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Introdução:

O fogo é conhecido pela humanidade desde os primórdios, mas durante muito tempo
foi apenas um fator de perigo e destruição, tais como incêndios, erupções vulcânicas
etc.... Isto, porque o homem não podia controla-lo.

Hoje, a combustão é uma arte e o fogo o melhor de nossos servos. Porém, sem a
cuidadosa supervisão de alguém que conheça a arte e a ciência da combustão, não se
consegue obter o uso eficiente dos combustíveis, como exige a competitividade de
nossos dias.

Nestes caso, ele pode se tornar no pior de todos os flagelos.


Parte 1: AR.
É um gás incolor, inodoro e insípido. É na realidade uma mistura coloidal de vários
gases
(Quando falamos de ar, estamos falando da troposfera baixa, até 11 km)
Composição do ar seco:
Componente % por volume % por massa
 Nitrogênio 78,09 75.51
 Oxigênio 20,95 23.15
 Argônio 0,93 1.28
 dióxido de Carbono 0,027272 0,046
 “Outros” 0,002728 0,014

Composição de “Outros” % por volume % por massa


Neônio 0,0018 0,00125
Hélio 0,00052 0,000072
Metano 0,00015 0,000094
Criptônio 0,0001 0,00029
Monóxido de Carbono 0,00001 0,00002
Óxidos Nitrosos 0,00005 0,00008
Hidrogênio 0,00005 0,0000035
Ozônio 0,00004 0,000007
Xenônio 0,000008 0,000036
Dióxido de Nitrogênio 0,0000001 0,0000002
Iodo 2x10-11 1x10-10
Radônio 6x10-18 5x10-17

Entretanto o ar em nossa atmosfera (troposfera) não contém apenas gases, mas também
uma mistura de partículas sólidas, tais como poeira, areia, fulígem e cristais de sais,
carregadas pelos ventos.

Nas grandes cidades o número destas partículas pode chegar à 500.000 por m3.

Nos cumes das grandes montanhas não são encontradas estas partículas, e também nota-
se a escassez de gases pesados como o Oxigênio. Porém, é poluido por poeira cósmica.

Estima-se que 14 milhões de toneladas de poeira cósmica caem por ano sobre a terra.

Nas camadas superiores da atmosfera, devido à falta de turbulência, só encontramos


poeira cósmica de passagem.

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O Oxigênio contido na atmosfera é necessário para suportar os processos de
metabolismo (combustão lenta) pelos quais nosso organismo converte os carbohidratos,
as proteínas e as gorduras dos nosso alimento em calor e energia. Em média uma
pessoa consome aproximadamente 740 l de Oxigênio ( 1 kg de O2) por dia.

O peso de oxigênio consumido é praticamente igual ao peso dos alimentos necessários


durante o mesmo período.

As mais importantes constantes físicas do ar:

Peso molecular: 28,97 kg/kmol


Cp (calor espec. com pressão constante) 0,242 kcal/(kg.ºC)
Cv (calor específico com volume constante) 0,173 kcal/(kg.ºC)
Densidade à 15ºC e 1 bar (100 kPa) 1,21 kg/m3
Ponto de ebulição à 1 bar 78,8 ºK
Ponto de congelamento à 1 bar 57 à 61 ºK
Constante do gás 286,9 J/(kg.ºK)
Pressão crítica (absoluta) 37,7 bar
Temperatura crítica 132,5 ºK

LEIS BÁSICAS DA TERMODINÂMICA:

1º Princípio da termodinâmica: A energia não pode ser criada ou destruída durante


um processo, embora possa mudar de uma forma de energia para outra forma de
energia.

2º Princípio da termodinâmica: Assim como a água, que sem qualquer trabalho


externo, só pode fluir de um local mais alto para outro mais baixo, também o calor, sem
qualquer trabalho externo, só pode fluir de um corpo de maior temperatura para
outro corpo de menor temperatura. Ou ainda, qualquer tipo de energia , sem qualquer
trabalho externo, só pode fluir de um potencial mais alto para outro mais baixo.

Temperatura - O que é: A variável temperatura é definida como a medida da energia


cinética média dos átomos ou moléculas de uma substância, dada em graus Centígrados,
Kelvin ou Fahrenheit. Á medida que um corpo absorve energia, sua temperatura
aumenta.

Calor - O que é: Sempre que existir um gradiente de temperaturas no interior de um


sistema, haverá transferência desta energia, no sentido das temperaturas mais altas para
as mais baixas. A energia em trânsito é chamada calor e o processo de transporte é
denominado transmissão de calor.

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Pressão de um gás - O que é: As moléculas de um gás submetido à uma temperatura
qualquer, estão animadas de uma energia cinética cuja média é a temperatura à que
estão submetidas. Portanto estas moléculas se movem e quando encerradas em um
recipiente, colidem com as paredes deste recipiente. Ao efeito integrado destas
colisões, chamamos pressão do gás.

Três fatores descrevem a condição de qualquer gás:


Pressão absoluta : P
Densidade: 
Temperatura absoluta: T

Leis especiais dos gases:

O comportamento dos gases perfeitos ou suas misturas seguem um conjunto de leis:

 Lei de Boyle: V2/V1 = P1/P2

 Lei de Charles: V2/V1 = T2/T1

 Lei de Amonton: P2/P1 = T2/T1

 Lei de Dalton: P =  n i=1 Pi

 lei de Amagat: V = ni=1 Vi (P)

 Lei de Poison: P1.V1Cp/Cv = P2.V2 Cp/Cv

onde:
Cp = calor específico com pressão constante (kcal/(kg.ºC))
Cv = calor específico com volume constante (kcal/(kg.ºC)) e:
mCp = mCv + 1,99;
m = massa de um mol do gás (peso molecular).
Cp/Cv = k

 Lei geral dos gases: P.V/T = Constante;

E por Poison: P.Vk/T = Constante

 Lei de Avogadro: Estabelece que volumes iguais de gases diferentes, sob


as mesmas condições de temperatura e pressão, contém o mesmo número
de moléculas.

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O fato de que o volume de um mol a uma determinada pressão e temperatura é o mesmo
para qualquer gás, é muito significativa quando equacionado dentro da lei geral dos
gases. Se Vm é o volume de um mol de gás, na temperatura e pressão de referência,
então para 1 mol de qualquer gás:

(P/T) . Vm = R ; R = 8314 J/(kmol . ºC)

Este valor especial de R, independe do gás e R é chamada de constante universal dos


gases.:

P . Vm = R . T

Para cálculos de engenharia é conveniente converter as unidades de massa de mol para


unidades normais de massa, no sistema utilizado. Conforme estabelecido na descrição
do mol, o número convencional de unidades de massa, num mol, é numericamente igual
à massa molecular do gás, sem considerar o sistema de unidades. Então:

P . V = m . R . T; R=R/M

Onde: P = pressão absoluta em Pa


V = volume em m3
m = massa do gás em kg
R = constante universal dos gases em J/(kmol . ºK)
R = constante do gás em J/(kg . ºK)
T = temperatura absoluta em ºK
M = massa molecular em kg/kmol

Exemplo: para o ar, com M = 28,97 kg/kmol, a constante do gás é:

R = 8314 / 28,97 = 287 J/(kg . ºK)

Esclarecendo a lei de Avogadro:

Sabemos que P.Vk/T =cte.

Fazendo P e T constantes para todas as experiências, teremos:

(P/T)(cte) . Vk = cte = R  Vk = R (cte) .(T/P) (cte)  V = constante para qualquer gás.


(Quando V é “pesado”, sua massa é proporcional à sua própria massa molecular).

Mol = Volume que contém, no sistema de unidades usado, a massa com o mesmo
número que a massa molecular do gás em questão.

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Por exemplo:
Massa Elemento Condições de temp. e pressão
32,00 kg O2 15 ºC (288 ºK) e 100 kPa (1 bar)]
02,00 kg H2 15 ºC (288 ºK) e 100 kPa (1 bar)]
28,00 kg N2 15 ºC (288 ºK) e 100 kPa (1 bar)]
28,96 kg de ar 15 ºC (288 ºK) e 100 kPa (1 bar)]
Têem sempre o mesmo volume.

Então:
R = J/([M kg].ºK)  R = R/M = J/([1kg].ºK)  (P.V) (cte) = R.T 

(PV) = m.R/M.T  P.V = m . R.T = J/([m.kg].ºK)

P = kPa V = m3
m = massa em kg R = J / ([m . kg] . ºK) específico para o gás
T = ºK M = Massa molecular do gás kg / kmol
R = Constante universal dos gases = 8314 J /(kmol . ºK)

Umidade: O ar atmosférico sempre contém alguma umidade.

A pressão total do ar úmido é a soma das pressões parciais do vapor de água e do ar


seco. (Dalton).

O ar está saturado quando a pressão parcial do vapor d’água for igual a pressão de
saturação do vapor d’água à temperatura existente.

A pressão de saturação depende somente da temperatura.

O vapor d’água é superaquecido quando a pressão parcial é maior que a pressão de


saturação.

Quando o ar é resfriado a pressão constante, então a pressão parcial será igual à pressão
de saturação no “ponto de orvalho”.
Qualquer resfriamento adicional provocará condensação da umidade, e uma parte da
água será separada.

Esclarecendo umidade e condensação:

Sejam: P(sat = Pressão do vapor d’água na temperatura de referência (kPa)


t(sat) = Temperatura de saturação (ºC)
P = Pressão total do ar (kPa)
Pa = Pressão parcial do ar seco (kPa)
Pv = Pressão parcial do vapor (kPa)

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Por Dalton e Amagat: P = Pa + Pv. Mas:

Temperatura de saturação do vapor em função da pressão pode ser calculada por:

t(sat) = 31,599 . P0,252(sat) Onde: t = ºC; e P = kPa

Pressão de saturação do vapor em função da temperatura pode ser calculada por:

Pv = (t(sat) / 31,599)(1 / 0,252) Onde: t = ºC; e P = kPa

Por exemplo:
Ar à 30 ºC com UR = 75%  75 = Pv x 100 / P(sat)
Pv = (30/31,599) (1/0,252) = 0,814 kPa
75x 0,814/100 = P(sat)  P(sat) = 0,611 kPa abs.
t(sat) = 31,599x 0,6110,252 = 27,9 ºC.

