You are on page 1of 348

Um homem chamado Jesus

Tim LaHaye

Título original:
Traduzido por Rubens Castilho
United Press
Digitalizado por: #Pati#
Formatado por: SusanaCap
WWW.PORTALDETONANDO.COM.BR/FORUMNOVO/
Dedicatória
A todos aqueles que crêem que o Jesus de Nazaré
histórico foi realmente o Filho de Deus em forma
humana, que morreu na cruz e ressurgiu três dias
depois — e a todos os que desejam encontrar razões
lógicas e convincentes para crer.

Sumário:
INTRODUÇÃO: QUASE UM CÉTICO 3
A NECESSIDADE DESTE LIVRO 7
PARTE I: QUEM É JESUS? 10
1. A PESSOA MAIS EXTRAORDINÁRIA QUE JÁ VIVEU 10
2. O QUE HÁ COM OS CÉTICOS? 24
3. A CREDIBILIDADE DAS NARRATIVAS DO EVANGELHO 40
4. VÁRIAS OPINIÕES SOBRE JESUS DE NAZARÉ 65
5. QUEM JESUS DISSE QUE ERA 77
PARTE II : A EVIDÊNCIA DAS TESTEMUNHAS OCULARES 92
6. O TESTEMUNHO DE JOÃO BATISTA 92
7. O TESTEMUNHO DO APÓSTOLO PEDRO 104
8. O TESTEMUNHO DO APÓSTOLO JOÃO 118
9. O TESTEMUNHO DO APÓSTOLO PAULO 126
10. O TESTEMUNHO DO PRÓPRIO DEUS 142
PARTE III: O QUE SUAS OBRAS PROVAM SOBRE ELE 151
11. SEUS MILAGRES COMO TESTEMUNHOS DE SUA IDENTIDADE 151
12. JESUS RECEBEU ADORAÇÃO 172
13. SOMENTE DEUS PODE PERDOAR 183
14. O TESTEMUNHO DO CUMPRIMENTO DAS PROFECIAS - PARTE I 194
15. O TESTEMUNHO DO CUMPRIMENTO DAS PROFECIAS – PARTE II 217
PARTE IV: EVIDÊNCIA DE SUA RESSURREIÇÃO 247
16. A RESSURREIÇÃO DE JESUS: O RESTANTE DA HISTÓRIA 247
17. A RESSURREIÇÃO DE JESUS PODE SER PROVADA? 275
18. ALGUMAS TEORIAS FALSAS SOBRE A RESSURREIÇÃO DE JESUS 306
PARTE V : QUEM ELE É PARA VOCÊ? 327
19. EVIDÊNCIA QUE REQUER UMA DECISÃO 327
Contracapa:
Conhecido como Jesus de Nazaré, sua vida tem
inspirado mais obras de arte, músicas e discussões do
que qualquer rei, líder militar, cientista ou educador.
Quem pode ter exercido maior influência na civilização
do que Jesus, se até os séculos são separados pela
data de seu nascimento?
A identidade de Jesus, sua atividade e sua
divindade têm sido debatidas ferozmente desde sua
passagem pela Terra. A influência de Jesus no mundo
moderno é imensurável. Esta influência de Jesus no
mundo moderno é imensurável. Esta influência e a
constante busca humana pela verdade nos leva a
procurar respostas a uma pergunta apresentada pelas
mais diversas pessoas nos mais diferentes contextos.
Quem é esse homem chamado Jesus?
É esta a pergunta que Tim LaHaye se propõe a
responder neste livro. Examinando as evidências
cuidadosamente, ele procura revelar o aspecto mais
importante da vida de Jesus: sua divindade como o
legítimo Filho de Deus.
Traga seu ceticismo para este livro e deixe que
uma erudição honesta e uma fé invencível o
destruam!

INTRODUÇÃO: Quase Um Cético

Por pouco não me tornei um cético na escola


dominical. Talvez ao superar a minha crise, adquiri a
capacidade de ser mais compreensivo e paciente com
aqueles que guardam perguntas não respondidas e
dúvidas filosóficas honestas sobre Deus, a Bíblia e
Jesus Cristo.
Meu professor da escola dominical era um bom
homem. Tenho certeza de que ele era bem-
intencionado, mas tinha uma formação deficiente e
quase nenhum tempo para preparar adequadamente
sua lição. Ele era faxineiro no turno da noite na
montadora da Ford em Dearborn, Michigan, perto de
Detroit. Nossa classe de meninos reunia-se na galeria
— no setor destinado ao coro — de uma igreja situada
na avenida Williamson.
Infelizmente para nós, o professor possuía um
conhecimento escasso da Bíblia e mal sabia ensinar.
Quase todos os domingos ele se colocava diante de
nós e nervosamente fazia da revista trimestral das
lições um canudo, apertando-a e torcendo-a, sempre
dizendo a mesma coisa: “Não tive tempo para estudar
minha lição esta semana, rapazes, mas vamos ver o
que Deus tem para nós”. Devo confessar que,
qualquer que fosse a mensagem que Deus tinha para
nós, o professor falhava em nos transmitir. No
entanto, de um modo ou de outro, esse homem foi
nosso professor por dois anos nas classes de treze e
de quatorze anos.
Para piorar as coisas, meu professor de biologia
no primeiro grau foi um ardoroso evolucionista e um
propagador do ateísmo. Ele nos dizia repetidas vezes
que Deus não existia, que não havia vida após a morte
e que milagres eram impossíveis. O Sr. Babel (acredite
ou não, este era seu nome verdadeiro) tinha obtido
seu mestrado em ciência na Universidade de Michigan.
Ele sempre vinha para a aula preparado e era muito
convincente.
Não me considero um intelectual ou pensador
profundo, mas sou abençoado (ou, como alguns de
meus amigos diriam, “amaldiçoado”) com uma mente
muito ocupada e inquiridora. Tenho dificuldade de
aceitar qualquer coisa que não esteja sustentada por
razões lógicas. Não importa o que seja dito, se eu não
tiver assimilado, posso preliminarmente fazer uma
pergunta para me certificar de sua validade.
Um dia, espremi meu bem-intencionado professor
da escola dominical além de seus limites, por meio de
uma infindável lista de perguntas. “Por que Jesus fez
aquilo?” “Podemos provar isso?” “Como saber se é
verdade?” Finalmente, exasperado, ele vociferou: “Tim
LaHaye, se você não parar com todas essas perguntas,
vou expulsá-lo desta classe!” E então acrescentou
algo que eu não podia aceitar: “Por que você
simplesmente não crê?”
Com toda honestidade, considerei aquilo
intolerável. Apenas crer? Isto era tudo o que o
cristianismo lógico podia conter? A fé era como uma
infecção virótica que algumas pessoas “pegavam” e
outras não? Muito embora eu tivesse aceitado Jesus
como meu Senhor e Salvador no quarto ano primário,
estava passando por um momento crítico. Tinha
dificuldade para crer que tudo o que aprendera era
verdadeiro. Queria saber tudo sobre Jesus, suas
afirmações sobre si mesmo e sobre os testemunhos de
outros. Mesmo estando na oitava série, eu tinha uma
boa base sobre o cristianismo para identificar Jesus
Cristo como sua figura central. Se suas afirmações não
pudessem ser sustentadas, se as coisas que a Bíblia
ensinava sobre Ele não pudessem ser verificadas,
então Ele não era o que dizia ser. E, como um castelo
de cartas, o cristianismo se desmantelaria.
Poucas semanas depois, nosso fiel pastor disse
algo que nunca esqueci. “Se alguns dentre vocês têm
dúvidas a respeito do cristianismo, e particularmente
sobre Cristo”, “não tenham receio de admitir isso
diante de Deus e procurar as respostas na Bíblia. Deus
não espera que creiamos cegamente. Pelo contrário,
Ele espera que usemos nossas mentes.” Então citou
em Hebreus o que o profeta Isaías havia escrito —
“‘Vinde, pois, e arrazoemos’ diz o Senhor” (Isaias
1.18). Pela primeira vez, entendi que eu estava tendo
permissão, e até mesmo incentivo, para ter uma
mente inquiridora. Vi que o próprio Deus nos desafiou
a usar a razão para determinar aquilo em que
acreditamos.
Aquele momento marcou o início de uma busca
da verdade, resultando na descoberta de muitas
razões lógicas e históricas de minha fé. Finalmente,
encontrei razões mais do que adequadas para crer que
Jesus Cristo, a figura central do cristianismo, é quem
Ele mesmo disse que era: “o Filho de Deus” que “veio
buscar e salvar o perdido” (Lucas 19.10).
Hoje posso dizer honestamente que minhas
dúvidas e indagações têm sido mais do que
respondidas. As respostas que encontrei devem
desafiar qualquer cético sincero a examinar a
imperiosa evidência da real identidade de Jesus de
Nazaré. Creio que há muito mais evidência para
acreditar nas afirmações de Cristo do que para rejeitá-
las, mais perguntas respondidas do que não
respondidas. Na verdade, estou convencido de que,
quando aprofundamos nossas questões e examinamos
inteiramente nossa evidência, concluímos que Jesus de
Nazaré foi uma pessoa única. Vamos também
descobrir que é extremamente difícil apresentar
razões críveis para seu poderoso impacto na história
humana... insuficiente para reconhecer que Ele foi,
sem dúvida, uma deidade em forma humana.
Este livro será bastante útil a todos aqueles que
são sinceros em suas dúvidas — sejam eles cristãos
que abrigam perguntas sem respostas, descrentes ou
céticos sinceros. Tenho visto muitos cristãos
aumentarem seu amor e dedicação a Jesus Cristo ao
se tornarem mais convencidos sobre quem Ele
realmente é. À medida que suas dúvidas
impertinentes e perguntas persistentes foram
enterradas, a fé de tais pessoas se fortaleceu. Tenho
visto, ainda, uma mudança nas atitudes de descrentes
e céticos ao compreenderem, conforme as palavras do
apóstolo Pedro, que não seguimos “fábulas
engenhosamente inventadas” (2 Pedro 1.16). Afinal,
nossa crença e aceitação da pessoa e divindade do
Jesus Cristo histórico é intelectualmente idônea e
logicamente racional. Portanto, quando tais pessoas
percebem que somos pessoas lógicas, elas também
abraçam a fé.

A Necessidade Deste Livro

Dewey Bertolini é um pastor amigo meu que tem


dado palestras para jovens secundaristas e
universitários por mais de vinte e dois anos. Dewey
tem falado a mais de quinhentos grupos de
adolescentes de hoje. Ele afirma que os jovens
atualmente estão se desenvolvendo com pouco ou
nenhum conhecimento de Jesus Cristo. A menção do
nome do Senhor em qualquer coisa, exceto pelo lado
profano, tem sido proibida ou evitada tanto na
educação pública como na televisão;
conseqüentemente, a menos que os pais levem seus
filhos e filhas regularmente à igreja, muitos não terão
um indício sequer de quem é realmente o Filho de
Deus.
Para ilustrar este triste fato, Dewey relatou como
lhe foi dada uma oportunidade de dar aula a uma
classe do segundo grau a apenas um mês antes de
sua graduação. Ele apresentou o nome de Jesus Cristo
e ficou pasmo diante do absoluto desconhecimento da
classe. Curioso sobre aquele analfabetismo espiritual,
ele dividiu a classe em grupos para discutir o tema e
deu aos estudantes vinte minutos para formularem
uma definição de Jesus. Finalmente os grupos
reuniram suas descobertas e trouxeram a seguinte
conclusão, que representava o pensamento de toda a
classe: “Jesus Cristo é algum cara religioso que viveu
há uns duzentos anos.” Dewey acrescentou: “Eles
achavam que Jesus Cristo tinha sido contemporâneo
de George Washington, primeiro presidente dos
Estados Unidos.”
Dewey falou, em seguida, de uma caminhada que
fez pelos corredores de uma das maiores escolas
secundárias da cidade, quando observou um
estudante bater acidentalmente uma porta sobre a
mão de um colega. O estudante machucado começou
a blasfemar usando o nome de Jesus Cristo. Em vez de
desconsiderar a explosão de raiva e dor, Dewey
aproximou-se do jovem, expressou seu sentimento
pelo acontecido e, então, perguntou: “Você se importa
se eu lhe perguntar por que usou o nome de meu
amigo dessa forma?”
“Nome de quem?” disse o estudante confuso.
“Jesus Cristo”, respondeu Dewey.
“Quem é ele?” perguntou o jovem.
Acredite ou não, aquele jovem nada sabia a
respeito daquele “nome que está acima de todo
nome” (Filipenses 2.9), e usava-o como um termo
profano quando as coisas não iam bem.
Sei que esses jovens mal informados não
representam o consenso da juventude norte-
americana, mas quem pode negar que eles
representam a crescente ignorância e falta de respeito
pela pessoa mais importante que já viveu neste
mundo? É minha oração que este livro não somente
elucide quem Ele é, mas que o comprove de maneira
compreensível para todos.
Um Homem Chamado Jesus é a culminância de
toda uma vida de investigação. O livro não contém
todas as respostas que encontramos, mas inclui as
melhores. Presumo que você vai achar essas respostas
convincentes. É minha esperança que você as
compartilhe com outros que, como o antigo Tim
LaHaye, estão carregados de perguntas e dúvidas.
Os céticos sinceros não duvidam porque não há
respostas a suas perguntas sobre a identidade de
Jesus; eles duvidam porque não lhes foram fornecidas
tais respostas. O apóstolo Pedro desafiou os cristãos
de todas as partes “para responder a todo aquele que
vos pedir RAZÃO da esperança que há em vós...” (1
Pedro 3.15).
Este livro irá não apenas estimular os cristãos e
fornecer-lhes respostas claras para as dúvidas que
surgirem em seu caminho, mas espero que possa
também responder àqueles que foram vítimas dos Srs.
Babéis deste mundo. Aprendam com um “ex-Tomé
incrédulo” da escola dominical: a caminhada ao longo
da estrada do conhecimento vale mais do que a
própria viagem.

Parte I: Quem É Jesus?

1. A Pessoa Mais Extraordinária Que Já


Viveu

Ele era conhecido em sua época como Jesus de


Nazaré. Trabalhou como carpinteiro a maior parte de
sua vida adulta. Entretanto, Ele foi tão extraordinário
pela forma como viveu e pela influência que exerceu
sobre a humanidade que a palavra “extraordinário”
não consegue caracterizá-lo.
Ninguém mais — nem reis, ditadores, cientistas,
educadores ou líderes militares — deu uma
contribuição maior que a de Jesus à história do mundo.
Pelo menos doze bilhões de pessoas passaram por
este planeta, mas até hoje, quase dois mil anos depois
de sua morte, ninguém chegou sequer perto de ocupar
a posição singular que Ele ocupou na história.
Nunca faltaram a este mundo grandes homens e
mulheres. A história está repleta de nomes como
Salomão, Davi, Hamurabi, Ciro, Alexandre o Grande,
César, Gêngis Khan, Joana d’Arc, Napoleão Bonaparte,
George Washington, Isaac Newton, Florence
Nightingale... a lista continua infinitamente.
Mas ninguém se aproxima de Jesus Cristo em sua
influência sobre a humanidade.
O próprio H. G. Wells, romancista e historiador
inglês, autor de cinco volumes sobre a história do
mundo, presentes nas prateleiras de quase todas as
bibliotecas de faculdades e universidades, acabou
dando mais espaço a Jesus Cristo do que a qualquer
outro. E Wells não foi nenhum amigo da fé! Na
realidade, seus biógrafos retratam-no como um cético
ou, possivelmente, um ateu. No entanto, como um
verdadeiro historiador, ele não pôde desconsiderar a
maior de todas as personalidades que já viveram.

Inigualável em Sua Vida e Ensinamentos

Acima de qualquer dúvida, Jesus Cristo é a pessoa


mais estudada, discutida e analisada que já viveu.
Mesmo depois de vinte séculos, Ele tem mais
defensores e oponentes do que qualquer outra figura
isoladamente. Enquanto existem literalmente milhares
de acadêmicos renomados que de boa vontade o
confessam como Senhor, há também outros milhares
que, se pudessem, destruiriam sua credibilidade.
Desde o início Ele teve tanto seguidores como
caluniadores, e temos sido advertidos de que esta
situação perdurará até o final dos tempos.
No próximo capítulo vamos comentar
ligeiramente sobre o tão falado Seminário Jesus, um
grupo de setenta e dois estudiosos liberais que se
encontram duas vezes por ano em um esforço de
redesenhar a vida e o caráter de Jesus. Remodelando-
o como um simples “sábio ou cínico”, eles tentam
despojá-lo de sua singularidade. Entretanto, a despeito
de seu fácil acesso à mídia popular, incluindo
Newsweek, Time e U.S. News and World Report, não
tiveram êxito na conquista de muitos adeptos. Na
verdade, seu maior sucesso foi fazer com que muitos
estudiosos, escritores e teólogos — homens brilhantes
que examinaram a evidência da singularidade de Jesus
— publicassem suas razões sólidas e dignas de crédito
para crerem que Jesus Cristo foi de fato aquele que os
evangelhos retratam, a mais extraordinária e influente
pessoa que já passou pela Terra.
Os eruditos do Seminário Jesus, assim como
outros como eles, têm dificuldades para explicar como
um simples sábio ou cínico poderia ter influenciado o
mundo de forma tão fantástica como Jesus. A grande
pergunta resume-se nisto: Quem foi Jesus de Nazaré?
Se Ele foi apenas um notável carpinteiro nascido em
um país obscuro, mesmo as mentes céticas mais
aguçadas têm dificuldade de explicar por que, de
todas as pessoas brilhantes que já existiram, Jesus
permanece em uma categoria própria.
Isaac Newton é considerado por muitos
especialistas o mais brilhante cientista que já existiu.
Entretanto, esse homem jamais tentou comparar-se a
Jesus Cristo; pelo contrário, sabemos que ele foi um
crente ardoroso e seguidor fiel do Nazareno. Blaise
Pascal é considerado um dos maiores filósofos do
mundo e, no entanto, como Newton, nunca tentou
usurpar o lugar de Jesus Cristo. Pascal creu durante
toda sua vida no Salvador, até sua morte dolorosa. O
mesmo pode ser dito de Willian Gladstone, Louis
Pasteur e de milhares de eruditos, cientistas juristas e
escritores brilhantes, bem como de milhões de
pessoas comuns. Todos eles estudaram sua vida e
seus ensinos, exa minaram ambos os lados das
evidências e vieram a crer mais d que nunca que Jesus
é o Filho de Deus — incomparável entre todos os que
existiram.

Inigualável por Seu Impacto

Para colocarmos a influência de Jesus em


perspectiva, consideremos vários aspectos
proeminentes de sua singularidade. Jesus de Nazaré é
incomparável como influência moral. Sua vida e seus
ensinos continuam insuperáveis em sua capacidade de
guiar culturas, tribos e pessoas, tirando-as de sua
confusão moral.
Jesus de Nazaré é incomparável como influência
artística. Ele tem servido de inspiração na arte e na
música do mundo mais do que qualquer outra pessoa.
Alguns dos maiores oratórios e hinos da história foram
escritos a respeito dele ou para Ele. Jesus é o tema
central de mais livros e música do que qualquer outro
indivíduo. A Biblioteca do Congresso norte-americano,
considerada a mais completa biblioteca do mundo,
registra mais obras sobre Jesus do que sobre qualquer
outra pessoa.
Jesus de Nazaré é incomparável como influência
humanitária. Mais hospitais, orfanatos, casas de
repouso e missões de salvamento têm sido dedicados
a Ele do que a todos os líderes religiosos reunidos.
Mais esforços para ajudar pessoas têm sido realizados,
financiados e perpetuados por seus seguidores do que
todos os outros juntos.
Jesus de Nazaré é incomparável em sua
capacidade de inspirar devoção. Nenhum outro
indivíduo nos últimos dois mil anos atraiu maior
dedicação entre seus seguidores. Embora Jesus nunca
tenha levantado um exército durante seus três anos e
meio de ministério, milhões e milhões de seus
seguidores espalharam-se pelas partes mais remotas
do planeta para levar sua mensagem — não por
dinheiro, terras ou recompensas materiais, mas por
pura devoção a Ele.
Jesus de Nazaré é incomparável como influência
escolástica. Embora nunca tenha fundado uma
faculdade, seus ensinamentos e seus seguidores
contribuíram mais para as instituições de alfabetização
e matérias educativas — de todos os níveis, desde o
jardim da infância até as universidades — do que
todos os outros reunidos. Somente nos Estados
Unidos, uma nação de instituições educativas, 128
faculdades foram estabelecidas nos primeiros cem
anos da história do país — fundadas por uma igreja,
denominação, ou grupo religioso. Harvard, Princeton e
Yale, que foram os centros da educação norte-
americana durante duzentos anos, foram criadas para
preparar ministros, missionários e líderes cristãos.
Além disso, numerosas faculdades cristãs foram
fundadas em honra do Mestre.
Antes que o evangelho chegasse à América,
foram os seguidores de Jesus Cristo que proveram
educação às crianças de famílias comuns. Antes de
Martinho Lutero na Alemanha e João Calvino na França
e na Suíça, somente os ricos, os membros da realeza
ou gênios do mundo eram considerados aptos para a
educação. Porém esses grandes reformadores viram a
educação como meio de ensinar a Bíblia a todas as
gerações, as quais, pela primeira vez, puderam ler as
Escrituras em suas línguas maternas. Os colonizadores
implantaram esse modelo no Novo Mundo. Não foi por
mero acaso que esse direcionamento para a educação
das crianças entre os séculos dezesseis e dezoito
lançou as bases para o crescimento explosivo da
Revolução Industrial do século dezenove.
Em flagrante contraste, as culturas seculares do
mundo pouco fizeram para alfabetizar milhares de
tribos indígenas que (em um determinado estágio) não
possuíam uma linguagem escrita. Enquanto isso, os
seguidores de Jesus traduziam a Bíblia em incontáveis
línguas e ensinavam milhões a ler. A intenção desses
desbravadores era prover a alfabetização e levar a
Bíblia a todas as tribos do mundo na virada do
próximo milênio. A razão para isso? Dedicação a Jesus
Cristo.
Jesus de Nazaré é incomparável em seu impacto
sobre as mulheres. Ninguém fez tanto para elevar a
dignidade da mulher em geral e da maternidade do
que Jesus Cristo. Ele veio a este mundo quando as
mulheres eram consideradas apenas um pouco acima
dos animais. Muitas eram negociadas como gado e
poucas desfrutavam direitos pessoais perante a lei e o
casamento. Nos lugares atingidos pela mensagem de
Cristo, as mulheres se viram enobrecidas e
respeitadas como seres humanos feitos à imagem de
Deus. Os seguidores de Cristo legaram às mulheres o
direito ao voto através de movimentos em toda a
Europa, Inglaterra e Estados Unidos. E seus discípulos
constituem hoje a legião daqueles que se posicionam
em defesa dos bebês não-nascidos. As mulheres não
cristãs do Ocidente podem não compreender a dívida
que têm para com Jesus Cristo e seus ensinos, mas é
ao Nazareno e aos seus discípulos que elas devem
agradecer pela posição elevada que usufruem hoje.
Jesus de Nazaré é incomparável em sua influência
sobre a liberdade e a justiça. Ninguém promoveu tão
profundamente a liberdade e a justiça pessoal do que
os seguidores de Jesus, armados com o padrão de sua
lei. A lei inglesa e norte-americana, considerada como
modelo para todo o mundo, deve sua existência
basicamente aos ingleses John Locke, William
Gladstone, William Wilberforce, William Blackstone e
aos americanos James Witherspoon, John Adams,
James Madison e John Marshall. Todos foram
seguidores devotados de Cristo, que conheciam e
aplicavam seus princípios e ensinos para a
preservação dos direitos e liberdade individuais sob a
lei. Todos esses homens influentes admitiram
livremente que deviam sua grandeza a Ele.
O clímax dessa dedicação à liberdade individual
veio com a Declaração da Independência dos Estados
Unidos da América, cujas palavras — “Todos os
homens foram criados iguais” — tornaram-se a pedra
angular da nação mais livre da história universal. A
América do Norte foi fundada para preservar a
liberdade religiosa: “Vida, liberdade e busca da
felicidade” para todos.
Como se pode ver, a evidência é impressionante.
Não importa que esfera salutar da atividade humana
se considere, a influência de Jesus Cristo sobre a
civilização ocidental avulta e prepondera sobre todas
as demais. A história mostra que vidas têm sido
transformadas nos lugares onde a mensagem de Jesus
foi colocada em prática, resultando em ganhos
expressivos para a educação, a lei, a sociedade e a
cultura.

Inigualável em Sua Vida Pessoal

Não é por acaso que o homem que mais


influenciou positivamente a civilização foi o que viveu
a vida mais extraordinária da história.
Considere seu nascimento. Em cada Natal bilhões
de cristãos e não-cristãos celebram seu nascimento e
relembram a característica incomum de sua vinda ao
mundo: sua mãe era uma virgem.
A vida santificada de Jesus também o torna
diferente de qualquer outro ser humano, pois, como
vamos provar mais adiante neste livro, mesmo seus
inimigos não puderam encontrar qualquer falta nele.
Em toda a história humana, somente um homem que
se declarou perfeito foi levado a sério tanto por seus
amigos como por seus inimigos. Jesus nunca teve de
se desculpar ou pedir perdão. Ele é inigualável pelo
fato de nunca ter pecado.
Os magníficos ensinos desse humilde carpinteiro
da Galiléia também o elevaram a uma categoria
ímpar. A maioria dos historiadores e filósofos
ocidentais, assim como muitos de outras tradições,
reconhecem-no como o maior de todos os mestres.
Considere sua regra de “Amai os vossos inimigos”
(Mateus 5.44) ou “orai pelos que vos caluniam” (Lucas
5.28) ou “dai, e dar-se-vos-á” (Lucas 6.38). Quase
todos os historiadores concordam que este mundo
seria um lugar muito melhor, se todos seguissem os
ensinos do Nazareno.
Os milagres de Jesus o colocam igualmente em
posição incomparável. Como veremos adiante, eles
realmente aconteceram e são ainda incontestáveis.
Sua capacidade de curar enfermidades e sanar
deformidades tidas como irreversíveis demonstra que
Ele tinha o poder de Deus no seu interior como
ninguém mais.
Finalmente, para coroar sua trajetória gloriosa
neste mundo, Ele deu sua própria vida sacrificialmente
pelos pecados do mundo e em seguida realizou o
maior de todos os seus milagres: ressuscitou dentre os
mortos. Esse acontecimento, comemorado a cada ano
como uma das duas datas mais sagradas do
calendário cristão, confere-lhe a supremacia como a
pessoa mais extraordinária que já viveu.

Os Títulos Inigualáveis Atribuídos a Jesus

Nenhuma pessoa além de Jesus tem sido


identificada por meio dos títulos a seguir, porque
nenhum outro foi qualificado para usá-los. Alguns
desses títulos lhe foram dados por anjos, outros por
seus discípulos ou seguidores ou mesmo pelos
profetas hebreus. Nenhum desses títulos o caracteriza
plenamente. Para compreender quem Ele realmente
foi e como será em sua segunda vinda, todos devem
ser considerados em conjunto. Uma coisa é certa:
nenhum outro ser faz jus ao mérito de ostentar sequer
um desses títulos.
Todo-poderoso
Deus forte
A palavra era Deus
Senhor meu e Deus meu
O grande Deus
Nosso salvador Jesus Cristo
Maravilhoso
Conselheiro
Pai da eternidade
Príncipe da paz
Alfa e Ômega
Primeiro e Último
Deus bendito para sempre
O Cristo
Filho de Deus
Jeová
O princípio e o fim
O Senhor
Salvador
O Santo
Senhor de todos
Emanuel
O caminho, a verdade e a vida
Rei dos reis
Senhor dos senhores

Na história do mundo, ninguém jamais saiu de


uma oficina de carpinteiro para ostentar títulos tão
sublimes. Sua vida somente pode ser explicada pelo
fato de ter sido Ele, realmente, “o Filho de Deus” em
um sentido único.
No fim de semana em que escrevia estas
palavras, Deus mostrou-me um exemplo perfeito disto.
Fiz o discurso de colação de grau da vigésima quinta
turma da Christian Heritage College, em San Diego,
Califórnia (faculdade fundada pelos doutores Henry
Morris, Arthur Peters e por mim). Um dos alunos deu
um incrível testemunho.
O homem — 1 metro e 95 centímetros de altura,
110 quilos de peso — contou uma longa história
passada dentro e fora da prisão. Na última vez em que
fora jogado em uma cela, a primeira coisa que fez foi
expulsar um dos presos do beliche mais cobiçado do
local, dizendo: “A partir de agora esta cama é minha
— vai dizer alguma coisa?” Com isso, ele se enfiou no
beliche para ter um bom sono. Mas, em vez disso,
notou uma protuberância em seu colchão, uma Bíblia,
a primeira que tinha visto. Começou a ler e não parou
mais até terminar o evangelho de João — momento
em que suplicou a Cristo que perdoasse seus pecados,
aceitando-o como Senhor e Salvador. Sete anos mais
tarde ele era não somente um homem transformado,
sem mais qualquer pendência com a lei, mas estava
se formando em uma faculdade cristã a fim de
ingressar em um seminário para se preparar para o
ministério. A influência do Nazareno se fez sentir
novamente, mudando a natureza decaída e a direção
da vida desse homem.
Posso dizer sem reserva que ninguém jamais
exerceu uma influência tão positiva sobre as pessoas
do que Jesus de Nazaré!

A Razão de Sua Singularidade

O simples fato de Jesus de Nazaré ter influenciado


este mundo mais do que qualquer outra pessoa deve
ser suficiente para estabelecer seu lugar ímpar na
história humana. Mas, quando decompomos as muitas
outras facetas singulares de sua vida, ficamos
estarrecidos diante de um dilema incrivelmente difícil.
Como explicar a contribuição de toda sua vida,
resumida a apenas três anos e meio? Quando um
homem é colocado no pedestal supremo, muito acima
de todos os outros na história humana, certamente
deve ser por alguma razão. Qual seria?
Não foi por sua descendência familiar próxima,
porque sua mãe foi uma simples mulher judia e seu
pai, um humilde aldeão carpinteiro.
Não foi por suas posses materiais, porque Ele não
tinha dinheiro algum, nem mesmo um lugar “onde
reclinar a cabeça” (Mateus 8.20). Ele foi acusado
diante de um tribunal vestindo uma túnica emprestada
e seu corpo foi colocado em um túmulo também
emprestado.
Não foi sua educação, pois não há nenhum
registro de que Ele tenha freqüentado uma escola. No
entanto, com a idade de apenas doze anos, Ele
confundiu os doutores de teologia no templo de
Jerusalém.
Não foi por suas viagens pelo mundo, pois, com
exceção de uma breve estada no Egito quando era
ainda bebê, Ele nunca viajou mais do que 150
quilômetros para fora da cidade em que foi criado.
Não foi porque viveu e ministrou em um país
influente, pois Ele passou toda sua vida na obscura e
pequenina terra de Israel, tendo sido criado em uma
cidade que gerava a seguinte pergunta: “De Nazaré
pode sair alguma coisa boa?” (João 1.46).
Não foi porque teve amigos influentes, pois
somente pescadores, cobradores de impostos e outros
homens sem representatividade alguma o seguiram.
Não foi porque todas as pessoas gostavam dele,
pois os líderes religiosos e políticos elitistas várias
vezes tentaram apedrejá-lo e finalmente o
crucificaram.
Não foi porque teve uma vida longa e bem-
sucedida, pois Ele estava com apenas trinta e três
anos quando sacrificou sua vida por outros.
Não foi porque teve um longo e extenso
ministério, pois seu ministério durou apenas três anos
e meio. Pelos padrões humanos, Ele teve uma morte
ignominiosa em uma cruz tosca.
Não foi porque estabeleceu muitas organizações
para perpetuar sua memória, pois Ele fundou somente
uma — sua Igreja — e ela somente teve início depois
de sua morte.
Assim sendo, a que atribuir a posição única de
Jesus Cristo? Tenho lido as insinuações daqueles que
rejeitam a afirmação de Jesus ser Deus em forma
humana e observado suas inconsistências. As opiniões
de tais pessoas são mais difíceis de aceitar do que os
simples relatos do evangelho. Como pôde esse homem
influenciar mais vidas e afetar a história humana mais
profundamente do que todos os outros? Em toda a
história, ninguém pode comparar-se a Ele. E, no
entanto, Ele fez tudo isso em apenas três anos e meio!
Todos os incrédulos sinceros devem responder à
pergunta: “como Ele conseguiu isso?”
À medida que Jesus Cristo caminha ao longo das
páginas da história humana, Ele é elevado a uma
categoria sem similar por sua peculiaridade. Por um
lado, os descrentes não podem deixar de reconhecê-
lo, tamanhas foram suas contribuições em favor da
humanidade; nem podem eles explicar sua existência
sem admitir sua divindade. Albert Schweitzer, vítima
de uma onda de ceticismo no começo deste século,
teve de admitir que o Jesus histórico é um enigma e
um estranho para o nosso tempo. Como o Dr. Carl E H.
Henry, um dos últimos estudiosos verdadeiramente
conservadores da Bíblia na geração passada,
escreveu: “Muitos estudiosos que rejeitam que Jesus é
Deus verdadeiro e homem verdadeiro, vendo-o apenas
sob uma única faceta, distinguem-no, apesar disso, da
totalidade da raça humana. Os tributos prestados a
Jesus, mesmo por estudiosos que repudiam os credos
cristológicos históricos, não somente reverenciam o
Nazareno acima de seus contemporâneos, mas
elevam-no bem acima de todos os seres antigos e
modernos. Essas avaliações de Jesus Cristo acabam
por exaurir habituais categorias antropológicas ao
tentar explicá-lo.” Ele então conclui: “Aqueles que não
começam com a suposição cristã fundamental de que
‘o Verbo se fez carne’ (Jo 1.14), mas procuram mostrar
como um homem completo, como supõem que Cristo
foi, estava unido (de alguma forma) a Deus, não
podem senão terminar em pontos de vista confusos e
contraditórios”.
Na realidade, todas as descrições de Jesus que
conflitam com aquelas apresentadas nos quatro
evangelhos são “não-históricas”. Jesus é quem Ele
disse que era: Deus em forma humana.
Não há qualquer explanação meramente humana
sobre o porquê de um simples, embora brilhante,
homem — que deveria ter sido esquecido há muito
tempo por todo este mundo — ser ainda a pessoa
mais amada que já viveu, quase dois mil anos após
sua morte. As explicações humanas não conseguem
explicar a influência que Ele ainda exerce sobre este
planeta. Apenas um fato explica a singularidade de
Jesus Cristo: Ele foi verdadeiramente o Filho de Deus
que veio sob forma humana, exatamente como Ele se
declarava.
Veja você que atribuir somente humanidade a
Jesus não é suficiente. Para cumprir o que Ele fez,
tanto em sua vida como em seus ensinamentos,
precisava ser tanto Deus como homem, operando
juntos em uma pessoa única. Essa pessoa é Jesus de
Nazaré.
O propósito deste livro é demonstrar essa
convicção de maneira lógica e razoável. Para começar
nossa investigação, vamos considerar o ceticismo de
alguns daqueles que rejeitam a condição única de
Jesus como Deus-Homem. Veremos que, enquanto
nenhuma boa evidência dá apoio a esse ceticismo,
montanhas de evidência comprovam a prerrogativa de
que Jesus é o único Filho de Deus, o Senhor da Glória
em forma humana.

2. O Que Há com os Céticos?

Por mais de mil e seiscentos anos a divindade


pessoal de Jesus Cristo raramente foi colocada em
dúvida. A maioria das pessoas aceitava prontamente
os relatos das testemunhas oculares de sua vida,
contidos nos evangelhos, onde é evidente que Jesus
devia ser realmente Deus em forma humana. As
pessoas de sua época muitas vezes faziam
exclamações como esta: “Ninguém pode fazer estes
sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele” (Veja
João 32; 9.33).
O mesmo podia ser dito de seus ensinos, pois Ele
falava como quem tem autoridade. Nem mesmo o
maior profeta do Velho Testamento ousou dizer algo
como: “Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Não
matarás’... Eu, porém vos digo...” (Mateus 5.21-22)
colocando-se no mesmo nível de Deus. O impacto de
Jesus sobre a civilização, reconhecido universalmente,
fez com que os homens o aceitassem como Deus, pois
nenhum outro teve tanto impacto sobre as nações
como Ele, ou realizou tantas coisas em tão pouco
tempo.
Porém, mesmo quando Jesus andou por este
mundo, nem todos o aceitaram como Filho de Deus.
Nem todos os que ouviram sua palavra, viram seus
milagres e puderam comprovar quem Ele realmente
era, acreditaram nele. Muitos dos judeus de sua época
o rejeitaram, porque Ele não correspondia à imagem
que eles faziam de um Messias.
No entanto, desde o princípio aqueles que o
aceitaram como Messias também aceitaram sua
natureza divina. As igrejas que surgiram depois disso
seguiram essa mesma doutrina. A história registra
poucas vozes que se ergueram para formular razões
contrárias à divindade de Jesus Cristo. E assim foi até
cerca de quatrocentos anos atrás.

A Crença em Deus É Ameaçada

A partir do século dezesseis, com o filósofo René


Descartes, muitas pessoas foram influenciadas pela
idéia de que não podiam acreditar naquilo que não
podiam ver. E como não podiam ver Deus, recusaram-
se a crer em sua existência.
Isto, representou um rompimento com a crença
da época. Durante milênios, a maior parte da
humanidade aceitou o fato de a criação ter sido obra
de um Criador. No entanto, Descartes e seus
seguidores rejeitaram toda a noção de Deus.
Foi, portanto, natural para os céticos franceses do
século dezessete e para os racionalistas alemães do
século dezoito questionar a divindade de Jesus. Eles já
haviam rejeitado a crença em Deus e proposto uma
filosofia de vida independente dele; o passo seguinte
foi aplicar esse ceticismo a Jesus.
Um princípio básico da lógica é que, se você
começa com uma premissa errada, acaba chegando
inevitavelmente a uma conclusão errada. Na questão
da divindade de Cristo, a partir do momento em que a
pessoa rejeita Deus, ela deve repudiar também a
crença no sobrenatural. Este preconceito vai impedi-la
de enxergar com clareza, não permitindo uma
avaliação imparcial de qualquer alegação que se refira
à divindade de Jesus. Um cético simplesmente não
pode admitir a possibilidade de que Jesus é Deus. Se
ele admitisse isso, estaria negando a própria essência
de sua crença — “Não há Deus”. Portanto, ele rejeita
arbitrariamente as afirmações da divindade de Cristo;
já que Deus não existe, Jesus não pode afirmar que é
divino. Desta forma, muito antes de começar uma
avaliação da vida de Cristo, os céticos concluem que
Jesus não era nada mais do que um simples homem.
A maioria das pessoas que rejeitam Deus e a
divindade de Jesus são como o ateu Tom Paine, que
escreveu um livro de grande influência, A Idade da
Razão, sem nunca ter lido a Bíblia! Muitos concluíram
que Jesus é menos do que o “Filho de Deus” (um
direito que Ele alegou repetidas vezes possuir) sem ao
menos examinar sua vida. Em muitos casos, apenas
repetiram o que outros tinham escrito sobre o
assunto...
Alguns céticos, embora admitindo o incrível
impacto da vida de Jesus sobre o mundo, insistem no
ponto de que Ele nunca alegou ser Deus ou possuir os
atributos de Deus. Eles querem nos fazer acreditar que
Jesus foi um homem bom, mas não divino.
Isto é exatamente o que acontece com os ilustres
participantes do Seminário Jesus, que nos últimos anos
tem recebido tanta atenção da mídia.

O Seminário Jesus: Quem São e o Que Fazem


Seus Participantes?

Em 1985, Robert Funk convidou várias pessoas,


em sua maioria estudiosos liberais, para verificarem a
identidade de Jesus e a autenticidade dos registros do
evangelho. Cerca de duzentos acadêmicos estiveram
na primeira sessão; mas desde então esse numero
tem diminuído, agrupando atualmente de setenta a
setenta e cinco pessoas. Trinta e dois dos
“participantes” ou ensinam ou possuem títulos de
docentes de três das instituições teológicas mais
liberais dos Estados Unidos (Harvard, Claremont e
Vanderbilt). Esses estudiosos se reúnem para julgar os
registros do Novo Testamento e submetê-los a seus
próprios testes de exatidão.
O objetivo principal do seminário tem sido sempre
atrair a maior publicidade possível às suas
“descobertas”. Logo no início ficou decidido que a
votação seria feita por meio de bolinhas coloridas —
pois chamam mais a atenção. Um membro do
seminário explicou o significado das cores que
codificam as palavras de Jesus: “Vermelha — isto é
Jesus! Rosa — isto parece ser Jesus. Cinza — talvez
seja Jesus. E preta — houve algum erro!” O seminário
percorreu detalhadamente cada evangelho e votou
sobre a autenticidade de cada afirmação atribuída a
Jesus.
A objetividade do grupo pode ser vista em suas
conclusões:

De acordo com o Seminário Jesus, a maior parte do


evangelho de João é uma farsa [apesar de os
estudiosos bíblicos considerarem-no mais autêntico
que os demais evangelhos]; ele recebeu uma marca
rosa, algumas cinza e nenhuma vermelha. A passagem
marcada com a cor rosa, João 4.44, é traduzida assim:
“Um profeta não consegue nenhum respeito em seu
próprio território”. No evangelho de Marcos apenas uma
expressão recebeu a cor vermelha — “Dai a César o
que é de César, e a Deus o que é de Deus”(Mc 12.17).
Ao todo, 82% das palavras de Jesus em Mateus,
Marcos, Lucas e joão não são consideradas julgadas
autênticas. Apenas 15 frases de Jesus são marcadas
em vermelho, sendo todas expressões curtas e
pungentes.
Este ataque nada sutil ao Jesus histórico e sua
contribuição produziu o seguinte comentário do
conservador Douglas Groothuis: “Quase nada resta de
autêntico depois dessas análises”.
O objetivo deles era exatamente esse e tudo foi
premeditado desde o início; nenhuma “erudição” foi
envolvida, nem foram feitas quaisquer novas
descobertas. Na realidade, sem a publicidade
veiculada em revistas como Time, Newsweek, U.S.
News and World Report, Life, e em grandes jornais
como Los Angeles Times e New York Times, as
opiniões do seminário teriam sido esquecidas
rapidamente.
É importante lembrar que o seminário não fez
qualquer nova descoberta que conduzisse a esses
pontos de vista injuriosos. De fato, ele teve início com
a premissa de que o sobrenatural é impossível. Todos
os membros líderes do seminário negaram as
doutrinas básicas da fé cristã histórica, incluindo o
nascimento virginal de Cristo, sua divindade, a
expiação viçaria, sua ressurreição dentre os mortos e
ascensão ao céu. Portanto, não seria surpresa que o
seminário rotulasse como “não-autênticos” quaisquer
fatos que dessem apoio a essas doutrinas.
Além disso, a mídia nunca divulgou que tanto a
metodologia como as conclusões do Seminário Jesus
foram atacadas por crentes conservadores e
estudiosos bíblicos do mundo inteiro. Até mesmo os
estudiosos que não proclamam fidelidade ao Cristo
vivo — tendência dominante tanto nos Estados Unidos
como na Europa — denunciaram as falhas do
seminário.
O primeiro livro a ser publicado pelo seminário,
Os Cinco evangelhos: A Busca do Jesus Autêntico,
revela as verdadeiras intenções do grupo. Este
trabalho de 1993 procura elevar o evangelho de Tome
ao mesmo nível de autoridade concedido pela igreja
aos quatro evangelhos canônicos. Na verdade, o
seminário freqüentemente julga Tomé superior aos
respeitados evangelistas, apesar de a igreja primitiva
não fazer qualquer menção de Tome por trezentos
anos após a morte de Cristo. Por que essa fascinação
por Tomé? Pode-se apenas inferir que é pelo fato de o
seminário preferir o gnosticismo de Tome à ortodoxia
bíblica.
Quando este “evangelho” foi descoberto, logo
depois da Segunda Guerra Mundial, os estudiosos
céticos saudaram-no como um novo conceito
dogmático para destruir o Jesus autêntico. Porém,
como todas as outras tentativas dos últimos trezentos
ou quatrocentos anos, a teoria que coloca Jesus como
“sábio” ou “cínico” (baseada substancialmente em
Tome) é mais difícil de ser aceita do que a imagem de
Jesus como “Filho de Deus” revelado nos evangelhos
tradicionais — especialmente quando nos lembramos
que esses homens estão mais de dezenove séculos
distantes dos eventos, armados apenas com seus
Ph.Ds. e suas tendências céticas. É a opinião deles
contra os registros escritos de homens que passaram
três anos e meio com Jesus de Nazaré e que foram
“testemunhas oculares da sua majestade” (2 Pedro
1.16).
Embora o Seminário Jesus continue a reunir-se —
está estudando atualmente o que Jesus realmente fez
quando esteve na Terra e quais livros devem ser
incluídos no cânon bíblico —, ele nada mais fez do que
levantar questões perturbadoras sobre sua
objetividade, metodologia e valor escolástico. Nem ao
menos conseguiu mostrar por que alguém deve
abandonar a confiança nos registros dos evangelhos e,
em seu lugar, passar a confiar em seus próprios vôos
imaginários.
Os céticos que conheço são geralmente mais
eficientes em levantar objeções do que em responder
à simples pergunta: “Como você explica o cristianismo
sem o sobrenatural?” Notamos esta tendência nas
teorias superficiais e tolas desenvolvidas por eles,
onde geralmente se criam mais problemas do que
soluções. E interessante observar que eles não
parecem desenvolver nada realmente novo. Várias
obras que utilizei em minha pesquisa para a
publicação deste livro foram escritas há mais de cem
anos, e descobri que as perguntas a que estamos
respondendo hoje são basicamente as mesmas
levantadas naqueles períodos.
Em resumo, os céticos modernos não têm nada
de novo a oferecer. Eles apenas retomam as idéias
elaboradas pelos céticos franceses e racionalistas
germânicos de dois ou três séculos atrás. Mesmo os
participantes do Seminário Jesus não têm proposto
nenhuma novidade (apesar da publicidade obtida). Até
aqui o melhor que eles podem oferecer são algumas
novas interpretações das antigas teorias de Voltaire,
Rousseau, Hegel e outros. Se suas teorias fossem,
ainda que parcialmente, corretas, já poderiam ter
obtido evidências arqueológicas suficientes para
derrubar a credibilidade da origem divina de Jesus e
da ressurreição (ou ao menos colocar em dúvida os
registros dos evangelhos). Ao invés disso, as
escavações dos arqueólogos têm servido para
confirmar os registros nos evangelhos sobre a vida de
Jesus.

Como Nascem os Céticos

É interessante notar que muitos dos que duvidam


da divindade de Jesus ou de sua ressurreição física
nunca leram os evangelhos, ou os relatos das
testemunhas oculares dos acontecimentos da vida de
Cristo. Voltaire, o célebre descrente do século dezoito,
rejeitou a divindade e a ressurreição de Jesus, assim
como a Bíblia. Como ele se tornou tão cético? Talvez
por ter sido tão brilhante? De modo algum. Quando
seus pais, que eram católicos devotos, notaram que
seu filho tinha a inteligência de um gênio, contrataram
um ex-sacerdote como seu professor particular na
tentativa de oferecer-lhe uma educação de qualidade.
Infelizmente, eles não verificaram por que o
professor era um ex-sacerdote. O homem tinha sido
expulso da igreja católica por seu ceticismo; por sua
vez, ele inoculou doses maciças de ceticismo na
mente de seu jovem e brilhante aluno. A objetividade
nada tinha a ver com o ceticismo de Voltaire. A
doutrinação cética fez de Voltaire um cético!
Na realidade, tenho observado que a maioria dos
céticos foi influenciada por algum livro ou professor
que transmitiu-lhes seu próprio ceticismo. A partir do
momento em que o cético se convence de suas
posições, seu orgulho pessoal não lhe permite mudar
de opinião, não importando quantos fatos contrários
possam desafiá-lo.
Isto é particularmente verdadeiro em relação a
muitos acadêmicos. Estes homens e mulheres
apreciam passar adiante seu ceticismo, atingindo as
mentes jovens e impressionáveis — muito embora não
tenham os fatos a seu favor. Talvez seja por isso que o
maior número de céticos é encontrado nas
universidades, onde uns poucos professores
agnósticos podem minar a fé das gerações futuras.
Sob a capa de “liberdade acadêmica”, os céticos
ateus em nossas faculdades e universidades (e
algumas vezes em nossas escolas secundárias)
questionam todas as coisas da fé cristã, desde a
criação até a ressurreição, recusando-se a considerar
os argumentos cristãos.
Qualquer um que analise somente um dos lados
de um argumento está inclinado a adotar esse ponto
de vista (particularmente os jovens). As universidades
de hoje estão fabricando céticos, não porque os
cristãos sejam falhos em evidenciar a divindade e
ressurreição do corpo de Cristo, mas por falta da
exposição dessa evidência. Estou convencido de que a
evidência da divindade e ressurreição de Jesus Cristo é
tão clara que qualquer pessoa objetiva que examine
ambos os lados de um argumento concluirá que a fé
cristã está baseada em fatos históricos consistentes.

O Caso do Ateu Não-Científico

Quando eu era pastor, poucos ateus


freqüentavam minha igreja. Por isso fiquei realmente
surpreso quando um jovem e inteligente engenheiro
apertou minha mão em um domingo após o culto e
anunciou: “Sou um ateu não-científico. Acabo de
concluir meu mestrado na Universidade Stanford e
desejo freqüentar sua igreja. Estou trabalhando por
um ano em uma empresa aqui em San Diego a fim de
ganhar o suficiente para freqüentar a Universidade
Brandeis no próximo outono, visando ao doutorado.” E
então explicou: “Um ateu não-científico é aquele que
examinou somente um lado da evidência antes de
chegar a uma conclusão. Durante os meus estudos, fui
instruído a examinar os dois lados de uma
argumentação antes de chegar a uma conclusão.
Descobri, então, que toda minha argumentação partia
de uma perspectiva cética ou ateia. Por isso, durante
estes nove meses em que não tenho atividade
acadêmica pesada, resolvi freqüentar sua igreja para
que possa conhecer e examinar o ponto de vista
cristão.”
Então ele me pediu algo que poucas pessoas me
haviam pedido: “O senhor estaria disposto a separar
uma hora por semana comigo para me ajudar na
orientação da pesquisa?” “É claro que sim”, respondi.
Mas primeiro fi-lo prometer que leria pelo menos um
capítulo da Bíblia diariamente, à medida que eu lhe
fosse indicando.
Stan concordou e passamos a nos encontrar todas
as quartas-feiras à noite, antes do culto. Ele era um
acadêmico disciplinado. Lia a Bíblia diariamente, como
prometeu, bem como todos os livros e executava as
tarefas que eu lhe dava. Começamos com o
nascimento virginal de Jesus e sua origem divina, mas
logo descobri que ele estava tão interessado e
aplicado que isso exigiria mais tempo do que tínhamos
disponível. Por isso, eu o desafiei a pular diretamente
para a ressurreição, porque, disse-lhe, “se a
ressurreição é válida, então a divindade de Cristo e
seu nascimento virginal também são válidos”.
Trabalhamos arduamente durante os nove meses
restantes e, por minha sugestão, ele começou a
preparar duas listas: uma a favor e outra contra a
ressurreição. Naquela época, Josh McDowell ainda não
havia escrito sua obra clássica sobre Jesus, por isso
tive de fazer uma porção de pesquisas por minha
conta. Hoje a tarefa seria muito mais fácil (e mais
convincente!).
Fiquei extremamente desapontado quando, no
final de setembro, Stan me disse que aquele seria
nosso último encontro, pois partiria no dia seguinte
para a Universidade Brandeis. Tentei fazer com que
ele tomasse uma decisão apoiada em sua pesquisa,
onde havia duas vezes mais evidências em favor da
ressurreição do que contra — mas como ele “não
estava preparado”, achei melhor não forçá-lo. Stan
prometeu dedicar mais algum tempo a sua pesquisa,
na tentativa de “chegar a alguma conclusão até o
feriado do dia de Ação de Graças.
Sinceramente, achei que o tinha perdido. Afinal
de contas, naquela época, toda a Universidade
Brandeis era judaica e 98% de seus estudantes eram
judeus ou ateus.
Não tive mais notícias de Stan até o Natal,
quando ele me pediu uma entrevista. Fiquei
grandemente surpreso quando ele me disse que
planejava ir à igreja no próximo domingo e declarar,
na frente de todos, que queria se tornar um cristão.
Fiquei muito feliz com isso e, então, ele me contou
como chegou a esta conclusão.
Ele manteve sua promessa e dedicou um bom
tempo nas bibliotecas daquela área reunindo dados
pró e contra a ressurreição. Sua conclusão? “Houve
cinco vezes mais evidência PRÓ ressurreição de Jesus
do que contra. Depois que cheguei a esta conclusão,
foi fácil ajoelhar-me à beira de minha cama (no
alojamento de Brandeis) e convidar Jesus, o Cristo
vivo, a entrar em minha vida. A pesquisa havia
finalmente terminado e uma paz maravilhosa desceu
sobre mim!”
Em seguida, algo bastante raro aconteceu. Ele
desceu as escadas e encontrou cinco colegas da
universidade — comentando exatamente como era
inacreditável o fato de os cristãos aceitarem algo tão
ultrajante como a ressurreição de Jesus. Stan, uma
pessoa de espírito manso e introvertido, agüentou até
onde pôde. De repente, ele se viu entrando na
conversa e compartilhando algumas das evidências
que havia encontrado, para a grande surpresa de
todos. Pois, como a maioria dos descrentes, eles
concluíram erroneamente que nada havia em favor da
ressurreição, já que nunca tinham ouvido nada sobre
isso.
Quando perguntei a Stan por que ele ainda não se
considerava um cristão,mesmo depois de éter
convidado Cristo a entrar em sua vida, ele me explicou
que o Senhor esperava dele um testemunho público
de sua fé. Ele estava certo sobre isso, mas tinha uma
idéia equivocada a respeito do que era um
testemunho público, achando que precisava ir à frente
após um sermão para testemunhar sua fé.
Expliquei-lhe que ele já tinha dado seu primeiro
testemunho público; isto aconteceu no dia seguinte ao
da celebração do dia de Ação de Graças, no seu
alojamento, quando falou em defesa da ressurreição
de seu novo Salvador. E isto foi feito diante de cinco
testemunhas — seus colegas judeus! Isso provou que
ele estava salvo. Stan evidentemente estava
pensando no texto que promete: “Se com a tua boca
confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração
creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo. Porque com o coração se crê para justiça, e com
a boca se confessa a respeito da salvação” (Romanos
10.9-10).
Fiel à sua palavra, Stan foi à igreja no domingo de
manhã e caminhou até a frente, confessando perante
a igreja o que ele já tinha confessado diante dos
homens, que o Cristo que ressurgiu da morte após sua
crucificação era, sem sombra de dúvida, seu Senhor e
Salvador pessoal.
Deve ter sido uma experiência genuína, porque
aquele “ex-ateu não-científico” tem sido um cristão
firme por mais de trinta anos. A última vez que ouvi
falar de Stan, ele era professor em uma faculdade
cristã. Este caso serve como uma evidência adicional
de que o ceticismo geralmente não pode se expor à
esmagadora evidência da ressurreição de Jesus, desde
que o cético esteja disposto a ser objetivo e examinar
ambos os lados da evidência.

O Ceticismo Não é Intelectualmente Honesto

Os cristãos nada têm a temer diante dos


argumentos dos céticos. Quando avaliamos as
evidências, torna-se claro que a crença no Cristo
ressurreto faz mais sentido do que a crença em
qualquer sistema alternativo.
Por outro lado, os cristãos precisam saber que a
arma preferida dos céticos nunca foi o argumento
racional baseado na melhor evidência disponível; os
céticos perceberam há muito tempo que o ridículo e o
sarcasmo servem muito melhor aos seus propósitos.
Muitos céticos se apegam à sua descrença não com
base em uma evidência irrebatível, mas simplesmente
porque decidiram descrer. Eles não são
intelectualmente honestos. Josh McDowell nos conta
alguns fatos interessantes ocorridos em conferências
que deu para alunos de filosofia.

O professor era também o diretor do departamento.


Depois que apresentei a evidência literária e histórica
da divindade de Cristo, o professor começou a me
importunar com perguntas e acusações sobre a
ressurreição. Após uns dez minutos, um estudante
interrompeu e fez ao professor uma pergunta muito
interessante:
“O que o senhor acha que aconteceu na primeira
páscoa?”

O professor olhou para mim e em seguida para o


estudante.

“Não sei o que aconteceu” disse ele. “Mas não foi a


ressurreição!”

“Sua resposta é o resultado do exame da evidência?”

A resposta foi a seguinte: “Não! É por causa de minha


perspectiva filosófica.”

Em outra importante universidade, vários estudantes


levaram meu primeiro livro, Evidence That Demands a
Verdict (Evidência Que Requer um Veredito), ao
presidente do departamento de história para que ele o
avaliasse. Após vários meses, um dos alunos visitou o
presidente e perguntou sua opinião sobre o livro.

“Ele contém historicamente alguns dos argumentos


mais convincentes sobre o cristianismo que já li”,
respondeu o professor.

O estudante ficou todo excitado. Então o diretor do


departamento acrescentou: “Mas não chegarei à
mesma conclusão do Sr.McDowell.”

“Por que?”perguntou o estudante, confuso.

“Por causa da minha perspectiva filosófica”, foi a


resposta.

Não havia falta de evidência. Mas, apesar disso, ele se


negou a aceitá-la.

Uma Questão de Vontade

Um poeta disse sabiamente: “Uma mente


convencida contra sua vontade é ainda a mesma
mente.” Algumas pessoas simplesmente se recusam a
crer, mesmo quando confrontadas com fatos
irrefutáveis. Outros podem ficar sem respostas, mas
ainda se recusam a dobrar os joelhos diante de Jesus.
Neste caso, a rejeição de Cristo e de sua ressurreição
não é mais uma questão de razão e lógica; é uma
rebelião contra Deus.
Aconteceram vários casos na igreja que pastoreei
em San Diego, Califórnia. Um engenheiro aeroespacial,
de inteligência privilegiada, vinha à igreja
regularmente acompanhado de sua esposa e filha,
mas confessava que não era um crente. Ele se dizia
abertamente um ateu, ou, na melhor das hipóteses,
um cético. Não sei bem o que ele realmente era. Don,
diferentemente da maioria dos maridos descrentes,
desfrutava da companhia de alguns homens de nossa
igreja, chegando até a praticar esqui aquático com
alguns deles aos sábados à tarde.
Em uma manhã de domingo, cinco anos mais
tarde, Don estava profundamente emotivo. Procurou-
me após o culto dizendo que tinha duas perguntas
sérias que gostaria de me fazer há algum tempo e
que, se eu pudesse responder a elas, ele se tornaria
um cristão. Eu me senti exultante e perguntei quando
ele queria conversar. Ele respondeu que o dia seguinte
seria bom, porque ele estaria de férias toda aquela
semana.
Cheguei à sua casa às duas horas e ele me expôs
dois pontos críticos sobre o cristianismo. Acredite ou
não, eu havia estudado ambos os pontos nos últimos
dez dias! Conversamos por duas horas e meia. No
final, perguntei-lhe se tinha mais perguntas a fazer, e
ele disse que não, e que estava satisfeito com as
respostas dadas.
“Don”, perguntei, “você está preparado para
dobrar os joelhos comigo e convidar Cristo para entrar
em seu coração?” Para minha surpresa, ele disse:
“Bem, não quero ser precipitado e fazer as coisas
correndo”. Saí de lá triste, na certeza de que a
salvação é mais uma questão da vontade do que da
mente.
Felizmente, Don continuou indo à igreja com sua
esposa. Mais tarde, eles se mudaram da cidade e, dois
anos depois de instalar sua família no norte do país,
ele finalmente tomou a decisão que deveria ter
tomado naquela segunda-feira à tarde, quase dez anos
antes.

Permaneça Aberto à Verdade

Um dos versos clássicos de Shakespeare diz: “Sê


verdadeiro para ti mesmo”. Durante toda a leitura
deste livro, irei desafiá-lo a permanecer aberto à
verdade, à evidência e à lógica. Tome cuidado para
não se deixar influenciar por aqueles que se recusam
a crer. A fonte básica da evidência da vida de Jesus de
Nazaré são os quatro evangelhos, sendo que três
deles foram testemunhas oculares. Como você verá no
próximo capítulo, estes registros históricos da vida de
Jesus são os documentos mais confiáveis da
antigüidade.

3. A Credibilidade das Narrativas do


Evangelho

Todos os fatos essenciais que conhecemos sobre


Jesus vêm dos evangelhos; assim sendo, tudo o que há
no cristianismo está baseado na credibilidade das
narrativas destes quatro evangelhos.
É fácil, portanto, perceber por que os céticos
modernos, que viveram pelo menos mil e setecentos
anos depois de Cristo, insistem em afirmar que longos
períodos de tempo transcorreram entre a vida de Jesus
e o registro dos evangelhos. Isto lhes permite alegar
que os evangelhos foram escritos por homens que não
tiveram informações de primeira mão sobre os
acontecimentos ocorridos. Argumentam eles que os
evangelhos dizem pouco sobre o “Jesus histórico” e
muito sobre o que a igreja inventou muitas décadas
depois de sua morte. Em outras palavras, eles
diminuem o valor dos evangelhos como narrativas
confiáveis da vida de Jesus. Embora admitam que os
evangelhos oferece narrativas interessantes daquilo
que a igreja primitiva ensinou sobre o Messias, não
acreditam que o evangelho de João e os sinópticos
contêm muitas (se algumas) informações precisas a
respeito da vida e morte de Jesus, que viveu na
Palestina do primeiro século.
Se esses críticos estão certos, então não podemos
esperar conhecer muita coisa de valor sobre a vida de
Jesus, e a fé cristã histórica irá se desintegrar e virar
pó. Por outro lado, se eles estão errados e podemos
então com certeza confiar no registro preciso dos
evangelhos sobre a vida de Jesus — algo que
esperamos mostrar com clareza neste capítulo —,
então dispomos de uma sólida base sobre a qual
construir nossas esperanças, nossa fé e nossas
próprias vidas.
A Importância dos Evangelhos

Os relatos da vida de Jesus contidos nos


evangelhos são de extrema importância. Henry H.
Halley fez o seguinte comentário:

Os quatro evangelhos são, em todos os aspectos,


aparte mais importante da Bíblia: mais importante do
que todo o restante da Bíblia junto. Mais importante do
que todos os livros do mundo reunidos, porque
podemos perfeitamente ficar sem o conhecimento de
todas as outras coisas, mas não sem o conhecimento
de Cristo. Os livros da Bíblia que os precedem são
antecipações e os que vêm a seguir são explanações
sobre o herói dos quatro evangelhos.

É verdade que Josefo, Tácito e outros escritores


contemporâneos se referem ao “Jesus da história”,
mas não acrescentam quaisquer informações sobre
Ele que já não estejam mencionadas nos evangelhos.
Conseqüentemente, é de suprema importância que
estabeleçamos a credibilidade dos evangelhos.
Vamos agora considerar a confiabilidade dos
quatro evangelhos. Consideremos brevemente João,
assim como os três evangelhos sinópticos — assim
chamados porque, quando colocados lado a lado,
demonstram um tratamento semelhante ou paralelo
da vida e morte de Jesus de Nazaré.

O Evangelho de João

O evangelho de João é geralmente colocado à


parte dos outros, porque ele não procurou escrever
um relato cronológico da vida de Jesus. Ao escrever
seu evangelho no final do primeiro século, João
procurou apresentar o aspecto sobrenatural de Jesus,
de modo que seus leitores fossem levados à fé. Isto
fica evidente no clássico comentário quase no final do
livro: “Estes [sinais], porém, foram registrados para
que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e
para que, crendo, tenhais vida em seu nome” (João
20.30). Nenhum outro evangelho tem sido tão
duramente atacado pelos céticos, agnósticos e
descrentes do que o evangelho de João — não porque
qualquer evidência do primeiro século questione sua
autoridade, mas porque ele apresenta de maneira
inequívoca a divindade de Jesus.
Tendo sobrevivido a todos os outros apóstolos,
João pôde observar a tendência de muitas pessoas
enxergarem a divindade de Jesus em termos
semelhantes aos encontrados na mitologia grega (por
exemplo, como deuses que tomavam a forma de
homem ou de animais). João pretendia deixar claro
que Jesus tinha vindo em forma humana, que Ele era
humano em todos os mínimos aspectos (porém sem
pecado) £ era Deus também nos mínimos aspectos.
Eis a razão por que ele enfatizou os milagres de Jesus
— para mostrar que, embora o Salvador fosse
verdadeiramente homem, de modo que podia morrer
pelos pecados da humanidade, Ele era também Deus e
podia, portanto, realizar milagres como nenhum outro
jamais realizara. João apresentou Jesus como o
“Logos”, ou “Palavra”, significando que Ele era a
expressão exata de Deus. Se você quer realmente
conhecer Deus e compreender como Ele reage em
qualquer situação, estude a vida de Jesus, pois Ele
revela o Pai.
Os leigos em geral consideram o evangelho de
João de mais fácil compreensão do que os outros
evangelhos. Ele foi escrito por um pastor já idoso (da
igreja de Éfeso), companheiro íntimo de Pedro e de
outros líderes da igreja. E, certamente, João foi
testemunha ocular de todos os eventos que
mencionou. E interessante observar que vários dos
lugares específicos mencionados por João — tais
como, o poço de Jacó em Sicar, o tanque de Siloé, a
Calçada de Pedra ou Pavimento (em hebraico Gabatá),
onde Jesus foi julgado diante de Pilatos e outros —
foram descobertos pela moderna arqueologia, fazendo
silenciar muitas das objeções dos céticos.
João provavelmente teve acesso aos evangelhos
sinópticos, escritos cerca de trinta anos antes do seu.
Ele queria que seu registro fosse único; por isso
revelou vários milagres e muitos ensinos de Jesus que
não estão citados nos outros evangelhos. Quis
também apresentar Jesus como o Criador de todas as
coisas — “No princípio...” (1.1-3). Além disso, ele o
apresenta como juiz, igual a Deus, restaurador e
galardoador, redentor e revelador.
A confiabilidade do evangelho de João é atestada
por mais manuscritos e artigos (desde o final do
primeiro século) do que qualquer outra obra literária
da antigüidade, o que incomoda bastante os céticos. E
preciso lembrar que manuscritos antigos são raros,
principalmente por não serem escritos em papel como
conhecemos hoje, mas normalmente em papiro, um
material extremamente vulnerável ao tempo,
umidade, mofo e deterioração (o pergaminho somente
foi inventado por volta do quarto século). No entanto,
muitas peças em papiro daquele período foram
descobertas, o que confere validade à Bíblia (e
especialmente ao evangelho de João) mais do que
qualquer outro documento antigo.
Em 1885, no Egito central, onde o ar é seco,
muitos documentos antigos foram encontrados,
cobertos durante séculos por areias protetoras. Nos
dez anos seguintes, descobertas arqueológicas
revelaram muitos fragmentos das Escrituras,
respondendo a muitas perguntas dos céticos. Em
1920, um fragmento de papiro do evangelho de João
também foi encontrado, medindo oito centímetros e
nove milímetros por seis centímetros e quatro
milímetros, contendo João 18.31-33 de um lado e
18.37-39 de outro.
Os estudiosos atribuíram-no à primeira metade do
segundo século. É o mais antigo manuscrito da Bíblia
encontrado — uma evidência de que o evangelho de
João existia e estava em circulação no Egito, nos anos
que se seguiram imediatamente à morte de João.
Este importante fragmento está sob uma redoma
de vidro na Coleção Chester Beatty, da Biblioteca
Rylands, em Manchester, Inglaterra, e é considerado
um dos mais importantes manuscritos da história
(embora já não seja o texto bíblico mais antigo). Este
documento comprova a veracidade do evangelho de
João bem como confirma sua autoria.
Além desse célebre fragmento do manuscrito de
John Rylands, existe outra evidência da antigüidade do
evangelho de João:

A veracidade do evangelho de João é comprovada


também pelo Egerton Papiro 2, com data anterior ao
ano 150. Foi também usado por Tatian em seu
Diatessaron.... João foi também conhecido e usado em
alguns círculos heréticos gnósticos — por exemplo, por
Ptolorneu, um discípulo de Valentino, pelo evangelho
de Pedro (cerca de 150), e (provavelmente) pelo autor
do evangelho da Verdade, de Valentino.
Uma, evidência adicional da autenticidade deste
importante evangelho é o fato de ele ter sido aceito
imediatamente por todos os líderes da igreja primitiva.
Por exemplo, Inácio, em suas Sete Cartas, escritas por
volta de 110 d.C, faz citações dos quatro evangelhos.
Papias, que viveu em 70-155 d.C, foi discípulo de João
e citou seus escritos, juntamente com os outros
evangelhos, em seu livro Uma Explanação dos
Pronunciamentos do Senhor. Citações semelhantes
podem ser encontradas nos escritos de Irineu (130-
200 d.C), um aluno de Policarpo (tendo sido ele
mesmo, por sua vez, um aluno de João), bem como
nos de Justino Mártir e outros pais da igreja. Apesar de
apenas parte de seus escritos ter sido preservada,
aqueles que restaram confirmam a existência e
imediata aceitação, na época, do evangelho de João
(assim como de outros livros do Novo Testamento).
A Bíblia é, com certeza, o livro mais lido e amado
no mundo, e dos livros do Novo Testamento, o
preferido é o evangelho de João.
Sua mensagem tem sido usada ao longo dos
séculos para alcançar multidões para a salvação
através da fé no Senhor Jesus Cristo, e esta é talvez a
maior prova de sua autenticidade e inspiração divina.

