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FACULDADE DE COMUNICAÇÃO
BELÉM
2010
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BELÉM
2010
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Nilda e Francisco pelos valores, apoio e dedicação em todos os momentos
da minha vida. A minha mãe em especial por ser a mulher mais batalhadora e maravilhosa
que conheço; um exemplo de vida e de pessoa, e por estar sempre ao meu lado e acreditar
no meu potencial. Agradeço a todos das minhas duas amadas famílias por todo amor que
me deram.
A minha amiga Luara Silva por me ajudar a me reerguer num momento muito difícil da
minha vida e compartilhar momentos de felicidade.
Aos meus irmãos Adriana, Ayrton e Elvis por encherem minha vida de alegria, em especial
ao meu irmão Ayrton por estar ao meu lado nas noites que passei fazendo este TCC.
À minha orientadora Kalynka Cruz, pelo apoio, paciência e por compartilhar seu
conhecimento comigo. A Profª. Maria Ataíde pelas orientações e por me apresentar à EaD.
Aos Líquidos mais do que um grupo de pesquisa, um grupo de amigos. Agradeço pelo que
aprendi com vocês e pelo companheirismo.
Aos meus amigos e colegas de curso Fabrício Queiroz, Suzana Lopes, Larissa Bezerra,
Brena Freire e Raphael Freire, por tornarem a estada nesse curso mais agradável e feliz, e
por compartilharem da realização de um sonho, estudar Jornalismo na UFPA.
Agradeço a todos que acreditaram em mim e que me ajudaram a chegar até aqui.
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LISTA DE FIGURA
LISTA DE GRÁFICO
............................................................................................................................66
........................................................................................................................67
LISTA DE SIGLAS
TVDI - TV Digital
RESUMO
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES............................................................................................5
LISTA DE GRÁFICOS...................................................................................................6
LISTA DE SIGLAS.........................................................................................................8
RESUMO........................................................................................................................9
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................12
2 CIBERESPAÇO: INCLUSÃO DIGITAL E SOCIAL ...............................................14
2.1 INCLUSÃO DIGITAL PARA INCLUSÃO SOCIAL.................................17
2.2 A INTERNET COMO FERRAMENTA DE INCLUSÃO SOCIAL NO
SUBÚRBIO.......................................................................................21
REFERÊNCIAS............................................................................................................94
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO................................................................................91
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1 INTRODUÇÃO
A educação brasileira tem profundos problemas que a impedem de contribuir
de forma efetiva para o desenvolvimento do país. Os índices de conclusão dos
níveis fundamentais e médios são insatisfatórios, e as pessoas que conseguem
chegar a concluir o Ensino Médio muitas vezes não têm a oportunidade de ingressar
no Ensino superior, seja porque não foi preparado em outros níveis de ensino ou por
não ter renda suficiente para pagar uma universidade particular.
Fato é que o Brasil precisa criar e intensificar medidas para uma educação
mais inclusiva. “Há ainda no país 1,5 milhão de analfabetos jovens (entre 15 a 29
anos), dos quais 44,8% freqüentaram a escola. Ou seja, emerge aqui o problema da
baixa qualidade do ensino” (PASCOAL, 2010).
A tecnologia pode ser uma importante ferramenta para a superação de
problemas sociais, como a educação, por isso é necessário pensar formas de
possibilitar o acesso a tecnologia para que ela realmente seja uma ferramenta de
expansão da educação e de crescimento social para o país. Não só aproveitada
para fins de entretenimento e comercialização. Assim, a Educação a Distância (EaD)
poderia ser uma importante modalidade de expansão do ensino superior.
Pensando nessas questões o presente trabalho analisou como a mediação
tecnológica através das novas tecnologias de comunicação, como a internet, tem
reconfigurado a educação, criando novas formas de ensino através da educação a
distância, além de verificar as potencialidades desta para o crescimento do acesso
ao ensino superior.
Aprofundando-se nessas possibilidades de se ampliar o acesso ao ensino
superior, este trabalho se divide em quatro capítulos: ciberespaço: inclusão digital e
social; educação a distância: parceria entre tecnologia e educação; EaD: as
tecnologias possibilitando acesso ao ensino superior; e UEPA e UNIUBE: o perfil
dos alunos de graduação em pólos de EaD de Belém.
