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Gerência Regional de Itajaí/Epagri

Estação Experimental de Itajaí / Epagri


Centro de Treinamento de Itajaí

07 a 11 de outubro de 2002
Governo do Estado de Santa Catarina
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Rural e da Agricultura
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A.
1
XIII CURSO DE
BANANICULTURA

Elaboração: Engº Agrº Luiz Alberto Lichtemberg, M.Sc.


Engº Agrº Jorge Luiz Malburg, M.Sc.
Bióloga Áurea Teresa Schmitt, Dra.
Engº Agrº Robert Harri Hinz, M.Sc.
Engº Agrº Gilmar Roberto Zaffari, Dr.

Digitação e diagramação: Guísela Schoening

Impressão: Cópia & Cia – Itajaí, SC

Endereço: Epagri / Estação Experimental de Itajaí


Caixa postal, 277
Rodovia Antonio Heil, km 6
88301-970 – Itajaí, SC
Fone: 0 xx 47 341-5244 - Fax: 0 xx 47-341-5255
E-mails: gri@epagri.rct-sc.br
eei@epagri.rct-sc.br
licht@epagri.rct-sc.br
cetrei@epagri.rct-sc.br

Capa: Cacho da cultivar Nanicão, fotografado em 10/05/1996, na Estação


Experimental de Itajaí/Epagri.
Foto: Luiz Alberto Lichtemberg

Nota: É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, por qualquer meio
ou sistema, sem a autorização por escrito dos autores. Esta apostila é
destinada apenas a consulta dos participantes do curso.

Itajaí, 2002.

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SUMÁRIO

Página

1. Anatomia da bananeira ......................................................................................... 4

2. Mudas de bananeira ............................................................................................... 9

3. Densidade de plantio em bananais ....................................................................... 18

4. Cultivares de bananeira ........................................................................................ 35

5. Tratos culturais em bananicultura ....................................................................... 52

6. Nutrição e adubação da bananeira ....................................................................... 73

7. Pragas da bananeira .............................................................................................. 92

8. Doenças da bananeira ........................................................................................... 110

9. Manejo da banana na colheita e em pós-colheita ................................................ 134

10. Climatização da banana ........................................................................................ 175

11. Endereços úteis ...................................................................................................... 179

12. Normas de classificação da banana...................................................................... 184

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ANATOMIA DA BANANEIRA

Jorge Luiz Malburg


Gilmar Roberto Zaffari

1. Introdução

A bananeira é uma planta herbácea completa, isto é, possui raízes, tronco (que é o rizoma),
folhas, flores, frutos e sementes. Apesar de possuir sementes, estas geralmente não são viáveis e por
isso a multiplicação da bananeira faz-se normalmente por via vegetativa através da emissão de
rebentos.

O ciclo natural de vida de uma bananeira inicia-se quando forma-se o rebento (“filhote”) que
aparece ao nível do solo. A partir daí este rebento cresce formando a bananeira que vai emitindo folhas
até a floração. A inflorescência vai desenvolvendo-se formando o cacho cujas frutas crescem,
amadurecem e caem. A partir deste ponto ocorre o secamento de todas as folhas e a planta morre.
Porém, uma bananeira adulta está sempre rodeada de diversas outras bananeiras interligadas e em
diversos estádios de desenvolvimento (é a chamada “touceira”) e assim o processo mantém-se
continuamente.
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2. As raízes

As raízes da bananeira tem origem no cilindro central, que é a parte interna do rizoma,
possuem forma semelhante a um cordão e aparecem em grupos de 3 ou 4 com diâmetro variando entre
5 e 10 mm.
A bananeira apresenta dois tipos básicos de raízes, as raízes verticais, que tem função maior
de sustentação, e as raízes horizontais ou laterais, que desenvolvem-se no sentido horizontal e são as
principais responsáveis pela absorção de água e nutrientes para a planta.
A grande maioria das raízes da bananeira, 60 a 70%, são raízes laterais e estas desenvolvem-
se bastante superficialmente, ou seja, nos primeiros 20 cm de profundidade. Estas raízes, por outro
lado, podem atingir distâncias horizontais de até 5 m. As raízes da bananeira podem crescer até 4 cm
por dia.
A bananeira emite raízes continuamente até a diferenciação floral quando então a planta já
possui entre 250 a 500 raízes. Para cada folha que a bananeira lança são emitidos um certo número de
raízes.

3. O rizoma

O rizoma é o verdadeiro caule da bananeira. É um órgão subterrâneo, de formato


aproximadamente esférico que serve de apoio para a sustentação direta e indireta de todas as demais
partes da planta.
O rizoma é revestido externamente por um tecido fino de coloração bastante escura com
espessura de até 0,5 mm. Internamente o rizoma é formado pelo córtex ou casca e pelo cilindro central
os quais possuem coloração clara (quase branca) mas que oxidam-se rapidamente tornando-se escuros
após o contato com o ar.
O córtex é a camada mais externa do rizoma, de consistência carnosa, com espessura
variando de 3 a 5 cm e o cilindro central é um tecido mais fibroso, mais interno, e a partir do qual saem
as raízes e as gemas laterais e apical.

4. Gemas de crescimento

A gema apical de crescimento é responsável pela formação das folhas e das gemas laterais de
brotação. A gema apical vai gerando sucessivamente conjuntos de gemas e folhas; pode-se afirmar
inclusive que o rizoma possui tantas gemas laterais quanto foram as folhas geradas.
Após gerar todas as folhas, a gema apical “transforma-se” em inflorescência que sobe
verticalmente pelo interior do pseudocaule até “lançar” o cacho.
A medida que o crescimento radial do rizoma ocorre, as gemas laterais vão se diferenciando,
crescendo, e passando a ter as mesmas funções da gema apical de crescimento, originando assim um
novo rebento.

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5. As folhas

As folhas da bananeira são compostas pela bainha, pecíolo, lóbulos, nervura principal,
nervuras secundárias e o aguilhão ou “pavio”. A gema apical pode gerar 25 a 50 folhas durante o ciclo
da planta; este número varia em função da cultivar, fertilidade do solo, umidade do solo e temperatura
da atmosfera. Se considerarmos também as folhas rudimentares este número pode chegar a 70.
O número de folhas de uma bananeira bem como o tamanho destas influencia no peso do
cacho e no número de pencas na medida em que representam uma maior ou menor superfície
fotossintética.
É adequado para uma boa produção o número de 12 folhas funcionais na ocasião do
lançamento da inflorescência e no mínimo 9 folhas no momento da colheita.
As folhas também apresentam grande importância para a bananeira na medida em que suas
bainhas sobrepostas formam o chamado “pseudocaule” que sustenta o cacho.
Olhando-se a folha da bananeira de baixo para cima, muitas vezes o lóbulo esquerdo possui
coloração mais clara do que o direito em função de que ao nascer a folha apresenta o lóbulo esquerdo
completamente enrolado sobre si mesmo e o direito enrolado sobre o primeiro.
Quando a folha sai do interior do pseudocaule apresenta-se muito enrolada sendo por isto
chamada de folha “vela” que possui inclusive um filamento chamado “pavio”.
Conforme já comentamos, as bainhas foliares sobrepostas formam o pseudocaule ou falso
tronco.
É através do pseudocaule que a inflorescência é lançada para o exterior da planta.
Nas plantas já florescidas encontramos o “palmito” no interior do pseudocaule que é um
prolongamento do cilindro central do rizoma.

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6. A inflorescência

A inflorescência da bananeira emerge do centro das bainhas foliares envolta completamente


por uma grande bráctea. Apresenta-se inicialmente ereta, ficando em seguida na posição horizontal e
finalmente pendida para baixo.
Na inflorescência encontramos flores femininas, masculinas e hermafroditas ou
intermediárias. As frutas ou dedos são originadas das flores femininas e no “coração” encontramos as
flores masculinas podendo também ocorrer a presença de flores hermafroditas.

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7. O cacho e os frutos

O cacho é constituído pelo engaço, pencas, ráquis e coração.


O engaço é o prolongamento do cilindro central do rizoma. É revestido de pelos rudimentares
e apresenta comprimento variável com a cultivar e com as condições ambientais.
A penca ou “mão” é o conjunto de frutos ou “dedos” unidos pelos seus pedúnculos em duas
fileiras e presos à ráquis pela “almofada”.
O número de pencas é influenciado pela cultivar e pelas condições fitossanitárias da planta e
condições de clima e de solo.
A ráquis é a continuação do engaço na qual se inserem as flores, podendo ser dividida em
ráquis masculina e ráquis feminina, de acordo com os tipos de flores que nela se desenvolvem.
Na extremidade da ráquis masculina encontramos o botão floral ou “coração” que é o
conjunto de flores masculinas com suas brácteas.

Extraído de Cobley I S (1963)

Extraído de Cobley (1963)

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MUDAS DE BANANEIRA

Jorge Luiz Malburg


Gilmar Roberto Zaffari

A qualidade sanitária das mudas de bananeira é um dos fatores mais importantes para a
longevidade e produtividade de um bananal.
A bananicultura é uma atividade permanente, ou seja, a partir das mudas que plantamos hoje
estamos iniciando uma atividade que perdurará durante muitos anos.
As características das plantas matrizes, boas ou ruins, são geralmente refletidas no bananal
que estamos formando. Podemos trazer com a muda, para o novo bananal, tanto características
desejáveis como porte baixo, alta produtividade e resistência à doenças, quanto aspectos indesejáveis
como, principalmente, a disseminação de pragas e doenças.
Desta forma, cuidados com a origem das mudas e seu preparo são fundamentais.

1. Produção e preparo de mudas de bananeira em viveiros

1.1. Escolha do local

Para a instalação de um viveiro de mudas de banana devemos levar em consideração:

a) Histórico da área - A área a ser utilizada não deve ter sido cultivada anteriormente com
banana; com isso evita-se a contaminação das mudas com doenças e/ou pragas.
b) Proximidade de bananais - A área do viveiro não deve ser extremante com bananais pois
em pouco tempo pode ocorrer migração de pragas e/ou doenças destes bananais para o
viveiro.
c) Condições gerais da área - Deve-se dar preferência a áreas com baixa infestação de
gramíneas e ciperáceas e com boas condições de drenagem. Os solos mais indicados são os
aluviais, ricos em matéria orgânica. A área também deve apresentar boas condições de
acesso.

1.2. Material a ser utilizado

As mudas a serem utilizadas na formação do viveiro deverão ser de boa procedência.


Recomenda-se utilizar mudas de plantas básicas ou plantas matrizes oriundas de instituições oficiais.

1.3. Cultivares a serem produzidas

Muitas são as cultivares de bananeira plantadas em Santa Catarina e no Brasil, porém a


produção e comercialização de mudas de bananeira deve se restringir às cultivares recomendadas
oficialmente para o Estado. A comercialização de mudas para outros Estados fica também
condicionada às recomendações oficiais de cultivares para estes Estados.
Para Santa Catarina são recomendadas as seguintes cultivares:
Nanicão
Grande Naine
Enxerto
Branca
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1.4. Instalação do viveiro

Após a definição da área para instalação do viveiro deve-se fazer a coleta de amostras de solo
para avaliação de sua fertilidade, bem como, para avaliação da presença de nematóides.
Procede-se então a limpeza do terreno, o preparo do solo e incorporação de calcário e, quando
necessário, a implantação de práticas conservacionistas.
O plantio é feito em grandes densidades, o que permite um melhor aproveitamento da área,
podendo ser feito em filas simples ou filas duplas.

a) Plantio em filas simples: 1,5m entre plantas x 1,5m entre linhas.

Este espaçamento resulta numa densidade de 4.444 covas/ha o que permite, num espaço de 14
a 16 meses, uma produção de aproximadamente 45.000 mudas/ha.

b) Plantio em filas duplas: 3,0m entre filas duplas x 1,5m entre as linhas da fila dupla x 1,0m
entre plantas nas linhas.

Este espaçamento resulta numa densidade de 4.444 covas/ha o que por sua vez permite,
também num espaço de 14 a 16 meses, uma produção de aproximadamente 45.000 mudas.

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1.5. Adubação

A adubação de viveiros tem a finalidade maior de proporcionar o desenvolvimento vegetativo


das plantas. Por isto difere da adubação de bananais na medida em que é mais calcada no fornecimento
de nitrogênio e menos concentrada em potássio.

a) Adubação de plantio:
Esterco ..................... 5 l/cova (cama de aviário) ou
10 l/cova (gado)
Superfosfato triplo ... 200 g/cova

b) Adubação de produção (a cada 3 meses):


Uréia ....................... 50 g/cova ou
Sulfato de amônio .... 120 g/cova
Superfosfato triplo ... 40 g/cova
Cloreto de potássio .. 30 g/cova

Esterco\* .................. 5 l/cova (cama de aviário)


ou 10 l/cova (gado)

\* - aplicar 3 vezes/ciclo, alternadamente com a adubação química


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1.6. Controle de ervas daninhas

O controle de ervas daninhas é de extrema importância pois a competição das bananeiras com
invasoras, principalmente gramíneas e ciperáceas, é extremamente prejudicial pois retarda bastante o
crescimento e desenvolvimento das mudas.

a) Capina manual - A capina manual, apesar de demandar muita mão-de-obra, deve


ser praticada para se fazer o coroamento que dá condições para o desenvolvimento das
plantas e para a adubação e utilização de nematicidas. Deve-se também manter roçadas as
entrelinhas.

b) Capina mecânica - O uso de enxadas rotativas pode ser feito até o 3º mês após o
plantio como prática para o controle de ervas daninhas. Após este período esta prática não
é recomendada por causar danos às raízes.

c) Capina química - Complementarmente às capinas manuais e mecânicas, pode-se


usar herbicidas no controle de invasoras:

Os herbicidas devem se aplicados de forma dirigida ao solo e às plantas daninhas evitando-se


o contato com as bananeiras.

1.7. Controle de pragas e doenças

Durante o ciclo de desenvolvimento do viveiro faz-se necessário o controle de pragas e


doenças. Neste sentido duas práticas são recomendadas:

a) Controle de brocas e nematóides: deve ser feito com a utilização de inseticida-


nematicida aplicado a cada 3 meses. Para este controle recomenda-se o uso de inseticida-
nematicida granulado no solo, ao redor das plantas (região do coroamento), com
incorporação leve através do uso de enxada.

b) Controle do Mal-de-sigatoka: esta doença, apesar de não ser disseminada através


das mudas, deve ser controlada pois o seu ataque reduz muito a área foliar e
consequentemente a produção de mudas. O controle é feito através de pulverizações
periódicas com óleo mineral junto com diversos fungicidas usados alternadamente.

1.8. Desfolha

A desfolha (eliminação do excesso de folhas) deve ser realizada sistematicamente. A operação


consiste no “desencapamento” do pseudocaule, corte da bainha e posterior amontoa de terra. Isto
permite expor as gemas laterais que com a terra sobre as mesmas têm acelerado o processo de
brotação.

1.9. Eliminação das inflorescências

Considerando-se que o ciclo de um viveiro de mudas é de 14 a 16 meses, é óbvio que haverá


emissão de inflorescências neste período. Estas inflorescências devem ser eliminadas, cortando-se o
“engaço” rente ao pseudocaule. Com isto estaremos evitando que a planta consuma energia na
formação do cachos o que reduziria o desenvolvimento dos perfilhos.

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1.10. Preparo das mudas

Ao final do ciclo do viveiro chega-se ao momento do arranquio das touceiras para o preparo
das mudas. A decisão deste momento está relacionada ao estádio de desenvolvimento das mudas e com
a época de plantio.

a) Arranquio das touceiras - O arranquio das touceiras deve ser feito cortando-se o
solo e as raízes ao redor das touceiras com uma pá de corte e tombando-as em seguida.

b) Limpeza - Após o corte dos pseudocaules e desmembramento dos diversos rizomas,


faz-se a retirada do solo e das raízes do rizoma utilizando-se um facão. Após isto procede-
se o “descorticamento” dos rizomas, ou seja, a eliminação dos tecidos escuros (córtex) que
envolvem o rizoma, através do uso de uma faca. A parte aérea das mudas (bainhas) deve
ser “aparada” deixando-se aproximadamente 10cm de altura, pois mudas muito maiores
tornam-se pesadas e volumosas e, por outro lado, com cortes mais baixos podem
apresentar problemas de ressecamento.

c) Tratamento - Após a limpeza das mudas (eliminação de raízes e “descorticamento”)


estas precisam ser tratadas com solução de nematicida-inseticida e fungicida afim de se
garantir sua sanidade. A inclusão de fungicida na calda tem a função de proteger os tecidos
expostos pelos descorticamento de possíveis apodrecimentos quando a muda entrar em
contato com o solo no plantio.

d) Classificação - As mudas são então classificadas em dois tipos básicos: mudas de


rizoma inteiro que são denominadas, em ordem crescente de tamanho, de chifrinho, chifre
e chifrão e mudas de pedaços de rizoma.

e) Ceva - A ceva é uma prática que dá condições para o desenvolvimento inicial do


sistema radicular e acelera o entumescimento das gemas laterais. É uma operação que deve
ser feita junto à área de plantio pois as mudas brotadas e enraizadas não podem ser
transportadas a grandes distâncias sob pena de se quebrar as raízes e as gemas.

Deve-se fazer um canteiro à sombra e nele coloca-se, sem enterrar, as mudas de pedaço de
rizoma levemente inclinadas e com a olhadura voltada para o solo. Cobre-se as mudas com capim seco
ou lona e mantêm-se a umidade com irrigação, se necessário.
As mudas permanecem nos canteiros por aproximadamente 3 semanas. Esta prática reduz
significativamente o replante, permite classificar as mudas quanto ao seu desenvolvimento e
uniformiza lotes de plantas no bananal.

2. Produção de mudas de bananeira micropropagadas

A cultura de tecidos de plantas tem sido considerada uma promessa para


a agricultura. A propagação vegetativa in vitro, também denominada de
micropropagação em função do tamanho dos propágulos utilizados, é,
indiscutivelmente, a aplicação mais concreta e de maior impacto da cultura de
tecidos (Grattrapaglia & Machado, 1998).
A utilização da técnica de micropropagação em bananeira tem
proporcionado tanto a eliminação de parasitas do material, quanto uma taxa de
multiplicação favorável em curto período de tempo, fatos estes que têm
viabilizado comercialmente à produção de mudas sadias.
13
2.1. Metodologia de micropropagação

O sistema de microprogação de bananeira depende do controle de muitas


variáveis. A capacidade de regeneração e crescimento in vitro parece estar
associada não apenas ao genótipo, mas também a atividade fisiológica na planta-
matriz, sob o controle de diversos fatortes endógenos.
Os estágios geralmente seguidos num trabalho de micropropagação são
três, segundo Grattaplagia & Machado, 1998:
Estágio I - seleção de explantes, desinfestação e cultura em meio
nutritivo sob condições assépticas;
Estágio II - multiplicação dos explantes através de sucessivas
subculturas em meio de proliferação;
Estágio III - transferência das plantas obtidas in vitro para substrato
e aclimatação.

2.2. Planta-matriz

A condição fisiológica da planta-matriz tem grande influência no


comportamento das culturas in vitro, uma vez que os melhores explantes são
provenientes de plantas bem nutridas e sem estresses.

2.3. Seleção e coleta de explantes

Várias partes da planta de bananeira podem ser utilizadas como fonte de


explantes para iniciar a propagação in vitro de uma cultivar. A seleção do tipo de
explante deve levar em cobnsideração aspectos como o nível de diferenciação do
tecido utilizado e a finalidade da micropropagação.
O tamanho do explante utilizado para iniciar a micropropagação da
bananeira é determinante na sua capacidade de sobrevivência, crescimento e
limpeza clonal. Se o objetivo for simplesmente o de propagar, é mais adequado
iniciar as culturas com ápices caulinares (gemas apicais) ou laterais de tamanho
maior. Caso o interesse seja eliminar algum microorganismo sistêmico como
vírus, bactéria ou micoplasma, quanto menor o tamanho do explante isolado
(gema apical), maior a chance de se obter material livre ou limpo.

2.4. Desinfestação

Nesta etapa, a maior dificuldade é conseguir a desinfestação do explante,


sem provocar sua morte. As substâncias mais utilizadas para o processo de
desinfestação são o etanol e o hipoclorito de sódio e cálcio. Considerando a
sensibilidade da gema apical (explante) a ser desinfestada, deve-se levar em
consideração a concentração da solução, o tempo de exposição. Para desinfestar
os explantes de bananeira tem se utilizado uma pré-desinfestação em hipoclorito
de sódio, por 30 minutos. Posteriormente são lavados duas vezes com água
esterilizada. Posteriormente, em cabine de fluxo de ar laminar, os explantes são
novamente desinfestadas com etanol 70% por 1’30”, depois com hipoclorito de
sódio 40% por 25 minutos e enxaguados 3 vezes com água esterilizada.

2.5. Isolamento de explantes

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O isolamento dos explantes de bananeira é feito em cabine de fluxo
laminar e o trabalho deve ser rápido e preciso.
Nesta etapa, os explantes são reduzidos ao tamanho final de
aproximadamente 5 mm e transferidos para o meio de cultura inicial.

2.6. Fase inicial

Os meios utilizados para a micropropagação de bananeira são o meio


inicial e de proliferação. O meio MS (Murashisge & Skoog, 1962) é usado como
meio básico e a este são adicionados fitoreguladores de crescimento
dependendo do objetivo.
No caso do meio inicial utiliza-se o meio MS adicionado de 1 mg/l de ácido
indilacético (AIA) e 1 mg/l de benzilaminopurina (BAP). Após 60 dias de
incubação dos explantes neste meio, eles são transferidos para o meio de
proliferação ou multiplicação.
As condições de incubação dos explantes no meio inicial podem interferir
no crescimento dos mesmos, principalmente no que se refere a intensidade
luminosa. No caso da bananeira, após o isolamento é recomendado para reduzir
a oxidação fenólica a incubação no escuro durante a primeira semana. Após este
período, as culturas são mantidas em câmara de crescimento sob 28± 2°C e
fotoperíodo de 16 horas de luz (10 Wm²) e 8 horas de escuro.

2.7. Fase de multiplicação

O objetivo desta fase de multiplicação é produzir o maior número de


plantas possível, no menor espaço de tempo. Após os 60 dias no meio inicial, os
explantes de bananeiras são seccionadas ao meio, visando a quebra da
dominância apical, e transferidos para o meio de proliferação das gemas laterais.
Este meio é constituído pelo meio MS adicionado de 2,5 mg/l de BAP. As culturas
são mantidas em câmara de crescimento nas mesmas condições da fase inicial.
Após 30 dias, as plântulas regeneradas a partir dos explantes, são separadas
uma a uma eliminando-se a parte do pseudocaule, seccionando ao meio o
rizoma e transferindo-se para novo meio de proliferação sucessivamente até o
quinto subcultivo. Desta forma, se obtém um grande número de mudas.

2.8. Transplantio e aclimatação

A transferência da planta de bananeira da condição in vitro (heterotrófica)


para telado ou seja condição ex vitro (autotrófica), significa uma mudança grande
na condição fisiológica. Na preparação das plantas para o transplantio, depois da
lavagem do meio de cultura e toalete das raízes, é feita uma seleção das
plantas, que são agrupadas em classes por tamanho: pequenas, médias e
grandes. Nesta fase, após o plantio em substrato, a manutenção da umidade
relativa alta é um fator indispensável para a obtenção de um alto índice de
sobrevivência, além da necessidade da redução da intensidade luminosa, através
do uso de sombrite.
O substrato de transplantio deve ter uma boa capacidade de retenção de
umidade e não compactar excessivamente, comprometendo a drenagem e a
aeração do sistema radicular da muda.
Todos os cuidados fitossanitário devem ser tomados com as mudas que
permanecerão na câmara úmida ou telado. A mudas de bananeira
micropropagadas transferidas para tubetes são aclimatadas durante 60 a 90 dias
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e neste período podem receber uma adubação foliar semanal ou quinzenal.
Quando as mudas atingirem 15 cm de altura elas podem ser plantadas a campo.

3. Literatura consultada

GRATTAPAGLIA, D.; MACHADO, M.A.. 1998. Micropropagação. p.183-260.


Cultura de Tecidos e transformação Genética de Plantas. A.C. Torres;
S. Caldas, J.A. Buso (ed.) EMBRAPA-SPI/EMBRAPA-CNPH. Brasília. 1v.
509p.
LICHTEMBERG, L.A.; MALBURG, J.L.; SCHMITT, A.T.; HINZ, R.H.; ZAFFARI,
G.R. X Curso de bananicultura. Itajaí, SC: Epagri/EEI, 1998. 184p.
(Apostila de curso).
MURASHIGE, T.; SKOOG, F.A. A revised medium for rapid growth and
biossays with tobacco tissue culture. Physiology Plantarum, 15. 473-
497. 1962.
MudaZAFFARI,
do tipo chifre,G.R. Aspectos
utilizada para hormonais, estruturais e genéticos
obtenção relacionados
do explante. à micropropagação de gemas adventícias de
Itajaí, SCMusa acuminata (AAA) cv. Grand Naine. São Paulo, SP: USP, 1999.
Foto: G.R.115p.
ZaffariTeses de Doutorado.

Explantes após 30 e 60 dias em meio inicial.


Explante reduzido para a pré-desinfestação. Itajaí, SC Explantes inoculados em meio inicial.
Itajaí- SC Foto; G.R. Zaffari Itajaí, SC
Foto: G.R. Zaffari Foto: G.R. Zaffari

16
Planta obtidas em meio de multiplicação após 45 dias de
cultivo.
Itajaí, SC
Foto: G.R. Zaffari
Mudas em tubetes. Mudas em unidades de aclimatação.
Itajaí, SC Itajaí, SC
Foto: N.S. Dalenogare Foto: N.S. Dalenogare

Mudas acondicionadas em caixas de madeira para o transporte.


Itajaí, SC
Foto: N.S. Dalenogare

Plantio de muda micropropagada.


Itajaí, SC
Foto: N.S. Dalenogare

17
DENSIDADE DE PLANTIO EM BANANAIS

Luiz Alberto Lichtemberg

1. Introdução

A escolha do espaçamento de plantio, ou seja, da densidade de plantio e de condução em


bananais, é um dos pontos mais discutidos no cultivo da bananeira. Entre os fatores que podem
influenciar na escolha da densidade mais adequada para cada situação, destacam-se fatores ambientais,
mercadológicos e varietais, além do nível de manejo e a expectativa de longevidade do bananal.
Entre os fatores ambientais são importantes o clima, que quando apropriado ao
desenvolvimento da planta exige menores densidades, e o solo, que quando fértil e profundo, pelo
maior desenvolvimento das plantas, também exige populações mais baixas (Soto, 1992). Por outro
lado, Robinson (1995) relata que em locais mais frios, nas regiões subtropicais, devem ser usadas
densidades menores, para maior penetração da luz e calor do sol. O mesmo autor afirma que, nos
trópicos semi-áridos, deve-se usar densidades maiores, para formação de microclima adequado. Desta
forma, bananeiras de porte médio do subgrupo Cavendish são cultivados com 1600 plantas/ha no
Norte das Canárias, 1666 plantas/ha na África do Sul, 2000 plantas/ha no Sul das Canárias e 3333
plantas/ha nos trópicos semi-áridos do nordeste da Australia.
O mercado, quando exigente ou saturado do produto, indica o uso de menores densidades, que
permitem a produção de cachos e frutos maiores. Na Costa Rica e Honduras, onde a banana para
exportação tem que atender padrões de comprimento e diâmetro exigidos pelos mercados
compradores, a densidade de bananeiras de porte médio varia de 1500 a 2000 plantas/ha. Por outro
lado, quando o mercado é carente do produto ou paga por quantidade e não por qualidade (indústria,
por exemplo) deve-se usar maiores densidades, que permitem maiores produtividades, principalmente
nas primeiras safras (Soto, 1992; Robinson, 1995 e Lichtemberg et al., 1996a).
A cultivar a ser plantada pode influenciar de diversas formas na escolha do espaçamento de
plantio. O porte da planta é importante, uma vez que, quanto mais alta a bananeira, mais espaço é
requerido para a operação de colheita (Moreira, 1973). Neste sentido, Soto (1992) relata que na Costa
Rica, planta-se 1750 a 2000 mudas/ha da cultivar Grande Naine, 1400 a 1700 mudas/ha da cultivar
Valery e 625 a 850 mudas/ha da cultivar Lacatan. A influência da cultivar no índice de área foliar e o
vigor inerente a cada cultivar também são fatores a serem considerados. A cultivar Enxerto, por
exemplo, embora de porte médio, produz muitas folhas de grande tamanho e normalmente apresenta
filhotes de porte igual ou superior a “planta-mãe”, o que causa grande sombreamento e exige menores
densidades de plantio do que outras cultivares de porte equivalente. A suscetibilidade às doenças e
pragas inerentes a cada cultivar, como o “mal-do-panamá”, nematóides e “broca-da-bananeira” pode
também ser fator determinante da densidade de plantio, visto que estes problemas reduzem a
expectativa de longevidade econômica do bananal. Desta forma, cultivares equivalentes as nossas
‘Farta Velhaco’ e ‘Terra’, são plantadas com 3.200 a 3.500 mudas/ha, em Porto Rico e na Nigéria e até
com 5000 mudas/ha na Colômbia (Robinson, 1995).
Quando a expectativa de longevidade do bananal é pequena, seja por ocorrência de pragas e
doenças ou por fatores climáticos, deve-se utilizar altas densidades de plantio, que permitam altas
produtividades, especialmente nas primeiras safras (Soto, 1992; Lichtemberg et al., 1994 e Robinson
1995). Nas primeiras safras, o bananal é menos afetado pelas altas densidades de cultivo. Robinson
(1995), destaca que quando se deseja colher apenas a primeira safra, deve-se usar altíssimas
densidades, com o dobro ou mais da densidade normal e quando se deseja colher dois ou três ciclos
deve-se plantar cerca de uma vez e meia a densidade normal. Robinson et al. (1994), trabalhando com
a banana Chinese Cavendish, constataram que, nas condições da África do Sul, para colheita de apenas
um ciclo a densidade ideal foi de 3333 plantas/ha, para a colheita de dois ciclos 2777, plantas/ha e
para a colheita de três ou mais ciclos, 2222 plantas/ha. Já para a cultivar Willians, quando se colhe
18
mais de três ciclos no bananal, a melhor margem de lucro foi obtida com 1666 plantas/ha. Em North
Queensland, na Austrália, quando se explora o bananal por cinco anos, a densidade ideal para a
bananeira ‘Willians’ é de 2100 plantas/ha.
O nível de manejo do bananal, influenciando no crescimento e vigor das plantas, assim como
na incidência de pragas, doenças e plantas daninhas, estado nutricional das plantas e distribuição de
plantas na área, deve ser considerado no momento da escolha da densidade de plantio.
O vigor das plantas é fator determinante na escolha da densidade de plantio e condução dos
bananais. Como vimos, o vigor depende da variedade, do solo, do clima e do manejo do bananal, assim
como do suprimento de água para as plantas através da irrigação. Quanto maior o vigor das plantas,
menores densidades darão uma margem ótima de lucro do bananal. Quanto mais baixo o vigor das
plantas, mais plantas serão necessárias para se atingir a área foliar ideal para o bananal. O índice de
área foliar ideal depende do índice de radiação fotossinteticamente ativa do local. Na América Central,
busca-se, nos plantios de bananeiras do subgrupo Cavendish, um índice de área foliar em torno de 4,5
e uma percentagem de transmissão de luz ao nível do solo de cerca de 14 a 18% (Robinson, 1995).
Quanto mais adequado o vigor das plantas à densidade de plantio, maior quantidade de frutos de
tamanho adequado será colhida por ano.

2. Desvantagens da alta densidade

Robinson (1995 e 1996) e Lichtemberg (1984) destacam como desvantagens da alta


densidade de plantio e condução dos bananais:
• a redução da produtividade anual, com o avanço da idade do bananal, devido ao
alongamento gradativo do ciclo;
• a rápida desconcentração da época de colheita no bananal;
• o aumento nos custos por área de bananal, pelo aumento nos gastos com mudas, escoras,
sacos plásticos para o ensacamento dos cachos, adubos, inseticidas, nematicidas e mão-de-
obra;
• a desorganização mais rápida do arranjo das plantas na área, prejudicando o acesso dentro
do bananal e a sua condução, pela redução do número de filhotes vigorosos e saudáveis;
• o aumento da quantidade e percentagem de frutas descartadas na comercialização, pelo
reduzido tamanho dos frutos, principalmente nas últimas pencas;
• a menor longevidade econômica do bananal;
• a maior incidência de doenças fúngicas e sua maior dificuldade de controle;
• a menor percentagem de cachos colhidos em relação ao número total de plantas;
• a redução do diâmetro do pseudocaule, o que facilita a quebra das plantas por ventos;
• a maior competição por luz, água e nutrientes, devido à sobreposição de folhas e
entrelaçamento de raízes;
• a maior dificuldade de colheita, pela maior ocorrência de folhas presas às bananeiras
vizinhas e pela proximidade entre as bananeiras, dificultando o tombamento das mesmas
sem danificar às plantas vizinhas.

3. Desvantagens das baixas densidades

Como desvantagens da baixa densidade, Robinson (1995 e 1996) e Lichtemberg (1984),


destacam:
• a produção de cachos maiores, dificultando a colheita e o transporte dos mesmos;
• a maior penetração de vento no bananal, causando maiores danos aos frutos;
• a maior penetração de luz ao nível do solo, favorescendo o desenvolvimento de plantas
daninhas, e, consequentemente, o maior custo das capinas, roçadas ou com herbicidas e sua

19
aplicação;
• a maior perda de água por evaporação, quando ocorre estresse de calor;
• a menor produtividade nas primeiras safras;
• o aumento nos gastos com mão-de-obra na operação de desbaste, devido ao lançamento de
um maior número de filhotes por planta.
O aumento da incidência de plantas daninhas com a redução da densidade de plantio foi
verificada também por Moreira (1970 e 1973) e por Lichtemberg et al. (1986).

4. Efeito sobre a altura das plantas

Normalmente as plantas quando a densidade é muito elevada, tendem a aumentar a sua altura,
na busca de luz. Neste sentido, Kohli et al. (1976), Melin et al. (1976), Robinson (1984), Obiefuna et
al. (1983), Chattopadhyay et al. (1985) e Lichtemberg et al. (1988) detectaram plantas mais altas nas
maiores densidades de plantio. Lichtemberg et al. (1994) constataram esta ocorrência apenas no
primeiro dos três ciclos estudados em bananeira ‘Nanicão’. Por outro lado, os estudos de Bhan &
Mazunder (1961), Jagirdar et al. (1963) e Lichtemberg et al. (1990) não constataram diferenças
significativas na altura das plantas, em diferentes densidades.
Esta diferença de resultados é variável, devido à diferença no vigor das plantas e dos níveis de
densidades utilizados pelos diversos autores.

5. Efeitos sobre o perímetro do pseudocaule

Com a redução da densidade, a tendência das plantas é tornarem-se mais vigorosas. Com isso,
o tamanho do rizoma e perímetro do pseudocaule tendem a ser maiores. Neste sentido, Lichtemberg et
al. (1990, 1994 e 1996a) constataram um aumento no perímetro do pseudocaule com a redução da
densidade.
Como no caso anterior, estes efeitos dependem dos níveis de densidade utilizados, das
condições ambientais, das cultivares utilizadas e, consequentemente, do vigor das plantas. Desta
forma, Bhan & Mazunder (1961), Jagirdar et al. (1963) e Kohli et al. (1976) não observaram efeitos
significativos para esta variável. Por outro lado, este efeito é mais pronunciado a partir do terceiro
ciclo de cultivo (Lichtemberg et al., 1996a), não sendo significativo, normalmente, nos dois primeiros
ciclos.

6. Efeito sobre o comprimento do ciclo produtivo

O aumento da densidade de plantio contribui para o aumento no número de dias entre o plantio
e a primeira colheita, assim como entre uma colheita e a seguinte. Este fato se deve a maior
competição por luz, água e nutrientes, nas maiores densidades. Por não existir sombreamento e pelo
menor tamanho das plantas no primeiro ciclo, estes efeitos são menores neste ciclo de produção,
intensificando-se a partir do segundo ciclo (Tabela 1).

TABELA 1. Duração dos cinco primeiros ciclos da bananeira ‘Nanicão’, em três densidades
de plantio, Guaramirim-SC, Brasil. (Lichtemberg et al., 1996a)
DENSIDADES Período plantio à colheita ou colheita à colheita (dias)
o
(plantas/ha) 1 Ciclo 2o Ciclo 3o Ciclo 4o Ciclo 5o Ciclo
2500 520 a 383 a 469 a 435 a 455 a
2000 503 ab 332 b 400 b 425 a 420 a
1666 481 b 307 c 376 c 377 b 376 b

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A influência da densidade sobre o comprimento do ciclo foi verificada em diversos estudos,
sendo que Melin et al. (1976), Chundawat et al. (1983), Gomes et al. (1984), Robinson (1984),
Chattopadyay et al (1985), Daniels et al. (1985) e Lichtemberg et al. (1986, 1988, 1990, 1994 e 1996a)
verificaram que o ciclo se alonga com o aumento da densidade do bananal. Robinson & Nel (1986)
atribuem este comportamento à menor transmissão de radiação e à redução da temperatura do
ambiente nas maiores densidades.
Jagirdar et al. (1963) e Moreira & Carvalho (1970) não verificaram este efeito, provavelmente
porque avaliaram somente a primeira safra, quando os efeitos da densidade são menores.
Normalmente, o comportamento da duração do ciclo da bananeira em relação ao aumento da
densidade, segue o seguinte modelo de curva:

duração do ciclo (dias

densidade de plantio

7. Efeito sobre a produtividade por safra

Devido ao maior número de plantas por área e, consequentemente, maior número de cachos
colhidos por área em cada safra, a produtividade do bananal aumenta com o aumento da densidade de
plantio.
Com o passar dos ciclos este efeito diminui, pela redução do peso do cacho, devido à
competição entre as plantas nas maiores densidades. O efeito da densidade é maior no primeiro e no
segundo ciclo, porque nestes ciclos a competição por luz é menor (Tabela 2). No primeiro ciclo não há
sombreamento, e os filhotes que produzirão a segunda safra sofrem pouco com o sombreamento,
porque as plantas da primeira safra são de menor porte.

TABELA 2. Produção por hectare em cinco ciclos suscessivos e produção acumulada em 91


meses, de banana Nanicão, sob três densidades de plantio. Guaramirim - SC
(Lichtemberg et al., 1996).

DENSIDADES Produção por hectare (t.ha-1)


(plantas/ha) 1o Ciclo 2o Ciclo 3o Ciclo 4o Ciclo 5o Ciclo Acumulada
(91 meses)
2500 57,7 a 80,3 a 77,2 a 79,6 a 71,2 a 412,1 a
2000 48,3 b 62,8 b 66,4 a 71,2 a 66,4 a 377,1 ab
1666 41,4 c 52,8 c 62,5 a 59,2 b 60,7 a 368,8 b

Maiores produtividades por ciclo foram obtidas em maiores densidades em estudos de Bhan
& Mazunder (1961), Silva & Campos (1976), Kohli et al. (1976), Obiefuna et al. (1982 e 1983),
Chundawat et al. (1983), Gomes et al. (1984), Robinson (1984), Chattopadhyay et al. (1985), Daniels
et al. (1985), Lichtemberg et al. (1986, 1988, 1994 e 1996) e Robinson e Nel (1986), devido ao maior
número de cachos colhidos.
21
Trabalhando com densidades muito altas, Irizarry et al. (1978) não observaram efeitos
significativos no primeiro ciclo de produção.
Normalmente, o comportamento da produtividade por ciclo dos bananais em relação ao
aumento da densidade, segue o seguinte modelo de curva:

produção por área

densidade de plantio

8. Efeito sobre o peso do cacho

Pela maior competição entre plantas, o peso do cacho cai com o aumento da densidade de
plantio e de condução do bananal.
Este efeito, inexistente ou pouco pronunciado nas duas primeiras safras, devido ao menor
sombreamento das plantas nestes ciclos de produção, se intensifica a partir do terceiro ciclo (Tabela 3).

TABELA 3. Peso médio do cacho em cinco ciclos suscessivos de bananeira ‘Nanicão’, sob
três densidades de plantio, em Guaramirim - SC (Lichtemberg et al, 1996).

DENSIDADES Peso médio do cacho (kg)

(plantas/ha) 1o Ciclo 2o Ciclo 3o Ciclo 4o Ciclo 5o Ciclo


2500 24,440 a 32,121 a 32,405 b 33,684 b 29,194 b
2000 24,774 a 31,386 a 36,168 ab 36,651 ab 36,157 a
1666 24,833 a 32,535 a 40,960 a 37,689 a 38,611 a

Assim como o peso do cacho, os seus componentes, como número de pencas por cacho
(Tabela 4), número de frutos por penca, comprimento, diâmetro e peso do fruto apresentam
comportamentos similares com relação ao aumento da densidade de plantio.

TABELA 4. Número de pencas por cacho em cinco ciclos suscessivos de bananeira


‘Nanicão’, sob três densidades de plantio, em Guaramirim - SC (Lichtemberg
et al., 1996).
DENSIDADES 1o Ciclo 2o Ciclo 3o Ciclo 4o Ciclo 5o Ciclo
(plantas/ha)
2500 8,5 a 10,3 a 10,8 b 10,4 a 10,0 c
2000 8,5 a 9,9 a 10,9 b 10,7 a 11,0 b
1666 8,5 a 10,1 a 11,6 a 11,1 a 11,7 a

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A redução do peso do cacho com o aumento da densidade foi verificado nos estudos de
Baghdady et al. (1959), Matos et al. (1970), Irizarry et al. (1978), Obiefuna et al. (1982 e 1983),
Chundawat et al. (1983), Robinson (1984), Gomes et al. (1984), Daniels et al. (1985), Chattopadhyay
et al. (1985), Robinson & Nel (1986) e Lichtemberg et al. (1988, 1994 e 1996).
Devido ao menor efeito da densidade sobre os primeiros ciclos, Lichtemberg et al. (1994 e
1996), somente detectaram diferenças significativas neste sentido, a partir do terceiro ciclo, e Bhan &
Mazunder (1961) a partir do quarto ciclo.
Similarmente, Jagirdar et al. (1963) e Silva & Campos (1975), não observaram este efeito,
porque analisaram somente o primeiro ciclo de produção.
Normalmente, o peso médio do cacho em relação ao aumento da densidade é afetado
conforme o seguinte modelo de curva:
peso do cacho

densidade de plantio

9. Produtividade por ano e a densidade ideal

Segundo Lichtemberg (1984) e Robinson (1995) a produtividade média anual é a variável


mais importante para determinar a densidade ideal de plantio. Normalmente, esta densidade é aquela
que permite a maior produção de banana por área por ano, sem que o tamanho dos frutos seja reduzido
ao ponto de serem desclassificados na comercialização. Os fatores peso de frutas e preço pago pela
fruta de cada categoria de classificação são importantes na escolha da densidade de plantio e condução
do bananal. Desta forma os aspectos quantidade e qualidade (frutas de boa classificação) são
igualmente importantes nesta escolha.
Na realidade, o componente custo também deve ser levado em conta, para a determinação da
densidade ideal, pois como já foi colocado, os custos variam com as diferentes densidades. Portanto, o
que realmente define a densidade ideal de plantio é a margem líquida média por ano, durante toda a
vida do bananal. Os componentes que definem a margem líquida são: o custo de produção, a vida útil
do bananal, a quantidade de fruta comercial produzida por ano, a qualidade da fruta (classificação) e os
preços recebidos por cada categoria de fruta.

10. Densidade em climas quentes, secos e de alta luminosidade

Em climas quentes e secos, com regular estresse de calor, os bananais requerem altas
densidades para a formação de microclima adequado ao desenvolvimento das plantas. A sombra
formada pelo adensamento do bananal produz uma proteção microclimática às plantas e reduz a
intensidade luminosa, excessiva nestes climas. Cayón et al. (1995) verificaram que a transpiração é
menor em densidades mais elevadas, devido ao maior sombreamento. Por esta razão, neste tipo de
clima, bananeiras de porte médio são plantadas em densidades superiores a 3.000 plantas/ha. Nos

23
trópicos semi-áridos do nordeste da Austrália a cultivar Willians é cultivada com 3.333 plantas/ha
(Robinson), 1995).
Espaçamentos em filas duplas ou com grandes distâncias entre filas não são recomendáveis
para estes climas, devido à elevada evapotranspiração potencial nestas condições. Também nestes
climas, o sistema de irrigação ideal é a aspersão subcopa, com lâmina d’água elevada por turno de rega
e com cobertura total do solo. Esta é mais uma razão para a não utilização das filas duplas, que são
utilizadas, principalmente, pela sua adequação aos sistemas de irrigação por micro e mini-aspersão.
Por outro lado, nos climas frios e de baixa luminosidade recomenda-se densidades mais
baixas. No Sul do Brasil, nas encostas com exposição Norte planta-se cerca de 2000 plantas de banana
Nanicão por hectare. Nas encostas com exposição Sul planta-se apenas 1333 plantas/ha.

11. Porte da planta e espaçamentos de plantio

Bananeiras de porte baixo, pela sua facilidade de manejo e de colheita, normalmente exigem
menores espaços para crescerem e produzirem seus cachos. A bananeira ‘Nanica’, por exemplo,
dependendo das condições locais, pode ser cultivada em altas densidades. Os espaçamentos mais
usuais para esta cultivar são: 2,0 x 2,0 metros e 1,5 x 2,0 metros.
Bananeiras de porte médio exigem espaçamentos ligeiramente maiores, nas mesmas
condições de cultivo. A bananeira ‘Grande Naine’, pode ser cultivada em espaçamentos como: 2,0 x
2,0 metros, 2,0 x 2,5 metros, 2,0 x 3,0 metros e 2,5 x 2,5 metros, dependendo das condições locais. A
bananeira ‘Nanicão’ de porte mais elevado exige espaçamentos um pouco maiores, como 2,0 x 2,5
metros, 2,0 x 3,0 metros, 2,5 x 2,5 metros e 2,5 x 3,0 metros. A bananeira ‘Enxerto’, de altura
equivalente à ‘Nanicão’, mas com maior área foliar e maior vigor, exige um pouco mais de espaço,
com espaçamentos mais usuais de 2,0 x 2,5 metros, 2,0 x 3,0 metros, 2,5 x 3,0 metros; 2,0 x 3,5 metros
e 2,0 x 4,0 metros.
Bananeiras de porte alto exigem maiores espaços para desenvolverem-se e produzir. O
espaçamento entre filas deve ser ampliado, para facilitar a operação da colheita. Desta forma, a
bananeira ‘Mysore’ e ‘Maçã’ normalmente são cultivadas nos espaçamentos 2,0 x 3,0 metros, 2,5 x 3,0
metros, 2,0 x 3,5 metros e 2,0 x 4,0 metros. As bananeiras Branca, Prata e Pacovan, exigem
espaçamentos ainda maiores, por sua maior altura e área foliar, tais como: 2,0 x 3,0 metros, 2,0 x 3,5
metros, 2,0 x 4,0 metros, 3,0 x 3,0 metros, 3,0 x 3,5 metros, 2,5 x 4,0 metros, 3,0 x 4,0 metros e 4,0 x
4,0 metros, segundo as condições locais e as exigências do mercado.
Estes espaçamentos podem ser equivalentes a outros com densidades iguais ou próximas, já
que o arranjo espacial influencia menos a produtividade e tamanho do cacho do que a densidade de
cultivo.

12. Arranjos espaciais do espaçamento

Para uma mesma densidade de plantio diversos espaçamentos e arranjos espaciais são
possíveis. Os arranjos mais comuns na bananicultura são os seguintes:
EM QUADRADO: As plantas ficam alinhadas nas duas direções e equidistantes. Por se
distribuirem bem na área, as plantas exploram bem o solo e aproveitam bem a luz. É um arranjo que
permite uma alta eficiência fisiológica e um alto uso da radiação solar. Para uma densidade de 1666
plantas por hectare se usa o espaçamento de 2,45 x 2,45 metros.

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TRIÂNGULAR - A distribuição em triângulo é a que permite a melhor distribuição de plantas
na área de cultivo. Em triângulo, para se obter uma densidade de 1666 plantas por hectare pode ser
usada a distância de 2,45 metros entre linhas e entre plantas. Outra possibilidade por exemplo é o
espaçamento de 3,00 metros entre linhas e 2,00 metros entre plantas. Geralmente, é o arranjo que
permite o melhor aproveitamento de luz e solo.

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RETANGULAR - Também é um arranjo que permite uma distribuição bastante eficiente das
plantas no bananal, embora não tanto como as anteriores. Porém pela maior distância entre as linhas de
plantio, facilita a colheita e alguns tratos culturais, como o escoramento das plantas, por exemplo. Para
uma densidade de 1666 plantas por hectare, uma das possibilidades, neste arranjo, é o espaçamento
2,00 x 3,00 metros. Outros exemplos podem ser encontrados na Tabela 5.

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RETANGULAR COM RUA LARGA - É menos eficiente que o anterior, mas a elevada
distância entre linhas, permite o trânsito de máquinas, facilita a colheita, os tratos culturais e o acesso a
todas as plantas. Um exemplo de espaçamento para a densidade de 1666 plantas por hectare, é o de
1,50 x 4,00 metros. Facilita a entrada de luz, mas aproveita mal o solo e favorece a incidência de
plantas daninhas nas entrelinhas.

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LINHA DUPLA - É das distribuições espaciais de plantas de menor eficiência fisiológica e de


pior uso do solo e da radiação solar. Por outro lado, este arranjo permite melhor visualização dos
cachos na colheita; facilita a operação da colheita, o escoramento e outras práticas culturais; reduz os
danos mecânicos nos cachos; permite o acesso direto a todas as plantas do bananal; permite a

25
passagem de tratores e máquinas; permite o melhor controle da irrigação, se adaptando a sistemas de
irrigação mais baratos, como a microaspersão, a miniaspersão e o gotejamento; dispensa a perda de
terreno com carreadores e, nos climas com deficiência de luz, melhora o crescimento dos filhotes.
Como desvantagens, além da já citada, aumenta a ocorrência de plantas daninhas entre as filas duplas;
não se adapta aos climas quentes e secos; abre a linha dupla, na busca de luz em bananais não irrigados
e; fecha a linha dupla nos bananais fertirrigados, em poucos anos. Exemplos de espaçamentos em
linhas duplas, para a densidade de 1666 plantas por hectare são 1,50 x 2,00 x 6,00 metros, 1,50 x 3,00
x 5,00 metros e 2,00 x 2,00 x 4,00 metros. Outros exemplos podem ser encontrados na Tabela 6.
Na linha dupla utiliza-se distâncias maiores entre as linhas duplas e distâncias menores entre
plantas e entre as linhas simples.

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Na linha dupla as plantas podem ser distribuídas em quadrado, ou em triângulo, como no


desenho anterior.

HEXAGONAL - É um arranjo que permite em altas densidades, que se mantenha uma boa
penetração de luz no bananal. Na prática é uma distribuição triangular, da qual se retira uma a cada três
plantas (ou uma a cada três linhas). Ou ainda, uma distribuição em fila dupla, onde a distância entre
filas duplas é menor que o convencional, a distância entre linhas é menor que a distância entre plantas
e as bases dos triângulos da linha dupla estão voltadas uma para a outra. A densidade de 1666 plantas
neste caso seria alcançada com um espaçamento triangular de 2,66 x 1,50 metros ou de 2,58 x 1,55
metros, que a cada três linhas fosse retirada uma ou, respectivamente, espaçamentos em filas duplas de
2,66 x 1,50 x 3,00 metros e de 2,58 x 1,55 x 3,10 metros.
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Robinson et al (1989) estudaram a cultivar Willians na densidade de 1666 plantas por hectare,
com três arranjos espaciais, retangular (2,00 x 3,00m), retangular com rua larga (1,50 x 4,00m) e em
linhas duplas (1,50 x 2,00 x 6,00m). A produtividade da retangular com rua larga foi 4,6% inferior ao
retangular e a da linha dupla, 7,4% menor do que o retangular. Segundo os autores isto se deveu à

26
maior eficiência fisiológica e ao maior uso da radiação solar no arranjo retangular. As diferenças,
porém, foram relativamente pequenas.

