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BR GAAP

vs. IFRS
Visão Geral
Junho de 2009
Índice
Introdução 4

Normas convergidas

CPC 01 - Redução ao Valor Recuperável de Ativos 6


CPC 02 - Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de
Demonstrações Financeiras 6
CPC 03 - Demonstração dos Fluxos de Caixa 7
CPC 04 - Ativo Intangível 7
CPC 05 - Divulgação sobre Partes Relacionadas 7
CPC 06 - Operações de Arrendamento Mercantil 8
CPC 07 - Subvenção e Assistência Governamentais 8
CPC 10 - Pagamento Baseado em Ações 8
CPC 11 - Contratos de Seguro 8

Normas sem equivalência direta em IFRS

CPC 09 - Demonstração do Valor Adicionado 9


CPC 12 - Ajuste a Valor Presente 9
CPC 13 - Adoção Inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória nº 449/08 9

Normas convergidas parcialmente

CPC 08 - Custos de Transação e Prêmios na Emissão de Títulos e


Valores Mobiliários 10
CPC 14 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração
e Evidenciação 10

Principais áreas a serem consideradas pelo CPC no futuro

Apresentação, Informações por Segmento


e Demonstrações Financeiras Intermediárias 12
Combinações de Negócios 14
Consolidação, Empreendimentos Conjuntos e Coligadas 16
Estoques e Ativos Biológicos 18
Ativo Fixo, Custos de Empréstimos, Concessões e Propriedades
para Investimento 20
Tributos sobre o Lucro 22
Receitas 24
Provisões e Contingências 26
Resultado por Ação 28
Eventos Subsequentes 29
Benefícios a Empregados 30

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Introdução

Não é surpreendente o fato de que muitos adoção antecipada. Foram tomadas


dos interessados nos desdobramentos decisões semelhantes pelo Banco Central do
das normas contábeis em todo o mundo Brasil (Bacen) e pela Superintendência de
possam estar confusos. A convergência dos Seguros Privados (Susep), indicando que
princípios contábeis geralmente aceitos as instituições financeiras e seguradoras
(GAAP) tornou-se prioridade na pauta de também seriam obrigadas a apresentar
diversos países e o termo “convergência” suas demonstrações financeiras segundo o
sugere a eliminação de diferenças. IFRS a partir dessa data.
No Brasil, foram adotadas várias Em seguida, foi publicada em 2007 a Lei
medidas destinadas à utilização das nº 11.638, nova legislação societária
Normas Internacionais de Contabilidade que passou a vigorar em 2008, tornando
(International Financial Reporting
obrigatória para todas as companhias
Standards - IFRS), sendo que dois caminhos
nacionais a elaboração de suas
distintos - embora correlatos - foram
demonstrações financeiras segundo o
tomados para adoção do IFRS.
novo conjunto de normas locais, que está
Primeiro, a Comissão de Valores sendo emitido com base no IFRS. Em outras
Mobiliários (CVM) determinou que as palavras, tornou-se requerido para todas as
companhias abertas utilizassem o IFRS em companhias brasileiras, sejam elas abertas
demonstrações financeiras consolidadas ou fechadas, a adoção de certas normas
a partir de 2010, permitindo ainda sua locais semelhantes ao IFRS.

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Localmente, as normas brasileiras entre os princípios contábeis geralmente
estão sendo emitidas pelo Comitê de aceitos (GAAP) e apresentamos um
Pronunciamentos Contábeis (CPC), novo panorama, por área da contabilidade, das
órgão regulador contábil brasileiro. Esses semelhanças e divergências entre eles.
pronunciamentos substituem as atuais
normas contábeis (Normas Profissionais Nenhuma publicação que compara dois
conjuntos de normas será capaz de englobar
de Contabilidade - NPC’s, emitidas pelo
todas as diferenças que possam surgir na
Instituto dos Auditores Independentes
contabilidade, tendo em vista a grande
do Brasil – Ibracon) e outras diretrizes
variedade de transações comerciais possíveis.
definidas por órgãos reguladores. Até 31 de
A existência de eventuais diferenças - e sua
dezembro de 2008, haviam sido emitidos 14
relevância para as demonstrações financeiras
pronunciamentos técnicos pelo CPC, todos de uma empresa - depende de uma série
com adoção requerida para o ano-calendário de fatores específicos. Este guia concentra-
de 2008. Acredita-se que outras normas se nas diferenças mais comuns entre os
do CPC com base no IFRS sejam concluídas princípios contábeis e, conforme o caso,
em 2009, com aplicação exigida a partir de discute de forma geral sobre como e quando
2010, sendo que os saldos de 2009 precisam essas diferenças devem convergir.
ser apresentados em bases comparativas.
Esperamos que este guia seja útil para
Nesta publicação, BR GAAP vs. IFRS - Visão uma maior compreensão do assunto deste
Geral, mergulhamos nas atuais diferenças momento de transição.

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Normas convergidas

Até 2008, o CPC havia emitido 14 normas algumas diferenças sutis, em geral relativas
contábeis, sendo que nove delas são a orientações ou esclarecimentos adicionais
substancialmente traduções do IFRS incluídos nas normas do CPC. Essas nove
correspondente. No entanto, existem normas encontram-se descritas a seguir:

BR GAAP IFRS Diferenças BR GAAP antes do CPC


Antes do CPC 01, a CVM
exigia que as companhias
abertas reduzissem o ativo
imobilizado ao seu valor
recuperável diante de
IAS 36
eventos ou circunstâncias
CPC 01 Redução ao Valor
Nenhuma diferença que indicassem a existência
Redução ao Valor Recuperável de
significativa. de uma desvalorização
Recuperável de Ativos Ativos
permanente. Entretanto,
havia pouca orientação sobre
a forma de cálculo dessas
reduções, não sendo comum
o registro de perdas ao valor
recuperável.

Antes do CPC 02, o BR GAAP


não incluía normas específicas
relativas à conversão de
O CPC 02 possui parágrafos
demonstrações financeiras
adicionais que tratam da
elaboradas em moeda
interpretação IFRIC 16
funcional que fosse diferente
(Proteção de um Investimento
CPC 02 da moeda funcional e da
Líquido em uma Operação no
IAS 21 moeda de apresentação das
Efeitos das Mudanças Exterior).
Efeitos das demonstrações financeiras da
nas Taxas de Câmbio
Mudanças das controladora.
e Conversão de Além disso, o CPC 02 requer
Taxas de Câmbio
Demonstrações expressamente que as
As variações cambiais
Contábeis controladas consideradas uma
decorrentes da conversão
“extensão” da controladora
de controladas estrangeiras
utilizem a mesma moeda
eram em geral registradas na
funcional da controladora.
demonstração do resultado
em vez de conta específica no
patrimônio líquido, conforme
exigido pelo CPC 02 e IAS 21.

