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A PUNÇÃO PARA

COLETA DE LÍQUOR

contexto atual
I Simpósio Virtual de LCR
Academia Brasileira de Neurologia DC de Líquido Cefalorraquidiano

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


A PUNÇÃO PARA
COLETA DE LÍQUOR

contexto atual
I Simpósio Virtual de LCR
Academia Brasileira de Neurologia DC de Líquido Cefalorraquidiano

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


A punção para coleta de LCR

 princípios básicos:
 o incômodo da punção deve ser mínimo
 os riscos têm que ser praticamente nulos
 as complicações pós-punção devem ser raras e leves

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


A punção para coleta de LCR

 princípios básicos:
 o incômodo da punção deve ser mínimo
 os riscos têm que ser praticamente nulos
 as complicações pós-punção devem ser raras e leves

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Incômodo mínimo:

 consentimento informado

 boa relação médico-paciente

 presença de acompanhante

 ambiente descontraído

 uso liberal de analgesia

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Coleta:
vencer o preconceito
 explicar claramente ao paciente (e acompanhante)
os dados importantes sobre o exame (mesmo que o paciente
já tenha assinado o Termo de Consentimento)

 explicar claramente quais os riscos da punção


(sem isso não há relação médico-paciente verdadeira)

 permitir que o acompanhante fique na sala durante a punção

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Coleta: a dor

 EMLA (anestesia local percutânea) quando? em quem?


 botão anestésico: quando? em quem?
 se o médico diz ao paciente que a picada da anestesia
local dói tanto quanto a punção, então não
“compensa”,
 ele acredita realmente nisso?!!!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Coleta: a dor

 EMLA é feita sobretudo em crianças (o problema é a demora para agir)

 botão anestésico é feito por alguns em praticamente todos os


doentes
 botão anestésico é feito por outros em doentes com dor local
ou radicular, com problemas osteoarticulares de coluna ou
com neoplasias
 pacientes submetidos a punções repetidas referem que
praticamente não há dor em comparação com as punções
feitas sem botão anestésico

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


A punção para coleta de LCR

 princípios básicos:
 o incômodo da punção deve ser mínimo
 os riscos têm que ser praticamente nulos
 as complicações pós-punção devem ser raras e leves

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Coleta: a recomendação do
DC de LCR da ABN

Puccioni-Sholer M, Machado LR, Canuto R, Takayanagui OM,


Almeida SM, Livramento JA.

Coleta do líquido cefalorraquidiano, termo de consentimento livre e


esclarecido e aspectos éticos em pesquisa: recomendações do
Departamento Científico de LCR da Academia Brasileira de Neurologia.

Arq Neuro-Psiquiatr 2002; 60: 681-684

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Coleta: punção cisternal

 escolha excepcional:
 as variações anatômicas normais
 as alterações não diagnosticadas na transição occipito-cervical
 as novas agulhas descartáveis
 o risco desproporcionalmente elevado,
ainda que os acidentes possam ser raros

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Coleta: punção cisternal

 mesmo com a recomendação do DC de LCR da ABN


ainda se faz a punção cisternal? quando?

 quando indicada a punção cisternal, usa-se


agulha descartável? de que calibre (21G, 22G, 23G, 25G)?

 será que os riscos não estão sendo superestimados?


(até há poucos anos só se fazia punção cisternal!!!)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Coleta: punção cisternal

 por quê a Academia Americana de Neurologia,


em 1999 e a Academia Brasileira de Neurologia,
em 2002 recomendam a enorme restrição à
punção cisternal?

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Punção cisternal

punção cisternal

Rhoton AL. The posterior fossa cisterns. Neurosurgery 47 (suppl) 2000

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Punção cisternal: PICA

9,5% das PICA examinadas faziam alça dentro da cisterna magna

Rhoton AL. The cerebellar arteries. Neurosurgery 47 (suppl) 2000

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Punção cisternal: PICA

margem superior da
cisterna magna
PICA

Rhoton AL. The cerebellar arteries. Neurosurgery 47 (suppl) 2000

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Punção cisternal

 PRA, 48 anos, branca, administradora, SP


 cefaléia crônica, de tipo vascular,
 rebelde a tratamento clínico
 piora da cefaléia há 2 dias

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Paciente com enxaqueca
rebelde a tratamento clínico

Cortesia: Dr. Félix H. Pahl

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Aneurisma da PICA “boiando”
na cisterna magna

Paciente com enxaqueca


rebelde a tratamento clínico

Cortesia: Dr. Félix H. Pahl

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Aneurisma da PICA “boiando”
na cisterna magna

PICA

Cortesia: Dr. Félix H. Pahl


Rhoton AL. The cerebellar arteries. Neurosurgery 47 (suppl) 2000

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Cortesia: Dr. Félix H. Pahl

Paciente com enxaqueca


rebelde a tratamento clínico

 o que você acha que poderia ter acontecido se a paciente


tivesse sido submetida a punção cisternal?