Os Três Autores dos Sinópticos

Todos os três escritores dos evangelhos


sinópticos ou foram testemunhas oculares dos eventos
da vida de Jesus ou tiveram acesso àqueles que foram.
Para uma avaliação correta dos sinópticos, é preciso
esclarecer que os autores se preocuparam mais com o
tema e as pessoas a quem eles se dirigiam do que
com a seqüência cronológica dos fatos.
O evangelho de Mateus é considerado como
escrito fundamentalmente para os judeus, pois
continuamente enfatiza o cumprimento das profecias
do Velho Testamento a respeito de Jesus, provando
que Ele era realmente o Messias.
Desde o início do cristianismo, Mateus foi
considerado o autor do evangelho que leva seu nome.
Mateus é mencionado em ambas as listas de
discípulos (Marcos 3.13; Lucas 6.12-16), confirmando
ter sido uma testemunha ocular dos acontecimentos.
Ele admitiu ser um “publicano” ou cobrador de
impostos que deixou tudo para seguir Jesus.
E quando foi escrito o evangelho de Mateus? Os
céticos nos fariam crer que ele data de pelo menos
uma ou duas gerações após os eventos ali registrados.
Isto, porém, é impossível. Sob uma redoma de vidro
na biblioteca do Magdalen College, em Oxford,
Inglaterra, se encontra o que atualmente é
considerado como o mais antigo fragmento de papiro
do Novo Testamento. Ele não apenas confirma a
exatidão do texto de Mateus ali preservado, como
prova que os fatos ali narrados faziam parte do
cotidiano da testemunha ocular que os descreve —
exatamente como a igreja tem acreditado por dois
milênios.
Na véspera do Natal de 1994, um estudioso
alemão, Dr. Carsten Peter Theide, diretor do Instituto
para Pesquisa Epistemológica Básica, publicou uma
evidência científica que datava este fragmento do
evangelho de Mateus como anterior ao ano 70 d.C, e
talvez até anterior a 30 d.C. Em 1996, em seu livro
Testemunha Ocular de Jesus, escrito juntamente com
o estudioso britânico Matthew D’Ancona, ambas as
pesquisas atuais parecem indicar que o evangelho
atribuído a Mateus existia também naquela época [30
a 60 d.C] em forma de folhas, o que tornaria possível a
sua leitura por uma testemunha ocular da crucificação.
Em um artigo publicado em uma revista no final
de 1996, o Dr. Theide fez esta importante declaração
com base em suas descobertas científicas:

“Os fragmentos de papiro indicam que os primeiros


registros completos dos evangelhos eram cópias que
foram distribuídas durante as primeiras décadas da era
apostólica, bem próximo da época em que as
testemunhas oculares haviam presenciados os fatos.
Portanto, o Jesus histórico não foi algo inventado.
Pode-se eventualmente contestar certos detalhes, mas
não o fato básico de sua existência e tudo que fez.”

Este estudioso acredita que o evangelho de


Mateus e, provavelmente, os outros dois sinópticos
foram escritos e distribuídos entre 30 e 60 d.C, quando
muitas outras testemunhas oculares ainda estavam
vivas para julgar sua exatidão.
Esta data remota do primeiro evangelho significa
que Mateus resistiu ao exame minucioso das únicas
pessoas qualificadas para julgá-lo — não os
“estudiosos” mil e novecentos anos distantes dos
eventos, inclinados a desaprovar a Bíblia e os atributos
de Cristo — mas as próprias testemunhas oculares dos
acontecimentos. Desse modo, não é de estranhar que
a igreja primitiva tenha aceitado imediatamente os
relatos do evangelho e dado a eles a posição de
“outras escrituras”, estudando-os e discutindo-os
juntamente com o Velho Testamento em seus cultos
de adoração!
Marcos, considerado tradicionalmente o autor do
segundo evangelho, foi provavelmente o primeiro a
compilar os fatos da vida de Cristo para a igreja
primitiva em constante expansão. Marcos não foi um
dos apóstolos, mas conhecia bem tanto Pedro quanto
Paulo, tendo feito várias viagens com eles. Marcos
ligou-se mais especialmente a Pedro, estando com o
apóstolo em “Babilônia”, quando este escreveu sua
primeira epístola (veja 1 Pedro 5.13). Marcos tinha
ouvido muitas vezes as pregações de Pedro e de
Paulo, tendo conhecimento de todos os eventos
transcorridos na vida de Jesus. O fato de os discípulos
se reunirem na casa de sua mãe, em Jerusalém, faz
com que possamos presumir que em sua juventude
ele tenha ouvido pessoalmente as palavras do
Salvador.
Atualmente os estudiosos admitem que o
evangelho de Marcos tenha sido escrito cerca de 50 ou
54 d.C. Gregory A. Boyd, respondendo aos céticos do
Seminário Jesus, chama a atenção para o fato de
vários fatores internos indicarem uma data antiga para
o evangelho de Marcos. Por exemplo:

Em Marcos 15.21 encontramos referência a um certo


“Simão Cireneu que passava, vindo do campo, pai de
Alexandre e de Rufo”, o qual foi forçado a ajudar Jesus
a carregar a cruz. A afirmação é totalmente
inexplicável, a não ser admitindo-se a possibilidade de
os leitores de Marcos estarem bem familiarizados com
Alexandre e Rufo. Mateus e Lucas, estranhamente, não
fazem referência a eles.
Isto não somente fixa o acontecimento na
história, mas o localiza na memória dos leitores, os
quais poderiam guardar esses nomes na memória por
muito mais de dez ou vinte anos, talvez até uma
geração. Se não fosse assim, tais nomes seriam
esquecidos.
Boyd continua:

Marcos menciona Pilatos sem a preocupação de


explicar a seus leitores quem era ele (Mateus e Lucas
afirmam que ele era “governador”); por outro lado,
refere-se ao “sumo sacerdote” sem mencionar seu
nome (ao passo que Mateus e Lucas o identificam
corretamente como Caifás; Mc 14.53-54; 15.1). A
explicação mais lógica para isso é que os leitores de
Marcos não precisavam da referência à posição de
Pilatos ou quem era o “sumo sacerdote “quando Jesus
foi crucificado. Tendo em vista que Pilatos deixou de
ser governador no ano 36 d. C, e Caifás deixou sua
posição em 37d.C, quanto mais distante destas datas
procurarmos datar o evangelho de Marcos, menos
compreensíveis se tornam suas informações.

A conclusão de Boyd é apropriada, pois a


evidência indica uma data anterior, sendo o relato
feito por alguém muito familiarizado com os fatos e as
pessoas envolvidas.
Devo acrescentar que descobertas arqueológicas
recentes atestaram que Pilatos era o governador em
Jerusalém naquela época, o que confirma a
confiabilidade dos relatos do evangelho. Procure
imaginar o que aconteceria se alguma descoberta
arqueológica recente colocasse Pilatos vinte anos
antes ou depois da crucificação. Os céticos
imediatamente ergueriam sua voz para atestar sobre
a falta de credibilidade das Escrituras. Entretanto,
somente um silêncio abafado de tais associações
acolheu as recentes descobertas que confirmam as
datas, as pessoas e a exatidão histórica dos registros.
De fato, a arqueologia não tem sido benevolente
com os céticos durante os últimos cem anos ou mais.
Em vez de confirmar seu ceticismo provando que a
Bíblia está “cheia de falsidades”, como alguns
costumam proclamar, numerosas descobertas
arqueológicas têm, na realidade, confirmado a
exatidão dos registros.
Há fortes evidências de que Marcos não somente
escreveu o evangelho, mas contou com a ajuda de
uma testemunha ocular. A antiga tradição admite que
o apóstolo Pedro foi a força motora por trás do
evangelho de Marcos. Alguns até vão mais longe a
ponto de dizer que este é o evangelho segundo Pedro
(por meio de Marcos). O mais importante, porém, é
que o evangelho de Marcos foi escrito por alguém que
se relacionou diretamente com os eventos, sendo
aceito pela igreja logo depois de ter sido escrito.
Papias, um discípulo do apóstolo João que viveu
entre 70 e 155 d.C, escreveu em sua Explanação dos
Pronunciamentos do Senhor que havia se dedicado à
tarefa de inquirir os anciãos [presbíteros] e seus
seguidores e que um deles narrou o seguinte:
“Marcos, tendo se tornado o intérprete de Pedro,
anotou com exatidão tudo aquilo que este último
recordava — das palavras e atos de Cristo — não,
porém, em ordem. Pois nem ele ouviu o Senhor, nem
foi seu seguidor, mas, logo depois, ele se apegou a
Pedro, adaptando suas instruções conforme a
necessidade. Marcos não ensinou como se estivesse
compondo um relato unificado dos oráculos do Senhor,
portanto, não cometeu nenhum erro ao assim anotar
algumas coisas que ele (Pedro) lembrava. Pois tinha
em mente uma só coisa — nada omitir do que tinha
ouvido e não fazer quaisquer afirmações falsas”.
Lucas, “o médico amado” (Colossenses 4.14),
autor do terceiro evangelho, possuía as qualidades de
um bom escritor e historiador. Até mesmo os céticos,
que difamam os registros do evangelho, admitem a
qualidade do seu estilo literário. Lucas era um médico
grego que fez várias viagens com o apóstolo Paulo na
propagação do evangelho. Supõe-se que seu livro
tenha sido escrito cerca de 58-60 d.C, na época em
que vivia na cidade de Cesaréia, quando de prisão de
Paulo ali durante dois anos. Alguns estudiosos
acreditam que Lucas tinha lido o evangelho de Marcos
antes de escrever o seu, pois nos cerca de 1150
versículos de seu evangelho aparecem quase
trezentas citações de Marcos [ed. de Almeida].
Como grego, Lucas tendia a escrever à maneira
grega, o que dá ao seu evangelho uma aceitação
universal maior que o de Mateus. Ele enfatiza a
humanidade de Jesus mais do que os outros, razão
pela qual o filme “Jesus” (produzido e distribuído por
Campus Crusade for Christ não precisa de muita
revisão e adaptação quando traduzido para outras
línguas — o evangelho de Lucas por si só proporciona
a ação dramática. O filme já foi traduzido para mais de
setenta e cinco idiomas, tendo se revelado um
excelente instrumento para levar milhões de pessoas
a se decidirem por Cristo.
Lucas não foi testemunha ocular dos
acontecimentos que relata em seu evangelho, mas
compensa essa deficiência com a vantagem de ter
entrevistado aqueles que estiveram com Jesus,
produzindo, assim, um registro de grande exatidão e
credibilidade. Nenhuma pessoa poderia conhecer tão
bem os detalhes encontrados no evangelho de Lucas,
senão através de entrevistas com as testemunhas
oculares; assim sendo, o bom médico Lucas deixou-
nos um relato muito convincente da vida, ministério e
morte de Jesus. Pelo fato de se referir a tantos lugares
geográficos específicos em seus escritos, Lucas se
tornou sensível e preciso em suas investigações,
relacionando com exatidão 53 localizações
geográficas. Sua precisão nas informações é tão
surpreendente que vários arqueólogos, como W. F.
Albright, tiveram sua fé restaurada ou fortalecida e
muitos passaram da infidelidade à aceitação da fé ao
constatarem a exatidão das informações do Dr. Lucas.
Uma dessas conversões foi experimentada por um dos
maiores arqueólogos e geógrafos que já existiu, Sir
William M. Ramsay.
Treinado na escola alemã de história, Ramsay não
foi inicialmente receptivo à fé. Ele achava que a Bíblia
o tornaria suscetível a influências não confiáveis, por
conter muitas citações de lugares, acontecimentos e
pessoas. Como muitos outros, sua tentativa de
desacreditar o Novo Testamento converteu-o à fé.
Ramsay de início não admitia que o livro de Atos dos
Apóstolos havia sido escrito por Lucas, o companheiro
de Paulo. Para provar sua hipótese, ele fez uma
viagem pela Ásia Menor, durante a qual ficou tão
impressionado com a exatidão mostrada no livro em
relação às localizações geográficas e históricas que
reviu seu parecer, afirmando que o texto de Lucas é
de uma fidelidade insuperável. Mais tarde ele
escreveu em um livro que Lucas deveria ser incluído
entre os maiores historiadores.
Um outro testemunho sobre a precisão científica
dos escritos de Lucas, de autoria do Dr. Wilbur Smith
— um famoso pesquisador da atualidade e um de
meus amados professores — citou uma fonte
imparcial, o Dr. James T. Shotwell. Em seu livro, The
History of History, Shotwell escreveu: “Lucas, como
mostra o livro de Atos dos Apóstolos, era um homem
instruído que recorreu a várias fontes para redigir sua
história. Suas citações geográficas são precisas e
exatas, e sua obra pode ser comparada às melhores
histórias pagas de seu tempo”.
Lucas certamente aplicou esse mesmo método ao
escrever o evangelho que tem seu nome.
Todos os quatro evangelhos são igualmente
importantes e, para obter uma imagem completa da
vida de Jesus, você deve estudar os quatro. Cada um
deles ressalta uma faceta diferente do caráter do
Mestre. Mateus, escrevendo para os judeus,
apresenta-o como rei. Marcos apresenta-o como um
servo, enquanto Lucas o apresenta como o homem
perfeito. O último, João, apresenta-o como Deus em
forma humana. Todos os quatro são imagens fiéis de
Jesus de Nazaré e nos ajudam a compreender o
Senhor de maneira completa.

Os Escritos Anteriores aos Evangelhos

Atualmente vários estudiosos da Bíblia admitem


que Marcos, considerado o primeiro dos autores do
evangelho, teve acesso a outros documentos
concernentes à vida de Jesus, os quais usou para
escrever seu próprio evangelho. Se você considera isto
herético, lembre-se de que foi Lucas quem disse:

Visto que muitos houve que empreenderam uma


narração coordenada dos fatos que entre nós se
realizaram, conforme nos transmitiram os que desde o
princípio foram deles testemunhas oculares, e ministros
da palavra, igualmente a mim me pareceu bem, depois
de acurada investigação de tudo desde sua origem,
dar-te por escrito... uma exposição em ordem. (Lc 1.1-
3)
A menos que apenas dois escritores (Marcos e
Mateus) sejam considerados “muitos”, Lucas tinha em
mente outros relatos da vida, época e morte de Jesus
que Deus não considerou necessários incluir no cânon
das Escrituras. Esses “outros documentos” se
perderam com o passar do tempo. Provavelmente
alguns ouvintes anotaram os sermões e ensinamentos
de Jesus e transmitiram suas anotações
pormenorizadas sobre horas ou dias de seus
pronunciamentos a um autor desconhecido. Outros
podem ter sido testemunhas oculares dos milagres e
de outros acontecimentos de sua vida. Marcos pode
muito bem ter mantido esses escritos não utilizados à
disposição de Lucas. Ninguém sabe ao certo. Há
também boa probabilidade de que os três autores dos
evangelhos sinópticos tenham recebido anotações ou
relatos, ou mesmo documentos inteiros, dos quais
puderam extrair suas informações.
Pelo menos um desses documentos parece ter
sido completo, e alguns especialistas acreditam que
ele foi incorporado aos evangelhos. Como aponta o Dr.
Smith: “Sabemos que antes de qualquer coisa ter sido
escrita, a igreja possuía registros sobre Jesus;
entretanto, nunca poderemos saber como esses
documentos surgiram ou quais eram suas
características originais”. Os estudiosos deram a esses
escritos que antecedem aos evangelhos o título de “Q”
[quelle], originado de uma palavra alemã que significa
fonte. Há razões para acreditar que sua existência é
explicada pela semelhança entre vários versículos nos
três relatos.
O resumo a seguir contém algumas sugestões
úteis:
“Q” foi um guia para a vida e a conduta cristã, escrito
especialmente para atender às necessidades da igreja
de Antioquia em épocas de crise. Foi uma espécie de
manual evangélico para uma igreja gentílica.
Evidentemente ele não contém todo o ensino de Jesus,
mas somente o que se considerava necessário para
resolver problemas e circunstâncias inusitadas de uma
igreja especial em uma fase especial de sua história.
Foi escrito provavelmente antes do Concilio Apostólico
(50 d. C.) ou até mesmo antes da primeira viagem
missionária de Barnabé e Paulo, isto é, cerca de 47
d.C. O Prof. Streeter chega a afirmar que “Q “foi
provavelmente escrito vinte anos antes de Marcos. De
acordo com o comentário do Prof. Robertson, “Q “ foi
escrito durante a vida de Jesus, razão pela qual não
inclui a semana da paixão. Dificilmente vamos saber
qual foi o conteúdo de “Q”, uma vez que ninguém viu tal
documento, nem os antigos pais da igreja afirmaram tê-
lo visto.

Embora a existência de um recurso precioso como


“Q” não possa ser comprovada, ele é certamente
plausível. Sabemos que Lucas baseou seu evangelho
em ampla pesquisa e provavelmente não limitou suas
fontes apenas aos relatos orais. Seria natural que
muitos registrassem o testemunho de uma cura ou
algum dos sermões de Jesus. Com toda probabilidade,
cada um dos escritores do evangelho teve acesso a
muitas partes desse material. É bem possível que
Mateus tenha feito suas próprias anotações e mais
tarde acrescentado alguma coisa do recurso material
existente ao escrever seu evangelho. Se isto é
verdadeiro, o tempo se reduz ainda mais entre os
eventos reais na vida de Cristo e a época em que
foram registrados nos evangelhos.
Todos os Sinópticos Foram Escritos Antes de 70
d. C.

O intervalo entre os acontecimentos da vida de


Jesus e a redação dos evangelhos, como os
conhecemos hoje, poderia ser somente de mais ou
menos trinta e cinco anos. Os céticos do século
dezessete tentaram provar que os evangelhos foram
escritos depois do primeiro século ou, talvez, ainda
mais tarde. O objetivo era claro: queriam atribuir os
relatos sobre a vida de Jesus a uma época posterior à
morte de todos os discípulos, o que permitiria a eles
rejeitar toda a história como falsa, uma vez que os
evangelhos são atribuídos a homens que viveram na
época em que os eventos se realizaram. Um
evangelho que não contivesse o testemunho de pelo
menos uma testemunha ocular não poderia ser
considerado um registro autêntico.
Este argumento, porém, não resistiu, como a
maior parte dos ataques céticos sobre a autenticidade
das Escrituras.
Os três escritores dos sinópticos incluem o
discurso profético do Monte das Oliveiras, apenas
horas antes de Jesus ser crucificado. Em todos eles
menciona-se que Jesus previu a destruição do templo
em Jerusalém, uma profecia que foi cumprida em 70
d.C. — entretanto, nenhum deles menciona que a
catástrofe já tivesse ocorrido na época em que os
registros foram escritos. Isto confere credibilidade a
Mateus e Marcos, ambos judeus nacionalistas, que
teriam falhado em registrar um fato tão importante,
como a ocupação de sua cidade e a destruição do
templo, se de fato isso tivesse ocorrido na época em
que escreveram. Portanto, muito provavelmente,
esses evangelhos foram escritos antes daquela data; e
uma vez que é bastante improvável que todos os três
escreveram no mesmo ano, pelo menos um deles
poderia ter escrito entre dois a dez anos antes desse
terrível acontecimento descrito minuciosamente por
Josefo. Portanto, estamos ainda dentro dos trinta a
trinta e sete anos distantes dos eventos em questão —
bem dentro do espaço requerido pela confiabilidade.

O Apoio de um Cético Francês

Se os evangelhos não tivessem registrado


fielmente a vida de Jesus, de onde eles teriam tirado
essa imagem? Qual é a probabilidade de os autores
dos evangelhos terem simplesmente “combinado”
entre si escrever a história da vida e caráter de Jesus?
Observe a opinião de um famoso cético francês, Jean-
Jacques Rousseau:

Seria a história do evangelho obra da imaginação?


Amigo, não é assim que se inventa; os fatos sobre
Sócrates, dos quais ninguém duvida, não são tão bem
atestados como aqueles sobre Jesus Cristo. Na melhor
das hipóteses, você está apenas se afastando do
problema, sem ficar livre dele. Seria mais inacreditável
que quatro homens fizessem um acordo para fabricar
este livro do que um único homem ter fornecido o
assunto para ele. Nem os judeus poderiam ter feito
isso. O evangelho contém notas de realidade tão
grandes e admiráveis, que seu inventor seria uma
pessoa mais surpreendente do que seu herói.

Qualquer pessoa familiarizada com Rousseau


sabe que ele não foi nenhum defensor da fé. Rousseau
foi um racionalista radical que exerceu grande
influência sobre a Revolução Francesa e na introdução
do humanismo nas Américas. Entretanto, Rousseau
acreditava que a Bíblia possuía tanta credibilidade
como qualquer outro livro antigo. Sua opinião ainda
tem um grande peso.

A História Favorece a Confiabilidade da Bíblia

Por que alguns estudiosos não submetem outras


obras antigas aos mesmos padrões irracionais que
aplicam aos evangelhos? Há muito mais evidência
para se confiar na Bíblia do que em qualquer outro
livro antigo.
Consideremos apenas alguns poucos exemplos da
antigüidade. Aristóteles, um filósofo grego
freqüentemente citado, viveu entre 384 e 322 a.C. O
documento mais antigo de suas obras foi descoberto
cerca de 1.400 anos depois de ele ter escrito os
originais. Platão viveu entre 427 e 347 a.C, e os
documentos mais antigos que temos de seus trabalhos
datam de pelo menos 1.100 anos depois que os
originais foram escritos. No entanto, quase ninguém
nega a autenticidade dos escritos desses dois autores.
Agora, comparemos isso com a situação dos
evangelhos sinópticos. Cópias completas dos
evangelhos datadas entre duzentos e trezentos anos
de sua composição estão expostos em museus de
várias partes do mundo e existem fragmentos dos
evangelhos ainda mais antigos. No entanto, os
mesmos “estudiosos” que aceitam Aristóteles e Platão
geralmente parecem chocados com Jesus. Isto não
seria preconceito?
Além disso, todo o Novo Testamento pode ser
reproduzido a partir de livros escritos pelos primeiros
cristãos dentro dos 150 anos dos eventos! No entanto,
os mesmos céticos que têm dificuldade em aceitar a
Bíblia raramente hesitam em aceitar seus amigos
filósofos da Grécia. Por quê? Não é certamente porque
eles têm mais evidência; o mais provável é que esses
estudiosos têm sérias divergências filosóficas com a
Bíblia. Portanto, a questão não é a evidência, mas a
filosofia!
Muitos estudiosos têm se empenhado
arduamente em tentar provar a validade do gnóstico
evangelho de Tome, quando se sabe com certeza que
sua data é posterior aos evangelhos canônicos, dos
quais inclusive depende. Geralmente um documento
antigo é aceito por aquilo que ele alega ser, a menos
que o historiador possa provar outra coisa. Isto coloca
o fardo da prova sobre aqueles que não acreditam no
documento. Até aqui os opositores da confiabilidade
histórica dos relatos do evangelho falharam em suprir
esta evidência. Já é tempo de os céticos aceitarem
como autênticos os evangelhos canônicos, ou então
que consigam provar de uma vez por todas que eles
datam de um período muito posterior ao que tem sido
sustentado tradicionalmente.
A verdade é que nenhum livro antigo se aproxima
do número de cópias ou de partes integrais de
manuscritos que possuímos do Novo Testamento. Josh
McDowell escreve:

Quando terminei minha pesquisa sobre a confiabilidade


da Bíblia e publiquei Evidence That Demands a Verdict,
em 1973, fui capaz de documentar quatorze mil
manuscritos somente do Novo Testamento. Em 1980
reeditei e atualizei esta obra em razão da grande
quantidade de novos materiais de pesquisa
disponíveis. Atualmente, sou capaz de documentar
24.633 manuscritos somente do Novo Testamento. A
importância do número de manuscritos que
documentam o Novo Testamento é ainda maior quando
se constata que o segundo livro na história que mais
possui manuscritos qualificados é a Ilíada, de Homero,
que tem apenas 643 manuscritos. O grande número de
manuscritos que dão autenticidade ao Novo
Testamento motivou Sir Frederick Kenyon, uma das
maiores autoridades na questão da confiabilidade dos
antigos manuscritos, a escrever: “O intervalo, entre as
datas da escrita original e a evidência mais antiga
descoberta é tão pequeno que chega a ser desprezível,
o que torna praticamente impossível qualquer
possibilidade de as Escrituras terem sido escritas mais
recentemente. Tanto a autenticidade como a
integridade geral dos livros do Novo Testamento podem
ser consideradas como definitivamente estabelecidas”.

De qualquer maneira, o fardo da prova repousa


sobre os céticos. Eles têm, portanto, de prover
qualquer evidência sólida de que os registros do
evangelho sobre a vida de Jesus não são confiáveis. Se
colocarmos de lado o antagonismo filosófico deles em
relação a qualquer coisa sobrenatural, seus
argumentos se desfazem como a neblina diante do
calor do sol. A história, a geografia e a lógica
asseveram que Deus, realmente, deixou-nos um
registro confiável da vida de seu Filho, Jesus de
Nazaré. E esse registro é encontrado nos evangelhos.
Anos atrás minhas dúvidas de principiante eram
aumentadas pelos céticos, que ridicularizavam a fé na
Bíblia porque muitos de seus detalhes não podiam ser
verificados por fontes extra bíblicas. Por exemplo, a
Bíblia mencionava 44 reis pelo nome e, no entanto,
nenhuma história “secular” confirmava sua existência.
O Dr. Harry Rimmer, um defensor da exatidão da
Bíblia, chamou a atenção para o fato de, nos últimos
cem anos de escavações arqueológicas, os nomes de
quarenta daqueles reis terem sido descobertos. Ele
costumava dizer em suas conferências que não era
preciso muita fé para confiar na exatidão da Bíblia
apesar de faltarem quatro reis! Certa vez a Bíblia foi
ridicularizada por mencionar a grande “nação hitita”,
muito embora fontes não-bíblicas disponíveis nunca
tivessem mencionado esse povo. Hoje, graças às
escavações dos arqueólogos, todos aceitam a
historicidade dos hititas — um povo que a Bíblia
mencionou há 2.500 anos.
O Prof. Edward Meyer, um racionalista,
honestamente declarou: “Não há absolutamente
nenhuma razão para recusar-se a aceitar aquelas
velhas tradições como historicamente dignas de
confiança em todos os seus pontos essenciais e em
sua disposição cronológica da história”.
Nos últimos anos, foram encontrados tantos
fragmentos de manuscritos e tanta evidência do
primeiro século que mesmo alguns dos cientistas e
estudiosos mais céticos tiveram de rever as datas
posteriores que haviam dado aos evangelhos,
chegando finalmente a datas mais próximas daquelas
que a tradição havia alegado para eles. Theide e
D’Ancona concordam que a ciência e os eruditos terão
de “redatar” suas ultrapassadas estimativas à medida
que nos aproximamos do novo milênio. Eles concluem:

Há boas razões para se supor que o evangelho


segundo Mateus, com seus relatos detalhados do
sermão do monte e da grande comissão, foi escrito não
muito depois da crucificação e certamente antes da
destruição do templo em 70 d. C; que o evangelho
segundo Marcos foi divulgado cedo o suficiente para
poder alcançar Qumrã antes de sua destruição (anterior
a 70 d.C), que o evangelho segundo Lucas pertenceu
a essa mesma geração de manuscritos cristãos.
Freqüentemente, nos últimos duzentos anos, a
ciência tem sido hostil à fé. Porém, mais
recentemente, talvez para ser academicamente
honesta, a ciência começou a dar apoio àquilo que os
cristãos sempre acreditaram: que os evangelhos foram
escritos por testemunhas oculares dos eventos que
apresentam e são, portanto, relatos confiáveis da
história.
Afinal de contas meu dedicado professor estava
certo:

O evangelho tem produzido mais força em direção ao


bem do que quaisquer outros documentos já escritos
pelos homens. Com base no testemunho de seus
registros, a igreja cristã tem permanecido firme por
dezenove séculos. Milhares de grandes estudiosos em
várias épocas têm alegremente testificado que após
estudarem detidamente os evangelhos foram
compelidos a aceitar suas palavras como sendo
historicamente dignas de confiança. Através da
pregação daqueles primeiros discípulos, o mundo todo
foi transformado e para melhor. Pela contínua pregação
da verdade desses evangelhos milhões de vidas têm
sido transformadas em cada geração.

Nenhum livro do mundo antigo tem sido mais


insistentemente atacado do que a Bíblia, e, apesar
disso, saiu ileso aos ataques da crítica das distorções e
dos preconceitos. A Bíblia é ainda o livro mais vendido
e certamente o mais amado do mundo. Foi o primeiro
livro a ser impresso logo após a invenção da prensa
gráfica, exatamente porque era “o primeiro livro”. Isto
aconteceu há mais de quinhentos anos, e ele continua
sendo “o primeiro livro” até hoje.
Nenhum outro livro tem sido tão copiado, citado
ou servido de inspiração para melhorar o caráter das
pessoas. Ele é, de longe, o livro mais inspirador e
motivador do mundo. A Bíblia contém muita da
sabedoria de Deus e é o melhor manual sobre o
comportamento humano já escrito. Aqueles que
criaram as filosofias discordantes da Bíblia foram
acusados por seus próprios erros com o passar do
tempo, enquanto que aqueles que traçaram o curso de
suas vidas de acordo com os princípios contidos na
Bíblia gozam da “paz com Deus”, impossível de ser
obtida de qualquer outra forma. Nas épocas de
necessidade, busca de orientação ou bênção, mais
pessoas ainda procuram a ajuda da Bíblia do que de
qualquer outra fonte.

Jesus Garantiu a Exatidão de Seu Registro

O cristão não precisa preocupar-se com a


confiabilidade dos registros ou com a exatidão das
mensagens de nosso Senhor aos seus seguidores,
contidas no evangelho. Ele tomou grande cuidado para
que elas fossem infalíveis. Isto faz sentido, pois, se Ele
percorreu um caminho tão difícil para salvar a
humanidade, não deixaria de assegurar a exatidão da
narrativa dessa caminhada. Não é surpresa para Ele
que o cristianismo permaneça por dois milênios,
dependendo todo o tempo da proclamação de sua
história por meio dos evangelhos. Nem mesmo os
movimentos racionalista alemão e cético francês o
apanharam de surpresa. Ele havia tomado mais do
que precauções adequadas. Foi João quem registrou a
promessa: “o Consolador, o Espírito Santo, a quem o
Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as
coisas E vos fará lembrar de tudo o que vos tenho
dito”. (João 14.26) O Espírito Santo, a quem Jesus
também chamava “o Espírito da Verdade” tinha sobre
si a tarefa de assegurar a exatidão dos registros do
evangelho e sua inclusão no cânon do Novo
Testamento. Já vimos que existem outros escritos
cristãos, mas nenhum sobreviveu até os nossos dias.
Por quê? Evidentemente eles não estavam à altura do
padrão de excelência que o Espírito Santo requeria ao
compor o Novo Testamento.
Podemos com toda certeza ler os evangelhos e
outros livros do Novo Testamento com a confiança de
que estamos lendo relatos verdadeiros daquilo que
Jesus de Nazaré realmente fez e disse. Eis a razão por
que podemos basear neles nossa salvação e destino
eternos. Se desejamos saber quem Jesus de Nazaré
realmente foi, não precisamos esperar pelas
declarações mais recentes dos estudiosos céticos, tais
como aqueles do Seminário Jesus. A melhor estratégia
é ler atentamente o que os evangelhos e os demais
livros do Novo Testamento têm a dizer sobre Ele.
Somente ali você estará em segurança.

4. Várias Opiniões Sobre Jesus de Nazaré

Quase todas as pessoas que ouviram falar de


Jesus formaram uma opinião sobre Ele. Isto é natural,
pois Ele não somente é a pessoa mais famosa da
história universal, mas também a que tem causado
mais controvérsias. As opiniões populares sobre Jesus
podem ser reduzidas a apenas duas: ou Ele foi Deus
em forma humana ou foi simplesmente um homem
bom. Uma delas não pode ser verdadeira. É impossível
vê-lo como um homem bom, se Ele não for o Filho de
Deus, pois foi isso precisamente que Ele alegou ser
(veja o Capítulo Cinco). Se Ele não era Deus, mas
alegou ser, então não pode ser bom; Ele seria ou louco
ou um grande mentiroso.
Em razão de seu caráter reto e seus atos
caridosos, dificilmente alguém consideraria Jesus sob
uma ótica negativa. Mesmo aqueles que se irritavam
ao ouvir seu nome — Hegel, Voltaire, Stalin, Mao Tsé-
Tung e Marx, para citar alguns — não foram capazes
de ignorá-lo. Alguns foram até mesmo respeitosos
para com Ele. Apesar disso, eles sabiam que suas
teorias eram opostas ao ensino de Jesus, por isso não
poupavam esforços em uma fútil tentativa de anular
sua influência.
Tudo se resume desta forma: Se Jesus é
realmente Deus em forma humana, então Ele deve ser
adorado. Se Ele não é, deve ser esquecido e rotulado
como impostor ou lunático.
Nesses dois mil anos passados, bilhões de
pessoas o têm adorado, enquanto que outros bilhões
nunca ouviram falar dele ou não tiveram acesso a
evidência de quem Ele realmente é. Neste último
grupo muitos têm formulado suas opiniões sobre Jesus
baseados nas afirmações de outras pessoas, mas isto
é perigoso, pois uma visão prejudicial pode levar a
conclusões erradas.
De acordo com a Bíblia, no eterno plano de Deus
para o homem, a decisão mais difícil que toda pessoa
enfrenta está relacionada com a identidade de Jesus
de Nazaré. “Quem é Jesus?” torna-se desse modo a
mais importante pergunta a que uma pessoa possa
responder.

A Opinião dos Descrentes

De todos os pontos de vista sobre Jesus de


Nazaré, nenhum é tão insensato como o que afirma
que Ele nunca viveu realmente. Tal pressuposição
desafia tanto a razão como a história, pois as pegadas
do Nazareno estão irrevogavelmente estampadas em
todo o Oriente Médio, na era romana e na civilização
ocidental. Muitos judeus em Israel rejeitaram sua
origem divina, mas não puderam e nem podem negar
sua existência histórica. Muitos deles hoje concordam
que Jesus é o maior dos hebreus surgido desde o fim
do Velho Testamento.
Em 1995 liderei uma viagem turística a Israel em
dois ônibus lotados de cristãos. Nosso guia, um major
da reserva do exército, tinha também mestrado em
história pela Universidade Hebraica. Ele foi muito
respeitoso em relação ao homem Jesus — mas admitiu
que não podia aceitá-lo como Messias, muito embora
reconhecesse nele “muitas semelhanças”. Quando
perguntei se muitos judeus acreditavam que Jesus
realmente viveu, ele respondeu: “Sim, certamente!”
Então perguntei quem eles achavam que foi Jesus, e
ele respondeu: “O judeu mais famoso em toda a
história.” Boa parte da economia de Israel baseia-se
hoje nos turistas cristãos que visitam a Terra Santa
para prestar homenagem a Jesus. Cada ônibus de
turismo relembra aos habitantes locais que o
Nazareno viveu ali e foi um deles, porém muitos
negam-se a considerá-lo como Messias.
Mesmo aqueles que não aceitam a condição de
Jesus como Deus admitem que Ele deixou uma marca
indelével sobre a humanidade. J. Oswald Sanders, um
respeitado escritor e ministro inglês, colecionou
afirmações tanto de descrentes como de crentes sobre
a pessoa de Jesus:
Descrentes. Parece que os descrentes e mesmo
os infiéis tentaram suplantar uns aos outros nos
elogios ao caráter de Cristo e, em um tribunal, o
parecer favorável de uma testemunha em relação ao
lado oposto tem grande peso. Seguem-se, então,
alguns tributos de descrentes e de inimigos do
cristianismo à pessoa de Jesus.

Ernest Renan, o infiel francês, escreveu:


“Repousa agora em tua glória, nobre Fundador. Tua
obra está terminada! Tua divindade está
estabelecida... Entre ti e Deus não haverá mais
qualquer distinção... Sejam quais forem as surpresas
do futuro, Jesus nunca será ultrapassado.”
W. Lecky, de Dublin (Irlanda), o historiador do
racionalismo, diz: “Cristo exerceu influência tão
profunda que podemos afirmar que o simples registro
de três curtos anos de vida ativa fez mais para
regenerar e suavizar o ser humano do que todas as
indagações dos filósofos e todas as exortações dos
moralistas.”
Lord Byron, um poeta devasso, afirmou: “Se alguma
vez o homem foi Deus, ou Deus foi homem, Jesus foi
ambos.”
Spinoza, apóstata judeu: “Jesus Cristo foi o Templo;
nele Deus teve a mais plena revelação de si mesmo.”
J. J. Rousseau, ateu imoral: “Se Sócrates viveu e
morreu como sábio, Jesus viveu e morreu como Deus.”
James Martineau, famoso unitarista: “Jesus Cristo
deve ser chamado de o regenerador da raça humana.”
(N.T.: unitarista: adepto do unitarismo, seita
protestante do séc. XVI que negava o dogma da
Trindade, reconhecendo em Deus uma só pessoa).
Robert Ingersoll, conferencista ateu: “Pelo homem
Cristo... tenho a mais alta admiração e respeito.
Tivesse eu vivido em seu tempo, teria sido seu
amigo.”
Pecaut, outro célebre infiel francês: “O caráter moral
de Cristo elevou-se incomparavelmente acima do de
qualquer outro grande homem da antigüidade.
Nenhum outro foi tão meigo, tão humilde e tão
bondoso como Ele. Em Espírito Ele viveu na casa de
seu Pai celestial. Sua vida moral está totalmente
impregnada de Deus.”

É surpreendente como esses homens foram longe


e apesar disso, não se renderam aos argumentos do
Filho de Deus, pois a admiração não salva.

O Testemunho de Napoleão Bonaparte

Pouco se fala entre os historiadores modernos


sobre a vida espiritual do suposto ditador da Europa,
após seu exílio em Elba.
Conta-se que, para aliviar as horas passadas na
prisão (quase vinte anos, com exceção de uma
tentativa abortada de reconquistar seu império), ele
fez um estudo profundo da vida e pessoa de Jesus
Cristo. Sua conclusão interessa a você.

Do começo ao fim Jesus é o mesmo; majestoso e


simples, infinitamente severo e infinitamente meigo.
Durante toda sua vida pública, Ele nunca foi apanhado
em falta. A sua conduta desperta nossa admiração por
unir força e suavidade. Quer na palavra ou na ação, Ele
é sábio, firme e calmo. A sublimidade é considerada
um atributo da divindade: que nome, pois, darei a Ele,
em cujo caráter estava presente cada elemento do
sublime?

Conheço os homens, e digo a você que Jesus não é


um simples homem. Tudo nele me impressiona. Seu
espírito ultrapassa o meu e sua vontade me confunde.
A comparação entre Ele e qualquer outra pessoa é
impossível. Ele é verdadeiramente um ser por si
mesmo. Suas idéias e sentimentos; a verdade que
anuncia; sua maneira de convencer; todos estes
atributos estão além da humanidade e da ordem natural
das coisas.

Seu nascimento e a história de sua vida; a


profundidade de sua doutrina, que tudo soluciona e que
elimina todas as dificuldades; seu evangelho; a
singularidade de seu ser misterioso; sua aparência; seu
império; seu progresso através dos séculos e dos
reinos; tudo isto é para mim um prodígio, um mistério
insondável

Nada vejo aqui de um simples homem. Por mais que


possa aproximar-me, por mais profundamente que o
examine, tudo permanece acima de minha
compreensão—com uma grandeza que me esmaga. É
em vão que reflito — tudo permanece inexplicável!
Desafio você a citar outra vida como a de Cristo.

A Evidência da Blasfêmia

Na introdução deste livro contei a história de um


aluno do curso secundário que nunca tinha ouvido o
nome de Jesus Cristo usado em qualquer coisa que
não fosse profanação. Ele não está sozinho; existem
muitos como ele, graças ao vazio dos ensinos sobre o
Jesus histórico na educação pública e pela aceitação
do uso de seu nome em termos desrespeitosos.
Infelizmente, esta prática não está limitada aos
jovens; ela está presente na mídia e no comércio de
diversões. O uso do nome de Jesus em blasfêmias é
um costume tão arraigado que as pessoas parecem
não se dar conta disso ao usá-lo.
Tome a TV como exemplo. Parece-me que,
enquanto o pessoal da mídia fica constrangido toda
vez que o nome de Jesus é usado respeitosamente,
essa mesma mídia raramente parece notar quando ele
é usado de maneira profana. Tenho observado que os
entrevistadores esportivos ficam confusos quando ao
conversar com o herói de um determinado evento este
espontaneamente atribui “todo o crédito ao Senhor e
Salvador Jesus Cristo”, como vários atletas de fama
têm feito. Os anunciadores rapidamente mudam de
assunto, como se tivessem receio de que sua rede ou
emissora possa ser usada para sugerir que Jesus é
alguém especial, alguém que deve ser adorado e
cultuado. Esses mesmos indivíduos, porém, parecem
não se preocupar quando o nome de Jesus é usado
para blasfemar.
Mas, por que precisamente o nome dele? Se,
como alguns céticos admitem, Jesus é meramente um
“mestre religioso” ou um “filósofo” ou uma “grande
pessoa da história” por que então os nomes de outros
mestres famosos ou filósofos ou grandes heróis da
história não são usados do mesmo modo? Você já
ouviu alguém esmagar o dedo com um martelo e
amaldiçoar sua sorte em nome de Buda, Sócrates ou
Maomé? Provavelmente não. Por que sempre o nome
de Jesus é o escolhido? A única exceção é quando é
usado o nome do próprio Deus. Por que estes dois
nomes são usados em blasfêmias e outros não? É
muito simples. A razão é que não há nomes maiores
que esses para serem usados quando uma pessoa
“amaldiçoa” alguma coisa ou condena verbalmente
alguém ao inferno. Desatentas à advertência dos Dez
Mandamentos no sentido de que “o Senhor não terá
por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Êxodo
20.7), as pessoas continuam a citar o nome de Jesus
como se fosse nada mais do que uma forma original
de dizer “Oh!” Por ironia do destino, o cético ou ateu
que usa o nome de Jesus profanamente não está
somente invocando a ira do Deus todo-poderoso sobre
si, mas está na realidade reconhecendo a supremacia
do Pai e do Filho acima de todos os seres humanos.

A Opinião dos Crentes

É fácil encontrar testemunhos daqueles que


crêem na divindade de Jesus, pois seu número é
grande. Nos capítulos a seguir vamos considerar o
testemunho daqueles que foram testemunhas
oculares da vida de Jesus. Iremos reproduzir alguns
testemunhos dados por crentes da era pós-bíblica que
confessaram Jesus como Senhor. Observe que a
crença na divindade de Jesus não surgiu com o passar
dos séculos, como ocorre no caso das tradições
populares. Os crentes reconheceram a divindade de
Cristo já a partir do primeiro século. Veja os seguintes
testemunhos:

Policarpo (69-155 d.C): Bispo de Esmirna, foi


discípulo do apóstolo João. Policarpo escreveu: “Possa
agora o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo e o
próprio Sumo Sacerdote, o [Filho de] Deus, Jesus
Cristo, edificar-vos na fé...”.
Justino Mártir (110-166 d.C): Um apologista que
defendeu a fé de maneira bastante erudita, Justino
Mártir reconheceu: “nosso Cristo conversou com
Moisés sob a aparência de fogo da sarça.” Não foi o
Pai do universo quem assim falou a Moisés, mas
“Jesus, o Cristo”, “o Anjo e Apóstolo”, “que é também
Deus”, sim “o Deus de Abraão, Isaque e Jacó”, “o EU
SOU o que SOU”.

O testemunho da fé na divindade de Cristo é


abundante, iniciando com a primeira declaração feita
por Pedro, atribuída pelo Senhor atribuiu à revelação
divina: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo.” (Mateus
16.16)

O Credo Apostólico, cuja data é incerta mas cujos


dogmas podem ser encontrados em fórmulas
teológicas correntes por volta de 100 d.C, afirma:
“Creio em Deus Pai, todo-poderoso, Criador do céu e
da terra, e em Jesus Cristo, nosso Senhor.”

O Credo Niceno (325 d.C), formulado para corrigir


alguns erros que tinham surgido na Igreja, é até mais
explícito: “Creio... no Senhor Jesus Cristo, o
primogênito Filho de Deus... sendo um com o Pai.”

Outros credos e confissões são igualmente


inequívocos quanto à divindade de Jesus de Nazaré.
Um deles contém a sabedoria refinada de todos os
credos anteriores. A Confissão de Westminster,
escrita há mais de três séculos, afirma: “o Filho de
Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, sendo
verdadeiro e eterno Deus, da mesma substância do
Pai e igual a Ele, quando chegou o cumprimento do
tempo, tomou sobre si a natureza humana...”

Outros Testemunhos
Além dos credos, muitos escritores famosos,
pensadores e líderes da história testemunharam sua
crença na divindade de Jesus. Vejamos os seguintes:

Shakespeare: “Jesus Cristo, meu Salvador.”


Milton: “Filho unigênito, semelhança divina.”
Daniel Webster: “Creio que Jesus Cristo é o
Filho de Deus.”
Thomas B. Macaulay: “Divindade incorporada
em forma humana.”
W. E. Gladstone: “A razão para o meu viver é
baseada na divindade de Cristo.”
A. J. Balfour: “Cristo é um judeu raro, mas os
homens não conhecem seu valor... Nenhuma mente
pode captar plenamente sua glória.”
John Paul Richter: “O mais santo entre os
poderosos e o mais poderoso entre os santos, levantou
impérios arrasados com suas mãos traspassadas,
desviou de seu leito a corrente da civilização e ainda
governa as eras.”
Alexander Whyte (famoso clérigo britânico do
século passado): “Quanto mais vivo mais firme é
minha fé na divindade de meu Redentor. Ninguém
menor que o Filho de Deus pode satisfazer minhas
necessidades. Preciso de alguém que seja capaz de
salvar-me plenamente”.

Os testemunhos de pessoas de diferentes épocas


e posições na vida são incontáveis.
Como é evidente pelos testemunhos acima, a
divindade de Cristo tem sido plenamente aceita e
divulgada de forma imutável por aqueles que o
conheceram e o serviram ao longo das épocas. Ela
também foi sustentada por vários dos mais conhecidos
e amados líderes do Ocidente. Grandes homens e
mulheres têm sido crentes humildes em Jesus, o
Cristo, o Filho de Deus.
Um dos mais belos tributos prestados ao
Nazareno permanece até hoje como uma das peças
prediletas da literatura:

Uma Vida Solitária

Ele nasceu em uma aldeia obscura, filho de uma jovem


camponesa. Cresceu em outra aldeia obscura, onde
trabalhou em uma carpintaria até os trinta anos.

Então, por três anos, foi um pregador itinerante. Nunca


teve uma família nem possuiu uma casa. Nunca pôs os
pés em uma cidade grande. Nunca viajou mais de
trezentos quilômetros do lugar onde nasceu. Nunca
escreveu um livro ou exerceu um cargo. Ele não fez
nenhuma das coisas que geralmente acompanham a
fama.

Quando ainda era jovem, a opinião pública voltou-se


contra Ele. Seus amigos o abandonaram. Foi acusado
por seus inimigos e suportou a humilhação de um
julgamento. Foi pregado em uma cruz entre dois
ladrões.Enquanto estava morrendo, seus executores
disputavam em um jogo aposse da única peça de roupa
que Ele tinha—uma túnica. Quando Ele morreu, foi
descido da cruz e colocado em um túmulo emprestado.

Dezenove séculos se passaram e hoje Ele é afigura


central para grande parte da raça humana. Todos os
exércitos que já marcharam, e todos os navios que
atravessaram os mares, e todos os parlamentos que já
se reuniram, e todos os reis que já reinaram, colocados
juntos, não afetaram tão poderosamente a vida dos
homens como esta “Vida Solitária”.

(Anônimo)

Quem É Este Homem?

No tempo de Jesus, diferentemente do nosso, era


comum as pessoas aceitarem a existência de Deus.
Conseqüentemente, as alegações de Jesus sobre sua
divindade foram ou recebidas ou rejeitadas. Como
veremos, nem todos os que o ouviram falar, viram
seus milagres e foram expostos à evidência que Ele
demonstrou acreditaram nele. Muitos dos judeus de
sua época o rejeitaram porque Ele não correspondia à
idéia que eles tinham de como deveria ser o Messias.
Atualmente alguns céticos, embora admitindo o
incrível impacto da vida de Jesus sobre o mundo,
insistem em afirmar que Ele nunca alegou ser Deus ou
possuir os atributos divinos. Eles querem nos fazer
crer que Jesus foi apenas um homem bom, mas não
divino. Podemos pensar se eles alguma vez leram os
quatro evangelhos, pois, como veremos, neles são
encontradas abundantes provas de sua natureza
divina.
5. Quem Jesus Disse Que Era

O início da vida humana de Jesus pode ser


traçado em poucas palavras — Ele teve uma vida
humilde e trabalhou em uma carpintaria na obscura
aldeia de Nazaré. Entretanto, apesar dessa origem
humilde, em nenhum momento Ele teve dúvidas sobre
sua pessoa ou propósito. Assim que iniciou seu
ministério público, Ele passou a ensinar e demonstrar
a todos que era mais do que humano, que de fato Ele
era Deus vindo em forma humana. Quando seus
inimigos perceberam a importância de suas
afirmações, pegaram em pedras para matá-lo (Jo 8.59;
10.31).
Finalmente, milhares de seus amigos e
seguidores creram nele, confessando que “jamais
alguém falou como este homem” (João 7.46). Eles
nunca tinham ouvido alguém exclamar que “aqui está
quem é maior do que Jonas” ou “aqui está quem é
maior do que Salomão” ou “a principal pedra” está
aqui ou o supremo “EU SOU” está aqui! (Mateus
12.41-42; Lucas 20.17; João 8.58). Jesus fez cada uma
dessas afirmações, e outras mais. Ele sabia
exatamente quem era: o divino Filho de Deus, a
segunda pessoa da trindade.

Afirmações Corajosas Que Requerem Resposta

Meu amigo e colega de muitos anos, o Dr. Henry


Morris II, um dos três maiores estudiosos que já
conheci, fez o seguinte comentário sobre as
afirmações de Jesus como divindade:
Tais afirmações devem ser estudadas cuidadosamente
e com extrema seriedade. Elas foram feitas realmente
pelo próprio Cristo e, de acordo com as regras da razão
e da lógica, devem ser aceitas como verdade absoluta.
Elas equivalem in toto a uma afirmação absoluta e
dogmática: que Jesus Cristo é Ele mesmo o Deus
eterno! Sendo assim, se uma pessoa desconsiderar ou
rejeitar este fato, isto lhe custará a perda trágica e
eterna de sua própria alma.

As alegações são muitas e variadas, mas todas


resultam, tanto individual como coletivamente, na
afirmação do caráter singular de Jesus como o eterno
Filho de Deus. Uma amostragem disso é dada abaixo,
sem qualquer comentário (porque nenhum é
necessário):

“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém


vem ao Pai senão por mim.”(Jo 14.6)

“O Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para


perdoar pecados.” (Mt 9.6)

“Portanto, todo aquele que me confessar diante dos


homens, também eu o confessarei diante de meu Pai
que está nos céus.” (Mt 10.32)

“Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém conhece


o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o
Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.” (Mt
11.27)
“Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim,
ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em
mim, não morrerá, eternamente.” (Jo 11.25,26)

“O Filho do homem é senhor também do sábado.” (Mc


2.28)

“Quem perder a vida por minha causa, esse a salvará.”


(Lc 9.24)

“Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará


nas trevas, pelo contrário terá a luz da vida.” (Jo 8.12)

“Quando vier o Filho do homem, achará porventura fé


na terra?” (Lc 18.8)

“O Filho do homem... veio para dar a sua vida em


resgate por muitos.” (Mc 10.45)

“Aquele... que beber da água que eu lhe der, nunca


mais terá sede.” (Jo 4.14)

“O Pai... ao Filho confiou todo o julgamento.” (Jo 5.22)

“Vinde a mim todos os que estais cansados e


sobrecarregados, e eu vos aliviarei.” (Mt 11.28)
“Os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; e os que a
ouvirem, viverão.” (Jo 5.25)

“Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras


não passarão.” (Lc 21.33)

“Antes que Abraão existisse, EU SOU.” (Jo 8.58)

“Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas


do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mt 16.18)

“Eu sou a porta das ovelhas. Todos os que vieram


antes de mim são ladrões e salteadores.” (Jo 10.7,8)

“Eu e o Pai somos um.”(Jo 10.30)

“Eu sou o pão da vida; o que vem a mim, jamais terá


fome.” (Jo 6.35)

Afirmações como essas poderiam ser


acrescentadas em grande número. Lembre-se de que
Ele, por não ter pecado, jamais o enganaria e que,
sendo o mais sábio dos mestres, não poderia estar
enganado. As reivindicações são verdadeiras, e as
promessas, confiáveis. Frente a essa evidência
incontestável, podemos apenas dizer, como o ex-
cético Tome: “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28).
Uma Evidência Inquestionável

Os que alegam que Jesus estava confuso sobre


sua identidade não devem ter lido os registros do
evangelho. Não pode haver dúvida de que Jesus sabia
que Ele era o Messias, como prova um incidente
registrado em João 4.
Um dia Jesus encontrou uma mulher samaritana
no famoso poço de Jacó. Jesus, que nunca havia
encontrado antes aquela mulher, mostrou sua
natureza divina dizendo-lhe (para sua enorme
surpresa) que ela tivera cinco maridos e estava
naquele momento vivendo com um homem, sem ser
casada com ele. Imediatamente ela reconheceu que
Ele era “um profeta” (versículo 19).
Após ter conversado com Jesus, ela fez uma
declaração que indica que o conhecimento da vinda de
um Messias estava bastante difundido, mesmo em
Samaria. Esta mulher pecadora disse: “Eu sei... que há
de vir o Messias, chamado Cristo; quando Ele vier nos
anunciará todas as coisas.” Observe o que Jesus
respondeu: “Disse-lhe Jesus: ‘Eu o sou, eu que falo
contigo’“ (versículos 25-26).
Nunca é demais enfatizar a importância dessa
conversão, pois ela prova que mesmo as pessoas
leigas naqueles dias sabiam sobre a vinda do Messias.
E também uma aceitação clara e direta da parte de
Jesus de que Ele era o Messias pelo qual as pessoas
estavam esperando. Este texto deixa claro que Jesus
não estava confuso sobre quem Ele era.

Seis Afirmações Específicas da Divindade

O capítulo cinco de João contém a mais clara das


afirmações de Jesus sobre sua divindade encontrada
no Novo Testamento. Existem outras passagens
abordando esse mesmo assunto, como já vimos
acima, mas só nesse capítulo são encontradas seis
citações. João, uma testemunha ocular dos eventos da
vida de Jesus, em um único dia ouviu-o relacionar
estas seis características de sua divindade. Tomadas
em conjunto, elas provam que Jesus acreditava ser
mais do que um homem, que de fato era Deus em
forma humana.
Estas seis afirmações da divindade foram feitas a
um grupo de líderes judeus que objetaram quando, em
um sábado, Jesus curou um inválido.
Jesus tinha ido a Jerusalém para a festa da
páscoa, como os homens israelitas deviam fazer três
vezes por ano. Enquanto estava lá, Jesus foi visitar o
tanque de Betesda, onde havia “uma multidão de
enfermos, cegos, coxos, paralíticos [esperando que se
movesse a água...]”. João, uma testemunha ocular,
relata a história:

Estava ali um homem enfermo havia trinta e oito anos.


Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim
havia muito tempo, perguntou-lhe:”Queres ser curado?”
Respondeu-lhe o enfermo: “Senhor, não tenho ninguém
que me ponha no tanque, quando a água é agitada;
pois, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.”

Então lhe disse Jesus: “Levanta-te, toma o teu leito e


anda. “Imediatamente o homem se viu curado e,
tomando o leito, pôs-se a andar. E aquele dia era
sábado. Por isso disseram os judeus ao que fora
curado: “Hoje é sábado e não te é lícito carregar o leito.
“Ao que ele lhes respondeu: “O mesmo que me curou
me disse: “Toma o teu leito e anda”. Perguntaram-lhe
eles: “Quem é o homem que te disse: ‘Toma o teu leito
e anda ? “Mas o que fora curado não sabia quem era;
porque Jesus se havia retirado, por haver muita gente
naquele lugar.

Mais tarde Jesus o encontrou no templo e lhe disse:


“Olha que já estás curado; não peques mais, para que
não te suceda coisa pior.” O homem retirou-se e disse
aos judeus que fora Jesus quem o havia curado. E os
judeus perseguiam a Jesus, porque fazia estas coisas
no sábado (Jo 5.5-16).

O ensino decorrente desse acontecimento foi


motivado pela exagerada devoção dos judeus à
guarda do sábado, em obediência ao quarto
mandamento. Eles desconsideraram o fato de que
Deus já havia permitido algumas exceções a este
mandamento, no Velho Testamento, para emergências
e atos de bondade (Veja Números 28.9-10; 1 Samuel
21.1-6; Mateus 12.11-12). Alguns ficaram tão
transtornados com esse milagre realizado no dia de
sábado que procuraram matar Jesus, muito embora
isto significasse uma violação do sexto mandamento.
Para eles, Jesus tinha cometido um pecado
imperdoável: tinha se considerado “igual a Deus”.
Jesus justificou suas ações fazendo seis afirmações
clássicas de sua divindade.
Embora esses atributos legítimos de sua
divindade não abrangessem todas as características
desta natureza demonstradas durante sua vida, eles
provam que logo depois de deixar sua oficina de
carpinteiro em Nazaré, Jesus proclamou, sem deixar
dúvida, quem Ele era: Deus em forma humana. E Ele
nunca desmentiu isso.
1. Jesus afirmou ser Deus encarnado

Ele respondeu aos fariseus: “Meu Pai trabalha até


agora, e eu trabalho também” Portanto os judeus
procuravam mais ainda matá-lo, porque Ele não
somente desrespeitou o sábado, “mas também dizia
que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus”
(Jo 5.17-18).
Para defender seu trabalho no sábado, Jesus citou
o exemplo do próprio Deus Pai, que trabalhou no dia
de sábado, mesmo depois da criação. Na verdade,
Deus “descansou” no sentido de que nenhuma ação
criadora foi realizada no sétimo dia, mas Ele sustentou
sua criação naquele primeiro sábado e em cada
sábado desde então. Quando Jesus argumentou que
estava “trabalhando” (ou fazendo o bem) no dia de
sábado, Ele estava defendendo a prática de ações
semelhantes àquelas de “meu Pai”. Os judeus
imediatamente perceberam o que Ele estava querendo
dizer — que era o Filho de Deus e, portanto, igual a
Deus. Foi por isso que eles “ainda mais procuravam
matá-lo, porque não somente violava o sábado, mas
também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-
se igual a Deus”.
A mensagem de Jesus não podia ser mais clara.
Ele se considerou “igual a Deus”.
No versículo 19 Ele amplia essa afirmação,
sustentando que estava tão unido ao Pai que “o Filho”
fazia coisas da mesma forma que o Pai. Jesus não
hesitou em personalizar seu relacionamento com Deus
de um modo impossível para os judeus. Abraão,
Isaque e Jacó, seus respeitáveis antepassados, jamais
tinham dito “Deus é meu Pai”, porém Jesus não
vacilou em fazê-lo. Por quê? Porque Ele era “o Filho de
Deus” em forma humana! Ele nunca recuou no uso
deste título. E nunca se considerou apenas “uni Filho
de Deus”, mas sempre “o Filho de Deus”. Para os
judeus isto era uma terrível blasfêmia; para Ele era a
confirmação de um fato.

2. Jesus afirmou seu poder de ressuscitar os


mortos

“Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os


mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a quem
quer” (Jo 5.21).
“Não vos maravilheis disto, porque vem a hora
em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a
sua voz e sairão: os que tiverem feito o bem, para a
ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o
mal, para a ressurreição do juízo” (Jo 5.28-29).
Os judeus do tempo de Jesus (com exceção da
pequena seita dos saduceus) acreditavam na
ressurreição e na vida depois da morte. Por esta razão
Marta pôde dizer a Jesus de seu falecido irmão Lázaro:
“Eu sei... que ele há de ressurgir na ressurreição, no
último dia” (João 11.24). Como todos os judeus, ela
tinha aprendido esta doutrina desde a infância. Mas os
judeus acreditavam que somente Deus podia
ressuscitar os mortos. Nesta passagem, Jesus alega
que Ele é quem ressuscita os mortos.
Permita-me fazer-lhe uma pergunta: alguma vez
você tentou ressuscitar os mortos? Certamente que
não. Nós, humanos, nunca admitimos tal autoridade e
poder. Muitas vezes como ministro do evangelho
desejei ter poder para ressuscitar algumas pessoas
como aquele jovem pai que deixou esposa e três
filhas... ou aquele lindo bebê... ou aquele jovem levado
no auge de sua vida. Mas, francamente, embora eu
pudesse ansiar por esse poder, nunca fui sequer
tentado a praticar esta ação. Por que não? Porque
somente Deus pode ressuscitar os mortos! E este é o
ensino de Jesus.
As Escrituras relatam quatro casos de
ressurreição de mortos realizados por dois profetas
(Elias e Eliseu) e por dois apóstolos (Paulo e Pedro).
Mas em cada ocasião eles esclareceram que foi Deus
quem os usou para realizar o milagre. Jesus
ressuscitou um homem por seu próprio poder e foi o
único que ressuscitou alguém morto há quatro dias. O
que também não deve passar desapercebido é que
Jesus não somente ressuscitou três pessoas, mas
garantiu que ressuscitaria tanto os justos como os
injustos no dia do juízo. Seus ouvintes estavam
perfeitamente familiarizados com a profecia de Daniel
de que haveria dois tipos de ressurreição no final dos
tempos: “Muitos dos que dormem no pó da terra
ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para
vergonha e horror eterno” (Daniel 12.2). Em João 5.29,
Jesus está nitidamente afirmando ser aquele que
realiza essas ressurreições. Tal afirmação podia ser
feita somente por Deus ou por alguém desequilibrado
mental. E uma vez que sua vida, ensinos e ministério
não indicam nenhum distúrbio mental, e sim, como
veremos, manifestam muitas características divinas,
somos forçados a concluir que Ele era realmente o
unigênito “Filho de Deus” em forma humana.
O fato de Jesus ter demonstrado poder para
ressuscitar três pessoas mortas durante seu ministério
(fez isso quando esteve em funerais) e levantar-se de
seu túmulo ao terceiro dia, lançando os fundamentos
da religião que leva seu nome, coloca diante de toda a
humanidade uma pergunta essencial: “Quem possui
vida em si mesmo e poder para ressuscitar os
mortos?” Resposta: “Somente Deus!”

3. Jesus afirmou ser o futuro juiz de todos os


homens

“E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo o


julgamento” (Jo 5.22).

Os seres humanos sabem intuitivamente que


algum dia serão julgados por Deus, de acordo com
aquilo que fizeram na terra. Muitos que semearam o
mal adotam o ateísmo, temerosos da justiça de Deus.
Tentam com isso rejeitar tanto Cristo como Deus, e
por conseguinte o dia do juízo. Se, por alguma razão,
eles rejeitam a existência de Deus, podem também
lançar dúvidas sobre o encontro final com Ele no dia
do juízo — pelo menos até o momento da morte,
quando tais fantasias desaparecem. Nesta
encruzilhada, alguns — como o cético francês Voltaire
ou o moderno humanista francês Sartre — entram na
eternidade sem Cristo, gemendo de pavor e
desesperança.
Para nossos propósitos aqui, é importante notar
que Jesus Cristo afirmou publicamente que nenhuma
pessoa, em sã consciência, jamais pensaria de si
mesma: “Eu sou o Deus soberano que irá julgar todos
os homens.” Esta é uma prerrogativa impossível a
qualquer pessoa — exceto, naturalmente, se Ele for
verdadeiramente Deus. Jesus de Nazaré fez
exatamente esta afirmação. Portanto, Ele se
considerava divino e ensinou abertamente que um dia
todos os seres humanos comparecerão diante dele
para serem julgados.
Jesus ensinou claramente que haverá um
julgamento final e sabemos por outras passagens
bíblicas que tal veredicto será eterno. Se você nunca
aceitou Cristo como seu salvador, alguma vez já parou
para considerar que, quando estiver sendo julgado
diante do “grande trono branco” (Apocalipse 20.11),
você irá enfrentar a mesma pessoa da trindade que
morreu na cruz por seus pecados como um substituto
voluntário? Naquele momento você terá de admitir
que o rejeitou. Se você acredita que Deus passará por
cima de seus pecados e de sua rejeição a Cristo, sua
crença não pode ser baseada na Bíblia, pois ela ensina
claramente que Jesus é o único caminho para a
salvação (João 14.6; Atos 4.12). E todos que o rejeitam
prestarão conta disso.
“De quanto mais severo castigo julgais vós será
considerado digno aquele que calcou aos pés o Filho
de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual
foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça? Ora, nós
conhecemos aquele que disse: A mim pertence a
vingança; eu o retribuirei/ E outra vez: O Senhor
julgará o seu povo/ Horrível coisa é cair nas mãos do
Deus vivo” (Hb 10.29-31).

