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1 Generalidades 3
1.1 Um breve histórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 Algumas considerações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2.1 Periodicidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2.2 Ortogonalidade de funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2.3 Ortogonalidade em relação à função peso . . . . . . . . . . . . . 9
1
2 CONTEÚDO
Capítulo 1
Generalidades
Este capítulo apresenta de modo sucinto a origem de uma importante área da matemática,
a Análise de Fourier, e os conceitos básicos que a fundamentam. Este ramo da análise é
devido a vários matemáticos contemporâneos de Fourier e seus sucessores próximos. Um
enfoque cronológico da evolução da teoria pode ser encontrado em [O’Neil, 1995].
3
4 CAPÍTULO 1. GENERALIDADES
de Fourier.
Amigo e confidente de Napoleão, em 1798, Fourier fez parte da comitiva que acom-
panhou o imperador ao Egito. Fourier também é lembrado por ter patrocinado Jean
François Champollion, o primeiro a decifrar os hieróglifos egípcios da pedra de Rosetta.
A integral de Fourier consta no final de seu trabalho de 1811 e, em 1816, no artigo
de Cauchy que foi o vencedor do prêmio sobre ondas de superfície em um fluido e no de
Poisson, sobre ondas de água.
A transformada de Fourier aparece, perto de 1872, nos trabalhos de Cauchy e de
Laplace. A transformada discreta de Fourier é utilizada com o objetivo de determinar a
amplitude e o período de um sinal obtido por amostragem, ou como uma aproximação
para a transformada de Fourier. O par Fourier F (w) e f (t), que será estudado neste
curso, envolve as funções exponenciais complexas conjugadas e2πiwt e e−2πiwt . O par
transformada Fourier discreta simplifica o cálculo do par transformada, pelo fato de que a
exponencial e2πim = 1, para todo inteiro m. Ou seja, é uma discretização da transformada
de Fourier, para o cálculo com o computador: a análise digital de um sinal. A transfor-
mada rápida de Fourier(FFT) é um algoritmo para o cálculo eficiente da transformada
discreta de Fourier, sendo o grande responsável pelo sucesso do método da transformada
de Fourier em aplicações na engenharia. O algoritmo aparece pela primeira vez, em 1965,
em um artigo de cinco páginas intitulado "An Algorithm for the Machine Calculation of
Complex Fourier Coefficients," escrito por James W. Cooley da IBM e John W. Tukey da
Princeton University. Entretanto, o algoritmo foi desenvolvido usando idéias de Danielson
e Lanczos. Este último, um matemático húngaro, concebeu as idéias essenciais, em torno
de 1938, quando trabalhava em problemas de métodos numéricos e análise de Fourier.
Figura 1.1: Função definida num intervalo simétrico e num intervalo qualquer.
a0 X h ³ nπ ´ ³ nπ ´i
∞
f (x) ' + an cos x + bn sin x (1.1)
2 n=1
L L
A série representa "qualquer" função tal que f (x + 2L) = f (x), ou seja, com período
2L = T . Para aproximar uma função na forma da Eq.(1.1), os conjuntos infinitos de
1.2. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 5
Observação
A expansão de uma função em série de Fourier é uma representação mais geral, quanto
ao tipo de função, que as séries de Taylor e de MacLaurin, nas quais procura-se aproximar
uma função através de um polinômio. Ou seja, expande-se uma função em termos de uma
série de potências 1, x, x2 , x3 ,...
Para o desenvolvimento em série de potências, a condição imposta à função é que
f (x) seja contínua e diferenciável até ordem n, em um intervalo fechado [a, b], sendo as
derivadas contínuas e que a derivada de ordem n + 1 exista em um intervalo aberto (a, b).
As funções periódicas apresentadas na Figura 1.2 não têm representação em série de
Lembrar:
no espaço Rn ,
P
n
• < ~u, ~v >= uk vk é o produto escalar.
√ 1
• ||~u|| = < ~u, ~u > é a norma induzida pelo produto escalar.