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Coleta: punção lombar

 as restrições à punção cisternal certamente


tornam o exame de LCR uma opção muito menos
atraente como método diagnóstico em doenças do
sistema nervoso devido:

 à maior dificuldade técnica, sobretudo em pessoas idosas,


em obesos e quando há processos degenerativos de coluna

 por causa das complicações pós-punção

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Punção
lombar

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Coleta: punção lombar

 o que fazer para minimizar ou mesmo anular as


desvantagens da punção lombar:
 uso rotineiro a punção lombar: maior experiência e
aprimoramento técnico
 punção lombar paramediana em idosos e em
pacientes com problemas de coluna
 indicação mais liberal de botão anestésico (lidocaína 2%):
após um insucesso na punção, a chance de sucesso na(s)
punção(ões) seguinte(s) é muito pequena

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


A punção para coleta de LCR

 princípios básicos:
 o incômodo da punção deve ser mínimo
 os riscos têm que ser praticamente nulos
 as complicações pós-punção devem ser raras e leves

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


PL: complicações
Marra, 2002

 cefaléia – 30%
 lombalgia – 35%
 parestesias transitórias – 15%
 parestesias definitivas – 0,2%
 paresia de nervos cranianos – 0,02%

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


PL: complicações
Vilming, 2001

 cefaléia
 náuseas
 vômitos
 zumbido no ouvido

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Cefaléia pós-punção:
 bilateral headaches that develop within 7 days after an
lumbar puncture and disappears within 14 days.

 the headache worsens within 15 min of resuming the


upright
position, disappears or improves within 30 min of resuming
the recumbent position”.

 this definition helps to avoid confusion with migraine or


simple headache after lumbar puncture.

Headache Classification Committee of the International Headache Society

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


CPP: fisiopatologia
 não há evidência qto aos mecanismos envolvidos
 hipótese mais aceita: hipotensão do LCR
 primeira fase (24h): tração de estruturas
 segunda fase: diminuição do volume de LCR
ativaria os receptores de adenosina, que deflagram
a vasodilatação (cefaléia do tipo vascular)

Ahmed SV, Jayawarna C, Jude E. Post lumbar puncture headache: diagnosis and management.
Postgraduate Med J 2006; 82: 713-716

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


CPP: características

 início nas primeiras 48h após a punção (89%)


 duração: mediana de 6 dias
 característica postural nítida
 dor em peso, forte, occipital ou frontal (ou ambas)
 irradiação para o pescoço e para os ombros
 rigidez de nuca discreta (rara)
 piora com movimentos da cabeça, tosse, espirro

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


CPP: zumbido x cefaléia

 não há relação com a intensidade da cefaléia

 há relação com a duração da cefaléia

 pode persistir depois da melhora da cefaléia

 é pior em pessoas altas

 drenagem de líquido perilinfático para o ESA?


(através do aqueduto coclear pérvio em 50% dos adultos)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Punção lombar: complicações
 cefaléia é uma ocorrência rara em crianças com menos
de 10 anos. Entretanto, muitas vezes há uma queixa de
dores em MMII, muito intensa, que obriga a criança a ficar
em repouso. Essa ocorrência costuma preocupar os pais e os
pediatras:
 fica a suspeita de imperícia do profissional, sobretudo quando a
punção foi difícil;
 entretanto, mesmo quando a punção é muito fácil e “de primeira”, as
dores radiculares podem ser intensas e bilaterais.
 embora não haja literatura a respeito, o mecanismo mais provável é a
aderência das meninges aos nervos da cauda eqüina, secundária à
hipotensão do LCR. As meninges, muito finas nessa fase da vida,
aderem aos nervos como se fossem um filme plástico para preservar
alimentos.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


PL: hematoma subdural

 14 casos descritos
 mortalidade 4/14
 uso de agulhas 16-20G
 suspeita: cefaléia intensa com mais de 72h

Newrick P, Read D. BMJ 1982; 285: 341-342

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


PL: hematoma epidural

 é referido pelo DC de LCR da ABN um caso de


hematoma epidural
 paciente idosa em uso de anti-agregantes plaquetários
 desenvolveu paraparesia grave que regrediu
espontâneamente após 72 horas
 foi usada agulha 22G, sem acidente de punção