4. Jesus afirmou ser tão digno de honra quanto


Deus

“...a fim de que todos honrem o Filho, do modo por que


honram o Pai. Quem não honra o Filho não honra o Pai
que o enviou” (Jo 5.23).
Quando Jesus disse que, assim como os homens
honravam e adoravam a Deus, deveriam igualmente
honrá-lo e adorá-lo, Ele estava novamente afirmando
não possuir uma natureza simplesmente humana. A
prova de que os judeus consideraram a afirmação uma
grande blasfêmia é observada em sua tentativa
subseqüente de matá-lo. Honra e adoração a Deus
eram partes integrantes da fé judaica há vários
séculos. A reverência a Deus era tão grande que eles
nem mesmo pronunciavam seu nome em voz alta.
Entretanto, Jesus afirmava abertamente ser tão digno
de honra quanto o Pai, pois era igual a Ele.
Quase cinqüenta anos depois, o apóstolo João
escreveu que uma das condições essenciais para a
salvação era honrar o Filho do mesmo modo como
honramos o Pai (1 João 2.23; 4.15; 5.10-12). Não
ofendemos a Deus por honrar igualmente o Pai e seu
Filho; pelo contrário, recebemos a bênção de Deus
todas as vezes em que honramos a ambos.

5. Jesus afirmou a autoridade de conceder vida


eterna

“Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a


minha palavra e crê naquele que me enviou tem a
vida eterna, não entra em juízo, mas passou da morte
para a vida” (Jo 5.24).
Outro desejo universal encontrado em cada
coração humano é o de viver para sempre. As religiões
do mundo anunciam a vida após a morte como sendo
um paraíso [algo como um eldorado terrestre],
“nirvana” [paz ou quietude perpétua] ou qualquer
outra coisa que identificam como “céu”.
Somente os doutrinados no ateísmo podem dizer
com alguma convicção: “Quando você morre, está
tudo acabado”. E mesmo alguns deles têm mudado de
opinião com a aproximação da morte.
Todas as religiões do mundo falham ao ensinar
como as pessoas podem ter garantia de salvação
eterna. Invariavelmente, elas prescrevem um sistema
baseado em boas obras ou esforço próprio. No
cristianismo não é assim. Jesus afirmou de maneira
incontestável que tinha autoridade para proporcionar
a salvação eterna e concedê-la a todo aquele que
“ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou”
(João 5.24).
A chave é crer que Jesus foi enviado por Deus e
pode dar vida àqueles que crerem nele (isto é,
depositam sua fé nele). Ele afirmou ser o próprio
objeto da fé, capaz de outorgar a salvação. Isto,
naturalmente, seria um absurdo se Jesus fosse apenas
homem.
Mas, se Ele é Deus, como afirmou, então
certamente tem a capacidade de conceder a vida
eterna. E é isto que Deus faz!

6. Jesus afirmou ser a fonte da vida

“Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo,


também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo. E
lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do
homem” (Jo 5.26-27).
Jesus declarou corajosamente que partilhava sua
natureza com Deus, tornando-se assim a fonte da
vida. Os judeus tinham uma expressão para esta
característica divina, usada pelo próprio Deus quando
falou a Moisés na sarça ardente. Quando o povo
perguntasse a Moisés: “Quem o enviou?”, ele foi
instruído a dizer: “EU SOU me enviou” (Êxodo 3.13-
14). Esta é a expressão suprema de Deus. Ela significa
essencialmente que Deus é “o princípio de todas as
coisas”.
Quando Jesus afirmou que tinha “vida em si
mesmo”, exatamente como o Pai, isso equivalia a
identificar-se com “EU SOU”, a causa não causada de
todas as coisas. Não é surpresa, pois, encontrá-lo em
João 8.58 usando este mesmo título para se identificar.
Ele anunciou aos judeus: “antes que Abraão existisse,
EU SOU.” Ao longo de seu ministério Ele desenvolveu
este título, afirmando-o uma vez ou outra: “Eu Sou a
luz do mundo... Eu Sou o caminho... Eu Sou a
verdade... Eu Sou o Messias... Eu Sou a porta das
ovelhas... Eu Sou o bom pastor... Eu Sou o Filho de
Deus” (Veja João 4.26; 8.12; 10.7; 11.36; 14.6).
Nenhuma afirmação mais forte da divindade podia ser
feita por outra pessoa. Os judeus entenderam isto
perfeitamente — razão por que tentaram apedrejá-lo.
“Sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” (Jo
10.33), disseram eles enfurecidos.
Após a leitura desta lista de seis afirmações, não
podemos deixar de concluir que Jesus se considerava
mais do que um simples ser humano. Ele sabia que
era o Filho de Deus, que todo poder e autoridade
residiam nele. Esta é a razão por que, na grande
comissão após sua ressurreição, Ele lembrou a seus
discípulos: “Toda a autoridade me foi dada” (Mateus
28.18).
A lista apresentada acima, por si só, prova que
Jesus afirmava ser Deus em forma humana. Ele disse
estas coisas publicamente, para que os outros
pudessem chegar à mesma conclusão. Aqueles que
aceitaram suas afirmações tornaram-se seus
ardorosos seguidores; outros as rejeitaram e seguiram
seus próprios caminhos. A salvação é sempre assim;
Deus nos deu liberdade para crer nele ou rejeitá-lo, de
acordo com nossa vontade. A escolha é sempre
deixada para nós.

Parte II : A Evidência das


Testemunhas Oculares

6. O Testemunho de João Batista

Outro é o que testifica a meu respeito, e sei que é


verdadeiro o testemunho que ele dá de mim.
Mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho
da verdade. Eu, porém, não aceito humano
testemunho; digo-vos, entretanto, estas coisas para
que sejais salvos. Ele era a lâmpada que ardia e
alumiava, e vós quisestes por algum tempo alegrar-vos
com a sua luz. (Jo 5.32-35)

A qualidade de uma testemunha no tribunal é


geralmente tão importante quanto o próprio
testemunho. Se um advogado puder contestar o
caráter da testemunha, ele destrói a eficácia do que
ela disse. Em uma sessão do júri, transmitida para
todo o país, no julgamento de um astro da National
Football League [nos Estados Unidos], o testemunho
de um detetive foi invalidado pelo júri quando se
descobriu que ele havia mentido sob juramento. Jesus
Cristo não podia ter escolhido ninguém melhor para
ser a primeira testemunha de sua divindade do que
João Batista. Em certa ocasião, Ele mesmo falou a
respeito de João: “Entre os nascidos de mulher,
ninguém apareceu maior do que João Batista” (Mateus
11.11). No evangelho de Lucas, Jesus é citado como
tendo dito que não havia nenhum profeta maior do
que João Batista. Como os judeus consideravam os
profetas os mais santos dos homens, isto fazia de João
uma testemunha da identidade perfeita de Jesus
(naquela época ou em qualquer outra).
Citando o profeta hebreu Malaquias, Jesus disse
que João era “mais do que um profeta”; era um
mensageiro especial de Deus que “preparará o
caminho diante de mim” (Malaquias 3.1). Arthur W.
Pink diz a respeito de João: “Ele foi o tema de uma
profecia do Velho Testamento (Isaías 40), seu
nascimento foi decorrência de uma intervenção direta
e miraculosa de Deus (Lucas 1.7,13); ele foi cheio do
Espírito Santo desde o ventre materno (Lucas 1.15);
ele foi um homem enviado por Deus (João 1.6); ele foi
enviado para preparar o caminho do Senhor (Mateus
3.3)”.

Concebido Sobrenaturalmente

Embora João Batista não tenha nascido de uma


virgem, como Jesus, ele foi concebido de uma forma
especial. Como Isaque, que viveu muito antes dele,
João nasceu de pais idosos através da intervenção
miraculosa de Deus. Pode ser mais do que
coincidência o fato de o autor do evangelho que inclui
os detalhes da concepção miraculosa de João ter sido
um médico. O pai de João, Zacarias (um sacerdote), e
sua mãe eram pessoas piedosas, pois o Dr. Lucas nos
diz:

Ambos eram justos diante de Deus, vivendo


irrepreensivelmente em todos os preceitos e
mandamentos do Senhor. E não tinham filho, porque
Isabel era estéril, sendo eles avançados em dias. Ora,
aconteceu que, exercendo ele diante de Deus o
sacerdócio na ordem do seu turno, coube-lhe por sorte,
segundo o costume sacerdotal, entrar no santuário do
Senhor para queimar o incenso. (Lucas 1.6-9)

Enquanto ele estava exercendo o sacerdócio


diante do Senhor, o anjo Gabriel veio a ele e profetizou
que ele e Isabel teriam um filho, que deveria receber o
nome de João. A possibilidade de dar à luz uma criança
na idade deles era tão remota que Zacarias
questionou a promessa do anjo. Por causa de sua falta
de fé, ele ficou sem voz durante os nove meses da
gravidez de Isabel; e a voz não voltou até o dia em
que a criança recebeu o nome. Quando Isabel estava
com seis meses de gravidez, Maria, sua sobrinha
também recebeu a visita do anjo Gabriel. Foi-lhe dito
que ela, uma virgem, daria à luz o Messias. Quando
Maria visitou seus tios e relatou sua visão, “a criança
[João Batista] lhe estremeceu no ventre [de Isabel]; e
Isabel ficou possuída do Espírito Santo” (Lucas 1.41).
Após o nascimento de João, a Bíblia nos diz: “E a mão
do Senhor estava com ele. Zacarias, seu pai, cheio do
Espírito Santo, profetizou, dizendo... [de João] Tu,
menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque
precederás o Senhor, preparando-lhe os caminhos,
para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no
redimi-lo dos seus pecados... para alumiar os que
jazem nas trevas e na sombra da morte, e dirigir os
nossos pés pelo caminho da paz/ O menino crescia e
se fortalecia em espírito. E viveu nos desertos até ao
dia em que havia de manifestar-se a Israel” (Lucas
1.66-80).
Não há dúvida de que João Batista foi concebido e
ungido especialmente para uma missão. Embora seu
ministério tenha sido de pouca duração (foi decapitado
por ordem do rei Herodes), este porta-voz de Deus e
símbolo do reavivamento espiritual em Israel não nos
desapontou ao dar testemunho da identidade de Jesus.

João Compreendeu Quem Ele Era

Pelo testemunho de João fica evidente que ele


não tinha dúvidas sobre a identidade de Jesus. Muitos
dos que esperavam a vinda do Messias na época
apontavam para João como o “prometido”. De fato,
quando os “judeus lhe enviaram de Jerusalém
sacerdotes e levitas para lhe perguntarem: ‘Quem és
tu?’ Ele confessou... ‘Eu não sou o Cristo [Messias]’
Também não era ele Elias, acrescentando: “Eu sou a
voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do
Senhor, como disse o profeta Isaías” (João 1.19-23). Ao
citar o profeta Isaías, João deixou claro que seu papel
era o de arauto da vinda do Messias e não ele próprio
o Messias. Esse papel satisfazia-o plenamente, pois ele
não pretendia ofuscar Cristo. O evangelista João disse
francamente a respeito dele: “Convém que ele cresça
e que eu diminua” (João 3.30). João teve ao mesmo
tempo um nascimento notável e um caráter
impecável.
A humildade é sempre uma qualidade
especialmente apreciada por Deus e um verdadeiro
sinal de grandeza. João demonstrou essa humildade
quando estava no auge de sua carreira — quando as
pessoas acorriam a ele aos milhares para ouvi-lo
pregar e serem batizados por ele — submetendo-se ao
Messias que viria, dizendo: “...no meio de vós está
quem vós não conheceis, o qual vem após mim [Jesus
era seis meses mais novo do que João], do qual não
sou digno de desatar-lhe as correias das sandálias”
(João 1.26-27).
João não poderia ser mais claro! Ele
humildemente identificou-se como o precursor do
Cristo e prontamente cumpriu seu chamado
apressando a vinda do Messias, que tinha primazia
sobre ele.

João Foi Enviado por Deus para Ser uma Luz

O apóstolo João, cinqüenta anos mais tarde,


escreveu: “Houve um homem enviado por Deus, cujo
nome era João. Este veio como testemunha para que
testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a
crer por intermédio dele. Ele não era a luz, mas veio
para que testificasse da luz, a saber: a verdadeira luz
que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem” (João
1.6-9).
Na perspectiva de Deus, João Batista tinha um
alto propósito para viver — ser uma testemunha da
“luz do mundo”, Jesus, o Messias. O papel mais
importante de João não foi o de “profeta”, muito
embora ele tivesse sido o primeiro a chegar a Israel
em quinhentos anos. Nem foi também como “a voz do
que clama no deserto” ou pelo cumprimento da
profecia (embora todas estas coisas fossem
verdadeiras). Sua característica maior foi identificada
pelo apóstolo João: ele “foi um homem enviado por
Deus”!
Os Sete Testemunhos de João Sobre Jesus

Agora que já observamos o caráter impecável de


João Batista e vimos que ele era a testemunha com
maior credibilidade de seu tempo para identificar Jesus
como o Messias, nós devemos abordar seu
testemunho. Uma coisa é certa: declarações não
podem ser ignoradas ou abandonadas.

1. A preexistência de Jesus
“João testemunha a respeito dele e exclama: Este
é o de quem eu disse: O que vem depois de mim tem,
contudo, a primazia, porquanto já existia antes de
mim” (João 1.15).
É importante notar que Jesus Cristo não começou
a existir quando “o ente santo” [ou coisa santa, na
versão King Jones, em inglês] (Lucas 1.35), o óvulo
fertilizado da encarnação, foi colocado no ventre da
virgem Maria. Ele já existia antes da fundação do
mundo. Jesus foi “o Verbo” que “estava no princípio
com Deus”. Na verdade, esse “Verbo era Deus” (João
1.1). João Batista afirmou que, embora seu nascimento
antecedesse seis meses o de Jesus, entretanto “[Ele,
Jesus] já existia antes de mim”. Em outras palavras,
João confessou que Jesus existia antes de sua própria
concepção.

2. O senhorio de Jesus
João disse às multidões que o seguiam que seu
propósito era “endireitar o caminho do Senhor” (João
1.23), em cumprimento da profecia de Isaías. Ao dizer
isso, ele estava testificando que Jesus era Deus (ou
Senhor) do Velho Testamento, confirmando o que o
próprio Jesus diria mais tarde: “Eu e o Pai somos um.”
Isto explica por que Jesus nunca repreendeu os que
queriam adorá-lo, muito embora Ele soubesse que
somente Deus deve ser adorado. Jesus não considerou
uma blasfêmia permitir tal adoração, o que pode ser
explicado quando entendemos quem Ele realmente
era: “O Senhor”, ou Deus em forma humana.

3. A vida absolutamente santa de Jesus


“Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da Galiléia para
o Jordão, a fim de que João o batizasse. Ele, porém, o
dissuadia, dizendo: ‘Eu é que preciso ser batizado por
ti, e tu vens a mim?’” (Mateus 3.13-14)
Para compreendermos o significado deste fato,
precisamos visualizar a cena no rio Jordão. João, o
primeiro profeta em Israel depois de quase quinhentos
anos, estava pregando contra os pecados do povo e
dos líderes religiosos. Um espírito de reavivamento
irrompeu, pessoas de todas as partes se arrependiam,
e eram batizadas por João. Cobradores de impostos,
prostitutas, alguns sacerdotes e rabinos, e milhares de
pessoas comuns vinham para serem batizadas por
João no rio Jordão. João batizava a todos que vinham
verdadeiramente arrependidos.
Então, um dia aconteceu um fato assombroso. Um
homem se aproximou das margens do rio para ser
batizado; João olhou para ele e espontaneamente
declarou: “Não posso batizar-te; eu é que preciso ser
batizado por ti!” Uma antiga tradução coloca nestes
termos a resposta de João: “Não sou digno de batizar-
te.”
Agora, preste atenção nisso. João conhecia bem
Jesus. Provavelmente se conheceram quando crianças,
pois eram parentes e moravam bastante próximos.
João estava dando um testemunho subconsciente e
espontâneo de que Jesus não precisava de batismo.
Nunca antes ou depois João isentou qualquer outra
pessoa do seu batismo — somente Jesus. Não perca o
raciocínio. João queria que todos compreendessem
que seu parente, que ele conhecia bem, tinha vivido
uma vida sem pecado e, assim, não precisava procurar
arrependimento. Um testemunho tão poderoso é
considerado irrefutável em qualquer corte do mundo,
mesmo em um júri popular.

4. Jesus identificado como “o Cordeiro de


Deus”
“No dia seguinte, viu João a Jesus que vinha para
ele, e disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado
do mundo!” (João 1.29, 36)
João Batista foi educado de acordo com o ensino
dos profetas do Velho Testamento, conhecendo bem
os requisitos para um sacrifício especial pelos pecados
— um cordeiro branco e puro, “sem defeito e sem
mácula” (1 Pedro 1.19). Deveria ser perfeito. João
estava afirmando que Jesus era sem pecado e,
portanto, qualificado para ser “o Cordeiro de Deus”,
entregue em sacrifício pelos pecados de todo o
mundo. Jesus, que havia iniciado seu ministério
público naqueles dias, ainda não havia emitido uma
única palavra para indicar que morreria na cruz como
sacrifício pelo pecado.
Esse sacrifício foi mencionado pelos profetas, mas
nem os discípulos nem os líderes religiosos da época
esperavam que o Messias viesse para morrer pelos
pecados do povo. Efetivamente, os judeus mais tarde
rejeitaram Jesus, não por Ele ter falhado ao cumprir
todos os requisitos dos profetas, mas porque Ele tinha
vindo para morrer como sacrifício pelo pecado. Apesar
das claras profecias de Isaías e de outros profetas
hebreus, eles esperavam que o Messias assumisse o
papel de um rei que os governasse, libertando-os do
jugo dos romanos. As multidões podiam certamente
aceitá-lo como um soberano — mas não estavam
dispostas a receber quem quer que fosse como um
Messias sofredor. João, entretanto, soube
instantaneamente que Jesus era “o Cordeiro de Deus”.
Esta é a primeira vez nos evangelhos em que
Jesus é chamado de o Cordeiro de Deus. O apóstolo
Filipe usou esse título quando expôs o evangelho ao
eunuco etíope, em Atos 8, mas ele estava citando
Isaías 53.7-8, onde o profeta havia escrito: “...como
cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha,
muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a
sua boca. Por juízo opressor foi arrebatado, e de sua
linhagem quem dela cogitou? porquanto foi cortado da
terra dos viventes.”
No restante do Novo Testamento, o apóstolo
Paulo chama Jesus de “nosso Cordeiro pascal”, em 1
Coríntios 5.7, enquanto o apóstolo Pedro chama-o de
“cordeiro sem defeito e sem mácula”, em 1 Pedro
1.19. Mas o maior número de citações aparece no livro
do Apocalipse, que usa o termo “cordeiro” para
caracterizar Jesus não menos do que trinta e uma
vezes!
Reconhecemos hoje que Jesus foi inegavelmente
o “Cordeiro de Deus” que morreu sobre a cruz, não
por seus pecados, mas “pelos pecados de todo o
mundo”. Este reconhecimento, porém, veio após o
fato. Como João sabia disto ao chamá-lo desde o início
por este título? Somente por inspiração divina! Mais do
que o testemunho de João Batista é o testemunho do
próprio Deus!

5. Jesus é identificado como o Messias


Quando o povo perguntou a João se ele era “o
Cristo” (ou Messias; Jo 1.25), ele respondeu “Não”, e
disse-lhes que ele, João, batizava somente com água.
Porém Deus o havia instruído sobre como identificar o
Messias:

E João testemunhou dizendo: “Vi o Espírito descer do


céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o
conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com
água, me disse: Aquele sobre quem vires descer e
pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito
Santo. ‘Pois eu de fato vi, e tenho testificado que ele é
o Filho de Deus”. (Jo 1.32-34)

João reconheceu a superioridade espiritual de seu


parente quando afirmou: “Não sou digno de batizar-te,
tu és quem deve batizar-me.” Ele, porém, não estava
ciente naquele momento de que Jesus era o Messias.
Certamente, João estava certo de que o Messias
estaria vivendo em sua época, pois ele mesmo seria
seu precursor, mas não sabia, até então, quem seria o
Messias. O Espírito Santo, porém, havia lhe mostrado
como identificar o Messias. “Aquele sobre quem vires
descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o
Espírito Santo” (versículo 33). Assim, quando João foi
persuadido por Jesus a batizá-lo (para que este
cumprisse toda a justiça), pôde então testemunhar
dizendo: ‘Vi o Espírito descer do céu como pomba e
pousar sobre ele. Este é o que batiza com o Espírito
Santo’“. Deste modo, João identificou claramente Jesus
como o Messias de Deus, “o Cordeiro de Deus e o Filho
de Deus”.
Para ilustrar a importância deste acontecimento
notável, contraste com a seguinte situação: suponha
que o Espírito Santo tivesse descido e pousado sobre o
ombro de Pedro ou de um dos outros apóstolos. João
Batista poderia ter sido justificado ao protestar
dizendo: “Oh! não, ele não! Ele é apenas um pescador
sem cultura! O que ele sabe?” Ou podia ter dito:
“Tenho discípulos mais bem qualificados do que esse!”
Mas ele não fez isso. Ao contrário, quando o Espírito
cumpriu o sinal já previsto pelo Pai — descendo em
forma de uma pomba sobre Jesus “e permanecendo
sobre Ele” — João prontamente percebeu e
testemunhou que Ele era o Filho de Deus, aquele que
batizaria com o Espírito Santo.

6. Jesus declarou ter o direito divino de


batizar com o Espírito Santo
“Aquele sobre quem vires descer e pousar o
Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo” (Jo
1.33).
João sabia que seu batismo era um símbolo de fé
e arrependimento, representando um compromisso da
pessoa com Deus— não o batismo da salvação. Nosso
batismo hoje assinala que fomos “nascidos do
Espírito” no momento em que “nascemos de novo”.
O batismo do Messias era muito diferente. Ele
batizaria com o Espírito Santo, o que tem sido feito por
intermédio de seus discípulos milhões de vezes nesses
quase dois mil anos.
Portanto, João testificou que Jesus tinha o direito
de conceder salvação através do batismo do Espírito
Santo, disponível a todo aquele que crer que Jesus
morreu na cruz sacrificialmente por seus pecados
(como o Cordeiro de Deus), foi sepultado e ressuscitou
no terceiro dia.

7. Jesus era o “Filho de Deus”


“Pois eu de fato vi, e tenho testificado que ele é o
Filho de Deus” (Jo 1.34).
Considerando tudo o que ele sabia sobre seu
parente, Jesus de Nazaré — os relatos de seu
nascimento virginal; sua vida sem pecado (quando
criança, na adolescência e na fase adulta); as
profecias que Jesus cumpriu como Messias; mas,
acima de tudo, porque o Espírito Santo “desceu sobre
ele como uma pomba, e permaneceu sobre ele” —João
prestou a Jesus o mais alto tributo que alguém podia
expressar. “Este é o Filho de Deus”, disse ele a
respeito de Jesus. Ele não omitiu o artigo definido,
como se Jesus fosse apenas “um” filho de Deus, mas
disse claramente que Ele era “o Filho de Deus”. Assim
fazendo, João atribuiu-lhe a identidade única de
filiação ao Ser Supremo. Este título, usado quarenta
vezes nos evangelhos, é exclusivo de Jesus.

Deus em Forma Humana


Se João tivesse de comparecer hoje a um tribunal
e ser questionado sobre a identidade de Jesus, ele sem
dúvida alguma proclamaria: “Ele é o Senhor
preexistente que viveu sem pecado, o Cordeiro de
Deus que foi ungido pelo Espírito Santo e que batiza
com o Espírito Santo. Eu vi e testifico que este é o
Filho de Deus.”
João Batista, que conheceu Jesus por mais tempo
do que qualquer um de seus discípulos, foi
extremamente claro ao afirmar que Jesus de Nazaré
era o Filho de Deus enquanto esteve na terra, Deus
em forma humana.
Todavia, João é apenas uma testemunha. O que
disseram outras testemunhas oculares sobre Jesus? O
que as pessoas disseram quando chegaram mais perto
dele? Já é tempo de trazê-las à cena.

7. O Testemunho do Apóstolo Pedro

[Jesus ] então lhes perguntou: “Mas vós, quem dizeis


que eu sou?” Respondendo, Pedro lhe disse: “Tu és o
Cristo.” (Mc 829)

Nenhum advogado de defesa já teve uma


testemunha tão digna de confiança sobre a vida,
caráter, atividades e identidade de seu cliente do que
os cristãos atualmente têm, sobre ávida de Jesus de
Nazaré na pessoa do apóstolo Pedro. Ele é sem dúvida
o personagem mais marcante nos evangelhos (exceto
o próprio Cristo). Como podemos ver pelos registros,
ele falou mais do que todos os outros discípulos
juntos, fez parte do “círculo íntimo” (juntamente com
Tiago e João), e esteve com Jesus nos principais
eventos de sua passagem na terra, incluindo sua
morte e seus aparecimentos depois da ressurreição.
O próprio Pedro apresentou suas qualificações
como testemunha, dizendo: “Porque não vos demos a
conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo, seguindo fábulas engenhosamente inventadas,
mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua
majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai,
honra e glória, quando pela Glória Excelsa, lhe foi
enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em
quem me comprazo” (2 Pedro 1.16-17).
O testemunho de Pedro teria validade em
qualquer tribunal de nossos dias. Ele foi um homem
íntegro, líder e porta-voz da igreja primitiva e o mais
influente dos discípulos. Foi respeitado pela igreja até
morrer, cerca de trinta e cinco anos depois da morte
de seu Senhor. A influência do apóstolo Paulo era
quase inexistente naqueles primeiros anos; coube a
Pedro ser o líder e a força humana propulsora da igreja
primitiva. Conseqüentemente, seu testemunho a
respeito de Jesus de Nazaré é de suprema
importância.
Felizmente, não temos dúvida em relação às
crenças de Pedro. Suas convicções sobre Jesus estão
contidas nos sermões que pregou em Atos, nas duas
epístolas que escreveu e, quase inquestionavelmente,
no evangelho de Marcos (o qual, como vimos, poderia
muito bem ser chamado de “o evangelho segundo
Pedro conforme foi transmitido a Marcos”).

O Testemunho de Pedro em Marcos


Como já mencionamos, muitos estudiosos
acreditam que Marcos foi o primeiro dos quatro
evangelhos a ser escrito. E como esse evangelho não
menciona o nascimento e a infância de Jesus, mas
trata diretamente de sua vida e ministério, começando
com o batismo, ele atesta a natureza sobrenatural de
Jesus em todos os aspectos.
Examinemos os seguintes tópicos do evangelho
de Marcos:

Sobre a identidade de Jesus: “[Jesus] então lhes


perguntou: ‘Mas vós, quem dizeis que eu sou?
‘Respondendo, Pedro lhe disse: ‘Tu és o Cristo.’”
(8.29).

Sobre a morte e ressurreição de Jesus: “Então


começou ele [Jesus] a ensinar-lhes que era necessário
que o Filho do Homem sofresse muitas coisas, fosse
rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e
pelos escribas, fosse morto e que depois de três dias
ressuscitasse. E isto ele expunha claramente. Mas
Pedro, chamando-o aparte, começou a reprová-lo.
Jesus, porém, voltou-se e, fitando os seus discípulos,
repreendeu a Pedro, e disse: Arreda! Satanás, porque
não cogitas das coisas de Deus, e, sim, das dos
homens.’” (8.31-33).

Este é, certamente, um testemunho interessante,


uma vez que não apenas registra uma das predições
de Jesus sobre sua paixão, mas também que Pedro
não esperava que tal coisa acontecesse!

Sobre a transfiguração de Jesus: “Então Pedro,


tomando a palavra, disse: ‘Mestre, bom é estarmos
aqui e que façamos três tendas; uma será tua, outra
para Moisés e outra para Elias’. Pois não sabia o que
dizer, por estarem eles aterrados.” (9.5-6).

Outro testemunho interessante, não somente pelo


testemunho de Pedro sobre a transfiguração, mas por
sua óbvia surpresa diante do acontecimento.
Sobre a promessa de Jesus do galardão eterno: “Então
Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós tudo deixamos
e te seguimos.’ Tornou Jesus: Em verdade vos digo
que ninguém há que tenha deixado casa, ou irmãos, ou
irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por amor
de mim e por amor do evangelho, que não receba, já
no presente, o cêntuplo de casas, irmãos, irmãs, mães,
filhos e campos, com perseguições; e no mundo por vir
a vida eterna:” (10.28-30).

Sobre a exatidão e poder da palavra profética de Jesus:


“No dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome.
E, vendo de longe uma figueira com folhas, foi ver se
nela, porventura, acharia alguma coisa. Aproximando-
se dela nada achou senão folhas; porque não era
tempo de figos. Então lhe disse Jesus: ‘Nunca jamais
coma alguém fruto de ti’. E seus discípulos ouviram
isto. ...E, passando eles pela manhã, viram que a
figueira secara desde a raiz. Então Pedro, lembrando-
se, falou: ‘Mestre, eis que a figueira, que amaldiçoaste,
secou’“ (11.12-14, 20-21).

Sobre a capacidade de Jesus de prever o futuro: “No


Monte das Oliveiras, defronte do templo, achava-se
Jesus assentado, quando Pedro, Tiago, João e André
lhe perguntaram em particular: Dize-nos quando
sucederão estas coisas, e que sinal haverá quando
todas elas estiverem para cumprir-se.’” (13.3-4).

Sobre a capacidade de Jesus de prever o


comportamento das pessoas: “Disse-lhe Pedro: “Ainda
que todos se escandalizem, eu jamais!’ Respondeu-lhe
Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes
que duas vezes cante o galo, tu me negar ás três
vezes. ‘Mas ele insistia com mais veemência: Ainda
que me seja necessário morrer contigo, de nenhum
modo te negarei.’... E logo cantou o galo pela segunda
vez. Então Pedro se lembrou da palavra que Jesus lhe
dissera: Antes que duas vezes cante o galo, tu me
negarás três vezes. ‘E, caindo em si, desatou a chorar.”
(14.29-31,72)

Novamente, um testemunho interessante, porque


ressalta a capacidade sobrenatural do Senhor em face
da conduta de Pedro.

O Testemunho de Pedro em Atos


A Bíblia ensina que o Espírito Santo desceu sobre
as pessoas no dia de Pentecoste, cumprindo a profecia
de Joel 2.28-30. Os sermões de Pedro e de outros que
falaram naquele dia eram bem conhecidos pelos
membros da igreja primitiva, tendo sido escritos nos
trinta anos que se seguiram a esses acontecimentos,
quando muitas testemunhas oculares desses eventos
ainda viviam.
Se Lucas tivesse cometido erros em seu relato,
você pode estar certo de que muitas testemunhas
oculares teriam reclamado. No entanto, em toda a
história da igreja, nenhuma objeção foi encontrada.
Lucas foi extremamente cuidadoso ao registrar com
precisão o que as testemunhas oculares lhe
transmitiram.
No primeiro sermão pregado por Pedro no dia de
Pentecoste (Atos 2.14-40), podemos observar as
referências aos seguintes acontecimentos na vida de
Jesus de Nazaré:

“Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante


de vós, com milagres, prodígios e sinais.” (versículo 22)

“Vós o matastes, crucificando-opor mãos de iníquos.”


(versículo 23)
“Ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os
grilhões da morte.” (versículo 24)

“Deus lhe havia jurado [a Davi] que um dos seus


descendentes se assentaria no seu trono.” (versículo
30)

“Referiu-se [Davi] à ressurreição de Cristo.” (versículo


31)

“A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós


somos testemunhas.” (versículo 32)

“Exaltado, pois, à destra de Deus.” (versículo 33)

“A este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor


e Cristo.” (versículo 36)

“Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em


nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos
pecados.” (versículo 38)

Ao longo do livro de Atos Pedro dá um forte


testemunho sobre a identidade, missão e ações de
Jesus Cristo. Observe especialmente os seguintes
textos que esclarecem as convicções do apóstolo
sobre quem era Jesus:

“Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (3.6)


“De um salto se pôs em pé, passou a andar... saltando
e louvando a Deus.” (3.8)

“O Deus de nossos pais glorificou a seu Servo Jesus


[pela ressurreição].” (3.13)

“Vós, porém, negastes o Santo e o Justo [Jesus].”


(3.14)

“Matastes o Autor da vida.” (3.15)

“A quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que


nós somos testemunhas. “(3.15)

“Pela fé em o nome de Jesus, esse mesmo nome


fortaleceu a este homem.” (3.16)

“Deus... anunciara por boca de todos os profetas que o


seu Cristo havia de padecer.” (3.18)

“E que envie ele [Deus] o Cristo,,, ao qual é necessário


que o céu receba até aos tempos da restauração.”
(3.2,21)

“Disse, na verdade, Moisés: ‘O Senhor Deus vos


suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante
a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser,’”
(3.22)

“Tendo Deus ressuscitado ao seu Servo, enviou-o


primeiramente a vós outros para vos abençoar.” (3.26)

“Todo o povo de Israel... em nome de Jesus Cristo, o


Nazareno, a quem vós crucificastes, e a quem Deus
ressuscitou dentre os mortos.” (4.10)

“Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores,


a qual se tornou a pedra angular.” (4.11)

“E não há salvação em nenhum outro.” (4.12)

“Abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado


entre os homens, pelo qual importa que sejamos
salvos.” (4.12)

“Com grande poder os apóstolos [incluindo Pedro]


davam o testemunho da ressurreição do Senhor
Jesus.” (4.33)

“O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, a quem


vós matastes, pendurando-o em um madeiro.” (5.30)

“Deus, porém, com a sua destra, o exaltou a Príncipe e


Salvador.” (5.31)
“...afim de conceder a Israel o arrependimento e a
remissão de pecados.” (5.31)

“Nós somos testemunhas destes fatos.” (5.32)

“E todos os dias, no templo e de casa em casa, não


cessavam de ensinar, e de pregar Jesus, o Cristo.”
(5.42)

“Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos.” (10.36)

“Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e


poder, o qual andou por toda parte, fazendo o bem e
curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus
era com ele.” (10.38)

“[Os judeus] tiraram a vida [de Jesus], pendurando-o no


madeiro. A este ressuscitou Deus no terceiro dia, e
concedeu que fosse manifesto.” (10.39-40)

“[Manifesto]... às testemunhas... escolhidas por Deus...


a nós que comemos e bebemos com ele, depois que
ressurgiu dentre os mortos.” (10.41)

“Dele todos os profetas dão testemunho de que, por


meio de seu nome, todo o que nele crê recebe
remissão de pecados.” (10.43)
Lembre-se de que todas as referências acima
sobre Jesus vieram espontaneamente de Pedro. Ele
não planejou essas palavras de testemunho com
antecedência; o que ele disse foi por meio da fé nas
doutrinas centrais da crença cristã, incluindo a vida
sem pecado, o poderoso ministério de cura, o
cumprimento das profecias, a ressurreição física, a
capacidade de perdoar pecados e conceder vida
eterna — todos atributos característicos de Jesus.
Qualquer pessoa com olhos para ver deve
convencer-se de que Pedro, falando publicamente aos
seguidores de Jesus no momento histórico em que a
igreja se formava, acreditava ser Jesus o Filho de Deus
vindo em forma humana. Ele também reconheceu que
Jesus foi crucificado e que Deus o ressuscitou
fisicamente como um testemunho de sua aprovação
divina.

O Testemunho Escrito de Pedro


Os escritos de um homem resultam geralmente
de uma reflexão mais deliberada sobre suas crenças e
não uma expressão pública espontânea, como um
sermão, discurso ou testemunho. Com isto em mente,
examinemos os dois livros que têm a autoria de Pedro,
a fim de verificarmos quais eram suas crenças a
respeito de Jesus, trinta anos depois da ressurreição.
Na primeira epístola de Pedro, Jesus é apresentado de
diversas formas...

“Um membro da Trindade (observe que os três


membros são mencionados no mesmo versículo):
“...eleitos, segundo a presciência de Deus Pai, em
santificação do Espírita para a obediência e a aspersão
do sangue de Jesus Cristo.” (1.2)

“Uma viva esperança mediante a ressurreição de Jesus


Cristo dentre os mortos, para uma herança
incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos
céus para vós outros.” (1.3-4)

Na “revelação de Jesus Cristo “ (1.7, uma referência à


segunda vinda), Ele recompensará todo aquele que
crê.

Os profetas “indagaram e inquiriram “ “a respeito desta


salvação “; o Espírito de Cristo estava neles indicando
“os sofrimentos referentes a Cristo, e sobre as glórias
que os seguiriam.” (1.10,11)

“Fostes resgatados... pelo precioso sangue, como de


cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de
Cristo.” (1.18-19)

“Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu


glória.” (121)

“Chegando-vos para ele [Jesus], a pedra que vive...


veio a será principal pedra, angular.” (2.4, 7)

“Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo.”


(2.21)
“O qual não cometeu pecado, nem dolo algum se
achou em sua boca.” (2.22)

“Ele, quando ultrajado, não revidava com ultraje,


quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-
se àquele [Deus] que julga retamente.” (2.23)

“Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o


madeiro, os nossos pecados... por suas chagas fostes
sarados.” (2.24)

“O Pastor e Bispo das vossas almas.” (2.25)

“Pois também Cristo morreu, uma única vez, pelos


pecados, o justo pelos injustos, para conduzir-vos a
Deus; morto, sim, na carne, mas vivificado no espírito.”
(3.18)

“...uma boa consciência para com Deus, por meio da


ressurreição de Jesus Cristo; o qual, depois de ir para o
céu, está à destra de Deus, ficando-lhe subordinados
anjos, e potestades, e poderes.” (3.21-22)

“Tendo Cristo sofrido na carne... [por vivos e mortos]...


para que... vivam no espírito segundo Deus. “(4.1,6)

“Eu [sou também] testemunha dos sofrimentos de


Cristo, e ainda co-participante da glória que há de ser
revelada.” (5.1)
“O Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à
sua eterna glória.” (5.10)

A segunda epístola de Pedro foi escrita já no final


da vida de Pedro, quando ele sabia que seu tempo
sobre a terra estava se escoando. Muito antes o
Senhor havia predito que Pedro seria martirizado (veja
João 21.18-19), e o apóstolo compreendia que esse
tempo estava chegando. Se quisesse uma
oportunidade para renegar suas crenças e salvar sua
pele, esse era o momento. Mas vemos que suas
convicções permaneceram firmes como nunca sobre a
identidade de Jesus de Nazaré.

“Graça e paz vos sejam multiplicadas, no pleno


conhecimento de Deus e de Jesus nosso Senhor.” (1.2)

“Desta maneira é que vos será amplamente suprida a


entrada no reino eterno de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo.” (1.11)

“Certo de que estou prestes a deixar o meu


tabernáculo, como efetivamente nosso Senhor Jesus
Cristo me revelou.” (1.14)

“Nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua


majestade.” (1.16, uma referência à transfiguração)

“Ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória,


quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte
voz: ‘Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo. ‘“(1.17)

“Não retarda o Senhor a sua promessa... virá,


entretanto, como ladrão, odiado Senhor. “(3.9-10)

“Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a


glória, tanto agora como no dia eterno.” (3.18)

É evidente que a compreensão teológica de Pedro


tinha amadurecido durante os trinta e poucos anos em
que ele cresceu na fé, pois em seu segundo livro
revela algumas verdades que não são encontradas em
nenhum outro lugar. Porém, uma coisa permanece
imutável: Cristo recebeu a primazia, sendo retratado
como uma pessoa viva e sem pecado, realizando
milagres e sinais para glorificar a Deus e fazendo com
que o povo soubesse realmente quem Ele era.
Pedro é incisivo em seus escritos ao afirmar que
foi uma testemunha de que Cristo ressuscitou depois
de sofrer por nossos pecados. Não há nenhum indício
de vacilação em seu testemunho, embora ele confesse
que sabia de sua morte iminente como mártir.

Um Testemunho Imutável
Pedro viveu e morreu testemunhando com seus
lábios (e com sua pena) que Jesus era o sobrenatural
Filho de Deus que morreu por nossos pecados e
ressuscitou no terceiro dia — exatamente como os
profetas disseram que seria! Do Pentecoste em diante
Pedro nunca vacilou em suas convicções. Felizmente
para nós, ele não estava sozinho.

8. O Testemunho do Apóstolo João

“Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos


outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes,
porém, foram registrados para que creiais que Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais
vida em seu nome.” (Jo 20.30-31)

É geralmente aceito que João foi o discípulo mais


íntimo de Jesus. Ele se refere a si mesmo, com boa
razão, como “o discípulo que Jesus amava” (Veja João
13.23; 19.26; 20,2; 21.7, 20). Aparentemente, ele era
bastante jovem durante o ministério do Senhor, e a
tradição mais confiável diz que ele sobreviveu a todos
os outros discípulos. Como tal ele foi a última
testemunha ocular apostólica da ressurreição de
Cristo. João foi um companheiro íntimo de Pedro nos
primeiros dias da igreja, geralmente submetendo-se à
liderança do mais velho. João se destacou
principalmente como presbítero superior na igreja de
Éfeso, e também por sua enorme contribuição ao
cristianismo através dos cinco livros que escreveu.
Todos os cinco livros tiveram aceitação imediata na
igreja. Presume-se que João exerceu seu ministério em
Jerusalém e nos arredores da cidade por muitos anos,
viajando para Éfeso na ocasião em que o imperador
Tito destruiu a Cidade Santa no ano 70 d.C.
O evangelho de João é quase universalmente
reconhecido como o último dentre os quatro
evangelhos a ser escrito talvez por volta de 90 d.C.
Diferentemente dos outros evangelistas, João não
procurou escrever um relato cronológico da vida e
ministério de Jesus. Provavelmente ele havia lido os
outros evangelhos e seu propósito ao escrever era
outro .
Alguns imaginam que uma heresia estava se
insinuando na igreja, a qual afirmava que Jesus tinha
vindo como um “ser espiritual”. Ninguém tentou negar
a existência real de Jesus, pois eles estavam muito
próximos dos acontecimentos de sua vida para negá-
lo como figura histórica. Mas, em lugar de aceitar a
realidade de Cristo ter vindo em forma humana, os
falsos mestres satanicamente inspirados inventaram
algum tipo de “ser espiritual”. Eis por que tanto o
evangelho de João como sua primeira epístola deixam
claro que Jesus tinha realmente “vindo em carne”.
João insistiu neste ponto, isto é, aquilo que
escreveu foi baseado no seu contato pessoal com
Jesus. Ele escreveu: “O que era desde o princípio, o
que temos ouvido, o que temos visto com os nossos
próprios olhos, o que contemplamos e as nossas mãos
apalparam, com respeito ao Verbo da vida...” (1 Jo
1.1). Não poderia haver melhor testemunha do que
aquela que tinha viajado com Jesus, vivido e comido
com ele, e realmente tocado nele. Invariavelmente,
aqueles que têm visões heréticas de Jesus — quer
sejam os hereges do primeiro século ou os céticos
modernos — nunca se encontraram nem falaram com
Jesus na carne, quer antes ou depois de sua
ressurreição.

O Testemunho do Evangelho de João


O propósito por trás do evangelho de João (Isto é,
além de sua explícita missão evangelística; veja João
20.31) parece ter sido deixar a igreja com um retrato
convincente sobre a vida de Jesus, feito por uma
testemunha ocular, provando que Ele veio não apenas
“em carne”, mas que demonstrou por meio de sinais,
prodígios e curas milagrosas que era também “o Filho
de Deus”. Por esta razão, João não quis escrever
apenas uma outra biografia da vida de Jesus; os
sinópticos já tinham feito isto. Em vez disso,
encontramos em João dez milagres que somente
poderiam ter sido realizados por meio do poder divino.
Observe-os à medida que vão surgindo neste
extraordinário relato sobre Jesus:

1. Transformou a água contida em seis talhas de pedra


em delicioso vinho (2.1-12)
2. Curou à distância o filho de um oficial do rei (4.46-
54)
3. Curou um homem inválido que tinha sofrido trinta e
oito anos com horríveis aflições (5.1-15)
4. Alimentou cinco mil pessoas com somente dois pães
e cinco peixes (6.1-14)
5. Andou sobre a água no mar da Galiléia (6.15-21)
6. Curou um homem cego em Jerusalém (9.1-38)
7. Ressuscitou Lázaro quatro dias depois de sua morte
(11.1-45)
8. Ergueu-se do túmulo fisicamente após três dias
(capítulos 20-21)
9. Orientou os discípulos em uma pesca milagrosa —
precisando de dois barcos para carregar os peixes —
após passarem a noite sem pescar nada (21.1-12)
10. Apareceu cinco vezes a pessoas ou grupos depois
de sua ressurreição (capítulos 20-21)

Nenhum dos milagres relacionados acima podia


ser realizado por um simples ser humano!
Individualmente eles atestam o poder de Deus
operando em Jesus; coletivamente eles evidenciam
claramente que Jesus era mais do que um homem,
podendo, portanto, ser Deus em forma humana.
Nenhum homem, na verdade, poderia fazer tudo o que
Ele fez — cumprir as profecias, viver uma vida sem
pecado, ter os ensinamentos mais profundos do
mundo, fazer todos os milagres atribuídos a Ele,
morrer voluntária e sacrificialmente em uma cruz,
ressuscitar dentre os mortos, reaparecer muitas vezes
a tantas pessoas (como a quinhentas de uma vez só)
e, assim, provar que estava vivo depois da morte —
sendo apenas homem. A única explicação, como disse
João, é que Ele é verdadeiramente “Deus conosco”!

Ensinos de Jesus Mencionados Apenas em


João
Por ter escrito seu evangelho depois dos outros
três, João evitou repetir aquilo que eles já haviam
registrado. Seu evangelho é uma rica fonte de
doutrina não encontrada nos outros três evangelhos
canônicos. Entre os textos mais importantes estão os
seguintes:

1. Cristo, o Criador
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com
Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com
Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio
dele, e sem ele nada do que foi feito se fez. A vida
estava nele, e a vida era a luz dos homens. A luz
resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram
contra ela (Jo 1.1-5).
Estava no mundo, o mundo foi feito por
intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio
para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a
todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus; a saber: aos que crêem no
seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da
vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de
Deus. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós,
cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória,
glória como do unigênito do Pai (Jo 1.10-14).
João, ao escrever em 90 d.C, não deixou dúvidas
sobre sua crença naquele Jesus com quem tinha
andado e falado e a quem tinha seguido. Ele não o
considera apenas “Deus em forma humana”, como
tenho várias vezes citado neste livro. Ele diz que Jesus
era o “Verbo” (a Palavra) ou a expressão de Deus; Ele
já estava no princípio (antes da criação) com Deus; Ele
criou todas as coisas; Ele é a luz dos homens. Nem
mesmo o melhor ser humano que já passou pela Terra
pode aproximar-se ou comparar-se ao seu padrão!
Verdadeiramente, como disse João, Ele é o “unigênito
do Pai”.

2. Você deve nascer de novo


“Se alguém não nascer de novo, não pode ver o
reino de Deus”... Respondeu Jesus: “Em verdade, em
verdade te digo: Quem não nascer da água e do
Espírito, não pode entrar no reino de Deus... O vento
sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes
donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é
nascido do Espírito.” (Jo 3.3, 5,8)
A expressão “nascer de novo” usada por Jesus
surge exclusivamente no evangelho de João. Até onde
sabemos, Jesus usou esta expressão somente duas
vezes. Entretanto, muitos cristãos atualmente a
utilizam por ela ser a que melhor define a experiência
única de passar do estado de morte espiritual para a
vida espiritual através da fé em Jesus. Comparando
esse “novo nascimento” espiritual à experiência do
nascimento físico, Jesus deixou claro que assim como
é preciso nascer fisicamente para poder viver neste
mundo, deve-se nascer espiritualmente para poder
receber a vida eterna.

3. Um resumo do evangelho da salvação


E do modo por que Moisés levantou a serpente no
deserto, assim importa que o Filho do homem seja
levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida
eterna. Porque Deus amou ao mundo de tal maneira
que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não
para que julgasse o mundo, mas para que o mundo
fosse salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; o
que não crê já está julgado, porquanto não crê no
nome do unigênito Filho de Deus (Jo 3.14-18).
Esta passagem é considerada o ensino mais
conhecido sobre a salvação em toda a Bíblia (e com
boa razão, porque este é, em suma, o propósito da
Palavra de Deus). Ela contém “o evangelho
sintetizado”. O versículo 16 é inquestionavelmente o
mais amado de toda a Escritura. E incontável o
número de indivíduos que têm professado a fé em
Cristo e sido aceitos por Ele para a salvação,
estimulados e orientados somente por esta curta
mensagem. Por meio dela “nasceram de novo” e
obtiveram a certeza de sua salvação.
Por que a história de Nicodemos, na qual este
versículo é encontrado, não é mencionada em outros
evangelhos? Talvez pelo fato de João ter sido o único
discípulo a acompanhar Jesus nesse encontro com
Nicodemos, onde se deu essa conversa. Seja qual for o
caso, devemos a João a inclusão destas sublimes
palavras vindas dos lábios do “Filho unigênito de
Deus”.

4. A prova válida de que Jesus é o Cristo


O melhor capítulo isolado da Bíblia sobre a
divindade de Jesus é João 5. Ele contém o testemunho
do próprio Jesus sobre quem Ele era, o testemunho de
João Batista, os milagres ou “obras” de Jesus como
provas, a voz do Pai e o testemunho das Escrituras
(particularmente o cumprimento das profecias
messiânicas).
Neste único capítulo encontramos evidências
impressionantes da divindade pessoal de Jesus.

5. Os últimos ensinamentos de Jesus


Tradicionalmente considera-se que as últimas
palavras de um homem que está à beira da morte são
as mais significativas. Este foi o caso de Jacó, Moisés e
muitos outros. De acordo com esta tradição, os
capítulos de João, de 14 a 17, são da mais alta
relevância, porque nos apresentam os últimos ensinos
de Jesus antes de sua crucificação.
Estes importantes ensinos abordam: céu; Jesus “a
verdade”; oração; apegar-se a Ele como os ramos à
videira; o ministério da Palavra e o Espírito Santo; e
muitas outras coisas. Em qualquer lista dos dez
capítulos bíblicos mais importantes, dignos de ser lidos
e absorvidos, estes quatro devem ser
necessariamente incluídos. Eles expõem os pontos
essenciais da vida cristã e devem ser lidos e
meditados em conjunto regularmente.

Cristo e a Ressurreição
O já idoso apóstolo João não deixou dúvida de
que, embora passados mais de cinqüenta anos desde
a ascensão de Jesus ao céu e todos os outros
discípulos terem morrido, ele ainda acreditava que
Jesus era o Cristo. Ele confessou Jesus como o
Prometido, aquele que veio de Deus, ressuscitou
dentre os mortos e retornou a Deus, esperando sua
segunda vinda. João dedicou dois capítulos inteiros
relatando fatos após a crucificação, enfatizando o
túmulo vazio e os vários aparecimentos de Jesus antes
de sua ascensão aos céus.
João sabia que a única mensagem que poderia
mudar o ensino religioso para sempre seria o fato da
ressurreição de Cristo. Ele sabia que a ressurreição era
um fato real e quis deixar um registro escrito dela, de
maneira que o mundo inteiro soubesse que a última
testemunha apostólica viva considerava-a um
acontecimento inegável. Não há dúvida de que, para
João, Jesus era Deus e tinha provado isso levantando-
se dentre os mortos. O desejo de João era que outros
viessem a crer como ele. Portanto, revelou
abertamente seu propósito ao escrever:

Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos


outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes,
porém, foram registrados para que creiais que Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais
vida em seu nome. (Jo 20.30-31)

Se mesmo depois de ler este capítulo, você ainda


tem dúvidas sobre a verdadeira identidade de Jesus,
sugiro que leia o relato da vida de Cristo escrito por
alguém que o conheceu bem: o evangelho de João. Ele
certamente pode mudar sua vida, do mesmo modo
como já mudou as vidas de incontáveis pessoas ao
longo dos séculos.

9. O Testemunho do Apóstolo Paulo

Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe


deu o nome que está acima de todo nome, para que ao
nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra
e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus
Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai. (Fp 2.9-11)

A dramática conversão do apóstolo Paulo


constitui-se em um sério problema para os céticos
determinados a destruir o cristianismo. Como explicar
a transformação na vida deste homem extraordinário?
Quando um estudioso brilhante, membro do
Sinédrio, um “fariseu dos fariseus” zeloso de sua fé
israelita, que perseguiu a igreja nascente e
convictamente consentiu na morte de seu primeiro
mártir, ele mesmo se converte de um modo
miraculoso, resultando em completa mudança de seu
estilo de vida — deve haver uma forte razão.
Especialmente quando esse homem se transforma em
destacado porta-voz da igreja que perseguiu!
Nenhum estudioso sério, mesmo os mais críticos,
nega a espantosa reviravolta na vida do apóstolo
Paulo. A não ser pela intervenção sobrenatural do
próprio Jesus ressurreto, não há nenhuma explicação
satisfatória para a mudança radical de direção na vida
de Paulo.

Uma Importante Reviravolta


Para começar, refresque sua mente com relação
aos detalhes da conversão de Paulo:

Saulo, respirando ainda ameaças e morte contra os


discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote, e
lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, afim
de que, caso achasse alguns que eram do Caminho,
assim homens como mulheres, os levasse presos para
Jerusalém. Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se
de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao
seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe
dizia: Saulo, Saulo, porque me persegues? Ele
perguntou: Quem és tu, Senhor? E a resposta foi: Eu
sou Jesus, a quem tu persegues; mas, levanta-te, e
entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer.
Os seus companheiros de viagem, pararam
emudecidos, ouvindo a voz, não vendo, contudo,
ninguém. Então se levantou Saulo da terra e, abrindo
os olhos, nada podia ver. E, guiando-o pela mão,
levaram-no para Damasco. Esteve três dias sem ver,
durante os quais nada comeu nem bebeu. (Atos 9.1-9)
Assim teve início a transformação na vida de
Paulo, que só pode ser explicada pela intervenção do
sobrenatural. O cristianismo tem uma explicação
simples para a dramática metamorfose de Paulo: ele
foi salvo, como ele mesmo disse, através de uma
experiência pessoal com o Cristo ressurreto,
recebendo então o Espírito Santo de Deus e sendo
revestido de poder e dons para realizar milagres,
ensinar, pregar, edificar a igreja e escrever cartas. Não
existe nenhuma outra explicação para a mudança
repentina e completa desse forte opositor do
evangelho em um homem que acabou escrevendo
treze dos vinte e sete livros do Novo Testamento.
A conversão de Paulo permanece até hoje como
um dos maiores testemunhos da divindade de Cristo e
da verdade do cristianismo. J. Gresham Machen, um
dos maiores defensores da ortodoxia da atualidade,
considera a conversão de Paulo a segunda maior
prova da fé, ofuscada somente pela própria
ressurreição de Cristo. Algo extraordinário aconteceu
na estrada de Damasco há quase dois mil anos. O
cristianismo tem uma explicação para isto; os céticos
ainda estão procurando por uma.

Paulo, a Testemunha Idônea


Paulo nunca tinha visto Jesus durante sua vida
aqui na terra. Ele nunca presenciou um milagre nem
ouviu seu ensino e não o viu depois da ressurreição
até encontrá-lo miraculosamente na estrada de
Damasco. No entanto, os escritos de Paulo mostram
que ele estava perfeitamente familiarizado com a vida
de Jesus de Nazaré muitos anos antes que os
evangelhos fossem escritos! A pergunta natural que
surge é: onde Paulo obteve essas informações?
Uma resposta óbvia é que havia o conhecimento
comum [a tradição oral] em toda a igreja na época de
sua conversão (o que aconteceu de um a três anos
depois dos eventos registrados nos evangelhos).
Pretendo mostrar neste capítulo que, no período de
quinze a vinte anos após a ressurreição de Jesus, o
apóstolo Paulo escreveu um registro dos
acontecimentos básicos contidos nos evangelhos,
permitindo que seus leitores ficassem familiarizados
com a história. Não havia tempo para “criar mitos” ou
“enfeitar a história da ressurreição”. Tais fantasias
exigiriam pelo menos uma ou, talvez, duas gerações
— um espaço de tempo simplesmente impossível.

Por Que Paulo Foi Escolhido?


Há muito tempo venho meditando sobre a razão
pela qual Deus permitiu a Paulo, um apóstolo “nascido
fora do tempo” (1 Coríntios 15.8), tornar-se o primeiro
autor de um livro do Novo Testamento. Tenho
indagado também sobre o porquê de seu colega
grego, o médico Lucas (que também nunca esteve
com Jesus), tornar-se o autor de um dos Evangelhos e
de uma história completa da igreja do primeiro século.
Finalmente consegui enxergar uma possível razão
por trás da estratégia de Deus. Observe bem: quando
esses “intrusos” escreveram sobre Jesus, o Cristo, e
sobre todos os elementos sobrenaturais de sua vida,
eles estavam refletindo as crenças comumente aceitas
pela igreja nascente naquele período. Se seus escritos
fossem conflitantes com as visões aceitas pela igreja,
eles teriam sido atacados e rejeitados imediatamente,
o que nunca aconteceu.
As cartas de Paulo foram escritas sobre tiras de
papiro, sendo examinadas e comparadas com os
evangelhos de Marcos e Mateus, assim que estes
últimos trabalhos surgiram. Além disso, não
conseguimos encontrar casos de contradição entre
Paulo e os escritores dos evangelhos. Isto significa que
os ensinos e escritos de Paulo foram compatíveis com
as crenças essenciais do cristianismo nascente.
Embora Lucas possivelmente tivesse lido o evangelho
de Marcos antes de escrever seu próprio evangelho, é
evidente que ele entrevistou muitas pessoas, cujas
histórias não aparecem em Marcos.
O importante a assinalar é a ampla aceitação,
pela igreja primitiva, da vida, pessoa e ressurreição de
Jesus — a pedra angular de nossa fé. Nos escritos de
Paulo encontramos os detalhes essenciais daquilo que
a igreja primitiva acreditava e ensinava sobre Jesus de
Nazaré.

Paulo, a Testemunha Pioneira


Nem sempre é possível determinar exatamente
quando os livros da Bíblia foram escritos. A maioria
dos estudiosos concorda que, ou Tiago ou a primeira
carta aos tessalonicenses, foram escritos primeiro.
Cremos que a epístola 1 Tessalonicenses foi escrita
por Paulo em Corinto, durante sua segunda viagem
missionária, após uma breve visita de três semanas a
Tessalônica, onde fundou uma igreja e foi então
expulso da cidade por judeus hostis. Através deste e
de outros detalhes é possível determinar que a carta
foi escrita entre 49 e 51 d.C, o que significa que ela
surgiu de um a quatro anos antes de ser completado o
evangelho de Marcos.
Paulo escreveu esta carta porque tinha ensinado
àquela jovem igreja algumas profecias,
particularmente a respeito da vinda do Senhor. Após a
morte de alguns de seus novos convertidos, esses
crentes ficaram profundamente preocupados quanto
ao que aconteceria aos seus amados quando o Senhor
retornasse para encontrar seus santos “nos ares”.
Paulo escreveu esta epístola para responder às suas
perguntas.
Depois disso os tessalonicenses receberam outra
carta, geralmente chamada “a carta espúria [ou não
legítima]”. Nada sabemos sobre isso, além do fato de
ela ter causado muita aflição aos tessalonicenses. Foi
então necessário que o apóstolo enviasse uma
segunda carta para corrigir alguns dos falsos ensinos
da carta espúria. Se por um lado sou tentado a
mostrar o quanto Paulo havia ensinado a esses novos
cristãos sobre a segunda vinda e os eventos a ela
relacionados, reconheço que este não é o propósito
deste livro. Precisamos observar aqui tudo o que Paulo
ensinou sobre a vida, pessoa, morte e ressurreição de
nosso Senhor e o quanto esses conceitos foram
divulgados, embora a apenas tão pouco tempo da
ascensão de Jesus. Lembre-se de que Paulo estava
escrevendo para gregos que não tinham a base do
Velho Testamento ou o conhecimento da vida e da
época de Jesus. Eventualmente tudo o que Paulo
escreveu foi examinado pelos líderes da igreja em
Jerusalém, e já que estes nunca fizeram objeções à
mensagem dessas cartas, sabemos que o que ele
escreveu refletia a mensagem comumente pregada
pela igreja primitiva.
Vamos agora dedicar algum tempo para
examinar, diretamente dos escritos de Paulo, as
doutrinas essenciais que ele compartilhou com essa
jovem igreja.

1 Tessalonicenses
Observe a obra do trio:

Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses


em Deus Pai e no Senhor Jesus Cristo: Graça e paz a
vós outros. (1.1-2)

Observe a obra de Jesus na salvação, o fato de o


evangelho ser chamado “evangelho de Deus” e que
“Deus ressuscitou Jesus”:

Pois eles mesmos... proclamam... como, deixando os


ídolos, vos convertestes a Deus para servirdes o Deus
vivo e verdadeiro e para aguardardes dos céus o seu
Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus,
que nos livra da ira vindoura.... Tivemos ousada
confiança em nosso Deus, para vos anunciar o
evangelho de Deus... estávamos prontos a oferecer-
vos, não somente o evangelho de Deus, mas,
igualmente, a nossa própria vida... vos proclamamos o
evangelho de Deus. (1.9,10; 22,8,9)

Observe os detalhes em relação aqueles que


mataram Jesus e como isto desagradou a Deus:

Outra razão ainda temos nós para incessantemente dar


graças a Deus: é que, tendo vós recebido a palavra que
de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como
palavra de homens, e, sim, como, em verdade é, a
palavra de Deus, a qual, com efeito, está operando
eficazmente em vós, os que credes. Tanto é assim,
irmãos, que vos tornastes imitadores das igrejas de
Deus existentes na Judéia em Cristo Jesus; porque
também padecestes, da parte dos vossos patrícios, as
mesmas coisas que eles por sua vez sofreram dos
judeus, os quais, não somente mataram o Senhor
Jesus e os profetas, como também nos perseguiram, e
não agradam a Deus, e são adversários de todos os
homens. (2.13-15)

Observe que a segunda vinda de Cristo é a


esperança da igreja:

Pois, quem é a nossa esperança, ou alegria, ou coroa


em que exultamos, na presença de nosso Senhor
Jesus em sua vinda? Não sois vós? Sim, vós sois
realmente a nossa glória e a nossa alegria! (2.19-20)

Observe que “o evangelho de Deus” e “o


evangelho de Cristo” são intercambiáveis, e que o
pregador desse evangelho é chamado de “ministro de
Deus”:

E enviamos nosso irmão Timóteo, ministro de Deus no


evangelho de Cristo, para, em benefício da vossa fé,
confirmar-vos e exortar-vos. (3.2)

Observe que tanto Deus Pai como o Senhor Jesus


dirigem os caminhos dos cristãos:

Ora, o nosso mesmo Deus e Pai com Jesus, nosso


Senhor, dirijam-nos o caminho até vós. (3.11)

Observe que a santificação da igreja depende da


segunda vinda:

Afim de que sejam os vossos corações confirmados em


santidade, isentos de culpa, na presença de nosso
Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com
todos os seus santos. (3.13)

Observe que é a vontade de Deus que os cristãos


obedeçam aos mandamentos de Jesus:

Finalmente, irmãos, nós vos rogamos e exortamos no


Senhor Jesus que, como de nós recebestes, quanto à
maneira por que deveis viver e agradar a Deus, e
efetivamente estais fazendo, continueis, progredindo
cada vez mais; porque estais inteirados de quantas
instruções vos demos da parte do Senhor Jesus. Pois
esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que
vos abstenhais da prostituição. (4.1-3)

Observe que para participar do arrebatamento é


necessário crer na morte e ressurreição de Jesus:

Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim


também Deus, mediante Jesus, trará juntamente em
sua companhia os que dormem. Ora, ainda vos
declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos,
os que ficarmos até a vinda do Senhor, de modo algum
precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor
mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do
arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos
céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro;
depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos
arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o
encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para
sempre com o Senhor. (4.14-17)

Observe que a salvação é por meio de nosso


Senhor Jesus Cristo:

Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para


alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus
Cristo. (5.9)
Observe que a vontade de Deus é por meio de
Cristo:

Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus


em Cristo Jesus para convosco. (5.18)

Observe ainda outra referência à segunda vinda


de Jesus:

O mesmo Deus da paz vos santifique em tudo; e o


vosso espírito, alma e corpo sejam conservados
íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo. (5.23)

2 Tessalonicenses
Observe que Jesus é apresentado como sendo
igual a Deus Pai:

Paulo, Silvano e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses,


em Deus nosso Pai e no Senhor Jesus Cristo: Graça e
paz a vós outros da parte de Deus Pai e do Senhor
Jesus Cristo. (1.1-2)

Observe que as primeiras igrejas cristãs foram


conhecidas como as igrejas de Deus:

A tal ponto que nós mesmos nos gloriamos de vós nas


igrejas de Deus, à vista da vossa constância e fé, em
todas as vossas perseguições e nas tributações que
suportais. (1.4)

Observe outra referência à segunda vinda de


Jesus, que Ele é chamado de “Senhor” e que os
cristãos são chamados de “seus santos”:

Estes sofrerão penalidade de eterna destruição,


banidos da face do Senhor e da glória do seu poder,
quando vier para ser glorificado nos seus santos e ser
admirado em todos os que creram, naquele dia
(porquanto foi crido entre vós o nosso testemunho).
(1.9-10)

Observe que a graça é concedida igualmente por


Deus e Jesus:

Por isso também não cessamos de orar por vós, para


que o nosso Deus vos torne dignos da sua vocação, e
cumpra com poder todo propósito de bondade e obra
de fé; afim de que o nome de nosso Senhor Jesus
Cristo seja glorificado em vós, e vós nele, segundo a
graça do nosso Deus e do Senhor Jesus Cristo. (1.11-
12)

Observe que em sua segunda vinda Jesus


destruirá o anticristo:

Com efeito o ministério da iniqüidade já opera e


aguarda somente que seja afastado aquele que agora
o detém; então será de fato revelado o iníquo, a quem
o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca, e o
destruirá, pela manifestação de sua vinda. (2.7-8)

Observe que o castigo por recusar-se a crer no


evangelho de Cristo é a condenação:

Ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de


Satanás, com todo poder, e sinais e prodígios da
mentira, e com todo engano de injustiça aos que
perecem, porque não acolheram o amor da verdade
para serem salvos. É por este motivo, pois, que Deus
lhes manda a operação do erro, para darem crédito à
mentira, afim de serem julgados todos quantos não
deram crédito à verdade; antes, pelo contrário,
deleitaram-se com a injustiça. (2.9-12)

Observe que é igualmente obra de Jesus e do


Deus Pai confortar e confirmar os crentes:

Ora, nosso Senhor Jesus Cristo mesmo, e Deus nosso


Pai que nos amou e nos deu eterna consolação e boa
esperança, pela graça, console os vossos corações e
os confirme em toda boa obra e boa palavra. (2.16,17)

Observe que Jesus é o doador tanto da paz como


da graça, e que sua presença é prometida aos crentes:

Ora, o Senhor da paz, ele mesmo, vos dê


continuamente a paz em todas as circunstâncias. O
Senhor seja com todos vós. A saudação é de próprio
punho: Paulo. Este é o sinal em cada epístola; assim é
que eu assino. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo
seja com todos vós. (3.16-18)

Estes textos mostram que, quinze a dezessete


anos depois da ascensão de Jesus, Paulo estava
tratando de várias doutrinas que eram de
conhecimento comum das igrejas. Observe que boa
parte destas doutrinas era absolutamente contrária ao
ensino tradicional dos judeus naquela época. Paulo,
por exemplo:

• Iguala “Deus Pai”ao “Senhor Jesus Cristo”

• Usa o “evangelho de Deus “e o “evangelho de


Cristo “, como sinônimos, pois eram um só
evangelho
• Instrui os crentes a esperar o retorno de Jesus

• Insiste em que Deus ressuscitou Jesus dentre


os mortos

• Diz que Jesus nos livra da ira vindoura; Ele é a


fonte de salvação

• Diz que Jesus sofreu a oposição dos judeus

• Diz que Timóteo é um “ministro de Deus


“pregando o evangelho de Cristo

• Diz que tanto “Deus Pai” como “o Filho Jesus”


orientamos crentes

• Sustenta que os verdadeiros crentes tomarão


parte na segunda vinda

• Diz que Deus nos destinou à salvação


mediante Jesus Cristo, nosso Senhor

• Ensina que os santos serão santificados


“completamente” na vinda de Cristo

• Diz que tanto Deus Pai como Jesus Cristo


concedem “graça “

A lista acima contém alguns pontos essências da


doutrina cristã, e todos refletem a compreensão básica
da igreja primitiva. Mesmo que algumas dessas
doutrinas (especificamente a respeito da segunda
vinda) tenham sido reveladas através de Paulo (veja
Gálatas 1.11-12, 15-; 22; 2.1-2; Efésios 3.2-5), elas
receberam o apoio da igreja, pois essas cartas
chegaram até nós sem qualquer restrição ao seu
conteúdo. Parece certo que tais ensinos tinham raízes
na igreja primitiva e eram aceitos e entendidos como
doutrina comum.
Certamente Paulo sabia que algum dia suas
jovens igrejas (inclusive a dos tessalonicenses) seriam
visitadas pelos líderes da igreja e seus escritos
examinados. Portanto ele não ousou, como um
apóstolo “nascido fora do tempo”, ensinar qualquer
coisa que não fosse a fé comum “uma vez entregue
aos santos”. É interessante que ele nunca foi acusado
de fazer isso!
Não sabemos claramente quanto da doutrina de
Paulo ele aprendeu com os líderes mais antigos da
igreja em Jerusalém e quanto ele recebeu como
revelação direta de Deus. O que está claro é que seu
ensino foi aceito, endossado e apoiado pela igreja-
mãe. Perto do final de sua vida, o próprio Pedro
escreveria: “nosso irmão Paulo vos escreveu, segundo
a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes
assuntos, como de fato costuma fazer em todas as
suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de
entender, que os ignorantes e instáveis deturpam,
como também deturpam as demais Escrituras, para a
própria destruição deles” (2 Pedro 3.15-16). Considere
estes pontos:

• Pedro chama Paulo de “nosso amado irmão “

• Pedro diz que Deus “deu”a Paulo uma


sabedoria “especial”

• Pedro diz que alguns ensinos de Paulo são


“difíceis de compreender”

• Pedro diz que “deturpar” as palavras de Paulo


conduz à “destruição”

• Pedro inclui as epístolas de Paulo entre “as


demais Escrituras”

Quando relacionamos o entusiástico apoio de


Pedro em favor de Paulo com o conteúdo das
primeiras cartas de Paulo, só podemos concluir que
essas doutrinas representavam o ensino comum de
todas as igrejas, começando logo depois da
ressurreição, ascensão e descida do Espírito Santo.
Isto não deve nos surpreender, porque era
exatamente o que tinha sido pregado no dia do
Pentecoste.

