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Ja SEMANÁRIO GRATUITO
ANO I • N.º 25 • 7 Janeiro 2011
Director: Vlademiro Marçal
Propriedade: Medi@Capital, SA
Albertino
da noite
Não há registos gravados, o seu maravilhoso
canto não se escuta nas rádios. Mas os praienses
conhecem a sua voz. E os estrangeiros que
visitam a capital, rendidos à deslumbrante arte
de Albertino, levam para os seus países elogios
àquela voz quente que puderam ouvir em alguns
lugares do Plateau. Pág. 20
Praia
soluções à vista
Têm sido muitas as críticas à gestão de Ulisses Correia e Silva.
Os “saudosos” das negociatas à Filu, que deixaram a capital numa
lástima, aproveitam todas as oportunidades para atacar a Câmara
democraticamente eleita. Arrumada a casa e estando já em marcha
a “obra nova” e as soluções definidas e programadas, a oposição
tambarina tentou o golpe: travar o orçamento para 2011 e assim
impedir a execução de um plano coerente. Falharam. Em entrevista,
sem fuga às questões, Ulisses fala dos seus “trabalhos”. Pág. 9
Na rota dos dias Sem tirar nem pôr Sem perdão Grande reportagem
A dura vida
dos trabalhadores
cabo-verdianos
Como vivem os trabalhadores cabo-verdianos? A repor-
Um juiz de Assomada foi destacado para Cansados de esperar pelo pagamento das Os bandos de marginais de S. Vicente, ben- tagem de Já foi ver e ouvir, para relatar. Ficou o retrato de
o gabinete do Primeiro Ministro, onde suas promoções, fartos de promessas nunca eficiando das complacências policiais, um mundo de trabalho sem direitos, de promiscuidade le-
desempenha funções não compatíveis cumpridas pelo governo, os oficiais de perderam de todo o medo. E em Dezembro gislativa que beneficia patrões infratores, de ausência de
com o exercício da magistratura. No Justiça resolveram avançar para os tribunais. assistiu-se ao desaforo máximo: passaram a ações inspetivas às condições laborais e de promessas não
entanto, e apesar disso, continua a dar Em última instância, a greve pode ser arma desafiar e a atacar patrulhas da Polícia cumpridas pelo governo, que transforma num inferno a vida
sentenças num Tribunal de Santa utilizável. Estão por tudo. Esperaram, es- Militar. Aconteceu na Craquinha. A insegu- dos trabalhadores. Enfim, um mundo onde impera o medo
Catarina. Assim vai a Justiça em Cabo peraram, tentaram negociar com o governo, rança tomou conta das ruas – governo e de dar a cara e o receio de perder o emprego. Pág. 6
Verde… Pág. 3 tudo foi inútil. Agora… Pág. 13 polícia fecham os olhos. Pág. 8
2 • Já • Sexta-feira 7 Janeiro 2011
notícias editorial
Nas Malhas da “Coca” Vlademiro
Osvaldo Marçal
semanarioja@gmail.com
Portuguesa detida
vinha para Cabo Verde
Cabo Verde continua a figurar nas preocupações das autoridades internacionais de combate à
droga. O Arquipélago está nas novas rotas de entrada do “pó branco” na Europa. Triste sina esta…
A fotocopiadora
A
detenção de uma cidadã por- ticas e as terras férteis, o corredor que Da riqueza à decadência
F
tuguesa, de 34 anos, com 5 inclui Senegal, Mauritânia, Mali, Bur- oi uma fotocopiadora. Poderia ter sido uma cadeira,
quilos de cocaína na baga- kina Faso, Níger, Nigéria, Chade, Su- “A cocaína importada da África um sofá, uma grafonola ou simplesmente um jarro
gem, ocorrida na madrugada de quin- dão, Etiópia, Eritreia, Djibouti e So- Ocidental vale quase dois mil milhões com água. O “casus belli” é fútil se se tomar em
ta-feira passada, 30, em Fortaleza mália. Não esquecendo Cabo Verde, de dólares (1,6 mil milhões de euros)
apontado pela DEA como um dos pon- por ano em cidades europeias”, podia
consideração o que estava em causa na votação da
(Brasil), quando se preparava para
embarcar para Cabo Verde, depois de tos de passagem mais permissivos de- ler-se no referido relatório. Não admi- Assembleia Municipal da Praia e os compromissos que
ter sido contratada por um compatriota vido a uma deficiente fiscalização (um ra que o “pó banco” seja o principal resultam do facto de um cidadão se candidatar a um
a troco de 5 mil euros, traz de novo à facto bem em evidência nos relatórios sustentáculo de muitas economias determinado cargo por algum partido. O cidadão Barbosa
liça a importância do País como placa que os diplomatas americanos envia- africanas, perante a criminosa cumpli- entendeu (mal) que uma reivindicação sua valia mais do que
giratória da droga que entra na Europa. ram para a Administração Obama cidade de governantes.
um conjunto de projetos, avançados pelo seu partido, para o
As autoridades portuguesas já identi- divulgados pela Wikileaks) e, sobretu- Salvo algumas excepções, as autori-
ficaram três rotas conhecidas no do, Guiné-Bissau, contando com a dades já não apanham cocaína às bem de toda uma urbe: o cidadão Barbosa considerou que o
abastecimento de droga para países conivência de um poder político cor- toneladas, como acontecia em 2005, seu umbigo era mais importante que todos os umbigos dos
europeus, especialmente de cocaína: a rupto e onde o narcotráfico tem cada 2006, 2007. O diretor da Unidade seus concidadãos. A sua prosápia conduziu à asneira.
rota do Norte (via Açores), a do Centro vez maior ascendente na vida Nacional de Combate ao Tráfico de Deste caso, anedótico, de cabo-verdura concluem alguns que
(via Cabo Verde, Madeira ou Canárias) económica da ex-colónia portuguesa. Estupefacientes da PJ sublinhou ao houve “traição”. Fala-se mesmo em “entrismo” (chavão que
e a Africana (via Golfo da Guiné ou ao Para Joaquim Pereira, as grandes “Público” que “as organizações vão
largo de Cabo Verde). Ou seja, o quantidades de estupefacientes apreen- diversificando o modo de trabalhar, lembra maus tempos, os da senhora ditadura do partido
Arquipélago da Morabeza surge sem- didas na Mauritânia ou na Croácia tentando camuflar, recorrendo a único… e os fuzilamentos de Staline). Serão talvez palavras
pre em foco, pelos piores motivos, deixam perceber o crescente peso da pequenas quantidades ou menores excessivas para designar algo que se relaciona com o
ganhando foros de preocupação de nova sub-rota: “A cocaína viaja por quantidades para reduzir o risco. Daí, o conhecido princípio de Peter – a incapacidade das pessoas
quem tem por missão o combate a este via marítima ou aérea até às costas da crescente recurso a mulas que trans- desempenharem funções para as quais não têm competência.
flagelo dos tempos modernos. África Ocidental e acaba por sair pelo portam pequenas quantidades de droga
Norte de África”, sobretudo, por para a Europa. O caso envolvendo esta
Será simplesmente um exemplo de cabo-verdura, que por
Os novos caminhos do “pó” Marrocos, Argélia, Líbia, entrando na portuguesa foi o último a ser conheci- norma anda associada à insensata sede de poder a que alguns
Segundo revelou ao jornal “Público” Europa através dos países do Leste. do… mas sabe-se que os traficantes, se atrevem. A todo o custo querem cargos e distinções sem
(de Portugal), Joaquim Pereira, diretor Um documento da ONU, departamen- sobretudo nigerianos, continuam a ten- olharem para o tamanho das suas próprias pernas… e a tanto
da Unidade Nacional da PJ portuguesa to sobre Drogas e Crimes, alertava, já tar recrutar “mão-de-obra” nos bairros se reduz a sua consciência política.
de Combate ao Tráfico de Estupefa- em 2008, que navios e aviões carrega- pobres de Cabo Verde para trazer o
A circunstância afetou o MpD praiense. Podia ter afetado o
cientes, com o Atlântico mais patrulha- dos de cocaína, vindos da América “produto” da América do Sul. Já re-
do do que nunca, principalmente Latina, estavam a entrar em portos e velou há bem pouco tempo, nas suas PAICV. No nosso leque partidário não faltam, numa e noutra
através de satélites-espiões, os trafi- aeródromos mal vigiados da África páginas, a triste sorte de quatro mulas banda, intervenientes sem capacidade para o serem. E essa é
cantes desbravaram novos caminhos Ocidental, onde a droga é depois dis- cabo-verdianas detidas nas prisões em uma das debilidades da nossa vida política, resultante de
para a Europa. Abriram uma variante tribuída em pequenas doses e enviada Fortaleza… mas os aliciamentos critérios pouco rigorosos na escolha daqueles que são
na África Ocidental, a sub-rota Sahel - para a Europa, em voos comerciais, prosseguem, sinais de um país em de- propostos para agentes da ação política. E, todavia, o que vai
referente à região entre as terras desér- em barcos, ou, por terra, em jipes. cadência moral e económica.
por aí de birras e guerrazinhas quando chega o momento de
forjar listas para as levar ao eleitorado. Todos os excluídos
Em Lém Cachorro protestam e reclamam lugares. Muito poucos são os que se
assumem como incapazes para esses mesmos lugares.
