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TCE-PR alerta sobre o comércio

ilegal de atas de registro de preços

“Esta prática afronta de morte os princípios não só da


legalidade, mas da moralidade, impessoalidade, isonomia e
economicidade”, afirma Edgar Guimarães, consultor jurídico da
1ª Inspetoria de Controle Externo do TCE. Procedimento
desvirtua modalidade licitatória cujo objetivo é proporcionar
benefícios à administração pública

O Tribunal de Contas do Estado do Paraná (TCE-PR) alerta os


administradores públicos sobre os riscos de um comércio ilegal que surgiu
com a regulamentação da modalidade de licitação por registro de preços.
As atas onde estes valores são consignados têm sido vendidas a órgãos e
entes públicos. “Esta prática é absolutamente ilegal e afronta de morte os
princípios não só da legalidade, mas da moralidade, impessoalidade,
isonomia e economicidade”, declara Edgar Guimarães, consultor jurídico
da 1ª Inspetoria de Controle Externo do TCE.
O registro de preços é uma modalidade licitatória prevista no Artigo
15 da Lei 8.666, de 1993 – também conhecida como “Lei das Licitações”.
No âmbito federal, foi regulamentada apenas em 2001, pelo Decreto 3.931.
Na esfera estadual, sua regulamentação veio com a edição do Decreto
2.391, de 2008. O procedimento é considerado um grande avanço. “É
eficaz e eficiente, trazendo benefícios e resultados muito positivos e
significativos para a administração pública”, observa Guimarães.
O maior benefício é a simplificação das compras no setor público.
Por meio do registro de preços, ao invés de instaurar várias licitações ao
longo do ano para adquirir bens e serviços de uso frequente, o órgão ou
ente público realiza apenas uma. Os valores apresentados pelos
concorrentes são registrados em ata, que tem validade de um ano. É
considerado vencedor aquele que apresentar o menor preço. Sempre que
houver necessidade, o adquirente faz a requisição do objeto licitado, desde
que dentro do prazo de vigência da licitação.
Uma das consequências positivas para o licitante é a economia de
recursos humanos: servidores que estariam envolvidos com os vários
processos licitatórios abertos ao longo do exercício podem ser deslocados
para as atividades-fim do órgão. Do ponto de vista financeiro, reduzem-se
as despesas com a publicação de editais. E como as quantias são adquiridas
à medida que surge a necessidade, eliminam-se estoques, o que leva a
praticamente zero o desperdício de produtos perecíveis, como
medicamentos e alimentos. O uso dos espaços que seriam destinados ao
armazenamento de bens também é otimizado.
O problema é que a legislação abre a possibilidade de que outros
órgãos e entes públicos, que não o proponente da concorrência, de qualquer
esfera (municipal, estadual ou federal), façam adesão à ata de registro de
preços. O documento, elaborado ao final do certame, relaciona não só o
valor do bem ou serviço eleito “vencedor”, mas o nome do fornecedor
selecionado e a quantidade demandada, entre outros dados. O procedimento
tem sido denominado, informalmente, de “carona”.
No entendimento de advogados e juristas, esta prática, que não tem
limite estabelecido na lei, acabou favorecendo, por caminhos indiretos, a
dispensa da licitação. E trouxe benefícios econômicos indevidos às
empresas, que veem seus lucros aumentar com a proliferação desenfreada
de adesões às atas de registro. O fato despertou o interesse do Tribunal de
Contas da União que, pelo Acórdão 1.487, de 2007, estabeleceu limites às
adesões. O Acórdão foi objeto de recurso, que está em trâmite na Casa.
Não bastasse isto, algumas empresas têm se aproveitado da condição
de vencedoras do certame para aumentar sua participação no mercado, de
maneira irregular, por meio do uso de agentes. “Criou-se uma figura que eu
chamo de „traficante de ata‟, que representa os interesses da empresa e sai
vendendo informações”, alerta Guimarães. Além deste expediente, há
companhias que montam mailings de potenciais clientes no setor público.
Declaradas vencedoras, enviam-lhes mensagens onde oferecem os produtos
e serviços licitados.
Corrigir as brechas da lei e coibir práticas desleais e ilegais por parte
das empresas são medidas fundamentais que vão ressaltar a importância da
licitação por registro de preços. “Não sei por que ela não é muito utilizada
pelos municípios, talvez pela falta de conhecimento sobre sua aplicação e
vantagens”, comenta Guimarães. No último dia 15 de setembro, o servidor,
que tem 31 anos de TCE, proferiu palestra sobre a modalidade licitatória
durante o 24º Congresso Brasileiro de Direito Administrativo, em Belo
Horizonte (MG). No auditório, cerca de mil pessoas, entre advogados,
procuradores, magistrados e servidores públicos de todo o País.
Tribunal de Contas do Estado do Paraná
Coordenadoria de Comunicação Social
Omar Nasser Filho
(41) 3350-1655
omar@tce.pr.gov.br

Coordenador
Valmir Denardin
(41) 3350-1654
vdenardin@tce.pr.gov.br

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