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RESUMO
Descreve sobre a aplicação dos Círculos de Controle de Qualidade (CCQ’s) como programa
que estimula a participação, a motivação e a melhoria contínua dos processos no
Departamento de Ferrosos Norte da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), com área de
abrangência os estados do Maranhão e Pará. Destaca o CCQ como um dos instrumentos de
participação utilizados na Gestão pela Qualidade Total e analisa a sua aplicação dentro do
modelo de gestão da CVRD. Apresentar como a prática dos círculos de controle da qualidade
se tornou um instrumento eficaz no suporte à gestão participativa e na melhoria de resultados
do Departamento de Ferrosos Norte. Descreve os principais pontos que contribuíram para os
bons resultados com o Programa, seus principais resultados e sugestões de melhorias.
ABSTRACT
It present the application of the Quality Control Circles (QCC) as program that stimulates the
participation, the motivation and the continuous improvement of the processes in the
Department of Ferrous North of Compania Vale do Rio Doce (CVRD), with inclusion area the
states of Maranhão and Pará. It detaches QCC as one of the participation instruments used in
the Total Quality Control (TQC) and it analyzes the application in the CVRD management
model. To present as the practice of the Quality Control Circles became an effective
instrument in the support to the participative management and in the improvement of results
of the Department of Ferrous North. It describes the main points that contributed to the good
results with the Program, their main results and suggestions of improvements.
1 INTRODUÇÃO
harmonizar os sistemas que formam esta organização, ou seja, não pode haver conflitos entre
gerenciais, pois os gerentes são os principais mobilizadores das pessoas para o processo
participativo.
A gestão participativa em uma organização é, sem dúvida, um assunto que requer cuidado
especial, para que se possa dar um tratamento mais lógico a respeito dessa modalidade de
em fazer com que a gerência compartilhada venha a cumprir a sua finalidade como modelo de
administração.
Segundo Tenório (2002a, p. 69), para termos uma gestão mais participativa, dois elementos
empresas brasileiras por meio dos programas de gestão pela qualidade total como alternativas
abandonaram o CCQ, outras porém, os mantiveram como meios para sua sustentação e
desenvolvimento.
Campos (1995) enfatiza que os CCQ’s são a extensão da prática do controle da qualidade ao
nível de operadores. Por meio dos grupos de CCQ é possível aos operadores exercerem o
controle, propondo alterações aos procedimentos operacionais por meio do método de solução
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trabalho utilizando o ciclo PDCA e, com o tempo, depois que as pessoas ganham experiências
nas atividades dos círculos, os problemas resolvidos podem ser aqueles advindos da alta
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO
A administração nas relações humanas sempre existiu, porém, suas principais teorias foram
participação, trabalho através de grupos, melhoria contínua dos processos e Gestão Pela
Qualidade Total:
2.1Teoria da motivação
Para Kondo (1994, p. 103) o estímulo à vontade de trabalhar das pessoas, ou seja, a
motivação, tem sido encarada como uma questão importante desde muito tempo atrás. A sua
importância aumenta à medida que o nível de padrão de vida e educacional das pessoas se
eleva.
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Dentre os exemplos mais conhecidos e mais representativos dessas teorias, estão a hierarquia
McGregor. Destacaremos a hierarquia das necessidades de Maslow e a Teoria dos dois fatores
de Herzberg que têm maior relação com a Gestão Pela Qualidade Total e com os CCQ’s.
necessidades humanas estão organizadas numa espécie de ordem ou hierarquia de acordo com
amor.
Principais meios para satisfazê-las: amizade dos colegas, interação com clientes, gerente
amigável.
Enquanto Maslow fundamenta sua teoria motivacional nas diferentes necessidades humanas
1995, p.70).
Motivacionais
necessidades de Higiene –Motivação
Maslow de Herzberg
O trabalho em si
Responsabilidade
Auto- Progresso e Crescimento
Higiênicos
realização
Realização, Reconhecimento e
Estima Status.