A Teologia Posterior de Paulo


O testemunho de Paulo não se restringe apenas
às epístolas aos tessalonicenses, mas é também
encontrado em outras epístolas. Em lugar algum ele
contradiz os escritores dos evangelhos. Na verdade,
Paulo endossa em várias passagens algumas das
histórias e ensinos encontrados posteriormente nos
evangelhos. Em dois expressivos exemplos
encontrados nas epístolas aos colossenses e aos
filipenses, podemos constatar sua exaltação e louvor à
plena divindade de Cristo:

Ele [Deus] nos libertou do império das trevas e nos


transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual
temos a redenção, a remissão dos pecados. Ele é a
imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a
criação; pois nele foram criadas todas as coisas, nos
céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam
tronos, sejam soberanias, quer principados, quer
potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele.
Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste. Ele
é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o
primogênito de entre os mortos, para em todas as
coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que nele
residisse toda a plenitude, e que, havendo feito a paz
pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse
consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra,
quer nos céus. E a vós outros também que outrora
éreis estranhos e inimigos no entendimento pelas
vossas obras malignas, agora, porém, vos reconciliou
no corpo da sua carne, mediante a sua morte, para
apresentar-vos perante ele santos, inculpáveis e
irrepreensíveis. (Cl 1.13-22)

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também


em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de
Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;
antes a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de
servo, tornando-se em semelhança de homens; e,
reconhecido em figura humana, a si mesmo se
humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte
de cruz. Pelo que também Deus o exaltou
sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo
nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo
joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda
língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória
de Deus Pai. (Fp 2.5-11) (Compare a última parte desta
passagem com Isaías 45.23, em que Deus diz: “Por
mim mesmo tenho jurado... Diante de mim se dobrará
todo joelho, e jurará toda língua.” Paulo tem claramente
este texto em mente à medida que escreve, igualando
assim uma vez mais Jesus a Deus.)

O Testemunho Persistente de Paulo


O apóstolo Paulo passou o resto de sua vida até a
morte proclamando a divindade de Jesus Cristo,
incluindo sua vida sem pecado, sua morte sacrificial,
sua ressurreição corpórea, sua oferta de redenção do
pecado e salvação eterna... e muito mais.
O encontro de Paulo com o Cristo vivo na estrada
de Damasco, que transformou sua vida, é por si
mesmo um testemunho poderoso da divindade de
Jesus. Oferece também uma poderosa confirmação de
seu testemunho sobre a identidade do Salvador, um
testemunho que não tem sido contestado por quase
dois mil anos.
10. O Testemunho do Próprio Deus

“Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.”


Esta voz, vinda do céu, nós a ouvimos quando
estávamos com ele no monte santo. (2Pe 1.17b-18)

Da mesma forma que um advogado já provou que


seu caso está acima de qualquer dúvida, nosso Senhor
acrescenta o testemunho audível do Deus Pai à
impressionante evidência acumulada de quem Ele
realmente é. Por três vezes durante a vida de Cristo, o
próprio Deus falou do céu para comprovar a
identidade de seu Filho.
Várias vezes no Velho Testamento, Deus tinha se
comunicado com os israelitas para instruí-los ou
reafirmar-lhes sua presença entre eles. A ocasião mais
famosa foi quando Deus deu os Dez Mandamentos a
Moisés, escrevendo-os em seguida em tábuas de
pedra. Antes disso, Ele havia falado com Moisés
através da sarça ardente e, mais tarde, falou ao Faraó
pela boca de seu servo Moisés. Em cada uma dessas
ocasiões, Deus usou seu testemunho audível em fases
extremamente importantes na vida de Israel.
Do mesmo modo, em três ocasiões durante a vida
de nosso Senhor, a voz do Deus Pai foi ouvida
nitidamente do céu. Vamos examinar cada uma delas,
em seqüência, pois elas também ocorreram em
ocasiões importantes, proclamando em cada uma
delas que Jesus era o “Filho de Deus”.
A Voz de Deus no Batismo de Jesus

Batizado Jesus, saiu logo da água, e eis que se lhe


abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo
como pomba, vindo sobre ele. E eis uma voz dos céus,
que dizia: “Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo “ (Mt 3.16-17; veja também Mc 1.9-11 e Lc
3.21-22).

Já havíamos examinado anteriormente o batismo


de Jesus por João Batista, chamando especial atenção
sobre a descida do Espírito Santo em forma de uma
pomba que pousou no ombro de Jesus, identificando-o
como “o Filho de Deus”. Não enfatizamos então o fato
significativo da presença simultânea da trindade
naquele evento: Cristo, que foi batizado; Deus Espírito
Santo, que identificou Jesus de Nazaré como o
Messias; e Deus Pai, cuja voz foi ouvida desde o céu.
Esse acontecimento foi tão significativo que foi
registrado pelos quatro evangelhos. Mateus e João
foram testemunhas oculares, Marcos talvez tenha sido
e Lucas relatou aquilo que tinha ouvido de
testemunhas oculares (Lucas 3.21-22).
Observe que os três escritores dos evangelhos
sinópticos usaram a mesma expressão básica: “E eis
uma voz dos céus, que dizia: ‘Este é o meu Filho
amado, em quem me comprazo’.” Jesus é identificado
não somente pelo Espírito Santo em forma de pomba,
mas também pela voz solene do próprio Deus,
reconhecendo Jesus de Nazaré como seu único Filho e
acrescentando: “em quem me comprazo.” Este fato
representa a confirmação do testemunho sobre a
santidade de Jesus, desde o nascimento até o
momento deste evento, que Lucas diz ter ocorrido
quando Jesus tinha trinta anos (Lucas 3.23).
Quem realmente ouviu este testemunho? Não
sabemos. Certamente João Batista, junto com os
discípulos e alguns outros crentes. Multidões de
pessoas se aglomeravam junto ao rio Jordão
esperando para serem batizadas por João, e muitas se
tornaram crentes sinceros. Entretanto, sabemos pelas
perguntas que se seguiram que alguns não creram.
Evidentemente, eles não ouviram a voz, não a
compreenderam ou, então, não a reconheceram como
vinda de Deus.
Apesar disso, as Escrituras afirmam que Deus Pai
falou do céu para identificar seu filho diante de muitas
testemunhas. Várias dessas testemunhas confirmaram
esse fato no relato do evangelho.

A Voz de Deus na Transfiguração


Passados seis dias, Jesus levou Pedro, Tiago e seu
irmão João a um alto monte, transfigurando-se diante
de seus olhos. Seu rosto brilhou como o sol, e suas
roupas tornaram-se brancas como a luz. E eis que de
repente surgiram Moisés e Elias, falando com Jesus.
Então Pedro disse: “Senhor, bom é estarmos aqui; se
queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra
para Moisés, outra para Elias” Enquanto ele ainda
estava falando, eis que uma nuvem luminosa os
envolveu; e repentinamente uma voz veio da nuvem
dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo; a Ele ouvi.” E quando a ouviram os
discípulos, caíram de bruços tomados de grande
medo.

Aproximando-se deles, tocou-lhes Jesus, dizendo:


“Erguei-vos, e não temais!” Então eles, levantando os
olhos, a ninguém viram senão só a Jesus. (Mt 17.1-8)
A transfiguração foi um dos acontecimentos mais
importantes da vida de Cristo, sendo a única vez em
que Ele se manifestou fisicamente dessa maneira
diante de testemunhas. Seus três discípulos mais
íntimos, Pedro, Tiago e João, tiveram a oportunidade
única de testemunhar sua natureza divina brilhando
em seu corpo carnal. Durante sua vida, Jesus foi
plenamente homem e plenamente Deus, visto e
conhecido por seus discípulos. Nesta ocasião especial
Ele foi visto sob uma luz peculiar: Deus em forma
humana — sua natureza divina brilhando sobre sua
pele humana.
Tanto Lucas como Marcos também incluíram este
episódio em seus evangelhos, enfatizando sua
importância. Lucas acrescenta: “a aparência do seu
rosto se transfigurou e suas vestes resplandeceram de
brancura” (Lucas 9.29), refletindo o caráter
sobrenatural do evento. Os três autores nos dizem que
Moisés e Elias apareceram ao lado de Jesus naquele
lugar glorioso, atualmente conhecido como o Monte da
Transfiguração. Somente Lucas acrescenta que eles
falaram “da sua partida, que ele estava para cumprir
em Jerusalém” (Lucas 9.31). Séculos atrás ambos,
Moisés e Elias, preanunciaram que o Messias vindouro
sofreria pelos pecados do povo, cumprindo todos os
requisitos sacrificiais pelos pecados do mundo inteiro.
Entretanto, os discípulos não estavam preparados
para considerar a idéia de que Jesus logo iria ser
crucificado em cumprimento do plano redentor de
Deus. Pedro havia demonstrado isto pouco tempo
antes, quando reprovou Jesus por afirmar “que lhe era
necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas
coisas dos anciãos, sacerdotes e escribas, ser morto e
ressuscitado no terceiro dia” (Mateus 16.21). Pedro
não foi capaz de entender essa afirmação de Jesus, e
este lhe responde rapidamente: “Arreda! Satanás; tu
és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das
coisas de Deus, e, sim, das dos homens” (Mateus
16.23).
Agora, porém, naquele “monte santo”, Pedro,
Tiago e João evidentemente ouviram Jesus
conversando sobre sua morte com Moisés e Elias.
Talvez eles não tenham compreendido o plano divino
para Jesus, mas de algum modo reconheceram Moisés
e Elias, pois Pedro fez aquela ridícula sugestão: “Se
queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra
para Moisés, outra para Elias.”
Para compreender o significado real deste evento,
é preciso lembrar que Moisés e Elias eram as duas
grandes figuras da história de Israel. Eles foram
grandes servos de Deus que se destacaram não
apenas pelos seus ministérios junto ao povo mas
também pelos registros escritos que deixaram.
Naqueles dias, quando um israelita se referia a
“Moisés e Elias”, estava não apenas se referindo aos
acontecimentos das vidas desses dois homens, mas
(no caso de Moisés) aos primeiros livros da Bíblia, e
(no caso de Elias) aos profetas que escreveram no
“espírito de Elias”. Jesus reconheceu isto em Lucas 16,
quando disse ao homem rico que não enviaria Lázaro
à casa paterna do morto para alertar seus irmãos a
fugirem do futuro dos não salvos, pois “eles têm
Moisés e os profetas; ouçam-nos” (Lucas 16.2).
Apesar de esses profetas terem sido grandes
homens, o texto deixa claro que eles foram ofuscados
pela magnitude do Filho de Deus. Lemos que uma
“nuvem luminosa os envolveu” (semelhante a muitas
nuvens do Velho Testamento que escondiam a
presença do próprio Deus) e, então, saiu uma voz da
nuvem dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem
me comprazo; a ele ouvi.” Não admira, pois, que os
discípulos quando ouviram a voz “caíram de bruços,
tomados de grande medo”. Eles simplesmente
ouviram e reconheceram a voz do Deus todo-
poderoso! E embora essa voz não tivesse mencionado
os nomes de Moisés e Elias, ela exaltou o homem que
eles conheciam como Jesus de Nazaré.
No Monte da Transfiguração, assim como no rio
Jordão, Deus identificou Jesus como seu Filho e
expressou seu prazer diante dele. Ele estava dizendo
aos discípulos e a todos os crentes futuros que
ouvissem Jesus. Isto significava que, embora as
palavras de Moisés e Elias (que então representavam
39 livros do Velho Testamento) fossem dignas de todo
respeito, o povo deveria colocar as palavras de Jesus
acima de tudo.
Pedro nunca esqueceu esse encontro sublime.
Observamos no capítulo seis que, já velho e prestes a
ser martirizado, o apóstolo usou seu tempo para
relatar esse maravilhoso acontecimento aos novos
crentes sob seu cuidado. Vale a pena repetir seu
testemunho:

Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda


de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas
engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos
testemunhas oculares da sua majestade, pois ele
recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando
pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz:
“Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.”
Ora, esta voz, vinda do céu, nós a ouvimos quando
estávamos com ele no monte santo. (2 Pe 1.16-18)
Poderia alguma coisa ser mais evidente? Pedro
ouviu a voz de Deus, deu testemunho de sua
mensagem e, assim, ressaltou a divindade de Jesus, o
Cristo.

A Voz de Deus Quatro Dias Antes da Crucificação

“Pai, glorifica o teu nome. “Então veio uma voz do céu:


“Eu já o glorifiquei, e ainda o glorificarei “A multidão,
pois, que ali estava, tendo ouvido a voz, dizia ter havido
um trovão. Outros diziam: “Foi um anjo que lhe falou.
“Então explicou Jesus: “Não foi por mim que veio esta
voz, e, sim, por vossa causa. Chegou o momento de
ser julgado este mundo, e agora o seu príncipe será
expulso. E eu, quando for levantado da terra, atrairei
todos a mim mesmo. “Isto dizia, significando de que
gênero de morte estava para morrer. (Jo 12.28-33)

A voz de Deus foi ouvida do céu pela terceira vez


depois que Jesus se apresentou à nação de Israel no
dia conhecido como Domingo de Ramos. Depois de ter
sido rejeitado pelos judeus, Ele sabia que sua morte na
cruz estava próxima.
Naquela semana alguns gregos pediram a Filipe
que lhes apresentasse Jesus. Sem dúvida alguma, a
multidão era composta na maioria de judeus, mas
alguns estudiosos bíblicos admitem que esses gregos
estavam presentes porque Deus estava preparando os
gentios para reconhecerem que seu Filho estava perto
de morrer sacrificialmente, não somente pelos
pecados de Israel, mas pelos pecados do mundo todo.
O apóstolo João é o único a registrar este
incidente (João 12.20-33). Ao pensar na proximidade
de sua morte, Jesus confessa: “Minha alma está
angustiada.” Isto foi ilustrado dois dias depois,
quando, no Jardim do Getsêmani, “seu suor se tornou
como gotas de sangue caindo sobre a terra” (Lucas
22.44). Porém, embora, sua alma estivesse
“angustiada”, Ele não recuou diante da morte indigna
que estava para sofrer. Em vez de se desesperar, Ele
declarou: “Precisamente com este propósito vim para
esta hora” (João 12.27).
Então Jesus orou: “Pai, glorifica o teu nome”, e a
voz de Deus respondeu: “Eu já o glorifiquei, e ainda o
glorificarei” (João 12.28) — confirmando, assim, que já
havia falado antes e que novamente o glorificaria por
meio da ressurreição após sua aparente derrota na
cruz. O povo, tanto os crentes como os descrentes,
reconheceu que a voz era sobrenatural. Jesus
identificou a fonte daquela voz e declarou que tinha
vindo para o bem deles. Por que para o bem deles?
Naqueles dias os principais da sinagoga e os
fariseus estavam clamando contra Ele e acusando-o
de ser um impostor. Ele sabia que seria insultado e
depois crucificado e que muitos se afastariam
desiludidos durante os três dias que permaneceria no
túmulo. A voz de Deus o glorificou para que os
representantes de toda a nação cressem nele. Jesus
afirmou: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei
todos a mim mesmo” (João 12.21), indicando, assim, o
tipo de morte que ia sofrer.
Por fim, Jesus apelou ao povo: “Ainda por um
pouco a luz está convosco. Andai enquanto tendes a
luz, para que as trevas não vos apanhem... Enquanto
tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos
da luz” (João 12.35-36). Eleja havia se apresentado
como “a luz do mundo” e agora os conclamava a se
tornarem crentes antes que a crucificação afligisse as
almas dos crentes e dos descrentes.
Qual a reação da multidão? “E, embora tivesse
feito tantos sinais na sua presença, não creram nele”.
Esta trágica observação prova que os descrentes
estavam presentes naquela ocasião. Eles ouviram a
voz de Deus, testemunharam os milagres de Jesus e,
apesar disso, se recusaram a crer. Felizmente, nem
todos agiram assim.
Atualmente, podemos fazer essa mesma escolha:
crer ou descrer. A evidência hoje é exatamente a
mesma daquela época.
As pessoas — tanto hoje como há dois mil anos —
não têm desculpa, pois têm o testemunho da voz do
próprio Deus confirmando seu Filho.

Uma Categoria Própria


A voz de Deus ressoou no batismo de seu Filho.
Os discípulos a ouviram no “monte santo” da
transfiguração. E finalmente essa mesma voz ecoou
nos ouvidos do público pouco antes da crucificação de
Jesus.
Deus não apenas identificou audivelmente, por
três vezes, Jesus como seu Filho, mas também elevou
seus ensinamentos a uma categoria própria. O autor
de Hebreus escreveu: “Havendo Deus, outrora, falado
muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos
profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho, a
quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual
também fez o universo” (Hebreus 1.1-2).
Jesus ocupa, indiscutivelmente, uma categoria
própria!
Parte III: O Que Suas Obras
Provam Sobre Ele

11. Seus Milagres Como Testemunhos de


Sua Identidade

Se um homem viesse ao mundo curando leprosos,


restaurando paraplégicos, reconstruindo braços ou
pernas aleijadas, restaurando a vista aos cegos, nós
imediatamente o consideraríamos como alguém mais
do que um simples homem. Poderíamos até mesmo
considerá-lo um deus em forma humana.
Se um homem andasse sobre a água, acalmasse
as tempestades e alimentasse mais de cinco mil
pessoas de uma só vez, usando apenas o lanche de
um menino, suspeitaríamos que ele fosse mais do que
humano.
Se um homem interrompesse um funeral e fizesse
voltar à vida o único filho de uma pobre viúva,
devolvendo-o à sua mãe — tudo isso diante de muitas
testemunhas —, seguramente o aclamaríamos como
um deus. Pois na história do mundo, nenhum ser
humano jamais realizou apenas um desses milagres
por seu próprio poder, muito menos todos esses
juntos.
Foi isto o que Jesus quis dizer quando se dirigiu
aos judeus que faziam objeção à sua alegação de ser o
Filho de Deus: “Mas eu tenho maior testemunho do
que o de João; porque as obras que o Pai me confiou
para que eu as realizasse, essas que eu faço,
testemunham a meu respeito, de que o Pai me
enviou” (João 5.36). No capítulo seis vimos que João
foi, sem dúvida, uma forte testemunha da divindade
de Cristo. Agora, porém, Jesus apresenta um conjunto
muito maior de testemunhas: suas obras miraculosas.

Conhecido por Suas Obras


Sempre que a história de Jesus é contada, seus
maravilhosos milagres a acompanham, pois qualquer
pessoa que examine cuidadosamente sua vida
descobre que seria impossível separá-lo de seus
milagres. Os feitos miraculosos (particularmente
aqueles de cura física) levaram milhares de pessoas a
ajuntar-se para ouvir seu ensino incomparável. E
foram esses milagres que deram credibilidade ao seu
ensino no meio do povo. Como disse uma das
testemunhas de alguns desses milagres, “ninguém
pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não
estiver com ele” (João 3.2). Muito provavelmente Jesus
não teria atraído tantos ouvintes, se não fosse capaz
de curar os enfermos e ressuscitar os mortos. Quase
vinte séculos mais tarde, se não fosse por seus
milagres sobrenaturais, raramente alguém teria
ouvido falar de Jesus Cristo. Foram eles certamente
que estabeleceram sua autenticidade divina.
Poucas tentativas têm sido feitas ao longo da
história para eliminar os milagres de sua vida. Uns
poucos céticos tentaram justificá-los e alguns
racionalistas tentaram transformá-los em mitos (tais
como o agnóstico David Hume, cujo ataque aos
milagres de Jesus no século dezoito apresenta uma
frágil argumentação contra eles), porém suas
“explanações” geralmente requerem mais fé do que
os próprios milagres.
Thomas Jefferson, terceiro presidente dos Estados
Unidos, tentou banir do cristianismo os milagres de
Cristo, simplesmente removendo-os da Bíblia com uma
tesoura. Tudo o que ele conseguiu foi criar um angu
literário. Sua versão jamais foi entendida porque torna
A Maior História Já Contada um contra-senso ilegível.
Essa versão retira a maior evidência do caráter
sobrenatural do Filho de Deus pela simples eliminação
dessa evidência. Dizer apenas: “Não acredito no
sobrenatural” — como fizeram Hume, Jefferson e os
céticos modernos — não resolve nada. Qualquer
pessoa descrente em Deus terá uma visão inadequada
do sobrenatural, pretextando serem os milagres
impossíveis. E naturalmente ninguém ainda
apresentou uma prova convincente de que Deus não
existe.
Se uma pessoa começa por excluir a possibilidade
de que existe um Deus sobrenatural, ela rejeitará a
possibilidade de milagres. Certamente, nenhuma
prova sustenta tal convicção; o cético está
simplesmente alardeando sua descrença, o que não é
suficiente para desmentir os milagres de Jesus. A
evidência histórica pesa esmagadoramente em favor
dos milagres como parte integrante da vida do
Nazareno. Sem eles, Jesus teria sido rapidamente
esquecido, desaparecendo com o passar dos séculos.

Os Milagres Foram Importantes Para Jesus


Jesus de Nazaré ministrou publicamente por
apenas três anos e meio, um tempo curto para afirmar
a si mesmo como “o Filho de Deus” e fundar uma
religião que resistisse ao tempo. Portanto, foi
importante para Ele estabelecer sua credibilidade
pessoal logo no início do ministério, de modo que sua
obra pudesse ser continuada por seus seguidores.
A importância que ele dava aos milagres é visível
na resposta que deu aos discípulos de João Batista,
quando estes vieram perguntar-lhe se Ele era o
Messias prometido... ou se eles deviam esperar por
outro. A pergunta foi feita algum tempo depois de João
ter identificado publicamente Jesus como “o Cordeiro
de Deus, que tira o pecado do mundo”. Observe a
resposta do Senhor: “Ide, e anunciai a João o que
vistes e ouvistes: os cegos vêem, os coxos andam, os
leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos
são ressuscitados, e aos pobres anuncia-se-lhes o
evangelho” (Lucas 7.22). Jesus sabia que João estava
na prisão, devendo ser logo executado por ter
confrontado o rei Herodes por causa de seu adultério.
João precisava de alguma coisa para fortalecer sua
crença em Jesus como o Messias, por isso Cristo usou
seus milagres como prova.
Jesus aponta para os milagres como “grandes
testemunhas” de sua divindade quando disse: “As
obras que o Pai me confiou para que eu as realizasse,
essas que eu faço, testemunham a meu respeito, de
que o Pai me enviou” (João 5.36). Ele claramente
afirma que suas “obras”, outro termo usado no lugar
de “milagres”, identificam-no como Deus em forma
humana. Ele disse: “As obras que eu faço em nome de
meu Pai testificam a meu respeito” (João 10.25). Mais
tarde, referindo-se aos seus milagres, Ele faz uma
alegação que até hoje não foi contestada: “Se eu não
tivesse feito entre eles tais obras, quais nenhum outro
fez...” (João 15.24). Jesus ocupa uma posição única
pelos milagres que realizou.
As Conseqüências de Rejeitar Seus Milagres
Uma das mais terríveis condenações na Bíblia foi
reservada para o povo de duas cidades em que Jesus
realizou muitos milagres. Os judeus daquelas cidades
rejeitaram-no, particularmente quando Ele afirmou sua
divindade. “Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida!
porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado
os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas
se teriam arrependido com pano de saco e cinza. E
contudo vos digo: no dia do juízo haverá menos rigor
para Tiro e Sidom, do que para vós outros” (Mateus
11.21 e 22).
Os milagres tinham o propósito de convencer as
pessoas de que Jesus estava agindo no poder e em
nome de Deus. Quando os judeus rejeitaram essa
reivindicação, estavam também rejeitando uma
poderosa testemunha de sua divindade e, assim, não
tiveram desculpa. Para captar a importância disso,
Jesus comparou as duas cidades a Sodoma e Gomorra,
nas quais imperava a homossexualidade. Estas
cidades ímpias, porém, não viram Jesus realizar
milagres nem o ouviram pregar seus ensinos
incomparáveis. Se isso tivesse acontecido, elas
poderiam ter “se arrependido”, e, portanto, não
sofreriam tanto no dia do juízo. Ao menos não teriam a
culpa de rejeitar a evidência esmagadora de sua
identidade pessoal.
Os milagres são, pois, um testemunho público e
poderoso da identidade de Jesus. As pessoas que os
rejeitam correm sérios riscos. O falecido Dr. Wilbur M.
Smith escreveu:
Não conhecemos qualquer razão apropriada pela qual
os primeiros discípulos incluíram essas histórias
relativas aos milagres nos registros do evangelho, a
menos que estivessem baseadas em fatos históricos
reais. Na verdade, se o testemunho dos evangelhos a
respeito dos milagres de Cristo é falso, então essa
falsidade é, com certeza, um milagre maior do que os
milagres que eles relatam.

Não foram os ensinos de Cristo que levaram


Pedro e os outros discípulos a “deixar suas redes e
segui-lo”; foi o milagre da rede cheia de peixes que os
convenceu (Lucas 5.1-11). Eles pescaram a noite toda
e nada apanharam, mas Jesus, depois de falar à
multidão, entrou em um dos barcos e, afastando-se
um pouco da praia, estimulou os cansados pescadores
(que já tinham lavado suas redes) a lançarem as redes
mais ao largo. Quando eles obedeceram hesitantes a
essa ordem estranha, apanharam tanto peixe que
precisaram da ajuda de outro barco — e ambos os
barcos começaram a afundar sob o peso da carga. Tal
milagre convenceu Pedro de que aquele homem,
Jesus, era diferente de qualquer outro de quem já
tinham ouvido falar. Até os peixes do mar lhe
obedeciam!

Cinco Categorias de Milagres


Durante seu breve ministério público, Jesus
realizou centenas de milagres, sendo cerca de trinta e
nove relatados nos evangelhos. Muitos outros não
foram registrados em detalhes, mas foram resumidos
em expressões como “Ele curava a todos” (Lucas
6.19). Como a fama de seus milagres se espalhava
pelas cidades vizinhas, “trouxeram-lhe todos os
enfermos” (Mateus 14.35). Os milagres de Jesus foram
tão numerosos que seus inimigos nunca tentaram
negar seu poder sobrenatural. Como podemos ver,
eles cometeram um erro fatal ao atribuí-lo ao Diabo.
Mas, mesmo sendo tão hostis, tiveram de reconhecer
que seus milagres eram reais, porque transformavam
as vidas das pessoas.
Embora não seja intenção deste livro examinar
todos os milagres feitos por Jesus, é possível dividi-los
em cinco categorias ou divisões: natureza, curas
físicas, expulsão de demônios, multiplicação e
ressurreição de mortos. Examinaremos um pouco de
cada categoria para demonstrar a espantosa evidência
que eles proporcionam para conhecermos melhor a
identidade de Jesus de Nazaré.

1. Milagres da natureza
Jesus muitas vezes manipulou a natureza,
demonstrando que tinha poder sobre as leis naturais.
O primeiro milagre de Jesus foi realizado nas
bodas em Cana da Galiléia (João 2). É uma bonita
história. Jesus, com aproximadamente trinta anos na
época, estava presente porque Ele e seus discípulos
tinham sido convidados. Tão logo a família anfitriã
notou que o vinho se acabara, Maria chegou-se a seu
Filho e informou-lhe: “Eles não têm mais vinho.”
Podemos quase sentir o desespero em sua voz. Alguns
têm sugerido que era uma grave quebra do costume
não se preparar para tal eventualidade e Maria, como
amiga da família, sentia-se impelida a ajudá-los a
servir seus hóspedes.
Jesus atendeu instruindo os criados a encherem
seis grandes potes (cada um com a capacidade de 75
a 110 litros) com água. Ele então transformou a água
no mais delicioso vinho que os convidados tinham
provado durante todo o dia. Como é comum em todos
os seus milagres, este resolveu o problema de muitas
pessoas.
Outro milagre da natureza ocorreu quando Jesus
acalmou uma forte tempestade que aterrorizava até
mesmo pescadores veteranos, como os discípulos, os
quais tinham pescado durante toda sua vida no mar
da Galiléia e conheciam bem suas águas traiçoeiras.
Contudo, a tempestade não podia competir com Jesus,
muito embora o evangelho de Marcos relate:
“Levantou-se grande temporal de vento, e as ondas se
arremessavam contra o barco, de modo que o mesmo
já estava a encher-se de água” (Marcos 4.37). Mateus
expõe o incidente nestes termos: “O barco era varrido
pelas ondas” (Mateus 8,24). Jesus, que estava
dormindo naquele momento, “despertando,
repreendeu o vento, e disse ao mar: ‘Acalma-te,
emudece!’ O vento se aquietou e fez-se grande
bonança” (Marcos 4.39). De repente os discípulos
ficaram espantados ao ver seu poder sobre a
natureza, pois eles cogitavam em voz alta: “Quem é
este que até o vento e o mar lhe obedecem?” (Marcos
4.41) Podemos nos identificar com a reação deles, pois
meros seres humanos não possuem tamanho poder.
Tive o privilégio recentemente de viajar pelo mar
da Galiléia e recontar esta história a bordo de um
navio para cem turistas que nos acompanharam na
viajem. Nosso guia judeu observou que, até hoje,
tempestades violentas podem surgir ali
repentinamente. Não foi difícil imaginar tanto a cena
como a reação dos discípulos. Quem, com certeza,
pode comandar até o vento e as ondas? Somente o
Filho de Deus!
Em duas ocasiões Cristo realizou pescas
miraculosas — uma nos primeiros dias do seu
ministério (Lucas 5) e a outra após sua ressurreição
(João 21). Em ambos os casos, como em todos os
milagres, Ele desejava aumentar a fé dos discípulos
em sua divindade.
Podemos incluir ainda dois outros milagres da
natureza: Pedro encontrando a moeda na boca de um
peixe (Mateus 17.27), exatamente como Jesus havia
dito, e o relato da figueira que secou (Mateus 21. 18-
22) no mesmo instante em que o Senhor a
amaldiçoou.
Meu milagre da natureza predileto é Jesus
caminhando sobre a água (Mateus 14. 22.32). Isso é
tão humanamente impossível que, quando os céticos
se referem a um egoísta, dizem com escárnio: “Ele
pensa que pode andar sobre a água.” Por dois mil
anos, somente uma pessoa caminhou sobre as ondas
por seu próprio poder. Que outra pessoa Ele podia ser
senão Deus em forma humana?

2. Milagres de cura física


Talvez os milagres mais marcantes de Jesus
sejam os de cura física. Quem já não olhou para um
deficiente físico ou um doente terminal e desejou ter o
poder de curar tal pessoa? Pelo menos dezessete
vezes, durante sua breve passagem pela vida terrena,
Jesus se deteve para curar pessoas, a maioria delas
fora do alcance de qualquer ajuda. Lucas relacionou
nove dessas curas, observando que multidões de
doentes e incapazes físicos iam a Jesus para serem
curados, e “Ele curava a todos”. Possivelmente,
milhares foram curados durante seu ministério.
Ao examinarmos de perto esses milagres,
descobrimos que não há dois deles iguais em natureza
ou intensidade. Muitos foram realizados através de
simples palavras, à distância, como o caso do criado
do centurião (Mateus 8.5-13), ou ordenando aos dez
leprosos — “Ide e mostrai-vos ao sacerdote” (Lucas
17.11-19). Em alguns casos Jesus tocava a pessoa, e
em um deles uma mulher tocou apenas nas suas
roupas (Lucas 8.43-48).
Meu milagre de cura favorito é o que permitiu ao
cego restaurar a visão, em João 9, provocando nos
fariseus uma grande controvérsia. Depois de falar ao
homem, Jesus inclinou-se, pegou um pouco de terra na
mão, cuspiu sobre ela fazendo um pouco de lama,
passou-a nos olhos do cego e disse-lhe para ir se e
lavar no tanque de Betesda (Ninguém sabe porque
Jesus misturou saliva com terra e “ungiu” os olhos do
homem mas temos uma teoria. É possível que o
homem não possuísse os globos oculares, por isso o
Criador modelou o órgão necessário para visão. Mas,
podemos argumentar, barro misturado com saliva é
compatível com o corpo humano? Não há nenhum
problema nisso, pois Jesus é aquele que fez o homem
no inicio da criação (João 1.3; Colossenses 1.16 e 17),
de modo que moldar os globos oculares seria uma
tarefa simples. E se duvidarmos ainda, Gênesis 1
declara que o homem foi criado “do pó da terra”,
portanto pó ou barro seria perfeitamente compatível
com o tecido humano.). O homem seguiu as instruções
de Jesus e retornou “vendo”. Não havia como negar o
fato de aquele homem estar verdadeiramente curado,
mas os líderes religiosos ficaram perturbados pelo fato
de Jesus ter feito esta ação em um sábado.
Não é de admirar que, quando Nicodemos foi ter
com Jesus à noite, ele tenha afirmado: “Ninguém pode
fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver
com ele” (João 3.2). Fatos miraculosos convencem-nos
de que Jesus foi mais do que homem e que “nele
habita corporalmente toda a plenitude da divindade”
(Colossenses 2.9). A propósito, isto nos dá uma grande
compreensão do coração de Deus, pois, quando Jesus
via as multidões, Ele ficava “movido de compaixão”
(Veja Mateus 9.36; 14.14; 15.32; 20.34; Marcos 1.41;
6.34; 8.2) e curava a todos, pois Ele se compadecia
das aflições humanas. Não é isto exatamente que se
deve esperar de alguém que era Deus em forma
humana?

3. Curando os endemoninhados
A possessão demoníaca tem torturado o gênero
humano desde o princípio da história. Embora algumas
regiões tenham sido mais atingidas do que outras,
ninguém tem escapado. Tanto no passado como nos
dias de hoje, temos dificuldade para distinguir entre a
insanidade e a possessão demoníaca. Mesmo com o
avanço da psiquiatria atual, numerosos casos são
difíceis de avaliar. Pessoas diagnosticadas como
“esquizofrênicas” ou de “personalidades mistas”
podem agir normalmente em um momento e de
repente gritar ou falar com voz estranha, como se um
espírito estivesse usando seu corpo, para depois
“despertar” e não ter lembrança alguma do que
aconteceu. Alguns emitem afirmações maldosas ou
blasfemas que não condizem com suas crenças
originais, e, a seguir, quando voltam ao normal negam
que tenham dito tais coisas. A psiquiatria pode
fornecer uma explicação “científica” para certos casos
(tais como “demência”), mas esses indivíduos podem
mais tarde passar por um exorcismo em nome de
Jesus Cristo e nunca mais sofrer outra experiência
semelhante. Sem dúvida, algumas pessoas têm sofrido
de possessão demoníaca.
Na época em que Jesus viveu, a possessão
demoníaca era bastante comum. Isto não nos
surpreende, se considerarmos o propósito de sua
vinda à terra e a ousadia de Satanás na tentação de
Cristo, mencionada em três dos evangelhos. Em pelo
menos seis ocasiões durante seu ministério, Jesus foi
confrontado com indivíduos possuídos pelo demônio.
Em cada caso Ele demonstrava seu poder sobre os
demônios expulsando-os milagrosamente.
Os três evangelhos sinópticos narram uma das
ocorrências mais incríveis que ilustra o poder de Jesus
sobre demônios. De acordo com o relato de Lucas:

Então rumaram para a terra dos gerasenos, fronteira da


Galiléia. Logo ao desembarcar, veio da cidade ao seu
encontro um homem possesso de demônios que, havia
muito, não se vestia, nem habitava em casa alguma,
porém vivia nos sepulcros. E quando viu a Jesus,
prostrou-se diante dele, exclamando, e disse em alta
voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus
Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes. Porque
Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do
homem, pois muitas vezes se apoderara dele. E
embora procurassem conservá-lo preso com cadeias e
grilhões, tudo despedaçava e era impelido pelo
demônio para o deserto.

Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu


ele: Legião, porque tinham entrado nele muitos
demônios. Rogavam-lhe que não os mandasse sair
para o abismo. Ora, andava ali, pastando no monte,
uma grande manada de porcos; rogaram-lhe que lhes
permitisse entrar naqueles porcos. E Jesus o permitiu.
Tendo os demônios saído do homem, entraram nos
porcos, e a manada precipitou-se despenhadeiro
abaixo, para dentro do lago, e se afogou.

Os porqueiros, vendo o que acontecera, fugiram e


foram anunciá-lo na cidade e pelos campos. Então saiu
o povo para ver o que se passara, e foram ter com
Jesus. De fato acharam o homem de quem saíram os
demônios vestido, em perfeito juízo, assentado aos pés
de Jesus; e ficaram dominados de terror. E algumas
pessoas que tinham presenciado os fatos contaram-
lhes também como fora salvo o endemoninhado. Todo
o povo da circunvizinhança dos gerasenos rogou-lhe
que se retirasse deles, pois estavam possuídos de
grande medo. E Jesus, tomando de novo o barco,
voltou. O homem de quem tinham saído os demônios
rogou-lhe que o deixasse estar com ele; Jesus, porém,
o despediu, dizendo: ‘Volta para casa e conta aos teus
tudo o que Deus fez por ti.” (Lc 8.26-39)

A extensão da possessão desse homem aparece


na palavra “legião” — uma multidão de demônios que
podia deixá-lo tão fora de controle que as pessoas
tentavam prendê-lo com correntes. Marcos acrescenta
que durante alguns de seus acessos, quando entrava
nu no cemitério, ele se cortava nas pedras. Marcos
também observa que “havia cerca de dois mil porcos”
que correram para o precipício e se afogaram no mar,
mostrando o poder dos demônios que tinham habitado
nele. Não nos surpreende que ele tenha enlouquecido!
Entretanto, depois de Jesus exorcizar os
demônios, o homem foi encontrado sentado, vestido e
em perfeita sanidade mental. Quem senão Jesus podia
manifestar tal poder? Os próprios demônios, falando
pela voz do homem, identificaram Jesus, dizendo:
“Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus
Altíssimo?” Tal reconhecimento não era incomum, e
mesmo hoje os missionários contam histórias
semelhantes — demônios encolhendo-se de medo à
simples menção do seu nome.

4. Os milagres da multiplicação
Duas vezes durante seu ministério Jesus satisfez a
fome das multidões, alimentando-as milagrosamente.
Em uma das vezes Ele multiplicou o alimento
disponível até ele se tornar suficiente para alimentar
cinco mil pessoas; na segunda ocasião, quatro mil
pessoas foram alimentadas. A alimentação de cinco
mil pessoas é o único milagre (além da ressurreição)
mencionado pelos quatro evangelhos, o que
demonstra a importância que os autores deram a esse
acontecimento. Jesus aceitou o lanche de um menino
— que consistia de cinco pães e dois peixes —
abençoando-o e distribuindo-o pelas mãos dos
discípulos, ordenando-lhes que alimentassem as
multidões. Para surpresa deles, os pães e os peixes
alimentaram todo o povo... e sobraram ainda doze
cestas cheias!
Em toda a história do mundo, nunca houve um
milagre de multiplicação semelhante a esse realizado
diante de tantas pessoas. Este milagre provocou
algumas reações imediatas. Os discípulos tornaram-se
ainda mais convencidos de que Jesus era um ser
sobrenatural e o povo seguiu-o para fazê-lo seu rei.
Quiseram promovê-lo da oficina de carpintaria ao
palácio — mas não foi para isso que Ele veio (e esta é
provavelmente a razão para Ele ter repetido esse
milagre somente uma vez).
5. Seu poder de ressuscitar os mortos
Sem dúvida alguma, os milagres mais
extraordinários de Jesus se relacionam com seu poder
de restaurar a vida aos mortos. Três vezes durante
seu ministério Jesus fez exatamente isso. Na primeira
vez, ele interrompeu o funeral do filho de uma viúva
de Naim e devolveu à vida o menino, entregando-o de
volta à mãe (Lucas 7.11-17). Na segunda, Ele
ressuscitou a filha de Jairo (Mateus 9.18-26; Marcos
5.21-43; Lucas 8.40-56). E por fim o mais espantoso
de todos; Lázaro foi chamado para sair do sepulcro
quatro dias depois de sua morte (João 11). Jesus
ressuscitou Lázaro com o claro propósito de
demonstrar a seus discípulos que Ele possuía poder
sobre a vida e a morte. Depois de se encontrar com as
irmãs de Lázaro e associar-se à sua dor, Jesus ordenou
que a pedra que fechava o sepulcro fosse removida.
Marta a princípio chamou sua atenção: “Senhor, já
cheira mal, porque já é de quatro dias/’ Em seguida,
nas palavras do apóstolo João:

Respondeu-lhe Jesus: Não te disse eu que se creres


verás a glória de Deus? Tiraram, então, a pedra. E
Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai,
graças te dou porque me ouviste. Aliás, eu sabia que
sempre me ouves, mas assim falei por causa da
multidão presente, para que creiam que tu me enviaste.
E tendo dito isto, clamou em alta voz: Lázaro, vem para
fora. Saiu aquele que estiver a morto, tendo os pés e as
mãos ligados com ataduras, e o rosto envolto em um
lenço. Então lhes ordenou Jesus: Desatai-o, e deixai-o
ir. Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo
visitar Maria, vendo o que fizera Jesus, creram nele.
(versículos 40-45)
Como as pessoas que testemunharam o incidente
reagiram a este assombroso milagre? Muitos “creram
nele”. Cristo desejou provar sua identidade tanto
àqueles que lá se encontravam como a nós hoje,
confirmando sua última afirmação: “Toda a autoridade
me foi dada no céu e na terra” (Mateus 28.18).
Infelizmente, esta não foi a única reação. Alguns se
apressaram em contar o fato aos líderes religiosos.
Daquele momento em diante, teve início uma trama
visando matar a Jesus.
Podemos nos questionar por que dois grupos de
pessoas viram esse acontecimento extraordinário
realizar-se e tiveram interpretações diferentes do fato,
mas hoje enfrentamos o mesmo problema: é sempre
uma questão de vontade. Como disse o próprio Jesus:
“Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos
torneis filhos da luz.” João acrescenta: “Eles tinham
visto Jesus fazer todos esses milagres, mas não criam
nele” (João 12.36-37). Os que tinham a mente e o
coração fechados o rejeitaram.
Contudo — e é essencial que tenhamos isso em
mente — eles não negaram que Jesus tinha
ressuscitado os mortos, alimentado as multidões,
expulsado demônios, curado os enfermos e caminhado
sobre a água. É de importância vital observar que
mesmo seus inimigos não puderam negar seu
extraordinário poder! A evidência era simplesmente
esmagadora.

A Ciência é Grande, Mas Jesus E Maior


Os milagres de Jesus comprovam
inequivocamente sua divindade. Mesmo hoje, dois mil
anos depois, seu poder e simplicidade ainda nos
deixam abismados. Apesar do avanço da ciência e da
tecnologia, seus milagres ainda nos impressionam.
Embora a ciência moderna seja capaz de rastrear
a rota de um furacão, nomeá-lo e predizer com certa
exatidão quando ele vai atingir uma cidade ou região,
ainda assim não é possível controlar essa terrível
tempestade e acalmá-la com uma simples expressão:
“Acalme-se, fique quieta.” Mas Jesus fez isso!
Embora os agricultores sejam capazes de prever
uma colheita de até uma tonelada de trigo, quando
anteriormente conseguiram calcular apenas um terço
desse volume, nunca ouvimos dizer que alimentaram
milhares de pessoas famintas com cinco pães e dois
peixes. Mas Jesus fez isso!
Embora a ciência moderna tenha feito muito
progresso na cura das doenças mentais, reabilitando
muitas pessoas e devolvendo-as à vida normal,
nenhum psiquiatra jamais se voltou para um homem e
ordenou que os demônios que o possuíam saíssem
dele, transformando-o em uma pessoa normal e em
“perfeito juízo”. Mas Jesus fez isso!
Embora a ciência moderna tenha realizado
grandes curas por meio de remédios, cirurgias ou
outras formas avançadas de tratamento, ela nunca
retornou a visão àqueles que nasceram cegos, nem
curou membros mirrados com um simples toque, ou
purificou um leproso apenas pela palavra (muito
menos dez de uma só vez). Mas Jesus fez isso!
Embora os médicos sejam capazes de prolongar a
vida, melhorar sua qualidade, e em alguns casos até
permitir uma morte indolor, cada médico normalmente
perde pacientes levados pela morte. Nunca ouvimos
falar de médicos que souberam do sepultamento de
uma pessoa conhecida e em seguida, quatro dias
depois, a chamaram de volta à vida. Mas Jesus fez
isso!
Os milagres que Jesus realizou proclamam através
dos séculos que “Jesus é o Filho de Deus!”

Podemos Ainda Acreditar nos Milagres?


O Novo Testamento ensina claramente que Jesus
realizou milagres. Todavia, será que nós, pessoas
modernas, vivendo no alvorecer do vigésimo primeiro
século, podemos acreditar de maneira lógica e
racional naqueles milagres? Se podemos, eles se
tornam uma poderosa prova para a alegação de que
Jesus foi “o Filho de Deus” em forma humana. Ele
mesmo nos desafia a usar esses milagres para
determinar sua identidade. “Se vocês não crêem em
mim, então creiam pelo menos nas obras que eu faço.
E isso para que fiquem sabendo de uma vez por todas
que o Pai vive em mim e que eu vivo no Pai” (João
10.38).
Se os milagres de Jesus foram genuínos, nossa
decisão é óbvia. Mas vivemos quase dois mil anos
depois desses acontecimentos. Como podemos crer
racionalmente nas histórias das testemunhas oculares
que afirmam que Jesus Cristo realizou muitos milagres
contrariando as leis da natureza?
Alguns céticos têm afirmado que os relatos dos
milagres nos evangelhos sofreram alterações e
acréscimos ao longo dos anos. Entretanto, qualquer
um que esteja familiarizado com a mitologia grega ou
com os relatos religiosos do período posterior a Cristo
perceberá imediatamente uma diferença marcante
entre eles e as narrativas dos evangelhos. Nenhum
animal com asas ou figuras metade homem, metade
cavalo povoam os evangelhos. Em lugar disso,
encontramos Jesus tratando com homens, mulheres e
crianças reais. Pessoas humildes que sofriam com
doenças ou defeitos de nascimento e repentinamente
ficavam livres de seus sofrimentos. Não há inclusão de
detalhes fantasiosos, como os que aparecem nos
evangelhos apócrifos e em outros escritos do período.
Em vez disso, encontramos um relato acurado dos
atos de uma pessoa extraordinária.
Há muitos anos o Dr. Wilbur M. Smith afirmou
que, em vez de as histórias terem sido enfeitadas ou
acrescidas com o tempo, os escritores do evangelho,
ao contrário, diminuíram o número de milagres
relatados à medida que o tempo foi passando,
preferindo antes enfatizar os ensinos de Jesus. Muitos
estudiosos concordam que Marcos foi o primeiro a
escrever seu evangelho, por volta de 60 d.C; o
apóstolo João escreveu seu trabalho depois, em torno
de 90 d.C. e Mateus e Lucas escreveram em torno de
70 d.C. Argumenta o Dr. Smith:

Embora dedicando apenas doze capítulos para a


história completa da vida de Jesus, incluindo o último
discurso na semana da Paixão, o evangelho de Marcos
registra dezoito milagres realizados por Cristo,
enquanto que o evangelho de Mateus, escrito
posteriormente, relata vinte milagres, embora utilize
dezessete capítulos para narrar esse mesmo período
de seu ministério publico. O evangelho de Lucas,
escrito ainda mais tarde, menciona não mais que vinte
e um milagres e o evangelho de João, o último a ser
escrito, registra apenas oito milagres. Em outras
palavras, os primeiros onze capítulos do evangelho
mais antigo, Marcos, registram mais milagres do que
quaisquer outros onze capítulos sucessivos dos
evangelhos posteriores. E evidente, pois, que este
aspecto particular do ministério de Jesus não resulta de
um posterior acréscimo mitológico.

Assim sendo, os relatos do evangelho são


completamente dignos de confiança e inteiramente
idôneos — mesmo para os modernos. Podemos estar
seguros de que os milagres atribuídos a Jesus nos
evangelhos refletem a história verdadeira e não
alguma criação literária posterior. Desta forma, se são
verdadeiros, se de fato aconteceram, eles requerem
uma resposta pessoal de cada um de nós. Precisamos
tomar uma decisão sobre nossa crença a respeito
deste operador de milagres, Jesus de Nazaré.

Os Milagres de Jesus Provam Que Ele Era o


Filho de Deus
Jesus curou uma mulher que sofria de
hemorragia. Você acha que foi difícil para ela acreditar
que Jesus era o Filho de Deus, depois de doze anos
consultando médicos sem nenhum resultado?
A esposa de Jairo e a viúva de Naim tiveram,
respectivamente, uma filha e um filho mortos que
foram devolvidos vivos e sãos. Tiveram elas de lutar
para crer que Jesus era Deus em forma humana? D. L.
Moody, um dos grandes evangelistas do século
dezenove, lembrou-nos: “Você não encontra no Novo
Testamento orientações sobre como conduzir uma
cerimônia fúnebre, porque Jesus acabou com todos os
funerais aos quais esteve presente.”
Quatro amigos de um homem aleijado foram
forçados a descê-lo através de um buraco aberto no
telhado para poderem colocá-lo diante de Jesus, por
causa da grande multidão que bloqueava seu
caminho. Quando Jesus com uma palavra o curou,
você acha que eles duvidaram que Ele era o
verdadeiro Filho de Deus?
Multidões que o seguiam por toda parte, viram-no
curar vários tipos de doenças e até ressuscitar os
mortos. Você acha que eles duvidaram que o seu
poder vinha de Deus?
Aqueles que eram íntimos de Jesus e que
testemunharam pessoalmente a transformação nas
vidas das pessoas, de tal modo creram nesse homem
que se dispuseram a abandonar suas profissões e tudo
mais para segui-lo até o fim de seu ministério,
viajando por todo o mundo conhecido para contar sua
história. Com exceção de Judas Iscariotes, que o traiu,
nenhum dos discípulos jamais renegou seu
compromisso com a causa de Cristo. Mesmo o
“incrédulo Tome”, que se convenceu no encontro com
o Jesus ressurreto, serviu a Ele fielmente até ser
martirizado na índia muitos anos depois.
Em vista de tudo isso, começamos a compreender
o que Jesus quis dizer com estas palavras: “As obras
que eu faço dão testemunho de mim.” Elas provam
sua declaração de ser Ele mesmo o unigênito Filho de
Deus. Não esperaríamos menos. Poderíamos nos
basear apenas nos milagres de Jesus de Nazaré para
termos certeza de sua divindade pessoal, mas o
próprio Jesus não o faria. Há muito mais evidência pela
frente.
12. Jesus Recebeu Adoração

O mundo judaico em que Jesus nasceu era


intensamente monoteísta. Os judeus de dois milênios
atrás consideravam a mais grave das heresias um ser
humano colocar-se em lugar de Deus e ser adorado
como tal. No entanto, Jesus de Nazaré fez exatamente
isso — razão por que os judeus de seus dias pegaram
em pedras para matá-lo. O Velho Testamento
condenava à morte os acusados de blasfêmia, e os
judeus achavam que Jesus era mais do que merecedor
de tal punição, já que alegou ser Deus, não uma, mas
muitas vezes.
Já vimos que Jesus sabia que era Deus, ensinou
que era Deus e realizou milagres (incluindo sua
própria ressurreição) destinados a confirmar sua
afirmação de ser Deus. O que falta ainda é comprovar
que, pelo menos dez vezes durante sua vida, Jesus
permitiu que outros o adorassem. Isto era mais do que
um crime no julgamento da austera cultura judaica
monoteísta: era algo imperdoável. A não ser, é claro,
que fosse verdade.

Dez Exemplos de Adoração


Jesus conhecia muito bem a lei. Afinal de contas,
foi Ele quem repreendeu Satanás quando este lhe
pediu que se inclinasse diante dele e o adorasse. “Está
escrito”, respondeu Jesus, “ao Senhor teu Deus
adorarás, e só a ele darás culto” (Mateus 4.10). Jesus
conhecia os Dez Mandamentos; Ele os citou várias
vezes. Entretanto, Ele proclamava que era “igual a
Deus” (João 5.18). Apesar de ensinar várias vezes que
a adoração é devida somente a Deus, Jesus
geralmente permitia que os indivíduos o adorassem.
Não perca a importância disto. Jesus sabia que
Deus era o único ser digno de nossa adoração; Ele
próprio muitas vezes ensinou este princípio. Todavia,
por mais incrível que pareça, Jesus se permitiu ser
adorados pelo menos dez vezes — e em nenhum
momento repreendeu as pessoas que o fizeram!

1. Em seu nascimento
Há uma justificativa razoável para Jesus nessa
primeira vez que Ele foi adorado. Afinal de contas, Ele
era uma criancinha quando os sábios do Oriente
vieram para “adorá-lo”. A pergunta específica é:
receberia Ele tal adoração durante seu ministério
adulto? Fazer isso seria no mínimo um crime... a
menos que Ele verdadeiramente fosse Deus!
Considere os seguintes exemplos:

2. A cura de um cego em Jerusalém


Já examinamos anteriormente este caso da cura
de um homem cego de nascença realizada por Jesus,
um milagre que enraiveceu os líderes religiosos de
Jerusalém, porque o ato ocorreu em um sábado. Os
líderes convocaram o homem curado e lhe fizeram
perguntas, incitando-o a negar que Jesus o havia
curado. Mas ele não fez isso: “Nisto é de estranhar que
vós não saibais donde ele é, e contudo me abriu os
olhos. Sabemos que Deus não atende a pecadores;
mas, pelo contrário, se alguém teme a Deus e pratica
a sua vontade, a este atende. Desde que há mundo,
jamais se ouviu que alguém tenha aberto os olhos a
um cego de nascença. Se este homem não fosse de
Deus, nada poderia ter feito” (João 9.30-33).
Pouco depois de haver sido expulso do templo,
ele encontrou Jesus. O Senhor então lhe perguntou:
“Crês no Filho do homem?” Ele respondeu: “Quem é,
Senhor, para que eu nele creia?” E Jesus lhe disse: “Já
o tens visto e é o que fala contigo.” Então afirmou ele:
“Creio, Senhor.” E João acrescenta: “e o adorou” (João
9.35-38).
Observe que Jesus não repreendeu o homem nem
obrigou-o a se levantar, como certamente o faria se
Ele fosse apenas um homem comum que casualmente
fazia milagres. É interessante notar que é João quem
registra este incidente, porque o apóstolo sabia o que
era ser repreendido por adorar alguém que não fosse
Deus. No Apocalipse ele registra uma privilegiada
visão sobre os eventos do futuro, revelados pelo
Espírito Santo. Por duas vezes, João ficou tão
assombrado diante do poderoso anjo que lhe mostrou
essas visões que se ajoelhou para adorá-lo. E como
reagiu o anjo? “Então ele me disse: ‘Vê, não faças isso;
eu sou conservo teu, dos teus irmãos, os profetas, e
dos que guardam as palavras deste livro. Adora a
Deus’“ (Ap 22.9; veja também 19.10).
Qualquer pessoa sabe que os anjos são mais
poderosos do que os homens. E natural que os
homens adorem seres superiores quando na presença
deles, mas João foi proibido de fazer isso. A razão é
simples: somente Deus deve ser adorado. Mas este
mesmo João não hesitou em nos falar da ocasião em
que um homem adorou Jesus!
3. Tomé, o que duvidou
João também registra a resposta de Tome — o
discípulo que duvidara — quando ficou face a face
com o Cristo ressurreto. Tomé não tinha estado
presente quando Jesus se apresentou a primeira vez
aos outros dez discípulos, mas uma semana depois
Tome estava com eles quando Jesus apareceu pela
segunda vez. Sua famosa reação: “Senhor meu e Deus
meu!” (João 20.28) foi um ato de pura adoração. E
Jesus não fez nenhum sinal de reprovação.

4. Pedro e os peixes
Lucas narra um acontecimento semelhante na
vida de Pedro. Depois de ouvir Jesus ensinar e vê-lo
realizar o milagre de encher duas redes de peixe
(depois de nada terem pescado à noite), Pedro caiu de
joelhos diante de Jesus e rogou: “Senhor, retira-te de
mim, porque sou pecador” (Lucas 5.8). Este foi um
outro ato de adoração. E observe novamente que não
houve nenhuma reprovação de Jesus.

5. O chefe angustiado
Em outra ocasião, “um chefe, aproximando-se, o
adorou, e disse: ‘Milha filha faleceu agora mesmo; mas
vem, impõe a tua mão sobre ela, e viverá’“ (Mateus
9.18). Jesus não somente se recusou a repreender o
homem, mas atendeu ao seu pedido ressuscitando a
menina.
6. Homens em um barco
Vários milagres foram feitos no mar da Galiléia ou
nas proximidades. Foi ali que Jesus alimentou cinco mil
pessoas. Foi ali que, em meio a águas revoltosas, Ele
caminhou sobre a água e finalmente subiu ao barco
dos discípulos. Foi ali em outra ocasião que Ele com
uma palavra acalmou o mar — após o que “os que
estavam no barco o adoraram, dizendo:
‘Verdadeiramente és Filho de Deus!’” (Mateus 14.33).
A mensagem é clara: todos os discípulos, juntos,
adoraram Jesus e ainda aqui não houve nenhuma
reprovação.

7. A transfiguração
Quando Pedro, Tiago e João testemunharam a
transfiguração de Jesus sobre o “monte santo”, eles
ficaram assustados ao ouvir a voz do Pai celestial
dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo: a ele ouvi” (Mateus 17.5). A cena deixou-os
amedrontados e eles caíram aos pés de Jesus.
Somente o próprio Jesus podia levantá-los — mas, de
novo, não houve nenhuma repreensão.

8. A mãe de Tiago e João


Mateus conta da mãe dos filhos de Zebedeu
(Tiago e João) chegando a Jesus para pedir-lhe
privilégios especiais para seus filhos quando eles
estivessem no seu reino. Primeiro, porém, ela
“adorando-o, pediu-lhe um favor” (Mateus 20.20).
Embora o Salvador não tenha concedido o pedido
egoísta da mulher, Ele não a repreendeu por ajoelhar-
se diante dele publicamente. E lembre-se: na cultura
judaica, ajoelhar-se diante de alguém era uma clara
atitude de adoração.

9. Após a ressurreição
Após a ressurreição, as mulheres que foram ao
sepulcro correram para anunciar aos discípulos,
quando “Jesus veio ao encontro delas, e disse: ‘Salve!’
E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés, e o
adoraram” (Mateus 28.9). Nenhuma palavra de
repreensão.

10. Na ascensão
Ao final de sua presença na terra, Jesus
encontrou-se com seus discípulos no “monte que Jesus
lhes designara. E, quando o viram, o adoraram”
(Mateus 28.17). E uma vez mais não houve nenhuma
repreensão.

Estes dez incidentes provam não somente que as


pessoas eram impelidas a adorar Jesus, mas que o
próprio Jesus aceitava essa adoração. Isto significa
apenas uma coisa: Jesus é Deus em forma humana.

Confirmação da Seita das Testemunhas de


Jeová
Como você provavelmente sabe, a seita das
testemunhas de Jeová rejeita a divindade de Jesus,
baseada em algumas interpretações radicais das
Escrituras. Há vários anos, quando eu era pastor em
San Diego, Califórnia, recebi uma série de folhetos
pelo correio. Um dos folhetos inspirou-me a escrever
um artigo em resposta, chamando a atenção para a
divindade essencial de Jesus, de conformidade com o
ensino do Novo Testamento. Nele desenvolvi o
argumento segundo o qual, embora por dez vezes nos
Evangelhos Jesus tenha sido objeto de adoração, em
nenhuma das ocorrências Ele repreendeu seus
adoradores. Então desafiei os leitores sobre a
incoerência da própria Bíblia das testemunhas de
Jeová, a New World Translation (Tradução Novo
Mundo). Os publicadores dessa obra excessivamente
preconceituosa orgulhavam-se na página 9 de haver
traduzido cada palavra importante do grego para uma
única equivalente em inglês. Mas chamei sua atenção
para o fato de toda vez que traduziam a palavra grega
proskuneo em relação a Deus, eles traduziam para
“adorar”, o que é correto. Mas toda vez que traduziam
a mesma palavra proskuneo quando usada em relação
a Jesus Cristo, eles traduziam “reverenciar”.
Acho isto muito interessante, já que não existe
nenhuma razão gramatical ou exegética para fazê-lo
— apenas a posição doutrinária da seita negando a
divindade de Jesus. Por isso, em meu artigo, perguntei
por que as testemunhas não se dispõem a “honrar o
Filho, do modo por que honram o Pai” (João 5.23), da
forma como Jesus nos instruiu a fazer. Esse artigo foi
enviado por correio a todas as igrejas da seita e
distribuído gratuitamente a mais de 250 mil pessoas.
Até hoje não tive nenhum retorno de qualquer pessoa
da organização Testemunhas de Jeová. Não estou
ansioso pela resposta, pois o que eles teriam a dizer?
Proskuneo significa somente uma coisa — adoração —
e adoração é devida somente a Deus, incluindo seu
Filho, Jesus Cristo.

A Testemunha de Jeová que Encontrou


Cristo
Vários anos depois de escrever meu artigo, recebi
uma carta de um jovem operário na construção
agradecendo-me o tê-lo escrito. Nem ele nem sua
esposa eram cristãos quando uma testemunha de
Jeová bateu à sua porta. Eles se reuniram com ele
regularmente durante várias semanas e estavam
quase prontos para aderirem à seita, porém, como o
próprio autor da carta me disse,

‘‘Nós simplesmente não nos sentíamos seguros a


respeito disso. Certa manhã, pouco antes de eu sair
para o trabalho, estávamos muito perturbados, e então,
apoiados na mesa da cozinha, oramos pedindo a
orientação de Deus. Naquela tarde, depois de uma
terrível tempestade, eu estava saindo do meu carro
quando encontrei um folheto azul com as palavras em
destaque: JESUS: Quem é Ele? [o antecessor deste
livro]. Ele estava ensopado, mas peguei-o e trouxe-o
para casa, onde minha esposa o secou no calor do
forno. Lemos juntos e nos convencemos de que
estávamos sendo iludidos, de que Jesus era realmente
o Filho de Deus que morreu por nossos pecados e
ressuscitou no terceiro dia, exatamente como ensina a
Bíblia. Por isso, oramos para receber Cristo e temos
desfrutado da maravilhosa ‘paz com Deus’ desde
aquele dia.”

Não devemos nos esquecer das palavras que


Jesus disse: “Se alguém quiser fazer a vontade dele,
conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou
se eu falo por mim mesmo” (João 7.17). Aquele casal é
um perfeito exemplo disto. No caso deles, Deus enviou
meu folheto de uma maneira peculiar para cumprir
seus misericordiosos propósitos: ele flutuou sob uma
chuva pesada, sendo levado pela enxurrada até parar
junto à sarjeta perto da caminhonete daquele jovem.