Ou seja: Ponto de orvalho = 27,9 ºC

Macete:
t(sat) = UR0,252 . t P(sat) = Pv/UR . 100
Pv = (t/31,599)(1/0,252) P(sat) = (t(sat)/31.599) (1/0,252)
Obs:
 A água tem a propriedade de se evaporar à qualquer temperatura, e isto se faz
diretamente proporcional à temperatura e inversamente proporcional à pressão.

A condensação se faz diretamente proporcional à pressão e inversamente


proporcional à temperatura.

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Referências

* A handbook of descriptive Astronomy. . .


George Chambes

* E.R.T.S.1 A new window on our planet.


U.S. government printing office

* Standard Atmophere
N.A.S.A. standards for stens jet ejectores.

* Manual do ar comprimido.
Atlas copco.

* The infra red universe


Clarence Anet

* Aerospace application for real time thermography


Aga infra red systens

* Compressors air and gas date.


Ingersoll Rand

* CSE consultoria e serviços de Engenharia ltda.:


Manual de Engenharia de Combustão.

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Parte 2: Princípio básico da combustão.
Combustão:

O que é combustão?
Combustão ou queima, é a combinação rápida do
oxigênio com um combustível, resultando em
liberação de calor.

O oxigênio, vem do ar atmosférico que tem cerca de 21 % de oxigênio e 78 % de


nitrogênio, em bases volumétricas.

A maior parte dos combustíveis contém carbono, hidrogênio e algumas vezes enxofre.

Para simplificar, podemos dizer que combustão consiste nos três seguintes processos:

 Carbono + Oxigênio ===> Dióxido de carbono + Calor


 Hidrogênio + Oxigênio ===> Vapor d'água + Calor
 Enxofre + Oxigênio ===> Dióxido de enxofre + Calor

Os três produtos da combustão são compostos químicos e são feitos de moléculas, nas
quais os elementos são combinados em proporções fixas. Por exemplo, a molécula de
dióxido de carbono contém um átomo de carbono e dois de oxigênio; A molécula de vapor
d’água contém dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio.

Como a matéria não pode ser criada ou destruída numa reação química, o calor liberado no
processo de combustão é o resultado de que: Na natureza, o equilíbrio está sempre no nível
de menor energia, portanto este calor é o excesso de energia liberado pelas moléculas para
se adaptarem à nova forma.

É isto que as equações abaixo ilustram:

C + O2 ===> CO2 + Calor

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2H2 + O2 ===> 2H2O + Calor

Combustão perfeita:

A combustão perfeita, é obtida pela mistura e queima de partes exatamente proporcionais


de combustível e oxigênio, de tal forma que nada sobra ou falta na reação. Esta situação é
a mesma que existe em uma linha de montagem de automóveis, onde cada chassis precisa
de quatro rodas para ser montado corretamente. Ou seja, a proporção correta para a
montagem é 4 para 1. Se a correia que alimenta a montagem das rodas está em alta
velocidade, alguns chassis vão ficar incompletos, e se ela se move lentamente, vão sobrar
rodas.

Se muito oxigênio é fornecido (excesso de ar) nós dizemos que a mistura é pobre e que o
fogo é oxidante. O resultado é uma chama que tende a ser curta clara e limpa. O excesso
de oxigênio não toma parte do processo, por exemplo, se quatro átomos de oxigênio (ao
invés de 2) são misturados com um átomo de carbono, dois átomos de oxigênio vão
sobrar. (assim como ter seis rodas para um chassis).

C + 2O2 ===> CO2 + O2

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Se muito combustível (ou oxigênio insuficiente) for fornecido, dizemos que a mistura é
rica e que o fogo é redutor.

O resultado é uma chama que tende a ser mais longa e muitas vezes fumarenta.

Dizemos que a combustão é incompleta, quando todas as partículas de combustível


combinam com algum oxigênio, mas não o suficiente para a queima completa. (assim
como um chassis com três rodas).

Por exemplo, se misturarmos dois átomos de carbono (em vez de um) com dois átomos de
oxigênio, os átomos de carbono podem dividir entre si os átomos de oxigênio, mas
nenhum deles terá o suficiente para se transformar em dióxido de carbono. Então, eles se
tornam em monóxido de carbono (CO). Um composto que mais tarde pode também se
queimar, tornando-se dióxido de carbono, se mais oxigênio for fornecido à mistura.

2C + O2 ===> 2CO + calor;

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mais tarde,

2CO + O2 ===> 2CO2 + calor.

O fornecimento de oxigênio para a combustão, normalmente vem do ar. Como o ar contém


uma grande proporção de nitrogênio, o volume requerido de ar é muito maior que o
volume requerido de oxigênio puro.
Composição do ar seco:

Componente % por volume % por massa


 Nitrogênio 78,09 75.51
 Oxigênio 20,95 23.15
 Argônio 0,93 1.28
 Dióxido de Carbono 0,027272 0,046
 Outros 0,002728 0,014

O nitrogênio do ar, não toma parte


da reação de combustão, ele apenas
“passa junto”, mas absorve parte do
calor, portanto a energia do calor é
distribuída entre uma grande
quantidade de nitrogênio e produtos
da combustão. O que quer dizer que
resulta em uma temperatura de
chama muito mais baixa, quando se
usa ar ao invés de oxigênio puro. O
mesmo fenômeno ocorre quando
temos excesso de ar na combustão.
ele interfere na temperatura da
chama e na eficiência da
combustão.

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 Ar primário é aquele que é misturado no combustível ou no queimador.
 Ar secundário é aquele usualmente soprado em torno do queimador.
 Ar terciário é todo ar admitido na câmara, após o ar secundário, intencional ou não.

Tempos de reação e intensidade de combustão


Situação Tempo de reação (s) Int. comb.
Combustivel
da combustão CNP kJ/h m³ atm
Todos Fornos de secagem 4,19E+04
Carvão Doméstico 4,19E+05 4,19E+06
Carvão Pulverizado 1 4,19E+06 4,19E+07
Carvão No limite explosivo 0,1
Carvão Leito fluidizado 4,19E+08
Sólido Foguetes 4,19E+08 4,19E+09
Óleo pesado Carbonizando 0,1
Óleo pesado Atomizado (ar ou vapor) 4,19E+06 4,19E+07
Óleo médio Atomizado (pressão de ar) 4,19E+07 4,19E+08
óleo leve Doméstico 0,01 4,19E+05 4,19E+06
óleo leve Em gotas 0,001
óleo leve Gotículas
óleo leve Fornos industriais 4,19E+08
óleo leve Turbina à gás 4,19E+08 4,19E+09
óleo leve Jato hidraulico 4,19E+08 4,19E+09
Líquido Foguetes 4,19E+10
Gás Difusão turbulenta 4,19E+06 4,19E+08
Gás Chamas industriais 0,001 4,19E+08 4,19E+09
Gás Queimador "counter
vortex"
Gás Detonação 0,00001 4,19E+10

Combustão dos combustíveis práticos.

Carbono, hidrogênio e enxofre são freqüentemente queimados em suas formas puras, mas
a maior parte dos combustíveis são misturas de compostos químicos chamados
hidrocarbonetos (combinações de hidrogênio e carbono) . Quando queimados, o produto
final é dióxido de carbono e vapor d’água, se não faltar oxigênio. Se faltar, o produto pode
conter também monóxido de carbono, hidrogênio, hidrocarbonetos não queimado e
carbono livre.

Até aqui, temos falado apenas do produto final da combustão. Contudo, este produto final
que é normalmente limitado aos mesmos e poucos componentes para todos os
combustíveis chamados hidrocarbonetos, não necessariamente é produzido pelo mesmo
processo de combustão. Com os diversos tipos de chamas, muitos, variados e

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desconhecidos processos e produtos intermediários ocorrem, mesmo sendo os mesmos os
produtos finais.

O carbono e o hidrogênio formam e reformam uma sucessão de aldeídos instáveis e outros


componentes que finalmente acabam por formar CO2 e H2O.

Os tipos de compostos intermediários formados e sua velocidade de formação,


dependem de diversos fatores, como temperatura, pressão, quantidade de oxigênio
presente e grau de miscigenação.

A boa combustão requer:


 Proporção adequada de ar-combustível.
 Uma completa e íntima mistura do combustível com o ar.
 Uma ignição inicial e sustentável da mistura.

Estes itens, juntamente com o posicionamento da chama, são as funções de um sistema de


combustão.

Proporção. As bases para a proporção requerida, já foram anteriormente discutidas, mas


será abordada posteriormente quando se fizer necessário.

Mistura. É importante para uma boa mistura de ar


e combustível que ela seja uniforme e que toda
partícula de combustível esteja em contato com
uma partícula de ar.
A maior parte dos combustíveis, portanto, são
transformados em gás antes de sua combustão.
Uma injeção fortemente turbulenta do
combustível, cuida de sua transformação em gás e
que este gás seja devidamente misturado com o ar.

Combustíveis líquidos são normalmente


evaporados, e o vapor resultante, então queimado
como gás. A atomização do líquido apressa a
evaporação, produzindo milhões de pequeninas

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gotículas do líquido, conseguindo uma imensa superfície para evaporação. O calor
proveniente das chamas próximas, irá muitas vezes causar a decomposição do combustível
ou a quebra de suas moléculas, antes que ele possa evaporar. Este cracking, normalmente
produz um hidrocarboneto mais leve (que queima como gás) e outro hidrocarboneto mais
pesado (que pode queimar como carbono sólido, produzindo uma chama amarela muito
luminosa ).

Quando o carbono sólido é queimado, o processo é bastante complicado pelo fato de que
cada átomo de oxigênio precisa entrar em contato com a superfície do carbono, formar
CO, então mover-se de tal maneira a encontrar mais oxigênio. Portanto a combustão de
sólidos consiste no fenômeno de transporte de massas (do oxigênio até a superfície e do
CO para fora da superfície), mais mistura, mais combinação química.

Se vamos queimar combustível sólido em grandes quantidades, conforme é comum


fazermos com combustíveis líquidos ou gasosos, o sólido deve ser pulverizado para
aumentar a área da superfície de contato para o transporte de massa. (O que pode ser
comparado com uma estação de ônibus, com apenas uma plataforma de embarque. não
importa quantos ônibus estão esperando a vez ou quantas pessoas estão na plataforma, a
quantidade de pessoas despachadas depende apenas da velocidade com que um ônibus
pode aportar apanhar pessoas na plataforma e sair, liberando a plataforma para outro
ônibus. Pulverizar um sólido ou atomizar um líquido, corresponde a acrescentar outras
plataformas de embarque).