A gestão participativa é uma realidade. Não se pode falar de CCQ sem mostrar sua estreita
A gestão participativa, diferentemente de outras teorias da administração, não tem uma Escola
ou até mesmo um corpo estruturado de teorias da participação. Ela não se constitui num
modelo pré–paradigmático, porém nos últimos anos o assunto vem merecendo o interesse de
tradicional de tratar as pessoas como insumos ou meramente meios de produção, para tratá-las
harmonizar os sistemas que formam esta organização, ou seja, não pode haver conflitos entre
gerenciais, pois os gerentes serão os principais mobilizadores das pessoas para o processo
participativo.
“Só podemos afirmar que a participação é efetiva quando observamos que dela resulta
o desenvolvimento da capacidade dos líderes, dos membros do grupo e das demais
pessoas envolvidas”.
com objetivos definidos, tendo por fim um bom aproveitamento a nível funcional de cada
tem como objetivo fazer com que o trabalhador, desde aquele do chão-fábrica ao do colarinho
branco nos escritórios, gerencie o seu processo de trabalho propondo novos padrões e
vai está diretamente relacionada com a participação conjunta (orgânica) de todos aqueles que,
de maneira direta ou indireta, tenham relação com os objetivos da organização de atender bem
os seus clientes.
história que abrange três períodos, filosofias ou “eras” principais conforme se observa na
Figura 2. Todas possuem sua importância de acordo com o período que viveram, entretanto,
interessa para a visão deste trabalho, apenas uma breve análise sobre a era da Qualidade Total.
A era da qualidade total a ênfase está no sistema da qualidade. Neste enfoque a qualidade não
Feigenbaum, Deming e Ishikawa. Dos três, dois contribuíram de forma significativa para a
a) O ciclo PDCA
natureza repetida e cíclica da melhoria contínua é melhor resumida pelo que é chamado ciclo
PDCA (ou ciclo de Deming). É a seqüência de atividades que são percorridas de maneira
A P
(ACT) (PLAN)
DEFINIR AS
METAS
ATUAR
DEFINIR
CORRETAMENTE
OS MÉTODOS
QUE PERMITIRÃO
ATINGIR AS METAS
PROPOSTAS
VERIFICAR OS EDUCAR E
RESULTADOS DA TREINAR
TAREFA EXECUTADA
EXECUTAR
A TAREFA
(COLETAR
C DADOS) D
(CHECK) (DO)
O ciclo começa como o estágio P – Plan (Planejar), que envolve o exame do atual método ou
plano de ação que, se pretende, melhore o desempenho. Uma vez que o plano de melhoria
(Verificar), no qual a solução nova implementada é avaliada, para ver se resultou na melhoria
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de desempenho esperado. Finalmente, vem o estágio A – Act (Agir). Durante este estágio, a
não foi bem-sucedida, as lições aprendidas da “tentativa” são formalizadas antes que o ciclo
comece novamente.
Para Campos (1995, p. 25) o verdadeiro sucesso comercial dos japoneses é fruto do
gerenciamento metódico e praticado por todos na empresa: o controle de processos pelo ciclo
PDCA.
b) Reconhecimento
para a satisfação e motivação dos empregados, pois prevê o reconhecimento dos grupos pela
Para Juran (1990, p. 68-69) o reconhecimento público realizado pelas empresas dos sucessos
formas:
a) Origem do CCQ
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Mundial, em junho de 1950, por W. E. Deming. A ênfase era o método estatístico. Em 1954,
Joseph M. Juran somou novas contribuições aos ensinamentos de Deming. Em 1962, sob o
programa CCQ. Os círculos eram formados pelos colaboradores, de forma voluntária, para
tornar o seu trabalho mais significativo, expressivo e liderado pelos próprios supervisores.
trabalho.
a partir da conjugação dos pontos fortes e fraquezas que existem de forma diferenciada em
No CCQ cada um chega de um jeito e você não pode escolher o participante e nem tentar
moldá-lo. O mais hábil vai ajudando a potencializar os menos hábeis e o resultado final deve
ser de harmonia. Mas isto não ocorre por acaso. É através de um método conduzido por quem
conhece bem os seus objetivos. O CCQ não restringe e não seleciona. Toda pessoa que entra
para um grupo deve ser respeitada em seu jeito de ser, seu ritmo.
