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CONTEXTO wwzcLAuoto [AMERISESPOLIDORO ‘entzce Dreioape fentadoe Advoged tant, CONSILIUM FRAUDIS EASUMULAN? 375 DO ST! “Uma nova redacao a stimula referida seria suficiente a colocar pa de cal ao tema, dispensando-se 0 registro da penhora, que é extremamente gravoso ao executado € exequente, para o fim de salvaguarda do direito de arguicao da consilium fraudis.” mor LUIZ CLAUDIO AMERISE SPOLIDORO ‘ano de 1995 escrevi a respeito da Stimula Vinculante!, expondo de forma breve a sua necessidade ou o mal necesséirlo. Naquela £poca, ofudicidrio jase mostravaem deci io, fosse pela falta de elemento humanoadar conta, do elevado nuimero de processas, fosse pelo fato de que os Tribunais desenvolviam a esquisita arte de policromizar os seus julgamentos, abrindo, desta ‘maneira, uma imensa frente no guerreamento dos entendimentos entee Turmas julgadoras, Isso permitiu a aventura de advogados a ingtes- sarem em juizo com medidas e agdes que ja sabiam hhatimortas, sempre escudados na esperanca que ‘elas poderiam ser examinadas por alguma Camara ou Turma Julgadora que, mesmo remotamente, adotasse a interpretagao do diteito como esposada por uma das partes na aca, Esse esfumagamento ‘rouxe ao Judictario graves e sérias consequéncias, poisse tivessem os Tribunais Estacluais eos Superio- resadotado parametros a nstituiros limites de acao deseus jurisdicionados, ecom isso a entrega da evi- doncia da seguranca juridica, certamente, hoje nao se estaria a conferir ao Supremo Tribunal Federal cetro do futuro jurdico de nosso pais. Para tentar retomar o rumo, a Corte Espe do ST) aprovou a Suimula n° 375, cujo texto deter- ‘mina que o reconhecimento da fraude de execucao depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de mé-f6 do terceiro adquirente. Ei-lo: © reconhecimento da fraude de execusdo depende do registro da penhora do bem alienado da prova de mé-fé do terceto adquirent. Um dos precedentes aplicados pela Corte para embasar a apravacao da referida Stimula foi 0 Recuirso Especial ne 739.388-MG. Acompanhando voto do Relator, Ministro LUIZ FUX, a Primeira Turma concluiu que o registro da penhora no car \6tio imobilidrio é requisito para a configuracao da 'mé-f6 dos novos adquirentes do bem penhorado, porquanto presume o conhecimento da constrigao em relacao a terceiros por meio da sua publicidade. A nova Suimula consolidou a posicao jurispra dencial no sentido de ser imprescindivel o registro da penhora do bem alienado ou a prova de ma:fé ‘aly REVISTAJURIDEA CONSULEX -ANO HIN’ 328-15 DE SETEMBRO/2010 do terceiro adquirente para o reconhecimento da fraude a execucao, Entrementes, nos tltimos anos, ‘ orientacao jurisprudencial ditada pelo ST] era no sentido de exight como requisito para a configura- ‘a0 da fraude a demonstracao de que o adquirente ‘conhecia (ou devia conhecer) a ado que pudesse ‘gerar a insolvéncia do devedor alienante, presin ‘¢80, que antes era absoluta a favor do eredor, pas: sava a ser relativa a favor do adquivente. No final de fevereiro de 2008, a Terceira Turma «do Superior Tribunal de lustia, ao interpretar o art. 593,11, do CPC, mudiau seu entendimento sobre o ‘nus da prova da (injocorréncia de fraude a exe- ceugo, decidindo 0 tema sob nove angulo, hoje pre~ dominante naquela Corte, verbis: Com a alienagio ou oneracio do bem, ni ficou @ devedor reduzidoainsolvéncia de qualauer outro fata passive deiliira presuncao de aude a execu, ds: ‘posta no ar 593, dO inclusiveaimpossibiidade deterconhecimento da existencia da demand contra © proprietirio do bem no momento da