fato nunca deixaram de fazer parte do nosso alfabeto. Basta consultar nossos principais dicionários e ver que todos registram verbetes com “k”, “w” e “y”. E não há nenhuma mudança quanto ao emprego delas, que continuam a ser usadas:
a) na grafia de símbolos de unidades de
medida: km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt);
b) na grafia de palavras e nomes
estrangeiros (e seus derivados): show, playboy, playground, yin, yang, Washington, William, Kennedy, Kafka, kafkiano, kardecista. 2. O fim do trema
O trema deixa de ser usado. Ele, porém,
permanece nos nomes próprios estrangeiros e em seus derivados: Hübner, hübnerita. 3. Novas regras de acentuação 3.1. Algumas palavras paroxítonas com os ditongos abertos “ei” e "oi" perdem o acento.
continuam sendo acentuadas porque, apesar de terem ditongo aberto e de serem paroxítonas, o caso delas é outro: são paroxítonas terminadas em “r”, como “mártir” e “repórter”. Observação (2)
Permanece o acento das palavras oxítonas
terminadas em “éis”, “éu(s)” e “ói(s)”: papéis, céu, troféus, dói, heróis. 3.2. O acento do “i” e do “u” tônicos precedidos de ditongo, em palavras paroxítonas, deixa de ser usado.
Antes: baiúca, feiúra, cauíla, maoísmo,
maoísta, taoísmo.
Agora: baiuca, feiura, cauila, maoismo,
maoista, taoismo.
Observação: O acento permanece em
palavras oxítonas e proparoxítonas: Piauí, tuiuiú, feiíssimo. 3.3. O circunflexo das palavras terminadas “oo” e “eem” deixa de ser usado: voo, abençoo, creem, deem, leem e veem. 3.4. O acento diferencial de “pára” (verbo), “pêlo”, “pélo”, “pêra” e “pólo” desaparece. O correto passa a ser “para”, “pelo”, “pelo”, “pera” e “polo”.
Atenção: o acento de “pôr”, “pôde”, “têm”
e “vêm” permanece. 3.5. O acento no “u” tônico dos encontros “-gue”, “-que” e “-gui” de verbos como “apaziguar”, “averiguar”, “obliquar”, “arguir” e “redarguir” deixa de ser usado.
Antes: apazigúe, averigúem, obliqúem,
argúem, redargúi.
Agora: apazigue, averiguem, obliquem,
arguem, redargui. 3.6. Pode ser “fôrma” ou “forma” (utensílio que molda).
A recomendação é somente usar acento
quando houver risco de ambiguidade: “Vai por cinquenta anos / Que lhes dei a norma: / Reduzi sem danos / A fôrmas a forma”. (Manuel Bandeira, Estrela da Vida Inteira, p. 51). 4. Novas regras do hífen em prefixos 4.1. Prefixos e falsos prefixos se ligam com hífen a palavras iniciadas por “h”: anti-higiênico, anti-histórico, macro-história, mini-hotel, proto-história, sobre-humano, sub- hepático, sub-humano, super-homem, ultra- humano.
Exceções: “co-”, “des-”, “in-” e “re-”: coabitar,
coerdeiro, desumano, desumidificar, inábil, inumano, reaver, reidratar, reidratação, reabilitar. 4.2. Se o prefixo termina por vogal e o segundo elemento começa pela mesma vogal, usa-se o hífen: anti-ibérico, anti- imperialista, anti-inflacionário, anti- inflamatório, auto-observação, contra-atacar, contra-ataque, micro-ondas, micro-ônibus, micro-organismo, para-atleta, semi-internato, semi-interno.
Exceções: os prefixos “co-” e “re-”:
coobrigação, coordenar, cooperar, cooperação, cooptar, coocupante, rescrever, reedição, reeleito, reestruturar, reenviar. 4.3. Se o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicia o segundo elemento, não se usa o hífen: aeroespacial, agroindustrial, antiaéreo, antieducativo, autoaprendizagem, autoescola, autoestrada, autoinstrução, coautor, coedição, extraescolar, infraestrutura, plurianual. 4.4. Se o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de “r” ou “s”, não se usa o hífen: anteprojeto, antipedagógico, autopeça, autoproteção, coprodução, geopolítica, microcomputador, pseudomédico, semicírculo, semideus, seminovo, ultramoderno, coparticipação. 4.5. Se o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por “r” ou “s”, além de não haver hífen, dobram-se essas letras: antirrábico, antirracismo, antirreligioso, antirrugas, antissocial, biorritmo, contrarregra, contrassenso, cosseno, infrassom, georreferência, microssistema, minissaia, microrregião, multissecular, neorrealismo, neossimbolista, semirreta, ultrarresistente, ultrassom. 4.6. Se o primeiro elemento termina por consoante igual à que inicia o segundo, usa-se o hífen: hiper-requintado, inter-racial, inter-regional, mal-limpo, sub-bibliotecário, super-racista, super-reacionário, super- resistente, super-romântico.
