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Segundo Paulo Bonavides, teria um conceito histórico e relativo. Histórico, por que
não era conhecido na Antiguidade tendo surgido junto com o Estado Moderno. Relativo
porque não é mais considerado um elemento essencial do Estado. Havendo Estados
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soberanos e não-soberanos.
A soberania interna é o predomínio que o ordenamento estatal exerce num território
e numa determinada população sobre os demais ordenamentos sociais. 2 Os primeiros
autores dedicados ao tema, Jean Bodin e Thomas Hobbes, colocaram maior ênfase,
respectivamente, no monopólio do poder legislativo do Estado e do monopólio do uso da
força, como poder de impor determinados comportamentos aos membros da sociedade.3
Portanto, a soberania de uma perspectiva interna é uma relação de sujeição entre
cidadão-Estado. E do ponto de vista do direito internacional é uma não-sujeição, uma
igualdade entre os Estados.
A soberania é una, pois não admite outro poder igual. É poder superior a qualquer
outro. É indivisível. E essa característica não se opõe a separação de poderes, pois esta
nada mais é que uma divisão de atribuições. É inalienável, pois quem a possui quando a
perde, deixa de existir. É imprescritível, pois não se sujeita a prazo. Incondicionado, pois
só encontra limites impostos pelo próprio Estado. Também é indelegável e perpétua.
3. RELATIVIZAÇÃO DA SOBERANIA
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MIRANDA, Napoleão. Op, cit.
características atuais do fenômeno, como também quem seria o ‘sujeito’ da
soberania.” 5
4. OPINIÃO CONCLUSIVA
A soberania, nos moldes como pensado por Bodin ou Hobbes, não nos parece
factível na atualidade. Inobstante o conceito que se tenha quanto ao seu titular, parece-nos
que o conceito de soberania está intrinsecamente ligado à idéia de Estado-nação. Porém tal
conceito ou está obsoleto ou se perdeu na dinamicidade das relações externas (com outros
Estados, organismos internacionais ou mesmo indivíduos) e internas (relação de
convivência com os poderes sociais).
A soberania, de uma perspectiva interna (coerção legítima) parece-nos depender
cada vez de uma negociação política entre os diversos setores sociais, pois os órgãos de
expressão da soberania (legislativo, executivo e judiciário) estão presos numa crise de
legitimidade.
Já sob a perspectiva externa, surgiu uma necessidade crescente de regulação
mundial do comércio internacional e do estabelecimento de parâmetros regulatórios para
os conflitos internacionais e as questões ambientais. Essas questões demandam soluções
negociadas através de órgãos de instância transnacional. Por isso, o conceito de soberania
se flexibiliza para não impossibilitar a convivência pacífica entre as nações. Houve uma
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MIRANDA, Napoleão. Op cit.
mudança nos interesses dos povos e antigos conceitos devem adapta-se a essa nova
realidade.
BIBLIOGRAFIA
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10ª ed. rev. at. São Paulo: Malheiros
Editores, 2002
CRUZ, Paulo Márcio da. Soberania e superação do Estado Constitucional moderno. Texto
extraído do Jus Navigandi http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9955