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FANOR 2010.

1
Publicidade e Propaganda
Professor Marcos Lopes
Comunicação Visual
Alfabetização em uma Sociedade Informatizada
Daniel D. Rade

“Se as pessoas não podem escrever bem, e se elas não podem pensar bem, outras vão
pensar por elas”. (George Orwell)

“Há cerca de uma década atrás, o termo " alfabetização universal" referia-se à
possibilidade de todo homem dominar as aptidões da leitura e da escrita. Mas, o termo
vem se modificando à medida em que os meios de comunicação mudam. Hoje,
alfabetização refere-se à aptidão do homem em manipular os diversos meios de
comunicação de massa. Ainda é importante saber ler e escrever. Mas, na época dos
multi-meios, muito mais do que isto é necessário”. (Neil Postman)-

A sociedade é evolucionária e revolucionária. Durante a década passada, segundo os


futuristas e os cientistas da informação, a base da sociedade começou novamente a
mudar. Houve a época em que a sociedade se baseava na procura de alimentos. Com a
invenção da agricultura, deixou de ser migratória. A Resolução Industrial trouxe nova
mudança na sociedade, à medida que a agricultura deixou de dominar, cedendo lugar à
indústria e à produção de bens. Apenas dois séculos após o início da Revolução
Industrial, a produção de bens já deixou de ser a força dominante. Essa força é e
continuará sendo a informação.

Alvin Tofler refere-se à “Terceira Onda”. Daniel Bell fala da emergência de uma
“sociedade pós industrial”. Eugene Garfield fala sobre uma sociedade da informação e de
uma sociedade consciente da informação. Seus argumentos são impressivos e
convincentes, abertos a poucas questões. A indústria baseada na informação,atualmente
absorve mais do que 50% da força de trabalho e mais do que 50% do Produto Nacional
Bruto (Molnar,1981).

Uma mudança fundamental como essa deve ter implicações para a educação. O objetivo
da educação tem tradicionalmente sido o de ensinar as aptidões necessárias para que o
indivíduo tenha uma função produtiva na sociedade. Mas, se a sociedade mudar, então as
aptidões necessárias para ser produtivo nessa sociedade também devem mudar.

A questão com que se defronta a educação é o que significará ser alfabetizado em uma
sociedade dominada pela informação?

O Processo da Informação

Antes de tentar responder a esta questão, deve-se perguntar e responder à outra. O que
é informação? Informação é uma mensagem (Taylor, 1979). Informação é a substância da
comunicação, de acordo com Wilber Scharmm . Scharmm afirma que a informação reduz
as incertezas em uma situação. O grau em que seres humanos podem processar
informações é uma das características que separam os homens de outros animais. Os
seres humanos aprenderam a abstrair informações em linguagem. Eles aprenderam a
escrever e a guardar informação. Talvez o mais importante, os seres humanos
aprenderam a multiplicar informação, fazendo-a transportável e disponível na ausência do
criador da informação (Schramm, 1973).

Como informação é o que reduz incertezas, identificar mensagens significativas em um


ambiente rico em informações pode ser difícil. Ser capaz de distingüir o significado do
“ruído” é um elemento chave no processo de informação.

Informação é parte de um processo hierárquico. Na base do processo estão os dados,


que são o material cru das mensagens. Dados processados são informação. Aqui ocorre
a distinção entre o importante e o “ruído”. O ato que ocorre é análise. Em um mundo rico
de mensagens, a análise é crucial para as mensagens significantes serem distingüidas
das não significantes. Senão, a incerteza não é reduzida e nenhuma informação é
recebida. Informação refere-se aos dados analisados.

Mas, informação é um nível intermediário e não é um fim neste processo hierárquico,


significando pouco quando sozinha. Informação precisa ser processada para ter um efeito
total. O ato que ocorre é síntese. Primeiro, os dados analisados, tendo em vista um
critério para determinar sua importância. Com a síntese, a informação é comparada com
outra informação e combinada. Conhecimento é a informação sintetizada.

