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Mais de que uma actividade lúdica, fazer e colorir desenhos tem um papel muito
importante no desenvolvimento de várias capacidades infantis, mas não só. Um desenho
feito por uma criança exprime emoções, opiniões, medos, dúvidas e características da
sua personalidade. Não é por acaso que os desenhos são uma ferramenta de trabalho
preciosa nas avaliações psicológicas infantis e terapias posteriores. Saiba a que tipo de
desenhos deve estar atento.
A força de um desenho
As crianças privilegiam uma folha de papel branca e lápis de cera para exprimir as suas
opiniões, sentimentos e medos – muito mais do que a comunicação verbal. É esta a
forma que a pequenada encontra para contar uma história que terá, invariavelmente,
representações de cenas e de pessoas da sua vida real. Um desenho encerra um sem
número de significados, presentes em pequenos pormenores que podem não ser
imediatamente evidentes, mas que com um olhar mais atento podem revelar algo que
possa estar a afectar a criança de forma negativa.
Meninos vs. Meninas
Uma área específica e alvo de estudo intensivo, os desenhos infantis são matéria
privilegiada no campo da psicologia, o que significa que nem os professores ou
educadores de infância estão completamente treinados para decifrar desenhos. Porém,
existem sinais de alerta, presentes nos desenhos das crianças, que podem despertar pais
e professores para situações anormais. Os terapeutas especialistas afirmam que a
interpretação dos desenhos deve ser feita consoante a idade da criança, ou seja, um
desenho todo preto feito por uma criança de 2 anos pode não ter nenhuma conotação
negativa, uma vez que esta ainda não tem uma consciência clara da escolha das cores,
ao invés de uma criança mais velha, com 4 ou 5 anos. No entanto, os psicólogos vão
mais longe nesta matéria e defendem ainda a importância de não avaliar o desenho
isoladamente, mas de considerar, para além da idade da criança, a sua personalidade, o
seu desenvolvimento cognitivo e ainda o seu historial de desenhos. Em adição, há,
naturalmente, o contexto do desenho, ou seja, sugere-se que o adulto fale
frequentemente com a criança sobre aquilo que desenha.
O que fazer?
Não entre em pânico, nem proíba a criança de desenhar. O desenho tanto pode
revelar algo negativo, como não. Mas, independentemente da conclusão final, é sempre
preferível saber e descobrir atempadamente algo que esteja menos bem na vida da
criança.
Como os adultos nem sempre vêem o que o imaginário das crianças (e a falta de
técnica, compreensível nos mais novos) transpõe para o papel, é essencial manter um
diálogo aberto sobre os desenhos infantis, sem recriminações, apenas muitos “porquês”.
Procure descobrir a “história” por de trás de cada desenho.
Se verificou um ou mais “sinais de alerta” (transcritos na lista acima), é
importante reunir os desenhos mais recentes da criança, para verificar se existe uma
recorrência desse padrão ou não. Se necessário, marque uma reunião com a professora,
de forma a poder também ter acesso aos desenhos efectuados na escola.
Fale com a criança sobre os desenhos em questão, tentando descobrir o que está
por de trás dos mesmos, ou seja, a criança pode ou não dizer-lhe exactamente o que se
passa ou o que se passou, por isso, será necessário estar atento às “entrelinhas”.
Se os desenhos da criança continuarem a alarmá-lo, procure ajuda profissional.
Acima de tudo, não desencoraje a criança de desenhar, esta é uma actividade
lúdica, criativa e educacional, que deve ser praticada continuamente, até porque os seus
benefícios são mais do que muitos.