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GRUPO DE TRABALHO DE EDUCAÇÃO SEXUAL

RELATÓRIO DE PROGRESSO

Lisboa, 4 de Janeiro de 2007


MEMBROS DO GRUPO DE TRABALHO DE EDUCAÇÃO SEXUAL

Daniel Sampaio – Coordenador

Maria Isabel M. Baptista

Maria Margarida Gaspar de Matos

Miguel Oliveira da Silva

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 2

CONCEITO ABRANGENTE DE SAÚDE:


- ASPECTOS FENOMENOLÓGICOS E SÓCIO-CULTURAIS 4

Educação para a Saúde e Sexualidade 6

ACTIVIDADES DO GTES 9
Reunião de 11 de Maio de 2006 9
Deslocações às regiões 10
Principais resultados 11
Conclusões 12

EDUCAÇÃO SEXUAL:
- CONTEÚDOS MÍNIMOS 13

ACTIVIDADES EM CURSO 15

RECOMENDAÇÕES 16

PROPOSTA 17

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RELATÓRIO DE PROGRESSO

Introdução

Este Relatório resume as actividades do Grupo de Trabalho de Educação


Sexual/Saúde (GTES), realizadas durante o ano de 2006 e define as suas principais
linhas de acção até final do presente ano lectivo (Julho de 2007), momento em que, de
acordo com a nossa proposta adiante justificada, terminará a sua actividade.
No ano que agora termina os objectivos fundamentais do GTES foram os
seguintes.
a) Apoiar e dinamizar o trabalho de Educação para a Saúde realizado pelas 186
escolas/agrupamentos que concorreram ao Edital do Ministério da Educação,
cujo objectivo era a apresentação de projectos fundamentados de trabalho na
área, a realizar nos estabelecimentos de ensino;
b) Procurar estender os projectos de Educação para a Saúde ao maior número
possível de escolas, de modo a que estas actividades façam parte integrante
do quotidiano escolar e não sejam apenas postas em prática por alguns “mais
interessados”;
c) Promover uma articulação entre o Ministério da Educação e o Ministério da
Saúde, através de uma implicação dos responsáveis de ambos os Ministérios,
de modo a conseguir uma maior eficácia nas iniciativas das escolas face às
questões da saúde dos estudantes;
d) Definir as principais áreas de intervenção em Educação para a Saúde, de
modo a contribuir para a não dispersão de projectos por parte das escolas;
e) Garantir o apoio de uma bibliografia actualizada para as acções em curso,
através da análise dos diversos textos já existentes, que possa servir de guia
credível para as iniciativas das escolas;

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f) Promover a publicação de textos/manuais que possam servir de referencial
teórico/prático para o trabalho nas escolas;
g) Continuar a sensibilização das famílias dos alunos para a importância do
trabalho na área de Educação para a Saúde, promovendo a participação
crescente das Associações de Pais nos projectos das escolas;
h) Iniciar a preparação dos instrumentos que servirão de base para uma
avaliação criteriosa dos projectos em curso nas escolas, de modo a consolidar
a proposta de trabalho do GTES, enunciada no Relatório Preliminar.

Nas páginas seguintes, dá-se conta da perspectiva do GTES em matéria de


Educação para a Saúde e Educação Sexual, das iniciativas realizadas e em curso
e definem-se medidas a tomar.

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CONCEITO ABRANGENTE DE SAÚDE - ASPECTOS
FENOMENOLÓGICOS E SÓCIO–CULTURAIS

A visão holística da saúde, adoptada sobretudo a partir da Conferência de Alma–Ata


(OMS, 1978), veio alertar os profissionais de saúde e os políticos para a importância de
uma abordagem pluridisciplinar da problemática da “saúde”, passando a incluir:
(1) uma dimensão técnico-científica que sublinha a importância da prevenção (do risco),
da protecção (da saúde) e da promoção (do bem-estar), conceitos estes em mudança
acelerada de um modelo exclusivamente “médico e curativo” para um modelo mais
holístico, participativo e pluridisciplinar;
(2) uma dimensão social e cultural, considerando-se que a melhoria nas condições de
vida do cidadão o levam a uma atitude mais exigente, crítica e preocupada face à sua
saúde, e a um conceito de saúde alargado, incluindo aspectos fenomenológicos,
interpessoais e sócio-culturais.

