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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

INSTITUTO DE MATEMÁTICA

PAULO JOSÉ MOREIRA DUARTE

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MACEIÓ ± AL
2010

1
PAULO JOSÉ MOREIRA DUARTE

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Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Federal de
Alagoas, para obtenção de título de
Licenciatura em Matemática.

Orientadora: Profª. Msc. Lúcia Cristina Silveira Monteiro

MACEIÓ ± AL
2010

2
PAULO JOSÉ MOREIRA DUARTE

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‘

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Universidade Federal de
Alagoas, para obtenção de título de
Licenciatura em Matemática.

Aprovado em: 27/07/2010

Banca Examinadora:

Profª. Msc. Lúcia Cristina Silveira Monteiro (Orientadora)

Prof. Dr. Amauri da Silva Barros

Prof. Dr. Elton Casado Fireman

]
Dedico esse trabalho ao amor da humanidade
pelo conhecimento.

Š
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Meus Pais e a Deus que me dão forças para de continuar.

À minha amada Adriana Leite pelos momentos de paz e felicidade.

Ao grande amigo Edson pelo apoio moral e intelectual.

À orientadora, mestra e professora Lúcia Monteiro, que me ensinou a importância didática


da aplicação de geometria concreta para o ensino de matemática, em suas aulas de estágio
supervisionado e, principalmente, pela ajuda na elaboração deste projeto.

Por fim gostaria de agradecer a todos os professores do Instituto de Matemática da UFAL


que fizeram parte de alguma forma da minha formação acadêmica, em especial aos professores:
Amauri, Chico, Sinvaldo e Arnon por sua dedicação e competência inspiradoras como docentes.

V
RESUMO

Esse trabalho é dedicado ao estudo de sólidos geométricos: poliedros convexos e não-


convexos com arestas unitárias (comprimento igual a 1) e alguns dos corpos redondos, analisando
aspectos históricos desde seu surgimento concreto nos relatos da história e nos conceitos escritos
pelos antigos filósofos, até chegarmos a sua virtualização computacional a suas aplicações no
mundo moderno.
O foco da pesquisa é realizar aprendizado significativo de conceitos geométricos, muitas
vezes vistos somente na teoria durante a vida escolar do aluno de ensino fundamental, médio ou
mesmo superior, buscando a teoria através da prática em situações concretas de ensino. As
atividades apresentadas devem servir de suporte aos alunos do curso de licenciatura em
matemática.
A segunda parte do trabalho é dedicada à aplicação dos poliedros no ensino de
matemática, visando conteúdos implícitos nesses sólidos através de atividades com materiais
concretos como cartolina, canudos ou barbantes, representações em duas dimensões de objetos
tridimensionais e o uso de programas de computador.

Ã
ABSTRACT

This work is dedicated to the study of geometric solids: convex polyhedra and non-
convex with unit edges (length equal to one) and some round bodies, analyzing historical aspects
since its inception in concrete accounts of the history and concepts written by ancient
philosophers, until we reach its virtualization computing to their applications in the modern
world.
The research focus is to achieve meaningful learning of geometric concepts, often seen
only in theory during the student's school career in primary, secondary or even higher, seeking
theory through practice. The activities presented must provide support to students of
undergraduate mathematics.
The second part of the paper is devoted to the application of the polyhedron in the
teaching of mathematics in order implicit in these solids content through activities with concrete
materials such as cardboard, straws or string, two-dimensional representations of three
dimensional objects and the use of computer programs.

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‘
7
SUMÁRIO


....................................................................................................................10

‘  !"#‘$%& '!‘‘''%‘‘() .......................................................11


1.1. Poliedros de Platão..............................................................................................11
1.2. Poliedros de Arquimedes.....................................................................................1]
1.2.1. Truncamento de um poliedro................................................................1Š
1.2.2. Snubficação de um poliedro.................................................................1Š
1.]. Poliedros de Kepler-Poinsot................................................................................1Ã
1.].1. Estrelamento de um Polígono...............................................................17
1.Š. Prismas e Antiprismas.........................................................................................1
1.V. Dipirâmides e Deltoedros....................................................................................1
1.Ã. Poliedros de Catalan............................................................................................19
1.Ã.1. Dual de um poliedro.............................................................................20
1.7. Poliedros de Johnson...........................................................................................20
1.. Esferas Geodésicas..............................................................................................21
1.9. Corpos Redondos................................................................................................2]
1.9.1. Cilindro Reto........................................................................................2]
1.9.2. Cone reto..............................................................................................2]
1.9.]. Esfera...................................................................................................2Š

*‘‘+ %,!)-!".‘‘() ‘‘‘'/(,%! ..............................................................2Š


‘
0‘()'!".‘‘() ‘/‘!)!‘‘!,)!........................................................................27
‘ ].1. O método Van Hiele............................................................................................29
‘
1‘%+!‘'/‘() .................................................................................................]Š
Š.1. Poliedros com canudo e linha..............................................................................]Ã

Š.2. Projeto Poliedros de Platão..................................................................................]
Š.]. Poliedros na construção civil..............................................................................Š0
Š.Š. Polígonos no geoplano........................................................................................Š1
Š.V. Poliedro no telhado.............................................................................................Š2
Š.Ã. O Cubo e o Tetraedro no Cabri-Géomètre II......................................................Š]
Š.7. Poliedros com o método Origami.......................................................................ŠŠ
Š.. Gerador de sólidos geométricos..........................................................................Š7

 !"#‘2!............................................................................................................Š

2 3'!‘45)6 72'!...................................................................................................Š9

‘
9

‘

É impossível datar a criação do primeiro poliedro, mas 2000 A.C. os egípcios já


ostentavam suas pirâmides colossais de base quadrada em meio ao deserto. Papiros dessa época
revelam segundo Boyer (197Š), que eles tinham conhecimento de várias relações de volume para
pirâmides e troncos de pirâmides, calculadas por decomposição das pirâmides em prismas de
base retangular, conseguindo boas aproximações nos cálculos e exatidão em suas construções.
Outros papiros comprovam que os egípcios já tinham conhecimento teórico sobre alguns
sólidos curvos. O papiro de Moscou (1V0 A.C.), segundo Boyer (197Š), apresenta cálculos
utilizando a fórmula S = (1 ± 1/9)²(2x)x, sendo x = Š 1/2, para a construção do teto de um celeiro
com formato de um semi-cilindro. Como (1 ± 1/9)² é o valor egípcio para PI, essa escritura
antecede 1V00 anos a primeira fórmula para cálculo de superfície hemisférica de um cilindro.
As construções egípcias e suas escrituras provam que o conceito simples de pirâmide,
partindo de um polígono e um ponto externo ao polígono é mais antigo que o próprio conceito de
poliedro. A pirâmide de base triangular é o mais simples dos poliedros assim como triângulo é o
mais simples dos polígonos.
Antes da criação dos conceitos, o homem primitivo podia facilmente construir triângulos
utilizando materiais simples. Três gravetos idênticos bastam para formar um triângulo
aproximadamente eqüilátero e eqüiângulo antes da criação de qualquer conceito; com mais três
gravetos também idênticos formarão um Tetraedro. Antes até do surgimento do homem na terra,
os poliedros já pairavam na superfície, no formato de elementos da natureza como, por exemplo,
os cristais formando prismas, alguns vírus e moléculas de carbono em forma de poliedros
microscópicos.
Muitos filósofos gregos da idade heróica tinham interesse no estudo dos poliedros. Platão
(Š00 A.C.) dedicou-se muito em esgotar as possibilidades de formação dos poliedros regulares,
de acordo com o número e o formato das faces, nomeando-os e descobrindo suas propriedades,
chegando até a relacionar os poliedros regulares aos elementos da natureza. Faremos a seguir um
estudo rigoroso da história e dos conceitos matemáticos a fim de inseri-los no âmbito docente.
‘‘‘

Fig. 1. Sólidos de Platão relacionados aos elementos da natureza. Fonte:


http://matematicana.blogspot.com/2007/0Š/slidos-platnicos.html, acessado em 2V/07/2010.
10
‘  !"#‘$%& '!‘‘''%‘‘()  ‘‘

A palavra poliedro tem origem na Grécia e significa várias faces. Chamamos de poliedros
todos os sólidos geométricos fechados formados por um número finito de faces poligonais. ‘
‘
‘) ‘‘)!%. ‘