• ||~u|| = 1, o vetor de comprimento unitário, é dito vetor unitário.
• Qualquer vetor não-nulo pode ser normalizado dividindo-o pelo seu próprio
~v
comprimento w ~= .
|~v |
• A distância entre dois vetores ~u, ~v é definida como ||~u − ~v ||.
6 CAPÍTULO 1. GENERALIDADES
Conceitos importantes:
• periodicidade;
• ortogonalidade;
• normalização/ortonormalização;
• base, conjunto linearmente independente (L.I.);
• função par/função ímpar.
1.2.1 Periodicidade
Uma função f satisfazendo a identidade f (x) = f (x + T ) para todo x de seu domínio,
onde T > 0, é dita periódica ou, mais especificamente, T-periódica. Ao menor T > 0,
denomina-se período fundamental da função. Se T é um período, então nT também o é,
para qualquer inteiro n > 0.
Qualquer função constante é periódica com período arbitrário. As funções trigonomé-
tricas f (x) = sin(x) e f (x) = cos(x) são periódicas de período T = 2nπ, n 6= 0 inteiro,
sendo o período fundamental T = 2π. Fenômenos periódicos são comuns em problemas
• Produto interno
O produto interno de duas funções f e g em um intervalo [a, b] é o número
Zb
< f, g >= f (x)g(x)dx. (1.2)
a
• Ortogonalidade
Duas funções f e g são ortogonais em [a, b], se
Z b
< f, g >= f (x)g(x)dx = 0. (1.3)
a
Exemplo 1
As funções
f (x) = x2 e g(x) = x3
são ortogonais no intervalo [−1, 1], pois da Eq.(1.3) o produto interno é
Z 1 Z 1 ¸1
2 3 x6 5 1
< f, g >= x x dx = x dx = = [1 − (−1)6 ] = 0.
−1 −1 6 −1 6
Exemplo 2
Dadas as funções
f (x) = 2x e g(x) = 3 + cx, 0 ≤ x ≤ 1,
determine o valor da constante c para que f e g sejam ortogonais neste intervalo.
Tem-se da Eq.(1.2) que
Z 1 Z 1 · ¸1
6x2 2cx3
2 2
< f, g >= (2x)(3 + cx)dx = (6x + 2cx )dx = + = 3 + c.
0 0 2 3 0 3
2 2 9
O produto interno será nulo, se 3 + c = 0 ⇒ c = −3 ∴ c = − .
3 3 2
9
Conclui-se que as funções f (x) = 2x e g(x) = 3 − x são ortogonais em [0, 1].
2
• Normalização e ortonormalização
A norma, módulo ou comprimento generalizado de uma função em [a, b] é dada por
s
p Z b
Nf = ||f || = < f, f > = [f (x)]2 dx. (1.4)
a
Exemplo 3
Considere-se as funções ortogonais, no intervalo [0, 1],
9
f (x) = 2x e g(x) = 3 − x.
2
A norma quadrática e a norma destas funções são dadas, respectivamente, por
Z 1 Z 1 · 3 ¸1 r
4x 4 4
||f (x)||2 = (2x)2 dx = 4x2 dx = = ∴ Nf = ||f || =
0 0 3 0 3 3
Z 1 µ ¶2
2 9 9 3
||g(x)|| = 3− x dx = ∴ Ng = ||g|| =
0 2 4 2
• Para o cálculo da norma de uma função, esta deve ser de quadrado integrável, ou seja,
uma função do espaço L2 .
• Um conjunto infinito de funções {φk }, k = 1, 2, ... é dito ortonormal em [a, b], se for
ortogonal, Eq.(1.3), e normalizado, Eq.(1.6), neste intervalo, ou seja, se
Z b ½
0. m 6= n
< φn , φm >= φn (x)φm (x)dx = (1.7)
a 1, m = n,
• Qualquer conjunto ortogonal de funções não nulas {φk (x)}, k = 1, 2, ... pode ser trans-
formado em um conjunto ortonormal, dividindo-se cada função por sua norma.