Sobretudo depois da Conferência de Ottawa (OMS, 1986), a saúde começou a ser cada
vez mais encarada não como a ausência de sintomas físicos ou psicológicos nem mesmo
como um “estado de bem-estar”, para passar a ser considerada como um processo, uma
direcção, uma dinâmica, em que o cidadão é chamado a participar de modo activo, na
procura individual e na construção dinâmica desse bem-estar .

O conceito abrangente de saúde assim descrito, envolve para além de aspectos


biológicos, questões relacionadas com a percepção de competência e participação na
vida social, com a sensação de pertença e apoio do grupo social, atribuindo às relações
interpessoais um papel de importância reforçada.

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Promoção da saúde –bem estar

O relatório Reduzindo riscos e promovendo uma vida saudável (OMS, 2002) sublinha a
importância da promoção dos comportamento ligados à saúde (assumindo uma
definição abrangente) e a importância da identificação e prevenção de factores de risco.
Neste relatório, a OMS aponta dez factores (evitáveis e ligados ao comportamento
individual e interpessoal) que contribuem para o risco na Saúde Global e que são
responsáveis por um terço de mortes no mundo. Incluem o sexo não protegido, o
consumo de substâncias, e a obesidade, situações estas muitas vezes associadas a
acidentes, violência (social e doméstica), abusos de carácter sexual (sobre pares e sobre
menores), o suicídio e outras agressões auto-infligidas, a alienação escolar, profissional
e social.

Desde o final dos anos 70 até ao presente, este alargamento do conceito e âmbito da
Saúde ajudou ao desenvolvimento e ao robustecimento do foco na promoção e na
protecção da saúde, em especial no que diz respeito exactamente a comportamentos
como os consumos (álcool, tabaco e drogas), a actividade física e a alimentação.
Posteriormente surgiu o interesse por comportamentos interpessoais relacionados com a
violência, a sexualidade, o stress laboral e escolar, o estabelecimento de redes de apoio
interpessoal, o lazer, e suas possíveis associações com a promoção e protecção da saúde.

No seu conjunto, os resultados destes estudos aumentaram a compreensão da interacção


de factores biológicos, psicológicos, comportamentais, sociais e ambientais, associados
ao desenvolvimento de várias condições de doença e saúde e levaram a uma perspectiva
da saúde/ bem-estar, como um processo em constante mudança e construção, com um
enfoque especial na esfera fenomenológica e sócio-cultural.
Consequentemente, novas áreas do conhecimento para além da Medicina e da
Psicologia, tais como a Economia da Saúde, a Sociologia, a Antropologia, as Ciências
Políticas e o Direito assumiram uma relevância crescente para uma visão
pluridisciplinar da Saúde.

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Todos estes contributos tiveram um valor acrescentado na promoção da
saúde/bem-estar através de:

1) Uma maior consciência das populações e da relevância de intervenções preventivas


tipo universal em cenários como a escola, o do posto de trabalho, a autarquia.
2) A inclusão na “agenda” da Saúde Pública das temáticas emergentes relacionáveis
com comportamentos modificáveis, tais como o consumo de substâncias, o sexo não
protegido, a violência interpessoal, o sedentarismo e a alimentação.
3) Uma perspectiva de desenvolvimento reconhecendo que, ao longo do crescimento
humano, as características e necessidades das populações em termos de saúde/ bem-
estar variam.
4) Um conhecimento do comportamento humano, incluindo os seus aspectos
fenomenológicos e sócio-culturais, como determinante de escolhas a nível da saúde,
implicando a introdução de conceitos como bem-estar, competência, participação social
e resiliência.
5) Uma perspectiva ecológica e sistémica em que a importância para a Saúde da
interacção com grupos como a família, a escola, o trabalho e o apoio social, por
exemplo são evidenciadas.
6) O estudo dos aspectos culturais e o seu impacto na saúde das populações.
7) Um maior conhecimento de factores de ordem económica e seu impacto na saúde.
8) Um maior conhecimento do funcionamento dos recursos comunitários,
nomeadamente da organização dos serviços de saúde e sua complexidade.
9) A necessidade de recolha de informação e avaliação de acções, através da
implementação de estratégias baseadas em metodologias qualitativas, e nas teorias da
comunicação interpessoal e dinâmica de grupo.
10) O diálogo com o poder político na defesa da relevância dos factores atrás apontados.

