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DE ANÁLISE FINANCEIRA:
UM ESTUDO EXPLORATÓRIO DAS EMPRESAS LÍDERES NO SETOR DE
ALIMENTOS DE CARNES INDUSTRIALIZADAS NO BRASIL
RESUMO
financeiros.
1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
ESTRUTURA
Situação Financeira
LIQUIDEZ
Assaf Neto (2003) nos ensina que os indicadores de liquidez têm o objetivo de medir
a capacidade de pagamento de uma empresa, traduzida pela sua capacidade em
cumprir corretamente as obrigações passivas assumidas.
Tanto Assaf Neto (2003) quanto outros autores concordam que o índice de liquidez
corrente é medido através da relação entre o ativo circulante e o passivo circulante,
calculado pela fórmula abaixo:
Ativo Circulante
Liquidez Corrente =
Passivo Circulante
Quando a liquidez corrente for superior a 1, entende-se que existe capital circulante
(capital de giro) líquido positivo. Quando for igual a 1, conclui-se que a empresa em
questão não apresenta capital circulante líquido. Se inferior a 1, o capital de giro
líquido será negativo (ativo circulante menor que passivo circulante).
Bartlet (apud GITMAN, 2003, p. 110) nos ensina que um índice de liquidez corrente
de 2,0 é tido ocasionalmente como aceitável, lembrando que essa aceitabilidade
depende da indústria na qual a empresa opera.
Já para Marion (1998, p. 456), o índice de liquidez corrente (ou liquidez comum)
mostra a capacidade de pagamento da empresa a curto prazo. Ele, entretanto, alerta
para dois aspectos limitativos:
liquidez;
Há, entretanto, um atenuante que funciona como aspecto conservador neste índice.
Trata-se da avaliação dos estoques, a custos históricos, abaixo, portanto, do valor
de mercado (valor de venda).
Assaf Neto (2003) registra que os estoques, apesar de serem classificados como
itens circulantes (curto prazo), nem sempre se tornam líquidos na mesma velocidade
das demais contas do grupo. “Sua realização é, na maioria das vezes, mais
demorada e difícil que a dos demais elementos que compõe o ativo circulante”.
(ASSAF NETO, 2003, p.107). A fórmula mais usualmente empregada para calcular
este índice é a seguinte:
Ativo circulante - Estoques
Liquidez Seca =
Passivo Circulante
O índice mostra-nos o quanto das dívidas de curto prazo que deverá ser resgatado
pelos ativos circulantes de maior liquidez. Gitman (2003) também recomenda essa
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mesma fórmula para calcular o índice de liquidez seca. Para Iudícibus (1998), esse
índice é adequado para avaliar conservadoramente a situação de liquidez da
empresa. Ele diz que a eliminação dos estoques corresponde à conseqüente
eliminação de uma fonte de incerteza.
É desejável que o índice de liquidez seco seja igual ou maior que 1,0. Entretanto, o
valor aceitável depende muito do padrão do setor. Deve-se considerar, também, que
o índice de liquidez seca é mais relevante como medida da liquidez quando os
estoques da empresa não são facilmente convertidos em caixa. Quando os estoques
são líquidos, o índice de liquidez corrente será a medida mais indicada.
Iudícibus (1998) por seu turno, atesta que o quociente de liquidez geral detecta a
saúde financeira de longo prazo do negócio. Ele também concorda que o problema
dos prazos torna mais pobre o sentido e a utilidade do quociente, a não ser que seja
explicitamente levado em sua devida conta.
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Exigível total
Índice de endividamento geral =
Ativo total
A outra face da moeda reside no fato de que a empresa, ao adotar uma política de
elevada participação de Capital de Terceiros, pode tornar-se dependente e
vulnerável a qualquer contratempo.
Segundo Assaf Neto (2003), os ativos, via de regra, incorporam todos os bens e
direitos mantidos por uma empresa. Já os investimentos equivalem apenas aos
recursos deliberadamente levantados pela empresa e aplicados em seus negócios.