Conhecimento por si só é mais útil do que apenas informação. Seu significado é mais
amplo. Mas, conhecimento também pode ser processado, pode ser avaliado em termos
de valores e atitudes para formar sabedoria. O processo de informação é relacionado a
dois atos: à análise dos dados que cria informação e à análise da informação que cria
conhecimento. Estes dois atos são cruciais para que se possa funcionar produtivamente
numa sociedade de informação.E deveriam ser o centro de interesse da educação em
uma sociedade de informação.

Educação em uma sociedade de informação

Inacreditável como possa parecer, não é de cidadãos informados que uma sociedade de
informação necessita. Daniel Boorstin acertadamente afirma que ser informado é como
ser entretido, uma atividade passiva. Nós esperamos que algo mais nos informe:
televisão, rádio, jornais, livros, revistas. Por sua natureza, informação é aleatória e
miscelânia (Boorstin, 1980). É alta a incerteza.

O que precisamos, segundo Boorstin, é de uma cidadania instruída. Ser instruído é


processo ativo. Nada pode “instruir-nos”, ele diz. Nós mesmos devemos nos tornar
instruídos. Conhecimento é ordenado e cumulativo. Infelizmente, segundo Boorstin, existe
um tipo de “Lei de Gresham”. Informação tende a afastar conhecimento. Sendo passiva, a
informação é “mais fácil” do que conhecimento. Sendo tão fácil, é mais freqüente do que
conhecimento. Entretanto, ser meramente “informado” é estar a mercê dos que emitem as
mensagens. Pode-se ser informado, mas o raciocínio foi feito por outros. Ser instruído
coloca alguém na posição de emissor de uma mensagem. Alguém “sabe” algo. Em uma
sociedade de informação, informação é escrava dos pensamentos dos outros;
conhecimento é poder e liberdade de pensar por si mesmo.
Mas, em uma sociedade de informação, o significado do verbo “saber” também muda.
Herbert Simon, ganhador do prêmio Nobel, afirma que no passado, “conhecer” significava
ter na memória; possuía-se um pedacinho do conhecimento. Hoje, existe muito
conhecimento para se ter na memória, ou para se possuir, pessoalmente ou
institucionalmente. Bibliotecas têm grande dificuldade para coletar mesmo uma pequena
fração da informação e do conhecimento existente. Ao invés, “saber”, de acordo com
Simon, significa ter acesso ao processo de informação. “Possuir” é substituído por ter
acesso (Molnar, 1978).

A educação terá que refletir esta mudança no significado de “saber” para atender suas
finalidades em uma realidade de informação.

Existe, simplesmente, muita informação para as escolas fazerem uso de maneira efetiva.
Os dias do professor comunicando informação pessoalmente, “de um palco” para os
alunos, estão contados. Os dias de livro-texto ocupando um lugar proeminente na
educação estão também contados. Ambos estes métodos tradicionais implicam em
“possuir” informação e conhecimento. “Possuir” informação e conhecimento é uma idéia
que tem pouca utilidade em uma sociedade de informação.

Ao invés, a escola se tornará um canal para informação e sua função como tal, será
dupla. Primeiro, proverá ao estudante acesso à informação e ao conhecimento.
Segundo,será um filtro para o ruído. Existe tanta informação disponível, que o estudante
precisará de ajuda para distingüir o significado do ruído. O professor estará interessado
em ajudar o estudante através do processo de análise e de síntese. Estas aptidões
levarão à descoberta de conceitos. Conceitos são as substâncias do conhecimento.

O professor em uma sociedade de informação vai se tornar um guia. Fatos e informações


deixarão de ser enfatizadas a eles; ao invés, se preocuparão principalmente com o
desenvolvimento da habilidade de pensar, servindo como guias para filtrar o ruído,
ajudando na análise de dados. O objetivo será a aquisição de conceitos ou a síntese de
informações.

