parte dos brasileiros em
güidade clássica greco-romana, propondo-se a explo- afastar-se dos modelos portugueses e uma busca de
rar a estética desta época e também a do expressão nacional.
Renascimento, no século XVI. 1. Racionalismo - ênfase à razão, ao conhecimento
O ano de 1768 é considerado a data inicial do e à ciência. A beleza e o racional caminham lado a
Arcadismo no Brasil, com dois fatos marcantes: a lado.
fundação da Arcádia Ultramarina, em Vila Rica; a 2. Objetividade - o equilíbrio e o aspecto intelectual
publicação de “Obras”, de Cláudio Manuel da Costa. sobrepõem-se à emoção e ao sentimento.
Nesse período, houve diversas revoltas no Bra- 3. Cientificismo - negação da excessiva religiosida-
sil, como a Conjuração Mineira e a Conjuração Baia- de e misticismo e preocupação com verdades uni-
na, todas inspiradas nos ideais da Revolução versais.
Francesa. Essas informações chegavam ao país atra- 4. Convencionalismo ou imitação dos clássicos - a
vés de livros importados, adquiridos por estudantes, obediência a regras e convenções clássicas como
em geral, filhos de mineradores afetados pela política sinônimo de “imitação”, não de “cópia” pura e
tributária da metrópole, cada vez mais preocupada simples. Aspectos imitados: forma (busca da per-
em manter o país dependente e continuar a explora- feição formal; obediência aos gêneros literários) e
ção predatória. Além disso, a declaração de indepen- conteúdo (temática preferencial: amor, vida e
dência dos Estados Unidos, em 4 de julho de 1776, morte, vida campestre, poesia didática ou doutri-
incentivou movimentos separatistas como o de Minas nária; recorrência à mitologia pagã).
Gerais. 5. Bucolismo - a paisagem rural é retratada de forma
Teremos no Arcadismo lançadas as sementes idealizada: a natureza é símbolo do que é belo,
do nacionalismo, uma das características da próxima puro e perfeito e, portanto, do que deve ser “imi-
estética literária, pois a realidade brasileira já começa tado”. O mito do “bom selvagem”, de Rousseau,
a aparecer nas obras do momento. acarreta a valorização do homem simples do cam-
A doutrina iluminista guiará o pensamento no po.
século XVIII. Segundo Locke, cuja filosofia influen- 6. Pastoralismo ou tendência democratizante - o
ciou sobremaneira os iluministas, a alma existia de eu lírico transforma-se, via de regra, na figura de
forma autônoma, sendo o mundo do conhecimento um pastor, dotado inclusive de um pseudônimo.
humano uma esfera independente. Dessa maneira, se- Como exemplo, pode-se citar Tomás Antônio
ria fácil conciliar razão e fé, já que representariam Gonzaga com os pseudônimos Dirceu, na poesia
campos diferentes. Deus seria, então, a Suprema Inte- lírica, e Critilo, na poesia satírica (Cartas Chile-
ligência, dando-se a conhecer através da natureza, cu- nas).
jas leis regeriam tudo o que existe (teoria 7. Idealização da mulher e do amor - a figura fe-
mecanicista, baseada na filosofia de Descartes), sem minina aparece idealizada aos moldes camonianos
necessidade de orações e outras cerimônias religio- e o amor é quase sempre não-passional - é fonte
sas. Daí, a tentativa de imitação da natureza pelos de prazer e serenidade.
poetas árcades. 8. Simplicidade - períodos curtos, clareza, simplici-
A palavra de ordem era a razão, a ser utilizada dade vocabular, livre estrofação “verso branco”
no sentido de construir um mundo melhor, onde a fe- (sem rima) e preferência pela comparação em lu-
licidade seria absolutamente possível para todos. Daí, gar de metáforas.
também, o nome Neoclassicismo dado ao Arcadis- 9. Artificialismo ou fingimento poético - observa-
mo, já que haverá um predomínio do racionalismo, se com facilidade no Arcadismo brasileiro, que
acompanhado de culto aos deuses pagãos. incorpora elementos genuinamente europeus: i-
É importante notar que o Arcadismo fecha essa lhas, pastores, neve etc.
fase chamada Renascimento, composta também pelo 10.Tendência introspectiva e morte por amor -
traços pré-românticos.
Editora Exato
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LITERATURA

Expressões latinas relacionadas ao 4. TOMÁS ANTÔNIO GONZAGA (DIRCEU)


Arcadismo Nascido no Porto, Portugal, em 1744, Gonzaga
 “Inutilia truncat” - acabe-se com as inuti- era filho de pai brasileiro e mãe portuguesa. Passou
lidades (oposição ao rebuscamento, à com- parte da infância no Brasil e formou-se em Direito
plexidade, à ornamentação excessiva do por Coimbra. Após sua graduação, escreve uma tese
Barroco). dentro dos princípios iluministas e a dedica ao Mar-
 “Fugere Urbem” - fugir para o campo (fu- quês de Pombal: Tratado de Direito Natural - consta
gir da cidade) através da poesia. que com a intenção de concorrer a uma cátedra na
 “Locus amoenus” - o campo como lugar Universidade de Coimbra. Aos 38 anos, vem defini-
tranqüilo, com paisagens amenas. tivamente para o Brasil, instalando-se em Vila Rica
 “Aurea mediocritas” - mediocridade áurea como ouvidor e juiz. Quando da inconfidência Minei-
- existência tranqüila, sem excessos. ra, estava prestes a casar com a jovem Maria Doro-
 “Carpe diem” - viver o presente, o mo- téia Joaquina de Seixas, a Marília; preso, é
mento, o dia. condenado ao degredo em Moçambique. Lá, casa-se
3. CLÁUDIO MANUEL DA COSTA
com Juliana de Sousa Mascarenhas; morre em 1810.
Sua principal obra são as liras de Marília de
Cláudio Manuel da Costa nasceu nas proximi- Dirceu, inspiradas em seu romance com Maria Doro-
dades de Mariana, Minas Gerais, em 1729. Após seus téia. Esta obra apresenta-se dividida em duas partes
primeiros estudos com os jesuítas no Brasil, vai para distintas (alguns estudiosos de sua produção chegam
Coimbra estudar Direito. Formado, vive um tempo a reconhecer uma terceira parte): a primeira discorre
em Lisboa, onde respira o clima das primeiras mani- sobre a iniciação amorosa, o namoro, a felicidade do
festações árcades. Em 1768, já de volta a Vila Rica, amante, os sonhos de uma família, a defesa da tradi-
lança seu livro de poesias, “Obras”, e funda a “Arcá- ção e da propriedade, sempre numa postura patriar-
dia Ultramarina” (observe-se que o nome faz menção cal; a segunda, escrita durante os sofrimentos
a uma arcádia portuguesa, só que além-mar). Tendo provocados pela cadeia, mostra-nos uma série de re-
participado da Inconfidência Mineira, é preso e en- flexões que abordam desde a justiça dos homens até
contrado enforcado na cadeia, em 1789. os caminhos do destino e a eterna consolação no a-
Sua obra anterior a 1768 compõe-se de algu- mor que sente por Marília.
mas poesias no estilo gongórico, escritas sob a influ- Entretanto, é interessante atentar para alguns
ência jesuítica. Desde aquela data procurou trabalhar aspectos da obra: “Marília de Dirceu”:
sempre de acordo com o pensamento árcade, desta-  Marília é quase sempre um vocativo; embo-
cando-se por seus sonetos, perfeitos na forma e na ra tenha a estrutura de um diálogo, a obra é
linguagem, mas sem profundidade em relação ao um monólogo - só Gonzaga fala, raciocina;
conteúdo. Seus temas giram em torno das reflexões Marília é apenas um pretexto, pois o centro
morais, das contradições da vida, tão ao gosto dos do poema é o próprio Gonzaga.
poetas quinhentistas, percebendo-se inclusive uma  Como bem lembra o crítico Antônio Soares
marcante influência camoniana em seus sonetos. Cul- Amora, o melhor título para a obra seria
tivou a poesia bucólica, pastoril, na qual menciona a “Dirceu de Marília, mas o patriarcalismo de
natureza como refúgio: Gonzaga jamais lhe permitiria colocar-se
“Sou pastor; não te nego; os meus montados como a coisa possuída;
São esses, que aí vês, contente  Marília, a pastorinha, aparece na obra ora
Ao trazer entre a relva florescente loira, ora morena, obedecendo às sugestões
A doce companhia dos meus gados” da inspiração do poeta.
 Na obra, é patente a oposição entre o pobre
Ou ainda o sofrimento amoroso, as musas: pastor Dirceu - que cuida de ovelhinhas
“Parece que estes prados, e estas fontes brancas e vive numa choça no alto do mon-
Já sabem, que é o assunto da porfia te - e o burguês Dr. Tomás Antônio Gonza-
Nise, a melhor pastora destes montes”. ga, juiz que lê altos volumes, instalado em
espaçosa mesa. (Esta é uma das contradi-
Deixou-nos também o poema épico Vila Rica, ções em que o poeta cai ao compor a lira).
no qual exalta os bandeirantes, fundadores de inúme- Outro trabalho importante de Gonzaga foram
ras cidades na região mineradora, e narra a história da as “Cartas chilenas” - poemas satíricos que circula-
atual Ouro Preto desde a sua fundação. ram em Vila Rica pouco antes da Inconfidência Mi-
neira. Esses poemas eram escritos em versos
decassílabos e tinham a estrutura de uma carta, assi-
Editora Exato
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LITERATURA

nada por Critilo (Tomás Antônio Gonzaga) e endere- 6. BASÍLIO DA GAMA


çada a Doroteu (Cláudio Manuel da Costa). Critilo,
habitante de Santiago do Chile (na verdade, Vila Ri- “Serás lido, Uraguai, cubra os meus olhos
ca), narra a Doroteu (residente em Madri) os des- Embora um dia a escura noite eterna.
mandos e arbitrariedades do governador chileno, um Tu vive e goza a luz serena e pura”.
(Basílio da Gama)
político sem moral, despótico e narcisista, o Fanfar- José Basílio da Gama (pseudônimo árcade-
rão Minésio (na realidade, Luís da Cunha Meneses, Terminado Sipílio) nasceu a 08 de abril de 1741, na
governador de Minas Gerais até pouco antes da In- então cidade de São José do Rio das Mortes, hoje Ti-
confidência). radentes, Minas Gerais. Estudou no Colégio dos Je-
Esta obra teve sua autoria discutida por muito suítas, no Rio de Janeiro, e era noviço, em 1759,
tempo. Após os estudos de Afonso Arinos e, princi- quando da expulsão daqueles religiosos. Vai para
palmente, o trabalho de Rodrigues Lapa, a dúvida te- Roma, ingressando na Arcádia Romana com o pseu-
ve fim: Critilo é realmente Tomás Antônio Gonzaga dônimo de Terminado Sipílio. Em 1768, já em Lis-
e Doroteu é Cláudio Manuel da Costa. boa, é preso por jesuitismo e condenado ao degredo
5. PRODUÇÃO LITERÁRIA em Angola; livra-se do exílio ao escrever um epita-
lâmio à filha do Marquês de Pombal. Em 1769, pu-
Santa Rita Durão blica O Uraguai - criticando os jesuítas e defendendo
- Aonde vais, Caramuru? a política pombalina - torna-se secretário de Pombal.
- Eu vou para França, Falece em Lisboa a 31 de julho de 1795.
vou levar Paraguaçu.” O poema épico O Uraguai tem dois objetivos
José de Santa Rita Durão nasceu em Cata- básicos: a defesa e a exaltação da política pombalina,
preta, proximidades de Mariana, Minas Gerais, em e a crítica virulenta aos jesuítas, seus antigos mestres.
1722. Após os primeiros estudos com os jesuítas no São palavras de Basílio da Gama nas notas ao poema:
Rio de Janeiro, segue para Portugal, onde ingressa na “Os jesuítas nunca declamaram contra o cativeiro
Ordem de Santo Agostinho. Em 1759, quando da ex- destes miseráveis racionais (os índios), senão porque
pulsão dos jesuítas, prega violento sermão contra os pretendiam ser só eles os seus senhores”, encontra-
padres da Companhia de Jesus (mais tarde, arrepen- mos ainda referência aos jesuítas, com suas restrições
de-se de tal atitude). Peregrina pela Espanha, Itália e mentais.
França. Em 1781, publica o seu poema épico Cara- O tema histórico do poema é a luta empreendi-
muru. Falece em Portugal a 24 de janeiro de 1784. da pelas tropas portuguesas, auxiliadas pelos espa-
Caramuru - Poema Épico do Descobrimento nhóis, contra os índios dos Sete Povos das Missões,
da Bahia, é o título que consta da capa da edição ori- instigados pelos jesuítas; portanto, a culpa caberia
ginal, já antecipando o seu tema: o descobrimento e a aos jesuítas e não aos índios. Em conseqüência do
conquista da Bahia por Diogo Álvares Correia, por- Tratado de Madri (1750), a missão dos Sete Povos
tuguês vítima de um naufrágio no litoral baiano. O passaria aos portugueses, enquanto a de Sacramento,
poema caracteriza-se pela exaltação da terra brasilei- em terras uruguaias, passaria aos espanhóis. Com te-
ra, incorrendo o autor em descrições da paisagem que ma pouco propício e contemporâneo do autor, o que
lembram a literatura informativa do Quinhentismo. O não é comum nos poemas épicos, Basílio da Gama
elemento indígena é tratado dentro de um prisma in- consegue criar uma obra de fôlego e certa elegância
formativo e, no geral, Santa Rita paga um tributo ao poética, apesar de residir seu maior feito na quebra da
século XVIII, valorizando a vida natural (mais pura, estrutura camoniana. Embora fizesse a exaltação da
distante da corrupção). É evidente a influência camo- natureza e do “bom selvagem”, soube fugir dos luga-
niana na distribuição da matéria épica e na forma; por res comuns do bucolismo vigente.
outro lado, Santa Rita não se utiliza da mitologia pa- No aspecto formal, algumas inovações: os ver-
gã, como Camões em “Os lusíadas”, mas apenas de sos são decassílabos brancos (sem rima), não apre-
um conservadorismo cristão. Quanto à forma, o poe- sentam divisão em estrofes e constam de apenas
ma é composto de dez cantos, versos decassílabos, cinco cantos. Embora apresente a divisão tradicional
oitava rima camoniana (ABABABCC). A divisão é a em proposição, invocação, dedicatória, narração e e-
tradicional das epopéias, constando de proposição, pílogo, quebra essa estrutura ao iniciar o poema pela
invocação, dedicatória, narração e epílogo. Seus he- narração:
róis são: Diogo Álvares Correia, o Caramuru; Para- “Fuma ainda nas desertas praias
guaçu, com quem Diogo se casa e vai a Paris; Lagos de sangue tépidos, e impuros
Moema, a bela amante pretendida no casamento e Em que ondeiam cadáveres despidos
que morre, nadando atrás de Diogo; Gupeva e Sergi- Pasto de corvos.”
pe.
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LITERATURA

O Uraguai foi dedicado ao “Ilmo. e Exmo. Sr. a) Faça uma análise da primeira estrofe da Lira
Francisco Xavier de Mendonça Furtado”, mas o livro XIX, a partir dos adjetivos usados por Gonza-
curiosamente se inicia com um soneto dedicado ao ga.
seu irmão, o Conde de Oeiras, mais tarde, Marquês b) A natureza é sábia e nos ensina que as fêmeas
de Pombal. São personagens do poema: Gomes Frei- vivem para a reprodução; esta é a idéia da se-
re de Andrada, herói português, Balda, o vilão, jesuí- gunda e da terceira estrofe da Lira XIX. Qual a
ta caricaturizado; e os indígenas: Lindóia, Cacambo, relação destas com a quarta estrofe?
marido de Lindóia, Cepé; Tatu-Guaçu, Caitutu e Ta- c) A partir da análise da quarta estrofe da Lira
najura, a vidente. XIX, você diria que Dirceu/Gonzaga é patriar-
cal? Justifique sua resposta?
ESTUDO DIRIGIDO d) Faça uma análise da Lira XV da segunda parte.
Percebe-se nela a passagem do poeta pela pri-
1 Leia o texto para responder às questões: são? Justifique sua resposta.
Marília de Dirceu

(Lira XIX - 1ª parte) 2 Leia o texto a seguir:


Enquanto pasta alegre o manso gado, Caramuru
Minha bela Marília, nos sentemos “Copiosa multidão da nau francesa
À sombra deste cedro levantado. Corre a ver o espetáculo, assombrada;
Um pouco meditemos E ignorando a ocasião da estranha empresa,
Na regular beleza, Pasma da turba feminil, que nada.
Que em tudo quanto vive, nos descobre Uma que às mais precede em gentileza,
A sábia natureza. Não vinha menos bela, do que irada;
Era Moema, que de inveja geme,
Atende, como aquela vaca preta E já vizinha à nau se apega ao leme.
O novilho seu dos mais separa (...)
E o lambe enquanto chupa a lisa teta “Bárbaro (a bela diz) tigre e não homem ...
Atente mais, ó cara, Porém o tigre, por cruel que brame,
Como a ruiva cadela Acha forças no amor, que enfim o domem;
Suportará que lhe morda o filho o corpo, Só a ti não domou, por mais que eu te ame.
E salte em cima dela. Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem,
Repara, como cheia de ternura Como não consumis aquele infame?
Entre as asas ao filho essa ave aquenta, Mas pagar tanto amor com tédio e asco ...
Como aquela esgravata a terra dura, Ah! que corisco és tu ... raio ... penhasco!
E os seus assim sustenta;
Como se encoleriza. Enfim, tens coração de ver-me aflita,
Flutuar, moribunda, entre estas ondas;
E salta sem receio a todo o vulto, A um ai somente, com que aos meus respondas.
que junto deles pisa Bárbaro, se esta fé teu peito irrita
Que gosto não terá a esposa amante Nem o passado amor teu peito incita
(Disse, vendo-o fugir) ah! Não te escondas
Quando der ao filhinho o peito brando, Dispara sobre mim teu cruel raio ...”
E refletir então no seu semblante!
Quando, Marília, quando “Perde o lume dos olhos, pasma e treme,
Pálida a cor, o aspecto moribundo;
Disser consigo: “É esta Com mão já sem vigor, soltando o leme
De teu querido pai a mesma barba, Entre as salsas escumas desce ao fundo.
A mesma boca, e testa”. Mas na onda do mar, que, irado, freme,
Tornando a aparecer desde o profundo,
(Lira XV 2ª parte)
Ah! Diogo cruel ! - disse com mágoa -
Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro
E sem mais vista ser, sorveu-se na água.”
Fui honrado Pastor da tua aldeia; (DURÃO, Santa Rita. Caramuru)
Vestia finas lãs, e tinha sempre a) Faça a divisão silábica poética do verso “Pas-
A minha choça do preciso cheia. ma da turba feminil, que nada”
Tiraram-me o casal, e o manso gado. b) Faça o esquema das rimas das estrofes acima.
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.

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LITERATURA

c) Moema morre pelo homem amado. Esse tema, EXERCÍCIOS


comum no Arcadismo, antecipa um novo estilo
de época. Identifique-o. 1 Identifique os itens referentes ao Barroco e ao
Arcadismo, separando uns de outros:
a) Racionalismo;
3 Leia o texto a seguir e responda às questões:
b) Retorno à Idade Média;
O Uraguai
c) Cultismo;
“................................... Mais de perto
d) Complexidade;
Descobrem que se enrola no seu corpo
e) Clareza;
Verde serpente, e lhe passeia, e cinge
f) Fusionismo;
Pescoço e braços, e lhe lambe o seio.
g) Simplicidade;
Fogem de a ver assim, sobressaltados.
h) Volta ao Renascimento;
E param cheios de temor ao longe;
i) Cristianismo;
E nem se atrevem a chamá-la e temem
j) Mitologia.
que desperte assustada, e irrite o monstro.
E fuja, e apresse no fugir a morte.
Porém o destro Caitutu, que treme 2 (OSEC-SP)
Do perigo da Irmã, sem mais demora I – Culto do contraste; oposição do homem volta-
Dobrou as pontas do arco, e quis três vezes do para o céu ao homem voltado para a terra;
Soltar o tiro, e vacilou três vezes linguagem excessivamente ornada.
Entre a ira e o temor. Enfim sacode II – Simplicidade, mas nobreza de linguagem,
O arco e faz voar a aguda seta, busca de motivos bucólicos.
Que toca o peito de Lindóia, e fere As características acima referem-se, respectiva-
A serpente na testa, e a boca e os dentes mente:
Deixou cravados no vizinho tronco. a) Ao Barroco e ao Romantismo.
Açouta o campo com a ligeira cauda b) Ao Parnasianismo e ao Arcadismo.
O irado monstro, e em tortuosos giros c) Ao Parnasianismo e ao Barroco.
Se enrosca no cipreste, e verte envolto d) Ao Barroco e ao Arcadismo.
Em negro sangue o lívido veneno. e) Ao Barroco e ao Modernismo.
Leva nos braços a infeliz Lindóia
O desgraçado irmão, que ao despertá-la
Conhece, com que dor! no frio rosto 3 (UC-MG) Das características abaixo, presentes
os sinais do veneno, e vê ferido na obra de Tómas Antônio Gonzaga, a única que
Pelo dente sutil o brando peito se refere às convenções do neoclassicismo é:
Os olhos, em que Amor reinava, um dia, a) apresentação objetiva da realidade brasileira;
Cheios de morte, e muda aquela língua b) consciente manifestação de estados emocio-
Que ao surdo vento e aos ecos tantas vezes nais;
Contou a larga história de seus males. c) elogio da vida burguesa numa linguagem colo-
Nos olhos Caitutu não sofre o pranto. quial;
E rompe em profundíssimos suspiros. d) freqüentes referências a figuras mitológicas;
Lendo na testa da fronteira gruta e) versos com nítida caracterização de crônica
O alheio crime e a voluntária morte. amorosa.
O suspirado nome de Cacambo.
Ainda conserva o pálido semblante 4 (MACK-SP) Aponte a alternativa cujo conteúdo
Um não sei que de magoado e triste, não se aplica ao Arcadismo:
Que os corações mais duros enternece. a) desenvolvimento do gênero épico, registrando
Tanto era bela no seu rosto a morte”. o início da corrente indianista na poesia brasi-
(GAMA, Basílio da. O Uraguai. 2 ed. Rio de Janeiro, Agir,
1972. P 82-4) leira.
b) presença da mitologia grega na poesia de al-
a) Faça um quadro comparativo entre Caramuru e guns poetas desse período.
o Uraguai, salientando as semelhanças e as di- c) propagação do gênero lírico em que os poetas
ferenças entre essas obras. assumem a postura de pastores e transformam
b) Comente as oposições de interesses entre os a realidade num quadro idealizado.
seguidores do Iluminismo e a Companhia de d) circulação de manuscritos anônimos de teor sa-
Jesus (consulte o momento histórico). tírico e conteúdo político.

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LITERATURA

e) penetração da tendência mística e religiosa, Aplicadas ao poema épico O Uraguai, produzido


vinculada à expressão de ter ou não ter fé. na vigência da estética arcádica, podemos de-
fender como corretas as seguintes afirmativas:
a) II, III e IV..
5 (UFRS) Assinale: b) Somente I e III.
a) se só a proposição I for correta. c) Somente I e II.
b) se só a proposição II for correta. d) I, III e IV
c) se só a proposição III for correta. e) Somente II e IV.
d) se forem corretas as proposições I e II.
e) se forem corretas as proposições II e III.
I - Dirceu era o pseudônimo arcádico do poeta GABARITO
Cláudio Manuel da Costa.
II - O Uraguai, poema composto em moldes rigo- Estudo Dirigido
rosamente camonianos, gira em torno das a-
venturas de um naufrágio português entre os 1
índios do Brasil. a)
III - Os rondós e madrigais dedicados a GIaura b)
constituem a obra lírica-amorosa de Silva Al- c)
varenga. d)
2
6 Para as proposições abaixo, assinale: a)
I. Caramuru, poema composto em moldes rigoro- b)
samente camonianos, gira em torno das aven- c)
turas de um naufrágio vivenciadas por Lindóia 3
e Diogo Álvares Correia. a)
II. Quanto ao gênero épico na Literatura Brasilei- b)
ra, registram-se apenas tentativas de fazer uma Exercícios
epopéia seguindo os moldes clássicos “Cartas
Chilenas” exemplifica essas tentativas. 1
III. As manifestações literárias brasileiras durante Barroco: B, C, D, F, I
o período colonial, embora incipientes, repre- Arcadismo: A, E, G, H, J
sentam o esplendor das tendências literárias do 2 D
medievalismo português.
a) apenas I é correta. 3 D
b) apenas II é correta. 4 E
c) apenas III é correta.
d) todas são corretas. 5 C
e) todas são incorretas. 6 E
7 D
7 (UA-AM) Leia as afirmativas abaixo, também
referentes ao Arcadismo.
I. Sua estrutura inverte a tradição criada por Ca-
mões (proposição, invocação, oferecimento,
narrativa e epílogo), pois o enredo começa pe-
lo desfecho.
II. A ação se passa, entre índios e jesuítas, na re-
gião do Recôncavo Baiano.
III. Segundo muitos estudiosos, é um poema épi-
co, mas não uma epopéia, pois não narra os
maiores momentos de nosso povo.
IV. É construído em decassílabos brancos e estro-
fação livre.