O cálculo do ROI é determinado pela expressão:
Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE do inglês Return on Equity) é uma relação
entre o lucro líquido e o patrimônio líquido que é utilizada para “expressar os
resultados globais auferidos pela gerência na gestão de recursos próprios e de
terceiro, em benefício dos acionistas” (Iudícibus, 1998, p. 116). E avaliado pela
fórmula:
Lucro Líquido
Retorno sobre o
Patrimônio Líquido =
Patrimônio Líquido
O Retorno sobre Ativos (ROA do inglês Return on Assets) indica quanta a
empresa obtêm de lucro operacional para cada R$ 100,00 (cem reais) investido. É
medido pela fórmula:
Lucro Operacional
Retorno sobre o Ativo =
Ativo
Indica quantas vezes por ano o caixa de uma empresa gira. É calculado dividindo-se
as receita líquida de vendas pelo ativo total da empresa. Quanto maior o indicador,
mais eficiente é a empresa na gestão do seu caixa e vice-versa.
De acordo com Sardinha (2003, p. 13) “o Giro de Caixa é definido como relação
entre as despesas que acarretam desembolso com os valores médios de Caixa”.
Para ele, uma eventual dificuldade em obter o valor das despesas que acarretam
desembolso, pode ser computada através da relação entre a Receita com valores
médios de Caixa. Essa equação pode ser expressa por:
Sardinha (2003) atesta que uma das grandes vantagens em conhecer o Giro de
Caixa dos concorrentes é determinar quantos dias em média pode–se pagar as
contas se receber $1 de receita. Além disso, compreender, ao analisar o Giro de
Caixa de uma indústria permite fazer um “benchmarking” com a nossa empresa.
Este indicador mede a velocidade com que a empresa é capaz de girar seus
estoques durante um ano. O indicador é calculado como sendo o quociente entre o
custo de mercadorias vendidas e o valor do estoque médio da empresa.
O gestor do negócio passa por um trade-off: mais estoque significa GIRO baixo e
investimento mais elevado. Girar o estoque a níveis elevados mostra eficiência, mas
corre o risco de perder vendas porque o consumidor compra no concorrente.
Assim sendo, o Giro de Estoque é definido como a relação entre o Custo das
Mercadorias Vendidas (ou Custo dos Produtos Vendidos) com o valor investido na
conta Estoque. Quando fazemos análise de empresas, principalmente, as empresas
concorrentes, não sabemos o valor investido na conta Estoque; uma forma de se
aproximar desse valor é utilizar os valores médios de Estoque. Dessa forma, a
expressão matemática pode ser:
Ao invés de:
Giro de Estoque = Custo das Mercadorias Vendidas/Investimento na conta
Estoque
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Trata-se de uma relação entre o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) com o
valor médio dos fornecedores e é medido pela fórmula:
Giro de fornecedores = CMV / Financiamento de fornecedores.
Esse indicador nos permite calcular o valor que podemos obter de financiamento dos
fornecedores e é, por esse caminho, uma importante ferramenta de projeção para
avaliar desempenho futuro.
3 REFERENCIAL PRÁTICO
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Para efeito deste estudo, vai-se analisar as demonstrações contábeis das três
grandes empresas do setor alimentício que operam no segmento de carnes frias
(Perdigão, Seara e Sadia) e avaliar o desempenho recente dessas empresas à luz
dos indicadores.
3.1.1 Perdigão
Sua receita vem crescendo ao longo dos últimos três anos, alcançando, em 2003, a
marca de R$ 4,37 bilhões (Receita Bruta), obtidas da produção, abate e
comercialização de aves e suínos e no processamento de produtos industrializados,
elaborados e congelados de carne, além dos segmentos de massas prontas, tortas,
pizzas, folhados e vegetais congelados. Sua capacidade instalada é de abater 9
milhões de cabeças de aves/semana e 64 mil cabeças de suínos/semana e
frigorificar 570 mil toneladas de carne de aves por ano e 450 mil toneladas de carnes
de suínos/ano.