Ignição. A combinação química entre combustível e ar, ocorre à


temperatura ambiente, mas muito lentamente. Se um monte de
carvão é colocado em um ambiente confinado, a pequena
quantidade de calor liberada pela sua lenta oxidação irá
aumentando gradativamente a temperatura do monte. Com o
aumento gradual da temperatura, a razão de oxidação também
aumenta, o que por sua vez reforça o aumento da temperatura.
Este mecanismo continua até que se inicia um incêndio no carvão.
Este fenômeno é conhecido como combustão espontânea.
Quando desejamos incendiar uma mistura ar-combustível, não
podemos esperar pela combustão espontânea, não seria nada
prático. Portanto, faz-se necessário a aplicação de uma quantidade
razoável de calor em uma área bem localizada. Sabemos que um fósforo não põe fogo em
uma axa de lenha, mas é capaz de acender uma palha. Isto, porque uma axa de lenha tem
grande massa e condutibilidade térmica suficiente para conduzir muito mais energia do

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que a chama de um fósforo é capaz de transmitir, portanto, nenhuma parte da axa terá
calor suficiente para entrar em combustão. Entretanto, a palha tem a maior parte de sua
superfície exposta à chama do fósforo e também pequena massa para absorver o calor;
portanto, um ponto quente tão localizado pode se desenvolver em chamas.

A ignição normalmente se caracteriza por apressar a


reação de oxidação, adicionando uma fonte externa de
calor até que a reação, por si, libere mais calor do que a
perda para o ambiente e mantenha uma ignição contínua,
sem fontes externas de calor. A menor temperatura em
que isto acontece, chamamos de mínima temperatura de
ignição da mistura ar-combustível em questão.

Estabilidade de chama. O que pode diferenciar uma combustão útil, de outra totalmente
inútil, é a função: configuração do queimador. Um queimador posiciona a área
destinada à combustão, de tal forma que:

a) Haja temperatura de ignição.

b) A mistura ar-combustível esteja dentro dos limites de inflamabilidade.

c) A velocidade de alimentação da mistura seja igual à velocidade da chama.

Os queimadores industriais práticos, têm que oferecer estabilidade de chama em um largo


range de quantidade de queima e também da razão combustível/ar.

Calor disponível nos combustíveis. A quantidade de calor é medida em medida em


Joules, quilo-calorias, BTU ou outra unidade de trabalho/energia.

Medições experimentais tem determinado o calor liberado na combustão perfeita de


diversos combustíveis. Se um certo combustível é misturado com uma quantidade
adequada de ar e colocado em uma câmara fechada, onde o calor liberado pela combustão
pode ser coletado e medido, a quantidade total de calor coletado dependerá da temperatura
final do produto de combustão.

Por exemplo, 1 kg de óleo leve libera cerca de 42,989Mj se o produto for coletado a 15,6
ºC, mas libera apenas 37,919 Mj se coletado a 260 ºC.

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Quando uma mistura perfeita de combustível e ar, originalmente à uma temperatura de
15,6 ºC é queimada e seu produto de combustão resfriado à 15,6 ºC, O calor total liberado
é chamado poder calorífico superior ou calor bruto do combustível. O termo poder
calorífico inferior (PCI) ou calor líquido do combustível também é muito usado, e
significa o valor do poder calorífico superior (PCS) menos o calor liberado pela
condensação do vapor d’água do produto de combustão. Nas aplicações práticas da
combustão, freqüentemente se usa o PCS.

Temperatura da chama.

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A liberação de calor, pela reação química entre ar e combustível,

a) Aquece os produtos de combustão que saem e a mistura ar-combustível que entram


no processo.

b) Irradiam calor à sua volta.

c) Arrasta o calor, aquecendo por contato direto as partes à sua volta

Normalmente a temperatura da chama é maior quando as perdas para as vizinhanças é


menor.

A adição de excesso de ar ou excesso de combustível apenas gera mais matéria para


absorver o calor da combustão, o que mantém a temperatura da chama muito mais
baixa que a teórica, com a combustão perfeita.

Sob certas condições, particularmente altas temperaturas, ocorre um fenômeno


conhecido como dissociação, que simplesmente reverte a combustão, ou seja, quebra as
moléculas dos produtos de combustão e os transforma novamente em combustíveis e
oxigênio. Este processo absorve o calor que foi originalmente liberado pela combustão.
por exemplo:

Calor + 2CO2 ===> 2CO + O2

Calor + 2H2O ===> 2H2 + O2

Quanto maior a temperatura, maior será a tendência de dissociação. Portanto, quanto


mais quente a chama maior é a quantidade de calor reabsorvida por este processo de
reversão e o aquecimento da chama tende a encontrar um ponto de equilíbrio, no range
de temperatura de 1870 a 2090 ºC para a maioria dos combustíveis.

Esta temperatura de equilíbrio é a que tem sido testada e tabelada para os


combustíveis mais comuns e divulgada como temperaturas calculada das chamas.

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Uma fórmula simplificada para a temperatura da chama adiabática é:

PCI do combustíve l  efeito de dissociaçã o


( massa dos produtos de combustão ) x (calor específico dos produtos de combustão )

Que com uma grande quantidade de excesso de ar, é freqüentemente chamada de


temperatura da mistura quente.

A temperatura real da chama é a temperatura teórica da chama, menos a queda de


temperatura causada pela transferência de calor para o fluxo material e as vizinhanças,
antes que a liberação de calor se complete.

A temperatura de um forno só pode se igualar à temperatura teórica da chama se não


houver transferência de calor da chama para a vizinhança. Isto é, se as paredes do
forno for um isolamento perfeito (O que não existe) e se não houver carga no forno
(forno sem serventia).

Na maior parte dos casos, utiliza-se refratários e materiais especiais e também um


projeto especial para o forno (para evitar sobre aquecimento localizado da carga), afim
de se aproveitar ao máximo as temperaturas práticas da chama.

A temperatura teórica da chama não é uma função do projeto do queimador, salvo


quando a mistura ar-combustível é tão ruim que resulta em uma péssima e incompleta
combustão,.

Todavia, a real temperatura da chama é intencionalmente abaixada pelo aumento da


transferência de calor da chama, em queimadores projetados para excesso de ar,
chamas luminosas ou misturas retardadas.

Uma pequena quantidade de excesso de ar ou excesso de combustível, pode reduzir


bastante a temperatura da chama.

Velocidade da chama. A chama é apenas um envelope ou a zona onde uma reação de


combustão está acontecendo numa quantidade tal que produz radiação visível. A frente
da chama é o contorno tridimensional em torno do qual a combustão começa, a linha
divisória entre a mistura ar-combustível e os produtos de combustão.

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Num queimador de chamas estáveis, a frente da chama parece estar parada. Isto, porque
a chama está se movendo para o queimador com a mesma velocidade com que a
mistura ar-combustível sai do queimador. (O que pode ser comparado com um peixe
nadando contra a corrente a 5 km/h, em uma corrente com fluxo de 5 km/h).

Se a mistura que alimenta o queimador é muito rápida, a chama oscila sendo “soprada
para fora” (blow-off) [como um peixe nadando a 5 km/h em um fluxo de 6 km/h].
porém, a maior parte dos queimadores, aceita por projeto de seu bocal, um considerável
range de fluxo de alimentação.

Se a alimentação da mistura ar-combustível para o queimador for muito lenta, a chama


pode ser “engolida”, (como um peixe a 5 km/h em uma corrente de 3 km/h). ela será
engolida até o ponto de mistura, ou até que seja apagada pelas paredes frias do
queimador.

A velocidade da chama depende de vários fatores, tais como: pressão, temperatura,


combustível, relação primária ar/combustível, turbulência e efeito de refrigeração da
vizinhança, portanto, salvo em alguns casos especiais, não pode ser predita. O pré-
aquecimento da mistura ar-gás resulta em considerável aumento da velocidade da
chama.

Limites de inflamabilidade. Nem toda mistura de combustível com o ar ou oxigênio


irá queimar continuamente em uma combustão auto-sustentável. Existem os limites
“pobre” (limite inferior) da mistura e “rico” (limite superior) da mistura, além dos quais
a combustão prática é impossível. Um exemplo comum, é afogar o motor de um
automóvel. (um excesso de combustível produz uma mistura muito rica, para ser
queimada. (Acima do limite superior de inflamabilidade).
Mesmo dentro dos limites de inflamabilidade, existem alguns limites práticos para o
uso da mistura ar-combustível. Um deles é o CO, gás venenoso, gerado por fogo muito
rico. outro limite é a temperatura ou atmosfera exigida pêlos processos.

20
Os limites de inflamabilidade também são conhecidos por limites explosivos (LEL e
UEL), são expressos como volumes percentuais de combustível numa mistura ar-
combustível.

COMBURENTE
GÁS
Ar Oxigênio
Limites LEL (%) UEL (%) LEL (%) UEL (%)
Metano 5,0 15,0 5,0 60,0
Etano 3,0 12,4 3,0 66,0
Eteno (etileno) 2,7 36,0 2,9 80,0
Propano 2,8 9,5 2,3 45,0
Propeno (propileno) 2,0 11,1 2,1 52,8
Butano 1,8 8,4 1,8 40,0
Monóxido de carbono 12,0 75,0 - -
Hidrogênio 4,0 75,0 4,0 94,0
Acetileno 2,2 80 / 85(*) 2,8 93,0
Gás e comburente a 20ºC e 1 atm

Intensidade de combustão. Inter-relacionados com temperatura de chama e


velocidade de chama, o tempo de reação e intensidade de combustão, são
aproximadamente o inverso um do outro.

Tanto a intensidade de combustão, como a velocidade da chama, aumenta com a


pressão absoluta.

21
Referências

 Andrews, G.E. and Bradley, D: determination of burning velocity by double ignition in


a closed vassel, combustion flame

 Essenhigh, R.H: An introduction to Stirred Reactor Theory Applied to design of


combustion chamber.

 Lupton, H.P.: Industrial gas engineering

 Ministry of Fuel and Power: The Efficient Use of Fuel

 Scholte, T.G. and Vaags, P.B.: The burning of hidrogen – Air mixtures and mixtures of
some hidrocarbons with air, combustion and flame.

 Spiers, H.M.: Thecnical data on fuel, Britihs National comitee.

 Turin, JJ and Huebler, J.H.: Gas-Air-Oxygen combustion studies.

