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PSICOLOGIA – 9º SEMESTRE

Aglaya Pinheiro
José Lamartine
Rogéria Matos
Vivian Gonzalez
Viviane Ferreira

Estudo Dirigido do prefácio escrito por Jurandir Freire Costa no


Livro “Indivíduo, trabalho e sofrimento: uma abordagem
interdisciplinar” de Wanderley Codo e outros.

Salvador/BA
Outubro de 2010
Questões

1 - Costa critica a atribuição de um caráter biologista á psicanálise,


como e porque contrapor a opinião dos outros autores do livro quando se trata
da relação do sujeito com o trabalho?
RESPOSTA:
O autor começa questionando “onde está a psicologia marxista?” Afirma que
nada ou quase nada tem sido escrito ou dito sobre o tema e analisa algumas
hipóteses do porque isso está acontecendo:
1) O meio universitário tornou-se, por uma outra razão, mais conservador,
política ou teoricamente.
2) O refluxo do pensamento marxista dever-se-ia ao desinteresse deste
pensamento pela questão ou por sua incapacidade de competir com teorias
concorrentes.
3) O imaginário acadêmico estaria saturado ou monopolizado por uma
avalanche sem precedentes de formulações estruturalistas, formalistas ou idealistas
de estudos sobre o indivíduo e a subjetividade, que deixariam pouca margem de
manobra ao pensamento psicológico marxista.
O autor afirma que “não se pensa, aqui, retomar o freudo-marxismo” Costa
(1993, p 9). Mas pretende ir direto a Marx e tocar o coração do edifício marxista: o
trabalho.
Segundo o autor “a tensão intelectual entre as disciplinas, para ser fértil, deve
previamente dissipar mal-entendidos” (COSTA, 1993, p 14).
Neste caso, COSTA (1993) acredita que os autores se equivocam ao atribuir
um caráter “biologista” à psicanálise e da concepção freudiana do indivíduo. Muito
mais fruto de leitura parcial dos textos freudianos, especialmente no que se refere à
animalidade da sexualidade freudiana.
Costa afirma que contraporia a esta interpretação “biologista” da psicanálise
uma outra, em que “a sexualidade psicanalítica tenha sido fundada na negação da
dimensão instintiva do homem”. Isso porque a sexualidade humana é um produto da
“hominização cultural” e que o sujeito está “sujeito” a escolhas sexuais arbitrárias e
não instintivamente determinadas como disse Freud (COSTA, 1993).
Segundo no autor a “psicanálise não é uma ontologia do indivíduo ou do
inconsciente, embora possa concordar com os autores que isto nem sempre fica
explícito em Freud, como em muitos de seus seguidores” (COSTA, 1993, p15).
Seguindo a linha das controvérsias, agora a respeito da linguagem, Costa
(1993) ilustra que a mesma
“...é tão velha como a consciência, a linguagem é a consciência prática, a
consciência real que existe também para os outros homens, e que,
portanto, começa a existir também para mim mesmo; a linguagem nasce,
como a consciência, da necessidade, como um produto da relação com os
outros homens” (COSTA, 1993, p. 15).

Em outro trecho surge a contraposição em que a limguagem é um


instrumento de trabalho, e portanto:
“A linguagem – originalmente seu desenvolvimento se identifica como o
dos instrumentos de trabalho, modo de intervenção no outro, por isso, do
outro em mim – conforma o homem à imagem e semelhança dos seus
pares”. (COSTA, 1993, p. 16)