Briga de Thugs faz um morto Mal andou também o PAICV ao tentar explorar, em seu
favor, a atitude de Barbosa, aproveitando-o para tentar um
golpe que, em última instância, feria os interesses da cidade
Lém Cachorro tem má fama na crónica criminal da cidade da Praia: grupos de thugs têm ali a sua
da Praia, os quais, como representantes eleitos, deviam servir.
base. Agora os habituais confrontos causaram mais um morto
O PAICV preferiu somar insensatez à casmurrice de um
U m jovem de nome Claudir, 19
anos, foi atingido mortalmente
com dois tiros de arma de fogo, cali-
A libertação do alegado agressor foi
resultante de ter sido considerada ile-
gal a detenção, por ter ocorrido fora de
bairro e um quebra-cabeças para a
polícia”. Estava prestes a ser julgado,
o que devia acontecer nos dias mais
eleito sem estatura política.
Começa a ser tempo de os partidos serem rigorosos nas
bre 6.35mm, em pleno bairro de Lém flagrante e sem mandado de captura. próximos, acusado de vários crimes - escolhas. O amadurecimento da democracia política passa
Cachorro, cidade da Praia. O pre- Por outro lado, já se esgotara o tempo desde atos de “kasu bodi” até ao de ter por isso. O cidadão Barbosa suspendeu, temporariamente, o
sumível autor dos dois disparos, um previsto na lei para apresentar a tribu- desarmado um agente policial e feito seu mandato. A nosso ver não é bastante. A sua incapacidade
jovem de nome Ailton Júnior Seme- nal uma pessoa detida (48 horas). Em fogo sobre ele. No entanto, apesar das para distinguir o principal do secundário e não entender o
do, foi detido pela Brigada de Inves- consequência, o Ministério Publico acusações e de ir ser levado a jul-
tigação Criminal (BIC) algumas horas ordenou a libertação para logo depois gamento, encontrava-se em liberdade.
erro, aconselharia à sua renúncia.
depois do sucedido, tendo ficado emitir mandado de captura, que viria a O bairro de Lém Cachorro há muito
nessa situação durante quatro dias na ser efectivado uma hora depois. que vem sendo palco de situações de Telefone: (00238) 2623817
Esquadra de Eugénio Lima. Foi solto
e, pouco depois, novamente detido.
Em conversa com alguns populares,
que pediram anonimato, e também
criminalidade violenta perante a inca-
pacidade da polícia para as contrariar
Já SEMANÁRIO GRATUITO E-mail: semanarioja@gmail.com
Propriedade: Medi@capital, SA
Tanto o atingido pelos tiros como o com fontes próximas da BIC, a e assim travar a tendência dos jovens Administração e Redação: Director: Vlademiro Marçal
reportagem de Já apurou que o jovem locais, na maior parte desempregados Largo Eusébio da Silva Ferreira, Design e Paginação: Medi@capital, SA
agressor são identificados como inte-
Achada de Santo António, Cidade da Praia, Impressão: Grafedisport SA
grantes de bandos de thugs. baleado era tido “como o terror do e sem alternativas de futuro. Ilha de Santiago, Cabo Verde C.P. 669 Tiragem: 20.000 exemplares
Já • Sexta-feira 7 Janeiro 2011 • 3
À
redação deste semanário che- Rigor e independência menos quatro sentenças – todas elas
em Porto Novo, ilha de Santo Antão: pode, por
garam duas sentenças do Tri- inevitavelmente irritas.
bunal Judicial da Comarca de
da justiça exemplo, ser o ano de concretização da tão desejada
Santa Catarina – Juízo Cível –, datadas De acordo com fonte do Tribunal da Juiz militante ao serviço rede de esgotos. Aliás, a rede de esgotos é, por agora e
de 3 e 6 de Maio de 2010, respetiva- Comarca de Santa Catarina, estamos
da Chefia do Governo de longe, o maior desejo dos portonovenses
mente, subscritas por Carlos Alexandre perante flagrante violação da Consti-
Monteiro Reis, enquanto juiz de Direi-
to daquela comarca. Estas decisões se-
tuição da República e do princípio de
independência e de rigor por que se
“É preciso saber quantos processos es-
tão na posse deste juiz militante, e quan- A lém do saneamento, outras
pretensões são expressas
pelos portonovenses: a conclu-
devem terminar no último
trimestre do próximo ano. Os
munícipes com quem falámos
riam perfeitamente normais se… o seu devem reger os magistrados judiciais e tas sentenças nulas ele produziu de fac-
autor não estivesse, na altura em que as o Ministério Público. “Estamos, clara- to”, referiu-nos a mesma fonte, que se são do edifíco de Paços do Con- querem que 2011 seja também o
ditou, a exercer funções de Diretor do mente, perante usurpação de poderes, mostrou preocupado com o caos em celho. “Seria bom que a cidade ano de lançamento das obras do
Centro Jurídico da Chefia do Governo, pois quando Carlos Reis proferiu as que se encontra a nossa Justiça, até por- do Porto Novo festejasse o seu 6º aeroporto, projeto que, na
conforme Resolução do Conselho de sentenças, já se encontrava nomeado que se fala muito em extravio de pro- aniversário com o novo edifício opinião de muitos, vai alavancar
Ministros nº 10/2008, de 27 de Agosto para exercer o cargo de diretor do cessos nos tribunais do País. camarário pronto. Porto Novo o desenvolvimento do turismo
e publicada no BO nº 32, II Série. Por Centro Jurídico da Chefia do “Creio que há matéria suficiente para recebe, em Junho do próximo não só no Porto Novo, como em
consequência, Carlos Reis, filho do an- Governo”, diz a nossa fonte, subli- que o CSMJ mande instaurar, imediata- ano, por ocasião das festas de toda a ilha de Santo Antão.
tigo combatente da liberdade da Pátria nhando que, para todos os efeitos mente, um inquérito e aja em conse- São João, a Feira do Turismo de De entre outros desejos dos mu-
e ministro de Educação e Cultura do legais, as duas sentenças são nulas. quência, em ordem a evitar que situa- Cabo Verde – a Expotur. Será, nícipes, destaca-se ainda a cen-
Governo de Pedro Pires, Carlos Reis, Aliás, os advogados no processo já ções semelhantes voltem a repetir-se”, segundo os operadores turísti- tral eléctrica única, aguardada
atual assessor da ministra da Reforma providenciaram, junto da entidade disse a Já um magistrado judicial, pro- cos, um grande evento de pro- desde 2002, altura em que foi
do Estado e da Defesa Nacional, competente, um pedido de esclareci- fundamente chocado quando confronta- lançada a primeira pedra (já lá
moção do concelho como desti-
exarou um despacho quando não exer- mento sobre estas sentenças bem como do com a noticia da atitude do seu ex-
no de investimentos. vão nove anos!). Mas, também
cia funções de magistrado judicial. a sua anulação. colega.
Os responsáveis da Câmara um novo mercado municipal, pa-
As decisões em pauta decorrem de dois Instando a pronunciar-se sobre eventu- “Estamos a falar de um juiz militante
processos de Execução Ordinária (nº Municipal consideram que a ra que as vendedeiras de produ-
ais medidas disciplinares a que está que exerce um cargo de confiança polí-
82/02 e 80/06, respetivamente), que sujeito o agora secretário-geral do tica do seu superior hierárquico, o Pri- escolha de Santo Antão para re- tos agrícolas e as peixeiras te-
correram os seus trâmites legais no Governo, a fonte é perentória em afir- meiro Ministro e que vem exercendo, ceber a terceira edição da nham um lugar digno para
Juízo Cível do Tribunal da Comarca de mar que cabe ao Conselho Superior de concomitantemente, as funções de ma- EXPOTUR é uma “uma honra” exercício da sua atividade e pos-
Santa Catarina, envolvendo os casais Magistratura Judicial (CSMJ) mandar gistrado judicial no Palácio da Várzea, à para os municípios da ilha das sam abandonar as ruas.
Zeferino Ferreira Vaz e Lídia dos Reis abrir sindicância àquela comarca, a revelia da Lei e da ética profissional”, Montanhas que vêem no certame Há também quem peça a cons-
Monteiro Ferreira, como executados, e fim de descobrir, entre outros mis- acrescentou esta fonte, para quem o sen- “uma importante porta da sua trução de uma via alternativa à
Carlos Eduardo Galina Aguiar Mon- térios, como é que os processos saíram timento de impunidade nos magistrados promoção”, enquanto destino de avenida Amílcar Cabral, na
teiro, que aparece como subscritor da do Tribunal de Santa Catarina para as não pode fazer escola em Cabo Verde. investimentos e centro de negó- cidade do Porto Novo, o que pas-
livrança, enquanto título de crédito, na mãos de Carlos Reis, na Secretaria- Recorde-se que, há tempos, o juiz Emí- cios. sará pela construção de uma
sentença datada de 3 de Maio de 2010; Geral do Governo, no Palácio da lio Xavier, que se encontrava colocado 2011 trará, segundo os portono- ponte a ligar os bairros de Chã
Euclides dos Reis Borges Ortet, emi- Várzea. Tanto quanto o nosso jornal no Tribunal de Santa Catarina, por ter venses, outras conquistas para a d’Itália e Branquinho. É que esta
grante em França, Secular Cave de apurou junto da comarca por onde dado sentença tardia, foi vítima de um ilha. Desde logo, a entrada em artéria, a única que liga os dois
Portugal – Vinhos, Lda. e Ilídio Pereira Reis passou, o mais próximo colabo- processo disciplinar, mandado instaurar funcionamento de um porto lados da urbe, está cada vez mais
da Veiga, são referenciados na decisão rador do Primeiro Ministro, José Maria pelo Conselho Superior de Magistratura ampliado e moderno, cujas obras congestionada, dizem.
judicial de 6 de Maio do mesmo ano. Neves, já proferiu ultimamente, pelo Judicial (CSMJ).