 Underwood, A.J.V.: Calculation of flame temperature.

 Vanderveer, F.E. and segeler, C.G.: Gas Engineers handbook.

 Factory Mutual Engineering Coorporation: handbook of industrial loss prevention.

 Natural Gas Processor Assn.: Publication 2145.

 Booker: Document F21/ca/50, international flame research foundation.

 Glassman, L.: Combustion

 Coward and Jones: Limits of flamability of gases and vapors.

 North American Mfg. Co.: North American Combustion Handbook

 CSE consultoria e serviços de Engenharia ltda.: Manual de Engenharia de Combustão.

22
Parte 3. Combustíveis do processo industrial.

Constituintes químicos dos combustíveis.

As propriedades físicas dos combustíveis gasosos, líquidos e sólidos, naturais ou


artificiais, serão discutidas nesta parte.

Os elementos químicos de maior importância para a engenharia de combustão, são


o carbono, hidrogênio e enxofre.

O nitrogênio, o dióxido de carbono, água e cinzas, aparecem em pequenas


quantidades e não contribuem para a combustão, mas trazem problemas de
manuseio e principalmente poluição.

Carbono. É o maior componente da maioria dos combustíveis. O termo carbono


disponível é usado para descrever carbono que não está quimicamente combinado com o
oxigênio.

Salvo indicação contraria, o termo carbono, usado neste estudo, significa carbono
disponível.

A combustão completa de 1
kg de carvão libera um
calor bruto de 33,73 Mj.

1kg C + 2.2/3 kg O2 ===> 3. 2/3 kg CO2 + 33,73 Mj

A combustão incompleta (produzindo monóxido de


carbono ao invés de dióxido de carbono) liberará
10,12 Mj por kg de carbono.

1kg C + 1.1/3 kg O2 ===> 2. 1/3 kg CO + 10,12 Mj

Uma adição posterior de oxigênio, com resignação, liberara


33,73 menos 10,12 Mj ou 23,61 Mj (por kg do carvão
inicial).

2.1/3 kg CO + 1.1/3 kg O2 ===> 3. 2/3 kg CO2 + 23,61 Mj

Carvão, na forma de combustível sólido, é difícil de


acender, e conforme já explicado, queima muito
lentamente, salvo se for pulverizado.

23
Nos combustíveis líquidos e gasosos, o carbono aparece como hidrocarbonetos compostos
ou monóxido de carbono.

Se não for devidamente queimado, os


hidrocarbonetos compostos podem “crackear”
produzindo fuligem. Apesar destas desvantagens,
o carvão é uma das principais fontes de calor;
Portanto a engenharia de combustão tenta sanar
estas dificuldades.

No caso de combustíveis sólidos, uma rápida e


eficiente combustão é conseguida principalmente
pela queima em leito fluidizado ou na forma de
suspensão pulverizada.

O problema da fuligem, com os combustíveis líquidos ou gasosos é minimizado pelo


projeto dos queimadores e câmaras de combustão que mantenham ar e turbulência
adequados, e que evitam excessivo aquecimento do combustível, antes de seu contato com
o ar.

Hidrogênio. Tem um poder calorífico muito alto quando comparado com o do carbono.

Contudo, por ser o hidrogênio o mais leve dos


gases, o poder calorífico de um litro (0,001 m3)
de hidrogênio (nas mesmas condições de
temperatura e pressão) é pequeno, quando
comparado com outros combustíveis gasosos.
(Princípio de Avogadro)

O hidrogênio tem uma velocidade de chama maior que a maioria dos combustíveis
gasosos o que parcialmente faz com que tenha pequena quantidade de calor (em base de
volume de chama).

O termo hidrogênio disponível se refere ao hidrogênio que não está combinado com o
oxigênio. Salvo indicação contraria, o termo hidrogênio neste estudo, se refere ao
hidrogênio disponível.

Enxofre. Deve ser visto sob restrições, devido ao


seus efeitos corrosivos e poluentes. Nos fornos
metalúrgicos e de cerâmicas, pode afetar seriamente
a qualidade dos produtos. Nas caldeiras, o dióxido
de enxofre, o excesso de ar e o vapor d’água no
produto de combustão, podem se unir para formar
ácidos altamente corrosivos para o equipamento.

24
A presença de gases compostos de enxofre podem abaixar o ponto de orvalho (dew point)
do vapor d’água nos gases de combustão, agravando os problemas de corrosão.

Comparação generalizada dos combustíveis. A maior parte dos combustíveis consistem


de carbono e hidrogênio combinados em várias proporções.

A razão C/H é baseada nos C e H disponíveis, exceto para os combustíveis sólidos.

As análises nem sempre completam a soma de 100 %, porque alguns combustíveis contém
CO2.

Uma regra prática e generalizada entre os engenheiros de combustão, é que um metro


cúbico de ar libera o calor de 3,725 Mj. Os 3,725 Mj aqui mencionados, referem-se à
calor bruto (calor total).

Portanto um metro cúbico de gás com o calor total de 37,25 Mj, requer 10 m3 de ar para
queimar completamente, e um litro de óleo com o calor total de 40 Mj, requer 10,738 m3
de ar para sua queima completa.

Esta regra é bastante aproximada, e na prática, muito mais usada para determinar o ar
necessário para os combustíveis comerciais ou medir seu poder calorífico que os cálculos
da análise química.

Para combustíveis gasosos, as seguintes fórmulas empíricas também são utilizadas:

a) Para combustíveis com HHV maior que 14,92 Mj/m³

Volume de ar necessário HHV ( Mj / m³)


  0,6
Volume de combustível gasoso 37,3

b) Para produtores de gás

Volume de ar necessário LHV ( Mj / m³)



Volume de combustível gasoso 4,81

c) Para fornos de jatos de ar (blast furnace)

Volume de ar necessário LHV ( Mj / m³)



Volume de combustível gasoso 5,27

25
Propriedade dos combustíveis sólidos

O projetista e usuário dos equipamentos de manuseio e queima de combustíveis sólidos,


tem que tomar muito cuidado com uma série de propriedades destes combustíveis. Entre
elas, o poder calorífico, o conteúdo de substâncias voláteis, os teores de cinzas e umidade,
a temperatura de fusão das cinzas, as suas características abrasivas e aglomerantes. Para
maiores detalhes, devem ser consultados dados especiais dos combustíveis sólidos.

As advertências acima, são duplamente importantes quando se usa refugos de produção e


lixo como combustível. Nestes caso, o melhor é construir um protótipo piloto para testar as
características de queima, com uma verdadeira amostra do que vai se queimar.

As emissões e efluentes resultantes devem ser analisadas por pessoal competente e


avaliadas os seus resultados. É preciso ter em mente que as propriedades e analisadas dos
rejeitos, variam de uma fonte para a outra, e numa mesma fonte, pode variar com o tempo.

Propriedades dos combustíveis líquidos

Análise química. A maior parte dos combustíveis líquidos são derivados de petróleo,
consistindo de misturas de compostos hidrocarbonetos.

A análise química dos compostos que formam estas misturas é muito difícil, portanto é
prática comum que se faça uma “análise química típica” ou diversas medições físicas, em
seu lugar.

Uma análise típica, lista a porcentagem (por peso) dos diversos elementos químicos no
combustível. Do ponto de vista teórico, o conhecimento das percentagens de carbono e
hidrogênio é útil para a determinação do ar necessário e análise do gás de exaustão.

O tipo ou a classificação de um óleo não pode ser determinada apenas por uma análise
típica.

26
A maior parte dos óleos contém de 83 à 88% de carbono e 6 à 12% de hidrogênio, por
peso.

Devido a todo óleo combustível ser quimicamente similar, e devido as propriedades físicas
afetarem grandemente as operações dos equipamentos de queima de combustíveis, as
propriedades físicas do óleo são muito mais freqüentemente medidas e especificadas pelos
seus produtores.

As propriedades físicas de maior significado para um engenheiro de combustão, são


discutidas a seguir.

Densidade. Esta propriedade dos combustíveis líquidos


é também chamada de peso específico.

É definido por um número em diversas escalas de


unidades, as mais comuns são graus API (American
Petroleum Institute) e peso relativo à água, quando
ambos à 15,6 ºC.

A escala API, substitui a escala Baumé, originalmente


introduzida porque era uma escala linear num
hidrômetro, um instrumento usado para medir densidade
à 15,6ºC.

O peso específico da água é 1000 kg/m³, a densidade da água é 1,00 e o grau API da água
é 10,00º. A relação entre estas várias unidades é dada a seguir.

141,5
a) sp gr 60 / 60 F  onde ºAPI medido à 60 F
º API  131,5

140
b) sp gr 60 / 60 F  onde ºBe medido à 60 F
º Be  130

lb / ft ³
c) sp gr 60 / 60 F  onde lb/ft³ medido à 60 F
62,3

lb / gal
d) sp gr 60 / 60 F  onde lb/gal medido à 60 F
8,34

A densidade dos combustíveis líquidos variam com a temperatura devido a dilatação


térmica. Portanto, em qualquer escala, a temperatura em que ela foi medida, tem que ser
explicitada. Se a temperatura não for dada, presume-se que é 15,6 ºC. Obs.: Os graus API
sobem se a temperatura sobe, e descem se a temperatura desce.

27
Viscosidade. A viscosidade de um fluido é a medida de sua
resistência interna para fluir. Viscosidade é o oposto de
fluidez. Um óleo altamente viscoso aproxima-se do estado
sólido e não irá fluir facilmente, todavia um óleo de baixa
viscosidade flui rapidamente. Quanto mais viscoso um óleo,
maior o custo de seu bombeamento e maior a dificuldade de
atomiza-lo.

Viscosidade é medida pelo tempo de fluxo, forçado pelo


campo gravitacional através de uma restrição capilar, sob
temperatura controlada. Desde que a razão de fluxo depende
tanto densidade quanto da viscosidade de um óleo, esta medição é chamada viscosidade
cinética. A viscosidade absoluta, é obtida multiplicando a viscosidade cinética pela
densidade do fluido. Uma grande variedade de unidades de viscosidade são usadas,
portanto, adiante veremos fatores de conversão entre elas.

Quando a temperatura aumenta, a viscosidade de um óleo diminui e ele flui mais rápido.
Portanto óleos viscosos são freqüentemente aquecidos para um bombeamento mais barato
e também para uma atomização mais eficiente.