lavratura da escritura de venda e compra. (Revista dos Tribunals, v.33, 161, p. 239-242, jul 2008) Aluz da Lei n° 7433/85 e 0 seu respective Decreto 93,.240/86, aexlgencia de apresentacao da certidaa de feltos ajuizados ¢ regulaca por norma cogent, ula aplicagao & compulséria e nao pode ser mi sgada pela vontade das partes, identicamente pela donotério, culminando asua inobservancia na nuli dade do ato praticado, independente da exisiéncia de prejuizo para as partes ou terceiros, ou senso isso, conformeentendimento da Fonte Cultural, em Fraude a Execueao, Porém, conforme ensinanga da Ministra NANCY ANDRIGHI, do SIJ, hd enfoque interessante ede evi dencia no quanto diz respeito a0 fato de que aquele ‘que estd adquirindo um imével deve adotar os cui dads minimos a garantir a sua aquisigao e de nao ‘comprometimento da sua boa-fé. Além disso, hl a ‘obrigaedo, quando da lavratura da escritura ou mesma ddasubscrigao do instrumento particular, dese obter do vendedor as certdoes de praxe (cartérios de protestos, dlistibuidores cives, tributosetaxas), Por conseguit bom se faz a transcrigao de partedo v. Acérdo, verbis: (.) Todavia, meditando melhor sobre @ questio e, prin palmente, considerando que esse entendimento acaba por privileglarafrauce & execucBo por torné-la mais dificil de ser provada, a Minista Relators diverge do entendimento acima transcito quanto a questo relativa a0 Onus da prova sobre a ciéncia pelo tercero adquirente da demanda em curso ou da constisgo. sso porque o incso Il do art. 593 do CPC estabe lece uma presuncio elativa da fraude que beneficia oautor ou lexequente. Portanto, em se tratando de presungdo, ¢da parte Contrria 0 6nus da prova da inocorréncia dos pressupostos da fraude de execucao (CPC, att. 334, V1, porque a pessoa a {quema presungao desfavorece suportac énus de demonstrar © contrario, ndependentemente de sua posig3o processual, nada importando 0 fato de ser autor ou réu. Caberd 20 ter ceiro adquirente, através dos embargos de terceiro (art. 1.046 55. do CPC), prevar que, com a alienacio ou oneragao, néo ficou o devedor reduzido & insolvéncia, ou demonstrat qual- {quer outra causa passivel de id a presuncao de fraude dis- posta no art 593, do CPC, inclusive a impossibiidade de ter Conhecimento de existéncia da demanda. De fato,impossivel desconhecer-se 2 publicidade do processo gerada pelo seu registo e pela cistrbuigdo da peticdo incl (CPC arts. 251 263), no caso de venda de imével de pessoa demandada judh cialmente, ainda que nao registrada a penhora ou mesmo a citag0.A partir ds vigéncia da Lein°7 433/85, paraalavratura da escritura publica relative a imével, 0 tabeli3o obrigatora ‘mente consigna na ato natarlala apresentagio do documento comprobatério dos fetos ajuizados. Nao écrvel que a pessoa {que adquire im6vel (ou 0 recebe em dagdo em pagemento) desconheca a existéncia da a¢Bo distibuida (ov da penhora) ‘em name do propeetério do imével negociado, Diante disso, ‘abe a0 comprador provar que desconhece a existéncia da ‘aga0 em nome do vendedor, nao apenas porque o art. 1° da _mencionada lel exige a apresentagao das certiddes dos feitos ajuizados em nome do vendedor para lavratura da escritura pliblica de alienacdo de iméveis, mas, sobretudo, porque s6 se pode considerar,objetivamente, de boa-fé o comprador que ‘toma minimas cautelas para a sequranca jridica da sua aqui sigdo (Precedent: REsp n® 7-547-SP, D] 22.03.99), As pessoas precavidas sto aquelas que subordinam os negacios de com pra. venda de mSveis apresentacao das certidbes negativas forenses.Portanto, tem oterceiro adquitente o Baus de