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V CLASSIFICAÇÃO DAS IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS

16 Imunidades genéricas e tópicas


As normas imunizantes, quanto ao seu alcance, ligam-se a valores constitucionalm
ente protegidos e ao grau de intensidade e amplitude dessa proteção.
O art. 150, IV, da CF contempla as imunidades genéricas ou gerais, conduzindo vedações
a todas as pessoas políticas e abarca todo e qualquer imposto que venha a recair
sobre o patrimônio, renda e serviços das entidades beneficiadas. Os valores protegid
os pela Constituição, contendo forte axiologia, são de liberdade política, religiosa, de
informação, etc.
Quanto às imunidades tópicas ou específicas são limitadas geralmente a um único tributo, p
odendo ser imposto, taxa ou contribuição e servindo a valores limitados ou convenien
tes. Direcionam-se a determinada pessoa política e pode ser exemplificado pela dis
posição do art.153, § 3º, III, da CF, que exonera de IPI os produtos exportados.
17 Imunidades excludentes e incisivas
As imunidades tributárias também podem ser classificadas conforme a abrangência da ved
ação.
A classificação em imunidades excludentes está reservada a tributação por um tipo de impos
to e exclusão de outros. Como exemplo temos a imunidade prevista no art. 153, § 5º, qu
e determina a incidência de Imposto sobre Operações Financeiras sobre o ouro quando de
finido como ativo financeiro ou cambial e exonera da incidência do ICMS.
A imunidade incisiva prevê determinada situação que só pode haver incidência de algum impo
sto, excluindo os demais. O exemplo é o disposto no art. 155, § 3º, que diz que "à exceção
os impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153, I e II
, nenhum outro tributo poderá incidir sobre telecomunicações, derivados de petróleo, com
bustível e minerais dos país".
18 Imunidades subjetivas, objetivas e mistas
Outra classificação das normas imunizantes está voltada para a forma de previsão ou mane
ira de sua incidência.
Como entende Carraza (38) a imunidade tributária é sempre subjetiva, porque benefici
a pessoas.
Na teoria clássica as imunidades tributárias subjetivas ou pessoais são aquelas confer
idas de acordo com a condição de determinada pessoa, atribuída a sujeitos, em função da pr
esença de elementos objetivos como o patrimônio, renda ou serviços relacionados com as
finalidades essenciais das entidades beneficiadas ou dela oriundas, conforme pr
evê o art. 150, §§ 2º e 4º, da CF.
A imunidade subjetiva é atributo de personalidade jurídica de certos entes. (39) As
pessoas atingidas pelo direito da imunidade tributária subjetiva não tem capacidade
tributária para figurar no pólo passivo do vínculo obrigacional decorrente de aplicações f
iscais abrangidas pela norma vedante.
Como exemplo de imunidades subjetivas temos a imunidade recíproca das pessoas políti
cas, autarquias e fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, a imunidade dos t
emplos, das entidades sindicais de trabalhadores, dos partidos políticos e suas fu
ndações, das instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos.
Por seu turno, as imunidades objetivas ou reais estão relacionadas a determinados
fatos, bens ou situações e versam sobre coisas, embora também beneficiem pessoas.
Exemplificadamente temos a imunidade tributária sobre livros, jornais e periódicos,
e sobre o papel destinado à sua impressão, de acordo com a disposição do art. 150, VI, "
d", da Carta Política.
Carraza (40) pende para uma terceira classificação, a imunidade mista, que alcança a p
essoa em função de sua natureza jurídica e relacionada a determinados fatos bens ou si
tuações.
O exemplo de imunidade mista é a casuística prevista no art. 153, § 4º, da CF, que exone
ra o Imposto Territorial Rural para "pequenas glebas rurais, definidas em lei, q
uando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel".
Torres (41) afirma que as imunidades subjetivas reportam-se aos impostos diretos
e as imunidades objetivas aos impostos indiretos.
19 Imunidades ontológicas e políticas
No dizer de Costa (42) as imunidades ontológicas são reconhecidas de jure como resul
