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PRINCIPAIS PONTOS DA TEORIA VIGOTSKIANA

Quanto ao sujeito (Aluno):

* Aprendizagem
- é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes,
valores, etc. a partir de seu contato com a realidade, o meio ambiente, as outras
pessoas.
- a idéia de aprendizagem inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no
processo.
- a “boa” aprendizagem é aquela que consolida e sobretudo cria zonas de
desenvolvimento proximal sucessivas.

* Zona de desenvolvimento proximal


- diz respeito a funções emergentes no sujeito, a capacidades ainda
manifestadas com apoio em recursos auxiliares oferecidos pelo outro. O que irá
caracterizar o desenvolvimento proximal é justamente a capacidade que surge e
desenvolve de modo partilhado. Com seu burilamento e internalização, o
desenvolvimento se consolida, abrindo sempre novas possibilidades de funções
emergentes.
- domínio psicológico em constante transformação.
- as experiências de aprendizagem vão gerando a consolidação e a
automatização de formas de ação e abrindo zonas de desenvolvimento proximal.
- A linha do desenvolvimento é, em conseqüência, uma linha de diferenciação e
formação do indivíduo, de individuação do seu funcionamento. A criança é um ser
social que se faz indivíduo ao mesmo tempo que incorpora formas maduras de
atividade de sua cultura. Individualiza-se e se socializa.

* O sujeito não é passivo e nem apenas ativo: é interativo

Desta forma, as características de cada indivíduo vão sendo formadas a partir das
inúmeras e constantes interações do indivíduo com o meio, compreendido como
contexto físico e social, que inclui as dimensões interpessoal e cultural. Nesse
processo dinâmico, ativo e singular, o indivíduo estabelece, desde o seu nascimento e
durante toda a sua vida, trocas recíprocas com o meio, já que, ao mesmo tempo que
internaliza as formas culturais, as transforma e intervém no universo que o cerca.

Numa perspectiva ontológica, pode-se dizer que a educação significa colocar o


indivíduo em contato com os sentidos que circulam em sua cultura, para que ele possa
assimilá-los e nela viver. Isso não significa que estará assimilando todas as
informações com uma atitude passiva, ao contrário, para que se tenha uma boa
aprendizagem é necessário uma atividade que seja consciente, participativa e
transformadora da realidade interna e externa do indivíduo.
Considerando que o desenvolvimento psíquico é definido, visto anteriormente, como
um reflexo ativo da realidade, produzido e desenvolvido a partir da prática social, com
a participação da prática do indivíduo, que orienta a sua vida frente ao mundo e aos
demais indivíduos, a educação apresenta-se como um componente importante para o
confronto de informações culturais, que possibilita o continuum processo do
conhecimento e da constituição do psiquismo.

Para ele, o universo da educação escolar torna acessível ao sujeito o conhecimento