O primeiro capítulo apresenta uma explanação sobre a relação entre inclusão
social e digital. Expondo como o uso da tecnologia, em especial em subúrbios, para
melhorar a educação de pessoas de baixa renda. Aborda ainda o ciberespaço como
um espaço democrático, que possibilita a ampliação de práticas democráticas.
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Econômico (OCDE). Esse estudo aponta que na questão educativa, o país estava
em defasagem. O que explicaria o porquê da China ter obtido um crescimento de
9%, a Índia de 8% e o Brasil não chegar a 3%. O estudo argumenta que de acordo
com as práticas de educação pública, enquanto a China investiu no ensino básico e
técnico, a Índia desenvolveu um ensino superior de ponta para qualificação de mão-
de-obra especializada. (GONÇALVES, 2007)
Passados três anos desde a pesquisa realizada pelo Banco Mundial, os
índices apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no
ano de 2009 mostram que em 10 anos o sistema de ensino brasileiro cresceu. As
estimativas comprovam que as desigualdades estão diminuindo no que diz respeito
ao acesso ao sistema educacional, e que o nível do rendimento familiar ainda é uma
fonte de desigualdade significativa, sobretudo nos ciclos de ensino não obrigatórios.
1
Lévy explica o conceito de inteligência coletiva como “uma inteligência distribuída por toda a parte,
incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização efetiva das
competências” (LEVY, 2003:28).
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aumento do número de pessoas com acesso a internet não significa que essas
pessoas possuam compreensão do uso adequado desta, ou que estejam incluídas
digitalmente.
Em 2009, a Pesquisa Nacional por Amostra de domicílios (PNAD) do IBGE
demonstrou que o número de usuários de Internet mais que dobrou, aumentando de
31,9 milhões em 2005 para 67,9 milhões em 2009. Além disso, 35% dos domicílios
investigados em todo o país (20,3 milhões) tinham microcomputador, frente a 31,2%
em 2008, e 27,4% (16 milhões) também tinham acesso à Internet, contra 23,8% em
2008. Ainda em 2009, a PNAD registrou que 67,9 milhões de pessoas com 10 ou
mais anos de idade declararam ter usado a Internet, o que representa um aumento
de 12 milhões (21,5%) sobre 2008. Em 2005, a Internet tinha 31,9 milhões de
usuários; o aumento no período foi de 112,9% e observado em todas as regiões.
(IBGE, 2010)
Os dados sobre o aumento do acesso de pessoas com 10 ou mais anos,
demonstram que os jovens ainda são o principal público da internet e que aumentam
os percentuais de usuários com esse perfil a cada dia.
expor seus produtos e contatos por meio de sites institucionais. Essas tecnologias
facilitaram a comunicação e o contato com o público. No entanto, assim como as
TICs tem esse potencial de integração, também tornaram as diferenças ainda
maiores, principalmente porque as tecnologias estão em constante renovação, e
quem está à margem dessas inovações vai ficando cada vez mais excluído.
Para uma rede de pessoas, formada pela internet, se unirem estando estas
em quaisquer lugares, é necessário que a rede mundial de computadores seja
acessada mesmo em locais distantes dos centros urbanos. O acesso às redes de
relacionamento é intenso mesmo em bairros periféricos, possibilitado, sobretudo
pelas LAN houses. Pagando um preço, determinado pelos microempresários, que
corresponde ao tempo que se passa na internet, a juventude suburbana se conecta
por minutos ou algumas horas. Nesses locais, mesmo os analfabetos tecnológicos
podem ter acesso, porque não é necessário ter um curso de informática para
acessar a internet. Em LAN houses geralmente há uma pessoa que liga os
computadores e está lá presente para auxiliar na navegação pela internet em sites e
redes sociais ou imprimir e salvar documentos.