tado de um princípio constitucional, tendo a isonomia em suas variadas manifestações a
ligação que identifica as imunidades de natureza ontológica. Seja diante do princípio d
a capacidade contributiva ou, com efeito, do princípio da autonomia das pessoas po
líticas.
A professora Derzi (43) ensina que é imunidade ontológica a conferida às instituições de e
ducação e de assistência social sem fins lucrativos. A imunidade é decorrente do relevan
te serviço público prestado e a ausência de capacidade contributiva de tais instituições,
pois devem canalizar seus parcos recursos para a atividade fim.
Também a mestra Costa (44) comunga da mesma idéia, acrescentando que pode ter o ente
beneficiado capacidade econômica, mas não ter capacidade contributiva.
Nos posicionamos na mesma direção das renomadas autoras acima mencionadas porque não p
ode haver entendimento que a capacidade contributiva está diretamente relacionada à
capacidade econômica. No caso específico das entidades de educação e de assistência social
sem fins de lucro, suas atividades estão voltadas para o atendimento de serviço públi
co de alto alcance e relevo social, e mesmo que seu patrimônio ou renda tenha valo
res pecuniários consideráveis do ponto de vista econômico, isto não induz à capacidade con
tributiva, devendo ser considerado para efeito das imunidades tributárias o papel
de caráter público desempenhado pelas instituições beneficiadas.
Quanto às imunidades políticas estas são conferidas para prestigiar outros princípios co
nstitucionais e podem beneficiar pessoas que tem capacidade contributiva.
Como exemplo temos as imunidades dos templos, das entidades sindicais de trabalh
adores, dos partidos políticos e suas fundações, dos jornais, periódicos e do papel dest
inado à sua impressão.
20 Imunidade explícitas e implícitas
A regra geral do nosso ordenamento jurídico é a existência de normas exonerativas da i
ncidência tributária de forma explícita, perfeitamente identificáveis no texto constituc
ional. As imunidades políticas, destacadas em linhas volvidas, são exemplos.
Quanto às imunidades implícitas, mesmo diante da inexistência de normas expressas que
as alberguem, são buscadas de princípios do nosso sistema jurídico.
Exemplificadamente temos as imunidades recíprocas, que derivam da incapacidade con
tributiva das pessoas políticas e dos princípios federativo e autonomia municipal. A
inda as imunidades cotejadas às entidades de educação e de assistência social sem fins l
ucrativos, também norteadas na incapacidade contributiva e no princípio da isonomia.
Na lição de Torres (45) há conclusão de que o elenco da imunidades aos tributos é aberto e
incompleto, sendo as imunidades implícitas as relativas à profissão, à família, ao acesso
à Justiça e à personalidade do cidadão.
Costa (46) invoca o denominado princípio da não-obstância do exercício de direitos funda
mentais por via de tributação, discordando do autor acima mencionado, dizendo que o
elenco das imunidades não é aberto e incompleto, mas taxativo. Que o mencionado prin
cípio tem sua abrangência não tão só sobre as situações de intributabilidades (imunidades e
enções), mas centrados em outros princípios constitucionais como a proibição de utilizar o
tributo com efeito confiscatório, da função social da propriedade e da liberdade de p
rofissão.
21 Imunidades incondicionadas e condicionáveis
A professora Costa (47) inova ao propor esta modalidade de classificação das normas
imunizantes. Afirma que se a norma constitucional imunizante tem eficácia plena e
aplicabilidade imediata a imunidade é incondicionada. Como exemplo cita as imunida
des recíprocas das pessoas políticas.
Caso a norma constitucional que alberga a imunidade seja de eficácia contida e apl
icabilidade imediata, com restrições, temos a imunidade condicionável, sendo sua fruição s
er estatuída ou não pelo legislador infraconstitucional. Temos como exemplo as imuni
dades das instituições de educação e assistência social sem lucratividade que, para auferi
rem o benefício, devem atender requisitos da lei complementar.

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