Exemplo 4
O conjunto de funções periódicas, T = 2L,
n ³π ´ ³π ´ ³ nπ ´ ³ nπ ´ o
φn = 1, cos x , sin x , ..., cos x , sin x , ... ,
L L L L
n inteiro positivo, é um conjunto ortogonal de funções em [−L, L] com o produto escalar
Z L
< φn , φm >= φn (x)φm (x)dx.
−L
1.2. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES 9
Exemplo 5
O conjunto infinito de funções periódicas
é um conjunto ortogonal em [−π, π], sobre o produto escalar definido na Eq.(1.2) acima.
Exemplo 6
O conjunto infinito de funções
Exemplo 7
O conjunto infinito de funções
½ µ ¶¾
kπ
φk = sin x , k = 1, 2, ...
L
° µ ¶°2
° kπ ° L
°
é um conjunto ortogonal em [0, L] e sua norma quadrática é °sin x ° = .
L ° 2
Associando conhecimentos
y 00 − 2xy 0 + 2ny = 0
dn ³ −x2 ´
n x2
Hn (x) = (−1) e e .
dxn
10 CAPÍTULO 1. GENERALIDADES
2
Os polinômios de Hermite são ortogonais em relação à função peso w(x) = e−x no in-
tervalo −∞ < x < ∞, pois
Z ∞
2
e−x Hm (x)Hn (x)dx = 0, m 6= n
−∞
e a norma quadrática é Z ∞ √
2
e−x [Hn (x)]2 dx = 2n n! π.
−∞
sendo os coeficientes
Z∞
1 2
Ak = k √ e−x f (x)Hk (x)dx.
2 k! π
−∞
xy 00 + (1 − x)y 0 + ny = 0,
para n = 0, 1, 2, ..., tem como soluções os polinômios Ln (x), dados pela fórmula de
Rodrigues
dn
Ln (x) = ex n (xn e−x ),
dx
que são ortogonais em relação à função peso w(x) = e−x , no intervalo 0 ≤ x < ∞, sendo
que Z Z
∞ ∞
−x
e Lm (x)Ln (x)dx = 0, m 6= n e e−x [Lm (x)]2 dx = (n!)2 .
0 0
Capítulo 2
O objetivo deste capítulo é estabelecer a teoria, a fim de escrever uma função periódica
em série de Fourier trigonométrica (série real), ou seja, escrever f (x) na forma
a0 X h ³ nπ ´ ³ nπ ´i
∞
f (x) ' + an cos x + bn sin x . (2.1)
2 n=1
L L
< f, φk >
Ck = , n = 1, 2, ..., n. (2.2)
kφk k2
Fundamentação teórica
1. Relação de ortogonalidade dos elementos da base
2. Obtenção dos coeficientes
3. Condições para a convergência (Dirichlet)
Observação: como ambas as funções
¡ ¢ £ ¤
cos Lπ x = cos Lπ (x + 2L)
¡π ¢ £π ¤ são periódicas de período T = 2L, a série
sin L
x = sin L
(x + 2L)
a0 X h nπ i
∞
nπ
+ an cos x + bn sin x
2 n=1
L L
deve ser periódica de período T = 2L. Portanto, deve-se supor a função f (x) como sendo
periódica.
A seguir, serão consideradas as funções, Figura(2.1), tais que f (x + 2L) = f (x), para
a extensão normal (Caso I).