Testes de destilação. Estes testes avaliam o range de destilação de um combustível, como


o ponto inicial de vapor (boiling point) [temperatura], o ponto final e pontos
intermediários tais como 10% e 90%. (O ponto 10% é a temperatura na qual 10% do
volume inicial é destilado). Este teste é feito com técnicas e equipamentos padronizados,
para que se tenha resultados reproduzíveis e
comparáveis. Apenas óleos leves são objetos destes
testes, pois óleos pesados crackeiam antes de atingir seus
“boiling points”. Baixos pontos iniciais e 10%, indicam
possibilidade de vapor preso nos aquecedores. Altos
pontos de 90% e ponto final, indicam a possibilidade de
resíduos e formação de depósito nas gotas.

Flash point e ponto de ignição. Quando o óleo


combustível é aquecido, forma-se vapor sobre sua
superfície. Se este vapor se torna suficientemente
concentrado, a sua exposição à uma chama aberta
resultará num flash. A menor temperatura em que isto
ocorre, é chamada de “flash point”. O “ponto de
ignição”, é a temperatura em que a chama é auto sustentada pelo menos por cinco
segundos.

28
O flash point e ponto de ignição, indicam a
extensão do fracionamento. Eles são
interessantes do ponto de vista da
segurança e das características de
acendimento. Embora um pouco arbitrário,
eles servem para indicar o perigo relativo de
armazenamento de vários combustíveis.

Resíduo de carbono. Quando um óleo é evaporado,


pode ficar algum carbono livre, formado por cracking
durante o processo de evaporação. A quantidade de
carbono restante indica qual é a tendência do óleo de se carbonizar nas condições de
vaporização.

O resíduo de carbono pode ser medido pelo teste de Conradson, que é feito com chama
aberta, ou o de Ramsbottom, em “banho maria”. Os resultados não são os mesmos. Mas
existem fórmulas para converter um no outro. Estes testes são arbitrários; seus valores são
falsos para mostrar o potencial relativo de formação de fuligem dos óleos. A possibilidade
de formação de carvão não deve ser totalmente julgada por estes testes, pois a
carbonização também é influenciada pelo projeto e operação do queimador.

Cinzas. %, é determinada pela queima de todo material


combustível de uma amostra, de peso conhecido, de óleo. A
matéria mineral remanescente são as cinzas que normalmente
consiste de pequenas quantidades de lama e areis. As cinzas não
são normalmente um problema para os queimadores, mas
podem isolar as partes de transferência de calor ou fundidas,
atacarem o refratário.

Água e sedimentos (sedimentos do fundo e água, BSW). São


determinados pela centrifugação de 50 ml de óleo combustível,
misturados com 50 ml de benzol 90%, à 1400-1500 rpm e 48,9
ºC. A água e os sedimentos são precipitados e medidos.
Qualquer quantidade apreciável de água, causará chama
descontínua. Sedimentos tende a bloquear queimadores e
equipamentos de controle.

29
Teor de enxofre e emissão de SO2 na queima de óleo combustível.
Segundo os órgãos ambientais brasileiros, em média, um kg de óleo combustível contém
10.000 kcal, ou seja: 104 kcal = 1 kg de óleo combustível.
E portanto: 106 kcal = 100 kg de óleo combustível.

Se o teor de enxofre neste óleo é de X%, então, a massa de “S” neste mesmo óleo será:
Ms = 1.000 g * X / 100 = 10 * X g / (kg de óleo) = 1.000 * X g/(106 kcal) [ou 100 kg]

Sabendo-se que:
Massa atômica do S = 32;
Massa atômica do O = 16;
Implica que a massa atômica do SO2 = 64 = ( Ao dobro da massa de enxofre)

Portanto: A queima total do óleo combustível em questão, com X% de enxofre, provocará


a liberação da seguinte massa de SO2 : Mso2 = 2 * 1.000 * X (% de “S”) ou:

Mso2 = 2.000 * X g/(106 kcal)

Por exemplo: A queima completa de 100 kg de óleo combustível com 3,5% de enxofre,
liberará: Mso2 = 2.000 * 3,5 g/(106 kcal) = 7.000 g de SO2 = 7.000.000 mg de SO2

Ou ainda:
O teor de enxofre máximo admitido no óleo combustível, pode ser calculado pela
seguinte fórmula:
S%(max) = Mso2 (admitida) / 2.000
onde:
S%(max) = Máximo teor de enxofre do óleo (em percentual).
Mso2 (admitida) = Máxima emissão de SO2 admitida por lei, para 106 kcal (100 kg) de
óleo combustível (em gramas).

Por exemplo: Se a máxima emissão de SO2 admitida por lei, para 106 kcal (100 kg) de
óleo combustível for 2.750.000 mg, o máximo teor de enxofre será:

S%(max) = 2.750 g/ 2.000 = 1,375%

Ponto sólido (Pour point). Se uma amostra de óleo for resfriada gradualmente, a
temperatura atingirá um ponto onde o óleo não mais fluirá, o ponto sólido, que depende
principalmente da quantidade e tipo de graxa contida no óleo.

30
Padrões. Como o petróleo de cada origem é diferente em sua composição, e cada país,
aplicação e fornecedor tem seu ponto de vista econômico, existem diversos padrões para
óleos combustíveis. porém, todos eles baseados nas propriedades físicas acima
mencionadas.

Propriedades dos combustíveis gasosos

Os combustíveis gasosos podem ser volumetricamente analisados, em termos de


compostos químicos que contém. Outras propriedades importantes dos combustíveis
gasosos, são discutidas a seguir.

Densidade do gás. É a densidade do gás, relativa ao ar.


[Nas condições normais de temperatura e pressão (CNTP),
ar = 1,225 kg/m³];

Poder calorífico. Embora possa ser calculado por análise química do gás, prefere-se a sua
medição, nas condições de fluxo com pressão constante, através de um calorímetro.

O poder calorífico é expresso em Mj/m³, sob determinadas condições de umidade,


temperatura e pressão. Obs.: Estas condições não são bem padronizadas.

Propriedades dos gases:


Gás M.mol. g Sp.Gr. ar (m³/kg) Cp (kj/kg) Cv (Kj/m³) k=Cp/Cv
Ar 28,970 1 0,817 1,013 0,725 1.396
CO2 44,010 1,5280 0,535 0,933 0,744 1.255
CO 28,010 0,9670 0,845 1,047 0,750 1.397
H2 2,016 0,0696 11,738 14,203 10,071 1.410
N2 28,020 0,9670 0,845 1,042 0,745 1.399
N2O 44,020 1,5310 0,534 0,879 0,0690 1.274
O2 32,000 1,1050 0,739 0,929 0,0669 1.389
SO2 64,060 2,2540 0,362 0,615 0,485 1.268
Vap.H2O 18,020 0,6320 1,293 2,189 1,727 1.268
CH4 16,040 0,5550 1,472 0,565 0,046 12.373
C3H8 44,000 1,52 0,536 0,405 0,276 1.465
C4H10 58,000 2,00 0,408 0,385 0,265 1.455
GNatural 16,040 0,598 0,730 0,565 0,046 12.373
GLP (50/50) 51,000 1,76 0,472 0,395 0, 2705 1.460
Onde: C3H8 = Propano
C4H10 = Butano

31
Poder calorífico dos gases:
Gás PCS (kJ/Nm³) PCS (kJ/kg)
Hidrogênio 12767 141859
Metano 39893 55607
Etano 69906 51906
Eteno ou etileno 63209 50316
Gás natural de Campos 42111 67838
Gás natural de Santos 44736 66788
Gás natural da Bolívia 41684 69044
Propano 101301 50358
Propeno ou propileno 93766 48976
n-Butano 133533 49520
iso-Butano 132696 49437
Buteno-1 125161 48474
iso-Pentano (líquido) - 48558
GLP (médio) 117208 49897
Acetileno 58520 49947
Monóxido de carbono 12617 10092

Hidro carbonetos condensáveis. Os termos seco e úmido, indicam se os gases têm menos
ou mais que 1,34 litros de hidrocarboneto condenável (geralmente gasolina natural) por
100 m³ de gás.

Teor de enxofre. indica o percentual de sulfeto de hidrogênio ou outro composto de


enxofre contido no gás.

Intercambialidade de combustíveis

A falta de um determinado combustível, sua variação de preço ou seu impacto ambiental


pode motivar sua substituição por outro, de preferência com mudanças pouco
significativas na câmara de combustão, queimadores, tubulação ou controles.

Os cinco aspectos que precisam ser considerados, são:

1- Fornecimento do mesmo fluxo aproximado de calor.


2- Capacidade de manuseio:
(Efluentes, queimadores, tubulações, válvulas e controles).
3- Estabilidade dos queimadores.
4- Padrões de liberação de calor.
5- Atmosfera do forno ou fornalha.

Gás para gás. O índice de Wobbe, a fórmula (a) abaixo, é usada para avaliar a
intercambialidade, com relação aos itens 1 e 2. Se o gás substituto tem o mesmo índice de

32
Wobbe que o substituído, não serão necessárias mudanças de válvulas ou ajustes na troca
de combustíveis.

Se o gás substituto, que pode ser uma mistura ar-combustível, tiver maior densidade que o
substituído, menos metros cúbicos fluirão através da tubulação, válvulas ou restrições,
com a mesma queda de pressão. Para compensar este efeito, a mistura substituta tem que
ter um poder calorífico maior, para liberar a mesma quantidade de calor original, no
queimador. Inversamente, se o substituto tem menor densidade, deverá ter um menor
poder calorífico para manter os mesmos ajustes. Isto significa que:

G0 cfh G0 H
a) Necessariamente = m ou = 0
Gm cfh0 Gm Hm
Onde:

 G = densidade relativa ao ar
 H = PCS
 o = Original
 p = substituto puro
 a = ar
 m = mistura substitua, constituída de p e a.

Rearranjando a fórmula acima, temos a definição do índice de Wobbe.

