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3. O ciclo final da Teologia do Corpo está também 6. A esse apelo responde João Paulo II com a
diretamente ligado ao matrimônio, e se constitui Teologia do Corpo, que nos permite compreender
em uma reflexão e comentários sobre a Encíclica as razões profundas (antropológicas e teológicas)
―Humanae vitae‖: Esta Encíclica, segundo o Papa, da ilicitude moral da contracepção. O Cardeal
―responde à pergunta sobre o verdadeiro bem do Karol Woytila tinha sido um dos consultores na
ser humano como pessoa, enquanto homem e elaboração da Encíclica e já tinha escrito no início
mulher, acerca do que corresponde à dignidade da década de 60 um livro sobre este mesmo tema,
do homem e da mulhe, quando se trata do e que se tornou depois best seller: ―Amor e
importante problema da transmissão da vida na Responsabilidade‖. Este livro é tido pelos
convivência conjugal‖ (TdC 122). estudiosos como a ―semente inicial‖ da Teologia
do Corpo.
4. A Encíclica Humanae vitae (Sobre a Vida
Humana) foi publicada pelo Papa Paulo VI em 25
de julho de 1968.1 Na época, os anticoncepcionais
químicos tinham sido recentemente
disponibilizados no mercado farmacêutico, e a
chamada ―revolução sexual‖ já desafiava os
padrões e valores morais no campo cultural, social
e familiar. Existia uma certa ―pressão‖ para que a A partir de agora, o texto será constituído de transcrições de
trechos das catequeses do Papa João Paulo II.
Igreja Católica ―aceitasse‖ os anticoncepcionais
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―Humanae Vitae‖ está disponível em português no
site do Vaticano:
http://www.vatican.va/holy_father/paul_vi/encyclicals/
documents/hf_p-vi_enc_25071968_humanae-
vitae_po.html
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Paternidade Responsável
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da doutrina que nos foi recordada pela O homem e a mulher conduzem na "linguagem do
Constituição pastoral do Concílio Gaudium et corpo" aquele diálogo que —segundo o Gênesis 2,
spes e pela Encíclica Humanae vitae do Papa 24-25 — teve início no dia da criação.
Paulo VI? Precisamente no nível dessa "linguagem do
O problema consiste em manter a adequada corpo" — que é algo mais do que a mera
relação entre o que é definido como "domínio... reatividade sexual, e que, como autêntica
das forças da natureza" (HV 2) e o "domínio de linguagem das pessoas, está subordinada às
si" (HV 21), que é indispensável à pessoa exigências da verdade, isto é, a normas morais
humana. O homem contemporâneo manifesta a objetivas — o homem e a mulher expressam
tendência de transferir os métodos próprios do reciprocamente a si mesmos no modo mais pleno
primeiro âmbito para os do segundo. "O homem e mais profundo que lhes é possível pela própria
fez progressos admiráveis no domínio e na dimensão somática de sua masculinidade e
organização racional das forças da natureza — feminilidade: o homem e a mulher expressam a si
lemos na Encíclica —, de tal maneira que tende mesmos na medida da verdade plena de suas
estender essa dominação ao seu próprio ser pessoas.
global: ao corpo, à vida psíquica, à vida social e
até mesmo às leis que regulam a transmissão da
vida" (HV 2).
Essa extensão da esfera dos meios de "domínio...
das forças da natureza", ameaça a pessoa humana,
para a qual o método do "auto-domínio" é e
permanece específico. Ele — o auto-domínio —,
de fato, corresponde à constituição fundamental
da pessoa: é um método perfeitamente "natural".