11
12 CAPÍTULO 2. A SÉRIE DE FOURIER TRIGONOMÉTRICA
ZL ³ mπ ´ ³ nπ ´ ZL ½ · ¸ · ¸¾
R1 1 (m − n) (m + n)
cos x cos x dx = cos πx + cos πx dx
L L 2 L L
−L −L
m
∈ Z, n ∈ Z, m − n = N ∈ Z, m + n = M ∈ Z
m 6= n 6= 0
RL ¡ Nπ ¢ RL ¡ Mπ ¢
1 1
= 2
cos L
x dx + 2
cos L
x dx = 0
−L −L
m = n 6= 0
RL £ ¡ ¢¤ RL ¯L
= 1
2
1 + cos 2mπ
L
x dx = 12 −L dx = 12 x¯−L = L
−L
m = n = 0
RL ¯L
= 12 2dx = t¯−L = 2L
−L
Prova de 2.4
Calculando o produto interno, no intervalo considerado acima, vem
ZL ³ mπ ´ ³ nπ ´ ZL ½ · ¸ · ¸¾
R2 1 (m − n) (m + n)
sin x sin x dx = cos πx − cos πx dx
L L 2 L L
−L −L
m
∈ Z, n ∈ Z, m − n = N ∈ Z, m + n = M ∈ Z
m 6= n
RL ¡ Nπ ¢ RL ¡ ¢
= 1
2
cos L
x dx − 1
2
cos MLπ x dx = 0
−L −L
m=n
RL £ ¡ 2mπ ¢¤ ¯
1 1 ¯L
= 2
1 − cos L
x dx = x
2 −L
=L
−L
14 CAPÍTULO 2. A SÉRIE DE FOURIER TRIGONOMÉTRICA
Prova de 2.5
De Eq.(1.2), vem
ZL ³ mπ ´ ³ nπ ´ ZL · µ ¶ µ ¶¸
R3 1 m−n m+n
cos x sin x dx = sin πx + sin πx dx
L L 2 L L
−L −L
m
∈ Z, n ∈ Z, m − n = N ∈ Z, m + n = M ∈ Z
m 6= n
RL ¡ Nπ ¢ RL ¡ ¢
1 1
= 2
sin L
x dx + 2
sin MLπ x dx = 0
−L −L
m = n 6= 0
RL RL ¡ 2m ¢
1 1
= 2
sin 0dx + 2
sin L
πx dx = 0
−L −L
Assim,
Z L ³ mπ ´ Z L ³ mπ ´ ³ mπ ´ Z L ³ ´
2 mπ
f (x) cos x dx = an cos x cos x dx = am cos x dx
−L L −L L L −L L
| {z }
0 se m6=n e L se m=n
e Z L ³ mπ ´
f (x) cos x dx = am L.
−L L
2.2. OS COEFICIENTES DE EULER-FOURIER 15
Deste modo,
Z L ³ nπ ´
1
an = f (x) cos x dx, para n ≥ 0. (2.7)
L −L L
2.4.1 Caso I
Este caso é conhecido como a extensão normal, pois f (x) é definida no intervalo [−L, L]
e periódica, f (x + 2L) = f (x). A função deverá ser escrita como a superposição de
elementos da base ortogonal
a0 X h ³ nπ ´ ³ nπ ´i
∞
f (x) ' + an cos x + bn sin x
2 n=1
L L
Z L ³ nπ ´
1
• an = f (x) cos x dx, conforme Eq.(2.7).
L −L L
Z L ³ nπ ´
1
• bn = f (x) sin x dx, conforme Eq.(2.8).
L −L L
Z L
a0 1
• = f (x)dx, conforme Eq.(2.10).
2 2L −L
2.4. O CÁLCULO DA SÉRIE DE FOURIER 17
Exemplo
Determine a série de Fourier correspondente à função
½
0, −5 < x < 0
f (x) = , f (x + 10) = f (x).
3, 0 < x < 5
Como deve ser definida a função em x = −5, x = 0 e x = 5 de modo que a sua série de
Fourier convirja para f (x) no intervalo −5 ≤ x ≤ 5?
Solução
A função f (x) está definida em [−L, L] e é periódica de período T = 2L = 10. Deseja-
se escrever esta função na forma série de Fourier trigonométrica, Eq. (1.1). Para tanto,
devem ser calculados os coeficientes a0 , an e bn .
• Com n = 0, da Eq.(2.10), vem
Z5 Z5
a0 1 1 3x ¯¯5 3
= f (x)dx = 3dx = ¯ = .
2 10 10 10 0 2
−5 0
1
Z 5 ³ nπ ´ Z
1 5 ³ nπ ´ 3 · 5 ³ nπ ´¸5
an = f (x) cos x dx = 3 cos x = sin x = 0.