Alfabetização em uma sociedade e informação

Neil Postman define informações como a habilidade de manipular os meios de


comunicação (Postman, 1971). Como a matéria da comunicação é a informação, então
ser alfabetizado é ser alfabetizado em informação. Alfabetização é ao mesmo tempo ativa
e passiva. Pode-se receber e mandar mensagens. Para ser alfabetizado, deve-se ser
informado e instruído, deve-se ser capaz de analisar dados (formar conceitos). Se o
principal meio de comunicação é a imprensa, então saber ler e escrever será suficiente
para ser alfabetizado. Mas, em uma sociedade de informação, os meios eletrônicos
substituíram a imprensa como o principal meio de comunicação. Ser capaz de ler e
escrever pode não significar que se é funcionalmente alfabetizado em uma sociedade de
informação.

Para se funcionar produtivamente em uma sociedade de informação, é preciso ser


alfabetizado em informação. Alfabetização em informação é um novo conceito, com
algumas tentativas de definição, de natureza específica, geralmente referentes à
competência em se usar instrumentos de informação para atacar um problema específico
(Garfield, 1979; Taylor, 1979). A ênfase é posta essencialmente nos instrumentos,
principalmente no computador. Alfabetização é a habilidade de manipular os meios de
comunicação. Como informação é a matéria da comunicação, alfabetização e
alfabetização em informação são a mesma coisa. A definição de alfabetização permanece
a mesma. Os meios de comunicação mudam. Isto quer dizer que novas aptidões são
necessárias, à medida que novos meios são desenvolvidos. Alfabetização está se
tornando mais complexa. Para ser funcionalmente alfabetizado em uma sociedade de
informação, deve-se ser alfabetizado oralmente, alfabetizado visualmente, e alfabetizado
em computadores.

Antes de explorar cada um destes tipos de alfabetização, vamos focalizar os elementos


da alfabetização. Schramm coloca que os seres humanos são capazes de abstrair
mensagens na linguagem. Isto envolveria a decodificação da mensagem em uma forma
ou linguagem que possa ser compreendida. Ler uma mensagem impressa é um exemplo.
O leitor pega os símbolos impressos e os decodifica em uma forma que ele/ela entenda,
geralmente uma linguagem mental. Este processo corresponderia à parte de análise do
modelo. O segundo elemento é o uso da linguagem. Este elemento tem duas partes: a
primeira é a tradução. Isto significa pegar a mensagem em uma forma e colocá-la em
outra, o que poderia ser pegar uma mensagem falada e escrevê-la no papel, ou ler a
descrição de uma montanha e fazer uma fotografia dela. Tradução é uma medida de
compreensão, mostra a compreensão de uma mensagem por parte do receptor. Como a
compreensão, a tradução também é analítica. Relacionada intimamente à tradução é o
uso da linguagem para criar uma mensagem. O receptor agora se tornou o emissor. A
criação é ativa, o criador de mensagem controla o conteúdo. Verdadeiro comando da
alfabetização ocorre com a mestria da criação nos meios de comunicação. O elemento
final da alfabetização é a avaliação. Avaliação não é separada da compreensão e do uso,
mas,simultânea. Discriminação da mensagem está envolvida. O significado é avaliado em
termos de outras mensagens. Um valor pode ser atribuído. A mensagem se tornará
incorporada. Avaliação é sintética e em grande parte a mesma em todos os meios de
comunicação.

Para ser alfabetizado em uma sociedade de informação, é preciso ser competente na


manipulação de várias formas dos meios em cada um dos elementos. Os elementos são
a compreensão, tradução, criação e avaliação. Os meios são a escrita, oral, visual, e
comunicação no computador.

Alfabetização da escrita

A escrita é o meio tradicional de comunicação. Com a invenção da datilografia, a escrita


tornou-se o primeiro meio a ser multiplicado. A alfabetização na escrita tem sido o
principal objetivo da educação pública, e continuará a ser importante. Entretanto a escrita
não tem mais os direitos exclusivos na alfabetização.