As redes sociais são as principais ferramentas que os jovens utilizam durante
o acesso a internet. Construindo perfis em redes sociais os jovens estão construindo
redes de comunicação e se unindo em tribos ciberespaciais. Uma vez criado esses
laços virtuais, estes jovens sentem sempre a necessidade de estarem presentes no
ciberespaço para estreitar o relacionamento iniciado. Como há interesse dessa
parcela da população no acesso à internet, se implantado centros gratuitos para
esse fim e se esses pólos forem utilizados para a educação isso poderá ser ainda
mais benéfico para a expansão da educação.
É nessa perspectiva que a criação de infocentros e projetos para
alfabetização tecnológica tornam-se fundamentais para inclusão digital, em especial
de moradores de periferias, os quais não possuem em sua maioria computadores e
internet em casa. Essas medidas são cruciais para a ampliação do acesso dessas
pessoas a internet, e mais do que isso, é necessário que esses espaços disponham
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de capacitação para o uso da internet, para que dessa forma essa inclusão sirva ao
ideal de educação da população de baixa renda.
A criação de infocentros é assunto recorrente quando se pensa em inclusão
digital, posto que ainda é pequeno o número de pessoas que possuem acesso à
internet em casa. Dados do IBGE apontam que em 2008, 17,95 milhões de
domicílios brasileiros (31,2%) possuíam microcomputador, sendo 13,7 milhões
(23,8%) com acesso à Internet. Mais da metade dos domicílios com computador
(10,2 milhões) estavam no Sudeste, dos quais 7,98 milhões tinham acesso à
Internet. Apesar da evolução em relação a 2007, o gráfico abaixo mostra que
persiste a desigualdade regional quanto ao acesso à Internet.
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A partir dessas estimativas pode-se perceber que há muito que fazer para
aumentar o acesso à internet, e a criação de telecentros ainda são soluções em
curto prazo. Esses telecentros são criados com o objetivo de atender as pessoas de
todas as idades, principalmente as de baixa renda e sem condições de acesso a
tecnologia.
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Ambientes Virtuais de Aprendizagem são softwares que auxiliam na estrutura de cursos acessíveis
pela Internet. Essas ferramentas da EAD, Ajudam os professores no gerenciamento de conteúdos
para seus alunos e na administração do curso e são usados para complementar as aulas presenciais.
O Moodle é um exemplo de AVA.
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pelo aluno, e da sua troca com as diferentes ferramentas oferecidas por essas novas
tecnologias, seja num bate-papo com o tutor ou na participação de um seminário por
vídeo conferência. As novas tecnologias deram a esse estudante mais liberdade
para trocar informações. Buscar e chegar ao conhecimento depende de uma atitude
independente, de um aluno sujeito do seu aprendizado.
Na contemporaneidade observam-se dois tipos de sociedade coexistentes: a
sociedade midiática e a sociedade midiatizada. Na primeira o campo dos media atua
como mobilizador do debate público e da produção de sentidos entre os demais
campos sociais. Se na primeira a busca é pela visibilidade; na segunda, as
tecnologias da comunicação trazem novas possibilidades sociais e técnicas que
levam a presumir que, sob o ângulo da midiatização, que não basta para os sujeitos
estarem visíveis, é preciso interagir por meio dos dispositivos, o que amplia a
atuação dos sujeitos sobre a realidade. Assim ocorre uma configuração do espaço
público em que predomina a cultura da convergência (STASIAK, 2010)
Essa tomada de atitude por parte dos usuários também é esperada pelos
telespectadores da TV Digital. No início talvez com manifestações tímidas, mas aos
poucos, com o conhecimento sobre as ferramentas, uma participação mais ativa. E
até o uso destas para melhorar a educação brasileira.
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com o outro. Isso se deve também a grande expansão que essa modalidade sofreu
através da internet.
Por não precisar de materiais impressos, nem de deslocamento, a educação
mediada pelas rede de computadores além das diversas vantagens de interatividade
torna-se barata e se potencializa como ferramenta de inclusão a pessoas de baixa
renda. No entanto para se atender a essa parcela da população antes de se incluir
socialmente, é necessário políticas de inclusão digital, como construção de
infocentros e barateamento de computadores e de acesso à internet.