5 −5 5 5 0 5 5 nπ 5 0
Agora, sendo ½
n 0, n par
1 − (−1) = ,
2, n ímpar
segue que
∞ µ ¶
3 6X 1 (2n − 1)π
f (x) ' + sin x ,
2 π n=1 2n − 1 5
isto é, µ ¶
3 6 ³π ´ 2 3π 6
f (x) ' + sin x + sin x + sin (πx) + ...
2 π 5 π 5 5π
Nos pontos de descontinuidade, x = −5, x = 0 e x = 5, por exemplo, em x = −5,
+ (−5− )
a função deve ser definida como f (x) = 23 , porque f (−5) = f (−5 )+f
2
= 32 (con-
vergência pontual).
a0
Observe que este é o valor de , o valor médio da função no intervalo. E a função
2
deverá ser definida de modo similar, nos outros pontos em que é descontínua.
2.4.2 Caso II
A função f (x) é periódica, f (x + 2L) = f (x), e definida em um intervalo [c, d] qualquer.
O período é T = d − c = 2L ⇒ d = c + 2L.
Assim, Z Z Z
d c+T c+2L
f (x)dx = f (x)dx = f (x)dx.
c c c
Como determinar¡os coeficientes
¢ a0 , ¢an e bn ?
¡ 2nπ
2nπ
Utiliza-se cos d−c x e sin d−c x que satisfazem as condições de ortogonalidade e
procedendo-se deste modo, com c qualquer número real, decorre que
Z µ ¶ Z µ ¶
1 d 2nπ 1 c+2L 2nπ
an = f (x) cos x dx = f (x) cos x dx, n = 0, 1, 2...
L c d−c L c 2L
e
Z d µ ¶ Z µ ¶
1 2nπ 1 c+2L 2nπ
bn = f (x) sin x dx = f (x) sin x dx, n = 1, 2...
L c d−c L c 2L
2.4. O CÁLCULO DA SÉRIE DE FOURIER 19
Exemplo
Dada a função f (x) = x2 , 0 < x < 2π, periódica de período 2π, obtenha a representação
em série de Fourier e expanda a série para n = 0...4.
Solução
Cálculo dos coeficientes
• Para n = 0, ¯2π
Z 2π
a0 1 2 1 x3 ¯¯ 1 8π 3 4π 2
= x dx = = = .
2 2π 0 2π 3 ¯0 2π 3 3
20 CAPÍTULO 2. A SÉRIE DE FOURIER TRIGONOMÉTRICA
• Para n 6= 0,
Z
1 2π 2
an = x cos(nx)dx
π 0
½ µ ¶ µ ¶ µ ¶¾ ¯2π
1 1 1 1 ¯
= 2
(x ) sin(nx) − (2x) − 2 cos(nx) + 2 − 3 sin(nx) ¯ = 4.
π n n n ¯ n2
0
Z
1 2π 2
bn = x sin(nx)dx
π 0
½ µ ¶ µ ¶ µ ¶¾ ¯2π
1 1 1 cos(nx) ¯
= 2
(x ) − cos(nx) − (2x) − 2 sin(nx) + 2 ¯ = − 4π .
π n n n 3 ¯ n
0
Exemplos
(a) f (x) = x2n , n ∈ Z, f (x) = cos(x) e f (x) = |x| são exemplos de função par.
(b) f (x) = x2n+1 , n ∈ Z, f (x) = sin(x) e f (x) = x são funções ímpares.
(c) f (x) = x + x2 e f (x) = ex não são funções pares, nem são ímpares.
(d) f (x) ≡ 0 é a única função que é par e, ao mesmo tempo, é ímpar.
Propriedades do produto
• O produto de duas funções pares é uma função par.
Exemplo: se f (x) = x2 e g(x) = x4 +x6 , então F (x) = f (x)g(x) = x2 (x4 + x6 ) = x6 + x8
é uma função par.
• O produto de duas funções ímpares é uma função par.