Pelo contrário, a transposição dos "meios
artificiais" quebra a dimensão constitutiva da
pessoa, priva o homem da subjetividade que lhe é
própria e torna-o um objeto de manipulação. 25. O homem é pessoa precisamente porque
O corpo humano não é apenas o campo de reações possui a si mesmo e tem domínio sobre si mesmo.
de caráter sexual, mas é, ao mesmo tempo, o meio De fato, na medida em que é senhor de si mesmo
de expressão do homem integral, da pessoa, que pode "dar-se" ao outro. E é esta dimensão — a
se revela a si mesma através da "linguagem do dimensão da liberdade do dom — que se torna
corpo". Esta "linguagem" tem um importante essencial e decisiva para a "linguagem do corpo",
significado interpessoal, de modo especial quando em que o homem e a mulher se exprimem
se trata das relações recíprocas entre o homem e a reciprocamente na união conjugal. Dado que essa
mulher. Além disso, as nossas análises união é uma comunhão de pessoas, a "linguagem
precedentes mostram que, neste caso, a do corpo" deve ser considerada segundo o critério
"linguagem do corpo" deve expressar, num da verdade. Esse é exatamente o critério que a
determinado nível, a verdade do sacramento. Encíclica Humanae vitae recorda, como
Participando no eterno Plano de Amor confirmam as passagens citadas antes.
("Sacramentum absconditum in Deo" – mistério Segundo o critério desta verdade, que deve
escondido em Deus), a "linguagem do corpo" exprimir-se na "linguagem do corpo", o ato
torna-se, de fato, diria, um "profetismo do corpo". conjugal "significa" não só o amor, mas também a
(TdC 123) fecundidade potencial e, portanto, não pode ser
privado do seu pleno e adequado significado
24. Como ministros de um sacramento que é mediante intervenções artificiais. No ato conjugal
constituído mediante o consentimento e não é lícito separar artificialmente o significado
aperfeiçoado pela união conjugal, o homem e a unitivo do significado procriador, porque ambos
mulher são chamados a expressar a misteriosa pertencem à verdade íntima do ato conjugal:
"linguagem" dos seus corpos em toda a verdade realizam-se juntamente um com o outro e, em
que lhe é própria. Por meio de gestos e reações, certo sentido, através um do outro. Isso é o que
por meio de todo o dinamismo reciprocamente ensina a Encíclica (ver HV 12). Por conseguinte,
condicionado da tensão e do prazer — cuja fonte em tal caso, quando o ato conjugal se encontra
direta é o corpo na sua masculinidade e destituído da sua verdade interior por estar
feminilidade, o corpo na sua ação e interação —, privado artificialmente da sua capacidade
através de tudo isto o homem, a pessoa, ―fala‖. procriadora, ele deixa também de ser um ato de
amor.
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Pode-se dizer que no caso de uma separação mais elevado. Requer um esforço contínuo, mas,
artificial destes dois significados, no ato conjugal graças à sua influência benéfica, marido e mulher
realiza-se uma real união corpórea, mas ela não desenvolvem plenamente suas personalidades,
corresponde à verdade interior nem à dignidade da enriquecendo-se de valores espirituais..." (HV 21).
comunhão pessoal: communio personarum. Tal (TdC 124)
comunhão demanda, de fato, que a "linguagem do
corpo" seja expressa reciprocamente na verdade 27. Ao nos prepararmos para empreender uma
integral do seu significado. Se faltar esta verdade, análise mais aprofundada deste problema,
não se pode falar nem da verdade do dom devemos ter em mente toda a doutrina sobre a
recíproco de si nem da aceitação recíproca de si pureza entendida como ―vida segundo o Espírito‖
pela pessoa. Tal violação da ordem interior da (ver Gal 5, 25), que já consideramos previamente
comunhão conjugal, uma comunhão que planta as [TdC 51-57], a fim de compreender, assim, as
suas raízes na própria ordem da pessoa, constitui o afirmações relevantes da Encíclica sobre o tema
mal essencial do ato contraceptivo. da "continência periódica". A doutrina permanece,
A interpretação acima referida da doutrina moral de fato, a verdadeira razão, nos termos da qual o
exposta na Encíclica Humanae vitae, situa-se no ensinamento de Paulo VI define a regulação da
vasto quadro das reflexões relativas à teologia do natalidade e a paternidade e maternidade
corpo. Especialmente válidas para esta responsável eticamente corretas.