As características inerentes ao ambiente online tornam o e-learning ainda
mais potencial à expansão da Educação a Distância. O aluno pode ler e aprender de
maneira alinear, pode construir sua própria forma e caminhos de aprendizagem, e a
contribuição do tutor é uma ferramenta a mais a ser utilizada pelo aluno rumo ao
conhecimento.
“Ao saltar entre as informações e estabelecer suas próprias ligações e
associações, o leitor interage com o hipertexto e pode assumir um papel mais ativo
do que na leitura de um texto do espaço linear do material impresso” (ALMEIDA,
2003). Por isso, o termo autodidatismo é tão utilzado na educação a distancia, não
com a conotação de aprender sem suporte, mas de aproveitar as ferramentas de
ensino para construir o aprendizado de forma independente.
Além da independência do aluno, a rede mundal de computadores trouxe à
tona o sentido de colaboração como algo imprescindível e partilhar cohecimento faz
parte da associação que se tem com a internet. Nos ambientes de aprendizagem a
sala de aula online não é colaborativa, a colaboratividade depende de um agente
disposto a tal tarefa, por isso é necessário que desde as primeiras séries do ensino
o estudante seja preparado para a colaboratividade, necessidade vital à lógica da
internet.
Entre as características que demonstram o potencial colaborativo das salas
de aula on-line estão : 1) Comunicação grupo a grupo, permitindo troca de
conhecimentos; 2) Independência de lugar e tempo, que garante tempo para
reflexão; 3) Interação mediada por computadores, que exige que o estudante se
comunique de forma organizada para que o colega possa entender exercitando
compreensão e compartihamento (TELES, 2009).
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A EaD precisa chegar às pessoas mesmo nos lugares mais remotos, fato que
o celular já está alcançado. Essa mídia alcançou tal expansão que já em 2010
95,92% dos brasileiros possuem celulares, segundo a Anatel – Agência Nacional de
Telecomunicações. É um número significativo que denota o potencial do celular para
inclusão digital, e se criada iniciativas, até mesmo como mediador de conteúdo
educativo à população brasileira.
comunicação, por que não acreditar nessa mídia também como um recurso de
promoção da EaD?
[...]o M-learning faz uso das tecnologias de redes sem fio, dos novos
recursos fornecidos pela telefonia celular, da linguagem XML, da
linguagem Java, do protocolo WAP, serviços de mensagens curtas
(SMS), da capacidade de transmissão de fotos, serviços de e-mail,
serviços de mensagem multimídia (MMS) (PELISSOLI; LOYOLLA,
2004, p.1).
5
A utilização de dispositivos móveis e portáteis quando usada para facilitar o acesso a informação em
programas de ensino recebe o nome de "Mobile Learning (M-Learning).
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6
Segundo o IBGE (2004) as famílias de baixa renda possuem rendimento familiar mensal de até ¼
de salário mínimo por pessoa.
7
“O capital humano, de acordo com Becker (1993) pode ser a escolarização formal, um simples curso
de informática, gastos com serviços de saúde e até mesmo palestras informativas. Este tipo de capital
é capaz de causar incrementos físicos, psicológicos e monetários que muito provavelmente terão
algum impacto sobre a produtividade do trabalhador. A escolaridade, por exemplo, pode aumentar a
remuneração dos indivíduos por fornecer conhecimento, certa habilidade e maior capacidade de
analisar problemas (VIEIRA, 2008).
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A redução de gastos públicos com educação não pode ser o principal motivo
para o investimento em Educação a Distância. Segundo RODRIGUES JR. (2008, p.
52) “o custo dos estudantes nas instituições públicas no Brasil é um dos mais caros
do mundo: apenas as instituições federais consomem 9,9 bilhões de reais por ano”.
A EaD pode auxiliar o governo a atingir a meta de ampliação do alcance da
educação superior no país, no entanto, isso não pode ser a única preocupação no
momento de decidir sobre qual modalidade de ensino se irá seguir. O objetivo é aliar
quantidade à qualidade, que se torne possível com a diminuição dos custos.