13. Desbastes

Toda a discussão feita até o momento supõe a condução das touceiras em famílias, ou seja, uma
planta de cada geração por touceira.
A condução de mais do que uma família por cova, traz consigo os seguintes problemas:
• Manejo e condução mais difícil.
• Competição dentro da linha de plantio, por água e nutrientes e por luz, devido o
entrelaçamento de folhas e raízes, pela proximidade das plantas.
• Contato entre filhotes e cachos é mais frequente, prejudicando o crescimento dos primeiros e
danificando os frutos.
• Dificuldade na colheita (as folhas ficam presas nas plantas vizinhas).
• Ocorrência das principais desvantagens das altas densidades, principalmente o alongamento
do ciclo e a redução do peso dos cachos.
O melhor aproveitamento do solo, água e luz, para uma mesma densidade do bananal, é
obtida com uma maior distribuição das plantas na área e com a condução de uma família por touceira.
Porém, quando é difícil ou caro a obtenção de mudas livres de doenças e pragas, a condução de
bananais em touceiras é aceitável.
Com cultivares sucetíveis ao “mal-do-panamá” é comum a condução dos bananais em
touceiras, pela dificuldade de obter-se grandes quantidades de mudas sadias. Outra razão para este
procedimento é a redução na interferência no ambiente natural do bananal, através dos desbastes.
Nestas cultivares, recomenda-se apenas cortar os filhotes acima do nível do solo, quantas vezes sejam
necessárias para a sua eliminação. As bananeiras ‘Maçã’ e ‘Enxerto’, neste caso, são frequentemente
plantadas nos espaçamentos 4 x 4 metros e 5 x 5 metros. No espaçamento 4 x 4 metros, tem-se 625
plantas por hectare no primeiro ciclo. Recomenda-se manter 3 a 4 filhotes por touceira no segundo
ciclo (1875 a 2500 plantas por hectare) e 3 seguidores (netos) por touceira no terceiro ciclo (1875
plantas por hectare), reduzindo-se o número de plantas nos ciclos seguintes, se necessário. No
espaçamento 5 x 5 metros, tem-se 400 plantas por hectare no primeiro ciclo. Recomenda-se deixar 4 a
6 filhotes por touceira no segundo ciclo (1600 a 2400 plantas por hectare) e 4 filhotes seguidores
(netos) no terceiro ciclo (1600 plantas por hectare), reduzindo-se, se necessário, o número de plantas
nos ciclos seguintes.
As bananeiras ‘Branca’, ‘Prata’e Pacovan, pelas mesmas razões, muitas vezes são plantadas
em espaçamentos como 4 x 4 metros, 5 x 5 metros e 6 x 6 metros. Nestes casos, são recomendados
procedimentos parecidos com os anteriores, para a recomposição da densidade na segunda safra e nas
seguintes.
O desbaste, portanto, tem sido usado para manter a população do bananal e como forma de
obter uma produção regular ou em uma época desejada.
Deve-se ter em conta que o crescimento do filho nas cultivares do subgrupo Cavendish
depende fundamentalmente da planta-mãe. A presença da planta-mãe inibe, neste caso, o crescimento
do filho, que só se desenvolve após a colheita. O vigor do filho também depende do vigor da planta-
mãe.
Nos diversos países do mundo diferentes métodos de desbaste são realizados. Estes métodos
podem ser divididos em métodos químicos e métodos mecânicos. Dentre os métodos mecânicos
podemos enumerar uma série de procedimentos utilizando-se ferramentas:
a) Nas Canárias elimina-se totalmente o filhote com uma ferramenta manual; b) Cortes
repetidos das brotações (duas a quatro vezes, até a morte do filhote) como feito na América Central e
alguns bananais de Santa Catarina; c) Corte do filho rente ao solo, seguido da eliminação da gema de
crescimento com “lurdinha” (como em São Paulo) ou com a ponta do facão ou penado (como em
Santa Catarina).

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Entre os métodos químicos podemos destacar: a) aplicação de 2 a 5ml de querosene por
filhote, como feito nas Canárias e nas ilhas portuguesas; b) injeção de 1 a 2ml de gasolina, segundo o
tamanho do broto, como feito em Israel; c) aplicação de 2 a 12 gotas de 2,4-D, a 3% do ingrediente
ativo, dentro dos filhotes de 3 a 6 cm de altura, como recomentado na Austrália. Os métodos químicos
não são utilizados no Brasil nem na bananicultura americana. Na África do Sul não se recomenda
métodos químicos, devido aos riscos de prejudicar a planta-mãe, principalmente quando a dosagem
não é bem feita.
Quanto ao tipo de filhote a ser selecionado, na África do Sul recomenda-se selecionar filhotes
fortes e sadios, nas Canárias filhotes do tipo “espada” e na América Tropical recomenda-se escolher o
filhote axial, que normalmente é mais vigoroso e normalmente é o primeiro que aparece. A escolha do
filho axial facilita também a manutenção do alinhamento da família (mãe-filho-neto-bisneto-etc) e,
consequentemente, do bananal. As vezes este filho é prejudicado por condições do solo ou pelas
condições climáticas da época que emerge. A melhor escolha parece ser a de um filhote vigoroso e
sadio, adequadamente localizado na touceira. Os primeiros filhos a surgirem geralmente sãos os mais
profundos (gemas mais velhas). Se um filho mais novo apresenta o mesmo tamanho que um mais
velho é sinal de que apresenta maior vigor.
Nos subtrópicos, como em Santa Catarina, nem sempre o filho axial é o mais indicado, porque
normalmente brota durante o inverno. Nas Ilhas Canárias elimina-se os primeiros filhotes, que brotam
no inverno. Escolhe-se, então filhotes da segunda brotação, na primavera, ou até da terceira brotação.
Na África do Sul escolhe-se o filhote na primavera. Não se desbasta, neste caso, a partir de dois meses
antes do inverno, porque o filhote selecionado pode não se desenvolver posteriormente.
Em trabalho realizado na África do Sul, o desbaste foi feito aos 4, aos 6 e aos 8 meses após o
plantio. Quanto mais cedo se fez o desbaste, mais cedo produziu a planta filho (menor o segundo
ciclo). Por outro lado, quanto mais tardio o desbaste mais pesado foi o cacho no segundo ciclo.
Nas Ilhas Canárias se evita selecionar filhotes que diferenciam a flor do inverno, porque estes
produzem cachos pequenos e com frutos curtos. Além disso, no final da primavera e início de verão os
preços são mais baixos nas Canárias, que tem seus melhores preços no inverno. Na África do Sul,
busca-se o mesmo procedimento, para obter-se cachos maiores e melhores preços. Desta forma,
seleciona-se filhos que tenham entre 30 e 60 centímetros em dezembro ou entre 60 e 90 centímetros
em janeiro. Para isto, todos os filhotes são eliminados até a primavera. A partir dai deixa-se brotar
todos os filhotes para selecioná-los no verão. É claro que o tamanho do filho, somente, não garante o
direcionamento da época de colheita. Esta estará, também, muito dependente do estágio de
desenvolvimento da planta-mãe.
Noutra linha, pesquisadores, também da África do Sul, recomendam a seleção do filhote no
primeiro ciclo dez meses após o plantio, época aproximada da diferenciação floral, evitando assim a
inibição do filhote pela planta mãe.
Após seleção, os filhos indesejados devem ser eliminados quando alcançam 30 centímetros de
altura, porque a sua permanência pode reduzir o peso do cacho em até 18%. Em Santa Catarina,
verificamos este efeito na planta mãe quando mantivemos dois filhos por touceira.
Na Austrália recomenda-se selecionar o primeiro filho vigoroso e profundo que aparece em
boa localização (lado mais alto das encostas ou na direção desejada nas várzeas). Isto ocorre
normalmente cerca de 6 meses após o plantio. A partir daí elimina-se frequentemente os filhotes que
surgem. Quando se deseja obter colheitas o mais frequente possível deve-se escolher também nos
demais ciclos o primeiro filhote vigoroso que aparecer. Quando se deseja manter a época de produção
(um cacho por ano) é recomendado eliminar todos os filhos até próximo a época da floração e a partir
daí selecionar o primeiro filho normal e vigoroso.
Em Israel, para evitar a diferenciação floral no inverno, o desbaste é baseado em estudos de
lançamento de folhas até a floração. Naquelas condições as bananeiras do subgrupo Cavendish
produzem 38 + 2 folhas, em média, até o lançamento do cacho. Ao chegar o inverno os filhos
selecionados devem ter produzido de 22 a 24 folhas, com a iniciação floral ocorrendo 4 a 5 folhas
depois, abril a maio para Israel, (outubro a novembro para Santa Catarina). Entre julho e agosto

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(janeiro a fevereiro para nós) o cacho é lançado. Existem as seguintes recomendações de desbaste em
Israel:
Em bananais irrigados por aspersão, no primeiro ciclo, seleciona-se um filho de 8 folhas, em 8
de agosto (8 de fevereiro para nós). No segundo ciclo e nos seguintes seleciona-se para a Nanica um
filho de 6 folhas e para a Grande Naine e Willians um filho de 7 folhas em 6 de junho (6 de dezembro
para as nossas condições).
Em bananais irrigados por gotejo, no primeiro ciclo, seleciona-se um filho de 5 folhas para a
Nanica ou um filho de 6 folhas para a Grande Naine e Willians, em 8 de agosto (8 de fevereiro em
Santa Catarina). No segundo e demais ciclos escolhe-se um filho de 4 folhas para a Nanica ou um filho
de 5 folhas para a Grande Naine e Willians, em 6 de junho (6 de dezembro, para nós). É claro que isto
é feito em bananais com uniformidade de mudas (micropropagadas), adubação e irrigação.
Nas Canárias, o procedimento normal para a Pequeña Enana (Nanica) é a eliminação de todos
os filhos nascidos antes de abril (outubro para nós), através de desbastes frequentes. Dentre os filhos
que emergem na primavera, se escolhe o sucessor bastante desenvolvido, no mês de junho (dezembro
para nós) ou até em julho (janeiro para nós). Deseja-se com isto, a emergência do cacho no final do
verão e a colheita anual nos meses de inverno.
Uma recomendação de desbaste feita para plantações ao ar livre nas Ilhas Canárias, leva em
conta a posição do filhote na touceira (Norte, Sudeste ou Sudoeste, ou seja, Sul, Nordeste ou Noroeste,
para nós), o número de folhas visíveis, o número de folhas com mais de 10cm de largura, a altura do
filhote e a cultivar utilizada.

TABELA 5. Espaçamentos em filas simples e suas densidades por hectare

ESPAÇAMENTO DISTÂNCIA ENTRE DISTÂNCIA ENTRE PLANTAS POR


(metros) PLANTAS (m) FILAS (m) HECTARE
1,00 x 1,00 1,00 1,00 10.000
1,00 x 2,00 1,00 2,00 5.000
1,25 x 2,00 1,25 2,00 4.000
1,00 x 3,00 1,00 3,00 3.333
1,50 x 2,00 1,50 2,00 3.333
2,00 x 2,00 2,00 2,00 2.500
1,50 x 3,00 1,50 3,00 2.222
2,00 x 2,50 2,00 2,50 2.000
1,80 x 2,80 1,80 2,80 1.984
2,00 x 3,00 2,00 3,00 1.666
2,45 x 2,45 2,45 2,45 1.666
1,50 x 4,00 1,50 4,00 1.666
2,50 x 2,50 2,50 2,50 1.600
2,00 x 3,50 2,00 3,50 1.428
2,50 x 3,00 2,50 3,00 1.333
2,00 x 4,00 2,00 4,00 1.250
3,00 x 3,00 3,00 3,00 1.111
2,50 x 4,00 2,50 4,00 1.000
3,00 x 3,50 3,00 3,50 952
3,00 x 4,00 3,00 4,00 833
4,00 x 4,00 4,00 4,00 625
5,00 x 5,00 5,00 5,00 400
6,00 x 6,00 6,00 6,00 277

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TABELA 6. Espaçamentos para filas duplas e suas densidades

ESPAÇAMENTO DISTÂNCIA DISTÂNCIA DISTÂNCIA PLANTAS POR


(metros) ENTRE AS ENTRE ENTRE AS HECTARE
PLANTAS FILAS FILAS DUPLAS (No)
(X) (Y) (Z)
3,00 x 3,00 x 5,00 3,00 3,00 5,00 833
2,50 x 3,00 x 5,00 2,50 3,00 5,00 1.000
2,00 x 3,00 x 5,00 2,00 3,00 5,00 1.250
2,00 x 2,50 x 5,00 2,00 2,50 5,00 1.333
2,00 x 2,00 x 5,00 2,00 2,00 5,00 1.428
1,75 x 2,50 x 5,00 1,75 2,50 5,00 1.524
1,75 x 2,25 x 5,00 1,75 2,25 5,00 1.576
1,50 x 2,00 x 6,00 1,50 2,00 6,00 1.666
2,00 x 2,00 x 4,00 2,00 2,00 4,00 1.666
2,66 x 1,50 x 3,00 2,66 1,50 3,00 1.666
1,50 x 3,00 x 5,00 1,50 3,00 5,00 1.666
1,50 x 2,50 x 5,00 1,50 2,50 5,00 1.778
1,50 x 2,25 x 5,00 1,50 2,25 5,00 1.839
1,50 x 2,00 x 5,00 1,50 2,00 5,00 1,905
1,60 x 1,90 x 4,60 1,60 1,90 4,60 1.923
1,25 x 3,00 x 5,00 1,25 3,00 5,00 2.000
1,40 x 2,10 x 5,00 1,40 2,10 5,00 2.012
1,50 x 2,00 x 4,00 1,50 2,00 4,00 2.222
1,75 x 1,90 x 3,00 1,75 1,90 3,00 2.333
1,70 x 2,00 x 3,00 1,70 2,00 3,00 2.354
1,65 x 2,00 x 3,00 1,65 2,00 3,00 2.424
1,75 x 2,00 x 2,50 1,75 2,00 2,50 2.515
1,50 x 2,00 x 3,00 1,50 2,00 3,00 2.667
1,00 x 1,00 x 5,00 1,00 1,00 5,00 3.333

14. Correções ou ajustes da densidade

No caso de bananais, que pela ocorrência de pragas e doenças, por manejo deficiente, por
baixa fertilidade do solo ou por outras razões, o vigor das plantas está abaixo da expectativa inicial, e
consequentemente, com grande penetração da luz solar (bananais que não fecham), o aumento da
densidade poderá ser feito pela condução de duas famílias por cova, parcialmente ou em todo o
bananal (Lichtemberg, 1984 e Malburg et al., 1997).
O mesmo artifício poderá ser utilizado quando o “stand” do bananal for reduzido pela
ocorrência de ventos, pragas, doenças ou outras razões.
30
Outra forma de adensar o bananal é plantar algumas bananeiras (mudas grandes) nos espaços
abertos. Neste caso, mata-se a gema central de crescimento da muda, deixando-se crescer uma gema
lateral (filhote).
Quando o espaçamento escolhido mostrar-se muito apertado, com o excesso de
sombreamento, pode-se eliminar algumas plantas do bananal, para corrigir a sua densidade.

15. Densidades para a produção de mudas e frutos

No primeiro ciclo de produção as plantas são menores e não ocorre grande competição por
luz, água e nutrientes. Neste caso, é possível aumentar a densidade de plantio, eliminando-se parte das
plantas posteriormente. Esta técnica é utilizada quando, além de se produzir cachos, se deseja produzir
mudas para a ampliação do bananal. As touceiras eliminadas são transformadas em mudas. As plantas
que serão eliminadas não devem ser desbastadas, para aumentar a produção de mudas.
Após a produção da primeira safra, pode-se eliminar a metade das plantas para a obtenção de
mudas. Neste caso, por exemplo, quando se deseja um espaçamento de 2,00 x 2,50 metros, pode-se
plantar no espaçamento 2,00 x 1,25 metros ou 1,00 x 2,50 metros, eliminando-se a metada das plantas
após a produção do primeiro cacho. No caso de se desejar o espaçamento final de 2,00 x 3,00 metros,
pode-se plantar no primeiro ano 2,00 x 1,50 metros. O mesmo pode ser feito nos demais espaçamentos,
sempre dobrando a população desejada, inclusive em alguns espaçamentos em filas duplas.
Outro procedimento possível para a produção de frutos e mudas é plantar o dobro da
densidade final desejada, eliminando-se 25% das plantas após a produção da primeira safra e um terço
das plantas remanescentes após a produção da segunda safra.

16. Densidade para safra única

Quando o bananicultor dispõe de pequena área para plantio, quando a produção deve ser
direcionada apenas para uma determinada época do ano, ou ainda, quando a cultivar utilizada tem uma
baixa longevidade econômica, são recomendadas altas densidades de plantio dos bananais. Este
procedimento pode também ser adotado quando se deseja um rápido retorno do capital investido.
Nestes casos, normalmente, a exploração econômica do bananal é feito apenas na primeira safra.
Moreira, em São Paulo, estudou densidades de até 10.000 plantas de banana Mysore por
hectare, em diferentes níveis de poda de pencas, visando a exploração de safra única (dados
apresentados no Treinamento Regional sobre Bananicultura, Florianópolis - SC, 15 a 18/09/84),
obtendo altíssimas produtividades.
Valência et al. (1996) estudaram 10 densidades para a cultivar Dominico Hartón, com
distâncias entre filas de 2,00 e 2,50 metros e distâncias entre plantas de 1,00; 1,25; 1,50; 1,75 e 2,00
metros, com produtividade crescente com o aumento da densidade.
Belalcázar Carvajal, citado por Alves e Oliveira (1995), obteve, na primeira safra, os
seguintes resultados:
• Para a densidade de 4.998 plantas por hectare, 51,8 toneladas de frutos em 20 meses,
com a colheita de 78% das plantas.
• Para a densidade de 3.332 plantas por hectare, 40,5 toneladas de frutos em 18 meses,
com a colheita de 85% das plantas.
• Para a densidade de 1.666 plantas por hectare, 23,2 toneladas de frutos, em 15,5 meses,
com a colheita de 93% das plantas.
Irizarri et al. (1981), em Porto Rico, obtiveram ótima produtividade em safra única, sem a
redução do tamanho do fruto abaixo do mínimo comercial para bananas de cozinhar (tipo D’angola),
isto é, 270 gramas. Obiefuna et al. (1982), com o mesmo tipo de banana, obtiveram a melhor safra de
frutos comerciais, na Nigéria, com 3.200 plantas por hectare. A densidade de 6.000 plantas melhorou a
produtividade, mas reduziu o peso do fruto para 170 gramas, em média. Na Colômbia, Belalcazar et
31
al. (1994) constataram que a melhor densidade para a cultivar Dominico Hartón, do mesmo tipo, foi
de 5.000 plantas por hectare.
Portanto, altas densidades, quando se deseja colher apenas a primeira safra, são viáveis e
devem ser estudadas para diferentes cultivares e regiões.
Quando se utiliza estas densidades, deve-se desbastar totalmente os filhotes. No caso de falhas
no brotamento das mudas, não se recomenda o replantio, pois com o sombreamento, as mudas
replantadas serão dominadas e não se desenvolverão. As plantas dominadas, comuns em altas
densidades, devem ser eliminadas (Moreira, 1987). Por estas razões o percentual de cachos colhidos
em relação ao número de mudas plantadas, diminui com o aumento da densidade. Perez (1995)
também verificou uma maior perda de plantas nas maiores densidades.
Quando se explora apenas uma safra, o procedimento mais indicado é manter as plantas
totalmente desbastadas e interplantar novas mudas no espaço entre linhas, para um novo cultivo. Arcila
et al. (1996) determinaram que para a cultivar Dominico Hastón, na densidade de 3.333 plantas por
hectare, o momento ideal para fazer o interplantio é quando cerca de 50% das plantas do primeiro
plantio já foram colhidas. Para o interplantio, deve-se utilizar mudas com no mínimo um quilograma.
Outra forma de prosseguir a exploração em alta densidade, especialmente em plantas de porte
médio e baixo, é manter as plantas totalmente desbastadas até o final da colheita e, nesta oportunidade,
decepar todas as plantas na base do pseudocaule. A partir daí escolhe-se um filhote seguidor, para uma
segunda safra. Este tipo de manejo, porém, é difícil de ser realizado, principalmente quando a primeira
safra é muito desconcentrada.

17. Densidade variável por ciclo

Como já foi colocado, no primeiro ciclo o bananal aceita maiores densidades, porque não
existe sombreamento e as plantas são menores. No segundo ciclo, existe sombreamento, porém as
plantas que sombreiam (do primeiro ciclo) são pequenas. A partir do terceiro ciclo, o sombreamento se
intensifica e a competição entre plantas é maior.
Considerando estes fatos, pode-se ter uma densidade mais alta para o primeiro ciclo, uma
densidade intermediária para o segundo ciclo e uma densidade final, menor, para os demais ciclos da
vida do bananal.
Para cada região, tipo de solo, sistema de cultivo e cultivar, deve-se ajustar estas densidades
ideais, através de estudos específicos. Em alguns países, como Israel, África do Sul e Austrália, já
existem recomendações de manejo da densidade para a cultivar Willians.

18. Bibliografia citada e consultada

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34
CULTIVARES DE BANANEIRA

Luiz Alberto Lichtemberg

Em Santa Catarina, atualmente são recomendadas para plantio as cultivares Nanicão, Grande
Naine, Enxerto, Mysore e Branca. Outras cultivares também são cultivadas em menor escala. A seguir
são descritas as principais cultivares de banana do Brasil, com suas características e sinonimia, por
grupo genômico:

CULTIVARES DO GRUPO AA

1.1. Banana Ouro

Conhecida também por Inajá, Imperador e Bananinha. É uma planta de pseudocaule fino,
atingindo a altura de 2,50 a 4,00 metros. Seu pseudocaule é verde-amarelado, com diversas manchas
castanhas. Seu cacho tem nove a doze pencas, com peso entre 5 e 15 kg, normalmente. Suas folhas são
eretas, verde brilhante na face superior e verde claro na inferior. Os frutos são muito pequenos, com
casca e polpa amarelo-ouro, e de ótimo sabor. Devido a sua altíssima suscetibilidade ao “mal-de-
sigatoka”, geralmente, é cultivada em áreas sombreadas. A banana Ouro é tolerante ao mal-do-panamá
e medianamente tolerante à “broca-da-bananeira”. É uma cultivar plantada em pequena escala no
Litoral de Santa Catarina, Vale do Ribeira e Estado do Rio de Janeiro. É uma banana que alcança
ótimos preços no mercado e, portanto, se destina a consumidores de alta renda.

1.2. Colatina Ouro

É uma cultivar de porte médio a alto. Como a ‘Ouro’ apresenta um curto período da floração a
colheita. Produz cachos de 5 a 10 pencas, pesando de 10 a 20 kg, com bananas finas e alongadas, de
ótimo sabor. A planta apresenta características que lembram as cultivares do subgrupo Cavendish,
assim como a aparência e o sabor dos frutos. É uma cultivar de introdução recente em Santa Catarina e
ainda não cultivada comercialmente.

2. CULTIVARES DO GRUPO AAA

Neste grupo genômico, as cultivares mais importantes pertencem ao subgrupo Cavendish,


destacando-se no Brasil as cultivares Nanicão, Nanica e Grande Naine. No mundo, dezenas de
cultivares deste subgrupo são cultivadas. Outras cultivares do Grupo AAA são a Gros Michel, a Caru
Roxa a São Tomé e a Yangambi.

2.1. Nanicão

Conhecida também por Caturrão, Paulista, D’água e de Italiano, é uma cultivar que surgiu no
Litoral de São Paulo, por mutação natural da banana Nanica. Suas principais regiões de cultivo
encontram-se no Vale do Ribeira-SP, Litoral de Santa Catarina, Nordeste do Rio Grande do Sul,
Litoral do Paraná, Planalto Paulista, Sudoeste do Paraná e Litoral de São Paulo, estando presente
também em diversos outros estados brasileiros. É uma banana que tem bom mercado nos Estados de
São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul; na Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile,
membros do MERCOSUL e que teria potencial, por pertencer ao subgrupo Cavendish, nos mercados
na Comunidade Econômica Européia, no Oriente Médio, na América do Norte e no Leste Europeu. É
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uma das cultivares mais indicadas para a exportação devido a sua melhor conservação no transporte.
Em Santa catarina é a principal cultivar, em área plantada e em produção. Tem porte médio, de 2,30 a
4,00 metros de altura, e é muito produtiva. O pseudocaule é verde com manchas castanhas. A roseta
foliar apresenta grande cerosidade. Seus cachos podem apresentar de seis a quinze pencas, com 10 a 80
quilos, sendo mais comuns cachos de cerca de 30 quilos. Seus frutos são longos, de 15 a 30 cm, em
foma de “barco wiking”, com diâmetro entre 30 e 40 mm. Em Santa Catarina, atinge produtividade
entre 10 e 80 t/ha/ano, segundo o solo, o clima e a tecnologia utilizada nos cultivos. A bananeira
Nanicão é muito exigente em adubação e água, pouco resistente ao frio e ao vento, e pouco tolerante às
plantas daninhas. Quanto às principais pragas e doenças, é suscetível à “broca-da-bananeira”, aos
nematóides e ao “mal-de-sigatoka” e pouco suscetíivel ao “mal-do-panamá”. Possivelmente, a cultivar
Valery, utilizada em grande escala na bananicultura centro e Sul-americana, seja idêntica a cultivar
Nanicão.

2.2. Grande Naine

Tem características de mercado, produtividade, exigências e resistência às pragas e doenças


muito semelhantes a cultivar Nanicão. Sua planta, seu cacho e seus frutos, também são bastante
parecidos aos da Nanicão. Seu fruto, porém, é um pouco mais reto, devido a maior proximidade entre
as pencas. É uma bananeira de porte médio, com 2,00 a 3,40 metros de altura, um pouco mais baixa
que a Nanicão. Suas folhas são mais juntas e mais caídas do que as da Nanicão. Atualmente, é a
bananeira mais cultivada em diversos países produtores de banana e a mais procurada para plantio em
Santa Catarina.

2.3. Nanica

Também conhecida por Baé, Anã, Caturra e Petiça. Esta cultivar não é recomendada para o
Sul do Brasil, nem para regiões onde ocorrem períodos prolongados de seca, quando não se dispõe de
irrigação, devido ao “engasgamento do cacho”. Se adapta bem a plantios irrigados, inclusive sob
“pivô” central. Trata-se de uma cultivar de porte baixo, com 1,20 a 2,40 metros de altura. O peso do
cacho e o tamanho dos frutos são menores do que os da Nanicão e Grande Naine, sendo, porém, menos
exigente que estas. Quanto a qualidade e sabor dos frutos e a suscetibilidade às pragas e doenças é
semelhante á Nanicão. O seu cacho é mais cônico do que as anteriores, e pesa entre 10 e 60 kg.

2.4. Willians

É uma cultivar do subgrupo Cavendish, muito cultivada na Austrália e também cultivada em


Israel, Ilhas Canárias, África do Sul e Honduras. Tem porte parecido com a Grande Naine, com as
folhas mais eretas que esta, porém. Foi introduzida recentemente em Santa Catarina, por sua possível
maior resistência ao frio, encontrando-se em testes. Noutros países também é conhecida por Willians
Hybrid e por Mons Mari.

2.5. Imperial

Trata-se de uma cultivar do subgrupo Cavendish de porte alto, e possivelmente seja a mesma
cultivar Lacatan (América Central e Colômbia) e Filipino (Equador). Em Santa Catarina existem
alguns plantios antigos de banana ‘Imperial’, porém a cultivar foi abandonada devido a sua grande
altura e suscetibilidade aos ventos. A cultivar Lacatan é considerada como clone inicial do subgrupo
Cavendish, donde surgiram todos os outros (Soto, 1992). Seus frutos são característicos do subgrupo,
como as das cultivares anteriores. O cacho apresenta normalmente o “rabo torto”, ou seja, a ráquis
masculina curvilínea.

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2.6. IAC 2001

Esta cultivar é oriunda de uma recente seleção clonal de variantes somaclonais originários de
mudas micropropagadas de Nanicão no IAC, de São Paulo. Sua principal vantagem é a alta resistência
às sigatokas negra e amarela. Ainda é pouco conhecida. Em Santa Catarina, as primeiras mudas foram
plantadas na primavera de 2002.

2.7. SC – 079

Trata-se de um clone de, oriundo de variação natural no campo, coletado em 1983 na


comunidade de Guarajuva, em Corupá, SC. É um material do subgrupo Cavendish com porte mais
baixo do que Grande Naine. Possivelmente será lançado pela Epagri em 2003, com o nome de Nanicão
Corupá.

2.8. Caru Roxa

Também é conhecida como Roxa e Vinagre. Produz frutos de coloração roxa quando nova e
vermelha quando madura. Sua polpa é amarela, com sabor agradável. Normalmente é consumida
cozida, porém pode ser consumida crua. As plantas são altas, com até 6,5 metros e com pseudocaule
muito grosso, apresentando um longo ciclo de produção. Em Santa Catarina apresenta baixa produção
de filhotes. Seus cachos são pequenos, normalmente entre 10 e 20 kg, com 5 a 8 pencas. Em Santa
Catarina é cultivada apenas em fundo de quintal, porém pode alcançar altos preços no mercado, por ser
um produto diferenciado e de boa qualidade. Algumas variações desta variedade, como a ‘Colonial’ e
tipos com frutos variegados também são cultivados.

2.9. São Tomé

Também conhecida como Carú Verde. Muito parecida com a Roxa em diversas
características, porém com o pseudocaule mais claro e com as frutas verdes, de casca lisa. É uma
variação da Carú Roxa.

2.10. Yangambi

Está sendo recomendada para plantio na Bahia e no Espírito Santo, também com o nome de
Caipira. É uma cultivar introduzida da África Ocidental, rústica, muito resistente aos nematóides e a
sigatoka-negra, nisto residindo sua maior importância. Esta sendo testada em Santa Catarina,
apresentando plantas de porte médio a alto (de 3,20 a 4,50 metros no segundo ciclo), pseudocaule fino,
cachos entre 8 e 25 kg, com 6 a 11 pencas. Nas condições irrigadas do Norte de Minas Gerais produz
cachos de até 32,2 kg.

2.11. Nam

Esta cultivar é conhecida em Santa Catarina como “Baby Prata”, sendo recente a sua
introdução no Brasil pela Embrapa Mandioca e Fruticultura. Originária da Ásia, é uma cultivar muito
resistente ao mal-de-sigatoka amarela, com boa resistência ao mal-do-panamá e aos nematóides. Em
Santa Catarina tem produzido cachos de 8 a 20kg, com frutos pequenos. Apresenta baixa acidez na
polpa e sabor bastante agradável para a maioria dos degustadores. Na indústria de passas apresentou
excelente resultado. As plantas medem desde 2,10 metros (1ª safra) até 3,50 metros de altura nos
cultivos feitos em Santa Catarina. Um inconveniente da variedade é sua baixa resistência ao frio.

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2.12. Gros Michel

Foi a principal cultivar para exportação na América Central, Caribe, Colômbia e Venezuela,
até a década de 1960, quando foi substituída pela Lacatan e posteriormente pela Valery. Sua
suscetibilidade ao “mal-do-panamá” foi responsável pela dizimação dos bananais e consequente
substituição por cultivares resistentes àquela doença. Não se tem registro do seu cultivo no Brasil. A
planta é muito robusta e alta chegando até a 8 metros de altura. Seu cacho é cilíndrico e pesa entre 25 e
45 kg, com cerca de 10 pencas. Alguns híbridos originários desta cultivar, tais como Buccaneer,
Ambrosia e Calypso, vem sendo estudados pela Epagri.

3. CULTIVARES DO GRUPO AAB

Neste grupo genômico estão dois importante subgrupos de bananeiras. O subgrupo Prata
inclui as cultivares Branca, Prata, Enxerto, Maçã e Mysore, todas cultivadas no Brasil, sendo quase
todas de grande importância econômica. O subgrupo Terra inclui as cultivares Terra, D’Angola,
Terrinha, Farta-velhaco e Pacovaçu, muito importantes no Norte do Brasil e em alguns estados do
Nordeste. Estas cultivares também são importantes fontes de alimentos na África e nos países
produtores da América Latina.

3.1. Branca

Também conhecida por Branca de Santa Catarina. Cultivada desde o século passado no
Estado, esta cultivar foi a principal em área plantada em Santa Catarina até a década de 1960.
Atualmente, existem apenas cerca de 1500 hectares comerciais desta cultivar, mas sua presença é
comum nos quintais catarinenses. Seu plantio deve ser evitado em locais onde ocorrem ventos fortes,
por ser de porte alto, com 3,00 a 5,60 metros de altura. Seu cacho, lançado quase que horizontalmente,
é pequeno, entre 7 e 30 quilos, sendo normalmente de cerca de 10 quilos. O fruto é pequeno, de secção
transversal pentagonal. A polpa é quase branca, de excelente sabor. Em algumas regiões o “mal-do-
panamá” tem sido limitante ao seu cultivo. É pouco suscetível à “broca-da-bananeira” e aos
nematóides e medianamente suscetível ao “mal-de-sigatoka”. Por ser muito rústica, a bananeira
‘Branca’ normalmente é cultivada sem controle de plantas daninhas e às vezes dentro de capoeirões e
matas. Em Santa Catarina é comum o cultivo em grotões protegidos de ventos, geralmente sem
aplicação de adubos químicos e agrotóxicos. O seu fruto é o preferido no litoral catarinense, recebendo
bons preços no mercado, normalmente o dobro das cultivares do subgrupo Cavendish.

3.2. Enxerto

Também conhecida por Prata de Santa Catarina, Branca Baixa, Prata Anã, Catarina, Branca
de Jacinto Machado, Prata Rio e ultimamente, como Prata Mineira. Esta cultivar surgiu no início do
século XX, no sul de Santa Catarina, a partir de uma mutação da banana ‘Branca’. Começou a ser
cultivada na década de 1940 e já na década de 1950 tornou-se a principal cultivar de bananeira do Sul
de Santa Catarina e do nordeste do Rio Grande do Sul, o que ocorre até hoje. Na década de 1990
tornou-se também a principal cultivar do norte de Minas Gerais. É também plantada, em menor escala
em todo o Brasil. Tem sido utilizada em programas de melhoramento genético de bananeira no Brasil e
em Honduras. Atualmente é a segunda cultivar em importância em Santa Catarina, com cerca de 7.500
hectares plantados. Sua vantagem sobre as demais cultivares do subgrupo Prata é o seu porte médio
(2,20 a 4,50 metros de altura). Tem como característica a alta persistência dos retos florais e brácteas
na ráquis masculina. Seu cacho pesa entre 7 e 40 quilos em Santa Catarina, sendo normal cachos de
cerca de 15 quilos. Em bananais irrigados do Norte de Minas Gerais o cacho chega a ultrapassar os 50
quilos. O fruto é de boa qualidade, típico do grupo Prata e terminado por um “gargalo” pronunciado. A
polpa é quase branca, saborosa e levemente ácida. É uma planta rústica, vigorosa, com boa capacidade

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de competição com plantas daninhas. Apresenta um sistema radicular exuberante e grande área foliar.
É muito resistente aos ventos e ao frio, razão pela qual se estabeleceu em condições de clima menos
favorável à cultura. A bananeira Enxerto é medianamente suscetível ao “mal-de-sigatoka” e muito
pouco suscetível à “broca-da-bananeira” e aos nematóides. O “mal-do-panamá” tem sido limitante à
expansão do seu cultivo em diversas regiões de Santa Catarina e do Brasil. É uma excelente banana
para o mercado interno brasileiro. Seu transporte a longas distâncias é difícil devido a sua alta
produção de etileno, assim como em outras cultivares do subgrupo Prata. Em Santa Catarina,
normalmente é vendida a preços semelhantes aos obtidos para a banana ‘Branca’.

3.3. Prata

A planta desta cultivar é muito parecida com a da ‘Branca’, com altura de 4,00 a 6,00 metros
a partir da segunda safra, e com folhas mais eretas. É a principal cultivar em área plantada no Brasil.
Tem as mesmas restrições e características da banana Branca, , porém, com cachos e frutos um pouco
maiores. Seu fruto tem polpa creme, de sabor agradável, mas inferior ao sabor da banana Branca. É um
pouco menos suscetível ao “mal-do-panamá” e um pouco mais suscetível ao “mal-de-sigatoka”,
“broca-da-bananeira” e nematóides do que a banana ‘Branca’. Tem boa resistência à seca e a
competição com plantas daninhas.

3.4. Pacovan

É uma importante cultivar no Nordeste do Brasil, especialmente em áreas irrigadas e nos


bananais de várzeas. É uma mutante da ‘Prata’, sendo muito semelhante a esta, porém um pouco mais
alta e vigorosa. Os cachos também são mais pesados do que aqueles da bananeira Prata. Esta cultivar
tem como característica a manutenção da coloração verde no pedúnculo, após o amarelecimento total
da casca do fruto, na maturação. Apresenta frutos alongados, com “gargalo” pronunciado, com sabor
bastante parecido com o da banana Branca. Em Santa Catarina, apresentou alta ocorrência de “seca do
rabo” (podridão da ráquis masculina) no campo.

3.5. EX – 033

Trata-se de um clone da cultivar Enxerto, oriundo de variação natural no campo, coletado em


1997, na comunidade de Retiro da União em Santa Rosa do Sul, SC. Vem sendo estudado pela Epagri
desde 1999, mostrando maior resistência ao mal-do-panamá e à “fuligem-do-fruto” do que a Enxerto.
O tamanho e a coloração dos frutos também são comparativamente melhores. Possivelmente será
lançada em 2003, com o nome de Catarina ou Prata Catarina.

3.6. Maçã

Esta banana tem mercado em todo o Brasil e é a que alcança melhores preços de venda no
mercado, normalmente o dobro daqueles obtidos para a banana Branca e Enxerto. Porém é altamente
suscetível ao “mal-do-panamá”, razão pela qual dificilmente o bananal sobrevive por mais do que dois
anos. As principais regiões produtoras estão atualmente no Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Rondônia e
Pará. Em Santa Catarina existem alguns pequenos bananais desta cultivar. O seu plantio deve ser feito
em áreas novas e com mudas sadias, seguindo-se as recomendações de controle cultural do “mal-do-
panamá”. Trata-se de uma cultivar de porte médio, com 2,80 a 4,00 metros de altura. Seus cachos,
normalmente com peso em torno de 10 kg, podem atingir até 30 kg em boas condições de cultivo. Os
seus frutos são roliços, um pouco curvos, pequenos, de casca fina e delicada, de cor amarelo-pálido. A
polpa é branca, perfumada e saborosa. Suas folhas são um tanto caídas e as margens do pecíodo são de
coloração rosada. A bananeira apresenta o pseudocaule, o pecíolo e as nervuras foliares verde-
amarelado ou verde-claro. A bananeira ‘Maçã’ é bastante tolerante às plantas daninhas e
medianamente resistente ao “mal-de-sigatoka”, mas é altamente suscetível à “broca-da-bananeira” e ao

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“mal-do-panamá”. Pela dificuldade de produção e seus altos preços no mercado, atualmente é reduzido
o número de seus consumidores em relação as cultivares do subgrupo Cavendish e outras do subgrupo
Prata.

3.7. Mysore

Também conhecida por ‘Nobre’ ou ‘Maçã da Índia’, esta cultivar já foi recomendada para
plantio em diversos estados brasileiros, como Paraíba, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de
Janeiro e Santa Catarina. Seu plantio, porém, deve ser evitado em áreas sujeitas a ventos fortes, devido
ao seu alto porte (de 3,20 a 4,90 metros de altura) e sua tendência à quebra do pseudocaule. Os cachos
tem elevado número de pencas, sempre muito juntas, e pesa de 10 a 40 quilos, sendo normal cachos de
cerca de 20 quilos. Os frutos são muito pequenos, quase roliços e de casca fina, delicada, com
coloração amarelo vivo, quando maduros. A polpa rósea quando verde e amarela quando madura, tem
sabor pronunciado e característico, mas ácida e com alto teor de tanino, razão pela qual os frutos
devem ser consumidos bem maduros. Normalmente, o fruto é consumido antes da completa maturação
da polpa e esta é a razão da sua baixa aceitação no mercado brasileiro. A Mysore é a principal cultivar
da Índia, maior produtor mundial de banana. De todas as cultivares do subgrupo Prata, é a menos
sujeita a “debulha” dos frutos, quando maduros. A planta apresenta o pseudocaule de cor verde-escura
com manchas pretas e nervuras foliares e folhas jovens arroxeadas. Quase todas as plantas desta
cultivar apresentam sintomas de virose das estrias da folha da bananeira (BSV). A principal vantagem
da bananeira Mysore é a sua ótima resistência às pragas e doenças, mesmo àquelas de pós-colheita. Em
Santa Catarina, atualmente esta cultivar é recomendada com restrições. É indicada para a substituição
de bananais dizimados pelo “mal-do-panamá”.

3.8. Thap Maeo

Esta cultivar , recentemente introduzida em Santa Catarina, apresenta todas as características


da bananeira ‘Mysore’, mas sem apresentar os sintomas do vírus do BSLV. Observações preliminares
indicam que esta cultivar é mais vigorosa, mais alta e produz maiores cachos do que a bananeira
‘Mysore’. Também é conhecida como ‘Maçã da Índia’.

3.9. Verde

Produz frutas muito saborosas, lembrando a banana Branca, com quinas um pouco mais
pronunciadas, devido as suas laterais mais planas. O cacho normalmente lembra o da Pacovan, assim
como os seus frutos, geralmente mais longos do que os da cultivar Branca. A planta também é muito
semelhante as destas duas cultivares do subgrupo Prata. Sua casca permanece verde após a maturação,
o que dificulta a sua comercialização. É cultivada em quintais de Santa Catarina.

3.10. Terra

Também conhecida por Maranhão, Maranhão Branca e da Terra. Esta banana, assim como as
outras do seu subgrupo, se destina ao mercado consumidor de banana cozida, frita, assada ou em calda,
devido ao seu alto teor de amido. Seu pseudocaule é verde-claro ou verde-claro-arroxeado. As margens
das folhas e dos pecíolos são intensamente rosadas ou vermelhas. O seu rizoma tende a aflorar acima
da superfície do solo, reduzindo a sustentação das plantas. que tendem a tombar, por serem também
muito suscetíveis ao ataque da “broca-da-bananeira” e de nematóides. O tombamento de plantas é
elevado nesta cultivar, e em outras do seu subgrupo, razão pela qual dificilmente é possível o seu
cultivo por mais de um ciclo. O escoramento das plantas é prática obrigatória. A banana da Terra tem
boa resistência ao “mal-de-sigatoka” e alta resistência ao “mal-do-panamá”. As bananas deste
subgrupo são de grande importância econômica e social na Região Norte do Brasil e em alguns estados

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do Nordeste. Em Santa catarina, embora seu preço chegue a até seis vezes o das bananas Nanicão e
Grande Naine, o mercado é muito restrito, devido ao baixo número de seus consumidores.
A bananeira da Terra apresenta plantas altas, com 3,50 a 6,00 metros de altura. Produz cachos
grandes, com 18 a 30 quilos, podendo chegar a até 60 quilos. O número de pencas por cacho varia de
oito a doze, normalmente. Seus frutos são quase retos, compridos, com quinas definidas. O coração
praticamente desaparece no final do ciclo.

3.11. Terrinha

Esta cultivar, com características idênticas a banana da Terra, apresenta, porém, a planta mais
baixa, cachos menores e frutos menores.

3.12. Farta Velhaco

Conhecidos por Comprida, D’Angola, Chifre-de-boi, Pacova, Velhaca, Farta Velhaco e


Pacovaçu, existem diversos tipos de bananeiras do subgrupo Terra, que apresentam de 3 a 7 pencas e
16 a 24 frutos por cacho. Nestas cultivares os frutos são grandes, chegando a ultrapassar 40 cm de
comprimento e 400 gramas, quase roliços e de excelente qualidade. A cor da polpa pode variar do
branco ao abóbora ou rosado. O “rabo” do cacho é curto, e o coração , pequeno, desaparece antes do
fim do ciclo.
As demais características destas cultivares são semelhantes as da bananeira da Terra. Estas
cultivares são importantes na Amazônia e na Bahia. Em Santa Catarina alguns destes materiais são
cultivados em quintais.

4. CULTIVARES DO GRUPO ABB

Neste grupo genômico estão cultivares com grande resistência ao “mal-de-sigatoka”, com
pseudocaule verde-garrafa, sem manchas e folhas verde-escuras brilhantes. O engaço destas cultivares
geralmente é longo e os cachos apresentam de 5 a 9 pencas. São bananas de fritar e atingem preços no
mercado cerca de três vezes aquele obtido com as cultivares do subgrupo Cavendish, embora com
pequeno número de consumidores no Brasil.

4.1. Figo

Também conhecida por Três Quinas, Abóbora, Figo Vermelha, Sapo, Couruda e São
Domingos. É uma banana usada principalmente para fritar, devido o seu teor de amido. A altura da
planta varia de 2,5 a 4,00 metros. os frutos são grossos em relação ao seu comprimento, com casca e
geralmente áspera. A polpa apresenta normalmente uma coloração rosada, avermelhada ou alaranjada.
As pencas, em número de 5 a 8 são bem separadas e os cachos pesam normalmente de 12 a 20 kg.
É bastante resistente a seca, ao “mal-de-sigatoka”, boa tolerância ao “mal-do-panamá” e
suscetível à broca-da-bananeira.
Em Santa Catarina existem apenas pequenos plantios comerciais desta cultivar, devido ao seu
pequeno mercado consumidor, mas é bastante frequente nos quintais catarinenses.

4.2. Figo Cinza

Também conhecida como Três Quinas, Marmelo, Zinco, Figo e São Domingos. Difere da
cultivar anterior apenas pelas características de cerosidade da planta e do cacho. A casca da fruta é
revestida de cera, o que lhe confere a coloração cinza aveludada. A polpa é creme-clara.
Seu uso, suas características e distribuição de plantio são iguais a cultivar anterior.

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4.3. Pelipita

A fruta desta cultivar apresenta “gargalo” pronunciado e longo, e quinas bem menos
pronunciadas do que as frutas das cultivares anteriores. As plantas são um pouco mais altas, com até
5,00 metros. Os cachos normalmente pesam entre 15 e 20 quilos.
Sua introdução é recente em Santa Catarina e não existem plantios comerciais no Brasil.

5. CULTIVARES DO GRUPO AAAB

Estas cultivares geralmente são híbridos obtidos por cruzamentos artificiais, em programas de
melhoramento genético. Este é o caso das cultivares Pioneira, FHIA-01, FHIA-18, PA03-22 e PV03-
44. Alguns híbridos naturais como a Ouro-da-Mata e a Platina também fazem parte deste grupo.

5.1. Azedinha

Também conhecida como Mexerica e em outros estados como Ouro da Mata, Prata Maçã e
Prata Manteiga. Produz frutos saborosos e de casca limpa, porém apresenta sérios problemas de
despencamento ou “debulha”, razão pela qual não é recomendável para plantios comerciais.
As plantas são vigorosas e altas com 3,50 a 6,20 metros de altura. Seus cachos geralmente
têm de 12 a 18 kg, com 6 a 10 pencas. Provavelmente trata-se de um híbrido natural.

5.2. Pioneira

É um híbrido obtido no Programa de Melhoramento da Embrapa Mandioca e Fruticultura, a


partir das cultivares Enxerto e Lidi. Herdou características de bananeira Enxerto, mas é um pouco mais
alta. Está em estudo em Santa Catarina, apresentando cachos de 10 a 20 kg na primeira safra e de 20 a
30 kg na segunda safra, com 7 a 10 pencas por cacho. Nas condições irrigadas do Norte de Minas
Gerais produz cachos de até 30,3 kg. Apresenta frutos longos, de boa aparência. É altamente resistente
à “sigatoka-amarela”, mas tem uma certa suscetibilidade ao “mal-do-panamá”, à “sigatoka-negra”e à
“seca-do-rabo”. Tem boa resistência à “broca-da-bananeira” e aos nematóides.
Seu principal defeito é a qualidade do fruto que, embora de bom sabor, tende a apresentar
“debulha” e amolecimento de polpa na maturação.

5.3. FHIA-01

É um híbrido obtido no programa de melhoramento da FHIA, em Honduras, a partir da


cultivar Enxerto e do parental SH3263. Também herdou muitas características da bananeira Enxerto,
inclusive a resistência do fruto ao frio. Trata-se de um material muito vigoroso, que está em testes na
EEI/Epagri. Avaliações realizadas em Santa Catarina, onde também é chamada de ‘Pratão’,
constataram que o peso do cacho variou de 20 a 36 kg na primeira safra, com 7 a 10 pencas por cacho.
Apresenta frutos muito grandes e atrativos. Nas condições irrigadas do Norte de Minas Gerais produz
cachos de até 76,6 kg.
É altamente resistente à “sigatoka-negra” e ao “mal-do-panamá”, e com boa tolerância à
“sigatoka amarela, à “broca-da-bananeira” e aos nematóides.
Seu principal defeito é a qualidade da polpa do fruto, muito amilácea e pouco saborosa.

5.4. FHIA-18

Tem também origem na FHIA, porém com cachos um pouco menores do que a FHIA-01 e a
SH 36-40, com peso entre 15 a 25 kg na primeira safra e 9 a 11 pencas por cacho. A fruta é um pouco

42
menor do que a anterior e de melhor sabor. Nas condições irrigadas do Norte de Minas Gerais produz
cachos de até 60,9 kg.
Tem alta resistência `”sigatoka-amarela” e à “sigatoka-negra”, média resistência aos
nematóides e media suscetibilidade ao “mal-do-panamá”. Seu maior defeito é a tendência de
rachamento da casca na maturação, o que pode ser reduzido pelo ponto de colheita mais magro e pela
temperatura de climatização de até 16°C.

5.5. SH 3640

Tem a mesma origem do dois híbridos anteriores. Foi introduzida em Santa Catarina em 1997,
pela Epagri, e já está sendo recomendada para cultivo orgânico. Na primeira safra de testes em Santa
Catarina, produziu cachos com média de 28,2 kg, chegando a produzir cachos de até 50kg. Nas
condições irrigadas do Norte de Minas Gerais, onde foi lançada com o nome de ‘Prata Graúda’,
produziu cachos com até 71,9 kg na primeira safra. Nos bananais irrigados do Ceará, onde produz
cachos com uma média superior a 50kg, recebe o nome de ‘Pacovan Apodi’. Apresenta alta resistência
ao “mal-do-panamá” e à “sigatoka-negra”, média resistência à “sigatoka-amarela” e baixa resistência
aos nematóides.

5.6. YB 42-21

Trata-se de um híbrido de banana tipo Maçã, com alta resistência ao “mal-do-panamá” e ao


“mal-de-sigatoka”, que deverá ser lançado nos próximos dias pela Embrapa Mandioca e Fruticultura.
Foi introduzida em Santa Catarina em 1999, pela Epagri, e vem apresentando exelentes resultados até
o momento. Na primeira safra, produziu cachos com cerca de 16,5kg e com 7 a 8 pencas. A elevada
altura das plantas é o seu principal inconveniente. Em Santa Catarina vem sendo chamada de Maçã
Bahia.

5.7. Pacovan Ken

Este híbrido da Embrapa Mandioca e Fruticultura ainda não foi estudado em Santa Catarina,
onde foi introduzido em 2002. Anteriormente era conhecido por PV 42-68 e atualmente também vem
sendo chamada de ‘Prata Ken’. Tem como principais vantagens a resistência ao “mal-do-panamá” e ao
“mal-de-sigatoka”, assim como o tamanho dos cachos e frutos.

5.8. FHIA-21

Este híbrido hondurenho, introduzido no Brasil pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, ainda
não foi estudado em Santa Catarina, onde foi introduzido em 2002. Tem como principais vantagens a
alta resistência ao “mal-do-panamá”, à “sigatoka-negra” e à “sigatoka-amarela”, mas é altamente
suscetível aos nematóides. Produz frutos grandes, em pequenas e poucas pencas, como a ‘Velhaca’,
sendo também uma banana de cocção.

43
6. RESISTÊNCIA VARIETAL ÀS PRAGAS E DOENÇAS.

Suscetibilidade de cultivares e híbridos de bananeira às principais doenças da cultura.

CULTIVARES/ Mal-de-sigatoka Mal-do- Nematóide Ponta-de- Fuligem Seca-do-


HIBRIDOS amarela negra panamá R. similis charuto rabo
Nanicão AS AS AR AS MS AR MS
Grande Naine AS AS AR AS MS AR MS
IAC-2001 AR AR AR - - - -
Nanica AS AS AR AS MS AR MS
FHIA-02 AR AR AR MS - - -
Enxerto MS AS MS AR MR AS MS
Branca MS AS MS AR MR AS MS
EX-033/Catarina MS - MR - MR MS -
Prata MS AS MS AR MR AS MS
Pacovan MS AS MS AR MR AS AS
FHIA-01 MR CR AR MR MR - MR
FHIA-18 AR AR MS MR - - MR
SH 36-40 MS AR AR AS MR - MR
Pioneira AR MS MS - - - AS
Nam AR MS AR MR MR AR MR
Caipira AR AR AR AR - AR -
Thap Maeo AR AR AR AR AR MR AR
Maçã MS AS AS MR MR - MR
YB 42-21 AR - MS - - - -
Prata Zulú CR CR MS - - - -
Terra/D’Angola AR AS AR AS - - -
D’Angola AR AS AR AS - - -
FHIA-21 AR CR AR AS - - -
Figo CR CR MR - AR MS AR
Pelipita CR CR MR MR AR MS AR
Ouro AS MR AR - - AR -
Buccaneer MR AR AR - - - -
Calypso MR AR AR - - - -
Ambrosia MR AR AR - - - -
CR – Completamente resistente; AR – Altamente resistente; MR – Moderadamente resistente;
MS – Moderadamente suscetível; AS – Altamente suscetível.

Suscetibilidade de cultivares e híbridos de bananeira às principais pragas da cultura.