4 • Já • Sexta-feira 7 Janeiro 2011
cá se fazem
Ulisses e vereadores sorriem... aliviados Deputados tambarinas desiludidos com a aprovação do Orçamento
grande reportagem
dos trabalhadores
Trabalho sem direitos, numa promiscuidade legislativa que beneficia patrões infratores, ausência de ações
inspetivas às condições laborais e promessas não cumpridas pelo governo, transformam a vida de quem
trabalha num inferno difícil de suportar – onde impera o medo de dar a cara e o receio de perder o emprego
se dos trabalhadores - principalmente renda e as contas da casa. “Ganho acidente, ninguém se responsabilizará
C a rl a Fe r n a n d e s ( t e x t o ) | J o s é R a m o s ( foto s ) dos não qualificados. Houve algumas pouco mais de doze mil escudos e, e ficarei em casa sem receber. Se eu
críticas pontuais, fundamentadas, e depois de pagar a renda de dez mil, luz não exigir, o meu patrão não me dá
em décimo terceiro mês, tra- e uma política de igualdade de oportu- faltou entendimento entre as centrais e água, fico sem nada para comer e férias. Nesta terra, quem não tem estu-
Salários de miséria
“O que me consola é que tenho con-
política justa” – e explorados por mínimo de referência, a nível Eduarda, de 26 anos, trabalha há dois “o governo precisa estabelecer o sa- trato e sei que não posso ser despedi-
patrões que se aproveitam das lacunas nacional, no valor de 12 mil escudos num café frequentado pela elite lário mínimo o mais rápido possível. da de uma hora para a outra. Não me
legais e da inexistência de um salário para os trabalhadores domésticos, e de praiense. Tem uma carga horária de 48 Eles ganham mais do que deviam, fi- conformo com esta vida, mas também
mínimo. Aliás, o Primeiro Ministro 15 mil para os restantes setores. Estes horas semanais e descansa apenas aos cam sentados na Assembleia e apro- não tenho muita escolha porque só
(PM) chegou a declarar ser “irrespon- valores aplicar-se-iam aos trabalhado- domingos, algo que nem sempre vam muita coisa que não é urgente, tenho a 6ª classe” – assim nos fala
sável” uma proposta legislativa do res não qualificados. A proposta teve acontece. Sem tempo para se dedicar à enquanto nós - os pobres - trabalha- Dilma, mãe solteira, empregada de
principal partido da oposição para em conta a diversidade de setores educação da filha de 4 anos, a empre- mos horas e horas sem parar e o nosso limpeza que trabalha seis dias por
resolver esta situação. laborais a nível nacional, bem como a gada de mesa conta com a ajuda dos salário é uma miséria. Trabalho há 2 semana e ganha oito mil escudos men-
Os cabo-verdianos continuam alme- disparidade da média de salários entre familiares para se alimentar, porque o anos e nunca soube o que é um contra- sais. “Tenho dois filhos para sustentar
jando melhores condições de trabalho as ilhas. O projeto despertou o interes- pouco que ganha mal dá para pagar a to de trabalho. Se acontecer algum e o pouco que recebo mal dá para
Já • Sexta-feira 7 Janeiro 2011 • 7
O décimo
terceiro
mês é
uma
miragem
N o ano passado, em ato
público de homenagem aos
professores de São Vicente e
Santo Antão, o Primeiro Ministro
prometeu, durante o seu discurso,
a introdução do décimo terceiro
mês no funcionalismo público:
"Já assumi mais um
compromisso com todos os
servidores do Estado, o de
introduzir o décimo terceiro
mês".
Segundo Manuela, 34 anos,
funcionária pública, o 13º mês é
uma miragem: “trabalho numa
escola e há anos que falam em
salário mínimo. O governo já
está no fim do mandato e, pelos
a
vistos, ficou só na promessa. Para
mim, foi tudo uma estratégia de
campanha, assim como o 13º
mês, que foi prometido para 2010
e já estamos em 2011”. Não
contendo a sua repulsa pela
atitude dúplice do executivo, a
funcionária pública coloca o
dedo na ferida: “o governo veio
afirmar que a proposta para
atribuir o 13º terceiro mês aos
funcionários públicos não era
para esta legislatura, justificando
que não estava contemplada no
cabo-verdianos
Orçamento de Estado de 2010 e
tinham de ter autorização para
esta despesa. Seria uma proposta
que teria de ser apresentada antes
do Orçamento. Desculpas…”
Os funcionários públicos estão
indignados com tantas promessas
que não são cumpridas: “os ricos
ficam cada vez mais ricos e os
pagar a renda. Ouvi muita história balhei direto, porque o restaurante Insegurança no trabalho casa: “gosto do que faço porque é um pobres cada vez mais na extrema
acerca do salário mínimo, mas estava com muito movimento, e não trabalho digno e honesto, apesar da pobreza”. Manuela já não
ficaram pela promessa. Acho uma recebi nenhuma gratificação. Já não Paulo conta-nos que começou a traba- insegurança e poucas condições de acredita nas promessas dos
grande injustiça porque nós, empre- acredito no governo: prometem muita lhar como auxiliar de obra porque já higiene.” O horário do Paulo é incerto, políticos: “vão à televisão com
gadas de limpeza, tra- coisa e não fazem estava cansado de de- há dias em que trabalha um discurso esfarrapado para se
balhamos mais do que “Meu patrão não quer nada. Estou a trabalhar pender dos avós ma- “Faz três anos que me de segunda a segunda e, justificarem com mais mentiras”.
a maioria dos fun-
ouvir falar em no restaurante porque ternos, cuja pensão inscrevi para uma às vezes, passa um mês E conclui: “não ganho muito e,
cionários, mas, infeliz- não consegui nem mal dava para pagar
mente, o nosso esforço contratos. Trabalho vaga nem bolsa para luz e água. Confessa
formação profissional em casa. “Não tenho
contrato, por isso não
quando fazem os descontos, que
na minha opinião são elevados, a
não é reconhecido nem cerca de nove horas continuar os estudos. que o trabalho é can- e nunca fui tenho direito a férias situação complica-se para uma
pelo governo nem pelo por dia, sem subsídio Para não ficar parada, sativo e muito peri- selecionada. No nem subsídios - e nem mãe de família com filhos
patrão. Estou a traba- aceitei o trabalho. goso porque a segu- entanto, conheço estou interessado em menores. Trabalho numa escola
lhar há um ano e meio de refeição nem Nunca recebi subsídio rança é frágil. “Como tirar férias, porque fico
pessoas com boas onde entra todo o tipo de
e ainda não fui de condições de higiene” de férias e muito a maioria dos meus com receio de não ser pessoas, não há segurança nem
férias, não porque não menos o 13º mês - colegas não uso nem condições financeiras mais chamado para tra- para os alunos nem para os
tenha direito, mas porque preciso do como decidi trabalhar sem contrato, roupas nem sapatos que já têm no balhar. O meu patrão funcionários”.
dinheiro para sobreviver”. não tenho esse direito”. Mónica con- adequados, o único não quer ouvir falar em A qualidade das condições de
Mónica, 23 anos, concluiu o 12º ano e sidera que o atual governo esqueceu- material que nos for-
curriculum dois ou três contratos. Trabalho cer-
trabalho é um dos fatores
trabalha há dois num restaurante, com se completamente dos jovens: “não necem são capacetes, cursos profissionais” ca de nove horas por dia, fundamentais para o sucesso de
uma carga horária de 48 horas sema- temos muitas alternativas de emprego. os restantes materiais sem subsídio de refeição um sistema produtivo. A higiene
nais, mas sempre que pode faz horas Sem nenhuma qualificação tudo se ficam por nossa conta. Subimos no nem condições de higiene”. Para e segurança são duas áreas que
extras porque o que ganha não chega torna mais complicado. Faz três anos andaime para trabalhar sem as míni- Paulo, a lei existente no arquipélago estão intimamente relacionadas
para pagar as despesas. “Eu não quis que me inscrevi para uma formação mas condições de segurança, ou seja, “só beneficia os patrões, que se com o objetivo de garantir
assinar o contrato de trabalho porque profissional e nunca fui selecionada; colocamos as nossas vidas em risco aproveitam da situação para explorar condições de trabalho dignas,
perco muito com os descontos legais. no entanto, conheço pessoas com boas todos os dias sem nenhuma garantia”. os que já vivem na miséria”. E rema- preocupação que parece não
É um risco porque, se acontecer qual- condições financeiras que já têm no Paulo, assim como outros jovens, ta, num misto contraditório de indi- constar da agenda laboral deste
quer acidente, eu assumirei todas as curriculum dois ou três cursos profis- sonhava ser engenheiro, mas teve que gnação e conformismo: “acho que a governo.
despesas. No mês de Dezembro, tra- sionais ”. abandonar os estudos para ajudar em nossa lei foi feita só para os ricos ”.