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LITERATURA

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MATEMÁTICA
MATEMÁTICA

CONJUNTOS NUMÉRICOS
1. DIAGRAMA DE INCLUSÃO (x + y) + z = x + (y + z) e (x ⋅ y) ⋅ z = x ⋅ (y ⋅ z)
 Comutativa
I x + y = y + x e x ⋅ y = y⋅ x
Z Q
 Existência do elemento neutro
x + 0 = x e x ⋅1 = x
 Lei do cancelamento
N
Se x + z = y + z , então x = y .
R C
Se x ⋅ z = y ⋅ z , então x = y (desde que z ≠ 0 ).
3.3 Paridade de um número inteiro
Os conjuntos numéricos serão estudados passo Um número a ∈ Z é chamado de par quando a
a passo ao longo de nosso curso. Essa unidade deverá divisão por 2 for exata, ou seja, o resto da divisão por
trabalhar os conjuntos até o campo dos Reais e deixar 2 é zero. Em símbolos, temos:
para depois o estudo no campo dos Complexos. Se a é par, então existe um número k ∈ Z, tal
que a=2k. Devemos observar que o número a ∈
2. CONJUNTOS DOS NÚMEROS NATURAIS
M(2).
O Conjunto dos Naturais, simbolizado por N, Exemplos:
representa os elementos inteiros positivos e o zero. E.1) 4 é par, pois 4 = 2.2 ;
Observe que, nesse contexto, o zero foi separado dos E.2) –6 é par, pois −6 = 2 ⋅ (−3) .
números positivos, ou seja, caracterizando a neutrali-
Um número a e ∈ Z é chamado de ímpar no
dade do elemento.
caso contrário ao par, ou seja, a divisão de a por 2
2.1 Notações deixa resto 1. Logo, podemos escrever que a = 2k + 1,
 N= {0,1,2,3,4,...} com k ∈ Z.
 N*= {1,2,3,4,...} , nessa notação, excluímos o Exemplos:
número 0 (zero). E.1) 5 é ímpar, pois 5 = 2 ⋅ 2 + 1 ;
3. CONJUNTO DOS NÚMEROS INTEIROS E.2) −17 é ímpar, pois −17 = 2 ⋅ (−9) + 1 .
O conjunto dos Inteiros, simbolizado por Z, 3.4 Número Primo e Composto
representa os elementos inteiros positivos, negativos É todo número inteiro que só é divisível por
e o zero. ele mesmo ou por ±1 , excluindo-se o 1.
P {±2, ±3, ±5, ±7,...}
3.1 Notações
 Z= {...,−4,−3,−2,−1,0,1,2,3,4,...} Um número p ∈ Z* é denominado de composto
* se possuir mais de quatro divisores.
 Z = {...,−4,−3,−2,−1,1,2,3,4,...} , nessa notação,
Exemplos:
excluímos o número 0 (zero).
E.1) 2 é primo, pois D(2) = {± 1,±2} , 2 ≠ 1 e
 Z+=N= {0,1,2,3,4,...} , esse conjunto será cha-
2 ≠ −1 ;
mado de conjunto dos números inteiros não
E.2) −7 é primo, pois D(− 7 ) = {± 1,±7} , −7 ≠ 1 e
negativos.
−7 ≠ −1;
 Z-= {..., −4,−3,−2,−1,0} , esse conjunto será E.3) 6 é composto, pois D(6) = {± 1,±2,±3,±6} ;
chamado de conjunto dos números inteiros
E.4) −10 é composto, pois
não positivos.
D(− 10 ) = {± 1,±2,±5, ±10} .
 Z *+ = {1,2,3,4,...} =N*, esse conjunto será cha-
 Observações:
mado de inteiros positivos. - Não existe até o presente momento uma lei
 Z *− = {...,−4,−3,−2,−1} , esse conjunto será de formação para os números primos.
chamado de inteiros negativos. - O conjunto dos números primos possui infini-
3.2 Propriedades estruturais tos elementos.
No corpo dos inteiros, a soma e o produto pos- - A classificação da paridade em primos e
suem as propriedades abaixo. compostos só pode ser efetuada para números intei-
Dados x, y e z ∈ Z. ros.
 Associativa

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3.5 Mínimo Múltiplo Comum (MMC) 5. CONJUNTO DOS NÚMEROS IRRACIO-


O MMC entre n números é o menor número NAIS
divisível pelos n números.
Um número é chamado de irracional quando,
Exemplo: escrito na forma decimal, apresenta um número infi-
O MMC de 4, 6, 12: nito de casas decimais sem apresentar períodos.
Exemplos:
4, 6, 12 2 E.1) 2 ;
2 E.2) π=3,141592...
2 3 3
3
1 3 3 E.3) e=2,71828...
1 1 1
2 x 2 x 3 = 12 5.1 Notação
O conjunto dos números irracionais será repre-
sentado por I.
3.6 Decomposição simultânea
Determine mmc (18, 24, 36). 6. CONJUNTO DOS NÚMEROS REAIS
O conjunto dos números reais é formado pelos
Resolução: elementos da união dos conjuntos dos números Ra-
Consideremos o dispositivo prático. cionais e Irracionais. Em símbolo, temos:
18 24 36 2
9 12 18 2 R= I Q
9 6 9 2 Racionais
9 3 9 3 Irracionais
Reais
3 1 3 3
1 1 1
23 . 32 = 72 6.1 Representação na reta real
Assim, temos: mmc (18, 24, 36) = 72. Podemos representar os números reais em uma
reta orientada, denominada reta real ou reta numéri-
4. CONJUNTO DOS NÚMEROS RACIONAIS
ca.
4.1 Definição
- 5 -2
É o conjunto formado por todos os números 2 3
a
que podem ser escritos na forma , em que a ∈ Z e b -3 -2 -1 0 1 1 2 3 reta numérica
b 2
∈ Z*.
4.2 Notação 6.3 Critérios de divisibilidade
Q= {números que podem ser reduzidos à forma  Divisibilidade por 2.
a * Um número natural é divisível por 2 se, e so-
, com a ∈ Z e B ∈ Z }.
b mente se, terminar em 0, 2, 4, 6, 8.
Exemplos:  Divisibilidade por 3.
2 Um número natural é divisível por 3, se e so-
E.1) é racional, pois 2∈Z e 3∈Z*. mente se, a soma dos seus algarismos for um número
3
1 1 divisível por 3.
2 2 = 1⋅3 = 3  Divisibilidade por 4.
E.2) é racional, pois , com 3 Um número natural é divisível por 4 se, e so-
2 2 2 2 4
3 3 mente se, os dois últimos algarismos da direita for-
∈Z e 4∈Z*. marem um número divisível por 4.
2  Divisibilidade por 5.
E.3) 0,666... é racional, pois 0,666 ... = , com
3 Um número natural é divisível por 5 se, e so-
2 ∈Z e 3∈ Z*. mente se, terminar em 0 ou 5.
 Observação  Divisibilidade por 6.
- Na representação decimal de um número ra- Um número natural é divisível por 6 se, e so-
a mente se, for divisível por 2 e por 3.
cional , a dividido por b, encontramos dois tipos de  Divisibilidade por 9.
b
números, os decimais exatos ou decimais periódicos
(dízimas periódicas).
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Um número natural é divisível por 9 se, e so- 2 O resultado de (-4).(50:10)+(-1) é:


mente se, a soma de seus algarismos for um número a) 20
divisível por 9. b) –20
 Divisibilidade por 11. c) –21
Um número natural é divisível por 11 se, e d) 19
somente se, a diferença entre a soma dos algarismos e) Nenhuma.
de ordem ímpar e a soma dos algarismos de ordem
par, considerados da direita para a esquerda, for divi-
sível por 11. 3 Resolva: [(−4).(+1).(−4).(−1)] : (−16):
a) 1 d) 2
7. REGRA DE SINAIS b) –1 e) –2
Soma e subtração c) 0
Sinais iguais + +=+ soma e conserva o
− −=− sinal 4 Se x= 4+2. {8 + 2.[1− 3.(4 : 2)]} então:
+ −= subtrai o módulo a) x=1 d) 0
Sinais dife- − += maior do módulo b) x= -1 e) –4
rentes menor e conserva o c) x=32
sinal do módulo
maior
Multiplicação e divisão
sinais iguais + +=+ 5 Resolva: [(−2).(−3)] : [(−3).(+2)] :
− −=+ a) –1 d) –2
sinais diferentes b) 1 e) –3
+ −=−
c) 2
− + =−

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 6 O m.m.c. entre 12, 5, 6 e 4 é:


a) 12 d) 40
1 Resolva: b) 24 e) 60
a) ( +3 ) ⋅ ( +2 ) = c) 30
b) ( +3 ) ⋅ ( −2 ) =
c) ( −6 ) : ( −2 ) = 7 Não é um número primo:
d) ( −8 ) : ( +4 ) = a) 5 d) 29
e) ( −3 ) : ( −3 ) = b) 13 e) 37
c) 1
Resolução:
a) +6
b)-6  4 1 
c)3 8 Efetue:   :  −   .(−1) =
 3   3  
d)-2
a) –4 d) 3
e)1
b) 4 e) –12
c) 1
EXERCÍCIOS
9 Considere as afirmações:
1 Resolva: (-2).(-5)+(-5).(+3)= 2
a) d) 0 I. − ∈N
5
b) e) – 2
c) –5 II. − ∈ Z
5
d) –4 2
III. − ∈ Q
e) –7 5

Quantas são verdadeiras?


a) 0
b) 1

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MATEMÁTICA

c) 2
d) 3
e) Nenhuma.

3 2 1 1
10 O valor de  −  :  + 1  é:
4 3 5 2
17
a)
120
5
b)
102
10
c)
12
17
d)
15
e) Nenhuma.

GABARITO

1 C
2 C
3 A
4 D
5 A
6 E
7 C
8 B
9 B
10 B

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MATEMÁTICA

FUNÇÕES
1. PAR ORDENADO I) Listagem dos pares ordenados envolvidos na
relação.
É uma seqüência de dois elementos em uma II) Diagrama de flechas entre os conjuntos A e
dada ordem. B.
1.1 Igualdade III) Representação gráfica no plano cartesiano.
(a, b) = (c, d) ⇔ a = c e b=d Exemplo:
Exemplos: Considere a relação R = {(x, y) ∈ AxB/ y = x + 1} em
E.1) (2,3) = (a + 1, b) ⇒ a + 1 = 2 e b = 3 , logo que A = {2,3,5,6} e B = {3,4,7,10,11} . Represente a rela-
a =1 e b = 3. ção R.
a + 2b = 3
E.2) (a + 2b, a − b) = (3,6) ⇒  , logo Resolução:
a − b = 6 I) Representação dos pares ordenados.
a=5 e b = −1.
R = {(2,3), (3,4), (6,7 )} .
2. PRODUTO CARTESIANO

2.1 Representação II) Representação com diagrama de flechas.


O produto cartesiano será simbolizado por A B
AxB. y= x+ 1
3
2.2 Definição 5
Dados os conjuntos A e B, não vazios, define- 4
se como produto cartesiano (AxB) o conjunto de todos 2
7
os pares ordenados (x, y) , tais que x ∈ A e y ∈ B . Em
3
símbolos, temos: 10
6
AxB= {(x, y) / x ∈ A e y ∈ B} 11

Se A ou B forem vazios, afirmamos que III) Representação no gráfico cartesiano.


AxB = φ .
Exemplos:
E.1) Dados A = {1,2} e B = {3,4} , determine AxB 7
e BxA.
Resolução:
AxB = {(1,3 ) , (1, 4 ) , ( 2,3 ) , ( 2, 4 )}
4
BxA= {(3,1), (4,1), (3,2), (4,2)}
E.2) Determine A2 = AxA, em que A = {1,2,3} .
3
Resolução:
A2 = AxA = {(1,1), (1,2), (1,3), (2,1), (2,2), (2,3), (3,1), (3,2), (3,3)}
2.3 Propriedade
2 3 6
n(AxB) = n(A) ⋅ n(B) ,
em que n(AxB) , n(A) e n(B) re-
presentam, respectivamente, o número de elementos
em AxB, A e B. 3.3 Domínio, Imagem e Contra-domínio
Dada uma relação R de A em B (R : A → B) .
3. RELAÇÃO BINÁRIA
Define-se como:
3.1 Definição  Contra-domínio da relação R o conjunto de
Define-se como relação binária de A em B a chegada da relação R, ou seja, o conjunto
qualquer subconjunto de AxB. B.
 Domínio da relação R o conjunto formado
3.2 Representação
pelos elementos relacionados pela relação
A relação binária de A em B pode ser repre-
R no conjunto de partida (conjunto A).
sentada como:
 Imagem da relação R ao conjunto formado
pelos elementos relacionados pela relação
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5
MATEMÁTICA

R no conjunto de chegada (conjunto B), ou E.3)


seja, os segundos elementos de todos os pa-
res ordenados de R. A B
Exemplo:
A B
1 10
3
2
5
3 satisfaz à
7
propriedade I
8 5

9 7 II) Cada elemento do domínio possui um único


correspondente no contra-domínio.
I) Domínio da relação R: D(R) = {1,3,5,8} . Exemplo:
II) Contra-domínio da relação R (conjunto de E.1)
chegada): CD(R) = B .
III) Imagem da relação R : Im(R) = {2,3,5,10} .
4. FUNÇÃO

4.1 Definição
Define-se como função de A em B a toda rela-
ção binária de A em B que satisfaz as propriedades
não satisfaz à
abaixo.
propriedade II
I) Todo elemento do domínio possui um cor-
respondente no contra-domínio, ou seja, no conjunto
de partida não existe elemento sem correspondente. E.2)
Exemplo:
E.1)

A B

satisfaz à
propriedade II

E.3)
não satisfaz
à propriedade I

E.2)

A B
satisfaz à
propriedade II

4.2 Função Inversa


Dada uma função f de A em B, bijetora, defi-
ne-se como função inversa de f a toda função g em B
satisfaz à em A, tal que:
propriedade I
fog ( x ) = go f ( x ) = x .

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6
MATEMÁTICA

Símbolo: A função inversa de f é indicada por 6. FUNÇÃO QUADRÁTICA


f −1
.
Define-se como função polinomial do 2º grau a
Exemplo: função quadrática a toda função f de R em R que as-
Dada f ( x ) = 3x + 5 , determine sua função inver- socia a cada número x ∈ D ( f ) um número
sa.
f ( x ) ∈ CD ( f ) , tal que f(x) = ax2 + bx + c (com a∈R* e b,
Resolução:
Na prática, para determinarmos a função inver- c ∈R).
sa de f, devemos trocar o x por y, o y por x e depois 7. CONCAVIDADE E RAÍZES
isolar o y.
A função polinomial do 2º grau possui como
(x) = 3x{ + 5 ⇒ x = 3y + 5 ⇒ −1y = x − 5
f{ , logo representação gráfica a curva denominada de parábo-
x y f (x) 3
la.
x− 5
f −1(x) = . a > 0 ⇒ voltadapara cima
3  concavidade 
a < 0 ⇒ voltadapara baixo
5. FUNÇÃO POLINOMIAL DO 1º GRAU ∆ > 0 ⇒ 2 raízesreaise distintas
5.1 Definição  raízes ∆ = 0 ⇒ 2 raízesreaise iguais
∆ < 0 ⇒ não existemraízesreais
Define-se como função polinomial do 1º grau 
ou função afim a toda função f de R em R que associa 8. GRÁFICOS
a cada número x ∈ D ( f ) um número f ( x) ∈ CD ( f ) , tal
Devemos observar que o número de possibili-
que f ( x) = ax+ b (com a ∈ R* e b ∈ R).
dades para a construção do gráfico da função quadrá-
5.2 Gráficos tica é 6, levando em consideração as possibilidades
Dada a função f: R → R, tal que f(x) = ax + b da concavidade e raízes.
(com a ≠ 0 ). 8.1 a>0 e ∆>0
Gráficos  Concavidade voltada para cima e duas raí-
zes reais distintas.
a>0 a<0

y y
x1 x2

8.2 a>0 e ∆=0


O x O x
 Concavidade voltada para cima e duas raí-
zes reais iguais.

função crescente função decrescente

 Propriedades x1 = x2
O coeficiente a é denominado de coeficiente
angular e representa a tangente do ângulo de inclina- 8.3 a>0 e ∆<0
ção.  Concavidade voltada para cima e não pos-
O coeficiente b é denominado de coeficiente sui raízes reais.
linear e representa o ponto de encontro da função
com o eixo y, ou seja, o ponto (0, b) pertence ao grá-
fico da função f.

Editora Exato
7
MATEMÁTICA

8.4 a<0 e ∆>0 y


 Concavidade voltada para baixo e duas raí-
zes reais distintas.

x1 x2 5
4
x
105
8.5 a<0 e ∆=0 8  5 105 
Vv , − 
 Concavidade voltada para baixo e duas raí- 4 8 

zes reais iguais.


9.1 Valor máximo e mínimo
Para uma função polinomial do 2º grau pode-
x1= x2 mos determinar o valor máximo ou mínimo da ima-
gem determinando o valor da imagem da função no
vértice da parábola  yv =
−∆
.
 4a 
 Se a > 0, então o valor encontrado no yv se-
rá mínimo.
8.6 a<0 e ∆<0  Se a < 0, então o valor encontrado no yv se-
 Concavidade voltada para baixo e não pos- rá máximo.
sui raízes reais.
10. FUNÇÃO MODULAR

10.1. Definição
Define-se como função modular a toda função
f de R em R que associa a cada x ∈ D ( f ) um número
f ( x) ∈ CD ( f ) , tal que, f ( x) = x . Em símbolos, temos:

 x, se x ≥ 0
f:R →R f(x) =  .
9. VÉRTICE DA PARÁBOLA -x, se x< 0

Dada a função f ( x)= ax2+ bx+ c (com a ≠ 0 ) a


10.2. Elementos
coordenada do vértice da parábola v(xv , yv ) pode ser
Dada a função módulo f(x) = x .
determinada pelas relações abaixo.
 Domínio de f : D(f) = R .
−b −∆  Contra domínio de f: CD(f) = R .
xv= e yv =
2a 4a  Imagem de f: Im(f) = R + .
10.3. Equações Modulares
Exemplo:
Dada a função f(x) = 2x2 − 5x − 10 , determine a x = k
coordenada do vértice da parábola e faça a represen- 
x = k ⇔  ou
tação gráfica da função f no plano cartesiano.  x = −k

Resolução:
2
xv = −
(−5 ) = 5 e yv =
((− 5) )
− 4 ⋅ 2(− 10 )
=−
105 Exemplo:
2.2 4 4⋅2 8
E.1) Determine o valor de x na equação
Devemos observar que ∆ > 0 e a > 0 ; logo,
a x− 3 = 5 .
parábola possui concavidade voltada para cima e du-
as raízes reais distintas. Resolução
x − 3 = 5 → x = 8

x− 3 = 5 ⇒  ou
 x − 3 = −5 ⇒ x = −2

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8
MATEMÁTICA

 Propriedades Resolução:
x ≥ 0. c) e d)
x⋅ y = x ⋅ y . Observe que a definição de função compreen-
x
de dar um valor x e encontrar um, e somente um, va-
x
= , para y ≠ 0. lor para y.
y y
n
Dica: fazer uma reta vertical em qualquer pon-
nn = x . to do gráfico e não corresponder dois ou mais valores
n
x = xn , para n par. em y.

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS 2 Seja a função f ( x ) = x 3 − 2x 2 + x + 1, calcular:


1 Qual dos gráficos abaixo representa uma função? a) f(0)
a) b) f ( −1)
Resolução:
y
a) substituir na função o valor atribuído a x
y 2
1 f ( 0 ) = 03 − 2 ( 0 ) + 0 + 1 = 1
y b)
2
3 2
( −1) − 2 ( −1) + ( −1) + 1 =
−1− 2 − 1/ + 1/ = −3
x1 x
EXERCÍCIOS
b) 1 (FMU-SP) Seja a função f definida por
1
y f ( x ) = 2x 3 − 1 . Então f ( 0 ) + f ( −1) + f   é:
y 2
1
3 19
a) − d) −
4 4
15 13
y2 b) − e) −
4 4
17
x1 x c) −
4

c)
2 (MACK-SP) Se f ( x − 1) = x , então o valor de
2

y
f ( 2 ) é:
a) 9
b) 6
c) 4
y
1 d) 1
x1 x
e) 0

d) 3 (FGV-SP) A população de uma cidade daqui a t


4
y anos é estimada em P ( t ) = 30 − milhares de pes-
t
soas. Durante o 5º ano, o crescimento da popula-
ção será de:
y a) 300 pessoas.
1
b) 200 pessoas.
c) 133 pessoas.
x1 x d) 30 pessoas.
e) 2 pessoas.

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9
MATEMÁTICA

4 (UFMG) Suponha que o número f(x) de funcio- b)


nários necessários para distribuir, em um dia,
contas de luz entre x por cento de moradores, y
numa determinada cidade, seja dado pela função
300x
f (x) = . Se o número de funcionários ne-
150 − x
x
cessários para distribuir, em um dia, as contas de
luz foi 75, a porcentagem de moradores que as
receberam é:
a) 30.
b) 40. c)
c) 45.
d) 50. y
e) 55.

x
5 (UEL-PR) Para que os pontos (1;3 ) e ( 3; −1) per-
tençam ao gráfico da função dada f(x) = ax + b , o
valor de b − a deve ser:
a) 7. d)
b) 5.
c) 3. y
d) –3.
e) –7.

6 (CESCEM) Se f(x) = 2x , então, os valores de:


3

1
f(0); f ( −1) ; f ( 2 ) ; f ( −2 ) ; e −f  −  são: x
 2
a) 2, 2, 4, -4, -1/4.
e)
b) 0, -2, 16, -16, 1/4.
c) 0, -6, 16, -16, 1/3.
y
d) 2, -2, 2, -2,-1/3.
e) 0, 2, 16, 16, 1/4.

7 (PUC) Qual dos gráficos não representa uma


função?
a) x

8 (ESC. AERON) Determinar o campo de existên-


cia da função y = 4 − x :
2

a) ( −4, 4 )
b) [ −2, 4]
x c) ( 2, −2 )
d) [ −2,2]
e) Nenhuma.

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10
MATEMÁTICA

9 (PUC-RS) O domínio da função real dada por 14 (UFPR) Para cada valor real de x, sejam
1 f ( x ) = x e g ( x ) = f  f ( x )  . Calcular o valor de
2

f (x) = 2 é o conjunto:
2x + 5x − 3
f g ( 3 ) 
1 .
a) R − −3,  g (3 )
 2 
1 a) 20.
b) R − − ,3  b) 21.
 2 
c) 31.
 1
c) R−  d) 81.
2
e) 80.
1
d) −3, 
 2
 1  15 Uma função do 2º grau, nos dá sempre
e) − ,2 a) uma reta.
 2 
b) uma hipérbole.
c) uma parábola.
10 (FMU-SP) O domínio real da função d) uma elipse.
f (x) =
x2 − 4
é o conjunto: e) nenhuma.
x−2
a) {x ∈ R / x ≤ −2 ou x ≥ 2}
16 O vértice da parábola y = − x + 4x + 5 é:
2

b) {x ∈ R / − 2 ≤ x<2}
a) V ( 2,9 ) .
c) {x ∈ R / − 2 ≤ x ≤ 2}
b) V ( 5, −1) .
d) {x ∈ R / x ≤ −2 ou x>2}
c) V ( −1, −5 ) .
e) {x ∈ R / x > 2}
d) V ( 0,0 ) .
e) Nenhuma.
11 (PELOTAS) Se f e g são funções definidas em R
por f ( x ) = x + 2 e g ( x ) = 3x + 5 , então g  f ( x )  é: 17 A função y = 2x − x + 1 é uma parábola que:
2

a) 3x+11 a) corta o eixo x em dois pontos.


b) 3x2 + 10 b) passa pela origem.
c) 3x2 + 11x + 10 c) não corta o eixo x.
d) 4x+7 d) tem concavidade voltada para baixo.
e) f g ( x )  e) nenhuma.