Compreender a linguagem da escrita significa poder ler e decodificar os símbolos da


escrita em uma mensagem mental. Tradução da escrita pode ser da escrita para qualquer
forma de comunicação. Geralmente,a compreensão é demonstrada através da fala. A
criação da linguagem impressa é a escrita. A escrita é um exercício sintético, uma tarefa
em pensamento de nível mais elevado.

A exclusividade da alfabetização na escrita é desafiada hoje por outros meios eletrônicos.


Som e imagem podem ser transmitidos mais rapidamente e para um maior número de
pessoas do que a escrita.

Alfabetização Oral
Através do uso generalizado do rádio, gravações e telefones, a alfabetização oral tornou-
se importante. Televisão e filmes também fazem amplo uso de mensagens orais em
combinação com mensagens visuais. Para se entender mensagens orais, é necessário
escutar. Para se criar mensagens orais, é preciso falar. Mas, criar é mais complicado do
que produzir fala. Para se criar fala em uma sociedade de informação, de maneira
produtiva, é preciso também manipular os meios orais: equipamentos de gravação,
transmissores e amplificadores.

Alfabetização Visual

Alfabetização visual é complexa, mas essencial em uma sociedade de informação.


Mensagens visuais proliferam em nosso meio através da televisão, de filmes, fotografias,
arte, dança ,linguagem do corpo, e qualquer coisa que possa ser vista. Pesquisa
educacional tem evidenciado que mensagens orais combinadas às visuais são mais bem
retidas, por um espaço de tempo maior por estudantes do que qualquer outra mensagem
(Nelsen, 1979). A televisão tem sido chamada o primeiro currículo das crianças de hoje
(Postman, 1979). Crianças passam mais tempo vendo televisão, do que fazendo qualquer
outra coisa, com exceção de dormir.

Esta proliferação de mensagens visuais vem gerando um movimento de alfabetização


visual. Este movimento baseia-se nos pressupostos de que: (a) existe uma linguagem
visual, (b) as pessoas podem pensar, pensam visualmente, (c) as pessoas podem
aprender, e aprendem visualmente, (d) as pessoas podem e devem se expressar
visualmente e (e) as escolas precisam ensinar aptidões visuais (Claybacke et al, 1980).

O objetivo aqui não é me aprofundar na discussão da natureza da alfabetização visual. Há


trabalhos na bibliografia deste artigo que cumprem este objetivo. Entretanto, parece
importante citar algumas características da linguagem visual.

A linguagem visual tem elementos de um vocabulário. Estes incluem o ponto, linha,


formato, direção, tom, textura, escala, dimensão e noção. Há também um contexto ou
sintaxe da linguagem visual. Isso inclui a relação (contraste ou harmonia) entre os
elementos. Existe também uma gramática ou arranjo. Isto diz respeito à relação visual e
outros visuais (Clayback at al, Dondir, 1973).

A linguagem visual ocorre em três níveis. Um é a apresentação. O visual representa uma


ocorrência do meio ambiente. Uma fotografia de uma família é um exemplo. A maioria das
mensagens visuais ocorre em um nível representacional. Um segundo nível é o simbólico.
Assim como o alfabeto é o símbolo da escrita, símbolos visuais também existem. Um
exemplo seria uma luz vermelha na confluência de duas ruas. A mensagem é parar. O
terceiro nível é o mais raro e o mais difícil de escrever, o abstrato. Este nível é
provavelmente a mensagem visual mais pura. Talvez a melhor descrição seja que a
mensagem abstrata não é simbólica de outra mensagem nem representa o ambiente. É
pura linguagem visual.