44
CULTIVARES/ Broca-da- Ácaro-da- Tripes-da- Tripes-da- Traça-da-
HIBRIDOS bananeira ferrugem ferrugem erupção banana
Nanicão AS AS MS MS AS
Grande Naine AS AS MS MS AS
IAC-2001 - - - - -
Nanica AS AS MS MS AS
FHIA-02 - - - - -
Enxerto MR AS AS AS MS
Branca MR MS MS MS MS
EX-033/Catarina MR - - - -
Prata/Pacovan MS MS AS MS -
FHIA-01 MR MS AS MS -
FHIA-18 MR - - MS -
SH 36-40 MR MS AS MS -
Pioneira MR MS AS - -
Thap Maeo AR MS MR AS MR
Nam MR MS MR MS -
Caipira - - - - -
Maçã AS MS - - -
YB 42-21 - - - - -
Terra/D’Angola AS - AS - -
FHIA-21 - - - - -
Figo/Pelipita MS - AS - -
Ouro - - - - -
Buccaneer/C/A - - - - -
Calypso - - - - -
Ambrosia - - - - -
CR – Completamente resistente; AR – Altamente resistente; MR – Moderadamente resistente;
MS – Moderadamente suscetível; AS – Altamente suscetível.

7. LITERATURA CONSULTADA

45
ALVES, E;J. Principais cultivares de banana no Brasil. Revista Brasileira de Fruticultura,
v.12, n.3, p.45-61, 1990.
ALVES, E.J.; SHEPHERD, K.; MESQUITA, A.L.M.; CORDEIRO, Z.J.M. Caracterização e
avaliação de germoplasma de banana (Musa spp). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE
FRUTICULTURA, 7., 1983, Florianópolis. Anais... Florianópolis, SC: SBF/EMPASC,
1984, v.1, p.203-212.
LICHTEMBERG, L.A.; MALBURG, J.L.; HINZ, R.H.; SCHMITT, A.T.; PRANDO, H.F.;
ZAFFARI, G.R.; PEIXOTO, A.N. O cultivo da banana. Fortaleza, CE:
SINDIFRUTA/FRUTAL’97, 1997. 148p. (Apostila de curso).
LICHTEMBERG, L.A.; MALBURG, J.L.; ZAFFARI, G.R.; HINZ, R.H. Banana. In: EPAGRI.
Recomendação de cultivares para o Estado de Santa Catarina 1997/98. Florianópolis-SC:
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LICHTEMBERG, L. A; MALBURG, J. L.; HINZ, R. H. Suscetibilidade varietal de frutos de
bananeira ao frio. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal – SP, v.23, n.3, p.568-
572, 2001.
LICHTEMBERG, L. A; MALBURG, J. L.; ZAFFARI, G. R.; HINZ, R. H. Banana. In:
EPAGRI. Avaliação de cultivares para o Estado de Santa Catarina 2002/2003.
Florianópolis, 2002. 140p. (EPAGRI. Boletim Técnico, 119). p.31-37.
MOREIRA, R.S. Banana: Teoria e Prática de Cultivo. Campinas-SP: Fundação Cargill, 1987.
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MOREIRA, R.S.; SAES, L.A. Considerações sobre o banco de germoplasma do IAC. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 7, 1983, Florianópolis-SC. Anais...
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SOTO, B., M. Bananos: cultivo y comercialización. e.ed. Tibás, Costa Rica: Litografia e
Imprenta LIL, S.A., 1992. 649p.

CULTIVARES DO GRUPO AA

46
Cacho de banana ‘Ouro’
Itajaí - SC
Foto: L.A. Lichtemberg
Cacho da banana ‘Nanicão’
Itajaí - SC
Foto: L.A. Lichtemberg

CULTIVARES DO GRUPO AAA

CULTIVARES DO GRUPO AAB - subgrupo ‘Prata’

Banana ‘Nanicão’ Banana ‘Grande Naine’ Banana ‘Lacatan’


Guaramirim - SC Itajaí - SC Equador
Foto: L.A. Lichtemberg Foto: L.A. Lichtemberg Foto: J.L. Malburg

Banana ‘Branca’
Itajaí - SC
Foto: L.A. Lichtemberg Banana ‘Enxerto’
Torres - RS
Foto: L.A. Lichtemberg

Plantação de banana ‘Nanica’ Buquê de banana ‘Roxa’


Tenerife - Ilhas Canárias - Espanha Camboriú - SC
Foto: L.A. Lichtemberg Foto: L.A. Lichtemberg

47
Banana ‘Pacovan’
Banana ‘Maçã’
Itajaí - SC
Água Boa - MT
Foto: P. dos S. F. Lichtemberg
Foto: L.A. Lichtemberg
‘’’’’’’

48
Banana ‘Mysore’
Itajaí - SC
GRUPO ABB
Foto: L.A. Lichtemberg

Sintomas da virose BSV


em banana ‘Mysore’ Banana ‘Figo’
Itajaí - SC Itajaí - SC
Foto: L.A. Lichtemberg
Foto: L.A. Lichtemberg

GRUPO AAB - subgrupo ‘Terra’


GRUPO AAAB

Banana ‘Terra’ Banana ‘Terrinha’ Banana ‘Farta-Velhaco’


Pariquera-Açú - SP Itabuna - BA Itajaí - SC
Foto: L.A. Lichtemberg Foto: R.H. Hinz Foto: L.A. Lichtemberg

Banana ‘Ouro-da-Mata’ 49 Banana ‘Pioneira’


Itajaí - SC Itabuna - BA
Foto: L.A. Lichtemberg Foto: L.A. Lichtemberg
Possivel origem: Rio de Janeiro Origem: CNPMF/EMBRAPA
Banana ‘FHIA-01’ Banana ‘FHIA-18’
Itajaí - SC Itajaí - SC
Foto: L.A. Lichtemberg Foto: L.A. Lichtemberg
Origem: FHIA - Honduras Origem: FHIA - Honduras

Banana ‘Platina
Ítajaí - SC
Foto: L.A. Lichtemberg
Possível origem: São Paulo

Híbridos tetraplóides da FHIA


Santo Domingo - República Dominicana
Foto: L.A. Lichtemberg

50
TRATOS CULTURAIS EM BANANICULTURA

51
Luiz Alberto Lichtemberg

1. Introdução

No cultivo tecnificado da bananeira, diversas práticas culturais são realizadas, envolvendo o


manejo da planta, do cacho e do solo, com o objetivo de obter aumentos de produtividade e,
principalmente, de qualidade do fruto. A seguir discutiremos algumas destas práticas.

2. Desbaste do bananal

Atualmente recomenda-se densidades de plantio cada vez maiores para a implantação dos
bananais. Com este procedimento, a realização de desbastes nos bananais passou a ser uma
necessidade.
De uma forma geral, quando a densidade do bananal esta adequada à cultivar plantada, ao
clima e ao solo, para a exploração de diversas safras consecutivas, recomenda-se a condução do
bananal com uma “família” por touceira. Desta forma, apenas uma planta de cada geração deve ser
mantida na touceira. Na primeira safra, devem estar presentes na touceira a planta “mãe”, o primeiro
seguidor (“filho”) e o segundo seguidor (“neto”). Na segunda safra devem estar presentes na touceira a
planta “filho”, o “neto” e o terceiro seguidor (“bisneto”) e assim por diante.

Somente no caso de recomposição de “stand” do bananal, se recomenda conduzir mais de


uma planta da mesma geração por touceira. Isto ocorre quando a densidade de plantio escolhida
mostra-se muito baixa, com mal uso do solo e excesso de penetração de luz e conseqüente aumento na
incidência de plantas daninhas. A recomposição do “stand” pode, também, ser necessária, quando
ocorre perda de plantas por ventos, pragas ou doenças.
Nos plantios em encostas de morro, escolhe-se como seguidor um filhote localizado no lado
mais alto da encosta. Este procedimento garantirá a permanência dos rizomas dentro do solo ao longo
dos anos, o que reduz problemas de tombamento.

52
Nos plantios em terrenos planos escolhe-se como seguidor um filhote localizado no lado em
que se pretende conduzir o bananal. Este procedimento garantirá a manutenção do alinhamento do
bananal por um período mais longo.
Nos climas tropicais úmidos, ou tropicais secos com irrigação, recomenda-se escolher como
seguidor o “filhote axial”. Este filhote, geralmente, está localizado do lado oposto ao que a muda
estava ligada a planta mãe e é um dos primeiros filhotes a surgir na touceira. Na prática, escolhe-se o
primeiro filhote vigoroso que surge numa posição adequada. Este procedimento garante uma maior
freqüência de safras, ou seja, ciclos mais curtos.
Na instalação do bananal, deve-se ter o cuidado de plantar as mudas tipo “rizoma inteiro” ou
tipo “pedaço-de-rizoma”, com o lado em que estavam ligadas à planta “mãe” voltado para o sentido
oposto ao que se pretende conduzir o bananal. Isto facilitará a seleção do filhote axial. Nas mudas
micropropagradas este procedimento é praticamente impossível de ser realizado, pois não se consegue
identificar qual o lado de ligação com a planta que deu origem a muda. Porém, a produção de filhotes
em grande quantidade, permitirá a boa seleção dos mesmos e a adequada condução do bananal.
Nos climas subtropicais, não é recomendável realizar a seleção de filhotes durante os meses
mais frios do ano. No Sul do Brasil, filhotes selecionados de final de abril a início de setembro, muitas
vezes não se desenvolvem adequadamente. O mais recomendável é realizar a seleção de filhotes na
primavera e no verão. Nos climas tropicais com estação seca, sem irrigação, não é recomendável
realizar a seleção de filhotes no período seco, pelo mesmo motivo.
Quando se faz o cultivo da bananeira para a produção de safra única, com a utilização de altas
densidades de plantio, recomenda-se o desbaste total dos filhotes até a colheita do planta “mãe”. Neste
caso, faz-se novo plantio nas entrelinhas após a produção de 50% dos cachos ou se conduz um filhote
das touceiras já existentes após o término da colheita.
Para fazer o desbaste distintas ferramentas e procedimentos podem ser adotados. As
ferramentas utilizadas são o penado (facão de lâmina curva), facão, e a “lurdinha”. A “lurdinha” em
algumas regiões também é conhecida por “silvinha” e “catarina”, apresentando diversas versões.

Lurdinha

O desbaste pode ser feito, eliminando-se a gema central de crescimento dos filhotes
indesejados. Neste caso, seleciona-se o filhote que vai permanecer como seguidor na touceira e
elimina-se os demais. Primeiramente, corta-se todos os filhotes indesejados rente ao solo, com o facão
ou com o penado, e elimina-se, então as gemas centrais de cada um deles com a “lurdinha”. A
“lurdinha” extrai um rolete composto por bainhas foliares e partes do rizoma, que deve conter no seu
interior a gema central de crescimento. As vezes a extração da gema é feita, também, com a ponta do
facão ou do penado, porém a segurança de sucesso na operação é menor. A retirada da gema tem por
objetivo evitar que o filhote eliminado rebrote. Quando o filhote é grande, porém, esta operação induz
o brotamento de várias gemas laterais.
Outra modalidade de desbaste, muito usada em Santa Catarina, consiste no simples corte dos
filhotes indesejados rente ao solo. Boa parte destes filhotes voltam a brotar, e são novamente cortados.
O uso de mão-de-obra nesta modalidade de desbaste é menor, pois é mais rápida e pode ser feita por
apenas uma pessoa. Após repetir este corte duas a três vezes, o filhote morre. Nesta modalidade
53
também não existe o risco de ferir as raízes e os rizomas, o que pode ser interessante na redução da
incidência do “mal-do-panamá”, nas cultivares suscetíveis.
Recomenda-se fazer o desbaste após as adubações e a desfolha do bananal. O material
oriundo da desfolha serve para cobrir o adubo. Após a desfolha é mais fácil visualizar e eliminar os
filhotes indesejados.

3. Desfolha do bananal

A desfolha é uma prática realizada em bananicultura, que consiste na eliminação de folhas


secas, senescentes, doentes, quebradas e até mesmo normais, quando localizadas entre as pencas,
deformando e ferindo os frutos. Em alguns locais esta prática é chamada de “limpeza de folhas”.
A desfolha tem como objetivo aumentar a luminosidade e o arejamento do bananal, bem
como reduzir a ocorrência de pragas, doenças e danos nos frutos. O aumento da luminosidade no
interior do bananal acelera o crescimento dos filhotes e reduz o ciclo cultural. O arejamento do
bananal, diminui a umidade, o que contribui para a redução de doenças fúngicas. O ambiente úmido e
escuro favorece a presença de insetos, aranhas e serpentes dentro do bananal. O atrito entre folhas
secas e frutos facilita a penetração de fungos que causam doenças, como a “ponta-de-charuto” e
“antracnose”. As folhas secas, maduras ou atacadas por doenças são também, fonte de inóculo de
fungos e abrigo para insetos.
Além disso, a desfolha facilita o desbaste, ao melhorar a visualização dos filhotes; acelera a
prática da colheita, pois as folhas secas prendem-se nas plantas vizinhas e dificultam o tombamento da
bananeira; facilita o controle químico de pragas, doenças e nematóides e facilita a passagem de tratores
e implementos (roçadeiras, carretas, espalhadores de calcário e de esterco, etc).
Normalmente, são eliminadas:
- as folhas inativas ou de baixa atividade fotossintética, ou seja, as folhas secas e as folhas
“maduras” (totalmente amareladas);
- as folhas com pecíolo quebrado ou dobrado, pendentes junto ao pseudocaule, mesmo verdes,
pois não são funcionais ou o serão por muito pouco tempo;
- as folhas sadias que passam por dentro dos cachos, porque causam ferimentos nos frutos e
deformam as pencas, impedindo que os frutos direcionem seus ápices para cima;
- as folhas verdes que tocam nos cachos, causando atrito e ferimentos. Estas folhas podem ser
cortadas total ou parcialmente, segundo a sua proximidade com os frutos;
- as folhas de plantas vizinhas que roçam nos cachos (devem ter as pontas aparadas);
- as folhas atacadas pelo “mal-de-sigatoka”, total ou parcialmente, de acordo com o nível de
infecção.

Diversas ferramentas podem ser utilizadas na desfolha. Na cultivar Nanica e no primeiro ciclo
das bananeiras de porte médio, como ‘Grande Naine’ e ‘Nanicão’, pode-se utilizar o facão ou o
penado, pois a altura da planta permite este procedimento. Em plantas altas é indicado o uso da foice
bifurcada de cabo longo. Com o auxílio de escada, pode-se utilizar uma faca. Para a eliminação das
partes doentes das folhas utiliza-se o “bisturí”, que é uma fina lâmina desfolhadora fixada na ponta de
uma vara. Em bananais onde ocorre o “moko”, a ferramenta deve ser desinfectada em formol a 25%
após o seu uso em cada planta, para se evitar a disseminação da doença.
A desfolha é feita através de um corte na base do pecíolo, junto ao pseudocaule. O corte deve
ser feito de baixo para cima, para evitar a dilaceração das bainhas foliares. A folha deve ser eliminada
totalmente, evitando-se deixar pedaços de pecíolo presos às bainhas foliares. Não se recomenda
desprender as bainhas do pseudocaule ou eliminá-las. Alguns produtores costumam retirar todo o
material seco ou em decomposição do pseudocaule, expondo a coloração característica da cultivar.
Este procedimento é desaconselhável, porque outras bainhas secarão e, com repetidas desfolhas, as
bananeiras tornar-se-ão finas, quebrando-se facilmente e perdendo as reservas armazenadas. As folhas
desgrudadas do pseudocaule, mesmo verdes, devem ser aparadas na base.

54
O excesso de desfolha é contra-indicado. Embora alguns afirmem que a bananeira necessita
de apenas 9 a 10 folhas (Tazán, 1995), recomendando o corte das folhas inferiores (mais velhas) que
excedem a este número, a fim de obter maior luminosidade para os filhotes e reduzir a superfície
transpirante e o inóculo de “sigatoka”, este procedimento é temerário. Robinson (1996) e Sierra (1993)
citam trabalhos onde números muito baixos de folhas (4 ou 5) reduziram a produção e a qualidade dos
frutos. Nos mesmos trabalhos, constatou-se que a maturação precoce dos frutos é inversamente
proporcional ao número de folhas das plantas. Este fato é importantíssimo na conservação pós-colheita
e no comércio dos frutos. Robinson (1996) considera que uma bananeira deve ter no mínimo 12 folhas
no florescimento e 9 folhas na colheita do cacho.
A desfolha não pode, também, expor o cacho aos raios solares, o que causa queimaduras nos
frutos e nos engaços e manchas de sol nos frutos (“ponta branca”). Por esta razão, evita-se ao máximo
a eliminação das folhas localizadas logo acima dos cachos. Pela mesma razão, nunca se elimina a folha
“bandeira”, “pitoca”, “lingueta”, “placenta” ou “gravata”.
Quanto à época para realizar a prática, Moreira (1987) recomenda, no primeiro ciclo,
desfolhas no quarto, sexto e décimo mês após ao plantio e, nos ciclos seguintes desfolhas nos meses de
agosto, dezembro e abril. Com a crescente exigência na qualidade dos frutos, as desfolhas devem ser
mais freqüentes. As folhas verdes, que deformam os cachos, são eliminadas semanalmente e as folhas
secas e doentes sempre que necessário. Preferencialmente, realiza-se a desfolha depois da adubação e
antes do desbaste. Nos países exportadores de banana esta é uma operação freqüente e periódica,
realizada no mínimo uma vez por semana. Nos países onde ocorre a “Sigatoka-negra”, como medida
auxiliar de controle da doença, semanalmente é feita a “cirurgia”, que consiste na eliminação das
partes das folhas que apresentam sintomas. Um homem percorre de 3 a 5 hectares por dia nesta
atividade. A frequência das desfolhas pode ainda ser influenciada por problemas nutricionais, ventos,
granizo, geadas e outros fatores causadores da senescência, morte ou quebra das folhas.
Ao eliminar as folhas, é necessário estar atento para não deixá-las sobre plantas, cachos, cabos
aéreos, fitilhos ou bambus de escoramento. As folhas são colocadas sobre o solo, formando um
“mulching”. Esta cobertura do solo, além de protegê-lo da compactação e da erosão, melhora suas
características químicas e físicas, pela incorporação de matéria orgânica. Nos terrenos planos espalha-
se ao máximo as folhas e restos de pseudocaule na área. Nas encostas, recomenda-se dispor este
material aproximadamente em curva de nível, logo abaixo de cada linha de plantas, cortando as águas,
com o objetivo de reduzir a erosão do solo. Quando a quantidade de folhas é suficiente, também nas
encostas, pode-se cobrir todo o solo.
Robinson (1996) destaca, ainda, que as folhas pendentes, além de reduzirem a luminosidade
para os filhotes e o solo, reduzem a temperatura do pseudocaule, diminuindo o crescimento das plantas
em regiões subtropicais, mais frias.
Moreira (1987) recomenda procedimentos especiais para a desfolha após as geadas e após as
enchentes.

4. Escoramento da bananeira

A quebra e o tombamento das bananeiras, muitas vezes, são fatores responsáveis por grandes
prejuízos neste cultivo. Quando o problema ocorre em plantas com cachos imaturos a perda dos frutos
é total. Quando ocorre em plantas com cachos já desenvolvidos o prejuízo é parcial, mas a qualidade
do fruto é depreciada por machucaduras causadas na sua queda ao solo.
Quando o tombamento causa o arranquio dos rizomas e das raízes o prejuízo é mais grave.
Neste caso, os filhotes não brotam ou tornam-se fracos e de crescimento lento. Desta forma,
normalmente a touceira é perdida para sempre. Por outro lado, quando ocorre apenas a quebra do
pseudocaule ou do rizoma, os filhotes podem se desenvolver normalmente.
Vários fatores contribuem ou causam a quebra e o tombamento das plantas. Entre eles,
podemos enumerar:

55
a) Cachos muito pesados. O peso do cacho causa a inclinação do pseudocaule, que algumas
vezes não resiste e acaba quebrando. Este problema é comum nas cultivares do subgrupo Cavendish.
b) Ocorrência de ventos fortes. Os ventos vergam e torcem o pseudocaule, causando a sua
quebra ou arranquio. O plantio de linhas de quebra-ventos e o cultivo da bananeira em encostas
protegidas dos ventos predominantes reduzem ou evitam o problema.
c) O afloramento dos rizomas, que é comum em algumas cultivares, especialmente em terras
planas, reduz a sustentação das plantas, tornando-as mais suscetíveis ao tombamento.
d) A ocorrência de nematóides, especialmente do nematóide cavernícola (Radophulus similis),
que destrói o sistema radicular das bananeiras suscetíveis, é um dos principais fatores responsáveis
pelo tombamento das plantas.
e) Os erros no desbaste, com a seleção de filhotes pouco profundos e fracos.
f) Pseudocaules finos. Problemas nutricionais, altas densidades de plantio, falta de água e
excesso de plantas daninhas, entre outras razões, tornam as plantas mais sujeitas à quebra do
pseudocaule.
g) A ocorrência de seca, que causa a morte de raízes e a redução no desenvolvimento das
plantas.
h) A retirada de mudas do bananal, que causa o corte das raízes e a formação de buracos no
terreno, reduzindo a sustentação da planta.
i) Solos excessivamente pesados. Nestes solos, quando chove intensamente, ocorre o
encharcamento e consequente morte e aprodrecimento de raízes por excesso de umidade. Quando
ocorre um período seco, o “rachamento” destes solos causa o rompimento das raízes.
j) Má nutrição do bananal. Moreira (1987) cita como fator que aumenta a quebra do
pseudocaule das bananeiras a má nutrição com cálcio e magnésio. O excesso de nitrogênio também
torna as plantas mais frágeis.
l) Podridão do rizoma pela bactéria Erwinia carotovora.
m) Podridão do rizoma pelo fungo Roselinea spp
n) Alta incidência da “broca-da-bananeira”, Cosmopolites sordidus, que abre galerias nos
rizomas.
o) Cultivares suscetíveis. As cultivares de porte alto, como a Mysore, a Branca, a Prata e a
Pacovan, são mais sujeitas à quebra do pseudocaule. As bananeiras das cultivares do subgrupo
Cavendish, tais como a Nanicão e a Grande Naine, são mais inclinadas e, com o peso do cacho,
tendem a quebrar ou a tombar quando atacadas por nematóides. As bananeiras do subgrupo ‘Terra’,
como a ‘D’Angola’, a ‘Terrinha’, a ‘Maranhão Branca’ e a própria ‘Terra’, pela sua alta suscetibilidde
aos nematóides e à “broca-da-bananeira” e pela sua tendência a aflorar o rizoma, são altamente sujeitas
ao tombamento.
Robinson (1995) considera que perdas por quebra ou tombamento do pseudocaule, superiores
a 5% das plantas, justificam economicamente a prática do escoramento. Porém, esta percentagem é
variável, segundo o peso do cacho, o preço de venda da fruta e o custo da execução do escoramento.
Quando os ventos são excessivamente fortes, ou quando ocorrem furacões e tornados, a
eficiência do escoramento é praticamente nula.
Por se tratar de uma prática preventiva, o escoramento deve ser feito o mais cedo possível. A
época mais indicada é logo após o lançamento da inflorescência, quando é definida a posição o cacho
na planta. Por esta razão, nos países exportadores de banana, o escoramento é uma prática realizada
semanalmente. Nas cultivares do subgrupo Terra (AAB) o escoramento deve iniciar bem antes do
lançamento do cacho, devido a sua alta suscetibilidade ao tombamento.
Vários são os métodos utilizados para a sustentação das bananeiras. De uma forma geral, são
utilizadas escoras rígidas, cordas ou os dois materiais simultaneamente. A seguir são descritos
diferentes métodos de escoramento.

4.1. Escora única

56
É a forma de escoramento mais freqüente na bananicultura brasileira. Normalmente são
utilizadas varas de bambú (Bambusa spp) nesta operação. Em países centro e sul-americanos também é
utilizada a cana brava (Chusquea sp). Em países onde a madeira é abundante e barata são utilizados
sarrafos de 3,8 a 5,0 cm2 de seção para o escoramento. As madeiras mais utilizadas são o eucalipto
(Eucalyptus spp) e espécies nativas destes países. O sarrafo de madeira tratada tem maior durabilidade,
podendo ser reutilizado. As vezes também são utilizados postes de madeira ou postes metálicos, com
forquilha ou “meia-lua” numa das pontas.
A escora deve ser colocada contra a inclinação natural da planta, que é determinada pelo lado
em que o cacho é lançado. Às vezes, também recomenda-se colocá-la contra o sentido dos ventos
predominantes. Deve-se apoiar uma extremidade da escora na parte superior do pseudocaule, o mais
alto possível e próximo ao ponto de saída do engaço do cacho. Para maior segurança finca-se a escora
nas bainhas foliares externas. Isto, porém, deve ser feito com cuidado, para evitar o ferimento
excessivo das bainhas foliares e dos pecíolos das folhas inferiores.
A outra extremidade da escora é fixada no solo, após o deslocamento do pseudocaule para
trás, com a própria escora. Para um bom apoio, as escoras devem ficar próximas aos cachos. Isto
normalmente causa ferimentos nos frutos. Por outro lado, se colocadas muito afastadas do cacho, a
eficiência do escoramento se reduz.
Nas cultivares de porte baixo este método de escoramento é mais eficiente. Porém, é
considerado um dos métodos menos seguros de escoramento da bananeira. A sua eficiência é
diminuída quando o vento sopra de direções inesperadas ou diferentes daquela em que a planta foi
escorada. Neste caso, as escoras soltam freqüentemente com o deslocamento da planta, que acaba
caindo em seguida, por falta de apoio.
Esta prática se popularizou, pela grande disponibilidade de escoras, especialmente do bambu.
Atualmente, a escassez do bambu, assim como o custo do transporte e da mão-de-obra, para o seu
corte e limpeza, tem dificultado a sua utilização.
A reutilização das escoras, às vezes, é viável por uma segunda vez. O apodrecimento e quebra
das escoras, porém, é fator de perda de cachos, pela conseqüente queda das plantas. Em determinados
climas, a reutilização das escoras não é recomendada. Segundo Soto (1992), em regiões tropicais
úmidas, 10 a 20% das escoras não resistem mais do que 90 dias no campo.

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4.2. Duas escoras

O uso de duas escoras aumenta a segurança da operação, formando um “tripé” bem mais
estável. Este método também permite que se desvie as escoras dos cachos, evitando danos por atrito
nestes. As escoras devem ser colocadas contra a inclinação da planta, uma de cada lado do cacho,
formando um triângulo de base larga com o solo. A escassez e o custo das escoras é o incoveniente
maior, em relação ao método anterior.

4.3. Vara atada ou escora atada

Este também é um método mais seguro do que o primeiro. Além disso, apresenta a vantagem
de não ferir as bainhas e pecíolos foliares, como os métodos anteriores.
Neste método, cava-se uma cova de 30 a 60 centímetros de profundidade no solo, próximo a
bananeira a ser escorada, enterra-se a escora e amarra-se a outra extremidade da mesma ao topo do
pseudocaule, próximo ao local de lançamento da flor. Para amarrar a escora no pseudocaule
normalmente usa-se fitilho ou corda plástica. Neste método a escora fica numa posição mais vertical
do que nos anteriores.

4.4. Duas varas atadas

É uma variação do método anterior, mais eficiente, pois evita que as escoras soltem ou
quebrem com o movimento da planta, resistindo a ventos de várias direções. As escoras são enterradas
ao lado da bananeira e amarradas uma em cada lado do ponto de lançamento do cacho, com um espaço
entre elas, formando um “tripé”, com as escoras quase na vertical. Este método e o anterior são
bastante utilizados na Colômbia, em plantações da cultivar Valery, que apresenta plantas de altura
elevada.

4.5. Tesoura

A tesoura é feita com dois bambús, ou outros tipos de escoras, presos um ao outro, em forma
de “X”. Ata-se uma escora à outra através de arame, corda plástica ou fitilho. Pode-se ainda prendê-las
através de um pino metálico, colocado a cerca de 50 centímetros das extremidades superiores das
escoras. Em seguida, se apoia o pseudocaule, próximo a roseta foliar ou até mesmo no engaço, no
ponto de união das duas escoras, ou seja, no “V” formado na extremidade superior das escoras. Fixa-
se, então, as extremidades inferiores das escoras no solo. Este é um método de escoramento bastante
seguro, que forma um tripé fixo ao solo.

4.6. Tesoura catarina

Também é feita com duas escoras, atando-se uma a outra com fitilho ou corda de polietileno
de cerca de 60 centímetros. Desta forma, as escoras ficam atadas, separadas por cerca de 30
centímetros de corda uma da outra. Os 30 centímetros restantes são utilizados para atar as duas
escoras, a cerca de 25 centímetros das extremidades superiores. Sobre o pedaço de corda que fica entre
as escoras se apoia a extremidade superior do pseudocaule. Cada ponta da escora é colocada de um
lado do pseudocaule.
Fixa-se, então, as extremidades inferiores das escoras no solo, uma de cada lado do cacho,
formando um triângulo de base aberta. As pontas das escoras tendem a cruzar-se no lado oposto do
pseudocaule. Este é um método muito seguro de escoramento, apesar de permitir um certo movimento
aos pseudocaules. Deve-se manter sempre a ponta mais fina das escoras para cima, para evitar que a

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corda deslize para baixo. O inconveniente deste método é o uso de duas escoras e de cordas, onerando
a prática, além de maior uso de mão-de-obra.

4.7. Diversas escoras

Nas cultivares do subgrupo Terra (AAB), pela grande tendência ao tombamento,


especialmente após a primeira safra, são usadas três, quatro ou mais escoras, atadas ou não à planta.
Neste caso, são utilizadas também escoras com forquilha numa das extremidades, para o apoio do
pseudocaule. Nestas cultivares, normalmente, o escoramento deve ser iniciado antes mesmo da
floração.

4.8. Escoramento com cordas

Nesta modalidade de escoramento são utilizadas cordas de fibras vegetais ou cordas e fitilhos
sintéticos. Dentre as cordas de fibras vegetais, na América Central, foi usada a de cabuia ou pita
(Furcraea spp), tratada com fungicidas, mas este material tem o problema de esticar quando úmido. A
corda de fibra vegetal, quando abundante, barata, durável, resistente e de fácil manejo, pode ser uma
boa opção. Neste sentido, Cintra & Pereira Filho (1985), testaram cordas de casca de piaçava (Attalea
funífera), com bons resultados e custos menores do que o escoramento com bambu.
Em Santa Catarina têm sido usadas cordas plásticas, cordas de nailon e fitilhos de polietileno.
Segundo Soto (1992) o melhor material para este sistema de escoramento é o fitilho de polipropileno,
com resistência a tensão de 9,14 a 11,25 kg/cm2. Os fitilhos e cordas para o escoramento não podem
esticar e devem resistir à insolação. Estes materiais, quando de boa qualidade, têm duração maior do
que as varas de bambú. Normalmente, também, são mais seguros do que as escoras.
Apesar de necessitar de mais mão-de-obra para a sua aplicação do que as escoras apoiadas
(única ou duas), por sua disponibilidade e preço, o escoramento com cordas acaba tornando-se mais
econômico. Em relação ao escoramento com escoras atadas (em qualquer modalidade destas), o
escoramento com cordas é mais econômico e exige menos mão-de-obra na sua aplicação.
O escoramento com corda é feito amarrando-se a planta que se quer escorar na altura da
roseta foliar, tensionando-se a corda e prendendo-se a mesma na base do pseudocaule de uma planta
vizinha. As plantas são atadas no sentido oposto à inclinação do pseudocaule, ou seja, do lado oposto
ao do cacho.
São usadas três modalidades para amarrar a planta a ser escorada. Na América central,
recomenda-se amarrar os pecíolos das três ou quatro folhas mais jovens, na altura da roseta foliar. Não
se deve apertar muito o nó, ao ponto de que este corte os pecíolos. Tampouco deve-se deixá-lo muito
frouxo, ao ponto que possa escorregar. Em Santa Catarina e no Equador, a extremidade do fitilho ou
corda é amarrada a um pedaço de madeira ou bambú de 15 a 20 centímetros. A madeira é jogada por
entre as folhas da planta ficando presa na roseta foliar, apoiada abaixo do engaço do cacho que se
deseja escorar. Para esta operação normalmente usa-se escadas. No caso de não usar escadas, a
madeira é conduzida até o local desejado, com o auxílio de uma vara longa. Nos bananais de encostas
de morro e em bananeiras de porte alto, faz-se a laçada a cerca de 1,5 metros de altura do pseudocaule,
e eleva-se a laçada, com auxílio da ponta de uma vara, ao mais alto possível. Neste caso, a planta é
escorada um pouco abaixo da roseta foliar.
Após tensionar a corda (ou fitilho), ata-se a mesma na base pseudocaule de uma (ou duas)
planta vizinha, através de um nó simples, fixo e não corrediço. O ângulo ideal para o escoramento com
cordas é de 45 a 65 graus, o que permite suportar bem o peso do cacho.
A bananeira que serve de escora deve, também, estar com cacho ou próximo a lançá-lo, ou,
ainda, ter sido recém-colhida. Plantas novas freqüentemente são estranguladas pelas cordas, não
devendo ser usadas. Quando usadas, estas plantas devem receber uma laçada bem frouxa. Os bananais
uniformes facilitam o escoramento, porque apresentam plantas no mesmo estágio de desenvolvimento.
Stover e Simmonds (1987) recomendam atar as cordas numa altura de 50 a 60 centímetros de solo. Em
Santa Catarina tem-se atado mais baixo, praticamente na base do pseudocaule, com menor risco da

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laçada correr. Para não desperdiçar material, recomenda-se cortar as cordas no momento da operação
do escoramento, admitindo-se sobras de pontas de no máximo 15 centímetros.
Deve-se escolher como ponto de apoio plantas vizinhas, que permitam um bom ângulo de
escoramento e que estejam localizadas convenientemente, isto é, em posição oposta ao cacho que se
desejar escorar. O ideal é utilizar como apoio duas plantas das linhas adjacentes. Desta forma, utiliza-
se duas cordas para o escoramento. Como é difícil encontrar uma planta localizada exatamente do lado
oposto ao do cacho que se quer escorar, o uso de duas cordas dá maior segurança a esta prática.
Ao tensionar a corda, traciona-se a planta para trás. Porém, não se deve exagerar nesta tração,
para evitar o roçamento do cacho com o pseudocaule da planta, o que virá a causar danos de atrito nos
frutos.
Ao amarrar as cordas nas bananeiras que servem de escora, deve-se cuidar para não deixá-las
frouxas, com possibilidade de deslizar ou com os nós mal atados. Quando as cordas soltam ou
afrouxam as bananeiras podem tombar.
Para firmar cordas que escorreguem (deslizem) no pseudocaule, recomenda-se espetar uma
haste de bambú, madeira ou metal nas bainhas externas (mais velhas) do pseudocaule, o que evita que
as cordas deslizem. Outra forma é passar a corda por dentro das bainhas foliares, com o auxílio de uma
agulha de bambú ou metal. Nesta operação deve-se evitar atingir o cilindro central. Em bananais onde
ocorre o “moko” não se recomenda esta prática.
Quando não se dispõe de plantas adequadamente localizadas, usa-se estacas fincadas no solo
para amarrar as cordas. Isto acontece em margens de estradas, de cabos aéreos para transporte, e de
canais de drenagem e em locais onde as plantas vizinhas estão pouco desenvolvidas. Este método de
escoramento é ideal para o plantio em filas duplas, onde os cachos normalmente são lançados para fora
da fila dupla, permitindo o escoramento mútuo das plantas. Plantas com cachos em sentidos opostos
são atadas entre si. Neste caso, somente as plantas que lançam os cachos para dentro da fila dupla
necessitam ser atadas em estacas.
Um dos problemas que esta forma de escoramento apresenta em bananais não plantados em
filas duplas, é a dificuldade de caminhar dentro do bananal, conduzir os cachos colhidos e executar os
tratos culturais. As cordas tornam-se obstáculos, as vezes pouco visíveis. Por esta razão recomenda-se
usar cordas das colorações amarela, laranja, branca e azul claro, que contrastam mais com o ambiente
do bananal. Em encostas de morros este problema é menos grave, pois as cordas se mantém mais altas.
Nas encostas os cachos normalmente são lançados voltados para o lado mais baixo, que recebe mais
luz, e as plantas que servem de escora estão sempre numa cota mais alta.
Normalmente não é recomendável a reutilização das cordas, principalmente as de fibra
vegetal e as de polietileno não tratado contra a insolação. Estas últimas geralmente ressecam após
algum tempo. As tratadas, as vezes, permitem um segundo uso. No caso de fitilhos pode-se trançá-los
em dois ou três para reutilizá-los. Fitilhos tratados e já trançados normalmente podem ser usados por
duas ou mais vezes.
Um problema do uso de material não biodegradável dentro do bananal é o da poluição.
Assim, deve-se recolher as cordas plásticas do meio da plantação e mandá-las para a reciclagem. Estas
cordas causam a poluição do solo, prejudicando o desenvolvimento radicular, estrangulando e
deformando os filhotes e reduzindo a produtividade do bananal.
Um cuidado, é evitar que as cordas rocem em cachos de plantas vizinhas. Para proteger os
frutos de danos de atrito. Outro cuidado é um repasse semanal no bananal, para corrigir problemas no
escoramento, como cordas soltas e frouxas. Este repasse também deve ser feito sempre que ocorram
ventos fortes. Neste último caso, além de cordas soltas e frouxas, são corrigidos os escoramentos de
plantas que sofrem torção, mudando a posição de cacho.
O consumo de corda neste tipo de escoramento depende da altura das plantas (variedade),
número de tirantes usados por planta e da forma de amarração. Na primeira safra, devido a menor
altura da planta “mãe”, gasta-se menos do que nos ciclos seguintes.

4.9. Escoramento aéreo

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Este é um método de escoramento que apresenta um alto custo de implantação. Por ser caro, é
um investimento que se amortiza a longo prazo. Sua eficiência, porém, é elevada. Apesar do seu custo,
é bastante usado em Israel, Ilhas Canárias, Marrocos, Costa Rica e Equador, entre outros países. Seu
uso normalmente se justifica em regiões onde ocorrem ventos fortes ou onde outros materiais, como a
madeira, são escassos.
Esta modalidade de escoramento é adequado para o plantio em linhas duplas ou em linhas
simples com o plantio de duas mudas por cova. Nestes casos o cacho tende a ser lançado para fora das
linhas. Passa-se o arame de sustentação entre as duas linhas ou entre as duas plantas.
O sistema é constituído basicamente de um arame de aço de 5 mm suspenso acima das linhas
de bananeiras. De acordo com a altura da cultivar plantada este arame deve passar na altura de 5
metros ou mais. Normalmente tensiona-se o arame entre 210,9 a 351,4 kg/cm2. Estes arames são
sustentados a cada 40 a 60 metros, por postes de concreto, madeira ou metal ou a cada 30 a 40 metros
por suportes de varas de bambú colocadas em forma de “X”. Os postes de madeira ou de concreto
normalmente tem a seção de 12,6 x 7,6 cm. Os postes dos extremos da linha devem ser mais fortes,
com seção de 18,9 x 11,4 cm. O sistema pode ser reforçado com a colocação de arames cruzando as
linhas de sustentação. Os arames de sustentação são estabilizados no final das linhas por âncoras
embutidas em concreto. Esta ancoragem nos finais de linha é feita com uma haste de aço de 9,5 mm de
diâmetro presa a um bloco de concreto de 60 x 40 x 10 centímetros, enterrado a um metro de
profundidade no solo (Soto, 1992).
Dos arames de sustentação descem cordas que são atadas nas rosetas foliares, pendurando
literalmente as bananeiras com cacho. Usa-se cordas de polipropileno, arames, cordas de náilon,
fitilhos de polietileno e outros tipos de cordas para a sustentação das plantas. As bananeiras são atadas
pelo engaço, roseta foliar ou, até mesmo, pelo pseudocaule.
Apesar de caro e de difícil manejo, este sistema oferece diversas vantagens, como: a) menor
percentagem de touceiras arrancadas; b) menor ou nenhum dano nos frutos, por roçamento de escoras;
c) não prejudica o deslocamento dentro do bananal; d) permite a mecanização; e) custo tende a ser
menor ao longo dos anos, pelo menor uso de material (cordas); f) maior eficiência do que os outros
métodos de escoramento e g) menor necessidade de correções no escoramento.
Como desvantagem, além do custo de implantação, em regiões onde ocorrem ventos fortes,
quando uma linha cai, diversas plantas ficam sem escoramento.
4.10. Escoramento em retículo ou planta a planta

Nesta modalidade de escoramento diversas plantas são amarradas entre si, na altura da
extremidade superior do pseudocaule, com sustentação mútua. As plantas com cacho recebem um aro
de arame galvanizado de 4 a 5 mm (“coleira”) logo abaixo da roseta foliar, onde são presos fios de
arame de 2 mm, fitas de ráfia ou fitilhos de polipropileno, que se dirigem em dois a quatro sentidos,
interligando-as às plantas vizinhas. Nas margens do bananal as plantas são atadas a postes de madeira
ou a linhas de arame tensionado que circundam a quadra de plantio.

4.11. Postes e postes com arame

O escoramento com postes se assemelha ao anterior, porém as plantas são atadas aos postes
fincados no meio do bananal. Cada poste de concreto ou de madeira, sustenta 5 ou 6 plantas vizinhas.
Nos plantios em filas duplas, usa-se colocar entre as filas postes fincados firmemente, com
altura aproximada de um metro acima do solo. Sobre os postes passa-se um fio de arame preso a estes
com grampos de cerca. Ata-se cada planta com duas cordas presas ao arame. Desta forma, gasta-se
menos corda para o escoramento, o que torna este sistema de baixo custo. Deve-se, porém, construí-lo
em trechos curtos, interrompidos, pois sendo de baixa altura, interfere em estradas e cabos aéreos de
transporte. O manejo deste sistema é bastante simples, bem mais fácil do que o escoramento aéreo,
com postes altos.

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5. Despistilagem e limpeza dos cachos

Em algumas cultivares de banana os restos florais são persistentes, exigindo a sua retirada da
extremidade dos frutos. Em algumas cultivares como a Pacovan, Maçã, Prata, Enxerto (Prata Anã),
Branca, entre outras, a queda dos restos florais ocorre naturalmente. Nas cultivares do subgrupo
Cavendish os restos florais são mais persistentes, estando presentes até nas frutas em ponto de colheita.
Na cultivar Nanica os restos florais são extremamente persistentes.
A eliminação dos restos florais é denominadas “despistilagem”, pois o pistilo é a parte da flor
que persiste na extremidade dos frutos, normalmente. A despistilagem é feita, em bananicultura, com
diversos objetivos. Entre os objetivos da despistilagem à campo, podemos citar: melhorar o aspecto e a
forma do fruto, reduzir a incidência da “traça-da-banana”, da antracnose e da “ponta-de-charuto” e
reduzir os danos de transporte.
A despistilagem melhora o aspecto da fruta após a maturação, pois a presença dos restos
florais escuros (secos) na ponta e aderido ao fruto não proporciona um bom visual. Quando feita à
campo, os frutos produzem uma cicatriz acinzentada na sua extremidade. Quando a despistilagem é
feita em pós-colheita, esta cicatriz é escura.
Quanto a forma do fruto, estes tendem a encher mais a sua extremidade quando despistilados
à campo. A ponta do fruto fica mais cheia, desaparecendo o “gargalo” nas cultivares do subgrupo
Cavendish.
A “traça-da-banana”, lagarta da mariposa Opogona sachari, esporadicamente pode causar
sérios danos a banana, em determinadas regiões. Normalmente, verifica-se alguns frutos atacados nos
cachos, mas às vezes o ataque pode ser intenso. A mariposa faz a postura normalmente nas flores. Os
ovos após eclodirem dão origem às lagartas, que penetram na banana construindo galerias e causando
podridão dos frutos verdes. A despistilagem normalmente controla esta praga, pois, ao serem retirados,
os restos florais levam consigo os ovos da mariposa. Se a postura ainda não foi realizada, a retirada das
flores evita a atratividade à mariposa.
Em alguns países, a despistilagem tem como principal objetivo reduzir a ocorrência da
“ponta-de-charuto” ou podridão do ápice da fruta. Esta doença é causada normalmente pelos fungos
Verticillium theobromae e Trachysphaera fructígena. Estes fungos se desenvolvem no pistilo e
posteriormente, invadem o fruto causando uma podridão seca, ou levemente úmida, com aspecto
externo de um charuto queimado, pela massa de esporos cinza e pulverulenta. Quando causado por T.
fructígena, a massa de esporos é inicialmente branca ou rosada e marrom posteriormente. Os danos
podem alcançar mais de 1/3 do comprimento do fruto, ficando a parte afetada perfeitamente delimitada
do resto da fruta, que mantém a casca verde. O controle cultural desta doença é feito através da
despistilagem à campo até 15 dias após a abertura total das pencas do cacho.
Os restos florais são também fonte de inóculo de outros fungos causadores de doenças como o
Colletotrichum musae, causador da antracnose em pós-colheita. A despistilagem realizada até 20 dias
após a abertura das pencas é eficiente na redução da incidência desta doença, pela redução do inóculo.
Nas cultivares em que os restos florais são persistentes, os pistilos são causadores de
ferimentos noutros frutos, durante o transporte, principalmente em carrocerias. A ponta de um fruto
causa ferimentos, por atrito ou perfuração, no fruto que está em contato consigo, depreciando sua
aparência, prejudicando sua conservação e inoculando os fungos presentes no pistilo. A despistilagem
a campo reduz este problema sensivelmente.
A retirada dos restos florais em algumas cultivares é fácil de ser feita manualmente. Nas
cultivares Nanicão e Grande Naine, a flor solta facilmente, especialmente logo após a abertura das
pencas, quando as flores começam a murchar. Nestas cultivares a despistilagem pode ser feita até na
época da colheita, ou em pós-colheita sem maiores problemas. O ideal, porém, é fazê-la até quinze dias
após a abertura das pencas. Retira-se as flores com os dedos, individualmente, ou passando a palma da
mão ou a parte ventral dos dedos nas flores, fazendo-as desprenderem-se. Um homem despistila de
100 a 200 cachos por dia.
Em outras cultivares, como a Nanica estas flores são mais persistentes e exigem a sua retirada
uma a uma. Após secarem estas flores só são possíveis de ser retiradas, com o auxílio de uma

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faquinha. Neste caso, a despistilagem exige alto uso e mão-de-obra, além de depreciar a aparência do
fruto pela ocorrência de manchas oriundas de exudação do látex (seiva).
Na ocasião da despistilagem a campo deve-se fazer ainda, a retirada de brácteas sobre as
pencas e outros materiais que porventura estejam sobre os frutos. Nas cultivares Enxerto, Nanica,
Nam, Terrinha e outras que apresentam flores masculinas e brácteas persistentes, este material deve ser
eliminado do cacho, completando a limpeza.

6. Poda do coração

Após a abertura das pencas de banana, na ráquis masculina, continua a abertura de pencas de
flores masculinas, até a época da colheita, na maioria das cultivares. Com isto, o cacho da bananeira
desenvolve o que vulgarmente é chamado de rabo (ráquis masculina). Neste desenvolvimento, a planta
consome reservas acumuladas e nutrientes assimilados. Com o objetivo de aproveitar estas reservas e
nutrientes no desenvolvimento do cacho, é recomendada a eliminação do coração ou mangará do
cacho logo após a abertura das pencas. Normalmente recomenda-se eliminar o “coração” quando este
encontra-se a cerca de 10 centímetros da última penca do cacho. Nas cultivares do subgrupo Cavendish
esta prática permite um ganho de peso do cacho de cerca de 5%, em média.
Em regiões e cultivares que apresentam problemas de “seca-do-rabo”, por fungos, recomenda-
se retardar a eliminação do coração para no mínimo um mês após a completa abertura das pencas,
quando a ráquis masculina já se encontra com mais de 15 centímetros. O tecido mais “maduro” é
menos suscetível ao ataque dos fungos causadores da podridão da ráquis masculina. A poda tardia do
coração reduz os efeitos desta prática, que são principalmente o aumento do peso do cacho e o
encurtamento do ciclo de produção.

Outros efeitos benéficos da poda do coração são o controle cultural do tripes da erupção, da
antracnose e do moko, a redução do tombamento e quebra do pseudocaule e a redução da curvatura das
frutas. Nas flores masculinas abrigam-se e alimentam-se os diversos ínstares do tripes da erupção,
principalmente. Ao se eliminar este abrigo, a população deste inseto tende a decrescer. Como já foi
colocado anteriormente, os restos florais são fontes de inóculo de vários fungos, entre ele o C. musae,
causador da antracnose. Ao se eliminar o coração se reduz o inóculo deste fungo, pois mesmo quando
estas flores caem no solo, vários insetos podem transportar os fungos até o cacho. O “moko”, causado
por Pseudomonas solanacearum, tem como um dos seu principais vetores a abelha arapuá ou abelha
cachorro (Trigona spinipes), que visita com frequência as flores masculinas da bananeira. Com a
eliminação do coração, se reduz o período de possível inolucação desta bactéria na bananeira, nas
regiões onde ocorre. A presença do coração aumenta o peso que a planta necessita suportar. Ao se
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eliminar o coração, consequentemente, se reduz o risco de tombamento ou de quebramento do
pseudocaule.
A eliminação (poda) do coração é feita de preferência pela quebra manual da ráquis
masculina. Em plantas altas, quando não se usa escadas, a poda pode ser feita com foices ou com
ferramentas especiais de cabo longo. O corte, porém, pode disseminar fungos causadores da “seca-do-
rabo” (podridão da ráquis masculina). Alguns produtores coletam e enterram os corações dentro do
bananal. Esta prática tem por objetivo enterrar os insetos (tripes) e fungos porventura presentes nas
flores, reduzindo ainda mais a incidência destes problemas nos bananais.

7. Poda das pencas

Na comercialização da banana, normalmente as pencas inferiores do cacho, por apresentarem


frutas muito pequenas, são desclassificadas e descartadas. Estas pencas, durante o desenvolvimento do
cacho, concorrem com as demais na utilização das reservas acumuladas e dos nutrientes absorvidos
pela planta. A eliminação destas pencas logo após a sua abertura, permite que os frutos das pencas
remanescentes do cacho desenvolvam-se melhor, alcançando maior comprimento e diâmetro.
No Brasil, pelo fato do mercado aceitar frutas de tamanho pequeno, normalmente recomenda-
se podar apenas a “falsa penca” ou esta mais a última penca. No último caso são incluídos cachos
muito grandes, cachos com frutos muito pequenos, cachos com falsa penca muito pequena (poucos
frutos) e cachos de bananeiras pouco desenvolvidas. A primeira penca também pode ser podada,
quando mal formada (poucos frutos) ou deformada de maneira irreversível, por pecíolos foliares.
Nos bananais destinados a exportação para mercados exigentes quanto ao tamanho dos
frutos, muitas vezes se faz necessário a poda da falsa penca mais duas a três pencas inferiores.
Em alguns países recomenda-se podar, além das pencas, os frutos das extremidades das
pencas que causam atrito nas pencas vizinhas.
No Brasil, como se recomenda apenas a poda das pencas que seriam descartadas na
comercialização, ao fazer esta prática, o bananicultor acaba comercializando mais frutas de melhor
categoria (classificação) e maior peso total.
A poda das pencas é feita manualmente, arrancando-se os frutos da penca ou eliminando-as
com o auxílio de uma faca ou canivete. Em plantas altas, quando não se utiliza escada, a poda de
pencas é feita com uma ferramenta de cabo longo, especialmente desenvolvida para este fim.
Recomenda-se deixar uma fruta da última penca para evitar prejuízos com a “seca-do-rabo”
(podridão da ráquis masculina). No caso de ocorrer esta doença, sua ação normalmente paralisa ao
encontrar um ponto de circulação de seiva. A fruta deixada na penca podada, portanto, serve de
barreira a evolução à doença, evitando danos às pencas de banana.
A época mais recomendada para a poda de pencas é a mesma da poda do coração, ou seja,
logo após a abertura completa das pencas.