provar, nos embargos de terceiro, que, mesmo constando da escri: tura de transferencia de propriedade do imével indicagio da apresentagdo dos documentos comprobatéris dos fitosajui- ‘zados em nome co propretario doiméve, nao he foi passive! ‘tomar conhecimento dese fato. Nahipdtese, abserva-se que ‘.acbtdso recortido @omisso em relagdo.aex'sténcia da prova de que 0 adquirente, ora recorrente, ndotinha conhecimenta da a¢ko de indenizagSo ajuizada em face do proprietério do imével, 0 tempo em que recebeu em dagdo em pagamento ‘oimével em questéo. E-concluiu 8 Ministra Relatora que, partindorse da andlise fatica exposta no acérdao recorrido, a alegagao de violacao Nora «do att. 593, 1), do CPC esbarra no teor da SUmula n® 7 deste Superior Tribunal (REsp n®618.625-SC. Rel Min. NANCY ANORIGHI julgado ‘em 19.0208) Por outto lado, a Stimula n* 375 desconsiderou a hip6tese de execucio de grande vulto, envolvendo varias penhoras, o que, por primeiro, oneraria o exequente e, a0 depois faria 0s valores dessas despesas processus reto- rmarem acréscimo & divida do executado, contrarlando 0 principio expendido pelo art. 620 do Codigo de Processo Civil, fe, “quando por uarios meios o eredor puller pro: ‘mover @ execucio, 0 juiz mandard que se fara pelo modo ‘menos gravoso para’o devedor' Se vivias forem as penho- as, 0 at0s registrdrios serdo mais gravosos ao executado que as averbacdes, Para tanto, basta consulta a Tabela de Custas dos Registros de Imoveis, restando, desta forma, contrafluxo entre a mencionada Suimula e 0 art. 620 c/¢ © art. 615-A.e seu $3", ambos do CPC. Mais do que isso, ha em favor das partes o preceito, vaticinado pelo art. 615-A do CPC, onde “o exequente poderd, no ato da distribuigao, obter certidao comproba- tria do ajutizamento da execusao, com identifieagao das partes e valor da causa, para fins ce averbagiio no registro de imadvels, registro de veiculas ow registro de outras bens sujeitos & penhora ou arresto", Por que a oneracao com 0 ato registtdrio da penhora? E 6 no proprio § 3° do men- cionado art. 615-A que se faz evidente nio $6 0 princi jo da menor oneragao as partes, mas, de igual forma, a evidéncia de ato em fraude a execugio a alienagao ou oneracao de bens efetuados apds a averbacdo (art. 593). ‘A meu sentir, a Stimula ne $75 do ST) fol deficiente na sua redacao ao desconsiderar o vaticinado pelo art. 615-4 fe seu § 3, além do ja referido no art. 593 c/c 0 art. 620, todos do CPC. Bastaria a abreviar 0 ato em favor tanto do exequente quanto do executado que, na pega inaugural, houvesse o requerimento do interessado na expedigao da certidao referida pelo artigo sob comento. Melhor seria se aa redacao dada & referida Suimula assim fosse: © reconhecimento da fraude de execucao depende dda expedicio de certidso e averbacio de que trata o art 615-Ae seu § 3° do Codigo de Processo Civil ou da prova de mé-fédo tercero adquirente, Isso seria suficiente a colocar ps de cal ao tema, dis- pensando-se o registro da penhora, que ¢ extremaumente sgravoso ao executado e exequente, para o fim de salva- guarda do direito de arguigio da consitium fraucdis. ‘A Slimula n°375, com isso, esta a merecer reparos por parte dos doutos Ministros do Superior Tribunal de Jus- tiga, para o fim de desonerar tanto 0 exequente quanto 0 executado do registro das penhoras, dando-se obediéncia ao vaticinado pelo diploma processual civil para a mera averbagao do ato. . | Artigo publicado no Jornal da Apamagis[Asociac Paulista de Maglstrades EVISTA JUROICA CONSLLEX - HAW CONSULEKCOM BR 45

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