Os poliedros regulares, até hoje chamados de sólidos platônicos, tiveram em ÷ ‘


 de Euclides (]00 A.C.) a primeira prova dialética¹ de que existem somente cinco
poliedros convexos com esse nível de regularidade. Todas as faces dos sólidos platônicos são
polígonos regulares, congruentes e encontra-se um mesmo número de faces em todos os vértices.
A demonstração, segundo os fundamentos de Euclides, utiliza a relação entre a medida do
ângulo interno (a) e o número (n) de lados de um polígono regular: a = 10.(n ± 2 / n).
Considerando o número (p) de regiões em torno de um vértice temos p.[10(n ± 2 / n)] <
]Ã0º que implica que (p ± 2).(n ± 2 ) < Š, como por definição n > 2, essa equação só aceita os
valores ], Š e V para n e p. Como vemos na tabela a seguir:
‘ (‘ (p ± 2).(n ± 2 )‘ /')!%, !‘ !'‘  %!‘ 89 %'‘
] ] 1 Tetraedro Š à Š
] Š 2 Octaedro  12 Ã
] V ] Icosaedro 20 ]0 12
Š ] 2 Hexaedro à 12 
V ] ] Dodecaedro 12 ]0 20

Todo trabalho conceitual sobre poliedros regulares deve ter seu início nos poliedros
platônicos, devido a suas proporções e simetrias perfeitas, de modo que são facilmente inscritos
ou circunscritos em uma esfera. A tabela abaixo contém medidas notáveis dos cinco sólidos:
Nome Tetraedro Hexaedro Octaedro Dodecaedro Icosaedro
Ângulo central 109°2' 70°]2' 90º Š1°Š9' Ã]º2Ã'
Raio Insfera 0,21Š1 A 0,V A 0,Š02 A 1,11]V A 0,7VV A
Raio Meiosfera 0,]V]à A 0,7071 A 0,V A 1,]092 A 0,090 A
Raio Circunsfera 0,Ã12Š A 0,ÃÃ0 A 0,7071 A 0,9V11 A 1,Š01] A
Área 1,7]21 A² à A² ],ŠÃŠ1 A² 20,ÊV7 A² 7,ÃÃ]1 A²
Volume 0,1179 A³ A³ 0,Š71Š A³ 7,ÃÃ]1 A³ 20,ÊV7 A³
Altura 0,1ÃV A A 0,7071A 2,2270 A 1,V11à A
1. Por meio de argumentação que permite definir e distinguir claramente os conceitos abordados, através de tese
antítese e síntese.
11
A figura a seguir mostra os cinco sólidos platônicos contidos no interior de nove círculos
concêntricos, cada sólido toca a esfera que circunscreve o seguinte sólido nele inscrito. Este
desenho provém da disciplina denominada ð ‘ 

 ‘ que consistia em contemplar as
formas, construídas em material transparente, colocadas umas dentro de outras. Esta instrução foi
transmitida a muitos dos grandes homens o da época do Renascimento (séc. XVII a XVIII).

Figura 2. Sólidos de Platão inscritos em esferas. Fonte: LAWLOR, 199Ã.

12
Apesar de todo seu estudo e de seu legado escrito, Platão não teria sido o primeiro a ter
conhecimento desses sólidos.

Keith Critchlow, em seu livro a ‘ 


 ‘   ‘ apresenta uma prova eloquente de que
eram conhecidos pelos povos neolíticos da Grã-Bretanha pelo menos 1000 anos antes de
Platão. Baseia-se na existência de certo número de pedras esféricas conservadas no
Ashmolean Museum de Oxford. Pelo seu tamanho, cabem na mão; são talhadas numa
versão esférica em formas geométricas exatas de cubo, tetraedro, octaedro, icosaedro e
dodecaedro; há ainda vários outros sólidos compostos semi-regulares tais como o cubo-
octaedro e o icosidodecaedro. Critchlow afirma: "O que temos são objetos que indicam
claramente um grau de domínio das matemáticas que até a data qualquer arqueólogo ou
historiador matemático tinha negado ao homem neolítico." (LAWLOR, 199Ã, p. 97).

Figura ]. Poliedros de pedra do período Neolítico. Fonte: LAWLOR, 199Ã.

Além disso, Lucie Lamy (191), em seu livro sobre o sistema de medida egípcio,
apresenta prova de que os egípcios do antigo império já tinham conhecimento dos cinco sólidos.

*‘) ‘‘ :,/ ‘

Um século depois dos escritos de Euclides, Arquimedes (200 A.C) fez novas descobertas
relacionadas aos poliedros, tomando para si poliedros semi-regulares, criados sob as seguintes
condições: as faces são polígonos regulares de mais de um tipo e todos os seus vértices são
congruentes, ou seja, cada vértice pode substituir qualquer outro mantendo a simetria do poliedro.
Esses sólidos desencadearam a criação de algumas transformações matemáticas a partir de
operações concretas, como cortes e mudanças de posição das faces.
Todos os treze sólidos de Arquimedes podem ser obtidos por transformações nos cinco
sólidos platônicos, fazendo operações hoje conhecidas como truncamento e snubficação.
1]
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O truncamento consiste em cortar parcial e simetricamente todos os vértices e/ou arestas


de um sólido. Onze dos poliedros de Arquimedes são obtidos truncando os sólidos platônicos.
Podemos observar, a exemplo do Tetraedro, que para obter de um Tetraedro Truncado a
partir de um tetraedro comum, cada aresta dos triângulos (faces) será dividida em três partes
iguais, ligando os pontos vamos obter em cada face: 1 hexágono regular e ] triângulos
eqüiláteros. Esses triângulos correspondem no sólido às faces laterais de três tetraedros menores
que serão descartados do sólido inicial.

Figura Š. Face triangular no processo de truncamento. Fonte: Programa Cabre .Geoétrè

**‘ ,52'!".‘‘,/‘() ‘

O processo de snubificação, ao invés de cortar poliedros, consiste em afastar todas as


faces de um poliedro, girando-as em certo ângulo (normalmente ŠVº) e preencher os espaços
vazios resultantes com polígonos regulares. Mesmo sendo uma transformação diferente do
truncamento, em muitos casos os sólidos gerados por snubificação são os mesmos já obtidos
anteriormente. Apenas dois novos polígonos de Arquimedes são obtidos por essa operação, o
Cubo Snub e o Dodecaedro Snub.
Um caso particular da snubificação é chamado expansão de um sólido, quando as faces
dos poliedros regulares são afastadas sem nenhum giro, mas esse processo não gera novos
sólidos, mas os mesmos já feitos por truncamento.
Arquimedes relatou esses sólidos em livros que não existem mais. Entre os séculos XVII a
XVIII, durante a renascença, artistas e matemáticos descobriram de novo todos os sólidos de
Platão e Arquimedes. Nessa época que Euler (1707-17]) escreve a famosa relação entre faces,
vértices e arestas: F + V ± A = 2, válida para qualquer poliedro convexo.
‘

) ‘‘ :,/‘

Figura V. Os poliedros de Arquimedes. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sólido_de_Arquimedes. Acessado em 2V.07.2010.

1V
) ‘ ,)%!%‘!‘ ,52'!".‘‘) ‘)!%;'‘

Da Snubificação do cubo resulta o Cubo Snub.

Da Snubificação do Dodecaedro resulta o


Dodecaedro Snub.
‘

Da Snubificação do Tetraedro resulta o


Icosaedro.

Da Snubificação do octaedro resulta o Cubo


Snub.

Da Snubificação do Icosaedro resulta o


Dodecaedro Snub.

Figura Ã. Snubificação dos sólidos platônicos. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Snubificação. Acessado em 2V.07.2010.

0‘) ‘‘<() =% ‘

Em 1Ã19 Johannes Kepler definiu, em seu trabalho R


 ð‘  ‘ prismas e
antiprismas e citou alguns poliedros regulares não-convexos, conhecidos hoje como Poliedros de
Kepler-Poinsot ou poliedros estrelados.


0‘% )!/%‘‘,/‘)>6 ‘

O estrelamento é uma transformação feita em polígonos. Consiste em prolongar os lados


até que se encontrem novamente em um novo vértice, como ilustra a figura abaixo. Dois dos
poliedros de Kepler-Poinsot são gerados através do estrelamento de pentágonos regulares.

Figura 7. Pentágono e Pentagrama. Fonte: Programa Cabre Geométrè.