H0 Hm
b) 
G0 Gm

Para misturas onde um dos ingredientes é o ar.

c) Gm     %a 
%p
x Gp    x Ga  ,
 100   100 

x G p  1
%p
mas Ga = 1 e % a = 100 – p; Portanto Gm  1 
100

d) H m     %a 
%p
x Hp  x Ha  ,
 100   100 

%p
mas Ha = 0, então, H m  1  x Hp
100

33
Combinando as fórmulas acima, a porcentagem de substituto puro em uma mistura com ar,
que será intercambiavel com o gás original, tanto na liberação de calor quanto nas
condições de fluxo, será:

200
e) % p  2
Hp 
1  G p  G p  1  4 x G0 x  
2

 H0 

Nº de Wobbe sup
GÁS Superior (kJ/Nm³)
Hidrogênio 48256
Metano 53309
Etano 68223
Eteno (ou etileno) 63849
Gás Natural de Campos 53736
Gás Natural de Santos 55703
Gás Natural da Bolívia 53723
Propano 81108
Propeno (ou propileno) 77077
n-Butano 92368
iso-Butano 92008
Buteno-1 88500
GLP (médio) 86880
Acetileno 61346
Monóxido de carbono 12809

Gás liqüefeito de petróleo. (Propano, butano e misturas de propano e butano) são


vendidos e estocados como líquidos em vasos de pressão. Para a maior parte dos
consumos industriais, requer-se um vaporizador. O volume de gás disponível em um
metro cúbico de líquido, é 275,49 metros cúbicos, para o propano comercial e 235,61
metros cúbicos para o butano comercial, quando tanto gás quanto líquido são medidos
15,6ºC e 101,6 kPa. É necessário um controle de razão ar/gás, automático, que mantenha
esta razão correta, em todas as demandas de projeto do queimador. Para o manuseio
seguro da mistura, ela deve estar acima do limite superior de inflamabilidade, isto é, muito
rica para ser queimada, até que, como será discutido posteriormente, seja misturada com o
ar normal de combustão, no queimador.

Estabilidade do queimador. É uma função da velocidade da chama e dos limites de


inflamabilidade. Apesar de alguns métodos teóricos serem propostos para a avaliação da
estabilidade da chama, quando da troca de combustíveis, é importante que seja
experimentado na prática a queima do gás substituto, com os queimadores e bocais que
deverão ser usados, e em todas as gradações da razão de fogo esperada. Queimadores de

34
pré mistura são geralmente mais sensíveis, Os queimadores mais modernos, de
“estabilidade inteligente”, não têm normalmente problemas com os combustíveis de gases
fósseis.(metano, etano, propano, etc...). Mas estes gases, muitas vezes contém formadores
de fulígem não saturados, tais como propileno e butileno.

Padrões de liberação de calor. Depende da forma, intensidade e luminosidade da chama.


O gás natural é de queima relativamente lenta, portanto, a maior parte dos combustíveis
substitutos tenderão a queimar com chamas mais curtas e mais intensas. O efeito de tal
mudança, pode apenas ser avaliado por tentativas, para cada processo em que a
substituição é proposta.

Atmosfera do forno. Pode ser seriamente afetada se o combustível substituto contiver


uma concentração mais alta de impurezas, tais como enxofre. Alguns processos, como
geradores de tratamento térmico atmosférico, são sensíveis para a variação da razão
carbono/hidrogênio, que pode interferir no controle do ponto de orvalho (dew point).

Gás para óleo. A única maneira de queimar óleo em substituição ao gás, através de um
queimador de gás existente, é com um sistema vaporizador externo, acoplado à um
queimador de pré mistura. Se a entrada por queimador puder ser no máximo 73,275 kW
(250.000 BTU/h), é normalmente mais barato trocar cada queimador a gás por um
queimador duplo (dual burner). Estas conversões de sistemas (vaporizadores ou
queimadores duplos) são bem mais caros que o custo da transformação gás para gás, mas
podem ser economicamente viável. Na seleção do equipamento de conversão, deve-se
atentar para os três primeiros aspectos listados no início desta seção de intercambialidade.

O quarto aspecto, padrões de liberação de calor, é diferente para óleos, porque sua
chama é mais luminosa. (embora existam alguns poucos queimadores projetados para
produzir chama azul com óleo, e também queimadores de chama amarela longa e
luminosa, com gás). Portanto, é necessário observar bem o comprimento da chama e a
distribuição do calor através do equipamento. Também o volume final dos gases resultante
da combustão é importante, pois interfere diretamente na velocidade de exaustão e
consequentemente na eficiência da troca térmica. Se o espaço para a combustão é muito
pequeno, ou se grande radiação da chama for prejudicial para o processo, a conversão para
óleo (ou para o gás) pode exigir de uma revisão da câmara de combustão.
Com a mesma Produção de vapor.

Caldeira AT c/ óleo 1A (projeto) Caldeira AT c/ Gás Natural Caldeira AT c/ óleo 4A

35
O quinto aspecto, atmosfera do forno. Foi uma grande preocupação para a forjaria
industrial americana, quando da conversão do gás natural para combustível mais barato,
nos anos 50, mas efeitos sérios como formações de crostas não puderam ser provados
exceto em uma porção de casos especiais muito críticos. Assim como na substituição gás
para gás, os efeitos da variação de enxofre ou da razão C/H têm que ser avaliadas para
cada combustível e processo.
Com a mesma Produção de vapor.

Caldeira FT c/ Óleo 1A Caldeira FT c/ óleo 4A Caldeira FT c/ Gás Natural

Comparando o custo dos combustíveis

O modo mais comum de comparar preços de combustíveis é pêlos seus poderes


caloríficos.

Contudo esta comparação pode levar a enganos, devido a uma série de razões, como
veremos.

O poder calorífico total dos combustíveis não é disponível nos equipamentos práticos de
queima, porque a temperatura de exaustão dos gases de combustão não é baixa o suficiente
para condensar o vapor d’água do produto da combustão. O que também muitas vezes não
é desejável.

O PCI e o PCS não são proporcionais em todo o range de combustíveis comercialmente


disponíveis.

O PCI pode ser facilmente calculado para combustíveis sólidos e gasosos, mas seu cálculo
para combustíveis líquidos é altamente discutível, devido aos diferentes processos de
refinação e armazenamento.

A eficiência de combustão não é a mesma para todos os combustíveis.

Por exemplo, combustíveis que possuem grande teor de hidrogênio produzem gases de
combustão de alto calor específico; então as perdas pela chaminé serão muito maiores.

Geralmente combustíveis gasosos ou líquidos podem ser queimados com maior eficiência
que os sólidos, porque exigem um menor excesso de ar e portanto um menor consumo de
calor em suas combustões.

36
As cinzas nos combustíveis sólidos também causam perdas, pois para serem removidas,
elas carreiam calor para fora do processo e também porque, nesta hora, algum combustível
não queimado pode ser retirado com elas.

Custos operacionais. Normalmente variam bastante para combustíveis diferentes. O custo


de manuseio dos combustíveis sólido e a retirada de suas cinzas são consideráveis.

Combustíveis líquidos tem que ser bombeados, armazenados e muitas vezes aquecido.

Os custos dos equipamentos Para controle, segurança manuseio, estocagem, combustão e


redução de poluição, geralmente são menores para os combustíveis mais leves e limpos.

Na operação, os revestimentos das câmaras de combustão e exaustão têm que ser trocados
com maior freqüência com alguns combustíveis. Portanto, a determinação do custo do
equipamento e sua operação é um problema especial para cada caso em particular.

Danos provocados em caldeira FT, devido à troca de combustível de Óleo 1A Para Gás Natural,
sem limitação da potência

Danos provocados em caldeira AT, devido à troca de combustível de Óleo 1A Para Óleo 4A, sem
limitação da potência

37
Referências

 American National Standards Institute: Standard Specifications for fuel oils.

 Ecolaire EPC, Inc.: Controlled Air Incineration.

 Liptak, B.G.: Enviromental Engineer s’ Handbook.

 National Bureau of Standards: Thermal expansion of volatil petroleum liquids.

 Rosin, P.O. and fredlander, G.: Technical data on fuel.

 Schimdt, P.F.: Fuel Oil Manual.

 Spiers, H.M.: Technical data on fuel.

 Rose, J.W.: Technical data on fuel.

 McGamon, H.E.: Making shaping, and treating of steel.

 Vanderveer, F.E.: Gaseous fuels.

 Heap, M.P. et al: The influence of fuel caracteristics on Nitrogen Oxide formation.

 Gas Processor suppliers Association: Engineering Data Book.

 Katz, D.L. et al.: Handbook of Natural Gas Engineering.

 LNG: Information Book Task Group of liquefied natural gas cometee.

 Reed, R.J.: Gaseous fuels and liquid fossil fuels.

 Roe, D.R.: British gas data book.

 North American Mfg. Co.: North American Combustion Handbook

 CSE consultoria e serviços de Engenharia ltda.: Manual de Engenharia de Combustão.

38
Parte 4: Análise da combustão.
Freqüentemente é necessário predizer o ar necessário para queimar um combustível, seus
produtos de combustão e as perdas térmicas que resultarão de um processo de combustão.
Existem dados tabulados, dos combustíveis típicos que podem fornecer estes dados.
Porém, se nenhum dos combustíveis listados se aproxima de suas necessidades, os
métodos mostrados nesta parte, devem ser usados.

Neste capítulo, também se discute o significado da análise experimental dos gases de


exaustão e meios de minimizar as várias perdas de combustão, para melhoria da eficiência.

Em nossos estudos, estamos assumindo que todos os volumes medidos, de gases e ar, são
mas CNTP, isto é 15,6 ºC e 1014 kPa, salvo quando houver indicação em contrario.

Necessidades de ar para a combustão

39
Combustíveis gasosos. A quantidade de ar necessária para queima perfeita de um metro
cúbico de qualquer combustível gasoso é dado pela fórmula:

Volume de ar
1)  [(%CH4 x 0,0956) + (%C2H6 x 0,1673) + (%C3H8 x 0,239) + (%C4H10 x 0,311) +
Volume de combustível
(%H2 x 0,0239) + (%CO x 0,0239) - (%O2 x 0,0478)] x [1 - % XSA / 100]

Onde todos os percentuais são volumétricos. Os não combustíveis não afetam a quantidade
de ar requerida pela combustão. Na fórmula 3) os volumes de gás e ar, tem que ser
medidos nas mesmas condições de temperatura e pressão. Se houver qualquer diferença
nestas variáveis, correções tem que ser feitas, para o uso destas fórmulas.

 Lei de Boyle: Estabelece que a uma temperatura constante o volume do


gás varia inversamente em relação à pressão.

V2/V1 = P1/P2

 Lei de Charles: Estabelece que o volume de um gás à pressão constante,


varia em proporção direta com a temperatura absoluta.