8 • Já • Sexta-feira 7 Janeiro 2011
sem perdão
Governo continua a dormir Mais um homicídio no Mindelo
S. Vicente. Durante meses, este semanário relatou a gravidade da situação, a polícia fez C leidir Gomes Teixeira, 20
anos, conhecido por Tadi foi
assassinado no dia 21 de Dezembro
funeral. Moradores das imediações
do local onde se verificara o crime,
contaram que os jovens vindos de
orelhas moucas e os factos foram omitidos na “boa imprensa”, para tranquilidade do ministro
à noite, na zona de Ribeirinha, Chã Faneco arremessaram pedras
Lívio Lopes – não havendo notícias, não tinha com que se preocupar. Os factos vindos a público Mindelo. Cleidir e seu irmão Fábio contra as casas, agrediram pessoas e
foram abafados como “propaganda da oposição”. Como se previa, sentindo-se impunes, passavam pela Rua 18, quando fizeram ameaças de morte.
os gangs dispuseram-se a ultrapassar todos os limites: a violência criminosa agravou-se foram atacados por um grupo de 15 “Chegaram com lenços a tapar a
elementos que esfaquearam Cleidir cara, armados de pedras, garrafas e
pelas costas e o apedrejaram. catanas na mão. Vieram para matar
Cleidir foi conduzido ao Hospital e vingar a morte do amigo”, disse a
Baptista Sousa, onde faleceu minu- Já uma testemunha.
tos depois.
Conta o irmão da vítima: “cerca da
meia-noite, regressávamos da “Chegaram com lenços
Ribeirinha, da casa das nossas a tapar a cara,
namoradas. Chegámos perto do Bar armados de pedras,
Sabura e um grupo surgiu do meio
da escuridão. Eram rapazes do gang garrafas e catanas na
de Ribeirinha, cumprimentámo-nos mão Vieram para
uns aos outros e seguimos em matar e vingar a morte
frente. Tadi ficou para trás e levou
uma facada nas costas. Ouvi o meu
do amigo”
irmão gritar e voltei para ver o que
passava. Ele estava de pé, com a Outro morador, Arlindo Sousa,
boca aberta, e sangrava da cabeça. falou-nos destes incidentes: “tive
Vi os rapazes correrem e fui ter com que correr para casa, porque se
Motorista da Transcor dos assaltantes puxou de uma faca e vai aprestar queixa. o Tadi, que caiu prostrado na instalou uma autêntica batalha cam-
ameaçou: “O dinheiro ou a tua vida?”. “Fui à Praça Estrela comprar uma sa- Sentina Municipal. Deram-lhe uma pal nesta rua. Rapazes daqui come-
espancado e assaltado Os bandidos levaram todo o dinheiro patilha. Apareceram cinco rapazes que facada nas costas e uma pedrada na teram um crime e quem pagou
Dois indivíduos encapuçados assal- que o motorista trazia consigo. A víti- julgo serem da zona de Craquinha. cabeça, ele entrou em coma e não fomos nós. A minha casa foi apedre-
taram, no dia 30, um condutor da ma ficou com hematomas na face Vieram ter comigo e acusaram-me de, me disse mais nada”. jada e vi pessoas a sangrar. Os de
Transcor. Os meliantes levaram 33 mil devidos aos socos que recebeu. Apre- no dia 31, ter-lhes feito um gesto Chã Faneco vieram para Ribeirinha
escudos em dinheiro. Conta um colega senta ferimentos no rosto provocados obsceno. Disse-lhes que não e um de- para matar: sabiam o que procu-
“Vieram para matar e ravam, pois são todos elementos de
de trabalho: “ele saiu para o trabalho pelos vidros dos óculos, estilhaçados les deu me um soco na cara”.
por volta das seis e meia da manhã. na sua cara. Segundo Belton, um dos indivíduos pu- vingar a morte do amigo” gangs. Houve pedradas e garrafadas
Como mora em Canalona, Chã xou de uma pistola e deu-lhe um primei- A zona da Ribeirinha, onde moram por todo o lado. Também agrediram
Alecrim, teve que percorrer uma ro tiro na barriga. “Depois tentou atin- os supostos responsáveis pelo algumas pessoas da nossa rua. E
ribeira para chegar à paragem de auto-
Rapaz atingido com dois assassinato de Cleidir Teixeira, afirmaram que irão voltar porque
gir-me na cabeça. Só que consegui virar-
carro. Pelo caminho, dois homens tiros na Praça Estrela me e a bala apanhou-me nas costas”. Os esteve depois a ferro e fogo. Os não descansam enquanto não
encapuçados atacaram-no com uma Belton Delgado foi atingido com dois agressores puseram-se em fuga. amigos da vítima invadiram a Rua matarem um rapaz do gang de
faca. Como ofereceu resistência, foi tiros na Praça Estrela. Aconteceu no Belton foi assistido pelas pessoas que 18 da Ribeirinha por volta das 19 Ribeirinha.”
espancado”. dia 31 de Dezembro. Diz que reco- estavam na barraca onde comprava as horas, quando regressaram do Vingança traz vingança.
A sua resistência terminou quando um nheceu os atacantes: sabe quem são e sapatilhas.
Trabalhos de Ulisses
Praia: odisseia
com soluções
Foi entrevista complicada: os muitos Deve sentir-se agora aliviado com a aprovação do
Orçamento da Câmara…
Plano de Atividades, o que normalmente o deputado
faz é pedir a sua suspensão. A situação é mais grave
Claro. Não por mim, mas pela Praia. O Orçamento é quando a diferença entre o poder e a oposição é de
afazeres do Presidente da Câmara da instrumento fundamental da governação. Sem ele não apenas um voto. Sabendo disso, o deputado intencio-
podíamos executar investimentos importantes para a nalmente usou o seu voto para fazer chumbar o Or-
Praia obrigaram, por várias vezes, ao cidade e muitas atividades ficariam em causa. çamento. Houve, por isso, clara violação desse
compromisso mínimo.
seu adiamento. Agora houve Era previsível que houvesse uma surpresa nesta A segunda é que o deputado votou abstenção não
votação. Terá havido falta de diálogo com o porque não concordasse com o Plano de Atividades
oportunidade. E Ulisses Correia e deputado em causa?
Existem aqui duas dimensões: a primeira é de leal-
ou com o Orçamento, mas por outros motivos. Ele
não participou no debate, não criticou, não apresentou
Silva não se escusou à abordagem das dade para com o grupo e para com o partido. Em
qualquer parlamento ou assembleia municipal existe
propostas. Por isso, não havia nada a negociar em
relação a esses dois instrumentos.
questões mais difíceis. Fez o balanço um compromisso mínimo dos deputados do partido
que suporta o governo para com a aprovação do pro- Que outros motivos?
grama do governo, das grandes opções do plano ou Há entedimento diferente desse eleito municipal rela-
do já feito, perspetivou o a fazer e do plano de atividades e do orçamento. Mesmo que tivamente ao Gabinete de Apoio à Mesa da Assem-
haja divergências em relação a medidas de política, bleia Municipal de que ele é secretário. Entendo que
apontou caminhos e soluções leis ou deliberações, não é esperado que o deputado possa haver divergências, mas usar esses motivos
vote em sentido contrário do seu partido no Orça- para ajudar a oposição a chumbar o Orçamento é algo
mento. Em caso de discordância sobre o Orçamento e que não se pode justificar.