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BR GAAP IFRS Diferenças BR GAAP antes do CPC
O IAS 7 define caixa e
equivalentes de caixa Antes do CPC 03,
como valores com o BR GAAP exigia
conversibilidade imediata em a apresentação da
caixa, considerando-se um Demonstração das Origens
vencimento de até três meses e Aplicações de Recursos
CPC 03 IAS 7 para enquadramento nesta (DOAR).
Demonstração de Demonstração de definição. Embora não fosse
Fluxos de Caixa Fluxos de Caixa O CPC 03 não define o obrigatória, a
que seria considerado Demonstração dos Fluxos
“conversibilidade imediata”, de Caixa era considerada
mas exige que as companhias informação complementar
divulguem seus critérios e, de modo geral, divulgada
para definição de caixa e pelas companhias abertas.
equivalentes de caixa.

Antes do CPC 04, não


havia normas específicas
referentes ao ativo
intangível no Brasil. No
entanto, o conceito de
ativo diferido, segundo o
CPC 04 IAS 38 Nenhuma diferença BR GAAP, permitia que as
Ativo Intangível Ativo Intangível significativa. empresas capitalizassem
despesas pré-operacionais
e custos de pesquisa e
desenvolvimento. De acordo
com o CPC 04, muitos
desses montantes deixaram
de ser capitalizáveis.

Antes do CPC 05, eram


CPC 05 IAS 24 exigidas das companhias
Nenhuma diferença
Divulgação sobre Divulgação sobre abertas algumas
significativa.
Partes Relacionadas Partes Relacionadas divulgações sobre
partes relacionadas.

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BR GAAP IFRS Diferenças BR GAAP antes do CPC

Antes do CPC 06,


As interpretações IFRIC 4 todas as operações
(Identificação de Operações de arrendamento
de Arrendamento Mercantil eram normalmente
CPC 06 contabilizadas como
IAS 17 em Contratos) e SIC 27
Operações de arrendamento operacional,
Arrendamento (Avaliação da Essência sobre
Arrendamento sendo as respectivas
Mercantil a Forma em Transações de despesas reconhecidas
Mercantil
Arrendamento Mercantil) no vencimento de cada
ainda não foram adotadas prestação. A divulgação
para fins de BR GAAP. sobre operações de
arrendamento era limitada.

IAS 20 Antes do CPC 07, os


Contabilização O CPC 07 inclui exemplos subsídios governamentais
CPC 07 de Subvenções específicos à realidade eram em geral creditados
Subvenção e Governamentais brasileira, uma vez que os ao patrimônio líquido
Assistência e Divulgação subsídios governamentais são em vez de ser levados a
Governamentais de Assistência comuns e assumem diferentes resultado imediatamente
Governamental formas no Brasil. ou ao longo do tempo,
conforme o caso.

Antes do CPC 10, não


A interpretação IFRIC 11 eram reconhecidos
CPC 10 IFRS 2 (Transações com Ações quaisquer valores a título
Pagamento Baseado Pagamento Baseado Intragrupo e em Tesouraria) de opções de ações.
em Ações em Ações ainda não foi adotada para fins Algumas divulgações, no
de BR GAAP. entanto, eram exigidas das
companhias abertas.

O CPC 11 passa a vigorar


apenas para períodos
iniciados a partir de 1º
CPC 11 IFRS 4 Nenhuma diferença de janeiro de 2010. A
Susep (órgão regulador
Contratos de Seguro Contratos de Seguro significativa. do mercado de seguros no
Brasil) está considerando
o impacto das mudanças
nas seguradoras.

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Normas sem equivalência direta em IFRS

As outras seis normas contábeis são o CPC 08 - Custos de Transação e


emitidas pelo CPC em 2008 ou foram Prêmios na Emissão de Títulos e Valores
a) convergidas parcialmente ao IFRS ou Mobiliários e o CPC 14 - Instrumentos
b) não têm equivalência direta em IFRS. Financeiros: Reconhecimento, Mensuração
As normas convergidas parcialmente e Evidenciação (ver página 10).

Descrição BR GAAP antes do CPC

O CPC 09 regulamenta a apresentação


CPC 09 Embora não fosse obrigatória, a
da Demonstração do Valor Adicionado,
Demonstração do Demonstração do Valor Adicionado era
exigida nas demonstrações financeiras das
considerada informação complementar
Valor Adicionado companhias abertas. Essa demonstração
e, de modo geral, divulgada pelas
aprofunda a análise sobre a natureza dos
companhias abertas.
custos e das despesas da entidade.

O CPC 12 é uma norma conceitual que trata


do valor presente e sua aplicabilidade. Exige
o ajuste a valor presente de ativos e passivos
desde que relevantes para as demonstrações
financeiras. Não há norma equivalente em
IFRS. No entanto, como o IAS 39 exige Não havia norma específica sobre
CPC 12 que os ativos e passivos financeiros sejam ajuste a valor presente no antigo BR
inicialmente registrados a valor justo, não GAAP. Os valores a receber e a pagar
Ajuste a Valor
haveria diferenças se o valor presente e o eram em geral registrados a valor
Presente valor justo fossem iguais. Alguns ativos e futuro.
passivos não financeiros devem ser mantidos
a valor presente segundo o IFRS (por
exemplo, registro de provisões de acordo
com o IAS 37). Outros itens não financeiros
são geralmente mantidos a valor presente
segundo o IFRS.

O CPC 13 foi emitido para auxiliar as Segundo o BR GAAP, a NPC 12 - Práticas


empresas na aplicação das alterações Contábeis, Mudanças nas Estimativas
advindas da Lei nº 11.638 e dos CPCs. Contábeis e Correção de Erros ainda está
De uma forma geral, equivale ao IFRS 1, em vigor, sendo que o CPC oferece uma
CPC 13 mas contém diferenças importantes - por opção adicional quanto à adoção da Lei
Adoção Inicial da Lei exemplo, as companhias que apresentam nº 11.638. A NPC 12 é semelhante ao
nº 11.638/07 e da suas demonstrações financeiras em 31 de IAS 8 - Políticas Contábeis, Alterações
Medida Provisória nº dezembro de 2008 podem eleger a data em Estimativas Contábeis e Erros.
449/08 de transição como sendo 1º de janeiro Uma minuta para discussão do CPC
de 2007 ou 1º de janeiro de 2008. Caso 25 - Práticas Contábeis, Mudanças em
a empresa escolha a segunda data, suas Estimativas e Erros foi colocada em
demonstrações financeiras de 2008 não audiência pública pelo CPC em 2009 e
seriam comparativas. deverá entrar em vigor em 2010.