Há que se falar em uma educação a distância que seja oferecida
gratuitamente, se não em sua totalidade, mas em sua maioria, para não perder sua
participação na promoção da inclusão social. Já que instituições particulares estão
aumentando com rapidez, e se expandindo também nessa modalidade.
A EaD assim como todas as demais formas de educação, deve ser pensada e
desenvolvida levando em conta o contexto socioeconômico, político e cultural onde
será inserida. Além disso, é uma alternativa pedagógica muito procurada porque
atende necessidades educativas como o direito à educação; a pressão pela
formação profissional e a necessidade de atualização permanente (ELIASQUEVICI;
FONSECA, 2009)
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acesso a internet, o aluno precisa estudar mais que no presencial já que o professor
apenas esclarece dúvidas que surgirem a partir do estudo de cada aluno.
A Educação a Distância atinge principalmente “um público mais velho do que
o do vestibular de cursos convencionais. Cerca de 68% dos alunos têm a partir de
25 anos, aponta censo de 2008 da ABED (Associação Brasileira de Educação a
Distância) (GALLO, 2009). A EaD também é formada fortemente por pessoas que
não tem tempo de estudar nos horários rígidos do ensino presencial. Tanto de
pessoas que chefiam família quanto com os jovens de baixa renda que precisam
desde cedo trabalhar para se manter e ajudar nas despesas familiares.
Por ter uma metodologia que exige grande independência e por flexibilizar a
aprendizagem, a Educação a Distância atrai esse público adulto, que a princípio já
teria uma autodisciplina maior que um adolescente, por exemplo.
Uma das formas de ampliar o contato dos estudantes com as ferramentas de
aprendizagem, mesmo que a distância, é a criação ou aumento das potencialidades
dos meios de comunicação utilizados para essa modalidade de ensino.
A Educação a Distância que começou por correspondência já perpassou por
várias mídias. A internet é o meio que tem tido mais êxito atualmente na corrida pela
difusão do conhecimento. Para isso, os meios de comunicação tem se aperfeiçoado
também em prol das melhorias sociais. A sociedade se mobiliza em busca de:
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“Este programa concede bolsas integrais de 100% da mensalidade a estudantes com renda familiar,
por pessoa, de até um salário mínimo e meio; e bolsas parciais de 50% da mensalidade a estudantes
com renda familiar, por pessoa, de até três salários mínimos” (CAÔN; FRIZZO, [200-]:7 e 8).
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Os índices do IBGE referentes a 2009 mostram que ainda que de forma lenta
a educação está atingindo cada vez mais a população brasileira. Enquanto que em
2004, 33,6% da população tinham pelo menos o ensino médio completo, esse
número cresceu para 41,2% em 2008, chegando a 43,1% em 2009. O crescimento
no ensino embora sensível demonstra que em pouco tempo já se pode perceber a
inserção da população brasileira num nível de grande dificuldades para ingresso; em
2004 8,1% dos trabalhadores tinham nível superior completo, em 2008, 10,3%,
chegando a 11,1% do total em 2009 (IBGE, 2010).
10
Figura 4 – Evolução da transição ensino médio para o ensino superior
10
FRANCO, A. P. Ensino Superior no Brasil: cenário, avanços e contradições. 2008. p.6.
54
“Isso reforça a auto-exclusão vivida por alunos do ensino público, que pela
baixa auto-estima desistem de entrar na universidade antes mesmo de tentarem o
vestibular.” (CAÔN; FRIZZO, [200-], p.10 - 11). Essa faixa da população tem muitas
vezes receio das possíveis violências simbólicas11 que podem vir a sofrer em um
meio altamente diverso, como é a universidade. Esta teoricamente é um lugar
democrático, público, mas que se revela em sua natureza como um espaço
segregador, definindo quem pode ou não ter acesso. A carga simbólica que esse
lugar carrega já intimida seus futuros pretendentes a vaga, e isso pode ser ainda
mais presente quando esse pretendente sabe que não teve a mesma preparação
educacional que outrem de classe social com maior renda.
Com tantos fatores contrários aos ingressos desses estudantes nas
universidades se entende a freqüente desistência. “Segundo os dados do INEP, de
2007, os índices de não conclusão permanecem em torno dos 21%, ou seja, não
houve uma melhoria representativa nos mecanismos que pudessem reduzir a
evasão” (FRANCO, 2008, p.9).