Jesus é Digno de ser Adorado


Jesus não somente ensinou que Ele era Deus, mas
demonstrou essa afirmação através de seus milagres
e de sua vida sem pecado. Ele também demonstrou
que aceitava essa situação recebendo a adoração de
uma ou mais pessoas em dez ocasiões diferentes. Em
nenhum momento Ele repreendeu as pessoas por
adorá-lo, um descuido [para os judeus] que teria sido
considerado uma grave heresia, a menos,
naturalmente, que Ele fosse realmente Deus.
Michael Green, em seu excelente folheto Who is
This Jesus?, escreveu:

Jesus aceitava tranqüilamente a adoração... Os judeus


não adoravam nenhum homem ou estátua: somente o
próprio Deus. As implicações dessa atitude de Jesus
são óbvias. Ele sabia que era digno de adoração.
Embora humilde como era, pronto a servir a todos,
Jesus sabia quem Ele era e qual sua origem. “Ele viera
de Deus e voltava para Deus “, como afirmou o
apóstolo João em seu evangelho (13.3). E por algumas
vezes, Ele aceitou a adoração devida somente a Deus.
Era o prelúdio da adoração universal que se seguiria.

É curioso notar que todas as vezes que as


pessoas vinham até Jesus para aceitá-lo como seu
Senhor, a primeira coisa que desejavam fazer era
adorá-lo. Em um grande número de casos, as pessoas
queriam imediatamente pôr-se de joelhos e orar.
Tenho orado com centenas de pessoas, e acredite: a
maioria prefere ajoelhar-se.
Em um panfleto sobre o evangelho, meu amigo
Bill Bright conta a história de Lew Wallace, um famoso
general e escritor, que foi também um ateu declarado.
O Sr. Wallace pesquisou durante dois anos nas
principais bibliotecas da Europa e dos Estados Unidos,
procurando informações para escrever um livro que
arruinaria para sempre o cristianismo. Enquanto
escrevia o segundo capítulo desse livro, ele de repente
se ajoelhou clamando a Jesus: “Meu Senhor e meu
Deus!”
Por causa das sólidas e inquestionáveis
evidências da divindade de Jesus, Wallace não mais
podia negar que Jesus Cristo era o Filho de Deus. Mais
tarde, em lugar de escrever um livro para destruir a fé
em Jesus, ele escreveu Ben-Hur, um dos maiores
romances já escritos sobre a época de Cristo. Mais
tarde, o livro se transformou em filme, tornando-se
uma das mais belas produções da história de
Hollywood. A última cena refletia a fé que Lew Wallace
possuía. Jesus foi mostrado sobre a cruz. O céu
escureceu, trovões e raios cortavam o céu e a chuva
caiu sobre o corpo do Salvador. Aquela chuva
misturou-se com seu sangue e caiu sobre o solo,
transformando-se em um riacho e em seguida em um
rio, que corria para os oceanos e para um mundo
necessitado de sua purificação.
Bright continuou:

De modo semelhante, o falecido C. S. Lewis, professor


na Universidade de Oxford, foi um agnóstico que negou
a divindade de Cristo durante anos. Mas ele também,
por sua honestidade intelectual, submeteu-se a Jesus
como seu Deus e Salvador depois de estudar a
esmagadora evidência de sua divindade.

Em seu famoso livro Cristianismo Puro e Simples,


Lewis faz a seguinte afirmação:

Alguém que fosse um simples homem e dissesse o tipo


de coisa que Jesus dizia não seria um grande professor
de moral Ou Ele seria um lunático—ou então seria o
próprio Diabo. Você precisa fazer sua escolha. Ou Ele
era, e é,o Filho de Deus; ou então um louco ou coisa
pior. Você pode considerá-lo um louco... ou cair aos
seus pés e chamá-lo Senhor e Deus. Mas não vamos
usar esses argumentos absurdos a respeito de ele ser
um grande mestre humano. Ele não nos deixou essa
possibilidade.

Bright conclui seu folheto perguntando:

Quem é Jesus de Nazaré para você? Sua vida hoje e


durante toda a eternidade dependem de sua resposta a
esta pergunta. Se retirarmos Buda do Budismo, Maomé
do Islamismo e fizermos o mesmo com os fundadores
de várias outras religiões, pouca coisa mudaria. Mas se
tirarmos Jesus Cristo do cristianismo, não sobrará
nada, porque o cristianismo não é uma filosofia ou uma
ética, mas uma relação pessoal com um Salvador vivo,
ressuscitado.

Os cristãos não adoram estátuas de um Cristo


morto, eles adoram seu Senhor vivo e ressuscitado e
desfrutam de um relacionamento pessoal com Ele.
Você o adora? Se não, sugiro que você faça isto ainda
hoje. Ele nos convida agora a adorá-lo voluntária e
alegremente. Todavia, se recusarmos fazer isso, Ele
garante que um dia nós o adoraremos de qualquer
maneira, mas com espanto, medo e tremor. Porque,
como Paulo nos lembra, o dia logo virá quando “se
dobre todo joelho... e toda língua confesse que Jesus
Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai” (Filipenses
2.10-11).
A escolha não é entre adorar Jesus ou recusar-se
a adorá-lo. A única escolha é quando começaremos a
adorá-lo e como o faremos.
Jesus é o Senhor, e é plenamente digno de nossa
adoração. Quanto a mim e à minha casa, nós o
adoraremos livremente e com alegria. E quanto a
você?

13. Somente Deus Pode Perdoar

Um aspecto da vida de Jesus de Nazaré que o


torna diferente de qualquer outra pessoa é que Ele
nunca fez qualquer coisa moralmente errada. Em
trinta e três anos de vida, Ele nunca teve de pedir
perdão, nem a Deus nem aos homens. Ele nunca
precisou dizer: “Sinto muito por aquilo que fiz”, nunca
se desculpou, nunca se arrependeu de uma ação
praticada. As únicas pessoas que se sentiram
ofendidas pelos seus atos foram os líderes religiosos
da época, que estavam fazendo a pior coisa que um
ser humano pode fazer a outro — enganar as pessoas
sobre os padrões de Deus para ganhar a salvação
eterna. Quando eles se consideravam ofendidos por
Jesus ou por suas ações, era porque Ele havia dito
alguma coisa que violava seus ensinos religiosos —
doutrinas que iam de encontro aos ensinos divinos
revelados na Bíblia. Eram essas falsas doutrinas que
estavam erradas, não Jesus.
Entretanto, Jesus, que nunca teve de ser
perdoado, perdoou mais pessoas do que qualquer
outro que já viveu. Na verdade, Ele estabeleceu um
modelo para o perdão pessoal que nunca foi igualado,
muito embora em sua época prevalecesse a filosofia
romana que ensinava que o “poder faz o direito” e os
judeus defendessem o padrão “olho por olho e dente
por dente”. Naquele meio hostil Ele ensinou: “Amem
seus inimigos, façam o bem àqueles que os odeiam...
perdoem aqueles que pecam contra vocês” (Lucas
6.27-28, 37).
Jesus não somente elevou o padrão de amar o
próximo e perdoar os inimigos em todo o tempo, mas
Ele próprio demonstrou perdão em sua vida pessoal.
Ele perdoou os pecados de outros e ensinou seus
seguidores a fazerem o mesmo. Quando se tratava de
perdão, Jesus era mais do que um homem — Ele era
Deus. E para demonstrar este fato, Ele não perdoou
pecados apenas como um homem, Ele perdoou como
Deus. E foi isto exatamente que lhe trouxe problemas.

Quem Pode Perdoar Pecados Senão Deus?


Jesus nunca hesitou em perdoar pecados. Foi isto,
certamente, que o levou a entrar em conflito com os
líderes religiosos de seu tempo. Eles sabiam que
somente Deus Jeová podia perdoar pecados e
rejeitaram totalmente a possibilidade de ele ser
aquele mesmo Jeová em forma humana. Entretanto,
os três escritores dos evangelhos sinópticos incluíram
uma dramática história com o propósito de
demonstrar que Jesus, como Deus, tinha o direito e a
autoridade para perdoar pecados. Marcos narra a
história resumidamente:
Dias depois, entrou Jesus de novo em Cafarnaum, e
logo correu que ele estava em casa. Muitos afluíram
para ali tantos que nem mesmo junto aporta eles
achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra.

Alguns foram ter com ele, conduzindo um paralítico,


levado por quatro homens. E, não podendo aproximar-
se dele, por causa da multidão, descobriram o e irado
no ponto correspondente ao em que ele estava e,
fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o
doente. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico:
“Filho, os teus pecados estão perdoados.”

Mas alguns dos escribas estavam assentados ali e


arrazoavam em seus corações: “Por que fala ele deste
modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados,
senão um, que é Deus?”E Jesus, percebendo logo por
seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes:
“Porque arrazoais sobre estas coisas em vossos
corações? Qual é mais fácil, dizer ao paralítico: ‘Estão
perdoados os teus pecados’, ou dizer: ‘Levanta-te,
toma o teu leito, e anda?’ Ora, para que saibais que o
Filho do homem tem sobre a terra autoridade para
perdoar pecados” — disse ao paralítico: “Eu te mando:
Levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.” (Mc
2.1-11)

Jesus usou este dramático incidente para ensinar


as pessoas de sua época que Ele tinha o poder de
perdoar pecados. Nenhuma testemunha pode verificar
o perdão de pecados, mas pode identificar a mão
sobrenatural de Deus para curar um paralítico. Neste
episódio Jesus associou ambas as virtudes. Este
milagre é, pois, um eloqüente sinal da divindade de
Jesus. As pessoas sabiam desde o início que Jesus
tinha o poder de fazer milagres; até seus inimigos
sabiam disso. O que Jesus queria que
compreendessem é que Ele estava mais interessado
no relacionamento espiritual deles com Deus, e ter os
pecados perdoados era parte essencial da restauração
desse relacionamento. Ele era, naturalmente, a chave,
pois somente por meio dele eles podiam obter a
remissão de seus pecados.
Muitos que ouviram suas palavras creram nele e
tiveram seus pecados perdoados, porém a maioria dos
líderes religiosos fez dura oposição a Ele, atribuindo
seu poder ao Diabo. Não obstante, mesmo contra sua
vontade, eles tiveram de admitir que Jesus tinha um
poder sobrenatural. O que eles rejeitavam era o fato
de seu poder incluir a remoção do pecado, resultando
em perdão. Muitas pessoas ainda tropeçam nesta
verdade. Rejeitam Jesus porque não conseguem
aceitar que Ele seja o único meio de se chegar a Deus
e a única esperança de ter seus pecados perdoados.
Tropeçam na “pedra de tropeço”, exatamente como
muitos o fizeram há dois mil anos.

“Quem É Este Que Até Perdoa Pecados?”


Algum tempo depois de curar o paralítico, Jesus
demonstrou de forma também dramática sua
autoridade de perdoar pecados. Lucas conta a história:

Convidou-o um dos fariseus para que fosse jantar com


ele, Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à
mesa. E eis que uma mulher da cidade, pecadora,
sabendo que ele estava à mesa na casa do fariseu,
levou um vaso de alabastro com ungüento;e, estando
por detrás, aos seus pés, chorando, regava-os com
suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos;
e beijava-lhe os pés e os ungia com o ungüento.

Ao ver isto, o fariseu que o convidara disse consigo


mesmo: “Se este fora profeta, bem saberia quem e qual
é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora. “Dirigiu-
se Jesus ao fariseu e lhe disse: “Simão, uma coisa
tenho a dizer-te. “Ele respondeu: “Dize-a, Mestre.”
“Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia
quinhentos denários, e o outro cinqüenta. Não tendo
nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a
ambos. Qual deles, portanto, o amará
mais?”Respondeu-lhe Simão: “Suponho que aquele a
quem mais perdoou.” Replicou-lhe Jesus: “Julgaste
bem.”

E, voltando-separa a mulher, disse a Simão: “Vês esta


mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para
os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas
e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste
ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de
me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo,
mas esta com bálsamo ungiu os meus pés. Por isso te
digo: Perdoados lhe são os setes muitos pecados,
porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se
perdoa, pouco ama.”

Então disse à mulher: “Perdoados são os teus


pecados.” Os que estavam com ele à mesa começaram
a dizer entre si: “Quem é este que até perdoa pecados?
>f Mas Jesus disse à mulher: ‘A tua fé te salvou; vai-te
em paz.” (Lc 7:36-50)

Esta história está repleta de ironia. O fariseu que


tinha convidado Jesus à sua casa pensou que a
conduta de Jesus provava que Ele não era profeta, pois
como uma pessoa santa permitiria ser tocada por uma
pessoa que ele sabia ser pecadora? Entretanto, Lucas
esclarece que Jesus agiu desta forma precisamente
porque conhecia a extensão dos pecados da mulher...
tanto quanto seu coração arrependido. Enquanto o
fariseu condenava Jesus por ter imaginado falsamente
que o Salvador desconhecia o verdadeiro caráter da
mulher, de fato ele mesmo se condenou porquanto ele
é quem desconhecia seu próprio caráter ruim.
Não sabemos se o fariseu chegou a perceber a
ironia daquele episódio, mas sabemos que todos os
presentes reconheceram o poder de Jesus de perdoar
pecados. O Salvador não somente anunciou o perdão
à mulher no versículo 47, mas reiterou essa concessão
no versículo 48. Sua ação provocou a indignada
pergunta: “Quem é este que até perdoa pecados?”
Jesus ouviu a pergunta, mas não lhe deu atenção. Em
vez disso, continuou a dirigir-se à mulher,
assegurando-lhe tanto a salvação como a paz — estas
também qualidades exclusivas de Deus.
O ponto-chave a observar neste capítulo é que,
embora os convidados questionassem o direito de
Jesus perdoar pecados, eles nunca duvidaram do fato
de Jesus ter feito tal afirmação.

O Exemplo Maior do Poder de Perdoar de


Jesus
Embora os dois incidentes anteriores tenham
mostrado claramente que Jesus atribuiu a si a
autoridade de perdoar pecados, talvez a evidência
mais forte disto é encontrada no calvário. Enquanto
esteve pregado à cruz para resgatar pelo perdão toda
a humanidade, Jesus por duas vezes teve
oportunidade de perdoar pessoas específicas.
Um caso em particular traz grande conforto
àqueles que esperam até o último momento para fazer
as pazes com Deus. A conversão com o ladrão
crucificado ao lado de Jesus prova que nunca é tarde
demais para receber o perdão, mesmo quando a
chama da vida esteja se apagando.
Aquele homem era um “malfeitor”, um grande
pecador que admitiu ser “ladrão e salteador”. No início
de sua execução ele e seu companheiro ladrão se
juntaram à multidão hostil zombando e escarnecendo
de Jesus (Mateus 27.44; Marcos 15.32). Entretanto,
depois de contemplar Jesus por algum tempo, algo
aconteceu no coração daquele homem. Embora seu
companheiro ladrão continuasse a “blasfemar” (no
grego, eblasphemei, uma palavra que normalmente
significa a injúria contra Deus) contra Jesus, esse
homem foi repreendido por seu parceiro e afirmou a
inocência de Jesus. “Recebemos o castigo que os
nossos atos merecem”, disse ele, “mas este nenhum
mal fez.” Então dirigiu-se a Jesus: “Senhor, lembra-te
de mim quando vieres no teu reino.” E como Jesus
respondeu? “Em verdade te digo que hoje estarás
comigo no paraíso” (Lc 23.43).
A dupla natureza de Jesus é exemplificada neste
ato. Ele era plenamente homem pelo fato de poder
morrer por nossos pecados e era plenamente Deus
porque podia perdoar aquele ladrão moribundo dos
pecados que cometera.
O segundo exemplo da prática do perdão
oferecido por Jesus no Calvário não é menos
impressionante. Ele fez o que ninguém teria feito ao
sofrer uma morte injusta e dolorosa. Muitas pessoas
imaginam a crucificação de nosso Senhor da maneira
como ela é representada em alguns quadros famosos.
A verdade é que Ele sofreu ferimentos até ficar
praticamente irreconhecível. O profeta já dissera:
“Como pasmaram muitos à vista dele, pois o seu
aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de
outro qualquer, e a sua aparência mais do que a dos
outros filhos dos homens” (Isaías 52.14). Os soldados
romanos bateram nele, colocaram uma coroa de
espinhos em sua cabeça e feriram seu rosto,
deixando-o desfigurado.
No entanto, apesar dessa trágica condição,
mesmo escarnecido pelos líderes religiosos e pelos
soldados que o haviam crucificado, Jesus orou: “Pai,
perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lucas
23.34). Algum tempo antes, diante do sepulcro de
Lázaro, Jesus tinha orado: “Pai, graças te dou porque
me ouviste” (João 11.41), e Deus o ouviu novamente.
Sem dúvida, sua oração no momento em que estava
pendurado na cruz salvou as vidas daqueles que o
crucificaram! Em vez de liquidar aquelas pessoas
rebeldes que estavam assassinando seu único Filho,
Deus Pai as perdoou. A oração de Jesus pode ter salvo
muitas almas naquele dia.
Estou inclinado a crer que muitos daqueles judeus
e romanos que clamavam pela morte de Jesus, faziam
parte daquela multidão que cinqüenta dias mais tarde,
no Pentecoste, se arrependeram e foram perdoados
de todos os seus pecados — incluindo o de ter
crucificado Jesus!
O milagre da salvação de alguns ou de todos
aqueles que exigiram a morte de Jesus sobre a cruz é
o ápice de todos os milagres. O fato de Deus Pai e seu
Filho Jesus permitirem a salvação das próprias pessoas
que causaram sua crucificação está além da
compreensão humana. Eu creio nisso, mas admito que
não consigo entender isso a não ser à luz da oração de
Jesus: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que
fazem.” Eles sabiam que estavam crucificando um
homem bom, mas não sabiam que estavam
crucificando o Filho de Deus — isto é, até depois de
sua ressurreição e do sermão de Pedro no Pentecoste.
Quantas dessas pessoas receberam o perdão dos
pecados e a salvação pela fé em Jesus, nunca
saberemos até o dia de nos encontrarmos com elas no
céu. Uma coisa é certa: todas elas podem ter sido
perdoadas! Nenhuma delas foi condenada por ter
participado da crucificação do Messias — porque Jesus,
em essência, orou para que “esse pecado não lhes
fosse imputado... pois eles não sabiam o que estavam
fazendo”. Não tinham idéia de que estavam matando
o Rei da Glória. Não sabiam o quanto eram
afortunadas por viverem no apogeu da história,
quando o Cordeiro sacrificial de Deus tinha vindo a
este mundo. A oração de Jesus poupou-os das
conseqüências de seu terrível pecado. Se elas não
receberam a salvação no primeiro dia do Pentecoste,
foi porque se recusaram a receber o perdão por outros
pecados cometidos.
O pecado mais terrível de todos os tempos foi
certamente a morte deliberada do “Cordeiro de Deus”.
No entanto, aqueles que participaram deste crime
infame estão sem culpa porque Jesus orou: “Pai,
perdoa-lhes.” Assim fazendo, Ele nos deixou o maior
exemplo de perdão da história universal. Somente
Deus pode perdoar dessa maneira! Além disso, Ele
deixou-nos a certeza de que também nós podemos ser
perdoados de nossos pecados.

Seus Pecados Foram Perdoados?


Jesus veio a este mundo para trazer a salvação
para os pecados de toda a humanidade. Esse
propósito se cumpriu em você?
Seus pecados foram perdoados, apagados? Isso
tudo depende de sua disposição de pedir a Ele que o
perdoe. Se você ainda não fez isso (ou tem dúvidas se
o fez), insisto que o faça antes de terminar a leitura
deste livro. Uma vez que Ele pagou o eterno débito de
seu pecado sobre a cruz, três coisas apenas restaram
para você fazer:

1. Admitir que foi por você e por seus pecados


que Jesus morreu.
2. Crer que Ele ressuscitou dentre os mortos.
3. Rogar-lhe que perdoe seus pecados e salve sua
alma.

Se você fizer estas três coisas, Jesus lhe assegura


que você estará com Ele na eternidade, exatamente
como o ladrão arrependido na cruz está agora com
Ele. Mas, depois de passar por essas três coisas, você
terá feito mais do que assegurar um lugar no céu. Isso
o capacitará também a seguir o exemplo de Jesus de
perdoar àqueles que o ofenderem ou lhe fizerem
algum mal. Este é uma dos maiores milagres da
salvação.

Uma Nova Motivação Para Perdoar


É extraordinário ver como as pessoas que
experimentaram o perdão de Deus através de Jesus se
sentem motivados a perdoar. Lembro-me de ter orado
com um homem irascível, cheio de ódio e que se
relacionava muito mal com toda sua família ou com
qualquer um que se aproximasse dele. Após um longo
período, tive o privilégio de transmitir-lhe o evangelho
de Cristo, e um dia ele dobrou seus joelhos e recebeu
Cristo em seu coração. Após alguns momentos
sentindo a emoção da “paz com Deus”, muito comum
àqueles que param de lutar contra Ele,
repentinamente o homem empertigou-se e disse: “Ó
Deus, vou perdoar meu pai.” Então ele me contou
como, durante toda sua vida, fora rejeitado e
maltratado por seu pai.
Durante anos meu amigo tinha insistentemente
odiado o pai... e como a maioria dos que nutrem esse
sentimento, este mesmo ódio envenenou suas
emoções e arruinou seus relacionamentos com
aqueles que deveriam ser o objeto de seu afeto.
Depois de assegurar-lhe que ele deveria efetivamente
perdoar seu pai — não porque seu pai o merecesse,
mas porque Jesus lhe ordenava — também lhe mostrei
que Cristo, seu novo Mestre, o tornaria capaz de fazê-
lo. Oramos juntos novamente e em seguida ele fez
uma oração simples e sincera em que reconheceu
que, após todos aqueles anos, seria difícil perdoar um
homem que tinha pecado tão gravemente contra ele
— mas ele humildemente pediu a ajuda de Deus para
ser capaz de perdoar e esquecer o passado. Orei para
que ele aprendesse a amar seu pai.
A princípio ele estava relutante, mas foi para casa
contar à esposa sobre sua nova fé. Ele telefonou no
dia seguinte para dizer-me: “Tive ontem a melhor
noite de sono depois de muitos anos”, e acrescentou
que tinha se desculpado com sua esposa por todas as
mágoas que tinha lhe causado. Logo depois, ele me
disse que iria visitar seu pai no próximo sábado para
pedir-lhe perdão pela ira de muitos anos contra ele.
Não foi fácil, mas ele prosseguiu em seu intento.
Mais tarde ele me contou que, durante sua visita, seu
pai chorou e nada pôde dizer. Decorridos seis meses,
esse meu amigo levou seu pai a Cristo e hoje
procuram desenvolver uma amizade. Toda sua família
acha que este homem é um milagre ambulante. Como
disse um de seus filhos adolescentes — “Meu pai está
tão diferente que até o cachorro gosta dele agora!”
Este é o poder do perdão em ação, diferente de
qualquer outra experiência sobre a terra! Isto só é
possível, entretanto, por meio de Jesus de Nazaré — o
Cristo ressurreto. Jesus ainda está empenhado em
perdoar pecados e em nos ajudar a perdoarmos os
outros.
Isto não é apenas espantoso — é divino.
Exatamente o que Jesus é.

14. O Testemunho do Cumprimento das


Profecias - Parte I

Profecias sobre a Descendência,


Nascimento, Vida e Ministério de Jesus

Chegamos agora à evidência mais convincente de


todas em relação à identidade de Jesus de Nazaré: o
grande número de profecias cumpridas por Ele
durante sua existência terrena. Os profetas hebreus
providenciaram meios para que os judeus pudessem
identificar o Messias prometido. Mais de cem profecias
messiânicas estão distribuídas por todo o Velho
Testamento, algumas de mil e quinhentos anos antes
de seu nascimento. A validade do uso das Escrituras
para identificar o Messias pode ser observada na vida
de Simeão e Ana, dois antigos estudiosos da Bíblia que
viveram na época do nascimento de Jesus. O
evangelho de Lucas (Lucas 2.25-39) narra que eles
previram que presenciariam a vinda do Messias, de
forma que foram ao templo logo após o nascimento de
Jesus para aguardar sua chegada. Eles não haviam se
enganado, pois viram realmente (Simeão até segurou-
o nos braços!) o Cristo recém-nascido.
Infelizmente, os líderes judeus perderam tal
privilégio. Por quê? Eles não estavam esperando um
Messias sofredor, mas um Messias poderoso.
Consciente ou subconscientemente, eles rejeitaram as
profecias de um Salvador sofredor. Infelizmente, a
maioria dos judeus da época de Jesus não tinha
conhecimento das Escrituras, apegando-se a tradições
seculares, muitas das quais em discordância com as
Escrituras hebraicas. (Um problema semelhante afeta
muitos descrentes hoje; eles não têm conhecimento
bíblico suficiente para fazer julgamentos válidos a
respeito da real identidade de Jesus.)
Na verdade, existem muitas evidências indicando
que a identidade de Jesus pode ser encontrada em
muitas profecias do Velho Testamento, todas elas
escritas de seiscentos a mil e quinhentos anos antes
do nascimento de Jesus. Algumas são tão
convincentes que um rabino moderno (que vamos
conhecer adiante) admitiu que Jesus era,
inegavelmente, o Messias — “para os gentios”! Ele
espera que o “Messias judeu” venha mais tarde. Isto,
sem dúvida, salienta o valor dessas evidências.
Jesus Afirmou Ser o Cumprimento da
Profecia
Jesus nunca teve dúvidas sobre quem Ele era.
Logo no início de seu ministério, antes de ter sido
tentado pelo próprio Satanás no deserto, Lucas
registra:

Indo para Nazaré, onde fora criado, [Jesus] entrou, em


um sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e
levantou-se para ler Então lhe deram o livro do profeta
Isaías, e, abrindo o livro, achou o lugar onde estava
escrito:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me


ungiu para evangelizar aos pobres; enviou-me para
proclamar libertação aos cativos e restauração da vista
aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e
apregoar o ano aceitável do Senhor.”

Tendo fechado o livro, devolveu-o ao assistente e


sentou-se; e todos na sinagoga tinham os olhos fitos
nele. Então passou Jesus a dizer-lhes: “Hoje se
cumpriu a Escritura que acabais de ouvir.” (Lc 4.16-21)

É quase impossível exagerar a importância deste


acontecimento. Neste texto, Jesus está se
apresentando aos habitantes de Nazaré como o
cumprimento da profecia de Isaías (Isaías 61.1-3).
Após relacionar as coisas que o Messias faria quando
viesse — atividades que Jesus já estava realizando
(“pregar o evangelho... curar os sofredores... anunciar
a libertação aos cativos... pôr em liberdade os
oprimidos [até os possuídos por demônio]... restaurar
a vista aos cegos... apregoar o ano aceitável do
Senhor” [isto é, a era da graça ou da igreja atual] —
Ele em seguida personalizou o texto esclarecendo que
Ele era o objeto dessa profecia: “Hoje se cumpriu a
Escritura que acabais de ouvir.” Eis por que tentaram
matá-lo.
Se os judeus de sua época tivessem
compreendido esta e outras profecias do Velho
Testamento, teriam reconhecido Jesus como o
Messias. Mas, como Ele disse, “não tendes a sua
palavra permanente em vós”, assim nem em
Jerusalém nem em Nazaré eles o reconheceram (João
5.38).
Uma confirmação adicional de que os profetas do
Velho Testamento falaram abertamente sobre Jesus
pode ser vista no encontro dele com Cleopas e mais
um discípulo, quando retornavam de Jerusalém,
caminhando pela estrada de Emaús, logo depois de
sua ressurreição. Lucas diz que “os seus olhos
estavam como que impedidos de o reconhecer”.
Quando Jesus perguntou a causa de sua tristeza:

Um, porém, chamado Cleopas, respondeu, dizendo:


“Es o único, porventura, que, tendo estado em
Jerusalém, ignoras as ocorrências destes últimos
dias?” Ele lhes perguntou: “Quais?”

E explicaram: “O que aconteceu a Jesus, o Nazareno,


que era varão profeta, poderoso em obras e palavras,
diante de Deus e de todo o povo, e como os principais
sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para
ser condenado à morte, e o crucificaram. Ora, nós
esperávamos que fosse ele quem havia de redimir a
Israel; mas, depois de tudo isto, é já este o terceiro dia
desde que tais coisas sucederam. É verdade também
que algumas mulheres, das que conosco estavam, nos
surpreenderam, tendo ido de madrugada ao túmulo; e,
não achando o corpo de Jesus, voltaram dizendo terem
tido uma visão de anjos, os quais afirmam que ele vive.
De fato alguns dos nossos foram ao sepulcro e
verificaram a exatidão do que disseram as mulheres;
mas a ele não viram.”
Então lhes disse Jesus: “O néscios e tardos de coração
para crer tudo o que os profetas disseram! Porventura
não convinha que o Cristo padecesse e entrasse na
sua glória?” E, começando por Moisés, discorrendo por
todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito
constava em todas as Escrituras. (Lc 24.18-27)

O efeito sobre eles foi instantâneo e emocionante.


Eles comentaram: “Porventura não nos ardia o
coração, quando ele pelo caminho nos falava, quando
nos expunha as Escrituras”? (Lucas 24.32) As únicas
Escrituras que eles tinham eram os livros do Velho
Testamento escritos por Moisés e pelos profetas
hebreus. Usando-os como base, Jesus fez-lhes uma
exposição detalhada sobre “o que a seu respeito
constava”. Estas duas passagens por si só não deixam
nenhuma dúvida de que Jesus se considerava o
cumprimento das profecias do Velho Testamento.

109 Profecias Messiânicas


O falecido Alfred Edersheim, um mestre
especializado na Septuaginta, escreveu um livro
clássico entitulado A Vida e a época de Jesus, o
Messias. Neste livro Edersheim afirmou existirem 456
passagens messiânicas, “apoiadas por mais de 558
referências dos antigos escritos rabínicos... uma
leitura cuidadosa das Escrituras mostra que as
principais citações do Novo Testamento concernentes
ao Messias são amplamente sustentadas por
afirmações rabínicas”.
Muitas destas 456 profecias messiânicas são
repetitivas e algumas são totalmente confusas. Mas os
estudiosos concordam que há pelo menos 109
diferentes profecias para o Messias cumprir. O
cumprimento delas por um único indivíduo requer uma
pessoa tão incomum que todos os outros candidatos, e
certamente todas as outras pessoas que já viveram,
serão eliminados — exceto um!

Respondendo a uma Possível Objeção


Antes de tratar de algumas das principais
profecias cumpridas por Jesus durante sua existência
terrena, gostaria de expor um dos problemas que
ocuparam minha mente e me levaram a
questionamentos quando jovem. Meus estudos
posteriores me fizeram ver que eu não estava sozinho.
Muitos tinham a mesma pergunta: “Como saber se
essas profecias não foram escritas depois da
passagem de Jesus pela Terra?”
Nos tempos antigos, escrever sobre papiros era
uma tarefa difícil e muitos documentos não
sobreviveram à passagem do tempo. Pode-se imaginar
então que foi montado um esquema para fazer a vida
de Jesus parecer profética, criando-se posteriormente
tais “profecias”. Estudiosos modernos estabeleceram
que isso é simplesmente impossível. Os últimos textos
do Velho Testamento foram provavelmente escritos
duzentos a trezentos anos antes do nascimento de
Jesus, pois foi nessa época que a Septuaginta (a
tradução grega das Escrituras hebraicas) foi escrita.
Muitos especialistas admitem que o original hebraico é
entre cinqüenta e cento e cinqüenta anos anterior à
Septuaginta. Isto significa que todas as 109 profecias
sobre a vida e morte de Jesus tiveram de ser escritas
pelo menos duzentos e cinqüenta a quatrocentos anos
antes de seu nascimento! Conseqüentemente, essas
profecias são mais do que suficientes para evidenciar
a singularidade de Jesus.
E isto torna-se ainda pior para os céticos. Um
artigo recente da revista Time admitiu que as
descobertas da arqueologia moderna têm “fornecido
às afirmações bíblicas exatidão histórica,, e
comprovado sua composição antiga. Depois de
apresentar a descoberta de vários objetos e de
cidades há muito tempo perdidos, o autor referiu-se a
dois pequenos rolos de prata encontrados dentro de
uma sepultura:

Eles foram datados de cerca de 600 a. C, pouco tempo


antes da destruição do templo de Salomão e do exílio
israelita na Babilônia. Quando os cientistas abriram
cuidadosamente os rolos no Israel Museum,
encontraram um trecho do livro de Números, escrito por
Moisés, gravado na superfície. A descoberta deixou
claro que partes do Velho Testamento estavam sendo
copiadas muito antes do que alguns céticos
acreditavam que elas tinham sido escritas!

Como alguém admitiu — “Somente uma


tendência preconceituosa contra a própria profecia
sobrenatural (tais como aquelas que se originam de
uma visão racionalista) ou contra as profecias
referentes à pessoa de Jesus, pode impedir que
alguém aceite as Escrituras” como profecia messiânica
escrita com antecedência.
Considere a matemática envolvida no
cumprimento dessas profecias. A probabilidade de que
apenas 20 das 109 profecias pudessem ser cumpridas
em um homem ao acaso se ria menor que uma em um
quatrilhão, cento e vinte e cinco trilhões. A maioria das
pessoas não pode sequer imaginar tal número. Se
pudesse, ele seria assim em algarismos: 1 em
1.125.000.000.000.000.
Este capítulo sobre o cumprimento das profecias
messiânicas foi escrito para mostrar que muitas
profecias cumpridas por Jesus durante sua existência
terrena o identificam — e somente a Ele — como o
Messias prometido. Como elas foram escritas centenas
de anos antes do nascimento de Jesus, devemos
concluir que Ele era mais do que um simples homem.
Jesus era de fato o Messias e o Salvador do mundo.
Veremos a seguir algumas dessas evidências.

O Endereço Como Meio de Identificação


Onde estaríamos todos nós sem um endereço?
Por exemplo, meu endereço é: Tim LaHaye, P. O. Box
2700, Washington, D.C. 20013-2700, U.S.A. Sou a
única pessoa no planeta Terra que tem exatamente
este endereço; por essa razão, entre seis bilhões de
pessoas no mundo, sou o único que recebe
correspondência enviada a esse endereço.
No entanto, apenas cinco dados caracterizam
meu endereço. “U.S.A” distingue meu país de quase
duzentos outros. “Washington, D.C.” separa minha
cidade de cinqüenta estados e de centenas de cidades
de meu país. O código de endereçamento postal (CEP)
restringe minha residência a um determinado lugar de
minha cidade e o número de minha caixa postal é
diferente de milhares de outras caixas. Por fim, meu
nome na carta me distingue de outros que se utilizam
dessa mesma caixa postal (minha esposa, meus filhos
e dois empregados). Deste modo, apenas cinco dados
me identificam entre seis bilhões de seres humanos.
Da mesma maneira, cinco meios de identificação
(neste caso, profecias escritas sobre ocorrências
futuras) podem facilmente identificar Jesus. Mas sua
identificação não se limita a cinco dados específicos;
como dissemos, há mais de cem deles. Eis por que
Jesus insistia que os judeus de Jerusalém deviam tê-lo
reconhecido como o Messias. Naquela fase de sua
vida, Ele já havia cumprido inúmeras profecias
referentes ao Messias.
Não pretendemos aqui examinar todas as
profecias messiânicas que Jesus cumpriu em sua
existência terrena. Examinaremos, porém, a
quantidade suficiente para provar sua verdadeira
identidade. Até que ponto? O suficiente para
convencer até mesmo aqueles judeus que se dispõem
a examinar tal evidência.
Um rabino moderno, que rejeitou Jesus, foi
honesto o suficiente para admitir que o Messias
deveria ser “exatamente como Jesus de Nazaré,
exceto por sua morte absurda”. Outro rabino apareceu
em um debate promovido por um programa de
televisão onde foi apresentado como um dos únicos
rabinos no mundo que também estuda o Novo
Testamento. Esse rabino concluiu, pelos seus estudos,
que Jesus havia cumprido todas as profecias
messiânicas — incluindo sua morte e ressurreição — e
que ele foi realmente o Messias — mas apenas para os
gentios!
Isto já é um progresso, mas realça a dificuldade
que temos em convencer os judeus de hoje sobre a
identidade de Jesus. Este rabino rejeitou Jesus como o
Messias dos judeus, não porque Jesus tenha falhado
em cumprir quaisquer das profecias, mas porque Ele
teria de vir outra vez para cumpri-las de novo. A razão
para isso está na conclusão deste rabino: “Quando o
Messias vier, Ele vai resolver todos os problemas do
mundo. Ainda vejo guerras, morte, doença, pobreza,
etc.; portanto, ainda estamos esperando nosso
Messias.”
O que este homem não compreendeu é que o
Messias tinha de sofrer primeiramente (Isaías 53)
pelos pecados do mundo. Então, nos últimos dias, Ele
voltaria para cumprir todas as profecias a respeito de
sua segunda vinda.

Vinte e Oito Profecias Cumpridas


Embora não tenhamos espaço para examinar
todas as 109 profecias messiânicas que Jesus cumpriu,
podemos examinar 28 das mais específicas. Muitas
delas responderam às dúvidas e perguntas que tive
em minha idade adulta. Neste capítulo vamos
considerar as doze primeiras dessas 28 profecias, que
tratam de seu nascimento, linhagem, vida e
ministério. No capítulo seguinte vamos considerar as
dezesseis profecias restantes, referentes à sua morte,
sepultamento e ressurreição.

I. Profecias Sobre Seu Nascimento e


Linhagem

1. O Messias deveria vir da semente da


mulher (Gênesis 3.15)
Este versículo tem sido aceito ao longo dos
tempos pelos rabinos e estudiosos de Israel como a
primeira qualificação do Messias. Diferentemente de
outros homens, que resultam da semente de seu pai, o
Messias deve se originar da “semente da mulher”.
Como sabemos hoje, as mulheres não têm “semente”.
Elas provêem o “óvulo” na concepção, mas precisam
ser fertilizadas pela semente de um homem para que
engravidem. O Novo Testamento indica com clareza
que José não foi o pai de Jesus, assim como nenhum
outro homem. Aquela “coisa santa” ou semente foi
plantada no útero de Maria e, pela primeira vez na
história humana, uma virgem concebeu e deu à luz um
filho. O cumprimento dessa profecia através do
nascimento virginal de Jesus tornou-o imediatamente
diferente de todos os homens.

2. Seu nascimento virginal foi um sinal


revelador (Isaías 7.14)
Pelo menos setecentos anos antes do nascimento
de Jesus, um dos maiores profetas hebreus antecipou:
“Portanto o Senhor mesmo vos dará sinal: Eis que a
virgem conceberá, e dará à luz um filho, e lhe
chamará Emanuel.” Esta profecia foi cumprida pela
miraculosa intervenção de Deus e confirmada por um
anjo (Mateus 1.20-25), pelos pais de Jesus, por Mateus,
Lucas e outros. Hoje, um dos fatos mais conhecidos da
vida de Jesus é que Ele, diferente de qualquer outro
que já tenha vivido, nasceu de uma virgem. O
cumprimento desta conhecida profecia faz dele um ser
único.
3 - 5. O Messias descende de uma linhagem
especial
Ao longo da história Deus revelou uma lista
restrita de pessoas de quem o Messias descenderia.
Com o dilúvio, dois terços da raça humana foram
eliminados e Deus revelou então que seria por meio
da linhagem de Sem que o Messias habitaria com os
homens. Anos mais tarde, Deus separou um grupo
étnico especial conhecido como hebreus afirmando em
Gênesis que dele sairia o Messias. Pouco tempo depois
limitou a linhagem a Isaque14. Isaque e sua esposa
tiveram dois filhos, e Deus escolheu um deles, Jacó,
para dar seqüência à linhagem messiânica15. Jacó, por
sua vez, teve doze filhos e o Senhor escolheu somente
Judá para dar continuidade à linhagem do Messias. “O
cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre
seus pés, até que venha Silo; e a ele obedecerão os
povos” (Gênesis 49.10. Observe cuidadosamente
como esta profecia foi cumprida. Os judeus
desfrutavam um período de autogoverno, mesmo após
o cativeiro babilônico, que terminou exatamente antes
do início do ministério de Cristo, por volta de 30 d.C. A
partir daí, como sabemos pela história, eles foram
dominados pelos romanos, que retiraram deles a
capacidade de condenar à morte aqueles que fossem
culpados de pecados religiosos. Isto pode ser
observado no relato da crucificação de Jesus, pois o
Sinédrio não tinha autoridade para condenar Jesus à
morte, razão por que levaram-no a Pilatos. Somente
quando Pilatos deu sua autorização, eles puderam
crucificá-lo.)
6. O Messias é o Herdeiro do trono de Davi

Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o


governo está sobre os seus ombros; e o seu nome
será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da
Eternidade, Príncipe da Paz;para que se aumente o
seu governo e venha paz sem fim sobre o trono de Davi
e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar
mediante o juízo e a justiça, desde agora e para
sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto. (Is
9.6- 7)

Esta profecia fez com que muitos judeus


rejeitassem Jesus como o Messias. Isto porque,
embora Ele cumprisse a primeira parte da profecia,
que diz: “Um menino nos nasceu... um filho se nos
deu”, faltava ainda cumprir o restante. Ele precisava
ainda reinar sobre o trono de Davi como Senhor dos
senhores.
Os quatro evangelhos concordam que Jesus veio
primeiramente como um servo humilde para sacrificar-
se pelos pecados, cumprindo a profecia de Isaías 53.
Mas os judeus do tempo de Jesus não queriam um
salvador sofredor que os salvasse de seus pecados;
eles queriam um rei que tomasse o poder e
governasse sobre as nações. Eles não perceberam que
precisavam primeiramente de um sacrifício pelos
pecados (assim como o mundo inteiro). Somente mais
tarde, quando Jesus voltasse com poder e glória, seria
cumprido o restante da profecia.
O versículo 7 afirma que o Messias seria da
linhagem do rei Davi, reinando em seu lugar. Portanto,
não é surpresa que Mateus trace a linhagem de Jesus
a partir de Abraão, Isaque, Jacó, seguindo a família de
Jessé até chegar ao próprio Davi.
Isto se torna especialmente importante quando se
sabe que nenhuma comprovação dessa linhagem
poderia ser feita hoje. Todos os registros genealógicos
dos judeus foram destruídos na Diáspora (a
“dispersão”, quando os judeus foram retirados de suas
casas e espalhados por todo o mundo), sendo assim
impossível atualmente identificar o Messias pelo
histórico familiar. Mas como a linha do nascimento de
Jesus Cristo estava disponível naquele primeiro século,
as credenciais de Jesus desta forma estão claramente
estabelecidas.

7. O Messias deve nascer em Belém


Uma das profecias mais conhecidas sobre o
nascimento de Jesus está em Miquéias 5.2: “E tu,
Belém Efrata, pequena demais para figurar como
grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de
reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos
antigos, desde os dias da eternidade.”
Por que Belém? Porque esta era a cidade de Davi.
Ainda hoje a única razão para a fama desta pequena
cidade é que ela foi o berço de nascimento de Jesus
Cristo. Israel tinha numerosas cidades e aldeias,
porém Deus escolheu Belém porque tinha sido a
cidade de Jessé e Davi (Isaías 11.1). Ainda hoje, judeus
ortodoxos esperam que seu Messias nasça ali. É
provável que menos de mil pessoas vivessem ali na
época em que Jesus nasceu, e mesmo hoje ela é uma
cidade bem pequena (exceto na época em que
milhares de turistas surgem de todas as partes do
mundo para celebrar o nascimento de seu mais
famoso cidadão).
Embora tenha nascido em Belém, Jesus não foi
criado lá. Seus pais viviam em Nazaré e foram a Belém
somente para pagar os tributos exigidos pela lei. Lá
chegando, Maria deu à luz o Messias, na mesma
cidade em que os profetas haviam dito que Ele
nasceria. O fato de Maria, já com a gestação
avançada, conseguir viajar vários quilômetros no
lombo de um jumento sem que o menino nascesse
pelo caminho, antes de chegar a Belém, é em si, um
pequeno milagre.

8. Quando criança, Ele seria chamado do


Egito
“Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito
chamei o meu filho” (Oséias 11.1). Uma das partes
mais tristes da história do Natal é o terrível decreto do
rei Herodes para matar todos os meninos de Belém de
até dois anos de idade em uma tentativa de eliminar
quaisquer ameaças futuras ao seu trono. Ao ler o
relato de Mateus sobre esses eventos, observe como
Jesus não tinha nenhum controle sobre ser enviado ao
Egito:

Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do


rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a
Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido
Rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no Oriente,
e viemos para adorá-lo. Tendo ouvido isto, alarmou-se
o rei Herodes e, com ele, toda Jerusalém; então,
convocando todos os principais sacerdotes e escribas
do povo, indagava deles onde o Cristo deveria nascer.

Em Belém da Judéia, responderam eles, porque assim


está escrito por intermédio do profeta: E tu, Belém terra
de Judá, não és de modo algum a menor entre as
principais de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de
apascentar o meu povo, Israel.’
Com isto Herodes, tendo chamado secretamente os
magos, inquiriu deles com precisão quanto ao tempo
em que a estrela aparecera. E, enviando-os a Belém,
disse-lhes: “Ide informar-vos cuidadosamente a
respeito do menino; e, quando o tiverdes encontrado,
avisai-me, para eu também ir adorá-lo.” (Mt 2.1-8)

As instruções de Herodes, naturalmente, tinham


um propósito maligno. Se Deus não tivesse enviado
um anjo para alertar José e Maria das verdadeiras
intenções do rei, o menino Jesus poderia ter morrido.

Tendo eles partido, eis que aparece um anjo do Senhor


a José em sonho, e diz: Dispõe-te, toma o menino e
sua mãe, foge para o Egito, e permanece lá até que eu
te avise; porque Herodes há de procurar o menino para
o matar. Dispondo-se ele, tomou de noite o menino e
sua mãe, e partiu para o Egito; e lá ficou até a morte de
Herodes, para que se cumprisse o que fora dito pelo
Senhor por intermédio do profeta: “Do Egito chamei o
meu Filho.”

Vendo-se iludido pelos magos, enfureceu-se Herodes


grandemente, e mandou matar todos os meninos de
Belém e de todos os seus arredores, de dois anos para
baixo, conforme o tempo do qual com precisão se
informara dos magos. Então se cumpriu o que fora dito
por intermédio do profeta Jeremias: “Ouviu-se um
clamor em Rama, pranto, [choro] e grande lamento; era
Raquel chorando por seus filhos e inconsolável porque
não mais existem.” (versículos 13-18)

Pelo menos três profecias foram cumpridas neste


relato do nascimento de Cristo. Ele tinha nascido em
Belém; Ele seria chamado do Egito; e haveria dor e
lamento em toda a terra por causa da morte das
crianças. Isto não é apenas mera coincidência!
II. Profecias a Respeito de Sua Vida e
Ministério

9. Ele deveria ser um profeta como Moisés

O Senhor teu Deus te suscitará um profeta do meio de


ti, de teus irmãos, semelhante a mim: a ele ouvirás...
Suscitar-lhes-ei um profeta do meio de seus irmãos,
semelhante a ti, em cuja boca porei as minhas
palavras, e ele lhes falará tudo o que eu lhes ordenar.
(Dt 18.15,18)

Mil e quatrocentos anos antes de Jesus nascer,


Deus prometeu a Moisés e ao povo de Israel que Ele
suscitaria “um profeta [no singular]” como Moisés.
Israel teve muitos grandes profetas — Elias, Jeremias e
até mesmo Daniel — mas nenhum deles conseguiu ser
tão grande quanto Moisés e nem realizar os milagres
que ele fez... isto é, até Jesus. John Ankerberg comenta
isto:

Até a época de Jesus, os judeus comprovadamente


não tinham reconhecido ninguém como “o Profeta “ que
havia de vir. Os líderes de Israel chegaram a perguntar
a João Batista: “És tu o profeta?” (Jo 1.21), mas ele
negou. Porém, quando as pessoas viram os milagres
de Jesus, disseram: “Certamente este é o Profeta que
devia vir ao mundo “ e “Certamente este homem é o
Profeta “ e “Encontramos aquele sobre quem Moisés
falou “...

Qual foi a evidência que persuadiu o povo na época de


Jesus que Ele era o único “profeta como Moisés “?
Podia alguém, além do Messias, ser digno de ser
comparado a Moisés? A seguir, vamos apresentar
paralelos entre Moisés e Jesus, provando que Jesus
era “como Moisés “ Mas vamos também provar que
Jesus era maior do que Moisés. Somente Jesus
cumpriu totalmente as profecias e foi além do ministério
profético de Moisés. Ele foi o único que Deus prometeu
que viria.

A. Um grande fundador de religião


Moisés entregou a revelação da lei de Deus ao
povo e fundou a religião de Israel. Mas Jesus trouxe a
completa revelação divina da graça e da verdade (Jo
1.17), cumpriu toda a lei (Mt 5.17), e tornou-se o
fundador e Salvador da religião cristã (1 Tm 2.5,6).

B. Um grande revelador de Deus


Moisés revelou Deus escrevendo a Torá
[Pentateuco, primeiros cinco livros da Bíblia]. Moisés
não chamou a atenção do povo para si mesmo, mas
escreveu fielmente sobre Deus e sobre aquele que
Deus lhe revelou que viria. Mas Jesus afirmou: “Porque
se de fato crêsseis em Moisés, também creríeis em
mim; porquanto ele escreveu a meu respeito. Se,
porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas
minhas palavras?” (Jo 5.46, 47). Contudo, Jesus não
falou simplesmente a respeito de Deus; Ele declarou
ser Ele o próprio Deus (Jo 5.18; 10.30).

C. Um grande legislador
Moisés foi a única pessoa autorizada por Deus
para entregar as leis a Israel. Mas foi Jesus quem deu
plena compreensão à lei de Deus e forneceu “novas”
leis a Israel. Ele citou a lei quando disse: “Ouvistes o
que foi dito...” mas acrescentou o que nenhum outro
profeta tinha jamais ousado falar: “Eu, porém, vos
digo...” (Mt 5.21,22). Eis por que, “quando Jesus
acabou de proferir estas palavras, estavam as
multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as
ensinava como quem tem autoridade, e não como os
escribas” (Mt 7.28, 29).

D. Um grande operador de milagres


Moisés foi um grande operador de milagres (as
dez pragas contra o Egito; a abertura do mar
Vermelho, etc.) (Êx 7-14; Dt 34.10-12). Jesus, porém,
fez milagres ainda maiores que os de Moisés. Disse
Ele: “Se eu não tivesse feito entre eles tais obras
[milagres], quais nenhum outro fez, pecado não
teriam” (Jo 15.24).
De fato, ninguém podia negar seus milagres
porque eles tinham sido testemunhados por milhares
de pessoas: “Varões israelitas, atendei a estas
palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus
diante de vós, com milagres, prodígios e sinais, os
quais o próprio Deus realizou por intermédio dele
entre vós, como vós mesmos sabeis...” (At 2.22).

E. Um grande redentor
Moisés resgatou Israel do cativeiro e da
escravidão do Egito (Êx 3-4; At 7.20-39), mas Cristo
resgatou o mundo do cativeiro e da escravidão do
pecado (Mt 20.28; Ef 2.1-8; Rm 3.28-4.6).

F. Um grande mediador
Moisés foi o mediador entre Deus e Israel. Mas
Jesus é agora o mediador entre Deus e toda a
humanidade. 1 Timóteo 2.5,6 diz: “Porquanto há um
só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens,
Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em
resgate por todos.”

G. Um grande intercessor
Moisés foi o grande intercessor perante Deus em
favor de Israel, evitando que Deus destruísse seu povo
completamente, quando ele prestou adoração ao
bezerro de ouro (Êx 32.7-14; Nm 14.11-20). Mas Jesus
é o maior intercessor. Ele agora intercede por toda a
humanidade (Jo 3.16; Hb 7.25; observe Nm 21.4-
9eJo3.14).

H. Um grande profeta, juiz e rei


Moisés foi um grande profeta, juiz e rei (Êx 18.13;
Dt 33.5). Mas Jesus foi um profeta, juiz e rei ainda
maior (Jo 1.19-21,29-43,45; Mt 2.2; Jo 5.26-29; Hb
7.17).

I. Moisés era como o Messias


Mas Jesus foi Ele mesmo o Messias. Ele disse isso
às pessoas simples e à várias autoridades, tais como o
sumo sacerdote judeu.
“Eu sei”, respondeu a mulher, “que há de vir o
Messias, chamado Cristo; quando ele vier nos
anunciará todas as coisas.” Disse-lhe Jesus: “Eu o sou,
eu que falo contigo” (Jo 4.25,26). O sumo sacerdote
perguntou a Jesus: “És tu o Cristo, o Filho do Deus
Bendito?” Jesus respondeu: “Eu sou” (Mc 14.61, 62).
Certamente nenhum profeta na história de Israel
cumpriu a promessa divina de ser um profeta “como
Moisés”— exceto Jesus de Nazaré. Como veremos no
próximo capítulo, Jesus fez maiores milagres do que
Moisés. Ele não hesitou em elevar os padrões da lei de
Moisés apelando para sua própria autoridade:
“Ouvistes que foi dito [na lei de Moisés]... Eu, porém,
vos digo...” Verdadeiramente, Ele foi maior do que
Moisés!

10. O Messias deve ser um “Renovo justo”

Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a


Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá
sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra.
Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará
seguro; será este o seu nome, com que será chamado:
Senhor Justiça Nossa. (Jr 23.5-6)

Muitos estudiosos bíblicos, tanto cristãos como


judeus, reconhecem que a palavra “Renovo” aqui (e
em outras três profecias em que é também usada;
veja Isaías 4.2; Jeremias 33.15; Zacarias 3.8; 6.12-13)
se refere ao Messias. No versículo 5, acima, o Messias
ou o “Renovo” é chamado “Renovo justo”, enquanto
no versículo 6 Ele é mencionado como “Senhor Justiça
Nossa”. Na história do mundo, quem poderia ser
chamado tanto de “justo” como de “Senhor” [Jeová]?
Somente Jesus de Nazaré! Somente Ele podia dizer —
sem receber qualquer contestação — “Quem dentre
vós me convence de pecado?” (Jo 8.46).
O estudioso luterano Dr. Theodore Laetsch, em
seu comentário sobre o livro de Jeremias, apresenta
sucintamente o cumprimento desta profecia em Jesus
Cristo:

Ao esmagar a cabeça de Satanás, a Semente de Davi,


que é a Semente da Mulher encontrada em Gênesis
3.15, conquistou a justiça para o gênero humano.
Como o Servo do Senhor, Ele levou sobre si os
pecados do homem (Is 53.11), que o Senhor fez cair
sobre Ele (versículo 6), que nunca cometeu injustiça
(versículo 9) e que sofreu todos os castigos que o
homem merecia (versículos 5-6). Pelo seu sofrimento
vicário, Ele cumpriu em nosso lugar todos os requisitos
exigidos pela justiça de Deus e se tornou ‘justiça nossa
“, estabelecendo essa justiça como norma a ser
seguida em seu Reino. Sendo essa justiça obtida e
estabelecida por Ele, a quem Deus chama de “Senhor
Jeová] justiça nossa “, ela não só é aquela que foi
prometida no Velho Testamento mas também é eterna
como o próprio Deus, abrangendo também as coisas
passadas. (Hb 9.15)

Deve-se notar que ninguém na história, quer no


Velho ou no Novo Testamento ou nos dias de hoje,
consegue sequer aproximar-se do cumprimento desta
profecia — exceto Jesus Cristo.

11. O ministério de Jesus cumpriu o


ministério profetizado para o Messias

Dispõe-te, resplandece, porque vem a tua luz, e a glória


do Senhor nasce sobre ti. Porque eis que as trevas
cobrem a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti
aparece resplendente o Senhor, e a sua glória se vê
sobre ti As nações [gentias]se encaminham para a tua
luz, e os reis para o resplendor que te nasceu. (Is 60.1
-3)
Esta é uma descrição tão detalhada de qual seria
a missão do Messias que deve ser incluída aqui. Ao
examinar as profecias relacionadas abaixo, observe
seu cumprimento detalhado na vida de Jesus, como
está documentado nos quatro evangelhos.

1. “o Espírito do Senhor está sobre mim... me


ungiu”;
2. “a pregar boas-novas aos pobres”;
3. “proclamar libertação aos cativos”;
4. “abertura de prisão àqueles que estão em
cadeias”;
5. “a apregoar o ano aceitável do Senhor”;
6. “e o dia da vingança do nosso Deus (citado no
discurso do monte das Oliveiras em Mateus 24-25,
repetido em Marcos 13 e Lucas 21);
7. “a consolar todos os que choram” (este
versículo se aplica à sua segunda vinda, quando Ele
estabelecer seu Reino).

12. O Messias deve ser precedido por um


precursor

Voz do que clama no deserto: “Preparai o caminho do


Senhor; endireitai no ermo vereda a nosso Deus. Todo
vale será aterrado, e nivelados todos os montes e
outeiros; o que é tortuoso será retificado, e os lugares
escabrosos, aplanados. A glória do Senhor se
manifestará, e toda a carne a verá, pois a boca do
Senhor o disse.” (Is 40.3-5, veja também Ml 3.1)
Já vimos que esta profecia foi cumprida por João
Batista, portanto vamos agora apenas observar o
cumprimento da profecia:

Ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão,


pregando o batismo de arrependimento para remissão
de pecados, conforme está escrito no livro das palavras
do profeta Isaías:

Voz do que clama no deserto: “Preparai o caminho do


Senhor, endireitai as suas veredas. Todo vale será
aterrado, e nivelados todos os montes e outeiros; os
caminhos tortuosos serão retificados, e os escabrosos,
aplainados; e toda a carne verá a salvação de Deus.”
(Lc 3.3-6)

A Evidência Aumenta
Estas doze profecias por si só devem fazer com
que até os céticos mais intransigentes reconsiderem
seu ceticismo. Entretanto, ainda não terminamos! No
próximo capítulo vamos considerar outras dezesseis
profecias, desta vez mostrando como as Escrituras
anunciaram antecipadamente a morte, sepultamento
e ressurreição de Jesus. Como veremos, esses pontos
constituem os mais marcantes — e decisivos —
indicadores da identidade de Jesus.

15. O Testemunho do Cumprimento das


Profecias – Parte II

Profecias sobre a Paixão, Morte,


Sepultamento e Ressurreição de Jesus
A paixão, morte, sepultamento e ressurreição de
Jesus Cristo não foram acidentais, mas sim o
cumprimento de um plano premeditado de Deus antes
da fundação do mundo — um plano ao qual Jesus se
sujeitou livremente. Por que Ele disse: “Ninguém a tira
de mim [minha vida]; pelo contrário, eu
espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a
entregar e também para reavê-la. Este mandato
recebi de meu Pai” (João 10.18).
Em nenhum momento as multidões, os principais
da sinagoga, os judeus, ou mesmo os romanos tiveram
poder sobre Jesus para tirar-lhe a vida. Ao contrário,
Ele se deu voluntariamente por todos os pecadores do
mundo; qualquer um que esteja disposto a aceitar
esse sacrifício pode receber o perdão divino. Jesus
deixou isso claro no jardim do Getsêmani, depois de
Pedro ter cortado a orelha do servo do sumo
sacerdote:

Então Jesus lhe disse: “Embainha a tua espada; pois


todos os que lançam mão da espada, à espada
perecerão. Acaso pensas que não posso rogara meu
Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze
legiões de anjos? Como, pois, se cumpririam as
Escrituras, segundo as quais assim deve suceder?” (Mt
26.52-54)

Séculos antes do nascimento de Jesus, as


Escrituras expuseram vários detalhes específicos com
referência à sua morte. Jesus conhecia bem essas
passagens e sabia desde o começo que estava
destinado a cumprir todas elas.
III. Profecias Referentes à Sua Morte

A morte de Jesus foi planejada antecipadamente,


sendo o fato mais mencionado pelos profetas hebreus.
As profecias messiânicas a seguir se relacionam com
sua prisão, julgamento e crucificação. Nenhum desses
acontecimentos poderia ter sido forjado.

13. O Messias, “o Ungido”, a ser morto


“pelos pecados do povo” 483 anos mais tarde
Cerca de quinhentos ou seiscentos anos antes do
nascimento de Jesus o profeta Daniel escreveu o
seguinte:

Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo,


e sobre a tua santa cidade para fazer cessar a
transgressão, para dar fim aos pecados, para expiara
iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selara
visão e a profecia, e para ungir o Santo dos Santos.

Sabe, e entende: desde a saída da ordem para


restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao
Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas: as
praças e as circunvalações se reedificarão, mas em
tempos angustiosos. Depois das sessenta e duas
semanas será morto o Ungido, e já não estará; e o
povo de um príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e
o santuário, e o seu fim será em um dilúvio, e até o fim
haverá guerra; desolações são determinadas.

Ele fará firme aliança com muitos por uma semana; na


metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de
manjares; sobre a asa das abominações virá o
assolador, até que a destruição, que está determinada,
se derrame sobre ele. (Dn 9.24-27)
Por mais incrível que possa parecer, esta profecia
de Daniel foi cumprida por Jesus na semana que
antecedeu a crucificação, quando Ele formalmente se
apresentou à nação hebréia como seu Messias. Pode-
se estabelecer que, exatamente 483 anos depois da
“saída da ordem para edificar Jerusalém”, o Messias
foi morto e rejeitado por seu povo.
Mas, primeiramente, vejamos o contexto desta
passagem. Deus enviou o anjo Gabriel em resposta à
oração de Daniel, que era um cativo como milhares de
outros judeus que tinham sido levados para a
Babilônia quase setenta anos antes. Daniel havia
estudado as profecias de Jeremias e percebeu que o
tempo para o livramento da nação estava próximo.
Jerusalém — incluindo o templo e suas muralhas —
permaneceu em ruínas por quase setenta anos.
Gabriel então profetizou a restauração de todas essas
coisas e a vinda do Messias no período de 483 anos.
Jeremias havia predito: “Toda esta terra virá a ser
um deserto e um espanto; estas nações servirão ao rei
de Babilônia setenta anos” (Jr 25.11). No fim desse
período, o Senhor disse: “Logo que se cumprirem para
Babilônia setenta anos atentarei para vós outros e
cumprirei para convosco a minha boa palavra,
tornando a trazer-vos para este lugar” (Jr 29.10).
Daniel estava entre os primeiros deportados para a
Babilônia, em 605 a.C, quando Nabucodonosor, rei da
Babilônia, invadiu a Palestina.
Agora, em 538 a.C. (67 anos mais tarde), Daniel
entendeu pela profecia de Jeremias que os setenta
anos de cativeiro estavam prestes a se cumprir.
John Ankerberg pesquisou detalhadamente esta
passagem e nos esclareceu sobre este assunto:
Como sabemos que a mensagem de Gabriel a Daniel
nesta profecia é sobre o Messias? Porque a palavra
hebraica usada é Mashiach deve ser traduzida por
“Messias” ou (‘o Ungido”. Como o grande estudioso de
Princeton, Prof. R. D. Wilson (que era fluente em 45
línguas e dialetos), afirma, “Daniel 9.25,26 é uma das
duas passagens [hebraicas] em que o esperado
Salvador de Israel é chamado de Messias.”

Entretanto, alguns têm feito objeção a esta


interpretação, alegando que, em lugar de estar falando
do “Messias”, “o Ungido “, Daniel está se referindo a
Ciro, mas isto não se justifica, porque, como veremos,
os versículos 25 e 26 declaram que o “Messias “ não
chegará até cerca de quatrocentos anos depois de
Ciro. Deforma semelhante, ela não pode ser aplicada
ao governador sírio Antíoco Epifânio, já que ele morreu
em 164 a. C. Como veremos, a profecia fala sobre a
vinda do “Messias “a Jerusalém quase duzentos anos
depois disso. Portanto, este que é chamado Mashiach
Nagid—Messias, o Príncipe — não pode referir-se quer
a Ciro quer a Antíoco Epifânio. Como disse o Prof.E.J.
Young, “a interpretação não-messiânica é totalmente
inadequada”.

Quem, pois, é o Messias que virá? Seja quem for o


Messias, ele vai aparecer em cena depois da
reconstrução de Jerusalém (Dn 9.25,26) e será morto
antes que Jerusalém e seu templo sejam novamente
destruídos.

A chave para a compreensão do tempo desta


profecia é a frase “setenta semanas são determinadas
sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade”. A
palavra “semanas” em hebraico significa literalmente
“sete unidades”, seja de dias ou de anos. (Vejamos um
exemplo disso. Suponha que eu dissesse que “setenta
dúzias de anos estão determinados para os Estados
Unidos”. Eu estaria indicando setenta vezes doze ou
840 anos, ou poderia dizer “setenta grosas (doze
dúzias) estão determinadas”, e então teríamos 70
vezes 144, ou 10.080. O contexto deixa claro que
Gabriel quis dizer “setes” (ou semanas) de anos;
portanto sete vezes setenta, ou 490 anos.)
Neste caso, o contexto leva-nos a concluir que o
termo se refere a anos; setenta vezes sete (anos)
somam 490 anos determinados sobre o povo de
Daniel. Ankerberg expõe como isso foi cumprido em
detalhes:

De acordo com esta profecia, o Messias apareceria no


final de 69 semanas [as sete semanas (49 anos) mais
69 semanas (434 anos)] ou um total de 483 anos.
Depois de 69 semanas (483 anos) ocorreria a
destruição da cidade e do templo. [Sabemos pela
história que isto aconteceu em 70 d. C. quando o
imperador Tito e suas legiões romanas destruíram
Jerusalém.]

Mas, a partir de que ano e de que decreto [o decreto de


“restaurar e reconstruir Jerusalém “] nós devemos
começar a contar o número de anos até o Messias?

A profecia não pode se referir ao decreto de Ciro


[539 a.C], Tarrenai [519-18 a.C] ou Artaxerxes [457
a.C], porque todos estes se referem apenas à
reconstrução do templo, e não da cidade de Jerusalém,
como a profecia requer. Somente o decreto de
Artaxerxes a Neemias em 444 a.C. envolve uma
ordem para a reconstrução de Jerusalém (Neemias
2.1-8); cf. Hoehner, 126-128).
Podemos agora determinar a data do decreto de
Artaxerxes [444 a.C] até após a sexagésima nona
semana [483 anos mais tarde], quando Gabriel
anunciou que o Messias seria morto em Jerusalém.
Usando o ano lunar de 360 dias, chegaremos a 33 d.C,
a época exata em que Jesus Cristo viveu e foi
crucificado em Jerusalém!
O ponto importante nesta passagem profética é
que o Messias tinha de vir no fim da sexagésima nona
semana — 483 anos depois da publicação do decreto.
Acentuamos mais uma vez que o tempo transcorrido
entre o decreto que autorizava a reconstrução de
Jerusalém [versículo 25 — 444 a.C] e a vinda do
Messias devia ser 69 “setes” ou 483 anos [7+62
unidades = 69 x 7 anos]. Esta é a época exata em que
Jesus Cristo estava vivendo e exercendo seu
ministério. Como a profecia limita o aparecimento do
Messias a este período, não há simplesmente nenhum
outro candidato lógico para ser o Messias. Repetimos:
esta profecia prova que Jesus Cristo é o único
candidato possível para ser o Messias judaico.
Uma pergunta razoável sobre esta importante
passagem é: “Os estudiosos judaicos anteriores à
época de Cristo aceitaram isto como uma profecia
messiânica?” Ankerberg admite que sim:

Considerando que este texto fala explicitamente do


Messias, seria difícil a qualquer rabino judaico negá-lo.
Todavia, como esta profecia predizia que o Messias
seria morto, alguns negaram que ela estivesse se
referindo ao Messias.