Exceção: o prefixo “ir-”: irresponsável,
irrequieto. 4.7. Se o prefixo termina em consoante diferente da que inicia o segundo elemento, não se usa o hífen: hipermercado, intermunicipal, superproteção, subchefe, subsede. 4.8. Os prefixos “ab-”, “ob-”, “sob-” e “sub-” se ligam com hífen a “b”, “h” e “r”: sub-bloco, sub-humano, sub-hepático, sub- região, sub-reino, ab-rupto, ob-rogar, sob- roda. 4.9. O prefixo “ad-” se liga com hífen a “d”, “h” e “r”: ad-referendar, ad-digital.
Exceções: adrenalina, adrenalite e
adrenalinemia. 4.10. Os prefixos “circum-” e “pan-” se ligam com hífen a vogal, “h”, “m” e “n”: circum-escolar, circum-navegação, pan- americano, pan-mágico, pan-negritude. 4.11. Se o prefixo termina em consoante e o segundo elemento começa por vogal, não se usa o hífen: hiperacidez, hiperativo, interescolar, interestadual, interestelar, interestudantil, superamigo, superaquecimento, supereconômico, superexigente, superinteressante, superotimismo. 4.12. Os prefixos “ex-”, “além-”, “aquém-”, “recém-”, “sem-”, “pós-”, “pré-”, “pró-” e “vice-” ligam-se com hífen ao elemento seguinte: além-mar, aquém-mar, ex- aluno, ex-diretor, ex-prefeito, ex-presidente, pós- graduação, pré-história, pré-vestibular, pró- europeu, pró-reforma, recém-casado, recém- nascido, sem-terra, sem-teto, vice-governador, vice-presidente. 4.13. Usa-se o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani “-açu”, “-guaçu” e “- mirim” quando o primeiro elemento termina em vogal acentuada graficamente ou em tônica nasal: amoré-guaçu, anajá- mirim, capim-açu, Ceará-Mirim, paraná- mirim. 4.14. Deixa de existir hífen nas formas em que a palavra "não" tem valor prefixal: não agressão, não engajado, não fumante, não governamental, não violência, não participação. 5. Novas regras do hífen em nomes compostos 5.1. “Bem” se agrega com hífen à palavra com que forma uma unidade semântica (adjetivo ou substantivo composto): bem- aventurado, bem-criado, bem-humorado, bem- educado, bem-nascido, bem-sucedido, bem- vindo, bem-visto (estimado).
Observação: Em algumas palavras “bem” se
aglutina com o termo seguinte: benfazejo, benfeito, benfeitor, benquerença, benquerer, benquerido, benquisto. 5.2. “Mal” se agrega com hífen a palavras iniciadas por vogal, “h” ou “L” e quando forma com elas uma unidade semântica (adjetivo ou substantivo composto): mal- afortunado, mal-educado, mal-estar, mal- humorado, mal-limpo.
Observação: Às demais letras, quando
forma uma unidade semântica, “mal” se une diretamente: malcolocado, malcriado, malgrado, malnascido, malpago, malpesado, malsoante, malvisto. Entenda a diferença:
Mariana é uma criança bem-educada
(unidade semântica, adjetivo composto).
Mariana foi bem educada pelos pais (não é
uma unidade semântica).
Pedro é malvisto pelos colegas (unidade
semântica, adjetivo composto).
O lance foi mal visto pelo árbitro da partida
(não é uma unidade semântica). É muito ruim fazer serviços malremunerados (unidade semântica, adjetivo composto).
Ele é mal remunerado pela empresa (não é
uma unidade semântica).
Macete: as formas com hífen, em geral, não
estão na voz passiva, não aceitam a inversão e, muitas vezes, formam um novo sentido. 5.3. Formas como “afro-”, “anglo-”, “euro-”, “franco-”, “indo-”, “luso-” e “sino-”, quando não entram na composição de adjetivos pátrios (como em afro-brasileiro, anglo-saxão, euro- asiático), dispensam o hífen: afrodescendente, anglofalante, eurodeputado, francolatria, lusófono, etc. 5.4. Não se usa o hífen em palavras que perderam a noção de composição, como girassol, madressilva, malmequer, mandachuva, paraquedas, paraquedista e pontapé. Observação (1): Dos compostos com a forma verbal "para", só "paraquedas", "paraquedista", "paraquedismo" e "paraquedístico" perdem o hífen. Os demais mantêm: para-brisa, para- choque, para-lama, para-raios.