Mesmo quando pessoas de baixa renda adentram as universidades públicas,
outros fatores também podem interferir para que o aluno prossiga seus estudos,
principalmente porque essas famílias não têm condições financeiras de ajudar a
mantê-los na universidade. “Muitos destes alunos precisam estudar e trabalhar para
se manter, ficam privados de contato social, além da percepção da diferença cultural
e educacional que sentem ao ingressarem na universidade” (CAÔN; FRIZZO [200-],
p.12).
Além das limitações financeiras e da moradia em subúrbios, favelas
ou periferias, são características conhecidas de grupos sociais
populares a premente necessidade de trabalho remunerado e a
11
As violências simbólicas são dispositivos de controle criados para garantir a reprodução social, é
um tipo de violência que é exercida em parte com o consentimento de quem a sofre, já que é aceito
para assegurar sua posição social ou evitar atritos. Uma dessas violências mais freqüentes é o
preconceito, e nem todos têm coragem para enfrentar as situações constrangedoras que estarão
submetidos se decidirem mudar sua condição social, esse é um dos fatores que resulta na
reprodução social.
55
A maioria dos alunos não vem de outras cidades para fazer um curso em
Belém, mas os que vêm o fazem porque é apenas uma vez por semana, e porque
não teriam tempo para fazê-lo nesta cidade na modalidade presencial.
Assim como os alunos da UEPA, os da UNIUBE também residem na cidade
onde se localiza o pólo, mas os números foram superiores aos daquela
62
universidade, atingindo a marca de quase 100%. Esses dados revelam também que
havia demanda para cursos a distância em Belém, já que a maioria mora na cidade.
Sobre o gênero dos 15 voluntários da UEPA, 11 são do gênero masculino e
quatro do gênero feminino. Esses números podem ser decorrentes da própria
natureza do curso de Ciências Naturais - Física, procurado mesmo em cursos
presencias, em sua maioria, por homens.
O grupo pesquisado pela UNIUBE tem 11 pessoas do gênero feminino e 4 do
gênero masculino. Os números desta universidade, nessa questão, se deram
exatamente contrários aos da UEPA, com a maioria é do sexo feminino. Isso pode
ser em decorrência das características do curso de letras, mais procurado por
mulheres tanto em cursos presenciais quanto a distância.
É uma característica comum dos alunos de EaD estarem em idade acima dos
25 anos. Essa modalidade de ensino se põe como uma alternativa de continuidade
de estudo para pessoas que saíram do Ensino Médio e não ingressaram logo em
seguida no Ensino Superior. Essa necessidade é decorrente devido ao ingresso no
mercado de trabalho; e a falta de tempo se torna um empecilho para a continuação
dos estudos. E a EaD figura como uma importante possibilidade de retorno aos
estudos, já que por meio dela se pode ter domínio sobre o tempo das atividades
diárias e ir apenas um dia da semana para os encontros presenciais.
Sobre a renda líquida mensal da família dos estudantes da UEPA,
Aproximadamente 55% dos alunos são de família baixa renda, destes, dois recebem
benefícios, uma recebe Bolsa Família, e outra recebe Pensão. O número de
pessoas que possuem baixa renda é quase o mesmo dos que tem renda média ou
alta, o que demonstra equilibro entre classes sociais nessa amostra. Quanto a renda
da família dos alunos da UNIUBE, Sete pessoas, possuem baixa renda, com renda
líquida mensal de sua família de 2 a 3 salários mínimos. E ninguém recebe
benefício.
65
suas rendas, para ter a oportunidade de cursar o ensino superior, essa faixa dos
estudantes está pagando para ter acesso.
Num comparativo com a UEPA, o número é quase o mesmo, já que nela são
8 pessoas de baixa renda, o que mostra que não há muita diferença entre as
universidades sobre a renda econômica no que tange a essa amostra. Isso contraria
o que se espera, que as pessoas de baixo poder aquisitivo adentrem universidades
públicas e as de alto às particulares, mas quando se trata de ensino superior, tanto
no presencial quanto o a distância a lógica não prevalece.
