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Fátima Fonseca
Estudante nº 43540
Métodos e Técnicas de Investigação Social
Educação Socioprofissional 1º Ano
Vila Nova de Gaia, Julho de 2010
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«(..) o lugar mais natural para viver a condição de
ancianidade continua a ser aquele ambiente onde
ele é “de casa”, entre parentes, conhecidos e
amigos, e onde pode prestar ainda algum serviço.
(...) é urgente promover esta cultura de uma
ancianidade acolhida e valorizada, não
marginalizada. O ideal é que o ancião fique na
família, com a garantia de ajudas sociais eficazes,
relativamente às necessidades crescentes que
supõem a idade e a doença.»
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Índice
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Introdução
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1. Enquadramento Teórico
1.1. Alcoolismo
O alcoólico sente uma necessidade física de beber quando não bebe há algum
tempo, piorando com a necessidade psicológica de consumir. Assim, o indivíduo
dependente tem a ideia de não conseguir viver sem álcool.
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álcool, que só é visível quando se instala. Conhecer as diferentes etapas da doença
pode ajudar a família a melhor compreender o que é o alcoolismo e tornar eficaz a
ajuda a prestar ao doente e a ela própria.
Consumo problemático: o indivíduo bebe cada vez mais para sentir os seus efeitos,
acabando por se afastar pouco a pouco dos outros e começa a perder interesse
pelas coisas. Bebe diariamente, muitas vezes às escondidas e luta para controlar o
consumo. Pessoas próximas tentam definir os seus limites e conseguem deste
modo viver alguns períodos de abstinência, se bem que infelizmente estes períodos
são geralmente de curta duração. Nesta fase o consumo começa a influenciar
negativamente a vida do indivíduo, as suas responsabilidades e o seu ambiente
familiar e profissional. Há assim um sério risco de alcoolismo.
Com o decorrer dos anos, o abuso do álcool causa inúmeros desgastes na saúde. O
álcool é um tóxico para o organismo e destrói células. O consumo de grandes
doses de bebidas alcoólicas durante um longo período de tempo pode danificar a
maior parte dos órgãos vitais.
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reconhecida a dependência pode ter já provocado inúmeros danos e, em alguns
casos, a morte. Esta degradação do corpo é felizmente reversível, ou pelo menos
controlável, se o indivíduo parar de beber.
A maior parte das pessoas têm uma representação do alcoolismo que não
corresponde à realidade. Estes mitos e falsas ideias impedem uma melhor
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compreensão sobre a doença alcoólica e o seio da família, entre amigos ou no
meio laboral.
“...mas eu bebo apenas cerveja” - a cerveja de 33cl tem tanto álcool como um copo
de vinho um cálice de aguardente.
“... Mas é uma pessoa tão simpática ...” - muitos alcoólicos são simpáticos e
agradáveis, uma vez que não existe “uma personalidade alcoólica”.
“Mas o nosso lar é tão afectuoso” - durante muito tempo os alcoólicos mantêm o
equilíbrio familiar.
“Mas ele quase nunca se embriaga” - são raros os alcoólicos que se embriagam,
visto beberem apenas o necessário para se sentirem bem.
“Mas ele é tão inteligente para ser alcoólico...” - não há qualquer ligação entre o
quotidiano e a doença alcoólica.
“... Mas ele vem trabalhar todos os dias...” - muitos alcoólicos são assíduos ao
trabalho, chegando mesmo a dar a entender que estão em forma e a dissimular a
sua grande apetência para as bebidas.
Os preconceitos surgem também da sociedade, que acaba por passar a ideia que,
por exemplo, o alcoólico é “um vadio”. A maior parte dos dependentes do álcool é
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normal e respeitável. Só um pequeno número acaba na rua. Há também a
possibilidade de “ele não ter ar de alcoólico”. A verdade é que tal não existe e
mesmo que existisse o alcoólico saberia disfarçar bem, para não chamar à atenção.
Outra situação tem ligação a ser ou não ser de boas famílias. A doença alcoólica
afecta qualquer pessoa, independentemente do estrato social, familiar ou
económico. O meio familiar é um elemento importante da doença alcoólica,
porque os diferentes papéis de cada membro pode influenciar de maneira
determinante a evolução da doença.
Uma família que luta com dificuldades imprevisíveis, vive um clima de stress e de
medo. Medo que o doente regresse à noite de novo embriagado, arriscando-se a um
acidente de condução ou irritado e violento. Medo de que a família se divida.
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As pessoas alcoólicas não são capazes de cumprirem as suas promessas. Assim,
também a família não se ilude, não esperando outra coisa do doente.
O sentimento de vergonha leva a família a evitar os lugares onde possam ser vistos
com o familiar alcoólico. Esta vergonha vai também impedir a procura de ajuda no
exterior.
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O Protector: assume tudo para que o alcoólico não seja responsabilizado. Neste
caso também é reforçado o comportamento abusivo do alcoólico.
O Revoltado: tenta, por uma conduta inadaptada, desviar a atenção da família para
outros aspectos que não o problema ligado ao álcool. Assim as crianças sentem-se
prisioneiros desta situação familiar, podendo reagir com maus resultados
escolares, com agressividade ou outros comportamentos excessivos.
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dos filhos, do aconchego da família, da intimidade com o outro. É não ter
ninguém por si. É não ter a presença dos familiares, de amigos, de companhia, de
visitas. É não ter filhos, não ter nada.” (Herédia, Vânia).
Mais difícil será definir família, dada a sua complexidade e actual mobilidade.
Enquanto Holstein e Gubrium (1999) procuram definir família a partir duma
abordagem “construcionista social”, Bernardes (1999) afirma que não se deve
definir a família, dado haver muitas classes de família.