O estrelamento só pode ser feito com polígonos de cinco ou mais lados, prolongando os
lados de um polígono regular convexo, obteremos um polígono regular não-convexo. Esses
novos polígonos recebem o sufixo grama, como em pentagrama, hexagrama e assim por diante.
Kepler (1Ã19) apresentou dois desses sólidos, o Pequeno Dodecaedro Estrelado e o
Grande Dodecaedro Estrelado, ambos tendo como faces 12 pentagramas. Dois séculos mais tarde,
em 109, Louis Poinsot descreve em sua obra u ‘
 ‘ u 
, além dos dois sólidos
citados por Kepler, mais dois poliedros regulares não-convexos: o Grande Dodecaedro (12
pentágonos) e o Grande Icosaedro (20 triângulos).
Kepler e Poinsot inovaram pela criação de poliedros em que as faces podem se cruzar sem
restrições, não necessariamente aresta a aresta como os as faces dos poliedros convexos.
Ainda no século XIX, Augustin Louis Cauchy provou que os quatro poliedros de Kepler-
Poinsot são os únicos regulares não-convexos.

Pequeno Dodecaedro
Grande Dodecaedro
Estrelado

12 Pentágonos regulares
12 Pentagramas regulares

Grande Dodecaedro Grande Icosaedro


Estrelado

20 Triângulos
12 Pentagramas regulares equiláteros

Figura . Poliedros de Kepler-Poinsot. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Poliedros_de_Kepler-Poinsot, acessado em 2V.07.2010. 17


1‘ /!‘‘!%( /! ‘

Os Prismas são poliedros formados por duas faces poligonais, paralelas e congruentes,
chamadas de bases do prisma, as bases são ligadas vértice a vértice por arestas gerando faces
laterais que são paralelogramos. Há uma infinidade de Prismas e Antiprismas, ao menos um para
cada polígono. É o formato da base que os denomina (Ex: Prisma de base hexagonal).
Os antiprismas têm duas bases poligonais assim como os prismas, mas seus vértices são
ligados alternadamente gerando faces laterais triangulares. O número de triângulos de um
antiprisma é o dobro do número de lados do polígono da base.

Figura 9. Prismas e Antiprismas. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Antiprisma, acessado em 2V.07.2010.

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‘
‘ Dipirâmides são poliedros formados somente por triângulos congruentes, em geral
isósceles, as únicas dipirâmides formadas por triângulos eqüiláteros são as de base triangular,
quadrada (Octaedro Regular) e pentagonal e serão citados mais a frente no tópico 1.7.
Deltoedros são sólidos formados por deltóides congruentes. As dipirâmides e deltoedros e
as são obtidos como poliedros duais² de Prismas e Antiprismas respectivamente.
Há uma infinidade de Dipirâmides e Deltoedros tanto quanto Prismas e Antiprismas.
‘
‘
‘‘
‘
‘
‘
Figura 10. Dipirâmides e Deltoedro. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bipirâmide, acessado em 2V.07.2010.

2. Encontrar o dual é uma operação com poliedros. Ver tópico em 1.Ã.1.‘



A‘‘) ‘‘ !%!)! ‘
‘
Em 1]0, Eugène Charles Catalan formou uma nova família de poliedros derivados dos
sólidos de Arquimedes, utilizando o conceito de poliedro dual, descrito na página seguinte:

% ! ‘
!B '! ‘
!B
Dual: Tetraedro truncado Dual: Dodecaedro truncado
faces: 12 Triângulos Isósceles Faces: Ã0 Triângulos Isósceles

'! ‘ ;/5' '! ‘%!B


Dual: cuboctaedro Dual: Icosaedro truncado
Faces: 12 Losangos Faces: Ã0 Triângulos Isósceles

'%! ‘
!B C'%! ‘)%!)
Dual: Cubo truncado Dual: Rombicosidodecaedro
Faces: 2Š Triângulos Isósceles Faces: Ã0 Deltóides

C! ‘
% !B
!'%! ‘!B
Dual: Octaedro truncado
Dual: Icosidodecaedro truncado
Faces: 2Š Triângulos Isósceles
Faces: 120 Triângulos
Escalenos

'%% ! ‘)%!) '%% ! ‘%!6!)


Dual: Rombicuboctaedro Dual: Cubo snub
Faces: 2Š Deltóides
Faces: 2Š Pentágonos
‘ Irregulares

'! ‘!B C'%! ‘%!6!)


Dual: Cuboctaedro truncado Dual: Icosidodecaedro snub
Faces: Š Triângulos Escalenos Faces: Ã0 Pentágonos
Irregulares

!'%! ‘ ;/5'
Dual: Icosidodecaedro
Faces: ]0 Losangos
Figura 11. Poliedros de Catalan. Fonte:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sólidos_de_Catalan, acessado em
2V.07.2010.

19
A‘,!)!‘‘,/‘() 

O dual‘ de um poliedro é obtido marcando-se os centros de cada face e ligando esses


pontos com arestas, formando um novo poliedro cujos vértices são os centros das faces do
poliedro original. A dualidade vem do fato que, se repetirmos a operação voltaremos ao poliedro
de início, ou seja, o dual do dual de um poliedro é sempre o próprio poliedro. Por exemplo, o dual
do Cubo é o Octaedro, logo, dual do Octaedro é o Cubo. O dual do Dodecaedro é o Icosaedro.
Somente o Tetraedro é dual de si mesmo.

Figura 12. Platônicos e seus duais. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sólidos_Platônicos, acessado em 2V.07.2010.

Os sólidos de Catalan possuem certa regularidade, pois apesar de não terem faces
regulares, todas as faces são de uma única forma. Além disso, dois desses sólidos, o Dodecaedro
rômbico e o Triacontaedro rômbico, tem todas as arestas idênticas, pois em ambos as faces são
losangos.

D‘) ‘‘E$

Em 19ÃÃ, Norman W. Johnson listou 92 poliedros convexos de faces regulares, em seu


trabalho publicado no 


‘ 
‘ ‘ 

 ð , que não eram platônicos nem

20
arquimedianos, nem prismas, nem antiprismas, formados por mais de um tipo de polígono e
vértices não-congruentes. Johnson nomeou todos eles e sugeriu que não haveria mais nenhum.
Em 19Ã9 Vitor Zalgaller, provou que os 92 sólidos de Johnson eram únicos, fechando
assim, a menos de um século, a lista de poliedros que podem ser formados com uma mesma
medida de aresta.
A listagem desses sólidos é muito extensa para estar contida nesse trabalho, por isso
constam abaixo alguns exemplos das formas mais comuns dos sólidos de Johnson: pirâmides,
cúpulas, dipirâmides.

‘
Figura 1]. Poliedros de Johnson. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sólidos_de_Johnson , acessado em 2V.07.2010.
‘
F‘2 !‘69'! ‘

Em 192], o arquiteto alemão Walther Bauersfeld, Projetou a primeira esfera geodésica


derivada do icosaedro, para construção de um planetário chamado Zeis. Na década de Š0 e V0
esses sólidos geométricos imitando esferas ficaram muito famosos nas construções do arquiteto e
cientista americano Richard Buckminster Fuller, que ampliou o estudo das geodésicas.
Uma esfera geodésica é construída por transformações nas faces de um poliedro regular
convexo, num processo em que todas as faces não triangulares do sólido têm seus vértices ligados
ao centro das faces (figura 1Š). As arestas são ajustadas de modo que todos os vértices fiquem
eqüidistantes ao centro da esfera que circunda o poliedro inicial, como na figura 1V, que ilustra
também o aumento na freqüência um para dois e três de uma face triangular.

Figura 1Š. Faces divididas em triangulos. Fonte: Figura 1V. Aumento de frequência da geodésica. Fonte:
http://www.es.cefetcampos.br/poliedros/esferas_domosgeodesios.html http://www.es.cefetcampos.br/poliedros/esferas_domosgeodesios.html

Devido aos ajustes e/ou ao aumento do número de arestas, as faces das esferas geodésicas
são geralmente triângulos isósceles ou escalenos, com exceção do o tetraedro, o octaedro e o
icosaedro, que podem nesse contexto ser considerados como esferas geodésicas de freqüência
21
um. Mesmo é notável a regularidade dessas estruturas ao permitirem uso de tantas faces
triângulos congruentes.
As esferas geodésicas foram incluídas nesse trabalho por serem os poliedros que mais se
aproximam da esfera em área e volume, embora sejam sólidos lineares e na maioria dos casos
não-convéxos.
Partições de esferas geodésicas recebem o nome de domos geodésicos e ganharam espaço
na engenharia civil para construção de cúpulas, devido a suas características de rigidez e leveza.
Dois exemplos desse tipo de construção são o Pavilhão norte-americano da Exposição Mundial
de 19Ã7 no Canadá (fotos à esquerda) e o Epcot Center (à direita), inaugurado em 192 nos EUA.

Figura 1Ã. Pavilhão da Exposição Mundial.


Figura 1. Epcot Center.

