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ESCOLA DE ENGENHARIA ELETRO - MECÂNICA DA BAHIA

CURSO: TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO


MÓDULO: ADMINISTRAÇÃO E LEGISLAÇÃO APLICADA
_______________________________________________________

04. RESPONSABILIDADE CIVIL E


CRIMINAL NOS ACIDENTES DE
TRABALHO
Responsabilidade civil na reparação do dano decorrente de
acidentes de trabalho

A situação atual do trabalhador brasileiro é reconhecidamente grave em


relação à segurança e saúde no ambiente de trabalho. A cada dia, ou talvez a
cada hora, empregados brasileiros sofrem acidentes de trabalho. Infelizmente,
muitas vezes com mortes ou incapacidades permanente, e com efeito, famílias
inteiras desmembradas e desprotegidas.
Dentre os deveres impostos ao empregador, um se destaca, o de exigir de
seus empregados o cumprimento das leis referentes à segurança no ambiente de
trabalho e a divulgação das punições a que estes estão submetidos no caso da
infração dessas determinações, visto que, o empregado que se expõe a riscos,
coloca em eminente perigo também os seus colegas de serviços e além de causar
sérios prejuízos à empresa, implicará na dissolução do seu contrato de trabalho
sem qualquer tipo de indenização por parte do empregado.
Verifica-se que o empregador ao respeitar o artigo 157 da CLT, estará livre
das penalidades impostas pela lei e principalmente se eximirá da obrigação de
indenizações estranhas àquelas determinadas pela previdência social. Isto
porque, ao cumprir o que estabelece a CLT, não se configurará culpa do
empregador no acidente de trabalho.

“Art.157, da CLT: Cabe às empresas:

I – cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;


II – instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a
tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;
III – adotar as medidas que lhe sejam determinadas pelo órgão regional
competente;
IV – facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente”

Nos casos de acidente de trabalho, a legislação permite a cumulatividade


das indenizações, ou seja, além da Indenização Previdenciária o empregado terá
direito também à Indenização Civil, cabível ao empregador, quando o acidente de
trabalho ocorrer por culpa ou dolo deste, ou seja, quando se configurar a
responsabilidade subjetiva.

A Constituição da República Federativa Brasileira de 1988, em seu art. 7º,


estabelece os direitos de trabalhadores urbanos e rurais, entre outros que visem a
melhoria de sua condição social. Dentre os direitos assegurados ao empregado, o
inciso XXVIII, do artigo supracitado garante: “Seguro contra acidentes de trabalho,
a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado,
quando incorrer em dolo ou culpa.”
O dolo segundo este artigo, deriva da intenção criminosa de lesar o
empregado; e a culpa consiste na omissão das medidas de segurança do
trabalho, com a consciência do risco a que se expõe o trabalhador na empresa.

Vale salientar que, quando o empregado sofre acidente de trabalho típico,


ou doença profissional, devido ao não cumprimento das normas de segurança
pelo empregador, surge a obrigação de reparação do dano (indenização civil), pois
se configura a culpa do empregador pela falta de cuidado necessários ao meio
ambiente de trabalho.

Em resumo, a razão de alguém ser obrigado a ressarcir prejuízos morais e


materiais por acidente trabalhista não é simplesmente a culpa, e sim a
responsabilidade por ato ou fato gerador da lesão resultante da atividade do
trabalho.

ELEMENTOS

1) ATO ILÍCITO: Desde que alguém, por culpa ou dolo, ofender o direito de
outrem rompe com a ordem jurídica, pratica um ato ilícito, deve reparação. Ato
ilícito é, portanto, o que, praticado sem direito, causa dano a outrem. O artigo 186
do Novo Código Civil dispõe que: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

2) DANO: é todo o prejuízo sofrido pelo ofendido. O Novo Código Civil em seu
artigo 927 estabelece: “Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo.”

3) NEXO CAUSAL: é a relação entre a conduta do agente e o resultado, por meio


que se possa dizer se a conduta deu ou não causa ao resultado. Constatação
acerca da existência de relação entre conduta e resultado, por isso, independe da
verificação da existência de dolo ou culpa por parte do agente.

4) CULPA: Não são todos os casos de acidentes de trabalho que o empregador


será responsabilizado autonomamente, isto só acontecerá quando este incorrer
em culpa ou dolo, ou seja, o empregador será obrigado à indenizar civilmente
quando tiver culpa no acidente de trabalho. Quando existir provas de que o
empregador não se interessa pelo bem estar dos empregados, e muito menos se
preocupa pela segurança e saúde dos mesmos, este carrega consigo o peso da
culpa e portanto a ciência de que sua omissão pode dar causa à acidentes
trabalhistas. Neste caso fica claro o direito de ação do empregado vitimado, de
seus herdeiros ou descendentes, visando o restabelecimento da situação do
empregado anteriormente ao acidente ou seja, o mesmo nível e padrão de vida
que mantinha com a atividade profissional antes de sofrer o acidente do trabalho.
- Imprudência: é a culpa de quem age, ou seja, aquela que surge durante a
realização de um fato sem o cuidado necessário. Ação descuidada.
- Negligência: é a culpa na sua forma omissiva. Consiste em deixar alguém de
tomar o cuidado devido antes de começar a agir.
- Imperícia: é a demonstração de inaptidão técnica em profissão ou atividade.
Consiste na incapacidade, na falta de conhecimento para o exercício de
determinada atividade.

OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR:

Quanto a indenização por dano moral até bem pouco tempo não era sequer
cogitada pelo Direito do Trabalho, principalmente nos casos de acidentes
trabalhistas. Atualmente a Constituição Federal, garante em seu art. 5° inc. V, o
direito à indenização por dano moral, além da indenização por dano material e a
imagem:

“Art. 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

V – é assegurado o direito de resposta proporcional ao agravo, além da


indenização por dano material, moral ou à imagem”.

DANO MORAL: A indenização por dano moral deverá ser estabelecida de forma
subjetiva pelo juiz, o qual se orientará pelo conteúdo do Código Civil,
considerando a posição sócio-econômica do ofensor e do ofendido, o ânimo
(vontade) de ofender, a gravidade e conseqüência na vida do ofendido e de sua
família, como forma de diminuição da dor que lhe causou o acidente de trabalho. E
principalmente, como meio de punição e advertência ao empregador que violar as
leis de segurança ao meio ambiente do trabalho.
Não existe regra específica para determinar em que caso cabe a
Indenização por dano moral, decorrente de acidente de trabalho, mas essa existe,
principalmente em face ao estado de submissão do empregado em relação ao
empregador, onde o empregador, por um simples comando coloca o obreiro em
situação vexatória ou de desrespeito à sua dignidade pessoal. A reparação
imposta àquele que violou e danificou patrimônio moral de alguém é inequívoca,
devendo ser cumprida, pois a honra e a moral de um homem é seu acervo maior

DANO MATERIAL: a indenização por dano material ficará caracterizada quando o


ato lesivo que gerou o dano criar reflexos negativos no patrimônio econômico do
lesado (empregado), causando-lhe prejuízo no seu trabalho e nos bens materiais,
incluindo-se o dano físico e mental. A indenização por dano material pode ser
muito onerosa, ou seja, sair muita cara para o empregador, pois estas serão
fixadas de acordo com as normas do Código Civil, avaliando-se o grau de
seqüelas, os prejuízos presentes e futuros, inclusive morte do empregado.

“Art. 949 NCC: No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor


indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até o
fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver
sofrido.”

“Art. 950 NCC: Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não
possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de
trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até
o fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do
trabalho, para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.” Ou seja, No
caso do acidentado do trabalho perder ou diminuir sua capacidade para o
trabalho, o ofensor deverá pagar uma indenização que inclua as despesas com o
tratamento, e ainda uma pensão que corresponda ao valor do trabalho que o
debilitou ou da depreciação que ele sofreu.

CARTEIRA DE TRABALHO E PREVIDÊNCIA SOCIAL: Na CLT


encontram-se vários dispositivos que resguardam o trabalhador, em caso de
acidente do trabalho. Dentre eles, o art. 30 e o art. 40 em seu inciso III, versa
sobre as anotações que deverão ser feitas na carteira do trabalhador acidentado.

“Art. 30. Os acidentes do trabalho serão obrigatoriamente anotados pelo


Instituto Nacional de Previdência Social, na carteira do acidentado.”

“Art. 40. As Carteiras de Trabalho e Previdência Social regularmente


emitidas e anotadas servirão de prova nos autos em que sejam exigidas carteiras
de identidade e especialmente:

III - para cálculo de indenização por acidente do trabalho ou moléstia profissional.”

COMPETÊNCIA: No que tange à Competência, as ações de acidente do


trabalho se mantêm na esfera da Justiça Comum Ordinária, conforme dispõe o art.
643, parágrafo 2° da CLT:

“Os dissídios, oriundos das relações entre empregados e empregadores,


bem como de trabalhadores avulsos e seus tomadores de serviços, em atividades
reguladas na legislação social, serão dirimidos pela Justiça do Trabalho, de
acordo com o presente Título e na forma estabelecida pelo processo judiciário do
trabalho.

Parágrafo 2º: As questões referentes a acidentes do trabalho continuam sujeitas à


justiça ordinária, na forma do Decreto n. 24.637, de 10 de julho de 1934, (e
legislação subseqüente).”
O STF (Supremo Tribunal Federal) e o STJ (Superior Tribunal de Justiça)
tratam do assunto através das Súmulas 501 do STF e 15 do STJ, nos seguintes
termos:

Súmula 501/STF: “Compete à Justiça Ordinária Estadual o progresso e o


julgamento, em ambas as instâncias, das causas de acidente do trabalho ainda
que promovidas contra a União, suas Autarquias, Empresas Públicas ou
Sociedades de Economia Mista.”

Súmula 15/STJ: “Compete à Justiça Estadual processar e julgar os litígios


decorrentes de acidente do trabalho.”

RESPONSÁVEIS: O Novo Código Civil estabelece nos eu art. 932 aqueles que
serão responsáveis pela reparação civil:

“Art. 932 NCC: São também responsáveis pela reparação civil:

III – o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no


exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; “

RESPONSABILIDADE CRIMINAL

Da mesma forma, que os acidentes de trabalho refletem no campo da


responsabilidade civil, também refletem na esfera criminal.

“Art. 935, do NCC: A responsabilidade civil é independente da criminal, não se


podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu
autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.”

O Código Penal estabelece no seu artigo 132: “Expor a vida de alguém ou a saúde
de outrem a perigo direto e iminente....Pena: detenção de 3 meses a 1 ano.”

Ou seja, o empregador que não fornecer um ambiente de trabalho seguro aos


seus empregados estará de uma certa forma sim expondo a vida de seus
trabalhadores a um perigo a sua vida ou a sua saúde.

Na responsabilidade criminal, assim como a responsabilidade civil, é necessário


provar que houve culpa ou dolo do empregador, isto porque são responsabilidades
subjetivas. Neste caso, uma vez comprovada a culpa do empregador poderá ele
responder criminalmente pelo acidente de trabalho ocorrido com seu empregado.

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