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1 Ver Said, "Afterword to the 1995 printing", pp. 329-354 na edição de 1995. Ver também, por exemplo, O'Hanlon e Washbrook 1992; Turner 1994.
2 Wallace 1962: 348-349.
realçavam a distinção entre a civilização ocidental e os modos de vida dos “Outros”. O
colonialismo reforçado daquele século não estava alheio ao referido desenvolvimento. O
século XIX foi também o período no qual a Antropologia se desenvolveu e se afirmou
como uma disciplina seguindo linhas científicas, utilizando teorias e dados empíricos.
Razões suficientes para dar um destaque especial a essa época neste ensaio.
O selvagem e o civilizado
3 No período do Império Romano, a denominação civis adquiriu um significado mais vasto: um indivíduo algures no território do império que pagava impostos e satisfazia
mais algumas condições tinha direito a esta designação.
4 Provavelmente os Citas não são tanto o protótipo de barbaroi como geralmente assumida. Pelo menos, Heródoto (4, 46) considerava-os uma excepção entre os povos
"atrasados" ao norte do Mar Negro.
manipular suficientemente o órgão da fala para produzir sons inteligíveis. O primitivismo
deles contrastava com a vida na polis onde não só se falava uma língua compreensível,
mas onde também existia um sistema para transcrever essa língua5. Mais tarde, na
Antropologia, “civilização” tornou-se um termo aceite, indicando um tipo de cultura
caracterizado pela existência de cidades e pela escrita6.
Certas características corporais dum outro povo também podiam servir como
critério para estabelecer a sua distância à “civilização”. Este tipo de critérios tornou-se
mais importante no período da expansão europeia. Em particular os povos com pele
escura tornaram-se no protótipo do “selvagem desprezível” (em inglês: "the wretched
savage").
No Sudeste Asiático foi esse o destino dos “Negritos”, povos que se distinguem dos
seus vizinhos pela sua estatura baixa e pele escura. Sobre alguns dos povos “Negritos”,
nas Filipinas, tem corrido o boato (que persiste até hoje e que é aproveitado pelo
turismo) que eles têm caudas - sendo deste modo colocados num nível sub-humano. A
opinião criada sobre eles era, no entanto, em grande medida influenciada pelo seu modo
de vida baseado em “foraging”: caça e recolecção - o que provava que eles não sabiam
dominar a Natureza. Um missionário afirmava em 1604 sobre os “Negritos” nas Filipinas
que “eles nem plantam nem colhem, e procuram sustentar-se só vagueando como
animais, semi-nus, pelas montanhas”7. No que diz respeito aos povos africanos, os
“hottentots” (como eram chamados, embora o nome mais correcto seja Khoi-Khoi) da
África Austral tornaram-se os protótipos de selvajaria. Eram, alegadamente, “destituídos
de todos os sinais de civilidade, decência e humanidade, sem língua humana,
conhecimento de cozinhar, habitação, religião e instituições políticas”8.
Em paralelo com esta perspectiva do selvagem como miserável e sub-humano tem
existido, igualmente, uma visão mais positiva, segundo a qual o selvagem era “bom” ou
5 Durante o Império Romano também se admitia a derivação do termo barbarus do Latim barba (“barba”) - portanto, também a partir de uma intervenção sobre a
Natureza (neste caso, o corpo [rosto] humano).
6 Outras características às vezes mencionadas são: hierarquia política, agricultura intensiva, comércio, densidade populacional elevada. Estas são, no entanto
estreitamente, ligadas à existência de cidades e uma escrita. Convém salientar que “civilização” na antropologia - pelo menos naquela do século XX - nada tem a ver com
“superioridade”.
7 Citado por Renato Rosaldo, também em Winthrop 1991: 23.
8 Harbsmeier 1995: 29.
“nobre”, exactamente por viver tão perto da natureza. De acordo com esta abordagem,
eles viviam em harmonia íntima com o ambiente natural, que fornecia todas as
necessidades materiais e biológicas. Além disso, eram livres de opressão, no sentido de
que não conheciam restrições sociais e sexuais.
Em determinados períodos da história ocidental esta imagem positiva gozava de
certa popularidade. Apreciação de povos primitivos por regra envolvia uma crítica
implícita ou explícita à própria civilização. Esta atitude é patente nalguns filósofos da
Antiguidade9 e tornou-se evidente no Renascimento com Thomas More e Montaigne, por
exemplo. O conceito de “bom selvagem” foi popularizado em particular por autores
franceses do século XVIII, tal como Montesquieu, Diderot e, obviamente, Rousseau.
Assim, evidenciam-se neste período de racionalismo já sinais do romantismo, fruto
também de cepticismo e auto-crítica.