V2/V1 = T2/T1

 Lei de Poison: Estabelece que para um processo sem nenhuma troca de


calor com o ambiente (isoentrópico ou adiabático), as relações entre
pressão e volume seguem a equação:

P1.V1Cp/Cv = P2.V2 Cp/Cv

onde: Cp = calor específico com pressão constante (kcal/(kg.ºC))


Cv = calor específico com volume constante (kcal/(kg.ºC)) e:
mCp = mCv + 1,99;
m = massa de um mol do gás (peso molecular).
Cp/Cv = k

 Lei geral dos gases: Pela combinação das leis de Boyle e Charles e da lei
de Poison, encontramos:

2) e 3) P.Vk/T = Constante

Onde: T = temperatura absoluta em ºK (ºC + 273)


P = pressão absoluta em kPa = (p + 1014)
p = pressão manométrica em kPa

40
Combustíveis líquidos e sólidos. A quantidade de ar requerida para a combustão
perfeita de 1kg de qualquer combustível líquido ou sólido é dado pela fórmula:

m³ de ar
4)  (%C x 2,426) + (%H x 7,276) + (%S x 0,910) – (%O x 0,910)
kg de combustível

Onde todas as percentagens são por peso. Os metros cúbicos para a fórmula 4,
necessariamente são medidos nas CNTP. Para outras temperaturas e pressão, serão
necessárias correções, conforme indicado no parágrafo anterior.

m³ de ar
5)  (254,8 x sg) – (50,7 x (sg)²) quando sg entre 0,825 e 0,876
m³ de óleo

m³ de ar
 (254,0 x sg) – (50,7 x (sg)²) quando sg entre 0,876 e 0,934
m³ de óleo

m³ de ar
 (253,3 x sg) – (50,7 x (sg)²) quando sg entre 0,934 e 1,007
m³ de óleo

m³ de ar
 (251,1 x sg) – (50,7 x (sg)²) quando sg entre 1,007 e 1,076
m³ de óleo

Onde sg é densidade específica (60/60 ºF) do óleo. (O termo inerte, refere-se à


substâncias não combustíveis, no óleo, tais como CO2, N2, cinzas e água.) Os m³ da
fórmula, necessariamente devem ser medidos em nas CNTP.

Todas as fórmulas citadas neste capítulo, referem-se às necessidades de ar para a


combustão perfeita. Algumas vezes, queremos queimar combustível com deficiência de
ar, para a obtenção de uma atmosfera redutora (não oxidante). Em outras, o excesso de
ar é intencional. Estas condições são descritas, pela especificação do excesso de ar.

Produtos de combustão.

Geralmente precisamos saber a quantidade e qualidade dos produtos de combustão de


um combustível, para a determinação adequada da exaustão, pressão do forno, tamanho
da chaminé e perda de carga dos gases. Estes produtos, podem ser listados em tabelas,
resultantes de combustão perfeita, ou também estimados por fórmulas, que podem usar
os percentuais por peso ou volume. (algumas destas tabelas e fórmulas são fornecidas
adiante).

41
Em qualquer destes casos, volumes devem ser corrigidos utilizando-se as leis de gases,
considerando-se temperaturas e pressões. Lembre-se também que excessos de ar devem
ser somados à volumes e massas dos produtos da combustão perfeita. (Excessos de
oxigênio e nitrogênio).

Quando existe deficiência de ar, é mais difícil predizer os volumes ou a análise dos
produtos da combustão. Mas a massa total dos produtos, será igual à massa do
combustível, somada à massa de ar fornecido.

Análise dos gases de exaustão

A análise dos gases de exaustão é usada para indicar a relação ar/combustível e também
o grau de queima completa. Se a mistura não é homogênea, um excesso de ar deve ser
fornecido, de tal forma que todas as partículas de combustível entrarem em contato com
o ar e se queimem. Se a chama, ou produtos intermediários de combustão, quentes,
entram em contato com uma superfície fria, ou encontram um sopro de ar frio, gás ou
água, ele pode subitamente ser resfriado à um nível de temperatura no qual a reação de
combustão não pode ser completada. Esta ação extintora pode resultar em combustão
incompleta, com gases tais como O2, CO, H2 e aldeídos nos produtos de exaustão, como
resultado de mistura não homogênea.

Significado de % CO2, O2 e combustíveis. Com uma boa mistura, a combustão


perfeita, teórica é obtida quando as análises dos gases de exaustão não mostram CO, H2
ou O2, e quando % CO2 é máximo.

Ajustando-se na prática a razão ar/combustível, até que se obtenha o máximo de %CO2


e o mínimo de O2 e combustíveis, pode-se ajustar o queimador próximo a este ponto,
que é o de máxima eficiência.

Este procedimento permite o ajuste da relação ar/combustível para fornos de


queimadores simples, sem necessidade de medição do combustível e do fluxo de ar.

Para aplicações que requerem combustão oxidante ou então redutora, as análises dos
gases de exaustão devem ser usadas como meio de repetição das condições desejadas.

Com uma mistura não homogênea, tal como carvão moído, ou gás ou óleo queimados
em queimadores de mistura retardada, a maneira como a análise do gás efluente varia
com a variação da razão ar/combustível é uma função do ajuste físico do queimador e
da câmara de combustão.

As curvas para misturas não homogêneas (normalmente mostradas como padrão) são
apenas uma das muitas possibilidades. Todavia, estas curvas demonstram que as
análises dos gases efluentes podem ser usadas como indicação da razão ar/combustível
ou da relatividade de combustão completa.

42
Referências

 Hougen, O.A., Watson, K.M. and Ragatz, R.ª: Chemical Process Principles.

 Vanderveer, F.E and Segeler, C.G.: Gas engineers handbook.

 Turin, J.J. and Huebler, J.: Gas-Air-Oxigen combustion studies.

 Babcock & Wilcox Co.: STEAM.

 Boylen, J.L.: Practical heat recovery.

 Fryling, G.: Combustion Engineering.

 Holman, J.P.: Thermodinamics.

 :Lewis, W.K., Radasch, A.H. & Lewis, H.C.: Industrial Stoichiometry.

 Olsen, J.C.: The efficient use of fuel.

 Rose, J.W. & Cooper, J.R.: Technical Data On Fuel.

 Trinks, W, & Mawhinney, M.H.: Industrials furnaces.

 North American Mfg. Co.: North American Combustion Handbook

 CSE consultoria e serviços de Engenharia ltda.: Manual de Engenharia de Combustão.

43
Parte 5: Combustão: Hidrocarbonetos (Óleos ultra-viscosos A e B)
Normalmente, em nosso país, a composição em massa, destes óleos é:
C = 48 % MA = 12 HHV = 32,781 Mj/kg 48 / 12 = 4
H2 = 10 % MA = 1 HHV = 141,853 Mj/kg 10 / 1 =10
S = 1,5 % MA = 32 HHV = 9,257 Mj/kg 1,5 / 32 = 0,047

O ar, possui, em massa, 20,677674 % de O2.


MA = 16
 =1,21 kg/m3
Montando a reação de combustão nas devidas proporções:

4C + 5H2 + 0,047 S +6,547 O2  4CO2 + 0,047 SO2 + 5 H2O

MC = 4 x 12 = 48
MH = 5x2x1 = 10
MS = 0,047 x 32 x 1 = 1,504
M in = (100 – soma) = 42
Mfo = 100

MO = (9,547 x 16 x 2) = 209,504
Mar = 209,504 / 0,20677674 = 1013,189
Mar / Mfo = 1013,189/ 100 = 10,13189
Var = 10,13189 / 1,21 = 8,373466
MCO2 = 4 x (12 + 16 x 2) = 176

MO2 no CO2 = (4 x 16 x 2) = 128


Esta massa, representa o quanto de O2, em uma reação estequiométrica, entra na formação
do CO2

MO / MO2 no CO2 = 209,504/ 128 = 1,63675

MSO2 = 0,047 x (32 + 16 x 2) = 3,008


MH2O = 5 x (2 + 16) = 90

C  HHV = (7 x 12 x 32,781) / 100 = 27,53604 Mj/kg


H  HHV = (5 x 2 x 1 x 141,853) / 100 = 14,1853 Mj/kg
S  HHV = (0,047 x 36 x 9,257) /100 = 0,13922528 Mj/kg
FOHHV= (soma total) = 41,86057 Mj/kg

REM (razão energética mássica) = 41,86057 / 10,13189 = 4,1315658 MJ/kg(Ar)


REV (razão energética volumétrica) = 41,86057 / 8,373466 = 4,9991927 Mj/m3(Ar)

44
O2 = 20,677674 - 1,363857 . C O2
C O2 = (20,677674 - O2) / 1,363857

Onde :
O2 = Percentual mássico de O2 na saída de gases (O2 que não entrou na combustão)
CO2 = Percentual mássico de CO2 na saída de gases
20,677674 = Percentual mássico de O2 no ar atmosférico
1,363857 = MO / MO no CO2 (razão mássica entre O2 que entrou na combustão e O2
que formou CO2)

Cada 1% de O2  1 / 0,20677674 = 4,836134 de excesso de ar.

MAr = Mfo x 10,13189 (=Mar / Mfo) + 4,836134 x O2


Mg = MAr + Mfo = Mfo x 11,13189+ 4,836134 x O2

Óleo Ultra viscoso ==>

Redução do custo, com o aumento de viscosidade:

% 2A 3A 4A 5A 6A 7A 8A 9A
1A 3 10 19 25 30 36 41 47
2A 7 16 22 27 33 38 44
3A 9 15 20 26 31 37
4A 6 11 17 22 28
5A 5 11 16 22
6A 6 11 17
7A 5 11
8A 6

Os óleos A custam 88,73% do custo dos óleos B


A = Alto teor de enxofre
B = Baixo teor de enxofre
No futuro só ficarão os óleos: 1A ; 4A ; 7A
Com teores de enxofre: Alto, Médio e Baixo.
A = preço base; M = Preço A x 1,025; B = preço A x 1,055

Densidade do óleo : r = -6,6629e-4 x t + 1,0605

t = ºC
r = kg / m3

45
Viscosidade do óleo combustível:
cs = 2,1333 . SSU -1,5712
cp = cs . r

SSU = ( 0,447 . exp(0,6775752 . N)) . (37627205299 . ºC-4,002)


F = 0,447 . exp(0,6775752 . N)
C = (SSU / (f . 37627205299))(1 / -4,002)

N = Nº do óleo, por ex : 3A ===> N = 3

Tarefa SSU
Manuseio 2000—5000 (3000)
Queim. Ar comp P=cte 130 –180 (150)
Copo rotativo 90 – 125 (110)
ar baixa pressão 60 – 90 (80)

46
Referências

 Garcia, R.G & Bernardes H.J.: Manual BR de utilização de óleos combustíveis


Ultraviscosos.