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Educação para a saúde e sexualidade

A escola tem sido vista como um local de eleição para o estabelecimento de hábitos de
vida saudáveis. A promoção e educação para a saúde é um processo de capacitação,
participação e responsabilização que inclui como objectivos levar as pessoas, neste caso
os jovens, a sentirem-se competentes, felizes e valorizadas, ao adoptar e manter estilos
de vida saudáveis.

A educação para a saúde não se pode limitar a adoptar uma abordagem sanitarista e
específica da doença nem privilegiar apenas a sua informação ou as suas características
instrumentais. Implica além disso uma resposta organizada do sistema, no sentido de
permitir que esta educação para a saúde tenha repercussão na vida das pessoas, no seu
quotidiano. Poderemos então, falar de valorização pessoal, participação social,
equidade, felicidade e bem-estar pessoal.

A presente opção pela inclusão da sexualidade na área da saúde não pretende reduzir
esta a uma visão mecanicista, biológica e sanitarista, mas, pelo contrário sublinhar o
carácter fenomenológico, holístico e cultural de um conceito abrangente de saúde, tal
como tem vindo a ser apresentado e é proposto pela OMS.
A Educação Sexual procura não só atenuar os comportamentos de risco, tais como a
gravidez não desejada e as doenças sexualmente transmissíveis, mas também promover
a qualidade das relações interpessoais, a qualidade da vivência da intimidade e a
contextualização destas na sua raiz cultural e socio-histórica.
O início precoce de uma actividade sexual tem sido identificado como um factor de
risco para a saúde, e está associado a um estilo de vida, que inclui também o consumo
de substâncias e que tem raízes em idênticos determinantes sócio-culturais.
A própria noção de “precocidade” e a sua tradução em termos de uma idade concreta,
não pode ser vista fora de um contexto histórico e de um significado cultural (veja-se
por exemplo, como em alguns grupos culturais, as noções de maternidade e paternidade
aparecem associadas à emancipação psicossocial, mesmo quando acarretam
continuidades em termos de fraca escolaridade e baixo estatuto socio-económico.

9
Em termos meramente biológicos, há um risco acrescido de patologia do colo do útero,
no caso de haver relações sexuais sem preservativo e durante os primeiros 12 a 18
meses, após a primeira menstruação. Este risco é devido ao contacto directo do esperma,
com ou sem agentes virais (ex: HPV, HIV), com um colo do útero cujos tecidos estão
imaturos e mais vulneráveis. Do ponto de vista médico, há ainda o risco da gravidez não
desejada e ISTs (mesmo a desejada acompanha-se mais frequentemente de situações de
alto risco obstétrico).
No entanto, vários estudos comprovam que educação sexual promove a opção por uma
sexualidade responsável, estando mesmo associada a um adiamento do início da
actividade sexual “coital” e não à sua antecipação como é crença enraízada em alguns
sectores sócio-culturais.

Existe uma aprendizagem quotidiana, espontânea, ocorrendo basicamente por


observação e imitação de modelos (pais, irmãos, amigos…) e uma aprendizagem mais
estruturada, na família, na escola e na comunidade.
A qualidade da comunicação dos adolescentes com a família ou a existência de um
adulto de referência na família, na comunidade ou na escola (familiar, professor,
profissional de saúde) foi repetidamente associada, na literatura científica, à ocorrência
de menos comportamentos sexuais de risco, e a uma vivência mais responsável da
sexualidade, nas relações interpessoais.

Neste contexto, a proposta do Grupo de Trabalho de Educação Sexual (GTES, 2005)


aprovada superiormente e de onde derivou a legislação portuguesa actual em matéria de
Educação para a Saúde nas escolas, recomenda o aproveitamento das áreas curriculares
não disciplinares (ACND) para a abordagem de temáticas relacionadas com a saúde,
acentua o carácter obrigatório destas temáticas, prevendo um número médio de sessões
anuais e define que uma das quatro horas mensais se debruçará especificamente sobre a
temática da sexualidade, na sua visão biológica, sócio-cultural, fenomenológica e
interpessoal (ver na pág. 13 conteúdos mínimos).

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De facto, a posição do GTES nesta matéria, é a de que, a Educação Sexual deve ser
abordada numa perspectiva mais abrangente de Educação para a Saúde.