Dados empíricos serviam para corroborar a filosofia social. Grande influência
tinham no século XVIII os relatórios de Bougainville sobre as suas viagens pelo Pacífico
Sul, representado como o “Paraíso Terrestre”. Que os Taitianos estavam perto da
natureza e não eram “corrompidos” foi conclusão que se extraiu da aparente ausência de
vergonha em relação aos seus corpos e funções corporais.
No entanto, relatos etnográficos deste género não começaram propriamente com
Bougainville. Lembramos a carta de Pêro Vaz de Caminha sobre o primeiro encontro, em
1500, de europeus com índios do Brasil. O cronista elogia o estilo de vida, que parece ser
sem inibições, e refere-se extensivamente ao facto de que eles não usam roupa, nem
conhecem lavoura, nem habitações permanentes10. O português considerava aqueles
nativos em muitos aspectos melhores do que os europeus e só o facto de não serem
cristãos - o que então era o critério fundamental – os tornava inferiores. Pouco antes
dele, Cristóvão Colombo descreveu a vida dos primeiros indígenas das Ilhas Caraíbas que
encontrou como se fosse uma Arcádia; as pessoas, com alma pacífica, careciam de leis,
mas faziam as coisas certas “por natureza”11.
9 Por exemplo os que pertenciam à Escola Cínica (que considerava que os seres humanos - especialmente aqueles vivendo na polis - deveriam reduzir as suas
necessidades, e viver mais em harmonia com a natureza) e os da Escola Stóica (por exemplo Séneca) que se opuseram ao etnocentrismo.
10 Ver Vaz de Caminha 1987 (reedição da carta de 1500).
11 Boon 1982: 35.
O Romantismo do fim do século XVIII e princípio do século XIX colocava os povos
exóticos num pedestal. Isso foi também a época do desenvolvimento do Orientalismo,
baseado no conhecimento alargado sobre a Ásia e o Próximo Oriente, fruto da expansão
política de poderes europeus naquelas zonas12. Autores alemães como Friedrich Novalis e
Friedrich Schlegel propagavam o estudo da cultura e religião da Índia porque podia servir
para derrotar “o materialismo e mecanismo (e republicanismo) da cultura ocidental”13.
Literatura sobre explorações na selva e encontros com seres humanos exóticos
gozava de grande popularidade. Exemplo de um tal relatório, escrito no espírito do
Romantismo, foi o do naturalista de origem alemã C.L. Blume, que em 1821-1822, na
Java ocidental, travou conhecimento com os Badui, um povo isolado. Blume fazia
grandes elogios à bondade destes habitantes de montanha e à sua simbiose
aparentemente perfeita com o ambiente inóspito; receando que as influências externas
pudessem destruir a sua tradição14.
Nos anos 1838-1840, Sir George Grey, um funcionário britânico, fazia explorações
na Austrália Ocidental. Antes (e depois) de Grey, os aborígenes da Austrália eram
considerados quase sempre como o melhor exemplo de selvagens “ignobles”. Eles “... de
certo modo, tinham características humanas inversas [...] Eles andavam nus, não tinham
língua nem residência fixa”. Mesmo James Cook comparava-os com “animais selvagens
em busca de alimentos”15. Grey, apesar de chocado com alguns dos hábitos dos
aborígenes e principalmente com o baixo estatuto (?) das mulheres, teve uma impressão
geral bastante positiva. Concluiu que os aborígenes precisavam de se dedicar à caça e
recolecção só duas ou três horas por dia para obter os seus alimentos. Uma vez que eles
(pelo menos, os homens) pareciam apreciar este modo de vida, Grey disse compreender
a resistência a uma “vida civilizada”16.
Na época de Grey, no entanto, uma tal posição sobre povos indígenas já era
excepcional. A ideia de “bom selvagem” estava moribunda entre os etnógrafos britânicos
do século XIX. Neste período, a diferença entre o pressuposto modo de vida dos
“selvagens” e as normas da cultura ocidental era maior que nunca. A inovação
tecnológica reforçava a sensação de superioridade dos europeus. Estes desenvolvimentos
eram acompanhados por uma exploração económica e a instalação de hegemonia política
pelos europeus em muitas zonas do mundo. Havia também a noção de que a sociedade
ocidental tinha que transmitir a sua cultura, a sua moral, àqueles outros povos.
Na Europa e principalmente na Inglaterra, a classe média, recentemente
emancipada em termos políticos e económicos, impôs as suas normas à sociedade. Nesta
fase do “processo de civilização”, tal como descrito por Norbert Elias,17 as pessoas viviam
numa distância sem precedentes em relação à Natureza, por vezes até à renúncia dela.