8. Proteção do cacho por ensacamento

A qualidade da fruta é, cada vez mais, fator primordial para a obtenção de melhores preços no
mercado. Neste sentido, práticas como o escoramento das plantas, a desfolha, a poda de pencas e do
coração, a despistilagem e o desvio de cachos, têm contribuído para a melhoria da qualidade da banana
produzida. Além disso, as práticas da adubação, controle de pragas e doenças, controle de plantas
daninhas, irrigação, drenagem, desbaste dos filhotes e uso de quebra-ventos são também necessárias e
fundamentais para a obtenção de um bom produto.
Nos últimos seis anos tem sido usada, em Santa Catarina, a proteção dos cachos com sacos de
polietileno de coloração azul. A prática do ensacamento dos cachos é, atualmente, considerada
essencial para a qualidade da banana colhida, nas diferentes regiões produtoras do mundo. Para este

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fim, são usados sacos de polietileno de diversas colorações e níveis de transparência e sacos de papel
kraft.
De uma forma geral, tem-se citado como vantagens do ensacamento dos cachos, em qualquer
condição climática, os seguintes aspectos quantitativos e qualitativos: a) aumento do peso dos cachos
de 5 a 25%; b) produção de frutos mais longos, o que reduz o descarte e a queda na classificação das
bananas, principalmente das pencas distais; c) produção de frutos com maior diâmetro, que atingem
mais rapidamente o grau exigido pelo mercado; d) encurtamento do período da floração à colheita,
reduzindo o ciclo, devido ao microclima mais quente no interior do saco; e) produção de frutos com
melhor coloração e maior brilho e suavidade da casca; f) redução de danos mecânicos causados pelo
roçamento de folhas, deposição de poeira e ação de ventos e de granizo leve, melhorando
consideravelmente a aparência do fruto; g) controle de lagartas que roem a casca dos frutos,
depreciando o produto; h) proteção dos cachos contra a presença de ninhos de aves e roedores, que
com seus materiais e fezes dos animais depreciam cerca de 3 pencas por cacho; e i) proteção contra a
deposição de produtos químicos nos cachos, especialmente de óleo mineral e fungicidas quando as
pulverizações são feitas com atomizadores costais.
Se a colocação do saco for realizada cedo, isto é, quando a inflorescência ainda não iniciou a
abertura, pode-se acrescentar a vantagem: j) controle da traça-da-bananeira, que broqueia a ponta dos
frutos, e da abelha arapuá ou cachorro, que causa danos nas quinas das frutas ao retirar resina dos
frutos jovens. E, se além disso, os sacos de polietileno contiverem inseticida na sua composição pode-
se acrescentar as vantagens: l) controle dos tripes da erupção e da ferrugem, que depreciam o fruto na
comercialização; e, m) controle de coleópteros, lepidópteros e afídios.
Nas regiões subtropicais, com inverno marcado pela ocorrência de baixas temperaturas, os
cachos permanecem um longo tempo na planta, sujeitos a danos de origem mecânica, fisiológica e
biológica. Em Santa Catarina, o cacho de banana do subgrupo Cavendish pode permanecer na planta
por até 7 meses, nos períodos frios, enquanto que nas épocas mais quentes permanece por 3 a 4 meses.
Acrescente-se a isso o fato que a ocorrência de baixas temperaturas e a maior presença de folhas secas
decorrente destas temperaturas, agravam o nível de danos. Nestas condições climáticas, o ensacamento
dos cachos apresenta as seguintes vantagens adicionais: n) redução dos danos causados pela incidência
de ventos frios; o) redução dos danos causados pela ocorrência de baixas temperaturas, "friagem" ou
"chilling", que causa a coagulação da seiva da casca e o escurecimento do fruto, e a destruição da
clorofila, permitindo o aparecimento de manchas verde-escuras na casca; e p) melhoria na coloração
(mais clara), elasticidade e espessura da casca, reduzindo o rachamento (casca “vitrificada”) e
melhorando o aspecto do fruto.
Ainda nos climas subtropicais, pode-se acrescentar como vantagens indiretas: q) melhoria na
climatização da banana, principalmente daquela produzida durante o inverno e colhida de meados de
outubro e meados de dezembro nas regiões mais frias do Brasil e r) redução na densidade dos frutos, o
que evita ou reduz o afundamento das bananas nos tanques de lavagem em pós-colheita.
Em qualquer condição climática pode-se acrescentar as vantagens indiretas: s) redução dos
danos por atrito na colheita e no transporte em carrocerias, mesmo quando se usa espuma, folhas ou
outro material de proteção; e t) proteção dos frutos contra manchas de seiva (látex) que escorre do
engaço cortado, durante a colheita e o transporte, tanto em carrocerias quanto em cabos aéreos.
Além destas vantagens, tem-se verificado, em Santa Catarina, a redução da incidência de
antracnose nos frutos. Este fato deve-se a redução do número de ferimentos na casca dos frutos,
dificultando a penetração do fungo, e a dificuldade de acesso do inóculo no bananal a estes frutos.
Como problemas e desvantagens do ensacamento dos cachos na lavoura, pode-se enumerar: a)
aumento do custo de produção, pela compra dos sacos plásticos e fitilhos para amarração e pelo
pagamento da mão-de-obra adicional para a execução da prática; b) produção de frutos com a casca
mais frágil e, por isso, mais sujeitos a danos em pós-colheita; c) dificuldade de realizar a prática em
bananeiras de porte alto; d) aumento na persistência dos restos florais; e) dificuldade na visualização
dos frutos, dificultando a verificação do ponto de colheita, especialmente quando são usados sacos
opacos ou escuros; f) aumento do risco de poluição ambiental, exigindo a retirada do material que
persistir na área, destinando-o a reciclagem; g) aumento na incidência da “ponta-do-charuto”, pela

65
maior umidade relativa no interior dos sacos; h) aumento na incidência de danos por atrito entre frutos,
devido a maior fragilidade da casca, maior tamanho dos frutos e limite de espaço dentro dos sacos; i)
aumento no risco de queimaduras na coroa, ráquis e frutos, pelo acúmulo de água (funciona como
lente) em bolsas nas pencas superiores, quando a colocação do saco não é bem feita e quando o sol
incide no local; j) aumento de queimaduras, branqueamento da casca e maturação prematura dos
frutos, quando os cachos são expostos diretamente ao sol; e l) dificuldade de uso da prática em
bananais de encostas.
Quanto à época de colocação do saco, tem-se recomendado normalmente dois estádios de
desenvolvimento do cacho. Os melhores resultados são obtidos quando a execução da prática é mais
precoce. Desta forma, o ensacamento das inflorescências pendentes, mas sem pencas abertas, é o ideal.
Além disso, nesta época a execução da prática é mais fácil. Por outro lado, este procedimento exige
duas passadas por semana por todas as plantas, para ensacar as inflorescências antes que estas se
abram e para eliminar as brácteas que vão soltando ao abrir das pencas e que ficam presas nos sacos. A
eliminação das brácteas é necessária porque, se estas permanecerem sobre as pencas, apodrecem e
causam sérios danos nos frutos e almofadas. A eliminação das brácteas soltas é feita por sacudidelas
leves no saco. Isto aumenta em muito a mão-de-obra necessária, razão pela qual tem-se preferido
ensacar os cachos quando a falsa penca e duas a quatro pencas masculinas já se encontram abertas.
Normalmente nesta época também são feitos o escoramento, a poda de pencas e do coração e a
despistilagem.
Para a execução desta prática normalmente são necessários: escada, sacos plásticos e tiras de
fitilho plástico.
Quando o ensacamento é feito com a inflorescência já aberta deve-se colocar o saco enrolado,
para evitar que rasgue, e então desenrolá-lo, envolvendo-se uniformemente o cacho. O saco deve
pender livremente e não deve ficar retorcido, o que pode deformar os frutos. Junta-se, então, os dois
extremos superiores opostos do saco, atando-se acima da cicatriz do engaço. Pode-se atar com o
próprio saco ou utilizando-se fitilhos plásticos. Para evitar a formação de bolsas de água deve-se atar a
parte superior do saco bem acima da primeira penca. Os fitilhos plásticos podem ser utilizados para a
programação de colheita, utilizando-se a cada semana fitilhos de uma coloração diferente. Esta prática
facilita a visualização dos cachos a serem colhidos e permite uma previsão de colheita, se conhecidos a
quantidade de cachos emitidos em cada época de floração e o período floração-colheita. Deixa-se a
extremidade inferior do saco aberta, para evitar excesso de umidade e acúmulo e putrefação de
resíduos. O saco deve ultrapassar em 15 a 30 cm a última penca remanescente do cacho. A folha
“bandeira”, também conhecida por “lingueta”, “placenta” ou “gravata” deve ser colocada para trás,
sem cortá-la. As folhas que passam entre ou próximo ao cacho ou inflorescência devem ser dobradas e
eliminadas posteriormente.
O polietileno mais utilizado para a confecção dos sacos é o de baixa densidade. Os sacos
devem ser perfurados para evitar o excesso de umidade e a proliferação de pragas e doenças,
principalmente fungos, como por exemplo aqueles que provocam a fumagina. Geralmente os sacos
apresentam furos de 12,5 ou 12,7 mm espaçados em quadrado a cada 76 mm. São usados também
sacos com furos de 3 mm a cada 12,5 mm, mas estes apresentam problemas de excesso de umidade no
seu interior. A largura dos sacos pode ser de 70 a 81 cm, de acordo com a cultivar e o tamanho dos
cachos. O comprimento, da mesma forma, varia de 100 a 160 cm. Para evitar o desperdício de
material, pode-se utilizar “tubos” enrolados que são cortados de acordo com o tamanho do cacho a ser
ensacado. A espessura do polietileno tem variado bastante de acordo com a temperatura, a ocorrência
de ventos e o tempo da floração a colheita. Em Santa Catarina usa-se sacos de 0,02 mm de espessura.
Nos países tropicais os sacos são menos espessos.
A utilização de sacos azuis transparentes, normalmente usados em diversas regiões, provoca
aquecimento e causa queimaduras graves, branqueamento de sol e maturação precoce dos frutos,
quando os cachos ficam expostos diretamente ao sol, depreciando os frutos para o mercado. Isto
também ocorre com os sacos incolores e de outras colorações transparentes e escuras, normalmente em
beiras de carreadores, de estradas e de outros locais abertos. Neste caso, antes da colocação do saco
deve-se proteger as pencas superiores com folhas de jornal. Este problema pode ocorrer também no

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interior do bananal quando as plantas são desfolhadas por doenças (“sigatoka”, por exemplo), pragas
(lagartas, por exemplo), frio, vento, granizo seca ou problemas nutricionais. Quando as folhas perdem
a turgescência e dobram os limbos, mesmo sem secar, o sol penetra e causa também este problema,
principalmente em períodos curtos de seca ou em bananais com irrigação deficiente. Nestes casos, a
utilização de sacos de coloração branco leitoso, prateado e azul leitoso, ou folhas de jornal
normalmente contornam o problema.
As colorações azul intenso e preto são utilizadas para reduzir danos de frio. Os sacos incolores
levam à produção de frutos com casca mais verde e mais resistente. O polietileno azul reduz o verde
da casca, melhorando a qualidade e a coloração do fruto. Os sacos verdes e rosados transparentes
conduzem à produção de frutos com casca verde pálido e mais sensível a machucaduras.
Embora representando um custo a mais, o ensacamento dos cachos tem apresentado um
resultado positivo quanto ao custo/benefício. O milheiro do saco de polietileno chega a custar R$
140,00, ou seja R$ 0,14 por unidade. Porém, a qualidade e quantidade de banana produzida aumenta, a
comercialização é mais fácil e os preços obtidos são maiores, o que compensa os custos. Em Santa
Catarina, em alguns casos, os sacos têm sido reutilizados, mas o seu rompimento neste caso é elevado,
devido ao ressecamento do polietileno. Para a reutilização a espessura do polietileno deve ser maior e
o material deve receber tratamento através da adição de produto de proteção contra raios ultravioletas.
Como pode ser verificado, o ensacamento dos cachos é uma prática vantajosa, mas que no
Brasil necessita ser mais bem estudada, nas diferentes condições climáticas. Alguns estudos
necessários seriam: a) Colorações e transparência dos sacos; b) Épocas (estádios) de ensacamento; c)
Diâmetro e espaçamento das perfurações; d) Efeito sobre os frutos de diferentes cultivares; e) Efeito da
época do ano sobre o ensacamento, nas regiões subtropicais; f) Efeito de sacos tratados com inseticidas
e sacos não tratados sobre a ocorrência de pragas; e g) Teste de materiais e espessura dos sacos.

9. Desvio de cachos e filhotes de bananeira

Nos terrenos declivosos, normalmente os filhotes das bananeiras são conduzidos para o lado
mais alto de encosta, visando manter seus rizomas no interior do solo. Nestes bananais, o cacho quase
sempre se projeta para o lado mais baixo da encosta, devido a maior exposição à luz, e desse modo,
dificilmente o filhote toca no cacho.
Nos terrenos planos, porém, é bastante comum que os cachos sejam lançados exatamente
sobre os filhos escolhidos como sucessores. Este fato, além de prejudicar o desenvolvimento do
filhote, é causador de danos por atrito nos frutos.
Nas áreas planas, no Sul e Sudeste do Brasil, devido à maior luminosidade do lado Norte, os
cachos são lançados, na sua maioria, naquela direção. Neste caso, pode-se reduzir o problema,
orientando-se o plantio das mudas noutro sentido. Posteriormente, no desbaste, selecionar-se-á filhotes
seguidores voltados para o sudeste, sudoeste, leste, oeste ou sul, conforme o sentido utilizado no
plantio. Porém, nem sempre este procedimento é possível, por problemas de luminosidade ou ventos
predominantes. Os cachos das margens dos carreadores, como exceção, sempre saem voltados para
fora do bananal, seja qual for o ponto cardeal.

9.1. Desvio do filhote

Esta prática consiste no desvio do desenvolvimento normal dos filhotes seguidores, que
crescem sob o cacho da planta “mãe”, evitando que venham a prejudicar os frutos, através do atrito
provocado pelas suas folhas.
Quando as folhas do filhote apenas roçam na face externa do cacho, pode-se facilmente
afastá-lo da “planta-mãe”, colocando um rolete de pseudocaule ou um pedaço verde de pecíolo ou
bainha foliar entre os dois. O cacho penderá, então, livremente entre as duas plantas. Pode-se usar,
também, madeira ou roletes de bambú grosso para este fim, porém, é preferível utilizar materiais que
não deformem o filhote e que se decomponham em pouco tempo, desde que tenham resistência
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suficiente.
Quando o filhote se encontra entre o cacho e o pseudocaule, roçando nas pencas, deve-se
desviar o filhote para junto da planta “mãe” ou ligeiramente para o lado. Para isto, coloca-se o filhote
na posição desejada, atando-o com bainhas foliares secas, nervuras centrais de folhas, cordas ou
fitilhos plásticos, tendo a planta “mãe” como ponto de apoio. Neste caso, também, é preferível a
utilização de materiais de curta duração, para evitar a deformação do filhote ou prejuízos no seu
desenvolvimento. Pode-se utilizar uma pequena estaca de bambu ou de arame espetada no pseudocaule
da planta “mãe” para atar-se o filhote com maior firmeza.
As folhas dos filhotes nunca devem ser eliminadas. Quando necessário, dobra-se a parte da
folha que afeta o cacho.
Deve-se inspecionar o bananal semanalmente para fazer novos desvios, corrigindo também os
desvios anteriores desajustados, e soltando aqueles não mais necessários.

9.2. Desvio do cacho

É uma prática que visa proteger o cacho de danos produzidos pelo contato deste com o
pseudocaule da planta “mãe”; as torres, traves e filamentos dos cabos aéreos; as plantas vizinhas; as
varas ou fitilhos de escoramento; os galpões e outras construções; ou ainda, com filhotes que não se
pode desviar.
O desvio do cacho deve ser realizado semanalmente. Desvia-se apenas os cachos que tenham
completado a abertura total das pencas há cerca de uma semana. Cachos mais jovens se deformam com
esta prática.
Para o desvio do cacho do pseudocaule da planta “mãe” e, também, de construções, objetos e
plantas, utiliza-se corda ou fitilho plástico. O fitilho ou corda deve ser atado entre dois nós da ráquis,
abaixo da última penca do cacho; tensionando para desviar o cacho; e atado numa planta vizinha, com
laçadas amplas e na maior altura possível. A laçada ampla é indicada para que não se estrangule a
planta utilizada como apoio e a altura para não dificultar o deslocamento dos trabalhadores e a
operação de colheita.
O desvio dos cachos, de construções, outros objetos ou plantas, pode ser feito, também,
afastando-se a planta “mãe” destas superfícies, tracionando-a através de fitilhos plásticos ou cordas
atadas às plantas vizinhas ou estacas fixadas no solo.
Para desviar o cacho do pseudocaule da planta “mãe”, ou de filhotes que encontrem-se entre a
planta e o cacho, pode-se usar uma haste de bambú ou ramos de árvore terminado em foquilha. Espeta-
se uma das extremidades da haste no pseudocaule. A outro extremidade deve ser amarrada ou apoiada
na ráquis feminina do cacho.
Também nesta modalidade de desvio, não se deve deslocar exageradamente o cacho, mas
somente o mínimo necessário para que este não encoste no pseudocaule ou em outras superfícies.

9.3. Desvio do filhote e do cacho

Na prática do desvio, deve-se evitar deformações ou prejuízos ao desenvolvimento do filhote,


pois, futuramente, este poderá lançar seu cacho apoiado no pseudocaule ou tornar-se mais suscetível ao
quebramento da planta.
Quando a tarefa de desviar os filhotes ou o cacho for difícil, deve-se desviar ligeiramente cada
um deles. Para isto, utiliza-se um ramo de árvore ou arbusto com forquilha numa das extremidades. A
extremidade com forquilha é apoiada no filhote e a outra é atada na ráquis do cacho, abaixo da última
penca, afastando-os.
De outra maneira, pode-se desviar o filhote através de uma das modalidades mencionadas no
item 9.2 e afastar o cacho com um fitilho plástico atado à planta vizinha.

10. Manejo do pseudocaule após a colheita

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Nas cultivares do subgrupo Cavendish, como a Nanicão, Grande Naine, Willians, Imperial e
Nanica, os filhotes apresentam uma dependência muito grande do estágio de desenvolvimento da
“planta-mãe” para crescerem. Desta forma, após a colheita da “planta mãe”, os filhotes, geralmente
ainda muito pequenos, passam a desenvolverem-se mais rapidamente. Neste grupo de cultivares
recomenda-se cortar a bananeira o mais alto possível, na colheita. O pseudocaule é deixado de pé até
dois meses após a colheita. A manutenção do pseudocaule é recomendável porque, neste período, os
filhotes, por estarem interligados a “planta mãe”, aproveitam seus nutrientes, hormônios vegetais e
água para desenvolverem-se.
Após este período o pseudocaule deve ser rebaixado, na medida em que vai secando. Nas
regiões de baixa luminosidade e em bananais densos (baixa luminosidade interna) recomenda-se
eliminar totalmente o pseudocaule dois meses após a colheita.
Após a derrubada, o pseudocaule deve ser cortado em pedaços e colocado nas entrelinhas do
bananal. Nos bananais plantados em linhas duplas deve-se colocar os pseudocaules na rua mais larga.
Em regiões de climas secos, além de cortar, deve-se rachar longitudinalmente o pseudocaule para
acelerar a sua descomposição. Nas encostas de morros, o pseudocaule deve ser colocado logo abaixo
da linha de plantas, no sentido transversal ao da caída do terreno, para auxiliar no controle da erosão
do solo, juntamente com outros restos culturais.
Nas bananeiras do subgrupo Prata não e necessário manter o pseudocaule após a colheita.
Nestas cultivares, como a Prata, Pacovan, Enxerto e Branca, os filhotes já encontram-se bastante
desenvolvidos na época de colheita. A permanência do pseudocaule não afeta o desenvolvimento dos
filhotes. Neste caso, rebaixa-se paulatinamente ou elimina-se o pseudocaule logo após a colheita do
cacho.

11. Controle de plantas daninhas

Na bananicultura o controle de plantas daninhas é uma grande dificuldade, principalmente no


primeiro ciclo, quando as plantas em desenvolvimento deixam o solo muito exposto aos raios solares.
As partir do segundo ciclo, quando se utiliza médias e altas densidades de plantio, o sombreamento do
solo pelas próprias bananeiras reduzem bastante a incidência de plantas daninhas.
Em bananais novos recomenda-se fazer o coroamento das plantas, com capinas ou roçadas
rente ao solo, com foice ou zenzo. Outra opção é o uso de “mulching” de capim seco, cepilho,
serragem, acícula de pinheiro ou outro material disponível, num raio mínimo de meio metro em volta
das plantas. No restante da área recomenda-se a roçada manual ou mecânica. O uso de herbicidas na
fase inicial do bananal não é recomendável, porque as plantas ainda pequenas ficam muito sujeitas a
deriva destes produtos e são prejudicadas ou mortas por pequenas quantidades dos herbicidas.
Após o sexto mês de idade do bananal, não se recomenda capinas manuais de coroamento,
nem o uso de grades ou cultivadores mecânicos nas entrelinhas, para evitar danos ao sistema radicular
da bananeira. Neste caso, sempre que necessário pode-se fazer a capina química, com herbicidas. Estão
registrados para uso em bananais herbicidas pós-emergentes com os princípios ativos glifosate,
paraquat e glufosinato de amônio e alguns herbicidas pré-emergentes. O uso destes herbicidas depende
das condições do solo e da infestação e tipo de plantas daninhas. Nos plantios em espaçamento de filas
duplas pode-se usar roçadeira mecânica nas ruas mais largas e herbicidas nas mais estreitas.
Uma nova tendência mundial na bananicultura é o manejo de plantas daninhas. Nesta
modalidade, o bananal é apenas roçado, deixando-se o sistema radicular das plantas daninhas na área.
Apenas mantém-se a vegetação invasora num nível baixo de altura. As gramíneas mais agressivas são
eliminadas manualmente (com enxada) ou com herbicidas, localizadamente. Esta prática tem reduzido
a incidência de nematóides e fungos de solo, reduzindo seus prejuízos ao bananal. Com a
biodiversidade promovida por esta prática também ocorre um maior equilíbrio biológico na área. Nos
bananais de encostas de morros este manejo permite um mais eficiente controle da erosão. Não se deve
permitir, porém que as plantas daninhas cresçam muito, pela concorrência com o bananal e,

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principalmente, pelo aumento da umidade na área, favorecendo o ocorrência do “mal-de-sigatoka”. Na
Costa Rica utiliza-se o Fusilate (gramicida), evitando-se os herbicidas totais. Naquele país constatou-se
fitotoxidez do diuron e da ametrina em plantações de banana.

12. Controle de ventos

A ocorrência de ventos provoca grandes prejuízos aos bananais, devido a dilaceração das
folhas, rompimento de raízes e quebra e tombamento de plantas. Folhas rasgadas ficam com os lóbulos
caídos, com menor capacidade fotossintética e expõem o engaço e o cacho a queimaduras por
insolação. O rompimento de raízes, principalmente após a diferenciação floral, reduz o peso do cacho e
facilita o tombamento das plantas. Plantas que quebram ou tombam geralmente levam a perda total do
cacho. Quando isto ocorre em plantas em ponto de colheita parte do cacho pode ser aproveitada, mas a
qualidade é bastante afetada devido aos ferimentos nos frutos.
A primeira medida de controle deste problema é a escolha da região ou local de plantio. Deve-
se evitar os terrenos onde ventos fortes ocorram seguidamente. Algumas cultivares também são mais
resistentes aos ventos, como a Enxerto (Prata Anã), por exemplo. Cultivares mais suscetíveis aos
nematóides e a broca-da-bananeira, como a Nanicão, Grande Naine, Terra (Maranhão), Terrinha, Farta
Velhaco (Comprida, D’Angola, Chifre-de-boi), entre outras, tendem a tombar facilmente sob a ação de
ventos, quando atacadas. Cultivares de porte alto, como a Mysore, Prata, Branca e Pacovan, tendem a
apresentar maiores problemas de quebra do pseudocaule quando sob ação de ventos fortes.
Uma medida de controle da quebra e tombamento do pseudocaule é o escoramento das
plantas. Cultivares como a Terra, Farta Velhaco e Terrinha exigem o uso de várias escoras já antes do
lançamento do cacho. Noutras cultivares o escoramento é feito na época do lançamento do cacho.
Diversas formas de escoramento são descritas neste trabalho.
Para evitar a incidência direta dos ventos fortes nos bananais e seus conseqüentes efeitos,
deve-se instalar quebra-ventos, nas regiões onde o problema é freqüente. O quebra-vento não deve ser
uma barreira à passagem dos ventos, mas um redutor de velocidade, que permita a passagem dos
ventos.
Nas áreas planas, um quebra-vento protege normalmente uma faixa 20 vezes maior do que a
sua altura. Assim, um quebra-vento com altura de 15 metros irá proteger uma faixa de 300 metros de
lavoura. Se o quebra-vento tiver 10 metros de altura, protegerá uma faixa de 200 metros. Se os ventos
predominantes vêm de apenas uma direção, apenas este lado deverá ser protegido pelo quebra-vento.
Em locais onde os ventos fortes vêm de distintas direções, toda a área do bananal deverá ser cercada de
quebra-ventos.
Diversos tipos de quebra-ventos são usados na bananicultura mundial. O mais comum é o uso
de barreiras de árvores. No Brasil, as plantas mais usadas como quebra-ventos são o bambú (Bambusa
spp), o eucalipto (Eucalyptus spp) e a grevilha (Grevilea robusta). Outras árvores de porte alto e de
crescimento rápido podem ser usadas. Noutros países são usadas em bananais as espécies Pennisetum
purpureum, Melaleuca leucodendron, Pinus caribean var. hondurensis e Araucaria cunningamii,
entre outras. Quando a espécie usada tem copa alta recomenda-se plantá-la paralelamente a uma fileira
de plantas de porte mais baixo, como a calabura (Muntigia calabura), o mimo de vênus (Hibiscus rosa
sinensis) e a silva (Mimosa bimucronata). O bambú também pode ser usado com este fim. Quando o
bambú suplantar a altura das árvores, estas podem ser eliminadas.
Nas Ilhas Canárias, onde os patamares são sustentados por muros de pedras e concreto é
comum a construção de quebra-ventos com tijolos ou blocos de cimento sobre estes muros e nas
margens do bananal. Nestas ilhas os ventos chegam a 100 km por hora. Os quebra-ventos, neste caso
muros de alvenaria, tem 2,5 metros de altura nos plantios de banana Nanica e cerca de 3,5 metros nas
plantios de banana Grande Naine. Quanto mais alta a cultivar plantada, mais alto deve ser o “muro
quebra-ventos”. Nos muros existem perfurações que permitem uma permeabilidade de 35 a 50%. O
bloco ou tijolo mais utilizado para este fim tem as dimensões de 54 x 30 x 10 centímetros, com 9 ou 10
perfurações retangulares de 9 x 8 centímetros cada um.

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Um tipo de quebra-ventos que vem sendo muito utilizado recentemente, em diversos países
produtores de banana, é a barreira de tela plástica (tipo sombrite, mas incolor) colocado em volta da
quadra de plantio de bananeiras. Estes telados são fixados firmemente a escoras (postes) concretadas
no solo. As escoras são de concreto ou metálicas. Outra versão deste tipo de quebra-ventos, é o uso de
casas de vegetação, cobertas por plástico sem perfurações ou por telados. O plantio sob casa de
vegetação tem como objetivos a proteção contra o frio e contra os ventos, em diversos países
produtores de banana.
Por fim, outro tipo de quebra-ventos construído são paredes de bambú rachado e pregado às
escoras (postes de madeira). Os bambús são pregados espaçados, com frestas que permitem a
passagem do vento.

13. Bibliografia citada ou consultada

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Banano. 1995. 66p.

NUTRIÇÃO E ADUBAÇÃO DA BANANEIRA

Jorge Luiz Malburg

A bananeira é uma planta herbácea gigante, de crescimento constante e extremamente rápido.


É uma planta que apresenta um alto potencial produtivo, até 100 t/ha/ano, dependendo da variedade,
do manejo da cultura e das condições de clima e solo.
A produção de “massa verde” de um bananal, por sua vez, atinge a cifra de até 200 t/ha/ano.
Além desses aspectos, as raízes da bananeira desenvolvem-se muito superficialmente o que
torna bastante importante os aspectos ligado a nutrição e adubação da cultura.

1. Funções de alguns nutrientes e sintomas de deficiências

Nitrogênio (N) - É o elemento responsável pelo crescimento geral da planta. O lançamento de


folhas e o tamanho destas, a emissão de filhos, a altura da planta, o diâmetro do pseudocaule e o
volume e o peso do rizoma são bastante influenciados pelo nitrogênio.
Havendo falta de nitrogênio todas as folhas tornam-se verde-pálidas e amareladas. Nos
pecíolos pode-se observar uma coloração rósea. A distribuição das folhas altera-se tomando o aspecto
de vassoura de palha.
Com excesso de nitrogênio o pseudocaule cresce muito rapidamente e com isso, as bainhas
mais externas se soltam e o pseudocaule torna-se menos resistente. O ciclo vegetativo aumenta pois as
plantas permanecem emitindo folhas por muito tempo. Os cachos ficam com as pencas separadas e as
frutas tomam a coloração verde intenso e tornam-se frágeis.

72
Fósforo (P) - Este elemento favorece o desenvolvimento do sistema radicular, influi nas
funções dos órgãos florais e no armazenamento e fornecimento de energia para o metabolismo da
bananeira. Havendo carência de fósforo o crescimento das plantas é muito lento e o desenvolvimento
do sistema radicular é prejudicado. As folhas mais velhas tornam-se de coloração verde-azulada
intenso e em seguida pode-se observar necroses com moldura amarelo intenso nas bordas destas
folhas.

Potássio (K) - É o elemento chave na nutrição da bananeira. O potássio atua diretamente nas
trocas metabólicas, na translocação da seiva elaborada, na retenção de água pela planta e na coloração
e qualidade dos frutos. O potássio é o principal responsável pelo peso do cacho; aumenta o número de
frutos por penca e o tamanho dos frutos. O sintoma mais típico da deficiência de potássio é o
aparecimento de clorose amarelo-alaranjada nas folhas mais velhas, iniciando-se pelo ápice e
evoluindo em direção à base. Seguindo-se a este amarelecimento o ocorre enrolamento da folha que
vai secando também no sentido ápice-base. Posteriormente as folhas quebram-se na base do pecíolo
caindo rentes ao pseudocaule. Plantas com deficiência de K apresentam cachos com poucas pencas e
frutos pequenos.

Cálcio (Ca) - O cálcio tem função estrutural na planta, ou seja, é componente das paredes das
células dando resistência à planta. Também está ligado ao crescimento das raízes e dos tecidos jovens
das plantas. O cálcio também é responsável pela fixação do potássio nas folhas. Os sintomas da
deficiência de cálcio podem ser caracterizados nas folhas mais novas pelo engrossamento das nervuras
secundárias principalmente próximo à nervura central. Além disso ocorrem cloroses nas margens das
folhas, de formato triangular e coloração quase negra. Também tem sido descrito como sintoma de
deficiência de cálcio as deformações do limbo foliar que fica incompleto.

CARACTERISTICAS GERAIS DOS NUTRIENTES DO SOLO


Forma de
Forma
Forma de Mobilidade na Mecanismo de apresentação
Elemento metabólica Funções na planta
absorção planta mobilização nos
ativa
fertilizantes
N NH4+ NH4+ + Fluxo de massa N Componentes de
(96,8%) moléculas
NO3- NH3 Interceptação orgânicas, proteínas
radicular (1,2%) e enzimas
Ureia NH2OH- Difusão (0%)
Amidas
Aminoácidos
P H2PO4- H2PO4- + Fluxo de massa P2O5 Molécula
(63%) transportadora de
HPO4-2 HPO4-2 Difusão (90,9%) processos
PO4-3 Interceptação metabólicos
radicular (2,8%)
K K+ K+ + Fluxo de massa K2O Participa ativamente
(20%) em processos
Difusão (77,7%) metabólicos-
ativador de enzimas
Interceptação -transporte de
radicular (2,3%) açúcares podendo
ser substituído em
parte por Na
Ca Ca++ Ca++ - Difusão (0%) Ca Forma parte da
Interceptação estrutura das
radicular (28,6%) células
Fluxo de massa
(71,4%)
Mg Mg++ Mg++ + Fluxo de massa MgO Parte da molécula
Interceptação de clorofila
radicular
S SO4-2 S-H/S-S ± Fluxo de massa S
(95%)
Interceptação
radicular (5,%)
Mn Mn++ Mn ++ ± Fluxo de massa Mn Ativador enzimático
73
quelatos Interceptação metabolismo de N
Zn Zn++ Zn ++ ± Fluxo de massa Zn Ativador enzimático
quelatos Interceptação muito importante
radicular
Cu Cu++ Cu ++ - Fluxo de massa Cu Componente
CuOH+ enzimático
de várias proteínas
Cu Cl+
quelatos
Fe Fe++ Fe ++ - Fluxo de massa Fe2O3 Ativador enzimático
Fe+++ na síntese de
clorofila
quelatos
B H3BO3 - Fluxo de massa B2O3 Intervém no
H2BO3- transporte
de açúcares.
HBO3-2 diferenciação e
BO3-3 Desenvolvimento
celular.
B(OH)4- metabolismo de N e
P na fotossíntese
B4O7-2

Mo MoO4-2 + Fluxo de massa MoO4 Intervém no


metabolismo de N e
HMoO4- P
Cl Cl- + Fluxo de massa Cl Estimula a fase
luminosa da
fotossíntese

Magnésio (Mg) - É um nutriente muito importante na nutrição da bananeira pois além de


funcionar como ativador de diversas reações na planta entra na constituição química da clorofila. Este
elemento facilita a absorção de outros nutrientes além de favorecer a emissão de filhos e o
desenvolvimento do sistema radicular. Uma série de sintomas podem ser observados quando há falta
de magnésio. Uma das manifestações é o amarelecimento ao longo das margens das folhas mais velhas
sendo que as bordas destas ainda mantém-se verdes. Este amarelecimento vai evoluindo em direção à
nervura central.
Também podem ser observados amarelecimentos isolados (ilhas) nos limbos das folhas.
A roseta foliar pode dispor-se em leque, sintoma este que igualmente ocorre quando há falta
de nitrogênio.

Boro (B) - O boro tem relação com o desenvolvimento das gemas apical e laterais de
crescimento. Atua na formação de raízes, folhas e frutos e influencia a absorção de diversos nutrientes
e redistribuição dos produtos sintetizados nas folhas para os frutos. A falta de boro afeta todos os
pontos de crescimento prejudicando também a formação de frutos e cachos e reduzindo a emissão de
filhos.
Os sintomas foliares iniciais são o aparecimento de listras ou estrias branco-amareladas
distribuídas pela superfície da folha, perpendicularmente às nervuras secundárias. As folhas podem
também ficar deformadas e apresentarem redução do limbo, semelhantemente aos sintomas já
descritos para deficiência de cálcio. O engrossamento das nervuras secundárias também pode ser
observado.

Zinco (Zn) - O zinco tem função de ativar diversas reações na planta estando ligado
inclusive à produção de hormônios de crescimento. Atua no mecanismo de resistência das bananeiras
ao ataque do mal-do-panamá. Os sintomas da deficiência de zinco são observados principalmente em
plantas mais jovens, nas folhas mais novas, que apresentam-se inclusive menores e lanceoladas. As
folhas apresentam faixas cloróticas (verde-claro) alternadas com faixas de coloração normal, no
sentido das nervuras secundárias.

Nutrição x Mal-do-Panamá

74
A influência da adubação e da nutrição da bananeira sobre a incidência do “mal-do-panamá” é
marcante.
A disponibilidade de Ca, Mg e Zn no solo interfere decisivamente sobre os mecanismos de
resistência da planta. Da mesma forma a disponibilidade de K e os valores das relações K/Mg e
Ca/Mg. Neste sentido alguns estudos tem comprovado que a adubação com Ca, Mg e Zn reduzem ou
minimizam a incidência da doença.
Por outro lado, a adubação pode também favorecer a incidência do “mal-do-panamá”.
O impacto da adubação sobre o sistema solo-planta-microorganismo é complexo e marcante
em termos de “mal-do-panamá” e neste sentido é importante que se faça a adubação o mais
parceladamente possível.
É importante também levar em consideração o comportamento fisiológico da planta com
relação à doença frente a adubações desequilibradas.
O suprimento exagerado de potássio, por exemplo, quando não acompanhado por quantidades
equivalentes de outro nutriente com carga elétrica contrária, leva a planta a fabricar compostos
orgânicos e exudá-los através das raízes a fim de manter o equilíbrio osmótico. Essas exudações
servem, por sua vez, de substrato para o Fusarium, ou seja, favorece o crescimento do fungo na região
das raízes.
O cloreto, por sua vez, contido no cloreto de potássio, que é amplamente utilizado na
bananicultura, inibe a nitrificação, ou seja, impede a transformação do nitrogênio amoniacal (N-NH+4)
em nitrogênio nítrico (N-NO-3), fato esse que é desejável pois na presença de nitrato o
desenvolvimento do Fusarium é favorecido.
O equilíbrio na relação K/Mg também é importante para a saúde do bananal. Por essa razão
deve-se dar especial atenção ao fornecimento de Mg. As adubações são normalmente carregadas em
potássio e os solos são, via de regra, ricos em potássio. Em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul
recomenda-se aplicar calcário dolomítico a lanço, a cada três anos como fonte de Ca e Mg.
A adubação orgânica também tem se mostrado favorável à redução da doença. Em Santa
Catarina existem diversos bananais de ‘Enxerto’ que são adubados com cama de aviário e que,
comparativamente, se matêm mais sadios do que os bananais que não recebem este tipo de insumo.
Alguns trabalhos conduzidos em Taiwan também comprovam os efeitos benéficos da
adubação orgânica na redução do grau de infestação do “mal-do-panamá”. A matéria orgânica fornece
macro e micro nutrientes em concentrações não muito elevadas, libera esses nutrientes de forma mais
lenta do que nos adubos minerais, aumenta a retenção d’água no solo e estimula a microflora do solo.

2. Avaliação do estado nutricional de bananais

Em primeiro lugar a análise de solo nos dá uma idéia da disponibilidade dos nutrientes para o
bananal. Logicamente, se esta análise indicar que o solo é pobre em um ou mais nutrientes, é de se
esperar que o bananal não apresente vigor pleno nem boa produtividade.
Por outro lado, conhecendo-se os sintomas de deficiências nutricionais também podemos
identificar problemas na nutrição dos bananais.
Além disso, a análise foliar, mostra-nos a quantidade de nutrientes que a bananeira possui
dentro dela e com isso podemos avaliar se há carências, excessos, desequilíbrios ou toxidez.

• Análise foliar para bananeiras

Idade da planta - As plantas devem estar florescidas. Pode-se utilizar plantas desde o início
do florescimento, ou seja, com a inflorescência ainda fechada porém já inclinada para baixo (pendente)
até plantas em pleno florescimento, no estágio em que apresente todas as flores femininas e no
máximo 3 flores masculinas ou hermafroditas abertas.

Folha escolhida - A folha da qual retira-se a amostra é a 3ª folha mais nova (Folha III), ou
seja, a 3ª última folha emitida antes do lançamento da inflorescência (Figura 1).
75
Partes da folha - Retira-se de cada semi-limbo uma porção equivalente à metade interna de
uma faixa central com largura de 10 a 15 cm (Figura 2).

Obs.: Para cada amostra devemos retirar material de 15 a 20 plantas. As folhas amostradas
não poderão estar danificadas na planta e a amostra deve representar área homogênea.
Os pedaços de folhas não poderão ser sujos com terra ou poeira e deverão ser
colocadas em sacos de papel limpos e identificados.

Figura 1.

76
Figura 2.

TABELA DE VALORES PARA INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS DE


ANÁLISES FOLIARES PARA BANANEIRA
NUTRIENTE UNIDADE DEFICIEN- BAIXO/A ÓTIMO/A NÍVEL
TE/A CRÍTICO/B
N (g/kg) 16 – 21 20 – 25 27 – 36 26
P (g/kg) -- 1,5 – 1,7 1,8 – 2,7 2
K (g/kg) 13 – 27 -- 35 – 54 30
Ca (g/kg) 1,5 -- 2,5 – 12 5
Mg (g/kg) 0,7 – 1,9 2 – 2,5 2,7 – 6 3
S (g/kg) -- -- -- 23
B (mg/kg) -- < 10 10 – 25 11
Cl (mg/kg) -- -- -- 6
Cu (mg/kg) -- <5 6 – 30 9
Fe (mg/kg) -- -- 80 – 360 80
Mn (mg/kg) 30 – 100 -- 200 – 2.000 25
Mo (mg/kg) -- -- -- 1,5 – 3,2
Zn (mg/kg) 6 - 17 -- 20 – 50 18

/A
– LAHAV, E. & TURNER, D.W. 1992. Fertilización del banano para rendimientos altos. Segunda
edición. Boletín n°. 7. Instituto de la Potasa y el Fósforo. Quito, Ecuador. 71 p.
77
/B –
MARTIN-PREVEL, P. 1984. Bananier. In; L’analyse végétale dans le contrôle de l’alimentation
des plantes tempérées et tropicales, p. 775-751. Thechiques et documentation, Lavoisier,
Paris.

Relações de equilíbrio K – Ca – Mg no solo para bananeiras


Relação Faixa de normalidade
Ca/Mg 3,5 – 4,0
Ca/K 17,0 - 25,0
Mg/K 8,0 - 15,0
Ca + Mg / K 20,0 – 38,0
100 K / Ca + Mg + K 3,0 – 5,0

3. Adubação da Bananeira

Conforme já comentamos no início deste capítulo, a adubação dos bananais é uma das
práticas mais importantes na bananicultura. A bananeira além de ter capacidade de alta produção de
frutos também produz um grande volume de “massa verde”.
É de se esperar, portanto, que num bananal a extração de nutrientes do solo seja elevada.
Ainda que os restos culturais permaneçam no campo, a quantidade de nutrientes que é
extraída pelos cachos é significativa.

Extração de alguns nutrientes pela bananeira


Nutriente Cacho % Resto da planta % Total %
Nitrogênio (N) 49 51 100
Fósforo (P) 56 44 100
Potássio (K) 54 46 100
Cálcio (Ca) 45 55 100
Magnésio (Mg) 39 61 100
Enxofre (S) 32 68 100
Boro (B) 55 45 100
Cobre (Cu) 54 46 100
Zinco (Zn) 12 88 100

Para adubarmos um bananal devemos considerar o “ciclo de nutrientes”, isto é, o balanço


entre a quantidade de nutrientes que o solo pode oferecer, a reciclagem dos nutrientes que compõem
os restos culturais (folhas, pseudocaule, rizomas e raízes) e a quantidade de nutrientes contidos nos
cachos colhidos, que é aquela realmente retirada da área (nutrientes “exportados”).

Ciclo de nutrientes de um bananal

78
A quantidade de nutrientes que o solo tem disponível para o bananal pode ser avaliada pela
análise de solo, conforme já comentamos.
Por sua vez, a quantidade de nutrientes que sai da área de cultivo através dos cachos que
chamamos de “exportação” de nutrientes, pode ser avaliado através da análise química das frutas.
Determinou-se as quantias dos diversos nutrientes que os cachos “exportam” em cada
tonelada colhida conforme podemos observar a seguir:

Exportação de alguns nutrientes pela bananeira


Nutriente Quantidade retirada em cada tonelada de cachos
Nitrogênio (N) 1,75 kg
Fósforo (P) 0,30 kg
Potássio (K) 6,70 kg
Cálcio (Ca) 0,25 kg
Magnésio (Mg) 0,30 kg
Boro (B) 2,20 g
Cobre (Cu) 0,90 g
Zinco (Zn) 1,90 g

A recomendação de adubação para bananeiras em Santa Catarina segue a tabela da Rede


Oficial de Laboratórios de Análise de Solo e Tecido Vegetal dos Estados do Rio Grande do Sul e de
Santa Catarina (ROLAS), que considera o que o solo tem disponível e a “exportação” de nutrientes
levando em conta a produtividade do bananal. Ou seja, é uma recomendação de adubação baseada no
ciclo de nutrientes.
Esta tabela está sendo atualizada este ano e a mudança significativa que ocorrerá será no
79
sentido de recomendar adubações à cada 2 meses, em decorrência dos resultados preliminares obtidos
em estudos que estão sendo conduzidos no município de Luís Alves, SC.

4. Tabelas de adubação para bananeira (ROLAS)

a. Nitrogênio: Adubação de formação e reposição

Teor de Adubação nitrogenada


Cultivar Matéria Formação Reposição (3x)
Orgânica Meses subsequentes ao plantio das mudas
No solo Jan Abr. Ago. Dez. Abr. Abr. Ago. Dez.
----- % ----- ------------------------------- kg N/ha --------------------------------
Nanica, ≤ 2,5 45 45 45 45 45 45
Nanicão e 2,6 - 5,0 35 35 35 35 35 35
Grande Naine > 5,0 ≤ 35 ≤ 35 ≤ 35 ≤ 35 ≤ 35 ≤ 35

Prata, ≤ 2,5 45 22 22 22 22 22
Branca e 2,6 - 5,0 35 18 18 18 18 18
Enxerto > 5,0 ≤ 35 ≤ 18 ≤ 18 ≤ 18 ≤ 18 ≤ 18

b. Fósforo: Adubação de pré-plantio, plantio, formação e de reposição

Adubação fosfatada
Cultivar Teor de P Formação
no solo Pré- Plantio Meses subsequentes ao plantio Reposição
Plantio das mudas
Abr. Ago. Dez. Abr. Ago. Dez. Abr.
-------------------------------------- kg P2O5 /ha -------------------------------------
Limitante 120 40 25 25 25 25 45 45 45
Nanica, Muito baixo 90 40 25 25 25 25 45 45 45
Nanicão e Baixo 60 40 25 25 25 25 45 45 45
Grande Naine Médio 30 30 25 25 25 25 30 30 30
Suficiente 0 15 25 25 25 25 25 25 25
Alto 0 ≤ 15 ≤ 25 ≤ 25 ≤ 25 ≤ 25 ≤ 25 ≤ 25 ≤ 25

Limitante 120 25 13 13 13 13 22 22 22
Prata, Muito baixo 90 25 13 13 13 13 22 22 22
Branca e Baixo 60 25 13 13 13 13 22 22 22
Enxerto Médio 30 20 13 13 13 13 15 15 15
Suficiente 0 15 13 13 13 13 13 13 13
80
Alto 0 ≤ 15 ≤ 13 ≤ 13 ≤ 13 ≤ 13 ≤ 13 ≤ 13 ≤ 13

c. Potássio: Adubação de pré-plantio, plantio, formação e de reposição

Adubação potássica
Teor de K Formação
Cultivares no solo Pré- Meses subsequentes ao plantio das Reposição (3x)
plantio mudas
Jan. Abr. Ago. Dez. Abr. Ago.Dez. Abr.
------------------------------- kg K2 O/ha -------------------------------
Limitante 130 65 65 65 65 65 65 65 65
Nanica, Muito baixo 100 65 65 65 65 65 65 65 65
Nanicão e Baixo 70 65 65 65 65 65 65 65 65
Grande Naine Médio 40 65 65 65 65 65 65 65 65
Suficiente 20 65 65 65 65 65 65 65 65
Alto 0 ≤ 65 ≤ 65 ≤ 65 ≤ 65 ≤ 65 ≤ 65 ≤ 65 ≤ 65

Limitante 130 33 33 33 33 33 33 33 33
Prata, Muito baixo 100 33 33 33 33 33 33 33 33
Branca e Baixo 70 33 33 33 33 33 33 33 33
Enxerto Médio 40 33 33 33 33 33 33 33 33
Suficiente 20 33 33 33 33 33 33 33 33
Alto 0 ≤ 33 ≤ 33 ≤ 33 ≤ 33 ≤ 33 ≤ 33 ≤ 33 ≤ 33

d. Observações

Adubação de pré-plantio: aplicar antes da instalação do povoamento, preferentemente a


lanço, com incorporação, no mínimo, na camada arável. No caso de plantio em encostas muito
declivosas, sugere-se a aplicação dos fertilizantes após o coveamento, colocando-se metade das doses
nas covas, homogeneizando-se bem com o solo; o restante deve ser aplicado em torno das mesmas.
Adubação de plantio: aplicar na cova ou sulco de plantio. Misturar, juntamente com o
fertilizante fosfatado, 15 a 20 litros de esterco de bovinos ou 3 a 4 litros de composto ou esterco de
aves curtido, por cova, e misturar bem com o solo.

Adubação de formação (ou crescimento): corresponde à adubação do primeiro ciclo, ou


seja, para o primeiro ano. Visa suprir as quantidades de nutrientes extraídas pelos cachos e o
necessário para a formação dos demais órgãos da planta. As doses devem ser divididas em partes
iguais, conforme o número de famílias.

Adubação de reposição (ou manutenção): aplicada para o bananal em fase de produção.


Visa restituir os nutrientes contidos nos cachos e as perdas ou imobilizações temporárias. As doses
indicadas devem ser aplicadas a cada 4 meses, após a adubação de formação. O cálculo das doses foi
baseado na produtividade de 30 toneladas/ha/ano para as cultivares Nanica, Nanicão e Grande Naine.
Para as cultivares Prata, Branca e Enxerto, assumiu-se a produtividade de 15 toneladas/ha/ano. É
recomendado o ajuste das doses indicadas na tabela, ocorrendo produtividades diferentes das
especificadas.

Localização dos fertilizantes: aplicar em linha (áreas planas) ou em “meia-lua” (nas


encostas), nas primeiras adubações, mantendo-se uma distância de 30 a 40 cm das plantas. Após a
seleção dos perfilhos que constituirão a “família”, os adubos devem ser colocados em “meia-lua”, na
frente dos “netos”. A distância inicial (30 a 40 cm) pode ser aumentada gradativamente, a cada ciclo
de produção, na medida em que o bananal vai se formando. Desta forma, os fertilizantes serão
distribuídos acompanhando o desenvolvimento do sistema radicular das plantas. Não deve ser feita a
81
incorporação dos adubos, evitando-se danos no sistema radicular das plantas.
Nota: apesar destas tabelas indicarem a adubação a cada 4 meses, recomendamos parcelar
o máximo possível as doses. O crescimento da bananeira não para, apesar de
diminuir o ritmo nos meses mais frios do ano.

CONTEÚDOS MÉDIOS DE NUTRIENTES, DE MATÉRIA FRESCA E SECA DE UMA PLANTA DE


BANANEIRA GRANDE NAINE
Parte da Materia Materia
planta fresca Seca N P K Ca Mg S
kg % g % g % g % g % g % g % g
Polpa 23,04 25,8 5.594 0,76 45,3 0,09 5,53 1,70 101,2 0,01 0,71 0,13 7,92 0,1 6,37
Casca 15,31 9,1 1.387 1,25 17,3 0,14 1,97 6,04 83,8 0,28 3,81 0,15 2,09 0,1 1,11
Raquis 2,87 5,5 158 1,65 2,6 0,21 0,33 13,4 21,2 0,28 0,44 0,18 0,28 0,2 0,35
4
Total cacho 41,22 18,2 7,459 0,87 65,2 0,10 7,83 2,75 206,2 0,07 4,96 0,14 10.29 0,10 7,83
Raquis 14,80 4,4 657 1,28 8,4 0,13 0,87 10,3 67,7 0,38 2,49 0,31 0,02 0,1 0,90
interno
Folha inteira 16,54 17,0 2.81 1,73 48,6 0,13 3,55 2,92 82,0 1,42 39,81 0,29 8,13 0,2 4,08
Total planta 140,56 11,2 15.799 167,2 16,81 601,3 92,32 35,02 15,82
mãe
Total filho 12,96 7,7 966 15,6 1,48 45,5 3,88 2,66 1,13
Total planta 153,52 10,9 16,965 178 18,29 646,8 96,20 37,68 16,95
mãe +filho

5. Adubos para a bananeira

Diversos adubos formulados (NPK) próprios para a bananeira podem ser encontrados no
mercado, por exemplo:
10-06-20
15-05-20
12-06-24
14-07-28
11-07-35
13-13-28

A escolha de uma destas fórmulas deve ser baseada nas condições de fertilidade do solo pois
assim aplicaremos os nutrientes de forma equilibrada para o bananal.

• Recomendações de misturas para algumas fórmulas NPK:


(cálculo para preparo de 100 kg de formulado)

Fórmula 10-6-20 Fórmula 10-6-20


16 kg de uréia 52 kg de sulfato de amônio
15 kg de sulfato de amônio 14 kg de superfosfato triplo
34 kg de superfosfato simples 34 kg de cloreto de potássio
35 kg de cloreto de potássio

82
Fórmula 10-6-20 Fórmula 12-6-24
9 kg de uréia 20 kg de uréia
31 kg de sulfato de amônio 17 kg de sulfato de amônio
7 kg de superfosfato triplo 10 kg de superfosfato triplo
18 kg de superfosfato simples 11,5 kg de superfosfato simples
35 kg de cloreto de potássio 41,5 kg de cloreto de potássio

Fórmula 12-6-24 Fórmula 12-6-24


14 kg de uréia 27 kg de uréia
29,5 kg de sulfato de amônio 33 kg de superfosfato simples
15 kg de superfosfato triplo 40 kg de cloreto de potássio
41,5 kg de cloreto de potássio

Fórmula 10-8-23 Fórmula 10-8-23


23 kg de uréia 9 kg de uréia
31 kg de superfosfato simples 31 kg de sulfato de amônio
6 kg de superfosfato triplo 20 kg de superfosfato triplo
40 kg de cloreto de potássio 40 kg de cloreto de potássio

Fórmula 12-8-24 Fórmula 12-8-24


18 kg de uréia 19,5 kg de uréia
20,5 kg de sulfato de amônio 17 kg de sulfato de amônio
20 kg de superfosfato triplo 18 kg de superfosfato triplo
41,5 kg de cloreto de potássio 4 kg de superfosfato simples
41,5 kg de cloreto de potássio
Fórmula 12-8-24 Fórmula 13-13-28
10 kg de uréia 16,5 kg de uréia
26,5 kg de sulfato de amônio 6 kg de sulfato de amônio
15 kg de fosfato diamônico 29 kg de fosfato diamônico
7 kg de superfosfato simples 48,5 kg de cloreto de potássio
41,5 kg de cloreto de potássio

Deve-se misturar bem entre si todos os adubos utilizados nas misturas. Para isto os adubos
devem estar secos e desempedrados. Mistura-se primeiramente os adubos que irão em menor
quantidade. Estas misturas deverão ser utilizadas logo após o seu preparo.

