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COLORAÇÃO DE GRAM

Fixação e coloração de microrganismos

A morfologia individual e as reações tintoriais constituem, em geral, os critérios


preliminares para identificação das bactérias e sua posterior classificação. O exame
microscópico direto de um microrganismo é comumente suplementado com exame
microscópico após coloração que, além de facilitar sua observação, permite a
visualização de determinadas estruturas. Porém, antes de ser corado, o microrganismo
deve ser fixado à lâmina, através de secagem por simples exposição ao ar ou secagem
na chama.
Existem inúmeros métodos para coloração. A introdução de colorações, no estudo
dos microrganismos, veio a contribuir substancialmente com a Microbiologia, por quatro
razões principais:
1. Permitem uma visualização melhor das células, já que nas preparações sem
corantes são reveladas apenas o contorno e a conformação dos arranjos;
2. Permitem a caracterização de alguns componentes intracelulares;
3. Podem levar à diferenciação entre os grupos de microrganismos e
4. Podem, eventualmente, identificar alguns grupos.

Quanto aos tipos de coloração temos:


1. Coloração simples – cuja proposta é apenas tornar a forma e estrutura básica das
células mais visíveis.
2. Coloração diferencial – nessa coloração o corante reage diferentemente com
diferentes tipos de bactérias. A coloração de Gram e a álcool - ácido resistente
são exemplos de colorações diferenciais.
3. Coloração especial – são aquelas utilizadas para corar e identificar partes
específicas dos microrganismos como esporos (Conklin-Wirtz), flagelos ou ainda
revelar a presença de cápsulas (Hiss).

No processo de coloração podem ser usadas substâncias que intensificam a cor


por aumentarem a afinidade do corante com seu espécime biológico. Essas substâncias
são chamadas mordentes, e é o caso do iodo na coloração de Gram. Uma outra função
do mordente é tornar uma estrutura mais espessa e mais fácil de visualizar após a
coloração.

Preparação de esfregaços e coloração pelo método de Gram

Método de coloração de bactérias desenvolvido pelo médico dinamarquês Hans


Christian Joachim Gram (1884) que consiste no tratamento sucessivo de um esfregaço
bacteriano, fixado pelo calor, com os reagentes cristal violeta, iodo, etanol-acetona e
fucsina básica. Essa técnica permite a separação de amostras bacterianas em Gram-
positivas e Gram-negativas e a determinação da morfologia e do tamanho das amostras
analisadas.
A coloração de Gram é uma coloração diferencial porque não cora todos os tipos
de células igualmente. Essa maneira de reagir diferentemente, frente ao Gram, é em
razão das diferenças na estrutura da parede celular das bactérias.
Aquelas bactérias capazes de reter o complexo formado pelo cristal violeta (CV)
mais o iodo (complexo iodo pararosanilina) coram-se em violeta (Gram positivo),
enquanto que as que não retém o complexo coram-se em vermelho (Gram negativo).
Bactérias Gram(+) possuem uma camada de peptideoglicano mais espessa que as
Gram(-).

Gram positiva

Parede celular constituída de uma camada


grossa de peptídeoglicano

Membrana plasmática

Gram negativa

Complexo de
membrana
externa, com
inclusões de
lipopoliproteínas e
lipossacarídeos
Parede celular constituída de uma camada
fina de peptideoglicano

Membrana plasmática

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Figura – Estruturas típicas das paredes de bactérias Gram positivas e Gram negativas

Quando aplicado em células Gram (+) e Gram (-) o cristal violeta (CV) e o iodo
penetram facilmente, e dentro das células eles se combinam para formar o complexo CV-
Iodo, que é maior que a molécula de CV que penetrou. Por causa do seu tamanho o
complexo não pode ser lavado das células Gram (+) pelo álcool e então estas células
permaneceram coradas pelo CV e aparecem violeta.
Nas células Gram (-) o álcool rompe a camada lipopolissacarídica e o complexo é
lavado através da camada fina de peptideoglicano, que não consegue reter o complexo.
Estas células são então contracoradas pelo segundo corante, a Safranina ou Fucsina e
aparecem vermelhas.
Esta coloração é o ponto de partida na identificação bacteriana, mas não deve
nunca ser utilizada como um diagnóstico definitivo. É importante ressaltar que a
coloração de Gram somente será um recurso rápido e útil, quando corretamente
realizada e interpretada.