10 • Já • Sexta-feira 7 Janeiro 2011
pelagrande
boca entrevista
tivemos que pagar mais de 800 contos para a sua cionamento mais quatro jardins infantis municipais
publicação, quando os municípios estão isentos, por no Centro Social de Tira Chapéu, na Delegação
lei, desse pagamento. De qualquer forma, fizemos já Municipal de Achada Grande Frente e S. Martinho
um grande progresso: na gestão anterior, a Câmara Pequeno, e no Centro Social de Achadinha Pires;
aprovou o orçamento para 2008 em Janeiro desse ano. investimos 14.000 contos na formação profissional de
jovens filhos de pais carenciados; apoiámos associa-
O que estaria em causa se o Orçamento não fosse ções de imigrantes, financiando projetos virados para
aprovado? a promoção da integração social; reabilitámos 44
A não realização de importantes investimentos e ativi- habitações de famílias mais carenciadas; investimos
dades. Mais de uma centena de crianças deixaria de 125 mil contos em infraestruturas desportivas, com
beneficiar de apoios para frequentarem jardins infan- reabilitações e construções em curso em 16 bairros e
tis, no âmbito de novos protocolos assinados com a iluminação do estádio da Várzea; reforçámos a
escolas de ensino pré-escolar para o ano letivo nossa aposta na criação e qualificação de eventos de
2010/2011; estaria em causa a extensão do apoio ao referência internacional para a cidade, como o Kriol
transporte escolar a novas localidades e apoio à for- Jazz Festival, o Festival da Gamboa e a Bienal
“
mação profissional para jovens das localidades perifé- Internacional de Dança do Ceará – Conexão Cabo
ricas da Praia, como S. Francisco, S. Martinho Verde; criámos oportunidades para diversas manifes-
Pequeno, Matão, Trindade, S. Tomé; deixávamos de tações culturais como pintura, fotografia, teatro,
A requalificação da encosta de Vila poder investir na reabiliação de mais 50 casas de música, dança, poesia, a edição de livros, artesanato,
famílias mais carenciadas; não podíamos avançar movimentando artistas, grupos, associações e vários
Nova está em curso. Já temos pronta com a construção de campo de futebol relvado em agentes culturais; lançámos obrigações municipais
Ponta d’Água e com o arrelvamento do campo de para a construção do novo mercado central da Praia e
a primeira parte do estudo para a futebol de Achada Grande Frente; não podíamos a derrama para a requalificação do cine-teatro do
construir mais 10 fitness parks nos bairros; os grandes Plateau; criámos e pusemos em funcionamento a
requalificação da encosta de eventos como Kriol Jazz Festival, Festival da Guarda Municipal; investimos na construção de 9
Achadinha, que abrange uma área de Gamboa estariam em causa… sanitários públicos que brevemente entrarão em fun-
cionamento e em 7 chafarizes; iniciámos a requalifi-
12 hectares. A requalificação das O festival da Gamboa?
Exato! Estaria em causa a II Bienal Internacional de
cação urbana, habitacional e sanitária da encosta de
Vila Nova, de Ponta Belém e do bairro do Brasil;
encostas, nomeadamente a Dança do Ceará – Conexão Cabo Verde não poderia
ser realizada sem o Orçamento; não podíamos requa-
requalificámos o Parque 5 de Julho e construímos aí
um Centro de Educação Ambiental; requalificámos a
drenagem das águas pluviais, devia lificar o edifício do cine-teatro do Plateau nem o rua 5 de Julho e a Praça Alexandre Albuquerque;
Mercado Municipal do Plateau; estava em causa o investimos no calcetamento de diversos bairros, na
ser prioridade do Governo, tendo em programa de construção de casas de banho e fossas asfaltagem da estrada de S. Tomé e de ruas de Achada
séticas em habitações dos bairros com maior incidên- Grande Frente.
conta que se trata de matéria de cia de problemas sanitários; o investimento na
drenagem de águas pluviais na zona da Várzea e em Assunto a perturbar a gestão camarária: a atua-
proteção civil e ambiente em zonas sistemas de abastecimento de água e rede de esgotos ção dos Guardas Municipais (GM). Como está a
através de ligações domiciliárias em 13 bairros; não gerir as queixas das rabidantes?
de alto risco com ocupação humana. podíamos construir o novo cemitério em Achada S. Os Guardas Municipais são elementos de autoridade
Filipe; ficava em causa a construção da praça da municipal e devem ser respeitados como tal. Estamos
No entanto, estamos a enfrentar esta ribeira do Paiol, a reabilitação de diversas praças e todos de acordo que deve haver ordem e organização
pracetas, a requalificação dos miradouros de Diogo na cidade e, para isso, é preciso respeitar as regras.
luta sozinhos Gomes e do Ténis, a reabilitação dos passeios e Uma delas é que só se pode vender em lugares e
arborização das ruas do Plateau, os calcetamentos em espaços apropriados e indicados para tal. Acho que a
diversos bairros, a requalificação do largo Eusébio, do maioria dos praienses não quer uma cidade onde os
largo Poeta e do miradouro de Meio da Achada Santo passeios e as ruas são ocupados com mercadorias,
Porquê a reunião da AM praticamente no fim do António, a asfaltagem das vias principais da Várzea, onde os animais, vacas, cabras e cães deambulam pela
ano? Outras Câmaras aprovaram Orçamento e Eugénio Lima e Ponta d’Água, o programa de pintu- cidade, onde o lixo é deitado fora de qualquer
Plano de Atividades na terceira semana de De- ra de fachadas de casas situadas em encostas e o pro- maneira. Deixar as coisas continuarem da forma
zembro… grama de habitação. Estas são algumas das realiza- como encontrámos a Praia, em Junho de 2008, seria
A lei das Finanças Locais impõe que o Orçamento ções que vão ter lugar em 2011 e que nós salvámos caminhar para o caos e ninguém ganharia com isso.
deve ser elaborado e submetido à apreciação das com a aprovação do Orçamento. É preciso dizer que, Cidade desorganizada, suja, onde ninguém respeita
Câmaras até 31 de Julho e apresentado à AM até 25 ao votar contra por duas vezes, o PAICV votou contra ninguém, terá sérias dificuldades em atrair investi-
de Agosto. A AM, por sua vez, deve aprovar o Orça- todos esses investimentos que lhe citei. mentos, turismo, criar emprego, rendimento e ser
mento até 20 de Setembro. Nenhum município segura. Não tenho dúvidas de que quem fica mais
cumpre esses prazos. Há claramente um problema Já agora: em tempo de balanço, como avalia a sua prejudicado com a desorganização da cidade são os
com os prazos estabelecidos na lei. A maior parte dos gestão? mais pobres, porque sem investimentos, sem a criação
Municípios depende em grande medida do Fundo de Estamos a trabalhar bem, a executar aquilo que está de mais empresas, sem turismo, não se espere que
Financiamento Municipal, que é transferido do no nosso programa de governação e aquilo que pro- haja mais emprego, mais rendimento, mais oportu-
Orçamento do Estado. Em Julho, Agosto ou Setembro metemos aos munícipes. nidades para a formação dos jovens e menos pobreza.
os municípios não têm conhecimento do montante Eu pergunto aos munícipes se é isso que querem. Em
desse fundo para poderem elaborar o orçamento. Este Do Plano de Atividades apresentado no ano pas- economia não há muito espaço para milagres: ou tra-
ano, só em Dezembro houve instruções para se dotar sado, qual foi o nível de realizações? balhamos bem, no sentido correto, ou afundamo-nos
o mesmo valor do Fundo do ano passado, pois o Foi uma boa execução, apesar de vários constrangi- todos - é uma questão de tempo. Só que, ao afundar,
Governo não apresentou e não aprovou o Orçamento mentos de financiamento. Beneficiámos cerca de uma são sempre os mais pobres que pagam e sofrem mais.
do Estado por ser ano eleitoral. Por outro lado, em centena de jovens, filhos de pais carenciados, com a Eu tenho a responsabilidade de não deixar afundar a
2009 apresentámos e aprovámos o Orçamento dentro atribuição de subsídios para o pagamento de propinas Praia.
dos prazos estabelecidos e ele só veio a ser publicado nas universidades e mais de 250 crianças carenciadas Os agentes da GM são autoridades que devem ser
na Imprensa Nacional em Fevereiro, e ainda por cima de jardins infantis; investimos e pusemos em fun- repeitadas da mesma forma que se respeita a polícia.
Já • Sexta-feira 7 Janeiro 2011 • 11
“
de elevada taxa de desemprego e de pobreza e que Câmara mais de 560 mil contos. O que há a fazer é
colocou a Praia na situação de insegurança e de quase o encontro de contas para saldar as dívidas que tran-
calamidade pública - que está a instigar algumas sitaram de 2008.
vendedeiras para desacatarem a ordem e a autoridade Os agentes da GM são autoridades
da GM. Alguns bairros vão ser pavimentados. Quais?
Teve um dossiê complicado: gerir os comer- Estão em curso calcetamentos para arruamentos e que devem ser repeitadas da mesma
ciantes que sempre foram contra a ideia de fazer acessibilidades nos bairros de Achada São Filipe,
da Rua 5 de Julho uma via pedonal. Achadinha Pires, Achadinha Baixo/ Várzea, Cala- forma que se respeita a polícia. São
Durante o processo de requalificação da rua 5 de baceira, Castelão, Casa Lata, Eugénio Lima/Quartel
Julho tivemos encontros com moradores, comer- Escola, Palmarejo/Fonton, Pensamento, Safende,
úteis e estão ao serviço da cidade e
ciantes e com a Associação Comercial de Sotavento e
a Câmara de Comércio. Elaborámos um regulamento
Vila Nova e Tira Chapéu (acesso pedonal). Houve
várias outras intervenções de calcetamento de bair-
dos munícipes. Se houver respeito
que foi discutido e consensualizado com eles. Não há
rejeição generalizada da pedonalização. Dentro em
ros, como Palmarejo, Monte Vermelho, Achada S.