12 (USP) Se f ( x ) = 5x e g ( x ) = 3x , então f g ( x ) 


2 18 Dada a função f ( x ) = mx + n , conhecendo-se
será igual a: f ( 0 ) = 2 e f (1) = 3 , então o valor de m e n é:
a) 15x + 3x2 a) 1 e 2.
b) 15x2 b) 2 e 1.
c) 8x3 c) 3 e 1.
d) 15x d) 2 e 3.
e) 15x3 e) 0 e 1.

13 (PUC-SP) Sendo f ( x ) = x + 1 e g ( x ) = x − 2 , então


3
19 (PUC) Sendo m ∈ R , então as raízes da equação
gof ( 0 ) é igual a: x − ( m − 1) x − m = 0 serão reais e iguais se, e so-
2

a) 1 mente se,
b) 3 a) m ≠ 1 .
c) 0 b) m=1.
d) 2 c) m ≠ −1 .
e) –1 d) m=-1.
e) m=0.

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11
MATEMÁTICA

20 (PUC) Para que as raízes ou zeros da função


y = x − mx + 4 sejam reais, é necessário que:
2

a) m ∈ R e [m ≤ -4 ou m>4] .
b) m ∈ R e m>4 .
c) m ∈ R e [m ≤ -4 ou m ≤ 4] .
d) m ∈ R e [-4 ≤ m ≤ 4] .
e) m ∈ R e [-4 < m <4] .

21 (UFPR) O vértice da parábola y = −2x + 8x − 8


2

tem coordenadas:
a) ( 0, −8 ) .
b) (1, −2 ) .
c) ( 2,0 ) .
d) ( 3,0 ) .
e) ( 3. − 2 ) .

GABARITO

1 D
2 A
3 B
4 A
5 B
6 B
7 B
8 D
9 A
10 D
11 A
12 B
13 E
14 D
15 C
16 A
17 C
18 A
19 D
20 C
21 C

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12
MATEMÁTICA

MATRIZES
1. DEFINIÇÃO Toda matriz identidade de ordem maior que 1
terá todos os elementos da diagonal principal iguais a
Chama-se matriz do tipo m x n toda tabela de 1 e todos os demais elementos iguais a zero.
números dispostos em m linhas e n colunas. Tal tabe-
la pode ser representada entre parênteses ( ), entre Exemplo:
colchetes [ ] ou entre barras duplas || ||.  1 0 0
 
I3 =  0 1 0 
Exemplos:  0 0 1
9 4   
 
a) A 3× 2 =  5 6  Matriz A do tipo 3 × 2 Matriz transposta
 1 − 3 Se A é uma matriz de ordem m x n, denomi-
 
5 −4 
namos transposta de A. A matriz de ordem n x m ob-
b) B 2× 2 =   Matriz B do tipo 2 × 2 tida trocando-se ordenadamente as linhas pelas
3 − 6 colunas indica-se transposta de A por At.
c) C1×3 = 4 − 1 5 Matriz C do tipo 1 × 3

2. REPRESENTAÇÃO GENÉRICA
3.4. Outras matrizes especiais
 Matriz linha: é uma matriz m x n onde m =
Uma matriz qualquer do tipo m x n pode ser 1, ou seja, a matriz linha possui uma única
representada da seguinte maneira: linha.
 a11 a12

a13 K a1n 

 Matriz coluna: é uma matriz m x n onde n =
a a22 a23 K a2n  1, ou seja, a matriz coluna possui uma única
A m ×n =  21
 M M M M  coluna.
a
 m1 am2 am3 K amn   Matriz diagonal: é a matriz quadrada em
Como o quadro A é bastante extenso, a matriz que todos os elementos não pertencentes à
m x n será representada abreviadamente por: diagonal principal são nulos.
 Matriz triangular: é a matriz quadrada em
A = a ij
( ) que todos os elementos situados em um
m×n
mesmo lado da diagonal principal são i-
guais a zero.
aij são os elementos da matriz A, onde i repre-  Matriz nula: é uma matriz m x n onde todos
senta a linha e j as colunas, às quais cada elemento aij os elementos são nulos.
pertence.
4. IGUALDADE DE MATRIZES
3. MATRIZES ESPECIAIS
Dadas duas matrizes do mesmo tipo,
3.1 Matriz quadrada A = (aij)m x n e B = (aij)m x n, dizemos que A = B se, e
É toda matriz cujo número de linhas é igual ao somente se, todo elemento de A é igual ao seu cor-
número de colunas. respondente em B.
Diagonal secundária
a11 a12 a13 5. OPERAÇÃO COM MATRIZES
A= a21 a22 a23
a31 a32 a33
5.1. Adição de matrizes
Dadas as matrizes A = (aij) m x n e B = (bij)m x n,
Diagonal principal
a soma de A com B é a matriz C = (cij)m x n, tal
Numa matriz quadrada, de ordem n, os ele- que: cij=aij+bij para 1 ≤ i ≤ m e 1 ≤ j ≤ n.
mentos aij, tais que i = j formam a diagonal principal
da matriz, e os elementos aij, tais que i + j = n + 1 Indicamos essa operação por: C = A + B
formam a diagonal secundária. Propriedades da Adição
3.2. Matriz identidade 1a A+ B = B + A (comutativa)
Chama-se matriz identidade de ordem n, que se 2a (A + B) + C = A + (B + C) (associativa)
indica por In , a matriz: 3a A+ 0 = A (elemento neutro)
4a A + (−A) = 0 (elemento oposto)
1, se i = j
In = ( a ij )n × n , tal que aij =  .
0, se i ≠ j

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MATEMÁTICA

5.2. Multiplicação de uma matriz por EXERCÍCIOS RESOLVIDOS


um número real
Dada a matriz A = (aij)m x n e o número real α , 1 Resolva:
o produto de A por α é a matriz de B = (bij)m x n, tal  1 2
 2
que: bij = aij . α para 1 ≤ i ≤ m e 1 ≤ j ≤ n.
 
A = − 3 5  e A t = 1 − 3 
 2 0 2 5 0  2×3
Exemplo: 3× 2

 2 − 5   8 − 20 
Resolução:
  
4 3 0  = 12 0 
 Podemos indicar At como:
1 6   4 A t = (b ji )n×m , tal que b ji = aij , ∀i, j, 1 ≤ i ≤ m e
   24 
1 ≤ j ≤ n.
5.3. Multiplicação de matrizes
Dadas as matrizes A = (aik)mxk e B = (bkj)kxn o
produto de A por B é a matriz C = (cij)mxn, tal que ca- 2 Some as matrizes seguintes:
da elemento cij é igual ao produto da linha i de A pela Resolução:
coluna j de B. 1 4 3  2 3 5
 + =
Propriedades: 6 8 −5   4 −3 7 
Para qualquer matriz Amxn, quaisquer matrizes 3 7 8
B e C (convenientes) e qualquer número real α , va-  
10 5 2
lem as propriedades:

 1ª (AB)C = A(BC) (associativa) 3 Multiplique as matrizes:


 2ª C(A+B)= CA + CB (distributiva à es-
querda) 9 7  1 2 3
  ⋅   =
 3ª (A+B)C = AC +BC (distributiva à direi- 0 8  4 5 6
ta)
 4ª A . In = In . A = A (elemento neutro) Resolução:
 5ª ( α . A)B = A . ( α . B) = α ( A . B)
 6ª (A.B)t = At . Bt 9 ⋅ 1 + 7 ⋅ 4 9 ⋅ 2 + 7 ⋅ 5 9 ⋅ 3 + 7 ⋅ 6
=  
O número de colunas de A deve ser igual ao 0 ⋅ 1 + 8 ⋅ 4 0 ⋅ 2 + 8 ⋅ 5 0 ⋅ 3 + 8 ⋅ 6
número de linhas de B.
A multiplicação de matrizes não é necessaria-  37 53 69 
mente comutativa, ou seja, nem sempre A ⋅ B = B ⋅ A . =  
 32 40 48 
Se o produto A ⋅ B é nulo, isto não significa
necessariamente que A ou B sejam nulos.
Na multiplicação de matrizes, se C é uma ma-  −1 3   1 0
triz não nula AC = BC, isto não significa necessaria- 4 Dadas as matrizes A =  e B=  , o va-
 4 0  -1 4 
mente que A = B. lor de 2A–3B é:
6. MATRIZ INVERSA Resolução:
Calcule 2ª – 3B
Dada a matriz A quadrada de ordem n, se e-
xistir uma matriz A-1, tal que A-1 . A = In e A . A-
1
=In, ela será chamada matriz inversa de A. ( ) ( )
2. -1 3
4 0
1 0
-3 -1 4

7. MATRIZ SIMÉTRICA
Sendo A = (aij) uma matriz quadrada de ordem
( ) ( )
-2 6
8 0 +
-3 0
3 -12
 -5 6 
n, A é simétrica se At = A, ou seja, se aij = aji, para 1  
≤ i ≤ n e 1 ≤ j ≤ n. 11 -12 

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MATEMÁTICA

EXERCÍCIOS 2 6 
d)  
3 4 
1 2 4 3 
1 (UFRN) Dadas as matrizes 
A = 3 4

e e)  
6 2 
5 6 

 −1 3 2 
B=   então a matriz A–1Bt é: 5 (UFPR) Seja M=(aij), uma matriz de ordem 3x2
 2 0 1
2(i − j), se i= j
 0 -1 tal que aij =  . A matriz M é:
a)   2i + j, se i ≠ j
1 4 
0 2
2 0
a)  2 0 
b)  0 4   -4 0 
3 5  
 
0 6
 2 0 3
c)  ] b)  6 0 
0 4 5  8 10 
 
 2 1
d)   0 4
 -1 4  c)  5 0 
0 0 7 8 

e)  0 4 
3 5 0 5 7
  d)  
4 0 8
0 6 8
e)  
2 (UFRN) A solução da equação matrici- 6 0 10 
 -1 2   x+ 1 x+ 4 
al  =  é um número:
 x x2
-2   3x+ 4 2 
 2 -1 1 0 
a) maior que –1. 6 Se A =   e B=  , então o produto AB é:
b) menor que –1.  3 2 1 -4 
c) maior que 1. 2 1
a)  
d) entre –1 e 1.  -1 4 
e) ente 0 e 3. 1 4
b)  
 5 -8 
3 (PUC) Da equação matricial  0 -1 
c)  
 x 1   2 y  3 2   2 5
 + =  resulta:
1 2   0 -1  z t  2 0
d)  
a) x=y=z=t=1  3 -8 
b) x=1, y=1, z=3, t=2  2 -1 
3
e)  
c) x= , y=2, z=0, t=–2 3 0
2
d) x=1, y=2, z=t=0
e) x=2, y=0, z=2, t=3 7 (FGV-SP) Dadas as matrizes
 x y x 6 4 x+ y
A=  .B=   e C= , e sendo
 z w   -1 2w   z+ w 3 
4 (UEL-PR) – A matriz quadrada A = (aij ) , de or-
3A=B+C, então:
i + j, para i ≥ j a) x+y+z+w=11
dem 2, tal que aij =  é:
3j, para i< j b) x+y+z+w=10
2 3 c) x+y–z–w=0
a)  
3 6  d) x+y–z–w=11
4 6 
e) x+y+z+w>11
b)  
3 2 
3 6 
c)  
2 4

Editora Exato 15
MATEMÁTICA

3 0
8 (PUC) Dadas as matrizes A= e
1 -4 
2 1
B=  , então AB–BA é igual a:
 -1 0 
0 0
a)  
0 0
 2 -3 
b)  
5 0 
 -3 1 
c)  
2 7
1 0 
d)  
 0 1
 -1 7 
e)  
9 1 

1 -1
9 (OSEC-SP) Dadas as matrizes A =   e
2 3 
0 1
B=   então, calculando-se (A+B)2, obtém-
3 8
se:
 1 0 
a)  
 60 121
 1 0 
b)  
 25 121
1 0 
c)  
 4 8
1 60 
d)  
1 121
1 1
e)  
1 1

GABARITO

1 B
2 B
3 A
4 D
5 C
6 B
7 B
8 E
9 A

Editora Exato 16
MATEMÁTICA

P.A. E P.G.
1. SEQÜÊNCIA 2.2 Classificação
Dada a progressão aritmética (PA)
1.1 Definição
(a1, a2 ,L, an,L) de razão r, essa seqüência pode ser
Define-se como seqüência a toda função f de
classificada em:
N *em R que associa a um número n ∈ D(f ) um núme-
 Crescente, quando sua razão r for positiva,
ro f(n) ∈ CD(f ) na forma f(n) = an . Em símbolos, temos: ou seja, r > 0 .
f : N* → R  Decrescente, quando sua razão r for negati-
n → an va, ou seja, r < 0 .
 Constante, quando sua razão r for nula, ou
a. Lei de formação seja, r = 0 .
É toda sentença matemática que expressa o va-
2.3 Termo Geral
lor de an em relação a n.
Na progressão aritmética (a1, a2 ,L, an,L) po-
1.3 Representação usual
demos perceber que, ao escrevermos os termos da
 Seqüência finita: (a1, a2 ,L, an ) .
seqüência, a razão é somada (n − 1) vezes até a che-
 Seqüência infinita: (a1, a2 ,L, an,L)
gada em an, usando tal fato podemos estabelecer que:
Exemplos: an = a1 + (n − 1).R , em que R representa a razão
E.1) Expresse os 4 primeiros termos da se- da Progressão Aritmética.
qüência an = n2 − 3n . 2.4 Propriedades
Resolução:  Cada termo, a partir do segundo, representa
2
n = 1 ⇒ a1 = 1 − 3 ⋅ 1 = −2 a média aritmética entre o seu termo ante-
cessor e o seu termo sucessor, ou seja,
n = 2 ⇒ a2 = 22 − 3 ⋅ 2 = −2
an−1 + an+1
an = , ∀n ∈ N − {0,1} .
n = 3 ⇒ a3 = 32 − 3 ⋅ 3 = 0 2
n = 4 ⇒ a4 = 42 − 3 ⋅ 4 = 4  Em uma progressão aritmética, se desta-
Seqüência (− 2,−2,0,4,L) carmos os termos ak , am, an e ap , tais que
E.2) Expresse os 5 primeiros termos da se- k + m = n + p , então os elementos gozam da
a1 = 2 propriedade abaixo:
qüência (an ) = 
an+1 = an ⋅ 2, ∀n ∈ N * ak + am = an + ap (sek + m = n + p) .

Resolução 2.5 Representações especiais


n = 1 ⇒ a2 = a1 ⋅ 2 = 2 ⋅ 2 = 4  Progressão aritmética de 3 termos.
n = 2 ⇒ a3 = a2 ⋅ 2 = 4 ⋅ 2 = 8 (x − R, x, x + R) , PA de razão R.
n = 3 ⇒ a 4 = a3 ⋅ 2 = 8 ⋅ 2 = 16  Progressão aritmética de 4 termos.
n = 4 ⇒ a5 = a4 ⋅ 2 = 16 ⋅ 2 = 32 (x − 3R, x − R, x + R, x + 3R) , PA de razão 2R.
Seqüência: ( 2, 4,8,16,32,L)  Progressão aritmética de 6 termos.
(x − 5R, x − 3r, x − R, x + R, x + 3R, x + 5R) , PA de ra-
2. PROGRESSÃO ARITMÉTICA zão 2R.
2.1 Definição 2.6 Soma dos n primeiros termos da PA
Como foi visto nas propriedades, a soma dos
Define-se como progressão aritmética a toda
pares de termos a1 e an, a2 e an−1, a3 e an− 2 ,L é constan-
seqüência (an ) , tal que:
te. Logo, podemos estabelecer a relação abaixo.
a1 = a
(an ) = an = an−1 + R
{ , ∀n ∈ N − {0,1}
Sn = a 1 + a 2 + a3 + … + a n-2+ an-1+ a n
 Razão:
+
 R= an − an −1
Sn = an + a n-1+ an-2+ … + a 3 + a 2 + a1
Podemos perceber, na forma acima, que a pro-
nas colunas as somas são iguais
gressão aritmética (PA) representa o conjunto de se-
qüência em que um termo é a soma do termo anterior
2Sn = ( a1 + an ) + ( a1 + an ) + L + ( a1 + an ) + ( a1 + an )
por uma constante, denominada razão (a partir do se- 144444444 42444444444 3
São n parcelas e devemos destacar que a escolha da parcela
gundo termo). para representação poderia ser outra, pois sao
% todas iguais

Editora Exato 17
MATEMÁTICA

( a1 + an ) .n = ( a2 + an −1 ) .n = ...  Progressão geométrica de 4 termos.


Sn =
2 2  x x 
 , , xq, xq3  ,
 q3 q 
PG de razão q2.
3. PROGRESSÃO GEOMÉTRICA (PG)  
 Progressão geométrica de 6 termos.
Define-se como progressão geométrica (PG) a  x x x 
toda seqüência (an ) , tal que:  , , , xq, xq3 , xq5  ,
 q5 q3 q 
PG de razão q2.
 
a1 = a ∈ R

( a ) = a
n n
= an−1 ⋅ q{ , ∀n ∈ N − {0,1} 8. SOMA DOS N PRIMEIROS TERMOS DA
 Razão:
a
q= n , an−1≠ 0 PG
 an−1

Podemos perceber, na forma acima, que a pro- Indicaremos por Sn a soma dos n primeiros
gressão geométrica (PG) representa o conjunto de se- termos da progressão geométrica (a1, a2 ,L, an ) , de ra-
qüências em que um termo é o produto do termo zão q.
anterior por uma constante, denominada razão (a par- Sn = a1 + a2 + a3 + L + an−1 + an(I)( xq) ⇒
tir do segundo termo).
q ⋅ Sn = a2 + a3 + a4 + L + an + an⋅q (II)
4. CLASSIFICAÇÃO Equação I – II, temos:
Dada a progressão geométrica (PG)
(a1, a2 , ..., an ) de razão q, essa seqüência pode ser Sn − qSn = a1 − an⋅q , escrevendo an em relação ao
classificada em: termo a1 e a razão.
 Crescente, quando a1>0 e q>1 ou a1<0 e Sn(1− q) = a1(1− qn )
0<q<1. a1(1− qn )
Se q ≠ 1, então Sn = .
 Decrescente, quando a1>0 e 0<q<1 ou a1<0 1− q
e q>1. Para q =1, encontramos Sn = n ⋅ a1 , pois a PG é
 Constante, quando
constante e todos os elementos são iguais a a1.
a1 = 0 e q ∈ R ou a1 ≠ 0 e q = 1
 Alternante, quando a1 ≠ 0 e q < 0 . 9. LIMITE DA SOMA

5. TERMO GERAL Se uma PG infinita satisfaz a condição q < 1,


então a soma de seus elementos tenderá para um va-
Na progressão geométrica (a1, a 2 , ..., an ) pode- a1
mos perceber que, ao escrevermos os termos da se- lor limite dado por: S = .
1− q
qüência, a razão é multiplicada (n − 1) vezes até a
chegada em an, usando tal fato podemos estabelecer 10. PRODUTO DOS N PRIMEIROS TER-
que: MOS DE UMA PG
an = a1.q n −1 , em que q representa a razão da Pro-
O produto dos n primeiros termos da
gressão Geométrica. PG (a1, a 2 , ..., an ) é dado por:
6. PROPRIEDADES n( n −1)
(Pn )2 = (a1 ⋅ an )n ou Pn = a1n ⋅ q 2
 Cada termo, a partir do segundo, representa
a média geométrica entre seu termo ante- EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
cessor e seu termo sucessor, ou seja,
an2 = an−1 ⋅ an+1, ∀n ∈ N − {0,1} . 1 Na progressão aritmética (1,4,7,10,...) escreva o
 Em uma progressão geométrica, se desta- 10º e o 20º termo.
carmos os termos ak , am, an e ap , tais que Resolução:
I) a10 = a1 + (10 − 1) ⋅ R
k + m = n + p , então os elementos gozam da
a10 = 1 + 9 ⋅ 3
propriedade abaixo:
a10 = 28
ak ⋅ am = an ⋅ ap(se k + m = n + p) .

7. REPRESENTAÇÕES ESPECIAIS a20 = a1 + (20 − 1) ⋅ R


II) a20 = 1 + 19 ⋅ 3
 Progressão geométrica de 3 termos.
a20 = 58
x 
 , x, xq , PG de razão q.
 q 

Editora Exato 18
MATEMÁTICA

2 Na PA (2,5, x) , determine x. an = a1 + (b − 1) .r
Resolução a 21 = 5 + ( 21− 1) .r r = 11− 8 = 3
Usando a propriedade da média, temos: a 21 = 5 + 20.3 = 65
2+x
5= ⇒ 2 + x = 10 ⇒ x = 8 .
2
  EXERCÍCIOS
Na seqüência finita  1{ , 7{ ,13
{,19
{, 25
{ , 31
{, 37

{  po-
a a a a a a a
 
1 2 3 4 5 6 7
1 (PUC-SP) O número de múltiplos de 7 entre
demos perceber que: a1 + a5 = a3 + a3 = a2 + a 4 = 26. ob- 1.000 e 10.000 é:
serve que, para a soma de índices iguais, podemos a) 1280
afirmar que a soma dos elementos correspondentes b) 1284
são iguais. c) 1282
d) 1286
e) 1288
3 Na progressão geométrica (1,2,4,8,16,...) escreva
o 10º e o 20º termo.
Resolução: 2 (MACK-SP) Calcular a razão de uma P.A> de
I) a = a ⋅ q
10 1
10 −1
12 termos, cujos extremos são–28 e 60.
a10 = 1⋅ 210 −1 a) 5
b) 6
a10 = 29
c) 7
d) 8
a20 = a1 ⋅ q20 −1 e) 9
II) a20 = 1⋅ 219
a20 = 219 3 (MACK-SP) Numa progressão aritmética de 100
termos, a3 = 10 e a98 = 90 , a soma de todos os
4 Na PG (2,4,x), determine x. termos é:
Resolução: a) 10.000
Usando a propriedade da média, temos: b) 9.000
c) 4.500
42 = 2 ⋅ x ⇒ x = 8 .
d) 5.000
E.2) Na seqüência finita e) 7.500
 
 2 , 6 ,18, 54,162, 486,1458  podemos perceber que:
 { { { { { { 123 
 a1 a2 a3 a4 a5 a6 a7 
4 (UFPR) A soma de todos os números inteiros de
a1⋅a5 = a3 ⋅ a3 = a2 ⋅ a4 = 324 .
Observe que, para a soma 1 a 100, divisíveis por 3, é igual a:
de índices iguais, podemos afirmar que o produto dos a) 1382
elementos correspondentes são iguais. b) 1200
c) 1583
d) 1683
5 Determinar o sétimo termo da seqüência definida e) 1700
2n + 7
por an =
7
Resolução: 5 (BANDEIRANTES-SP) O valor do 22.° termo
an =
2n + 7
- an termo geral. de uma P.G. que tem a1 = q = 2 é:
7 a) 512 2
Definir o 7º termo (a7 = ?) b) 1024
2.7 + 7 14 + 7 21 c) 1024 2
a7 = = = =3
7 7 7 d) 2048
e) 2048 2
6 (ITAJUBÁ) Dada a progressão (5, 8, 11, ...), de-
termine 0 21.° termo:
Resolução:
a21=?
Fórmula do termo geral:
Editora Exato 19
MATEMÁTICA

6 (UGF-RJ) Em uma P.G., o primeiro termo é 4 e d) 6 termos.


o quinto termo é 324. A razão dessa P. G. é: e) 5 termos.
a) 3
b) 4
c) 5 12 (UFSC) Sabendo que a seqüência
(1− 3x, x − 2, 2x + 1) éuma P. A. e que a seqüência
d) 2
e) ½ (4y, 2y − 1, y + 1) é uma P.G., determine a soma dos
números associados à(s) proposição(ões) verda-
deiras(s):
7 Qual o primeiro termo da P. G. crescente em que 01) A P.A. é crescente.
a3 = 24 e a7 = 384? 1
a) 2 02) O valor de y é .
8
b) 4 04) A soma dos termos da P. A. e zero.
c) 5 3
d) 6 08) − é a razão da P. G.
2
e) 7 16) O valor de x é 2.

8 (FGV-SP) A média aritmética dos seis meios ge-


GABARITO
ométricos que podem ser inseridos entre 4 e 512
é: 1 D
a) 48
b) 84 2 D
c) 128 3 D
d) 64
e) 96 4 D
5 D
9 (UFRJ) Numa P. G., a1 = 3 e a3 = 12 , a soma dos 6 A
oito primeiros termos positivos é: 7 D
a) 765
b) 500 8 B
c) 702 9 A
d) 740
e) Nenhuma. 10 A
11 B
10 (CESCEA-SP) A soma dos termos de uma P. G. 12 31
infinita 3. Sabendo-se que o primeiro termo é i-
gual a 2, então o quarto termo dessa P.G. é:
2
a)
27
1
b)
4
2
c)
3
1
d)
27
3
e)
8

11 (FEI-SP) Dada a progressão geométrica (1, 3, 9,


27, ...), se sua soma é 3280, então ela apresenta:
a) 9 termos.
b) 8 termos.
c) 7 termos.