Para compreender mensagens visuais, deve-se olhar, enxergar ou ver. A Tradução ocorre
quando a mensagem visual é descrita. Para que o indivíduo seja alfabetizado
visualmente, é essencial que ele seja capaz de criar visuais. Dançar, tirar uma fotografia,
fazer um trabalho de arte é criar uma mensagem visual. Mas como mensagens orais,
mensagens visuais e a sua criação, são dependentes do uso competente dos meios
visuais. Um pincel, uma linguagem de corpo e uma máquina fotográfica, precisam ser
dominados para produzir uma mensagem visual. Avaliação é um outro elemento essencial
em alfabetização visual. Apesar de muita informação que recebemos ser visual
,compreendemos pouco dos efeitos visuais no nosso pensamento e ações. Crianças,
mesmo adultos, deixam a desejar na discriminação de mensagens visuais.

Alfabetização visual tem tradicionalmente encontrado resistência ou é deixada para um


segundo plano. A resistência geralmente é devida ao sentimento de que alfabetização
visual danifica o desenvolvimento de alfabetização escrita. O uso de meios visuais é tão
prolífero fora das escolas,que muitos professores sentem que usar recursos visuais ou
ensinar aptidões visuais ,aumenta o problema de crianças super- expostas aos meios.
Muitos ignoram a alfabetização visual por não ser tradicional. Alguns reconheceram a
importância que a mensagem visual tem nos dias de hoje.

O fato é que crianças aprendem e estão aprendendo visualmente. Mensagens visuais


tornaram-se uma fonte vital de informações. Retratos vindos de Saturno, o lançamento do
Foguete Espacial, a cobertura dos jogos olímpicos e casamentos reais, são exemplo de
eventos que podem ser mais bem descritos visualmente. As crianças de hoje são
analfabetas visualmente porque seu treinamento ignorou o ensino de aptidões de nível
mais alto associadas à imagem visual. Seu envolvimento permanece passivo. Elas não
têm controle sobre as mensagens. Deve-se ensinar às crianças as aptidões sintéticas de
criar e avaliar mensagens visuais. Só então elas se tornarão visualmente alfabetizadas.

Alfabetização no computador

Com a explosão da informação, o computador se tornou um instrumento essencial na


sociedade de informação. Existe muita informação hoje em dia para ser manuseada e
guardada de maneira manual. Apenas o computador pode controlar e disseminar
informações num ambiente rico em informações. Para funcionar produtivamente na
sociedade de informação, é necessária também a alfabetização no caso dos
computadores.

Andrew Molnar descreveu alfabetização no computador como a próxima crise educacional


(Molnar, 1978). Por causa da explosão de informação, o computador tornou-se (a) um
amplificador do pensamento humano, (b) um repositório para imensas quantidades dos
dados, informações e conhecimentos existentes no mundo, e (c) um mecanismo para
solução de problemas complexos. Esta importância da informação e da tecnologia de
computador na economia, redefiniu a natureza do trabalho. O pensamento está sendo
mais valorizado. Novas aptidões ocupacionais serão necessárias para os trabalhadores
nesta economia.

Devido ao volume crescente de informação usada na economia de hoje, os computadores


devem ser dominados para tornar o trabalho produtivo. O computador ajuda a filtrar o
ruído, ajuda a analisar. A chave para a produtividade é o acesso à informação, e não a
posse da informação.

Ser analfabeto no computador significa ser incapaz de participar de uma sociedade de


informação. Falta de participação na sociedade pode ameaçar nossa democracia. Outro
custo é a descoberta que a educação da pessoa está incompleta, que a pessoa foi
impropriamente treinada para um trabalho. Isto pode levar a sentimentos de
incompetência. Um custo final de ser analfabeto no computador, é a fobia do computador.
A pessoa pode ter medo de ser substituída ou controlada por uma máquina. Um
sentimento de desumanização pode ocorrer.
Apesar da necessidade de alfabetização no computador ser imensa, Molnar acha que,
infelizmente, as escolas não estão em uma boa situação para lidar com isso. O
movimento “Back to Basics” enfatizou alfabetização da escrita. A participação em aulas de
matemática e ciências caiu. Orçamentos apertados criaram mais dependências a livros
ultrapassados, que os professores estão usando devido à pressão pela alfabetização da
escrita, do movimento Basics. Mais professores estão ensinando em áreas nas quais não
estão treinados para ensinar. Existe pouco dinheiro disponível para uma educação de
computador significante.