Filipe e Bairro Craveiro Lopes, em parceria com os
pelo trabalho que exercem, não
breve, o próprio comércio irá sentir ganhos deste
investimento e a cidade ganha um polo de interesse
moradores. Em 2011, iremos continuar o programa
de calcetamentos em mais bairros, assim como a
haverá espaço para problemas. Por um
comercial, cultural, turístico, de lazer e de qualidade. asfaltagem das vias principais da Várzea, Eugénio lado, deverá haver colaboração das
Lima e Ponta d’Água.
O que falta fazer na rua 5 de Julho? vendedeiras no cumprimento das
Dentro de dias serão colocados postes de iluminação A recuperação das encostas foi promessa
solar e um sistema de vídeo-proteção ao longo da rua. eleitoral sua. Em que pé está esse dossiê? regras, por outro, os agentes sabem
Esperamos que moradores e comerciantes adiram ao A requalificação da encosta de Vila Nova está em
programa de pintura das fachadas das casas e edifí- curso. Já temos pronta a primeira parte do estudo que devem atuar com forte
cios, que conta com um desconto de 50% no preço para a requalificação da encosta de Achadinha, que
das tintas e isenção de taxas municipais. Esplanadas abrange uma área de 12 hectares. A requalificação capacidade de auto-controlo, têm que
irão nascer, de forma organizada e padronizada, ao das encostas, nomeadamente a drenagem das águas
longo da rua e promoveremos a sua dinamização cul- pluviais, devia ser prioridade do Governo, tendo em saber gerir as situações de conflito,
tural. conta que se trata de matéria de proteção civil e
ambiente em zonas de alto risco com ocupação exercer a autoridade sem abusar dela
Quando vai começar a requalificação do Mercado humana. No entanto, estamos a enfrentar esta luta
do Plateau? sozinhos.
Inscrevemos 50.000 contos no Orçamento de 2011
para a requalificação do mercado do Plateau. Estamos E a lixeira da Praia? Vamos continuar com a lixei- de circulares internas que liguem os diversos bairros
na fase de elaboração do projeto que, a seu tempo, ra naquele estado ou tem outros projetos na e os estruturem em termos de transportes e a disci-
será socializado com os munícipes. manga? plina no setor e sua boa regulação.
Encontrámos a lixeira em estado pior do que está. Em
E o Mercado Municipal a edificar no terreno onde 2012, devemos ter o aterro sanitário concluído, um E a Polícia de Trânsito? Acha que pode estar a
está o campo do Coco? projeto que conta com o financiamento da União boicotar o trabalho da Câmara?
A 17 de Janeiro encerra o concurso para a adjudicação Europeia e cujo concurso já foi lançado pelo Há muita desorganização e falta de disciplina no
da obra. Isto quer dizer que em Março as obras podem Ministério das Infraestruturas. trânsito na cidade. Essa ideia generalizada de
começar. incumprimento de regras e de desrespeito da autori-
Existem problemas bicudos para resolver na ci- dade também se sente nos transportes rodoviários. É
O estádio da Várzea está a ser iluminado. As dade da Praia. Diga-nos como? A circulação ro- preciso que a polícia esteja livre de quaisquer outros
obras vão ser entregues a tempo? doviária… interesses ou conflitos de interesses para poder
As obras estão na fase final. Pensamos fazer a entre- Bicudos e urgentes. É o caso do nível sanitário da exercer com eficácia o seu papel.
ga ainda este mês e, se chegarem a tempo, com novos Praia, da energia, do acesso à rede domiciliária de
assentos. água e esgotos, de habitações em situação de risco. E quanto às construções clandestinas que
São infraestruturas básicas que afetam a qualidade encontrou no município…
Há um plano, cozinhado no governo, para tornar de vida das pessoas e a atratividade e competitivi- É outro problema grave: a cultura instalada de que se
toda a zona da Várzea - desde o estádio, circun- dade da cidade. Exigem vários milhões de investi- pode “tirar chão” para construir sobre terreno priva-
dando o Gimno, indo até às oficinas do Estado -, mentos, que estão muito para além da capacidade de do ou municipal. É cultura que resulta da falta de
numa praça financeira. José Maria Neves já anun- financiamento da Câmara. Por isso, um forte com- planeamento, de respostas adequadas e atempadas
ciou o fim do gimno no local onde está… promisso do Governo na mobilização de recursos é ao problema da habitação e de exercício da autori-
O governo não pode assumir esses compromissos fundamental. Os transportes e a mobilidade são dade. São das tais situações que, um dia, podem
sem concertação com a Câmara Municipal. O outros problemas que têm a ver com a necessidade acabar mal, pois temos na Praia mais de 30% das
12 • Já • Sexta-feira 7 Janeiro 2011
pelagrande
boca entrevista
Ulisses Correia e Silva
“
Pusemos cobro à venda desenfreada
de terrenos que existia na Câmara
anterior… venda e pagamentos de
serviços e favores com terrenos. De
tal forma que uma única pessoa
chegou a ter mais de 20 lotes de
terreno que, por sua vez, vendia
para realizar mais-valias, enquanto
Gestores
de empresas
públicas
fazem
campanha
pelo PAICV
A Comissão Nacional de
Eleições fixou regras que
devem pautar o
comportamento dos agentes
políticos durante o período
eleitoral e pré-eleitoral.
Todavia, o governo recusa
observar essas regras e
respeitar a normalidade
Oficiais de Justiça
democrática, sendo imitado
pelos gestores colocados
pelo governo nas empresas
públicas e participadas
O
Sindicato Nacional dos Justiça. O que, até finais de ação judicial, estes profissionais mo de São Nicolau.
Oficiais de Justiça (SNOJ) Dezembro, não aconteceu”, afirma estão agastados com a falta de legalmente, os oficiais Trata-se de declarações com ma-
entregou, em Dezembro Semedo sublinhando que a única respeito e a forma desonesta como nifestos propósitos eleitoralistas:
último, na Secretaria Central do alternativa que os oficiais encon- José Maria Neves e o seu governo deveriam ter recebido os
é a política de promessas feita por
Tribunal da Comarca da Praia, uma traram foi a via judicial. têm lidado com o setor da justiça, retroativos logo depois da agentes ligados ao governo com o
ação contra o Estado de Cabo Verde, particularmente, no que tange às intuito único de ganhar votos.
em representação dos mais de 100 “É uma incongruência” condições precárias de trabalho da
publicação das
Como foi dito a Já por um obser-
oficiais de justiça que sentem-se lesa- São milhares de contos que estão em classe. “Este governo pouco ou nada progressões no BO, vador destas coisas, “o PCA da
dos por falta de pagamento dos causa, em prejuízo daqueles fun- fez nos últimos anos, para resolver ASA é um agente de administra-
retroativos a que têm direito, decor- cionários. “Sinceramente, não perce- inúmeros problemas da classe que
conforme o exarado em
ção da coisa pública. Não devia
rentes das progressões entre os anos bo como é que o governo, com base no seu dia-a-dia vem enfrentando diferentes despachos pela por isso colocar-se agora em
2009 e 2010, todas com efeitos a par- numa dotação orçamental, faz pro- enormes dificuldades para o exercí-
gredir os funcionários, para logo cio das suas funções, quando se sabe
ministra da Justiça. bicos de pés anunciando como
tir de: 1 de Abril de 2003; 1 de Abril um galo que a ASA tem projetos.
de 2006 e1 de Abril de 2007. depois lhes ficar a dever. É uma que o nosso País enfrenta enormes O que, até finais de É bom que uma empresa pública
De acordo o presidente do SNOJ, incongruência. Aliás, este Executivo problemas de insegurança e os que
laboram nesta área estão, constante-
Dezembro, não tenha projetos, porque o País não
Boaventura Semedo, o sindicato ten- é recorrente nestas andanças”, diz pode parar. Mas não é assim que
tou negociações com o governo de Boaventura Semedo. O sindicalista mente, sob o espectro do perigo de aconteceu” se procede, anunciando-os em
José Maria Neves, mas o Estado, garante que a classe está unida para vida”, queixou-se a nossa fonte. vésperas de campanha eleitoral”.
apesar de promessas de pagamento uma luta sem tréguas, até verem os “Se nós trabalhamos expostos ao “Ouvimos dirigentes da CNE
dos retroativos, nunca chegou a vias seus direitos ressarcidos. E se a situa- perigo de vida, inerente à própria dos oficiais de justiça está determina- exortar os partidos políticos a
de facto. “Estamos em presença de ção se mantiver, os oficiais de justiça profissão, porque não um salário da em lutar pelos seus direitos, outros terem contenção neste período, a
um Estado que não respeita os direi- admitem partir para uma greve geral condigno e melhores condições de nem por isso. Existem alguns que respeitarem as regras de jogo, a
tos dos seus servidores. Veja que, com consequências imprevisíveis, segurança?”, interroga a mesma fonte acreditam que, em vésperas de cam- retirarem os outodoors. Enfim,
legalmente, os oficiais deveriam ter para os cidadãos e/ou empresas, que se diz desapontado com a situa- panha eleitoral, podem existir cole- pede-se que se evitem manobras
recebido os retroativos logo depois sobretudo numa altura em que o sis- ção que se arrasta há vários anos e gas que caiam nas malhas de promes- que viciem o jogo democrático”.
da publicação das progressões no tema judicial é muito criticado, pela critica a inércia do governo na res- sas de um “governo sem escrúpulos”, Mas, o partido do governo viola
BO, conforme o exarado em diferen- sua “lentidão e ineficácia”. olução problema. no sentido de que a situação venha as regras a todo o momento.
tes despachos pela ministra da Segundo um oficial que subscreveu a Entretanto, se a maioria esmagadora ser resolvida no futuro.