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Normas convergidas parcialmente

CPC 08 - Custos de Transação e Prêmios na Emissão


de Títulos e Valores Mobiliários e
CPC 14 - Instrumentos Financeiros: Reconhecimento,
Mensuração e Evidenciação

Convergência e Mensuração, CPC 39 - Instrumentos


Financeiros: Apresentação e CPC 40 -
O CPC 08 - Custos de Transação e Prêmios Instrumentos Financeiros: Evidenciação)
na Emissão de Títulos e Valores Mobiliários a fim de tratar dos itens dos IAS 32, IAS
e o CPC 14 - Instrumentos Financeiros: 39 e IFRS 7 não abrangidos pelo CPC
Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação 08 e pelo CPC 14. Acredita-se que esses
foram emitidos em 2008 e representam o pronunciamentos sejam consistentes com
primeiro passo dado pelo CPC em direção o IFRS e passem a vigorar para períodos
ao IFRS em relação à contabilização de iniciados a partir de 1º de janeiro de 2010,
instrumentos financeiros, tendo sido com necessidade de apresentação dos saldos
inspirados em certos elementos do IAS 32 - de 2009 de forma comparativa.
Instrumentos Financeiros: Apresentação
e do IAS 39 - Instrumentos Financeiros: Semelhanças
Reconhecimento e Mensuração. O IFRS 7 -
Instrumentos Financeiros: Divulgações Ambos os GAAPs agora exigem que
também foi parcialmente convergido às os instrumentos financeiros sejam
normas brasileiras apenas para companhias classificados em categorias específicas, a
abertas com a emissão da Instrução CVM nº fim de determinar a mensuração de tais
475, que exige a divulgação da análise de instrumentos, e ambos exigem ainda o
sensibilidade. reconhecimento de todos os instrumentos
derivativos no balanço patrimonial. A
Durante o ano de 2009, espera-se que o metodologia denominada contabilidade de
CPC emita a Fase 2 das normas relativas operações de hedge (Hedge Accounting)
a instrumentos financeiros (CPC 38 - é permitida por ambas as normas, com
Instrumentos Financeiros: Reconhecimento condições bastante semelhantes.

10 BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young


Diferenças Significativas
BR GAAP IFRS

O IAS 39 contém regras específicas quanto à


Baixa de instrumentos O CPC 14 é omisso em relação à baixa de instrumentos financeiros com base
financeiros baixa de instrumentos financeiros. principalmente no conceito de transferência de
riscos e benefícios.
Os instrumentos financeiros híbridos O IAS 32 exige que os instrumentos financeiros
Instrumentos não precisam ser segregados entre híbridos sejam segregados entre componentes
financeiros híbridos componentes patrimoniais e de patrimoniais e de dívida e, se for o caso, em um
dívida. componente derivativo.
O derivativo embutido é definido como um
componente de um instrumento híbrido que
também inclui um contrato de derivativo
O CPC 14 é omisso em relação a principal (host contract). O derivativo
Derivativos embutidos
derivativos embutidos. embutido, quando não intimamente
relacionado ao contrato principal, deve ser
segregado do mesmo e contabilizado como
derivativo.
Segundo o IFRS, quando um hedge de fluxo de
caixa deixa de atender aos requisitos de sua
Quando um hedge de fluxo de designação, os ganhos ou perdas acumuladas
Interrupção da
caixa deixa de se enquadrar nessa reconhecidas no patrimônio líquido do período
contabilidade de
classificação, o valor registrado no devem permanecer registradas no patrimônio
cobertura (Hedge
patrimônio deve ser imediatamente líquido até que ocorra a transação prevista.
Accounting) Caso não se espere que a transação prevista
revertido ao resultado.
ocorra, o montante é então reconhecido no
resultado.

Deve ser reconhecida perda no valor de


recuperação quando e apenas quando:
Perda no valor de O CPC 14 é omisso em relação a 1) houver evidência objetiva, 2) devido
à ocorrência de um ou mais eventos
recuperação de ativos perdas no valor de recuperação de
subsequentes ao reconhecimento inicial do
financeiros ativos financeiros. ativo financeiro, que 3) houver impacto nos
fluxos de caixa estimados futuros e 4) possa
ser confiavelmente estimada.

O CPC 14 exige as divulgações


básicas, conforme requeridas pelo Além das exigências de apresentação do IAS
32, o IFRS 7 requer divulgações significativas
Divulgação de ativos IAS 32 e o IAS 39. Para companhias
relativas principalmente a riscos associados
financeiros abertas, a Instrução CVM nº 475
aos instrumentos financeiros contratados pela
acrescenta alguns aspectos do IFRS empresa.
7 (notadamente sobre derivativos).

BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young 11


Principais áreas a serem consideradas pelo CPC no futuro

Apresentação, Informações por Segmento e


Demonstrações Financeiras Intermediárias

Convergência Contábeis - Apresentação e Divulgações,


norma que atualmente rege a apresentação
O CPC ainda não emitiu normas relativas à das demonstrações financeiras no Brasil,
apresentação de demonstrações financeiras, está amplamente baseada no IAS 1, estando
divulgações de informações por segmentos em vigor desde 31 de dezembro de 2006.
de negócios e demonstrações financeiras Por exemplo, segundo ambas as normas,
intermediárias. Em 2009, foram emitidas os componentes de um conjunto completo
pelo CPC as minutas para discussão dos de demonstrações financeiras incluem: o
CPC 26 - Apresentação das Demonstrações balanço patrimonial, a demonstração do
Contábeis, CPC 21 - Demonstração resultado, a demonstração das mutações
Intermediária e CPC 22 - Informação por do patrimônio líquido, a demonstração dos
Segmento. Esses pronunciamentos são fluxos de caixa e as notas explicativas às
baseados no IFRS (IAS 1 – Apresentação demonstrações financeiras.
das Demonstrações Financeiras, IAS 34
– Demonstrações Financeiras Intermediárias e Além disso, as duas normas requerem que as
IFRS 8 – Segmentos Operacionais) e deverão demonstrações financeiras sejam elaboradas
passar a vigorar para períodos iniciados a segundo o regime contábil de competência
partir de 1º de janeiro de 2010. de exercícios (exceto a demonstração dos
fluxos de caixa), com exceções. Ambos os
Semelhanças GAAPs possuem conceitos semelhantes
em relação aos requisitos de relevância
Já existem muitas semelhanças entre o BR e consistência a serem observados pelas
GAAP e o IFRS quanto à apresentação das empresas quando da elaboração de suas
demonstrações financeiras. A estrutura demonstrações financeiras. Diferenças
conceitual do BR GAAP baseia-se na estrutura entre as duas normas tendem a surgir em
do IFRS, e a NPC 27 – Demonstrações orientações detalhadas específicas.