formalmente organizado e que o desafia a entender as bases dos sistemas de
concepções científicas e a tomar consciência de seus próprios processos mentais.
Ao interagir com esses conhecimentos, o ser humano se transforma: aprender a ler e a
escrever, obter o domínio de formas complexas de cálculos, construir significados a
partir das informações descontextualizadas, ampliar seus conhecimentos, lidar com
conceitos científicos hierarquicamente relacionados, são atividades extremamente
importantes e complexas, que possibilitam novas formas de pensamento, de inserção
e atuação em seu meio. Isto quer dizer que as atividades desenvolvidas e os conceitos
aprendidos na educação escolar (que Vygotsky chama de científico) introduzem novos
modos de operação intelectual: abstrações e generalizações mais amplas acerca da
realidade (que por sua vez transformam os modos de utilização da linguagem). Como
conseqüência, na medida em que o sujeito expande seus conhecimentos, modifica sua
relação cognitiva com o mundo. (Rego, 1996, p.104)
Nesse sentido, o importante no processo educacional é a formação da consciência que
é de certa forma determinada pela natureza das relações que a engendra: trata-se das
relações sociais com as quais cada sujeito realiza sua atividade coletiva, onde o
trabalho ocupa lugar central. Vygotsky, assim, enfatiza que a relação ensino e
aprendizagem é um fenômeno complexo, pois diversos fatores de ordem social,
política e econômica interferem na dinâmica da sala de aula, isto porque a escola não
é uma instituição independente, está inserida na trama do tecido social. Desse modo,
as interações estabelecidas na escola revelam facetas do contexto mais amplo em que
o ensino se insere.
Um educação voltada para a realidade existencial do sujeito e fundamentada nela,
tem maior significado, pelo fato já visto de que nossa compreensão está radicada na
vivência que temos do mundo. Assim, na multiplicidade de sentidos de nossa cultura,
o educando somente pode apreender e aprender aqueles que o auxiliem a
compreender-se.
... E nisto reside a capacidade criadora: construir, a partir do existente, um sentido que
norteie nossa ação enquanto indivíduos. Ou seja: reside na busca de nossos valores,
dentre os inúmeros provenientes da estrutura cultural. A educação que pura e
simplesmente transmite valores asfixia a valoração como ato. O ato de valoração e
significação somente se origina na vida concretamente vivida; valores e significados
impostos tornam-se, portanto, insignificantes. A educação é, fundamentalmente, um
ato carregado de características lúdicas e estéticas. Nela procura-se que o educando
construa sua existência ordenadamente, isto é, harmonizando experiências e
significações. Símbolos desconectados de experiências são vazios, são insignificantes
para o indivíduo. Quando a educação não leva o sujeito a criar significações fundadas
em sua vida, ela se torna simples adestramento: um condicionamento a partir de
meros sinais. (Duarte Junior, 1981, p. 56)
A educação, tendo o seu papel de desenvolver pensamentos superiores, auxilia no
desenvolvimento psíquico do sujeito, pois a intersubjetividade existente nesse espaço
e as relações ali estabelecidas ampliam o horizonte e a consciência, ou seja, modifica
o modo de ver e relacionar com o mundo. É um fator de enriquecimento para o
desenvolvimento do ser humano.
Como conclusão, podemos considerar que a educação é um dos locus onde ocorre a
ampliação da consciência e que busca uma visão totalizante do fenômeno humano,
estimulando a criação de sentidos individuais com relação ao todo da vida. Promove
um autoconhecimento, que permite maior equilíbrio entre o sentir, o pensar e o fazer.
Caso ela não cumpra esse objetivo, estará contribuindo para a cisão da personalidade
humana.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DUARTE JUNIOR, João Francisco. Fundamentos Estéticos da Educação. São Paulo:
Cortez, 1981. p.45-65
GÓES, Maria Cecília, A natureza social do desenvolvimento psicológico. In: Cadernos
CEDES – Centro de Estudos Educação e Sociedade – Pensamento e Linguagem:
estudos na perspectiva da psicologia soviética. 2ª ed., São Paulo: Papirus, 1991, p.17-
24
OLIVEIRA, Marta Kohl de, Vygotsky. Aprendizado e desenvolvimento um processo
sóocio-histórico. São Pauo: editora Scipione, 1995.
REGO, Teresa Cristina. Vygotsky. Uma perspectiva histórico-cultural da educação. RJ:
Vozes, 1995.
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[1]Texto elaborado a partir do Projeto Interdisciplinar: “A natureza, o homem, a cultura
e o lugar da educação”, desenvolvido no 2º período do Curso Normal Superior (CNS) –
UEMG/FUNEDI – ISED/ISEC, 1º semestre de 2002
[2] LEONTIEV, (1978). O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Horizonte
Universitário.
[3] LEONTIEV, (1978). O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Horizonte
Universitário
(...) a educação pode ser entendida como um processo pelo qual os indivíduos
adquirem sua personalidade cultural. Ou seja, educar-se é, primeiramente, adquirir a
“visão de mundo” da cultura a que se pertence; educar-se diz respeito ao aprendizado
dos valores e dos sentimentos que estruturam a comunidade na qual vivemos (...)
nela, “hominizamo-nos”. (Duarte Junior, 1981, p.54)
[4] Trecho extraído do livro Rdcuação Matemática, de Maria Aparecida Bicudo ao
discutir o assunto epistemologia de Paulo Freire, ed. Moraes, sd., p.104.

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