Editora Exato 20
MATEMÁTICA

GEOMETRIA ANALÍTICA
1. REPRESENTAÇÃO NO PLANO CARTESI-  Se P pertence ao quarto quadrante, então
ANO xp > 0 e yp < 0 .

Dado um sistema de coordenadas cartesianas A convenção pode ser representada como a se-
xOy. guir.

y
y

( ,+) (+ , + )

O x (-, -) (+ , -)

2.1. Propriedade dos eixos cartesianos


 Se P( xp , yp ) pertence ao eixo das abscissas,
então yp = 0 .
Cada ponto do plano Cartesiano é representado
por um par ordenado P( xp , xp ) , em que xp representa  Se P( xp , yp ) pertence ao eixo das ordenadas,
a abscissa (eixo horizontal) e yp representa a ordena- então xp = 0 .
da (eixo vertical).
Os eixos coordenados separam o plano em 3. BISSETRIZ DOS QUADRANTES
quatro regiões denominadas quadrantes e ordenadas
no sentido anti-horário, conforme a figura. y bissetriz dos quadrantes
Q (a, b) ímpares

II Q IQ P
45º 45º
(x, y)
45º 45º
Q’ P’ x
segundo quadrante primeiro quadrante O

III Q IVQ bissetriz dos quadrantes


pares
terceiro quadrante quarto quadrante
Observe que os ∆OPP ' ∆QQ ' O são isósce-
les.Logo a=b e x=y.
Analisando os sinais, temos:
2. CONVENÇÃO DOS SINAIS NO PLANO Bissetriz dos quadrantes ímpares: y=x (Coor-
denadas iguais).
Considere um ponto P( xp , yp ) do plano cartesi- Bissetriz dos quadrantes pares: a=−b (coorde-
ano. nadas opostas).
 Se P pertence ao primeiro quadrante, então Exemplo
xp > 0 e yp > 0 . E.1) Represente os pontos A(2,4), B(1,0),
 Se P pertence ao segundo quadrante, então C(−2,−1), D(2,−3) e E(0,3).
xp < 0 e yp > 0 .
 Se P pertence ao terceiro quadrante, então,
xp < 0 e yp < 0 .

Editora Exato 21
MATEMÁTICA

Resolução: xA + xB
Conclui-se pela equação (l) que xM = e
2
yA + yB
yM =
2
E Exemplo
E.1) Determine as coordenadas do ponto mé-
dio do segmento formado pelos pontos A(−2, −6) e
B B( 4,10 ) .
C
Resolução:
D
 −2 + 4 −6 + 10 
M ,  ⇒ M (1, 2 )
 2 2 

4. DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS


6. BARICENTRO DE UM TRIÂNGULO
Considere como ilustração os pontos abaixo. Se A(xA, xA), B(xB, yB) e C(xC, yC) são vértices
de um triângulo, então o baricentro G(xG, yG) desse
triângulo é tal que:
B
y
B x A + xB + x c y + yB + y C
xG = e yG = A .
d 3 3
B
yB - y
7. CONDIÇÃO DE ALINHAMENTO DE TRÊS
y PONTOS POR DETERMINANTE
xB - x
Três pontos A(xA, xA), B(xB, yB) e C(xC, yC)
x x são colineares se, e somente se:
B

xA yA 1
Aplicando Pitágoras no triângulo:
2 2 2
D = xB yB 1 =0.
dAB = ∆x2 + ∆y2 ⇒ dAB = ( xB − xA ) + ( yB − yA )
xC yC 1
5. PONTO MÉDIO DE UM SEGMENTO
8. ÁREA DO TRIÂNGULO (S)
Dado o sistema cartesiano e o segmento for-
mado pelo ponto A ( xA, xA ) e B( xB, xB ) . Dados A(xA, yA), B(xB, yB) e C(xC, yC), vérti-
xA yA 1
ces de um triângulo e D = x B yB 1 , a área do tri-
xC yC 1
y B D
B ângulo ABC é dada por S = .
2
yM M
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
y 1 Ache as coordenadas de M, ponto médio do seg-
mento AB , sendo A(2, 2) e B(8, 12):
x xM x Resolução:
B
A ( 2, 2 ) B ( 8,12 )
 X + XB YA +YB 
Aplicando o teorema de Tales, na figura, te- M = A , 
 2 2 
mos:
 2 + 8 2 + 12 
M = , 
 2 2 
AM XM − XA YA − YM
= = = 1 (I) , lembre-se de que M é  10 14 
MB XB − XM YB − YM M = , 
 2 2
AM
ponto médio, ou seja, = 1. M = ( 5,7 )
MB

Editora Exato 22
MATEMÁTICA

EXERCÍCIOS 7 (U.PASSO FUNDO-RS) Os pontos A(-1,1),


B(2,-2) e C(3,4):
1 (FMU-SP), As coordenadas do ponto médio do a) estão alinhados.
segmento de extremidades (5,-2) e ( -1, -4) são: b) formam um triângulo retângulo.
a) (3,1) b) (1,3) c) formam um triângulo isósceles.
c) (-3,2) d) (2,-3) d) formam um triângulo escaleno de 42 u.a.
e) (3,3) e) formam um triângulo com 10,5 u.a.

2 (UFES) As coordenadas do ponto médio de um 8 Qual a área do quadrilátero cujos vértices são A(-
segmento AB são (-1,2). Sabendo-se que as coor- 3,-2); B(2,0); C(1,3) e D(-2,1)
denadas do ponto A são (2,5), então as coordena- a) 9 u.a
das de B são: b) 10 u a.
a) (4,1) b) (-4,-1) c) 11 u.a.
c) (4,-1) d) (-1,-4) d) 12 u.a.
e) Nenhuma. e) 15 u.a.

3 (MACK-SP) Os vértices de um triângulo ABC 9 (CEFET-PR) Seja o quadrilátero ABCM de vér-


são A(2,5), B(4,7) e C(-3,6). O baricentro desse tices A(1;2), B(-3;1), C(-5;-3), sendo o quarto
triângulo tem como coordenadas: vértice o ponto médio do segmento de extremi-
a) (3,6) b) (1,6) dades (5, -2) e(-1,4). O valor da área do quadrilá-
1 11 3 tero ABCM é:
c)  − ,  d)  , 9  a) 25/2
 2 2 2
 
e) (9,3) b) 12/5
c) 31/2
d) 11
4 (CESGRANRIO) A distância entre os pontos e) 20
M(4,-5); e N(-1, 7) do plano xoy vale:
a)14 b)12
c) 8 d) 13 GABARITO
e) 9
1 D
5 (UCP-PR) A distância da origem do sistema car- 2 B
tesiano ao ponto médio do segmento de extremos 3 B
(-2,-7) e (-4,1) é:
a) 5 b) 2 2 4 D
c) 2 3 d) 3 3 5 E
e) 3 2 6 E
7 E
6 (FGV-SP) A área da figura hachurada, no dia-
grama a seguir, vale: 8 D

y
9 A

3
2

0 x
1 2 3 4

a) 4,0 d) 5,0
b) 3,5 e) 4,5
c) 3,0
Editora Exato 23
MATEMÁTICA

CONJUNTOS - OPERAÇÕES
1. INTRODUÇÃO S=∅ ou S={ }
A noção de conjunto é fundamental em Mate- 3. OS SUBCONJUNTOS DE UM CONJUNTO
mática. Poderíamos considerar um conjunto como
É a relação que se faz entre dois ou mais con-
uma reunião de objetos, elementos, coleção, ou um
sinônimo desta palavra, ou dizer que um conjunto é... juntos e para isso usamos os símbolos: ⊂ )¨(está con-
um conjunto, ora~. tido), ⊃ (contém), ⊄ (não está contido).
Conceitos como este, isto é, que não são defi- Exemplo:
nidos, são chamados em Matemática de conceitos
primitivos. A .1
Um conjunto, em geral, é constituído por ele- .2
mentos, o que também é um conceito primitivo. B
.5
Exemplo: .3 .6 .4
Quando peço a alguém dizer as vogais do alfa-
beto, os dias da semana ou as letras da palavra “esco-
la”, terei conjuntos formados por elementos
determinados Dados os conjuntos A = {1,2,3, 4,5,6} e
a) as vogais são: a, e, i, o, u. B = {4,5,6} podemos afirmar que:
b) os dias da semana são: segunda, terça, quar-
B ⊂ A (B está contido em A) ou
ta, quinta, sexta, sábado e domingo.
A ⊃ B (A contém B) ou
Existem duas maneiras de representar um con-
A ⊄ B (A não está contido em B)
junto: por extensão ou por diagrama.
São exemplos de subconjuntos:
 Por extensão: é quando escrevemos todos
a) A = {1,2}, B = {1,2,3} , A ⊂ B ,
os elementos do conjunto, separados por
vírgula. b) A = {0,1} , B = {0,1,2,3} , A ⊂ B ,
Exemplo: c) A = {a,e,i,} , B = {i,e,a} , A ⊂ B e B ⊂ A .
A = {a,e,i,o,u} O exemplo (c) é um caso de igualdade entre
B = {e,s,c,o,l,a} conjuntos: dois conjuntos A e B são iguais se, e so-
C = {1,2,3,4,5} mente se, A ⊂ B e B ⊂ A .
 Por diagrama: é quando escrevemos todos 4. OPERAÇÕES COM CONJUNTOS
os elementos do conjunto dentro de uma li-
nha fechada. Intersecção
Exemplo: O conjunto formado pelos elementos que per-
tencem a A e, também, pertencem a B é chamado de
.a .e .1 intersecção entre A e B e é indicado por:
.s .c
A= .e .i B= .o C= .2 .3
.o .u .l .a .4 .5 A ∩B

assim, se consideramos A = {1,2,3, 4} e


2. CONJUNTOS ESPECIAIS
B = {2,3, 4,5} , temos:
Conjunto Unitário
É todo conjunto formado por um único ele- A ∩ B = {2,3, 4}
mento.
Exemplo: em um diagrama:
Dias da semana que começam com a letra D:
S={Domingo} A B
Conjunto Vazio
É o conjunto que não possui elementos, e re-
presentamos por ∅ ou por { }.
Exemplo:
Dias da semana que começam com a letra V: A ∩B

Editora Exato 24
MATEMÁTICA

Observação: 2 Determine A ∩ B ∩ C :
Se A ∩ B = φ , dizemos que A e B são disjuntos. Resolução:
Elementos que E (pertencem) a A, B e C:
Reunião A ∩ B ∩ C = {5}
O conjunto formado por todos os elementos
que pertencem a A ou pertencem a B é chamado Re-
união ou União entre A e B e é indicado por: EXERCÍCIOS
A ∪B 1 (FMJSP) São dados os conjuntos A = {0,1,2,3} ,
B = {2,3, 4} e C = {1,2,3, 4,5,6} . O conjunto X tal
Assim, se consideramos: A = {1,2,3, 4} e
que C − X = A ∩ (B ∪ C ) é:
B = {2,3, 4,5} , temos:
a) {1,2}
A ∪ B = {1,2,3, 4,5}
b) {2,3}
c) {4,6}
d) {2,3,4}
em um diagrama: e) {4,5,6}
A B
2 (ACAFE-SC) Se M = {1,2,3, 4,5} e N são conjun-
tos tais que e M ∪ N = {1,2,3, 4,5} e M ∩ N = {1,2,3} ,
então o conjunto N é:
a) vazio.
A ∪B
b) impossível de ser determinado.
Diferença c) {4,5}.
O conjunto formado pelos elementos de A que d) {1,2,3}.
não pertencem a B é chamado de diferença entre A e e) {1,2,3,4,5}.
B e é indicado por:

A −B 3 (PUC-RS) Se A, B e A ∩ B são conjuntos com


90, 50 e 30 elementos, respectivamente, então o
Assim, se consideramos A = {1,2,3, 4} e número de elementos do conjunto A ∪ B é:
B = {2,3, 4,5} , temos:
a) 10.
b) 70.
A − B = {1}
c) 110.
em um diagrama: d) 85.
e) 170.
A B

4 (UNIFAP) O dono de um canil vacinou todos os


seus cães, sendo que 80% contra parvovirose e
60% contra cinomose. O percentual de animais
que foram vacinados contra as duas doenças é de:
A −B
a) 14%.
b) 22%.
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS c) 40%.
d) 68%.
Dados os conjuntos A = {1,2,5,6} , B = {1,3,5,7} e
e) 70%.
C = {2,5,7} responda às questões de 01 e 02:

1 Determine A ∩ B
Resolução:
Os elementos que E (pertencem) a A e B:
A ∩ B = {1,5}

Editora Exato 25
MATEMÁTICA

5 (PUC) Numa comunidade constituída de 1800


pessoas, há três programas de tevê favoritos: es-
porte (E), novela (N) e humorismo (H). A tabela
a seguir indica quantas pessoas assistem a esses
programas:

Programas Número de Telespectadores


E 400
N 1220
H 1080
EeN 220
NeH 800
EeH 180
E, N e H 100
Através desses dados, verifica-se que o número
de pessoas da comunidade que não assistem a
qualquer dos três programas é:
a) 100.
b) 200.
c) 900.
d) Os dados do problema estão incorretos.
e) Nenhuma.

GABARITO

1 E
2 D
3 C
4 C
5 B

Editora Exato 26
MATEMÁTICA

POTENCIAÇÃO/RADICIAÇÃO
m
1. POTÊNCIA n
am = a n , para a > 0 .
1.1.Definição
Exemplos:
Define-se a potência de um número a ∈ R e
expoente n∈ N , como: E.1) 3 8 = 2 , pois 23=8.
an = a ⋅ a...a, para n ≥ 2 ;
E.2) Determine os possíveis valores de x, pra
123
n fatores que exista a raiz no campo dos reais, 4 x − 3 .
a1 = a; Resolução:
a0 = 1, para a ≠ 0 ; Como o expoente é par, temos:
n
1  1
a−n = n =   , para a ≠ 0 . x−3 ≥ 0 ⇒ x ≥ 3
a  a
1.2. Propriedades
3. REGRA DE SINAIS
Para a ⋅ b ∈ R e n∈ Z , temos:
P1) am . an = am+n; n
(+) = +
P2) am : an = am−n (a≠ 0); par
( −) = +
P3) (am)n = (an)m = am.n; ímpar
P4) (ab)n = an . bn; ( −) = −
n
a an
P5)   = n (b ≠ 0) . EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
b b

2. RADICIAÇÃO 1 Resolva:
a) 30
2.1. Definição b) ( −5 )0
Dados a ∈ R e n ∈ N * . Define-se como raiz n- 0
1
ésima de a a todo número x, tal que, xn = a . c)  − 
 3 
2.2. Simbologia para radical

índice da 2 Resolva:
raiz radicando a) 110
n b) 17
a = x c) 1-5

Radical Raiz
3 Resolva:
a) 2
2.3. Condição de existência no campo b) 31
dos reais c) 41
n e′ par e a ∈ R+
n
a∈R ⇔  .
n e′ impar e a ∈ R 4 Resolva:
2.4. Propriedades das raízes a) 03
Para o uso das propriedades abaixo, devemos
observar as condições de existências das raízes.
 n am = n.p am.p . Resolução:
 n ab = n a ⋅ n b 1 a) 1; b) 1; c) 1.
a na
 n = (b ≠ 0 ) 2 a) 1; b) 1; c) 1.
b nb
n
am = n
m 3 a) 21; 3; 4.
 ( a)
n m
4 0
 a = n.m a
2.5. Potência de expoente racional
Dados n, m∈ Z e m ≠ 0 .

Editora Exato 27
MATEMÁTICA
3
EXERCÍCIOS 16
b) 3
e) 3
a =
2
1 Resolva:(23)4= c) ( m)5 =
a) 27 d) 2
b) 212 e) Nenhuma.
c) 2-1 8 Efetue: 3 2 + 5 2 − 3 8
a) 2
b) 2 2
2 Resolva: 22
4

a) 28 d) 216 c) 3 2
b) 26 e) Nenhuma. d) 2 3
c) 22 e) Nenhuma.

0
3
0
 a
3
3 Efetue:   − 1 = 9 o valor de   é:
4 3
 a 
a) 1 d) 2
a) 3 a
b) –1 e) Nenhuma.
b) a
c) 0
c) 1
a3
2 −1
d)
1 2 5  3 3
4 Efetue:  .  −  −    :   =
4  3  6   2   e) Nenhuma.
1 3
a) d)
3 2
2 9
b) – e)
3 4 8
2 10 Racionalize =
c) 2
3
a) 3 2 d) 8 2
b) 4 2 e) nenhuma
2
2 3 1 c) 2 2
5 Efetue:  −  .   + =
 3 4 4
2
a) − GABARITO
3
1
b) − 1 B
12
7 2 D
c)
12
3 3 C
d)
2 4 C
e) Nenhuma.
5 C
6 C
2.10 −6.8.10 −7
6 Efetuando-se: , obtém-se:
4.10 −8 7
a) 0,4.10-5 d) 4.105 3
a) d) 3
b) 4.1021 e) n.d.a 2
c) 4.10-5 b) 2 e) 12
a
c) m5
7 Resolva os exercícios abaixo, aplicando as pro- 8 B
priedades dos radicais:
18
9 C
a) d) 8 81
12 10 B

Editora Exato 28
MATEMÁTICA

RAZÃO, PROPORÇÃO, REGRA DE TRÊS E


PORCENTAGEM
Enquanto o tempo aumenta, a distância percor-
1. RAZÃO
rida também aumenta. Dizemos então, que o tempo e
Sejam dados dois números a e b (b ≠ 0 ) , cha- a distância são grandezas diretamente proporcionais.
mamos de razão entre estes dois números ao quocien- Grandezas inversamente proprocionais
te indicado entre eles. Duas grandezas são inversamente proporcio-
a nais quando, aumentando uma delas, a outra diminui
A razão também pode ser escrita a:b (que se
b na mesma razão da primeira.
lê a está para b. Os números a e b, que são os ter- Exemplo:
mos da razão, são denominados respectivamente de Um veículo faz um percurso em:
antecedente e conseqüente.  1 hora com velocidade de 120km/h.
Como exemplos, vamos indicar a razão entre  2 horas com velocidade de 60km/h.
os números abaixo:  3 horas com velocidade de 40km/h.
3 Enquanto o tempo aumenta, a velocidade di-
a) 3 e 7 por ou 3:7;
7 minui. Dizemos, então, que o tempo e a velocidade
9 são grandezas inversamente proporcionais.
b) 9 e 5 por ou 9:5.
5
4. REGRA DE TRÊS SIMPLES
2. PROPORÇÃO
É uma regra prática, que facilita o cálculo de
Proporção é uma igualdade entre duas razões. problemas que envolvem duas grandezas diretamente
Dizemos que os números a,b,c,d com b ≠ 0 e ou inversamente proporcionais.
d ≠ 0 estão em proporção, na ordem dada, se, e se- Regra de três direta
mente, a razão entre a e b for igual à razão entre c e Apresenta grandezas diretamente proporcio-
d. Indicamos esta proporção por: nais.
a c
= ou a:b::c:d que se lê: Exemplos:
b d
a está para b, assim como c está para d. a) um pacote contém 35 chocolates. Qual é o
total de chocolates contidos em 4 pacotes?
Propriedade fundamental das propor- Dispositivo prático:
ções
Em toda proporção, o produto dos extremos é pacotes chocolates
igual ao produto dos meios. 1 35
4 x
a c
= ⇒ a⋅d = b⋅c
b d
As grandezas são diretamente proporcionais,
Aplicando esta propriedade, podemos determi- pois aumentando-se a quantidade de pacotes o núme-
nar o valor de uma incógnita na proporção. ro de chocolates também aumenta.
Quando as grandezas são diretamente propor-
3. REGRA DE RÊS cionais, as flechas têm o mesmo sentido. Montando a
Grandezas Diretamente proporcionais proporção, temos:
1 35
Duas grandezas são diretamente proporcionais =
4 x
quando, aumentando uma delas, a outra aumenta na
x = 4 ⋅ 35 propriedade fundamental das pro-
mesma razão da primeira.
x = 140
Exemplo:
porções
Um veículo que percorre:
Resposta: o total é 140 chocolates.
 80km em 1 hora.
 160km em 2 horas.
b) Certa máquina produz 90 peças, trabalhando
 240km em 3 horas.
durante 50 minutos. Quantas peças produzirá em
1h20min?
Dispositivo prático:
Editora Exato 29
MATEMÁTICA

produção tempo Significa que sobre cada 100 pessoas, 30 gos-


90 peças 50 min tam do candidato.
x 80mi - 1h20min = 80min Cálculo da porcentagem
Exemplo: achar 16% de 300.
Resolução:
As grandezas são diretamente proporcionais,
16% é o valor que eu tenho que achar (x)
pois aumentando o tempo a produção também au-
300 é 100%
menta.
montando uma regra de três.
Montando a proporção, temos:
16 − 100  300 ⋅ 16
90 50 x = ⇒ x = 48
= x − 300  100
x 80
50 ⋅ x = 90 ⋅ 80
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
50x = 7.200
7.200 1 (PUC-SP) Um motorista de táxi, trabalhando 6
x=
50 horas por dia durante 10 dias, gasta R$ 1.026.00.
x = 144 Qual será o seu gasto mensal, se trabalhar 4 horas
Resposta: em 1h20min a máquina produzirá por dia?
144 peças. Resolução:
Regra de três inversa
Apresenta grandezas inversamente proporcio- Horas Valor R$
nais.
6 1.026,00
5. REGRA DE TRÊS COMPOSTA 4 X
A regra de três composta é um processo práti- 6.x = 4.1026, 00
co para resolver problemas que envolvem mais de
4.1026
duas grandezas diretamente ou inversamente propor- x= = 684
6
cionais.
R$ 684,00 em dez dias, conforme enunciado.
6. PORCENTAGEM Gasto mensal:
Gasto em dez (10) dias x 3 (30 dias) = 2052
Uma razão de conseqüente 100 é denominada
R$ 2.052,00.
taxa de porcentagem, ou taxa porcentual, ou ainda
“tantos por cento”.
2 Calcular o termo desconhecido na proporção:
antecedente 7 21
x =
13 x
100
Resolução:
conseqüente Usando a propriedade fundamental, temos:
21⋅ 13
7x = 21⋅ 13 ⇒ x = ⇒ x = 39 .
20 7
Assim, (vinte centésimos) lê-se “20 por
100
cento” e representa-se pelo símbolo 20%.
Significado da taxa de porcentagem 3 Um carro percorreu uma estrada em 5 horas, à
velocidade média de 100km/h. Com qual veloci-
Vamos interpretar determinadas frases que ou-
dade o carro faria o mesmo percurso em 4 horas?
vimos ou lemos, quase que diariamente:
Resolução:
a) “Para sermos aprovados pelo Vestibular de
Dispositivo prático:
uma grande faculdade, devemos acertar no mínimo
50% das questões”. velocidade tempo
Significa que sobre cada 100 questões, deve-
100 5
mos acertar no mínimo 50. x 4
b) “Liquidação com desconto de 40%”.
Significa que sobre cada R$ 100,00 do preço
de uma determinada mercadoria, há um desconto de As grandezas são inversamente proporcionais,
R$ 40,00. pois, à medida que diminui o tempo da viagem, é ne-
c) “Certo candidato está com 30% da preferên- cessário que a velocidade do carro aumente, para que
cia popular”. o carro percorra o mesmo percurso.