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ACTIVIDADES DO GTES

Desde o início – Junho de 2005 - que o GTES estabelece como prioridade o


acompanhamento /apoio às escolas e respectivos intervenientes no processo da
“Educação para a Saúde”. Para o efeito, disponibiliza um e-mail próprio, uma linha
telefónica e sempre que solicitado, o Grupo e/ou representantes desloca-se no sentido de
participar em colóquios, palestras, ao mesmo tempo que recebe entidades/organizações
que desejem ser ouvidas nesta matéria.

No entanto, de entre os objectivos fundamentais das actividades desenvolvidas pelo


GTES, as reuniões com os Agrupamentos/escolas merecem um destaque especial, por
se traduzirem em momentos importantes de reflexão sobre as temáticas associadas à
Promoção e Educação para a Saúde.
Assim, salientamos:

1. Reunião de 11 de Maio de 2006: Sessão de Trabalho com as “escolas do Edital”;


2. Deslocações às regiões

Reunião de 11 Maio de 2006:

Em Fevereiro de 2006, o GTES lançou um Edital com o objectivo de convidar escolas a


apresentar projectos na área da Educação para a Saúde. As escolas concorrentes foram
objecto de apoio técnico-científico por parte do referido grupo de trabalho.

A 11 de Maio, teve lugar, em Lisboa, a primeira reunião nacional com o conjunto dos
Agrupamentos/escolas concorrentes. Essa reunião teve dois momentos:

- Um primeiro momento de formação/informação em áreas de intervenção consideradas


prioritárias (Actividade física e alimentação/Consumos/VIH-SIDA-

12
Sexualidade/Violência), tendo contado com a participação de entidades de referência em
cada uma das áreas;
- Um segundo momento de trabalho na modalidade “workshop”, onde através da
constituição de grupos, as escolas se pronunciaram sobre as principais forças e
fraquezas do trabalho desenvolvido, assim como eventuais ameaças.

Os objectivos desta reunião foram:


• Debater/analisar metodologias de trabalho em matéria de Educação para a
Saúde;
• Aferir algumas estratégias de intervenção mais adequadas às realidades vividas
pelos diferentes Agrupamentos;
• Implicar outras instituições, nomeadamente o Instituto da Droga e da
Toxicodependência (IDT), o Instituto de Desporto de Portugal (IDP), a
Coordenação do VIH-SIDA num processo de Promoção da Saúde que se
pretende global.

Deslocações às regiões:

As deslocações às regiões organizaram-se em momentos distintos, conforme se pode


verificar no quadro abaixo:

DREN DREC DREL DREAL DREALG


6 de Junho 1 de Junho 18 de Maio 22 de Junho 8 de Junho
7 de Novembro 28 de Novembro 22 de Novembro 21 de Novembro 13 de Dezembro

O 1º momento ocorreu no fim do ano lectivo 2005/2006, durante os meses de Maio e


Junho, com o objectivo de auscultar as modalidades de trabalho desenvolvidas pelos
diferentes Agrupamentos/escolas.
Nestas reuniões, as escolas apresentavam os seus projectos, que eram seguidos de um
debate alargado e/ou comentário reflexivo sobre os mesmos.

13
O 2º momento ocorreu no início do ano lectivo 2006/07, durante os meses de
Novembro-Dezembro, com o objectivo de se detectar as principais Boas Práticas,
Problemas e Sugestões1.

É de salientar que, para estas reuniões, o convite também foi dirigido às escolas que,
ainda que não tenham concorrido ao Edital, desenvolviam e desenvolvem um longo de
trabalho na área da Educação para a Saúde.

Com esta medida, pretendeu-se dar cumprimento a um dos objectivos do GTES, que é
precisamente o de “procurar estender os projectos de Educação para a saúde ao maior
número de escolas” (cf. Introdução).

Principais resultados:

Na sequência da ocorrência destas reuniões, alguns resultados merecem ser realçados.


Realcemos alguns resultados das primeiras reuniões:
• A maioria dos agrupamentos/escolas concebeu os projectos numa perspectiva
abrangente de Educação para a Saúde, mesmo quando se verificava o privilégio
da abordagem de um tema em detrimento de outros (alcoolismo, sexualidade,
etc);
• Muitos dos projectos apontam a Educação para a Saúde como um processo de
desenvolvimento de competências nos jovens, de modo a estes serem capazes de
activar recursos em momentos críticos ;
• Muitas escolas conhecem o enquadramento legal em matéria de Educação,
Promoção da Saúde e Educação Sexual. Citam-no frequentemente, como base
de apoio para determinadas actividades. Para muitas escolas, o Relatório
Preliminar do GTES também constituiu uma base de reflexão.