Mas, em favor da verdade, muitos rabinos afirmaram


corajosamente que esta passagem prediz de maneira
tão exata o tempo específico da chegada do Messias
que é impossível negá-la. Por exemplo, o rabino
Nehumias, que viveu cerca de cinqüenta anos antes de
Cristo, é citado por Grotius como tendo afirmado que o
tempo fixado por Daniel para o aparecimento do
Messias não iria além dos próximos cinqüenta anos.
Isso nos leva a concluir que se Cristo não foi o Messias
prometido, então Israel não teve um Messias.
Repetindo: se o Messias deveria vir, teria de ser
exatamente na mesma época em que Cristo viveu. O
Talmud adverte: “Daniel nos anuncia o fim do Messias
[isto é, ‘o tempo de sua chegada e de sua morte’—
Rabino Jarchi]. “Esta profecia foi tão convincente que o
Talmud registra que por volta da época de Tito [70 d. C]
acreditava-se que o Messias já tinha vindo, mas que
seu aparecimento tinha sido ocultado aos judeus até
que eles se mostrassem mais merecedores desse
acontecimento.

Sir Robert Anderson, estadista britânico do século


passado, escreveu um excelente livro intitulado O
Príncipe Que Virá, no qual expõe em detalhes todos os
acontecimentos históricos e prova que, quando Jesus
montou o jumentinho ao entrar em Jerusalém, Ele
estava se apresentando a Israel como o Messias. Este
episódio cumpre a profecia de Zacarias 9.9: “Alegra-te
muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis
aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde,
montado em jumento, em um jumentinho, cria de
jumenta.” E quando isto ocorreu? Exatamente 483
anos contados a partir do dia em que os ponteiros
proféticos do relógio de Deus começaram a se mover.
Embora a passagem de Zacarias esteja
mencionada em Marcos 11.7-9 e seja uma profecia
cumprida de forma inequívoca, eu não a incluí como
tal porque se trata de uma das raras profecias
messiânicas que supostamente podia ter sido
encenada por Jesus e seus discípulos. O que não
poderia ter sido encenado é a época em que esse fato
ocorreu; Jesus nasceu e estava exercendo seu
ministério naquele exato momento da história,
revelando-se a Israel exatamente no ano previsto por
esta profecia. Isso não podia ter sido encenado — a
não ser pelo próprio Deus! E este é o ponto-chave de
todo este capítulo. Estas profecias foram todas
cumpridas pelo próprio Deus através de seu Filho,
como uma maneira de identificar Jesus perante todo o
mundo.

14. O capítulo messiânico, Isaías 53


Mais de setecentos anos antes do nascimento de
Jesus, Isaías fez uma exposição detalhada dos futuros
sofrimentos do Messias. Podemos acrescentar à nossa
lista onze outras profecias cumpridas somente deste
capítulo, mas a evidência já é de tal modo
considerável que preferi juntá-las e considerá-las
como uma só.
Este capítulo pode realmente ser considerado
uma profecia messiânica, pois em muitas sinagogas
judaicas, onde um trecho do livro de Isaías é lido em
voz alta a cada sábado, o capítulo 53 é habitualmente
omitido. Por quê? Porque os paralelos nesta profecia
são tão coincidentes com alguns acontecimentos da
vida de Jesus Cristo que se torna difícil para eles
explicar a razão de terem rejeitado a Jesus.
Conseqüentemente, eles julgam ser mais prudente
passar por cima deste capítulo. Depois de examinar os
onze paralelos entre esse capítulo e a vida de Jesus
narrada no Novo Testamento, você vai compreender
as razões deles.

Texto de Isaías 53 Cumprimento no Novo


Testamento

1. Ele é desprezado e rejeitado Veio para os seus, mas os seus


pelos homens (versículo 3). não o receberam (Jo 1.11, e as muitas
vezes que os judeus pegaram em
pedras para matá-lo).

2. Certamente ele tomou sobre si Ele mesmo tomou as nossas


as nossas enfermidades, e as enfermidades e carregou com as
nossas dores levou sobre si nossas doenças (Mt 8.17).
(versículo 4).

3. Mas ele foi traspassado pelas Mas um dos soldados lhe abriu o
nossas transgressões (versículo 5). lado com uma lança (Jo 19.34).

4. [Ele foi] moído pelas nossas Carregando ele mesmo em seu corpo,
iniqüidades;... e pelas suas pisaduras sobre o madeiro... por suas chagas
fomos sarados (versículo 5). fostes sarados (1 Pe 2.24).

5. Todos nós andávamos Pois também Cristo morreu, uma


desgarrados como ovelhas; cada um única vez, pelos pecados, o justo
se desviava pelo caminho, mas o pelos injustos, para conduzir-vos a
Senhor fez cair sobre ele a Deus (1 Pe 3.18). Porque estáveis
iniqüidade de nós todos (versículo desgarrados como ovelhas (1 Pe
6). 2.25).

6. Por juízo opressor foi arrebatado [Jesus disse:] "Como, pois, se


(versículo 8). cumpririam as Escrituras, segundo
as quais assim deve suceder?"
Naquele momento disse Jesus às
multidões:

"Saístes com espadas e cacetes


para prender-me, como a um
salteador? Todos os dias, no
templo, eu me assentava [convosco]
ensinando, e não me prendestes. Tudo
isto, porém, aconteceu para que se
cumprissem as Escrituras dos
profetas." Então os discípulos todos,
deixando-o, fugiram. E os que
prenderam a Jesus o levaram à casa
de Caifás, o sumo sacerdote (Mt
26.54-57).

7. Porquanto foi cortado da terra dos Vós, porém, negastes o Santo e o


viventes; por causa da transgressão Justo, e... matastes o Autor da
do meu povo foi ele ferido (versículo vida... Tendo Deus ressuscitado ao
8). seu Servo, enviou-o primeiramente
a vós outros (At 3.14,15,26).

Porque Cristo, quando nós ainda


éramos fracos, morreu a seu tempo
pelos ímpios... Deus prova o seu
próprio amor para conosco, pelo fato de
ter Cristo morrido por nós, sendo nós
ainda pecadores (Rm 5.6,8).

8. Designaram-lhe a sepultura com E foram crucificados com ele dois


os perversos (versículo 9). Posto que ladrões (Mt 27.38).
nunca fez injustiça, nem dolo algum se
achou em sua boca (versículo 9).

9. Todavia, ao Senhor agradou moê- Aquele que não conheceu pecado,


lo,... quando der ele a sua alma ele o fez pecado por nós; para que
como oferta pelo pecado (versículo nele fôssemos feitos justiça de
10). Deus (2 Co 5.21).

10. Porquanto derramou a sua alma na E foram crucificados com ele dois
morte; foi contado com os ladrões, um à sua direita e outro à
transgressores (versículo 12). sua esquerda (Mt 27.38).

11. [Ele] levou sobre si o pecado de Pai, perdoa-lhes, porque não


muitos, e pelos transgressores sabem o que fazem (Lc 23.34).
intercedeu (versículo 12). [Jesus] foi entregue por causa das
nossas transgressões, e ressuscitou
por causa da nossa justificação (Rm
4.25).

Provavelmente esse capítulo é o que apresenta


maior dificuldade em toda a Bíblia para os estudiosos
hebraicos que desejam ser fiéis ao texto e, ao mesmo
tempo, evitam a conclusão de que Jesus é o Messias,
pois Ele cumpriu todos os aspectos desta grande
profecia. John Ankerberg escreve:

É possível explicar os paralelos acima em bases


puramente racionais? Como argumentou o exegeta e
teólogo escocês Paton J. Gloag, ex-professor de crítica
bíblica na Universidade de Aberdeen:

Não conseguimos entender como alguém pode ler esta


extraordinária profecia sem ficar impressionado com a
semelhança, com o caráter, sofrimentos e morte do
Senhor Jesus. O retrato é completo; a semelhança é
impressionante e indiscutível Certamente, parece mais
uma história do passado do que uma predição do
futuro... Em nenhuma parte da Escritura, mesmo nos
trechos mais evangelísticos do Novo Testamento, a
doutrina da expiação, essa grande característica do
cristianismo, é tão claramente afirmada... E, até agora,
nada é mais incontestável do que essas palavras que
foram expressas séculos antes de nosso Senhor ter
vindo a este mundo.

Esta passagem tem sido reconhecida como


messiânica há muito tempo. Na verdade, os antigos
rabinos ensinavam, baseados nessa passagem, que
haveria dois Messias. Eles não puderam reconciliar as
afirmações bíblicas que falam claramente de um
Messias, sofredor com outras passagens que falam
com igual clareza de um Messias eternamente
triunfante e vitorioso. Até hoje, eles reconhecem duas
maneiras de enxergar o Messias — o Messias sofredor
e agonizante, chamado “Messias ben José”, e o
Messias vitorioso e conquistador, chamado “Messias
ben Davi”.
O Dr. Raphael Patai, ex-professor da Universidade
de Jerusalém, autor de vinte livros sobre assuntos
relacionados com as crenças religiosas judaicas,
observou: “Quando a morte do Messias tornou-se um
dogma estabelecido na época do Talmude, isto foi
considerado irreconciliável com a crença de um
Messias Redentor que anunciaria o bem-aventurado
milênio da era messiânica. O dilema foi solucionado
pela divisão da pessoa do Messias em duas...” Assim,
baseado em Isaías 53, o Talmude Babilônico
ousadamente prediz: “O Messias ben José será
assassinado...”
As diferentes interpretações que os rabinos
ortodoxos deram a esta passagem ao longo da história
podem ser encontradas no livro Rays of Messiahs
Glory. Rabinos famosos, tais como o grande
Maimonides e Rabbi Crispin, não concordaram com a
aplicação de Isaías 53 à nação de Israel, como é
comumente feito no comentário judaico atual. Eles
achavam, no lugar disso, que esta passagem se refere
claramente ao Messias de Deus:

O peso da autoridade judaica prevalece em favor da


interpretação messiânica deste capítulo... Até os
tempos recentes esta profecia tinha sido quase
universalmente aceita pelos judeus como referente ao
Messias, o que é evidente pelo Targum [J]onathon, que
apresenta o Messias pelo nome no capítulo LII.13; do
Talmude (“Sinédrio”,fls. 98,b);e do Zohar... Na verdade,
até Rashi [Rabino Solomon Izaaki, 1040-1105 d.G,
considerado o criador da moderna escola judaica de
interpretação], que aplicou essa profecia à nação
judaica, a interpretação messiânica deste capítulo foi
quase universalmente adotada pelos judeus.

O “pai” do hebraico moderno, Wilhelm Gesenius,


também escreveu: “Foi só recentemente que os
judeus abandonaram esta interpretação [messiânica]
de Isaías 53, sem dúvida em conseqüência de suas
controvérsias com os cristãos”.
Hoje, muitos judeus ortodoxos ainda esperam um
messias político, o Messias ben Davi, que conquistará
e governará para sempre. Curiosamente, alguns
judeus aceitam Jesus Cristo como o “outro” Messias
(Messias ben José), embora neguem sua divindade.
Em um debate com o Dr. Walter Kaiser no “John
Ankerberg Show”, o Dr. Pinchas Lapide afirmou:
“Concordo plenamente com o Dr. Kaiser que Isaías 53
exibe muitas semelhanças espantosas com a vida,
ministério e morte de Jesus de Nazaré”.
Surpreendentemente, o Dr. Lapide até mesmo
acredita que Jesus ressuscitou fisicamente depois de
sua crucificação, em razão dos muitos fatos históricos
favoráveis a essa crença. Entretanto, ele conclui que
Jesus é o Messias dos gentios e não dos judeus.
Temos apenas uma pergunta: se Jesus Cristo não
é o servo sofredor de Deus mencionado em Isaías 53,
então quem é?
As próximas treze profecias relacionadas à morte
de Jesus são de tal modo evidentes que não precisam
de explicação. Vou simplesmente reproduzir a profecia
do Velho Testamento ao lado do seu cumprimento no
Novo Testamento.
15. Traído por um amigo íntimo Falava ele ainda, quando chegou
uma multidão; e um dos doze, o
Até o meu amigo íntimo, em quem chamado Judas, que vinha à frente
eu confiava, que comia do meu pão, deles, aproximou-se de Jesus para
levantou contra mim o calcanhar (Sl o beijar. Jesus, porém, lhe disse:
41.9). "Judas, com um beijo trais o Filho do
Homem?" (Lc 22.47-48).
16. Traído por trinta moedas de Então um dos doze, chamado Judas
Iscariotes, indo ter com os
prata principais sacerdotes, propôs: "Que
me Quereis dar, e eu vo-lo
Eu lhes disse: "Se vos parece bem, entregarei?" E pagaram-lhe trinta
dai-me o meu salário; e se não, moedas de prata (Mt 26.14-15).
deixai-o." Pesaram, pois, por meu
salário trinta moedas de prata (Zc
11.12).

17. Silêncio diante das acusações E, sendo acusado pelos


principais sacerdotes e pelos
Ele foi oprimido e humilhado, mas anciãos, nada respondeu. Então
não abriu a sua boca; como cordeiro lhe perguntou Pilatos: "Não ouves
foi levado ao matadouro; e, como quantas acusações te fazem?" (Mt
ovelha, muda perante os seus 26.12-14).
tosquiadores, ele não abriu a sua
boca (Is 53.7).

18. Cuspido e esmurrado Então uns cuspiram-lhe no rosto e


lhe davam murros, e outros o
Ofereci as costas aos que me feriam, esbofeteavam(Mt 26.67).
e as faces aos que me arrancavam
os cabelos; não escondi o meu rosto
dos que me afrontavam e me
cuspiam (Is 50.6).

19. Odiado sem motivo Se eu não tivesse feito entre eles


tais obras, quais nenhum outro fez,
Não se alegrem de mim os meus pecado não teriam; mas agora não
inimigos gratuitos; não pisquem os somente têm eles visto, mas
olhos os que sem causa me odeiam também odiado, tanto a mim, como
(Sl 35.19) a meu Pai. Isto, porém é para que
se cumpra a palavra escrita na sua
lei: "Odiaram-me sem motivo" (Jo
15.24-25).

20. Traspassaram-lhe as mãos e os E logo disse a Tomé: "Põe aqui o teu


dedo e vê as minhas mãos; chega
pés também a tua mão e põe-na no meu
lado; não sejas incrédulo, mas
E sobre a casa de Davi, e sobre os crente” (Jo 20.27).
habitantes de Jerusalém, derramarei
o espírito de graça e de súplicas;
olharão para mim, a quem
traspassaram; pranteá-lo-ão como
quem pranteia por um unigênito, e
chorarão por ele, como se chora
amargamente pelo primogênito (Zc
12.10).

21. Escarnecido O povo estava ali e a tudo


observava. Também as
autoridades zombavam e diziam:
Todos os que me vêem zombam de "Salvou os outros; a si mesmo se
mim; afrouxam os lábios e meneiam a salve, se é de fato o Cristo de Deus,
cabeça: "Confiou no Senhor! Livre-o o escolhido" (Lc 23.35).
ele, salve-o, pois nele tem prazer
(Sl 22.7-8).

22. Orou por seus inimigos Contudo Jesus dizia: "Pai, perdoa-
lhes, porque não sabem o que
Em paga do meu amor me fazem." Então, repartindo as vestes
hostilizam: eu, porém, orava (Sl dele, lançaram sortes (Lc 23.34).
109.4).

23. Os soldados tiram sorte para Depois de o crucificarem, repartiram


entre si as suas vestes, tirando a sorte.
disputar suas vestes E, assentados ali, o guardavam (Mt
27.35-36).
Posso contar todos os meus ossos;
eles me estão olhando e encarando
em mim. Repartem entre si as minhas
vestes e sobre a minha túnica deitam
sortes (Sl 22.17-18).

24. Desamparado por Deus Por volta da hora nona, clamou


Jesus em alta voz, dizendo: "Eli, Eli
Deus meu, Deus meu, por que me lema sabactâni", que quer dizer:
desamparaste? Por que se acham Deus meu, Deus meu, por que me
longe de meu salvamento as palavras desamparaste?" (Mt 27.46).
de meu bramido? (Sl 22.1).

25. Nenhum osso foi quebrado Os soldados foram e quebraram


as pernas ao primeiro e ao outro que
Preserva-lhe todos os ossos, nem um com ele tinha sido crucificado;
deles sequer será quebrado (Sl chegando-se, porém, a Jesus, como
34.20). vissem que já estava morto, não lhe
quebraram as pernas... E isto
aconteceu para se cumprir a
Escritura: "Nenhum dos seus ossos
será quebrado (Jo 19.32-33,36).

26. Seu lado foi perfurado Mas um dos soldados lhe


abriu o lado com uma lança, e logo saiu
E sobre a casa Davi, e sobre os sangue e água (Jo 19.34).
habitantes de Jerusalém, derramarei o
espírito de graça e de súplica; olharão
para mim, a quem traspassaram;
pranteá-lo-ão como quem pranteia por
um unigênito, e chorarão por ele, como
se chora amargamente pelo
primogênito (Zc 12.10).

27. Sepultado com o rico Caindo a tarde, veio um homem rico de


Arimatéia, chamado José, que era
também discípulo de Jesus. Este foi
Designaram-lhe a sepultura com os ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de
perversos, mas com o rico esteve na Jesus. Então Pilatos mandou que lho
sua morte, posto que nunca fez injustiça, fosse entregue. E José, tomando o
nem dolo algum se achou em sua boca corpo, envolveu-o em um pano limpo de
(Is 53.9). linho, e o depositou no seu túmulo novo,
que fizera abrir na rocha; e, rolando uma
grande pedra para a entrada do
sepulcro, se retirou (Mt 27.57-60).

Observando Atentamente os Detalhes

O simples fato de que Deus amou o mundo e


enviou seu único Filho para morrer pelos pecados dos
homens é um extraordinário milagre. Mas nas doze
profecias referentes à morte de Jesus (e outras que
também poderiam ser relacionadas), encontramos
outro milagre que deveria nos convencer a aceitar
Jesus como o Messias de Deus. Seu cumprimento
literal garante sua veracidade e proclama que
somente um homem na história poderia ter morrido da
forma como Jesus morreu. Na verdade, embora outros
também tenham morrido crucificados, nenhum deles
morreu como Jesus. Seria útil considerarmos com um
pouco mais de profundidade os seguinte detalhes
específicos de sua morte, pois feito esse exame, torna-
se impossível não identificar a Jesus como o Messias
sofredor.

A. Ele devia sofrer uma morte expiatória, em


favor dos homens

Mas ele foi traspassado pelas nossas transgressões, e


moído pelas nossas iniqüidades, o castigo que nos traz
a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos
sarados. Todos nós andávamos desgarrados como
ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o
Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos. (Is
53.5-6)

Esta profecia, escrita mais de setecentos anos


antes do nascimento de Cristo, falou do sacrifício de
Jesus como o perfeito cordeiro pascal, citado em
Êxodo 12. A primeira Páscoa foi celebrada pelos
hebreus no Egito, quando marcaram os batentes das
portas com sangue de cordeiro ou cabrito, o que lhes
permitiu escapar do julgamento de Deus. Esse ato
ordenado por Deus tornou-se um memorial, sendo
praticado pelos judeus ortodoxos até os dias de hoje.
O bode emissário de Levítico 16 foi uma figura de
Cristo levando nossos pecados para longe enquanto
que o novilho mencionado no mesmo capítulo era,
como Cristo, um sacrifício que representava um
Salvador inocente carregando o peso de nossos
pecados. E em todas as ocasiões foi necessário
derramamento de sangue inocente.
Muitos versículos do Novo Testamento mostram
que Cristo foi considerado inocente por todos os juizes,
exceto pelos judeus, que não puderam encontrar nele
qualquer falta, exceto o fato de “Ele fazer-se igual a
Deus” e por realizar milagres no dia de sábado. Mas
nenhuma dessas duas acusações é pecaminosa se:

• você é Deus (nenhum pecado podia ser


atribuído a Ele);

• não é errado fazer o bem no sábado; além


disso, Jesus (como Deus) considerava-se
“Senhor do sábado”, portanto Ele estava acima
do sábado e não o sábado acima dele.
Conseqüentemente, Pilatos estava certo
quando disse: “Este homem [Jesus] nada fez
digno de morte.”

Jesus foi o “Cordeiro de Deus” perfeito que


cumpriu todas as exigências de sacrifício oferecido a
Deus para os pecados dos homens. O apóstolo Paulo
viu isto claramente quando escreveu: “Pois também
Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi imolado” (1 Coríntios
5.7).
Ele afirmou isto em termos mais teológicos
quando escreveu: “Aquele que não conheceu pecado,
ele o fez pecado por nós, para que nele fôssemos
feitos justiça de Deus” (2 Coríntios 5.1). O apóstolo
Pedro também o viu desta forma quando escreveu:
“Sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis,
como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso
fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas
pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e
sem mácula, o sangue de Cristo” (1 Pedro 1.18-19).
Em uma outra passagem, o apóstolo Paulo definiu o
evangelho nestas palavras: “Antes de tudo vos
entreguei o que também recebi; que Cristo morreu
pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi
sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as
Escrituras” (1 Coríntios 15.3-4).
Submeter um homem inocente às crueldades da
morte pela crucificação quando Ele nada fez de
errado, pelo contrário curou enfermos, consolou
corações aflitos e deixou os maiores ensinamentos já
oferecidos aos homens, não faz nenhum sentido—a
menos que isto tenha sido feito com o propósito
específico de tornar-se um sacrifício divino pelos
pecados. Considerando que a morte de Jesus cumpriu
muitas profecias que Deus havia anunciado a seu povo
centenas de anos antes, é perfeitamente lógico que
aceitemos o fato histórico de que Jesus de Nazaré foi o
sacrifício determinado por Deus pelos pecados dos
homens. Somente assim podemos dar verdadeiro
sentido à vida, ministério e morte de Jesus. Como
veremos mais adiante, tudo isto foi selado com a sua
ressurreição.

B. O Messias-Salvador devia ser pendurado


em uma cruz
Muitas profecias sobre a morte do Messias
prometido, quando consideradas em conjunto, só
poderiam ser cumpridas com a crucificação. Moisés
advertiu os filhos de Israel:

Se alguém houver pecado, passível da pena de morte,


e tenha sido morto, e o pendurares em um madeiro, o
seu cadáver não permanecerá no madeiro durante a
noite, mas certamente o enterrarás no mesmo dia:
porquanto o que for pendurado no madeiro é maldito de
Deus: assim não contaminarás a tua terra, que o
Senhor teu Deus te dá em herança. (Dt 21.22-23)

A morte de uma pessoa na cruz atraía para a


vítima uma “maldição” especial. Conseqüentemente,
Jesus foi pregado em uma cruz romana, algo
impossível de acontecer em Israel até poucos anos
antes da vida de Jesus. Historicamente, os judeus
nunca crucificaram pessoas; eles apedrejavam até
matar. No entanto, Jesus nunca foi apedrejado, muito
embora os judeus tentassem mais de um vez pegar
em pedras contra ele. Por que foram eles incapazes de
apedrejá-lo? Porque os profetas nunca disseram que o
Messias seria apedrejado. Em vez disso, Ele foi
pendurado em uma cruz de madeira.
O apóstolo Paulo fala sobre esta maldição em
Gálatas 3.13, onde escreve:

Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele


próprio maldição em nosso lugar, porque está escrito:
“Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro.”

Zacarias, outro respeitado profeta hebreu,


acrescentou outro requisito para a morte do Messias.
Ele escreveu que o Messias teria feridas em suas mãos
(o que não era comum nesse tipo de morte):

Se alguém lhe disser: “Que feridas são essas nos teus


braços?” responderá ele: “São as feridas com que fui
ferido na casa dos meus amigos.” (Zc 13.6)

Novamente, não como resultado de


apedrejamento. O salmista acrescenta estes detalhes:

Cães me cercam; uma súcia de malfeitores me rodeia;


traspassaram-me as mãos e os pés. Posso contar
todos os meus ossos; eles me estão olhando e
encarando em mim. Repartem entre si as minhas
vestes, e sobre a minha túnica deitam sortes. (Sl 22.16-
18)

Se este não é o retrato perfeito da morte por


crucificação, não sei o que é. Jesus estava
“pendurado”, mas não por uma corda. Ele estava
pregado a uma cruz romana e tinha “suas mãos e seus
pés” traspassados. Ele foi exposto para que todos o
vissem, e era possível “contar os seus ossos” já que a
crucificação distende os ossos da vítima. Terá sido
mera coincidência Ele ter nascido durante o cativeiro
romano, quando a crucificação era o costume, e não o
apedrejamento? A explicação mais fácil é que sua
morte ocorreu de acordo com o plano e o propósito de
Deus.

C. Nenhum osso do Messias-Salvador devia


ser quebrado
Já vimos que o cordeiro pascal era uma figura de
Cristo. Não mencionei que as qualificações específicas
atribuídas àquele cordeiro seriam tais que ele deveria
ser “sem defeito e sem mácula” (1 Pedro 1.19). Esta
preocupação com o sacrifício perfeito era observada
em cada Páscoa, quando o cordeiro era comido de tal
forma que nenhum de seus ossos fosse
quebrado. A Escritura ordenava:

“O cordeiro há de ser comido em uma só casa; da sua


carne não levareis fora da casa, nem lhe quebrareis
osso nenhum” (Êxodo 12.46).

Isto foi confirmado mais adiante pelo salmista


quando falou do servo sofredor de Deus: “Preserva-lhe
todos os ossos, nem um deles sequer será quebrado”
(Salmo 34.20). Muito embora o “Cordeiro de Deus” (ou
o cordeiro da páscoa) devesse sofrer terrivelmente,
nenhum de seus ossos deveria ser quebrado. Quando
lemos o relato do apóstolo João sobre a morte de
Jesus, podemos ver a mão poderosa de Deus
“guardando” os ossos do Salvador contra o que
poderia ter sido um ataque do próprio Satanás:

Então os judeus, para que no sábado não ficassem os


corpos na cruz, visto como era a preparação; pois era
grande o dia daquele sábado, rogaram a Pilatos que se
lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados. Os
soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e
ao outro que com ele tinha sido crucificado; chegando-
se, porém, a Jesus, como vissem que já estava morto,
não lhe quebraram as pernas. Mas um dos soldados
lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu sangue e
água. (Jo 19.31-34)

A miraculosa preservação dos ossos do Senhor


não escapou à observação de João, uma testemunha
ocular desses acontecimentos. Ele escreveu: “Aquele
que isto viu, testificou, sendo verdadeiro o seu
testemunho; e ele sabe que diz a verdade, para que
também vós creiais. E isto aconteceu para se cumprir
a Escritura: “Nenhum dos seus ossos será quebrado”.
E outra vez diz a Escritura: “Eles verão aquele a quem
traspassaram” (João 19.35-37).
O próprio Deus estava “guardando os ossos” do
Salvador e, assim, cumprindo literalmente a profecia
de que “nenhum de seus ossos seria quebrado”!
Além disso, quando Jesus estava pendurado na
cruz, Ele pediu que lhe dessem algo para aplacar sua
sede, e deram-lhe “vinagre”, em cumprimento à
profecia do Salmo 22.15 e 69.21 (textos que não
incluímos em nossa lista de 28 profecias cumpridas).
Então disse Jesus: “Está consumado!” — isto é, o
caminho da salvação através do derramamento de seu
próprio sangue sobre a cruz estava “terminado”, de
modo que agora todos os homens podiam ser salvos.
Então “inclinando a cabeça, rendeu o espírito” (João
19.30).
Observe: Jesus tinha tal controle sobre os
acontecimentos que, mesmo ao morrer, Ele dirigia seu
destino. Quando seu sacrifício estava completo, Ele
simplesmente “rendeu o espírito”.

D. O Messias-Salvador devia ser


“traspassado”
Depois que Jesus já estava morto, um soldado
romano “lhe abriu o lado com uma lança, e logo saiu
sangue e água. Isto não foi acidental; foi de acordo
com a profecia. Zacarias tinha dito do Messias —
“olharão para mim, a quem traspassaram” (Zacarias
12.10).
E improvável que os judeus traspassassem o
corpo de Jesus com uma lança, pois isso era
totalmente fora de seus costumes. Se considerarmos
ainda que eles tinham conhecimento dessa profecia,
aquela seria então a última coisa que fariam. Deste
modo, o Senhor usou o soldado romano para cumprir a
profecia!

E. O Messias deve ser traído pelo preço de


um escravo
Mais de seiscentos anos antes de Jesus ser
crucificado, Zacarias escreveu sobre o preço que um
certo homem receberia por seu salário, trinta peças de
prata, que era o preço de um escravo. Isto irritou o
Senhor, que ordenou que o dinheiro fosse atirado ao
chão do templo. Observe atentamente as palavras de
Zacarias:

Eu lhes disse: “Se vos parece bem, dai-me o meu


salário; e se não, deixai-o. “Pesaram, pois, por meu
salário trinta moedas de prata. Então o Senhor me
disse: “Arroja isso ao oleiro, esse magnífico preço em
que [foste] avaliado por eles.” Tomei as trinta moedas
de prata, e as arrojei ao oleiro na casa do Senhor. (Zc
11.12-13)

O cumprimento desta profecia é tão conhecido


que mesmo aqueles que nada sabem sobre a Bíblia
conhecem a identidade de Judas Iscariotes. Na
verdade, esse nome se tornou tão desprezível que
ninguém o põe em um filho (embora cachorros às
vezes recebam esse nome). Na melhor das hipóteses,
Judas é uma figura trágica dentro da maior das
histórias já contadas. Ele aproveitou a oportunidade
surgida e se deixou dominar pela ganância. Depois de
acompanhar Jesus como um dos discípulos de
confiança (servindo como o tesoureiro do grupo),
voltou as costas ao Salvador e o traiu por “trinta peças
de prata”, exatamente o valor mencionado pelo
profeta. Mas a história ainda não chegou ao fim. Leia o
relato de Mateus, uma das testemunhas oculares:

Ao romper o dia, todos os principais sacerdotes e os


anciãos do povo entraram em conselho contra Jesus,
para o matarem; e, agarrando-o, levaram-no e o
entregaram ao governador Pilatos.

Então Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora


condenado, tocado de remorso, devolveu as trinta
moedas de prata aos principais sacerdotes e aos
anciãos, dizendo: “Pequei, traindo sangue inocente.
“Eles, porém, responderam: “Que nos importa?

Isso é contigo. “Então Judas, atirando para o santuário


as moedas de prata, retirou-se e foi enforcar-se.

E os principais sacerdotes, tomando as moedas,


disseram: “Não é lícito deitá-las no cofre das ofertas,
porque é preço de sangue. “E, tendo deliberado,
compraram com elas o campo do oleiro, para cemitério
de forasteiros. Por isso aquele campo tem sido
chamado até o dia de hoje Campo de Sangue.

Então se cumpriu o que foi dito por intermédio do


profeta Jeremias: “Tomaram as trinta moedas de prata,
preço em que foi estimado aquele a quem alguns dos
filhos de Israel avaliaram; e as deram pelo campo do
oleiro, assim como me ordenou o Senhor.”(Mt 27.1-10)

Procure refletir por um momento em todos os


detalhes proféticos cumpridos nesta trágica vida de
Judas:

A) O Servo especial de Deus devia ser traído


B) Ele seria traído pelo seu próprio povo (“um amigo
íntimo”)
C) O preço da traição deveria ser trinta peças de prata
D) Prata, não ouro, era o câmbio na época
E) As trinta peças de prata deveriam ser
arremessadas, não colocadas
F) Seriam atiradas na casa do Senhor
G) O dinheiro deveria ser usado para comprar um
campo de oleiro

Isto ultrapassa toda a capacidade de crer que


estes sete detalhes, escritos setecentos anos antes,
foram cumpridos apenas “coincidentemente” na morte
de Jesus. Somente Deus conhece o futuro e escreveu-o
com antecedência para que pudéssemos identificar o
Messias quando Ele viesse.
Dois outros fatos são importantes neste evento.
Primeiro, Jesus de Nazaré não podia de modo algum
ter conduzido os acontecimentos; tudo foi planejado
pelos seus inimigos e por seu desleal seguidor, que
conspiraram para matá-lo. Segundo, esses fatos se
cumpriram nas últimas horas de vida de Jesus e,
quando considerados à luz de todas as outras
profecias que estudamos neste capítulo, somente uma
pessoa poderia cumpri-lo: Jesus Cristo. A evidência é
esmagadoramente convincente para qualquer
observador objetivo.

IV. Profecias Sobre a Ressurreição


A fé cristã está apoiada na ressurreição de Cristo.
Sem esse acontecimento sobrenatural — a despeito de
todas as profecias mencionadas anteriormente —
ninguém jamais teria ouvido falar de Jesus de Nazaré.
Se ele não ressuscitasse da morte, seria apenas mais
um de uma longa lista de supostos messias.
Entretanto, se Ele realmente ressuscitou (como será
provado nos capítulos 16 a 18), tudo muda. Este
acontecimento singular — um homem ressurgindo da
morte, provando ser indiscutivelmente o Messias
prometido — também foi predito pelos profetas
hebreus.

28. O Messias devia ressuscitar. Porque a respeito dele diz Davi:


Pois não deixarás a minha alma na "Diante de mim via sempre o
morte, nem permitirás que o teu Senhor, porque está à minha direita,
Santo veja corrupção (Sl 16.10). para que eu não seja abalado. Por
isso se alegrou o meu coração e a
minha língua exultou; além disto
também a minha própria carne
repousará em esperança, porque não
deixarás a minha alma na morte,
nem permitirás que o teu Santo veja
corrupção. Fizeste-me conhecer os
caminhos da vida, encher-me-ás de
alegria na tua presença." Irmãos,
seja-me permitido dizer-vos
claramente, a respeito do patriarca
Davi, que ele morreu e foi sepultado
e o seu túmulo permanece entre
nós até hoje. Sendo, pois, profeta, e
sabendo que Deus lhe havia jurado
que um dos seus descendentes se
assentaria no seu trono; prevendo
isto, referiu- se à ressurreição de
Cristo, que nem foi deixado na morte,
nem o seu corpo experimentou
corrupção. A este Jesus Deus
ressuscitou, do que todos nós
somos testemunhas (At 2.25-32).

Mas Deus remirá a minha alma do Mas o anjo, dirigindo-se às mulheres,


poder da morte, pois ele me tomará disse: "Não temais: porque sei que
para si (Sl 49.15). buscais a Jesus, que foi crucificado.
Ele não está aqui: ressuscitou, como
havia dito. Vinde ver onde ele Jazia..
Ide, pois, depressa, e dizei aos seus
discípulos que ele ressuscitou dos
mortos, e vai adiante de vós para a
Galiléia; ali o vereis. É como vos
digo!" (Mt 28.5-7).

Ele verá o fruto do penoso trabalho de Mas Deus prova o seu próprio amor
sua alma, e ficará satisfeito; o meu para conosco, pelo fato de ter Cristo
Servo, o Justo, com o seu morrido por nós, sendo nós ainda
conhecimento, justificará a muitos, pecadores. Logo, muito mais agora,
porque as iniqüidades deles levará sendo justificados pelo seu sangue,
sobre si (Is 53.11). seremos por ele salvos da ira. ...
sabedores que havendo Cristo
ressuscitado dentre os mortos, já não
morre: a morte já não tem domínio
sobre ele (Rm 5.8-10; 6.9).

Muito antes de se desenrolarem esses


assombrosos acontecimentos, Jesus repetidas vezes
disse a seus discípulos que seria crucificado e que no
terceiro dia ressurgiria dentre os mortos (Veja Mateus
16.21; 17.22-23; 20.18-19; Lucas 9.22; 18.31-33).
Todavia, ou eles não creram em suas palavras ou não
as compreenderam — o que provocou uma reação nos
anjos que apareceram às mulheres diante do túmulo
vazio no domingo da ressurreição. Podemos quase
ouvir a irritação nas vozes desses dois anjos
mensageiros:

“Porque buscais entre os mortos ao que vive? Ele não


está aqui mas ressuscitou. Lembrai-vos de como vos
preveniu, estando ainda na Galiléia, quando disse:
Importa que o Filho do homem seja entregue nas mãos
de pecadores e seja crucificado e ressuscite no terceiro
dia.” “Então se lembraram das suas palavras” (Lc 24.5-
8).

Sem a ressurreição, todas as outras coisas


perderiam o valor. Mas, com a ressurreição... ah, a
história é diferente! Vale a pena aprofundar-nos ainda
mais, o que faremos nos próximos três capítulos.
A Evidência é marcante
Estas vinte e oito profecias foram escolhidas
porque são de tal forma específicas que dificilmente
poderiam ser ignoradas. Mesmo que algum cético
exclua cinco ou seis delas, a evidência representada
pelo número restante é ainda surpreendente.
É impossível ilustrar adequadamente a
probabilidade de uma pessoa comum cumprir todas as
vinte e oito dessas profecias. Alguém sugeriu que, se
tomássemos apenas dez dessas profecias, a
possibilidade de uma pessoa cumprir todas elas seria
como cobrir todo o Texas com uma camada de trinta
centímetros de moedas de prata, depois sobrevoar a
região em um helicóptero e, com os olhos vendados,
pegar a única moeda diferente das demais.
Você diz — “É impossível!” — e eu concordo. É
impossível para qualquer ser humano — que não seja
Jesus — no passado ou no futuro, conseguir cumprir
sequer dez dessas profecias. Portanto, se dez são
impossíveis, tente imaginar como seria inconcebível
que uma pessoa cumprisse as vinte e oito
relacionadas acima, mais as seis sobre sua morte
citadas em Isaías 53, e todas as demais. Não é de
admirar que Jesus tivesse censurado os judeus em
João 5 por não reconhecerem-no como o Messias — a
evidência estava toda ali, nas Escrituras, que eles
afirmavam aceitar e estudar, pois, como Ele disse,
“são elas mesmas que testificam de mim”. Eles não
tinham desculpa.
E o mesmo acontece conosco, se nos recusamos
a aceitar essa esmagadora evidência.
Parte IV: Evidência de Sua
Ressurreição

16. A Ressurreição de Jesus: O Restante


da História

Um famoso pastor estava caminhando pelas ruas


de Los Angeles na semana da Páscoa quando viu um
menino olhando uma vitrine. O garoto estava tomado
de horror e compaixão diante de um quadro clássico
da crucificação de Cristo. Calculando que ele tivesse
uns doze anos de idade, o pastor apontou para o
quadro e perguntou: “Quem É ele?” “Esse foi Jesus
Cristo”, respondeu o menino. “Os líderes religiosos do
seu tempo o crucificaram — mas Ele não tinha feito
qualquer coisa errada. Ele morreu pelos pecados de
todo o mundo.” Em seguida ele narrou emocionado
alguns detalhes da vida e morte de Cristo. Depois que
ele terminou de falar, ambos caminharam em direções
opostas.
Antes que o pastor andasse duas quadras, ele
ouviu o menino chamar por ele e correr em sua
direção: “Ei, senhor, eu me esqueci de dizer o resto da
história. Três dias depois Ele ressuscitou dentre os
mortos!”
Na verdade, a ressurreição corpórea de Jesus, a
doutrina fundamental da igreja, não é apenas “o resto
da história”, mas a melhor parte da história! A
execução de Cristo em si mesma pode ser considerada
uma trágica conduta ilegal da justiça. Entretanto,
quando incluímos a ressurreição, a mensagem da cruz
é transformada em gloriosa vitória. Sem ela, o
cristianismo seria nada mais do que uma religião
fictícia sem mensagem e sem esperança, impotente
para salvar uma alma perdida (e muito menos
oferecer salvação a todo o mundo).
O próprio Napoleão Bonaparte compreendeu seu
significado. A bordo de um navio em direção ao Norte
da África em campanha militar, ele entabulou uma
conversa com um de seus generais enquanto olhavam
os pálidos reflexos da lua nas águas do mar. “General,
o que o senhor vai fazer quando esta guerra terminar
e voltarmos para casa?” O general respondeu:
“Excelência, acho que vou fundar uma nova religião.”
Ao que Napoleão respondeu: “Isso deve ser fácil —
tudo o que o senhor tem a fazer é morrer em uma cruz
e ressuscitar no terceiro dia!”
Napoleão estava certo. Não basta ter um
nascimento virginal, cumprir mais de cem profecias do
Velho Testamento, viver uma vida sem pecado, e
morrer de morte sacrificial e dolorosa, mesmo sendo
totalmente inocente. Para fundar uma religião
diferente de todas as outras religiões, você deve
ressurgir dentre os mortos; isto é o que garante a
autenticidade de todo o resto.

De Simples Mártir a Salvador Divino

A vida e a história de Jesus são incompletas sem a


cruz, pois é esta que o transforma de perfeito mártir
em Salvador do mundo. A ressurreição de Jesus é que
dá poder à cruz e prova a confiabilidade do
cristianismo. E ela também que garante às pessoas o
perdão dos pecados, desfrutar a paz com Deus e ter a
certeza da vida eterna. Sem isto, o cristianismo é uma
fraude, uma farsa ou, na melhor das hipóteses, uma
desilusão.
Este fato não escapou ao apóstolo Paulo, que
colocou a ressurreição como base para toda a sua
doutrina. Ele escreveu:

Ora, se é corrente pregar-se que Cristo ressuscitou


dentre os mortos, como, pois, afirmam alguns dentre
vós que não há ressurreição de mortos? E, se não há
ressurreição de mortos, então Cristo não ressuscitou.
E, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e
vã a nossa fé; e somos tidos por falsas testemunhas de
Deus, porque temos asseverado contra Deus que ele
ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é
certo que os mortos não ressuscitam. Porque, se os
mortos não ressuscitam, também Cristo não
ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa
fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E ainda
mais: os que dormiram em Cristo pereceram. Se a
nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta
vida, somos os mais infelizes de todos os homens. (1
Co 15.12-19)

Em seguida ele acrescenta as palavras mais


importantes: “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os
mortos” (versículo 20).
Esta é toda a verdade! O cristianismo depende
inteiramente da ressurreição, porque ela confirma
todo o restante do grande plano da salvação. Se a
ressurreição pode ser provada, conseqüentemente os
evangelhos que contam a vida de Jesus são exatos.
Podemos então confiar na Bíblia e no “poder da cruz”
enfrentando a morte e a eternidade com confiança.
Mas, se a ressurreição é uma fraude, então não há
esperança! A humanidade continua perdida.
O Dr. Wilbur Smith resume a importância da
ressurreição para o cristianismo, mostrando como ele
depende totalmente deste único acontecimento:

Seja qual for a convicção que se tenha a respeito da


ressurreição de nosso Senhor, todos admitem que se
tal acontecimento for eliminado dos textos do Novo
Testamento, todo o registro se torna extremamente
confuso.

Isto seria não somente negar certas palavras de nosso


Senhor em seus ensinamentos, mas também repudiar
muitas acusações feitas contra Ele por seus inimigos;
seria fazer do final da vida de nosso Senhor uma
simples tragédia. Seria deixar inexplicável e sem razão
a formação de nossa igreja cristã. Seria deixar-nos sem
registros confiáveis das mensagens apostólicas do
primeiro século. Seria fazer da conversão e convicção
do apóstolo Paulo o maior enigma da humanidade.

Sem a ressurreição, não temos idéia de como terminou


a vida de Jesus na terra; não sabemos por que os
apóstolos começaram a pregar; não entendemos como
o apóstolo Paulo foi convencido desse fato; não
sabemos por que aguarda do sábado foi transferida
para o domingo; não sabemos como a igreja cristã se
formou.

Se admitirmos a ressurreição, os temas admiráveis do


Novo Testamento se tornam razoáveis, e as narrativas,
lógicas. Sem a ressurreição não temos nada além de
argumentos e de uma ética sem fundamento. E
permaneceremos os mais miseráveis de todos os
homens. Qualquer que seja a nossa opinião sobre esse
fato, devemos ao menos admitir que ele é parte
intrínseca do Novo Testamento, à espera de nossa
cuidadosa investigação.
Os Céticos Compreendem a Importância da
ressurreição

No começo deste século, um dos mais destacados


racionalistas do mundo escreveu um livro sobre Jesus,
incluído na famosa série História da Civilização,
publicada em inglês em 1935. O Dr. Charles
Guignebert foi professor de História do cristianismo na
Sorbonne (considerada pelo Dr. Wilbur Smith “a escola
mais importante de toda a França”), e também
membro da “Associação da Imprensa Racionalista da
Grã-Bretanha”, que incluía John Dewey, Julian Huxley,
Bertrand Russell e H. G. Wells. Ninguém ali era
defensor do cristianismo!
Guignebert rejeitava totalmente a idéia da
ressurreição de Cristo, e também todos os milagres do
Novo Testamento. Mas no final de seu livro ele sentiu-
se forçado a fazer a seguinte confissão:

Não haveria cristianismo se a crença na ressurreição


não tivesse sido estabelecida e sistematizada... toda a
soteriologia (doutrina da salvação) assim como as
doutrinas essenciais do cristianismo repousam sobre a
crença na ressurreição. Na primeira página de qualquer
comentário sobre esse dogma cristão poderia ser
usado como lema a declaração de Paulo: “E, se Cristo
não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a vossa
fé...” (1 Co 15.14). Do ponto de vista estritamente
histórico, a importância da crença na ressurreição não
é provavelmente menor... Através dessa crença, a fé
em Jesus e em sua missão tornou-se o elemento
fundamental de uma nova religião que, depois de
separar-se do judaísmo, tornou-se seu ferrenho
opositor e partiu para conquistar o mundo.

David Strauss foi outro cético feroz que admitiu


ser a ressurreição a “pedra de toque não somente da
vida de Jesus, mas do próprio cristianismo, sendo
decisiva para a compreensão total do cristianismo”.
Qualquer pessoa que conheça um pouco do
cristianismo sabe que ele depende da aceitação da
ressurreição como um fato verdadeiro. Se os céticos,
racionalistas e ateus pudessem destruir a crença na
ressurreição, poderiam destruir o cristianismo. Eis por
que tantos “estudiosos” racionalistas se dispuseram a
atacá-la. Entretanto, seus ataques geralmente provam
ser uma bênção para aqueles que buscam a verdade,
pois forçam os pensadores cristãos a responder aos
seus argumentos e obter provas de que Jesus
certamente ressuscitou dentre os mortos.
Um dos maiores dilemas dos céticos é a
necessidade de explicar o cristianismo negando a
divindade e a ressurreição de Jesus. Simplesmente não
há como apresentar o argumento de que um simples
carpinteiro judeu surgiu em cena há dois mil anos e
acendeu a chama espiritual que transformou as vidas
de bilhões de pessoas, sem o toque sobrenatural tanto
de sua vida como de sua ressurreição. Até aqui, suas
tentativas são tão patéticas que é mais difícil aceitar
suas sugestões do que a história real.
Um estudioso da Bíblia que escreveu um livro em
resposta às conclusões do Seminário Jesus viu-se
diante deste dilema:

Mesmo o crítico mais cético deve demonstrar que


algum misterioso X promove a ação. Mas que X é este?
A pessoa, a vida, a morte e a ressurreição do corpo
fazem com que X não somente faça o cristianismo
avançar, mas o mantém vivo por dois mil anos. A
ressurreição de Jesus é, portanto, a explicação mais
plausível para a origem do cristianismo.
Eu acrescentaria ainda que é a única explicação
— e digna de toda confiança.

A Evidência É Esmagadora

A evidenciada ressurreição de Cristo tem um


poder esmagador. Não temos de “apenas crer”.
Podemos olhar para esta importante doutrina através
dos olhos da Escritura, da razão e da lógica, e ainda
assim concluir que Jesus de Nazaré, uma conhecida
figura da história, não somente morreu na cruz, mas
também ressuscitou, provando ser Ele
indubitavelmente o Messias e Salvador do mundo.
Esta evidência é tão forte que estou convencido
de que, a menos que você simplesmente “não queira
crer” (seguindo o exemplo de alguns dos judeus da
época de Jesus) ou tenha preconceito contra Ele (como
os racionalistas, céticos e ateus), você aceitará o fato
de que Jesus Cristo realmente ressuscitou. Depois de
muitos anos de pesquisa, fiquei convencido de que a
evidência é tão conclusiva que somente um
preconceito arraigado, um espírito rebelde ou falta de
conhecimento da verdade impedem que homens e
mulheres creiam.
Aqueles que querem destruir nossa fé na
ressurreição estão diante de problemas insuperáveis.
Primeiro, não podem contradizer a esmagadora
evidência em favor da ressurreição. Segundo, não
podem explicar a existência do cristianismo ou a
permanência da mensagem de Cristo até hoje sem
ela.
A ironia é que muitas dessas “objeções clássicas”
(que vamos examinar nos dois capítulos seguintes)
são facilmente contestadas, enquanto que as
alternativas que oferecem são comparativamente
ridículas. Os céticos ainda precisam provar suas
teorias, pois nenhuma até agora conseguiu explicar a
força e o poder do cristianismo, que continua
avançando quase dois mil anos depois de sua
fundação.

O Corpo Ressurreto de Cristo, Realmente de


Carne e Osso

É preciso esclarecer que quando falamos sobre o


Cristo ressurreto, temos em mente um corpo real.
Alguns céticos, incapazes de contradizer a
ressurreição, alegam que se tratou apenas de uma
“ressurreição espiritual”. Ou, como um pastor
bastante liberal me disse (tirando a idéia dos céticos
racionalistas): “É claro que creio na ressurreição de
Cristo! Eu creio que Ele ressurgiu em espírito.” Isto
não é apenas falso, é uma blasfêmia!
Jesus ressuscitou fisicamente, como prometera.
Uma ressurreição espiritual não teria deixado ninguém
impressionado. Um espírito não pode andar, falar e
comer como Jesus fez com os dois discípulos na
estrada de Emaús. Nem dizer ao incrédulo Tome: “Põe
aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também
a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas incrédulo,
mas crente” (João 20.27). Não sabemos se Tome tocou
o corpo de Cristo, mas você pode estar seguro de que
um Jesus “em espírito” não o teria inspirado a crer
instantaneamente; mas um Cristo fisicamente
ressurreto teria. E certamente foi este encontro com o
Cristo de carne e osso que inspirou Tomé a ir
diretamente à Índia para pregar o evangelho de seu
Senhor ressurreto e mais tarde se transformar em um
mártir. Nenhum Cristo em espírito teria inspirado tal
motivação ou sacrifício.
Foi um Cristo fisicamente ressurreto que preparou
o peixe para os discípulos, comendo com eles.
Somente um Cristo fisicamente ressurreto podia dizer
aos seus desconfiados discípulos: “Por que estais
perturbados? e por que sobem dúvidas aos vossos
corações? Vede as minhas mãos e os meus pés, que
sou eu mesmo: apalpai-me e verificai, porque um
espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu
tenho” (Lucas 24.38-39). Como o Dr. Smith
sabiamente escreveu:

Não é possível existir uma “ressurreição em espírito “


Ressurreição significa ser levantado novamente. O
espírito nunca tem de ser levantado outra vez da
sepultura, porque ele nunca entra na sepultura; um
espírito não conhece a ressurreição dentre os mortos,
porque um espírito nunca morre! O Novo Testamento
insiste continuamente que um CORPO foi colocado no
sepulcro, portanto foi um corpo que saiu do sepulcro...
é um absoluto contra-senso crer em uma ressurreição
ESPIRITUAL de Cristo. Não existe tal coisa. Se fosse
um espírito que tivesse ressuscitado, não haveria
qualquer sentido em insistir no terceiro dia. Um espírito
pode manifestar-se a qualquer momento após a morte.

Que Espécie de Corpo Era o Dele?

O corpo ressurreto de Cristo era, certamente,


diferente do que Ele possuía antes de morrer. O
anterior era um corpo humano comum, de sorte que
Ele “provasse a morte por todo homem” (Hebreus
2.9). O corpo após a ressurreição era obviamente
diverso, pois apresentava características distintas;
mas era ainda um corpo físico. Antes da crucificação
não temos nenhuma referência sobre sua capacidade
de atravessar portas fechadas ou paredes para ir de
um lugar a outro. Depois da ressurreição, contudo, Ele
podia fazer essas coisas. Embora seu corpo ressurreto
fosse capaz de “manejar” e “tocar”, era sobrenatural o
bastante para não se sujeitar às limitações de tempo
ou espaço. Era semelhante ao corpo que todos os
cristãos terão na ressurreição, como o apóstolo Paulo
escreveu:

Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? e em


que corpo vêm? Insensatos! o que semeias não nasce,
se primeiro não morrer; e quando semeias, não
semeias o corpo que há de ser, mas o simples grão,
como de trigo, ou de qualquer outra semente. Mas
Deus lhe dá corpo como lhe aprouve dar, e a cada uma
das sementes o seu corpo apropriado.

Nem toda carne é a mesma; porém uma é a carne dos


homens, outra a dos animais, outra a das aves e outra
a dos peixes. Também há corpos celestiais e corpos
terrestres; e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais
e outra a dos terrestres... Pois assim também é a
ressurreição dos mortos. Semeia-se o corpo na
corrupção, ressuscita na incorrupção...

Isto afirmo, irmãos, que carne e sangue não podem


herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdara
incorrupção. Eis que vos digo um mistério: Nem todos
dormiremos, mas transformados seremos todos, em um
momento, em um abrir e fechar de olhos, ao ressoar da
última trombeta. A trombeta soará, os mortos
ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos
transformados. Porque é necessário que este corpo
corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o
corpo mortal se revista da imortalidade. E quando este
corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o
que é mortal se revestir de imortalidade, então se
cumprirá a palavra que está escrita “Tragada foi a
morte pela vitória.” (1 Co 15.35-40,42,50-54)
O corpo do Cristo crucificado foi sepultado no
túmulo novo de José de Arimatéia, cumprindo a
profecia do Velho Testamento. Ele ressuscitou no
terceiro dia em um “corpo incorruptível” que era
sobrenaturalmente físico. É por isso que os discípulos
podiam falar, caminhar e comer com Ele. E foi por
aquele Cristo ressurreto que todos eles deram suas
vidas.

O Último Sinal de Sua Divindade

No transcurso de sua vida na terra Jesus foi


importunado por indivíduos que diziam: “Mestre,
queremos ver um dos teus sinais.” Jesus tinha
realizado muitos sinais e milagres, mas, no decorrer
desses três anos, eles ficaram condicionados pelos
seus milagres; esperavam por eles e se baseavam
neles para crer em seu poder divino. Não admira que
Ele os tenha acusado de “geração adúltera e
perversa” por pedirem um “sinal” incontestável para
que se apagassem de uma vez por todas as dúvidas
sobre sua verdadeira identidade.
Depois de repreender o ceticismo dessas pessoas,
Ele lhes respondeu: “Uma geração má e adúltera pede
um sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão o do
profeta Jonas. Porque, assim como esteve Jonas três
dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o
Filho do Homem estará três dias e três noites no
coração da terra” (Mateus 12.39-40). Jesus escolheu
aqui um dos milagres mais incríveis do Velho
Testamento, bem conhecido dos seus ouvintes. Todos
conheciam a história de Jonas, o profeta rebelde que
foi engolido por um grande monstro marinho e
vomitado à beira-mar depois de três dias. O fato de
um peixe gigantesco engolir um homem não era
propriamente um milagre; isto tem acontecido várias
vezes ao longo da história. O milagre está no fato de o
profeta ter sobrevivido no interior do monstro. De
certo modo, Jonas foi ressuscitado para cumprir a
missão que Deus tinha dado a ele. Jesus usou uma
verdade conhecida (a experiência de Jonas) para
ilustrar um acontecimento futuro (que Ele seria
sepultado e ressurgiria no terceiro dia), de maneira
que quando isso acontecesse, eles se lembrassem de
suas palavras.
A ressurreição não é apenas o maior de todos os
sinais da divindade de Jesus; é o último sinal de sua
vida na terra, suficiente para convencer-nos de que
Jesus é verdadeiramente o Filho de Deus. Se Jesus não
tivesse ressuscitado corporalmente, esta seria uma
profecia falsa. Somente a ressurreição de Jesus,
mencionada em todos os evangelhos, pode resolver
este dilema. O apóstolo Paulo reconheceu a
importância da ressurreição corpórea de Jesus ao
escrever:

Com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio


da descendência de Davi, e foi designado Filho de
Deus com poder, segundo o espírito de santidade, pela
ressurreição dos mortos, a saber, Jesus Cristo, nosso
Senhor. (Rm 1.3,4)

Esse acontecimento foi tão poderoso que constitui


o próprio fundamento do evangelho e a essência da fé
salvadora.

Antes de tudo vos entreguei o que também recebi; que


Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as
Escrituras, e que foi sepultado, e ressuscitou ao
terceiro dia, segundo as Escrituras. (1 Co 15.3-4)
A morte, sepultamento e ressurreição de Cristo
são essenciais ao evangelho. Através da crença e da
confissão desses fatos é que obtemos a salvação: “Se
com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e
em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre
os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê
para justiça, e com a boca se confessa a respeito da
salvação” (Romanos 10.9-10).
Podemos dizer que o mínimo necessário para
tornar-se um verdadeiro cristão é crer na “morte de
Cristo pelos nossos pecados, no sepultamento de seu
corpo em um sepulcro, e em sua ressurreição
corpórea. O apóstolo Paulo também considerou essa
crença fundamental para sermos incluídos na segunda
vinda de Cristo, quando Ele vier para sua igreja —
‘Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim
também Deus, mediante Jesus, trará juntamente em
sua companhia os que dormem [os que morrerem em
Cristo]’” (1 Tessalonicenses 4.14). A salvação não
exige que a pessoa obedeça ou creia nas tradições da
igreja, ou mesmo nos milagres de Jesus (importantes
como são). Mas é preciso, sim, que creiamos na
ressurreição. Podemos afirmar com toda certeza que
nenhuma pessoa que se recusa a crer na ressurreição
de Cristo pode ser salva.

A Importância da ressurreição

É praticamente impossível exagerar a importância


da ressurreição de Jesus Cristo. Vamos examinar a
seguir algumas das razões para isso.
1. Ela cumpre as profecias sobre Jesus
O Velho Testamento ensina que, se um profeta
anunciasse uma profecia que não se realizasse, ele
seria considerado um falso profeta, devendo ser
apedrejado até. (Veja Deuteronômio 18.20-22) (É uma
tranqüilidade para os profetas de hoje que essa
prática não mais se aplique.) Jesus mencionou tantas
vezes durante seu ministério que iria ressuscitar, que
seria um grande impostor se isso não acontecesse,
como prometera, três dias após seu sepultamento.
Observe cuidadosamente as seguintes previsões feitas
por Jesus de que ressuscitaria:

A. Porque assim como esteve Jonas três dias e três


noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do
Homem estará três dias e três noites no coração da
terra. Mateus 12.40

B. Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do


Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos
escribas. Eles o condenarão à morte. E o entregarão
aos gentios para ser escarneci do, açoitado e
crucificado; mas ao terceiro dia ressurgirá Mateus
20.18-19

C. É necessário que o Filho do Homem sofra muitas


coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais
sacerdotes e pelos escribas; seja morto e no terceiro
dia ressuscite. Lucas 9.22

D. Por isso o Pai me ama, porque eu dou a minha vida


para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo
contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho
autoridade para a entregar e também para reavê-la.
Este mandato recebi de meu Pai. João 10.17-18

E. “Destruí este santuário, e em três dias o


reconstruirei. Replicaram os judeus: “Em quarenta e
seis anos foi edificado este santuário, e tu, em três
dias, o levantarás?”Ele, porém, se referia ao santuário
do seu corpo. Quando, pois, Jesus ressuscitou dentre
os mortos, lembraram-se os seus discípulos de que ele
dissera isto; e creram na Escritura e na palavra de
Jesus. João 2.19-22

F. Então advertiu os discípulos de que a ninguém


dissessem ser ele o Cristo. Desde esse tempo,
começou Jesus Cristo a mostrara seus discípulos que
lhe era necessário seguir para Jerusalém e sofrer
muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e
dos escribas, ser morto, e ressuscitado no terceiro dia.
Mateus 16.20-21

G. Mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de


vós para a Galiléia. Mateus 26.32

Estas sete profecias deixam claro que Jesus não


ressuscitou no último minuto, para escapar de uma
situação difícil; este era o seu plano desde o início. Na
verdade, Ele fez desse acontecimento a prova número
um de sua identidade divina. Não foi a crucificação
que abriu os olhos dos discípulos, foi sua ressurreição.
Estas profecias feitas por Jesus sobre sua morte e
ressurreição iminentes oferecem uma prova
convincente de que Ele não era um falso profeta. Até o
anjo reconheceu isto quando, no domingo da
ressurreição, encontrou as mulheres que retornavam
do sepulcro aonde tinham ido para embalsamar o
corpo de Jesus: “Ele não está aqui: ressuscitou, como
havia dito”
A ressurreição é um acontecimento amplamente
comprovado na vida de Cristo, sendo essencial para
explicar a existência do cristianismo hoje. Jesus não
somente ressuscitou; Ele fez exatamente “como havia
dito”.

2. O Velho Testamento prenunciou que o


Messias se levantaria dentre os mortos
Muitas profecias do Velho Testamento relativas ao
sofrimento do Messias-Salvador também falam sobre o
que aconteceria com Ele no futuro (p.ex., Isaías 53).
Estes textos não mencionam expressamente a
ressurreição, mas sem ela não seria possível o
cumprimento das ocorrências futuras que
predisseram. Um dos salmos de Davi trata deste
importante acontecimento:

“Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu espírito


exulta; até o meu corpo repousará seguro. Pois não
deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o
teu Santo veja corrupção” (Salmo 16.9-10).

A quem se refere esta profecia? Em vista do seu


passado adúltero, dificilmente Davi se referiria a si
mesmo como “teu Santo”. Ele devia ter em mente por
certo alguém muito superior a si mesmo.
Pedro esclareceu-nos sobre essa passagem
quando citou-a em seu vigoroso sermão no dia de
Pentecoste, inspirado pelo Espírito Santo. Ele disse
claramente que Davi não estava falando de si mesmo,
mas de Jesus, a quem “Deus ressuscitou, do que todos
nós somos testemunhas” (Atos 2.32). Pedro disse aos
seus ouvintes judeus que eles tinham crucificado o
Messias, mas eles podiam ter esperança, pois Deus
havia ressuscitado seu Filho dentre os mortos. Então,
“Ouvindo eles estas coisas, compungiu-se-lhes o
coração e perguntaram a Pedro e aos demais
apóstolos: ‘Que faremos, irmãos?”‘ O apóstolo
explicou que eles deveriam arrepender-se
individualmente “e cada um de vós seja batizado em
nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos
pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos
2.38). Três mil almas aceitaram esta oferta de
salvação e foram acrescentadas à igreja naquele dia.
A mensagem central de Pedro foi que Jesus, o
Messias, tinha sido crucificado pelos pecados de todos
eles, de acordo com os profetas do Velho Testamento,
mas que “Deus o ressuscitou dentre os mortos”.
Novamente somos confrontados com a importância da
ressurreição, pois ela não somente cumpre a profecia
do Velho Testamento, mas representa o próprio
fundamento do evangelho e da igreja.

3. A ressurreição de Jesus era a mensagem


central do evangelho pregado pela igreja
primitiva e continua sendo a doutrina
fundamental da Bíblia para a igreja atual
Os membros da igreja primitiva acreditavam que
seu principal objetivo era proclamar a ressurreição do
Salvador. Atos 1 relata que, depois que o traidor Judas
Iscariotes se enforcou, aqueles primeiros cristãos
foram guiados pelo Espírito Santo para escolher
alguém para substituí-lo. O escolhido deveria ser
alguém que acompanhou o ministério de Jesus e
testemunhou sua ressurreição. Observe que a
Escritura nos diz quais são os requisitos para o
substituto de Judas: “E necessário, pois, que, dos
homens que nos acompanharam todo o tempo que o
Senhor Jesus andou entre nós, começando no batismo
de João, até o dia em que dentre nós foi elevado às
alturas, um destes se torne testemunha conosco da
sua ressurreição” (Atos 1.21-22). Os candidatos
deveriam ter um conhecimento pessoal da vida de
Jesus, de seus ensinos, ministério e ressurreição.
Pedro considerava que o testemunho da ressurreição
era a mais importante tarefa da igreja primitiva.
O segundo sermão de Pedro depois do dia de
Pentecoste é tão instrutivo como o primeiro. A
caminho do templo para orar, Pedro e João curaram
um aleijado em nome do Jesus Cristo ressurreto.
Pedro, aproveitando a oportunidade de falar à grande
multidão que acorreu para constatar o milagre,
lembrou-lhes que Moisés tinha predito que Deus
enviaria um profeta como ele, Moisés, e que Jesus
tinha sido esse profeta — mas eles o crucificaram. Ele
concluiu dizendo: “Tendo Deus ressuscitado ao seu
Servo, enviou-o primeiramente a vós outros para vos
abençoar, no sentido de que cada um se aparte das
suas perversidades” (Atos 3.26). Novamente a
ressurreição é o ponto central de sua mensagem.
Este fato não sensibilizou os líderes religiosos.
Eles odiavam os discípulos por pregarem a
ressurreição de Cristo. Atos 4 nos diz que o sumo
sacerdote e outros líderes religiosos reuniram os
discípulos e perguntaram: “Com que poder, ou em
nome de quem fizestes isto?” Ao que Pedro
respondeu: “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a
quem vós crucificastes, e a quem Deus ressuscitou
dentre os mortos.” E em seguida o identificou como “a
pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se
tornou a pedra angular... e não há salvação em
nenhum outro” (Atos 4.7-12).
E assim ocorre em todo o livro de Atos. Quer se
refira à primeira viagem missionária de Paulo e
Barnabé, ou à segunda viagem de Paulo e Silas, o
tema é sempre o mesmo: a ressurreição de Jesus
Cristo, o ponto central de toda pregação. Mais tarde,
pregando no Areópago em Atenas, na Grécia — o
centro da cultura secular na época —, Paulo também
anunciou a ressurreição de Jesus.
É interessante que os atenienses, precursores dos
raciona-listas do século dezessete, zombaram de Paulo
quando ele mencionou a ressurreição. Não porque ela
não fosse verdadeira, nem tampouco porque tinham
constatado sua evidência. Eles rejeitaram a
ressurreição por causa de seu preconceito em aceitar
a existência de um Deus pessoal que realizasse
milagres. E a ressurreição é certamente um milagre!
Uma coisa é certa: a ressurreição corpórea de
Jesus era a mensagem central da igreja do primeiro
século. Ela foi também o que deu alento aos corações
dos crentes durante os dois primeiros séculos, mesmo
depois da morte das testemunhas oculares. O
resultado? O cristianismo tornou-se a religião
predominante no império romano em 312 d.C. A
crença na ressurreição permaneceu tanto no ramo
oriental como no ocidental da igreja a partir de então.
Ela foi a doutrina essencial dos reformadores
protestantes e é a mensagem central das igrejas que
hoje pregam a Bíblia.
Atualmente, a ocorrência de um fenômeno
incomum ilustra o poder da ressurreição. Durante as
cinco últimas décadas, apesar do avanço da filosofia
humanista em nossas escolas e universidades, temos
assistido a um crescimento inacreditável das igrejas,
tanto em tamanho como em número. Há cinqüenta
anos, uma igreja com mil membros era considerada
enorme. Hoje muitas igrejas possuem três, dez e até
mesmo vinte mil membros. E isto não se limita a uma
única denominação. As super-igrejas existem entre
batistas, presbiterianos, luteranos, metodistas,
independentes, carismáticos, e outros. O que elas têm
em comum? Uma crença intensa na ressurreição física
de Jesus Cristo, exatamente como os nossos
antepassados de dois mil anos atrás, começando pelas
testemunhas oculares do Cristo ressurreto.
Céticos e descrentes são confrontados pelo
grande número de testemunhas, favoráveis ou não, do
fato histórico da ressurreição de Jesus, além de todas
aquelas pessoas que morreram por acreditarem na
mensagem dos evangelhos. Se a consistência do
testemunho significa alguma coisa, toda a evidência
favorece a crença na ressurreição.