• Composição de alguns adubos


simples utilizados para as misturas para formulações NPK:
Adubo Nutriente principal Outros nutrientes fornecidos
fornecido
Uréia 44% de N ------
Sulfato de amônio 20% de N 20-24% de S
Superfosfato simples 18% de P2 O5 18-20% de Ca e 10-12% de S
Superfosfato triplo 41% de de P2 O5 12-14% de Ca
Fosfato diamônico 45% de P2 O5 16% de N
Cloreto de potássio 58% de K2 O 45-48% de Cl
Obs.: os valores acima correspondem à garantia mínima dada pela legislação.

83
6. Calagem

A bananeira desenvolve-se razoavelmente bem tanto em solos muito ácidos quanto em solos
alcalinos. Porém, as melhores perfomances são obtidas em solos com valores de pH entre 6,0 e 6,5.
Neste sentido, antecedendo o plantio, deve-se proceder a calagem para ajustar o pH do solo.
Para Santa Catarina e Rio Grande do Sul utiliza-se o índice SMP para determinação das
dosagens.
Em outras regiões utilizam-se outros procedimentos. Destacamos o método da “Saturação de
Bases” que preconiza a elevação da saturação de bases a 70% e elevação do nível de magnésio acima
de 2 mg por 100g de TFSA.

• Índice SMP
Valor do índice SMP dado pela análise de solo  t calcário/ha (100% PRNT) (Tabela da
ROLAS)
• Saturação de Bases
t calcário/ha = T (V2 – V1) x f
100

T = CTC = Ca++ + Mg ++ + K+ + (H+ + Al+)


V2 = Saturação de bases desejada (banana = 70%)
V1 = Saturação de bases dada pela análise de solo (Ca++ + Mg++ + K+)
f = 100/PRNT
Em áreas muito declivosas (não mecanizáveis), a calagem pré-plantio pode ser feita
aplicando-se 500 g de calcário dolomítico nas covas, sendo distribuído metade desta dose dentro da
cova (misturado ao solo) e a outra metade ao redor da mesma.

• Calagem como adubação


Conforme já vimos a bananeira retira do solo bastante cálcio e magnésio e por isso necessita
adubação com estes nutrientes que pode ser feita através da aplicação de calcário. Para isso, devemos
aplicar a cada 3 anos 1500 kg/ha de calcário distribuindo-o uniformemente em toda a área.

• Escolha do calcário
Existem disponíveis no mercado diversos tipos de calcário. O calcário mais indicado para a
banana é o “calcário dolomítico” que apresenta teores elevados de magnésio. Também devemos
escolher calcários com valores altos de PRNT.

Classificação dos calcários de acordo com o PRNT e o teor de magnésio


Tipo PRNT (%) Mg O (%)
Classe A 45,0 – 60,0 -
Classe B 60,1 – 75,0 -
Classe C 75,1 – 90,0 -
Classe D maior que 90,0 -
Calcítico - menor que 5
Magnesiano - 5 - 12
Dolomítico - maior que 12

7. Adubação Orgânica

A matéria orgânica do solo é fator de suma importância na medida em que representa a base
da atividade biológica do solo, funciona como regulador metabólico das plantas e põe a
disposiçãodo sistema radicular nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas. Pode
84
ser definida como a fração do solo composta de resíduos animais e vegetais em diferentes estados
de decomposição, substância produzidas pelos organismos do solo e tecidos e células destes
organismos.
A composição da matéria orgânica é dada por ligninas, carbohidratos, proteínas, peptídeos e
aminoácidos livres, gorduras, ceras, resinas, vitaminas, hormônios, ácidos orgânicos, quelatos,
etc. Os principais elementos constituintes da matéria orgânica são o carbono (C), oxigênio (O),
hidrogênio (H) e nitrogênio (N), que são provenientes da síntese dos organismos vivos que
combinam os distintos elementos através de seus processos metabólicos e catabólicos. A
velocidade de decomposição da matéria orgânica é função das condições às quais o material está
exposto, podendo sofrer degradação completa (mineralização) ou seguir outro ciclo de evolução,
transformando-se em substâncias orgânicas sob a ação dos microorganismos (imobilização), ou
seja, um mecanismo polo qual os microorganismos reduzem a quantidade de nutrientes
aproveitáveis pela planta no solo. Portanto, a velocidade de decomposição dos materiais influi nos
processos de mineralização dos elementos essenciais contidos na biomassa e na formação do
húmus do solo. A matéria orgânica intacta não tem efeito sobre a estrutura do solo, no entanto,
após sua decomposição, forma substâncias agregantes e estabilizadas como o humus.

Ácido húmico

Os ácidos húmicos são produto do processo oxidativo continuado da matéria orgânica, na


presença de cálcio, potássio, fósforo e micronutrientes acrescido de nitrogênio fixado do ar..
Algumas propriedades dos ácidos húmicos são relacionadas a seguir:
• Possuem alto valor sequestrante de cátions do solo (Fe, Zn, Mn, Cu, Ca e K);
• Atuam como fixadores de amônio e diminuem o processo de desnitrificação, aumentado assim a
disponibilidade de N às plantas;
• Desdobram as formas insolúveis de P, permitindo melhor e maior assimilação deste elemento pelas
plantas;
• Incrementam a penetração de nutrientes aplicados via foliar uma vez que aumentam a
permeabilidade das membranas celulares e quelatam los nutrientes em formas assimiláveis;
• Melhoram a estrutura de solos “desfloculados”, removem o excesso de sais e incrementam a
capacidade de troca catiônica;
• Estimulam a atividade microbiana do solo, especialmente os organismos que decompoem materiais
como a celulose, amido e proteínas;
• Incrementam a capacidade de retenção de umidade disponível para as plantas em até 20 vezes o
seu peso.

Ácidos fúlvicos

São gerados a partir da decomposição de matéria orgânica sob condições de humus muito
ácido, geralmente associada a temperaturas menos elevadas, áreas de altas precipitações
pluviométricas e solos mal drenados. Possuem estrutura simples e tamanho reduzido, entram
fácilmente na rede cristalina das argilas mobilizando o Fe, Al, Ca e Mg. Os sais de ácidos fúlvicos são
muito móveis e completamente hidrossolúveis podendo percolar com facilidade no perfil dos solos.

Huminas

As huminas são componentes do humus do solo formadas por polímeros de alto peso
molecular. São as huminas que conferem ao solo a coloração escura dos mesmos, ejspecialmente nos
horizontes superficiais. Por serem bastante resistentes à ataques microbianos, as huminas apresentam
grande estabilidade e acumulam-se nos solos.

85
AS SUBSTÂNCIAS HÚMICAS CARACTERIZAM-SE POR NÃO APRESENTAREM CARACTERÍSTICAS
FÍSICAS E QUÍMICAS ESPECÍFICAS, SÃO DE COLORAÇÃO ESCURA, CARGA NEGATIVA COM
CARÁTER ÁCIDO, PREDOMINANTEMENTE AROMÁTICAS, HIDRÓFILAS, QUIMICAMENTE
COMPLEXAS E DE ELEVADO PESO MOLECULAR.

Efeitos dos adubos orgânicos sobre o solo

Efeitos físicos – Os principais benefícios da adubação orgânica sobre o solo são de natureza
física. O efeito floculante e cimentante da matéria orgânica melhora a estrutura e diminui a densidade
aparente do mesmo. Os efeitos nutricionais decorrem da maior penetração radicular e melhor aeração e
movimentação d’água e de nutrientes como N, P e S, como também da melhoria nas condições de
drenagem. Os adubos orgânicos favorecem a formação de agregados e no escurescimento do solo,
fator este importante no balanço térmico do mesmo. A matéria orgânica na superfície do solo reduz o
impacto das gotas de chuva, permite a infiltração suave da água no perfil do solo e reduz o
escorrimento superficial e a erosão.
Efeitos químicos - A matéria orgânica desempenha um papel de fundamental importância
quantos aos aspectos químicos do solo pois a fração orgânica intervem na capacidade de troca
catiônica e aniônica do solo. Além disto, elementos como o S e B formam parte da matéria orgânica
sendo práticamente seus derivados. A matéria orgânica aumenta o intercâmbio de nutrientes do solo
para as plantas, armazena-os (principalmente o N, P e S) e os libera lentamente, por meio da formação
de complexos que retém os macro e micronutrientes evitando assim suas perdas. Os complexos
coloidais de carga negativa, presentes na matéria orgânica, formam complexos estáveis que diminuem
a toxicidade de ferro e de alumínio, através da fixação, e liberam o fósforo.
Efeitos biológicos – A matéria orgânica proporciona laimento para diversos organismos como
minhocas, por exemplo, que perfuram o solo e constroem canais que servem para aumentar a aeração e
drenagem do solo, permitindo às plantas uma maior obtenção de oxigênio e liliberação de gás
carbônico. Também serve de substrato alimentício para diversos microorganismos e para a mesofauna
do solo, resultando na formação de polímeros orgânicos que afetam o desenvolvimento da estrutura do
solo. Por sua vez, os derivados dos microorganismos e a síntese microbiana produzem uma maior
agregação de partículas e maior estabilidade na estrutura dos solos.

Muitos materiais podem ser usados como adubos orgânicos para bananais, porém o mais
comum é a utilização de estercos de gado e de aves (geralmente a cama de aviário).
O armazenamento dos estercos ou cama de aviário deve ser feito com baixo teor de umidade e
protegendo-se das chuvas, pois caso contrário poderão ocorrer grandes perdas de nitrogênio, por
volatilização, e de potássio, por lavagem.

Características de alguns adubos orgânicos


Quantidade de nutrientes
Tipo % de Nitrogênio % de Fósforo % de Potássio
(N) (P2 O5) (K2 O)
Cama de aves (1 lote) 3,0 3,0 2,0
Cama de aves (3 lotes) 3,2 3,5 2,5
Esterco sólido de suínos 2,1 2,8 2,9
Esterco fresco de bovinos 1,5 1,4 1,5

A distribuição dos estercos em bananais deve ser feita de maneira semelhante aos adubos
minerais, ou seja, a uma distância mínima de 30 a 40 cm das plantas. A distribuição dos adubos muito

86
próximos às plantas causa o “boiamento” das touceiras. Os estercos para serem utilizados devem estar
bem curtidos.

Outros adubos orgânicos = Compostos orgânicos e Bokashi.

8. Adubação com micronutrientes

Para o caso de deficiências comprovadas de B e Zn apresentamos a seguir algumas


recomendações para a correção destas carências em bananeiras:

• Boro
- No solo = 12 kg de bórax/ha/ano.
Esta aplicação pode ser feita diretamente no solo ou misturando-se o bórax aos adubos
NPK.

- Via foliar = Solução com 0,1% de ácido bórico.

• Zinco
- No solo = 20 kg de FTE BR 12 /ha/ano
ou 12 kg de sulfato de zinco /ha/ano.

- Via foliar =Solução com 0,5% de sulfato de zinco.

• Composição de alguns adubos fornecedores de micronutrientes:

Adubo Nutriente principal Outros nutrientes fornecidos


fornecido
Ácido bórico 17% de B -----
Bórax 11% de B -----
FTE BR 12 9,24% de Zn 0,8 % de Cu e 34,8% de Mn
Sulfato de zinco 20% de Zn -----

9. Solos salinos e sódicos

Os solos sob certas condições, podem acumular sais que originarão problemas de manejo no
cultivo de banana. Este acúmulo de sais pode ser decorrente da intrusão de água marinha nos litorais,
por ascensão de lençóis freáticos com grandes conteúdos de sais ou por acúmulo continuado
decorrente de má drenagem ou excessos de fertilização. Este problema é mais comum em regiões secas
onde o excesso de sais não pode ser eliminado do perfil dos solos.
Os solos salinos apresentam pH não muito elevado, condutividade elétrica maior do que 4
milimhohs/cm e menos que 15% de saturação de Na no complexo de trocas. Os solos salinos-sódicos
apresentam as mesmas características dos anteriores, porém com concentrações de Na maiores do que
15%. Os solos sódicos, por sua vez, apresentam características semelhantes aos salino-sódicos, porém
apresentam pH mais alto. A recuperação dos solos salinos pode ser feita pela aplicação de gêsso
agrícola (CaSO4) e flor de enxofre (S elementar) com posterior lavagem do solo através de abundante
irrigação.
Em solos com altos valores de pH e com tendência de acúmulo de sais, as fontes de nutrientes
devem ser adequadamente escolhidas. Uréia e cloreto de potássio não são eficientes nestas condições,
além de incrementarem o problema de salinidade. Nestes solos é recomendável a utilização de sulfato
de amônio (NH4)2SO4 e sulfato de potássio (K2SO4).

87
Deficiência de N. Folha descolorida à
Deficiência de Ca. Deformação da
esquerda.
lâmina foliar.
Foto: R.H. Hinz
Foto: P. Solis e A. López

Deficiência de S. Folha nova


amarela.
Foto: A. López

88

Deficiência de K. Folha recurvada.


Foto: R.H. Hinz
Deficiência de B. Limbos reduzidos e
Deficiência de Zn. Estrias cloróticas
ondulações nas margens.
alternadas com tecido verde.
Foto: P. Solis, A. López
Foto: P.Solis, A. López

89
Deficiência de Zn. Coloração púrpura em
Deficiência de Mg. Manchas amareladas
folhas lanceoladas.
no limbo de folhas velhas.
Foto: P. Solis, A. López
Foto R.H. Hinz
10. Literatura consultada

ALVES, E.J. A cultura da banana: Aspectos técnicos, sócioeconômicos e agroindustriais. 2. Ed. Ver.
Brasília: Embrapa-SPI/Cruz das Almas: Embrapa-CNPMF, 1999. 585P
COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO – RS/SC (Passo Fundo, RS). Recomendações de
adubação e calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 3. Ed. Passo
Fundo, RS:SBCS – Núcleo Regional Sul, 1995. 224p.
LAHAV, E. & TURNER, D.W. 1992. Fertilización del banano para rendimientos altos. Segunda
edición. Boletín n°. 7. Instituto de la Potasa y el Fósforo. Quito, Ecuador. 71 p.
LOPEZ, A.; ESPINOZA, J. 1995. Manual de Nutrición y Fertilización del Banano. Instituto de la
potasa y el fósforo, casilla post. 17-17-980.
MALBURG, J.L.; LICHTEMBERG, L.A. Composição mineral de frutos de banana – variação
estacional do teor de macroelementos na cv. Nanicão em Santa Catarina. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 8., 1986, Brasília, DF. Anais... Brasília, DF:
EMBRAPA-DDT/CNpq, 1986. V.1, p.65-69.
MALBURG, J.L.; LICHTEMBERG, L.A.; HINZ, R.H. SARTORI, L.R. Exportação de nutrientes pela
banana ‘Enxerto’ em Santa Catarina. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA,
8., 1994, Salvador, Bahia. Resumos... Salvador, BA: SBF, 1994. V.1, p.245-246.
MARTIN-PREVEL, P. 1984. Bananier. In; L’analyse végétale dans le contrôle de l’alimentation des
plantes tempérées et tropicales, p. 775-751. Thechiques et documentation, Lavoisier, Paris.

90
SOTO BALLESTERO, M. Bananos: Cultivo y comercialización. 2. Ed. San José: Litografia y
Imprenta LIL, 1992. 674p.
SOTO BALLESTERO, M. 2001. Bananos – Técnicas de producción. CD (Borrador).

PRAGAS DA BANANEIRA

Áurea Teresa Schmitt

A ocorrência de insetos é muito comum na planta e nos frutos da bananeira. Alguns destes
insetos são conhecidos por causarem sérios prejuízos à lavoura enquanto outros, não tem importância
econômica pois não causam danos na produção e na qualidade de frutos. Vários insetos pragas estão
amplamente disseminados em todas as regiões produtoras de banana do mundo, enquanto que outros,
se apresentam apenas em regiões restritas. As pragas da bananeira, podem ser grandes responsáveis
pelas perdas na produção e qualidade de frutos em todos os sistemas de cultivo. Segundo sua
distribuição nas plantas, os insetos podem ser considerados como pragas do rizoma, pseudocaule,
folhas e frutos. O presente trabalho tem como objetivo o reconhecimento das principais pragas da
bananeira, sua biologia, seus danos e formas de controle.

1. BROCA DA BANANEIRA
Cosmopolites sordidus (Coleoptera - Curculionidae)

91
Cosmopolites sordidus é conhecido por vários nomes comuns. Em algumas regiões eles
podem ser chamados de: moleque da bananeira, broca da bananeira, broca do rizoma ou besouro da
bananeira.
A broca da bananeira é considerada a maior praga da bananeira na maioria das regiões
produtoras de banana do mundo. Os danos causados pelas larvas deste inseto são algumas vezes
acentuados pelo ataque de outros insetos e por outros microorganismos que aceleram a destruição e a
decomposição do rizoma.

1.1 Aspectos da Biologia da "Broca da Bananeira"

1.1.1 Ovos

Os ovos possuem forma alongada, tem coloração branca e medem aproximadamente 2 -3


milímetros. Os ovos geralmente são depositados individualmente no pseudocaule, em pequenos
orifícios feitos pelas fêmeas. Estes orifícios normalmente estão localizados perto da superfície do solo,
na base da planta. Quando a infestação é intensa, os ovos podem também ser encontrados em
pseudocaules cortados e nos rizomas. O total de ovos depositados pelas fêmeas varia muito mas em
média, o número de ovos não é superior à 50. Dependendo das condições climáticas, a incubação dos
ovos varia de 4 até 30 dias. Em condições normais ( ±25oC e ± 80% de Umidade Relativa) a incubação
dos ovos varia de 4 a 8 dias.

1.1.2 Larvas

Aproximadamente 4 a 8 dias após a postura, as larvas nascem e começam a se alimentar,


abrindo galerias no rizoma. As larvas são de coloração branca, não possuem pernas, são um pouco
curvas e possuem a cabeça e as peças bucais, de coloração marrom. Quando as larvas estão
completamente desenvolvidas, podem medir 12 milímetros de comprimento e 5 milímetros de largura.
Dependendo das condições climáticas, cultivar da planta, qualidade e quantidade de alimento e do
tamanho populacional (número de insetos presentes na lavoura), as larvas se alimentam no interior do
rizoma durante aproximadamente 12 a 25 dias. Após este período, ela começa a escavar um casulo
onde irá passar para o estágio de pupa.
1.1.3 Pupas

A fase pupal ocorre nos casulos construídos próximo à superfície externa dos rizomas, a fim
de facilitar a saída dos adultos. A pupa é de cor branca e mede 12 milímetros de comprimento. O
período pupal é de 7 a 10 dias.

1.1.4 Adultos

Os adultos jovens possuem coloração marrom claro passando em seguida para marrom escuro
e posteriormente preto. As asas anteriores são duras e listradas. Os adultos se alimentam de plantas
mortas. Eles usualmente não voam e podem viver até dois anos. Durante o dia, os adultos são inativos
e se escondem em plantas e folhas mortas caídas e material em decomposição, aonde se alimentam
mas não causam danos. A noite, os adultos se tornam ativos e caminham dentro da lavoura. O período
de maior atividade é das 6 horas da noite até as 6 horas da manhã.

92
1.2 Danos

A larva da broca da bananeira se desenvolve no interior do rizoma da planta podendo causar


danos na planta e danos consideráveis na produção de frutos. Os danos causados pelas larvas podem
ser classificados como danos diretos e indiretos.
Os danos diretos são causados pelas larvas quando abrem galerias no rizoma e no
pseudocaule. Estas galerias danificam os tecidos internos das plantas e impedem um melhor
aproveitamento dos nutrientes do solo. Os danos indiretos são provocados pelo ataque de outros
insetos ou microorganismos que aceleram a destruição e decomposição das plantas.
O primeiro sintoma do ataque é o aspecto das plantas; as folhas começam a amarelar e
geralmente possuem bordas onduladas em vez de bordas lisas. O crescimento das plantas é menor,
como também, o peso dos cachos e o tamanho dos frutos. Dependendo do número de larvas
encontradas no interior da planta, as perdas na produção de frutos podem variar de 20 a 40%. O
ataque em plantas jovens pode ocasionar a morte das plantas.

1.3 Métodos de Controle

1.3.1 Controle Cultural

O controle cultural consiste na limpeza da lavoura, com a destruição do material infestado. O


controle de plantas daninhas também é importante. Manter a lavoura no limpo, livres de plantas
daninhas, principalmente ao redor das plantas dificulta a multiplicação da praga. O preparo do
material de plantio não deve ser deixado na lavoura durante a noite pois as fêmeas da broca podem
ser atraídas para depositarem os seus ovos nas superfícies recém cortadas.

93
1.3.2 Uso de mudas sadias

A broca da bananeira pode ser disseminada através de mudas. Portanto, devem ser usadas no
plantio somente mudas sadias, provenientes de bananais sadios. As mudas devem estar sem sinais de
ataque, o que pode ser visto pela ausência de galerias nos rizomas.

1.3.4 Imersão das mudas

O tratamento químico das mudas é importante principalmente quando as mudas foram obtidas
de lavouras infestadas. As mudas tipo "inteira" e "pedaço de rizoma" após descorticamento devem ser
imersas em solução de inseticida + fungicida.

1.3.5 Iscas atrativas

As iscas podem ser usadas não somente para o controle dos adultos, mas também como
levantamento populacional da praga .As iscas podem ser de dois tipos: “telha” e “queijo”.
A isca tipo “telha” consta de pedaços de pseudocaules de plantas que já produziram, com
comprimento de 50 cm, cortados ao meio longitudinalmente e colocados com a parte cortada em
contato com o solo. A isca tipo telha tem um período de atratividade de uma semana. Portanto, para
melhor eficiência, é aconselhável que este tipo de isca seja renovada semanalmente. Para fins de
controle do inseto (químico ou biológico), é recomendado o uso de 40 a 100 iscas tipo telha por
hectare.
A isca tipo queijo é feita em plantas que já produziram frutos, e de preferência logo após a
colheita. O pseudocaule deverá ser primeiramente cortado em torno de 40 cm de altura do solo. Em
seguida, deverá ser feito um segundo corte, transversal e levemente inclinado, o mais próximo do
solo quanto for possível. Quanto mais próximo do solo a isca for feita, mais brocas serão atraídas. A
isca tipo queijo, tem um período de atratividade de 14 dias. E recomendado o uso de
aproximadamente 100 iscas tipo queijo por hectare.
Para realizar o levantamento populacional de C. sordidus, é recomendado a instalação de, no
mínimo, 20 iscas por hectare. As iscas deverão ser colocadas mensalmente, sendo a contagem dos
insetos iniciada a partir do sétimo dia após a colocação das mesmas. Os insetos encontrados nas iscas,
deverão ser eliminados. O controle biológico ou químico, deverá ser realizado quando for encontrado
em média, mais de 3 adultos/isca/mês.

1.3.6 Controle Biológico

O controle biológico da broca da bananeira pode ser feito através do fungo Beauveria
bassiana. Este fungo não é tóxico ao homem, não polui o ambiente e não deixa resíduos nos frutos. E
de fácil utilização e não requer equipamentos especializados para a sua aplicação.
O fungo Beauveria é aplicado na dosagem de aproximadamente 20 gramas por isca do tipo
queijo. Sugere-se fazer aproximadamente 100 iscas por hectare. Logo após o preparo das iscas, o
fungo deverá ser aplicado na parte inferior do pseudocaule e, após a aplicação, o pedaço superior da
isca deverá ser recolocado na sua posição original. Os adultos atraídos pela isca ao entrar em contato
com o fungo Beauveria irão ser contaminados pelo fungo e vão morrer dez a quinze dias após a sua
contaminação.

94
TIPOS DE ISCAS ATRATIVAS PARA COSMOPOLITES SORDIDUS

2. TRIPES

Vários insetos podem causar danos na casca da banana causando somente danos superficiais
isto é, não afetando a qualidade do fruto para o consumo. Entretanto, estes danos superficiais
comprometem a comercialização da banana devido a contaminação da mesma por fungos e bactérias
que causam podridões. No mercado mundial, os consumidores geralmente não aceitam bananas que
apresentam sintomas de ataque de pragas. As pintas, manchas e descoloração das bananas são
provocados principalmente pelo ataque de insetos.
O tripes da bananeira, é um dos insetos responsável por danos na casca dos frutos em todas as
regiões produtoras do mundo. Várias espécies de “tripes da bananeira” são considerados pragas da
cultura da banana. As espécies mais citadas são conhecidas popularmente como “tripes da erupção” e
o “ tripes da ferrugem”.

2.1 Tripes da erupção

Frankliniella spp (Thysanoptera - Thripidae) conhecido como ''Tripes da erupção” ou “tripes


das flores”', possui várias espécies e é mundialmente distribuído.
As pequenas erupções marrom escuro, ásperas ao tato, são produzidas como resultado da
oviposição feita pelas fêmeas na casca dos frutos. Em grandes infestações, a casca dos frutos podem se
tornar completamente escura devido o grande número de erupções. O ponto escuro no centro da
erupção é, algumas vezes, circundado por um anel verde escuro que desaparece quando o fruto estiver
maduro. A oviposição geralmente inicia em frutos jovens (4 - 8 cm) ainda dentro das brácteas do
cacho. Os ovos são postos individualmente na superfície da casca. As últimas quatro pencas sempre
são as mais atacadas. Os adultos vivem normalmente nas flores novas, sendo encontrados até mesmo
naquelas que ainda estão totalmente protegidas pelas brácteas. As femeas são abundantes nos cachos

95
recém formados, em dedos pequenos e flores. Podem usualmente ser encontradas no solo em flores
recém caídas. Os machos, em dias ensolarados, podem se encontrados nos botões florais em
crescimento. As larvas de tripes são abundantes na base e dentro de flores. São extremamente rápidos,
escondendo-se sempre quando procurados, mas facilmente visíveis, devido sua cor branca ou marrom
escura. Nos invernos secos há menor quantidade de tripes, pois seu ciclo de desenvolvimento é mais
longo. Este inseto é difícil de ser controlado. A prática de eliminar o coração das inflorescências e o
ensacamento prematuro com bolsas tratadas com inseticida são formas de reduzir as populações deste
inseto. (Yust, 1959, Simmonds, 1975, Moreira, 1987, Sierra Suescún, 1993).

2.2 Tripes da ferrugem

Chaetanaphothrips spp, C. signipennis (Begnall), C. orchiidii Moulton (Scirtothrips


[Anaphothrips] signinipennis , C. bicinctus - (Thysanoptera - Thripidae)
As fêmeas colocam os seus ovos na epiderme da planta, nos brotos ou nas bordas das
bainhas. As larvas após a eclosão, se dirigem aos frutos onde se alimentam e, após, se dirigem ao solo
para empupar. Os adultos vivem em qualquer parte protegida da planta, no cachos bainhas das folhas e
nos pecíolos.
As manchas circulares de coloração ferrugem encontradas entre os dedos são os primeiros
sinais de ataque. A coloração ferrugem é causada pela alimentação de ninfas e adultos de tripes. A
casca se torna de coloração marrom avermelhada, tornando-se áspera e, em algumas circunstâncias, o
fruto pode apresentar rachaduras. Além das leves marcas provocadas pela oviposição, os danos
causados pela alimentação só aparecem quando os frutos se viram para cima e quando as bananas se
encostam entre si. Podem ser controladas cobrindo os cachos com sacos plásticos logo após a sua
emergência (Feakin, 1979, Robinson, 1996). O ciclo de vida, de ovo a adulto, dura aproximadamente
25 dias. É uma praga essencialmente de verão. Bolsas plásticas tratadas com inseticida são usadas para
controlar a praga (Simmonds, 1975, Sierra Suescún, 1993 Simon, 1993).

2.3 Controle

Após a formação do cacho é aconselhável a eliminação do coração para reduzir a população


do tripes. O ensacamento dos cachos com bolsas (sacos) plásticas abertas na parte debaixo é uma
medida eficiente para reduzir os danos provocados pelo inseto. O ensacamento dos cachos com bolsa
plásticas tratadas com inseticida é uma opção promissora para reduzir a praga e é atualmente,
considerada essencial para a qualidade da banana colhida, em diferentes regiões produtoras do mundo.
Quando o ataque é intenso, é necessário a aplicação de produtos químicos mas, esta medida é
muito prejudicial aos inimigos naturais. Em casos de alta infestação aplica-se inseticidas fosforados e
carbamatos por ocasião do pendão floral, mas a pulverização deve ser feita somente nos cachos.
Para o tripes da erupção apenas o ensacamento precoce da inflorescência ainda fechada com
sacos plásticos impregnados com inseticidas, têm mostrado eficiência no controle químico da praga.

3. ABELHA CACHORRO OU ARAPUÁ


Trigona spinipes (Hymenoptera - Apidae)

O adulto é de coloração preta. Constroem os seus ninhos nas plantas abandonadas. Na


construção do ninho a abelha arapuá utiliza filamentos fibrosos de vegetais, principalmente os que
contenham resina. Por este motivo, é que as abelhas cortam, com as suas mandíbulas, os tecidos das
plantas provocando danos.

96
3.1 Danos

Ataca as inflorescências e cachos, à procura de substâncias resinosas, causando sensíveis


danos à banana onde formam lesões irregulares, que prejudicam o seu valor comercial. Nas regiões
aonde ocorre o “moko” esta abelha é importante vetor da doença.

3.2 Controle

O mesmo controle que é recomendado para tripes. O ensacamento dos cachos impede o
acesso da praga ao fruto. A destruição dos ninhos geralmente é eficiente.

4. TRAÇA DA BANANA
Opogona sacchari (Lepidoptera - Oirophicidae)

A ocorrência de elevado número deste inseto provavelmente esteja relacionado com a


ocorrência de estiagem. Normalmente o inseto não ocorre em épocas chuvosas pois suas lagartas não
sobrevivem em grandes quantidades quando o ambiente é muito úmido.
O adulto é uma pequena mariposa de coloração castanho amarelado, com a asa posterior
pouco mais clara que a anterior.
As fêmeas colocam os ovos nos frutos, nas flores ou em outras partes da planta. Com a
eclosão dos ovos, surgem pequenas lagartas que podem atingir 2 a 3 mm de comprimento. A lagarta
tem coloração branco sujo ou amarelada. A duração da fase da lagarta é de 30 dias. Após este período,
a lagarta se transforma em crisálida na própria planta, junto das galerias construídas pelas lagartas.

4.1 Danos

As lagartas desta praga atacam as bananas ainda verdes, principalmente nas extremidades,
onde abrem galerias e destroem a polpa, causando o seu apodrecimento, quando então, os prejuízos
são mais acentuados. Em condições de baixa infestações, as lagartas são normalmente encontradas no
pseudocaule cortado, em estado de composição, e podem atacar o engaço.
Quando este inseto ocorre em grande número ele é considerado uma praga limitante para a
exportação, uma vez que as bananas atacadas são rejeitadas pelos importadores.

4.2 Controle

Para evitar infestações ou reinfestações do bananal não se deve trazer engaços de


propriedades que foram atacadas.
O ataque da praga é favorecido geralmente quando se trabalha em lavouras com cultivares
cujos restos florais permanecem na raquis.
Em áreas onde o aparecimento do inseto é freqüente, o uso de iscas tóxicas para o controle
dos adultos, à base de melaço mais inseticida mostrou ser eficiente.
O ensacamento dos cachos impede o acesso da mariposa ao cacho. A despistilagem dos frutos
no campo também é uma medida cultural de controle.

5. LAGARTAS DAS FOLHAS


Calligo illioneus (Lepidoptera - Brassolidae)
Opsiphanes invirae (Lepidoptera - Brassolidae)
Antichloris eriphia (Lepidoptera - Ctenuchedae)

97
Geralmente a grande incidência de lagartas das folhas é ocasionada pelo desequilíbrios
biológicos ocasionados pela destruição de seus inimigos naturais. Estes desequilíbrios são geralmente
ocasionados pela aplicação indiscriminada de inseticida.
Pelo menos duas espécies de lagartas das folhas ocorrem, com mais freqüencia. Estas duas
espécies, embora da mesma família, são bastante diferentes, principalmente os adultos.

5.1 Aspectos da Biologia

Calligo illioneus - "Borboletas corujas"


O adulto é uma borboleta grande, que tem asas de coloração azul com as bordas de cor preta.
Na face inferior das asas posteriores apresentam dois "olhos" pretos rodeados por um halo branco.
Por este motivo, ela é comumente chamada de "borboleta coruja".
As lagartas são de coloração parda. Quando completamente desenvolvidas, as lagartas
chegam a medir 9 cm de comprimento. A duração do período larval varia de 40 a 60 dias.
Transformam-se em crisálidas na própria planta, sendo a duração desta fase de 48 a 60 dias. O ciclo
total dura aproximadamente 120 dias. Os adultos podem viver até 40 dias.

Opsiphanes invirae
É uma borboleta grande, que pertence a mesma família da anterior, com os mesmos hábitos.
Os adultos são de coloração marrom, com uma faixa amarela transversal no terço apical nas asas
anteriores e nas asas posteriores possui duas manchas brancas no ápice.
As lagartas são de coloração verde e podem medir 8 cm de tamanho. O período larval dura
40 a 50 dias. Transformam-se em crisálidas de coloração parda na própria planta. O período dura de
15 a 22 dias, sendo a duração total do ciclo de aproximadamente 80 dias.

Antichloris eriphia
São pequenas lagartas que apresentam o corpo revestidos por uma densa e fina pilosidade de
coloração creme. São encontradas geralmente na superfície das folhas. Tornam-se crisálidas no
pseudocaule da bananeira.

5.2 Danos

As duas primeiras lagartas destroem as folhas a partir das bordas, deixando apenas as
nervuras centrais das folhas quando o ataque é intenso. Com isto, os cachos ficam seriamente
prejudicados e de tamanho menor. A lagarta de Antichloris, raspa a superfície das folhas, pela face
inferior, deixando-as com diversas perfurações no limbo.

5.3 Métodos de Controle

O uso indiscriminado de inseticida altera o equilíbrio biológico permitindo que vários insetos
que antes apareciam esporadicamente, se convertam em pragas de importância econômica. Existem
diversos inimigos naturais que podem controlar as pragas com eficiência.
O controle biológico das " lagartas da folha da bananeira" é realizado por vários inimigos
naturais de ovos e de lagartas. Dentre estes inimigos naturais se destaca o parasita Apanteles sp.
Este parasita é uma pequena vespinha que coloca os seus ovos dentro das lagartas das folhas.
As larvas destas vespinhas se alimentam no interior das lagartas e empupam externamente no corpo
das mesmas, formando pequenos casulos que ficam presos na pele das lagartas. Estes casulos são
revestidos por um tecido tipo algodonoso branco. O controle químico só é recomendado se a
população da praga estiver causando danos econômicos.

98
6. ÁCAROS
Tetranychus spp. (Tetraniphidae)

A face inferior das folhas da bananeira podem mostrar-se parcial ou totalmente revestidas de
grande quantidade de teia, entre cujos fios se abrigam ácaros vermelhos, como o Tetranychus abacae
e T. desertorum. Em decorrência da alta infestação deste ácaro, as folhas apresentam coloração
avermelhada tipo “ferrugem”. Estas espécies em infestações elevadas, também podem provocar danos
nos frutos os quais apresentam manchas de coloração ferrugem.

6.1 Controle

As populações de ácaros são facilmente lavadas das folhas pelas chuvas e muito raramente
chegam a ter importância econômica. Pesquisas em andamento, utilizando o ensacamento dos cachos,
a aplicação de produtos a base de carbaryl e aplicação de enxofre solúvel deram resultados positivos
para o controle de ácaros nos fruto.

7. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALVES, E.J. A cultura da banana: aspectos técnicos, sócioeconômicos e agroindustriais.


Brasília: Embrapa - SPI/ Cruz das Almas: Embrapa - CNPMF, 1997. 585p.
FEAKIN, S.D. Pest control in bananas. Pans Manual No.1. 3.ed. Centre for Overseas Pest
Research, London, UK, 1977. 126p.
GOWEN, S. Bananas and Plantains. 1.ed. London, UK: Chapman & Hall, 1995. 612p.
HILL, D.S. & WALLER, J.M. Pests and diseases of tropical crops. Vol. 2. Field
Handbook. I.T.A.S. Logman. London, UK. 1990. 432p.
LICHTEMBERG, L.A. Ensacamento do cacho da banana no campo. Informativo SBF,
Itajaí, v.15, n.3, setembro, 1996.
MEDINA, J.C.; BLEINROTH, E.W.; DE MARTIN, Z.J.; TRAVAGLINI, D.A.; OKADA,
M.; QUAST, D.G.; HASHIZUME, T.; RENESTO, O.V.; MORETTI, V.A. Banana - da
cultura ao processamento e comercialização. ITAL, Instituto de Tecnologia de
Alimentos. Série Frutas Tropicais - Vol. 3. ITAL, Campinas, SP. 1978. 197p.
MOREIRA, R. S. Banana: Teoria e prática de cultivo. Fundação Cargill, Campinas, SP.
1987. 335p.
REIS, P. R.; SOUZA, J. C. de. Principais pragas da bananeira. Informe Agropecuário, Belo
Horizonte, v.12, n.133, p.45- 55, 1986.
ROBINSON, J.C. Bananas and Plantains. 1. ed. Wallingford, Oxon, UK: Cab International,
1996. 238p.
SIERRA S., L.E. El cultivo del banano, producción y cultivo. 1. ed. Pereira, Colombia:
Editorial Gráficas Olímpica, 1993. 679p.
SIMMONDS, N.W. Los Platanos. 1. ed. Longman, Londres. 1973. 539p
SIMON, S. Pests of bananas in the French West Indies. Infomusa (INIBAP), 2(1):8.

99
SOTO B., M. Bananos cultivo y comercialización. 2.ed. Tibás, Costa Rica: Litografia e
Imprenta LIL, S.A., 1992. 649p.
YUST, H.R. Insect pests and fruit spoting of Gros Michel bananas in Equador. FAO Plant
Protection Bulletin, 8 (2):13-18, 1959

Larvas, pupas, adultos e danos do moleque-da-bananeira C. sordidus


100

Fotos: A.T. Schmitt


101
Preparo da isca tipo “queijo”
Fotos: L.A. Lichtemberg
102
Aplicação do fungo Beauveria bassiana na isca tipo “queijo”
Fotos: L.A. Lichtemberg
1

Danos do “tripes da erupção


Foto: R.H.Hinz

Foto: R.H. Hinz

Foto: L.A. Lichtemberg 103

Danos ocasionados pelo tripes da ferrugem (1 e 2) e adulto de tripes


da ferrugem Chaetanothrips sp (3).
104
Danos causados pela abelha “arapuá” Trigona spinipes.

Fotos: P. dos S. F. Lichtemberg


Lagarta de Caligo illioneus

Adulto de Caligo illioneus


105

Fonte: ITAL, 1978


Adulto e crisálida de Opsiphanes invirae (fonte: ITAL, 1978)

Lagarta de Opsiphanes invirae (fonte: ITAL, 1978)

106

Lagarta de O. invirae parasitada por Apanteles


Foto: R.H. Hinz.
Casulos, pupa e adultos de Antichloris eriphia

Lagarta de Antichloris eriphia

107

Fonte: ITAL, 1978


Teia, adulto e ovos de T. abacae Manchas bronzeadas nas folhas
Foto: R.H. Hinz Foto: L.A. Lichtemberg

108
Danos nos frutos, causados pelo “ácaro da ferrugem”.
Foto: L.A. Lichtemberg Foto: E. Soprano
DOENÇAS DA BANANEIRA

Robert Harri Hinz

1. Doenças da bananeira provocadas por nematóides

A bananeira possui um rizoma do qual cresce um sistema radicular adventício. A


maior parte das raízes cresce lateralmente ao rizoma na camada mais superficial do solo. Esse
crescimento é contínuo até a diferenciação floral, o que ocorre entre 7 e 9 meses após o
plantio. Após a floração o crescimento de novas raízes é paralisado e o desenvolvimento da
109
inflorescência (cacho) é sustentado pelo sistema radicular existente, que vai envelhecendo à
medida em que o cacho engorda. O declínio da atividade desse sistema radicular pode ser
antecipado pela ação de patógenos e parasitas que provocam doenças comprometendo o
desenvolvimento da planta.

O nematóide é um microorganismo vermiforme e sua principal forma de


distribuição é o uso de mudas contaminadas.

1.1. Podridão de raízes - Nematóide Cavernícola

O nematóide cavernícola Radopholus similis encontra-se distribuído em todas as regiões


tropicais e subtropicais que praticam o cultivo da bananeira. Além da bananeira o R. similis tem como
hospedeiro o chá, a pimenta-do-reino, o coco, o gengibre e algumas plantas ornamentais. Sua maior
incidência, no entanto, ocorre particularmente nos clones do Subgrupo Cavendish (AAA), (‘Nanica’,
‘Nanicão’, ‘Grande Naine’, ‘Imperial’).

1.1.1. Sintomas

Os sintomas variam de acordo com o modo de parasitismo de cada um dos nematóides, com
graus de severidade que vão desde o alongamento do ciclo vegetativo com redução drástica no peso
dos cachos, até o tombamento da planta. Há, portanto dois tipos de danos que podem ocorrer no
cultivo da bananeira com origem na ação dos nematóides: aqueles que afetam a absorção e
translocação de água e nutrientes e aqueles que afetam a sustentação da planta.
O sintoma mais evidente do ataque de R. similis é o tombamento da planta carregando
consigo, normalmente, toda a touceira. O tombamento pode ocorrer em qualquer estágio de
crescimento, mas a frequência aumenta em plantas com cacho, submetidas a chuvas fortes ou ventos.
O nematóide penetra nas raízes primárias que são tenras, com diâmetro entre 4 e 5 milímetros. Se
alimenta das células destruindo o tecido progressivamente, invadindo as raízes maiores, chegando ao
rizoma. Os danos na parte externa das raízes se apresentam na forma de rachaduras longitudinais. Na
parte interna, cortando-se a raiz longitudinalmente, pode-se observar manchas na cor marrom-escuro e
vinho. Bananeiras infectadas podem conter mais de 100 nematóides por grama de raiz. O rizoma
atacado, apresenta podridões de cor negra, marrom-escuro e vinho, que podem chegar a 2 cm de
profundidade. As raízes ao passarem por essas áreas infestadas do rizoma, emergem para o solo já
contaminadas. A presença de fungos e bactérias nos ferimentos provocados pelo nematóide, aceleram
a destruição do sistema radicular e contribuem para o tombamento da planta.

1.1.2. Agente causal

A infecção é provocada pelas fêmeas e pelos estágios juvenis, sendo que os machos não têm
capacidade de penetrar nas raízes e delas se alimentar. Todos os estágios são vermiformes e móveis,
podendo ser encontrados nas raízes, nos rizomas e no solo. O ciclo completo de vida, de ovo a ovo,
leva entre 20 e 25 dias sendo a postura realizada nos tecidos atacados. As fêmeas põem de 4 a 5 ovos
por dia, num período de duas semanas e a eclosão dos ovos ocorre entre 8 a 10 dias.

1.1.3. Controle

Várias técnicas foram testadas para controlar o nematóide, destacando-se entre elas a
termoterapia e controle químico para mudas; e a inundação e controle químico nos solos. Nenhuma
delas é totalmente eficiente, sendo agravadas pelo alto custo.
Em relação às mudas, que são a principal forma de disseminação, o único sistema garantido é
a aquisição de mudas produzidas em laboratório através de cultura de tecidos. Caso esta opção não seja

110
viável, recomenda-se a obtenção de mudas de bananais sadios e, mesmo assim, elas devem ser
descorticadas e tratadas com nematicida.
Em áreas contaminadas, a melhor forma de combater o nematóide está na renovação das
áreas, com um período de, no mínimo, 12 meses com total ausência de rizomas vivos, podendo ser
realizada uma rotação de culturas com plantas que não sejam hospedeiras. O controle químico é
limitado pelos riscos de contaminação e altos custos, sendo normalmente praticado através da
aplicação de nematicidas organo-fosforados e carbamatos registrados, à razão de 3-4 g de ingrediente
ativo por planta com intervalos de 4 a 6 meses.

1.2. Lesão de raízes - Pratylenchus

Oito espécies de Pratylenchus causadores de lesões em raízes de bananeira foram


identificadas, mas somente duas apresentam danos significativos à cultura: Pratylenchus coffeae e
Pratylenchus goodeyi. P. coffeae, além da bananeira, possui uma ampla lista de hospedeiros, tanto nos
trópicos quanto nos sub-trópicos. P. goodeyi só foi encontrado em bananeira e ocorre nas regiões mais
frias da África e Ilhas Canárias.

1.2.1. Sintomas

As lesões nas raízes e no rizoma, causadas por Pratylenchus spp. são semelhantes àquelas
causadas pelo R. similis, podendo também ocorrer tombamento.

1.1.2. Agente causal

Pratylenchus spp. são endoparasitas migradores das raízes e do rizoma. As duas fases, juvenil
e adulta são capazes de invadir as raízes. Os ovos são postos nos tecidos das raízes e do rizoma e seu
ciclo de vida de 22 dias, ovo a ovo, pode ser inteiramente no interior do rizoma ou das raízes. Embora
possa ocorrer no solo próximo às raízes, não consegue sobreviver por longos períodos sem a
bananeira.

1.1.3. Controle

As medidas de controle são similares àquelas aplicadas ao R. similis, com o cuidado de


aumentar o período de pousio e certificar-se de que as culturas utilizadas na rotação não sejam
hospedeiras já que o Pratylenchus possui várias plantas como fonte de alimento.

1.3. Nematóide espiralado – Helicotylenchus

O Helicotylenchus multicinctus depois do R. similis é o nematóide mais disseminado na


bananicultura. Embora seja de importância secundária nas regiões tropicais onde ocorre o R. similis,
nas regiões subtropicais onde o Radopholus é mais raro, este nematóide pode se tornar um grave
problema.

1.3.1. Sintomas

O ataque de nematóide espiralado também alonga o ciclo vegetativo, reduzindo o tamanho


das plantas assim como o peso dos cachos, além de diminuir a vida útil do bananal. Por penetrar
somente nas primeiras camadas de células das raízes, um corte longitudinal de uma raiz apresentará
apenas danos superficiais, diferentes daqueles danos profundos provocados pelo R. similis e pelo
Pratylenchus. No entanto, sérios prejuízos são causados às radicelas que passam a apresentar
coloração marrom-avermelhado e preta; e em seguida em todo o sistema radicular a infestação

111
aumenta.

1.3.2. Agente causal

Helicotylenchus multicinctus é um nematóide endoparasita e completa seu ciclo de vida no


interior da raiz onde são encontrados machos, fêmeas, estados juvenis e ovos. Foi encontrado
parasitando cerca de 40 espécies de plantas.

1.3.3. Controle

São recomendadas as mesmas práticas utilizadas para controlar o R. similis e o Pratylenchus.

Os nematóides sobrevivem no solo, enquanto existirem rizomas vivos.

2. Doenças da bananeira provocadas por fungos

2.1. Mal-de-Sigatoka, Sigatoka Amarela ou Sigatoka.

Duas doenças são conhecidas atualmente com o nome de Sigatoka.


A Sigatoka amarela foi identificada pela primeira vez em 1912 no Vale Sigatoka nas Ilhas
Fiji, e nos últimos quarenta e cinco anos foi disseminada para todos os países produtores de banana do
mundo.
A Sigatoka negra, identificada em 1964, também em Fiji, foi detectada em Honduras em
1972, estando disseminada na América Central, México, Colômbia, Equador, Venezuela, e se constitui
num grande risco para o Brasil, tendo sido detectada nos Estados do Amazonas, Acre, Rondonia, e
Mato Grosso.
As duas doenças causam uma destruição grave das folhas, que provoca queda acentuada de
produção e maturação precoce de frutos. Nesse processo de maturação, por ser muito acelerado,
ocorre a degradação do amido fazendo com que a polpa perca a consistência e fique cremosa
diminuindo a vida útil do fruto inviabilizando sua exportação.
Os danos provocados pela Sigatoka negra são, no entanto, mais drásticos e as dificuldades
para seu controle muito maiores. São necessárias entre 12 e 52 pulverizações para controlar a Sigatoka
negra contra 4 a 8 para controlar a Sigatoka amarela.

O mal de Sigatoka diminui o peso do cacho e a vida útil da fruta impedindo a exportação.

2.1.1. Sintomas

Os primeiros sintomas aparecem normalmente na 2a e 3a folhas mais jovens da bananeira. São


pontos amarelo-esverdeados que medem cerca de 1 milímetro. Esses pontos alongam-se
acompanhando o sentido das nervuras secundárias da folha. A coloração amarela fica mais intensa e as
estrias podem medir de 1 x 2 a 1 x 4 milímetros. Essas estrias passam a ficar mais largas e se
transformam em manchas que apresentam, no centro, a cor de ferrugem. À medida em que a mancha
cresce, forma-se ao seu redor, um anel amarelo. Em seguida, o centro desta mancha adquire a cor cinza
com uma margem marrom ou preta cercada pelo anel amarelo. As manchas individuais chegam a
medir 5 x 15 milímetros. A partir desse momento a gravidade da doença aumenta pois as manchas
unem-se umas às outras destruindo a folha completamente.

112
2.1.2. Agente causal

O Mal-de-Sigatoka é provocado por um fungo que se reproduz de duas maneiras. De forma


sexuada na sua fase perfeita, chamada de Mycosphaerella musicola, e de forma assexuada na sua fase
imperfeita, chamada Pseudocercospora musae.
As estruturas que o fungo produz para sua reprodução são chamadas esporos. Cada fase
produz um tipo de esporo. Na fase perfeita o esporo chama-se ascosporo e na fase imperfeita chama-se
conídio.
A doença se desenvolve em ciclos e dependendo das condições climáticas e da época do ano,
o fungo produz mais conídios ou mais ascosporos.
Os conídios são produzidos em grandes quantidades em condições de alta umidade,
principalmente quando ocorre formação de filmes de água sobre as folhas. Os principais meios de
dispersão dos conídios são o escorrimento da água das chuvas e o respingo de água. Os conídios
dificilmente são liberados pelo vento e por esse motivo, sua dispersão ocorre mais a curtas distâncias,
principalmente durante as épocas de alta umidade e temperatura, com formação freqüente de sereno ou
chuvas intermitentes.
Os ascoporos são responsáveis pela dispersão da doença entre bananais separados por longas
distâncias e nas áreas novas. São também responsáveis pela ocorrência e dispersão da doença nas
épocas mais frias e/ou chuvosas do ano, e sua distribuição é realizada principalmente pelo vento.
A infecção ocorre nas folhas mais jovens, principalmente na “vela” até seu total
desenrolamento. Os esporos germinam sobre a folha, podendo permanecer se desenvolvendo sem
penetrá-la, por um período de até seis dias. A infeção só acontece se a umidade relativa do ar for alta
(acima de 85%) e houver disponibilidade de água sobre a folha neste período, com temperatura
favorável (em torno de 25oC). A maior parte das infecções ocorre no lado de baixo da folha onde está
localizada a maioria dos estômatos. Os primeiros pontos amarelos, normalmente, surgirão nas folhas
dois e três, entre 11 e 55 dias após a infecção.
A evolução de estria para mancha ocorre entre 10 e 15 dias seguindo uma destruição intensa
da folha.

2.1.3. Controle

Embora o controle químico seja a arma mais importante no combate a Sigatoka, sua eficiência
só irá atingir níveis satisfatórios quando acompanhado de práticas que permitam diminuir a influência
benéfica de certas condições do ambiente ao fungo que causa a doença.

2.1.4. Manejo do bananal e da água

Na implantação do bananal, é preciso escolher o espaçamento mais adequado para a cultivar


selecionada, e no desbaste, evitar agrupamentos de plantas. Bananais densos, assim como
agrupamentos de plantas, transformam-se em fonte de esporos por causa da alta umidade e da
dificuldade de penetração dos fungicidas entre as folhas.
A desfolha, inclui além do corte das folhas mortas e dobradas, o corte de folhas altamente
contaminadas e a “cirurgia” ou “desponte”, que consistem em cortar somente as áreas atacadas. Com
essa prática reduz-se a umidade e a fonte que produz esporos.
O mato também é responsável pela manutenção do excesso de umidade no bananal. Portanto,
é recomendável a realização de roçadas freqüentes para mantê-lo o mais baixo possível.
O sistema de drenagem tem que ser eficiente e estar permanentemente limpo para drenar o
excesso de água originado pela chuva. O sistema de irrigação deve ser projetado para fornecer apenas
a quantidade de água necessária para as plantas. A irrigação indiscriminada, além de cara é prejudicial,
pois favorece a ocorrência da doença.