Passando ao 2º momento de reuniões, realçamos o seguinte:

1
-Cf Grelha em anexo.

14
• As “Boas Práticas” revelam um trabalho “persistente” e continuado por parte do
Agrupamento/Escola, pois muitas vezes os responsáveis salientam o “esforço”
necessário para manter equipas dinamizadas e motivadas para trabalhar na
área;
• As parcerias são consideradas Boa Prática e constata-se que se concretizam na
maior parte das regiões, verificando-se uma tendência para estabelecer parcerias
com outras instituições relevantes da comunidade, para além das do Ministério
da Saúde;
Os principais problemas evocados prendem-se com a falta de tempo de todos os
intervenientes no processo (alunos, pais e professores), pelo que grande parte das
sugestões apontadas vão no sentido de:
• “atribuir horas da componente lectiva ao Coordenador de Projecto”,
• “reorganizar o horário dos alunos de forma a haver mais espaços para a
Educação para a Saúde”,
• “implementar actividades de Promoção da Saúde nas aulas de substituição”,
• “formar professores”,
• “inventar/criar novas metodologias de envolvimento de pais”,
• “criar uma plataforma virtual, onde as escolas possam divulgar os seus
projectos”.

Conclusões:

Do leque de actividades desenvolvidas pelo GTES, nomeadamente nos encontros


promovidos a nível regional, uma conclusão a retirar é pois, a de que há saberes, tem
havido reflexão e houve reflexão em torno do tema, o que pode conferir consistência
aos projectos e ao trabalho desenvolvido pelas escolas.

15
Esta reflexão, inicialmente centrada sobre as ditas escolas do Edital, tem tido um efeito
desmultiplicador, pois constata-se um número crescente de escolas que se sentem
motivadas pela abordagem do tema e que compareceram nas últimas reuniões realizadas
em Novembro.
Pode pois inferir-se que este processo vai progressivamente integrando a prática
quotidiana da totalidade dos agrupamentos.

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EDUCAÇÃO SEXUAL: CONTEÚDOS MÍNIMOS

1. A Educação Sexual é parte integrante e obrigatória da Educação para a Saúde.

2. De acordo com:
• As conclusões do Relatório Preliminar de 31 de Outubro de 2005 do GTES
• O Despacho nº 25995/2005 (2ª série) da Ministra da Educação,
• O Despacho do SEE de 27 de Setembro
• Os programas em vigor,
• A actual reorganização curricular, que inclui as áreas curriculares não
disciplinares (ACND),
as escolas deverão:

2.1 Incluir o equivalente a uma sessão mensal na área específica da sexualidade;


2.2 Realizar avaliação específica e obrigatória aos conteúdos em causa.

3. No contexto nacional actual, os objectivos mínimos nesta área devem, entre os 6º e 9º


anos:

3.1 Compreender a fisiologia geral da reprodução humana.


3.2 Compreender o ciclo menstrual e ovulatório.
3.3 Compreender a sexualidade como uma das componentes mais sensíveis da
pessoa, no contexto de um projecto de vida que integre valores (ex: afectos,
ternura, crescimento e maturidade emocional, capacidade de lidar com
frustrações, compromissos, abstinência voluntária) e uma dimensão ética.
3.4 Compreender a prevalência, uso e acessibilidade dos métodos contraceptivos
e conhecer, sumariamente, os mecanismos de acção e tolerância (efeitos
secundários).
3.5 Compreender a epidemiologia e prevalência das principais IST em Portugal
e no mundo (incluindo infecção por VIH/Vírus da Imunodeficiência Humana

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- VPH2/Vírus do Papiloma Humano - e suas consequências) bem como os
métodos de prevenção.
3.6 Conhecer as taxas e tendências de maternidade na adolescência e
compreender o respectivo significado.
3.7 Conhecer as taxas e tendências das interrupções voluntárias de gravidez,
suas sequelas e respectivo significado.

