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“(...) Quem mais, senão um gênio, teria criado toda uma nação, teria dado
forma, expressão e identidade a uma terra e uma cultura como a Bahia,
assim legando aos baianos e aos brasileiros em geral, pois a Bahia pertence
a todos os brasileiros, um patrimônio inestimável? A Bahia não pode ser
compreendida — e, por via de conseqüência, o Brasil não pode ser
inteiramente compreendido — sem Jorge Amado e Dorival Caymmi(...)”
Em 1945, conheceu a escritora Zélia Gattai com quem dividiu 56 anos de sua vida até a sua morte. A
escritora, fotógrafa e memorialista trabalhou ao lado de Amado na documentação e revisão de sua
obra. Gattai começou a escrever suas memória aos 63 anos de idade; sua primeira publicação foi
Anarquistas, graças a Deus, em 1979. Dentre diversas outras publicações, lançou, em 1987, a
fotobiografia Reportagem Incompleta, em que reuniu fotos da vida e trajetória de Jorge Amado. Em
1988 publica ainda Jardim de Inverno, onde fala do exílio na Tchecoslováquia em companhia de
Jorge Amado. Suas últimas publicações foram Códigos de família (2000) e Um Baiano Romântico e
Sensual (2002).
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Zélia Gattai recebeu em 1984 o título de Cidadã da Cidade do Salvador. Desmpenhou um importante
papel no cenário intelectual brasileiro, assumindo em 2001 a cadeira número 23 da Academia
Brasileira de Letras, antes ocupada por Jorge Amado. Despediu-se em maio deste ano, aos 91 anos,
deixando saudades.
Publicado em 1969, a obra foi tida pelo próprio autor como o seu melhor romance. O enredo se passa
no Pelourinho na cidade de Salvador, onde residia Pedro Archanjo, o herói da estória, negro mestiço e
intelectual, que se empenhou na documentação da cultura popular e nos estudos sobre a miscigenação
do povo baiano, causando desconforto e repúdio na aristocracia baiana.
Sem dúvidas a obra fornece elementos essenciais para a compreensão da formação sócio-cultural da
sociedade brasileira, a partir da apresentação de temas marcantes na obra de Jorge Amado, como as
relações raciais entrelaçadas pelo preconceito, o candomblé, o sincretismo religioso e a miscigenação.
A partir da trajetória de Pedro Archanjo e de suas relações com Dr. Nilo Argolo, renomado professor
da Faculdade de Medicina onde Archanjo foi feito bedel, são delineados os contornos do preconceito
racial fundado na idéia de inferioridade dos negros para com os brancos. O mestre Argolo, ainda a
essas alturas negando a miscigenação, defendia a segregação racial como forma de afastar a
influência negra na cidade.
O romance teve duas adaptações: em 1977, foi a estréia do filme Tenda dos Milagres, de Nelson
Pereira dos Santos; um pouco mais tarde, em 1985, surge como minissérie na Rede Globo (adaptação
de Aguinaldo Silva e Regina Braga e direção de Paulo Afonso Grisolli, Maurício Farias e Ignácio
Coqueiro; no papel de Pedro Archanjo, Nelson Xavier).
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