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PEDAGOGIA
Cruz Alta
2009
NEIDA MENEZES SILVEIRA CARDOSO
Ao meu pai, “in memorian”, que cultivou bons sonhos para minha
vida.
RESUMO
A educação brasileira vem ensaiando a séculos de história uma elevação nos níveis
de ensino ofertado às massas populares. Apesar desses esforços, ainda não
encontrou o caminho certo e vive um momento de incógnitas entre teorias, ideários,
métodos que não representam objetivamente uma aprendizagem satisfatória por
parte do alunado, nem uma convicção segura dos docentes que atuam nos diversos
níveis de ensino. Com isso, surge nos meios acadêmicos mais uma teoria, criada
para ser aplicada em salas de aula, conceituado como Construtivismo.
Fundamentado nas teorias de Jean Piaget, o construtivismo promete ser o que os
pós-modernistas chamam de processo revolucionário na educação. Baseado em
princípios de liberdade e autonomia, apresenta os estudos da epistemologia
genética e das formas de construção do conhecimento descobertas por Piaget. As
diferentes formas como o construtivismo têm sido encarado no meio docente é de
estarrecer qualquer adepto, caracterizado sob facetas que de longe representam
uma adesão alienada, uma fundição com métodos conservadores, ou ainda a
absoluta repulsa a uma nova maneira de pensar e agir as práticas docentes.
Defendido pelos teóricos pós-modernos, o construtivismo representa uma
concepção fascinante que valoriza as descobertas individuais e as formas de
construir saberes sob um ponto de vista singular e factível. O seu surgimento
pretende uma mudança radical dos paradigmas impostos tradicionalmente através
dos tempos que, apesar de ter sido sempre pensado, continua-o sendo hoje mais do
que nunca. O construtivismo é uma porta de entrada para o sucesso das novas
gerações no século XXI. Depois do construtivismo, não vai ser possível manter as
mesmas práticas enraizadas na educação, por seu cunho emancipador.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
CONSIDERAÇÕES FINAIS 26
REFERENCIAS 28
3
INTRODUÇÃO
o aluno?
Para isso, é adotada como forma de desenvolver este trabalho, a
pesquisa bibliográfica, recorrendo às literaturas da área da educação em bibliotecas
públicas, Internet e títulos indicados por profissionais da área, sendo que a seguir foi
dado ênfase à leitura, análise, interpretação e destaque dos tópicos mais relevantes.
O presente projeto investiga o tema em anais publicados nas últimas décadas, livros
literários, pesquisas em bibliotecas, vídeos informativos e pesquisas na Internet,
fundamentando obstinadamente a teoria construtivista, não para adesão coletiva,
mas para análise de uma teoria do conhecimento essencial a formação do homem
moderno, criativo, livre e crítico.
A abordagem qualitativa permitiu refletir sobre o quadro atual das
práticas educativas, fornecendo bases para a formação acadêmica dos profissionais
da educação, que contemplem novas ações no trabalho docente.
Elaborado categoricamente para análise pedagógica e áreas afins
da educação, este trabalho será apresentado em segmentos, sem pretensão de
seguir uma ordem cronológica, mas com tópicos para reflexões, baseado em
referenciais teóricos que discutem o construtivismo sob suas diferentes nuances,
demarcando na história sua influência e levantando suas diferentes formas de
expressão. Cabe aqui ressaltar que discussões de temas relevantes, sejam elas nas
múltiplas áreas sociais, neste caso a educação, não se esgotam em projetos,
bibliografias, monografias e estudos afins. Nessa perspectiva, é legítimo afirmar que
o presente trabalho sugere uma polemização e politização do tema que ainda é uma
incógnita no âmbito educacional.
Com essa intencionalidade, esse projeto de pesquisa se constituí em
mais uma referência de estudo sobre o tema. Circunstancialmente, poderá ser base
para reflexões e questionamentos, nas práticas produzidas em sala de aula e que
talvez fortaleçam e consolidem a teoria construtivista como exercício em
consonância com a sociedade moderna em plena transformação e evolução.
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Até porque falar em adesão não significa, num primeiro instante, qualificá-la,
pois ser adepto de uma dada teoria pode concretizar-se através de
diferentes modalidades de adesão e não implica necessariamente a
existência de uma aplicação coerente e integral da teoria à qual se aderiu
(DUARTE, 2000, p.8).
