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ARQUITETURA V

RESTAURO CIENTÍFICO
Gustavo Giovannoni

AR06NA

Aluna: Clarisse Lessa

Prof.: Luciana Rocha Feres

BELO HORIZONTE
NOVEMBRO/2009
INTRODUÇÃO
Para melhor compreender alguns conceitos de preservação do patrimônio, especialmente
o restauro cienfífico, é necessário conhecer um pouco da história da atividade
arquitetônica nos últimos dois séculos e meio, com uma breve descrição dos tipos de
restauro.

TEORIA DOS RESTAUROS


Ao longos dos séculos, sempre houve interesse e necessidade de realizar intervenções
em edifícios existentes para atender a vontade do proprietário ou do arquiteto, mas não
existia uma preocupação em preservar características originais do edifício. Não se falava
de restauração.

A partir do século 18 surge o interesse e amadurecimento pelas coisas do passado em


prol da preservação e restauração dos monumentos históricos. No início do século 19,
iniciou a fase do restauro arqueológico, em que os arquitetos, arqueólogos e
historiadores começavam a dedicar ao levantamento, estudo e restauração dos
monumentos existentes.

No século 20, Viollet-le-Duc, arquiteto, historiador e crítico, é lembrado como grande


estudioso, pioneiro e precursor do restauro estilístico e por seu respeito à aparência
autêntica dos materiais, legado importante para a modernidade arquitetônica. O restauro
estilístico é, na prática, uma reconstituição baseada em um modelo ideal abstrato, com a
reconstrução de partes danificadas ou faltantes que talvez jamais houvessem existido.

O restauro romântico, ainda no século 19, na Inglaterra. Prezava a valorização dos


sinais do tempo, preconizando respeito absoluto pelo edifício e considerando quaisquer
acréscimos como igualmente importantes e dignos de preservação; no limite, favorecia
quase uma recusa da intervenção, vendo na contemplação a única atitude tolerável. Na
Itália, neste mesmo século, surgiu o restauro histórico e o restauro moderno. Paro o
restauro histórico, o monumento era um documento, e qualquer intervenção deveria ser
baseada em livros, arquivos, gravuras e na análise da edificação e para o restauro
moderno os monumentos eram considerados como documentos da história da
humanidade, priorizando sua consolidação e manutenção, sendo o restauro um ato
excepcional que só deveria ser concretizada em último caso, devendo sempre ser
cuidadosamente documentada e deixar marcas que claramente a identificassem de
maneira a diferenciá-la do original; entretanto, sem alteração do equilíbrio da composição
arquitetônica. Os princípios do restauro moderno nortearam a escola italiana de restauro
consolidada em 1883 na “Carta de Restauração”, de grande influência nos documentos
internacionais posteriores.

O restauro científico sucedeu ao restauro moderno a partir da reelaboração, por


Gustavo Giovannoni da teoria de Camillo Boito. Priorizavam-se os valores documentais
em relação aos formais, valorizando o contexto ambiental onde o bem se inseria e a
importância da arquitetura menor, não-monumental. Com base na Carta de Restauração
de Atenas (1931) e nos trabalhos de Giovannoni redige-se a Carta Italiana de Restauro
(1932), que propunha a realização de um inventário dos monumentos históricos, a não
aceitação de casos de reconstrução integral e a garantia da ocupação e uso dos edifícios.
Na Itália questionou-se o restauro científico por exigir grande dispêndio de tempo, dinheiro
e meios materiais, procurando-se caminhos de simplificação das obras de recuperação, e
renunciando a qualquer tipo de intervenção nos casos de destruição total. Nesse cenário
é formulado o restauro crítico, teoria surgida em meados dos anos 40.

RESTAURO CIENTÍFICO
O restauro científico, que surgiu na primeira metade do século XX, foi uma reelaboração
do restauro moderno que qualquer restauro é um ato excepcional que deveria ser
concretizada apenas em último caso, sempre documentado e identificando-o de maneira
a diferenciá-lo do original. Quem defendeu as teorias do restauro científico foi o
engenheiro civil, arquiteto e historiador da arte, Gustavo Giovannoni. Foi considerado um
dos mais importantes intervenientes da Conferência de Atenas de 1931, da qual surgiu o
primeiro documento internacional publicado no sentido de considerar universais certas
regras de protecção e salvaguarda de monumentos: a Carta de Atenas.

Giovannoni manifesta-se contra os acrescentos a que chama de restauro de inovação.


Caso os acrescentos sejam absolutamente necessários, estes deverão ser identificados e
datados, através da utilização de novos materiais que se adaptem harmoniosamente aos
originais. No entanto os complementos que se sobrepuseram no edifício devem ser
respeitados e identificados, podendo ser removidas as partes sem valor que com a sua
remoção não afetem o edifício.

Giovannoni tem também especial preocupação com as estruturas, com os materiais


utilizados na construção e com as técnicas construtivas, devido talvez à sua formação na
área da engenharia. Defende por isso o recurso a técnicas modernas, inclusive a
utilização de betão armado, em intervenções de consolidação, reparação e reforço do
edifício, de modo a aumentar a resistência da construção.

Resumindo, o restauro científico prega a necessidade de tornar a restauração um ato


científico, que seguisse princípios e métodos cientificamente determinados, respeitando
os monumentos enquanto documentos históricos e seus projetos devem baseados em
estudos rigorosos com atenção maior ao valor documental e histórico do que ao valor
artístico e estético. Além disso, aceita tecnologias modernas quando necessário e
solicita um planejamento urbano com ênfase nos centros históricos e seus
valores. O restauro científico é uma operação que se limita a consolidar, recompor,
valorizar os traços remanescentes de um monumento.

CONCLUSÃO
A preservação do patrimônio arquitetônico se apoia, atualmente, em convenções
internacionais e em estudos de disciplinas de grande abrangência e profundidade. As
cartas e convenções nacionais e internacionais atuam como parâmetros norteadores das
intervenções, embasando-as sem pretender tolher a necessária criatividade de cada ação
específica. Apesar dos diversos documentos existentes que tratam do tema da
preservação, na esfera dos bens arquitetônicos e urbanísticos, faz-se necessário
compreender conceitos e fatos históricos.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

ZEIN, Ruth Verde; DI MARCO, Anita. O moderno já passado, o passado no moderno.


[online] Disponível na Internet via URL: http://www.docomomo.org.br/seminario
%207%20pdfs/049.pdf. Arquivo capturado em 9 de novembro de 2009.

FERES, Luciana Rocha. Apostila 2 – Arquitetura V. 2º semestre de 2009

LUSO, Eduarda; LOURENÇO, P. B.; ALMEIDA, Manuela. Breve história da teoria da


conservação e do restauro. [online]. Disponível na Internet via correio eletrônico:
diou2001@yahoo.com.br Mensagem recebida em 31 de outubro de 2009.

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