14 • Já • Sexta-feira 7 Janeiro 2011
nota$ solta$
Um mea culpa que traz água no bico
Electra e TACV:
incompetência
ou caso
de polícia?
O anúncio pelo atual Primeiro Ministro do propósito de privatizar a Electra e a TACV surge como corolário da sua governação e reconhe-
cimento do falhanço das suas políticas, e da incompetência da sua gestão. Resta saber se é apenas isso, ou se este mea culpa põe a
descoberto “razões obscuras” que afinal justifiquem tanto amadorismo…
O
Primeiro-Ministro revelou ao País, há já praias e os aeroportos para saírem da Cabo duas empresas-bandeira de Cabo Verde tem as
alguns dias, que tenciona privatizar a Verde”, lembram-se? Contra o MpD, a quem seguintes leituras:
Electra e os TACV como solução para a acusava de ter vendido o País aos portugueses, a. A privatização, após dez anos de gestão incom-
viabilização destas empresas. Trata-se das duas dizia que era necessário reaver a posse dessas petente, demagógica e populista, é um ato de mea
maiores empresas de bandeira nacional e sobre as empresas estratégicas. Dez anos depois, temos a culpa de um Primeiro Ministro que assim con-
quais os governos de José Maria Neves tiveram Electra em mais do que falência e bancarrota, traria tudo o que disse e fez ao longo de uma
papel preponderante na última década com uma empresa altamente endividada e um serviço década.
efeitos agora reconhecidos como catastróficos. A público desacreditado, se é quer se pode chamar b. Depois de dez anos de gestão desastrosa de
anunciada e mais que tardia intenção (já fora de “serviço” aos sistemáticos apagões. Ocorrem, em ambas as empresas, a privatização - como última
prazo) do Primeiro Ministro leva a que se média, 5 dias por mês de apagões, com todos os solução e última esperança para salvar as
analisem alguns aspetos mais que relevantes. custos que isso acarreta para a economia e para a empresas - é prova de total e absoluta O anúncio de
Instrumento estratégico ou recurso tático - A nossa qualidade de vida. E tudo isto devido à incompetência governativa deste
ausência de parcerias estratégicas e à inexistência Primeiro Ministro.
privatização da Electra
privatização de empresas do Estado é ato de
gestão estratégica normal numa democracia de uma lógica de desenvolvimento, em conse- c. A privatização destas empresas, depois e dos TACV não é
desenvolvida, sendo tida como salutar inter- quência de uma rasteira golpada demagógica de dez anos de má gestão que as conduzi- uma livre decisão
venção direta na economia de mercado e estímu- com intuitos eleiçoeiros. Dez anos depois, vêem- ram à bancarrota e falência técnica, é ato
lo à emancipação da sociedade civil. No entanto, se os resultados: esta política de Neves condenou- altamente lesivo para os cofres do Estado. estratégica de José
a transferência de responsabilidades e competên- nos a um péssimo serviço público e a uma empre- d. Este Primeiro Ministro é ideologica- Maria Neves: é uma
cias para a esfera dos privados contraria as sa falida. Falhou a política por razões ideológicas. mente contra o livre funcionamento da cedência tática,
hipotéticas tendências centralizadoras e estatais Quem paga as custas é o contribuinte. economia: é centralista e desconfiado
do Executivo, pelo que seria normal se conduzi- O caso TACV - Os TACV podiam e deveriam ser face aos empresários. A privatização é forçada pela falência
da por um partido que sempre se batesse pela uma bandeira do desenvolvimento de Cabo contra a sua própria natureza. técnica em que
consolidação da democracia, pelo estímulo ao Verde. Com as rotas que explora, poderíamos ser Em conclusão, legitimo é perguntar: toda
empreendedorismo e pela crescente assunção de um mais atrativo destino turístico, com preços esta fantochada ideológica, toda esta má
as empresas se
responsabilidades por parte da sociedade civil – o mais baixos e competitivos, ao mesmo tempo que gestão, toda esta incompetência, que encontram
que não é o caso de quem agora propõe estas pri- teríamos uma companhia rica e prestadora de um levou à falência duas empresas estratégi-
vatizações. serviço vital à soberania de Cabo Verde, ligando cas para o futuro de Cabo Verde, é apenas isso
É sabido e reconhecido que o autor desta propos- ilhas com regularidade a preços baixos, unifican- mesmo, incompetência, ou tudo foi feito proposi-
ta de “solução” para as duas empresas se tem do o País e as pessoas. Em vez disso, temos um tadamente com o fito de vender estas bandeias
manifestado em contrário à liberdade económica regime monopolista com os preços relativos mais nacionais (a preço de saldo) aos seus amigos
das pessoas e das empresas, sendo a economia caros do mundo. Isso afasta turismo e encarece políticos?
livre de mercado, a seus olhos, uma ameaça à brutalmente os custos de deslocação das pessoas.
continuação do seu próprio poder centralizador e E a empresa, pelo menos, é rica e consequente-
tendencialmente absoluto. Por isso, o anúncio de mente bem gerida? Não. O Primeiro Ministro,
privatização da Electra e dos TACV não é uma num ato de nepotismo político, colocou o irmão
livre decisão estratégica de José Maria Neves: é (sem qualquer experiência de gestão) à frente dos
uma cedência tática, forçada pela falência técnica TACV, levando para a empresa o seu modelo de
em que as empresas se encontram. Portanto, feita gestão como governante: incompetente, irrespon-
na eterna expectativa de as renacionalizar assim sável, vivendo um clima de guerrilha interna com
que possível. os trabalhadores.
O caso Electra - A Electra, no final da gover- Ninguém está satisfeito, ninguém ganhou com
nação de Carlos Veiga, tinha como parceiros a isto. A empresa está em situação de falência téc-
EDP e as Águas de Portugal. Com sérios proble- nica. Mesmo que privatizada, a empresa, dez
mas na rede de distribuição, necessitava de fortes anos depois, está muito desvalorizada. Quando
investimentos, mas tinha um plano de desen- vendida quem perde é o Estado porque o seu
volvimento. A EDP é hoje uma referência mundi- preço será demasiado baixo. Quem ganha serão
al na área das energias renováveis, recentemente os compradores de ocasião.
louvada pelo Presidente Obama, na sua visita a Mais uma vez, um caso paradigmático de incom-
Lisboa. Esta era uma área vital para a solução petência e irresponsabilidade governativa deste
energética de Cabo Verde. José Maria Neves Primeiro Ministro.
venceu as suas primeiras eleições com um discur- Incompetência ou deliberado lesa-Pátria? -
so nacionalista contra os portugueses - “têm as Por tudo isto, o anúncio da privatização destas
Já • Sexta-feira 7 Janeiro 2011 • 15
!?!
Grandes manobras !!
Já tínhamos assistido a uma
inauguração de um sistema de
pegou e está a ter continuação e
variações. Para fazer o gosto ao
elétrica a partir do gerador da
Câmara de Santa Catarina, das 10 à
kasu-bodi
abastecimento de água… sem água governo (há eleições, com certeza), meia noite, nos fins de semana, e
(em Porto Mosquito); já tínhamos
assistido à inauguração de luz
a Electra anunciou, com pompa, a
ligação de Rincon à rede elétrica de
das 14 às 22 horas, nos outros dias.
É como no cinema: “Grandes
“Mário Paixão alega que
elétrica… sem eletricidade (em Assomada. Pois bem: a eletrificação Manobras”. Polichinelo: um pouco
Caiada). Num e noutro caso, água e ficou-se pela iluminação pública. mais de decência e de respeito na cidade da Praia se vai
luz apareceram mais tarde, mas Quanto às casas, nada: nem pelas populações ficava mal?
não faz mal – há eleições, com contratos, nem luz. As habitações Mesmo sabendo-se que estamos continuar a trabalhar com
certeza. O problema é que a moda continuam a receber energia em tempo de eleições?
instituições internacionais e
Crime e Castigo com o Governo nas
definições das intervenções
Polichinelo leu, aplaudiu e ficou com pena: é que a coisa passou-se
na distante Rússia, não aconteceu em Cabo Verde. Polichinelo conta:
Vladimir Putin, Primeiro Ministro (a sério) da Rússia, ficou incomodado do terminal de
passageiros.”
com os constantes apagões que, em Dezembro, afetaram Moscovo. E
não esteve com meias medidas: chamou ao seu gabinete o governador
da província, o ministro da tutela e o presidente da empresa produtora
de eletricidade. E deu-lhes um raspanete. Tinham prometido que os in Expresso das ilhas
apagões acabariam, portanto… Se não tinham a certeza que podiam
cumprir a promessa, não prometiam (atenção, Cabo Verde: nalguns Polichinelo: ah ganda Paixão!!!