12 BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young


Diferenças Significativas

BR GAAP IFRS

O IFRS 8 define os segmentos passíveis de


A CVM, por meio do Ofício Circular
divulgação e as respectivas exigências de
01/2007, permite que as companhias
divulgação. O IFRS 8 baseia-se na SFAS 131
Divulgações de abertas optem por divulgar
Disclosures about Segments of an Enterprise
informações por segmento de
informações por and Related Information (US GAAP), que
negócios. Esta possibilidade baseia-se
segmento de negócios exige que as informações sobre segmentos
no IAS 14, norma do IFRS que trata
apresentadas sejam consistentes com aquelas
de informações por segmento em
fornecidas internamente aos principais
vigor antes da emissão do IFRS 8.
tomadores de decisão.

A apresentação da Demonstração do
Demonstração do valor A Demonstração do Valor Adicionado não é
Valor Adicionado é obrigatória para
exigida pelo IFRS, por isso geralmente não é
adicionado companhias abertas no Brasil (CPC
apresentada.
09).

O IAS 1 exige que as empresas apresentem


O BR GAAP exige a apresentação ativos e passivos circulantes e não circulantes
Apresentação do de ativos e passivos em ordem no balanço patrimonial, exceto quando uma
decrescente de liquidez. Os impostos apresentação baseada na liquidez proporcione
balanço patrimonial diferidos devem ser segregados entre informações mais confiáveis e relevantes.
curto e longo prazos. Os impostos diferidos são sempre
apresentados como não circulantes.

As participações minoritárias
são apresentadas em uma linha
Participações As participações minoritárias fazem parte do
separada nas demonstrações
minoritárias patrimônio líquido.
financeiras, fora do patrimônio
líquido.

O IAS 1(R) permite a apresentação de uma


demonstração do resultado abrangente
ou duas demonstrações distintas - uma
Demonstração do
Não é necessário apresentar mostrando os componentes do resultado
resultado abrangente
uma demonstração do resultado (demonstração do resultado) e outra
(Comprehensive
abrangente. mostrando os componentes de outros
Income)
resultados abrangentes. O IAS 1(R) aplica-se
a períodos iniciados a partir de 1º de janeiro
de 2009.

BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young 13


Principais áreas a serem consideradas pelo CPC no futuro

Combinações de Negócios

Convergência Semelhanças
O CPC ainda não emitiu normas relativas Hoje no Brasil não há norma específica
a combinações de negócios. Em 2008, foi relativa à contabilização de combinações de
emitida uma minuta para discussão do CPC negócios. A Instrução CVM nº 247, alterada
15 - Combinação de Negócios, tendo sido o pela Instrução CVM nº 285, dispõe sobre
assunto retirado da pauta em seguida. Uma investimentos em controladas e coligadas
nova minuta para discussão foi emitida pelo e da elaboração das demonstrações
CPC em 2009 e deve passar a vigorar para financeiras consolidadas. A norma apresenta
períodos iniciados a partir de 1º de janeiro o tratamento do ágio/deságio decorrentes da
de 2010, com necessidade de apresentação aquisição de um investimento. Na prática, o
dos saldos de 2009 de forma comparativa. ágio no Brasil é calculado como a diferença
Essa minuta para discussão baseia-se no IFRS entre o valor pago pelo investimento e o
3 – Combinação de Negócios, embora alguns
acervo líquido contábil adquirido na data
aspectos do IFRS 3(R) (norma recém-
da operação, em vez do valor justo dos
emitida e revisada) possam ser incluídos na
ativos adquiridos e dos passivos assumidos.
norma definitiva.
O CPC 04 – Ativo Intangível introduziu a
definição de ativo intangível, que agora
pode ser considerado como parte dos ativos
adquiridos em uma aquisição.
Nem o BR GAAP nem o IFRS possui regras
específicas sobre transações realizadas entre
empresas sob controle acionário comum.
As divulgações necessárias são semelhantes,
sendo que o IFRS fornece mais detalhes em
relação ao que precisa ser divulgado.

14 BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young


Diferenças Significativas

BR GAAP IFRS
Em geral, o ágio é determinado pela A parte adquirente reconhece o ativo líquido
diferença entre o montante pago e o identificável da investida (inclusive ativos
Método de compra acervo contábil líquido adquirido. A intangíveis, se houver) pelo valor justo e
(Purchase CVM incentiva, mas não obriga, as reconhece o ágio como sendo a diferença entre
Accounting) companhias abertas a determinarem este valor e o valor justo do preço pago na data
o valor de mercado do ativo líquido da aquisição.
adquirido.

Procedimento permitido até


31 de dezembro de 2008 e, Procedimento proibido. O ágio é submetido
para determinadas companhias a testes para análise da perda do seu valor
Amortização do ágio regulamentadas, até 2009, sendo que recuperável a serem realizados anualmente
após esse prazo o ágio será submetido ou em intervalos menores, quando houver
a testes anuais para análise de perda indicação de perda no valor recuperável.
do seu valor recuperável.

É apresentado no passivo não


circulante, sujeito a amortização,
se adequadamente fundamentado, Após a reavaliação da alocação do valor
Deságio até 31 de dezembro de 2009. Caso de compra, o deságio é imediatamente
contrário deve ser mantido no reconhecido no resultado como um ganho.
passivo até a baixa do investimento
correspondente.
Os custos de aquisição podem ser
capitalizados como parte do custo Segundo o IFRS 3(R), os custos de aquisição
Custos de aquisição de um investimento (honorários de são tratados como despesas. Anteriormente,
advogados, intermediários etc.), segundo o IFRS 3, essas despesas eram
mas na prática são reconhecidos capitalizadas como parte do custo de aquisição.
imediatamente no resultado.
Segundo o IFRS 3(R), a contraprestação
Contraprestação O BR GAAP é omisso em relação ao contingente é reconhecida a valor justo na data
contingente assunto. da aquisição, sendo as alterações posteriores
no valor justo geralmente reconhecidas no
resultado.
Segundo o IFRS 3(R), as entidades podem
As participações minoritárias são optar por avaliar as participações de acionistas
Aquisição de menos avaliadas proporcionalmente à sua não controladores pelo valor justo incluindo
de 100% em investida participação no valor contábil do ativo o ágio ou pelo seu percentual de participação
líquido identificável da investida. no valor justo do ativo líquido identificável da
investida, excluindo o ágio.

BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young 15


Principais áreas a serem consideradas pelo CPC no futuro

Consolidação, Empreendimentos Conjuntos e Coligadas

Convergência Tanto no BR GAAP quanto no IFRS, a


determinação de que se as controladas serão
O CPC ainda não emitiu normas relativas a ou não consolidadas pela controladora baseia-
consolidação, empreendimentos conjuntos se no conceito de controle. Em geral, ambos
e coligadas. As normas que tratam de os GAAPs exigem que todas as subsidiárias
investimentos em coligadas (CPC 18 – sujeitas ao controle da controladora sejam
Investimento em Coligadas), demonstrações consolidadas. Além disso, são utilizadas
consolidadas (CPC 36 – Demonstrações práticas contábeis uniformes para todas
Consolidadas) e empreendimentos conjuntos as empresas de um mesmo grupo. Ainda
(CPC 19 – Investimento em Empreendimento segundo ambos os GAAPs, as demonstrações
Conjunto) devem ser emitidas em 2009, financeiras consolidadas da controladora e
passando a vigorar para períodos iniciados de suas controladas podem ter datas-base
a partir de 1º de janeiro de 2010, com diferentes desde que esse prazo não seja
necessidade de apresentação dos saldos de superior a três meses, para fins de IFRS, e 60
2009 de forma comparativa. Acredita-se que dias, para fins de BR GAAP.
essas normas sejam baseadas nas respectivas
normas IFRS. O investimento (denominado “coligada” em
IFRS) no qual a investidora tem influência
Semelhanças significativa é contabilizado pelo método
de equivalência patrimonial, não sendo
As principais orientações sobre consolidado nem segundo o BR GAAP (Lei
demonstrações financeiras consolidadas nº 11.638 e Instruções CVM nº 247 e 469)
segundo o BR GAAP estão incluídas na nem segundo o IFRS (IAS 28 - Investimentos
Instrução CVM nº 247 e na Instrução CVM em Coligadas). Além disso, o método de
nº 469; enquanto o IAS 27 - Demonstrações equivalência patrimonial para contabilização
Financeiras Consolidadas e Individuais fornece desses investimentos, quando aplicável, é
orientações segundo o IFRS. Entidades de consistente nos dois GAAPs.
propósito específico são tratadas na Instrução
CVM nº 408 e na SIC 12 Consolidação
- Entidades de Propósito Específico, em BR
GAAP e IFRS, respectivamente.

16 BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young


Diferenças Significativas

BR GAAP IFRS

Em geral exigida, mas com uma isenção


Elaboração de
limitada para uma controladora que seja
demonstrações
Exigida de companhias abertas. ela própria uma controlada integral ou
financeiras
uma controlada em conjunto, quando
consolidadas
determinadas condições são atendidas.

Apresentação
de participações Apresentada fora do patrimônio Apresentada como linha específica
minoritárias ou líquido, em conta específica do dentro do patrimônio líquido no balanço
acionistas não balanço patrimonial. patrimonial.
controladores

Apresentação de
demonstrações
Apresentação exigida. Apresentação não exigida.
individuais e
consolidadas

O IAS 31 permite tanto a consolidação


A Instrução CVM nº 247 permite
Empreendimentos proporcional quanto o método de
apenas a consolidação proporcional
conjuntos equivalência patrimonial. Esta norma está
de empreendimentos conjuntos.
atualmente sendo revisada pelo IASB.

O IAS 28 exige a aplicação do método de


A Lei nº 11.638 exige a aplicação do
equivalência patrimonial apenas diante
método de equivalência patrimonial
da existência de influência significativa.
caso uma empresa tenha influência
Influência significativa Assim, em alguns casos, o método da
significativa ou participação de pelo
equivalência patrimonial não se aplica a
menos 20% no capital votante de
investimentos em que haja mais de 20% de
outra empresa.
participação.

BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young 17


Estoques e Ativos Biológicos

Convergência contabilização do estoque é o custo. Ambas


definem o estoque como um ativo mantido
O CPC ainda não emitiu normas relativas para venda no curso normal dos negócios,
a estoques e ativos biológicos. No início de no processo de produção para essa venda
2009 foi emitida pelo CPC uma minuta para ou para ser consumido na produção de
discussão do CPC 16 – Estoques, e espera-se bens ou serviços. As técnicas permitidas
que a norma sobre ativos biológicos (CPC para determinação do custo também são
29 – Ativos Biológicos e Produtos Agrícolas) semelhantes, considerando que o método
seja emitida no final de 2009. Acredita-se que UEPS é proibido pelo IFRS e raramente
ambas as normas sejam consistentes com o adotado em BR GAAP. Ademais, segundo
IFRS correspondente e passem a vigorar para ambos os GAAPs, o custo dos estoques
períodos iniciados a partir de 1º de janeiro de
inclui todos os gastos diretamente incorridos
2010, com necessidade de apresentação dos
na preparação do estoque para a venda,
saldos de 2009 de forma comparativa.
inclusive alocação de mão-de-obra, enquanto
Semelhanças as despesas de comercialização são
excluídas do custo dos estoques, assim como
A regra brasileira (NPC 2 – Estoques) e a a maior parte dos custos de armazenagem e
regra em IFRS (IAS 2 – Estoques) partem despesas gerais e administrativas.
do pressuposto de que a base primordial de

Diferenças Significativas

BR GAAP IFRS

O estoque é registrado pelo valor de


O estoque é registrado pelo valor de custo
Mensuração custo ou mercado, dos dois o menor,
ou de realização líquido, dos dois o menor.
o que inclui os custos de reposição.

Não exige divulgação de baixa de


Exige divulgação de baixa de estoques
estoques ou reversão de perdas
Divulgação ou reversão de perdas no período e as
no período nem as respectivas
respectivas justificativas.
justificativas.

Embora esses ativos possam ser


mensurados a valor justo sob certas Esses ativos devem ser mensurados ao
Ativos biológicos
circunstâncias, a prática geral valor justo menos os custos de venda.
consiste em utilizar o valor de custo.