O que significa ser alfabetizado em computador? Daniel Watt descreve alfabetização no


computador como “coleção de aptidões, valores e relacionamentos que permitem que
uma pessoa funcione confortavelmente como um cidadão produtivo de uma sociedade
orientada para o computador”. Watts (1980) lista ,então, quatro áreas de alfabetização do
computador.

1. A habilidade de controlar e programar um computador para conseguir uma gama de


objetivos pessoais, acadêmicos e profissionais.

2. A habilidade de usar uma variedade de aplicações pré-programadas do computador em


contexto pessoal, acadêmico e profissional.

3. A habilidade para compreender o crescente impacto econômico, social e psicológico


dos computadores nos indivíduos, em grupos na nossa sociedade, e na sociedade como
um todo.

4. A habilidade de usar idéias do mundo das aplicações do computador como parte de


uma coleção de estratégias para resgate das informações, comunicação e resolução de
problemas.

O consórcio Educacional de Minesota segue uma abordagem um pouco diferente de


alfabetização no computador. Eles vêem o alfabetizado no computador como alguém que
tem conhecimento de hardware e software e é competente em programação, tem
conhecimento das aplicações de computadores; reconhece o impacto de computadores
na sociedade e desenvolve atitudes e valores positivos em relação ao
computador,além da motivação para usá-lo (Johnson et al, 1980).

Utilizando a relação anterior de elementos de alfabetização, podemos pensar em


compreender mensagens de computador como conhecimento de “hardware” e “software”
e a habilidade de usar material pré-programado. Tradução é a habilidade para usar a
informação no computador e de interagir com ele. Criação em computador significa que a
pessoa precisa saber como programar um computador. Considerando que o controle de
um meio de comunicação depende da criação,as aptidões de programação de
computador são uma necessidade para uma pessoa alfabetizada em uma sociedade de
informação. A avaliação focalizará na síntese da informação e no conhecimento dos
efeitos de computadores na sociedade.
Conclusões

A proeminência da informação na sociedade e a alta de tecnologia de meios eletrônicos e


computadores, que controlam e disseminam informações, são fatos que não
desaparecerão se os ignorarmos ou a eles resistirmos. Para as pessoas funcionarem
produtivamente em uma sociedade de informação, elas precisam de aptidões que vão
além da avaliação tradicional na escrita. A alfabetização ensinada nas escolas deve ser
expandida para incluir todos os mais importantes meios de comunicação.

A verdadeira alfabetização é bi-dimensional. A citação de George Orwell no início ilustra


isto. Pensar bem depende de aptidões sintéticas de criar e avaliar. Na alfabetização da
escrita, isto significa ser capaz de escrever. Escrever bem significa pensar bem. A pessoa
que pode escrever também controla a mensagem. A pessoa que apenas lê está à mercê
das mensagens dos outros. Elas “pensam” por ele ou ela.

É assim com todos os meios de comunicação. A compreensão da mensagem de qualquer


meio é uma atividade passiva - a mensagem é mandada por alguém. A pessoa é apenas
um receptor. Compreender é apenas receber. O controle está com o emissor. Para evitar
controle pelos outros, um medo que muitos têm dos meios eletrônicos e dos
computadores, as pessoas terão que aprender as aptidões sintéticas necessárias para
manipular os meios de comunicação. A mestria das aptidões de criação e de avaliação,
produz pessoas funcionalmente produtivas em uma sociedade de informação. Esta
mestria permite que as pessoas se tornem os cidadãos instruídos dos quais a sociedade
necessita.

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