Há ainda aqueles que têm uma boa fundamentação teórica, mas não
conseguem aplicá-la na sua prática diária. Ainda são bem poucos os professores
que além de compreenderem o processo com profundidade, em síntese, o modo de
aprender e de pensar do aluno, conseguem adequar a prática pedagógica às
exigências desse processo. É necessário uma boa base teórica do processo de
aprendizagem e sobre a qual possam reorientar suas ações. A necessária
revolução, segundo Burke(2003) só pode ser provocada em cada professor e pelo
professor. As escolas, na maioria, estão preparando os alunos com conhecimentos e
habilidades que eles precisam para viver nos dias de ontem. Mas eles precisam sair
das escolas bem preparados para viver, não no passado, nem no presente, mas nos
dias de amanhã. Basta refletir sobre a contemporaneidade ou era da globalização
caracterizada pelo mundo difitalizado, produtores ativos, inovação, democratização
das tecnologias da comunicação, competitividade, sustentabilidade,
responsabilidade social e ambiental, para se perceber que é preciso desenvolver
novas habilidades e novas competências para atuar no mundo moderno.
Precisamos de um novo paradigma. Sendo assim, a primeira tarefa da educação
precisa ser a de formar o raciocínio, as operações da lógica. No livro Para onde vai
a educação?, Jean Piaget escreveu: “...as personalidades verdadeiramente lógicas
e donas do seu pensamento são tão raras quanto os homens verdadeiramente
morais e que exercem sua consciência em toda plenitude.”
O que se espera da escola é que o aluno, mais do que aprender
coisas, aprenda a aprender, aprenda a pensar, a resolver problemas, a ser crítico,
flexível e autônomo. Deve prepará-lo para interagir, trabalhar em grupo, comunicar-
se bem, para se inserir de forma consciente, responsável e construtiva na
sociedade. No entanto o arcaico e inadequado sistema escolar, constituído de um
depósito de conteúdos programáticos cobrados em testes e provas e oferecido
pronto e acabado pelo professor não atende essas expectativas.
Como forma de reverter esse quadro, as bases para se repensar o
sistema escolar, deve ser uma sólida compreensão do processo natural de
aprendizagem – como as pessoas aprendem, como elas constroem seus
conhecimentos, desenvolvem suas habilidades e suas aptidões. Essa compreensão
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Piaget era muito enfático neste ponto e dizia que a preparação dos
professores é uma questão primordial de todas as reformas pedagógicas em
perspectiva e que deve considerar dois aspectos fundamentais: a formação
intelectual e moral, e a valorização do corpo docente. Para esses dois problemas,
uma solução que Piaget recomendava: “Uma formação universitária completa para
os mestres de todos os níveis”. O professor que precisa trabalhar tempo integral
para sobreviver, não lhe resta tempo para se dedicar e adquirir uma formação
necessária. A este quadro caótico articula-se o universo ideológico pós-moderno
com seu irracionalismo e a realidade passa a constituir-se por contrastes. Mas até
nesse ponto o construtivismo desempenha um papel viável. Nessa concepção, o
professor não ensina – “[...] a afirmação de que o professor é que ensina, é contrária
a uma posição construtivista” (DUARTE, 2000, p.51 apud DELVAL, 1997) . O
professor ajuda o aluno a construir o conhecimento a partir de seus conhecimentos
prévios, ou seja, o cotidiano do sujeito e ele próprio trazem os conteúdos
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ALVES, Rubem. A alegria de ensinar. São Paulo, SP: ARS Poética Editora Ltda,
1994. 63p.
Coleção memória da pedagogia, n.1: Jean Piaget / editor Manuel da Costa Pinto;
[colaboradores Lino de Macedo... et al.]. Rio de Janeiro: Ediouro; São Paulo:
Segmento-Dueto, 2005.
Coleção memória da pedagogia, n.4: Paulo Freire: a utopia do saber / editor Manuel
da Costa Pinto; [colaboradores Moacir Gadotti... et al.]. Rio de Janeiro: Ediouro; São
Paulo: Segmento-Dueto, 2005.
GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. 5ª edição. São Paulo, SP:
Editora Ática, 1997. 319p.
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