DC de LCR da ABN – I Simpósio Virtual de LCR

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


CPP: evidência de imagem

 espessamento da dura-máter (diagnósticos


diferenciais: carcinomatose meníngea, linfomas, sarcoidose)

 realce meníngeo (RM)


 colabamento das cisternas da base
 descida das amígdalas cerebelares
 alterações restritas a casos graves

Ahmed SV, Jayawarna C, Jude E. Post lumbar puncture headache: diagnosis and management.
Postgraduate Med J 2006; 82: 713-716

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


CPP: têm influência

 calibre da agulha
 direção do bisel
 reintrodução do mandril
 desenho da agulha
 número de tentativas

Ahmed SV, Jayawarna C, Jude E. Post lumbar puncture headache: diagnosis and management.
Postgraduate Med J 2006; 82: 713-716

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


LCR: tipos de agulha

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


CPP: não influenciam

 manometria
 volume retirado
 posição da punção
 repouso após a punção
 hidratação
 alterações encontradas à análise

Ahmed SV, Jayawarna C, Jude E. Post lumbar puncture headache: diagnosis and management.
Postgraduate Med J 2006; 82: 713-716

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Calibre da agulha x CPP

 16-19 G 70%

 20-22 G 40%

 24-27 G 12%

Ahmed SV, Jayawarna C, Jude E. Post lumbar puncture headache: diagnosis and management.
Postgraduate Med J 2006; 82: 713-716

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Calibre da agulha x CPP

 21 G 35-40%

 22 G 18-20%

 23 G 8-10%

 25 G 3-5%

 25 G PL 0,3-0,8%

Dados não publicados – Laboratório de Neurodiagnóstico Spina França – São Paulo

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Coleta: as agulhas

 o que fazer para minimizar ou mesmo anular as


complicações da punção lombar:

 preferência à utilização de agulhas finas (25G), com ou sem


agulha-guia (agulha de punção venosa 21G), dependendo
do paciente
 agulhas 23G apenas em idosos ou em obesos
 uso de agulhas atraumáticas 25G em grupos de risco

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Cefaléia: o que fazer?

 controlar a vasodilatação (tratar a dor)

 minimizar a perda de LCR

 fechar a lesão da agulha na meninge

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


CPP: minimizar perdas

 repouso absoluto por 48 h

 decúbito lateral ou ventral

 tração mínima de estruturas

 pressão mínima da coluna de LCR


sobre o ponto de introdução da agulha

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Tratar a dor (vasodilatação)

 cafeína: 500 mg EV (melhora em 75%)


 repetição da dose em 1 hora (melhora em 85%)
 cafeína VO (100 mg 3x/dia)
 aminofilina (100mg 3x/dia)
 cinta abdominal (melhora de até 80%)
 acupuntura

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Fechar a lesão na meninge
 blood-patch no espaço peridural

 15-20 mL de sangue autólogo (ou dextran-40)

 sucesso em 70-98%

 nunca antes de 24h

 pode ser repetido em 1 a 2 dias

 efeito imediato (bloqueio venoso?)

 morbidade não estudada adequadamente

 contraindicações: febre, dist. coagulação, infecções

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Injeção intratecal (1)

 em situações específicas podem ser injetados antibióticos


e radiofármacos

 ocasionalmente pode haver irritação radicular importante,


que costuma remitir espontâneamente

 um dos membros do DC refere um caso de meningite


química (sem necessidade de tratamento)
e um caso de dispnéia e mal-estar generalizado após IIT
(tratados com dexametasona IV e decúbito elevado)

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


Injeção intratecal (2)
 é preconizado, em alguns serviços de LCR, que o paciente
permaneça em repouso ambulatorial pelo período mínimo de uma
hora, de preferência em decúbito lateral, após a ITT

 justificativa: uma hora é o período aproximado que a


medicação leva para fazer a “varredura” do sistema
LCR, com o paciente em decúbito.

 levantar-se antes desse período poderia implicar em perda


da medicação injetada para o espaço peridural pelo orifício
aberto na meninge pela penetração da agulha.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010


I Simpósio Virtual de LCR
Departamento Científico de LCR
Academia Brasileira de Neurologia
2008

 Coordenador: Luís dos Ramos Machado


 Vice-Coordenador: José Antonio Livramento
 Secretário: Hélio Rodrigues Gomes

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

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