Na verdade outros surgem com propostas para definir família, como Castellan
(1994, p. 5), que define família como “uma reunião de indivíduos unidos pelos
laços de sangue, vivendo sob o mesmo tecto ou num mesmo conjunto de
habitações e numa comunidade de serviços”.
Esta procura incessante de uma definição de família levou muitos a uma solução
fácil para o problema. Entendiam família como “um grupo social” que possuísse
“pelo menos três das características seguintes: a) tem origem no casamento; b) é
formado pelo marido, pela esposa e pelos filhos nascidos do casamento, ainda que
seja concebível que outros parentes encontrem o seu lugar junto do grupo
nuclear; c) os membros da família estão unidos por laços legais, direitos e
obrigações económicas, religiosas e de outro tipo, uma rede precisa de direitos e
proibições sexuais, além duma quantidade variável e diversificada de sentimentos
psicológicos, tais como amor, afecto, respeito, temor, etc” (Lévi Strauss in Levi-
Strauss, Gough e Spiro, 1977).
Depois de definir abandono e família, resta-nos definir idoso. O que é uma pessoa
idosa ou da terceira idade? Mais do que a idade, contam certamente a saúde ou a
doença e outras variáveis que levam a considerar caso por caso. Todavia, em geral
considera-se pessoa idosa a que atingiu os 65 anos, embora haja estudos que
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contam já como idosos os que chegam aos 60 anos.
A família é o contexto desejado para envelhecer, tal como é o lugar apetecível para
viver em todas as outras fases do desenvolvimento familiar. A família é um lugar
de aconchego, segurança, identidade e lembranças, independentemente da
dificuldade por que as relações passam.
Assim pode chegar-se a algumas situações que poderão fazer com que um
indivíduo se sinta abandonado. Quais são então essas situações? Abandono na
velhice é um sentimento de tristeza e de solidão, provocado por circunstâncias
relativas a perdas, as quais se reflectem basicamente em deficiências funcionais do
organismo e na fragilidade das relações afectivas e sociais, que por sua vez
conduzem a um distanciamento, podendo culminar no isolamento social.
O idoso quer em vida o acolhimento, a presença, o amor dos seus. Ele quer
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compatilhar a experiência e o conhecimento que construiu ao longo da sua
existência. Quer entender as contradições que o envolvem, o porquê da distância
emocional entre as pessoas do seu grupo familiar e social e seus sentimentos, o
que o separa dos outros no momento em que precisa ser apoiado para a travessia
que envolve o processo da morte.
Quando os laços afectivos são frágeis ou não existem, quando falta amor, quando
existem perguntas sem resposta ou conversas sem atenção, o idoso é deixado de
lado pelos filhos, pelos familiares e pelos amigos. A sua presença participativa,
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cooperativa e operativa é ignorada, não havendo convívio familiar nem espaço
para partilhar – dar e receber atenção. A oportunidade de integração é-lhe negada,
ficando sem apoio e carinho e sentindo-se negligenciado afectiva e socialmente.
O abandono dá-se mais facilmente na velhice, quando o idoso não pode trabalhar.
Perder o estatuto de trabalhador é perder a consideração: não vale quem não
produz. Perde o seu papel e, muitas vezes, vê-se numa situação de dependência
financeira, que deve ser suprida pelos filhos ou familiares mais próximos. Por isso
pode ser excluído da família, desvalorizado ou tratado com desrespeito.
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indivíduo a perder a liberdade, a memória, familiares, amigos, afectos e relações.
Esta situação foi identificada há muito, conforme se verifica na Conferência
Episcopal Portuguesa de 2004, abaixo transcrita.
Muitos idosos, por vontade própria ou por exigência das circunstâncias, vivem
sozinhos, numa situação de especial vulnerabilidade. Por vezes, essa realidade
significa pobreza, isolamento, solidão, esquecimento, tristeza e desamparo,
apesar do apoio e do acompanhamento das instituições de solidariedade social
públicas e privadas. (...) As suas carências económicas não lhes permitem, muitas
vezes, o acesso a determinados bens de primeira necessidade – nomeadamente aos
cuidados de saúde – nem o aproveitamento do tempo de lazer a que têm direito.
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2. Modelo de Análise
2.1. Tema
2. Que apoio poderá esperar um idoso, que durante a sua vida marcou o seu
agregado familiar devido a uma dependência alcoólica?
3. Que direito terá a família de negar apoio a um idoso, mesmo com toda a
bagagem que o mesmo provocou na família?
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2.3. Dimensões de análise
Idosos:
Familiares:
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3. Metodologia
Num plano de investigação esta expressão é usada de uma forma precisa para
designar processos de recolha sistematizada, no terreno, de dados susceptíveis de
poder ser comparados.
Existem dois tipos de inquérito que podem ser utilizados no decorrer de uma
investigação em ciências sociais, como por exemplo: inquérito por entrevista e
inquérito por questionário. O principal factor distintivo entre os dois tipos de
inquérito está na presença do entrevistador no inquérito por entrevista, sendo que
o inquérito por questionário é administrado à distância.
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uma série de perguntas guia, relativamente abertas, a propósito das quais é
imperativo receber uma informação por parte do idoso, respeitando sempre a
espontaneidade deste. Nesse sentido, pretende-se deixar fluir o diálogo para que o
idoso possa falar abertamente, com as palavras que desejar e pela ordem que lhe
convier. Ter-se-á sempre como linha condutora os objectivos pré-estabelecidos,
para evitar desvios, muito frequentes no decorrer de uma entrevista.
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Considerações Finais
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Bibliografia
RINPOCHE, Chagdud Tulku - Vida e morte no Budismo tibetano (São Paulo, Palas
Athena, 2000)
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Sitografia
Alcoologia.net: http://alcoologia.net
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