4. Todas as principais doutrinas da fé cristã


dependem da ressurreição corpórea de Jesus
Se fosse possível remover da fé cristã a pedra
fundamental da ressurreição, toda a igreja afundaria
na areia movediça do esquecimento, pois as doutrinas
cristãs básicas dependem da ressurreição. Não temos
tempo nem espaço para examinar todas elas, mas
usaremos a seguir seis importantes doutrinas como
exemplo.

A. A salvação pela fé depende da


ressurreição
Em 1 Coríntios 15.3-4, o apóstolo Paulo baseou a
mensagem do evangelho no fato da ressurreição. No
versículo 14 ele diz que “se Cristo não ressuscitou, é
vã [fútil] a nossa pregação”. No versículo 17 ele
afirma: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa
fé.. .e ainda permaneceis nos vossos pecados!1’
(ênfase do autor).

B. A doutrina que diz que temos um


advogado, um intercessor diante do Pai, dia e
noite, depende da ressurreição

Ora, aqueles são feitos sacerdotes em maior número,


porque são impedidos pela morte de continuar; este, no
entanto, porque continua para sempre, tem o seu
sacerdócio imutável Por isso também pode salvar
totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo
sempre para interceder por eles. Com efeito nos
convinha um sumo sacerdote, assim como este, santo,
inculpável, sem mácula, separado dos pecadores,
efeito mais alto do que os céus, que não tem
necessidade, como os sumos sacerdotes, de oferecer
todos os dias sacrifícios, primeiro por seus próprios
pecados, depois pelos do povo; porque fez isto uma
vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu. (Hb
7.23-27)

Filhinhos meus, estas coisas vos escrevo para que não


pequeis. Se, todavia, alguém pecar, temos Advogado
junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo; e ele é a propiciação
pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos
próprios, mas ainda pelos do mundo inteiro, (1 Jo 2.1-2)
Os cristãos não são perfeitos. Mesmo depois de
salvos pela fé pecamos ocasionalmente. Em tais
circunstâncias precisamos de um intercessor ou
advogado que se coloque diante de Deus em nosso
lugar. A razão de termos alguém operando em nosso
favor é que Ele é o “Cristo vivo” — e isto só se tornou
possível por meio da ressurreição.

C. Nossa justificação perante Deus e o gozo


da “paz com Deus” são dependentes da
ressurreição
O apóstolo Paulo usou Abraão como exemplo de
fé. Por causa da fé do patriarca, o Senhor lhe atribuiu
a “justiça de Deus”, “e não somente por causa dele...
mas também por nossa causa”. Esta justiça também
será imputada [atribuída] “a nós que cremos naquele
que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso
Senhor, o qual foi entregue por causa das nossas
transgressões, e ressuscitou por causa da nossa
justificação. Justificados, pois, mediante a fé, temos
paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo”
(Romanos 4.24-5.1).
A necessidade de “justificação perante Deus”
para prover-nos a “justiça de Deus”, que produz a
“paz com Deus” que todo crente tanto deseja, baseia-
se no fato de que Deus “ressuscitou dentre os mortos
a Jesus Cristo nosso Senhor” (Romanos 4.24). Paulo
deixou muito claro que estas preciosas doutrinas são
dependentes da ressurreição corpórea de Jesus.
D. A promessa da segunda vinda é predita
com base na ressurreição.
Leia esses dois versículos sobre a segunda vinda:

Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também


aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual
transformará o nosso corpo de humilhação, para ser
igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do
poder que ele tem de até subordinar a si todas as
coisas. (Fp 3.20-21)

Observe que é o Cristo vivo quem vai retornar


para sua igreja. Um Cristo morto, cujo corpo
repousasse em alguma sepultura escondida em
Jerusalém ou perto dali, não salvaria ninguém. Ele
seria impotente para voltar da glória e nos levar para
estarmos com Ele “na casa de meu Pai”. Mas, e um
Cristo ressurreto? Bem, isso é outra coisa!
Considerando que Ele vive para sempre, Ele é mais do
que capaz de retornar e levar-nos consigo.

E. O julgamento final depende da


ressurreição
Em seu grande sermão no Areópago, Paulo ligou
intencionalmente o julgamento à ressurreição. Agora
Deus “notifica aos homens que todos em toda parte se
arrependam; porquanto estabeleceu um dia em que
há de julgar o mundo com justiça por meio de um
varão que destinou e acreditou diante de todos,
ressuscitando-o dentre os mortos” (Atos 17.30-31).
A ressurreição de Cristo garante o julgamento
futuro para todos os homens. Creio que é este fato
que leva muitos céticos a tentar destruir a crença na
ressurreição. Eles geralmente parecem impelidos mais
pelo medo do que pelas evidências. Francamente, não
os censuro. A realidade de enfrentar o Cristo vivo no
dia do julgamento — sabendo que você recusou-se a
acreditar em sua ressurreição — deixaria em pânico
qualquer pessoa normal.

E A “bendita esperança” da igreja de que


Cristo nos ressuscitará e também a nossos entes
queridos depende da ressurreição física dele
Se Cristo não ressuscitou, não somente nossa fé é
em vão, mas “os que dormiram em Cristo pereceram”
(1 Coríntios 15.18). Quando o evangelista Billy Graham
pregou no funeral do ex-presidente Richard Nixon para
uma platéia de mais de 250 milhões de pessoas que o
assistiam através de uma rede internacional de
televisão, ele citou “a bendita esperança” da fé cristã
mencionada nesta passagem da Escritura. Por quê?
Por que ele não citou algum poeta, filósofo ou místico
da moda? Porque ele sabia que eles nada têm a
oferecer sobre a vida após o túmulo. A verdadeira
razão de Billy Graham ter usado este texto é que ele
representa a única esperança do mundo com respeito
à vida depois da morte.
Em meus trinta e três anos de ministério dirigi
centenas de funerais. Em todos eles usei esta
promessa e outras similares na Bíblia sobre a
ressurreição final do corpo. Por quê? Porque ela é
verdadeira, porque ela está baseada na ressurreição
de Jesus! Não existe alternativa para isso. Nada sequer
se aproxima disto.
Há alguns anos participei de um debate com um
famoso professor de filosofia da Universidade da
Califórnia - Los Angeles, que era também membro da
American Humanist Association. O debate aconteceu
em uma das convenções anuais daquele grupo.
Durante o intervalo, esse professor disse-me que sua
maior alegria era conseguir mudar as convicções dos
estudantes em suas aulas. Ele se orgulhava ao contar
a respeito de um jovem que se matriculou na UCLA
com a intenção de ir para o Seminário Teológico de
Dallas a fim de se preparar para o ministério. O
professor atacou tanto as crenças bíblicas daquele
estudante que ele acabou mudando de idéia. Quando
me preparava para o debate, li um artigo assinado por
esse professor na revista Humanist, em que
comentava sobre a morte prematura de seu neto.
Honestamente, fiquei pesaroso ao perceber a falta de
esperança daquele homem ao relatar que, ao lado do
berço da criança morta, dizia: “Meu filho, você viverá
tanto quanto eu viver, porque você viverá em minha
mente.” Ali estava um homem brilhante, autor de
vários livros, que no momento da morte não tinha
nenhuma palavra de esperança para sua família, além
da lembrança do neto até que ele próprio morresse.
Isso é esperança? Não, isso é tragédia! Ninguém
usa palavras como essas em um funeral, onde as
pessoas presentes precisam desesperadamente de
esperança. Mas para os humanistas, céticos ou “ateus
esclarecidos” não há esperança além desta vida. Meu
amigo humanista que proferiu essas palavras tão
trágicas não podia dizer nada melhor. Porque o
Manifesto Humanista que ele havia assinado diz
claramente que “quando você está morto, você está
morto”.
Fico feliz ao afirmar que a fé cristã continua
defendendo o princípio de que “porque Ele vive, vós
vivereis”. O poder da ressurreição futura não depende
de nós, ele depende totalmente de Deus. Paulo deixou
isto claro quando escreveu: “Se habita em vós o
Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os
mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus
dentre os mortos, vivificará também os vossos corpos
mortais, por meio do seu Espírito que em vós habita”
(Romanos 8.11). A ressurreição de nossos corpos
humanos não depende de nós, ela é inteiramente
dependente de Deus. E podemos ter plena certeza de
que isso irá acontecer, porque Ele ressuscitou seu
Filho unigênito dentre os mortos.

5. Os rituais da Ceia do Senhor e do batismo


são baseadas na ressurreição
Muitas igrejas evangélicas têm somente dois
rituais: o batismo (que se realiza uma vez) e a Ceia do
Senhor (que é observada periodicamente). Ambos
dependem da ressurreição.
O próprio Cristo instituiu a Ceia do Senhor, que
nos lembra a morte com a qual Ele nos salvou dos
nossos pecados. Quando o Espírito de Deus inspirou o
apóstolo Paulo a instruir a igreja de Corinto sobre o
propósito da comunhão, ele escreveu: “Porque todas
as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice,
anunciais [testificais] a morte do Senhor, até que ele
venha” (1 Coríntios 11.26).
Obviamente, sua vinda, que testificamos na ceia,
depende da ressurreição. Sem ressurreição não há
comunhão.
O outro ritual, o batismo, é intimamente ligado à
ressurreição. Ele também é um testemunho de nossa
crença na morte, sepultamento e ressurreição de
nosso Salvador. Paulo de novo instrui a igreja:

Ou, porventura, ignorais que todos os que fomos


batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na sua
morte? Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo
batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre
os mortos pela glória do Pai, assim também andemos
nós em novidade de vida. Porque, se fomos unidos
com ele na semelhança da sua morte, certamente o
seremos também na semelhança da sua ressurreição;
sabendo isto, que foi crucificado com ele o nosso velho
homem, para que o corpo do pecado seja destruído, e
não sirvamos o pecado como escravos... Ora, seja
morremos com Cristo, cremos que também com ele
viveremos; sabedores que havendo Cristo ressuscitado
dentre os mortos, já não morre: a morte já não tem
domínio sobre ele. (Rm 6.3-6, 8-9)

O batismo, naturalmente, não salva o crente, mas


o identifica publicamente com a morte, sepultamento
e ressurreição de Cristo. Como o apóstolo disse à
igreja de Colossos, somos “sepultados juntamente
com ele no batismo, no qual igualmente fostes
ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o
ressuscitou dentre os mortos” (Colossenses 2.12).
A ressurreição celebrada nesses rituais é que dá
aos cristãos a certeza de dormir em paz cada noite,
sabendo que seus pecados estão perdoados e sua
ressurreição está garantida, pois seu advogado é Jesus
Cristo, com quem viverão para sempre quando Ele
retornar. O que poderia ser mais importante para o
crente e para a igreja?

Meio Evangelho Não É Evangelho

D. L. Moody, o grande evangelista do século


dezenove e fundador do Instituto Bíblico Moody (uma
das mais antigas e fiéis escolas de preparação cristã
nos Estados Unidos), designou alguns estudantes que
se preparavam para o ministério, para dirigir reuniões
evangelísticas por toda a cidade de Chicago. Os
estudantes foram pregar sermões à noite como um
meio de ganhar almas para Cristo e praticar suas
pregações. Certa noite o Dr. Moody apareceu sem se
anunciar em uma das reuniões para ouvir um de seus
jovens pastores estreantes pregar o evangelho. O
jovem pregador saiu-se bastante bem ao falar sobre a
morte de Cristo na cruz pelos pecados do mundo. No
final do sermão, ele anunciou que todos deveriam
retornar ao local na noite seguinte, quando, então, ele
“pregaria sobre a ressurreição de Cristo”.
Depois da saída dos ouvintes, Moody disse:
“Jovem, você não voltará amanhã à noite! Não foi o
evangelho que você pregou esta noite, mas apenas a
metade dele. Muitas destas pessoas não voltarão
amanhã à noite e conseqüentemente ouviram
somente metade do evangelho!” Então ele definiu o
evangelho nas palavras de Paulo: “que Cristo morreu
pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi
sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as
Escrituras” (1 Coríntios 15.3-4).
As igrejas que deixam a ressurreição fora de sua
mensagem não pregam o evangelho. A ressurreição
de nosso Senhor não é uma doutrina ocasional que
pode ser apresentada durante a Páscoa, e depois
esquecida pelo resto do ano. Ela deve sempre ser a
mensagem da igreja, porque ela é a única esperança
para este mundo assolado pelo pecado.
17. A Ressurreição de Jesus Pode Ser
Provada?

Josh McDowell é atualmente um dos mais


capacitados defensores da fé cristã, particularmente
no que diz respeito à ressurreição física de Jesus de
Nazaré. Josh, porém, não foi sempre um cristão; na
verdade, enquanto freqüentava a faculdade, ele era
um cético que se divertia fazendo de tolo qualquer
cristão que ousasse fazer perguntas “erradas” na sala
de aula. Ele foi um aluno brilhante, terminando seus
estudos com todas as honras.
Josh nasceu para ser um debatedor, um
polemista, e graças ao ceticismo que predominou em
sua formação e preparação, ele não resistia ao desafio
lançado por alguns estudantes cristãos para que
examinasse a validade do cristianismo. Ele começou
achando que tudo estava a seu favor; como ele disse
mais tarde, “eu não sabia que havia evidências que a
pessoa podia avaliar mentalmente” para poder
comprovar a posição cristã. “Como cético, aceitei o
desafio para examinar intelectualmente as alegações
de que Jesus Cristo era Filho de Deus, que Ele tinha
sido sepultado e ressuscitado três dias depois, e que
Ele pode ainda hoje mudar a vida de uma pessoa. Uma
das áreas cruciais de minha pesquisa para contestar o
cristianismo estava centrada na ressurreição...
Surpreendentemente, não pude refutar o cristianismo,
porque não conseguia explicar satisfatoriamente um
acontecimento essencial na história — a ressurreição
de Jesus Cristo.”
Certa vez um estudante da Universidade do
Uruguai perguntou-lhe: “Professor McDowell, por que o
senhor não pode contestar racionalmente o
cristianismo?” Ele respondeu: “Por uma razão muito
simples. Não sou capaz de explicar satisfatoriamente
um acontecimento na história — a ressurreição de
Jesus Cristo”.
Josh McDowell e eu somos amigos há uns vinte e
cinco anos. Participamos juntos de várias conferências
ou convenções pelo país e ele falou muitas vezes em
minhas igrejas em San Diego (ele morava a uns
setenta quilômetros de distância). Em um domingo de
Páscoa, alugamos o centro de convenções da cidade e
convidamos nossas três igrejas e muitos outros que se
interessaram em participar, para ouvir este ex-cético
compartilhar algumas de suas fortes razões para crer
na ressurreição. Ele fez mais de 580 conferências em
universidades, escreveu vários livros de sucesso,
incluindo clássicos como Evidência Que Reclama um
Veredito, Mais Que um Carpinteiro, e O Fator
ressurreição. Hoje ele dirige um ministério
internacional dedicado a alcançar jovens nas
universidades e escolas secundárias através da
esmagadora evidência da divindade de Cristo e de sua
ressurreição. Aonde quer que ele vá, lança também
um desafio para se viver uma vida sexualmente pura.
Milhares de pessoas estão atendendo ao seu apelo —
tudo porque ele se tornou pessoalmente convencido
da realidade da ressurreição corpórea de Jesus.

Razões para Crer na Ressurreição

A ressurreição de Jesus reúne mais evidências


favoráveis do que qualquer outro acontecimento da
história antiga. Tenho certeza de que você ficará
convencido de que a evidência é tão incisiva quanto
convincente. Mas nenhuma das evidências — exceto o
retorno físico de Jesus à terra para nos mostrar as
cicatrizes em seu corpo — é absoluta. Isto faz parte do
plano de Deus, que exige de nós alguma dose de fé.
Não a fé cega! Devemos usar o cérebro que Deus nos
deu para pesar as evidências e depois então tomar
uma decisão racional para aceitar o registro bíblico
como verdadeiro e válido. Avalie as evidências abaixo
e decida por si mesmo.

1. O túmulo vazio
Todos os túmulos famosos no mundo — a Abadia
de Westminster em Londres, o Túmulo de São Tome
na índia, o “Túmulo do Soldado Desconhecido”, em
Washington, ou os muitos outros túmulos em Israel —
são famosos pelos corpos que contêm. Mas isto não
acontece com o túmulo de Jesus. Ele é o único no
mundo famoso pelo que não contém. Ele estava vazio
na primeira manhã da Páscoa e continuou assim. O
túmulo vazio é um lembrete constante da mensagem
do anjo às mulheres: “Ele não está aqui: ressuscitou,
como havia dito.”
O significado do túmulo vazio não deve ser
subestimado. Este fato foi comprovado tanto por seus
amigos como por seus inimigos, sendo mencionado
pelos quatro escritores dos evangelhos e citado por
Paulo, Pedro e por outros escritores do Novo
Testamento. Observe os acontecimentos narrados no
texto a seguir.

Caindo a tarde, veio um homem rico de Arimatéia,


chamado José, que era também discípulo de Jesus.
Este foi ter com Pilatos e lhe pediu o corpo de Jesus.
Então Pilatos mandou que lho fosse entregue. E José,
tomando o corpo, envolveu-o em um pano limpo de
Unho, e o depositou no seu túmulo novo, que fizera
abrir na rocha; e, rolando uma grande pedra para a
entrada do sepulcro, se retirou. Achavam-se ali,
sentadas em frente da sepultura, Maria Madalena e a
outra Maria. (Mt 27.57-61)

Teria sido impossível incentivar as pessoas a


adorar um Salvador “ressurreto” se o seu corpo ainda
estivesse no túmulo! Os discípulos podiam ter
disfarçado a decepção por algum tempo mudando-se
para uma cidade centenas de quilômetros distante do
lugar em que tudo aconteceu. Mas não foi o que eles
fizeram. Eles começaram imediatamente a pregar lá
mesmo, em Jerusalém, que Jesus havia ressuscitado. E
usaram o túmulo vazio como “prova número 1”, o
primeiro documento da evidência.

Você Pode Acreditar no Relato dos Amigos de


Jesus

Muitos dos que testemunharam o túmulo vazio


eram amigos de Jesus. Eles foram os primeiros a
anunciar a sua ressurreição. Todos eles encontraram o
túmulo vazio, assim como as duas Marias que
chegaram ao túmulo e encontraram a pedra removida.
Observe o relato das seguintes testemunhas oculares:

O ANJO: “Ele não está aqui: ressuscitou, como havia


dito. Vinde ver onde ele jazia.” (Mateus 28.6)

MARIA MADALENA: “Senhor, se tu o tiraste, dize-me


onde o puseste, e eu o levarei.” (João 20.15)
PEDRO E JOÃO: Depois de Pedro e João ouvirem as
mulheres dizer: “Tiraram do sepulcro o Senhor e não
sabemos onde opuseram “, saíram ambos e foram ao
sepulcro. “Ambos corriam juntos, mas o outro discípulo
João] correu mais depressa do que Pedro e chegou
primeiro ao sepulcro; e, abaixando-se, viu os lençóis de
linho; todavia não entrou. Então Simão Pedro,
seguindo-o, entrou no sepulcro. Ele também viu os
lençóis, e o lenço que estivera sobre a cabeça de
Jesus, e que não estava com os lençóis, mas deixado
em um lugar aparte.” (João 20.3-7)

Você Pode Crer no Testemunho dos Inimigos de


Jesus

Todos sabem que os líderes religiosos dos judeus


eram inimigos de Jesus. Foram eles que forçaram
Pilatos a crucificá-lo. Em conseqüência disso, depois
que Jesus ressuscitou,

... alguns da guarda foram à cidade e contaram aos


principais sacerdotes tudo o que sucedera. Reunindo-
se eles em conselho com os anciãos, deram grande
soma de dinheiro aos soldados, recomendando-lhes
que dissessem: “Vieram de noite os discípulos dele e o
roubaram, enquanto dormíamos.” Caso isto chegue ao
conhecimento do governador, nós o persuadiremos, e
vos poremos em segurança. Eles, recebendo o
dinheiro, fizeram como estavam instruídos. Esta versão
divulgou-se entre os judeus até ao dia de hoje. (Mt
28.11-15)

Cito esta passagem para mostrar como os


soldados romanos e os líderes judeus se defrontaram
com o túmulo vazio e o desaparecimento do corpo de
Jesus. Os soldados estavam aterrorizados — como não
podiam deixar de estar, pois era costume romano que,
quando um guarda perdia um prisioneiro, deveria
tomar o lugar dele. Ser crucificado e sepultado no
túmulo de Jesus não era nada desejável! Quando os
líderes judeus foram notificados do túmulo vazio e do
desaparecimento do corpo de Jesus, eles nada podiam
fazer para substituí-lo! Você pode estar certo de que
eles teriam apresentado o corpo de Jesus, se estivesse
com eles. Como isso não era possível, então forjaram
esta mentira de que os discípulos levaram seu corpo.
Eles chegaram a recorrer a suborno e promessas de
proteção para tornar a história aceitável.
Esses homens fizeram um bom trabalho ao
espalhar este rumor, pois, como Mateus escreveu —
“Esta versão divulgou-se entre os judeus até o dia de
hoje” (cerca de trinta anos depois dos
acontecimentos). Em outras palavras, depois de trinta
anos, eles ainda não tinham descoberto o corpo de
Jesus! O túmulo estava vazio porque tinha de estar
vazio — exatamente como você esperaria depois que
uma pessoa ressuscitasse dentre os mortos.

Se ao Menos Eles Tivessem o Corpo de Jesus!

Se os líderes tivessem o corpo de Jesus, eles o


teriam exibido muitas vezes durante os trinta anos
após a crucificação. No dia de Pentecoste, depois do
sermão inspirado de Pedro, eles viram milhares de
judeus aceitando o Cristo ressurreto. Se eles fossem
capazes de mostrar o corpo de Jesus, todos esses
novos convertidos voltariam às suas sinagogas e o
cristianismo teria morrido ali mesmo. Por que isto não
aconteceu? Simplesmente porque eles não tinham o
corpo!
Gamaliel foi um líder dos judeus admirado pelos
cristãos durante quase dois milênios por ter agido de
maneira equilibrada e racional. No calor da batalha
pelas almas de homens e mulheres, a pregação de
Pedro inspirou milhares a se converterem — mas
inflamou o ódio dos inimigos de Jesus. Eles ficaram tão
furiosos que discutiam como matar Pedro e os outros
discípulos:

Mas, levantando-se no Sinédrio um fariseu, chamado


Gamaliel, mestre da lei, acatado por todo o povo,
mandou retirar os homens, por um pouco, e lhes disse:
“Israelitas, atentai bem no que ides fazer a estes
homens. Porque antes destes dias se levantou Teudas,
insinuando ser ele alguma coisa, ao que se agregaram
cerca de quatrocentos homens; mas ele foi morto, e
todos quantos lhe prestavam obediência se
dispersaram e deram em nada.” (At 5.34-36)

A seguir, esse mesmo fariseu mencionou outro


caso que resultou em total fracasso. E, por fim,
acrescentou:

“Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, deixai-


os; porque se este conselho ou esta obra vem de
homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis
destruí-los, para que não sejais, porventura, achados
lutando contra Deus.” (Atos 5.38-39)

Não sabemos se este fariseu imparcial chegou a


tornar-se um cristão, mas seu conselho naquelas
circunstâncias foi acertado. O crescimento imediato da
igreja realmente comprovou o fato da ressurreição.
Mas a meu ver, nada disso teria sido necessário se o
corpo de Jesus pudesse ter sido exibido. Isso, porém,
era impossível, porque Jesus “ressuscitou, como havia
dito”.
Josh McDowell acrescenta algumas interessantes
considerações sobre este ponto.

Justino Mártir em seu Diálogo com Trifo relata que as


autoridades de Jerusalém enviaram representantes
especiais por toda a região do mediterrâneo, afim de
contradizerem a história do túmulo vazio com a
explicação de que seus seguidores roubaram o corpo.
Porque as autoridades judaicas subornariam a guarda
romana e divulgariam a explicação do “corpo roubado “
se o túmulo estivesse ocupado? O historiador Ron
Sider concluiu que: “Se os cristãos e seus opositores
judeus concordavam que o túmulo estava vazio, temos
pouca escolha a não ser aceitar o túmulo vazio como
fato histórico. “John Warwick Montgomery, deão da
Escola de Direito Simon Greenleaf, em Anaheim,
Califórnia, disse: “É difícil de acreditar que os primeiros
cristãos pudessem ter fabricado tal história para então
a divulgar entre aqueles que podiam refutá-la com
facilidade, simplesmente apresentando o corpo de
Jesus.”

O Dr. Paul Althaus, da Universidade de Erlangen,


Alemanha, afirmou: “O relato da ressurreição poderia
não ter sido mantido em Jerusalém por um único dia,
se o túmulo vazio não fosse realmente um fato
comprovado”.
Tom Anderson, ex-presidente da Califórnia Trial
Lawyers Association e co-autor do Manual Básico de
Advocacia da Association of Trial Lawyers of America,
afirma:

Admitamos que Cristo não ressuscitou. Admitamos que


os relatos escritos de seus aparecimentos a centenas
de pessoas sejam falsos. Quero formular uma questão.
Com um acontecimento tão bem divulgado, não seria
razoável que um historiador, uma testemunha ocular ou
um antagonista tivesse registrado que ele tinha visto o
corpo de Cristo? “Ouçam, eu vi aquele túmulo — ele
não estava vazio! Olhe, eu estive lá, Cristo não
ressuscitou. Na verdade, eu vi o corpo de Cristo.” O
silêncio da história é a maior prova quando se trata do
testemunho contra a ressurreição.

2. Quem removeu a pedra?


Poucos críticos (exceto aqueles radicais como
Crossan e outros do Seminário Jesus) negam que uma
grande pedra foi colocada na entrada do túmulo de
Jesus, que o túmulo foi selado e que uma guarda
romana vigiava o local para impedir que seus amigos
roubassem o corpo. Nenhum deles parece negar que a
pedra foi removida, abrindo o túmulo, naquela manhã
de Páscoa. A grande pergunta é: quem removeu a
pedra? Não poderiam ter sido seus inimigos, pois,
como vimos, eles tomaram as devidas precauções
para ocultar o fato de que ela tinha sido afastada da
entrada do túmulo e que o corpo de Jesus não estava
lá. Além da explicação encontrada nos evangelhos, há
somente duas possibilidades:

1. O próprio Jesus levantou-se e afastou a pedra;

2. As mulheres ou alguns outros amigos o fizeram.

Estas duas opções são uma versão da “teoria do


desmaio” ou da “teoria do ressuscitamento” (ambas
são ridículas e serão analisadas no próximo capítulo).
A primeira imagina um Jesus tão enfraquecido que não
podia carregar sua própria cruz (como resultado dos
açoites sofridos) e que, depois de ficar pregado na
cruz por nove horas e ter sido considerado morto pelos
soldados romanos que eram especialistas em
crucificação (um dos quais cravou a ponta da lança em
seu lado, de onde jorraram “sangue e água”), de
repente, miraculosamente, acordou. Apesar de estar
todo envolto em tiras de pano, ele desvencilhou-se
delas e, sem que os guardas percebessem, pôs-se a
empurrar uma pedra de duas toneladas. Isto teria sido
um milagre ainda maior do que a ressurreição!
A outra possibilidade é que as mulheres, apesar
de terem se perguntado ao chegar: “Quem nos
removerá a pedra da entrada do túmulo?” — apesar
disso reuniram forças para abrir o túmulo.
Mas, mesmo que elas conseguissem tal feito, isso
não explica como elas poderiam quebrar o selo
romano e fazer todo esse trabalho sem acordar os
guardas sonolentos!
Visitei o jardim do túmulo em Jerusalém em seis
ocasiões. Embora não estivesse certo se aquele era
realmente o túmulo em que Jesus foi enterrado, ele
atende aos requisitos das escrituras: é um “jardim”
perto do lugar da caveira em que Jesus foi crucificado,
“fora do muro” da Velha Jerusalém. Mas, mesmo que
não fosse exatamente aquele túmulo, ele é típico
daquele período. Um sulco de dezoito a vinte e cinco
centímetros era aberto no chão, desde a colina até a
entrada do túmulo e, então, uma pedra era cortada da
rocha, de modo que depois que o corpo fosse colocado
no interior, a pedra pudesse ser rolada de cima para
baixo pelo sulco até bloquear a entrada do túmulo.
Remover a pedra — cujo peso estimado era de uma e
meia a duas toneladas — de volta pelo sulco
ascendente seria uma tarefa impossível para vinte
mulheres, quanto mais para duas! Não, as mulheres
não removeram a pedra. Então quem foi?
Josh McDowell fez uma interessante descoberta a
este respeito:

No texto de Marcos 16.4 dos manuscritos Bezae, na


Biblioteca de Cambridge, Inglaterra, uma afirmação em
parêntese foi acrescentada: “E quando Ele foi colocado
ali, ele (José) pôs contra a [entrada] do túmulo uma
pedra que vinte homens não poderiam remover.”

Mais tarde, eles me escreveram uma carta com os


detalhes técnicos, escrevendo suas conclusões no
verso, em linguagem simples.

Disseram que uma pedra daquele tamanho deveria


pesar no mínimo de uma e meia a duas toneladas. Não
surpreende, pois, que Mateus e Marcos tenham dito
que a pedra era extremamente grande.

Portanto, quem moveu a pedra? A Bíblia tem uma


resposta simples: “E eis que houve um grande
terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu,
chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela”
(Mateus 28.2). Todos sabemos que um anjo não teria
dificuldade de remover uma pedra desse tamanho —
mas isto introduz o elemento sobrenatural! E esta é
exatamente a minha posição. Tanto o túmulo vazio
como a pedra removida requer a inclusão do
sobrenatural. Sem a ressurreição, não há explicação
razoável para os detalhes.

3. As testemunhas oculares do Cristo


ressurreto
Por mais importantes que a pedra removida e o
túmulo vazio sejam para provar a ressurreição, temos
evidência ainda maior: mais de quinhentas
testemunhas oculares, muitas das quais conhecemos
pelo nome. Sem subestimar os fatos acima — e
mesmo sendo um problema para os céticos—, a pedra
removida e o túmulo vazio não transformaram
ninguém. Como veremos, foi o encontro com o Cristo
ressurreto que transformou as vidas daqueles
primeiros cristãos. Tome estava tão cético sobre a
ressurreição de Jesus que se recusou a crer, muito
embora muitos de seus amigos e todos os discípulos
lhe dissessem: “Vimos o Senhor”. Foi somente depois
de tê-lo visto que Tome exclamou: “Senhor meu e
Deus meu!”
Os testemunhos daqueles que viam o Senhor
ressurreto nos proporcionam uma evidência poderosa
que não pode ser desprezada: Jesus realmente viveu
depois de ter sido crucificado. A importância deste fato
não passou despercebida ao Dr. Lucas, o cuidadoso
historiador do primeiro século que disse a respeito dos
discípulos: “A estes também, depois de ter padecido,
se apresentou vivo, com muitas provas incontestáveis,
aparecendo-lhes durante quarenta dias e falando das
coisas concernentes ao reino de Deus.” (Atos 1.3)
Estas “provas infalíveis” são, mais do que tudo, as
cerca de quinhentas pessoas que testemunharam o
Cristo ressurreto. Todas elas juntas constituem uma
evidência esmagadora em qualquer tribunal do
mundo. Como nenhuma das narrativas do evangelho
inclui todos os relatos das testemunhas oculares, não
sabemos ao certo a ordem em que esses
aparecimentos ocorreram. A meu ver, a melhor lista é
a que se encontra logo abaixo:

É geralmente aceito que o Novo Testamento registra


dez aparecimentos de Jesus entre o momento de sita
ressurreição, na manhã da Páscoa até a ascensão
quarenta dias depois, além de seu aparecimento a
Saulo, mais tarde, na estrada de Damasco. Seria
melhor para nós enumerar esses aparecimentos para
podermos constatar melhor seu significado

1. A algumas mulheres quando retornavam do sepulcro,


depois de terem visto o anjo que lhes disse que Cristo
tinha ressuscitado. (Mt 28.1-10)

2. A Maria Madalena perto do sepulcro, provavelmente em


sua segunda visita ao local naquela manhã (Jo 20.11-18;
Mc 16.9-11).

3. Ao apóstolo Pedro, antes do anoitecer do dia da


ressurreição, mas em circunstâncias de que não temos
detalhes (Lc 24.34; 1 Co 15.5).

4. Aos dois discípulos, Cleopas e um outro, a caminho de


Emaús, na tarde do domingo da Páscoa (Mc 16.12-13;
Lc 24.13-35).

5. Aos dez apóstolos, estando Tome ausente, juntamente


com outros cujos nomes não são indicados, reunidos na
noite do domingo da Páscoa para tomarem a refeição
(Mc 16.14-18; Lc 24.36-40; Jo 20.19-23; 1 Co 15.5).

6. Uma semana mais tarde, a todos os onze apóstolos,


provavelmente no mesmo lugar do aparecimento anterior
(Jo 2026-28).

7. A vários discípulos no mar da Galiléia, enquanto


estavam pescando, sem indicação da hora exata (Jo
21.1-23).

8. Aos apóstolos, e a mais de quinhentos irmãos, de uma


única vez, na montanha indicada por Jesus na Galiléia
(Mt 28.16-20; 1 Co 15.6).

9. A Tiago, em circunstâncias das quais não temos


nenhuma informação (1 Co 15.7).
10. Aos apóstolos em Jerusalém, um pouco antes da
ascensão no monte das Oliveiras (Mc 16.19; Lc 24.50-
52; At 1.3-8).

Muitas coisas devem ser observadas nesses


aparecimentos. Em primeiro lugar, há uma considerável
variedade de circunstâncias associadas a essas dez
manifestações. Não foi a somente uma pessoa, ou
grupo de pessoas, que Ele se revelou em diferentes
ocasiões, nem ao mesmo tipo de pessoa. Foi para
algumas mulheres, para dois discípulos na estrada de
Emaús, para os apóstolos reunidos em um cenáculo e
para quinhentos irmãos que se encontravam juntos no
mesmo lugar. Foi para pessoas diferentes como Maria
Madalena, Pedro, Tiago, João e Tome! Até os
sentimentos desses grupos eram diferentes, no instante
em que as manifestações foram feitas a eles: as
mulheres afastavam-se rapidamente do sepulcro, com
medo e grande alegria; Maria Madalena chorava fora
do sepulcro; os dois discípulos conversavam, cheios de
tristeza por todas as coisas que tinham acontecido; os
apóstolos estavam reunidos a portas fechadas com
medo dos judeus; os irmãos na Galiléia estavam
reunidos em obediência à ordem de Cristo; os sete
discípulos voltaram à velha ocupação como
pescadores; os onze no monte das Oliveiras
alegravam-se na presença de seu Senhor com a plena
certeza de que era realmente Ele.

(Dr. Wilbur M. Smith – The Supernaturalness of christ,


Boston: W. A. Wilde Co, 1940).

Assim como todos os milagres de Jesus, estes


aparecimentos não foram encenações; eles ocorreram
durante as atividades diárias de cada um. Isto os torna
mais “infalíveis”. Não houve duas manifestações
exatamente iguais. Uma foi pela manhã; outra, à
tardinha. Em alguns casos Ele comeu com eles; certa
vez ele cozinhou uma refeição para eles; de outra vez
repetiu um milagre que tinha realizado antes de ser
crucificado (isto é, a “pesca maravilhosa”).
Também as reações não foram sempre as
mesmas ao verem o Cristo ressurreto. Algumas
pessoas quiseram “adorá-lo”; outras choraram de
alegria; e todas foram transformadas pelo encontro.
Alguns céticos, pelo menos mil e setecentos anos
depois desses acontecimentos, tentaram nos fazer
crer que todos esses aparecimentos podem ser
explicados pela histeria ou alucinações coletivas. Mas
que tipo de alucinação seria essa? Pessoas diferentes,
por um período de quarenta dias e sob diferentes
circunstâncias relataram suas experiências
essencialmente da mesma forma.
Nenhum outro acontecimento do passado possui
tanta evidência para confirmá-lo. Como veremos no
próximo capítulo, o apóstolo Paulo, o primeiro escritor
do Novo Testamento, vinte anos após a ressurreição
deu-nos uma lista daqueles que viram o Cristo
ressurreto. Depois de mencionar “Cefas” (ou Pedro),
ele escreveu: “Depois foi visto por mais de quinhentos
irmãos de uma só vez, dos quais a maioria sobrevive
até agora, porém alguns já dormem” (1 Coríntios
15.6).
É importante notar que a maioria das pessoas que
tinham visto Cristo após a ressurreição estavam ainda
vivas vinte e cinco anos mais tarde, quando Paulo
escreveu 1 Coríntios. Por isso, quando as narrativas do
evangelho começaram a se propagar, elas teriam
certamente objeções a fazer às histórias da
ressurreição de Jesus, se de fato elas não fossem
verdadeiras. Entretanto, nenhuma objeção jamais se
levantou a este respeito. Os que primeiro negaram o
túmulo vazio, a pedra removida e os testemunhos dos
que comprovaram a ressurreição apareceram por
volta de mil e setecentos anos depois dos
acontecimentos em questão.
Hoje, quase no vigésimo primeiro século da era
cristã, nós temos uma decisão a tomar. A qual relato
devemos dar crédito — ao das quinhentas
testemunhas oculares que viveram naqueles dias, ou
ao dos céticos “eruditos” que viveram mil e setecentos
anos depois dos acontecimentos? Se nossa decisão
baseia-se na evidência e não meramente na aversão
pelo sobrenatural, há somente uma escolha: Jesus de
fato ressuscitou dentre os mortos.

4. O caráter de Jesus torna fácil acreditar


nele quando afirmou que ressurgiria após a
morte
Dificilmente alguém nega que Jesus tenha vivido
uma vida santa, humilde e sacrificial. Mesmo entre
aqueles que rejeitam sua divindade muitos o
consideram “um grande exemplo moral”, “um caráter
excelente”, “um modelo de vida a ser seguido”, ou
outras expressões semelhantes. Ninguém lançou
difamações ao caráter moral de Jesus, mesmo quando
o cristianismo tornou-se uma ameaça a outras
religiões. Na verdade, os primeiros ataques ao seu
caráter ocorreram no século dezessete, quando um
punhado de estudantes ateus resolveram reescrever a
história para fazer parecer que Jesus tinha feito
alguma coisa imoral. Isto teria ficado no esquecimento
há muito tempo se um produtor moralmente
pervertido de Hollywood não tivesse feito um filme
blasfemo (que, por sinal, foi um desastre de bilheteria,
resultando em um imenso déficit) (Filme: a Última
Tentação de Cristo).
É extremamente difícil a qualquer um que tenha
ódio de Jesus obter algo contra sua moralidade, pois
tão elevado é o seu caráter, que é reconhecido por
todos os historiadores (mesmo aqueles como Thomas
Jefferson, que rejeitava sua divindade mas aceitava
seu caráter moral como um modelo para o
comportamento moderno). Neste sentido, Jesus é uma
figura singular na história. Nenhuma outra pessoa se
aproxima da perfeição moral demonstrada por Ele.
John R. Rice, falecido evangelista e editor do
semanário Espada do Senhor, escreveu:

Quem há em toda a história humana como Cristo? Sua


personalidade, sua pureza moral, seu discernimento
espiritual, sua sabedoria infinita, fazem dele alguém
absolutamente único. Quando o comparamos com
Sócrates, Buda, Maomé, Gandhi, Lenin, Shakespeare,
Napoleão, Washington, Lincoln, ou Roosevelt,
constatamos que não há comparação. Os sábios, a
intelligentsia, os mestres do mundo são crianças perto
de sua sabedoria. Seus códigos e sistemas morais são
fragmentários e inadequados comparados aos ensinos
de Jesus. Os heróis do mundo têm suas falhas e suas
fraquezas, mas Jesus Cristo não tem nenhuma falha
nem qualquer fragilidade. Ele podia ousadamente
desafiar seus críticos: “Quem dentre vós me convence
de pecado?” (Jo 8.46)

J. Oswald Sanders escreveu: “Foi a partir da vida e


ensino de Jesus que a humildade foi exaltada como a
principal virtude”. Com sua vida e ensinos Jesus
reescreveu as normas de conduta para o mundo
inteiro no que diz respeito ao caráter, moralidade,
respeito pelos outros, vida altruística e integridade. Ele
exaltou a dignidade da mulher, enalteceu a
maternidade, estabeleceu a necessidade de amar e
proteger as crianças, sem depreciar a posição do
homem. O modelo de caráter e os ensinamentos de
Jesus enriquecem todos os seres humanos.
Por isso, quando uma pessoa assim dedica boa
parte do seu curto ministério anunciando que
certamente ressurgiria após a morte, sua palavra
merece crédito. Talvez apenas isto não fosse
suficiente, mas quando somado a outras linhas de
raciocínio expostas neste capítulo, ele é mais um
argumento em favor do fato de que sustenta que “é
necessário que o Cristo sofra e ressuscite dentre os
mortos no terceiro dia”.
Na verdade, toda a história da ressurreição, tal
como se apresenta nos evangelhos, combina bem com
o caráter de Deus e de Cristo. Não é conflitante com
os milagres de Jesus e realmente proporcionaria um
excelente clímax a seu nascimento miraculoso, vida,
ministério e morte. Se um homem manifesta um
caráter impecável, como fez Jesus, depois realiza
milagres em benefício das pessoas, transmite
ensinamentos insuperáveis, e por fim morre
sacrificialmente pelos pecados como “o cordeiro de
Deus que tira os pecados do mundo”— por que
devemos ficar surpresos com sua ressurreição no
terceiro dia? Principalmente quando isto é exatamente
o que Ele disse que tinha vindo fazer? Além disso,
lembremo-nos de que o maior livro sagrado do mundo
predisse que Ele faria a mesma coisa, e o fez de forma
tão clara que, se Ele não fosse aquele que deveria
cumprir as profecias, teríamos de procurar alguém
idêntico a Ele. Não há dúvida de que a ressurreição é o
clímax de toda a sua vida.
5. A ressurreição de Jesus mudou o dia de
adoração
Os primeiros seguidores de Jesus eram judeus.
Todos sabiam que os judeus adoravam aos sábados —
“o Sabbath”, porque assim estava ordenado no
decálogo. O Sabbath era um constante lembrete de
que em seis dias Deus criou os céus, a terra, o
homem, e todos os seres viventes — e então
“descansou no sétimo dia”. Deus até prometeu
abençoar seu povo por não fazer qualquer trabalho no
Sabbath, e dar-lhe prosperidade se o guardasse como
um dia de descanso e adoração. Na época em que
Jesus veio a este mundo, o Sabbath era o costume
mais defendido em Israel. Era um sinal de que a nação
adorava Jeová Deus. De fato, a causa de muitas
divergências dos judeus com Jesus era o hábito do
Senhor de fazer boas obras (como curar o enfermo e o
aleijado) no dia de Sabbath.
Portanto, a pergunta que se levanta é: por que a
igreja primitiva — uma instituição exclusivamente
judaica no seu início — mudou o dia de adoração para
“o primeiro dia da semana”, ou domingo? Há somente
uma resposta: os primeiros cristãos acreditavam que
Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana. Passados
quase dois mil anos, a adoração cristã é um
testemunho concreto de que a igreja sempre acreditou
que Jesus ressuscitou triunfalmente sobre a morte no
primeiro dia da semana.
Acho interessante que, embora Jesus não tivesse
dado qualquer instrução aos primeiros cristãos quanto
à mudança do dia de adoração, eles o adotaram assim
mesmo. Eles pareciam seguir o próprio exemplo de
Jesus. Ele não somente ressuscitou no primeiro dia,
mas apareceu aos seus discípulos nesse dia, como
também no Sabbath seguinte, quando Tome também
estava presente. O apóstolo João chama-o “Dia do
Senhor” (Ap 1.10) e na ocasião em que Paulo fez sua
primeira viagem missionária, era costume dos cristãos
se reunirem no primeiro dia da semana para adoração
e estudo bíblico. Por essa razão Paulo achou fácil ir às
sinagogas no Sabbath para pregar aos judeus e depois
encontrar-se com os cristãos no Dia do Senhor. Já em
seus dias este costume estava arraigado!
Os céticos podem não gostar da idéia de que os
primeiros cristãos mudaram o dia de adoração do
sábado para o domingo a fim de comemorar a
ressurreição de nosso Senhor no “primeiro dia da
semana”, mas esta é a única explicação para esse
comportamento. Nenhuma outra alternativa é viável!

6. A conversão instantânea do apóstolo João


O apóstolo João parece ter sido alguém muito
especial. Ele fazia parte do círculo íntimo de Jesus,
juntamente com seu irmão Tiago e com Pedro. Os três
viram a transfiguração de Jesus e foram convidados a
acompanhá-lo para orar no Getsêmani. Entre os doze
discípulos, eles eram os que estavam mais perto de
Jesus. João sobreviveu a todos os outros apóstolos e
era provavelmente bastante jovem quando foi
chamado a seguir Jesus (alguns admitem que ele tinha
apenas dezessete anos). Sabemos que ele foi
extremamente fiel a Cristo durante toda sua vida e
que escreveu cinco livros do Novo Testamento: o
evangelho que leva seu nome; três pequenas cartas
nas páginas finais do Novo Testamento; e a incrível
profecia do Apocalipse. A conversão instantânea de
João pode ter feito dele o primeiro a crer
verdadeiramente na ressurreição, a menos que a
honra caiba às duas Marias ou uma delas. Ele mesmo
narrou o acontecido, logo depois de Maria Madalena
ter estado no túmulo vazio e encontrado a pedra
removida:

Então correu e foi ter com Simão Pedro e com o outro


discípulo a quem Jesus amava, e disse-lhes: “Tiraram
do sepulcro o Senhor e não sabemos onde o puseram.”
Saiu, pois, Pedro e o outro discípulo, e foram ao
sepulcro. Ambos corriam juntos, mas o outro discípulo
correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro
ao sepulcro; e, abaixando-se, viu os lençóis de Unho;
todavia não entrou. Então Simão Pedro, seguindo-o,
chegou e entrou no sepulcro. Ele também viu os
lençóis, e o lenço que estivera sobre a cabeça de
Jesus, e que não estava com os lençóis, mas deixado
em um lugar à parte. Então entrou também o outro
discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu e
creu. (Jo 20.2-8)

O jovem João adiantou-se a Pedro, mas parou à


entrada do sepulcro. Pedro, o discípulo afoito, chegou
depois mas entrou primeiro no sepulcro. Em seguida
João também entrou para ver com seus próprios olhos
e imediatamente se convenceu diante do que viu. A
perfeita ordem daquele túmulo vazio enviou uma
mensagem para sua mente analítica de que alguma
coisa sobrenatural tinha acabado de acontecer. Os
panos que envolviam Jesus estavam ali e em perfeita
ordem, como se estivessem envolvendo uma múmia
— porém não havia nenhum corpo dentro! Todas as
coisas estavam ainda intactas. Jesus não estava mais
lá, mas deixou no túmulo os panos que envolviam seu
corpo. João percebeu instantaneamente que a única
coisa que podia causar tal milagre era a transformação
do corpo morto de Jesus em um corpo novo,
ressurreto, não mais sujeito ao tempo e espaço. Se o
corpo de Jesus foi roubado como alguns dizem, por
que os panos que envolviam seu corpo ainda estavam
lá? Se isso tivesse acontecido, João, a testemunha
ocular, não teria visto nada de excepcional. Mas ele
não viu simplesmente uma fria laje de pedra, mas sim
uma mortalha intacta, perfeita. Ele viu até o lenço da
face dobrado e estendido no lugar em que repousava
a cabeça do Senhor. Em perfeita ordem! Não admira
que João “viu e creu”. Se nós tivéssemos estado lá,
também teríamos crido!

7. A transformação das testemunhas


oculares
Os céticos querem nos fazer acreditar que tanto
os discípulos como aqueles que viram o Cristo
ressurreto eram tipos altamente sugestionáveis que
podiam ser enganados por alucinação coletiva. Os
fatos indicam exatamente o contrário. Marcos, o
primeiro escritor dos evangelhos, conta uma história
bem diferente:

Havendo ele ressuscitado de manhã cedo no primeiro


dia da semana, apareceu primeiro a Maria Madalena,
da qual expelira sete demônios. E, partindo ela, foi
anunciá-lo àqueles que, tendo sido companheiros de
Jesus, se achavam tristes e choravam. Estes, ouvindo
que ele vivia e que fora visto por ela, não acreditaram.
Depois disto, manifestou-se em outra forma a dois
deles que estavam de caminho para o campo. E, indo,
eles o anunciaram aos demais, mas também a estes
dois eles não deram crédito. Finalmente apareceu
Jesus aos onze, quando estavam à mesa, e censurou-
lhes a incredulidade e dureza de coração, porque não
deram crédito aos que o tinham visto já ressuscitado.
(Mc 16.9-14)
Os seguidores de Jesus no início demoraram a
crer. Quando Maria disse aos discípulos que o Senhor
“fora visto por ela... não acreditaram”. Os dois homens
a quem Lucas diz que Jesus apareceu no caminho para
Emaús já tinham ouvido relatos da ressurreição, mas
estavam deixando Jerusalém porque não acreditaram
neles. Jesus finalmente os censurou por sua descrença
e mostrou-lhes nas Escrituras como todas aquelas
coisas deveriam acontecer. Eles por sua vez foram aos
discípulos e contaram toda sua experiência, e, no
entanto, diz Marcos que “também a estes dois eles
não deram crédito” (Marcos 16.13).
Depois disso, “apareceu Jesus aos onze, quando
estavam à mesa, e censurou-lhes a incredulidade e
dureza de coração, porque não deram crédito aos que
o tinham visto já ressuscitado”. Isto não sugere que
eles eram homens ingênuos e impressionáveis,
ansiosos para crer! Lucas narra como Jesus lhes disse:
“Por que estais perturbados? e por que sobem dúvidas
aos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus
pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e verificai, porque
um espírito não tem carne nem ossos, como vedes
que eu tenho.” Você com certeza acharia essa prova
mais do que suficiente — mas não, Ele teve ainda de
mostrar-lhes suas mãos e seus pés. E para reforçar
ainda mais a prova, Jesus perguntou-lhes: “Tendes
aqui alguma coisa que comer?” E quando lhe deram
algum alimento, Ele comeu em sua presença (Lucas
24.38-42).
Evidentemente, esses homens não eram
facilmente persuadidos e nem tão ávidos em acreditar,
como sugerem os céticos. A notícia de sua
ressurreição era boa demais para ser verdadeira. Eles
viam Jesus crucificado e achavam que estava tudo
acabado. Eram realmente “tardos de coração para
crer”, mas finalmente chegaram à compreensão
(depois de vê-lo várias vezes após a ressurreição) de
que era tudo verdade. Essa verdade foi o motivo da
transformação desses homens em testemunhas
zelosas e corajosas da ressurreição.
Convém repetir que, por mais poderosos que
sejam os argumentos do túmulo vazio e da pedra
removida, estes fatos não transformaram nem
motivaram ninguém! Se os discípulos não tivessem
realmente se encontrado com o Cristo vivo, não
haveria nenhum cristianismo.
Aqueles encontros não somente convenceram os
seguidores de Jesus, mas transformaram-nos em
testemunhas oculares dinâmicas de sua ressurreição.
O livro de Atos deixa claro que a ressurreição tornou-
se a pedra angular da fé cristã. Ela foi pregada onde
quer que o evangelho fosse anunciado e produziu a
mais poderosa força motivadora na história do mundo.
Em menos de trezentos anos, o testemunho dos
discípulos, os seguidores de Jesus, e a igreja primitiva
“viraram o mundo de ponta-cabeça”. O pequeno grupo
inicial de doze pessoas cresceu para cento e vinte na
ascensão de Jesus, e para três mil e, em seguida, cinco
mil “homens” no dia do Pentecoste (podemos admitir
um número semelhante de mulheres e crianças). Por
volta de 312 d.C, o imperador Constantino declarou o
cristianismo a religião oficial do estado em todo o
império romano. Se sua decisão foi por razões políticas
ou religiosas, isso não faz diferença. O fato importante
é que em três curtos séculos o cristianismo tornou-se
tão forte que transformou o cenário político e religioso.
Isso não teria acontecido se aqueles primeiros cristãos
não tivessem sido fortalecidos por uma crença
inabalável na ressurreição de Cristo.
A história confirma que os primeiros cristãos
foram açoitados, presos, crucificados, mutilados,
afogados, atirados aos leões, mortos pela fome,
fervidos em óleo, enforcados e queimados.
Provavelmente nenhum outro grupo na história tenha
sido mais maltratado e humilhado pelos descrentes do
que os cristãos, nem mesmo os judeus. A aceitação
voluntária do martírio por esses cristãos só pode ser
explicada por sua sólida crença no Cristo ressurreto.

8. A conversão do apóstolo Paulo


No capítulo oito consideramos o testemunho do
apóstolo Paulo em relação à divindade de Cristo. Seu
testemunho sobre a ressurreição de Cristo é tão forte
que faríamos bem em abordá-lo novamente.
Recordemos que, antes de sua conversão, Paulo
foi durante anos extremamente cético em relação ao
cristianismo. Seu ódio aos cristãos fez com que ele se
dedicasse arduamente a combater o cristianismo
Porém algo extraordinário lhe aconteceu,
mudando tudo aquilo instantaneamente. Ele próprio
diz como ocorreu sua transformação ao encontrar-se
com o Cristo vivo. Acompanhemos seu próprio
testemunho:

Quanto à minha vida, desde a mocidade, como


decorreu desde o princípio entre o meu povo e em
Jerusalém, todos os judeus a conhecem; pois na
verdade eu era conhecido deles desde o princípio, se
assim o quiserem testemunhar, porque vivi fariseu...
Na verdade, a mim me parecia que muitas coisas devia
eu praticar contra o nome de Jesus, o Nazareno; e
assim procedi em Jerusalém. Havendo eu recebido
autorização dos principais sacerdotes, encerrei muitos
dos santos nas prisões; e, contra estes, dava o meu
voto, quando os matavam. Muitas vezes os castiguei
por todas as sinagogas, obrigando-os até a blasfemar.
E, demasiadamente enfurecido contra eles, mesmo por
cidades estranhas os perseguia.

Com estes intuitos parti para Damasco, levando


autorização dos principais sacerdotes e por eles
comissionado. Ao meio-dia... indo eu caminho fora, vi
uma luz no céu, mais resplandecente que o sol, que
brilhou ao redor de mim e dos que iam comigo. E,
caindo todos nós por terra, ouvi uma voz que me falava
em língua hebraica: “Saulo, Saulo, porque me
persegues?dura coisa é recalcitrares contra os
aguilhões. “Então eu perguntei: “Quem és tu, Senhor?
“Ao que o Senhor respondeu: ‘Eu sou Jesus, a quem tu
persegues. Mas levanta-te e firma-te sobre teus pés,
porque por isto te apareci, para te constituir ministro e
testemunha, tanto das coisas em que me viste como
daquelas pelas quais te aparecerei ainda, livrando-te
do povo e dos gentios, para os quais eu te envio, para
lhes abrir os olhos e convertê-los das trevas para a luz
e da potestade de Satanás para Deus, a fim de que
recebam eles remissão de pecados e herança entre os
que são santificados pela fé em mim.”

Pelo que... não fui desobediente à visão celestial, mas


anunciei primeiramente aos de Damasco e em
Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos gentios,
que se arrependessem e se convertessem a Deus,
praticando obras dignas de arrependimento. Por causa
disto alguns judeus me prenderam, estando eu no
templo, e tentaram matar-me. Mas, alcançando socorro
de Deus, permaneço até o dia de hoje, dando
testemunho, tanto a pequeno como a grande, nada
dizendo senão o que os profetas e Moisés disseram
haver de acontecer, isto é, que o Cristo devia padecer,
e, sendo o primeiro da ressurreição dos mortos,
anunciaria a luz ao povo e aos gentios. (At 26.4-5,9-23)
Este homem cheio de ódio, que se dedicou a
eliminar o cristianismo, foi de tal modo transformado
por seu encontro com o Cristo vivo que se tornou um
dos mais ardorosos evangelistas. Em lugar de
perseguir a igreja, ele se converteu em um fundador
de igrejas. Sua extraordinária transformação é algo
que os céticos modernos não conseguem explicar. Se
rejeitarmos a explicação que o próprio Paulo deu de
sua conversão, a que podemos atribuir essa tão rápida
transformação? Estava ele enlouquecido pela culpa?
Os escritos de Paulo no Novo Testamento desmentem
essa teoria. Entretanto, essa parece ser a única
explicação possível. E o próprio Paulo comenta esta
teoria tola ao defender-se perante Festo!

Dizendo ele [Paulo] estas coisas em sua defesa, Festo


o interrompeu em alta voz: “Estás louco, Paulo; as
muitas letras te fazem delirar.”

Paulo, porém, respondeu: “Não estou louco, ó


excelentíssimo Festo; pelo contrário, digo palavras de
verdade e de bom senso; porque tudo isto é do
conhecimento do rei, a quem me dirijo com franqueza,
pois estou persuadido de que nenhuma destas coisas
lhe é oculta; porquanto nada se passou aí, nalgum
recanto. (At 26.24-26)

Não, Paulo não estava louco, nem por suas muitas


letras nem por sua terrível culpa. Até o dia de seu
martírio, ele foi uma das pessoas mais lúcidas que já
andaram pela terra. E verdade que ele nunca
esqueceu seus dias como perseguidor da igreja, mas
nunca duvidou que tinha sido perdoado pelo fundador
dessa igreja. Essa é a razão de ele ter voluntariamente
dedicado sua vida para anunciar a ressurreição de
Cristo.
Eles Morreriam por uma Mentira?

A história não deixa dúvida de que os discípulos


de Jesus, nos primeiros trezentos anos depois da
crucificação de seu Senhor, sofreram as mais brutais
perseguições e mortes. Não obstante, dentre os “mais
de quinhentos irmãos” que viram o Cristo ressurreto,
não temos conhecimento de casos de deserção ou
apostasia. Não temos qualquer relato de que alguém
tenha mudado sua maneira de pensar. Com certeza
isso não aconteceu com nenhum dos onze discípulos
(não incluindo obviamente o traidor, Judas Iscariotes,
que não chegou a viver para ver o Cristo ressurreto). A
história nem sequer apresenta indícios de que um
deles alguma vez vacilou; e nenhum negou a
ressurreição de Jesus.
Entretanto, com exceção de João, todos os
discípulos morreram como mártires. A tradição diz que
Pedro foi crucificado de cabeça para baixo a seu
próprio pedido, pois considerava-se “indigno” de ser
crucificado da mesma forma que seu Senhor. Paulo, o
apóstolo “nascido fora de tempo” (1 Coríntios 15.8),
depois de várias e longas prisões, morreu em Roma
como mártir. Tome, que tinha sido um “cético” até ver
o Cristo ressurreto, levou a obra da grande comissão
aos confins da índia, onde exerceu o ministério por
muitos anos, sendo finalmente martirizado.
(Minha esposa e eu visitamos o túmulo de São
Tome, na índia, onde a tradição diz que seu corpo está
enterrado. Evidências concretas das atividades de
Tome foram encontradas no estado indiano de Kerala,
onde ministramos em muitas igrejas cristãs ou
assembléias de “irmãos”. A igreja tradicional dali é
conhecida como “a igreja Mar Tomé”, recebendo este
nome em honra do discípulo Tome, que acreditam foi
o primeiro a levar-lhes o evangelho. Kerala é o único
estado cristão de toda a índia; o restante da nação é
totalmente hindu. A história diz que quando os
missionários portugueses viajaram à índia no século
quinze, eles aportaram em Kerala, mas encontraram o
cristianismo tão forte ali que se dirigiram a outros
lugares. Isto tudo indica que, embora Tome tenha
iniciado sua vida de fé com alguma dúvida, terminou-a
extremamente bem.)
De acordo com os melhores registros, todos os
discípulos, exceto o apóstolo João, morreram por
causa de sua fé. Não há o menor indício de que
alguém deles tenha negado sua fé. João, que
sobreviveu a todos os outros discípulos da época de
Jesus, pastoreou a grande igreja de Éfeso durante
anos. A tradição diz que ele foi torturado em óleo
fervente, mas sobreviveu e, quando estava com
aproximadamente oitenta e cinco anos, foi banido
para a ilha de Patmos. Foi ali que, por volta de 96 d.C,
ele escreveu o último livro do Novo Testamento, o
Apocalipse [a Revelação de Jesus Cristo], onde
confirma sua crença na ressurreição de Jesus e em sua
promessa de voltar para cumprir as profecias do Velho
e do Novo Testamento sobre o seu reino futuro.
A questão é: estariam esses discípulos dispostos a
sofrer e morrer por uma mentira? Se de fato eles
roubaram e destruíram o corpo de Jesus e, a partir daí,
contaram a todas as pessoas uma mentira bem
elaborada — com tanta habilidade e talento que
jamais foram descobertos — e seriam capazes de
morrer por causa de uma mentira que eles mesmos
inventaram? Talvez até poderíamos imaginar que um
ou dois deles fizessem isso — mas todos os onze?
Quem consegue acreditar nisso?
Alguém poderia ainda dizer que não foram os
discípulos que roubaram o corpo, mas, sim que eles
acreditaram em uma mentira. Eles foram
simplesmente enganados sobre a ressurreição de
Jesus. Acreditavam que Ele ressuscitou, mas foram
enganados. Tal teoria seria tão impossível quanto a
anterior.
Quando a ponta de uma espada é encostada em
seu pescoço e você é intimado a negar a ressurreição
de Cristo ou morrer — que tipo de evidência levaria
você a escolher a morte? Você poderia escapar da
morte com algumas simples palavras, como: “Bem, eu
realmente nunca o vi vivo. Você deve estar certo —
Ele não ressuscitou”. De novo podemos achar que um
ou mesmo três discípulos enganados possam dispor-se
a morrer por uma crença enganosa na ressurreição de
Jesus — mas todos os onze? Não é razoável supor que
pelo menos um deles capitulasse e renegasse a fé
quando ameaçado de morte? No entanto, nenhum
deles fez isso. A única explicação possível é que,
quando confrontados com a morte, os discípulos se
agarravam firmemente às suas profundas convicções
a respeito da ressurreição de Jesus. Se não fosse isso,
o que poderia evitar que pelo menos um ou dois
renunciassem à fé? No entanto, nenhum deles jamais
fraquejou. Por que não? Porque eles não somente
acreditavam que Jesus tinha ressuscitado, mas sabiam
que isso tinha realmente acontecido. Eles falaram com
ele. Eles o viram. Eles olharam enquanto Ele comia.
Eles o tocaram. Eles sabiam.
Essa é a razão pela qual nenhum deles jamais
negou sua fé, mesmo diante do sofrimento e da morte.
Não há nenhuma razão para temer a morte quando
você sabe que seu Salvador a derrotou!

Meu Desafio a um Cético

Tempos atrás um cético, descrente da


ressurreição, defendeu o argumento que acabei de
expor. Após admitir, por hipótese, que dois ou três
discípulos pudessem deliberadamente espalhar tal
mentira de forma convincente, perguntei-lhe: “Mas
eles morreriam por ela?”
“Possivelmente”, disse ele, “se fossem de fato
homens corajosos.”
“Mas doze deles (incluindo Paulo) morreriam por
uma mentira que eles mesmos espalharam, sabendo
que ela é contrária à verdade? Porque a história
mostra que todos se tornaram mártires, com exceção
de João.”
Seu rosto se iluminou, como se ele tivesse
descoberto algo que seria fatal para o meu
argumento. “Posso explicar isto: Esprit de corps
[lealdade jurada ou pactuada]. Eles se reuniram em
grupo, receberam força uns dos outros e morreram
juntos!” Ele estava orgulhoso de seu argumento!
“O problema dessa teoria”, repliquei, “é que
nunca dois discípulos morreram juntos!” Cada um
deles selou seu testemunho de que tinha visto o Cristo
ressurreto com seu próprio sangue — cada um por si.
Nunca dois discípulos morreram juntos! Alguns
pereceram em Israel, outros na Síria, alguns em Roma,
outros na Itália e na índia. Alguns acham que Pedro
morreu na Babilônia, onde, já no fim de sua vida,
escreveu suas epístolas.
Meu amigo imediatamente percebeu o erro de
sua teoria e finalmente entregou sua própria vida ao
Cristo vivo, ressurreto.
Amigo, podemos acreditar naquelas primeiras
testemunhas oculares que declararam ter visto o
corpo glorificado de Jesus três dias depois de sua
crucificação, porque elas não somente mantiveram
sua fé viva através de seus testemunhos e suas boas
obras, mas selaram-na com seu próprio sangue.
Nenhuma outra religião no mundo conseguiu acumular
tantas evidências sobre a verdade de suas crenças
essenciais.
Jesus realmente ressuscitou. Não há nenhuma
outra explicação plausível para o que aconteceu há
dois mil anos.

18. Algumas Teorias Falsas Sobre a


Ressurreição de Jesus

Os céticos tiveram bastante tempo para


desenvolver seus argumentos contra a ressurreição de
Cristo — quase dois mil anos. Tiveram séculos para
formular, processar e refinar suas próprias explicações
sobre o que aconteceu ao corpo de Cristo depois que
Ele foi crucificado. E qual foi o resultado?
As teorias vulneráveis, falhas, que vamos expor e
comentar a seguir são as melhores que os céticos têm
a oferecer depois de quase dois milênios de reflexão.
Mas, antes de falarmos deles, gostaria de citar meu
orientador neste trabalho, o Dr. Wilbur M. Smith, que
fez uma observação única a este respeito:
Ao considerar as várias, e geralmente fantásticas,
teorias que têm sido propostas de tempos em tempos
para justificar racionalmente o que o Novo Testamento
apresenta como um extraordinário milagre, a
ressurreição de nosso Senhor, o autor gostaria de fazer
uma afirmação que não consta em nenhum livro sobre
a ressurreição. Ela refere-se ao fato de que durante
todo o ministério de Jesus na terra e ao longo de todo o
Novo Testamento, a ressurreição de Cristo foi áspera e
continuamente combatida.

Quando os principais sacerdotes e os fariseus disseram


a Pilatos no sábado da Semana da Paixão: “Senhor,
lembramo-nos de que aquele embusteiro, enquanto
vivia, disse: ‘Depois de três dias ressuscitarei.’ Ordena,
pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até
o terceiro dia, para não suceder que, vindo os
discípulos, o roubem, e depois digam ao povo:
‘Ressuscitou dos mortos’; e será o último embuste pior
que o primeiro “ (Mt 27.63-64), eles não queriam que
Jesus ressuscitasse, tomando todas as medidas
possíveis para que isto não acontecesse. Este não é o
modo de agir das pessoas que buscam a verdade.