Figura 19. Detalhe das faces do Epcot Center.


Fontes:
Fig. 1Ã: http://chezlesprest.blogspot.com/2009_07_01_archive.html
Fig. 17: http://club.vaio.sony.eu/clubvaio/PT/pt/vgeneration/hero.
html?hero=1&entry=7Ã7Š2
Fig. 1 e 19:http://umbompapo.blogspot.com/2009/0]/construcoes-
fabulosas-epcot-center.html.
Todos acessados em 2V.07
Figura 17. Patente de Fuller.
22
G‘  (‘  ‘

Os corpos redondos se caracterizam por serem capazes de rolar facilmente sobre uma
superfície plana. Foram incluídos nesse trabalho por terem áreas e volumes bem definidos usando
f (pi) e a integral de Rieman. Não são poliedros, pois possuem uma ou mais faces curvilíneas.
São comumente definidos como sólidos de revolução ou através de transformações
infinitesimais em poliedros. Por motivo de relevância, abordaremos a seguir somente os casos
mais simples de corpos redondos: cone reto e cilindro reto e a esfera, omitindo os casos oblíquos
e não-convéxos, assim como os elipsóides e parabolóides.

G‘ ) ‘ % ‘

Um cilindro é obtido pela revolução de uma região retangular em torno da reta que
contém um de seus lados de acordo com a figura abaixo.

Figura 20. Cilindro de Revolução. Fonte: Programa Paint.

Também pode ser definido como um prisma, cuja base é um polígono regular de n lados,
quando n tende ao infinito. Para ter uma visão menos dinâmica, podemos imaginar uma série de
círculos congruentes, sobrepostos com os centros em uma reta perpendicular ao plano da base.
‘
G*‘ ‘ % ‘
O cone é obtido através da revolução de um triângulo retângulo em torno da reta que
contém um de seus catetos.

Figura 21. Cone de Revolução. Fonte: Programa Paint.


2]
Também podemos definir o Cone como uma pirâmide cuja base é um polígono de n lados,
quando n tende ao infinito.

G0‘2 ! ‘
‘
A esfera é obtida pela revolução de um semicírculo em torno de seu diâmetro.

Figura 22. Esfera de Revolução. Fonte: Programa Paint.

De modo infinitesimal a esfera pode ser definida pelo aumento da freqüência de uma
esfera geodésica como o icosaedro, por exemplo, fazendo tender ao infinito o número n de faces.
Também é definida com exatidão a partir de um ponto C no espaço e um comprimento R.
A esfera é o sólido formado por todos os pontos que tem uma distância até o ponto C igual a R ou
menor.
Cauchy e Rieman, na década de 19V0, apresentaram estudos completos sobre equações
diferenciais, possibilitando cálculo preciso de áreas de superfície curvilíneas e de volumes através
de técnicas de integração como o método de fatiamento.

*‘‘+ %,!)-!".‘‘() ‘‘‘'/(,%! ‘


‘
Representações virtuais de sólidos geométricos são tão antigas quanto os próprios sólidos.
Desde os tempos mais remotos sólidos podem ser descritos, montados em escala menor ou
desenhados
Através do estudo de geometria obtemos descrições numéricas de vários elementos do
desenho: formato, tamanho, posição e direção podem ser descritos facilmente utilizando
elementos conceituais como pontos, linhas e planos.


Elementos conceituais não são visíveis. Não existem na realidade, porem parecem estar
presentes. Por exemplo, sentimos que há um ponto no ângulo de um formato, que há uma
linha marcando o contorno de um objeto, que há planos envolvendo um volume e volumes
ocupando o espaço. Estes pontos linhas e volumes não estão realmente lá; se estiverem
realmente lá deixam de ser conceituais. (WONG, 2001, p. Š2).

No início da filosofia, a virtualização dependia muito mais da imaginação para criação do


pensamento abstrato. Era baseada apenas no desenho geométrico com régua sem marcas e
compasso.
Acaso não sabeis que (os geômetras) utilizam as formas visíveis e falam delas, embora não
se trate delas, mas destas coisas de que são um reflexo, e estudam o quadrado em si e a
diagonal em si, e não a imagem deles que desenham? E assim sucessivamente em todos os
casos... O que realmente procuram é poder vislumbrar estas realidades que apenas podem
ser contempladas pela mente. "PLATÃO, m‘  ð
‘.´ (LAWLOR, 199Ã, p. 9).

A representação de objetos tridimensionais por meio de figuras bidimensionais,


considerada arte, virou ciência com advento dos eixos cartesianos para as três dimensões básicas,
quebrando as barreiras entre álgebra e geometria.

As formas geométricas primárias são consideradas cristalizações dos pensamentos


criadores de Deus, a mão humana, ao manipular e construir estas formas, aprenderá a
adquirir por si mesma as principais posturas da linguagem gestual. (LAWLOR, 199Ã, p.
17).

A utilização de unidades padronizadas de medida, como o metro e seus múltiplos pode ser
considerado um facilitador para essas construções, mas sendo ainda carente da precisão do
milímetro medido pelo olho humano.
O verdadeiro avanço na virtualização de figuras geométricas planas e espaciais por figura
bi-dimensionais é obtido, em meados da década de 1990, a partir da quinta geração de
computadores, com interfaces que permitem a manipulação dos objetos básicos da geometria
(ponto, reta e plano) de forma dinâmica substituindo papel pela tela, os pontos por pixels e as
ferramentas dos programas, através do teclado e do mouse, ao invés de régua e compasso.

2V
Atualmente programas de computador são capazes de criar modelos e planificações de
qualquer sólido com perfeição. O computador é hoje indispensável para qualquer tipo de
engenharia por sua capacidade virtual e pela perfeição de seus modelos.
O avanço da computação gráfica permite a criação de verdadeiras realidades virtuais
tendo como base os sólidos geométricos. Números e algoritmos possibilitam ao computador
processar as informações e lançar para a tela um sem número de modelos geométricos,
facilitando a criação e interação do homem com seus projetos e podendo ser usado inclusive no
estudo de geometria.
Softwares como o Poly pro 1.11 e Cabri-géomètre II podem ampliar a noção dos alunos
sobre as propriedades e a diversidade das formas das figuras geométricas planas e espaciais, e
devem ser utilizados em atividades de ensino junto às atividades com materiais concretos.
O programa Poly pro 1.11 contempla todos os poliedros convexos citados anteriormente
nesse texto, com exceção dos estrelados de Kepler-Poinsot, dando a opção de girar-los, variar as
cores das faces com cores iguais para formas iguais e destacar suas arestas, alem disso permite
desdobrar o sólido em sua planificação, muito útil para contar e classificar as faces e para
imprimir e construir poliedros de papel. O programa pode ser baixado gratuitamente via internet
no site http://www.peda.com/poly/.

Entre algumas das possibilidades que o uso da informática, em particular o programa


cabri-géomètre II, pode trazer ao cenário de ensino e aprendizagem, podemos citar: a) a
linguagem visual, que estimula novo meio de comunicação de conceitos abstratos,
tornando a tarefa de compreensão da linguagem matemática mais agradável; b) a
interatividade, que propicia a oportunidade de introduzir experiências em laboratórios para
instigar o espírito de investigação de propriedades, conjeturas de novas propriedades,
confirmação de resultados etc.; c) desenvolvimento de atividades manipulativas concretas,
que permitem o acompanhamento mais personalizado da aprendizagem, respeitando as
diferenças individuais; e d) o desenvolvimento da sensibilidade em relação aos conceitos
matemáticos de natureza pura e aqueles inerentes ao uso de equipamentos etc. (BALDIN,
2002, p. )

O programa Cabri-géomètre II é como uma folha em branco para construções de


geometria euclidiana. Tem como opções de ferramentas os elementos básicos da geometria:


ponto, ponto sobre objeto, ponto de intersecção, reta, semirreta e segmento de reta, vetor,
triângulo, polígono, polígono regular (convexo e estrelado), circunferência, arco, cônica, reta
perpendicular, paralela, ponto médio, mediatriz, bissetriz, assim como rotular pontos, ângulos.
Exibindo as medidas de ângulos ou segmentos e criando expressões é possível verificar na
tela do computador diversas propriedades geométricas do currículo do ensino fundamental e
médio, como por exemplo: os teoremas de Tales e de Pitágoras, soma de ângulos internos e
externos de um polígono.