Coloração de Gram – técnica

O método consiste no tratamento de uma amostra de uma cultura bacteriana


crescida em meio sólido ou líquido, com um corante primário, o cristal violeta, seguido
de tratamento com um fixador, o lugol. Tanto bactérias Gram-positivas quanto Gram-
negativas absorvem de maneira idêntica o corante primário e o fixador, adquirindo uma
coloração violeta devido à formação de um complexo cristal violeta-iodo, insolúvel, em
seus citoplasmas. Segue-se um tratamento com um solvente orgânico, o etanol-acetona
(1:1 v:v). O solvente dissolve a porção lipídica dasmembranas externas das bactérias
Gram(-) e o complexo cristal violeta-iodo é removido, decorando as células. Por outro
lado, o solvente desidrata as espessas paredes celulares das bactérias Gram (+) e
provoca a contração dos poros do peptideoglicano, tornando-as impermeáveis ao
complexo; o corante primário é retido e as células permanecem coradas. A etapa da
descoloração é crítica, pois a exposição prolongada ao solvente irá provocar a remoção
do cristal violeta dos dois tipos de bactérias, podendo produzir resultados falsos. A
retenção ou não do corante primário é, portanto, dependente das propriedades físicas e
químicas das paredes celulares bacterianas tais como espessura, densidade, porosidade
e integridade.
Em seguida, a amostra é tratada com um corante secundário, a fucsina básica. Ao
microscópio, as células Gram-positivas aparecerão coradas em violeta escuro e as Gram-
negativas em vermelho ou rosa escuro. Células de bactérias Gram-positivas, células
velhas, mortas ou com envelopes danificados por agentes físicos ou químicos, tendem a
perder o cristal violeta e uma mesma amostra bacteriana pode exibir parte ou todas as
células coradas como Gram-negativas. Portanto, o uso de material fresco é importante.
Por outro lado, resultados do tipo "falso Gram-positivo" só são obtidos se o tratamento

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com etanol-acetona for omitido.
O corante cristal violeta pode ser substituído, com os mesmos resultados, pelo
azul de metileno e a fucsina básica pode ser substituído pelo corante vermelho safranina.
A fucsina cora muitas bactérias Gram-negativas mais intensamente que a safranina, que
por sua vez não cora prontamente algumas espécies de bactérias. O solvente etanol-
acetona pode ser substituído por álcool 95%.

PREPARO DO ESFREGAÇO

Preparação do esfregaço para coloração de cultivos em meio líquido


1. Flambar a alça corretamente
2. Esfriá-la nas paredes do tubo
3. Introduzi-la no meio líquido de maneira que este forme um filme sobre a alça.
4. Colocar o material coletado sobre uma lâmina limpa e seca.
5. Espalhar o material sobre a lâmina, procurando obter um esfregaço fino.
6. Secar à temperatura ambiente.
7. Fixar o esfregaço na chama do bico de Bunsen, passando a lâmina algumas vêzes
pela chama. OBS. Esperar que o esfregaço esteja completamente seco para fixá-
lo.
8. Realizar a coloração.

Preparação do esfregaço para coloração de cultivos em meio sólido


1. Colocar com a própria alça, já flambada, uma gota de solução salina no centro da
lâmina de vidro.
2. Flambar novamente a alça
3. Esfriá-la no meio sólido numa região sem colônia.
4. Coletar uma pequena quantidade do crescimento bacteriano.
5. Homogeneizar este material com a gota de água, cuidando para obter uma
suspensão pouco densa e sem grumos.
6. Secar a lâmina por exposição ao ar.
7. Fixar o esfregaço.

COLORAÇÃO

1. Cobrir o esfregaço com cristal violeta a 1% durante 1 minuto. ATENÇÃO PARA


NÃO COLOCAR A LÂMINA INVERTIDA!!!!!!!!
2. Lavar rapidamente em água corrente;
3. Cobrir todo o esfregaço com lugol por 1 minuto;
4. Lavar rapidamente em água corrente;
5. Lavar uma ou duas vezes, rapidamente, com a solução diferenciadora: álcool ou
acetona;
6. Lavar rapidamente em água corrente;
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7. Cobrir todo o esfregaço com fucsina básica por 30 segundos;
8. Lavar novamente em água corrente;
9. Secar a lâmina, tomando o cuidado de não remover o esfregaço;
10. Observar ao microscópio com objetiva de imersão (100x).

 Observações importantes para obtenção de bons resultados na coloração de Gram.


 A solução de cristal-violeta deve ser semanalmente renovada, devendo ser filtrada
para a remoção de precipitados. NÃO AGITAR O FRASCO!!!!!!!!!!!!!!!!!
 A etapa de descoloração é um passo crítico na coloração. Ela deve ser efetuada
rapidamente. Porém, não tão rapidamente que a descoloração não possa ser
completada.
 Os esfregaços não devem ser muito espessos, pois são mais difíceis de descorar e
de permitir observações.
 Esfregaços obtidos com culturas velhas mostram irregularidades na coloração,
com bactérias G (+) apresentando-se como G(-) e bactérias G(-) corando-se
fracamente. Evitar estas culturas!

Questionário
Descreva como são e do que se compõem as paredes das bactérias Gram positivas e
Gram negativas?
Cite alguns fatores que podem influenciar na coloração de Gram, podendo inclusive levar
a erros?

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