O corpo e os processos fisiológicos tornaram-se cada vez mais assuntos privados, não
devendo, por isso, ser expostos em público. Impulsos físicos deveriam, por regra, ser
reprimidos ou adiados, especialmente os relacionados com a sexualidade. O adiamento
do matrimónio e portanto da procriação era o que Thomas Malthus poderia ter
denominado de “preventive check of moral restraint” (“regulamento preventivo de
repressão moral”). Neste caso, mas também noutros aspectos, os instintos eram
controlados a fim de se obter a recompensa no futuro sob forma de progresso
económico.18
Os Ocidentais consideravam-se, neste aspecto, distintos dos “Outros”, aos quais
faltaria a capacidade de planear. Acreditava-se serem os “selvagens” totalmente
carentes da disciplina necessária para controlar as suas inclinações naturais19.
17 Elias 1989.
18 Pode-se comparar isto com a tese de Max Weber sobre a prática dos calvinistas, religiosamente inspirada, de adiamento ou mesmo de recusa de prazer, prática que
conduzia ao progresso económico.
19 Turner 1994: 98.
Precaução, “subduing the natural appetite of living for the present”20, julgava-se um
traço essencial da civilização ocidental e uma condição fundamental para a
prosperidade. Isso nota-se, por exemplo, nos escritos de Adam Smith: a sua economia
política tinha como premissa que o Homem é capaz de superar a natureza e o instinto.
27 Stocking 1987: 247; Young 1995: 134-135; Winthrop 1991: 102. Esta “visão total” seria persistente até pelo menos aos anos 1930 num Portugal à procura da sua
identidade. Afirma Vítor Oliveira Jorge: “Antropologia física, antropologia cultural ou etnologia, e arqueologia pré-histórica eram três projectos articulados, que visavam
definir as características do «homem português»" (Oliveira Jorge 1997: 28). O destaque para características corporais tem sido notável nos estudos do Museu de
Antropologia em Coimbra e nas obras de Mendes Corrêa e a sua escola até os anos 1950 (Pina Cabral 1991: 30-31).
28 Na Alemanha, o advogado suíço Johann Bachofen publicou Das Mutterrecht em 1861; na Grã-Bretanha, no mesmo ano foi editado Ancient Law do jurista Henry Maine
e em 1865 Primitive marriage, escrito pelo advogado escocês John F. McLennan. Uns anos depois (1871), Edward Tylor com a obra monumental Primitive Culture e na
América Lewis Henry Morgan publicava então Systems of Consanguinity and Affinity of the Human Family.
29 Wilken 1873.
30 Wilken 1875b.
versava a da tecnonímia na Minahasa: o costume de denominar um indivíduo por
referência ao nome de um dos seus filhos. Segundo Wilken, esta prática acompanhava a
fase transitória do matriarcado até ao patriarcado. Seguir-se-iam muitos artigos deste
género, tomando sempre como ponto de referência um fenómeno na Minahasa ou em
outras regiões do arquipélago Malaio.
Em 1885, Wilken foi nomeado para a cátedra - criada em 1877 - de “Geografia e
Etnologia das Índias Neerlandesas” na Universidade de Leiden. Isso significava um
reconhecimento da sua obra e proporcionava também a Wilken uma posição estratégica
e de autoridade para disseminar as suas ideias e transmiti-las às gerações futuras de
antropólogos holandeses31. Estes iam abandonar o evolucionismo (consoante o
desenvolvimento em outros países) - mas a antropologia holandesa ia conquistando uma
posição de destaque no cenário internacional. Isso devia-se, entre outras coisas, à
etnografia (praticada no contexto colonial) no culturalmente riquíssimo arquipélago da
Ásia do Sudeste.
31 O primeiro catedrático foi P. J. Veth, nomeado em 1877. Mais informação sobre Wilken e a sua influência em Koentjaraningrat (1975: 28-42) e em Platenkamp e Prager
(1994: 710-718).
32 No Tributaries Scroll, feito na China no século XVIII, encontram-se, para além de pinturas de vários povos europeus, também descrições deles (ver Xu Xin 1995).
33 Ferronha 1994: 156-7, notas 163-164.
Sobre a Alteridade do antropólogo aos olhos dos indígenas muito se tem escrito na
“literatura confessional”, agora tanto na moda na antropologia. Mas devemos lembrar-
nos do naturalista Wallace, de quem já no princípio deste artigo citámos uma
observação. Citemos outra, agora acerca da sua estada entre os Dayak de Bornéu:
“Enquanto jantava no meio dum círculo de cerca de cem espectadores que observavam
com tensão cada movimento e criticavam cada bocado que comia, involuntariamente os
meus pensamentos desviaram-se em direcção aos leões na hora da comida”34. Muitos
antropólogos, inclusive a autora deste artigo, já passaram por experiências semelhantes.
Curiosidade e fascínio em relação a outros povos parecem ser universais. No
mundo ocidental, este espanto35 tem contribuído muito - por vias da etnografia - para o
desenvolvimento da antropologia. Indicar algumas grandes linhas deste processo foi um
dos objectivos deste artigo. Mas é certo que os antropólogos também podem aprender
muito com o espanto dos “Outros” em relação a eles próprios.
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