0‘()'!".‘‘() ‘!‘ !)!‘‘!,)! ‘


‘
‘ Os poliedros surgem na sala de aula como instrumento fundamental para o aprendizado
significativo de geometria, pois já está mais do que provado que pontos, retas e planos são
conceitos abstratos derivados de figuras, e não o ponto de partida para desencadear todos os
demais conceitos geométricos, a exemplo das geometrias não euclidianas.
Partindo do preceito de que toda teoria provém de uma prática e não o contrário, os
modelos tridimensionais devem preceder os estudos com polígonos, visto que os sólidos são
estruturas concretas enquanto que os polígonos das faces que os formam são elementos
conceituais, pois são imaginários e sem espessura.
Encontramos nos Parâmetros Curriculares Nacionais o alerta da necessidade de
investimentos substanciais para a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem no ensino
fundamental. Pois os alunos após os oito anos de ensino fundamental não dispõem do
conhecimento esperado ou esquecem rapidamente dos conteúdos estudados.

Os resultados de desempenho em matemática mostram um rendimento geral insatisfatório,


pois os percentuais em sua maioria situam-se abaixo de V0%. Ao indicarem um
rendimento melhor nas questões classificadas como de compreensão de conceitos do que
nas de conhecimento de procedimentos e resolução de problemas, os dados parecem
confirmar o que vem sendo amplamente debatido, ou seja, que o ensino da matemática
ainda é feito sem levar em conta os aspectos que a vinculam com a prática cotidiana,
tornando-a desprovida de significado para o aluno. Outro fato que chama a atenção é que o
pior índice refere-se ao campo da geometria. (BRASIL, Introdução aos Parâmetros
Curriculares Nacionais, 1997, p. 2Š).
27
O baixo nível no desempenho escolar pode ser revertido somente através do aprendizado
significativo, no qual a criança entende os assuntos porque fazem algum sentido para elas e não
simplesmente por serem assuntos de prova.

O trabalho com noções geométricas contribui para a aprendizagem de números e medidas,


pois estimula a criança a observar, perceber semelhança e diferenças, identificar
regularidades e vice-versa. Além disso, se esse trabalho for feito a partir da exploração dos
objetos do mundo físico, de obras de arte, pinturas, desenhos, esculturas e artesanato, ele
permitirá ao aluno estabelecer conexões entre a Matemática e outras áreas do
conhecimento. (BRASIL, Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática, 1997, p. VÃ)

Infelizmente, na realidade atual brasileira, os investimentos substanciais que a educação


necessita e deveriam se traduzir em formação de professores, para que sejam capazes de obter
maior interesse dos alunos pelo trabalho escolar, geralmente acaba não acontecendo devido ao
alto custo. Principalmente na rede privada do ensino onde a educação é tratada como produto de
baixo retorno com muita inadimplência por parte da clientela (pais de alunos) e poucos meios de
cobrança segundo as leis do Brasil.
Não devemos por isso ter visão conformista e sim buscar opções mais acessíveis de baixo
custo para a melhoria da qualidade do ensino, e que este seja realmente significativo, pois para
que isso ocorra é preciso modificar a sistemática das aulas, que não podem ser estritamente
teóricas.
Segundo Moram favorecer a aprendizagem significativa no contexto escolar é possível.

Partindo de situações concretas, de histórias, cases, vídeos, jogos, pesquisa, práticas e ir


incorporando informações, reflexões, teoria a partir do concreto. Quanto menor é o aluno,
mais práticas precisam ser as situações para que ele as perceba como são importantes para
ele. Não podemos dar tudo pronto no processo de ensino e aprendizagem. Aprender exige
envolver-se, pesquisar, ir atrás, produzir novas sínteses fruto de descobertas. O modelo de
passar conteúdo e cobrar sua devolução é ridículo. Com tanta informação disponível, o
importante para o educador é encontrar a ponte motivadora para que o aluno desperte e
saia do estado passivo, de espectador. Aprender hoje é buscar, comparar, pesquisar,
produzir, comunicar. (MORAN, 200, p. 1).‘
‘


‘ Moran, entre outros autores, ressalta a importância de atividades lúdicas e maior
aproveitamento das múltiplas realidades de hoje para basear reflexões. De acordo com os
Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática, se o ensino for feito a partir da exploração dos
objetos do mundo físico como obras de arte, pinturas, desenhos, esculturas e artesanato, permitirá
ao aluno estabelecer conexões entre a Matemática e as outras áreas do conhecimento.

Segundo os princípios orientadores dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN¶s) os


conhecimentos básicos de geometria são fundamentais para as pessoas interagirem
adequadamente com seu meio ambiente, assim como para se iniciarem num estudo mais
formal dessa disciplina. Esses conhecimentos básicos, os quais compreendem conceitos,
suas propriedades e relações simples entre eles, deveriam, em geral, ser adquiridos por
meio de experiências realizadas ao longo de todo sistema educacional. Desta forma, se os
alunos devem adquirir conhecimento sobre os fundamentos geométricos elementares, é
importante que os professores não só tenham um bom domínio sobre seus aspectos
matemáticos, como também saibam identificar e dominar metodologias de ensino que lhes
permitam a familiaridade com diversificadas maneiras de levar à criança a uma
aprendizagem geométrica significativa. (KALEFF, 2002, p. ]V).

Reforçando o contexto da aprendizagem significativa, o método Van Hiele de


desenvolvimento do pensamento geométrico, descrito por Lindquist (199Š), é muito relevante em
qualquer estudo sobre ensino de geometria e servirá de base para as atividades com sólidos
geométricos apresentadas no tópico Š.
‘
0‘‘/9%‘8!‘) ‘‘

O método Van Hiele consta dos cinco níveis de compreensão, listados a seguir:

>+)‘H ‘8,!)-!".‘

Neste estágio os alunos percebem o espaço apenas como algo que existe em torno deles e
observam os conceitos da geometria como entidades totais, não fazem a ligação com suas partes e
componentes. Reconhecem as formas pelo todo e por sua aparência física, não reconhecem suas
29
partes e propriedades. Nesse nível, é possível aprender certo vocabulário geométrico, reconhecer
formas específicas e reproduzir figuras geométricas a partir de modelos prontos.
‘
>+)‘ ‘7)‘

Durante a análise dos conceitos geométricos os alunos começam a discernir as


características das figuras. Reconhecem que tem partes como lados e ângulos e conseguem
estabelecer relações como encontrar ângulos iguais em um paralelogramo, mas ainda não são
capazes de formular propriedades a partir das relações encontradas e não entendem definições.

>+)‘* ‘,".‘2 /!)‘

Nesse nível o aluno consegue fazer algumas inter-relações de propriedades. São capazes
de acompanhar definições e deduções, embora não diferenciem totalmente as deduções lógicas de
resultados encontrados empiricamente.
‘
>+)‘0 ‘,".‘2 /!)‘

Compreendendo a verdadeira natureza da dedução os alunos são capazes de entender a


geometria num contexto axiomático, podendo distinguir o papel dos axiomas, postulados,
teoremas, definições e demonstrações no âmbito da teoria geométrica.
‘
>+)‘1 ‘ 6 ‘

É quando o aluno está apto a trabalhar em vários sistemas axiomáticos e a geometria pode
ser trabalhada integralmente no plano abstrato.

Segundo o método de Van Hiele, é errado ensinar geometria fazendo uso extremo de
tradicionalismo, explorando somente atividades que envolvam definições e demonstrações a
rigor, por não terem significados definidos a partir de situações concretas. Do mesmo modo não
]0
haverá evolução na educação formal se o ensino estacionar nas práticas construtivistas, sem
formular conceitos e teorias que reafirmem as vivências dessas situações práticas. Há um caráter
sequencial no método, devendo o aluno experimentar atividades em todos os níveis, devendo
conhecer níveis anteriores para sair-se bem em determinado nível.
Os objetos de estudo inerentes de um nível tornam-se os objetos de estudo de um nível
superior. Neste caso, aplicando o método Van Hiele ao estudo com poliedros e os polígonos nele
existentes, estes devem ser visualizados (nível 0), analisados, ter seus componentes classificados
e suas propriedades devem ser descobertas, para só então chegar ao rigor da abstração (nível Š).
Devemos observar que cada nível terá sua linguagem própria e procurar descobrir o nível
de conhecimento atual de cada aluno. Se o material didático estiver em um nível acima do nível
do estudante ele pode não acompanhar os raciocínios empregados. O mesmo acontece se o
material estiver abaixo de sua capacidade, pois acaba causando a perda de interesse pelo objeto
de estudo.
O método Van Hiele contém ainda cinco fases que indicam ao professor, como deve
desenvolver a instrução a fim de atingir todos os níveis de conhecimento.