Enquanto a renda não difere tanto entre os alunos das duas universidades, o
número de pessoas que constituem a família dos estudantes pesquisados é menor
para os alunos da UNIUBE, dos 15, a maioria é composta por até três pessoas; já as
famílias da UEPA são mais numerosas, do total, oito moram com famílias com mais
de quatro pessoas,
Ensino Superior, o que também pode ser um fator que incentivou esses alunos a
buscarem um curso superior.
Sobre o tipo de estabelecimento em que o aluno cursou o ensino fundamental
e médio, a maioria tanto de alunos da UEPA quanto da UNIUBE cursaram todo em
escola pública.
em escola pública em sua maioria, e talvez por não terem conseguido entrar na
presencial, foram levados a pagar um curso superior, ou porque acharam neste
curso uma abordagem metodológica que condiz com suas rotinas.
estudantes da UEPA; a opção de que não fariam por outro meio de comunicação
além da internet também se destacou.
Das quatro pessoas que escolheram a opção de que não faria por outro meio
de comunicação, duas justificaram com os seguintes motivos: por não conhecer o
método aplicado nos outros meios e porque o ensino a distância depende muito do
próprio aluno e da capacidade de aprendizagem.
O resultado demonstrou que, dentro da amostra estudada, aproximadamente
67% se não fizessem um curso pela internet fariam por Teleconferência, entre as
principais justificativas estavam fatores como considerarem mais próximo do
presencial e principalmente pela interatividade.
Nessa questão a maioria dos estudantes da UNIUBE não faria por outro meio
de comunicação além da internet, mas é significativo também o número de pessoas
que fariam por Teleconferência. Novamente, assim como na UEPA, essa opção
figura como uma alternativa para EaD além da internet. Entre os que estudariam por
teleconferência, na maioria das respostas figura questões como ser mais próxima do
presencial e pela proximidade com o professor.
As pessoas que estudariam por correspondência, justificaram da seguinte
forma: falta de tempo para o presencial, e porque daria para conciliar com as outras
atividades que desenvolvem.
Dos sete que não faria por outro meio de comunicação além da internet,
somente quatro justificaram. Estavam presente na maioria das respostas o
desconhecimento de como funciona a EaD através de outras mídias, e acham que
não se adaptariam a essas outras formas de ensino mediada por mídias como
correspondência e rádio, já pouco utilizadas na atualidade.
Não faria por outro meio porque não estou certa de que outros meios
sejam realmente eficientes (Maria Regina, 33 anos, estudante da
UNIUBE e Telefonista).
Gráfico 25. Por quais outros meios os alunos da UEPA fariam curso a distância além da
internet
80
Gráfico 26. Por quais outros meios os alunos da UNIUBE fariam curso a distância além
da internet
eficiência, e por considerarem a internet uma mídia até mais completa que as
outras.
Hoje o mundo é muito corrido. Não tenho tempo para fazer um curso
presencial, é o jeito que tenho para fazer um curso superior (André
Luiz, 21 anos, estudante da UNIUBE).
Com o curso pela internet posso estudar em casa e nas horas livres
(Glenda, 23 anos, estudante da UNIUBE).
- Escolher o melhorar horário para estudar; - Faltam professores específicos para cada
disciplina nos encontros presenciais na
- Conciliar trabalho e estudo; UEPA;
- Material de estudo “muito bom, claro - “Só podem fazer esse curso à distância
objetivo”; pessoas que saibam usar a internet e
computador”;
- “O aluno se torna autônomo e responsável
pelo próprio aprendizado”; - A biblioteca e o laboratório de informática
do Polo de Belém da UEPA estão sempre
- Não tem limitação territorial; fechados nas aulas presenciais;
- O aluno sempre tem que buscar algo mais, - O método de ensino dificulta o aprendizado
por isso ele terá que estudar realmente;
e para entender o assunto é necessário
- O curso a distância dá oportunidade a pesquisar muito;
quem não tem graduação em sua cidade;
alunos da UNIUBE ainda é uma dificuldade estudar sem a presença deles, por isso
percebe-se a deficiência maior da inexperiência em estudar a distância ou de ainda
não estarem acostumados a esse método de ensino.