Exemplo: se f (x) = x e g(x) = x3 +x5 , então F (x) = f (x)g(x) = x(x3 + x5 ) = x4 + x6
é uma função par.
• O produto de uma função par por uma função ímpar é uma função ímpar.
Exemplo: se f (x) = x2 e g(x) = x3 + x5 , então, se F (x) = f (x)g(x), tem-se que
F (x) = x2 (x3 + x5 ) = x5 + x7 é ímpar.
Propriedades da integral
• Se F (x) é uma função par em [−L, L], então
Z L Z L
F (x)dx = 2 F (x)dx (2.15)
−L 0
De fato, Z Z Z
L 0 L
F (x)dx = F (x)dx + F (x)dx. (2.17)
−L −L 0
Extensão par
Os coeficientes da série de Fourier são dados por
Z L ³ nπ ´ Z L
2 a0 1
an = f (x) cos x dx, bn = 0 e = f (x)dx. (2.18)
L 0 L 2 L 0
a0 X
∞³ nπ ´
f (x) ' + an cos x .
2 n=1
L
Extensão ímpar
Os coeficientes da série de Fourier são dados por
Z L ³ nπ ´
2 a0
an = 0, bn = f (x) sin x dx e = 0. (2.19)
L 0 L 2
Exemplo
Desenvolva f (x) = x, 0 ≤ x ≤ 2 em série Fourier seno e série Fourier co-seno.
Solução
Dada f (x) = x, estende-se a função a [−L, 0], Figura(A3graf9), e prolonga-se de modo
a ser periódica, ou seja, f (x) = f (x + 4), período T = 2L = 4.
2.4. O CÁLCULO DA SÉRIE DE FOURIER 23
∞
4 X (−1)n+1 ³ nπ ´
f (x) ' sin x .
π n=1 n 2
(b) Extensão par
O prolongamento par de f (x) = x é representado na Figura(2.9). Neste caso, os coefi-
cientes bn , n = 1, 2, .., são nulos e os coeficientes an são calculados a seguir.
• Para n = 0, ¯2
Z
2 2
x2 ¯¯ a0
a0 = xdx = ¯ = 2 ∴ = 1.
2 0 2 0 2
• Para n 6= 0,
Z 2 ³ nπ ´ 4 ³ nπ ´ 2 ³ nπ ´ ¯¯2
an = x cos x dx = 2 2 cos x + x sin x ¯¯ .
0 2 nπ 2 nπ 2 0
4 4 4
an = cos(nπ) − cos(0) + sin(nπ).
n2 π 2 n2 π 2 nπ
(
4 0, n par
∴ 2 2 [cos(nπ) − 1] = 8
nπ − 2 2 , n ímpar
nπ
De modo que
∞ · ³ nπ ´¸
4 X 1
f (x) ' 1 − 2 (cos(nπ) − 1) cos x
π n=1 n2 2
ou
· ³ ´ µ ¶ µ ¶ ¸
8 π 1 3π 1 5π
f (x) ' 1 − 2 cos x + 2 cos x + 2 cos x + ...
π 2 3 2 5 2
A série Fourier co-seno, que corresponde à onda triangular, Figura(2.10), converge
mais rapidamente para f (x) = x, em −2 ≤ x < 2, do que a série Fourier seno, relativa à
função dente de serra, Figura(2.9).
Isto ocorre devido ao fato de que a onda triangular é uma função mais suave do que a
função dente de serra, sendo, portanto, mais fácil de ser aproximada. Em geral, quanto
2.4. O CÁLCULO DA SÉRIE DE FOURIER 25
mais derivadas contínuas tem a função, no intervalo inteiro −∞ < x < ∞, mais depressa
sua série de Fourier vai convergir.
A convergência da série, numa vizinhança de zero, é melhor quando a extensão é ím-
par, Figura(2.9). A extensão ímpar é mais suave que a extensão par nesta vizinhança.
Entretanto, a série de Fourier associada à função par aproxima melhor a função f (x) = x
globalmente.