113
O fungo depende da água para sua liberação, distribuição e desenvolvimento.

2.1.5. Monitoramento

O controle químico tem um custo elevado e sua eficiência depende principalmente de uma
orientação que determine o momento certo em que deve ser feito. Para determinar esse momento,
existem métodos e através deles procura-se controlar a doença nos seus estágios iniciais. São sistemas
de monitoramento e preaviso. Porém, se o bananicultor não dispõe deste serviço, ele poderá orientar
suas pulverizações de forma simplificada:

a) Escolher e marcar com uma fita dez plantas jovens distribuídas em áreas homogêneas de 50
hectares. Essas plantas deverão ter no mínimo cinco folhas largas e serão substituídas
quando florescerem;
b) Observar em cada planta, uma vez por semana e sempre no mesmo dia, as folhas 2,3 e 4; e
nelas contar o número de estrias amarelas e cor café bem como as manchas pretas,
anotando numa tabela;
c) A pulverização deverá ser feita sempre que o número de estrias e manchas for superior a 50
nas folhas 2 ou 100 nas folhas 3 ou 4.

Os números registrados na terceira coluna (Folha 3), indicam que a pulverização deve ser feita
sem demora, segundo exemplo a seguir.

Exemplo:
DIA MÊS
NÚMERO DE ESTRIAS E MANCHAS
06 10
PLANTA FOLHA 2 FOLHA 3 FOLHA 4
1 30 98 70
2 26 102 68
3 18 130 104
4 26 87 40
5 19 108 58
6 40 120 70
7 21 91 108
8 32 120 39
9 16 79 85
10 20 140 62

2.1.6. Controle químico

Além do óleo mineral agrícola, são utilizados três tipos de fungicidas: de contato, penetrantes
e sistêmicos.

Óleo mineral

O óleo mineral agrícola é recomendado por causa de suas propriedades físicas que facilitam a
dispersão e a penetração dos fungicidas bem como sua permanência por mais tempo na folha. Seu uso,
puro ou em misturas (óleo + água + emulsificante + fungicida) permitem reduzir o volume das caldas,
antigamente requerido nas pulverizações.
114
O óleo mineral agrícola paralisa o crescimento do fungo, temporariamente, e com isso
diminui o número de manchas, e seu crescimento fica mais lento.
É preciso, porém, ter cuidado com a qualidade do óleo mineral agrícola a ser utilizado. Óleos
minerais com alto teor de enxofre, são ricos em cadeias aromáticas e formam uma película sobre a
folha que dificulta sua respiração. Com isso, a produtividade do bananal cai no decorrer dos anos. A
quantidade aplicada nas pulverizações deve ser somente a estritamente necessária e depende das
condições locais de clima:

Ex: - Períodos normais: 5 litros de óleo + 15 a 20 litros de água + emulsificante +


fungicida/ha.
- Períodos úmidos: 10 litros de óleo + 10 a 15 litros de água + emulsificante +
fungicida/ha.
- Períodos chuvosos: 12 a 15 litros de óleo + fungicida/ha.

Pulverizações utilizando volume de óleo acima de 10 litros/ha, além de caras


podem ser prejudiciais à bananeira e ao meio ambiente. Só devem ser
utilizadas em situações extremas.

Fungicidas de contato

Estes fungicidas não penetram na folha. Apenas protegem sua superfície como uma capa, ao
inibir a germinação dos esporos. Não curam a infecção estabelecida. Os ditiocarbamatos (maneb, zineb
e mancozeb) e o clorotalonil foram os fungicidas mais utilizados até o surgimento dos fungicidas
sistêmicos. O clorotalonil não pode ser aplicado com óleo porque a mistura é fitotóxica.

Fungicida penetrante

Somente um fungicida tem a característica de penetrar na folha da bananeira sem se deslocar


para outras partes da planta. O tridemorph, pertencente ao grupo químico das morfolinas, tem ação
protetora e curativa. Seu modo de ação sobre o fungo é diferente dos demais fungicidas o que
praticamente elimina a possibilidade de ocorrência de resistência ao produto. É amplamente utilizado
nos países exportadores de banana em alternância com benzimidazóis e triazóis.

Fungicidas sistêmicos

Estes fungicidas penetram nas folhas e são transportados pelo interior da planta. Têm a
capacidade de proteger e curar infecções.

Benzimidazóis

Os principais fungicidas deste grupo são o benomil, tiofanato metílico e o tiabendazol. São
recomendados para áreas onde não ocorre resistência e por esse motivo devem ser utilizados de forma
intercalada com fungicidas de outros grupos químicos.

115
Triazóis

Pertencem a este grupo de fungicidas o propiconazol, o fenbuconazol, o hexaconazol, o


cyproconazol, o epoxiconazol e o difenconazol. Quando utilizados com o apoio de sistemas de
monitoramento ou preaviso, permitem a redução no número de pulverizações para o controle da
doença. O uso indiscriminado destes fungicidas pode promover resistência ao produto.

Preparação de calda e pulverização

A mistura bem feita dos produtos que compõem a calda fungicida é de fundamental
importância. O tratamento poderá ser seriamente prejudicado se não forem respeitados alguns aspectos
básicos nesta etapa.
O sistema misturador é composto de recipientes adequados (tanques ou tonéis de água e óleo
mineral); misturador (bombas recirculadoras ou sistema de elices) e transferidores (mangueiras,
torneiras e registros).
As caldas podem ser na forma de emulsão (óleo + água) ou suspensão de fungicidas em óleo
puro, a critério do técnico com base nas condições climáticas locais.
No processo de preparação de caldas em emulsão os produtos devem ser misturados na
seguinte ordem:
a) Deposite no tanque ou tonel misturador todo o óleo mineral necessário e ponha a
funcionar o agitador.
b) Agregue o emulsificante e continue agitando por dez a quinze minutos.
c) Acrescente o fungicida na dose recomendada e agite durante cinco a dez minutos.
d) Verta lentamente a água e continue agitando durante dez minutos.
e) Para pós molháveis, realize uma pré-mistura ou “quebra” dos fungicidas em um tanque
ou tonel menor, utilizando uma quantidade proporcional de água e óleo.
f) Após certificar-se de que a mistura está homogênea, transfira para o tanque do
“pulverizador” ou do avião.

Processo de preparação de suspensão em óleo é mais simples. Após depositar no tanque ou


tonel, o óleo necessário, dar início à agitação, agregando o fungicida.

Proteja sua saúde: use equipamento de proteção individual.

Em relação à sinalização é fundamental que a largura da faixa atingida pelo equipamento


(costal motorizado, canhão tratorizado ou avião) seja demarcada para que não surjam áreas com focos
da doença sem controle.
A calibração dos equipamentos tem que ser feita tomando-se como base o tamanho de gota
(normalmente em torno de 250 µ ) para que haja uma distribuição uniforme da calda na faixa, cuja
largura depende do equipamento.

Proteja a natureza: não use fungicidas sem a recomendação de um agrônomo.

2.1.7. Influência da estabilidade do ar nas pulverizações

A variação da temperatura em função da altitude determina se a estabilidade do ar é normal,


neutra, ou de inversão térmica.
Em condições normais ocorre um esfriamento do ar à medida que a altitude aumenta, à razão
de dois graus centígrados a cada mil metros, formando assim um gradiente térmico adiabático. Quando
ocorre o resfriamento do solo, a camada de ar próxima a ele irá acusar temperatura inferior às das
116
camadas mais altas, o que ocasionará a inversão térmica. Nessas condições, as partículas pequenas
permanecem em suspensão por longo tempo e irão proporcionar uma distribuição desuniforme. Isso
poderá ser facilmente verificado pela ausência de vento, e ocorre geralmente à noite , até as primeiras
horas da manhã, e ao anoitecer.
À medida que o sol vai se levantando, dá-se gradativamente o aquecimento do solo e da
camada de ar mais próxima dele, ocorrendo então a movimentação ou turbulência do ar e conseqüente
anulação da inversão térmica.
Estabilidade do ar neutra e turbulência fraca constituem as condições ideais para a aplicação ,
porque no período mais quente , quando ocorre uma movimentação muito forte do ar, pode haver
arrasto do produto a distâncias variáveis, provocando distribuição desuniforme, permitindo a
ocorrência de áreas sem proteção.
Não se recomenda, portanto, pulverizações nos períodos de vento zero, nem quando o vento
for superior a 10 km/h principalmente se for inconstante com rajadas.

Evaporação

Dependendo das condições de temperatura e umidade relativa do ar no momento da aplicação,


e principalmente do diâmetro das gotas, o líquido poderá desaparecer completamente antes de atingir o
alvo.
O volume de aplicação e o tamanho das gotas deve ser ajustado, portanto, conforme as
condições climáticas de cada região ou estações do ano, fazendo o acompanhamento constante das
variações da temperatura e da umidade relativa do ar . Devem ser interrompidas as aplicações quando
a temperatura for superior a 30oC e a umidade relativa do ar atingir o mínimo de 55%.

Equipamentos de pulverização aérea e regulagem

Os atomizadores mais comumente utilizados são compostos por bicos hidráulicos do tipo
cônico vazio e em jato plano ou leque, e os atomizadores rotativos Micronair AU-5000 e AU-3000. O
ângulo de incidência do jato dos bicos em relação ao vento relativo proporciona geração de gotas
maiores ou menores, de acordo com o grau de inclinação.
Os bicos devem ser distribuidos ao longo de 70 a 80% da envergadura das asas do avião, não
devendo ser aproveitadas as extremidades onde ocorre o turbilhonamento (vórtice) que provocaria uma
deriva de boa parte do volume aplicado.
Quando o equipamento utilizado for o atomizador rotativo Micronair, a vazão pode ser
alterada apenas pela regulagem do orifício através do URV (Unidade de restrição de variável); e o
diâmetro das gotas se modifica mediante a variação da rotação do cilindro que resulta da mudança do
ângulo das pás da hélice.

2.2. Sigatoka negra

A Sigatoka negra é uma doença provocada pelo fungo Mycosphaerella fijiensis MORELET,e
é o principal problema fitossanitário dos cultivos de banana na América Central, México, Panamá,
Colômbia, Equador, bem como em muitos países da África e Ásia.
Esta doença ataca as folhas da bananeira provocando uma destruição rápida da parte aérea
quando não se promove um combate eficiente. Afeta o crescimento e a produtividade das plantas ao
comprometer sua capacidade fotossintética. Também reduz significativamente a qualidade da fruta ao
promover a maturação precoce dos cachos ainda na lavoura, sendo esta a maior causa das perdas
devido à sua ocorrência. Foi observada pela primeira vez em 1963 no sudeste asiático, nas ilhas Fiji.
Na América Central, foi detectada em 1972 em Honduras. No Brasil foi constatada em 1998 em

117
Tabatinga e Benjamin Constant, no Amazonas, estando presente atualmente, além da do Amazonas, no
Acre, Rondônia e Mato Grosso.
A presença desta doença, bem mais virulenta que a Sigatoka amarela (Mycosphaerella
musicola LEACH), obrigou os países tradicionalmente exportadores de banana, a modificar
drasticamente suas estratégias de controle aumentado o número de pulverizações por ano (de 7 para 50
em alguns países como o México e a Costa Rica); sua infra-estrutura; técnicas de aplicação de
fungicidas; além de recorrer a novos princípios ativos e misturas mais eficientes. Com isso, os custos
de produção foram amplamente onerados.

2.2.1. Sintomas

Os primeiros sintomas são pontuações minúsculas que se apresentam na superfície inferior


da segunda , terceira, ou quarta folhas abertas. Essas pontuações evoluem para estrias, que de início
podem ser vistas apenas neste lado das folhas. Já nos primeiros estágios das manchas, pode-se
observar na superfície inferior das folhas uma pilosidade muito tênue, em contraste com a luz, formada
pelos conidióforos de Paracercospora fijiensis (fase assexuada), estruturas sobre as quais se formam
os conídios; e que emergem de forma unitária dos estômatos. No caso da Sigatoka amarela, a
Pseudocercospra musae (fase imperfeita), produz os conidióforos de forma agrupada nos estômatos,
em ambas as faces da folha, mas em manchas de estágios mais avançados. As estrias, com o passar do
tempo, aumentam de tamanho tornando-se fusiformes ou elípticas e negras. A partir desse estágio, tem
início a coalescência das manchas na Sigatoka amarela. Na Sigatoka negra, a evolução das manchas,
embora parecida, é bem mais rápida e a coalescência das manchas ocorre antes mesmo de chegarem a
estágios mais avançados, provocando o colapso dos tecidos que podem secar num período de 8-10h.
Geralmente as folhas são destruídas antes que o cacho atinja o ponto de colheita, e o cacho pode cair
após o rompimento do engaço.
A comparação das duas espécies pode também ser feita ao microscópio, analisando-se as
diferenças que ocorrem entre as dimensões e a morfologia dos conídios e conidióforos na fase
imperfeita do patógeno.

2.2.2. Agente causal e Epidemiologia

A Mycosphaerella fijiensis se reproduz sexuada (Mycosphaerella) e assexuadamente


(Paracercospora) durante o seu ciclo de vida. A fase assexuada se apresenta no desenvolvimento das
primeiras lesões (pontuaçõe e estrias) nas quais são vistos os conidióforos que emergem dos estômatos
na face inferior das folhas, onde são produzidos os conídios. A fase sexuada é a mais importante, visto
que nesta fase se produz a maior quantidade de inóculo, os ascosporos , em estruturas denominadas
pseudotécios. Os esporos da Sigatoka negra são disseminados pelo vento e pela chuva depositados
principalmente sobre a folha vela e as duas folhas jovens que são a principal porta de entrada da
doença. Os esporos são liberados , depositados sobre as folhas, e germinam se as condições de
umidade relativa do ar são favoráveis, normalmente superiores a 85%, emitindo um tubo germinativo
que penetra nos estômatos, ramificando-se a seguir para colonizar as células vizinhas, produzindo os
primeiros sintomas que são as pontuações. As temperaturas favoráveis situam-se na faixa de 22 e 280C,
sendo 260 o ponto ótimo.

2.2.3. Controle

Algumas medidas culturais servem para aumentar a eficiência do controle químico, que é
imprescindível. Dentre elas pode-se destacar o manejo adequado da água, o controle das ervas
daninhas, a cirurgia das áreas atacadas e a utilização e manutenção correta da densidade populacional.
A utilização de equipamentos adequados para a pulverização, sua calibragem e manutenção corretas
são imperiosas.

118
O controle químico passa pela necessidade de adequação de metodologias levando-se em
consideração principalmente o conhecimento relacionado aos aspectos epidemiológicos, que passam a
determinar através de sistemas de previsão a necessidade de se realizar os tratamentos, a época e a
freqüência.
Os produtos utilizados no controle são o óleo mineral agrícola, fungicidas de contato,
misturados ou intercalados com fungicidas sistêmicos.
A utilização de cultivares resistentes é de extrema importância, sendo necessário que se
implantem nos sistemas de pesquisa regionais, unidades capazes de desenvolver e selecionar materiais
adequados aos hábitos de consumo das diferentes regiões produtoras e consumidoras do país.

2.3. Mal do Panamá ou Murcha de Fusarium

O mal do panamá ou murcha de fusarium encontra-se amplamente distribuído em várias


regiões bananicultoras do mundo e se caracteriza pela grande capacidade em dizimar plantações em
curto espaço de tempo. Sua ocorrência vem de longa data, mas os índices catastróficos de destruição
tiveram início em 1904, na América Central. No Brasil foi constatado em São Paulo no ano de 1930,
estando hoje distribuído em todo país.
Entre as doenças de plantas tropicais, o mal do panamá se destaca em termos de perdas. No
Brasil o cultivo da bananeira foi restrito a um pequeno número de cultivares resistentes, sujeitas, no
futuro, a ocorrência do surgimento de raças como a IV, já existente em Taiwan, Philipinas e Austrália;
que se desenvolve em cultivares do sub grupo Cavendish (Nanicão, Grande Naine). Além disso, essas
cultivares têm custo de produção elevado em função de maiores exigências em tratos culturais
(adubação, controle de doenças e pragas) e menor remuneração em função de serem menos apreciadas
pelo consumidor que prefere as cultivares do grupo Branca e Prata.

2.3.1. Sintomas

As plantas contaminadas apresentam folhas com amarelecimento progressivo do limbo, que


parte das bordas em direção à nervura central. Em seguida, as folhas murcham e, um ou dois dias após,
dobram junto do pseudo-caule e secam. Este amarelecimento tem início nas folhas mais velhas,
restando verdes apenas uma ou duas folhas jovens ou somente a vela. Podem ocorrer rachaduras
longitudinais na base do pseudo-caule, próximo ao rizoma. No estágio final, o pseudo-caule permanece
ereto, por um ou dois meses, coberto de folhas secas até se decompor e tombar. O rizoma, no entanto,
poderá ainda estar ativo produzindo filhotes.
Os sintomas internos têm características que podem ser observadas através de cortes no
pseudocaule, rizoma e raízes. Cortando-se o rizoma transversalmente, pode-se observar os vasos
condutores com uma coloração amarela associada ao crescimento micelial do fungo, que vai se
tornando púrpura, passando para roxo e marrom à medida em que a doença progride. Num corte
longitudinal do rizoma pode-se observar a coloração amarela e de marrom presente nos vasos que
ligam a mãe ao filhote, evidenciando a contaminação da muda.
Os mesmos sintomas podem ser encontrados no pseudocaule seccionado transversal ou
longitudinalmente. No corte transversal a mudança de cor apresenta-se na forma de pontuações
escuras, sendo que no longitudinal, apresenta-se em linha, seguindo os vasos até o ápice da planta.

2.3.3. Agente causal

A doença tem como agente o fungo Fusarium oxysporium t. sp. cubense. Se desenvolve nas
células dos vasos condutores produzindo micronídios, macronídios e clamidosporos. A dispersão da
doença ocorre, principalmente, através de restos culturais e mudas contaminadas.

Filhotes menores que 15cm com menos de 4 meses de idade não


apresentam sintomas externos, embora estejam
119
Existem quatro raças de Fusarium causando danos a musaceas. A raça 3 afeta somente
Heliconia e não tem importância na bananicultura. A raça 1 é patogênica à ‘Maçã’, ‘Prata’ (AAB) e
Gross Michel (AAA); e a raça 2 é patogênica à ‘Bluggoe’(ABB). A raça 4 afeta o sub-grupo
Cavendish (AAA), onde se encontram a ‘Nanicão’e a ‘Grande Naine’. Embora ainda não tenha sido
detectada no Brasil, é fundamental o acompanhamento dos bananais nas regiões sub-tropicais, visto
que todos os registros feitos até o momento dão conta de que essas regiões são preferenciais para a
ocorrência desta raça.

2.3.3. Controle

O mal do panamá não pode ser controlado através de uso de fungicidas. O solo, uma vez
infestado com o fungo, não permite o cultivo de bananeiras suscetíveis à doença. A única forma de
permanecer na atividade é através da utilização de cultivares resistentes.
No entanto, algumas práticas podem ser utilizadas no sentido de retardar a ocorrência da
doença ou diminuir temporariamente seus efeitos:
 Adubar o bananal sempre com base em análises de solo e foliar.
 Parcelar ao máximo as adubações.
 Evitar adubações nitrogenadas.
 Utilizar adubos orgânicos curtidos.
 Utilizar calcário dolomítico, sempre baseado nas necessidades indicadas em análise de solo,
considerando, além da correção do pH, a necessidade da planta.
 Não utilizar herbicida ou enxada. Fazer roçadas.
 Utilizar o facão para o desbaste.
 Dar preferência ao plantio de mudas produzidas em laboratório.

A resistência da planta ao mal do panamá depende do equilíbrio da relação Ca/Mg e do


Zinco que pode ser encontrado na matéria orgânica.

3. Doenças bacterianas

3.1. Moko

A doença denominada Moko ou murcha bacteriana da bananeira, tem a capacidade


de provocar grandes danos em função da velocidade com se dissemina, o mesmo ocorrendo
com a infecção e colonizacão.
Ataca a bananeira obstruindo o sistema vascular da planta impedindo a absorção de água e
nutrientes do solo. O recente aumento do mercado de ornamentais, onde se observa uma expansão na
comercialização de Heliconia spp, tem promovido em alguns países a disseminação do patógeno com
sérios comprometimentos para a cultura da bananeira. No entanto, é preciso considerar que o Moko é
uma doença que ataca ambos, Heliconia e Musa, e pode ser disseminado por material propagativo de
ambas. No Brasil, foram constatados alguns focos na Paraíba e no Ceará, em 1972. Porém, a Ralstonia
solanacearum isolada nesses estados, se tratava da raça 1,que provoca murcha na bananeira, mas com
menor gravidade que a raça 2. Essa raça é generalizada em plantações de várzea no Amazonas e no
Amapá.

3.1.1. Sintomas

120
O Moko ataca normalmente a maior parte das cultivares de bananeira, contrastando com o
mal-do-panamá, provocado pelo fungo Fusarium oxysporum f.sp.cubense que no Brasil não ocorre nas
cultivares do subgrupo Cavendish (‘Nanica’,’Nanicão’e‘Grande Naine’). Nas cultivares suscetíveis a
ambas, os sintomas são bastante parecidos, podendo-se observar externamente a murcha, e
internamente o escurecimento do vasos condutores. No entanto, ocorrem diferenças que permitem a
identificação de uma e de outra. Em plantas jovens, de crescimento rápido, os sintomas do Moko
surgem na primeira, segunda , ou terceira folha, se manifestando em forma de amarelecimento,
seguido de murcha e quebra junto ao limbo foliar, aproximadamente em quatro semanas. Os primeiros
sintomas de murcha provocados pelo mal-do-panamá em plantas jovens só ocorrem quando a altura
destas for superior a um metro e meio (com aproximadamente 4 meses de idade) atingindo as folhas
mais velhas, sendo que a quebra se dá junto ao pseudocaule. Por ocasião do desbaste, os chifres e
chifrinhos atacados pelo Moko, que rebrotam, além de enegrecidos, apresentam nanismo. No interior
do rizoma, no cilindro central, pode se observar o escurecimento dos tecidos que se tornam pardo-
amarelados, evoluindo para uma coloração que varia entre o marrom-escuro e negro. O mesmo
sintoma pode ser observado no engaço. No pseudocaule de plantas não paridas, ocorre uma necrose
aquosa na parte central que corresponde à gema apical, e culmina com a morte da folha vela. O mal-
do-panamá raramente provoca a morte da folha vela. Quando o ataque ocorre próximo à floração, o
cacho emitido se tornará raquítico com podridão de frutos. Em plantas com cacho, a polpa das frutas
torna-se enegrecida, seguindo-se uma maturação desuniforme e precoce do cacho. Os tecidos de
plantas contaminadas pelo Moko, ao contrário do mal-do-panamá, ao serem cortados, exudam pus
bacteriano que pode ser observado facilmente colocando-se pedaços na superfície de água limpa
contida num copo. A disseminação do Moko pode ocorrer através de mudas contaminadas, insetos,
ferramentas de trabalho (Enxadas, foices, facões, canivetes etc.), e água de chuva e de irrigação. O
mal-do-panamá normalmente é disseminado somente por mudas contaminadas.

3.1.2. Agente causal e Epidemiologia

O Moko é uma doença provocada pela bactéria denominada Ralstonia solanacearum F.


Smith raça 2. Esta bactéria se constitui num grave problema para a região norte do Brasil,
principalmente no Amapá e no Amazonas. A forma mais explosiva de disseminação do patógeno se dá
através de insetos (abelhas e vespas), que têm por hábito visitar várias inflorescências para se
alimentarem. No entanto, em uma área onde apenas uma muda contaminada de Heliconia ou banana
for cultivada, pode se dar início a uma epidemia, que com o auxílio dos insetos, da água de chuva e de
irrigação e das práticas culturais, poderá tomar graves proporções. No Brasil onde o transporte e a
comercialização de bananas é feita em caixas de madeira não descartáveis, em cujo interior e sobre as
cargas são utilizadas folhas para a proteção da fruta, o risco de disseminação da doença se torna maior.

3.1.3. Controle

As primeiras medidas de controle estão relacionadas às práticas que visam impedir a entrada
do patógeno em áreas de cultivo, ou região. Em primeiro plano destaca-se a necessidade imperiosa de
utilizar mudas de bananeira e ornamentais de procedência conhecida, com garantia de que não estejam
contaminadas. A utilização de herbicida nos bananais para o controle do mato evita danos ao sistema
radicular, por onde o patógeno poderá penetrar. O ensacamento precoce dos cachos evita o contato
com insetos vetores. As áreas onde o Moko esteja estabelecido devem ser postas em quarentena,
tornando-se necessário um programa de inspeção regular e erradicação com rigoroso processo de
assepsia das ferramentas utilizadas no trabalho. O reconhecimento precoce da doença é fundamental,
devendo-se destruir a touceira contaminada assim como as vizinhas com a injeção de herbicida. O
herbicida é injetado de forma espiral no pseudocaule com uma seringa especial provida de uma agulha

121
de 10cm, 20 a 30cc por planta. A agulha é introduzida inclinada para baixo, tomando o cuidado para
não atravessar o pseudocaule. Em cada injeção, aplicar 5cc,deixando a agulha no interior da planta por
alguns segundos para evitar que o líquido regurgite. O herbicida mais utilizado atualmente é o
Glifosato a 20%. A dose por planta depende do tamanho:

TIPO DE PLANTA ml./PLANTA


ADULTA 50
FILHO:
 MENOR DE 30cm 5
 ENTRE 30-100cm 10
 MAIS DE 100cm 15
 MUDA ALTA 15

Também se deve proceder a esterilização do solo na superfície ocupada pelas plantas


infectadas e das vizinhas mais próximas. O brometo de metila vem sofrendo restrições em função da
grande poluição ambiental que provoca, sendo que nas regiões exportadoras tradicionais, tem se
optado pelo Dazomet que é incorporado ao solo a uma profundidade de 60cm numa área de 4m 2,
coberta por uma lona plástica cujas bordas são cobertas de terra. O solo permanece coberto por uma
semana. Após a retirada da lona o solo é deixado a descoberto por mais uma semana.

4. Doenças de frutas

Uma parte significativa da produção de bananas é perdida em função das doenças que atacam
essa cultura e dentre elas destacam-se as doenças fúngicas em frutas. Os fatores predisponentes ao
desenvolvimento dessas doenças encontram-se vinculados às práticas culturais que envolvem
principalmente o manejo das plantas e dos cachos.
O manejo incorreto das plantas através da utilização de densidades inadequadas às cultivares
plantadas, com desbaste e desfolha pouco freqüentes, propicia a formação de um microclima favorável
ao desenvolvimento e à disseminação dos fungos. As práticas incorretas no manejo dos cachos na
lavoura, durante a colheita, no transporte e na embalagem, provocam injúrias nas frutas seguidas de
contaminação.
Essas práticas, no entanto, são parte de um modelo tecnológico incompatível com as
exigências do mercado consumidor em relação à qualidade, e tornam evidente a necessidade de adoção
de técnicas na produção de bananas que impeçam a contaminação e o desenvolvimento de doenças nas
frutas.

4.1. Doenças pré-colheita

As doenças que se desenvolvem sobre as frutas na pré-colheita, exceto a ponta de charuto,


raramente afetam a polpa. No entanto causam danos consideráveis na casca, que prejudicam a
aparência, comprometendo sua comercialização, porque reduzem o período de conservação da fruta
após a maturação. As cultivares mais suscetíveis pertencem ao subgrupo Cavendish.

4.1.1. Printting Disease

Distribuição – Américas Central e do Sul, Austrália, Trinidad, Filipinas, Taiwan, Ilhas


Canárias e ocasionalmente na Índia e na África.

122
Sintomas – Também conhecida como Johnston Spot ou Munheca, apresenta como sintomas
característicos pintas redondas com aproximadamente 4 a 6 mm de diâmetro, cujo centro deprimido
apresenta-se circundado por uma zona de cor marrom avermelhada, seguida de um halo verde-escuro
encharcado. Seu centro pode partir-se no sentido longitudinal dos frutos. As lesões, embora com
menor frequência, também ocorrem no pedicelo, nas coroas e folhas.

Etiologia – O agente causal, Pyricularia grisea (Cooke) Sacc, é facilmente isolado de


manchas nos frutos ou de pedaços de folhas contaminadas em câmara úmida. Os conídios, uma
unidade de 17-19 x 6.5-8.5 µ m por conidióforo, têm forma ovalada a piriforme estão hialinos.
Possuem um pequeno apículo basal e dois septos. A esporulação é abundante em meio autoclavado de
folhas de Commelina erecta, 3 a 4 dias após inoculação.

Epidemiologia – É uma doença sazonal, ocorrendo com maior freqüência nos meses mais
chuvosos. As principais fontes de inóculo são as folhas secas e restos foliares pendurados no
pseudocaule, a folha bandeira e a bráctea de transição que antecedem a inflorescência. Os conídios são
disseminados pelo vento e germinam formando apressório sobre os frutos verdes no campo, em torno
de 4 a 8 horas após o contato, sob condições de umidade atmosférica saturada e temperatura entre 24 a
26oC. As lesões sobre os frutos se desenvolvem geralmente nas três semanas que antecedem a colheita,
mas podem surgir após a colheita, no transporte ou no processo de maturação, em função da
capacidade que o fungo tem de permanecer dormente no tecido infectado. Altos níveis de infecção só
têm sido detectados após longos períodos de chuvas intensas, quando as medidas de controle são
prejudicadas. Nas regiões produtoras brasileiras de clima mais ameno, como São Paulo e Santa
Catarina, sua ocorrência é menos freqüente, mas em anos atípicos pode causar sérios prejuízos.

Controle – As principais medidas de controle são culturais e consistem na remoção constante


das fontes de inóculo. Recomenda-se, portanto, realizar desfolha freqüente do bananal, eliminação do
coração, e em períodos chuvosos quando houver ataque intenso, o corte da bráctea de transição.
O controle químico pode ser realizado nos cachos, antecedendo ao ensacamento. Caso a
doença seja detectada, após o ensacamento, o cacho deve ser nebulizado com fungicida pela abertura
inferior. O uso de fungicidas em frutas depende dos níveis de tolerância estabelecidos pelo mercado
consumidor. Normalmente são utilizados mancozeb, benomil ou thiofanato metílico.

4.1.2. Ponta de charuto

Distribuição – África, Ilhas Canárias, Egito, Brasil e Austrália.

Sintomas – A doença afeta um ou mais dedos das pencas ainda verdes. O fungo se instala na
região pistilar, invadindo a seguir a casca e a polpa. O primeiro sintoma surge na casca na forma de um
anel negro que envolve a ponta da fruta, podendo atingir 2 cm de comprimento. Com a emergência dos
conidióforos, através da epiderme, o tecido negro adquire a cor cinza, assemelha-se às cinzas da ponta
de um cigarro ou charuto. A podridão de Trachysphaera transforma-se numa massa seca coberta de
esporos brancos que se tornam rosados ou marrons na sua maturação, diferente de Verticillium onde a
massa também é seca, mas apresenta-se coberta por esporos de cor cinza. O ataque e Trachysphaera
provoca maturação precoce da fruta, e, às vezes, podridão úmida da polpa.

Etiologia – Os dois fungos associados com maior frequência à doença são Trachysphaera
fructigena tabor & Bunting e Verticillium theobromae (Ruconi) E. Masson & S.S. Hughes, podendo
estar presente apenas um ou ambos no tecido contaminado.
Os conidióforos de T. fructigena são simples ou criam, às vezes, vesículas terminais que
sustentam os conídios através de pedicelos. Os conídios, formados sobre os pedicelos, são esféricos e
têm em média 35µ m de diâmetro. Nos tecidos contaminados são encontrados oogônios (24 x 4 µ m),
123
com parede celular espessa, cuja característica são evaginações laterais. O anterídio envolve
completamente o talo que sustenta o oogônio.
Os conidióforos de V. theobramae encontram-se no tecido contaminado, normalmente
isolados, mas às vezes em pequenos grupos. São cilíndricos (4-6 x 150-400 µ m), com base alargada e
septados (3-5 septos com 20 a 30 µ m). Os conídios, cilíndricos ou oblongos (4-6 x 2 µ m), formam-
se na extremidade de fiálides (15-30 µ m), agregados por uma cabeça mucilaginosa translúcida.

Epidemiologia – A ponta-de-charuto ocorre com maior freqüência em períodos de


temperatura mais amena, com alta umidade, precedidos de intensas precipitações. Embora não se tenha
conhecimento em relação às fontes que dão origem à T. fructígena, sua ocorrência no Sul do Brasil se
dá o ano todo, acentuando-se nas épocas de alta umidade, podendo-se observar ataques mais intensos
das bordas para o interior dos bananais. A temperatura propícia para o ataque situa-se em trono de
20oC, seguida de elevações dessa temperatura até 27oC. A putrefação provocada por T. fructígena
continua após a colheita, e novas contaminações podem ocorrer nos tanques de lavação, no transporte
no interior de cargas e embalagens, e em câmaras de maturação contaminadas.
Os conídios de V. theobromae têm origem em colônias formadas sobre restos foliares e florais
e são disseminados pelo vento, infectando restos florais e pistilos. Seu crescimento ótimo se dá a 25oC.
Não provoca maturação precoce dos frutos e a putrefação é paralizada após a colheita.

Controle – As principais medidas de controle são culturais. Recomenda-se a desfolha


freqüente dos bananais, despistilagem e a eliminação do coração.
A prática do ensacamento deve ser cercada de precauções. Tem que ser precedida da
despistilagem que deve ser realizada até 15 dias após a completa abertura do cacho. Os sacos
utilizados têm que possuir número e tamanho de perfurações adequados, para evitar acúmulo excessivo
de umidade no interior do cacho, que permite a formação de microclima favorável à ocorrência da
doença. Se o ensacamento for precoce é preciso que nas três semanas após a prática, se proceda a
eliminação de frutas doentes, brácteas e restos florais que enroscam no filme plástico após
desprenderem do cacho.
No processo de embalagem é fundamental que se faça a despistilagem, caso não tenha sido
efetuada a campo, seguida da eliminação dos frutos doentes presentes no cacho, para evitar a
contaminação da água e dos tanques de lavação com esporos de T. fructígena.
As cultivares do subgrupo Cavendish têm se mostrado suscetíveis ao ataque desses fungos.
Entretanto, a cultivar Nanica apresenta maior susceptibilidade que as cultivares Nanicão, Grande
Naine e Williams Hibrid.
O controle químico no campo baseia-se na pulverização dos cachos com fungicidas antes do
ensacamento. Os produtos mais utilizados são benomil, carbendazin e thiofanfato metílico. O controle
químico de doenças pós-colheita impede sua ocorrência no transporte, nas câmaras de maturação e na
comercialização.

4.1.3. Speckles ou Pinta preta

Encontra-se amplamente disseminada em todo o mundo nas regiões produtoras de banana.


As pintas, em grande número na superfície dos frutos, têm coloração marrom avermelhada ou
preta e são circundadas por um halo encharcado verde-escuro. Medem entre 2 e 4mm de diâmetro.
Esse fungo também pode infectar a região pistilar, invadindo a ponta da fruta que se torna preta. Se for
sucedido por Verticillium theobrame (Turc) Mason & Hughes, apresenta sintoma similar à ponta de
charuto.
O agente causal, Deightoniella torulosa (Sydow) M.B. Ellis, esporula sobre folhas mortas e
flores da bananeira. Os esporos são disseminados pela água das chuvas.

124
Ocorre ocasionalmente após períodos prolongados de precipitações intensas ou em cachos
protegidos por sacos plásticos com número e diâmetro de perfurações inadequados. É principalmente
onde há deficiência de manganês.
Sua incidência é reduzida através de desfolhas com medidas que reduzem a umidade no
interior dos bananais, fertilizações adequadas e aplicação de manganês

4.1.4. Diamond Spot ou Mancha diamante

É uma doença comum nas Américas Central e do Sul, no Caribe, México e Filipinas.
Os primeiros sintomas são pequenas manchas salientes de cor amarela, com 3 - 5 mm de
diâmetro, que se desenvolvem sobre os frutos verdes próximo à colheita. As células contaminadas,
impedidas de crescer, provocam o rompimento dos tecidos da casca no sentido longitudinal da fruta.
Nesse estágio a mancha torna-se negra, envolvida por um halo amarelo. Com a necrose, a lesão torna-
se pronunciada (1.0-3.5 x 0.5-1.5 cm) e adquire a forma de um losango.
O fungo Cercospora hayi Calpouzos é principal agente causal, podendo estar associado a
Fussarium spp. Os esporos, condídios de 3-4 x 90-150 µ m, são septados e hialinos.
A reprodução ocorre sobre restos foliares após 16 horas de infecção em condições saturadas
de umidade, a temperaturas que variam entre 23 a 26 oC. O potencial de inóculo e o nível de infecção
aumentam em períodos de altas precipitações. A disseminação ocorre através do vento. As infecções
podem permanecer latentes, e transformar-se em dano durante o transporte ou no processo de
maturação.
O controle baseia-se nos mesmos procedimentos, utilizados no controle de Pitting diasease.

4.2. Doenças em frutas pós-colheita

As principais doenças pós-colheita das frutas são antracnose, podridão do colo e podridão da
coroa. As perdas são significativas, ocorrendo principalmente na comercialização de bananas maduras
com sérios prejuízos para os mercadistas e consumidores.

4.2.1. Antracnose e Podridão do colo

Distribuição – É comum em todas as regiões produtoras de banana do mundo.

Sintomas – Em frutas verdes injuriados mecanicamente, as manchas de antracnose são de cor


marrom-escuro ou pretas e apresentam um halo esbranquiçado. O tamanho pode ultrapassar 8 x 3 cm.
Quando se manifestam sobre as quinas, apresentam-se pontiagudas no sentido longitudinal dos dedos
das pencas. As manchas aceleram o processo de maturação da fruta, e à medida em que aumentam de
tamanho, vão tornando-se deprimidas no centro, onde se formam acérvulos cobertos de uma massa de
esporos de cor salmão ou de ferrugem.
Em frutos maduros, ocorrem manchas de cor café, que têm origem em infecções latentes
produzidas no bananal e que se manifestam no processo de maturação. À medida em que a maturação
avança, vão tornando-se deprimidas. No estágio mais avançado da doença, formam-se acérvulos no
centro das depressões, cobertos de uma massa de esporos de cor salmão ou de ferrugem. É comum
nesse estágio ocorrer caoalescência de manchas.
A podridão do colo, se manifesta nos pedicelos injuriados de frutas verdes, na forma de uma
mancha aquosa e escura. Durante o processo de maturação, com o aumento da umidade, formam-se
acérvulos sobre o tecido necrosado também cobertos de massa de esporos de cor salmão ou de
ferrugem.

Etiologia – As duas doenças têm como agente causal o mesmo fungo, Colletotrichum musae
(Berk. & M.A. Curtis) Arx. (Gloeosporium musarum Cooke & Masee). Apenas um conídio oval
(10.4-14.3 x 3.2-5.2 µm), sem septo e hialino, é produzido por conidióforo. Os conidióforos (30 x 3,5
125
µm) são septados e se originam em acérvulos de aproximadamente 400 µm de diâmetro os quais
contém setas. Esse fungo desenvolve-se com facilidade em BDA (Batata-Dextrose Agar), onde produz
crescimento micelial intenso inicialmente branco. Com o decorrer do tempo, a cor torna-se cinza, e em
seguida ocorre a formação de uma massa de conídios de cor salmão alaranjado.

Epidemiologia – Os conídios produzidos em folhas velhas; restos culturais, florais e foliares,


são liberados pelas águas de chuva e irrigação e disseminados pelo vento e por insetos sobre a fruta.
Na presença de água livre, germinam em 4 horas e em 24 horas formam apressório. Durante a
penetração, que ocorre no período entre 24 e 48 horas, provocam uma reação de hipersensibilidade nas
células adjacentes da epiderme, que acumulam fitoalexinas e tornam a infecção latente até a
maturação. A infecção também pode ser direta, através de ferimentos.
A temperatura ótima para o crescimento e a reprodução do patógeno é de 27 a 30ºC. Os
conídios são mantidos viáveis por períodos extensos no tecido da casca em acérvulos que os protegem
de variações extremas de umidade e temperatura.
O desenvolvimento da doença é mais grave em lotes de frutas colhidas com maior calibre
(“gorda”) e em frutas colhidas de bananais sem controle ou com controle precário do mal-de-sigatoka.
Nessas condições é comum a ocorrência de maturação precoce.

Controle – A primeira etapa do controle e a mais importante, é cultural. A desfolha freqüente


do bananal com remoção de restos foliares, florais e do coração, é a principal forma de combater o
inóculo em sua fonte. Frutas produzidas em cachos ensacados apresentam menor incidência de
antracnose por estarem menos sujeitos a contaminações e danos provocados por insetos e ferimentos.
O ensacamento precoce, feito com sacos tratados à base de inseticidas, é muito eficiente no controle do
trips da erupção, cujos danos são a principal porta de entrada para o C. musae. O ponto de colheita
também desempenha papel importante no controle pois a incidência da doença é maior em bananas de
maior calibre.
No momento da colheita são recomendáveis práticas que impeçam toda e qualquer ação que
provoque abrasão e escarificação da casca. O corte do cacho deve envolver dois operários, estando o
aparador com o ombro protegido por almofada com a finalidade de evitar danos à fruta.
No transporte, evitar a deposição dos cachos no chão, mas na impossibilidade, colocá-los de
pé sobre as folhas verdes das bananeiras recém cortadas. Nas carretas, utilizar espuma nas laterais, no
fundo e entre os cachos. Não empilhar mais do que três camadas de cachos durante o transporte. Dar
preferência ao transporte via cabo aéreo. Evitar o despencamento a campo, mas na impossibilidade,
depositar as pencas sobre as folhas verdes de bananeiras produzidas recém cortadas. Quando houver
lavação, depositar as pencas diretamente na água e tratá-las posteriormente fungicidas..
Casas de embalagens são obras simples, mas de importância relevante na pós-colheita pois
permitem o manuseio mais adequado da fruta. Nessa condição, os cachos são pendurados para o
despencamento, e as pencas depositadas em tanques d’água, lavadas e tratadas.
Caixas de madeira, principalmente aquelas de casqueiro, são embalagens inadequadas. Na
impossibilidade de utilizar embalagens de papelão, usar filme plástico para cobrir as laterais e o fundo
das caixas. Dar preferência a embalagens descartáveis.
O transporte de bananas a longas distâncias deve ser feito em carrocerias fechadas ou
containers, de preferência sob refrigeração entre 13 a 14ºC. Na impossibilidade , utilizar lona de modo
que forme uma cobertura em duas águas; impedindo a incidência direta do sol e permitindo a
circulação de ar na carga. Durante o processo de maturação, a temperatura não deve ultrapassar a 18ºC
para as bananas do subgrupo Cavendish, e 16ºC para as bananas do grupo Prata. O controle químico
baseia-se na aplicação de fungicida em pulverizações ou imersões das frutas. Os principais produtos
utilizados pelos países exportadores são benomyl, thiabendazol, imazalil e prochlorax.

4.2.2. Podridão da coroa

Distribuição – É a principal doença pós-colheita em bananas e ocorre em todas as regiões

126
produtoras do mundo. Causa prejuízos de grande vulto, principalmente em bananais pouco
tecnificados sem infra-estrutura apropriada.

Sintomas - A superfície do corte na coroa, torna-se enegrecida e sobre ela desenvolve-se um


crescimento micelial intenso nas cores branco, cinza e rosa. O apodrecimento vem em seguida e
invade a coroa, tornando-se bastante pronunciado em frutas que permanecem em trânsito por mais de
uma semana. Durante o processo de maturação, atinge os pedicelos e a polpa. Nesse estágio a penca
debulha com facilidade.

Etiologia - A doença é causada normalmente por um complexo de fungos sendo que a


predominância de um em relação ao outro depende da região, época do ano e condições climáticas. Os
principais agentes causais envolvidos são Colletotrichum musae (Berk & Curt) var. Arx. e Fusarium
spp., em particular Fusarium pallidoroseum (Cooke) Sacc, Fusarium moniliforme Sheld e Fusarium
moniliforme var. Subglutinans Wr & Rg. Além desses, com menor incidência, outros fungos podem
estar associados a essa doença, destacando-se entre eles Ceratocystis paradoxa (Dade) C. Moureau e
Verticilium thoebromae (Turconi) E. Masson & S.J. Hughers.

Epidemiologia – Esses fungos fazem parte, normalmente, da microflora que coloniza folhas,
brácteas de transição e flores da bananeira.
Os esporos produzidos em materiais senescentes e tecidos em decomposição, são liberados
pelo impacto de gotas de água de chuva ou irrigação e disseminados pelo vento sobre os cachos.
Colheitas precedidas por períodos de clima úmido e quente apresentam maior incidência de podridão
de coroa.
As práticas que envolvem o processo de embalagem nas principais regiões produtoras,
quando inadequadas predispõem os frutos ao ataque desses fungos.
Bananas embaladas a campo, geralmente acusam índices elevados de podridão da coroa
quando as pencas, depois de separadas do engaço, são colocados no chão sobre restos culturais
contaminados. Nas propriedades onde a fruta é lavada, o sistema normalmente se torna ineficiente
quando a água utilizada nos tonéis ou caixas de amianto, não é substituída com a freqüência exigida,
tornando-se uma fonte com um potencial de inóculo extremamente elevado em função do acúmulo de
esporos de fungos patogênicos. A adição de fungicidas à água de lavação, transforma-se numa medida
paliativa quando o nível da calda é completado apenas com água, porque ao diminuir a concentração
do produto, compromete a eficiência do controle.
A incidência de podridão da coroa nas frutas processadas em casas de embalagem também
pode ser alta. A contaminação ocorre em cortes com dilacerações provocadas por ferramentas sem fio
e contaminadas, bem como na água dos tanques onde se acumulam esporos de fungos patogênicos
liberados da superfície de frutos e pistilos durante a lavação.

Controle - As medidas iniciais, a exemplo daquelas utilizadas para o controle de Pitting


disease, baseiam-se na manutenção das condições fitossanitárias do bananal em bom estado.
Quando a embalagem for efetuada a campo, as pencas, após o corte, devem ser depositadas
em tonéis ou caixas de amianto cuja água tem que ser substituída com freqüência; e tratadas com
fungicidas posteriormente, através de pulverizações ou imersão em outro recipiente.
Em propriedades que possuem casas de embalagem, recomenda-se a troca freqüente da água
dos tanques, a limpeza da área física com remoção de resíduos após cada turno de trabalho, e a
manutenção de curvos e despencadores limpos e afiados.
O controle químico consiste na aplicação de fungicidas através de pulverizações ou imersões.
Os produtos tradicionalmente utilizados nos países exportadores de banana são thiabendazol, benomyl,
imazalil e prochlorax.
Outras medidas como a utilização de embalagens descartáveis e a assepsia das câmaras de
maturação, são extremamente importantes.

127
Figura 1

Figura 2

Figura 3 128

Fonte: Manual de Aplicação Aérea - Ciba Agro


Lesões em folhas de bananeira
provocadas pelo Mal de
Sigatoka Amarela.
Itajaí - SC
Foto: R.H. Hinz

Sintomas do ataque do Mal de


Panamá em rizoma de bananeira.
Itajaí - SC
Foto: R.H. Hinz

Galerias provocadas pelo


nematóide Radopholus similis
em raízes de bananeira.
Itajaí - SC
Foto: R.H. Hinz

Pitting disease (Johnston Spot)


em frutas provocadas por
Pyricularia grisea.
Itajaí - SC
Foto: R.H. Hinz

129
Ponta-de-charuto em banana do
Subgrupo Cavendish.
Corupa - SC
Foto: R.H. Hinz

Pinta-preta em frutas causadas por


Deightoniella torulosa.
Itajaí - SC
Foto: R.H. Hinz

Diamond Spot em bananas


provocadas por Cercospora hayi e
Fusarium sp.
Itajaí - SC
Foto: R.H. Hinz

Podridão da coroa em buquê de


bananas associada ao ataque de
Colletotrichum musae e Fusarium
sp.
Itajaí - SC
Foto: R.H. Hinz

130
Manchas evoluídas de Sigatoka negra e Banana ‘Grande Naine’.
Foto: Robert Harri Hinz

131

Sintomas de Sigatoka negra em folhas de bananeira ‘Grande Naine’.


Foto: Robert Harri Hinz
Sintomas externos de Moko, com
amarelecimento e quebra de folhas.

Sintomas do Moko em polpa de fruta.


Foto: Robert Harri Hinz

132
Exudação de pus bacteriano originado pela ação de
Ralstonia solanacearum.
Foto: Robert Harri Hinz
MANEJO DA BANANA NA COLHEITA E EM PÓS-COLHEITA

Engº Agrº Luiz Alberto Lichtemberg

1. Introdução

A banana é a fruta fresca de maior consumo no mundo. Sua casca constitui-se numa
embalagem individual, fácil de retirar, higiênica e, portanto, prática e adaptada aos costumes dos
133
tempos atuais. Contribuem ainda para o seu alto consumo a ausência de suco na sua polpa, a ausência
de sementes duras, o valor alimentício e a sua disponibilidade no mercado brasileiro e em diversos
países do mundo, durante o ano todo.
Por outro lado, a banana é uma fruta frágil, que exige grandes cuidados na colheita e no
manejo pós-colheita. Em países onde não se adotam estes cuidados são comuns perdas de 40 a 60% da
banana produzida, devido ao manejo inadequado e consequentes podridões pós-colheita. Estas perdas
ocorrem devido a danos desde a fase de cultivo até o manuseio da fruta na residência do consumidor.
Os danos que ocorrem na lavoura normalmente já estão cicatrizados no momento da colheita, sendo
por este motivo considerados menos graves. Ao contrário, os danos que ocorrem a partir da colheita,
ou seja, na própria colheita, no amontoamento dos cachos, nos translados e no transporte interno na
propriedade, na embalagem do produto, no transporte para o mercado, no manuseio das frutas no
mercado, na climatização e na própria residência do consumidor, são considerados mais graves porque
nesta fase já não é mais possível a cicatrização dos tecidos. Os danos em pós-colheita, portanto,
causam a deteriorização do produto por diversos tipos de podridões, acarretando elevadas perdas.
O grande problema da bananicultura brasileira, no que se refere à qualidade da fruta, reside no
manejo do produto a partir da colheita. Além das perdas citadas anteriormente, nesta fase ocorrem
vários danos que prejudicam a aparência do produto. A falta de cuidados no manejo pós-colheita é
responsável pela desvalorização da banana no mercado interno e pela perda de oportunidades de
exportação da fruta brasileira.
Algumas regiões brasileiras como o Litoral de Santa Catarina, o Vale do Ribeira, o Planalto
Paulista, o Norte de Minas Gerais e o Vale do Assú (RN) já apresentam uma evolução no manejo pós-
colheita da banana, mas na maioria das vezes muito ainda está por ser melhorado. O principal
diferencial entre a qualidade do produto de países tradicionalmente exportadores, como Equador,
Costa Rica e Colômbia, e a banana produzida no Brasil deve-se aos cuidados em pós-colheita.

2. Manejo pré-colheita

Diversas práticas culturais que visam a proteção da fruta no campo, assim como práticas
culturais que favoreçam o desenvolvimento dos frutos e o controle de pragas e doenças, ao
melhorarem a aparência da banana, favorecem a sua comercialização.
Entre as práticas que favorecem o desenvolvimento da fruta podem ser citadas a adubação
mineral e orgânica; o controle de pragas, doenças e plantas daninhas; a irrigação e drenagem; o
desbaste dos filhotes; o uso de quebra-ventos, a poda de pencas; a poda do coração e o ensacamento
dos cachos.
Práticas que evitam o desfolhamento das plantas, como o controle do “mal-de-sigatoka”, o
controle de ventos, o controle do frio, a irrigação e a nutrição mineral, além de permitir um melhor
desenvolvimento do cacho, reduzem o descarte de frutos por queimaduras pelo sol, por maturação
precoce e por tamanho reduzido. Estas práticas também aumentam a “vida-de-prateleira” da banana.
Outras práticas têm como objetivo primordial a melhoria da aparência e a preservação da
integridade dos frutos, evitando danos mecânicos, biológicos e climáticos. Entre estas práticas podem
ser citadas o ensacamento dos cachos, o escoramento das plantas, a desfolha, a poda de pencas e do
coração, a despistilagem, o desvio de cachos e de filhotes e a proteção dos frutos contra a insolação.
Todos estes aspectos são de grande importância para que se obtenha uma fruta de boa
qualidade no momento da colheita. Os cuidados neste momento e em pós-colheita apenas preservam a
qualidade dos frutos, sem serem capazes de melhorá-la.

3. Colheita

134
A colheita é uma operação onde tudo o que foi feito durante o cultivo da bananeira pode
tornar-se em esforço perdido. O corte do cacho muito magro ou muito gordo pode inviabilizar a sua
comercialização. Os danos que podem ocorrer no momento da colheita prejudicam a aparência da fruta
e provocam perdas por cortes, rachaduras, esmagamento e posterior podridão das frutas.

