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Autor: João Guilherme de Albuquerque Santos

Política Nacional do Meio-


Ambiente

Criada após situação de clamor público, motivada por imagens


transmitidas acerca de crianças e adultos raquíticos e com incidência de câncer
ocasionada por poluição química vinda de indústrias na região de Cubatão –
São Paulo, a Política Nacional do Meio-Ambiente orienta as unidades da
federação em como devem tratar do meio-ambiente.

A referida foi recepcionada como a base legal para um trégua entre os


interessados no desenvolvimento e os ecologistas. Até então, a natureza
deveria ser intocável, segundo seus defensores, o que impossibilitava a
extração de recursos para desenvolver. No entanto, com novas diretrizes
claras, deu base para o surgimento do termo desenvolvimento sustentável.
Com isso, a natureza pode ser usada para auxiliar no desenvolvimento, desde
que não represente riscos para a próxima geração, sendo sustentada
transcedentalmente.

O termo grafado tornou-se essencial para o entendimento no que tange


utilizar recurso para o crescimento econômico sem degradar, prejudicar ou
extinguir o recurso. Destarte, não é homogêneo o entendimento sobre os
limites que este desenvolvimento desfruta. Dá-se isso ao fato das diferenças
sociais, ideológicas, religiosas, econômicas, dentre outras.

Ainda assim, a proteção deste instituto, leia-se “desenvolvimento


sustentável”, goza de um sistema completo e complexo para fazer valer-lhe o
rol de tutela especial. Podemos mencionar aqui a criação do SISNAMA e do
CONAMA, de sigla conhecida pelo digno mestre Alex.

Todo este sistema encontra escopo constitucional no caput do artigo 231


da CF, em seus incisos I a VII do §1º.
Conceitos Objetivos
A Lei nº. 6.938/81 traz os objetivos de forma clara, inclusive definindo os
objetos a serem protegidos, classificando-os. Temos como exemplo a definição
de meio ambiente que, de forma clara, explicita todo o sistema envolvido.

Um dos objetivos do legislador foi inter-relacionar os temas, afim de que


a aplicação pudesse ser geral, sobretudo no sistema penal envolvido.

Em rápida e apertada síntese, os objetivos estabelecem os parâmetros


para que o desenvolvimento sustentável seja trabalhado. Preocupa-se com
equilíbrio, proteção, informação, preservação e sanções para o potencial
infringente destes interesses postulados.

Dos instrumentos da Política


Nacional do Meio Ambiente
Essencialmente, alguns recursos são absolutamente essenciais à vida.
A respeito disto, o Ar tem tutela jurisdicional do estado. Para tanto, a referida
Lei estabeleceu o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar.

Além disso, estabeleceu-se também o zoneamento ambiental, definindo


territorialmente a ordenação específica a cada finalidade.

Dentro dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente,


destaca-se de forma especial a avaliação de impactos ambientais, que para
garantia de sua efetividade, goza da maior hierarquia possível, haja vista, de
status constitucional. O escopo constitucional é o art. 225, parágrafo 1º, item
4º, que traz a “obrigatoriedade do estudo de impacto ambiental como condição
para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa
degradação ambiental, a que se dará publicidade”.

Ainda no rol de instrumentos, citamos o estímulo a produção de


produtos limpos, área em ascendência diante dos investimentos públicos e
privados, nacionais e internacionais, na fabricação de produtos com o selo de
produto eco-sustentável. Neste campo, é de muito valor econômico, social e
político deterem alguma titulação que associe a imagem da empresa à de eco-
sustentabilidade, citando como exemplos salientes o ISO 9000 e ISO 14000.

Também prevê um cadastro técnico federal de atividades


potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais, em que
que o órgão que o administra é o IBAMA.

Licenciamento ambiental
Compete ao CONAMA a administração das licenças para os
empreendimentos, com fins econômicos ou não. Em tese, o licenciamento deve
ser detalhado, específico e de certa forma complexo. No entanto, uma
contracorrente deseja que o processo seja simplificado, em relação a prazos
determinados previamente, com regras mais claras, a fim de acelerar o
processo de autorização pelo órgão público, atualmente moroso e até certo
ponto interminável, haja visto ser um dos mais importantes instrumentos para
coibir a poluição ou degradação. No entanto, estaríamos minimizando o valor
do licenciamento, que tem por sua essência estudos técnicos profundos, que
acabam por gerar morosidade, mas que garantem o trabalho bem feito. Vemos
aqui uma clara preocupação com a autorização apenas, sem medir os reais
impactos envolvidos na atividade a ser realizada.

Do Sistema Nacional do Meio


Ambiente
Este sistema engloba todos os institutos envolvidos na proteção ao meio
ambiente. Estabeleceram-se conselhos, tendo destaque o CONAMA.

Diferente de nossos vizinhos sul-americanos, o CONAMA não tem


competência exclusiva consultiva, mas de forma extensiva, deliberativa,
visando a resolução de conflitos, implementação e aplicação de idéias viáveis e
compatíveis ao objetivo do Conselho.

Faz parte do Ministério do Meio Ambiente, tendo voz ativa e voto válido.
Suas decisões são incontestavelmente relevantes, afinal têm força jurídica
vinculante, de abrangência nacional.
Para que a Política Nacional do Meio Ambiente possa ser eficaz,
aplicada e fixada, o CONAMA é essencial. Isto se dá por sua competência em
regular as áreas de atividade e licenciar sobre matéria ambiental, dentre outros.
Nos estenderíamos demasiadamente em explanar as diversas competências
do CONAMA. O que nos basta é ratificar a importância do CONAMA no
ordenamento e sistema político ambiental, enquanto órgão normativo,
ocupando uma posição estratégica para a execução da Política Nacional do
Meio Ambiente.

Diante destas breves linhas, conclui-se que o estado está preocupada


com a tutela jurisdicional do meio ambiente. O sistema complexo que gera todo
o processo de proteção é bem elaborado, com instrumentos capazes de fazer
valer sua aplicabilidade.

Ponto positivo em nossos dias contemporâneos é que a visão de


preservação e uso sustentável não está mais relacionada com atraso
econômico, mas sim em uma via alternativa, em crescimento, que só trará
benefícios aos próprios antagônicos à essa nova vertente de nossa sociedade.

Diferentemente do que se pudesse pensar, a harmonia e lógica jurídica


com que foi concebida esta Lei visa fomentar a atividade econômica, desde
que respeitando as restrições comuns á todos.

Aguardamos utopicamente o dia em que não precisaremos proteger os


bens de seus próprios, os direitos de seus próprios titulares, o meio ambiente
de seus próprios habitantes.

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