No domingo... quando o Sinédrio deu dinheiro aos


soldados, instruindo-os para que mentissem sobre o
que aconteceu, eles deram provas concretas de que,
embora fossem líderes religiosos do povo judeu, não
estavam buscando a verdade. Eles não queriam a
verdade. Eles queriam apenas uma única coisa:
impedir que o povo acreditasse que Jesus tinha
ressuscitado. A igreja sempre teve controvérsias com
pessoas como essas, algumas delas de suas próprias
fileiras, capazes de fazer qualquer coisa para impedir
que as pessoas conheçam a verdade. Ainda no início
da história da igreja, lemos que os discípulos foram
atacados pelos “sacerdotes, pelo capitão do templo e
pelos saduceus, ressentidos por ensinarem eles o povo
e anunciarem, em Jesus, a ressurreição dentre os
mortos “, manifestando o ódio deles à verdade,
“recolhendo os discípulos ao cárcere “ (At 4.1-22)

O Dr. Smith também chamou a atenção para o


fato de que o apóstolo Paulo, anos depois, quando
estava em Atenas, pregou sobre a pedra angular do
evangelho: a ressurreição de Jesus. Qual foi a reação
daqueles filósofos humanistas gregos? Ceticismo.
Alguns zombaram e alguns disseram que o ouviriam
em outra oportunidade. Posteriormente, quando se
defendia em Jerusalém perante o Sinédrio (do qual ele
mesmo tinha sido membro antes de sua dramática
conversão e da transformação de sua vida), Paulo
disse: “no tocante à esperança e à ressurreição dos
mortos sou julgado”. Os fariseus estavam dispostos a
admitir que Jesus poderia ter ressuscitado, porque
acreditavam na vida após a morte. Mas os saduceus
atacaram o argumento, pois faziam parte do partido
que se opunha à ressurreição — não apenas a
ressurreição de Jesus, mas de qualquer pessoa. Esta é
a razão por que eles hostilizavam tanto a igreja
primitiva e se recusavam a aceitar as evidências. Eram
piores do que o “cético” Tome, pois não creriam,
mesmo que vissem alguém que tivesse ressuscitado.

Tanto nos evangelhos como no livro de Atos, todos


aqueles que atacaram deliberadamente a ressurreição
de Cristo não fizeram esforço algum para investigar as
evidências desse fato e nunca pediram aos discípulos
que apresentassem provas em apoio ao que eles
estavam pregando, Quando observamos a oposição à
verdade da ressurreição de Cristo relatada no Novo
Testamento, verificamos que esse mesmo antagonismo
contra a verdade está presente até os dias de hoje.

Devemos lembrar novamente que as teorias que


iremos analisar adiante são as melhores que os céticos
têm para apresentar depois de quase dois mil anos de
reflexão. Tenha em mente também que essas teorias
foram desenvolvidas não por homens que buscaram
sinceramente a verdade, mas por pessoas
determinadas a não acreditar na ressurreição de
Cristo. Julgue por si mesmo a força desses
argumentos.

1. A teoria do desmaio
A velha teoria de que Jesus desmaiou
temporariamente na cruz foi inventada muito antes
que a ciência médica desenvolvesse uma
compreensão das conseqüências devastadoras
provocadas por um trauma como o que Jesus sofreu.
Hoje qualquer pessoa de formação médica admitiria
que, se a crucificação não tivesse matado Jesus, os
panos [a mortalha] apertados contra seu corpo, o frio,
a umidade, o túmulo selado [sem ventilação] e três
dias sem tratamento, certamente o teriam matado. E,
depois, ainda havia a enorme pedra que ele precisaria
remover, enfraquecido como estava. Mas isto ainda
não é o pior desta teoria.
Como um Cristo debilitado e pálido [por causa da
perda de sangue], que levaria semanas para se
recuperar, pôde inspirar seus discípulos a ir e
proclamar sua vitoriosa ressurreição? Esta idéia é tão
ridícula que até mesmo o famoso cético do século
dezenove, David Strauss, escreveu:

É impossível que alguém semimorto, que acabou de


sair do túmulo, arrastando-se devido à fraqueza,
necessitando de tratamento médico, de bandagens, de
medicamentos e de cuidados rigorosos, pudesse dar
aos discípulos a impressão de ser Ele o vencedor sobre
a morte e a sepultura — de ser Ele o Príncipe da Vida
lançando o alicerce de seu futuro ministério, Uma
ressurreição desse tipo poderia somente enfraquecer a
impressão que Ele tinha causado aos discípulos em
vida e na morte - ou no máximo poderia tentar animá-
los com uma voz gemida — mas não poderia de modo
algum transformar o abatimento de seus discípulos em
entusiasmo, ou levá-los à adoração.

Nenhum evangélico, incluindo eu mesmo, poderia


levantar argumento melhor contra essa teoria. No
entanto, se tal impossibilidade tivesse ocorrido, eu
acrescentaria um outro problema. Se Jesus tinha
realmente aparecido vivo, arrastando-se para fora do
túmulo, por que então, quando os judeus da época
foram informados das notícias de sua ressurreição,
eles não vasculharam terra e mar para prendê-lo e
apresentá-lo como “prova número 1”, destruindo
assim totalmente as notícias? A resposta é simples.
Ele não estava lá; Ele “ressuscitou, como havia dito”!

2. As pessoas procuraram por Jesus no


túmulo errado
A idéia de que o corpo de Jesus foi colocado no
túmulo errado, ou que as mulheres dirigiram-se ao
túmulo errado é ridícula. As pessoas da época não
eram tão idiotas para serem facilmente convencidas
de uma ressurreição, se ela de fato não tivesse
acontecido. Esse argumento faz de José de Arimatéia
um mentiroso vulgar, que teria tomado parte de uma
conspiração (embora John Dominic Crossan, do
Seminário Jesus, diga que até mesmo José era uma
ficção, um personagem inventado.De acordo com
Crossan, apenas umas poucas décadas após os
eventos em questão, a igreja simplesmente inventou
uma figura importante ligada ao Sinédrio —
semelhante a alguém hoje que inventasse uma
Suprema Corte de Justiça de 1966 sem que ninguém
percebesse a fraude!). José de Arimatéia certamente
teria levantado um ruidoso protesto se circulasse a
história de que ele tinha permitido que o túmulo da
família fosse usado para enterrar o corpo de Jesus
crucificado, se na realidade ele não tivesse permitido!
Além disso, eles com certeza vasculhariam todos
os túmulos, abrindo cada um deles até que o corpo de
Jesus fosse encontrado, ainda que isso significasse
remover a pedra de cada túmulo do jardim. No
entanto, não há o menor indício na história de que
alguém alguma vez o procurou em qualquer outro
túmulo! Lembre-se de que os líderes religiosos nunca
negaram que o corpo de Jesus estava desaparecido.
Por que subornar os soldados romanos para que
dissessem que seus discípulos vieram e roubaram o
corpo, se de fato o corpo existisse? Até os judeus
sabiam que o corpo de Jesus não estava mais no
túmulo, razão pela qual não procuraram por ele.
De qualquer modo, como as mulheres poderiam
ficar confusas quanto à localização do corpo de Jesus?
Mateus relata que, quando José de Arimatéia desceu o
corpo de Jesus da cruz, colocou-o em seu “novo
túmulo” (algumas pessoas querem nos fazer acreditar
que ele não sabia onde era esse túmulo!), estando
presentes Maria Madalena e a outra Maria, sentadas
de frente para o túmulo. São estas as mulheres que
foram ao túmulo no domingo seguinte pela manhã — é
possível acreditar que elas foram ao túmulo errado?
Isso seria inacreditável! Marcos nos diz que essas duas
mulheres observavam quando o corpo de Jesus foi
descido da cruz, ungiram-no temporariamente,
revestiram-no de tiras de pano para formar a
mortalha, quando então [José, e certamente outros
ajudantes] “o depositou em um túmulo que tinha sido
aberto em uma rocha; e rolou uma pedra para a
entrada do túmulo”. Então Marcos acrescenta: “Ora,
Maria Madalena e Maria, mãe de José, observaram
onde ele foi posto” (Marcos 15.47). E três dias depois
não conseguiram localizar o túmulo? Altamente
improvável.
Quando meu pai morreu eu estava dominado pela
tristeza. Ele foi enterrado em um cemitério com mais
de quinhentas sepulturas. Você acha que tive muita
dificuldade de relembrar qual delas era a sua,
exatamente três dias depois do funeral? De modo
algum. Sua sepultura estava fixada em minha mente
para sempre — e eu tinha apenas nove anos! Posso
encontrar aquele túmulo até hoje, passados cinqüenta
anos.
Não há como aceitar que as mulheres pudessem
estar “confusas” quanto ao túmulo. (Nem era provável
que os anjos estivessem confusos quanto à pedra que
deveriam remover.) Sim, não há dúvida de que era o
túmulo certo — e ele estava vazio!

3. Cães selvagens comeram seu corpo


Os céticos da atualidade, como John Dominic
Crossan, sugeriram que cães selvagens devoraram o
corpo de Jesus. Crossan rejeita os relatos do
evangelho de que Jesus foi colocado em um túmulo,
achando mais provável que Ele tenha sido enterrado
em uma cova rasa, sendo em seguida desenterrado e
devorado pelos cães, de forma a consumir com o
corpo.
Há vários e imensos problemas com esta teoria. O
primeiro deles é que essa idéia só surgiu quase dois
mil anos após os acontecimentos em questão! Se esta
tivesse sido uma possibilidade real, seria provável que
os inimigos de Jesus a tivessem descartado? Segundo,
por que os judeus teriam alegado que os discípulos de
Jesus roubaram o corpo de um “túmulo”, se eles
suspeitassem que ele tinha sido enterrado em uma
cova rasa? Por que dariam apoio a essa teoria? A
história de que eles pagaram os soldados romanos
para que estes justificassem a falta do corpo não faz
sentido — a menos, naturalmente, que o corpo de
Jesus realmente tivesse sido colocado em um túmulo e
agora não estivesse mais ali, o que exigia uma
explicação. A teoria dos “cães selvagens” é nada mais
do que uma busca desesperada de explicação.
É difícil entender como “estudiosos” brilhantes
podem sustentar suposições tão ridículas como esta.
Há muitos anos o professor C. H. Guignebert, também
um cético, lançou o fundamento para a teoria de
Crossan quando escreveu: “A verdade é que não
sabemos, e provavelmente nem os discípulos sabiam,
onde o corpo de Jesus tinha sido colocado depois de
ser descido da cruz, provavelmente pelos que o
executaram. É mais provável que ele tenha sido
atirado em uma vala para os executados do que
colocado em um túmulo novo”. O Dr. Wilbur M. Smith
respondeu:

Esse tipo de relato histórico devia ser chamado de


“minha própria teologia”. Quando um erudito como o
professor Guignebert... faz uma afirmação como esta,
impossível de ser fundamentada por qualquer
documento do Novo Testamento (nem por quaisquer
outros documentos relacionados a isto), ele apenas
revela sua própria determinação de excluir da vida de
Cristo todos os elementos sobrenaturais, mesmo que
para isso tenha necessidade de fabricar conclusões
completamente desprovidas de apoio de qualquer
testemunho... Uma teoria que não conta com a
evidência para dar-lhe suporte não deve merecer
qualquer consideração.

É preciso ainda esclarecer que essas


“explicações” sobre a ausência do corpo de Jesus
podiam somente ser feitas séculos depois dos
acontecimentos. Não encontramos explicações
anteriores à era moderna porque aqueles que viveram
próximos dos acontecimentos em questão teriam
ridicularizado quaisquer dessas sugestões irreais. E o
mesmo que tentar admitir que o primeiro presidente
dos Estados Unidos foi Benedict Arnold e não George
Washington; que a língua falada é o francês, não o
inglês; e que Valley Forge foi uma fundição de ferro na
planície, não a área do acampamento do Exército
Continental.

4. Pessoas desconhecidas roubaram o corpo


de Jesus
Esta hipótese falsa, como as demais, não tem
nenhuma evidência para apoiá-la. Por boa razão ela
não foi sequer mencionada durante dois milênios. Se
ela fosse verdadeira, por que aqueles indivíduos
desconhecidos que roubaram o corpo não foram
receber a generosa recompensa que as autoridades
sem dúvida lhes teriam oferecido pela devolução do
corpo? Em uma comunidade pequena como aquela em
que Jesus estava enterrado, logo surgiriam rumores
sobre onde seu corpo estaria — mas os judeus nunca
se preocuparam em procurar pelo corpo, porque eles
sabiam que ele não estava lá. Os rumores que
surgiram diziam respeito à ressurreição de Jesus!
O Dr. Joseph Klausner, professor da Universidade
Hebraica, apresentou uma ligeira variação sobre esta
teoria. Ele sugere que José de Arimatéia julgou
inadequado que alguém morto em uma cruz fosse
sepultado no túmulo de sua família, por isso removeu
o corpo secretamente, já perto do Sabbath, e o
enterrou em um túmulo desconhecido. Em seu livro “A
ressurreição de Jesus”, o Dr. James Orr respondeu a
esta hipótese, com certa ironia:

Esta pequena fraude de José, tão apropriada a um


homem bom, foi descoberta recentemente, sendo
divulgada em toda a igreja cristã e juntamente aos
aparecimentos imaginários de Jesus, criou a fé na
ressurreição!

Lembre-se de que José é citado como um “homem


bom” que deve ter tido um bom relacionamento com o
alto conselho judaico, do qual obteve permissão para
descer o corpo de Jesus da cruz. Alguns acreditam que
ele também era um dos membros do conselho. Seja
como for, ele tinha permissão para tirar o corpo de
Jesus da cruz. Se ele próprio tivesse colocado o corpo
em outro túmulo, certamente ele teria sido a primeira
pessoa a ser consultada pelas autoridades, em seus
esforços para localizar o corpo. Se ele tivesse
queimado o corpo ou feito qualquer outra coisa com
ele, teria divulgado a história em toda Jerusalém. Nada
parecido com isso aconteceu. Na verdade, não consta
que ele tenha sido procurado por ninguém. Isto é
coerente com o relato dos evangelhos, que afirmam
que os próprios soldados romanos contaram aos
líderes judaicos sobre a presença do anjo junto ao
túmulo. Os líderes sabiam que o corpo não estava lá,
por isso não havia necessidade de procurar por ele. A
única coisa que podiam fazer era espalhar falsos
rumores sobre por que o corpo sumiu. E foi o que
fizeram.
Uma teoria semelhante é que os inimigos de Jesus
roubaram o corpo. Esta sugestão pode ser facilmente
desconsiderada, pois, se seus inimigos tivessem
roubado o corpo, eles certamente o teriam exibido
para evitar a propagação da nova fé baseada
inteiramente em sua ressurreição física! No entanto,
nada disso aconteceu.

5. Os discípulos roubaram o corpo


A única teoria falsa com alguma possibilidade
razoável de ser aceita é a que foi divulgada pelos
próprios líderes judeus em Jerusalém. Como expõe
Mateus:

Eis que alguns da guarda foram à cidade e contaram


aos principais sacerdotes tudo o que sucedera [a pedra
foi removida, o corpo desapareceu e vários de seus
seguidores tinham vindo ao túmulo onde foram
avisados por dois homens com vestes brancas que “Ele
havia ressuscitado”]. Reunindo-se eles em conselho
com os anciãos, deram grande soma de dinheiro aos
soldados, recomendando-lhes que dissessem: “Vieram
de noite os discípulos dele e o roubaram enquanto
dormíamos. “[como poderiam saber que foram os
discípulos, se estavam dormindo?]. “Caso isto chegue
ao conhecimento do governador, nós o persuadiremos,
e vos poremos em segurança. “Eles, recebendo o
dinheiro, fizeram como estavam instruídos. Esta versão
divulgou-se entre os judeus até o dia de hoje. (Mt
28.11-15)

Infelizmente para aqueles que propõem teorias


capazes de “explicar” a ressurreição, esta história
escolheu os ladrões de sepulturas errados. Qualquer
um poderia ter feito isso, mas nunca os discípulos!
Lembre-se de que dez deles morreram por essa
“mentira”. Esta história já não fazia sentido naquela
época e continua não fazendo hoje.
Poderiam os discípulos ter “virado o mundo de
ponta-cabeça” (Atos 17.6) com suas falsas histórias
sobre terem sido testemunhas oculares do Cristo
ressurreto, se de fato tudo não passasse de uma
grande mentira? Impossível. Isso exigiria um milagre
ainda maior do que a própria ressurreição. A verdade
é que a teoria de que os amigos de Jesus roubaram
seu corpo cria mais problemas do que resolve.

6. A teoria da visão
A teoria da visão é talvez a explicação falsa mais
amplamente aceita para a ressurreição. Ela defende a
integridade dos discípulos, considerando-os homens
honestos e sinceros que foram emocionalmente
perturbados pela morte de seu líder. Esta teoria alega
que, uma vez que Jesus tinha predito sua ressurreição,
seria perfeitamente natural que seus seguidores
achassem que isso realmente tivesse acontecido.
Assim, eles o viram, conversaram com Ele e até
imaginaram que Ele tomou uma refeição com eles.
Joseph Ernest Renan, um crítico do século
dezenove, é um típico defensor dessa teoria. Os
pontos de vista desse cético francês podem ser assim
resumidos:

Os assim chamados aparecimentos do Cristo


ressurreto resultaram de um estado de excitação da
mente que os discípulos experimentaram depois da
morte de seu mestre. Extenuados e mentalmente
perturbados pelo choque de sua morte e ansiosos por
sua presença, eles tiveram visões de Jesus. Mas estas
foram puramente subjetivas —fantasmas ou
alucinações mentais. Eles ansiavam por vê-lo, mas
tudo não passava de alucinação.

Para pessoas em tal estado de excitação e expectativa,


aliado a um temperamento nervoso e altamente tenso,
tais visões são relativamente comuns na história
religiosa e freqüentemente contagiosas. Assim foi no
caso dos aparecimentos de Jesus. Eles começaram
com as mulheres, provavelmente com Maria Madalena,
uma pessoa excitável e nervosa. Sua história de que
tinha visto o Senhor foi ansiosamente acolhida; a
notícia espalhou-se com a rapidez de um raio e com a
força de uma epidemia. O que ela acreditou ter visto os
outros também acreditaram que deviam ver e viram. As
visões foram produto de seu convívio afetuoso e íntimo
com Jesus, fazendo-os lembrar da personalidade de
seu Mestre. Vencido o choque inicial do desespero pela
morte de Jesus, eles passaram a sentir como se Ele
tivesse sobrevivido à morte.

Renan queria que acreditássemos que a fé dos


primeiros cristãos na ressurreição foi resultante de
alucinações coletivas que atingiram treze pessoas
(cujos nomes conhecemos), e mais os “quinhentos de
uma só vez”. Entretanto, todos eles morreram como
mártires em vez de renunciar à crença na
ressurreição. O melhor que Renan pode fazer é atribuir
os encontros de todas essas pessoas com o Cristo
ressurreto a alucinações coletivas capazes de
transformá-los em zelosas testemunhas.
Na melhor das hipóteses, é preciso um grande
esforço para imaginar que onze homens e várias
mulheres tiveram todos as mesmas visões e que
alguns anos depois Saulo de Tarso — antes um
impiedoso inimigo da nova igreja — teve essas
mesmas visões. (E no caso dos onze discípulos
originais, depois de quarenta dias as visões cessaram.)
Não sou autoridade em sonhos, mas nunca ouvi
falar de sonhos coletivos idênticos, nos quais todas as
pessoas (e nenhuma outra) que aparecem no sonho
também têm o sonho (enquanto ninguém mais tem).
Isto põe à prova minha credibilidade. Nunca posso
sonhar a mesma coisa duas vezes e nem posso prever
o que vou sonhar. Minha esposa e eu, quando
passamos por fases de forte pressão emocional,
podemos algumas vezes sonhar sobre o mesmo
assunto — mas nossos sonhos nunca são iguais.
Além disso, pessoas saudáveis não têm a menor
dificuldade de distinguir entre um sonho ou visão e a
realidade. Uma visão pode levar um missionário como
Paulo à Macedônia (Atos 16.9), mas nunca levará um
grande grupo de indivíduos a dar suas vidas pela
ressurreição física de um homem que eles na verdade
nunca viram de outra maneira a não ser em visões. As
visões podem suplementar a direção de Deus na vida
de uma pessoa, mas visões coletivas nunca
mereceram consideração nesses vinte séculos de
cristianismo!

7. A teoria do telegrama
Esta é uma das teorias mais estranhas de que se
tem notícia. Um estudioso escreveu sobre ela:

Esta [teoria] reconhece que o Senhor ascendeu ao céu


mas em Espírito, não em seu corpo, e de lá
TELEGRAFOU para a terra imagens de si mesmo para
as mentes dos apóstolos, de uma forma tão real que
eles foram levados a crer que tinham realmente visto o
Senhor ressurreto. Como alguém pode levar em
consideração uma teoria fantástica como esta,
realmente não sei.

Levando em conta que esta teoria foi concebida


há cerca de cem anos, podemos dar a seu inventor
uma nota dez por sua previsão tecnológica, já que
temos agora o fac-símile (fax) que transmite fotos a
cores. Mas ele recebe nota zero em teologia.
(Casualmente, o criador desta teoria foi um líder
liberal de uma igreja que nunca acreditou na
ressurreição corpórea de Jesus. Com certeza ele
estava tentando desesperadamente preservar seu
liberalismo e as tradições de sua igreja.)
Se você acha necessário avaliar essa teoria,
sugiro a leitura do relato de Lucas sobre o encontro
entre o Cristo ressurreto e os dois homens no caminho
para Emaús (Lc 24.1-35). Em seguida, pergunte a si
mesmo se tal encontro poderia ser transmitido por um
“fax mental” ou “telegrafado”. É mais difícil crer nisso
do que na ressurreição real de Jesus!
Além disso, tal teoria destrói a integridade moral
de Jesus Cristo. Ele prometeu a seus discípulos que
ressuscitaria. Falhar em manter essa promessa — e
apesar disso comissionar seus discípulos a ir por todo
o mundo e pregar o evangelho apoiado na
ressurreição física (não telegrafada) — seria
afrontosamente desonesto. Isso seria impossível para
o Santo Filho de Deus e certamente destoaria do modo
como Ele tratou todas as coisas.
A Opinião de um Ilustre Estudioso
O Dr. J. Gresham Machen sempre gozou de
grande prestígio entre os estudantes de Princeton. Ele
foi um ardoroso defensor da ressurreição e escreveu o
comentário a seguir que nos ajuda a compreender
como Jesus era um ser único — antes mesmo de
ressurgir dentre os mortos:

Você e eu nunca vimos alguém que ressuscitou dentre


os mortos; mas você e eu nunca vimos também alguém
como Jesus. O que estamos tentando estabelecer não
é a ressurreição de um homem comum a respeito do
qual nada sabemos, mas sim a ressurreição de Jesus.
Todos rejeitam a idéia da ressurreição de um homem
comum, mas quando conhecemos realmente a Jesus
como Ele é retratado nos evangelhos, podemos dizer
que enquanto é improvável que qualquer homem
comum possa ressuscitar dentre os mortos, no caso de
Jesus se dá exatamente o contrário. É improvável que
um homem comum ressuscite, mas é altamente
improvável que este homem [Jesus] não ressuscite;
podemos dizer a respeito deste homem que é
impossível que Ele permaneça na morte.

O Dr. Machen está certo. A ressurreição, embora


sobrenatural, se adapta tão bem à vida e ao caráter de
Jesus que se torna um fato natural — para Ele. Que foi
um acontecimento sobrenatural não é surpresa para
nós; toda sua vida foi sobrenatural. Mas sua
ressurreição soluciona uma grande questão: ela
explica como a igreja surgiu e se estabeleceu.
Ninguém, especialmente os céticos, jamais
conseguiu oferecer uma explicação razoável para o
extraordinário crescimento da igreja no cenário
mundial, se ela tivesse sido construída sobre qualquer
uma das teorias citadas. Há uma resposta fácil —
Jesus, o homem mais incomum deste mundo,
realmente ressuscitou dentre os mortos.
Contra as frágeis objeções sobre a ressurreição,
como as expostas nas teorias atrás citadas, levanta-se
o maior de todos os milagres. Um dos recentes
defensores da fé, combatendo o ceticismo do
Seminário Jesus, escreveu em seu livro: “Jesus Sob o
Fogo”.

O nascimento e o rápido crescimento da igreja cristã...


continuam sendo um enigma insolúvel para alguns
historiadores que se recusam a levar em conta a única
explicação apresentada pela própria igreja. A
ressurreição de Jesus é, portanto, a explicação mais
plausível da origem do modo de vida cristão.

O Lado Bom das Falsas Teorias

A Bíblia nos diz que “até a ira humana há de


louvar-te [a Deus]” (Salmo 76.10). É isto que fazem as
falsas teorias: elas tornam fácil acreditar que o maior
homem que já existiu teve a maior das mortes de que
se tem notícia seguida de uma ressurreição única. As
teorias expostas aqui são as melhores que os céticos
têm para apresentar — mas todas elas sofrem o
mesmo problema fatal. São mais difíceis de aceitar do
que a própria história real! Um estudioso escreveu:

Nenhuma dessas teorias foi totalmente aceita, mesmo


entre os críticos e racionalistas radicais. Aqueles que
negam a realidade da ressurreição de Cristo divergem
entre si sobre qual a teoria que melhor pode combater
as evidências apresentadas pelo Novo Testamento.
Quando as colocamos lado a lado, verificamos quão
irracionais elas são, sem fundamento concreto,
divorciadas de toda evidência comprovada, envolvendo
falsidade, corrupção, embuste, roubo, fraude, êxtases
de experiências visionárias, etc. Se elas contivessem
alguma verdade, poderíamos estar convencidos de
que, se Cristo não ressuscitou dentre os mortos,
ninguém sabe coisa alguma sobre o fim de sua vida, e
os documentos do Novo Testamento provam ser
inúteis. Na verdade, eles são do maior valor histórico.

Além disso, se a ressurreição não aconteceu, não


sabemos como a igreja foi fundada. Se Cristo não
ressuscitou no terceiro dia, não sabemos como Ele
terminou sua vida. E pensar que esse homem, o maior
que já viveu nesta terra, entre a terrível experiência da
cruz e o fim de sua vida, teria sido enterrado em
alguma aldeia desconhecida da Palestina (onde seu
nome tinha estado nos lábios de cada pessoa viva)
está simplesmente além de qualquer razão.

Minha sincera opinião é que o Espírito Santo guiou de


tal forma os escritores dos quatro evangelhos,
registrando os acontecimentos relacionados com a
ressurreição de Cristo, que eles foram capacitados a
escrever uma história que, embora contendo um
estupendo milagre, é tão racional, tão razoável, tão
lógica, tão próxima dos fatos, que nunca poderia ter
sido inventada, nem seu testemunho poderia ser
destruído. Se, após estes últimos cem anos de crítica
corrosiva, amarga e impiedosa (uma crítica
terrivelmente mais severa a que qualquer outro
documento já se submeteu), a narrativa da ressurreição
permanece ainda inabalável intacta, ilesa, os homens
podem estar certos de que as coisas aqui faladas estão
de acordo com a verdade de Cristo.

Não Deixe Que Seus Preconceitos Atrapalhem Seu


Caminho

A evidência da ressurreição de Jesus é tão forte


que qualquer um que a examine ficará convencido
desse fato, a não ser que seus preconceitos impeçam
seu caminho. Há basicamente dois empecilhos para se
aceitar essa evidência.
O primeiro é o ceticismo ou ateísmo. Embora
alguns ateus se tornem cristãos, muitos rejeitam a
ressurreição simplesmente porque não acreditam em
Deus ou no sobrenatural. E, obviamente, a
ressurreição é um evento sobrenatural. A maioria dos
ateus simplesmente se recusa a examinar a evidência
objetivamente.
O segundo é mais sutil. Paulo advertiu que alguns
rejeitariam a verdade porque “deleitaram-se com a
injustiça” (Tessalonicenses 2.12). Todos sabemos, ou
deveríamos saber, que o cristianismo implica um
modo de vida. “Vai e não peques mais” não era
somente um mandamento de Jesus para a mulher de
vida pecaminosa, mas para todos os seus seguidores.
Algumas pessoas, quando colocadas diante da
verdade da ressurreição, a rejeitam porque não
aceitam se submeter ao modo de vida cristão exigido
pela ressurreição de Jesus.
Se você estiver livre desses dois preconceitos
fatais, a forte evidência da ressurreição tornará fácil
aceitá-la como fato histórico. Considere como é fácil
crer... SE você crê em Deus, ENTÃO é fácil acreditar
que Deus seria capaz de ressuscitar Jesus dentre os
mortos. SE você crê que Jesus é “o Filho de Deus” em
forma humana, ENTÃO é fácil aceitar sua ressurreição.
SE você crê que Jesus foi concebido miraculosamente
de uma virgem, ENTÃO não é difícil aceitar sua
ressurreição pelo mesmo poder divino.
SE você pode aceitar que, como Deus em forma
humana, Jesus viveu uma vida sem pecado e por isso
podia morrer sacrificialmente, ENTÃO você não terá
dificuldade de aceitar a ressurreição.
SE você lê e aceita as profecias de que Ele iria
ressuscitar dentre os mortos, ENTÃO é fácil perceber
como a narrativa da ressurreição se adapta a todas
essas exigências. SE você crê que Jesus “é a verdade”,
ENTÃO não é difícil acreditar que Ele estava realmente
vivo após a ressurreição.
SE você crê que os milagres foram evidências de
sua divindade, ENTÃO aceitar a ressurreição como um
milagre divino é mera conseqüência.
SE, entretanto, você não crê em nenhuma das
premissas acima, ENTÃO você vai encontrar
dificuldade para crer na ressurreição, não importando
a quantidade de evidências apresentadas.
Seja como for, você está diante de uma sólida
parede de evidência que indica que Jesus ressuscitou
naquela primeira manhã de Páscoa. Uma montanha de
evidência aponta para a ressurreição e nada em dois
mil anos esteve perto de contestar esta verdade.

O Poder da ressurreição
O apóstolo Paulo escreveu: “Pára [eu, Paulo] o
conhecer e o poder da sua ressurreição” (Filipenses
3.10). As vidas transformadas das pessoas
proporcionam o teste supremo desse poder. Aqueles
que acreditam na ressurreição e recebem Cristo como
seu Senhor e Salvador experimentam “o poder da sua
ressurreição”, que os capacita a viver a vida cristã.
Pára muitos isto significa uma mudança drástica. Por
quê? Porque todo aquele que se torna cristão é
pecador. Alguns são piores que os outros (como Paulo,
que perseguiu a igreja); outros são blasfemos; outros
ainda são culpados de pecados mais comuns.
Entretanto, todos eles, após a conversão, recebem o
poder de viver como “novas criaturas em Cristo”.
A seqüência deste livro terá como título “O Poder
da Cruz”, um tema extraído de 1 Coríntios 1.18. Vou
mostrar que o sinal do poder de Deus nos seres
humanos hoje é a vida transformada dos crentes.
Quando a pessoa dobra os joelhos diante do Salvador
e experimenta o poder do Cristo ressurreto, ela pode
superar todo pecado obsessivo que tem dominado sua
vida. Vamos narrar nesse livro histórias da vida real de
muitas pessoas que foram transformadas pelo poder
do Senhor ressurreto. Jesus tem curado e continua
curando hoje os viciados em drogas, álcool,
prostituição, depressão, ira, ou qualquer outra coisa.
Vou relatar muitos casos daqueles que estavam
subjugados pelo pecado sem qualquer esperança... até
se encontrarem com o Cristo crucificado e ressurreto.
Em todos estes anos em que tenho visto homens
e mulheres se renderem à fé no Cristo ressurreto, não
encontrei uma só pessoa que tenha voltado atrás ou
lamentado sua decisão. Ao contrário, numerosas
pessoas ainda dão testemunho de que “Jesus mudou
minha vida!” Você pode estar certo de que elas não
estavam falando de um Jesus morto, sepultado no
túmulo de José de Arimatéia, mas de um Cristo
ressurreto e vivo nos dias de hoje.
O desafio agora e sempre é “provar e ver que o
Senhor é bom”. Em outras palavras, aceitá-lo como
seu Senhor e Salvador e experimentar por si mesmo
“o poder de sua ressurreição”.
Parte V : Quem Ele É Para Você?

19. Evidência Que Requer Uma Decisão

Se um homem brilhante chegasse à sua cidade e


começasse a atrair enormes multidões para ouvi-lo
falar, admirados com seus ensinamentos e com sua
sabedoria — embora Ele não tivesse qualquer
educação formal além do que aprendera em uma
carpintaria — você ficaria impressionado o bastante
para ir ouvi-lo espontaneamente?
E se esse homem começasse a curar todos os
tipos de doenças, os aleijados e até mesmo aqueles
com possessão demoníaca. E depois, se esse homem
começasse a fazer milagres extraordinários —
milagres que desafiassem a lógica humana, como, por
exemplo, andar sobre a água, alimentar multidões
com o pequeno lanche de um menino e transformar
água no mais delicioso vinho que você já provou —
você se inclinaria a pensar que esse homem teria
poderes sobrenaturais?
E se esse mesmo homem tivesse ressuscitado
pelo menos três pessoas, na frente de muitas
testemunhas idôneas, e se o maior profeta de sua
geração o chamasse de “Filho de Deus” e
posteriormente testemunhasse que Ele era o Messias
prometido — você acreditaria nisso? Estaria ao menos
disposto a investigar suas declarações mais a fundo?
E se durante suas investigações você descobrisse
mais de trinta profecias específicas — como época e
local de seu nascimento, detalhes sobre sua vida
extraordinária e o modo como deveria morrer — feitas
centenas de anos antes de seu nascimento e que
foram perfeitamente cumpridas por Ele, você
concluiria que este homem, diferente de todos os
outros naquela época ou agora, veio de Deus?
E se você também ouvisse esse homem dizer
coisas como “Eu e o Pai somos um” [isto é, “Eu sou
igual a Deus”], “Tenho poder de ressuscitar os
mortos”, “Eu sou o Juiz diante de quem todos os
homens estarão na eternidade” e “Eu sou o Filho
unigênito de Deus que veio para buscar e salvar os
perdidos” — VOCÊ ACREDITARIA NELE?
Estas são as perguntas que as pessoas da época
de Jesus enfrentaram. Muitos, como os discípulos,
“creram nele”. Um falou por todos eles quando disse a
Jesus: “Tu tens as palavras da vida eterna.” (João 6.68)
Eles o aceitaram como Deus em forma humana, vindo
a este mundo para fazer o que nenhum outro poderia:
morrer pelos pecados de todos. Esses homens, e
milhares de outros como eles, morreram
prematuramente como mártires porque se recusaram
a abandonar a crença na divindade de Jesus de
Nazaré. Eles alegremente entregaram suas vidas para
servi-lo e estavam dispostos a fazer isso até o fim.
Estavam tão convencidos de sua divindade e de sua
posição como o Messias-Salvador que oraram —
“Senhor meu e Deus meu!”

Por Que os Líderes Judeus o Rejeitaram?

Naturalmente, nem todos aceitaram Jesus, muito


embora admitissem que nenhum homem poderia fazer
tais milagres ou ministrar ensinos tão maravilhosos
“se Deus não estiver com ele” (João 3.2). Alguns,
quando se defrontaram com seu poder miraculoso
para curar todas as espécies de enfermidade, diziam
que Ele fazia essas coisas pelo poder de Satanás. Nisto
eles blasfemaram.
Podemos perguntar a nós mesmos: “Por que eles
o rejeitaram?” Jesus deu a resposta em João 5.40.
Depois de enfrentar seus opositores com as Escrituras
(que Ele dizia “que testificam de mim”), Ele lhes disse:
“Não quereis vir a mim para terdes vida.” No original
grego, a palavra “quereis” está no tempo passado.
Isto é, “não quisestes vir a mim”. Eles não rejeitaram
Jesus como o Cristo com base na evidência ou na
lógica, pois não podiam usar as Escrituras para provar
que Ele não era o Messias encarnado, nem podiam
apontar alguma deficiência moral que o impedisse de
ser o perfeito Filho de Deus. Eles o rejeitaram, como
Jesus mesmo disse, por causa de sua vontade. O
problema deles não estava relacionado à mente, à
razão, à evidência, ou aos fatos em si; relacionava-se
à “vontade”. Eles se recusariam a aceitá-lo mesmo
que um homem saísse da sepultura e lhes dissesse
que Jesus estava dizendo a verdade.
Em uma análise final, tudo é sempre uma questão
de vontade. Se as pessoas teimosamente se recusam
a acreditar, apesar da força da evidência, elas viverão
e morrerão na descrença. Se as pessoas, porém,
forem abertas, Deus lhes proporcionará ampla
evidência para apoiar sua crença. Jesus disse: “O meu
ensino não é meu, e sim daquele que me enviou.
Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá
a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo
por mim mesmo” (João 7.16-17). Se qualquer indivíduo
procura sinceramente a verdade, Jesus promete que
Deus lhe provera todas as informações e evidências
de que ele necessita para crer.
Meu amigo, Dr. John Hunter, da Inglaterra, é um
bom exemplo. Ele tem servido ao Senhor fielmente por
mais de cinqüenta anos. Porém John não foi sempre
um cristão. Como piloto de um bombardeiro da RAF
(Força Aérea Real) durante a Segunda Grande Guerra,
ele passou por experiências terríveis. Um dia, sabendo
que podia morrer a qualquer hora, ele fez esta simples
oração: “Deus — se de fato existe — espero que ouça
minha oração e se revele a mim. Se o Senhor o fizer,
eu vou aceitá-lo e servi-lo.” Em sua graça soberana,
Deus ouviu aquela oração sincera, colocando na vida
de John algumas pessoas que anunciaram o evangelho
a ele. Finalmente ele aprendeu o bastante sobre Jesus
para tornar-se crente. Ele convidou Jesus a entrar em
sua vida e foi maravilhosamente convertido.
Isto não aconteceu só com ele! Muitas pessoas
têm feito essa simples e sincera oração e Deus lhes
tem respondido. O eunuco etíope de Atos 8 é outro
exemplo de uma busca sincera de Deus (neste caso,
ele tinha ido ao templo em Jerusalém em busca de paz
com Deus, mas não a havia encontrado). O Senhor
levou o evangelista Filipe até o deserto para encontrá-
lo e guiá-lo aos pés de Cristo. Como muitas outras
pessoas, após receber Cristo em seu coração, ele “foi
seguindo o seu caminho, cheio de júbilo” (Atos 8.39).
Naturalmente as coisas nem sempre aconteceram
assim, pois os líderes judeus da época de Jesus “não
quiseram ir a Ele”. Os ensinos de Jesus conflitavam
com suas idéias preconceituosas, que eram baseadas
apenas nas tradições dos homens e não na Escritura.
Suas mentes já estavam predispostas e suas vontades
estabelecidas; conseqüentemente eles rejeitaram a
verdade que Jesus ensinou. Para fazer isto eles
tiveram de fechar os olhos para a enorme quantidade
de evidência a respeito da identidade de Jesus, que Ele
mesmo lhes havia provido.

A Importância da Vontade Humana


Dizem que duas coisas são certas na vida: a
morte e os impostos. Uma terceira poderia ser
acrescentada a esta lista: a escolha. Cada homem ou
mulher, em algum momento de sua vida, precisa fazer
uma escolha, quer para aceitar ou rejeitar a pessoa de
Deus. Esta escolha começou no Jardim do Éden e está
em vigor até hoje, permanecendo ainda durante o
próximo milênio, quando Cristo retornar para
estabelecer seu reino de paz e justiça.
Mesmo antes de ter criado Eva, a Escritura diz
que Deus plantou um jardim chamado Éden (veja
Gênesis 2). Ali, junto a todas as espécies de arvores,
Deus colocou Adão, o primeiro homem. Deus permitiu
a Adão livre acesso a todas elas, com a única exceção
da “árvore do conhecimento do bem e do mal”. Desta
árvore, Adão e sua esposa Eva foram proibidos de
comer. Você conhece a história: eles desobedeceram e
comeram o fruto daquela árvore... e a escolha
universal de obedecer ou desobedecer a Deus passou
a fazer parte de toda a raça humana. Em todas as eras
homens e mulheres têm enfrentado o problema de
obedecer a Deus ou rejeitar sua vontade. Deus deu a
Adão e Eva uma vontade livre, que foi transmitida a
seus filhos e a todos os seres humanos a partir de
então.
Caim e Abel são dois outros exemplos de
indivíduos com a vontade livre. Caim escolheu
desobedecer a Deus e Abel escolheu obedecer-lhe. Do
mesmo modo, cada pessoa no mundo tem enfrentado
esta escolha.
O caminho de Deus é o caminho da justiça e
retidão. O caminho do homem é o de fazer sua própria
vontade. Alguns que escolhem seu próprio caminho
escolhem uma vida vulgar e ímpia; outros escolhem
“fazer o que acham mais reto” (Juizes 21.25). Porém,
em todas as épocas, a escolha é deles. Infelizmente, a
maioria sempre deseja escolher seu próprio caminho.
Isto era verdade nos dias de Noé, quando o
mundo se tornou tão corrompido que Deus decidiu
destruir todos os homens, com exceção de apenas oito
pessoas, e recomeçar a raça humana. Mais tarde Ele
criou a raça hebréia por meio de Abraão e Sara. Em
seguida, começou a dar normas ao seu povo, para que
as gerações futuras tivessem um registro mais
detalhado de sua vontade.
Novamente, muitos aceitaram sua vontade e
seguiram seu caminho, mas a maioria não aceitou. Foi
então que Ele começou a preparar o mundo para o
Messias-Salvador, que ofereceria um sacrifício
permanente pelos pecados da humanidade,
sacrificando-se pelos pecados do mundo. As profecias
que temos estudado tinham o propósito de fazer com
que aqueles que vivessem na época da vinda do
Messias pudessem reconhecê-lo e aceitá-lo. Aqueles
que queriam fazer a vontade de Deus não tiveram
dificuldade de reconhecer e aceitar Jesus como sendo
o Messias. Mas aqueles que “não quiseram ir a Ele”
rejeitaram-no, apesar de toda a evidência.
O mesmo acontece nos dias de hoje!
Na realidade, a coisa mais importante neste
mundo é como cada indivíduo exercita livremente sua
vontade. O destino eterno de cada pessoa é
determinado por sua decisão pessoal. Pois, como disse
o próprio Jesus: Em verdade, em verdade vos digo:
Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me
enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo, mas
passou da morte para a vida” (João 5.24). Esta não é
apenas uma das muitas declarações de Cristo que
provam que Ele é o divino Filho de Deus; é seu
oferecimento de salvação eterna a todos os que
crerem. Diante de todas as evidências da divindade de
Cristo e das muitas razões para crer nele, somos
forçados a tomar uma decisão a respeito dele.

A Pergunta Mais Importante do Mundo: O Que


Você Pensa de Jesus?

Um dia, já no período final de seu ministério,


Jesus estava caminhando por uma estrada com seus
discípulos e lhes fez esta pergunta: “Quem diz o povo
ser o Filho do Homem?” E eles responderam: “Uns
dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias,
ou algum dos profetas” (Mateus 16.13-14). Todas
essas respostas merecem considerações, pois incluem
alguns dos grandes nomes da Bíblia. Muitos de nós
ficaríamos lisonjeados se alguém nos incluísse entre
eles. Mas nunca Jesus! Ele então voltou-se para os
seus discípulos e perguntou objetivamente: “Mas vós...
quem dizeis que eu sou?”
Esta é a pergunta mais importante do mundo.
Quem você diz que é Jesus?
Observe cuidadosamente a resposta clássica de
Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” Jesus
aprovou sua resposta, pois disse: “Bem-aventurado és,
Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue quem
to revelou, mas meu Pai que está nos céus. Também
eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não
prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino
dos céus: o que ligares na terra, terá sido ligado nos
céus; e o que desligares na terra, terá sido desligado
nos céus” (Mateus 16.16-19).
É importante notar que não foi a inteligência
humana de Pedro que “revelou” isto a ele, embora ele
tivesse testemunhado os muitos acontecimentos na
vida de Cristo mencionados neste livro. Sua
experiência o havia convencido de que Jesus era
efetivamente o Messias-Salvador de Israel. Deus Pai
revelou ao coração de Pedro a verdade clássica: “Tu
és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” Esta afirmação, na
realidade uma mensagem de Deus dada por
intermédio do apóstolo Pedro, foi tão importante que
Jesus disse que “edificaria sua igreja” sobre esse
testemunho. E isso realmente aconteceu! Agora, dois
milênios mais tarde, é incontável o número de pessoas
que aceitaram Jesus Cristo como “o Filho do Deus
vivo”.
Observe também que, por causa deste
testemunho, foram dadas a Pedro “as chaves do reino
do céu”, isto é, ele seria a primeira pessoa a pregar o
evangelho e oferecer o perdão do pecado e a salvação
em nome de Jesus tanto aos judeus (Atos 2) como aos
gentios (Atos 10). Foi Pedro quem abriu a porta do
“reino do céu” (ou a porta da salvação pela fé) a um
mundo perdido.
Pedro deu a resposta certa à pergunta vital do
Mestre: “Vós... quem dizeis que eu sou?” Esta mesma
pergunta é feita agora a você: Quem você diz que Ele
é? Seu destino eterno é determinado por sua resposta.
Jesus: O Único Perfeito Salvador do Mundo

A primeira vez que visitei um campo missionário


foi no México, entre os índios Chamula. Na maior
aldeia daquela tribo, visitamos uma grande e antiga
igreja católica. Depois da revolução ocorrida uns
setenta anos antes, os índios expulsaram a igreja
católica de seu território e estabeleceram sua própria
forma de adorar. Quando caminhei em direção ao altar
no interior da igreja, fiquei surpreso ao encontrar ali
uma grande cruz — mas, em vez de uma réplica de
Cristo, havia uma imagem de índio Chamula.
Nosso guia missionário (que exercia o ministério
entre aqueles índios) explicou que, quando os índios
estabeleceram sua própria religião, os líderes
“procuraram o melhor homem em sua tribo e o
crucificaram” na tentativa de proporcionar um
“salvador Chamula”. Obviamente eles eram sinceros.
Mas, apesar de aquele homem ser considerado “o
melhor em sua tribo”, ele tinha duas falhas fatais: ele
não era divino e, conseqüentemente, não poderia ser
perfeito. Pára que pudesse oferecer um sacrifício
adequado pelos pecados da humanidade, o “Salvador”
devia ser mais do que um simples homem — ele devia
ser Deus em forma humana e precisava ser “um
cordeiro sem defeito e sem mácula”.
Somente Jesus de Nazaré possui qualificação para
isso.
Em 1994 realizou-se em Chicago um grande
simpósio sobre as religiões do mundo. Participaram
dele mais de sete mil representantes das religiões
mais importantes do mundo. Meu amigo Irwin Lutzer,
pastor da Igreja Moody de Chicago, participou daquele
simpósio e contou depois sua experiência:
Circulei por toda a área de reunião à procura de um
profeta/ mestre/Salvador. Perguntei a um Swami hindu
se alguém dos seus mestres alegava ser perfeito.
“Não”, disse ele, aparentando irritação com minha
pergunta, “se alguém afirmar que é perfeito, ele não é
um verdadeiro hindu!”

E quanto a Buda? Não, disseram-me, ele não alegava


ser perfeito. Buda apenas encontrou um grupo de
ascetas e pregou sermões a eles, ensinando que as
coisas exteriores são passageiras e estimulando-os a
uma vida de disciplina e contemplação. Ele procurava a
iluminação e incentivava seus seguidores afazerem o
mesmo. Mas morreu procurando a iluminação. Não
existe nenhuma perfeição nisso.

E com respeito a Baha ulllah? Ele declarou que tinha a


mais clara e completa revelação de Deus já
apresentada. Embora ele estivesse convencido da
verdade de seus ensinos, fez poucas reivindicações
pessoais. Ele achava que seus ensinos eram “mais
perfeitos “do que os outros, mas nunca alegou ser ele
mesmo perfeito ou sem pecado. Quando cheguei aos
representantes da fé islâmica, já sabia que no Alcorão
o profeta Maomé admitia sua necessidade de perdão.
Eles concordaram, que “Há somente um Deus, Alá, e
Maomé é o seu profeta” (o credo básico muçulmano),
entretanto, reconheceram que Maomé não era perfeito.
Novamente, nenhuma perfeição aqui.

Porque eu estava procurando um Salvador perfeito?


Porque não quero ter de confiar em um Salvador que
esteja na mesma condição em que me encontro. Não
posso confiar minha alma eterna a alguém que ainda
está lutando contra suas próprias imperfeições. Já que
sou pecador, preciso de alguém que esteja em um nível
mais alto.

Compreensivelmente, nenhum dos líderes religiosos


com quem falei admitia ter um Salvador. Seus profetas
mostravam o caminho mas não tinham nenhuma
pretensão de perdoar pecados ou colocar-se acima de
qualquer ser humano. Como os sinais de trânsito, eles
indicavam as direções mas não são capazes de levar-
nos aonde precisamos ir; se precisamos de salvação,
teremos de consegui-la sozinhos. A razão é clara: por
mais sábios ou influentes que fossem esses profetas,
gurus e mestres, eles sabiam que eram imperfeitos,
exatamente como o resto de nós. Eles jamais se
julgaram capazes de salvar os homens da escravidão
do pecado nem de levar peca-dores à presença de
Deus.

Cristo foi completamente diferente deles!

“Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos


digo a verdade, por que razão não me credes? “ (Jo
8.46.) Ele condenou a hipocrisia daqueles que o
criticavam, mas nenhum deles tentou fazer o mesmo
com Ele.

Somente a perfeição de Jesus seria suficiente


para satisfazer às exigências da morte pelos pecados
do mundo. E essa era a principal razão pela qual Jesus
veio ao mundo. O Dr. Lutzer acrescenta outro
testemunho a respeito da vida sem pecado de Jesus:

Judas, aparentemente um amigo que se transformou


em inimigo, disse: “Pequei, traindo sangue inocente”
(Mt 27.4).

Pilatos, que desejou encontrar defeitos em Cristo,


confessou: “Não vejo neste homem crime algum “ (Lc
23.4).

Pedro, que viveu com Ele por três anos, disse que Ele
“não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em
sua boca “ (1 Pe 2.22).
O apóstolo Paulo disse que Deus Pai fez com que
“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado
por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus”
(2 Co 5.21).

Jesus ou foi um ser perfeito ou então foi o maior dos


pecadores por ter enganado tantas pessoas. Como
afirma C. E. Jefferson: “A melhor razão que temos para
crer na vida santa de Jesus é o fato de Ele ter permitido
que muitos de seus amigos pensassem que Ele era
sem pecado.”

Porque Cristo foi isento de pecado, tão comum a


qualquer ser humano? Se Ele, como nós, tivesse tido
um pai humano, teria tido também uma natureza
pecaminosa. Se Ele tivesse sido o filho de Adão de
uma forma natural Ele teria sido um pecador.

A concepção virginal de Jesus preservou-o do pecado.


Maria experimentou um milagre especial que garantiu a
perfeição de seu filho. Ele era como nós, mas com uma
diferença fundamental.

Pecado: O Problema Universal

A partir dos dias de Adão e Eva no Éden, todos os


indivíduos têm sido contaminados pelo mesmo
problema em relação a Deus: pecado! Como diz a
Bíblia: “Todos nós andávamos desgarrados como
ovelhas; cada um se desviava pelo caminho” (Isaías
53.6). E novamente: “Todos pecaram e carecem da
glória de Deus... Não há justo, nem sequer um”
(Romanos 3.23). Somente Jesus de Nazaré podia
perguntar aos seus contemporâneos: “Quem dentre
vós me convence de pecado?” (João 8.46) e não obter
nenhuma resposta. Qualquer pessoa ficaria
envergonhada de fazer esta pergunta, porque
sabemos todos muito bem que somos imperfeitos e
pecadores.
Por isso Deus podia dizer por intermédio do
profeta Isaías: “Vinde, pois, e arrazoemos”, diz o
Senhor; “ainda que os vossos pecados são como a
escarlate, eles se tornarão brancos como a neve”
(Isaías 1.18). Essa é a razão pela qual Deus enviou seu
único Filho para ser nosso sacrifício pelo pecado, para
que por meio dele possamos alcançar perdão e “vida
sempiterna”. Tal salvação somente pode ser obtida
pela fé em Jesus Cristo, que disse de si mesmo: “Eu
sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao
Pai senão por mim.” (João 14.6)

Outro Simpósio em Chicago

Há mais de cem anos (na primeira vez que a Feira


Mundial veio a Chicago), realizou-se outro grande
simpósio sobre religião em Chicago. Setecentas
pessoas se amontoavam no pavilhão para ouvir um
dos mais brilhantes oradores hindus do mundo, Swami
Vivekananda. Ele fez uma brilhante exposição das
facetas filosóficas do hinduísmo, a religião de sua
pátria, terminando com estrondosos aplausos. O
próximo orador seria um famoso clérigo cristão que,
por alguma razão, preferiu não apresentar a filosofia
do cristianismo. Possivelmente ele temia que a história
do Filho de Deus morrendo pelos pecados dos homens
fosse simples demais para fazer frente aos belos
ideais do hinduísmo.
Quando o presidente anunciou que o próximo
orador preferiu não falar, um pesado silêncio caiu
sobre o pavilhão. Desesperado, o presidente
perguntou se alguém poderia falar sobre o
cristianismo em seu lugar. De repente, alguém
sentado no fundo, um professor de escola dominical,
de Chicago, chamado Joseph Cook, caminhou até a
frente dizendo que gostaria de contar uma história. Ele
contou então a história de Macbeth, de Shakespeare,
dizendo como Lady Macbeth e seu marido foram
coniventes na morte do rei e como sua culpa levou-a à
beira da loucura. Finalmente, quando ela não mais
podia livrar suas mãos do sangue de seu pecado, ela
exclamou aquele famoso verso: “Fora! Fora, mancha
maldita!”
Dirigindo-se a Swami Vivekananda, Joseph Cook
perguntou: “Senhor, que alívio o hinduísmo tem a
oferecer a Lady Macbeth para limpá-la de seu
pecado?” O perturbado Swami admitiu que o
hinduísmo não tinha meios de perdoar pecado.
Joseph Cook então tirou do bolso seu Novo
Testamento e disse: “Gostaria de mostrar-lhes o
remédio que o cristianismo tem para o pecado.” Ele
leu: “Se... andarmos na luz, como ele está na luz,
mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue
de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se
dissermos que não temos pecado nenhum, a nós
mesmos nos enganamos, e a verdade não está em
nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e
justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de
toda injustiça” (1 João 1.7-9). Em seguida ele explicou
como Cristo morreu sobre a cruz pelos pecados de
todo o mundo e convidou todos a receberem Jesus
como seu salvador pessoal.
Anos mais tarde, quando visitava um dos maiores
templos hindus na índia, vi um jovem ajoelhar-se à
frente de uma gravura esculpida em mármore no chão
do templo. Repentinamente ele começou a curvar-se e
a bater sua testa contra o emblema esculpido no
mármore até que o sangue escorresse sobre seu rosto.
Quando perguntei a alguém por que ele fez aquilo, me
disseram que “ele estava tentando ser perdoado de
seus pecados”. A cena lembrou-me aquela história de
Chicago e o fato de o hinduísmo ainda não ter solução
para o pecado. Porém nem o confucionismo, ou o
maometanismo, ou o taoísmo ou qualquer outra
religião no mundo oferecem tal solução. Somente o
cristianismo pode oferecer perdão de pecados por
meio do sangue de Jesus Cristo e vida eterna através
da fé nele.
Como um homem poderia morrer pelos pecados
do mundo inteiro? A razão está em quem Ele era. Não
era um simples homem que estava pregado naquela
cruz; era Deus em forma humana. Somente a morte
do Filho de Deus podia salvar-nos do pecado. E
somente Jesus Cristo é o verdadeiro Filho de Deus.

Uma Breve Revisão

Na minha juventude desejei ser um advogado


para atuar nos tribunais. Nenhuma outra área do
direito me atraía; somente o que me atraía era a
oportunidade de apresentar evidência factual perante
os membros de um júri para convencê-los de que meu
cliente era ou inocente ou culpado. Este livro tem
alguma relação com aquele sonho há muito
abandonado.
Começamos com o fato de que Jesus de Nazaré
era mais do que um simples carpinteiro de trinta e três
anos. Nenhuma outra pessoa na história exerceu tanta
influência sobre a humanidade em tão pouco tempo,
gozando de estima e respeito mais que qualquer outra
pessoa. Quem mais poderia dividir a história humana
em dois períodos, antes de seu nascimento e depois
dele? Cada vez que datamos um documento devemos
lembrar-nos do nascimento de nosso Senhor.
Sua importância por si só faz com que
perguntemos: “Quem É Este Homem?” Para responder
a isso, devemos recorrer aos mais confiáveis
documentos do mundo antigo, os quatro evangelhos.
Eles nos dizem que Jesus proclamou-se o Messias, o
Filho de Deus, que Ele morreu pelos pecados da
humanidade e que ressuscitou para nossa justificação.
Para a evidência que encontramos ali acrescentamos o
depoimento de muitas testemunhas oculares, cuja
reputação é ainda tão respeitada que seus nomes
permanecem entre os mais populares ainda hoje (João,
Pedro, Tiago, Paulo, Marcos, Lucas, etc.).
Fundamentamos nossos argumentos sobre quem
Jesus disse que era e sobre os milagres que Ele
realizou — milagres que nunca se repetiram em dois
mil anos. Recorremos a João Batista, o homem mais
santo em Israel desde Daniel (que viveu quinhentos
anos antes). João conhecia Jesus desde a infância e
testificou sobre Ele, identificando-o como “o Cordeiro
de Deus”. A seguir, examinamos as três vezes em que
o próprio Deus chamou Jesus de “Meu Filho”,
enaltecendo-o acima de Moisés e Elias.
Em seguida, examinamos vinte e oito das 109
profecias que Jesus cumpriu em sua vida, todas elas
identificando-o claramente como o Messias prometido.
Ele é, sem sombra de dúvida, um ser único — tanto
que um rabino se viu forçado a admitir que Ele foi “o
Messias — para os gentios!” Isso é verdade, mas Ele é
também o Messias para os judeus. Isso se tornará
claro quando Ele surgir na sua segunda vinda (talvez
qualquer dia desses!).
Em seguida, examinamos sua morte. Jesus de
Nazaré não morreu como um homem comum, mas
como até o cético Renan admitiu: “Ele morreu como
um deus.” Ele não precisava morrer; Ele não tinha
feito nada de errado, como Pilatos mesmo afirmou:
“Não vejo nenhuma falta neste homem justo.”
Ninguém tirou sua vida; Ele a entregou de sua própria
vontade. Como Ele disse no horto do Getsêmani,
quando a escolta dos fariseus chegou para prendê-lo:
“Acaso pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele
me mandaria neste momento mais de doze legiões de
anjos” (Mateus 26.53)? Ele deu sua vida livremente
em resgate de muitos. Como Ele disse: “Ninguém a
tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a
dou” (João 10.18). Em um sentido real, Jesus foi a
única pessoa neste mundo que não tinha de morrer.
Isto, por si só, coloca-o em uma categoria única.
A esta altura, as evidências sobre a divindade de
Cristo eram tantas que fui tentado a parar minha
argumentação. Entretanto, se eu tivesse parado ali,
teria omitido a mais convincente de todas: sua
ressurreição corpórea três dias após sua crucificação.
Não quatro dias ou dois dias ou uma semana depois,
mas no terceiro dia — exatamente como Ele e os
profetas hebreus tinham predito!
A evidência de sua ressurreição é simplesmente
espantosa. Dez (onze, se incluirmos Paulo) que o
conheceram preferiram ser martirizados a negar que o
tinham visto e tocado durante os quarenta dias de
aparecimentos pós-ressurreição. Mas esse testemunho
foi ainda confirmado por quinhentas outras
testemunhas.
Por fim, examinamos as seis teorias falsas mais
populares sobre sua ressurreição e desafiamos os
incrédulos e céticos com o seguinte dilema: se Jesus
não ressuscitou, como você explica a existência do
cristianismo hoje? Um Cristo crucificado não teria
motivado ninguém. Sem sua ressurreição, Jesus seria
um personagem desconhecido na história. Foi o Cristo
ressurreto que desafiou seus discípulos: ide por “todo
o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” — “e
eis que estou convosco todos os dias até a
consumação do século” (Marcos 16.15; Mateus 28.19-
20). Eles creram de tal forma que saíram pelo mundo
e o viraram de ponta-cabeça — do paganismo para o
cristianismo em apenas trezentos anos. Hoje, milhões
de pessoas têm abraçado a fé cristã, tudo por causa
de sua ressurreição. Sem ela, o cristianismo não
existiria.

Encerro Minha Causa

Um bom advogado sabe quando deve finalmente


encerrar sua causa — não porque tenha apresentado
toda a evidência disponível, mas porque não há
necessidade de mais provas. Alcançamos esse ponto.
Agora é hora de você avaliar a evidência aqui
apresentada e, como bom jurado, tomar sua decisão.
Agora você precisa decidir se Jesus é “o Cristo, o Filho
de Deus”, como Ele e seus seguidores afirmaram, ou é
um impostor ou um demente. Essas são suas opções.
Lembre-se apenas que sua decisão durará por
toda a eternidade portanto, tome-a cuidadosamente!
O centurião romano que observou a morte de
Jesus na cruz não esperou até a ressurreição para
tomar sua decisão. Ele estava tão convencido pelo que
viu naquele dia que declarou: “Verdadeiramente este
homem era Filho de Deus” (Marcos 15.39).
Qual é a sua decisão? Agora que você foi exposto
à evidência, está diante da mesma decisão que
desafiou os judeus da época de Jesus: Quem você
acha que Jesus é? Se você está convencido pela
evidência demonstrada neste livro, vai recebê-lo
pessoalmente? Você poderá dizer como muitos já
disseram: “Sim, eu creio que Jesus é o Filho de Deus,
que Ele viveu uma vida sem pecado, que morreu uma
morte sacrificial e que ressuscitou dentre os mortos
como prometeu. Portanto, eu o convido a entrar em
minha vida.” Ou poderá seguir o exemplo de muitos
outros, que decidem não crer a despeito de toda a
evidência? A escolha é sua.
Se você gostaria de aceitá-lo como seu Senhor e
Salvador, simplesmente faça uma oração como esta:

Querido Pai celestial obrigado por enviar teu Filho


Jesus ao mundo para morrer por meus pecados.
Admito que sou um pecador e peço que Ele entre em
minha vida, limpe meu pecado e salve minha alma.
Entrego-me agora a ti. Agradeço-te em nome de teu
Filho, Jesus, por salvar-me. Amém.

Se você fez esta oração, saiba que a Bíblia


garante que “aquele que invocar o nome do Senhor
será salvo” (Atos 2.21). Meus parabéns! Você é agora
um membro da família de Deus. E no entanto deve
compreender que a aventura não terminou; ela está
apenas começando. Você acaba de embarcar em uma
excitante viagem de fé. Com base na verdade e na
lógica encontradas neste livro, você achou razões
suficientes para orar para receber Cristo. Isto faz de
você um bebê recém-nascido em Cristo.
Espiritualmente, você é uma criança que precisa
crescer para perceber seu pleno potencial em Cristo. O
melhor meio de alimentar sua nova fé é seguir o
exemplo dos primeiros cristãos no primeiro século,
que perseveraram na palavra e na doutrina dos
apóstolos. Hoje, isto significa várias coisas.
Primeiro, comece a ler regularmente a Palavra de
Deus. Procure obter uma versão moderna e comece a
ler o evangelho de João. Quando você tiver terminado
esta leitura, comece a ler o Novo Testamento do
começo ao fim. Pense na Bíblia como seu alimento
espiritual. Toda a vez que a ler, ouça seu ensino,
estude ou memorize os textos; você estará
construindo sua nova vida espiritual. Você será
beneficiado nos primeiros dias de sua fé recém-
descoberta, lendo outro livro que escrevi, intitulado
“Como Estudar a Bíblia Sozinho”.
Segundo, encontre uma igreja que estude a
Bíblia, onde você possa aprender mais sobre a Palavra
de Deus. Procure um lugar onde possa encontrar
comunhão com outros cristãos. A pessoa que guiou
você à leitura desse livro provavelmente poderá ajudá-
lo a encontrar uma igreja forte em sua cidade, capaz
de fazê-lo crescer espiritualmente.
Terceiro, é importante que você ore
regularmente. Quando você recebeu a Cristo, tornou-
se um filho de Deus; portanto, você tem acesso direto
a Deus através da oração. Assim, você pode procurar
a orientação do Pai em tudo o que faz. Já que Jesus
está vivo e no céu (onde a Bíblia diz que Ele intercede
por nós diante do Pai) (Romanos 8.34; Hebreus 7.25),
aprenda a falar com Ele contínua e regularmente.
Por último. A Bíblia nos ensina que devemos
confessar Cristo perante outras pessoas. Minha
sugestão é que você reveja tudo que aprendeu sobre a
pessoa de Jesus e fale sobre isso com seus amigos.
Muitos daqueles que não aceitaram Cristo nunca
tiveram a oportunidade de ouvir a lógica e a razão da
Palavra de Deus que produz a fé. Talvez muitos deles
nunca irão ouvi-la a menos que um amigo como você
transmita o que aprendeu. Não recomendo que você
fale do evangelho para mais de uma ou duas pessoas
de cada vez. Ao contrário do meu amigo Stan (aquele
jovem que quis evangelizar cinco estudantes judeus
de uma só vez), muitas oportunidades de testemunhar
são melhores quando falamos com um ou dois de cada
vez. Não fique desanimado se algum de seus amigos
não mostrar interesse de imediato. Ele pode se
interessar mais tarde, à medida que você continua
forte em sua fé cristã.
Você vai descobrir, porém, que a identidade de
Jesus de Nazaré é sempre a chave para a fé cristã. Se
uma pessoa não tem fé, é geralmente porque nunca
foi convencida de que Jesus é o Filho de Deus
encarnado, que morreu sacrificialmente na cruz e
ressuscitou dentre os mortos. Livros como este são
escritos para ajudar a enfrentar este desafio. Como diz
a Bíblia, a “fé vem pela pregação e a pregação pela
palavra de Cristo” (Romanos 10.17).
Lembre-se de que Deus não espera que “apenas
acreditemos”. Ele deseja que procuremos buscar sua
Palavra, que a examinemos racionalmente e à luz de
outras evidências históricas e cheguemos a uma
conclusão lógica. Estou convicto de que a evidência
apresentada neste livro é tão esmagadora que
qualquer pessoa não preconceituosa ficará convencida
de que Jesus Cristo verdadeiramente é o Filho de
Deus, exatamente como Ele afirmou. E assim podemos
dizer, juntamente com o apóstolo João:

Na verdade fez Jesus diante dos discípulos muitos


outros sinais que não estão escritos neste livro. Estes,
porém, foram registrados para que creiais que Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais
vida em seu nome. (João 20.30-31).

******

Este documento destina-se a uso de deficientes


visuais, e sua reprodução não visa fins comerciais ou
lucrativos.
(LEI Nº 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO DE 1998 -
Capítulo IV - Das Limitações aos Direitos Autorais - Art.
46. Não constitui ofensa aos direitos autorais: - I - a
reprodução: - d) de obras literárias, artísticas ou
científicas, para uso exclusivo de deficientes visuais,
sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja
feita mediante o sistema Braille ou outro
procedimento em qualquer suporte para esses
destinatários.)

You might also like