!‘  ‘ % 6!".I2 /!". ± levantamento de questões, através de perguntas


elaboradas previamente pelo professor para introduzir o vocabulário específico.
!‘* ‘ %!".‘ 6! ± sequência de questões que suscitem a respostas específicas,
ordenadas para revelar gradualmente as estruturas e características do objeto de estudo.
!‘0 ‘C()'!". ± discussão de atividades anteriores, onde os alunos expressam suas
visões e o professor pode orientar os alunos no uso da linguagem adequada. É nessa fase que o
nível dos alunos torna-se evidente.
!‘1 ‘ %!".‘)+  ± apresentar aos alunos atividades mais complexas, tarefas com
muitos passos, tarefas que possam ser resolvidas por caminhos diferentes ou com final em aberto,
para que os alunos possam descobrir suas próprias maneiras de resolvê-las.
!‘? ‘%6 !". ± os alunos revêem e sumarizam o que aprenderam, o professor deve
auxiliar no sentido da síntese dos resultados, fornecendo fórmulas gerais. Nessa fase é importante
que o sumário não apresente novos conceitos e sim, o que foi discutido e descoberto nas fases
anteriores.

]1
As respostas abaixo, dadas a mesma pergunta associada à figura de um retângulo («‘
 
‘‘
‘‘ð‘
‘ ), ilustram o pensamento de pessoas com diferentes níveis
de conhecimento geométrico:

Nível 0: Parece um retângulo porque parece uma porta. (Visual).


Nível 1: Um retângulo. Quatro lados, dois lados compridos, dois lados curtos, quatro
ângulos retos. (Redundante).
Nível 2: É um paralelogramo, quatro ângulos retos. (Tenta dar o mínimo de informação
para não ser redundante).
Nível ]: É paralelogramo eu sei, e tem quatro ângulos retos e é um retângulo. (Tenta
responder dedutivamente).
Nível Š: Se é um paralelogramo e um dos ângulos é reto, então, é um retângulo. (Utiliza
linguagem adequada, dedutivamente).

É importante notar que, em qualquer nível, ao lerem a pergunta, todos os alunos são
capazes de responder corretamente que a figura tem forma de retângulo, não importando se esteja
no nível zero, reforçando a importância de aproveitar os conhecimentos anteriores que os alunos
carregam, mesmo com pouca experiência em geometria.
A utilização dos sólidos geométricos como instrumento de ensino de matemática para
todo o ensino fundamental II apresenta os seguintes pontos de destaque:
- Natureza concreta das atividades auxilia no aprendizado significativo do aluno, que vê,
constrói e manipula os objetos enquanto estuda suas propriedades conceituais, diminuindo os
espaços entre a teoria dos livros e o mundo à sua volta;
- Simplicidade dos materiais para confecção: canudos, palitos, linha, cola, papelão, são
todos de baixo custo, facilitando o acesso para professores e alunos em qualquer faixa de renda;
- Pela beleza dos sólidos formados, estimulando o aumento da auto-estima do aluno ao
notar-se capaz de construir formas com esse nível de regularidade;
- A riqueza de conteúdos envolvidos. Além dos conceitos geométricos puros, as operações
matemáticas que eles possibilitam, como cálculos de áreas, volumes, medidas de ângulos e

]2
diagonais. Podendo ser abordados conteúdos básicos da matemática nos campos da aritmética,
álgebra e geometria;
- A diversidade de suas formas possibilita a aplicação nos anos iniciais (Ã.º e 7.º anos,
onde estudamos as formas mais simples de polígonos), e a continuidade nos anos posteriores (.º
e 9.º anos), permitindo aumento gradual do nível de complexidade das formas, e
conseqüentemente, dos conteúdos envolvidos. Inclusive, podem ser aplicados no nível médio ou
superior.
Os poliedros devem ser aderidos às aulas com responsabilidade, respeitando os currículos
de cada ano do ensino fundamental, que não indicam nesta fase da educação um estudo profundo
sobre poliedros, estudo esse que só deve ter início durante o ensino médio.
Os poliedros e corpos redondos já estão formalmente inseridos nos currículos de
matemática para o ensino fundamental, o que devemos ressaltar é a importância da observação e
manipulação dos seres tridimensionais, para que o estudo não fique apenas na análise de
desenhos em perspectiva, feitos com uso de linhas pontilhadas para dar idéia de profundidade. O
aluno deve diferenciar com clareza esses desenhos (representações bidimensionais dos sólidos)
dos verdadeiros sólidos tridimensionais.

Mais grave ainda é serem colocadas essas figuras nos exercícios escritos e nas provas. A
avaliação deve ser feita, mas não somente em atividades com lápis e papel, e sim, a
partir da observação das ações de cada criança, das suas relações com os objetos que as
cercam, de suas idéias sobre eles, reveladas pela linguagem espontânea, pelas descrições
verbais, abrangendo formas atributos físicos e características geométricas (CASTILHO,
2002, p. ]V)

Baseado principalmente no que dizem os Parâmetros Curriculares Nacionais e o método


Van Heile foram elaboradas as atividades apresentadas no tópico a seguir.
‘
‘
‘
‘
‘

]]
1‘%+!‘'/‘()  ‘

O currículo de matemática para o ensino fundamental II tem seus conteúdos bem


definidos, no entanto a ordem em que são abordados esses assuntos pode variar de um autor para
outro ou de uma escola para outra. Os professores devem verificar quais assuntos são requisitados
por uma atividade e que os alunos possuem esse pré-requisito, antes de apresentá-la, ou correm o
risco de não levar a atividade em nível de dedução para aluno, ficando esta apenas no visual.
Sugerimos que alunos do Ã.º ano devem ser capazes de reconhecer figuras bidimensionais
e tridimensionais, bem como diferenciar poliedros de corpos redondos, devem formar conceitos
de paralelismo entre retas e serem capazes de conceituar faces, vértices e arestas, calcular a área e
o volume de figuras simples (Retângulos e Paralelogramos). É indicado nesse estágio abordar
somente poliedros cujas planificações sejam formadas por triângulos e quadriláteros. O cone e o
cilindro devem ser apresentados somente em nível de visualização e análise, por não haver ainda
maturidade geométrica para o cálculo de áreas e volumes.
A partir do 7.º ano, o aprofundamento no estudo dos ângulos possibilita o cálculo das
medidas dos ângulos internos de um polígono, o que permite a introdução do Dodecaedro. Os
Sólidos de Platão podem tornar-se projeto pedagógico e alguns poliedros de Arquimedes podem
ser apresentados. Deve ser dada uma atenção especial ao Icosaedro Truncado como agente
motivador, por ser este o modelo mais usado na confecção de bolas de futebol. As áreas devem
ser calculadas através da decomposição dos polígonos em figuras mais simples como retângulos e
triângulos.
No .º ano, com advento das expressões algébricas, deve surgir o estudo teórico mais
rigoroso e específico do cálculo de áreas de figuras mais complexas como o losango, o trapézio e
o paralelogramo. O conceito de diagonal fica bem definido e pode, no caso do quadrado, ser
utilizado para um estudo mais concreto dos números irracionais. Devem conter nessa etapa um
estudo da secção transversal das figuras tridimensionais por um plano, analisando as figuras
obtidas.
As pirâmides devem ser mais trabalhadas no 9.º ano devido ao papel fundamental do
teorema de Pitágoras em suas construções. É o ano mais propício para abordar área e volume de
cilindros e cones, já que as relações métricas do círculo são normalmente trabalhadas neste ano.


Por ser o último ano do ensino fundamental a maturidade algébrica dos alunos deve ser posta a
teste com os cálculos envolvendo f (Pi).
De modo geral atividades com alto nível de complexidade podem e devem ser
apresentadas aos alunos, contanto que tenham a maturidade geométrica necessária criada a partir
de atividades anteriores. Não é recomendado deixar a questão com nível mais elevado de
dificuldade ser apresentada somente no dia da prova, como alguns professores costumam fazer.
Os poliedros devem ser construídos pelos alunos e usados como agentes motivadores no
ensino fundamental, auxiliando no ensino da matemática, e servindo como elo entre movimentos
de ida e volta para diversos conteúdos da matemática.

‘
‘
Figura 2]. Poliedros como objeto de motivação para atividades. Fonte: Programa Paint.

