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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRATICA
REGISTRADO(A) SOB N°

ACÓRDÃO i mm uni uni uni um mu IIIII mu nu m


Vistos, relatados e discutidos estes autos de
Apelação n° 990.10.340675-3, da Comarca de São Paulo,
em que é apelante COOPERATIVA HABITACIONAL DOS
BANCÁRIOS DE SÃO PAULO - BANCOOP sendo apelados
CARLOS GIRÃO DE SOUZA e CRISTIANE BERSANETI GIRÃO DE
SOUZA.

ACORDAM, em 4 a Câmara de Direito Privado do


Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte
decisão: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO. V. U.", de
conformidade com o voto do Relator, que integra este
acórdão.

O julgamento teve a participação dos


Desembargadores TEIXEIRA LEITE (Presidente),
FRANCISCO LOUREIRO E FÁBIO QUADROS.

São Paulo,11 de novembro de 2010.

TEIXEIRA LEITE
PRESIDENTE E RELATOR
«

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

Voto n° 11.311

COMPROMISSO DE VENDA E COMPRA. Cooperativa


que não entregou a unidade no prazo ajustado. Sentença
que julgou procedente o pedido para condená-la na
devolução das quantias pagas. Recurso dela, pleiteando
a devolução em parcelas, desprovido.

A r. sentença (fls. 177/180), julgou procedente a


ação ajuizada por Carlos e Cristiane Girão de Souza, para rescindir o
contrato e condenar a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São
Paulo na devolução dos valores pagos, a título de plano de aquisição de
imóvel que não lhes foi entregue, em decorrência do atraso das obras.

A apelante, invocando sua condição de


cooperativa, submetida à legislação específica (fls. 189/208), alega que a
condição dos apelados é de associados, pois, firmaram termo de adesão no
compromisso de participação em programa habitacional, com o fim de
cooperar na aquisição de um imóvel e daí acrescenta serem aplicáveis as
regras de seu Estatuto* que prevêem a restituição de forma parcelada,
somente após um ano da demissão, concluindo ser inaplicável o Código de
Defesa do Consumidor.Acrescenta que o ritmo das obras depende das
, e, não é culpada pela rescisão do contrato.

Contra-razões às fls. 214/225.


Apelação n" 90.10.340675-3-São Paulo- voto n" 11.311 \
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

E o relatório.
Os apelados, pretendendo adquirir uma unidade
residencial a ser construída pela apelante, em novembro de 2004,
subscreveram contrato de adesão (fls. 17/24), obrigando-se ao pagamento
do preço a esta cooperativa, que, levando-se em consideração suas
atividades, deve ser considerada como incorporadora imobiliária. Assim, a
relação jurídica estabelecida entre as partes está caracterizada como
relação de consumo, submetendo-se às normas especiais de proteção ao
consumidor.

Ocorre que, a Cooperativa se comprometeu a


entregar a unidade em fevereiro de 2006. Todavia, naquela data as obras
estavam paralisadas, e, os apelados, acreditando que o edifício seria
concluído, continuaram a efetuar os pagamentos das parcelas^ até setembro
de 2008, quando, prevendo que as obras não seriam finalizadas, decidiram
interromper o pagamento das prestações e rescindir o contrato com a
restituição dos valores que pagaram, já que o inadimplemento foi da
apelante.

A propósito, em outros julgamentos que tratam de


casos de entidades submetidas ao regime da Lei 5764/71, como as
cooperativas, esta Câmara decidiu que, em caso de culpa confirmada da
Cooperativa pela não conclusão da obra que se prometeu concluir em
regime de cooperação de esforços, deve-se admitir a despedida do
cooperado insatisfeito, com devolução integral do capital que investiu no
frustrado projeto.
resu ta
/ / / L ^aí l que esta
é a melhor solução, tal como

£ Apelação n" 90.10.340675-3-São Paulo- voto n" 11.311 õ


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QUARTA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO

explica Fábio Ulhôa Coelho "« resolução resulta do não cumprimento das
obrigações assumidas por uma das partes, seja em decorrência de ação ou
omissão a ela imputável (resolução voluntária ou culposa), seja em função
de fatores externos à autuação do contratante que impossibilitam a
execução do contrato, como, por exemplo, o caso fortuito, a força maior
ou a insolvência (resolução involuntária). E, ''''com a resolução, as partes
retornam à situação jurídica anterior ao contrato, já que esta forma de
dissolução opera efeitos retroativos'" (Manual de direito comercial, SP:
Saraiva, 2004, p. 482).

E porque assim, decidiu o M.M. Juiz, deve a


cooperativa ser condenada na devolução de todos os valores pagos pelos
apelados, desde logo. Aliás, atender o prazo e a forma do estatuto, a outra
tese da apelante, seria contrariar a necessidade de atenuar o prejuízo dos
apelados frente a este empreendimento e, o que sucedeu.

Ante o exposto, voto pelo desprovimento do


recurso. f

TEIXEIRA LEITE
P/esidente e Relator

b Apelação n" 90.10.340675-3-São Paulo- voto n" 11.311 3

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