Como foi dito no início desta seção, há uma outra possibilidade de estender a função
f (x) = x, definida no intervalo [0, 2], sobre o intervalo [−L, 0]: simplesmente, considerá-
la como periódica, Figura(2.11), com período fundamental T = 2. Este procedimento
conduz ao CASO II, arquivo 2_F ourier_Caso2.mw aulas com o Maple, pois a função
está definida como periódica em um intervalo [c, d] qualquer e não em um intervalo
simétrico [−L, L]. O período fundamental é T = 2, daí, L = 1. Mas, neste caso, os
2
coeficiente são dados por a0 = 2, an = 0, n = 1, 2, .. e bn = − . Portanto, a série
nπ
a0
envolve o termo = 1 e os termos em seno, pois a função não é par, nem é ímpar, neste
2
intervalo, ou seja,
Para outros exemplos, veja 6_P arte_par_impar .mw, arquivo das aulas com o Maple.
2.4. O CÁLCULO DA SÉRIE DE FOURIER 27
isto é,
2πn 2πm
T = e T = .
w1 w2
Assim,
2πn 2πm w1 n
= ⇒ = ∈ Q.
w1 w2 w2 m
µ ¶ µ ¶
1 1
• Qual é o período de f (t) = cos t + cos t ?
3 4
1 1
Tem-se as freqüências w1 = e w2 = . E o período deve ser tal que
3 4
2πn 2πm
T = = 6πn e T = = 8πm.
w1 w2
Assim,
n 8 4 2πn 2π · 4
6πn = 8πm ∴ = = ⇒ n = 4, m = 3 ⇒ T = = 1 = 24π.
m 6 3 w1 3
As freqüências são
w1 10
w1 = 10, w2 = 10 + π e = .
w2 10 + π
A razão das freqüências não é um número racional e conclui-se que
f (t) 6= f (t + nπ), n ∈ Z,
1
cos2 (t) = (1 + cos(2t),
2
decorre
1
f (t) = [10 cos(t)]2 = 100 cos(t)2 = 100 · (1 + cos(2t)) = 50 + 50 cos(2t).
2
Como a função constante tem período arbitrário, segue que a freqüência é
2π
w = 2 e o período é T = = π.
w
Conclusão:
A superposição de funções senoidais será uma função periódica, quando a razão entre
cada par de freqüências for uma fração racional.
Por outro lado, na superposição de funções senoidais, a freqüência fundamental será o
máximo divisor comum (mdc) entre as freqüências; o período fundamental será o mínimo
múltiplo comum (mmc) entre os períodos.
a0 X h ³ nπ ´ ³ nπ ´i
∞
f (x) ' + an cos x + bn sin x
2 n=1
L L
∞
a0 X
= + [an cos(wn x) + bn sin(wn x)]
2 n=1
a0
= + a1 cos(w1 x) + b1 sin(w1 x) + a2 cos(w2 x) + b2 sin(w2 x) + ...
2
2.5. SÉRIE DE FOURIER NA FORMA COMPACTA 29
Nesta seção, tem-se como objetivo escrever a série dada na Eq.(1.1) na forma compacta,
uma forma mais conveniente para algumas aplicações, também conhecida como a forma
harmônica P∞
A0 + An sin(nw0 x + φn )
n=1
f (x) ' P∞
A0 + An cos(nw0 x − ϕn )
n=1
2π
Sendo assim, parte-se do período T = . A freqüência fundamental é
w0
2π 2π π
w0 = = =
T 2L L
e todas as outras são múltiplos desta freqüência. Deste modo, a n-ésima freqüência é dada
por
π
wn = nw0 = n x.
L
Então, em (1.1), tem-se
∞
a0 X
f (x) ' + [an cos(nw0 x) + bn sin(nw0 x)] .