Editora Exato 30
MATEMÁTICA

Quando as grandezas são inversamente pro- 3 (FUCC-SP) Quanto é 32% de R$25.000,00?


porcionais, as flechas têm sentidos contrários. a) R$5.500,00.
Montando a proporção, temos: b) R$7.500,00.
x 5 c) R$8.000,00.
= ⇒ uma das grandezas se inverte
100 4 d) R$10.000,00.
4 ⋅ x = 100 ⋅ 5
4x = 500
4 (PUC-SP) 15000 candidatos inscreveram-se na
500
x= PUC e foram aprovados 9600. Qual a
4
x = 125
porcentagem de reprovação?
a) 24.
125 km/h.
b) 30.
c) 32.
4 Vinte homens fazem um certo trabalho em 6 dias, d) 36.
trabalhando 8 horas por dia. Para fazer o mesmo e) Nenhuma.
trabalho, quantos dias levarão 12 homens, traba-
lhando 5 horas por dia?
5 (CEF) Num grupo de 400 pessoas, 70% são do
Resolução:
sexo masculino. Se nesse grupo 10% dos homens
homens dias horas/ dias são casados e 20% das mulheres são casadas.
Então, o número de pessoas casadas é:
20 6 8
12
a) 50.
x 5
b) 46.
c) 52.
Então: d) 48.
6 12 5 6 60
= ⋅ ⇒ = ⇒ e) 54.
x 20 8 x 160
6 3
= ⇒ 3⋅ x = 6⋅8 ⇒
x 8 2
6 Se de um trabalho foram feitos em 10 dias por
48 5
3 ⋅ x = 48 ⇒ x = ⇒ x = 16
3 24 operários que trabalhavam em 7 horas por dia;
então, quantos dias serão necessários para
terminar o trabalho, sabendo que 4 operários
EXERCÍCIOS foram dispensados e que o restante agora trabalha
6 horas por dia?
1 (MACK-SP) Uma engrenagem de 36 dentes a) 18.
movimenta outra de 48 dentes. Quantas voltas dá b) 19.
a maior, enquanto a menor dá 100 voltas? c) 20.
a) 133. d) 21.
b) 86. e) 22.
c) 75.
d) 65.
GABARITO
2 (SANTA CASA-SP) Sabe-se que 4 máquinas
1 C
operando 4 horas por dia, durante 4 dias,
produzem 4 toneladas de certo produto. Quantas 2 D
toneladas do mesmo produto seriam produzidas
3 C
por 6 máquinas daquele tipo, operando 6 horas
por dia, durante 6 dias? 4 D
a) 8. 5 C
b) 15.
c) 10,5. 6 D
d) 13,5.

Editora Exato 31
MATEMÁTICA

Editora Exato 32
QUÍMICA
QUÍMICA

ATOMÍSTICA
1. MODELOS ATÔMICOS Sabemos, atualmente, que os átomos não são
compactos e são cada vez mais divisíveis. No entan-
Teoria de Dalton (1803): to, tal teoria é suficiente para justificar as Leis Ponde-
 Toda matéria é constituída por átomos; rais (leis que relacionam a massa das substâncias que
 Átomos de um mesmo elemento químico participam de uma determinada reação química).
possuem propriedades químicas e físicas
iguais;
 Todo átomo corresponde a uma esfera ex-
tremamente pequena, compacta (maciça),
sem carga e indivisível.

Teoria de Dalton justificando a lei da conservação das


massas (Lavoisier) e das proporções definidas (Proust)
Hidrogênio Oxigênio Água Teoria de Dalton
A massa total se conserva devido
+ Produzindo a uma conservação do número
total de átomos.
Lei de Lavoisier
4g + 32g Produzindo 36g
4g + 32g = 36g (massa constante)

x2 x2 x2

8g + 64g Produzindo 72g

Lei de Proust
4g 32g 36g
Mesma proporção em massa.
8g 64g 72g

Lei de Dalton
+ Produzindo Como as quantidades de átomos
são proporcionais, as massas
também são proporcionais.

Teoria de Thomson (1898) tral (chamada de núcleo) que possui carga


Todo átomo é formado por uma “matéria posi- positiva, ocupada pelos prótons;
tiva”, na qual se encontrariam os elétrons distribuídos  Ao redor do núcleo, envolvendo o mesmo
ao acaso. encontra-se a eletrosfera, região preenchida
pelos elétrons (partículas de carga negativa
+ e de massa desprezível, aproximadamente
+ 1840 vezes mais leves que os prótons).
+
elétron
+ +
elétron
Modelo do pudim de passas.

Teoria de Rutherford (1911): núcleo


 O átomo não é uma massa compacta (maci-
ço), possui mais espaços vazios que preen-
elétron
chidos;
 A estrutura geral de um átomo é constituída
de núcleo e eletrosfera; Postulados de Bohr (1913):
 Quase que a totalidade da massa do átomo Para tentar explicar os espectros atômicos, Bo-
se concentra em uma pequena região cen- hr formulou uma série de postulados:

Editora Exato 1
QUÍMICA

 Os elétrons, nos átomos, movimentam-se Z = np


ao redor do núcleo em trajetórias circulares, É a melhor maneira de se caracterizar e identi-
chamadas de camadas ou níveis de energia. ficar o átomo de um elemento químico (é a identida-
 Cada um desses níveis possui um determi- de do elemento). Não existem 2 ou mais elementos
nado valor de energia. químicos com o mesmo Z.
 Um elétron não pode permanecer entre dois Representação:
destes níveis.
 Um elétron pode passar de uma camada pa- X símbolo do elemento
número atômico Z
ra outro de maior energia, desde que absor-
va energia externa (energia elétrica, luz,
calor etc.). Quando isso acontece, dizemos Exemplo:
que o elétron foi “excitado” ou ativado.
 O retorno do elétron à camada inicial se faz Z = 13 Como o átomo é neutro:
acompanhar da liberação de energia na 13 Al np = 13 np = ne
ne = 13
forma de ondas eletromagnéticas (por e-
xemplo, na forma de luz).
Z = 12 Trata-se de um cátion (íon de carga positiva)
 Este modelo explica as cores emitidas nos 12 Mg
2+
np = 12 onde:
ne = 10 np > ne
fogos de artifícios e que cada átomo emite
uma cor diferente.
2. TEORIA ATÔMICA MODERNA (ESTRU- 4. NÚMERO DE MASSA (A) – PRÓTONS E
TURA ATÔMICA BÁSICA) NÊUTRONS

Prótons (+) Como a massa do átomo se encontra no núcleo


e lá encontramos os prótons e os nêutrons, teremos
Núcleo então que:
Nêutrons
(partículas sem carga)
A = np + N
Átomo Como np = Z, teremos matematicamente que:
A=Z+N
Eletrosfera Elétrons (_ ) Representação:
A
Z
X ou Z
XA
Relações:
Z = 11
Tamanho: Eletrosfera = 104 até 105 vezes mai- 
or que o núcleo. np = 11
23 1+ 
Massa: mp = mn = 1840 x me (aproximadamen- 11Na  A = 23
n = 12
te).  n
ne = 10
Átomo Neutro:
np = ne 5. CLASSES DE ELEMENTOS
Átomo Ionizado:
a) ISÓTOPOS:
np ≠ ne São átomos do mesmo elemento químico, que
apresentam o mesmo número de prótons (mesmo Z).
Cátion (+)
np > ne Átomo que perdeu
elétrons.
Íon

Ânion (_)
np < ne Átomo que ganhou
elétrons

3. NÚMERO ATÔMICO (Z)


Corresponde ao número de prótons presentes
no núcleo de um átomo.

Editora Exato 2
QUÍMICA

Exemplos: 6. DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA

1 2 3 K L M N O P Q
H H H
1 1 1
+
1 2 3 4 5 6 7
Eletrosfera
núcleo

Z 6.1. Camadas eletrônicas, ou níveis de


energia
16 17 18
O O O A eletrosfera de um átomo era dividida em ní-
8 8 8 veis de energia. Agora, acredita-se que os elétrons se
distribuem na eletrosfera em níveis e em suas subdi-
visões: os subníveis.

 Diagrama de Linus Pauling:


N=1⇒K 1s2 → 2e-
Z N=2⇒L 2s2 2p6 → 8e-
N=3⇒M 3s2 3p6 3d10 →18e-
N=4⇒N 4s2 4p6 4d10 4f14 → 32e-
b) ISÓBAROS: N=5⇒O 5s2 5p6 5d10 5f14 5g18 → 50e-
São átomos de diferentes elementos químicos N=6⇒P 6s2 6p6 6d10 6f14 6g18 6h22 → 72e-
(diferentes Z), que apresentam o mesmo número de N=7⇒Q 7s2 7p6 7d10 7f14 7g18 7h22 7i26 → 98e-
massa.
Exemplo: Observe que uma camada de número N
A está subdividida em Ns subníveis de energia.

40 40 6.2. N.º máximo de elétrons por cama-


K Ca da
19 20
O número máximo de elétrons, teoricamente
possível, para cada nível de energia pode ser deter-
c) ISÓTONOS:
minado pela fórmula de Rydberg: 2N2, onde N é o n.º
São átomos de diferentes elementos químicos
da camada.
(diferentes Z),que apresentam o mesmo número de
Aplicando essa equação para os sete níveis ou
nêutrons.
camadas, temos:
Exemplo: Camadas K L M N O P Q
3 4
H He ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓
1 2 Nº. máximo teó- 2 8 18 32 50 72 98
rico de elétrons
N=2 N=2
Porém, para os elementos conhecidos atual-
d) ISOELETRÔNICOS: mente, o n.º máximo de elétrons por nível é:
São diferentes espécies químicas, com o mes-
mo número de elétrons. Camadas K L M N O P Q
Exemplo: ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓ ⇓
Nº máximo expe- 2 8 18 32 32 18 2
2+ Z = 12 rimental de elé-
12
Mg ne = 10 trons
mesmo
Z = 11 número de
1+
11Na ne = 10 elétrons 6.3. Configuração Eletrônica
Distribuição Eletrônica: os elétrons preenchem
inicialmente os subníveis de menor energia.

Editora Exato 3
QUÍMICA

Observe que, descendo as diagonais do dia- Colocar os elétrons nos subníveis incompletos.
grama a seguir, a energia vai aumentando.

Exemplo
O (z = 8)
O (8P, 8E) 1s2 2s2 2p4
O-2 (8P, 10E) 1s2 2s2 2p6
Exemplo
Cl (z = 17)
Cl (17P, 17E)  1s2 2s2 2p6 3s2 3p5
Cl- (17P, 18E)  1s2 2s2 2p6 3s2 3p6

ESTUDO DIRIGIDO

1 (Fuvest – SP) O Sódio e seus compostos, em de-


terminadas condições, emitem uma luz amarela
característica. Explique este fenômeno em termos
I. Distribuição em Ordem Energética (Ordem de elétrons e níveis de energia
de preenchimento do diagrama)
II .Ordem Geométrica (Ordem das camadas) 2 O tecnécio (Z = 43) e o promécio (Z = 61) são
Exemplo: elementos artificiais, encontrados apenas como
Br (z = 35) subprodutos de reações nucleares. Os cientistas
Ordem Energética 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d10 acreditam que esses elementos já existiram na na-
4p5 tureza em épocas remotas, mas se desintegraram
Ordem das camadas: totalmente devido à sua excessiva radioatividade.
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d10 4s2 4p5 Escreva a configuração eletrônica do tecnécio e
K L M N do promécio em ordem energética e diga quais
⇓ ⇓ ⇓ ⇓ são suas camadas mais energéticas e mais exter-
2 8 18 7 nas.
Configuração Eletrônica em Íons
Átomo neutro: N°P = N°E 3 Sabendo que o subnível mais energético de um
Íon: N°P ≠ N°E átomo é o 4s1:
Íon positivo (cátion) N°P > N°E a) Qual o número total de elétrons desse átomo?
Íon negativo (ânion) N°P < N°E b) Quantas camadas possui a eletrosfera desse á-
tomo?
6.5. Configuração Eletrônica em Cá-
tions
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
Retirar sempre os elétrons mais externos do á-
tomo correspondente. 1 A identificação de coisas e pessoas por meio de
números é muito comum em nosso cotidiano. O
Exemplo:
número de prótons, nêutrons e elétrons constitu-
Fe (26P, 26E)
em dados importantes para identificar um átomo.
Ordem Energética 1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 4s2 3d6
Considere os seguintes dados referentes aos áto-
1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d6 4s2
Ordem das camadas mos genéricos A, B e C:
K L M N
⇓ ⇓ ⇓ ⇓
2 8 14 2
Fe+2 (26P, 24E)  1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d6
Fe+3 (26P, 23E)  1s2 2s2 2p6 3s2 3p6 3d5

6.6. Configuração Eletrônica em Â-


nions

Editora Exato 4
QUÍMICA

Com base nas informações acima e nos concei- 4 O número de elementos químicos atualmente
tos referentes às semelhanças atômicas, determine o conhecidos é inferior a 100.
valor da soma entre as variáveis x, y e z (x + y + z).
Resolução: Como o átomo A e o átomo B são
isóbaros, a letra Z valerá 44; como o átomo B e o á-
tomo C são isótopos, a letra X valerá 21; como o á- 5 Atribuíram-se nomes às diferentes partículas
tomo A e o átomo C são isótonos e o número de constituintes dos átomos: as positivas foram
massa do átomo A corresponde a 44 e de prótons 20, chamadas elétrons e as negativas, prótons.
podemos dizer que o número de nêutrons de A vale
24, pois:
3 (UnB) Em 1911, Rutherford realizou uma expe-
(A = P + N ⇒ 44 = 20 + N, logo N = 24.) riência em que uma lâmina muito fina de ouro foi
Sendo assim, o número de nêutrons do átomo bombardeada com partículas alfa (partículas posi-
C vale 24 e o número de prótons vale 21, então o tivamente carregadas). A maioria delas atraves-
número de massa valerá 45 (A=P+N⇒A=21+44, lo- sou a lâmina sem sofrer desvios na trajetória. No
go A = 45) entanto, um pequeno número de partículas sofreu
Portanto, X=21, Y=45 e Z=44 (X+Y+Z=120) desvios muito grandes. A partir desse experimen-
to, julgue os itens:
1 Vs núcleos são densos e eletricamente positi-
2 Faça a distribuição eletrônica dos elementos a- vos;
baixo. 2 A matéria tem em sua constituição grandes es-
a) Mg (Z = 12) paços vazios;
b) Ca (Z = 20) 3 O átomo é divisível, em oposição a Dalton,
Resolução: Seguindo o diagrama de Linus que o considera indivisível;
Pauling, que segue uma ordem energética, temos: 4 O tamanho do átomo é determinado pelo ta-
Mg → 1s2, 2s2, 2p6, 3s2 (Lembre-se: o átomo manho do núcleo;
de Mg deve conter 12 elétrons).
Ca → 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6, 4s2 (Lembre-se: o
átomo de Ca deve conter 20 elétrons). 4 Analise as proposições abaixo:
1 Os átomos são formados de prótons, elétrons e
nêutrons.
EXERCÍCIOS 2 Os prótons situam-se no núcleo do átomo.
3 Os elétrons giram em órbitas fixas e determi-
1 Considere as seguintes proposições e julgue os nadas, onde possuem certa quantidade de ener-
itens: gia.
1 A massa de um próton é maior que a de um e- 4 Os átomos são indivisíveis.
létron. 5 O número de prótons e elétrons é igual em um
2 Os neutrôns não apresentam carga elétrica. átomo.
3 Os prótons e os neutrôns se encontram no nú- 6 Os átomos podem se associar, formando as
cleo e apresentam massas semelhantes. substâncias químicas.
4 A massa de um átomo está principalmente na
eletrosfera.
5 A carga elétrica do próton é positiva, enquanto 5 Julgue os itens:
a do elétron é negativa. 1 Cátion é um íon com falta de elétrons.
6 A massa de um próton é aproximadamente 2 O número atômico entre íon e átomo corres-
1840 vezes maior que a de um elétron. pondente é o mesmo;
3 Ânion é um íon com excesso de elétrons;
4 Íon é um átomo em desequilíbrio elétrico.
2 (UnB) Julgue os itens abaixo, relacionados ao á-
tomo.
1 Átomos que possuem o mesmo número de pró- 6 Os números atômicos, de massa e de nêutrons de
tons, nêutrons e elétrons são iguais. um átomo são expressos, respectivamente, por
2 O número de prótons de um átomo é denomi- (3x + 5), (8x) e (6x - 30). Determine os números
nado número atômico. de prótons e nêutrons desse átomo.
3 Átomos de mesmo número atômico constituem
um elemento químico.

Editora Exato 5
QUÍMICA

gênio, tem grande aplicação na indústria eletrôni-


ca. Por outro lado, o enxofre é de importância
fundamental na obtenção do ácido sulfúrico. Sa-
bendo-se que o átomo 14Si28 é isótono de uma das
variedades isotópicas do enxofre, 16S, pode-se a-
firmar que esse átomo de enxofre tem número de
7 (UnB) Nuclídeo é definido como "tipo de um da- massa:
do elemento químico caracterizado por um núme- a) 14.
ro de massa específico". Analise a tabela abaixo. b) 16.
Nuclídeo Z A c) 30.
I 17 33 d) 32.
II 12 24 e) 34.
III 6 12
IV 3 7
V 6 14 11 (UCB/2001) Abaixo, são fornecidos átomos e í-
VI 54 131 ons de alguns elementos químicos.

Julgue os itens a seguir.


1 O número 7 (sete) representa a massa atômica
do nuclídeo IV. Escreva V para as afirmativas verdadeiras ou F
2 Os nuclídeos III e V possuem o mesmo núme- para as afirmativas falsas.
ro de partículas negativas, no estado funda- 1 Os íons Ca+2 e S-2 são isoeletrônicos.
mental. 2 O número de prótons do íon AI+3 é igual a 10.
3 Na tabela acima, é possível identificar seis e- 3 O íon S-2 possui 18 elétrons.
lementos químicos. 4 O átomo neutro Na0 possui 12 nêutrons.
4 É possível calcular, a partir da tabela, o núme- 5 O AI0 e AI+3 são isótopos.
ro de nêutrons de cada nuclídeo.
12 Faça a distribuição eletrônica das seguintes espé-
8 (FUVEST) O número de elétrons do cátion X2+ cies químicas e indique o que essas espécies a-
de um elemento X é igual ao número de elétrons presentam em comum:
do átomo neutro de um gás nobre. Este átomo de a) 21Sc3+
gás nobre apresenta número atômico 10 e número b) 17Cl-
de massa 20. O número atômico do elemento X é: c) 20Ca2+
a) 8. d) 19K+
b) 10. e) 16S2-
c) 12.
d) 18.
13 Julgue os itens:
e) 20.
1 Os átomos X13 27
e Y1328 são isótopos.
2 Isótopos são átomos que se encontram no
9 (FUVEST) Determine o número de nêutrons e o mesmo lugar da tabela periódica.
número de prótons nos cátions Fe+2 e Fe+3, obti- 3 No íon +2 do átomo Ca 42 20 encontramos vinte
dos a partir do isótopo de ferro com número de
prótons.
massa 56. Consulte a Tabela Periódica.
4 Um íon que possui 30 prótons e 32 elétrons
possui carga +2.
5 Isótopos são átomos diferenciados pelo núme-
ro de nêutrons.

14 Julgue os itens:
1 O número de massa de um átomo é dado pela
soma do número de prótons e nêutrons existen-
tes no núcleo.
2 Um elemento químico deve ter seus átomos
10 (PUC/ Campinas -SP) O silício, elemento quí-
sempre com o mesmo número de nêutrons.
mico mais abundante na natureza depois do oxi-
Editora Exato 6
QUÍMICA

3 O número de prótons permanece constante, 7 E, C, E, C


mesmo que os números de massa dos átomos
8 C
de um mesmo elemento variem.
4 O número atômico é dado pelo número de 9 30 nêutrons e 26 prótons
prótons existentes no núcleo de um átomo. 10 C
5 Num átomo neutro, o número atômico é igual 11 C, E, C, C, E
ao número de elétrons.
12 Todos possuem a mesma configuração:
1s22s2 2p63s23p6
15 (Cesgranrio) As torcidas vêm colorindo cada
vez mais os estádios de futebol com fogos de arti- 13 C, C, C, E, C
fício. Sabemos que as cores desses fogos são de- 14 C, E, C, C, C
vidas à presença de certos elementos químicos.
Um dos mais usados para obter a cor vermelha é 15 A
o estrôncio (Z = 38), que, na forma de íon Sr2+,
tem a seguinte configuração eletrônica:
a) 1s 2 2s 2 2p 6 3s 2 3p 6 4s 2 3d10 4p 6
b) 1s 2 2s 2 2p 6 3s 2 3p 6 4s 2 3d10 4p 6 5s 2
c) 1s 2 2s 2 2p 6 3s 2 3p 6 4s 2 3d10 4p 6 5s 2 5p 2
d) 1s 2 2s 2 2p 6 3s 2 3p 6 4s 2 3d10 4p 6 4d2
e) 1s 2 2s 2 2p 6 3s 2 3p 6 4s 2 3d10 4p 4 5s 2

GABARITO

Estudo Dirigido
1 Os elétrons do átomo de sódio absorvem energia
e saltam para uma camada mais externa, quando
retornam liberam energia na forma de luz amare-
la.
2
Tecnécio (Z = 43) → 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6, 4s2,
3d , 4p6, 5s2, 4d5.
10

Camada mais externa: 5s, Camada mais ener-


gética: 4d.
Promécio (Z = 61) → 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6,
4s , 3d10, 4p6, 5s2, 4d10, 5p6, 6s2, 4f5.
2

Camada mais externa: 6s, Camada mais ener-


gética: 4f.
3
a) 19 elétrons.
b) 4 camadas eletrônicas.
EXERCÍCIOS
1 C, C, C, E, C, C
2 C, C, C, E, E
3 C, C, C, E
4 C, C, C, E, C, C
5 C, C, C, C
6 80 prótons e 120 nêutrons

Editora Exato 7
QUÍMICA

Editora Exato 8
QUÍMICA

SUBSTÂNCIAS E MISTURAS
1. ELEMENTO QUÍMICO Mistura Homogênea (Solução)
É um conjunto de átomos de mesmo número Apresenta a mesma densidade, propriedades e
atômico(Z). aspecto visual em qualquer parte analisada (uma só
fase).
Exemplo:
Exemplo:
1 2 3 Água + álcool.
H H H Mistura Heterogênea
1 1 1 Toda mistura formada por mais de uma fase,
apresentando superfície de separação, não apresen-
tando as mesmas propriedades em qualquer parte a-
nalisada.
Z Exemplo:
Água + óleo.
2. SUBSTÂNCIA Gás + Gás = Mistura homogênea
Todo material formado por um tipo apenas de miscíveis = mistura homogênea.
componente (molécula ou aglomerado iônico). Líquido + Líquido 
imiscíveis = mistura hererogêne a.
Exemplo:
Sobre as fases, mistura entre:
N2
n gases = 1 fase
H2O
4. MUDANÇA DE ESTADO
Substância Substância
Simples Composta
sublimação

Substância simples fusão vaporização


sólido liquido gasoso
 Toda substância formada por um único e-
lemento químico; solificação condensação
 Não pode ser decomposta em substâncias
mais simples. sublimação
Exemplos: 5. ALOTROPIA
H2, O2, P4, Ne, etc.
A partir de um elemento químico, formam-se
Substância composta duas substâncias simples diferentes, chamadas for-
 Toda substância formada por mais de um mas alotrópicas, podendo as mesmas se diferenciar
elemento químico; na atomicidade (O2 e O3) ou no retículo cristalino (Cn
 Pode ser decomposta produzindo duas ou (grafite) e Cn (diamante)).
mais substâncias simples. 6. PROCESSO DE SEPARAÇÃO DE MISTU-
Exemplo: RAS
H3PO4, H2O, H2SO4, etc.
Análise Imediata: Conjunto de processos utili-
3. MISTURA zados na separação dos componentes de uma mistura.
Mistura é formada por duas ou mais substân- Separação de Misturas Heterogêneas
cias, cada uma delas sendo denominada componente. (Mais de uma Fase):
Exemplo:  Flotação
água+ gasolina;  Filtração
Sal + açúcar.  Dissolução fracionada
 Decantação

Editora Exato 8
QUÍMICA

Flotação
Separação de uma mistura do tipo “sólido + Repouso
sólido”, mediante a adição de um líquido de densida-
Água
de intermediária aos dois componentes da mistura. Água barrenta Barro
Exemplo:
Líquido + Líquido Imiscível
A separação é feita mediante a utilização de
na adição um funil de decantação, também conhecido como fu-
serragem
de água nil de Bromo ou, ainda, funil de separação.
Mistura de areia
e serragem
água Num sistema constituído por água e óleo, por
tem-se areia
exemplo, a água, por ser mais densa, localiza-se na
parte inferior do funil e é escoada ao se abrir a tornei-
ra de modo controlado.
Filtração
Consiste na separação de uma mistura do tipo
“sólido + líquido ou sólido + gás”, através de uma
superfície porosa denominada filtro.
A filtração também é utilizada para separar um Ó leo
sólido de um gás. Por exemplo: aspirador de pó e o Água
filtro de ar de motores.

Bastão

Mistura de
sólido e
Funil líquido
Sólido
Separação de Mistura Homogênea (So-
Béquer Suporte
lução – Uma Só Fase)
Solução
filtrada Esta separação será feita por meio de um equi-
pamento denominado aparelho de destilação.