18 Brazilian GAAP vs. IFRS | Ernst & Young


BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young 19
Principais áreas a serem consideradas pelo CPC no futuro

Ativo Fixo, Custos de Empréstimos, Concessões e


Propriedades para Investimento

Convergência serem capitalizados segundo os dois modelos


são semelhantes. Nenhum deles permite a
O CPC ainda não emitiu a versão definitiva capitalização de custos iniciais, administrativos
das normas relativas a ativo fixo, custos de e de manutenção regular. No entanto, tanto
empréstimos, concessões ou propriedades o BR GAAP quanto o IFRS exigem a inclusão
para investimento. Em 2009, foram emitidas dos custos de desmobilização de um ativo e
pelo CPC as minutas para discussão dos CPC de restauração do local (ou seja, os custos de
20 - Custos de Empréstimos, CPC 27 - descontinuidade de um ativo segundo a NPC
Imobilizado e CPC 28 - Propriedade para 22 – Provisões, Passivos e Ativos Contingentes
Investimentos, consistentes com os IFRS ou o IAS 37 - Provisões, Contingências
correspondentes. Deve ser emitida em Passivas e Contingências Ativas) no
2009 uma interpretação sobre concessões custo do ativo. Os dois modelos exigem o
de serviços (ICPC 01 – Concessões) com reconhecimento de provisão para custos
base na interpretação IFRIC 12 – Contratos relativos à descontinuidade de ativos diante de
de Serviços de Concessão (IFRS). Essas uma obrigação legal.
normas devem passar a vigorar para
períodos iniciados a partir de 1º de janeiro A Deliberação CVM nº 193 e o IAS 23 tratam
de 2010, com necessidade de apresentação da capitalização dos custos de empréstimos
dos saldos de 2009 de forma comparativa. (por exemplo, despesas de juros) diretamente
atribuíveis à aquisição, construção ou produção
Semelhanças de um ativo qualificável. Os ativos qualificáveis
são geralmente definidos de maneira
As regras brasileiras (NPC 7 – Ativo semelhante nos dois modelos contábeis.
Imobilizado e Deliberação CVM nº 193)
e o IAS 16 - Ativo Imobilizado e o IAS 23 A depreciação de ativos de longo prazo é
- Custos de Empréstimos têm critérios de exigida sistematicamente por ambos os
reconhecimento semelhantes e exigem que modelos contábeis. Ambos os GAAPs tratam
os custos sejam incluídos no custo do ativo as mudanças no método de depreciação, no
se for provável a geração de benefícios valor residual e na vida útil econômica como
econômicos futuros e seu valor puder ser uma mudança nas estimativas contábeis a
medido de forma confiável. Os custos a serem reconhecidas.

20 BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young


Diferenças Significativas

BR GAAP IFRS
Procedimento proibido pela Lei nº O modelo de reavaliação pode ser aplicado a
Reavaliação de ativos 11.638, em vigor desde 1º de janeiro toda uma classe de ativos e exige reavaliação a
de 2008. valor justo regularmente.

Depreciação de A depreciação de componentes A depreciação de componentes do ativo é


do ativo é permitida, mas não exigida quando os componentes possuem
componentes do ativo normalmente utilizada. padrões de benefício diferentes.

É comum as companhias adotarem


as vidas úteis determinadas pela Vida útil representa o período durante o qual se
Vida útil legislação fiscal aplicável. O CPC 13 espera que o ativo esteja disponível para uso ou
exige a análise de vida útil a partir de a quantidade de unidades de produção que se
2009, sendo as alterações aplicadas espera obter por meio da utilização do ativo.
prospectivamente.

Os custos relativos a atividades de manutenção


Custos de grandes Geralmente reconhecidos no resultado significativas são capitalizados se for provável
reparos do exercício. a geração de benefícios econômicos futuros e
seu valor puder ser medido de modo confiável.

As propriedades para investimento são


definidas separadamente no IAS 40 –
As propriedades para investimento Propriedades de Investimento como um
Propriedades para não são definidas separadamente, ativo para obter rendimento de aluguel ou
investimento sendo, portanto, contabilizadas como para valorização de capital (ou ambos).
mantidas para uso ou para venda. As propriedades para investimento podem
ser contabilizadas com base no custo
histórico ou pelo valor justo.

A opção entre capitalizar ou reconhecer


no resultado deve ser aplicada de maneira
Capitalização de Exige-se a capitalização dos custos de consistente em relação a todos os ativos
juros como parte do custo de um ativo qualificáveis. Essa opção será extinta ainda
custos de empréstimo qualificável. em 2009, quando a adoção do IAS 23
(Revisada) tornará obrigatória a capitalização
dos juros sobre os ativos qualificáveis.

Definição de custo de Geralmente apenas as despesas de As variações cambiais devem ser capitalizadas
juros. à medida que representarem ajustes à despesa
empréstimo de juros.
A interpretação IFRIC 12 fornece orientação
Não existe orientação específica sobre a contabilização, por parte do operador,
sobre contratos de concessão. Em dos contratos de concessão do governo
Concessões geral, os ativos de infraestrutura são à iniciativa privada. A regra considera a
incluídos no imobilizado do operador contabilização de ativos de infraestrutura,
da concessão. contraprestações contratuais, entre outros
aspectos.

BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young 21


Tributos sobre o Lucro

Convergência Semelhanças
O CPC ainda não emitiu a versão definitiva As regras brasileiras NPC 25 – Contabilização
das normas relativas a tributos sobre o lucro. do Imposto de Renda e da Contribuição
Em 2009, foi emitida pelo CPC a minuta Social e Instrução CVM nº 371 e o IAS 12
para discussão do CPC 32 - Tributos sobre fornecem orientação sobre a contabilização
os Lucros, que deve passar a vigorar para do imposto de renda em BR GAAP e IFRS,
períodos iniciados a partir de 1º de janeiro respectivamente. Esses conjuntos de regras
de 2010, com necessidade de apresentação exigem que as entidades contabilizem os
dos saldos de 2009 de forma comparativa. efeitos fiscais correntes e as consequências
Esta minuta baseia-se no IAS 12 - Imposto de fiscais futuras esperadas de eventos já
Renda e não inclui qualquer parte da recente reconhecidos (ou seja, impostos diferidos)
minuta do IFRS denominada “Imposto de por meio de ativos e passivos. Ademais,
renda” (publicada em março de 2009). impostos diferidos por diferenças temporárias
decorrentes de ágio não dedutível não
são registrados como ativos ou passivos e
nenhum dos GAAPs permite o desconto de
impostos diferidos. Finalmente, os GAAPs
não possuem orientação específica quanto a
posições fiscais incertas.
Diferenças Significativas

BR GAAP IFRS
Em geral, a base fiscal é o valor dedutível
A base fiscal de um ativo ou passivo ou tributável para fins fiscais. A maneira
Base fiscal é o valor atribuído àquele ativo ou pela qual a administração pretende liquidar
passivo para fins fiscais. ou recuperar o valor contábil afeta a
determinação da base fiscal.

A Instrução CVM nº 371 não


Os valores são reconhecidos apenas na
apenas considera probabilidade de
extensão em que sua realização for provável
Reconhecimento do recuperação futura, mas também
(em IFRS, semelhante ao conceito de more
ativo fiscal diferido exige histórico de lucratividade (lucro
likely than not, ou mais provável do que
tributável em pelo menos três dos
improvável, do US GAAP).
últimos cinco exercícios).

Efeito fiscal de Os efeitos fiscais de itens contabilizados


transações registradas O BR GAAP é omisso em relação ao diretamente no patrimônio líquido do exercício
diretamente no assunto. corrente são apropriados diretamente ao
patrimônio líquido patrimônio líquido.

