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“Abrace a Vida”
Análise Fílmica
Mônica Nubiato, Gabriel Martins, Natália Oliveira e Denise Santos
Brasília-DF,
"Continuo fechado com minhas posições de um cinema terceiro-mundista.
Um cinema independente do ponto-de-vista econômico e artístico, que não
deixe a criatividade estética desaparecer em nome de uma objetividade
comercial e de um imediatismo político. (ROCHA, Glauber).
1. Apresentação
Prêmios:
- YouTube Anúncio do Ano
- Prêmio Internacional Prince Michael de Direção Segura
- Medalha de Ouro Mundial no Prêmio Internacional de Propaganda em Nova York
- Leão de Bronze no Festival Internacional de Publicidade de Cannes
- Considerado “Altamente Recomendável” pelo Instituto Chartered de Estradas de Rodagem e
Transportes
- Destaque no Prêmio dos Produtores de Publicidade (APA) 2010
Há também o recurso das mídias sociais, twitter e facebook, para divulgação da campanha.
A Sussex Safer Roads Partnership (SSRP) trabalha para redução de acidentes no trânsito
com foco em Educação, Engenharia e Fiscalização. O projeto tem subvenção do Governo através
das autoridades locais de estrada, de Leste a Oeste do condado de Sussex, também são parceiros a
Polícia e o Corpo de Bombeiros, além de agências rodoviárias.
2. Características
A peça fílmica “Abrace a Vida” apresenta características que se assemelham ao que, no Brasil,
foi chamado por muitos de Cinema Novo (década de 1960) e acompanhado da celebre frase: “Uma
ideia na cabeça, uma câmera na mão” criada por Glauber Rocha. Trata-se de um estilo de fazer
cinema através da gestão de baixo orçamento nas produções, as histórias eram bem próximas,
influenciadas pelo cinema expressionista Italiano e o vanguardista Francês.
Os traços expressionistas estão nas cores, na luz rósea, nos movimentos lentos e delicados,
e nos detalhes descritos nos quadros. Saindo do óbvio, quando o esperado é a imagem de um carro
em alta velocidade, muito barulho de motor e freio até o choque, ocorre o que o expressionismo trata
como distorção apresentada na mensagem e uso característico de cores e linhas procura imprimir
impacto emocional.
3. Análise dos Planos
A peça cinematográfica “Abrace a Vida” inicia seus primeiros quadros destacando elementos
que apresentam a sequência lógica da cena: o movimento das mãos que interpreta o girar das
chaves na ignição de um automóvel (quadro 1) e o detalhe dos pés em movimento de pisar numa
embreagem (quadro 2). Também apresenta o detalhe das mãos da criança se fechando na cintura do
pai (quadros 20 e 21). O quadro 26 descreve o movimento dos paetês atirados ao ar, simulando os
estilhaços de vidro após o impacto de um automóvel. São movimentos delicados. Assim, o uso do
plano de detalhe serve para enquadrar somente os detalhes que valorizam a sequência normal da
cena.
As cenas trazem o conceito Gestáltico, onde os detalhes trazem a percepção de dados
sensíveis à mensagem.
“Perceber é extrair do dado sensível estruturas, configurações, formas de
conjunto (Gestalt) e não adicionar elementos de percepção locais e pontuais;
a globalidade e o caráter inato que caracterizam esse processo são o das
próprias estruturas mentais” (AUMONT; MARIE. pág. 145)
Os quadros 25, 26, 29 e 30 da peça de “Abrace a Vida” apresentam tomadas mais fechadas,
substituindo o plano geral pelo plano de conjunto, que permite maior clareza dos detalhes da ação.
Assim, fica evidente a ação dos atores que interpretam um sinistro e as consequências do uso do
cinto de segurança.
3. 5 Plano Americano
No Plano Americano (corte de plano acima dos joelhos) os atores em cena são igualmente
valorizados, dividindo o foco. Esse tipo de plano facilita a percepção do movimento e o
reconhecimento das personagens.
A Câmera Subjetiva mostra o ponto de vista de uma personagem durante a cena. Nos
quadros 6 e 7 fica evidente que a imagem é o ponto de vista da personagem ‘filha’. “Muitas vezes
uma tomada só passa a ser subjetiva na hora da montagem, por causa de sua inclusão correta na
sequencia de uma cena” (A linguagem do Cinema, p.88).
1. Plano de Detalhe 2. Plano de Detalhe
Um dos efeitos da montagem muito importante é o Slow Motion - Movimento Lento. Uma
espécie de efeito que demonstra ações que se passam rapidamente de forma lenta e mais relevante.
Ou seja, a câmera lenta permite perceber movimentos que são extremamente rápidos que possuem
detalhes geralmente imperceptíveis aos olhos humanos. Ele é usado com o intuito de aumentar a
dramaticidade da cena, valorizar momentos de clímax e fazer subir a intensidade emocional, o que
acontece na peça audiovisual escolhida "Embrace Life".
O critério de escolha do Slow Motion ocorreu porque os criadores da peça quiseram fazer um
contraponto com a maioria dos vídeos publicitários com a temática da segurança no trânsito. A forma
com que produzem esse tipo de peça se concentra na alta dramaticidade voltada para a
representação de movimento mais pesada, com um impacto mais violento, na escolha do espaço
urbano retratado por carros e avenidas.
Se a cena acontecesse no seu tempo real, alguns detalhes importantes seriam apreciados
com menos intensidade ou até mesmo não penetraria o imaginário do espectador. A câmera lenta
oferece a ampliação do foco do espectador nos planos e quadros, nos quais ele tende a prender mais
a atenção nos detalhes importantes a serem mostrados. O grau de importância desses detalhes será
determinado pela pessoa responsável pela montagem do vídeo.
No caso da peça "Abrace a vida", que possui montagem linear onde os planos seguem uma
ordem cronológica, percebe-se a importância dos detalhes e das expressões faciais dos atores
enquadrados. O Slow Motion provocou uma mudança rítmica na montagem, a medida que o vídeo
apresenta planos mais curtos, o que representa a aceleração do ritmo e uma tensão crescente, que
foi suavizada pelo recurso do slow motion.
A câmera lenta possui ligação com a expansão da duração do tempo, o qual vai dar a
impressão de que o tempo é maior na cena, ou seja, aumenta a demanda do tempo na percepção.
5. Conclusão
O valor deste estudo traz reflexões sobre os diversos recursos que a visão humana e os
demais sentidos associados possuem, de modo aplicado às artes e ao cotidiano. Aos iniciantes neste
processo, são várias as dificuldades, a começar pela morosidade do processo de decupagem e
classificação quadro a quadro. Ocorre o trânsito de um esquema gestaltico (organização perceptual
dos elementos) para sua interação e execução da cena, trazendo o aprofundamento para a análise
do discurso. Não é fácil perceber que a velocidade da troca entre os planos está em contraponto com
o recurso de câmera lenta devido à delicadeza dos elementos de cena contrastando à mensagem de
direção defensiva.
6. Referências Bibliográficas
SILVA JÚNIOR; Ailton da Costa. O Cinema Novo da década de 1960 publicado em 16/09/2010,
disponível em http://www.webartigos.com/articles/47387/1/O-Cinema-Novo-da-decada-de-
1960/pagina1.html#ixzz1BgAEkEMf
AUMONT, Jacques, MARIE, Michel. Dicionário Teórico e Crítico de Cinema. Campinas: Papirus,
2003.