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JORGE AMADO: VIDA, OBRA E ZÉLIA


Publicada em 24/05/2008
Escritor baiano, nascido em Itabuna, desenvolveu uma
trajetória que marcou profundamente a literatura brasileira e
mundial. Jorge Amado retratou com propriedade a Bahia, os
negros e os marginais numa escrita que falava do povo para o
próprio povo. É enquadrado como integrante da geração de 30
do Modernismo brasileiro.

O momento político, econômico e social que o Brasil


presenciava no início da década de 1930, provocou uma reação artística engajada e fortemente
ideológica. O jovem Amado, participante ativo do cenário intelectual da época, em contato com
outros nomes importantes da literatura como Jorge de Lima, Rachel de Queiroz e Graciliano Ramos,
produz, sobretudo nas suas primeiras obras como Cacau, Suor, e O país do Carnaval, uma escrita
fortemente marcada por idéias socialistas.

Tornando-se uma referência internacional da literatura brasileira,


cuidou de retratar em sua vasta obra a opressão e a miséria
vivenciada pelas classes populares e pelo trabalhador rural trazendo
à tona temas como o cangaço, a seca e o coronelismo. A Bahia foi o
cenário social das suas obras, sendo contada para o mundo com toda
a sua riqueza lingüística, cultural e religiosa, mas também revelada
com um tom de denúncia que desnudou o preconceito e as mazelas
sociais. Em Capitães de Areia, retratou o abandono vivenciado pelos
meninos de rua em Salvador. Os conflitos entre os coronéis de cacau
e dos exportadores foram mostrados em São Jorge dos Ilhéus, e
Terras do Sem-fim. Sua intensa atividade política e literária lhe
rendeu 4 prisões e 1 exílio, além de inúmeros prêmios de
reconhecimento, como o Prêmio Camões, Nobel da literatura
portuguesa em1994(Ao lado, obra do artista plástico baiano
Calasans Neto).

Obras como Tieta do Agreste, Gabriela, Cravo e Canela e Dona


Flor e Seus Dois Maridos, dentre outras, caíram no gosto do grande público, sendo adaptadas para o
cinema e a televisão, difundindo os costumes da sociedade baiana. Nas palavras do escritor baiano
João Ubaldo Ribeiro, proferidas numa crônica escrita quando da morte de Jorge Amado em 2001:

“(...) Quem mais, senão um gênio, teria criado toda uma nação, teria dado
forma, expressão e identidade a uma terra e uma cultura como a Bahia,
assim legando aos baianos e aos brasileiros em geral, pois a Bahia pertence
a todos os brasileiros, um patrimônio inestimável? A Bahia não pode ser
compreendida — e, por via de conseqüência, o Brasil não pode ser
inteiramente compreendido — sem Jorge Amado e Dorival Caymmi(...)”

Em 1945, conheceu a escritora Zélia Gattai com quem dividiu 56 anos de sua vida até a sua morte. A
escritora, fotógrafa e memorialista trabalhou ao lado de Amado na documentação e revisão de sua
obra. Gattai começou a escrever suas memória aos 63 anos de idade; sua primeira publicação foi
Anarquistas, graças a Deus, em 1979. Dentre diversas outras publicações, lançou, em 1987, a
fotobiografia Reportagem Incompleta, em que reuniu fotos da vida e trajetória de Jorge Amado. Em
1988 publica ainda Jardim de Inverno, onde fala do exílio na Tchecoslováquia em companhia de
Jorge Amado. Suas últimas publicações foram Códigos de família (2000) e Um Baiano Romântico e
Sensual (2002).

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Zélia Gattai (1916 - 2008)

Zélia Gattai recebeu em 1984 o título de Cidadã da Cidade do Salvador. Desmpenhou um importante
papel no cenário intelectual brasileiro, assumindo em 2001 a cadeira número 23 da Academia
Brasileira de Letras, antes ocupada por Jorge Amado. Despediu-se em maio deste ano, aos 91 anos,
deixando saudades.

JORGE AMADO E O ROMANCE TENDA DOS MILAGRES

Publicado em 1969, a obra foi tida pelo próprio autor como o seu melhor romance. O enredo se passa
no Pelourinho na cidade de Salvador, onde residia Pedro Archanjo, o herói da estória, negro mestiço e
intelectual, que se empenhou na documentação da cultura popular e nos estudos sobre a miscigenação
do povo baiano, causando desconforto e repúdio na aristocracia baiana.

Sem dúvidas a obra fornece elementos essenciais para a compreensão da formação sócio-cultural da
sociedade brasileira, a partir da apresentação de temas marcantes na obra de Jorge Amado, como as
relações raciais entrelaçadas pelo preconceito, o candomblé, o sincretismo religioso e a miscigenação.

A partir da trajetória de Pedro Archanjo e de suas relações com Dr. Nilo Argolo, renomado professor
da Faculdade de Medicina onde Archanjo foi feito bedel, são delineados os contornos do preconceito
racial fundado na idéia de inferioridade dos negros para com os brancos. O mestre Argolo, ainda a
essas alturas negando a miscigenação, defendia a segregação racial como forma de afastar a
influência negra na cidade.

O romance teve duas adaptações: em 1977, foi a estréia do filme Tenda dos Milagres, de Nelson
Pereira dos Santos; um pouco mais tarde, em 1985, surge como minissérie na Rede Globo (adaptação
de Aguinaldo Silva e Regina Braga e direção de Paulo Afonso Grisolli, Maurício Farias e Ignácio
Coqueiro; no papel de Pedro Archanjo, Nelson Xavier).

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