Boécio levanta a questão do livre-arbítrio versus a ciência divina das coisas. A Filosofia argumenta que a presciência divina não determina os atos humanos, apenas os conhece, preservando o livre-arbítrio. Boécio concorda, dizendo que sinais do futuro não criam o futuro, apenas o indicam. A razão, não os sentidos, pode entender a Providência divina.
Boécio levanta a questão do livre-arbítrio versus a ciência divina das coisas. A Filosofia argumenta que a presciência divina não determina os atos humanos, apenas os conhece, preservando o livre-arbítrio. Boécio concorda, dizendo que sinais do futuro não criam o futuro, apenas o indicam. A razão, não os sentidos, pode entender a Providência divina.
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Boécio levanta a questão do livre-arbítrio versus a ciência divina das coisas. A Filosofia argumenta que a presciência divina não determina os atos humanos, apenas os conhece, preservando o livre-arbítrio. Boécio concorda, dizendo que sinais do futuro não criam o futuro, apenas o indicam. A razão, não os sentidos, pode entender a Providência divina.
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Instituto de Filosofia e Teologia “Dom João Resende Costa”
Curso de filosofia: História da Filosofia II
Estudo dirigido sobre a obra:
BOÉCIO. A consolação da filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1998. 156p.
Boécio levanta a questão sobre o livre-arbítio nos seguintes termos. Parecem
contrarias e conflitantes as afirmações de que Deus conhece todas as coisas e o homem possui o livre-arbítrio, pois nesse caso a ciência previa de um acontecimento parece garantir a ele uma necessidade, de forma que o homem teria seus atos determinados na consciência divina. Em suma, suas ações não seriam livres por já serem conhecidas previamente. A necessidade da relação entre a Providência divina e a livre ação do homem existe pois não há como a opinião ser verdadeira sem corresponder ao fato atualizado. Se um homem esta sentado e se afirma que ele se encontra sentado, então é verdadeira tal opinião. Analogamente a Providência, para ser verdadeira, necessita da atualização da ação. Sendo a Providência uma sabedoria verdadeira e necessária teria de determinar os homens não só em suas ações, mas também nos desígnios de suas almas. Assim a Providencia será totalmente responsável pelas bondades ou maldades dos homens. Eles mesmos não poderão ser culpados de seus atos, não haveria, portanto, obtenção de méritos aos bom, ou punições aos malfeitores. Em oposição a tais argumentos a Senhora Filosofia afirma que a presciência não é a causa dos acontecimentos futuros, e que ela não impediria a existência do livre-arbítrio. O autor passa então aos seguintes termos. Um sinal qualquer de uma coisa apenas indica o que ela é, não podendo criar o que ele indica. De forma que não se deve explicar a existência de uma coisa por seus sinais exteriores mas sim por suas razões necessárias. Da mesma forma que a consciência do presente não lhe impõe nenhuma necessidade de atuação, assim também a presciência não determina os fatos futuros. Indo mais alem na argumentação Boécio afirma que enganam-se os que pesam conhecer as coisas pelas características que se apresentam, pois o conhecimento se dá não pelas coisas mais pela capacidade do homem de procurar conhecer. As capacidades cognitivas do homem são enumerados por Boécio, me parece, nos mesmos termos dos “círculos concêntricos”. Onde a Providência se encontre no centro e o destino com todos os seus meios e ações gira em função dela. Os círculos mais próximos do centro estão contidos em todos os círculos mais distantes, porem os mais distantes, por sua maior extensão se distanciam mais do centro comum a todos. Desta forma caminhando do mais extenso ao mais centralizado os sentidos percebem sob o ponto de vista da matéria do objeto, a imaginação avalia quanto a forma das coisas, a razão percebe o caráter geral dos seres segunda a ideia de espécie, e por fim a inteligencia que apreende a ideia da forma absoluta. As faculdades mais elevadas podem compreender as subalternas, pois se encontram em círculos mais próximos do centro, e essa não concebem suas superiores. Desta maneira não será através dos sentidos, ou da imaginação que o homem entenderá a Providência divina, mas somente usando a razão que lhe é natural e a elevando o máximo possível aproximando-a da inteligencia divina.
A obra de Boécio é muito esclarecedora quanto a seus conceitos:
Providência, destino, acaso, livre-arbítrio. É admirável em seu estilo argumentativo e retorico principalmente quanto ao “medicamento doce e suave” servidos pela Senhora Filosofia e que não deixa de adocicar a alma do leitor. É também inquietante nos problemas levantados por Boécio quanto à necessidade da Providência e o livre-arbítrio do homem. Porem, temo não ter sido tocado muito alem disso por seu conteúdo. Me justifico com o fato de que certos temas recebem em diferentes momentos, seja da história, seja da vida individual, uma atenção maior ou menor. O livre-arbítrio não tem causado tantos problemas em minha reflexões ou discussões. Também não tenho visto discorrerem sobre ele em meu presente caminho filosófico, talvez mais culpa dos autores que minha. Em resumo o livre- arbítrio enquanto expressão da liberdade individual é completamente atual. O que me causa estranheza é já não relacionarmos liberdade e vontade divina.