15.000.000,00
10.000.000,00
Empresas
5.000.000,00
Perdigão
-
2001 2002 2003
3.1.2 Seara
10.000.000,00
Empresas
5.000.000,00 Perdigão
-
2001 2002 2003
Gráfico 2 – Comparação do faturamento bruto da Seara com o faturamento bruto consolidado das
empresas analisadas
3.1.3 Sadia
20.000.000,00
15.000.000,00
10.000.000,00 Empresas
5.000.000,00 Perdigão
-
2001 2002 2003
61,6%
74,7% 72,2% 69,5%
38,4%
25,3% 27,8% 30,5%
Imobilização Permanente
75,31%
66,42%
74,30%
69,32%
67,71%
50,93%
49,28%
49,81%
43,03%
Composição do Endividamento
78,7%
71,5%
52,6% 53,0%
49,9%
49,3%
No exercício de 2001, verificamos que a maior parte dos recursos foi mantida no
capital de giro das empresas. Em termos médios, o Ativo Circulante representou
cerca de 44,1% dos recursos enquanto o Permanente absorveu 41,1% dos recursos
captados. Apenas 14,8% foram utilizados para financiar as atividades de longo
prazo. Das empresas analisadas, a Seara foi aquela que operou com maior prazo
médio nas suas vendas, como veremos adiante (cálculo dos indicadores de giro).
17
29,9%
40,3% 46,2% 41,1%
27,9%
16,6% 8,1% 14,8%
Em 2003, vamos verificar uma certa similaridade com o exercício anterior, ou seja,
as empresas analisadas mantiveram parâmetros parecidos com aqueles observados
em 2002, conforme pode ser observado no gráfico seguinte.
18
3.4.2 Liquidez
1,59
1,50
1,38
1,26
1,12
1,07
1,14
1,06
1,03
1,13
0,93 0,95
0,73
0,66 0,65
Ainda que desperte algum tipo de alerta, a apresentação negativa desse indicador
não é motivo de maior preocupação se levarmos e conta que as empresas estão
gerando resultados positivos e que, ao longo do tempo, tais resultados irão se
incorporar às fontes de capital de giro revertendo à falta de liquidez prenunciada.
0,95 0,94
0,94
0,89
0,87
0,86
0,83
3.4.3 Rentabilidade
73,26%
73,95%
76,54%
72,12%
73,92%
71,05%
67,12%
68,85%
19,33%
15,18%
17,93%
14,54%
12,93%
11,89%
11,01%
8,63%
Quando avaliamos o Retorno sobre Investimentos – ROI, medido pela relação entre
Lucro Operacional sobre Permanente, constatamos a eficiência das operações que
constituem a atividade-fim das empresas.
ROI
36,84%
35,66%
27,58%
24,87%
23,88%
20,08%
16,77%
14,99%
0,25%
Seara Perdigão Sadia
Gráfico 17 - ROI
ROA
11,73%
10,66%
10,03%
9,28%
7,77%
7,28%
5,33%
4,76%
0,08%
Gráfico 18 – ROA
ROE
30,26%
27,61%
25,01%
22,71%
21,16%
18,69%
18,06%
16,19%
1,22%
Seara Perdigão Sadia
Gráfico 19 – ROE
Essa discrepância se deve ao fato de que a Seara opera com baixo volume de
disponibilidades enquanto as demais empresas operam com recursos no Caixa ou
aplicados no mercado financeiro.
Giro de Caixa
112
102
76
60 61
27
5 5 7
Giro de Estoque
104
102
87 87
79 82 85
70 76
116
84 90
69 78
64
48
45
32
Em 2002, o ciclo operacional das empresas foi elevado. Na Seara, o número de dias
subiu para 166, na Perdigão para 147 dias e na Sadia para 173 dias. Em 2003
apenas a Seara elevou seu ciclo operacional, atingindo 203 dias. A Perdigão reduziu
esse prazo para 119 dias e a Sadia para 163 dias.
Giro de Fornecedores
124
48 42
33 36 30 36
23 23
Em 2001 o ciclo de caixa das empresas analisadas foi de 38 dias para a Seara, 84
dias para a Perdigão e 109 dias para a Sadia. Em 2002 esses números foram
alterados, respectivamente, para 143 dias, para 99 dias e para 143 dias. Já em
2003, o ciclo de caixa da Seara foi de 87 dias, da Perdigão de 87 dias e da Sadia de
85, revelando novamente um padrão para esse tipo de empresa.
4 CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanço. 5. ed. São Paulo. Atlas,
2000.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de balanços. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1998.