Simples
Destilação e
Fase líq.: pode Fracionada
Resíduo
ser constituída
(sólido)
por mais de um
componente Destilação Simples
Consiste na separação de uma mistura homo-
Dissolução Fracionada gênea do tipo “sólido + líquido”, por meio do uso de
Consiste na separação de uma mistura do tipo um aparelho de destilação.
“sólido+sólido”, por meio da adição de um líquido
que solubilize um dos componentes da mistura. Por
filtração, separa-se o componente não dissolvido. E H2 O
por evaporação, separa-se do líquido o componente
dissolvido.
Decantação
Consiste na separação de uma mistura do tipo
“sólido + líquido”, ou “líquido + líquido imiscível”. H2 O
Sólido + Líquido
A fase sólida, por ser mais densa, sedimenta-
se, ou seja, deposita-se.
A mistura é aquecida e os vapores produzidos
no balão de destilação passam pelo condensador, on-

Editora Exato 9
QUÍMICA

de são resfriados pelo fluxo de água corrente, con- 3 A figura abaixo mostra o esquema de um proces-
densam-se e são recolhidos. so usado para a obtenção de água potável a partir
A parte sólida da mistura, por não ser volátil, de água salobra (que contém alta concentração de
não evapora junto com a parte líquida, permanecendo sais). Este “aparelho” improvisado é usado em
no balão de destilação. regiões desérticas da Austrália.
Destilação Fracionada
Consiste na separação de uma mistura homo-
gênea do tipo “líquido + líquido” utilizando uma co-
luna de facionamento. Neste caso, faz-se o
aquecimento da mistura, sendo seus componentes se-
parados à medida que cada um de seus pontos de
ebulição seja atingido.
Resumindo as técnicas mais comuns,
teremos:

Tipo de Natureza Técnica mais comum Exemplo


a) Que mudanças de fase ocorrem com a água,
mistura dentro do “aparelho”?
Heterogênea
Heterogênea
Sólido-líquido
Sólido-gás
Filtração
Filtração
Água-areia
Ar-poeira
b) Onde, dentro do “aparelho”, ocorrem estas
Heterogênea Líquido-líquido Funil de bromo Óleo-água mudanças?
Heterogênea Sólido-sólido Dissolução fracionada Sal-areia
Homogênea Sólido-líquido Destilação simples Água-sal
c) Qual destas mudanças absorve energia e de
Homogênea Líquido-líquido Destilação fracionada Petróleo onde esta energia provém?
Homogênea Gás-gás Liquefação e destilação Componentes do
fracionada ar atmosférico

ESTUDO DIRIGIDO EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1 A substância cloreto de amônio, um sólido bran- 1 Quais os processos mais adequados para separar
co, é empregada desde a Antiguidade como adu- os componentes das mistura abaixo?
bo para vegetais. Os egípcios, por exemplo, a) Água e sal.
obtinham-na a partir do esterco do camelo. Mui- b) Água e azeite.
tos dos fertilizantes atualmente produzidos em c) Álcool e areia.
indústrias químicas contêm essa substância em d) Água e álcool.
sua composição. Sabe-se que: Resolução:
 O cloreto de amônio sofre decomposição a) Como se trata de uma mistura homogênea en-
produzindo gases amônia e cloreto de hi- tre um sólido e um líquido, o processo reco-
drogênio. mendado seria destilação simples.
 Por decomposição, a amônia origina os ga- b) Como se trata de uma mistura heterogênea en-
ses nitrogênio e hidrogênio, e o cloreto de tre dois líquidos imiscíveis, o processo reco-
hidrogênio origina os gases cloro e hidro- mendado seria decantação.
gênio. c) Como se trata de uma mistura heterogênea en-
 Os gases nitrogênio, hidrogênio e cloro não tre um sólido e um líquido, o processo reco-
sofrem decomposição. mendado seria filtração.
d) Como se trata de uma mistura homogênea en-
a) Quantas substâncias químicas diferentes são tre dois líquidos, o processo recomendado seria
mencionadas nas três afirmações acima? destilação fracionada.
b) Quais delas são substâncias simples e quais
são compostas? Deixe claro o critério que você 2 Qual a fase de agregação (sólida, líquida ou ga-
empregou para responder.
sosa) das substâncias da tabela a seguir, quando
elas se encontram no Deserto da Arábia, à tempe-
2 Considere a mistura de areia fina, sal e limalha ratura de 50ºC (pressão de 1 atm)?
de ferro. Como você faria para separar as subs-
tâncias desta mistura? Descreva a seqüência de SUBSTÂNCIA PONTO DE PONTO DE E-
etapas do processo de separação e as operações FUSÃO BULIÇÃO
de separação.
Clorofórmio – 63 61

Editora Exato 10
QUÍMICA

Éter etílico – 116 34 4 A figura d pode representar uma amostra de


cloreto de hidrogênio.
Etanol – 117 78
5 A substância representada em b deve estar no
Fenol 41 182 estado sólido.
Pentano – 130 36
3 Julgue os itens a seguir, colocando V para os i-
Dados da tabela tomados sob pressão de 1 atm.
tens verdadeiros e F para os itens falsos.
Resolução: 1 Fusão é a passagem da fase líquida para a fase
Clorofórmio → Líquido sólida.
2 Ebulição é a passagem lenta da fase líquida pa-
Éter etílico → Gasoso ra a fase gasosa.
Etanol → Líquido 3 Condensação é a passagem da fase gasosa para
a fase líquida.
Fenol → Líquido 4 O gás de cozinha, dentro do botijão cheio, é lí-
Pentano → Gasoso quido.

4 Julgue os itens abaixo:


1 As substâncias são representadas por fórmulas.
EXERCÍCIOS
2 As moléculas são constituídas por átomos.
1 Classifique as misturas, quando possível, de a- 3 Os átomos são constituídos por elementos.
cordo com as alternativas: 4 A água de fórmula H2O possui apenas dois á-
tomos.
Alternativas
5 As substâncias simples são formadas por áto-
(1) mistura homogênea gasosa.
mos da mesma espécie.
(2) mistura homogênea líquido e sólido.
6 O álcool etílico (C2H5OH) é uma substância
(3) mistura homogênea sólido.
composta.
(4) mistura heterogênea sólido e gás.
(5) mistura heterogênea sólido e líquido.
Misturas 5 (UnB) Examine as fórmulas apresentadas a se-
( )leite (depois de coalhado, 3 dias fora da gela- guir e julgue os itens abaixo:
deira). P4, S8, Br2, CaBr2, Zn, He
( ) gás de botijão. 1 O número de substâncias simples representa-
( ) água do mar filtrada. das é dois.
( ) ar atmosférico. 2 O número de substâncias compostas represen-
( ) ar atmosférico filtrado. tadas é quatro.
3 O número de substâncias poliatômicas é um.
4 CaBr2 é uma mistura das substâncias Ca e Br2.
2 (UnB) Os diagramas representam modelos de 5 A fórmula S8 indica que oito átomos estão li-
substâncias simples, compostos e/ou misturas. As gados, formando uma única molécula.
esferas claras, escuras, listradas etc ou de tama-
nhos variados representam átomos diferentes. Es-
feras em contato representam átomos ligados 6 (UnB) Analise as afirmações abaixo e julgue os
quimicamente. itens.
1 As misturas não podem ser desdobradas por
processos físicos.
2 Durante uma mudança de estado, as substân-
cias puras apresentam temperatura constante.
a b c d 3 Mistura azeotrópica tem temperatura de fusão
constante.
Julgue os itens seguintes. 4 Mistura eutética tem temperatura de ebulição
1 A figura a mostra uma mistura de substâncias constante.
simples. 5 0 sistema areia + sal + açúcar + água + gaso-
2 A figura b pode representar uma amostra de lina, apresenta 3 fases.
monóxido de carbono.
3 A figura c representa uma amostra de substân-
cia composta.
Editora Exato 11
QUÍMICA

6 A separação dos componentes de uma mistura 11 Associe as misturas com os processos mais práti-
binária homogênea fornece sempre duas subs- cos para fracioná-las:
tâncias puras. Processos
l. liquefação fracionada
7 (PUC-MT) Um sistema apresenta duas fases: 2. centrifugação
uma sólida e uma líquida, que podem ser separa- 3. decantação
das por filtração. A fase líquida contém duas 4. sublimação
substâncias que foram separadas por destilação. 0 5. separação magnética
sistema inicial pode ser formado por: 6. peneiração
a) água, sal de cozinha e carvão. 7. dissolução fracionada
b) água, óleo e sal de cozinha. 8. ventilação
c) água, areia e carvão. Misturas
d) água, gasolina e areia. ( ) serragem e areia
e) água, gasolina e óleo. ( ) açúcar e areia
( ) cascalho e areia
( ) limalha de ferro e enxofre
8 (UnB) Sobre separação de misturas homogêneas ( ) naftalina em pó e sal
e heterogêneas, julgue os itens a seguir: ( ) água barrenta
1 Para a separação das misturas de água/álcool e ( ) sangue
areia/água, usa-se, respectivamente, filtração e ( ) ar atmosférico
destilação.
2 Uma boa opção para separar água, óleo e areia
seria decantar e filtrar a mistura. 12 Julgue os itens a seguir:
3 Um recipiente contendo água líquida, vapor 1 Um sistema contendo água e um pouco de sal
d’água e 3 cubos de gelo é um exemplo de forma uma mistura homogênea.
mistura trifásica. 2 Um sistema constituído por três pedaços de ou-
4 0 funil de decantação pode ser usado para se- ro puro é monofásico.
parar uma solução saturada de água e sal, com 3 Água e álcool formam misturas homogêneas
corpo de fundo, de forma a recuperar os dois em quaisquer proporções.
integralmente e puros. 4 Uma solução é sempre um sistema monofási-
5 A destilação é um dos processos capaz de co.
transformar a água do mar em água potável. 5 Um sistema polifásico é sempre uma mistura.

9 (FUVEST) A melhor maneira de separar os três GABARITO


componentes de uma mistura de areia com solu-
ção aquosa de sal é: Estudo Dirigido
a) filtrar e destilar.
b) levigação e filtrar . 1
c) decantar e filtrar . a) Seis substâncias.
d) filtrar e decantar . b) Substâncias Simples: Gases Nitrogênio, Hi-
e) destilar e decantar. drogênio e Oxigênio.
Substâncias Compostas: Cloreto de Amônio,
Amônia e Cloreto de hidrogênio. O critério avali-
10 Temos um sistema formado de pedaços de vidro, ado foi o de que substâncias simples não sofrem
água líquida, sal em excesso, vapor d’água e ge- reação de decomposição e substâncias compostas,
lo. Sua classificação quanto ao tipo de sistema, sim.
número de fases e de componentes é:
2
a) sistema heterogêneo, 4 fases e 3 componentes.
Primeira etapa: Usaria um ímã (Separação mag-
b) sistema homogêneo, 4 fases e 3 componentes.
nética).
c) sistema heterogêneo, 5 fases e 3 componentes.
Segunda etapa: Adicionaria água, desta forma o
d) sistema homogêneo, 1 fase e 3 componentes.
sal dissolveria e a areia, não.
e) sistema heterogêneo, 5 fases e 5 componentes.
Terceira etapa: Realizar uma filtração para sepa-
rar a água salgada da areia.

Editora Exato 12
QUÍMICA

Quarta etapa: Realizar uma destilação simples pa-


ra separar a água do sal.
3
a) Evaporação e Condensação.
b) Na água salobra e no plástico transparente.
c) A evaporação absorve energia e ela provém do
sol.
Exercícios
1 5, 1, 2, 4, 1
2 C, E, C, E, E
3 E, E, C, C
4 C, C, E, E, C, C
5 E, E, E, E, C
6 E, C, E, E, E, C
7 A
8 E, E, E, E, C
9 A
10 C
11 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1
12 C, C, C, C, C

Editora Exato 13
QUÍMICA

CLASSIFICAÇÃO PERIÓDICA DOS ELEMENTOS


(TABELA PERIÓDICA)
1. INTRODUÇÃO Cada linha horizontal representa um período.
Os elementos que compõem uma mesma linha pos-
Na tabela periódica compacta, os elementos suem os valores numéricos de uma propriedade peri-
químicos são dispostos em ordem crescente de núme- ódica qualquer, dentro de um intervalo entre um
ro atômico. mínimo e um máximo (ou vice-versa).
A forma compacta da tabela periódica é a mais Ao dispormos cada período, um abaixo do ou-
utilizada, pois permite fácil manuseio e possui me- tro, teremos a formação de colunas de elementos. Os
lhor estética. Os elementos de número atômico 57 a elementos de uma mesma coluna constituem uma
71, chamados lantanídios, e os de número atômico 89 família e possuem propriedades semelhantes que va-
a 103, chamados actinídios, foram colocados à parte, riam de modo proporcional entre as diversas colunas.
abaixo da tabela. A tabela é uma reunião organizada dos ele-
Devemos entender que eles ocupam o 6º e o 7º mentos (artificiais e naturais) que se conhece, sendo
períodos, respectivamente, e que todos se encontram constituída por 7 linhas horizontais e 18 linhas verti-
na terceira coluna, porque suas propriedades são mui- cais.
to semelhantes.

1
1A CLASSIFICAÇÃO PERIÓDICA DOS ELEMENTOS 18
0
1
(com massas atômicas referidas ao isótopo 12 do carbono) 2
HIDROGÊNIO

H He

HÉLIO
2 13 14 15 16 17
1,008 2A 3A 4A 5A 6A 7A 4,00
3 4 5 6 7 8 9 10

NITROGÊNIO
CARBONO

OXIGÊNIO
N O F
BERÍLIO

NEÓNIO
Li Be B C Ne

FLÚOR
BORO
LÍTIO

6,94 9,01 Elementos de transição 10,8 12,0 14,0 16,0 19,0 20,2
11 12 13 14 15 16 17 18
MAGNÉSIO

FÓSFORO

ENXOFRE
ALUMÍNIO

Mg

ARGÔNIO
Na Al SILÍCIO Si P S Cl Ar

CLORO
SÓDIO

3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
23,0 24,3 3B 4B 5B 6B 7B 8B 1B 2B 27,0 26,1 31,0 32,1 35,5 39,9
19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36
MANGANÊS

CRIPTÔNIO
GERMÂNIO
ESCÂNDIO

VANDÂDIO
POTÁSSIO

COBALTO

ARSÊNIO

SELÊNIO
TITÂNIO

CROMO

BROMO
NÍQUEL

Sc Ti V Cr Mn Fe Co Ni
COBRE

K Ca Cu Zn Ga Ge As Se Br Kr
FERRO
CÁLCIO

ZINCO

GÁLIO

39,1 40,1 44,9 47,9 50,9 52,0 54,9 55,8 58,9 58,7 63,5 65,4 69,7 72,6 74,9 78,9 79,9 83,8
37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54
MOLIBDÊNIO
ESTRÔNCIO

ANTIMÔNIO
TECNÉCIO
ZIRCÓNIO

ESTANHO

XENÔNIO
RUTÊNIO

TELÚRIO
PALÁDIO

Ag
RUBIDIO

CÁDMIO
NIÓBIO

Rb Sr Y Zr Nb Mo Tc Ru Rh Pd Cd In Sn Sb Te I Xe
RÓDIO

PRATA

ÍNDIO
ÍTRIO

IODO
85,5 87,6 88,9 91,2 92,9 95,9 98,9 101,1 102.9 106,4 107,9 112,4 114,8 118,7 121,8 127,6 126,9 131,3
55 56 57 - 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86
TUNGSTÊNIO

MERCÚRIO
TANTÁLIO

RADÔNIO
BISMUTO

POLÔNIO
CHUMBO

Hg
HÁFINIO

PLATINA

ASTATO
Cs Ba Hf Ta W Re Os Ir Pt Au Tl Pb Bi Po At Rn
ÓSMIO
CÉSIO

BÁRIO

RÊNIO

IRÍDIO

OURO

TÁLIO

SÉRIE DOS
132,9 137,3 LANTANÍDIOS 178,5 180,9 183,8 186,2 190,2 192,2 195,1 197,0 200,6 204,4 207,2 209,0 210 (210) (222)
87 88 89 - 103 104 105 106 107 108 109 110 111
Unq Unp Unh Uns Uno Une Uun Uuu
FRANCIO

Fr Ra
RÁDIO

Db Jl Rf Bh Hn Mt -- --
(223) (226)
SÉRIE DOS Rf Ha Sg Ns Hs Mt -- --
ACTINÍDIOS

Série dos lantanídios


Número atômico
PRASEODÍMIO

57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71
PROMÉMIO

GADOLÍNIO

DISPRÓSIO
NEODÍMIO
LANTÂNIO

SAMÁRIO

EURÓPIO

Tb Dy
LUTÉCIO
ITÉRBIO
HÓLMIO

Ho Yb Lu
TÉRBIO

La Ce Pr Nd Pm Sm Eu Gd Er Tm
CÉRIO

ÉRBIO

TÚLIO
nome do elemento

138,9 140,1 140,9 144,2 (145) 150,4 152,0 157,3 158,9 162,5 164,9 167,3 168,9 173,0 175,0

Símbolo
Série dos actinídios
89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103
MENDELIÊMIO
PROTACTÍNIO

CALIFÓRMIO
BERQUÉLIO

LAURÊNCIO

Massa atômica
EINSTÊNIO
NEPTÚNIO

PLUTÔNIO

AMÉRICIO

Ac Th Pa U Np Pu Am Cm Bk Cf Es Fm Md No Lr
ACTÍNIO

URÂNIO

FÉRMIO
TÓRIO

CÚRIO

NOBÉLIO

( ) = Nº de massa do
isótopo mais estável (227) 232,0 (231) 238,0 (244) (244) (243) (247) (247) (251) (252) (257) (258) (259) (260)

Período Exemplo:
 Corresponde a cada linha horizontal na ta- → 1s2 2s2 2p6 3s2 3p3
15 P
bela; 3 camadas
 Como são 7 as linhas horizontais; logo, 3o período, ou seja, o elemento
a
tem-se sete períodos. se encontra na 3 linha horizontal de cima para baixo
 Corresponde ao número de camadas eletrô- na tabela periódica.
nicas na distribuição de um elemento.

Editora Exato 14
QUÍMICA

2. GRUPO, COLUNA OU FAMÍLIA Assim:


Corresponde a cada linha vertical na tabela (18
ao todo);
Temos dois grandes grupos:
A = Representativos;
B = Metais de transição.
a) Representativos:
São elementos que apresentam a distribuição
finalizada nos subníveis s ou p.
São 8 famílias: 1A, 2A, 3A,..., 8A (0) Fr
O número da família é dado pela soma do nú- b) Eletronegatividade
mero de elétrons na última camada (camada de va-
É a propriedade que mede a tendência de um
lência).
elemento em receber elétrons.
Exemplo: Numa mesma família, o mais eletronegativo é
→ 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5
17Cl o de menor raio atômico.
7 elétrons na C.V.=7A No período, será aquele que estiver mais pró-
3 camadas = 3o período ximo dos gases nobres (maior número atômico).
Número do grupo ou Nome do grupo ou Família
Família Excluiremos os gases nobres, pois estes são es-
1 ou 1A Grupo ou Família dos Me- táveis, em geral 8 elétrons na camada de valência.
tais alcalinos Assim:
8A
2 ou 2A Grupo ou Família dos Me-
F
tais alcalinos-terrosos
13 ou 3A Grupo ou Família do Boro
14 ou 4A Grupo ou Família do Car-
bono
15 ou 5A Grupo ou Família do Nitro-
gênio
16 ou 6A Calcogênios
17 ou 7A Halogênios
18 ou 8A Gases Nobres Fr

b) Transição: Fila de eletronegatividade


São elementos que apresentam a distribuição F, O, N, Cl, Br, I, S, C, P, H, ...
eletrônica finalizada nos subníves d ou f. ←
Exemplo: c) Eletropositividade
26Fe
2 2 6 2 6 2 6
→ 1s , 2s , 2p , 3s , 3p , 4s , 3d . Tendência de um elemento em doar um elé-
tron.
3. PROPRIEDADES PERIÓDICAS DOS ELE- Numa família, será mais eletropositivo aquele
MENTOS que tiver o maior raio atômico.
São propriedades (Químicas e Físicas) dos e- No período, será o elemento que estiver mais
lementos que variam periodicamente na seqüência de longe dos gases nobres (família 1A).
sua ordem crescente de número atômico. Assim:
8A
a) Raio Atômico (tamanho do átomo)
Numa família, será maior aquele elemento que
apresentar um maior número de camadas (quanto
mais para baixo num determinado grupo).
No período, o maior elemento é o que apresen-
ta menor número atômico (menos carga positiva no
núcleo atraindo os elétrons da eletrosfera).

Fr

Editora Exato 15
QUÍMICA

d) Potencial de ionização ESTUDO DIRIGIDO


Energia necessária para retirarmos 1 elétron de
um átomo no estado gasoso e isolado. 1 Indique duas propriedades periódicas que, de
Numa família, o de maior potencial é o de me- modo geral, poderiam ser representadas por cada
nor raio atômico. um dos esquemas a seguir:
No período, será o elemento que estiver na fa-
mília 8A ou próximo a ela. I.
Assim:
He

II.

e) Volume atômico
Aumenta no sentido indicado.

2 Consulte a Tabela Periódica e indique qual ele-


mento possui a seguinte distribuição eletrônica,
1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6, 4s2, 3d10, 4p5.

3 Na tabela periódica, os halogênios estão localiza-


dos em que coluna?

Fr Rn
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
f) Densidade (D:
Aumenta no sentido indicado. 1 Qual é o número atômico do elemento químico
do 5º período da classificação periódica e que a-
presenta 10 elétrons no quarto nível energético
(n= 4)?
Resolução: Se o elemento se encontra no 5º
período, significa que ele possui 5 camadas eletrôni-
cas. Então sua distribuição eletrônica deve possuir a
quinta camada.
O quarto nível energético possui 10 elétrons,
então estamos tratando do subnível d, pois é o único
Os Ir Pt que suporta no máximo 10 elétrons.
Portanto, a distribuição eletrônica deste ele-
mento será: 1s2, 2s2, 2p6, 3s2, 3p6, 4s2, 3d10, 4p6, 5s2,
g) Pontos de fusão e ebulição 4d10.
Aumenta no sentido indicado.

2 Considere o elemento 19X:


a) Qual é a configuração eletrônica do átomo de
X no estado fundamental?
b) Qual é o grupo do elemento X na tabela perió-
dica?
Resolução:
a) A configuração eletrônica será: 1s2, 2s2, 2p6,
3s2, 3p6, 4s1.
b) Como o elemento só possui 1 elétron na última
camada, então sua família será a dos metais al-
calinos.

Editora Exato 16
QUÍMICA

EXERCÍCIOS 5 (CESGRANRIO) Um átomo T apresenta dois


prótons a menos que um átomo Q. Com base nes-
1 À medida que os elementos químicos foram sen- sa informação, assinale a opção falsa.
do descobertos, percebeu-se a necessidade de a-
grupá-los, assim, surgiu a classificação periódica T Q
dos elementos. A respeito desse assunto, julgue V a) Gás nobre Alcalino-terroso
ou F. b) Halogênio Alcalino
1 Os elementos foram dispostos, na tabela peri- c) Calcogênio Gás nobre
ódica atual, em ordem crescente de n.ºs atômi- d) Enxofre Silício
cos; e) Carbono Oxigênio
2 Os períodos dos elementos químicos corres-
pondem às linhas horizontais da atual tabela;
6 (UnB) Julgue os itens abaixo, os quais estão rela-
3 A energia necessária para a retirada de um e-
cionados com a tabela periódica.
létron de um átomo no estado gasoso denomi-
1 Os elementos estão organizados em ordem
na-se potencial De ionização;
crescente de número atômico e distribuídos de
4 O elemento químico de Z = 12 é um gás nobre;
modo a situar os de propriedades mais seme-
5 O estrôncio é um metal de transição;
lhantes em uma mesma coluna.
6 Os halogênios encontram-se situados no gru-
2 Atribui-se o nome “período” ao conjunto de
po 17.
elementos de cada coluna. As linhas horizon-
tais foram denominadas grupos ou famílias.
2 (UnB) Julgue os itens: 3 Alguns gases nobres não são inertes, isto é, são
1 Na tabela, os átomos são colocados em ordem capazes de reagir com outras substâncias.
crescente e número de massa. 4 Obtêm-se elementos artificiais, a partir de
2 O átomo X19
39
é um halogênio. transformações na eletrosfera, de elementos
3 Os metais alcalinos terrosos encontram-se na naturais.
família 2A. 5 Os símbolos dos elementos: sódio, chumbo,
4 Todos os elementos que terminam em "P" es- manganês, magnésio e antimônio são, respec-
tão à direita da tabela. tivamente, Na, Pb, Mn, Mg e Sb.
5 Todos os elementos à esquerda da tabela ter-
minam em "S". 7 (UnB) Julgue os itens abaixo:
1 O elemento químico de número atômico 78 é a
3 (UnB) Julgue os itens abaixo: platina.
1 O átomo do elemento químico fósforo possui 2 O símbolo químico do nióbio é Ni.
15 elétrons e 15 prótons. 3 O símbolo TI representa o elemento químico
2 O átomo do elemento químico gálio tem 4 elé- tântalo.
trons de valência. 4 Os elementos químicos silício e chumbo per-
3 O grupo 2A da Tabela Periódica contém ape- tencem ao mesmo período da tabela.
nas 5 elementos. 5 A série dos lantanídios começa com o elemen-
4 O átomo do elemento químico arsênio tem os to químico de número atômico 58 e termina
elétrons de valência localizados na camada N. com o de número 71.