Os conceitos de área e perímetro, fundamentais para alunos desse nível, devem ser vistos
como qualidades de qualquer superfície plana. É importante trabalhar com diversas unidades de
medida além dos derivados do metro quadrado, podendo o aluno ser capaz de compreender
medidas feitas a partir de unidades em forma de triângulo ou trapézio, por exemplo.
As atividades apresentadas a seguir podem ser adaptadas para uso em várias aulas. Não
possuem uma sequência fixa, representam sugestões e ideias para professores que procuram
quebrar a rotina do desenho geométrico no ensino de matemática, para alunos do ensino
fundamental II. A sequência a ser adotada vai depender da motivação e dos caminhos percebidos
pelo professor para a próxima questão problema.
‘ ‘
‘
‘
‘
]V
1‘) ‘‘'!,‘‘)$! ‘
‘ (Atividade baseada em KALEFF, 200]).

‘‘ Os canudos devem ser cortados ao meio, em terços, ou outro comprimento pré-definido,


por ser mais fácil de manobrar com pedaços menores e para obter maior rigidez nos modelos
finais. Um tamanho de canudo deve ser escolhido, pois todos os pedaços devem ter tamanhos
iguais para estas atividades.
Devemos dar nós nas linhas ao final das etapas. As figuras formadas devem ficar justas.
Não apertar demais a linha, para não curvar os canudos.
‘
!% !) Canudos, linha e tesoura.
 '/%
a) Construa um triângulo‘(] canudos).
b) Construa um quadrado (Š canudos).
c) Verifique a rigidez das figuras obtidas nos itens a e b.
d) Construa um Tetraedro Regular (Ã canudos) usando seu triângulo e mais três canudos,
de acordo com o esquema a seguir:

I II III
e) Construa quatro triângulos (12 canudos) unindo-os dois a dois. Construa o octaedro de
acordo com o esquema a seguir:

I II
‘ f) Construa quatro triângulos juntos e adicione mais uma aresta, seguindo o esquema
abaixo (Figura I), obtendo uma pirâmide de base Pentagonal (Figura II). Faça outra pirâmide

igual a essa. Junte as duas pirâmides através dos vértices da base de tal forma que em cada vértice
se encontrem cinco arestas (Figura III). O sólido formado é um icosaedro (]0 canudos).

I II III
g) Construa um Hexaedro (12 canudos) a partir do esquema abaixo:

h) Acrescente ao cubo as diagonais para garantir a rigidez. Faça as diagonais com um


canudo de cor diferente das arestas.

i) Qual estrutura foi formada na atividade anterior? (os alunos poderão verificar que as
diagonais de um cubo formam um tetraedro regular).
‘
‘
‘

]7
1*‘ J%‘) ‘‘)!%.‘
‘‘ (Atividade obtida a partir da internet no blog da profª Grace Da Rè Aurich, mestranda em educação pela
UFRGS disponível em: www.blogger.com/profile/1]1V770ÃÏÃ7ÏÃÃ2V9, acessado em 2V.07)

Alunos do ensino fundamental costumam ter dificuldades em fechar os poliedros a partir


das planificações clássicas em papel ou cartolina, por isso devemos fazer uso também de novos
materiais para a construção dos polígonos, em E.V.A.³ e confeccionar cada face separadamente,
unindo-as por fim aos esqueletos de poliedros feitos com canudos.
Os canudos podem ser unidos usando miçangas um pouco maiores que o diâmetro dos
canudos em lugar dos vértices, usando cola de isopor para uni-las.
As construções sob este método além de serem muito agradáveis visualmente, permitem a
clara distinção de faces, vértices e arestas aos serem associadas ao E.V.A., às miçangas e aos
canudos com suas naturezas de planos, vértices e segmentos de reta, respectivamente.
Projetos como este dão a oportunidade ideal para apresentar aos alunos as versões virtuais
dos poliedros na sala de informática com a ajuda do programa Poly Pro 1.11.

!% !) ‘canudos, E.V.A., miçangas esféricas, lápis, régua, tesoura e cola de isopor.‘
 '/% ‘
a) Cada aluno ou grupo deverá construir um dos poliedros de Platão e preencher as
informações das lacunas na ficha da página seguinte, onde devem ser colados: o poliedro, a
planificação e amostras dos vértices, faces, arestas nos locais indicados.

Figura 2Š. Projeto escolar com Poliedros. Fonte:


www.blogger.com/profile/1]1V770ÃÏÃ7ÏÃÃ2V9, acessado em 2V.07.2010.

]. Sigla em inglês. Significa Etileno Acetato de Vinila. Tipo de emborrachado vendido em folhas. ]
‘
 E
‘  ‘‘
‘
Poliedro Número de faces Número de vértices Número de arestas
(colar o sólido)
Número de arestas por vértice Polígono da Face Relação de Euler

Planificação Face
(desenho)

Vértice

Aresta

Nome do poliedro Ângulo entre arestas Área por Face Área Total

Componentes do grupo:

]9
10‘) ‘!‘'% ,".‘'+)‘

Nesta atividade os alunos poderão ter contato com diferentes tipos de vértices concretos,
ampliando a visão de local geométrico e vendo o vértice não como um simples ponto, mas como
a união de duas ou mais arestas.

Figura 2V. Vértices estruturais da Industria Mero-TSK. Fonte: http://www.mero.de/knotensysteme.html?&L=1, acessado em 2V.07.2010

A pesquisa deve ser feita com uso da internet e o trabalho deve culminar em uma
exposição dos projetos em forma de maquetes e desenhos.

!% !) em aberto.


 '/% ‘‘
a) Pesquisar estruturas poliédricas utilizadas na construção de Estádios, Cúpulas ou
telhados, através de construções famosas ou em sites de empresas especializadas nesse tipo de
projeto como a MERO-TSK na Alemanha.
b) Escolha uma dessas estruturas, represente-a com um desenho em planta baixa ou
perspectiva.
c) Faça uma maquete dessa estrutura. Qual foi a escala que você utilizou?

Š0
11‘)>6‘‘6()! ‘

O conceito de área em polígonos deve ser formado com o auxílio de atividades em malhas
quadriculadas, triangulares ou de pontos. O geoplano é formado de uma pequena superfície de
madeira onde são adicionados pregos aos vértices de uma malha quadriculada, criando uma
malha de pregos onde podemos construir polígonos usando ligas de borracha ou barbante.
O conceito de perímetro de uma figura é tão importante quanto o de área. Os alunos
costumam ter dificuldades em lembrar esses conceitos quando estudam somente à base de
exercício de conversão de unidades de medidas ou cálculos puros. É importante contemplar, com
bastante prática, as questões ligadas aos elementos conceituais básicos.

!% !) Geoplano, malha quadriculada, malha triangular e papel milimetrado.


 '/% ‘‘
a) Pinte a área das figuras a seguir e responda: Elas são iguais? Elas têm a mesma área?
Explique suas observações.

b) Construa no geoplano figuras que possuam as características a seguir:


- Figura A: 12 cm de perímetro e 9 cm² de área.
- Figura B: 10 cm de perímetro e V cm² de área.
c) Faça os exercícios seguintes em papel milimetrado e em seguida reproduza-os no papel
quadriculado.
i) Pinte um centímetro quadrado e escreva abaixo dele cm².
ii) Pinte um milímetro quadrado e escreva abaixo dele mm².
iii) Pinte um decímetro quadrado e escreva abaixo dele dm².
iv) Agora com base no que você desenhou, complete:
1 dm² = ____cm² 2Ã dm² = ____cm²
1 cm² = ____ mm² ŠV dm² = ____ mm²
1 dm² = ____ mm² Š0000 mm² = ____dm²

Š1
‘
1?‘) ‘‘%)$! ‘

Essa atividade dá ênfase à rigidez dos poliedros e introduz o assunto de feixe de paralelas.
Ótima oportunidade para traçar retas paralelas com uso de esquadro e régua. Destacar a
importância dessas estruturas em telhados e também em caixas de papelão.

!% !) cartolina guache, lápis, régua, esquadro e cola de isopor.


 '/% ‘
a) Dobre a cartolina ao meio, em uma reta perpendicular a linha do comprimento,
desdobre-a e trace várias retas paralelas à dobra. Dobre sobre as retas consecutivas em sentidos
contrários a fim de obter a estrutura ilustrada na figura II.

I II

b) Aumente a carga até o limite usando livros ou cadernos.


c) Estudar meios de aumentar a resistência da estrutura. (somente mostrar figura III após
atividade c).

III
d) Discutir se ainda é possível obter maior resistência sem mudar o tipo de material.
e) Como pode ser aplicada em situações práticas essa característica de rigidez das
estruturas poliédricas?
Š2
1A‘‘ ,5‘‘‘
% ! ‘‘ !5 =9/K% ‘ ‘
(Atividade baseada em BALDIN, 2002)

Essa atividade consiste na construção de um cubo que possa ser aumentado ou reduzido
sem se deformar e a partir das diagonais do Cubo obter um Tetraedro Regular.
Tem caráter introdutório no uso das ferramentas do Cabri-Géomètre II.