Classificação de ativos Exige-se a segregação entre


e passivos fiscais circulante e não circulante, com base Todos os valores são classificados como não
diferidos no balanço na natureza do respectivo ativo ou circulante no balanço patrimonial.
patrimonial passivo.

22 BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young


BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young 23
Principais áreas a serem consideradas pelo CPC no futuro

Receitas

Convergência Semelhanças
O CPC ainda não emitiu normas relativas O reconhecimento de receitas segundo o BR
a receitas. No início de 2009, foi emitida GAAP e o IFRS está associado à conclusão
pelo CPC a minuta para discussão do CPC do processo de ganhos e à realização de
17 - Contratos de Construção e devem ativos relacionados com esta conclusão (em
ser emitidas ainda em 2009 a norma IFRS, às vezes denominado critical event
sobre receitas (CPC 30 – Receitas) e uma approach). Segundo a NPC 14 – Receitas e
interpretação sobre venda de imóveis. Despesas – Resultado e o IAS 18 – Receitas,
Essas normas e interpretação baseiam-se nas a receita é definida como “a entrada bruta
normas IFRS e devem passar a vigorar para de benefícios econômicos durante o período,
períodos iniciados a partir de 1º de janeiro de resultantes do curso normal das atividades
2010, com necessidade de apresentação dos de uma entidade, quando tais entradas
saldos de 2009 de forma comparativa. resultam em aumento do patrimônio líquido,
excluídos aqueles aumentos decorrentes de
contribuições dos proprietários, acionistas
ou cotistas”. De acordo com os dois GAAPs,
uma receita não é reconhecida até que seja
realizada (ou realizável) e ganha.
Em última instância, ambos os GAAPs
baseiam o reconhecimento da receita na
transferência de riscos e tentam determinar
o momento da conclusão do processo de
ganho. Além disso, os GAAPs incluem
critérios de reconhecimento de receitas
semelhantes, embora não idênticas. No
entanto, muitas empresas brasileiras
historicamente reconhecem as receitas com
base na data do faturamento fiscal em vez
de considerarem a entrega do produto e
outros fatores.

24 BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young


Diferenças Significativas

BR GAAP IFRS

Semelhante ao IFRS, sendo que o


conceito de valor justo foi reforçado
pelo CPC 12 – Ajuste a Valor Presente, A receita é medida pelo valor justo da
Valor justo
que exige que as contas a receber contraprestação recebida ou a receber.
sejam descontadas a valor presente
quando consideradas relevantes.

O IAS 18 exige o reconhecimento de receita


para o elemento de uma transação se esse
elemento tiver uma essência comercial
O BR GAAP é omisso em relação ao própria; caso contrário, os elementos
Múltiplos elementos
assunto. individuais devem ser combinados e
contabilizados como uma transação única.
O IAS 18 não fornece critérios específicos
para que tal determinação seja feita.

A empresa deve aplicar o parágrafo 13 do IAS


18 e contabilizar créditos de prêmios como
O BR GAAP é omisso em relação ao um componente identificável separadamente
Programas de assunto. A prática geral consiste em da operação de venda em que são concedidos.
fidelidade registrar uma provisão para custos O IFRIC 13 - Programas de Fidelidade, em
estimados futuros. vigor para períodos iniciados a partir de 1º de
julho de 2008, fornece interpretações mais
detalhadas sobre o assunto.

Os contratos de construção são contabilizados


segundo o método da percentagem
completada, se determinados requisitos forem
Os contratos de construção, cumpridos; caso contrário, o reconhecimento
Contratos de inclusive de imóveis, são geralmente de receita limita-se aos custos recuperáveis
construção contabilizados segundo o método da incorridos. Em algumas situações, deve-se
percentagem completada. utilizar o método do contrato terminado,
principalmente na venda de imóveis
contabilizados segundo o IFRIC 15 – Contratos
para a Construção de Imóveis.

BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young 25


Principais áreas a serem consideradas pelo CPC no futuro

Provisões e Contingências

Convergência Semelhanças
O CPC ainda não emitiu a versão definitiva O IAS 37 e a NPC 22 – Provisões, Passivos e
das normas relativas a provisões e Ativos Contingentes são bem semelhantes,
contingências. Em 2009, foi emitida pelo CPC visto que a NPC 22 é praticamente uma
a minuta para discussão do CPC 25 - Provisão tradução livre do IAS 37. Ambos os GAAPs
e Passivo e Ativo Contingentes, com base no exigem o reconhecimento de perdas com
IAS 37 – Provisões, Passivos Contingentes base na probabilidade de ocorrência, sendo
e Ativos Contingentes, devendo passar a que o termo “provável” é interpretado
vigorar para períodos iniciados a partir de como “mais provável do que improvável”
1º de janeiro de 2010, com necessidade de (more likely than not). Tanto o BR GAAP
apresentação dos saldos de 2009 de forma quanto o IFRS proíbem o reconhecimento
comparativa. de provisões para custos associados a
atividades operacionais futuras. Ademais, os
dois GAAPs exigem a divulgação, nas notas
explicativas às demonstrações financeiras,
de passivos contingentes cuja possibilidade
de ocorrência seja maior do que remota
sem, no entanto, satisfazer os critérios de
reconhecimento.

26 BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young


Diferenças Significativas
BR GAAP IFRS

O questionamento da
constitucionalidade de tributos é
comum no Brasil, mas a prática
geral indica que os tributos
previstos em lei constituem uma
obrigação legal, devendo, portanto, Não existe interpretação específica sobre
Obrigação legal
ser registrados independentemente obrigações legais.
da probabilidade de liquidação
futura. As provisões são revertidas
apenas quando a entidade obtém
decisão favorável de tribunal
competente.

Se os custos inevitáveis à satisfação


das obrigações de um contrato forem
Não é comum o registro de
superiores aos benefícios econômicos
Contratos onerosos provisões para contratos onerosos
esperados, o IFRS considera o contrato
segundo o BR GAAP.
como sendo oneroso, sendo registrada uma
provisão para obrigações contratuais.

Uma entidade deve reconhecer provisões


para obrigações construtivas assim como
para obrigações legais. Uma obrigação
construtiva resulta dos atos de uma
empresa segundo os quais um padrão
estabelecido de práticas anteriores,
São raras as provisões para
Obrigação construtiva políticas publicadas ou declaração atual
obrigações construtivas.
suficientemente específica indiquem
a terceiros que a entidade assumirá
determinadas responsabilidades, criando
consequentemente uma expectativa válida
nos terceiros de que a entidade irá cumprir
essas responsabilidades.

BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young 27


Principais áreas a serem consideradas pelo CPC no futuro

Resultado por Ação

Convergência Semelhanças
O CPC ainda não emitiu normas relativas O BR GAAP não fornece orientação
ao resultado por ação. Acredita-se que essa específica sobre a divulgação do resultado
norma (CPC 41 – Resultado por Ação) por ação, além de um artigo da legislação
seja emitida até o final de 2009, com base societária que requer a inclusão de
no IAS 33 – Resultado por Ação, devendo informações sobre o resultado por ação
passar a vigorar para períodos iniciados na demonstração do resultado. O IAS 33
a partir de 1º de janeiro de 2010, com também exige que as empresas com ações
necessidade de apresentação dos saldos de negociadas em bolsa ou que estejam em
2009 de forma comparativa. processo de abertura de capital divulguem
informações sobre o resultado por ação na
demonstração do resultado.

Diferenças Significativas

BR GAAP IFRS

Apresentação exigida, sendo que Apresentação exigida, sendo que o


Resultado básico normalmente o denominador denominador representa a média ponderada
por ação representa a quantidade de ações da quantidade de ações em circulação
em circulação no fim do exercício. durante o período.

Necessário considerar os efeitos de


Resultado diluído
Apresentação não exigida. todas as ações ordinárias potencialmente
por ação
diluíveis.

Ações ordinárias x
Não existe distinção no cálculo. Requer cálculo para as ações ordinárias.
preferenciais

28 BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young


Eventos Subsequentes

Convergência IAS 10. Um evento ocorrido entre a data do


balanço patrimonial e a data de emissão das
O CPC ainda não emitiu normas relativas a demonstrações financeiras e que apresente
eventos subsequentes. Em 2009, foi emitida evidências adicionais sobre condições
pelo CPC a minuta para discussão do CPC 24 - existentes na data do balanço geralmente
Eventos Subsequentes, a vigorar para períodos resulta em ajuste nas demonstrações
iniciados a partir de 1º de janeiro de 2010, financeiras. Caso o evento ocorrido entre
com necessidade de apresentação dos saldos a data do balanço e a data de emissão
de 2009 de forma comparativa.
das demonstrações financeiras se refira a
Semelhanças condições surgidas após a data do balanço,
não há ajuste a ser feito nas demonstrações
O IAS 10 - Eventos após a Data do Balanço e financeiras, mas sua divulgação pode
a NPC 10 – Eventos Subsequentes à Data do ser necessária a fim de garantir que as
Balanço são bem semelhantes, visto que a demonstrações financeiras não induzam a
NPC 10 é praticamente uma tradução livre do conclusões equivocadas.

Diferenças Significativas
BR GAAP IFRS

Os dividendos aprovados após o


A NPC 10 exige que as companhias encerramento do exercício não representam
registrem dividendos propostos pela um passivo para a companhia na data do
Dividendos administração, em geral sujeitos a balanço segundo o IFRS. O IAS 10 permite
aprovação da assembléia no exercício apenas o registro de dividendos que
seguinte. representem uma obrigação da companhia
na data do balanço.

Uma dívida associada a uma quebra de


Uma dívida para a qual tenha havido
cláusula contratual tem de ser apresentada
quebra de cláusula contratual
como circulante, a não ser que tenha se
pode ser apresentada como não
Descumprimento de chegado a um acordo com o credor antes
circulante no caso de existência
cláusulas contratuais da data do balanço. Devem ser divulgados
de acordo com o credor anterior à
quaisquer acordos de perdão da dívida
data de emissão das demonstrações
realizados após o encerramento do
financeiras.
exercício.

Os empréstimos de curto prazo


são classificados no longo
Os empréstimos de curto prazo
Renegociação de prazo caso a empresa pretenda
renegociados após a data do balanço
empréstimos de curto renegociar o empréstimo a
podem se enquadrar no critério de
prazo após a data do longo prazo e, antes da emissão
divulgação, mas não seriam reclassificados
balanço das demonstrações financeiras,
para o passivo não circulante.
apresente documentos que
comprovem o refinanciamento.

BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young 29


Principais áreas a serem consideradas pelo CPC no futuro

Benefícios a Empregados

Convergência Semelhanças
O CPC ainda não emitiu normas relativas O IAS 19 - Benefícios a Empregados e a
a benefícios a empregados. Acredita-se NPC 26 – Contabilização de Benefícios a
que essa norma (CPC 33 – Benefícios a Empregados são bem semelhantes, visto que
Empregados) seja emitida em 2009, devendo a NPC 26 baseia-se no IAS 19, que entrou
passar a vigorar para períodos iniciados em vigor em 2000. Desde então, o IAS 19
a partir de 1º de janeiro de 2010, com sofreu uma série de revisões e aditamentos,
necessidade de apresentação dos saldos de resultando em algumas diferenças entre os
2009 de forma comparativa. dois GAAPs sobre o assunto.

Segundo ambos os GAAPs, os custos


periódicos do plano de contribuição definida
são determinados com base no valor da
contribuição devida pelo empregador em
cada período. A contabilização dos planos
de benefício definido também apresenta
diversas semelhanças. A obrigação de
benefício definido é o valor presente dos
benefícios acumulados aos empregados pelo
regime de competência por meio de serviços
prestados até aquela data, com base em
métodos de cálculo atuarial. Existem, no
entanto, muitas diferenças na aplicação
detalhada das duas normas, uma vez que o
IAS 19 fornece orientações e definições mais
detalhadas do que a norma correspondente
em BR GAAP.

30 BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young


Diferenças Significativas

BR GAAP IFRS
A NPC 26 não é tão detalhada O IAS 19 fornece uma definição mais
Plano de contribuição
quanto o IAS 19, o que pode levar a detalhada de um plano de contribuição
definida
interpretações diferentes. definida.

O registro se dará apenas se


houver evidências claras de que
esse ativo pode levar à redução
Reconhecimento dos
de contribuições futuras ou ser Os ativos do plano serão registrados após
ativos do plano no
reembolsado ao empregador. As testes de limite máximo.
balanço patrimonial
companhias brasileiras geralmente
não registram ativos de planos de
pensão.

Devem ser levados a resultado,


Ganhos e perdas a menos que não necessitem de Os ganhos e as perdas atuariais são
atuariais reconhecimento segundo a regra do reconhecidos no patrimônio líquido.
“corredor”.

BR GAAP vs. IFRS | Ernst & Young 31


Ernst & Young

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Sobre a Ernst & Young


A Ernst & Young é líder global em serviços de auditoria,
impostos, transações corporativas e assessoria em
negócios. Em todo o mundo, somos 135 mil pessoas unidas
pelos mesmos valores e compromisso com a qualidade.
Nós fazemos a diferença ajudando nossos colaboradores,
clientes e as comunidades onde atuamos a atingirem todo
seu potencial.

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