4. Do ponto de vista qualitativo, estes objectivos não devem constituir uma abordagem
excessivamente preventiva, abstracta e sanitarista, desligada da realidade nacional
concreta e da reflexão sobre atitudes e comportamentos sexuais nas e nos adolescentes.

Importa, pois, que estes conteúdos abordem, nas e nos adolescentes portugueses,
tendências na idade de início das relações sexuais, métodos contraceptivos disponíveis e
utilizados, razões do seu falhanço e não uso, evolução e consequência nas taxas de
gravidez e aborto (entre nós e na EU), aspectos relacionados com a incidência e
sequelas das DTS (com infecção por VIH e HPV e suas consequências).

No que se refere à fisiologia da reprodução humana deve ser dado ênfase à compreensão
e determinação do ciclo menstrual em geral, com particular atenção à identificação,
quando possível, do período ovulatório, em função das características dos ciclos
menstruais.
É essencial que a avaliação obrigatória, de forma específica, não exclua esta área
elementar.

Sem prejuízo da complementar transversalidade que cada escola ou agrupamento


desenvolva nesta área – em função das suas necessidades específicas e dos manuais e
materiais que entenda desenvolver, adaptar ou aproveitar, a efectivação, no mínimo
mensal, de sessões sobre sexualidade e respectiva avaliação é obrigatória, seja ou não
efectivada ao abrigo do protocolo estabelecido com o Ministério da Saúde em
efectividade a partir de Fevereiro de 2006.

2
-Vírus sexualmente transmitido de que algumas estirpes são responsáveis por lesões no colo do útero,
incluindo cancro

18
5. O professor – coordenador desta área temática deve zelar por este cumprimento,
arquivando anualmente os resultados detalhados da avaliação efectuada, eventuais
dificuldades encontradas e sugestões que entender oportunas.

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ACTIVIDADES EM CURSO

1. Foi designada uma subcomissão para “Proceder à avaliação dos materiais em


uso, designadamente os manuais", cujos elementos são os seguintes:
• Professor Doutor José Alves Diniz, Professor da Faculdade;
• Dra Cristina Guerreiro, médica;
• Dra Margarida Albergaria, professora de Biologia do Ensino Secundário.

Esta comissão deverá fornecer até Maio uma bibliografia comentada na área da
Educação Sexual/Saúde.

2. Após reunião com a actual Presidente da Confap, Drª Maria José Viseu, foi
proposta uma maior implicação das Associações de pais no desenvolvimento de
acções de Educação para a Saúde.
3. Na sequência do Protocolo assinado a 7 de Fevereiro de 2006, entre o Ministério
da Educação e o Ministério da Saúde, as estruturas centrais do Ministério da
Saúde têm acompanhado as actividades desenvolvidas pelo GTES, o que reforça a
parceria institucionalizada.
4. Durante 2007, prosseguir-se-á com a publicação de referenciais nas áreas
consideradas prioritárias: consumos/violência/sexualidade.
5. Está em elaboração uma grelha de avaliação para avaliar projectos das escolas na
área da Educação para a Saúde.

Estes resultados deverão ser conhecidos até Junho de 2007.

20
RECOMENDAÇÕES

1. Na sequência dos pedidos/sugestões que nos chegam das escolas, será


importante que o Professor Coordenador da área de Educação para a Saúde
possa beneficiar de uma redução horária na componente lectiva.
2. Tal como foi anteriormente proposto pelo Grupo de Trabalho de Educação para
a Saúde (GTES), entendemos que os Centros de Formação de Associação de
Escolas (CFAE) devem continuar a considerar a área da Educação para a Saúde
como prioritária, disponibilizando módulos de formação contínua ao corpo
docente da sua área.

21
PROPOSTA

Dado o conjunto de actividades em curso e a necessidade de avaliação de todo o


processo, o Grupo de Trabalho de Educação Sexual - Saúde (GTES) vem propor
superiormente que o seu mandato seja prorrogado até final do presente ano lectivo.

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AVALIAÇÃO INTERMÉDIA
DRES
PAIS ESCOLA / MEIO ALUNOS
1. 1. 1.
BOAS PRÁTICAS

2. 2. 2.

3. 3. 3.

1. 1. 1.
PROBLEMAS

2. 2. 2.

3. 3. 3.

1. 1. 1.
SUGESTÕES

2. 2. 2.

3. 3. 3.

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