 VaporCal ltda: Informação sobre combustíveis e combustão.

 CSE consultoria e serviços de Engenharia ltda.: Manual de Engenharia de Combustão.

47
Parte 6: Segurança em sistemas de combustão:
Conforme dito anteriormente, o fogo pode ser o melhor de nossos servos, mas também,
se fora de controle, o pior de todos os flagelos.

Qualquer sistema de combustão gera riscos ao ser humano, ao patrimônio e ao meio


ambiente.

Os principais riscos são:

1- Intoxicação e/ou asfixia:


Orígem: Os gases produtos de combustão, normalmente são tóxicos e/ou asfixiantes,
por exemplo: CO, CO2, SOx, NOx etc ...

Prevenção: Faz-se necessário a retirada dos gases do


ambiente de combustão e sua dispersão pela atmosfera, de
forma tal que proteja de imediato o trabalhador e não resulte
em grande impacto ambiental.

Portanto, o primeiro EPC (Equipamento de Proteção


Coletiva) que encontramos é uma boa chaminé e seu sistema
de exaustão, calculados para permitir a tiragem adequada
dos gases do ambiente de trabalho e sua dispersão segura
pela atmosfera.

Conforme o combustível usado, cuidados especiais devem


ser tomados, (tais como ciclones, lavadores de gases, etc ...)
para manter os particulados e o teor das emissões dentro dos
limites exigidos.

2- Excesso de calor por radiação, convexão e condução:


Origem: Os sistemas de combustão são projetados para geração de calor para algum
processo, portanto, para a proteção dos usuários e também eficiência econômica, a
combustão e o circuito de gases de combustão devem se processar dentro de uma
câmara, térmica e mecanicamente isolada do ambiente de trabalho e dirigida
especificamente ao seu objetivo alvo de fonte de calor.

Prevenção: A câmara de combustão e o circuito dos gases de combustão, devem ser


de tal forma que minimizem os riscos de incidentes provocados pela radiação,

48
convexão e condução, protegendo assim, o trabalhador e o patrimônio, contra
possíveis queimaduras, incêndios e outros danos, tornando-se portanto, no segundo
EPC do sistema. Normalmente é usado uma estrutura de aço, revestida internamente
com cimento refratário e externamente com lã de vidro ou outro material isolante
térmico.

3- Explosões:
Origem: As explosões ocorrem, quando uma apreciável quantidade de combustível,
atomizado, com temperatura acima de seu ponto de fulgor e em presença de uma fonte
de ignição, entra em contato súbito com uma massa de comburente (ar ou oxigênio).

Esta situação não é difícil de ocorrer dentro de uma câmara de combusão. Basta que a
uma chama “rica” (com excesso de combustível) se sobreponha um regime de chama
“pobre” (com excesso de ar). Os principais momentos em que esta situação pode
ocorrer, são:

a- Na Partida do sistema: Nesta situação, efetuamos uma pré-purga (cujo tempo


deve ser calculado para que o fluxo do ventilador troque pelo menos 5 vezes o ar
do circuito dos gases de combustão), acendemos um piloto (a gás ou óleo diesel) e
então, atomizamos o combustível principal, com temperatura acima de seu ponto
de fulgor, diretamente sobre a chama do piloto. Pronto! Se por acaso o piloto se
apaga e for tentado uma re-ignição sem uma pós-purga, ou se ele se torna tão
instável que não acenda a chama principal de imediato, teremos uma explosão.

Prevenção: Nos sistemas atuais, tanto a chama do piloto quanto a chama principal são
monitoradas por um “detetor de chamas” que por sua vez é supervisionado por um
dispositivo programavel, geralmente um PLC, que controla os tempos de acendimento
e a estabilidade das chamas em questão. Caso o piloto apague ou fique instável, o
dispositivo programador aciona uma válvula “shut-off” na linha do combustível
principal, impedindo sua alimentação. Esta “shut-off” é manualmente rearmada e sua
abertura somente é permitida pelo sistema, após o ciclo de pós-purga, com tempo igual
ao da pré-purga.

49
A chama de uma combustão emite luz, numa gama de frequências que vai desde o
infra-vermelho, passando pelo espectro visível, até o ultra-violeta. Porém, para um
detetor de chamas, não é aconselhável que ele trabalhe com o espectro visível, pois a
iluminação ambiente (caso haja algum vazamento de luz para o interior da câmara de
combustão) pode ser confundida com “chama estável”. Por outro lado, um sensor
infra-vermelho, vai detectar a “temperatura do refratário” da câmara de combustão,
como chama estável. Portanto, sempre recomendamos que os detetores de chama
sejam apropriados para a detecção de chamas, na faixa do ultra-violeta.

Para equipamentos de combustão de pequena potência, é também permitido o uso de


detetores iônicos de chama.

b- Quando há uma modulação brusca da carga: Geralmente os sistemas de


combustão usuais possuem regulagens de relação ar-combustível que podem ser:
90
N2
80
N2

24 70

20 60

16 H2O 50
H2O O2 dry
basis
12
CO H2 CO2
8 CO2
H2O
O2 dry
4
basis
CH4
CO2
0
60 40 20 0 20 40 60 80 100 500 900

%Deficiency of Air % Excess Air

o Fixos: Neste caso, o equipamento opera com posições pré ajustadas e relação
ar-combustível, fixas:
 Fogo alto,
 Fogo baixo,
 Desligado.

Na transição de potências, ocorre geralmente uma turbulência muito grande e nem


sempre a variação do combustível, que é fixa para cada ponto, consegue acompanhar a
variação do ar no mesmo intervalo de tempo, acarretando a possibilidade de formação
de atmosfera explosiva dentro da câmara de combustão. Esta é uma situação muito
comum em caldeiras fogo-tubulares e responsável pela maior parte das explosões
ocoridas nestes equipamentos.

50
Prevenção: Costuma-se manter neste tipo de sistema, para cada ponto operacional,
uma regulagem da relação ar-combustível, com excesso de ar, superior ao exigido pela
combustão eficiente. Perde-se em eficiência mas ganha-se em segurança.

O grande problema é que este fato é pouco divulgado e é muito comum encontrarmos
equipamentos deste tipo que foram “recalibrados” para operar com “maior eficiência”
e estão oscilando perigosamente na zona da atmosfera explosiva.

o Proporcionais: Nestes sistemas as modulações de cargas são muito mais suaves


e a potência varia proporcionalmente ao solicitado. Para se obter este resultado,
é instalado no sistema uma válvula ou relé de relação ar-combustível que visa
manter esta relação durante todo o range de potência do queimador.

Nos sistemas de menor potência, quem comanda a relação ar-combustível é a


“pressão” que o combustível exerce sobre a “cabeça” da válvula de “relação”, pressão
esta que é relativamente proporcional ao fluxo de combustível e faz com que o fluxo
de ar seja proporcional à esta pressão.

Este dispositivo funciona relativamente bem se operado entre 25 e 75 % da carga


máxima do queimador.

Sua operação é muito crítica com cargas baixas (partidas e paradas) e cargas no limite
de sua potência máxima.

Este controle também não responde muito bem quando a modulação é rápida ou opera
com óleo pesado, sujeito a entupimentos e/ou falsas “informações de pressão” na
cabeça da válvula de relação, criando condições de geração de atmosfera explosiva na
câmara de combustão.

51
Estes sistemas, também por precaução, são regulados com um excesso de ar
“confortável” não admitindo maiores eficiências na combustão (são melhores que os
sistemas fixos e tecnicamente mais aceitaveis), porém não desejaveis para sistemas de
maiores potências.

o Proporcionais por medição e controle: Nos sistemas de maiores potências, os


controles são mais sofisticados e tanto o fluxo de combustível quanto o de ar é
medido e suas proporções de mistura devidamente calculadas por programação
computadorizada e os controles, automaticamente aplicados a cada situação do
processo. Mas justamente por serem sistemas de grande potência e de
controle sofisticado exige-se deles uma maior eficiência (menor excesso de ar),
o que os torna muito mais vulneráveis nas situações de modulação de carga,
pois qualquer dispositivo de controle possui uma inércia característica própria
(tais como nossos reflexos) e também menor margem para possibilidades de
falhas.

Por este motivo, as empresas que consideram segurança com a mesma prioridade que
qualidade e custos, acabaram por desenvolver um aperfeiçoamento deste controle,
fazendo que nas modulações de carga, a programação opere de forma diferente do
resto do processo (segurança) e mantenha um mínimo de excesso de ar nas partes
estaveis de potência (economia).

 Quando o controlador recebe um comando para aumentar a potência, ele:


 primeiro modula o ar para um confortável excesso.
 Modula ar e combustível, mantendo a nova relação, até a potência desejada.
 Reajusta a relação ar-combustível, para eficiência máxima, na nova posição.

 Quando o controlador recebe um comando para Cortar a potência, ele:


 primeiro corta o combustível para um confortável excesso de ar.
 Modula ar e combustível, mantendo a nova relação, até a potência desejada.
 Reajusta a relação ar-combustível, para eficiência máxima, na nova posição.

A este sistema deu-se o nome de Limites cruzados e sua vantagem é manter as


condições seguras durante as modulações, e a operacionalidade global do equipamento
dentro da máxima eficiência segura.

Prevenção: Cada vez mais, para todo e qualquer equipamento de combustão


torna-se mandatório (pelos motivos acima descritos) a conversão dos controles
para o tipo de LIMITES CRUZADOS.

52
Referências

 Hougen, O.A., Watson, K.M. and Ragatz, R.ª: Chemical Process Principles.

 Vanderveer, F.E and Segeler, C.G.: Gas engineers handbook.

 Turin, J.J. and Huebler, J.: Gas-Air-Oxigen combustion studies.

 Babcock & Wilcox Co.: STEAM.

 Boylen, J.L.: Practical heat recovery.

 Fryling, G.: Combustion Engineering.

 Holman, J.P.: Thermodinamics.

 :Lewis, W.K., Radasch, A.H. & Lewis, H.C.: Industrial Stoichiometry.

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