3.1. Ponto de colheita

Atualmente muitos países exportadores de banana localizados na América Tropical adotam


um sistema que leva em conta o número de dias do lançamento da inflorescência até o
desenvolvimento fisiológico dos frutos. Este sistema correlaciona o grau de maturação com a idade do
cacho. A fruta deve chegar ao grau (diâmetro) de colheita dentro de um certo limite de tempo,
evitando-se perdas por maturação prematura e pela colheita prematura dos cachos. Este sistema é
adequado para países onde existe uma boa uniformidade climática durante o ano todo. Desta forma,
em bananais dos trópicos colhem-se os cachos entre 80 e 95 dias após o lançamento da inflorescência,
segundo o destino da produção.
Em climas subtropicais, com grandes variações climáticas entre e dentro das estações do ano,
e entre diferentes anos, este sistema é de difícil adaptação e execução. Influem no período floração-
colheita principalmente a temperatura, a luminosidade e o suprimento de água para as plantas. Desta
forma um cacho pode levar de 80 a 150 dias para atingir o ponto de colheita no Vale do Ribeira e de
85 a 210 dias em algumas regiões de Santa Catarina.
Podem também contribuir para a variação deste período, além das condições climáticas, os
seguintes fatores:
• Idade do bananal. Plantas de primeira safra, devido à maior luminosidade, apresentam um
menor período floração-colheita. Com o aumento do tamanho das plantas e maior
sombreamento do bananal este período aumenta.
• Cultivar plantada. Diferentes cultivares e clones apresentam diferenças na duração do
período floração-colheita. Por exemplo, a cultivar Ouro atinge o ponto de colheita
rapidamente, em relação à ‘Nanicão’. A ‘Prata’ é mais tardia do que a ‘Nanicão’.
• Tecnologia de cultivo. Juntamente com o clima e o solo, as práticas culturais determinam o
estado fisiológico da planta.
• Densidade de plantio. Influi na luminosidade dentro do bananal e na competição entre
plantas.
• Época ou estação do ano. Nos climas subtropicais ocorrem grandes variações climáticas
que influem diretamente na velocidade de desenvolvimento do cacho. Em regiões com
estação seca, a falta d’água reduz a velocidade de desenvolvimento do cacho.
• Incidência de pragas e doenças. O desfolhamento da planta por “mal-de-sigatoka”, por
exemplo, causa a maturação precoce dos frutos.

Além desses fatores, situações que ocorrem na prática, com relação à comercialização do
produto, podem influir no ponto de colheita e, consequentemente, no período floração-colheita. Entre
estes fatores podem ser citados:
• Distância do mercado. Quanto mais distante o mercado mais magra, e mais cedo, deve ser
colhida a banana.
• Relação oferta/demanda. A falta de produto para abastecer o mercado pode recomendar a
antecipação do ponto de colheita, isto é, a colheita de frutas mais magras.
• Flutuação dos preços no mercado interno. Preços em ascendência recomendam a colheita
mais tardia, de frutas mais gordas. Preços com tendência de queda recomendam a
antecipação do ponto de colheita, ou seja, de frutas mais magras.

De uma forma geral, a colheita deve ser realizada no momento oportuno. Quanto mais
distante o mercado mais magras, angulosas e imaturas devem ser as bananas. Quanto mais próximo o
135
mercado mais gordas, menos angulosas e mais desenvolvidas podem ser as bananas a serem colhidas.
Desta forma, a colheita deve ser realizada quando os frutos atingem o desenvolvimento conveniente
para o mercado ao qual se destinam. As frutas devem estar completamente desenvolvidas. Bananas
muito magras (imaturas) apresentam problemas no amadurecimento. Por outro lado, frutas muito
gordas podem entrar em maturação durante o transporte para o mercado, com consequentes problemas
de podridão e decomposição. Bananas muito gordas também são muito sujeitas ao rompimento
(rachadura) da casca.
Visando a determinação do ponto de colheita, muitos índices e critérios de colheita foram
estudados e/ou usados. Entre eles podem ser citados:
a) relação polpa / casca
b) índice de plenitude (peso/comprimento)
c) densidade do fruto
d) relação sólidos solúveis/acidez
e) consistência da polpa
f) resistência da polpa (medida com penetrômetro)
g) coloração da polpa
h) percentagem de amido
i) mudança de cor da casca
j) dessecação das folhas
k) fragilidade dos restos florais
l) facilidade de rachamento da casca (picote)
m)dias após o lançamento da inflorescência
n) desaparecimento da angulosidade dos frutos
o) diâmetro do fruto central da segunda penca

Destes índices ou critérios, os três ultimos têm sido mais utilizados, por serem mais práticos e
apresentarem melhores resultados.
A angulosidade do fruto pode ser observada pelo corte transversal da banana, mas na prática
é avaliada visualmente. A avaliação visual do ponto de desenvolvimento do fruto facilita a colheita em
plantas altas, além de ser um método não destrutivo. Conforme a distância do mercado, a fruta é
colhida com diferente angulosidade.
O perímetro do dedo central da segunda penca do cacho, ou calibração do cacho, foi muito
usado nos países da América Latina e Caribe, nas colonias e ex-colonias francesas e no Vale do
Ribeira (SP), sendo ainda usado em muitos países para a determinação do ponto de colheita de bananas
do subgrupo Cavendish. No Vale do Ribeira, utiliza-se para a calibração do cacho a ser colhido chapas
metálicas ou plásticas, vazadas em forma de U, com aberturas entre 30 e 38 mm. Frutos com calibre
abaixo de 30 mm são considerados impróprios para o consumo. Frutas com calibres de 32 e 34 mm são
mais indicadas para a exportação para os países platinos, sendo que no verão as de 32 mm são mais
indicadas. Para o mercado interno as frutas de 36 e 38 mm são mais indicadas. As frutas de 36 mm são
as que apresentam melhor qualidade após a maturação. Para a produção de “banana passa” são
indicadas frutas mais magras, com calibre de 30 e 32 mm. Para a indústria de polpa, doces e balas são
recomendadas bananas com calibre de 34 e 36 mm.
Correlacionando este tipo de calibração com a angulosidade do fruto e com o rendimento de
polpa, Moreira (1987) e Cereda (1984) apresentam dados que permitem montar a Tabela 1.

Tabela 1. Tipos de cachos, do subgrupo Cavendish, segundo o estágio de desenvolvimento dos frutos
na colheita.
Tipo de Estágio do Diâmetro do Aspectos das Superfície das faces Rendimento
cacho fruto fruto (mm) quinas do fruto de polpa
0 magro 30 salientes estreita e plana 50%
3
I /4 magro 32 salientes estreita e plana 50-60%
3
II /4 natural 34 marcadas larga e algo arredondada 60-70%
136
3
III /4 gordo 36 discretas larga e arredondada 70%
IV gordo 38 ausentes larga e redonda 70%

Segundo Moreira (1978) as bananas do subgrupo Cavendish ao passarem de uma classe para
outra ganham cerca de 5% de peso. A passagem do cacho do tipo I para o tipo IV leva de duas a cinco
semanas nas condições ambientais do Vale do Ribeira, conforme a época do ano.
De acordo com a estação do ano, práticas culturais, cultivar , clima local e tamanho do cacho
(número de pencas) esta classificação pode variar. Desta forma, Moreira (1987) recomenda que
bananas do subgrupo Cavendish, para o mercado interno, devem ser colhidas nos seguintes calibres:
cachos de 8 pencas com 34 mm; cachos de 9 a 10 pencas com 34 e 36 mm; cachos de 11 e 12 pencas
com 36 e 38 mm e cachos com mais de 12 pencas com 38 mm.
A calibração americana é adotada em países da América Central, na Colômbia e no Equador.
Neste sistema de calibração utilizam-se frações de 1/32 polegadas. São utilizados calibradores em U,
que vão de 37/32” até 48/32”, chamados em alguns países de grau 5 até 16, respectivamente, segundo
a Tabela 2.
Neste tipo de calibração os países importadores determinam o calibre de corte, segundo a
distância do mercado e o tempo necessário para o transporte marítimo. Por exemplo, no Equador se
colhiam bananas com 30,2 mm quando destinadas ao Golfo Pérsico, com até 36,6 mm quando
destinadas aos Estados Unidos, e com 32,6 a 35,0 mm para a Europa (Lichtemberg, 1988). Cereda
(1984) cita que bananas da América Central destinadas ao mercado europeu e americano são colhidas
com calibres de 31,8 a 38,2 mm e quando destinadas ao mercado japonês são colhidas com 29,4 a
36,6 mm. Segundo Soto (1992) as frutas mais próprias para exportação situam-se entre 35,0 e 38,2
mm.
Na calibração francesa, adotada em Guadalupe, Martinica, Costa do Marfim, Camarões,
Madagascar e outros territórios e ex-colônias francesas, utilizam-se calibradores entre 30 e 38 mm,
segundo o destino da produção.

Tabela 2. Grau de maturação de bananas do subgrupo Cavendish no momento da colheita, segundo o


diâmetro do fruto central da segunda penca do cacho.
Grau ou índice (América Central) Grau de maturação (Equador) - x. 1/32” Equivalência em mm
5 37 29,4
6 38 30,2
7 39 31,0
8 40 31,8
9 41 32,6
10 42 33,4
11 43 34,2
12 44 35,0
13 45 35,8
14 46 36,6
15 47 37,4
16 48 38,2

3.2. Programação da colheita

Nos climas tropicais a programação de colheita é feita com três meses de antecedência.
Quando do ensacamento do cacho lançado, usa-se uma fita colorida para o amarrio da extremidade
superior do saco de polietileno. A cada semana usam-se fitas de uma coloração. Por exemplo: fita azul
escuro na primeira semana, fita amarela na segunda, fita verde escuro na terceira, fita vermelha na
quarta, fita roxa na quinta, fita preta na sexta, fita laranja na sétima, fita marrom na oitava, fita azul
clara na nona, fita branca na décima, fita cinza na décima primeira, fita verde clara na décima segunda.
Esta marcação dos cachos permite a previsão de colheita, pela contagem das fitas utilizadas a cada
semana, e facilita a colheita dos cachos. Nos climas tropicais dos países exportadores de banana, onde
137
as condições climáticas são bastante uniformes durante todo o ano e utiliza-se a irrigação nos meses
secos, a colheita sempre ocorre cerca de 90 dias após o ensacamento dos cachos.
Algumas colorações de sacos dificultam a visualização do ponto de colheita. A marcação do
cacho com fitas facilita a operação, evitando a perda de tempo do cortador para avaliar o ponto de
colheita. De acordo com a distância do mercado pode-se antecipar ou retardar a colheita.
Nos climas subtropicais e em outros climas onde ocorrem variações no período da floração à
colheita, pode-se adaptar o sistema através de estudos do ciclo de desenvolvimento dos cachos nas
diversas épocas do ano. O mesmo pode ser feito com relação às cultivares que apresentam maior ou
menor período da floração até a colheita.
No Brasil, em lugar das fitas coloridas, têm-se utilizado sacos de polietileno com números
impressos, para identificar os cachos das semanas 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12.
No países latino-americanos exportadores de bananas do subgrupo Cavendish, para estimar a
quantidade de cachos a serem colhidos dentro de 90 a 180 dias, faz-se a contagem das bananeiras ainda
não florescidas com mais de 2 metros de altura.
Para saber-se quantos cachos devem ser cortados a cada colheita, leva-se em conta o número
de caixas que serão vendidas e o peso médio do cacho. Em função do número de caixas e da relação
caixas/cacho, determina-se a quantidade de cachos a serem colhidos, assim como o número de equipes
de colheita necessárias para realizar a colheita dentro de um determinado espaço de tempo.

3.3. Corte

Durante a operação de colheita, se não forem tomados determinados cuidados, já começam a


ocorrer os primeiros danos à fruta. A colheita tradicional, que é realizada por apenas uma pessoa,
apresenta vários riscos à aparência e à integridade da fruta, tais como: choques da fruta com o ombro
ou a coxa do colhedor, choques da fruta com o solo e o rompimento da ráquis. São também comuns
neste procedimento as escoriações, ferimentos da casca e corte de frutas.

3.3.1. Corte em equipes de colheita

Para evitar danos, é recomendável que a colheita seja feita sempre em equipes, normalmente
de 3 a 4 pessoas. Compõem as equipes de colheita 1 cortador, 1, 2 ou mais aparadores/carregadores e
1 arrumador. O cortador calibra a fruta, dobra levemente a planta, corta o engaço e deposita os restos
da planta nas entrelinhas do bananal. Para separar o cacho da planta podem ser utilizados facões,
penados, foices ou espátulas de colheita. Um cortador colhe cerca de 90 cachos numa jornada de
trabalho. No momento em que o cortador separa o cacho da planta, um aparador já deve estar
posicionado para recebe-lo no ombro, conduzi-lo para fora do bananal e depositá-lo no cabo aéreo ou
numa carreta de transporte. Para cada cortador são necessários 1, 2, 3 ou mais aparadores, segundo a
distância do cabo aéreo ou do carreador, da topografia do terreno, da facilidade de deslocamento
dentro do bananal e do ritmo de trabalho dos membros da equipe. Os aparadores devem ter o ombro
protegido por uma manta de espuma, câmara de ar ou por uma “padiola” almofadada para evitar danos
aos cachos. A equipe de colheita conta ainda com 1 arrumador, que coloca material de proteção e
acondiciona os cachos nas carretas de transporte. Quando é usado o transporte de cachos por cabos
aéreos, o arrumador coloca as garruchas sobre os cabos, forma as composições através da colocação
dos distanciadores entre as garruchas, auxilia o carregador a dependurar os cachos no cabo e conduz as
composições até a casa de embalagem.
Após a colheita, é recomendável conduzir o cacho diretamente para o veículo transportador
ou para os cabos aéreos de transporte. Em qualquer circunstância, deve-se evitar amontoar os cachos
uns sobre os outros.
A mesma equipe de colheita deve atuar sempre no mesmo talhão do bananal. Este
procedimento facilita o conhecimento e a familiaridade da equipe com o bananal e permite uma
melhor avaliação da qualidade e eficiência do trabalho da equipe.
Mesmo com os cuidados anteriormente citados, alguns danos ainda ocorrem na colheita em
138
equipes. Os restos florais duros e a ponta dos frutos causam ferimentos nos frutos das pencas
imediatamente superiores, quando os cachos são transportados nos ombros dos carregadores. Para
reduzir este problema coloca-se almofadas de espuma, poliuretano, plástico ou estopa entre as pencas,
para reduzir a pressão e o atrito no transporte. Estas almofadas, porém, logo ficam cobertas de poeira
ou areia (se entrarem em contato com o solo) e causam abrasão nos frutos ao serem colocadas e
retiradas. Outros danos que podem ocorrer são aqueles causados por pressão, devido ao peso do
próprio cacho ou pelas mãos dos carregadores ao conduzirem os cachos. Estes danos continuam a
ocorrer quando o transporte é feito em carretas. Por estas razões, em alguns países tem-se adotado a
colheita com vara de transporte e a colheita com despencamento a campo.

3.3.2. Corte com vara de transporte

Para evitar os danos que ocorrem durante o translado do cacho da bananeira até o cabo aéreo
de transporte, conduz-se o cacho pendurado em uma vara de bambú, metal ou madeira com cerca de
2,20 metros de comprimento. Coloca-se uma laçada de corda no engaço do cacho e passa-se a vara por
dentro da laçada, antes do corte do engaço. Dois trabalhadores conduzem o cacho para fora do
bananal.
Este procedimento aumenta o custo da colheita, mas permite a obtenção de frutas mais
íntegras e com melhor aparência, porque evita o contato do cacho com o corpo do carregador e os
danos por atrito e por pressão.

3.3.3. Corte com despencamento a campo

Esta é a modalidade de colheita mais recentemente utilizada, por ser a mais eficiente na
preservação da qualidade da fruta, embora seja também o sistema de colheita mais caro.
Para evitar danos que ocorrem no translado do cacho da planta até o cabo aéreo e durante o
transporte por cabos, em alguns países, como a Costa Rica e o Equador, já se vêm adotando o
despencamento do cacho ainda na planta.
Durante o translado do cacho da planta até o cabo aéreo, devido à pressão exercida pelo peso do
cacho contra a almofada colocada no ombro do carregador e pelas mãos do carregador ao segurar o
cacho, podem ocorrer danos como machucaduras dos frutos por esmagamento e por atrito entre frutos
e por ponta de frutos.
A trepidação durante o transporte por cabos aéreos pode causar danos por fricção entre frutos.
Para evitar estes danos faz-se o despecamento do cacho na planta, dobrando-a lentamente para o
cacho baixar até próximo ao solo, fazendo em seguida o despecamento. Também são utilizadas para
este fim escadas metálicas de liga leve, com uma argola na extremidade superior da escada. Neste caso
o cacho é atado pelo engaço, separado da planta por um corte, e descido até próximo ao solo pela
corda que desliza na argola da escada.
As pencas são imediatamente colocadas, com as almofadas voltadas para baixo, em bandejas que
são, então, transportadas até o cabo aéreo, através do qual serão conduzidas até a casa de embalagem.

3.4. Seleção de cachos e pencas

Para a padronização da qualidade e do ponto de maturação, devem ser descartados cachos ou


pencas que apresentam problemas, ainda no bananal, ou ao chegar na casa de embalagem. Alguns
destes cachos podem ser utilizados na indústria ou no comércio de frutas soltas.
Devem ser descartados cachos defeituosos (deformados por bananeiras vizinhas); cachos
muito magros; cachos muito gordos; cachos ou pencas queimadas pelo sol; cachos ou pencas atacadas
por lagartas, tripes, ácaros, traça-da-banana, abelha arapuá e outras pragas e doenças dos frutos; cachos
com ráquis recurvada e pencas deformadas por pecíolos foliares. Quando o produto se destina à
139
exportação, devem ser descartados também cachos de plantas com menos de 5 folhas verdes, por
apresentarem problema de maturação precoce.

4. Translados e transporte na lavoura

Normalmente, o número de translados e empilhamentos dos cachos da lavoura até o local de


embalagem é bastante elevado. Em Santa Catarina, constataram-se casos em que a fruta foi empilhada
seis vezes até ser embalada. Além do número de empilhamentos, muitas vezes não se usa qualquer
material de proteção para preservar a qualidade das frutas. As consequências deste tipo de manejo são
frutas rachadas, amassadas, arranhadas e raspadas, o que além de prejudicar a aparência do produto,
pode resultar em podridões, principalmente após a maturação.
Esta fase é, talvez, a mais importante para a apresentação do produto. A maioria das pequenas
batidas, pressões e atritos nas frutas ocorre durante o transporte e empilhamento dos cachos, o que
resulta na presença de manchas escuras na casca da banana, após a maturação.
Para evitar tais danos, devem-se adotar cuidados especiais no transporte, reduzindo o número
de translados e evitando ao máximo o empilhamento dos cachos e o contato destes com o solo.

4.1. Transporte em carrocerias

No caso de transporte em carretas, caminhonetes e outros veículos, deve-se conduzir o cacho


diretamente da planta até o veículo transportador. Quando isto não for possível, pode-se evitar o
empilhamento dos cachos colocando-os suavemente sobre o solo recoberto de folhas verdes, em
camada única. Outro procedimento que pode ser adotado é a colocação dos cachos em pé, sobre o
engaço, que deve ser cortado com 20 a 30 cm acima dos frutos da primeira penca, uns contra os outros
e separados pela proteção de folhas verdes, brácteas foliares ou espuma. Uma terceira solução para o
problema, que apresenta melhor eficiência, é a instalação de traves nas margens do bananal, onde os
cachos ficam dependurados até o momento do transporte. Em qualquer um destes três procedimentos,
os cachos são armazenados à sombra, para evitar queimaduras pelo sol.
Nas carrocerias, os cachos devem ser acomodados suavemente, evitando-se choques. O fundo
da carroceria deve ser forrado com materiais de proteção, tais como colchões de espuma, plásticos
aerados, brácteas e folhas de bananeira. Em cada camada, os cachos são colocados afastados, sem
contato entre os frutos e, preferentemente, separados por algum material de proteção. Os cachos nunca
devem ser empilhados se não houver uma camada protetora entre eles, bem como uma proteção lateral.
Um bom procedimento neste sentido é enrolar cada cacho em plásticos aerados (como em Santa
Catarina), em cobertores grossos (como nas Ilhas Canárias), em colchonetes de espuma, em sacos de
aniagem ou em folhas ou brácteas de bananeira.
Um procedimento recomendável na disposição dos cachos em carrocerias é colocá-los
desencontrados de uma camada para a outra, isto é, os cachos da camada superior devem ser colocados
sobre os espaços entre os cachos da camada inferior.
Uma modalidade de transporte em carrocerias, que vem sendo utilizada em Santa Catarina,
com ótimos resultados, é a carroceria de piso duplo. Nesta modalidade os cachos são depositados em
apenas uma camada por piso, sobre material de proteção. Como não há empilhamento dos cachos, a
qualidade da fruta é bastante preservada.
No transporte em carrocerias, um fator importante é a qualidade das estradas e carreadores.
Uma boa estrada, sem buracos, diminui a trepidação e solavancos da carroceria e, com isto, os danos
às frutas.

4.2. Transporte pendular de cachos

Uma modalidade de transporte de cachos em carrocerias utilizada no México, Israel, Brasil,


140
América Central e Caribe é a do transporte pendular. Neste tipo de transporte, as carretas são
equipadas com uma armação de ferro onde os cachos são dependurados. Para evitar movimentos
bruscos e choques entre cachos, prende-se a extremidade livre do cacho ao piso das carretas com
cordas ou cintas de borracha e utilizar material de proteção (colchões de espuma) entre os cachos. No
Vale do Ribeira adaptam-se “cegonhas” de transporte de veículos para o transporte de cachos na
lavoura.
Em Israel adaptam-se carrocerias altas de caminhões para o mesmo fim.

4.3. Transporte de pencas em carroceiras

Em alguns países se faz o despencamento do cacho ainda na planta e transporta-se a fruta até
a carreta com padiolas. A carreta é equipada com prateleiras, onde são colocadas as pencas.

4.4. Transporte por cabos aéreos

Como vimos anteriormente, normalmente o transporte dos cachos da lavoura até o local de
embalagem é realizado através do uso de zorras, carroças, carros-de-boi, carretas, caminhonetes e
caminhões, sem a proteção adequada. Em função da crescente exigência de qualidade pelo mercado,
segurança na comercialização e melhores preços obtidos, muitos produtores já vêm utilizando
cuidados especiais no transporte em carrocerias. Porém, o melhor sistema de transporte é por cabos
aéreos, que reduz praticamente a zero os danos nesta fase. Neste sistema, a fruta vai da planta até a
casa de embalagem sem ter qualquer contato com o solo, sem ter sido empilhada ou recebido pressões
ou atrito de outros cachos.
Este sistema consiste num cabo de aço de 3/8 a 1/2 polegada de espessura, tensionado de 8.000
a 10.000 libras, por onde irão se deslocar os cachos. O cabo é apoiado sobre uma viga metálica em
cada uma de suas extremidades. No caso de várzeas, a altura não deve ser superior a 2,10m, para
facilitar a colocação dos cachos,e nem tão baixa que apresente risco dos cachos tocarem o solo. No
caso de morros, por ser quase impossível manter o nível do cabo em relação ao solo, deve-se construir
plataformas (tipo trapiches) ou torres, com escadas ou rampas para a colocação dos cachos nos cabos.
Em terrenos com microrrelevo, nas áreas baixas constrói-se escadas ou trapiches e nas áreas altas cava-
se valas. Os cabos devem ser de barra redonda (monofilamento) com dureza C 1035. Os cabos
multifilamentados também são utilizados mas exigem uma maior tensão, não podem ser soldados,
exigem cuidados especiais para não apresentarem quebras e não podem ser recuperados em caso de
romprimento, além de exercerem maior atrito ao deslisamento das roldanas. As vigas devem ser feitas,
de preferência, com trilhos de trem (usados), onde forem disponíveis, ou de viga "I" de 4 polegadas.
As vigas são firmemente fixadas ao solo, em blocos de concreto. Os cabos são tensionados por um
esticador ou por tração de trator.
O cabo é apoiado sobre torres de cano galvanizado ou madeira tratada, que por sua vez são
apoiadas sobre placas de concreto na superfície do solo. A distância entre as torres varia de 7 a 15
metros, de acordo com a topografia do terreno e a tensão do cabo. A altura, em morros, varia de modo
que se mantenha o alinhamento do cabo. Em várzeas a altura das torres deve ser mantida em torno de
2,50 metros. Os canos galvanizados para a construção das torres têm de 1,5 a 2,0 polegadas de
diâmetro. As traves de madeira podem ser de eucalipto tratado ou de outra madeira, com diâmetro
entre 15 e 25 centímetros.
Nas curvas, conexões de linhas e portões de passagem, são necessárias estruturas mais
complexas . Em partes da linha, onde não é possível tensionar os cabos, estes são soldados sobre uma
barra de ferro chato (5/16 x 2") e as traves ficam mais próximas (no máximo a cada 3 metros), para
evitar torções e "barrigas" na linha. Nas curvas e conexões deve-se tomar as mesmas providências.
Os portões de passagem, por serem feitos com viga "U" de 4 polegadas, e terem geralmente
mais do que 5 metros de extensão, exigem uma estrutura reforçada, principalmente do lado da
dobradiça, para que possam suportar o peso da viga. Esta estrutura é feita de preferência com trilhos de
trem usados ou com viga "I" de 4 polegadas, mas também podem ser de canos galvanizados de 2
141
polegadas (várias traves interligadas fixadas ao solo com blocos de concreto). Do lado do batente basta
uma trave dupla interligada e fixada ao solo com concreto.
Os cabos são presos às traves de sustentação, através de braçadeiras fixadas em ganchos
pendentes daquelas. Sobre os cabos deslocam-se carrinhos com roldanas, as "garruchas", nas quais são
dependurados os cachos.
As linhas são distribuídas de forma mais paralela e equidistante possível nos bananais e
espaçadas de uma forma tal que a distância entre a planta colhida e o cabo, nunca ultrapasse 50 metros.
Ao chegarem à linha de transporte, os cachos são dependurados em correntes ou cordas presas
às "garruchas". As "garruchas" são interligadas por distanciadores de 1,0 a 1,2 metros, que permitem o
tracionamento de vários cachos por vez e evitam o choque entre eles durante o transporte. Um operário
pode tracionar 25 cachos de banana por vez. Para a tração dos cachos, podem também ser utilizados
animais ou tração mecânica, que aumentam em 2 e 4 vezes a capacidade de transporte por vez,
respectivamente.
Em encostas de morros, é necessária a instalação de guinchos nas partes mais altas das linhas,
os quais permitem a descida suave e controlada da composição de cachos.
O sistema de transporte de banana por cabos pode ser usado também para o transporte de
adubos e outros insumos para dentro dos bananais. Desta forma, nos bananais pulverizados por aviões,
pode-se reduzir bastante ou até eliminar as estradas e carreadores e o uso de tratores e outros veículos,
reduzindo assim os custos com manutenção de estradas e de tratores. Além disso, são evitados
problemas de erosão nas encostas, pois as linhas de cabos podem ser mantidas gramadas, enquanto as
estradas são as maiores responsáveis pela erosão em bananais de morros.
As linhas de transporte terminam numa casa de embalagem, que permita a manutenção da
qualidade da fruta e a melhoria da sua apresentação.
O sistema de transporte deve ser, preferentemente, planejado e construído antes da
implantação do bananal para que seja o mais econômico e eficiente possível. Como existem
componentes mais caros e outros mais baratos, a maior presença de uns ou de outros no sistema irá
influenciar diretamente o custo total de implantação. O custo de implantação do sistema varia de
acordo com o uso destes componentes, com o tipo de material utilizado, com o formato do bananal e
com a localização da casa de embalagem. No Brasil tem variado de 500 até 1,500 dólares americanos
por hectare.

5. Embalagem da fruta

Normalmente, é no momento da embalagem que a fruta sofre os maiores danos, os quais se


apresentarão, depois da maturação, sob a forma de podridões. Normalmente, as frutas com danos
graves, oriundos do manejo a campo e no transporte, são eliminadas no momento da embalagem,
enquanto que as frutas danificadas na embalagem vão para as câmaras de climatização e para o
mercado. Os maiores problemas ocorrem devido à utilização de embalagens inadequadas e,
principalmente, devido ao excesso de carga nelas acondicionada. Em Santa Catarina, um torito, que
tem capacidade para 18 a 20 quilos de fruta, recebe em média 25 quilos de banana, tendo sido
constatados casos de até 28 quilos de banana por caixa. Uma caixa de madeira para fruta de
exportação, que tem capacidade para 18 quilos, normalmente recebe de 21 a 26 quilos de banana. Uma
caixa de papelão para fruta de exportação, com capacidade para 18 quilos, recebe cargas de até 22
quilos de banana. Desta forma, a banana entra prensada na caixa e sobrepassa a altura da mesma. A
consequência deste procedimento são frutas rachadas, raspadas nas bordas das caixas e amassadas.
Nas caixas com tampas pregadas, normalmente o operário necessita pôr o pé sobre a tampa
para conseguir pregá-la e a mesma apresenta-se curva após esta operação. Nos toritos, as pencas que
sobrepassam a altura são esmagadas durante o empilhamento e transporte. O uso de caixas de madeira
reutilizáveis agrava o problema, pois o amido das frutas rachadas e raspadas contra a caixa é ótimo
meio de cultura para fungos causadores de podridões. Na carga seguinte, a banana, ao ser ferida, é
imediatamente inoculada por estes fungos.

142
A simples construção de casas de embalagem não elimina estes problemas, pois eles são
oriundos muito mais da má embalagem, da falta de cuidados e da falta de tratamento antifúngico em
pós-colheita, do que do equipamento que se dispõe.

5.1. Embalagem da fruta à campo

Na tentativa de eliminar ou reduzir os danos no transporte, muitos produtores de banana têm


adotado a embalagem da fruta ainda na lavoura. Nesta prática, porém, ainda persiste uma série de
problemas. Normalmente, antes do despencamento, os cachos são empilhados nas beiras dos
carreadores, causando ferimentos nos frutos. No despencamento do cacho, as frutas são arremessadas
contra o solo, ferindo-se em grânulos de areia e contaminando-se com fungos nas partes feridas e
cortadas. Para a redução destes problemas deve-se, em primeiro lugar, evitar o empilhamento dos
cachos, colocando-os de pé ou deitados em camada única sobre o solo recoberto de folhas verdes. A
melhor solução, porém, é dependurá-los em traves de madeira, instaladas às margens do bananal, onde
são despencados. O despencamento deve ser feito por duas pessoas. Enquanto uma separa as pencas da
raquis, com ferramenta apropriada, a outra apara as pencas de banana e coloca-as suavemente sobre o
solo recoberto de folhas verdes, plástico ou outro material de proteção. Neste local, as pencas devem
ser tratadas através da pulverização com fungicida recomendado, para evitar podridões em pós-
colheita.
Neste tipo de embalagem da fruta devem-se utilizar caixas de madeira ou de plástico, devido
aos danos que as chuvas podem causar às caixas de papelão. Poucos cuidados especiais são possíveis
na simples embalagem da fruta na lavoura, devido às limitações quanto a classificação, proteção da
fruta e tratamento anti-fúngico.
Na busca de uma melhor apresentação da fruta, permitindo a confecção de buquês, retirada de
impurezas e tratamento da fruta, nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina tem sido
utilizada a lavação da banana ainda na lavoura. Neste sentido, alguns tipos de equipamentos têm sido
utilizados, tais como carretas tanques, casas de embalagem sobre rodas e unidades de beneficiamento
móveis.
Na lavação e embalagem na lavoura muitas limitações ainda continuam, devido à pequena
dimensão dos tanques, espaço limitado, restrição de uso às áreas planas e empilhamento de pencas e
buquês. As modalidades de embalagem à campo normalmente são eficientes na redução dos danos de
tranporte, mas são bastante limitadas para a classificação e melhoria do aspecto da fruta. Desta forma,
estas modalidades são indicadas apenas para um período de transição entre uma situação primitiva e
um estágio mais avançado de manejo em pós-colheita.

5.1.1. Carreta-tanque

Esta modalidade, usada na década de 1970, no Estado de São Paulo, constitui-se numa carreta
metálica, com água no seu interior e com abas fixas nas laterais, que servem de mesa de embalagem
para a fruta.
Esta carreta, também denominada "banheira" para lavagem de bananas no campo, é
tracionada por um trator juntamente com uma segunda carreta contendo as embalagens vazias.
Segundo MOREIRA (1987) este veículo permite que um despencador forneça pencas para dois
operários embalarem simultaneamente, em ambos os lados da carreta. O rendimento de 100 caixas
por hora é considerado normal.
Os cuidados no despencamento, recomendados para a embalagem a campo, também são
válidos para este sistema. O trabalho deve ser realizado por um despencador auxiliado por dois
aparadores de pencas, que são também responsáveis pela lavação e fornecimento das frutas aos
embaladores.
Como na simples embalagem a campo, este sistema também não é apropriado para o uso de
caixas de papelão, pela limitação imposta pelas chuvas.

143
Este sistema é possível em áreas planas, não sendo indicado para morros, devido à perda de
água do tanque nas inclinações do terreno.

5.1.2. Casa de embalagem sobre rodas

Nesta modalidade de lavação e embalagem no campo é utilizada uma carreta tracionada por
trator e coberta com lona ou zinco, que conta com rampa de acesso na parte posterior, trilho (cabo)
suspenso para pendurar os cachos, tanques de lavação, tonéis para tratamento de pencas ou buquês e
mesas de embalagem. Como na modalidade anterior, este sistema somente é viável em áreas planas.
A carreta é deslocada dentro do bananal, estacionando nos pontos de colheita. Os operários
conduzem os cachos desde a planta até a carreta, dependurando-os nos cabos, onde são despistilados e
despencados. As pencas, a seguir, são depositadas no tanque de lavação, que deve conter detergente e
sulfato de alumínio, para limpeza e coagulação da "cica" (seiva). Ainda nos tanques, são
confeccionados os buquês, que a seguir são tratados por imersão numa solução fungicida e colocados
sobre uma mesa para escorrimento do excesso de líquidos. A seguir as frutas são embaladas e
transportadas por outro veículo até um depósito ou local de maturação.

5.1.3. Unidades de beneficiamento móveis

Neste sistema, utilizam-se traves-suporte para cachos, tanques, balanças, mesas de


embalagem, tonéis de tratamento e barracas (tendas) de lona transportáveis. Os tanques devem ser de
fibra de vidro ou metálicos. A unidade é montada em distintos pontos do bananal, ou em diferentes
bananais. A fruta chega à unidade em carrocerias protegidas ou nos ombros de operários.
Este sistema somente deve ser utilizado emergencialmente porque exige muito tempo e mão-
de-obra para a montagem da unidade. Outro inconveniente, assim como nos dois sistemas anteriores, é
a pequena dimensão dos tanques, para facilidade de transporte.
O processamento da fruta é semelhante ao do sistema anterior, podendo ou não haver local
para depósito coberto das embalagens cheias.
Uma versão simplificada desta modalidade, composta apenas de tanque de pencas e buquês e
mesas de embalagem, sem qualquer cobertura, é bastante utilizada em Santa Catarina.

5.1.4. Unidades semi-móveis

Quando se dispõe de materiais baratos para construção na propriedade, tais como eucalipto,
babaçú ou outras palmeiras, pode-se construir, em diversos pontos do bananal, pequenas casas cobertas
com zinco, amianto ou palha. Nestas casas os cachos são dependurados em travessões, espaçados a um
metro de distância e a cerca de 2,10 metros do solo. Os cachos são transportados nos ombros dos
operários desde a planta até estas casas. Os tanques, balanças, mesas de embalagem, tonéis para
tratamento e demais materiais de embalagem podem ser transportados de uma casa para outra.
Esta modalidade de embalagem na lavoura é bastante viável em bananais irrigados, quando se
dispõe de água em diversos pontos do bananal.
5.2. Galpões de embalagem

É muito comum, nas regiões produtoras de banana, o uso de simples galpões para a
embalagem da fruta, tanto dentro das lavouras quanto junto às climatizadoras ou aos depósitos de
compradores do produto. Nestes galpões, normalmente, os cachos são empilhados após o transporte
desde a lavoura, sendo a seguir despencados e embalados sem qualquer cuidado especial. A única
proteção que as frutas recebem nestas condições é contra sol e ventos. Alguns cuidados especiais
poderiam ser tomados nestes galpões, como a colocação dos cachos de pé ou pendurados, proteção
entre cachos com colchões de espuma ou folhas verdes. Nestes galpões, as vantagens sobre a
embalagem à campo são a facilidade de trabalho nos dias de chuva, a proteção de sol e ventos e
redução no deslocamento de embalagens e ferramentas utilizadas no despencamento. Porém, como não

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agregam características de qualidade ao produto e acrescentam os danos de transporte às frutas, não
são indicados para o manejo em pós-colheita da banana. Neste caso, é preferível uma das modalidades
de embalagem na lavoura.
Recentemente, tem-se agregado a estes galpões tanques de lavação e mesas de embalagem,
transformando-os em pequenas e primitivas casas de embalagem.

5.3. Casas de embalagem

A casa de embalagem ou unidade de beneficiamento é um local coberto, próximo das


lavouras, e de preferência no centro das mesmas, onde os cachos vindos do bananal, passam por uma
série de processos que visam melhorar a aparência da banana a ser comercializada. Uma boa casa de
embalagem deve permitir os processos de despistilagem, despencamento, subdivisão de pencas
(confecção de buquês), lavação, classificação, pesagem, tratamento antifúngico, colocação de selos de
qualidade e embalagem da fruta. Além de uma boa casa de embalagem, deve-se contar com pessoal
treinado e cuidadoso em relação a equipamentos, manejo da fruta, limpeza do ambiente e uso correto
das embalagens, para garantir uma boa qualidade final do produto.
A instalação de casas de embalagem só se justifica quando se usa um sistema de transporte
por cabos aéreos ou se adotam cuidados muito rigorosos no transporte em carretas. Em pequenas
propriedades, pode-se instalar uma pequena casa de embalagem em local central do bananal e fazer o
transporte dos cachos da planta até o local de embalagem nos ombros protegidos dos trabalhadores. A
casa de embalagem visa apenas a melhoria da aparência e conservação da fruta a ser comercializada,
não sendo solução para danos ocorridos anteriormente. Dois tipos de casas de embalagem vem sendo
utilizados, o chamado “casa de embalagem compacta” e o denominado “casa de embalagem em linha”.

5.3.1. Casa de embalagem compacta

É um modelo bastante usado no Vale do Ribeira (São Paulo) e Litoral Norte de Santa
Catarina. O seu tamanho e disposição dos componentes no seu interior varia bastante, mas é composta
basicamente das seguintes partes: um trilho suspenso para a recepção, despistilagem e despencamento
dos cachos; dois tanques de amianto de 2.000 litros; tonéis para o tratamento antifúngico; mesas de
buquês; 2 a 4 mesas de embalagem, de acordo com o número de embaladores; área de fechamento de
caixas e pesagem e área de depósito de embalagens vazias e cheias.
Existem variações deste modelo que incluem uma área coberta para estacionamento de 100 a
200 cachos. Os tanques, além dos de amianto, podem ser de fibra de vidro, plástico ou de alvenaria. O
tamanho e a forma dos tanques é bastante variável nas diversas casas de embalagem. O número de
tanques também é variável, desde um tanque para pencas e buquês; dois tanques para pencas e buquês,
com separação das pencas superiores das inferiores; até quatro tanques, um para pencas superiores, um
para pencas inferiores e dois para os respectivos buquês. Neste último caso, os funcionários que
confeccionam os buquês ficam entre o tanque de pencas e o tanque de buquês. Nos casos anteriores
estes funcionários trabalham em volta dos tanques. Em algumas casas de embalagem o tratamento
anti-fúngico por imersão é feito no tanque de buquês e noutras em tóneis de 100 a 200 litros colocados
junto a saída dos tanques.
Algumas destas casas de embalagem contam com áreas cobertas para estacionamento de
veículos e com plataformas para carga de caixas e descarga de cachos. As dimensões das casas variam
bastante, desde micro-casas de embalagem para pequenas propriedades até casas de grandes
dimensões, que atendem a vários produtores.
Com uma equipe bem treinada de 12 a 15 pessoas, consegue-se um rendimento de 600 a 700
caixas de 20 kg por dia de trabalho e uma qualidade final razoável. Como o espaço entre os
trabalhadores é pequeno, o fluxo de trabalho fica um pouco prejudicado. Pela pequena dimensão dos
tanques de lavação, ocorre a sobreposição de pencas, choque entre pencas e atrito das frutas contra as
paredes dos tanques, o que prejudica a qualidade final do produto. Em seguida, o empilhamento dos
buquês sobre as mesas pode causar danos às frutas.

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5.3.2. Casa de embalagem compacta tipo carrocel

Este modelo de casa de embalagem foi um dos primeiros a ser usado nos países exportadores
de banana, encontrando-se atualmente em desuso naqueles países. No Vale do Ribeira, Estado de São
Paulo, existem algumas unidades deste modelo.
A casa é constituída de uma área de recepção dos cachos, que chegam em carrocerias
protegidas. Esta área é composta por um poste de concreto que sustenta no seu topo uma roda de
caminhão, na qual são soldados raios de ferro, que por sua vez sustentam um círculo de ferro. Deste
círculo pendem as cordas onde são dependurados os cachos que chegam à unidade. Pelo movimento
giratório deste círculo, os cachos chegam até o despencador que fica colocado em frente aos tanques
de lavação.
Neste tipo de casa, são usados normalmente dois tanques de amianto de 2.000 litros cada um.
No primeiro tanque colocam-se as pencas superiores e no segundo as pencas inferiores (frutas
menores), sendo esta a única classificação feita nas frutas. Ainda nos tanques, as pencas são
subdivididas em buquês. Na sequência, os buquês são tratados por imersão em tonéis de 200 litros
contendo solução fungicida. O operário que faz o tratamento antifúngico coloca os buquês sobre mesas
giratórias. No lado oposto de cada mesa giratória trabalha um embalador, numa respectiva mesa de
embalagem.
Nestas casas existem ainda área para fechamento das caixas, pesagem e depósito de
embalagens vazias e cheias.
Este modelo não pode ser ligado a sistema de transporte por cabos e, por suas dimensões,
limita o rendimento do trabalho. Nas mesas giratórias existe o risco de queda e ferimento dos buquês.
Por estas razões é pouco utilizada, embora tenha baixo custo de construção.

5.3.3. Casa de embalagem em linha

A principal vantagem deste modelo de casa de embalagem é o fluxo de trabalho, que fica
facilitado, aumentando o rendimento e a qualidade do produto no embalamento. O galpão pode ser de
qualquer tipo, desde que tenha o piso concretado ou confeccionado com outro material que evite a
formação de lama e facilite a limpeza do local.
A casa ideal, neste modelo, deve contar com uma área de recepção e estacionamento de
cachos, uma área para a despistilagem e retirada de detritos e sacos plásticos (quando usados no
bananal), uma área de despencamento dos cachos, um tanque para lavação de pencas, uma área de
subdivisão de pencas ou confecção de buquês, um tanque para lavação de buquês, uma área de
pesagem, uma área de desinfecção dos buquês, uma área de selagem, uma área de embalagem, uma
área de armazenamento e montagem de caixas e uma área de depósito de embalagens cheias. A casa
deve ainda permitir uma boa classificação das frutas, seja através da subdivisão dos tanques, seja
através da instalação de duas ou mais linhas de processamento. Nestes casos, cada setor do tanque ou
cada linha pode trabalhar com uma classe de produto.
Numa casa de embalagem em linha, após a lavação dos buquês, a fruta é trabalhada dentro de
bandejas contendo o volume de bananas adequado para o tipo de embalagem utilizado. Nesta fase todo
o trabalho é realizado nas bandejas que são deslocadas sobre uma mesa roletada (ou de outro tipo, com
leve desnível) até o acondicionamento das frutas nas embalagens. O comprimento mínimo desta mesa
é de 7 metros para facilitar o fluxo de trabalho e permitir o escoamento do excesso de água nas frutas.
Neste sistema, o tratamento antifúngico pode ser feito por aspersão (utilizando-se
pulverizadores), por nebulização (em câmaras de tratamento compostas de compressor, tanque para
calda e nebulizador) ou no sistema de cortina (chuveiro, de uso contínuo com reaproveitamento da
calda).
Quanto às dimensões dos tanques, é recomendável que tenham superfície mínima de 3 por 3
metros, e profundidade mínima de 70 centímetros para evitar o choque entre as pencas ou buquês. O

146
deslocamento da fruta nos tanques é garantido por canos perfurados que esguicham água do próprio
tanque, ou da fonte de água, no caso de água corrente.

5.4. Processamento da fruta em casas de embalagem

Como já foi colocado anteriormente, a casa de embalagem, por si só, não se constitui garantia
de qualidade do produto. A qualidade final depende dos tratos na lavoura, na colheita e no transporte,
do modelo e funcionalidade da casa de embalagem e, finalmente, dos cuidados e operações executados
no seu processamento e embalagem.

5.4.1. Recepção e estacionamento

Ao chegarem do bananal, os cachos devem dispor de local à sombra onde permanecem


estacionados até o início do seu processamento. Neste local, que pode ser dentro ou fora da casa de
embalagem, os cachos permanecem dependurados em cabos ou barras de ferro, através dos ganchos
com roldanas (garruchas). Quando os cachos chegam em carrocerias, o local da recepção deve estar
num nível que facilite o descarregamento e a colocação dos cachos nos cabos ou barras. Nesta fase
deve-se ter cuidado para evitar choques entre cachos e quedas. Quando os cachos chegam através de
cabos aéreos, neste local retira-se os distanciadores e passa-se a manejá-los um a um.
No local de estacionamento pode ser feita a retirada dos sacos plásticos, usados na lavoura,
atando-os ao topo do engaço para evitar manchas de "cica" oriunda do corte de colheita. A área e a
capacidade do estacionamento dependem da quantidade de cachos que chegam à embaladora e da
velocidade de processamento.

5.4.2. Retirada de detritos e despistilagem

A primeira operação no processamento da fruta na casa de embalagem é a retirada de detritos


grosseiros, tais como frutos abortados, frutos podres, brácteas, pedaços de folha ou qualquer outro
material aderido ao cacho. Logo após é feita a despistilagem, que é a retirada dos restos florais
existentes nas pontas das frutas. Os sacos plásticos, que envolvem os cachos, caso não tenham sido
retirados antes, devem ser retirados neste momento. Na despistilagem deve-se ter o cuidado de não
ferir as frutas com as unhas. Por esta razão, o trabalhador deve ter as unhas aparadas. Neste serviço,
normalmente, são utilizadas mulheres e crianças, por terem maior agilidade com os dedos.
A velocidade de trabalho dos despistiladores deve estar sincronizada com a dos
despencadores, de forma que haja um fornecimento contínuo de cachos a estes. Por outro lado, não
pode haver um excesso neste fornecimento, o que causaria manchas nas frutas provocadas pelo
secamento da "cica" exsudada na quebra do pistilo.
A despistilagem é feita nos cachos dependurados nos cabos ou barras, próximo ao local de
despencamento.
Para manter a sincronia no trabalho, geralmente são utilizados dois ou três despistiladores
para cada despencador.

5.4.3. Despencamento

O despencamento é realizado nos cachos dependurados, em frente aos tanques de lavação.


Vários tipos de ferramentas são utilizadas na separação das pencas da ráquis. Em São Paulo e nas
regiões mais quentes de Santa Catarina é bastante utilizada a espátula n° 5 de vidraceiro, recurvada no
diâmetro de uma garrafa de cerveja. Nas regiões mais frias de Santa Catarina, pela maior resistência da
almofada das pencas ao corte, é bastante utilizado o despencador giratório, que funciona bem neste
caso. São utilizadas ainda facas afiadas e, em outros países, outros tipos de despencadores, como a
“colher” usada de forma semelhante a espátula e a “faca curva” para despencamento da última para a
primeira penca.

147
O despencador faz o corte o mais próximo possível da ráquis, deixando aderida à penca o
máximo de almofada que conseguir. Nesta operação, o despencador, deve ser auxiliado por outra
pessoa, que apara a penca e a deposita cuidadosamente no tanque de lavação.
No momento do despencamento, os principais cuidados são os seguintes: a) evitar ferimentos
com a ferramenta nas pencas inferiores à que está sendo retirada; b) evitar queda das pencas no piso; c)
evitar segurar a penca por um fruto, o que causará o defeito "colo roto" no pedúnculo do fruto; d)
evitar choque das pencas com a parede dos tanques e e) evitar o choque entre pencas dentro dos
tanques.

5.4.4. Lavação das pencas

Imediatamente após o despencamento as pencas devem ser colocadas nos tanques de lavação.
A lavação tem como objetivos: a retirada de impurezas, poeira e "cica" aderida às frutas; a cicatrização
dos cortes e a floculação e precipitação da "cica" sobrenadante.
Para a retirada de impurezas, poeira e "cica" (antes de secar), o tanque deve conter um
detergente diluído na água. Em outros países existem detergentes específicos para a lavação de
bananas. No Brasil, são utilizados detergentes líquidos neutros, do tipo utilizado para lavação de
utensílios de cozinha. Em tanques de água corrente pode-se adaptar um sistema "pinga-pinga" para a
aplicação de detergente, com tubos de sôro ou garrafas plásticas descartáveis. Em tanques pequenos,
sem renovação de água a quantidade de detergente deve ser maior. Moreira (1987) recomenda 2 litros
de ODD para cada 1000 litros de água que, segundo o autor, além de limpar a fruta, provoca a imediata
coagulação da "cica" e faz uma desinfecção da penca contra fungos e bactérias. Em tanques maiores,
acima de 9 m2 de superfície de água, em Santa Catarina, concentrações de 200 ml de detergente por
1000 litros, no inverno, e 400 ml de detergente por 1000 litros de água, no verão, têm sido utilizadas
com sucesso.
Para a cicatrização dos cortes nas almofadas das pencas e para a floculação e precipitação de
resíduos orgânicos (mantendo a água limpa na superfície) é utilizado o sulfato de alumínio. Como a
exsudação de "cica" é maior no verão , a quantidade de sulfato de alumínio utilizada deve ser maior
nesta época. Quanto maior o tanque, menor deve ser a concentração do produto na água. Em Santa
Catarina, utilizam-se no inverno 200 gramas do produto para cada 1000 litros de água. Já no verão,
esta quantidade é elevada para 400 gramas por 1000 litros. Em São Paulo, em tanques pequenos (2000
litros) de amianto, é utilizada a concentração de 500 gramas de sulfato de alumínio para cada 1000
litros de água, no inverno, aumentando-se gradativamente esta concentração à medida que o verão se
aproxima e a fruta passa a exsudar mais "cica". Em tanques de água corrente, a concentração de sulfato
de alumínio pode ser bastante reduzida, pois há a renovação da água. Neste caso, é recomendado
pendurar, imersas na água dos tanques duas bolsas contendo o sulfato de alumínio, que se dissolve aos
poucos. As bolsas, que podem ser feitas com pernas de calças velhas de brim, devem liberar
lentamente o produto e devem estar colocadas próximo à parede do tanque, junto à qual encontra-se o
despencador.
Quanto ao tamanho dos tanques, recomendam-se os de maiores dimensões, pois permitem o
processamento de maior quantidade de frutas por vez, evitando choques entre pencas e sua
sobreposição. Num tanque pequeno (de 2.000 a 5.000 litros) é necessário realizar a troca da água mais
frequentemente, embora as concentrações de detergente e de sulfato de alumínio sejam maiores. Um
procedimento a ser adotado é o de manter o tanque no máximo com 75% de sua superfície coberta de
frutas, para evitar o choque entre pencas, quando estas são colocadas na água. Para garantia de uma
boa qualidade, os tanques devem ter no mínimo 3 x 3 metros, ou seja 9 m² de superfície. A
desvantagem dos tanques grandes, ocorre nas regiões frias, após o inverno. Neste caso, frutas não
ensacadas a campo e colhidas muito gordas, por sua maior densidade, afundam, sendo mais difícil de
serem retiradas dos tanques de maiores dimensões.
Os tanques de água corrente são mais indicados do que aqueles sem renovação de água, pois
permitem o processamento contínuo de frutas, sem a necessidade de paralização do trabalho para a

148
troca da água. Neste caso, instala-se calhas coletoras de água na saída do tanque, para o escoamento do
excesso.
O deslocamento das pencas da entrada até a saída do tanque é feito através de esguichos de
água, obtidos através da colocação, a cada 3 a 4 metros de comprimento dos tanques, de canos
perfurados, cerca de 10 centímetros acima do nível da água. O jato destes esguichos deve ser dirigido
ligeiramente para cima. Em tanques de água corrente, por pressão natural ou por bombeamento, a
entrada de água nos tanques se dá através de esguichos. Em tanques sem renovação de água utiliza-se
bombas submersas.
Um cuidado a ser tomado na lavação das pencas é o de mantê-las sempre com a parte cortada
da almofada dentro da água. Para isso, mantem-se o lado de maior curvatura da fruta para cima, o que
permite a rápida cicatrização dos cortes e paralização da exsudação de "cica". Normalmente, o tempo
necessário para a completa paralisação da exsudação de cica é em torno de 20 minutos. Desta forma,
as pencas e buquês permanecem, no mínimo, durante este tempo total, entre os dois tanques. Em casas
de embalagem com apenas um tanque, usado para pencas e buquês, deve-se manter estes últimos na
água por 10 minutos após a sua confecção.