países do mundo, as promessas são para cumprir). E, para castigo,
ordenou que os três admoestados fizessem a passagem do ano junto E qual Governo? Foste à bruxa
com as populações martirizadas pelos apagões. Polichinelo apela: por
favor, Putin, vem a Cabo Verde ensinar como é que se faz. ou temos golpada?
coisas do mundo
Portugal O Brasil de Dilma
Caso BPN
marca presidenciais
Depois de Lula,
as ameaças
do polvo
Lula fica na história como um dos presidentes que mais fez o
Brasil evoluir. A seu modo, ombreia com Getúlio, com
Kubitschek, com Henrique Cardoso. Segue-se agora Dilma,
que parece destinada a tentar decepar os tentáculos do
ainda poderoso Brasil “velho”, que resiste a modernizar-se
O
tema recorrente que domina que, para a opinião pública, ficou sem- campanha “colaboradores e finan- suporte o desejado avanço. O anúncio os alicerces de um Brasil “velho” que
o debate nas eleições presi- pre a ideia que Cavaco Silva adquiriu ciadores responsáveis pela fraude e do combate à pobreza no Brasil, feito resiste a modernizar-se.
denciais portuguesas centra- as ações a preço baixo e transacionou- pelo buraco” do BPN, o que até ao por Dilma na tomada de posse, é muito Outro dos bloqueamentos é a existên-
se no caso BPN – o banco luso inspi- as em alta por “rela- fecho desta edição não mais que piedosa intenção para cabo- cia de uma poderosa “economia infor-
rador do extinto Insular cabo-verdiano ções de favor e cumpli- O atual presidente suscitou qualquer rea- clo ouvir: significa promover as mal” favelada, a qual, apesar dos
-, mais do que em qualquer outro tema cidade” que, alegada- ção de Cavaco Silva ou camadas mais pobres, aumentando o aparentes golpes recentemente sofri-
da vida política. A concordância tácita mente, manteria com
nunca explicou com o de qualquer dos seus poder de compra e, com isso, alimen- dos no Rio de Janeiro, sobrevive
de Cavaco, em torno do pedido da administradores da rigor que se impunha colaboradores. tando a poderosa indústria paulista. graças à sua tentacularidade. Terra-
administração da entidade bancária SLN. De referir que e a clareza que o A estratégia dos oposi- Dilma aprendeu em Marx. Sabe que, tenientes e “barões da favela” são duas
para que o Estado injete mais meio Oliveira Costa, ex-pre- tores de Cavaco parece sem um mercado poderosamente con- faces de uma moeda que Dilma não
milhão de euros visando obstar a sidente do BPN que já melindre exigia, a sua ser, nesta decisiva fase sumidor, a indústria brasileira, dema- pode desvalorizar sob pena de grandes
insolvência, merece a crítica generali- esteve em prisão pre- ligação à SLN, da campanha para as siado concentrada em dois ou três dissabores.
São estes os grandes desafios internos
zada de todos os candidatos.
O tema que, visivelmente, incomoda
ventiva, foi secretário
de Estado num dos go-
remetendo sempre presidenciais, atacar
onde o candidato da
pólos, ficará sempre dependente das
vulnerabilidades da sua exportação. que se colocam à Presidente, tanto
Cavaco Silva, foi mais uma vez levan- vernos do professor e qualquer pergunta direita é mais vulnerá- Nisto, a “política social” prenunciada mais que o seu conhecido voluntaris-
tado, desta feita por Manuel Alegre, que, Dias Loureiro, até para um lacónico vel, não só pelo melin- é, antes do mais, uma política econó- mo dificilmente seguirá a zigueza-
que desafiou o presidente e candidato a à eclosão do escândalo dre do tema, mas fun- mica e tenderá a ter o apoio de um am- gueante política de patuações que
“tornar público o contrato de venda era conselheiro de Es- comunicado no sítio damentalmente por ser plo leque político e social – ou seja, o caracterizou o primeiro regime pêtista.
das suas acções” da SLN – a sociedade tado, sendo “mantido a da Presidência da no terreno da honesti- poder de Dilma deverá construir-se Já no plano externo, Dilma jogará na
que detinha a maioria acionista do ferros” no lugar, apesar dade pessoal e da nos mesmos moldes que Lula gizou: continuidade de uma política bem su-
do coro de críticas ge-
República seriedade política que o cedida, que fez do Brasil a maior po-
banco intervencionado pelo Estado. aglutinando forças partidárias díspa-
neralizado que se fez, presidente tem concita- res. Não será aqui que irão colocar-se tência do hemisfério sul, ganhando re-
Os silêncios de Cavaco então, sentir na sociedade portuguesa. do maior número de admiradores e problemas. lativa autonomia. Preparando viagens
O atual presidente nunca explicou com apoiantes, pelo menos até à “nebulosa” Onde os problemas vão surgir será, à China e aos Estados Unidos, a Presi-
o rigor que se impunha e a clareza que
Tom da campanha das acções da SLN. De qualquer certamente, noutras áreas. É que a dente irá, certamente, dizer aos líderes
o melindre exigia, a sua ligação à aquece modo, a polémica parece passar à construção de um mercado coerente destes países que Brasília terá voz pró-
Sociedade Lusa de Negócios, reme- Mas não é só de Alegre que vêm as margem das escolhas do portugueses, exige a ultrapassagem de algumas pria. E que, para ela, primeiro estará o
tendo sempre qualquer pergunta para críticas a Cavaco, o candidato comu- figurando Cavaco em primeiro lugar contradições que marcaram dois sécu- Brasil, depois o Brasil e finalmente o
um lacónico comunicado no sítio da nista Francisco Lopes acusou direta- destacado nas sondagens, muito longe los do desenvolvimento brasileiro: o Brasil, fundamento de uma política
Presidência da República. E o certo é mente o professor de incluir na sua do “drama” de uma segunda volta. terra-tenentismo, assente em “coro- sul-sul que está longe de se esgotar.
Já • Sexta-feira 7 Janeiro 2011 • 17
em jogo
Os escolhidos pela IFFHS Campeonato regressa este fim-de-semana
O
espanhol Iker Casillas foi Júlio César (Inter de Milão), segundo IFFHS. O atual treinador do Real Académica joga com Ribeira Grande, regional, defronta o Benfica, vencedor
eleito, pela terceira vez con- classificado, com 124. Madrid recebeu o prémio pela ter- na primeira partida da tarde, e o da Taça.
secutiva, o melhor guarda- O pódio foi fechado pelo checo Petr ceira vez, depois o ter conquistado Boavista mede forças com o Celtic. De acordo com o presidente da
redes do ano pela Federação Cech, guarda-redes do Chelsea, que em 2004 e 2005. Para domingo, estão marcados os Associação Regional de Futebol de
Internacional da História e totalizou 56 votos, contra 53 do Em 2010, Mourinho conseguiu, ao seguintes encontros: Varanda x Santiago Norte, Júlio Soares, o início
Estatísticas do Futebol (IFFHS), alemão Manuel Neuer (Schalke 04), serviço do Inter de Milão, o campe- Desportivo (14 horas) e Travadores x do Regional de Santiago Norte está
numa tabela de 2010 em que o por- quarto, e 48 do holandês Maarten onato italiano, a Taça de Itália e a Vitória, logo a seguir. marcado para 23 de Janeiro, a tempo
tuguês Eduardo ficou na 12.ª posição. Stekelenburg (Ajax), quinto. Liga dos Campeões. Para o segundo escalão, estão calen- de colmatar o enorme atraso em
O guarda-redes do Real Madrid e da Mourinho obteve 294 pontos, ultra- darizados os seguintes encontros: relação às outras regiões desportivas
seleção espanhola, que ajudou a con- passando o rival Guardiola. do Delta x Komunidade; Tchadense x do País. Sem novidade, pois a ideia é
quistar o título Mundial, repetiu os
Mourinho é “rei” cinco Barcelona. Van Gaal, do Bayern Benfiquinha; Garridos x Unidos do continuar no sistema de dois grupos,
triunfos de 2008 e 2009, ao somar anos depois Munique, ficou-se pela terceira Norte; Vila Nova x Fiorentina e ASA em que apenas os dois primeiros de
304 pontos, bem mais do dobro do José Mourinho foi eleito o melhor posição, numa votação que envolveu Grande x Lapaloma. cada poule apuram-se para uma fase
que os colecionados pelo brasileiro treinador do mundo de 2010 pela "especialistas de 86 países". Em relação a Santiago Norte, a época final.
cachupada
Conto infantil
Horóscopo De 10 a 16 de Janeiro
Mia,
respeito. um emprego que pode prejudicar a sua Pensamento positivo: Sempre que estou
Pensamento positivo: Estou atento, sei que o estabilidade emocional. errado não tenho medo de recomeçar de novo!
sucesso exige um esforço constante. Pensamento positivo: Cultivo a harmonia na Números da Sorte: 03, 09, 17, 28, 39, 45
Números da Sorte: 02, 03, 05, 08, 19, 20 minha vida! Horóscopo Diário Ligue já! 760 30 10 19
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José Braga-Amaral
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bai-bai
Sexta-feira 7 Janeiro 2011
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a voz
comum pelas noites da Praia, momentos mágicos de deslumbramento
Albertino