!% !) Computador com o Cabri-Géomètre II instalado.


 '/% ‘
a) Selecione a opção 6/% e crie um segmento de reta horizontal AB, que será a
aresta do cubo.
b) Selecione a opção %!‘( (',)! e crie uma reta perpendicular ao segmento AB.
c) Selecione a opção ' ',2 3'! e crie uma circunferência com centro em A,
passando por B e marque um ponto de interseção D entre a circunferência e a reta.
d) Selecione a opção ' I/% ! e esconda a circunferência e a reta.
e) Crie agora uma reta perpendicular a AD passando por D e uma circunferência com
centro em D passando por A. O Ponto de interseção entre esta reta e a esta circunferência é o
ponto C. Completando o quadrado que será a face do cubo.
f) Marque um ponto P acima e a direita, livre do quadrado.

g) Selecione a opção‘ %! e trace uma reta passando por P e D


h) Selecione a opção (%‘/9 e marque o ponto médio M do segmento AD.
i) Faça uma circunferência com centro em D e passando por M e marque o ponto E na
interseção da reta com a circunferência.
h) Repita g, h e i, para os pontos C, B e A em lugar de D, para marcar os pontos F, G e H.
i) Trace as demais arestas com a opção 6/% e estará pronto o cubo, que poderá ser
ampliado reduzido e movimentado sem deformar. Salve o arquivo com o nome de Cubo.
j) Partindo do Cubo com a opção % @6,) crie os triângulos: BDH, HFB e HDF
Š]
1D‘) ‘'/‘/9%‘ 6!/ ‘
‘ (Atividade obtida em REGO, 2002)

‘ A técnica de origem japonesa de dobradura em papel, Origami, tem diversas atividades


dedicadas aos sólidos geométricos e podem ser aproveitadas em sala de aula. Por ter uma
linguagem formal própria e bem definida ajuda no aprendizado de novos conjuntos de notações e
operações, como os exemplos abaixo, indicando para dobrar juntando pontos e virar uma figura.

Devido à natureza de reta dos vincos no papel, as atividades de origami podem ser usadas
para verificar propriedades geométricas e também na construção de polígonos regulares com uso
apenas do papel e de certa habilidade com as mãos. O livro m‘
‘ ‘÷ 
 , de Rogéria
G. do Rego (200]) tem diversas atividades envolvendo poliedros, inclusive o estudo de funções
polinomiais de 1.º e 2.º graus a partir de caixas retangulares feitas com papel milimetrado.
O papel utilizado deve ter uma textura tal que os vincos fiquem evidentes. Papel de
presente é recomendado, dando preferência aos de cor uniforme (sem estampa). Não é
recomendado papel muito poroso como o de jornal.
A atividade a seguir utiliza uma estrutura conhecida como módulo SONOBI, outros
poliedros como o icosaedro ou octaedro podem ser construídos com estruturas semelhantes a
essa, como o Módulo Triangular e a Base Blints.
!% !) Folhas de papel em formato quadrado do mesmo tamanho (1V cm ou mais).
 '/% ‘
a) Construir seis módulos SONOBI, de acordo com as instruções:
MÓDULO SONOBI

Passo 1 Passo 2 Passo ] Passo Š

ŠŠ
Note que no passo ], as dobras são feitas para dentro e no passo Š, as pontas devem ser
dobradas e inseridas nas partes indicadas.
Serão necessários seis módulos SONOBI para construção de um Cubo, quatro
deles devem ser encaixados de acordo com o esquema abaixo formando as faces laterais do
Cubo. Mais dois módulos devem ser encaixados nesta estrutura fechando assim a base e a face
superior, completando o Cubo.

b) Construir 20 bases triangulares e ]0 Bases Blints para confecção do Icosaedro.


c) Com  bases triangulares e 12 Bases Blints formar um Octaedro.
Abaixo os procedimentos para confecção dos módulos.

MODULO TRIÂNGULAR
Partir de um quadrado. Marcar o meio (passo 1). Vincar e voltar levando os pontos
(passos 2 e ]). Vincar sobre a interseção (passo Š).

Passo 1 Passo 2 Passo ] Passo Š

Marcar nova linha de meio (passo V). Vincar levando os pontos (passos à e 7) obtendo um
triângulo equilátero (passo ).

Passso V Passo à Passo 7 Passo 

ŠV
Levar B para coincidir com E e C para coincidir com D. Fechar duas pontas
simultaneamente, inserindo B sob CD (passo 9). Dobrar A em F por trás e colar (passo 10).
A base triangular pode ser usada como face para construção do Tetraedro, Octaedro e
Icosaedro. Observe que a figura tem ] bolsos´ (passo 11), as Bases Blints serão inseridas nesses
bolsos para unir duas ou mais faces triangulares.

Passso 9 Passo 10 Passo 11

BASE BLINTS
Recortar um quarto do quadrado utilizado na confecção do módulo triangular (passo 1).
Marcar o meio nos dois sentidos (passo 2). Vincar os quatro vértices do quadrado para
coincidirem com o centro (passo ]). A diagonal da Base Blints (quadrada) têm a mesma medida
que o lado do módulo triangular, por isso o encaixe perfeito dos módulos (passo Š).

Passo 1 Passo 2 Passo ] Passo Š

ŠÃ
1F‘ ! ‘‘&)‘6/9% '
(Atividade baseada em KALEFF, 2002)

Essa atividade visa ampliar o conhecimento a respeito dos corpos redondos, será
necessária a confecção de uma caixa geradora de sólidos de revolução. Trata-se de uma caixa de
madeira com aproximadamente ]0x1Vx10 centímetros, com uma roldana grande acoplada a uma
manivela, ligada numa roldana pequena, presa ao eixo, por uma correia. O eixo deve ter uma
rolha de cortiça ou borracha na parte externa para inserir as bandeirinhas (ver próxima página).
Cada bandeirinha é feita com um palito de churrasco colado a uma figura geométrica
plana. Os alunos devem notar que as bandeirinhas que possuem retângulos formam cilindros e os
demais formatos de bandeirinha não. Abaixo alguns exemplos de bandeirinhas.
‘
‘
‘
‘
‘
‘
‘
‘
!% !) gerador manual de sólidos de revolução, objetos do cotidiano que tenham formato de
sólidos geométricos (caixas, latas, bolas e etc.), sólidos confeccionados pelos alunos (cilindros,
cones e poliedros) e desenhos em perspectiva de sólidos geométricos.

 '/% ‘‘
a)‘ Associar bandeirinhas com os sólidos desenhados em perspectiva.
b)‘ Associar desenhos com um objeto do cotidiano.
c) Existe alguma relação entre a forma da figura da bandeirinha e o tipo de sólido
correspondente? Que relação é essa?
d) A bandeira com um círculo presa ao mastro da bandeira através de seu diâmetro
formou o mesmo sólido que a bandeira com o semicírculo. Como isso foi possível?
‘
Š7
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 !"#‘2!‘

A história mostra que a prática precede a teoria, que os avanços tecnológicos provêm das
necessidades das diversas engenharias. Os sólidos geométricos acompanham a evolução dessas
tecnologias, o mundo hoje está repleto deles. Principalmente os prismas retos, dando excelência
aos de base retangular.
O ser humano sente-se bem à vontade com suas caixas e tubos. Os carros, as residências,
controles, canetas, instrumentos, máquinas, móveis todos com formatos prismáticos ou derivados
do círculo. O cilindro tem uma participação importantíssima na história, coincidência ou não,
segundo Boyer (197Š), em várias civilizações antigas como China, Egito ou Mesopotâmia a
criação da escrita datam da mesma época da criação da roda. Também não podemos negar a
paixão do homem pela esfera, formato dos planetas e das estrelas e da tão cultuada e jogada, bola.
Pôde-se notar ao longo desse trabalho a importância da utilização dos Poliedros e corpos
redondos, reais e feitos pelos alunos, assim como as Tecnologias de Informação e Comunicação
(TICs)Š aplicadas a educação matemática para criar e ampliar o conhecimento geométrico,
servindo como objeto motivador do estudo, buscando a teoria a partir de situações práticas e
objetos concretos, é que podemos fazer a real ligação entre Geometria, Álgebra e Aritmética.

Š. As .TICs se popularizaram na década de 90, com o surgimento da terceira geração de computadores, com as capacidades
requeridas de processamento, conversão, armazenamento, transmissão e recebimento de informação.

Š
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