A controversa interpretação dos textos de Freud continua. Segundo Costa


(1993, p 17), autores teriam afirmado que “a sublimação é produto da alienação no
trabalho, porquanto significa sexualização daquilo que deveria ser apenas vivido
como “satisfação emocional afetiva”, no trabalho”. Já Freud, em muitos momentos
de sua obra, entendeu a sublimação como produto da dessexualização da libido.
Em outras passagem, o autor afirma que, a “satisfação emocional afetiva no
trabalho é o que, em psicanálise, compreende-se como sublimação” (COSTA, 1993,
p. 18).
2 - Como a reflexão sobre a linguagem pode influenciar a leitura da
relação do sujeito com o trabalho?
RESPOSTA:
Quando tratamos à questão da linguagem, não pode ser descartada que: “a
linguagem é tão velha como a consciência, a linguagem é a consciência prática, a
consciência real que existe também para os outros homens, e que, portanto, começa
a existir também para mim mesmo; a linguagem nasce, como a consciência, da
necessidade, como um produto da relação com os outros homens”. Por outro lado,
volta-se a dizer: “a linguagem – originalmente seu desenvolvimento se identifica
como o dos instrumentos de trabalho, modo de intervenção no outro, por isso, do
outro em mim – conforma o homem á imagem e semelhança dos seus pares”. A
estas proposições genéricas sobre a linguagem, existem exemplos de usos de
frases ou expressões. Ao que é tratado sobre trabalho, mas não de forma genérica,
e sim na exemplaridade do caso clínico, existem dois tópicos importantes, nos quais
apontam questões de grande atenção: A primeira, concerne ás relações entre
trabalho e sublimação. Em certo trecho do capítulo abordado, é afirmada a seguinte
questão: “Como regra geral, e exatamente ao contrário do que Freud dizia, não se
trata de o envolvimento no trabalho significar uma sublimação de necessidades
sexuais mal satisfeitas, mas sim da impossibilidade de satisfação emocional afetiva
no trabalho, inventar uma sexualidade onipresente, convertida, em única forma de
expressão de si”. Se pararmos para ouvir dois tipos de trabalhadores, um
burocrático e o outro (uma raridade talvez), apaixonado pelo seu trabalho, são
perceptíveis diferenças sobre a visão e sentimentos de cada um em relação ao
trabalho.
Basta ouvir um trabalhador burocrático típico e suas insatisfações, o papel
onisciente que empresta ao sexo, e depois ouvir um destes raros trabalhadores que
têm a chance de se apaixonar pelo trabalho, como um artista plástico, por exemplo,
e perceber como ali a sexualidade não é mais do que forma de encontro.
O trabalho, quanto mais vazio, mais constrói a teoria da pensexualidade,
ressuscita Freud com o auxílio dos psicólogos e psiquiatras, que como Taylor e Ford
não sabem enxergar o trabalho como ato humano, além e acima da mercadoria da
alienação.
3 - O autor do texto aponta distinções entre trabalho alienado x trabalho
não alienado; alienação social x alienação individual. Qual a contribuição do
entendimento dessas noções para o estudo da subjetividade do trabalho?
RESPOSTA:
Costa diz que, postulando a distinção entre trabalho alienado e não alienado,
os autores imputam ao primeiro a carga de portar a sexualidade sublimada de
Freud. A sublimação é produto da alienação do trabalho, porquanto significa
sexualização daquilo que deveria ser apenas vivido como “satisfação emocional
afetiva”, no trabalho. Ora, ao contrario do que foi afirmado, Freud, em muitos
momentos de sua obra, entendeu a sublimação como produto da dessexualização
da libido. (COSTA, 1993)
Segundo o autor, o que no estudo é chamado de “satisfação emocional
afetiva no trabalho” é o que, em psicanálise, compreende-se como sublimação. Não
é a natureza do trabalho que define quais investimentos sexuais serão sublimados
ou compulsivamente neuróticos. É a forma como a sexualidade, obedecendo às
injunções das instâncias ideais e contornando a resistência do narcisismo egóico,
investe certos objetos culturais, que caracteriza o processo sublimatório. (COSTA,
1993)
Costa ressalta que os autores levantam um problema sério, tanto para a
psicanálise quanto para o marxismo, quando trazem a situação do trabalho do céu
das idéias para a vida social concreta. A psicanálise, teórico-metodologicamente,
consegue separar, mesmo através de mediações conceituais complexas,
desalienação social e desalienação individual, no marxismo esta linha divisória é
extremamente difícil de ser pensada.
O trabalho pode ter repercussões danosas para o trabalhador e para a
empresa, na medida em que a prescrição é realizada de forma a não considerarem
a inventividade dos humanos. Ele nunca é neutro em relação aos processos de
subjetivação, que com seus sobrevôos regulatórios podem produzir formas de
subjetividade que fazem a vida minguar.
O foco desloca-se para as mudanças na forma como é organizado o processo
de trabalho, quando perseguimos formas de subjetividades aliançadas com o
movimento inventivo da vida.
O trabalho como atividade se desenvolve nos processos produtivos e nesse
movimento produzem modos de subjetivação.
Costa afirma que só pode entender como o caso citado no texto foi resolvido,
supondo que o aparelho conceitual psicanalítico agiu à revelia da consciência dos
autores.
REFERENCIA

COSTA: Jurandir Freire. PREFÁCIO. In: CODO, Wanderley; SAMPAIO, José


Jackson Coelho e HITOMI, Alberto Haruyoshi. Indivíduo, trabalho e sofrimento:
uma abordagem interdisciplinar. Petrópolis/RJ: Vozes, 1993, p. 9-22.

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