4 Determine os seguintes números atômicos:


a) 3º período, família 6A.
b) 2º período, família 3A.
c) 5º período, família 5A.

Editora Exato 17
QUÍMICA

8 A Classificação Periódica dos Elementos contém GABARITO


um grande número de informações condensadas.
Dado o quadro básico abaixo, da classificação Estudo Dirigido
moderna, pode-se prever propriedades e compor-
tamentos de elementos químicos. As letras, colo- 1
cadas no quadro, substituem os símbolos dos I. Raio atômico ou Eletropositividade.
elementos que, de fato, ocupam esses lugares: II. Potencial de ionização.
2 Bromo.
A
L
3 Grupo 17.
E C I Exercícios
J M 1 C, C, C, E, E, C
F D
2 E, E, C, C, C
B G H
3 C, E, E, C
4 a) 16
1 O elemento da posição A apresenta uma ener- b) 5
gia de ionização menor que o elemento da po- c) 51
sição B.
2 O elemento da posição C tem o raio iônico 5 D
maior que o seu raio atômico; 6 C, E, C, E, C
3 O elemento da posição D tem maior afinidade
eletrônica que o da posição C; 7 C, E, E, E, E
4 O elemento da posição E é mais eletronegati- 8 E, C, E, E, C, C, C, C, C
vo que o da posição C;
9 E, E, C, E, C
5 O elemento da posição B tem mais caráter
metálico que o da posição A;
6 O elemento da posição F tem os seus orbitais
d parcialmente preenchidos;
7 Os elementos das posições G e H possuem
densidade maior que os elementos das posi-
ções A, B, C, D, F, I, J, L e M;
8 O elemento da posição I é gasoso;
9 O elemento da posição J é mais eletropositivo
que o da posição M;

A questão deve ser respondida de acordo com


a Tabela Periódica abaixo:

G D
H
B F
A I E
C

9
1 O átomo "H" é um metal alcalino.
2 O átomo "H" está no 12 período;
3 O átomo "D" está no grupo 7A.
4 Os átomos "H" e "F" estão na mesma família.
5 O átomo "C" é um metal de transição.

Editora Exato 18
QUÍMICA

ESTEQUIOMETRIA
1. INTRODUÇÃO tidade (reagente limitante). Despreze o reagente em
excesso.
É o cálculo das quantidades de reagentes e/ou
produtos em uma reação química. 4. GRAU DE PUREZA (P) E RENDIMENTO
Observe: (R)
Nos dois casos, obteremos, no exercício, o e-
ocupa quivalente a 100% de pureza ou de rendimento e, a
V = 22,71 litros
partir disto, estabelecemos uma regra de três, utili-
zando a porcentagem dada na questão (de pureza ou
1 Mol possui 23 átomos
6,02 x 10 moléculas rendimento).
(C.N.T.P.) Entidades elementares íons
EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
pesa massa molar
(em gramas) 1 O maior emprego isolado do ácido sulfúrico é
observado na indústria de fertilizantes à base de
2. PROCEDIMENTO PARA O CÁLCULO fósforo ou de amônio. O exemplo mais importan-
te é a obtenção do “superfosfato”:
1o) Montar a equação química. Ca3(PO4)2 + H2SO4  Ca2H2(PO4)2 + CaSO4
O fósforo (P) é usado no desenvolvimento das
2o) Fazer o balanceamento da equação. raízes.

3o) Montar uma regra de três entre os dados e a [M(Ca)=40,1g/mol; M(P)=31,0g/mol;


pergunta do problema. M(O)=16,0g/mol; M(H)=1,0g/mol;
M(S)=32,0g/mol].
Exemplo:
Calcule a massa de ácido sulfúrico, em tone-
Sobre a oxidação do monóxido de carbono e-
ladas (t), necessária para reagir com 155150 Kg de
quacionada abaixo:
Ca3(PO4)2 (fosforita) na produção de “superfosfato”,
Dados:
considerando a inexistência de excesso de qualquer
CO(g) + O 2 (g) → CO 2 (g) C = 12g / mol. reagente.
O = 16g / mol. Resolução:
Quantos gramas de CO2 serão obtidos, quando Avaliando a reação percebemos que ela ocorre
consumidos 7g de CO? na proporção de 1:1, logo 1 mol de fosforita reage
Resolução: com um mol de ácido sulfúrico. A massa molar de
fosforita é igual a 310,3g/mol e de ácido sulfúrico é
2º passo: igual a 98 g/ mol.
balancear a equação Montando uma regra de três, temos:
1º passo:
montar a equação 310,3g de fosforita reagem
→ 98g de ácido sulfúrico
1
1CO (g) + O (g) 1CO (g) 155150kg de fosforita reagem
→ X kg de ácido sul-
2 2 2
fúrico
28g de CO 44g de CO 2
7g de CO X X = 49000 kg
3º passo:
montar a regra 7g . 44g Logo, a resposta será igual a 49 toneladas.
X= = 11g de CO 2
de três 28g

2 A combustão completa de isooctano (C8H18) leva


3. REAGENTE LIMITANTE E REAGENTE EM à formação de dióxido de carbono e água. Calcu-
EXCESSO le a massa, em kg, de dióxido de carbono lançada
Calcula-se primeiro as quantidades que reagem no meio ambiente, na combustão completa de
entre si de cada componente. Para isto, estabelece-se 10,0 mols de isooctano. Multiplique o resultado
uma regra de três, descobrindo o reagente em exces- encontrado por 10 e despreze a parte decimal, ca-
so. so exista.
Para resolvermos a questão, trabalharemos Considere os dados: M(C)=12,0g/mol,
sempre com o reagente que aparece em menor quan- M(H)=1,0 g/mol e M(O)=16,0 g/mol.

Editora Exato 19
QUÍMICA

Resolução:  M(N) = 14,0g/mol.


A combustão completa do isooctano é repre-  M(C) = 12,0 g/mol.
sentada por: C8H18 + 12,5 O2 → 8 CO2 + 9 H2O.  M(O) = 16,0 g/mol.
Desta forma, 1 mol de isooctano produz 8 mols  M(H) = 1,0 g/mol.
de CO2, como a massa molar do CO2 é igual a 44 Reação fornecida:
g/mol, temos a seguinte relação: NH4 HCO3(s) → CO2(g) + NH3(g) + H2O(g)
produz
1 mol de isooctano  → 352 g de gás carbôni-
co 3 (UnB) O carbonato de sódio (Na2CO3), usado na
produzirá
10 mols de isooctano  → X mols de gás fabricação de vidro, é encontrado na natureza em
carbônico quantidades mínimas. Ele, entretanto, pode ser
obtido através de produtos naturais muito abun-
X = 3520g de gás carbônico dantes: o carbonato de cálcio (CaCO3, mármore)
e o cloreto de sódio (NaCl, sal de cozinha). A e-
Logo o valor em kg será igual a 3,52. quação abaixo fornece a obtenção do carbonato
de sódio:
CaCO3 + 2NaCl → Na2CO3 + CaCl2
EXERCÍCIOS DE SALA Massas molares:
 M(Ca) = 40,0 g/mol.
1 (UnB) Os relâmpagos ocasionam a quebra de
 M(O) = 16,0 g/mol.
moléculas do gás nitrogênio, possibilitando que
 M(Cl) = 35,5 g/mol.
átomos deste elemento possam ser fixados a ou-
 M(Na) = 23,0 g/mol.
tros elementos. A fixação de átomos de nitrogê-
 M(C) = 12,0 g/mol.
nio a átomos de oxigênio forma o óxido de
A partir destas informações, julgue os itens que se
nitrogênio, de acordo com a equação química
seguem:
(não balanceada)
1 A reação química acima é de deslocamento
N2(g) + O2(g) → NO(g) simples.
2 A partir de 400g de CaCO3 serão obtidos 4
O óxido de nitrogênio é então levado para o solo (quatro) mols de Na2CO3.
pelas chuvas, fertilizando-o. Algo em torno de 1 3 Para cada mol de NaCl serão obtidos 3,01 x
(um) quilograma de NO é produzido por cada re- 1023 moléculas de Na2CO3.
lâmpago.
Massas molares:
 M (N) = 14,0 g/mol. 4 (UnB) A reação de combustão de um dos com-
 M (O) = 16,00 g/mol. ponentes do gás de cozinha, o gás butano, pode
Com essas informações, julgue os itens a seguir: ser representada pela seguinte equação química
1 Pela equação acima, para cada mol de nitrogê- não-balanceada:
nio são produzidos 2 (dois) mols de óxido de C4H10(g) + O2(g) ∏ CO2(g) + H2O(l)
nitrogênio. Sabendo que o volume molar de um gás ideal nas
2 Com 65g inicial de N2 será formado 120g de CNTP é 22,71 L/mol e que M(C) = 12 g/mol,
NO. M(O) = 16 g/mol e M(H) = 1 g/mol, julgue os i-
3 Nas Condições Normais de Temperatura e tens que se seguem:
Pressão (CNTP), em cada mol de nitrogênio 1 De acordo com a lei das proporções definidas,
serão obtidos 22,71 litros de óxido de nitrogê- dobrando-se as massas dos gases butano e oxi-
nio. gênio, as massas de gás carbônico e de água
diminuirão na mesma proporção.
2 São necessários 13 mols de gás oxigênio para
2 (UnB) Nas receitas para fazer bolos, é muito uti- reagir com 2 mols de gás butano.
lizado um fermento chamado sal bicarbonato de 3 A queima de 58 g de butano produzirá 90 g de
amônia, também chamado de carbonato ácido de água.
amônia. Quando aquecido, esse sal decompõe em 4 Nas CNTP, para produzir 45,42 L de gás car-
gás carbônico, amônia e água. Partindo-se de bônico são necessários 116 g de gás butano.
158g de fermento que apresenta 50% de pureza
em carbonato ácido de amônia, calcule a massa
(em gramas) de gás carbônico obtida.
Massas molares:

Editora Exato 20
QUÍMICA

5 (UnB) A transformação do mármore (carbonato a partir das substâncias simples nitrogênio e hi-
de cálcio) em gesso (sulfato de cálcio), sob a ação drogênio, é:
da chuva ácida (solução aquosa de ácido sulfúri- N2(g) + H2(g)  NH3(g)
co), é dada por uma equação química que tem Calcule a quantidade de N2(g) (em gramas) que se-
como produtos, além do sulfato de cálcio, a água rá consumida na obtenção de 170g NH3(g).
e o gás dióxido de carbono. Admitindo que os re- Massas molares: M(N) = 14 g/mol.
agentes sejam consumidos totalmente, calcule a M(H) = 1 g/mol.
massa em gramas de sulfato de cálcio, formada
quando 50 gramas de carbonato de cálcio reagem
com 49 gramas de ácido sulfúrico. 10 (FUVEST) Nas indústrias petroquímicas, o en-
CaCO 3 (s) + H2 SO 4 (aq) → CaSO 4 (s) + H2O(l ) + CO 2 (g) xofre pode ser obtido pela reação: 2H2S + SO2 
3S + 2H2O
Dados: Massas molares (M): M (Ca) =
Qual a quantidade máxima de enxofre, em gra-
40g / mol
mas, que pode ser obtida, partindo-se de 5,0 mols
M (C) = 12 g / mol.
de H2S e 2,0 mols de SO2 ? Indique os cálculos.
M (O) = 16 g / mol.
Massa atômica do S = 32,1.
M (H) = 1gg / mol.
M (S) = 32 g / mol.
11 (Cesgranrio) Um funileiro usa um maçarico de
acetileno para soldar uma panela. O gás acetileno
6 (CATÓLICA) O hidróxido de alumínio
é obtido na hora, através da seguinte reação quí-
(Al(OH)3) é utilizado como medicamento à aci- mica:
dez estomacal (azia), provocada pelo excesso de Dados: M(Ca)=40g/mol
ácido clorídrico (HCl) produzido pelo estômago. M(C) = 12g/mol
Sabendo-se que uma dose do medicamento con- CaC2 + 2H2O  Ca(OH)2 + C2H2
tém 3,2g de Al(OH)3, determine o número de Qual a massa aproximada de carbureto de cálcio
mols de HCl neutralizados no estômago. (CaC2) que será necessária para obter 12,31 L de
Dados: massa molar do Al(OH)3 = 78g/mol. acetileno (C2H2) a 1 atm e 27°C?
a) 64 g.
b) 16 g.
7 A equação química SO2(g) + 2H2S(g) → c) 3,2 g.
2H2O(L) + 3S(s) representa a reação de formação d) 32 g.
do enxofre a partir de gases vulcânicos. Para e) 6,4 g.
produzir um depósito de enxofre de 4,8 x 106
Kg, são necessários quantos mols de SO2(g) ?
Massas molares: 12 (ESPEM-SP) O hipoclorito de sódio tem propri-
 M(S) = 32,0 g/mol. edades bactericida e alvejante, sendo utilizado
 M(O) = 16,0 g/mol. para cloração de piscinas, e é vendido no merca-
Divida a sua resposta por 107. do consumidor, em solução, como Água Sanitá-
ria, Cândida, Q-bôa, etc.
Para fabricá-lo, reage-se gás cloro com soda
8 (CEUB-2°/98) 7,0 g de nitrogênio reagem com cáustica:
quantidade suficiente de hidrogênio produzindo Cl2 + 2NaOH  NaCl + NaCIO + H2O
amônia, segundo a equação química não balance- A massa de soda cáustica, necessária para obter
ada: 149 kg de hipoclorito de sódio, é:
N2(g) + H2(g)  NH3(g) Dados: M(Na) = 23 g/mol
A massa de amônia produzida nesta reação será: M(O)=16g/mol
Dados: N - 14 u e H - 1 u. MCl)=35,5 g/mol
a) 34 g.
b) 17 g. a) 40 kg.
c) 15 g. b) 80 kg.
d) 7,5 g. c) 120 kg.
e) 8,5 g. d) 160 kg.
e) 200 kg.
9 (UnB) A equação química (não balanceada) que
descreve a reação de formação da amônia (NH3),

Editora Exato 21
QUÍMICA

13 (UnB-PAS-1° Ano). Uma das atividades do c) 135 kg.


químico, com importantes aplicações nas demais d) 108 kg.
áreas do conhecimento humano, consiste em de- e) 96 kg.
terminar a quantidade de uma substância necessá-
ria para reagir com outra. Um médico, quando
receita certo medicamento, deve calcular a quan- 15 (FUVEST-SP) O equipamento de proteção co-
tidade de substância ativa do medicamento que nhecido como air bag, usado em automóveis,
reagirá com as substâncias do organismo do paci- contém substâncias que se transformam, em de-
ente. Para realizar seus cálculos, o médico pode terminadas condições, liberando N2, que infla um
tomar como base as relações estequiométricas en- recipiente de plástico.
tre as substâncias reagentes. Com relação aos As equações das reações envolvidas no processo
princípios da estequiometria, envolvidos nos cál- são:
culos do médico, julgue os itens a seguir: 2NaN3  2Na + 3N2
1 Para tais cálculos, é necessário balancear a e- azoteto de sódio
quação química; o que significa considerar 10Na + 2KNO3  K2O + 5Na2O + N2
que, na reação química, embora haja transfor- a) Considerando que N2 é gerado nas duas rea-
mação, há conservação de átomos. ções, calcule a massa de azoteto de sódio ne-
2 Os cálculos estequiométricos poderão ser fei- cessária para que sejam gerados 80 L de
tos com base na massa molar da substância a- nitrogênio, nas condições ambientes.
tiva, determinada experimentalmente, e com b) Os óxidos formados, em contato com a pele,
base em resultados da lei das proporções, defi- podem provocar queimadura. Escreva a equa-
nidas para a reação em questão, ainda que não ção da reação de um desses óxidos com a água
se tenha conhecimento preciso da estrutura contida na pele.
química daquela substância. (Dados: volume molar do gás nas condições am-
3 Cálculos de medicação que se baseiam na es- bientes = 25 L/moI; massa molar do NaN3 =
tequiometria pressupõem o conhecimento de 65 g/mol).
técnicas específicas de contagem de moléculas GABARITO
uma a uma.
Exercícios
14 (UERJ) "O químico francês Antoine Laurent de 1 C, E, E
Lavoisier ficaria surpreso se conhecesse o muni-
cípio de Resende, a 160 quilômetros do Rio. É lá, 2 44g
às margens da Via Dutra, que moradores, empre- 3 E, C, C
sários e o poder público seguem à risca a máxima
do cientista que revolucionou o século XVIII, ao 4 E, C, C, E
provar que, na natureza, tudo se transforma. Gra- 5 68g
ças a uma campanha que já reúne boa parte da
população, Resende é forte concorrente ao título 6 0,12
de capital nacional da reciclagem. Ao mesmo 7 5
tempo em que diminui a quantidade de lixo joga-
do no aterro sanitário, a comunidade faz sucata 8 E
virar objeto de consumo. Nada se perde." 9 140g
(Revista Domingo, 11 jul. 1993).
Assim, com base na equação: 10 192,6g
2Al2O3(s)  4Al(s) + 302(g) 11 D
e supondo-se um rendimento de 100% no proces-
so, a massa de alumínio que pode ser obtida na re- 12 D
ciclagem de 255 kg de sucata, contendo 80% de 13 C, C, E
Al2O3 em massa, é:
Dados: M(Al) = 27 g/mol. 14 D
M(O) = 16 g/mol. 15 a) 104g
M(H) = 1 g/mol. b) K2O + H2O  2KOH
M(S) = 32 g/mol. Na2O + H2O  2NaOH
a) 540 kg.
b) 270 kg.

Editora Exato 22
QUÍMICA

PRINCÍPIOS BÁSICOS DA QUÍMICA ORGÂNICA


1. DEFINIÇÃO
Parte da química que estuda os compostos do … C C C C …
elemento carbono.
CUIDADO: Existem substâncias que não são
d) Combina-se com vários elementos, denomi-
consideradas orgânicas, apesar de terem carbono.
nados organógenos, os mais comuns são:
Por ex.: NaHCO3, HCN, NH4CN são compos-
C  tetravalente
tos de transição porque suas propriedades não corres-
O  bivalente
pondem, de modo geral, às propriedades dos
N  trivalente
compostos orgânicos.
H  monovalente
2. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE QUÍ- e) Forma ligações múltiplas e covalentes
MICA ORGÂNICA E QUÍMICA INORGÂ- C C C C C C
NICA
ligação simples ligação dupla ligação tripla
Características Química Orgâ- Química Inor-
nica gânica 4. CLASSIFICAÇÃO DOS CARBONOS EM
No de elementos Pequeno Alto (todos) UMA CADEIA
No de Substâncias Mais de 200 mi- Próximo de 10
lhões milhões  Primário: liga-se a um átomo de carbono;
Tipo de Ligação Predomina liga- Predomina liga-  Secundário: liga-se a dois outros átomos de
ção covalente ção iônica carbono;
Pontos de fusão e Baixos Elevados  Terciário: liga-se a três outros átomos de
ebulição carbono;
Solubilidade em Geralmente in- Geralmente so-  Quaternário: liga-se a quatro outros átomos
água solúveis lúveis
de carbono.
Resistência térmica Baixo Alta
Velocidade de Rea- Baixo Alta Exemplo:
P
ção CH3 H
P S Q T P
3. POSTULADOS DE KEKULÉ-COUPER H3 C C C C CH3
H2
Características: CH3 CH3
P P
a) O carbono é tetravalente, efetuando 4 liga-
ções: ESTUDO DIRIGIDO
2
1s 2s 2p
2 2 1 Às vezes, a fórmula estrutural de um composto
6C
orgânico pode se tornar muito longa e complexa
{

K L
2 4 se representarmos todas as ligações entre os áto-
mos. Por essa razão utilizamos algumas regras de
Como possui 4 elétrons na camada de valência simplificação de fórmulas estruturais. Indique a
e não pretende doá-los, compartilha com outros áto- fórmula molecular dos compostos cíclicos es-
mos esses 4 elétrons, a fim de completar octeto, esta- quematizados a seguir:
bilizando-se.
b) as quatro valências do carbono são iguais.

Cl H H H

H C H H C Cl H C H Cl C H

H H Cl H
H3CCl

c) O carbono combina-se consigo próprio, po-


dendo formar cadeias carbônicas

Editora Exato 23
QUÍMICA

2 (UERJ) A testosterona, um dos principais hor- nada melhor do que dar ferro ao doente.” (retirado do
mônios sexuais masculinos, possui fórmula estru- livro Paracelsus, Magic into Science, de H. Pachter).
tural plana: A hemoglobina é uma proteína conjugada en-
contrada no sangue. Proteínas conjugadas são aquelas
que contém um componente químico adicionado ao
aminoácido. Este componente químico (também de-
nominado grupo prostético), no caso da hemoglobina,
é o heme, que contém um cátion Fe+2 ou Fe+3, é res-
ponsável pelo transporte de oxigênio das hemácias.
Determine o número de átomos de carbono, clas- Indique quantos átomos de carbono terciário
sificados como terciários, de sua molécula. há em uma molécula de heme.