5.4.5. Subdivisão de pencas

Após a lavação das pencas, deve-se subdividi-las em buquês. A legislação brasileira permite
que o buquê contenha de 3 a 8 frutos, mas, preferencialmente, deve-se confeccioná-lo com 5 a 7 frutos,
unidos pela almofada. A subdivisão da penca em buquês facilita o embalamento e a comercialização
da fruta.
Para a confecção dos buquês, utiliza-se um canivete de ponta curva, com lâmina de cerca de
10 centímetros de comprimento. Na operação deve-se estar atento para não provocar ferimentos nas
frutas com o canivete. No acabamento (retirada de saliências) da confecção, evita-se a retirada
excessiva da almofada, para que as frutas fiquem fortemente presas à mesma.
Em regiões de clima quente, as bananas apresentam pedúnculos mais longos e afastados,
permitindo o corte dos buquês ainda dentro dos tanques de pencas. Neste caso, os operários que
confeccionam os buquês ficam de frente para o tanque de pencas e de costas para o tanque de buquês.
Os tanques devem estar próximos (cerca de 40 centímetros) para permitir a colocação dos buquês no
segundo tanque, sem necessidade de deslocamento do funcionário.
Em regiões de clima mais frio e em algumas cultivares de banana, quando o pedúnculo é mais
curto e as frutas mais próximas, é necessário a instalação de mesas entre os dois tanques para a
confecção dos buquês. Neste caso os tanques são mais distantes (de 50 a 60 centímetros) e os operários
trabalham de lado para os dois tanques. As pencas são colocadas sobre as mesas estofadas com
pequenos colchões de espuma, forrados com plástico, e as frutas são separadas cuidadosamente antes
do corte.
Durante a confecção dos buquês são separadas e/ou eliminadas frutas mal colocadas no
buquê, frutas muito curvas, defeituosas, geminadas (duplas, triplas, etc), feridas, rachadas e cortadas e
as pencas deformadas.
Normalmente, para acompanhar o rítmo de trabalho de um despencador e um auxiliar
(aparador de pencas), são necessários de 3 a 4 operários confeccionando buquês.

5.4.6. Lavação de buquês

O tanque de lavação de buquês, no mínimo nas mesmas dimensões do tanque de pencas, tem
por objetivo cicatrizar os cortes mais rapidamente e flocular e precipitar a "cica" sobrenadante,
mantendo a água limpa. Neste tanque normalmente é utilizado apenas o sulfato de alumínio, nas
mesmas concentrações recomendadas para a lavação de pencas.
Em alguns casos, no tanque de buquês, é feito o tratamento antifúngico das frutas, pela adição
de fungicidas à calda, nas mesmas concentrações recomendadas para o tratamento por imersão. Esta

149
prática, porém, é contra-indicada pelo excessivo gasto de fungicidas e pelos riscos de contaminação
ambiental e intoxicação do pessoal.
Em tanques de água corrente, o sulfato de alumínio é aplicado em bolsas de brim, fixadas na
cabeceira do tanque, próximo à parede onde se encontram os operários que preparam os buquês.
O deslocamento dos buquês no tanque é feito através de canos perfurados, que esguicham
jatos de água e empurram as frutas de um extremo a outro.

5.4.7. Classificação da fruta

A classificação da fruta deve iniciar no momento do despencamento. Assim sendo, as pencas


de frutos maiores são colocadas em local diferente das pencas de frutos menores. Para isto, utiliza-se a
subdivisão dos tanques de lavação ou a construção de duas ou mais linhas de operação. O despencador,
elimina pencas queimadas pelo sol, pencas atacadas por ponta-de-charuto e cachos excessivamente
gordos. A seleção da fruta continua com os operários que confeccionam os buquês, que descartam ou
baixam a classificação de pencas ou buquês que tenham defeitos graves ou gerais ou eliminam frutos
defeituosos. A seleção e classificação final é realizada pelos operários que fazem a pesagem da fruta.
Estes funcionários têm que conhecer perfeitamente as normas e padrões de classificação de banana.
Desta forma, cada bandeja de pesagem deve conter buquês de apenas uma classificação.
Para a exportação duas classificações internacionais são utilizadas. Na classificação
americana o comprimento da polpa, medida na curvatura externa do fruto, deve ter no mínimo 8
polegadas para a fruta EXTRA e no mínimo 7 polegadas para a fruta PRIMEIRA. O diâmetro do fruto
é determinado pelo importador, segundo a distância do mercado. Na classificação francesa o
comprimento do fruto, medindo-se a distância da base do pedicelo até a ponta do fruto, pelo lado da
sua curvatura interna, deve ter no mínimo 17 centímetros para a fruta EXTRA, 15 centímetros para a
fruta PRIMEIRA e 13 centímetros para a fruta SEGUNDA.
No Brasil a classificação legal vigente é de 1986 (Brasil, 1986), a qual necessita de
atualização. Por esta razão um grupo de 105 produtores, comerciantes e técnicos de diversos estados
brasileiros, se reuniram em Itajaí, em 07/03/2002, sob a coordenação da CEAGESP/Centro de
Qualidade em Horticultura e elaboraram uma Proposta de Regulamento Técnicode Identidade,
Embalagem e Apresentação da Banana para o “Programa Brasileiro para a Melhoria dos Padrões
Comerciais e Embalagens de Hortigranjeiros”, a qual é apresentada no anexo 2 desta apostila.

5.4.8. Pesagem das frutas

Junto à saída do tanque de buquês deve estar colocada uma balança (no caso de linha única)
ou duas ou mais balanças (no caso de duas ou mais linhas de processamento). Os funcionários
encarregados da pesagem fazem a seleção final do produto e colocam em cada bandeja o volume de
frutas adequado ao tipo de embalagem que está sendo utilizado. Utilizam-se bandejas plásticas
perfuradas (para eliminar o excesso de água) para a pesagem das frutas. Nas bandejas, os buquês são
colocados com a parte da almofada, que foi cortada, para cima. Este procedimento facilitará o
tratamento antifúngico, que deve atingir principalmente as partes feridas do buquê.
Nas casas de embalagem tipo compacta, a pesagem só é realizada após a embalagem da fruta,
como forma de conferir a carga das caixas.

5.4.9. Tratamento anti-fúngico

Nas casas de embalagem em linha, após a pesagem, as bandejas são postas sobre uma mesa
roletada, para eliminar o excesso de água aderida à fruta e seguem pela mesa até o local do tratamento
antifúngico. O tratamento antifúngico é utilizado para a desinfecção das frutas e para evitar podridões
posteriores, dando maior tempo de conservação à fruta. O tratamento das frutas pode, neste caso, ser
feito por pulverização ou por nebulização. Na pulverização são utilizados pulverizadores costais ou

150
outros tipos de pulverizadores. Na nebulização, utiliza-se câmara de nebulização composta de uma
armação de madeira, alumínio ou ferro, coberta de plástico; um tanque para a calda fungicida; um
nebulizador (pode-se utilizar uma pistola de pintura); um compressor e um gatilho disparador do jato,
para aplicação descontínua. Quando a aplicação for contínua, posiciona-se o gatilho preso na posição
"aberto". Também, são utilizadas câmaras fechadas com chuveiros ou cortinas de calda fungicida. A
calda, neste caso, é reutilizada através de coletores colocados abaixo das câmaras, que a conduzem
até um tanque. Do tanque a calda é novamente bombeada para o tratamento das frutas.
Os fungicidas que têm sido utilizados para o tratamento de banana são thiabendazole, imazalil
e biomassa cítrica. Os produtos comerciais, Tecto e Mertec são utilizados nas concentrações de 1 a 2
gramas por litro, na imersão, na pulverização e no sistema de chuveiro e 2 a 4 gramas por litro, na
nebulização. O Magnate 500 CE é recomendado em pulverização, na concentração de 20ml/10 litros
de água. O Ecolife e o Citrobio são recomendados em imersão, na concentração de 150ml/100 litros de
água.
Nas casas de embalagem tipo compacta, o tratamento por pulverização é dificultado, devido
ao empilhamento da fruta, após a confecção dos buquês. Neste caso, é utilizado o tratamento por
imersão. A imersão na calda fungicida pode ser feita no tanque de buquês, em tonéis de 200 litros ou
em outro tipo de recipiente. Os tonéis devem ser colocados entre o tanque de lavação e a mesa onde
são depositados os buquês para embalamento. As concentrações dos fungicidas no tratamento por
imersão são as mesmas utilizadas em pulverização.

5.4.10. Mesa roletada

Nas casas de embalagem em linha, a mesa roletada é utilizada com o objetivo de garantir um
fluxo de trabalho, como em uma linha de montagem. Ela permite, ainda, o escorrimento do excesso de
água aderida à fruta, no trajeto até a embalagem. Após a pesagem das frutas, nas bandejas, as frutas
são conduzidas sobre estas mesas durante o tratamento antifúngico e a selagem, até o momento de
serem colocadas nas caixas.
Existem vários modelos de mesas roletadas, podendo, ainda, serem simples ou com linha de
retorno de bandejas vazias. Neste caso, a mesa de retorno, roletada ou não, está colocada sobre a
primeira, com leve desnível no sentido do local de pesagem da fruta.
Em pequenas casas de embalagem em linha, também são utilizadas, no lugar da mesa
roletada, uma mesa longa de madeira, com leve declive no sentido onde estão os embaladores e com
beirados de cerca de 4 cm para facilitar o deslocamento e evitar a queda das bandejas. O "piso" destas
mesas, pode ser forrada de fórmica.
Para um bom fluxo de trabalho, e para possibilitar a ação de 2 a 4 embaladores, a mesa deve
ter no mínimo 7 metros de comprimento.

5.4.11. Selagem

Após o tratamento antifúngico, pode-se fazer a colocação de um ou mais sêlos por buquê,com
a marca do produto, que são importantes no "marketing" de frutas de qualidade. Deve-se utilizar sêlos
de pequenas dimensões (cerca de 18 x 24 mm) e com substância adesiva que permita colá-los nas
frutas ainda úmidas. Os sêlos em rolos ou cartelas são mais práticos.
O sêlo é colocado na parte côncava do buquê, isto é, na face de comprimento mais curto do
fruto, na linha interna de frutos.

5.4.12. Embalagem da banana

Nas casas de embalagem tipo compacta, os buquês são colocados em uma mesa ao alcance
dos embaladores, que com as caixas sobre pequenas mesas de ferro ou de madeira fazem o
embalamento.
Nas casas de embalagem em linha, ao longo das mesas roletadas são colocadas mesas em "L"

151
para a colocação das bandejas com frutas e das caixas. O embalador trabalha na parte interna do "L",
retirando os buquês das bandejas e acondicionando-os nas caixas.
No encaixotamento, os principais cuidados são: usar embalagens adequadas; colocar o
volume adequado de frutas para cada tipo de embalagem; dispor os buquês de acordo com a forma
indicada para cada tipo de embalagem; evitar o ferimento das frutas nas paredes das embalagens; e
utilizar materiais de proteção (plástico e papelão) para separação dos buquês dentro das caixas .
Quando se usam “toritos” e banana em pencas, inicialmente se põem no fundo da caixa as
pencas menores. As pencas maiores são colocadas sobre as primeiras, com as almofadas voltadas para
baixo, de uma cabeceira do “torito” para a outra. Na acomodação, coloca-se cada penca bem junto da
anterior ocupando cada espaço da embalagem.
Quando a banana é comercializada em buquês, a forma de acomodação varia segundo o tipo
de embalagem e o tamanho dos frutos.

5.4.13. Armazenagem e montagem de embalagens vazias

Na casa de embalagem faz-se necessário um local para o depósito de embalagens vazias. As


embalagens descartáveis podem ser armazenadas desmontadas para economia de área de depósito.
Neste caso, deve haver também um local para a montagem de caixas de papelão e de madeira, com os
equipamentos necessários.

5.4.14. Depósito da fruta embalada

Próximo ao local de carregamento do produto, deve-se dispor de um local para o fechamento


das embalagens e depósito das frutas embaladas. Neste local, à sombra, as frutas permanecem até o
momento de seu carregamento para o mercado.
No caso da banana ser comercializada na região de produção, pode haver no local uma
câmara climatizadora. Neste caso, coloca-se a fruta na câmara logo após a sua embalagem.
No caso de transporte em carroceria ou contêiner frigorificado, a fruta é conduzida ao veículo
logo após a sua embalagem, ou após passar por uma câmara de pré-resfriamento.

5.4.15. Pré-resfriamento dos frutos

O pior defeito que pode ocorrer com a banana em pós-colheita é a maturação durante o
transporte para o mercado. Esta é a razão para que se colham frutas mais magras para mercados
distantes. A banana, uma fruta climatérica, apresenta uma taxa de respiração crescente da colheita até o
climatério, sendo importante para isto, além de outros fatores, a temperatura. A redução da temperatura
reduz a respiração da fruta, a sua atividade biológica e, consequentemente, a velocidade da sua
maturação.
Muitas vezes, a banana é colhida em temperaturas ambientais muito elevadas. Neste casos,
quanto mais cedo for a redução da temperatura da polpa da fruta maior será o tempo de conservação da
banana. A água de lavação das frutas, nos tanques, desempenha um primeiro papel no resfriamento.
Neste caso, a temperatura da água, o comprimento dos tanques e o tempo de permanência da fruta na
água são variáveis importantes.
Quando o transporte é feito em carroceria frigorificada ou em contêiner frigorificado, logo
após a embalagem a banana deve ser colocada em câmaras frias para a redução da temperatura ao nível
da temperatura de transporte.
Este pré-resfriamento é importante porque no período de resfriamento da polpa o consumo de
energia é muito elevado. Durante o resfriamento da polpa da banana, para cada tonelada de fruta, é
necessário uma refrigeração de 550 calorias por hora, sendo 150 calorias para compensar o processo de
respiração da fruta e 400 calorias para o resfriamento da polpa. Após a banana atingir a temperatura de
transporte, ou seja 12 a 13°C, é necessário apenas uma refrigeração de 45 calorias por hora para cada
tonelada de fruta, apenas para compensar o processo de respiração.

152
Quando o transporte da fruta é feito em carrocerias comuns, sujeitas às condições climáticas,
o pré-resfriamento em câmaras frias é ineficiente e contra-indicado, devido aos danos dos choques de
temperatura.

5.5. Tipos de embalagens

Atualmente, dezenas de diferentes tipos de embalagens são utilizadas no comércio da banana


no Brasil. Os produtores de algumas regiões ainda transportam banana em cacho ou em pencas a
granel para o mercado. Noutras regiões há grande diversidade de caixas para 10, 15, 18, 20, 23 e 25 kg
de banana madura, confeccionadas com madeira, duratex (eucatex), plástico ou papelão. As dimensões
das caixas usadas variam ainda mais. Praticamente cada local ou cada fabricante utiliza tamanho e
formato diferentes. Em medições feitas pela Epagri, verificou-se a existência de 10 diferentes
dimensões para caixas de papelão, oito diferentes dimensões para caixas de madeira e duratex
utilizadas para exportação para a Argentina e Uruguai e 28 diferentes dimensões para toritos. Esta
prática, além de impossibilitar o levantamento estatístico da produção, dificulta qualquer tipo de
padronização e classificação do produto.
O maior problema, porém, está na carga da embalagem. Em Santa Catarina, em amostragens
feitas pela Epagri, constatou-se que em toritos com capacidade entre 18 e 20 kg de banana a carga
média era de 24,5 kg, com variações de 22 a 28 kg. Em frutas para exportação a situação não é
diferente, pois em caixas que comportam no máximo 20 kg de banana, normalmente se acondiciona
mais de 25 kg de fruta. O resultado desta prática é a ocorrência de danos irreversíveis na aparência do
produto e elevadas perdas por podridões em pós-colheita.
As embalagens atualmente registradas para banana, no Ministério da Agricultura, são apenas
três tipos de torito e uma caixa de papelão. O TORITÃO tem dimensões (comprimento, largura, altura)
de 575 x 285 x 350 mm. O TORITO I tem dimensões de 500 x 350 X 265 mm. O TORITO II tem
dimensões de 500 x 350 x 280 mm. A caixa de papelão oficial tem dimensões de 450 x 286 x 212 mm.
O principal problema, porém, é a indefinição da capacidade de cada embalagem. Algumas vezes
define-se apenas o peso bruto e não o peso líquido, que é o que realmente importa.
Sendo a banana comercializada depois de madura, a capacidade da embalagem deve ser
expressa em peso de banana madura. Desta forma, as embalagens devem ser planejadas para
comportarem de 6,5 a 10% a mais de fruta verde recém-colhida, segundo o tipo de embalagem e
cuidados adotados em pós-colheita. Em países onde se utiliza o sistema “banavac” de embalagem, o
acréscimo é de apenas 4% de fruta verde. Estes acréscimos são necessários para compensar a perda de
peso da fruta durante o transporte, a climatização e a comercialização. Neste sentido, alguns tipos de
embalagem têm sido usados no Sul e Sudeste do Brasil com bons resultados. Alguns são citados a
seguir.
A embalagem plástica para 18 kg de banana madura em buquês tem dimensões internas de
515 x 325 x 295mm. Estas embalagens têm como vantagens o fácil manejo, a facilidade de circulação
do ar durante a climatização, a possibilidade de lavação e desinfecção e a durabilidade. Suas
desvantagens são o alto custo e o consequente prejuízo no caso de extravio e a necessidade de retorno
no transporte.
A embalagem de madeira para 10 kg de banana madura tem as dimensões internas de 500 x
370 x 170 mm. São confeccionadas com madeira bruta, que permitem até 10 viagens, ou com lâminas
de pinus (descartáveis). Já existem versões desta caixa em papelão. Esta embalagem é a preferencial
em diversas redes de supermercados de Santa Catarina e já é utilizada no Rio Grande do Sul, Paraná e
Minas Gerais. Estas caixas acondicionam apenas duas linhas de buquês de banana e recebem forração
de plástico entre a fruta e as suas paredes. A embalagem de madeira para 15 kg de banana madura em
buquês tem dimensões internas de 500 x 350 x 190mm. É bastante utilizada por produtores do Vale do
Ribeira (SP). Nesta embalagem, os buquês são acondicionados em três linhas, uma no fundo (bananas
menores) e uma em cada lateral da caixa. As frutas são separadas entre si e das paredes da caixa por
uma proteção plástica. A embalagem de papelão para 18,14 kg de banana madura em buquês tem
dimensões de 520 x 390 x 245mm. Trata-se de uma embalagem com tampa, normalmente utilizada nos

153
países exportadores de banana da América Latina. Os buquês são acomodados em três filas quando os
frutos são maiores e em quatro filas quando os frutos são menores.
A embalagem de madeira, para 18 kg de banana madura, utilizada para a exportação para o
Uruguai e a Argentina, tem dimensões internas de 500 x 350 x 290mm. A forma de acomodação dos
buquês é em quatro filas.
Devido à grande quantidade de embalagens existentes no mercado e às poucas opções que
oferecem as embalagens oficiais, faz-se necessário um grande estudo e discussão deste assunto,
visando a melhoria da qualidade, da classificação e da padronização do produto.

6. Manejo da fruta por comerciantes e consumidores

Os danos que depreciam o produto ou causam perdas em pós-colheita, não se restringem


àqueles verificados até o momento da embalagem. Muitas perdas e danos ocorrem na fase seguinte, até
no consumidor final.

6.1. Danos no transporte para o mercado

No transporte, o horário, o tipo de carroceria e as condições das estradas são de grande


importância para a qualidade final do produto. As queimaduras de sol, a desidratação da fruta, o
cozimento da polpa, a maturação precoce e os danos por atrito são comuns nesta fase.
Um fator importante na conservação da fruta durante o transporte é a qualidade da fruta.
Bananas machucadas, cortadas e quebradas perdem mais peso, liberam mais etileno e amadurecem
mais rapidamente, devido à maior atividade metabólica.
Um segundo fator responsável pela maturação e perda da fruta no transporte é o tempo.
Portanto o transporte deve ser feito o mais rapidamente possível.
Um terceiro fator é a temperatura. A temperatura ideal para o transporte de bananas é entre 11
e 12°C para as cultivares do subgrupo Prata e entre 13 e 14°C para bananas do subgrupo Cavendish.
Menores temperaturas causam queima da cutícula da fruta e posteriores problemas na maturação.
Temperaturas mais altas aumentam a atividade metabólica da fruta, aumentando os riscos da
maturação precoce.
Um quarto fator é a concentração de etileno no ar. A produção de etileno pela fruta durante o
transporte deve ser a menor possível, pois este gás ativa o processo de maturação. As baixas
temperaturas reduzem a produção de etileno. Nas condições de temperatura anteriomente citadas,
porém, se faz necessário a troca do ar da carga por ar atmosférico. Os caminhões frigoríficos utilizados
para o transporte de banana contam com um sistema de exaustão para este fim. Uma possibilidade para
a redução da concentração de etileno no ar é o uso de absorventes de etileno, como os filtros de etileno
e sachês de permanganato de potássio.
Existem trabalhos sobre atmosfera controlada para a conservação da banana no transporte e
armazenamento, usando concentrações de CO2 entre 5 e 8% e concentração de O2 entre 2 e 12%, com
sucesso. Esta tecnologia, porém, ainda não é utilizada no transporte de bananas. Outros pesquisadores
também tiveram sucesso estudando filtros e absorventes de etileno.
No sistema “banavac”, utilizado pelos países exportadores no transporte a longa distância, as
frutas são envolvidas por um saco de polietileno sem perfurações, retirando-se o ar do interior do saco
com auxílio de um aspirador. Com menor quantidade de ar junto às frutas é possível a conservação de
bananas Cavendish por até 90 dias, na temperatura de 12 a 13ºC.
O uso de carrocerias com laterais altas e cobertura de lona protege a carga de ventos e
insolação, mas não do calor e seus efeitos.
Quando feito em carrocerias abertas, o transporte deve ser realizado no período noturno. Este
tipo de carroceria não é recomendado para transporte a grandes distâncias. Para longas distâncias a
carroceria ideal é a frigorífica, com controle de temperatura e sistema de exaustão do ar. O uso do

154
contêiner frigorificado é outra ótima possibilidade.

6.2. Danos na climatização

Grande quantidade da banana produzida pode ser danificada na climatização. Nesta fase, o
controle da temperatura e da umidade relativa, a qualidade do ar atmosférico e a limpeza e desinfecção
da câmara são de extrema importância.
A temperatura da câmara pode ser mantida entre 13°C e 20°C. Temperaturas mais elevadas
aceleram o ritmo da maturação, reduzem a vida de prateleira da fruta, causam o cozimento da polpa,
dificultam a hidrólise do amido e favorecem o desenvolvimento de fungos. Temperaturas mais baixas
do que 12°C causam o "chilling", caracterizado pela coagulação de cloroplastos da casca (manchas
verdes na casca) e pela maturação anormal (amolecimento e podridão da polpa). A temperatura
ideal para bananas do subgrupo Cavendish é de cerca de 18°C e para bananas do subgrupo Prata e da
FHIA-01 é de cerca de 16°C.
A umidade relativa do ar ideal para a maturação da banana está na faixa de 85 a 95%.
Umidade excessiva aumenta o desenvolvimento de fungos e retarda a descoloração da casca, pela
formação de filmes de água sobre a mesma. A umidade relativa reduzida causa a perda de peso da
fruta, o murchamento e enrugamento da casca, o despencamento (debulha) dos frutos maduros, a
coloração opaca (palha) da casca, a acentuaçào de manchas na casca e o retardamento da maturação.
Quando se usa caixas de papelão a umidade relativa deve ser mantida mais baixa. O papelão, ao
absorver água, perde a sua resistência. Neste caso, é recomendável manter a umidade relativa entre 70
e 85%, fazendo-se necessário o uso de forração plástica dentro das caixas. O plástico forma
microcâmaras, mantendo a umidade relativa mais alta junto às frutas.
O excesso de gás carbônico (acima de 1%) no ar, causa a coloração verde-amarelada na fruta
madura, o despencamento (debulha) dos frutos, o amolecimento e podridão da polpa e o retardamento
da maturação. Por estas razões, deve-se realizar a exaustão e renovação do ar da câmara em intervalos
de 12 a 24 horas, segundo a temperatura utilizada na climatização, mantendo-se sempre o gás
carbônico abaixo de 0,5% do ar.
Câmaras sujas e contaminadas por fungos são fontes de inóculo para diversos tipos de
podridões dos frutos. A câmara deve ser lavada mensalmente com água sanitária em solução e receber
anualmente uma nova pintura com tinta plástica ou acrílica.
Outro fator que pode causar grandes danos às frutas são os choques térmicos no
descarregamento da câmara. Frutas retiradas da câmara e expostas à temperatura muito alta ou muito
baixa podem apresentar escurecimento da casca, em seguida. Por esta razão, antes da retirada da fruta
da câmara, deve-se abri-la durante um tempo necessário para o equilíbrio da temperatura interna com a
do ambiente externo.

6.3. Danos no atacado e varejo

Nas cargas e descargas das caixas de banana (muitas vezes atiradas), na troca de embalagens e
no manuseio da fruta, podem ocorrer diversos danos às frutas verdes ou maduras.
No varejo, o uso de gôndolas contaminadas, a sobreposição de pencas ou buquês, o
amontoamento de frutas maduras sobre frutas em putrefação e a falta de cuidado na colocação das
frutas nas gôndolas, causam ferimentos, esmagamento, despencamento e podridões nas bananas.
No comércio em pencas, a subdivisão da penca madura pelo comprador, causa esmagamento,
descascamento e despencamento de frutas.
A mosca Drosophila e fungos existentes no local de comércio, utilizam as aberturas
provocadas pelo mal manejo e causam sérios danos às frutas.
Assim sendo, recomendam-se cuidados especiais na exposição e comercialização da fruta
madura.

6.4. Danos e perdas no local de consumo

155
Nas residências, hotéis, restaurantes, hospitais, escolas e outros locais de consumo, ocorrem
ainda danos e perdas nas frutas. São responsáveis por estas perdas o uso de fruteiras contaminadas, a
colocação de frutas pesadas sobre as bananas maduras, a manutenção da fruta em locais
excessivamente quentes e a falta de cuidado na separação da fruta das pencas ou buquês.
Outra causa de perdas, nesta fase, é a falta de planejamento de compra, ou seja, a compra de
uma quantidade de fruta superior à capacidade de consumo da família ou entidade. Neste caso, as
frutas atingem a senescência e morte sem que haja o seu consumo. Outro exemplo de falta de
planejamento, é a compra de frutas muito grandes onde os consumidores são crianças. Normalmente,
neste caso, a criança come parte da banana e a outra parte vai acabar no lixo.

7. Bibliografia consultada

ALVES, E.J. Colheita, classificação, embalagem e comercialização de banana e "platano".


Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz das Almas- BA, v.10, n. 1, p.33-52, 1988.
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In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE BANANICULTURA, 1, Jaboticabal, SP, 1984. Anais...
Jaboticabal: FCAVJ-UNESP/FUNEP, 1984, p.368-385.
CANCIAN, A.J.; CARVALHO, V.D. Manejo pós-colheita da banana. Informe Agropecuário,
Belo Horizonte, v.6, n.63, p.47-51, 1980.
CEREDA, E. Colheita da banana. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE BANANICULTURA, 1.,
Jaboticabal, SP, 1984. Anais... Jaboticabal: FCAV-UNESP/FUNESP, 1984, p.346-352.
CHAMPION, J. El Plátano. Barcelona, Espanha: Blume, 1968. 247 p.
CHITARRA, A.B.; CHITARRA, M.I.F. Manejo pós-colheita e amadurecimento comercial de
banana. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.19, n.6, p.761-771, 1984.
HINZ, R.H.; PEIXOTO, A.N. Relatório de viagem ao Equador e Colômbia. Itajaí: EPAGRI,
1993. 7p. (Datilogrado).
HINZ, R.H.; LICHTEMBERG, L.A.; MALBURG, J.L. Transporte de banana através de cabo
aéreo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 13, Salvador, BA, 1994.
Resumos... Salvador: SBF, 1994, p.235-236.
KEMP, D.C.; MATTEWS, M.D.P. Banana conveyor. Bedfordshire, Inglaterra: Overseas
Department/National Institute of Agriculture Engineering, 1977. 14p. (O.D.Technical
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LICHTEMBERG, L.A. O cultivo da banana. Fortaleza,CE: SINDIFRUTA/FRUTAL’97,
1997. p.116-147 (Apostila de curso).
LICHTEMBERG, L. A Pós-colheita de banana. In: SIMPÓSIO NORTE MINEIRO SOBRE A
CULTURA DA BANANA, 1, Nova Porteirinha, SC, 2001. Anais... Montes Claros, MG:
Unimontes, 2001. p.105-130.
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banana. In: MATSUURA, F.C.A.U.; FOLEGATTI, M.I.S. Banana. Pós-colheita. Brasília:
Embrapa Informação Tecnológica, 2001. p. 26-31 (Frutas do Brasil, 16).
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FOLEGATTI, M.I.S. Banana. Pós-colheita. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica,
2001. p. 48-52 (Frutas do Brasil, 16).
156
LICHTEMBERG, L.A.; MALBURG, J.L. Casas de embalagem. In: MATSUURA, F.C.A.U.;
FOLEGATTI, M.I.S. Banana. Pós-colheita. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica,
2001. p. 53-61 (Frutas do Brasil, 16).
MALBURG, J.L.; LICHTEMBERG, L.A.; HINZ. R.H. Casa de embalagem para banana. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA, 13, Salvador, BA, 1994. Resumos...
Salvador: SBF, 1994, p.237-238.
MEDINA, J.L. et al. Banana; da cultura ao processamento e comercialização. Campinas,
SP: ITAL, 1978. 197p. (ITAL. Frutas Tropicais, 3).
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Abastecimento. Normas e padrões
de identidade, qualidade e embalagem para classificação e comercialização. Banana.
Brasília, DF, 1986. 22p.
BRASIL. Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária. Embalagens de
produtos hortícolas. Brasília, DF, 1991. 28p.
MOREIRA, R.S. Banana: Teoria e Prática de Cultivo. Campinas, SP: Fundação Cargill, 1987.
335p.
ROCHA, J.V.L. Fisiologia pós-colheita de banana. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
BANANICULTURA, 1, Jaboticabal, SP, 1984. Anais... Jaboticabal: FCAVJ-
UNESP/FUNEP, 1984, p.353-367.
SIERRA S., L.E. El cultivo del banano: producción y comércio. Pereira, Colombia: Editorial
Gráficos Olímpica, 1993. 679p.
SIMMONDS, N.W. Los plátanos. Barcelona, Espanha: Editorial Blume, 1973. 539p.
SOTO B., M. Bananos: cultivo y comercialización. 2. ed. Tibás, Costa Rica, Litografia e
Imprenta LIL S.A, 1992. 649p.
SUBRA, P. Le "cableway", mode de transport des régimes en bananeraie. Fruits, v.26, n.12,
p.807-817, 1971.
TAGLIARI, P.S. & FRANCO, H.M. Reportagem: Manejo pós-colheita da banana.
Agropecuária Catarinense, Florianópolis, v.7, n.2, p.25-30, 1994.
WERNER, R.A. Fisiologia pós-colheita e climatização de banana. In: SEMINÁRIO SUL-
BRASILEIRO SOBRE A CULTURA DA BANANA, 1, Jaraguá do Sul-SC. 1986. Anais...
Florianópolis: ACARESC, 1987. p.75-78.

157
Transporte de bananas por cabos aéreos

Torre de madeira, para sustentação dos cabos

Garruchas para transporte de cachos

158
Sistema de transporte de bananas por cabo aéreo, em encosta de morro
(Kemp & Mattews, 1977)

159
Modelo de casa de embalagem de banana, em linha

160
Caixa de madeira para 10 kg de bananas maduras (dimensões internas)

161
Figura a. Caixa para 10 kg de banana madura

Figura b. Caixa para 15 kg de banana madura

Figura c. Caixa para 18 kg de banana madura (3 linhas)

Figura d. Caixa para 18 kg de banana madura (4 linhas)

Formas de acondicionamento de buquês em diferentes tipos de embalagem


( ___: cartão ou papelão ondulado; ------: plástico)

162
Colheita tradicional de bananas de porte alto, com
“cortador”e “aparador”.
Imperatriz - MA
Foto: Fábio Régis de Albuquerque

Colheita protegida em equipe de


“cortador” e “aparador”, no Equador.
Foto: Jorge Luiz Malburg

Transporte de cachos em carrocerias.


Proteção de folhas, com excesso de carga.
Transporte para o mercado, sem proteção.
Luís Alves - SC.
Foto: L.A. Lichtemberg

163
“Cegonha” adaptada para
transporte pendular de cachos de
banana.
Registro - SP
Foto: L.A. Lichtemberg

Transporte em carreta, com


proteção de espuma e sacos
plásticos.
Itajaí - SC
Foto: L.A. Lichtemberg

Transporte em carreta, com


proteção de espuma .
Porto Franco - MA
Foto: Fábio Régis de Albuquerque

Carreta para transporte pendular


de cachos.
Israel
Foto: J.A. Rebelo

164
Carroceria de caminhão
adaptada para transporte
pendular.
Israel
Foto: J.A. Rebelo

Embalagem e lavação de
banana no campo.
Guaramirim - SC
Foto: L.A. Lichtemberg

Embalagem de banana no
campo, com carreta tanque.
Litoral de São Paulo
Foto: Raul Soares Moreira
(Moreira, 1987)

Traves para depósito de


cachos. Os cachos são
transladados da bananeira até
as traves, onde são
despencados.
Jaraguá do Sul - SC
Foto: R.H. Hinz

165
Galpão para depósito de cachos
“em pé”, com proteção contra
insolação.
São João do Itaperiú - SC
Foto: L.A. Lichtemberg

Translado do cacho até o cabo


aéreo.
Itajaí - SC
Foto: L.A. Lichtemberg

Colocação dos cachos no cabo


aéreo.
Itajaí - SC
Foto: L.A. Lichtemberg

Transporte de banana por cabos


aéreos.
Itajaí - SC
Foto: L.A. Lichtemberg

166
Cabo aéreo para transporte de
banana.
Schroeder - SC
Foto: L.A. Lichtemberg

Tração mecânica no transporte de


cachos por cabo aéreo.
Babahoyo - Equador
Foto: Ivo Tureck

Despencamento do cacho de
banana na planta.
Equador
Foto: J.L Malburg

Despencamento no campo.
Colocação das pencas na
“padiola” ou “bandeja”.
Equador
Foto: J.L Malburg

167
Translado da “bandeja” dentro
do bananal.
Equador
Foto: J.L. Malburg

Transporte de pencas por cabo


aéreo.
Equador
Foto: J.L. Malburg

Área de estacionamento de
cachos.
Costa Rica
Foto: L.A. Lichtemberg

Área de estacionamento de
cachos.
Registro - SP
Foto: L.A. Lichtemberg

168
Recepção e despistagem dos
cachos.
Equador
Foto: L.A. Lichtemberg

Despistagem das frutas.


Itajaí - SC
Foto: L.A. Lichtemberg

Despencamento com despencador


giratório.
Itajaí - SC
Foto: L.A. Lichtemberg

Despencamento com faca


curva.
Costa Rica
Foto: L.A. Lichtemberg

169
Área de despecamento e
tanque de pencas.
Equador
Foto: J.L. Malburg

Confecção de buquês sobre


mesas.
Costa Rica
Foto: L.A. Lichtemberg

Tanques de lavação de buquês


e de pencas.
Itajaí - SC
Foto: J.V. da Silva

Confecção de buquês dentro do


tanque de pencas.
Equador
Foto: J.L. Malburg

170
Confecção de buquês dentro do
tanque de pencas.
Costa Rica
Foto: L.A. Lichtemberg

Colocação dos buquês nas


bandejas.
Equador
Foto: Ivo Tureck

Pesagem dos buquês, de acordo


com a capacidade da caixa.
Equador
Foto: J.L. Malburg

Tratamento anti-fúngico por


pulverização.
Equador
Foto: L.A. Lichtemberg

171
Tratamento anti-fúngico por imersão.
Cajati - SP
Foto: L.A. Lichtemberg

Tratamento anti-fúngico por


nebulização.
Itajaí - SC
Foto: L.A. Lichtemberg

Selagem das frutas.


Equador
Foto: J.L. Malburg

Selagem das frutas.


Itajaí - SC
Foto: L.A. Lichtemberg

172
Embalagem da fruta sobre
balanças (18kg de banana).
Costa Rica
Foto: L.A. Lichtemberg

Embalagem de banana em “toritos” .


Porto Franco - MA
Foto: Fábio Régis de Albuquerque

Embalagem de madeira para 11 kg de


banana.
Itajaí – SC
Foto: J.V. da Silva

Embalagem de plástico, com 15kg


de banana.
Luís Alves - SC
Foto: L.A. Lichtemberg

173
Embalagem de papelão para
18,14kg de banana.
Costa Rica
Foto: L.A. Lichtemberg

Embalagem de madeira para 11kg


de banana.
Poços de Caldas - MG
Foto: T.T. Loyola

Embalagem de madeira para 15kg


de banana.
Registro - SP
Foto: L.A. Lichtemberg

174
CLIMATIZAÇÃO DA BANANA

Luiz Alberto Lichtemberg

Climatização é o processo de amadurecimento da banana através de câmaras de climatização.


A maturação é realizada injetando-se um gás ativador dentro da câmara de climatização. A
climatização da banana exige um controle de temperatura, umidade e concentração de gás dentro da
câmara. A qualidade do ar na câmara de climatização é muito importante. Para isto é preciso um
controle na circulação e exaustão do ar.

1. Temperatura

• A temperatura ideal para uma boa climatização é de 18°C para bananas do subgrupo
Cavendish (Caturra) e de 16°C para bananas do subgrupo Prata (Branca). Mas a
climatização é possível numa faixa de 13 até 20°C.
• Acima de 20°C a maturação é acelerada. A banana amadurecida nesta situação tem vida de
prateleira menor.
• Acima d 21°C já ocorre problema de cozimento da polpa.
• Abaixo de 12°C acontece o chilling (friagem) na fruta. A casca fica com manchas
esverdeadas e estrias escurecidas.

Quanto mais baixa for a temperatura maior será o tempo de climatização e mais longa a vida
de prateleira do produto.

2. Umidade

A umidade relativa do ar dentro da câmara deve ficar entre 85 e 95%.

• Umidade acima de 95% causa:


- Maior desenvolvimento de doenças
- Descoloração da casca retardada
• Umidade abaixo de 85% causa:
- Perda de peso da fruta
- Enrugamento da casca
- Os frutos maduros se desprendem da almofada
- A casca fica com cor opaca (cor de palha)
- Retardamento da maturação
- As manchas ficam mais acentuadas

Desumificadores são aparelhos utilizados para baixar a umidade dentro da câmara.


Para aumentar a umidade na câmara de climatização pode-se utilizar: nebulizadores de água,
serragem molhada no piso ou calhas contendo água.

3. Gás ativador

O gás recomendado é etileno. No comércio o gás etileno é encontrado com os nomes


175
comerciais de Aga-etil, Azetil e Etil 5. Estes produtos contém cerca de 95% de nitrogênio e 5% de
etileno.
A quantidade de gás a ser utilizado depende:
- do tamanho da câmara de climatização;
- do isolamento da câmara;
- da variedade a ser climatizada;
- da temperatura utilizada na climatização.

A concentração destes gases, portanto, pode variar de 0,2 a 2% do volume de ar da câmara.


Para bananas do subgrupo Cavendish normalmente usa-se cerca de 1%. Para bananas do subgrupo
Prata pode-se utilizar concentrações mais baixas.
O carbureto de cálcio em reação com a água produz o gás acetileno. Embora ele também sirva
para climatizar banana, não é recomendado. O acetileno é altamente explosivo.
O etileno, na forma comercial do produto FRUTALAX é utilizado na dosagem de 300 ml
para câmaras de 250 caixas de 20 kg; de 450 ml para câmaras de 400 a 700 ml caixas; e de 900 ml para
câmaras de 700 a 1000 caixas, por aplicação.

4. Qualidade do ar

No processo de climatização há acumulação de gás carbônico na câmara. O excesso de gás


carbônico (acima de 1%) é prejudicial à qualidade da fruta, porque:
- causa debulha da fruta depois de madura;
- retarda a maturação;
- prejudica a cor da casca (amarelo esverdeado);
- causa amolecimento da polpa.

Para que a qualidade do ar seja boa é preciso eliminar o excesso de gás carbônico. A exaustão
elimina o gás carbônico, renovando o ar da câmara de climatização. A exaustão é feita pelo exaustor.
Dez a doze horas após a aplicação do gás ativador é realizada a primeira exaustão. A câmara
de climatização é aberta e o exaustor é ligado. A câmara fica aberta por um tempo de 20 minutos.
Após este tempo a câmara é fechada e é feita uma segunda injeção de gás. A cada 24 horas é feita uma
nova exaustão, repetindo-se todo o processo anterior, sem necessidade de novas injeções de gás.
Após as primeiras 36 horas a própria fruta passa a produzir o gás ativador da maturação. Por
esta razão, não se aplica gás após a segunda exaustão.

5. Circulação do ar

A circulação do ar dentro da câmara é um fator muito importante para manter a qualidade do


ar dentro da câmara. O uso de circuladores de ar uniformiza o ar e evapora os filmes de água que se
formam sobre as frutas.
A câmara não deve ser totalmente carregada. É preciso deixar espaços entre as pilhas de
caixas e as paredes para facilitar a circulação do ar. Deixa-se a cerca de 10 centímetros entre uma pilha
e outra.
Por outro lado, não se pode climatizar bananas com menos de 70% da câmara ocupada pelas
caixas da fruta.

6. Tempo de climatização

176
O tempo de climatização depende da temperatura, concentração de gás usado e variedade da
banana. A variação do tempo é de 36 a 60 horas, quando se quer banana no ponto para transportar a
grandes distâncias. A banana neste ponto está ainda verde mas a casca solta-se com facilidade da
polpa. Neste ponto a banana climatizada resiste bem ao transporte à distância de até 200 quilômetros.
Quando a banana destina-se ao mercado local deve ser retirada da câmara no estágio de ponta
verde. Neste estágio a casca tem a coloração amarela, mas conserva as duas pontas ainda verdes.
Para atingir o estágio de ponta verde a climatização dura de 72 a 120 horas. A qualidade final
do produto é melhor. O transporte não deve ser feito a distâncias maiores que 50 quilômetros. O tempo
para o consumo é de 2 dias após a retirada da câmara. Uma fruta bem cuidada e bem climatizada
mantém boa qualidade no mercado por oito a dez dias.

7. Câmara de climatização

A câmara deve ter um bom isolamento, para que se possa ter um bom controle de temperatura
e umidade. Deve ter todos os equipamentos de controle de temperatura, umidade e injeção de gás.
Estes equipamentos devem estar sempre em boas condições de uso.
A câmara de climatização deve ser bem dimensionada. Para sua instalação deve-se procurar
uma empresa especializada e idônea.
Não se deve construir câmaras muito grandes. O ideal são câmaras de no máximo 10
toneladas de capacidade. Se o volume de frutas for maior, deve-se construir mais câmaras. Não se
recomenda climatizar bananas em câmaras muito vazias, com menos de 70% do seu espaço ocupado
por caixas de banana. Neste caso, a concentração do gás ativador fica menor no ambiente da câmara.
Além disso, a quantidade de gás ativador produzida pelas frutas, após a última injeção de etileno,
também é insuficiente para a maturação da banana.
A cada 1 a 2 meses as paredes da câmara devem ser lavadas com água sanitária a 1% em
água. A cada 1 a 2 anos deve-se fazer nova pintura no interior da câmara com tinta plástica ou acrílica.

177
CÂMARA DE CLIMATIZAÇÃO

1. Cilindros de etileno
2. Tubulação de etileno
3. Sistema de refrigeração
4. Circulador de ar
5. Saídas de etileno
6. Tanque de água
7. Bomba de água
8. Nebulizadores de água
9. Tubulação de água
10. Paredes isoladas
11. Exaustor
12. Porta frigorífica
13. Quadro de comando

178
ANEXO 1 - ENDEREÇOS ÚTEIS

PRODUÇÃO DE MUDAS DE BANANA

1. MULTIPLANTA TECNOLOGIA VEGETAL LTDA.


Av.Ricarti Teixeira 1364
37795-000 – Andradas, MG
Fone/Fax: 0 xx 35 731-1649 - E-mail: multiplanta@pocos-net.com.br
Cultivares produzidas: Prata Anã (Enxerto), Maçã, Grande Naine e Pioneira

2. VITROGEN BIOTECNOLOGIA
Av. 24, s/nº Polo Bio-Rio
Cidade Universitária
21941-590 – Rio de Janeiro, RJ
Fone: 0 xx 21 290-0391 / 290-5839 / 560-2692 - Fax : 0 xx 21 260-7920

3. EPAGRI – ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE ITAJAÍ


Rodovia Antonio Heil km 6 - Caixa postal 277
88301-970 - Itajaí, SC
Fone: 0 xx 47 341-5244 - Fax : 0 xx 47 341-5255
E-mail: eei@epagri.rct-sc.br

4. CAMPO
SEPN Q-516 Bl “A”
4º andar
70770-515 – Brasília, DF
Fone: 0 xx 61 273-7141 - Fax : 0 xx 61 347-4222
Fone (Paracatu, MG): 0 xx 61 504-4040 / 504-4000 / 504-4341
Cultivares produzidas: Nanicão, Grande Naine, Prata Anã (Enxerto), Maçã, Pioneira, FHIA-01,
FHIA-18

5. IN VITRO BIOTECNOLOGIA DE PLANTAS LTDA.


QSC 05 – Lote 03
72016-050 - Taguatinga, DF
Fone/Fax: 0 xx 61 352-1891 - E-mail: invitro@cd-graf.com.br
Cultivares produzidas: Prata Anã (Enxerto), Pioneira, Nanicão, Mysore, Pacovan, Maçã e Grande
Naine

6. SÍTIO SÃO PEDRO


Rua Monte Alegre 501 – apto. 43
05014-000 – São Paulo, SP
Fone: 0 xx 11 262-4302, e 0xx15 271-2470 , 9972-0819 (Juca)
Cultivares produzidas: Nanicão, Grande Naine, Nanicão Jangada, Mysore, Prata Anã (Enxerto) e
Figo

7. MAURO DE BARROS TAROZZO


Fone : 0 xx 16 623-1510 - Celular: 0 xx 16 968-7172
Ribeirão Preto, SP
Cultivar: Enxerto (Prata Anã)

179
FABRICANTES DE FITILHOS PLÁSTICOS PARA ESCORAMENTO, SACOS PLÁSTICOS
PARA PROTEÇÃO DE CACHOS DE BANANA E PLÁSTICOS PARA EMBALAGENS

1. BAUPLAS – BAUER PLÁSTICOS LTDA.


Rua XV de Novembro 11140
89107-000 – Pomerode, SC
Fone/Fax: 0 xx 47 387-6087

2. CAPOTE INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PLÁSTICO LTDA.


Fone: 0 xx 13 856-1323
Pariquera-Açú – SP

3. BARRA SUL PLÁSTICOS LTDA.


Fone : 0 xx 47 367-2048 - Celular: 0 xx 47 983-7524
Balneário Camboriú, SC

4. PLASTISUL ARTEFATOS PLÁSTICOS LTDA.


Fone: 0 xx 51 474-2522 - Fax : 0 xx 51 474-2608
Sapucaia do Sul, RS

5. NILPLASTIC COMÉRCIO E REPRESENTAÇÃO LTDA.


Fone/Fax: 0 xx 47 375-2012 - Celular : 0 xx 47 979-2201
Corupá, SC

6. ANTONIO MACIEL (Representante)


Fone: 0 xx 13 856-1086
Pariquera-Açú, SP

7. OUROPLAST
- Benedito Amoroso
Fone: 0 xx 13 856-1545
Pariquera-Açú, SP

FORNECEDORES DE EMBALAGENS PARA BANANA

1. RIGESA
 Blumenau, SC Fone: 0 xx 47 328-1287 - Fax : 0 xx 47 325-2233
 São Paulo, SP Fone: 0 xx 11 262-2444 - Fax : 0 xx 11 864-1172

2. RIGESA DO NORDESTE S.A.


 Pacajus, CE Fone: 0 xx 85 348-0720 - Fax : 0 xx 85 348-0669

3. ECIL LTDA. (IMPORTADOR DAS EMBALAGENS KOHLER DA ÁFRICA DO SUL)


Fone: 0 xx 11 214-6000 - Fax : 0 xx 11 255-4386

4. IGARAS
 São Paulo, SP Fone: 0 xx 11 3048-4800
 Itajaí, SC Fone: 0 xx 47 346-1675 / 341-6500
 Araguarí, MG Fone: 0 xx 34 241-0854
180
 Rio de Janeiro, RJ Fone: 0 xx 21 284-3489

5. PACK SERVICE (REPRESENTAÇÕES)


 Bento Gonçalves, RS Fone: 0 xx 54 452-1047
 Petrolina, PE Fone: 0 xx 81 861-4999
 São Paulo, SP Fone: 0 xx 11 524-7486

6. CONTINENTAL COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA.


Fone: 0 xx 47 326-6666 - Fax : 0 xx 47 326-8644
Celular: 0 xx 47 985-0012 (Osni) - Celular: 0 xx 47 983-4239 (Orlando)
Blumenau, SC

7. VALDOMIRO – EMBALAGENS DE MADEIRA


Fone: 0 xx 47 376-7421
Jaraguá do Sul, SC

8. ADAMI S.A.
Caixa postal 15
88500-000 – Caçador, SC
Fone: 0 xx 49 662-0252 / 662-0077

FORNECEDORES DE ETIQUETAS ADESIVAS PARA FRUTAS

1. METO
 São Paulo, SP Fone: 0 xx 11 418-9144 - Fax: 0 xx 11 418-8677
 Rio de Janeiro, RJ Fone: 0 xx 21 240-9792 - Fax: 0 xx 21 240-9792
 Porto Alegre, RS Fone: 0 xx 51 225-4008 - Fax: 0 xx 51 225-7044

2. GOMACOL
 Guarulhos, SP Fone: 0 xx 11 603-5144 - Fax: 0 xx 11 208-1705

3. FÁBRICA DE MÁQUINAS COEMPAR LTDA.


• Rua Keia Nakamura, 950 – Bairro Itaquera
08260-240 – São Paulo – SP
Fone: 0xx11 205-5144
Fax: 0xx11 205-5293

FABRICANTES E FORNECEDORES DE DESPENCADORES E OUTRAS FERRAMENTAS


PARA BANANICULTURA

1. SERMAG FERRAMENTAS MANUAIS AGRÍCOLAS


Contato: Eugênio Gregolewitsch
Fone: 0 xx 47 376-2685
Jaraguá do Sul, SC

2. ONODERA FERRAMENTAS
Fone: 0 xx 13 821-4050
Registro, SP
181
3. CONTATO: WILLY FUCKS
Epagri – Corupá, SC
Fone: 0 xx 47 375-1399

FABRICANTES DE EQUIPAMENTOS PARA CÂMARAS CLIMATIZADORAS E DE


REFRIGERAÇÃO

1. FIGROMAQ
Fone/Fax: 0 xx 47 370-7194
Jaraguá do Sul, SC

2. SABROE TUPINIQUIM
 Joinville, SC Fone: 0 xx 47 432-3223 - Fax: 0 xx 47 432-2120
 São Paulo, SP Fone: 0 xx 11 831-7255 - Fax: 0 xx 11 831-5170
 Fortaleza, CE Fone: 0 xx 85 252-4971

3. CLIMASUL
 Caxias do Sul, RS Fone: 0 xx 54 222-5122 – Fax 0 xx 54 222-5228

4. RECRUSUL
 Sapucaia do Sul, RS Fone: 0 xx 51 474-1233 – Fax 0 xx 51 474-2638

5. MADEF
 Canoas, RS Fone: 0 xx 51 477-2399 – Fax: 0 xx 51 477-1488
 São Paulo, SP Fone: 0 xx 11 263-2400 – Fax: 0 xx 11 872-8401
 Recife, PE Fone: 0 xx 81 341-3766 – Fax: 0 xx 81 462-2406

6. TECNOFRIO
 Caxias do Sul, RS Fone/Fax: 0 xx 54 221-4523
 São Joaquim, SC Fone: 0 xx 49 233-1541

7. REFRIGERAÇÃO DONIZETE
 Blumenau, SC Fone: 0 xx 47 979-9143

8. REFRIGERAÇÃO REBELO
 Itajaí, SC Fone: 0 xx 47 344-3018

BANDEJAS PARA PÓS-COLHEITA

1. BERGER – Itajaí, SC
 Fone: 0 xx 47 348-2049

2. OMAR – SÃO PAULO


Fone: 0 xx 11 6916-4777

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CABOS AÉREOS E CASAS DE EMBALAGEM
(Representantes, fabricantes e fornecedores)

1. BAMAK MECÂNICA INDUSTRIAL LTDA.


Contato: Ismário Bauer
www.bamak.com.br
bamak@netuno.com.br
Fone/Fax: 0 xx 47 374-1273
Schroeder, SC

2. METALÚRGICA VEGINI
Fone: 0 xx 47 379-1306
Massaranduba, SC

3. JOCEC PRODUTOS METALÚRGICOS LTDA.


Tupã, SP

4. FOX ESTRUTURAS METÁLICAS.


Janaúba - MG
Fone: (38)3821-2961
Celular: (38) 9988-1742 (Waldimir)

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