- Disponibilidade de tempo
Gráfico 27. Número de estudantes da UEPA que sentem ou não dificuldade em estudar a
distância
que o número dos que declaram ter dificuldade é equilibrado em relação aos que
não sentiram.
18 anos). “Ingressei no ensino superior para iniciar uma nova carreira” (Camilo,
Estudante da UEPA e Bancário, 50 anos).
O comparativo entre as idades, acima exemplificado pelas respostas dos
alunos de graduação da UEPA, demonstra que mesmo com idades tão diferentes,
as expectativas que o ensino superior representa para essas pessoas são similares,
tanto para o ingresso no mercado de trabalho, quanto para melhorar a qualificação
profissional.
Nessa questão, a maioria dos estudantes da UNIUBE decidiu fazer um curso
superior por questões ligadas ao mercado de trabalho como o aumento da renda e
para obter um diploma; ou ainda para se aprimorar buscando mais conhecimento.
Do total, a maioria, 13 pessoas, responderam que não tiveram dificuldade para
ingressar no ensino presencial e por isso recorreram ao ensino a distância, Das que
responderam de forma afirmativa, apenas uma justificou dizendo nunca ter tentado o
vestibular para o presencial e que considera difícil.
90% por das pessoas de meu currículo social os têm (Wilson Carlos,
47 anos, estudante da UNIUBE e militar).
REFERÊNCIAS
ALVES, Maria Bernardete Martins; ARRUDA, Susana M. de. Como fazer referências
bibliográficas. Disponível em:
<http://www.cieph.com.br/site_novo/downloads/Pesquisas_On_Line/NBR6023_Referencias_
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da arte. LITTO, F.M.; FORMIGA, M. (Org.). São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
FISHER, Rosa Maria Bueno. Televisão e Educação: Fruir e pensar a TV. Belo Horizonte,
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IBGE. Pnad 2008: Mercado de trabalho avança, rendimento mantém-se em alta, e mais
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2010. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1717&id
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SILVA, R. I. da; PALHARES, M. M.; ROSA, R. Infoinclusão: desafio para a sociedade atual.
Salvador, BA. 2005. Disponível em:
<http://dici.ibict.br/archive/00000466/01/RachelMarciaRosemar.pdf>. Acesso em: 15 mai.
2010.
SPYER, Juliano. Conectado: o que a internet fez com você e o que você pode fazer com
ela. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2007.
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO
DADOS PESSOAIS
Nome Completo:
Endereço: Bairro:
Cidade/UF: Cep:
E-Mail:
Tel.: Cel.:
Data de Nascimento: / / RG: Sexo:
Estado civil: Idade:
Profissão:
Escolaridade:
( ) Sim
( ) Não
4 – Possui filhos?
( ) Sim
( ) Não
( ) não
( ) sim. Bolsa família
( ) sim. Aposentadoria
( ) sim. Pensão
( ) outro. Qual?
( ) Nenhum
( ) Um
( ) Dois
( ) Três
( ) Quatro
( ) Cinco
( ) Mais de cinco
( ) Sim
( ) Não
( ) Sim
( ) Não
16 - Você faria um curso a distância por qual ou quais outros meios além da
internet?
( ) Correspondência
( ) Rádio
( ) TV
( ) Teleconferência
( ) Não faria por outro meio de comunicação
N:
( ) Sim
( ) Não
Se sim quais:
( ) Sim
( ) Não
Se sim, como?
( ) Sim
( ) Não
23 - Você teve dificuldade para ingressar no ensino presencial e por isso recorreu ao
ensino a distância?
( ) Sim
( ) Não
( ) Sim
( ) Não
( ) Aumenta
( ) Diminui
Por quê?
103
( ) Positivo
( ) Negativo
Por quê?
28 - Qual desses meios de comunicação você considera mais eficaz para a EaD?
( ) Correspondência
( ) Rádio
( ) TV
( ) Internet
( ) Teleconferência
Por quê?