O grupo deve respeitar a natureza humana, para que o individuo não seja massificado e
aprendizado muito profundo sobre cada um e sobre o outro, por esta razão não se pode tratar o
CCQ como um mero exercício de uso de ferramentas. Aos poucos a pessoa vai expandindo
sua capacidade de ver, sentir, ouvir, propor, interagir, implantar e tirar lições do trabalho. É
esse respeito pela pessoa que desperta na mesma à vontade e a faz descobrir os motivos
Sendo o CCQ um meio para agregar valor ao ser humano, é obvio que os ambientes nos quais
adotados por empresas de diversos países da Ásia, Europa, América do Norte e América
Latina.
Essa rápida expansão dos círculos por diversos países deveu-se a alguns fatores, segundo
& Johnson, Volkswagen e EMBRAER, sendo pioneiro depois do Japão. O movimento teve
seu maior impulso em 1986, quando o professor Ishikawa esteve no Brasil, chegando a atingir
Embraco, Albrás, CVRD, MBR, Fras-Le, Mineração Caraíba, Liasa, Multibrás, WEG,
3. REFERENCIAL PRÁTICO
(DIFN) da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), com atuação nos estados do Maranhão e
A CVRD é uma empresa de atuação nacional e internacional, com atividades focadas em:
mineração, logística, alumínio e energia elétrica. Adota como modelo de gestão em todas as
melhoria dos processos e trabalho e o compromisso dos empregados com os objetivos e metas
Profissional Nota 10, onde todos os empregados possuem metas individuais e em equipe,
- Vinculação à gestão.
empresa.
- Sistematização.
gerente geral, gerente, supervisor, comitê de líderes dos grupos, coordenação do programa,
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- Ciclo PDCA para os grupos: O ciclo PDCA é a metodologia utilizada para solução de
administrativas.
são utilizados:
- visitas técnicas;
- brindes.
- Convenções: anualmente são realizadas as convenções que são abertas às famílias dos
participantes.
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realizadas”.
d)
convenções de 2004.
a) Quanto à participação
utilizadas como referência de comparação (MBR, MRN, Valesul e Albrás) que é de 68%.
b) Quanto à produtividade
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O índice de produtividade de 2003 e a tendência para 2004 são aproximadamente iguais aos
Como o foco do CCQ no Departamento é o crescimento do ser humano, atualmente não são
d) Quanto às convenções
Verifica-se que 50% dos grupos ativos participaram apresentando trabalhos em uma das
4 CONCLUSÃO
uma mudança nas relações com a gerência imediata e um maior conhecimento dos problemas
locais de trabalho.
Os CCQ’s propiciam aos empregados, não a todos, pois é uma atividade voluntária de
permitiu uma revigoração e manutenção dos círculos, inserindo-os num contexto mais
abrangente, onde se verifica de forma mais clara a relação entre as atividades dos grupos e as
Os dados apresentados confirmam que o CCQ está sendo utilizado como um mecanismo de
resultados.
Para uma melhor avaliação dos resultados obtidos pelos grupos é necessário que seja criado
um sistema que contabilize os ganhos obtidos com os grupos. Também, é necessário que
questões relativas aos círculos sejam contempladas nas pesquisas de clima organizacional
promovidas pela empresa, para que se possa promover o aprendizado organizacional contínuo
Considerando os dados obtidos relativos aos CCQ’s (60%) percebemos que não há uma
REFERÊNCIAS
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