Observação (2): Dos compostos com a forma
verbal "manda", só "mandachuva" perde o hífen. Os demais mantêm: manda-lua, manda-tudo.
Observação (3): Escreve-se “malmequer”, sem
hífen, mas “bem-me-quer”, com hífen. 5.5. O hífen continua a ser usado nas palavras compostas cujos elementos são substantivo, adjetivo, numeral ou verbo.
Exemplos: ano-luz, tenente-coronel, tio-avô,
boa-fé, curto-circuito, guarda-noturno, luso- brasileiro, má-fé, mato-grossense, norte- americano, porto-alegrense, sul-americano, primeiro-ministro, primeiro-sargento, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, porta-aviões, porta-retratos. No entanto, se houver um elemento de ligação entre os termos, o hífen deixa de ser usado: à toa (adjetivo e advérbio), corpo a corpo (substantivo e advérbio), dia a dia (substantivo e advérbio), passo a passo (substantivo e advérbio), arco e flecha, general de divisão, lua de mel, mão de obra, pé de moleque, ponto e vírgula, não me toques (melindres) um disse me disse, um deus nos acuda, um maria vai com as outras, um pega pra capar, etc. Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia (as economias de uma pessoa), ao deus- dará, à queima-roupa e os compostos entre cujos elementos há apóstrofo, como cobra- d’água, caixa-d’água, mestre-d’armas, mãe- d’água e olho-d’água. 5.6. Nos nomes de espécies botânicas e zoológicas, emprega-se o hífen sempre, mesmo que haja entre os termos um elemento de ligação: abóbora-menina, andorinha-do-mar, bem-te-vi, coco-da-baía, dente-de-leão, feijão-carioca, feijão-verde, joão-de-barro, limão-taiti, mamão-havaí, não- me-toques (planta), etc. 5.7. Grafam-se com hífen os topônimos (nomes próprios geográficos) que tenham grã, grão, verbo ou nos segmentos cujos elementos estejam ligados por artigo: Grã-Bretanha, Grão-Pará, Abre-Campo, Passa-Quatro, Quebra-Costas, Quebra- Dentes, Traga-Mouro, Trinca-Fortes, Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Montemor- o-Novo, Trás-os-Montes. Observação: Os demais topônimos se escrevem sem hífen: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Freixo de Espada à Cinta, etc.
Exceções: Guiné-Bissau e Timor-Leste.
5.8. Escrevem-se com hífen os adjetivos pátrios derivados de topônimos compostos, inclusive os que contêm elemento de ligação: belo-horizontino, cruzeirense-do-sul, florentino-do-piauí, mato- grossense, mato-grossense-do-sul, santa- cruzense, etc. 6. Minúsculas e maiúsculas
6.1 Emprega-se a inicial minúscula:
- nos nomes dos dias, meses e estações do ano: quinta-feira, domingo, janeiro, dezembro, verão, outono;
- nos nomes “fulano”, “sicrano” e “beltrano”;
- nos nomes dos pontos cardeais: sul, sudeste,
norte, oeste. Observação (1): As abreviaturas se escrevem com maiúscula: NE (nordeste), SE (sudeste).
Observação (2): Quando designarem nome
de região, os pontos cardeais terão inicial maiúscula: “Governo de Lula é mais bem avaliado no Nordeste”. 6.2 Emprega-se a inicial maiúscula:
- nos nomes próprios de pessoa, reais ou
fictícios: Maria Mariana, Guilherme, Branca de Neve, Rapunzel; - nos nomes próprios de lugar, reais ou fictícios: Brasil, Portugal, Recife, Atlântida, Lilipute; - nos nomes que designam instituições: Ministério da Educação, Secretaria de Cultura, Fundação Padre Anchieta; - nos nomes de datas comemorativas: Natal, Carnaval, Quarta-Feira de Cinzas, Semana Santa, Dia das Mães, Dia das Crianças. 6.3 Emprega-se facultativamente maiúscula ou minúscula:
- nas formas de tratamento ou reverência: doutor
(ou Doutor) Paulo Chaves, frei (ou Frei) Damião, dom (ou Dom) Hélder Câmara, santo (ou Santo) Antônio;
- nos nomes de cursos e disciplinas: professor de
português (ou de Português), prova de matemática (ou de Matemática), curso de direito (ou de Direito);
- nos nomes de prédios ou espaços públicos:
avenida (ou Avenida) Abdias de Carvalho, rua (ou Rua) da Aurora, edifício (ou Edifício) Duarte Coelho, igreja (ou Igreja) do Carmo.