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

1 Cite dois procedimentos experimentais para dis-


tinguir uma amostra de composto inorgânico de
outra amostra de composto orgânico, ambas sóli-
das.
Resolução:
1a – Aquecer a amostra (se for orgânica, irá fun-
dir a uma temperatura relativamente baixa).
2a – Queimar a amostra e borbulhar o gás obtido
em água de cal, Ca(OH)2 (se for orgânica, irá
liberar CO2).
2 A nicotina é um alcalóide extraído das folhas do
tabaco, que se apresenta na forma de líquido a-
2 Explique as informações citadas:
marelo, de cheiro desagradável e venenoso, utili-
1a – Existe somente uma substância de fórmula
zado como pesticida.
CHCl3.
Um artigo publicado na revista Veja, de maio
2a – Existe somente uma substância de fórmula
de 1996, denuncia: “O cigarro brasileiro está turbina-
CH2Cl2.
do. As indústrias Souza Cruz e Philip Morris, deten-
Resolução:
toras de mais de 90% do mercado brasileiro,
1a – As quatro valências do carbono são equiva-
adicionam amônia ao tabaco para que o fumo, ao ser
lentes.
queimado, e a fumaça, inalada, liberem uma quanti-
2a – O átomo de carbono ocupa o centro de um
dade maior de nicotina no organismo do fumante.
tetraedro regular, com as valências dirigidas
Mais nicotina = maior dependência do cigarro = mais
para os vértices.
prejuízo à saúde.”.
“Sabe-se que a absorção da nicotina da fumaça
do cigarro pelo fumante relaciona-se fortemente à a-
EXERCÍCIOS
cidez ou à alcalinidade do tabaco. Um tabaco mais
1 Alguns estudiosos da história da Química defen- ácido pode ser muito rico em nicotina, mas, sob o e-
dem a idéia de que ela não se originou da Alqui- feito da acidez, liberará uma quantidade bem menor
mia, mas surgiu como um movimento da substância no organismo do fumante. O inverso
diferenciado, a partir do século XVII, com Robert acontece com um tabaco mais alcalino – mesmo fu-
Boyle e seus estudos de base mecanicista (doutri- mos pobres liberarão mais nicotina no fumante. A-
na que nega qualquer explicação mágica para os contece que a adição de amônia, NH3, ao cigarro
fenômenos naturais). Entre os vários argumentos reduz a acidez do fumo, tornando-o mais alcalino.
que justificam essa tese podemos citar as razões Logo, fazendo com que ele libere mais nicotina.”
que Paracelso, um famoso alquimista, apresenta- Indique a fórmula molecular da nicotina a par-
va para justificar por que se deveria dar ferro a tir de sua fórmula estrutural esquematizada a seguir:
um anêmico:
“O ferro é uma substância dedicada a Marte;
este por ser deus da guerra, é também deus do sangue
e como problemas de sangue curam–se com sangue,

Editora Exato 24
QUÍMICA

3 Quantos átomos de carbono primário, secundário, 8 (PUC)


terciário e quaternário existem na cadeia carbôni-
ca abaixo? CH3
CH CH CH2 CH CH3
CH3 CH3 CH3

As quantidades totais de átomos de carbono


primário, secundário e terciário são, respectivamente:
a) 5, 1, 3;
4 São características dos compostos orgânicos, ex- b) 2, 3, 4;
ceto: c) 3, 3,3;
a) natureza molecular. d) 2, 4, 3;
b) boa solubilidade em água. e) 5, 2, 2.
c) presença de isomeria.
d) pouca resistência ao aquecimento.
GABARITO
e) composição elementar de carbono, oxigênio,
hidrogênio e nitrogênio.
Estudo Dirigido
1
5 (FUVEST) Quais são os quatro elementos mais a) C4H8O
freqüentes nos compostos orgânicos? b) C4H6
c) C7H10
6 (UERJ) A maior parte das drogas nos anticon- 2 4 carbonos terciários
cepcionais de via oral, é derivada da fórmula es-
Exercícios
trutural plana abaixo:
1 8 carbonos terciários
CH 3
2 C10H14N2
3 5 primários, 2 secundários, 1 terciário, 1 quarte-
=
O nário

O número de carbonos terciários presentes nessa 4 B


estrutura é: 5 C, O, N, H
a) 5.
b) 6. 6 C
c) 7. 7 E
d) 8.
8 A

7 (FCM-MG) A cafeína, um estimulante bastante


comum em café, chá, guaraná etc, tem a seguinte
fórmula estrutural:

O CH3
H 3C
N
N
CH3
N
O N

Podemos afirmar corretamente que a fórmula


molecular da cafeína é:
a) C5H9N4O2
b) C6H10N4O2
c) C6H9N4O2
d) C3H9N4O2
e) C8H10N4O2
Editora Exato 25
SOCIOLOGIA
sociologia

SOCIOLOGIA
turas as pessoas acabam por serem engolidas por elas
1. SOBRE O SENTIDO DA SOCIOLOGIA E
e se condicionam a elas por fazer parte de um deter-
SUA HISTÓRIA minado estrato da sociedade. Percebe-se com isto que
De acordo com o postulado de François Hou- a sociedade e os homens em suas estruturas funcio-
tart, a sociologia é o estudo das lógicas internas da nam como um processo dialético. O homem constrói
sociedade. Ou seja, cabe à sociologia o papel de es- as estruturas sociais e, ao fazer parte delas, acaba
tudar analiticamente tudo aquilo que não é direta- sendo obrigado a se condicionar a elas. Não poucas
mente visível na sociedade: sua construção, a lógica vezes, esse processo não se encontra no nível da
das relações entre as pessoas; quais os participantes consciência das pessoas.
ativos e passivos dessa relação. A sociologia não po- O papel da sociologia, neste caso, é fundamen-
de, por isso, ficar reduzida à mera descrição dos fatos talmente transportar ao nível da consciência coletiva
sociais, como pretende alguns sociólogos dos tempos e individual o fato de que a sociedade é construída
iniciais do Positivismo. Logo, é fundamental que vo- por atores, nas condições que afirmamos acima.
cê saiba da necessidade em se decifrar os mecanis- Toda sociedade humana é um empreendimento
mos evidentes e os mecanismos escondidos que de construção do mundo, realizado de maneira dialé-
resultam no produto humano chamado de sociedade. tica. Não pode haver realidade social sem que haja o
Por isso, sociologia é o decifrar dos fenômenos homem, mas não há o homem se não há a realidade
sociais, da construção social, da produção da socie- social. Toda biografia individual é um episódio que
dade feita pelos participantes desta sociedade nos se realiza dentro da história da sociedade, que a pre-
mais variados níveis sociais. O decifrar analítico e cede e lhe sobrevive. A sociedade existia antes que o
conceitual dessas realidades permitir-nos-á chegar ao indivíduo nascesse, e continuará a existir após a sua
nível da teoria. morte. Mais ainda, é dentro da sociedade, como re-
Como início de nossa leitura dos códigos soci- sultado de processos sociais, que o indivíduo se torna
ais a serem decifrados, tomaremos como conceito o- uma pessoa, que ele atinge uma personalidade e se
rientador à idéia de estrutura social. Você já deve ter aferra a ela, e que ele leva adiante os vários projetos
ouvido falar em estrutura social, ou seja, a disposição que constituem a sua vida. O homem não pode existir
das partes ou dos elementos que formam um todo or- independentemente da sociedade.
gânico chamado de social. Essas partes estão organi- O processo dialético fundamental da sociedade
zadas em classes, daí o termo estrutura de classes. consiste em três momentos, ou passos. São a exterio-
Assim, devemos considerar inicialmente que há uma rização, a objetivação e a interiorização. Só se poderá
estrutura visivelmente caracterizada por diferenças manter uma visão adequadamente empírica da socie-
sociais observáveis que indicam uma realidade não dade se entender conjuntamente esses três momentos.
necessariamente visível. Na verdade, essa realidade A exteriorização é a contínua efusão do ser humano
está raramente visível, sendo necessária uma análise sobre o mundo, quer na atividade física quer na ativi-
lógica de suas partes para poder deduzi-la, ou como dade mental dos homens. A objetivação é a conquista
temos afirmado, decifra-la. por parte dos produtos originais como facticidade ex-
Para a sociologia, que é uma disciplina concre- terior e distinta deles. A interiorização é a reapropria-
ta no sentido Positivista da palavra, o que importa ção dessa mesma realidade por parte dos homens,
como objeto de análise é a estrutura social e sua re- transformando-a novamente de estruturas do mundo
produção através de vários mecanismos tais como o objetivo em estruturas da consciência subjetiva. É a-
mecanismo cultural, político, religioso, ético, econô- través da exteriorização que a sociedade torna-se um
mico, educacional, e outros. O objeto de estudo da produto humano. É através da objetivação que a soci-
sociologia, neste caso, é as lógicas internas funda- edade se torna uma realidade sui generis. É através
mentais da sociedade, no real das sociedades históri- da interiorização que o homem ser torna produto da
cas, procurando com isso decifrar a origem social dos sociedade.
fenômenos. O ser humano não pode ser concebido como
Então, interessa seriamente à sociologia o es- algo isolado em si mesmo, numa fachada de interio-
tudo da dinâmica social em sua dialética e história, ridade, partido em seguida para se exprimir no mun-
produzida pelos atores sociais, pois os atores ou pro- do que o rodeia. O ser humano é exteriorizante por
dutores do dinamismo social são as pessoas. Elas essência desde o início. Esse fato antropológico de
produzem as estruturas de uma determinada socieda- raiz com muita probabilidade se funda na constitui-
de, apesar de que, em meio à produção dessas estru- ção biológica do homem. O homo sapiens ocupa uma

Editora Exato 15
sociologia
posição peculiar no reino animal. Essa peculiaridade constrói um mundo humano. Esse mundo, natural-
se manifesta na relação do homem com seu próprio mente, é a cultura. Seu escopo fundamental é forne-
corpo e com o mundo. À diferença dos outros mamí- cer à vida humana as estruturas firmes que lhe faltam
feros superiores, que nascem com um organismo es- biologicamente. Segue-se que essas estruturas de fa-
sencialmente completo, o homem é curiosamente bricação nunca têm a estabilidade que caracteriza as
“inacabado” ao nascer. Passos essenciais do processo estruturas do mundo animal. A cultura, embora se
de “acabamento” do desenvolvimento do homem, torne para o homem uma “segunda natureza”, perma-
que já se verificaram no período fetal para os outros nece algo muito diferente da natureza, justamente por
mamíferos superiores, ocorrem, no caso do homem, ser o produto da própria atividade do homem. Suas
durante o primeiro ano após o nascimento. Isto é, o estruturas são, por conseguinte, inerentemente precá-
processo biológico de “tornar-se homem” ocorre num rias e predestinadas a mudar. O imperativo cultural
tempo em que a criança se encontra em interação da estabilidade e o caráter de instabilidade inerente à
com um ambiente exterior ao seu organismo, e que cultura lançam conjuntamente o problema fundamen-
inclui o mundo físico e o mundo humano da criança. tal da atividade do homem de construir o mundo. Su-
Existe, pois, um fundamento biológico no processo as implicações de longo alcance nos ocuparão em
de “tornar-se homem” no sentido de desenvolvimento detalhe considerável um pouco mais adiante. Por en-
de uma personalidade e assimilação de uma cultura. quanto contentemo-nos em dizer que, se é necessário
Esses últimos desenvolvimentos não são mutações que se construa um mundo, é muito mais difícil man-
estranhas sobrepostas ao desenvolvimento biológico tê-lo em funcionamento. O que aparece em qualquer
do homem, mas ao contrário, fundam-se nele. momento histórico particular como “natureza huma-
Esse mundo é fechado em termos de suas pos- na” é da mesma forma produto da atividade do ho-
sibilidades, programado, por assim dizer, pela própria mem de construir um mundo.
constituição do animal. Conseqüentemente, cada a-
nimal vive no ambiente específico de sua espécie par- Praticando o pensamento
ticular. Existe um mundo dos camundongos, um
mundo dos cães, um mundo dos cavalos, e assim por O texto acima coloca você diante de uma nova
diante. Em contraste, a estrutura dos instintos do ho- realidade no que se refere ao ser humano e a socieda-
mem no nascimento é insuficientemente especializa- de em que ele vive. O texto acima sugeriu várias i-
da e não é dirigida a um ambiente que lhe seja déias que deverão servir de base à sua estruturação
específico. Não há um mundo do homem no sentido do pensar. É fundamental que você tenha tais ele-
acima. O mundo é imperfeitamente programado pela mentos básicos sobre o significado fundamental da
sua própria constituição. É um mundo aberto. Ou se- sociologia. Saber perceber as estruturas sociais o
ja, um mundo do que deve ser modelado pela própria permitirá aprofundar as razões para a Revolução das
atividade do homem. Comparado com os outros ma- relações entre as pessoas.
míferos superiores, tem o homem, por conseguinte, Neste momento, você é convidado a pensar
uma relação com o mundo. Como os outros mamífe- sobre o texto acima citado. Ele contém algumas idéi-
ros, o homem está em um mundo que precede o seu as básicas que o ajudarão e o introduzirão na arte de
aparecimento. Mas à diferença dos outros mamíferos, pensar a vida e o mundo a partir da sociologia. Relei-
este mundo não é simplesmente dado, pré-fabricado a-o e exercite seu pensamento. Após a releitura, faça
para ele. uma pausa e reflita sobre as idéias mais importantes
O homem não possui uma relação preestabele- que há no texto. Finalmente, escreva uma carta dire-
cida com o mundo. Precisa estabelecer continuamen- cionada a um sociólogo, oferecendo explicações so-
te uma relação com ele. A mesma instabilidade bre os problemas que nossa sociedade vive nos dias
assinala a relação do homem com o seu próprio cor- de hoje.
po. De um modo curioso, o homem está “fora de e-
quilíbrio” consigo mesmo. Não pode se destacar a si Comece assim:
mesmo, e para entrar em harmonia consigo mesmo “Caro amigo/a, tenho refletido....”
precisa exprimir-se continuamente em atividade. A
existência humana é um contínuo “pôr-se em equilí-
brio” do homem com seu corpo, do homem com o
seu mundo.
No processo de constituição de um mundo, o
homem, pela sua própria atividade, especializa os
seus impulsos e provê-se a si mesmo de estabilidade.
Biologicamente privado de um mundo do homem,
Editora Exato 16
sociologia

SOCIOLOGIA
ras, sobre a mídia, sobre a ética, sobre as ciências,
1. ALGUNS PROBLEMAS QUE MERECEM
sobre as instituições médicas, sobre as forças segu-
ATENÇÃO SOCIOLÓGICA PARA SUA rança, sobre os recursos naturais, violentando os se-
COMPREENSÃO res humanos e a natureza a fim de que eles aceitem
definitivamente as regras do Capital.
1.1. O Poder nosso de cada dia
Ora, se não soubermos rever nossas posturas
(por Itamar Rodrigues Paulino)
éticas como pensadores, ou como empresários, como
Olhar a sociedade a partir do princípio do po-
políticos ou como educadores, ou em primeira ins-
der enquanto exercício das capacidades de domínio
tância como seres humanos diante de nossa atuação
ensina-nos a repensar nossa maneira de relacionar
no mundo, se não soubermos rever nossa crucial res-
com os outros. O exercício do poder humano é mui-
ponsabilidade para com o destino do que chamamos
tas vezes feito por via da violência. Ora, o poder ge-
mundo, não conseguiremos jamais colocar um fim no
rado por quem detém o conhecimento ou riqueza, ou
jogo de relações que fomenta cada vez mais seres
ambos, não parece estar a serviço da dignidade hu-
humanos animalizados. E por isso, urge ações enér-
mana. Quem detém conhecimento, e o usa sem crité-
gicas e urgentes pois do contrário, seremos derrota-
rios éticos , gera dependência nas pessoas, que não
dos pelo jogo da violência coletiva recíproca e
têm acesso à educação formal. Pouco capacitadas à
fomentado em sistemas que excluem as pessoas do
atividade racional, essas pessoas acabam por confiar
bolo produtivo, tais como o Neoliberalismo e o pró-
incondicionalmente nos detentores do conhecimento.
prio socialismo real. Ainda há tempo...
Mais inescrupulosos que os detentores do po-
der do conhecimento, estão os seguidores da pluto- 1.2. A Política Brasileira
cracia, aqueles que crêem na riqueza como (por Itamar Rodrigues Paulino)
instrumento de poder. Por terem propriedades, carros, A reflexão que segue quer apenas colocá-lo
contas recheadas em paraísos fiscais, a justiça injusta numa situação de "pensar filosófico" sobre os rumos
ao seu lado, os meios de comunicação a seu favor, e- de um País chamado BRASIL. É um texto de cunho
les pensam que podem tudo e se sentem no direito de político, portanto, leia-o com a devida atenção visto
comprar inclusive a consciência do outro. O mais que não há ninguém o mundo que não faça política.
vergonhoso é que, quando o fazem, compram por ba- Todo ato ou atitude é um ato ou atitude política.
gatelas como um saco de leite e pão, uma conta de Bom, podemos comentar sobre vários assuntos im-
água e luz liberada de pagamentos, um gás de cozi- portantes que tem a ver com Política, mas direciona-
nha, ou comida a R$ 1,00. Mas essa compra não a- remos nossa reflexão para dois pontos: Como deve
tinge somente os pobres. Compram-se os ricos, ser a participação de todo brasileiro na Política? E
liberando essa ou aquela verba para tal viaduto super- como deve ser o político brasileiro?
faturado, para aquela construção ou reforma de um Quantas vezes você não ouviu a seguinte inda-
prédio que nunca acaba, para aqueles tais programas gação: Política? E eu com isso? Essa é uma interro-
de socorro a bancos e empresários que conseguiram gação feita por muitas pessoas que ainda não
falir suas empresas por causa da incompetência (seri- perceberam a importância das decisões políticas em
a?), uma verba mais recheada para aquela superin- suas vidas. Parece-me urgente que em todo lugar a
tendência de desenvolvimento da "corrupção". A política seja vista de modo diferente, como o grande
consciência do brasileiro parece estar vivendo de político italiano Igino Giordani a concebia. Ele afir-
venda de sua dignidade. mava que a política é a expressão mais alta da cari-
Mas, esse mal não é exclusivo do brasileiro. dade; é o amor que se organiza. Por isso, a política é
Extremamente complexo fica o mundo quando o co- uma forma de serviço, ou seja, quem quer ser o pri-
nhecimento e a propriedade se unem em torno de um meiro, coloque-se no último lugar. Assim, o político
poder único. O resultado são os poderes totalitários, deve se colocar a serviço da sociedade mais que os
representados outrora pelo Nazismo, Fascismo , e outros. E esta tarefa parece bastante difícil de ser
mais tarde na Guerra Fria, através dos Estados Uni- cumprida.
dos e a ex-União das Repúblicas Socialistas Soviéti- Mas então, o que significa "fazer política", pa-
cas. Hoje, o Estado Totalitário chama-se, tomando ra cada um de nós brasileiros? Se você tiver um pro-
uso de maneira lacônica das respeitadas palavras de blema, pode solucioná-lo pessoalmente ou optar por
Max Weber, Mão Invisível do Mercado. Aquela mão enfrentá-lo junto com os outros. Do mesmo modo,
que você não vê, mas que está lá sobre o Estado, so- fazer política significa perceber que o seu problema é
bre as instituições, sobre as religiões, sobre as cultu-
Editora Exato 3
sociologia
também problema de outros e, portanto, deve procu- de uma lista de eleitores ou currais eleitorais, correm
rar a solução junto com os outros. para lá, com bonés, camisetas com identificação do
Ora, certa vez, um jovem que, depois de ter candidato, panfletos e outras tantas parafernálias. Ao
compreendido esta noção de política, se encontrou chegar, tentam obter a adesão dos eleitores ao seu
diante da seguinte situação: toda manhã, indo de car- candidato a qualquer preço, mas condiciona-os a vo-
ro para o trabalho, percorria uma via secundária que tar quase que ditatorialmente: se você não votar em
depois desembocava numa grande avenida. O engar- fulano, você vai perder os benefícios disso ou daqui-
rafamento era inevitável. Todo dia era aquela enxur- lo. Eles praticamente torturam a consciência do elei-
rada de xingamentos; e muita gente estragava o dia tor que, inseguro de seus direitos, da sua cidadania e
por causa desse contratempo sempre igual. Ele aca- de sua dignidade acaba por votar neles para não per-
bou encontrando um itinerário alternativo. Mas de- der o que tem.
pois lembrou-se de que o problema não era somente Temos também uma outra prática, chamada de
dele. Dirigiu-se então à Associação de Amigos do compra de votos, com o eleitor recebendo um certo
Bairro, onde expôs o problema. E em pouco tempo valor em dinheiro do candidato até o dia da eleição,
encontraram a solução. ou ainda, recebendo cesta básica, pão, leite, e outros
Isto é política: influenciar e renovar a socieda- benefícios que, o eleitor sequer sabe que tem direito
de, começando pelas pequenas coisas. Assim, poder- natural sobre esses benefícios. Ora, muitos dos cabos
se-á preparar para mudar situações mais complexas, eleitorais que recrutam os eleitores dessa forma con-
como por exemplo, a questão do desemprego, da vio- seguem, caso o candidato venha a ser eleito, tornar-se
lência, da distribuição de renda, da Reforma Agrária. assessores parlamentares. Por isso, eles chegam a ba-
Fazer política não quer dizer somente intervir para nalizar a eleição, prometendo mudar tudo, inclusive
derrubar um governo ditatorial ou corrupto, mas par- propõem a prisão de corruptos - e mau sabem que o
ticipar sempre, começando por baixo. Assim, quando que estão fazendo é corrupção da pior espécie; levam
estamos na escola ou no trabalho, não basta realizar a pela palavra a confiança do eleitor fazendo-o acredi-
tarefa que nos foi confiada. É necessário abrir os o- tar ilusoriamente na possibilidade de um pedaço de
lhos e enxergar mais além, ver o que não está certo e chão, do ver-se livre do aluguel, de continuar a ter o
encontrar outra pessoa que concorde com as nossas benefício do pão e do leite.
idéias. Depois, procurar ainda outras pessoas mais As armas dos candidatos para garantir o man-
que concordem com as nossas idéias. Depois procu- dato e convencer o eleitor são a publicidade e a mí-
rar mudar a situação. É assim que se fazem as revo- dia. A propaganda gratuita de rádio e televisão
luções, é assim que se faz política. Muitas vezes se divulga as propostas dos candidatos majoritários,
acaba realizando mais do que os governantes que as- principalmente dos que concorrem a um cargo de
sinam as leis. chefe do poder executivo. Os candidatos a um cargo
Finalmente, para começar a fazer política basta no poder legislativo têm ajuda dos cabos eleitorais
lembrar-se de três pontos: primeiro, que a política é que são quem controlam as verbas a serem aplicadas
serviço, é caridade que se organiza; segundo, que é nas campanhas da região, controlando as pessoas pa-
necessário levantar os olhos e entender que o seu ra os trabalhos de campanha.
problema é também o problema dos outros; terceiro, O cabo eleitoral, na maioria das vezes, possui
que a política se faz com os outros. uma certa influência na comunidade. Ele administra a
1.3. O Drama do Voto e a Democracia relação clientelista entre o político que ele representa
e a comunidade. Esta relação é tão real e íntima que
(por Itamar Rodrigues Paulino) nos faz remontar aos tempos da República Velha,
Há no Brasil uma péssima prática eleitoral que onde os "coronéis" controlavam os cofres públicos,
resulta na permanência do Status Quo, é o chamado manipulando as verbas do Orçamento em benefício
Voto Útil. Uma espécie de jogo em que ninguém quer de seus protegidos políticos.
perder e, por isso, lança mão da própria falta de res- Quantas maneiras de iludir o cidadão na guerra
ponsabilidade para votar em alguém somente para sem regras e sem limites pela conquista do voto! A
não perder o voto. O resultado não poderia ser outro: mídia, responsável pela imagem do candidato junto
voto que não gera transformação. ao eleitorado, cria, desfaz mitos e transforma corrup-
Pior que perceber um eleitor preso a práticas tos em exemplos de honestidade, e honestos nos mais
alienadas é ver confirmadas as estratégias dos candi- hediondos seres. É um meio de dominação política e
datos para conseguir o voto a todo custo. Neste as- ideológica que, sem dúvida alguma, forma opinião da
pecto, o termo é mais interessante, o “voto certo”, maior parte da população. E, de todos os meios usa-
forma moderna de “voto de cabresto”. Essa prática dos pela mídia, a TV é incomparavelmente a maior
requer a contratação de cabos eleitorais que, de posse formadora de opinião. Vejamos, pois, o exemplo do
Editora Exato 4
sociologia
ex-presidente Fernando Collor de Melo, um dos prin- 2. BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
cipais representantes desta construção da mídia. Ela
construiu uma farsa e a consolidou junto à sociedade, Filosofando - Introdução à filosofia - 3ª edição
aliado à imagem de uma liderança jovem e renovado- revista. Maria Helena Pires Martins, Maria Lúcia de
ra que traria ao país a verdadeira prática democrática Arruda Aranha. Editora Moderna.
depois de um jejum de trinta anos sem eleições dire- Filosofia da Educação. Maria Lúcia de Arruda
tas. Aranha. Editora Moderna.
A grande maioria dos responsáveis pela mídia História da educação. Maria Lúcia de Arruda
procurava um candidato que tivesse um perfil que Aranha. Editora Moderna.
fosse o contraponto da candidatura de Luís Inácio Temas de filosofia - 3ª edição. Maria Helena
Lula da Silva, que naquele momento se apresentava Pires Martins, Maria Lúcia de Arruda Aranha. Edito-
com maiores possibilidades de chegar ao Palácio do ra Moderna.
Planalto. Alguns formadores de opinião temiam a as- Sociologia - Introdução à ciência da sociedade
censão de uma liderança do povo a Presidência da - 3ª edição. Cristina Costa. Editora Moderna.
República, considerando Lula um operário “analfabe- Introdução ao Estudo de Filosofia. Antônio
to e iletrado”. O Jornal Folha de São Paulo, nesta Xavier Teles. Editora Ática.
época, lançou uma reportagem-resposta direcionada à Introdução ao Estudo de Filosofia. Antônio
Rede Globo, intitulada: O QUE É BOM PARA A Xavier Teles. Editora Ática.
GLOBO NÃO CONVÉM AO BRASIL. Introdução à Sociologia - Série Brasil - Volu-
Este documento é uma da mais importantes me Único.Pérsio Santos de Oliveira . Editora Ática.
denúncias públicas já feitas por um órgão de comuni- Sociologia da Sociedade Brasileira. Álvaro de
cação, contra uma rede de comunicação de massa, Vita. Editora Ática.
controladora de boa parte da mídia no Brasil, e de
como ela recorre ao seu poder formador de opinião
para manipular a população, procurando beneficiar
seus candidatos nos processos eleitorais. Esses meios
de comunicação usam uma linguagem nos bastidores
e uma outra ao público, que ficam distantes da reali-
dade e permanecem mistificados pela versão dos que
comandam os instrumentos de dominação ideológica
e cultural de massa. Enfim, a mídia cumpre o seu pa-
pel de perpetuação de uma ideologia, dentro de uma
formação econômico-social. Com isto, ela favorece
os governantes e a sua política, amortecendo as insa-
tisfações populares.
Praticando o pensamento
1) Reflita sobre as seguintes idéias: “Ora, se
não soubermos rever nossas posturas éticas como
pensadores, ou como empresários, como políticos ou
como educadores, ou em primeira instância como se-
res humanos diante de nossa atuação no mundo, se
não soubermos rever nossa crucial responsabilidade
para com o destino do que chamamos mundo, não
conseguiremos jamais colocar um fim no jogo de re-
lações que fomenta cada vez mais seres humanos a-
nimalizados. E por isso, urge ações enérgicas e
urgentes pois do contrário, seremos derrotados pelo
jogo da violência coletiva recíproca e fomentado em
sistemas que excluem as pessoas do bolo produtivo,
tais como o Neoliberalismo e o próprio socialismo
real. Ainda há tempo...” Faça uma breve análise crí-
tica procurando explicar racionalmente as razões que
evidenciam a importância da percepção sociológica
sobre o mundo.

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sociologia

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