2 n=1
Mas, sendo
sin(A) cos(B) ± cos(A) sin(B) = sin(A ± B)
a0
e considerando-se = A0 , resulta
2
∞
X sin(wn x + φn )
A0 + An ou (2.20)
n=1 cos(wn x − ϕn )
As fórmulas, acima, são equivalentes, pois cos(ϕn ) = sin(φn ), desde que φn e ϕn sejam
ângulos complementares. Ou, permutando bn e an , na disposição dos catetos do triân-
gulo retângulo, Figura(2.14), obtém-se cos(A) cos(B) ± sin(A) sin(B) = cos(A ∓ B), e,
como a n-ésima fase, tem-se µ ¶
bn
ϕn = arctan .
an
2.5.1 Aplicações
Oscilações elétricas e mecânicas (vibrações).
Sistema submetido a uma força externa periódica(tensão periódica).
Sistema massa-mola
mẍ + cẋ + kx = f (t)
Circuito RLC Z
di 1
L + Ri + i(t)dt = f (t)
dt C
A solução da EDOL Homogênea associada, xh , quase sempre é desprezada nesses
casos. Entretanto, se o sistema oscilatório for não amortecido, deve-se ter cuidado
ao desprezar a solução da equação homogênea associada, xh . Se a freqüência natural
do sistema for muito próxima de uma freqüência da força externa(agora a força externa
será escrita em uma série de Fourier, portanto, com freqüências wnf = nw0 ), isto é, se
wnat ' wnf , tem-se batimento e, se wnat = wnf , ocorre ressonância.
Cabe lembrar
q que
k
wnat = m
é a freqüência natural e wnf é a n-ésima freqüência da força externa.
Solução
O sistema é modelado pela equação diferencial
(b) A função f (t) é par, então sua extensão em série de Fourier deverá ser uma série de
co-senos, isto é, bn = 0, ∀n e
∞
a0 X nπ
f (t) = + an cos( t) com 2L = 2π : L = π.
2 n=1
L
ou
X ∞
4 4 4 4
f (t) ' cos(t) + cos(3t) + cos(5t) + ... = 2π
cos[(2n − 1)t].
π 9π 25π n=1
(2n − 1)
4
Na série, o termo geral é an = cos(nπ), para n ímpar, e 0, para n par.
n2 π
Cálculo da resposta do sistema em regime permanente
A integral particular, xp , é obtida pelo método dos coeficientes a determinar, para cada
termo da série acima, ou, com o termo geral, supondo (aqui, An denota o n-ésimo coefi-
ciente dos termos em co-seno e não a amplitude, como acima)
0, 08 0, 08
Bn = ∴ Bn = 2
n2 π[(25 2 2 2
− n ) + (0, 02n) ] n πD
e
4(25 − n2 ) 4(25 − n2 )
An = ∴ An = ,
n2 π[(25 − n2 )2 + (0, 02n)2 ] n2 πD
onde D = (25 − n2 )2 + (0, 02n)2 .
Deste modo,
4(25 − n2 ) 0, 08
xpn = 2
cos(nt) + sin(nt)
n πD nπD
xp = xp1 + xp2 + xp3 + ...
4(25 − 1)2 0, 08
xp1 = cos(t) + sin(t).
πD πD
Com n = 1, é obtida a primeira amplitude
s· ¸2 · ¸2
q
2 2 4(25 − 1)2 0, 08
P1 = A1 + B1 = + = 0, 053
πD πD
Como o segundo termo sob a raiz quadrada torna-se muito pequeno, tem-se para as am-
plitudes
4 4
Pn ' √ ' p .
n2 π D n2 π (25 − n2 )2 + (0, 02n)2
√ p
Note que, para n = 5, a quantidade D = (25 − n2 )2 + (0, 02n)2 é muito pequena,
de modo que P5 é tão grande que xp5 será o termo dominante na resposta permanente xp .
Isto mostra que o movimento permanente é, na prática, uma oscilação harmônica, cuja
freqüência é igual a 5 vezes a freqüência fundamental da força externa.
Veja as amplitudes do exemplo na Tabela (2.1).
n 1 3 5 7 9
Pn 0,053 0,0088 0,51 0,0011 0,00028
Tabela 2.1: Amplitudes do exemplo massa-mola.