interpretação são as reflexões sobre o tema do Embora o caráter ―periódico‖ da continência seja,
―sinal‖ em conexão com o matrimônio neste caso, aplicada aos chamados "ritmos
compreendido como sacramento. E a essência da naturais" (HV 16), todavia, a própria continência
violação que perturba a ordem interior do ato é uma atitude moral determinada e permanente, é
conjugal não pode ser compreendida de modo uma virtude, e, por isso, todo o modo de
teologicamente adequado sem a reflexão sobre o comportar-se, guiado por ela, adquire caráter
tópico da "concupiscência da carne". (TdC 123) virtuoso. A Encíclica salienta bastante claramente
que aqui não se trata só de uma determinada
"técnica", mas da ética, no sentido estrito do
Regulação Ética da Fertilidade termo, como moralidade de um certo
(O Primado da Virtude) comportamento. (TdC 124)
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29. Como ser racional e livre, o ser humano pode Delineando uma Espiritualidade Conjugal
reler o ritmo biológico e se deixar modelar a ele a – Os Poderes que Fluem da
fim de exercitar a ―maternidade e paternidade “Consagração” Sacramental
responsável‖. O conceito de uma regulação da
fertilidade moralmente correta nada mais é do que 31. “Os esposos cristãos, portanto, dóceis à sua
reler a ―linguagem do corpo‖ na verdade. voz, lembrem-se de que a sua vocação cristã,
O uso de ―períodos inférteis‖ na vida conjugal em iniciada com o Batismo, se especificou
comum pode se tornar uma fonte de abuso se o ulteriormente e se reforçou com o sacramento do
casal assim tentar fugir da procriação sem razões Matrimônio. Por ele os cônjuges são fortalecidos
justas, limitando a procriação a níveis inferiores e como que consagrados para o cumprimento fiel
ao nível moralmente justo de nascimentos em sua dos próprios deveres e para a atuação da própria
família. Este nível justo deve ser definido levando vocação para a perfeição e para o testemunho
em conta não apenas o bem da família e o estado cristão próprio deles, que têm de dar frente ao
de saúde e os meios dos esposos, mas também o mundo.(32) Foi a eles que o Senhor confiou a
bem da sociedade à qual pertencem, o bem da missão de tornarem visível aos homens a
Igreja, e mesmo o bem da humanidade como um santidade e a suavidade da lei que une o amor
todo. mútuo dos esposos com a sua cooperação com o
A Humanae vitae apresenta a ―paternidade amor de Deus, autor da vida humana.” (HV 25)
responsável‖ como uma expressão de alto valor
ético. De modo algum se limita unilateralmente
em limitar, ou mesmo excluir, os filhos; mas
significa também a disponibilidade em acolher um
número maior de filhos.
A Encíclica coloca a dimensão ética do problema
no primeiro plano, sublinhando o papel da virtude
da temperança, corretamente compreendida. Na
área dessa dimensão, há também um ―método‖
adequado de agir. No modo comum de pensar,
acontece muitas vezes que o ―método‖, separado
da dimensão ética que lhe é própria, é aplicado em
um modo meramente funcional ou mesmo
utilitário. Quando se separa o ―método natural‖ da 32. Mostrando o mal moral do ato contraceptivo, e
dimensão ética, não se pode mais ver a diferença delineando, ao mesmo tempo, tão completo
entre este e outros ―métodos‖ (meios artificiais), e quanto possível, um quadro da prática "honorável"
acaba se falando sobre ele como se fosse apenas da regulação da fertilidade, ou seja, da paternidade
outra forma de contracepção. (TdC 125) e da maternidade responsáveis, a Encíclica
Humanae vitae cria as premissas que permitem
30. No contexto da presente análise, devemos traçar as grandes linhas da espiritualidade cristã
voltar nossa atenção principalmente para o que a da vocação e da vida conjugal, e, de igual modo,
Encíclica diz a respeito do tópico do auto-domínio da espiritualidade dos pais e da família. (TdC
e da continência. Sem uma interpretação profunda 126)
desse tópico não atingiremos o coração da
verdade moral nem o coração da verdade 33. Decerto releria e interpretaria de modo errado
antropológica do problema. Dissemos a Encíclica Humanae vitae aquele que visse nela
anteriormente que as raízes desse problema apenas a redução da "paternidade e da
encontram-se na teologia do corpo: é essa teologia maternidade responsáveis" exclusivamente aos
que na verdade constitui o ―método‖ honorável de meros "ritmos biológicos de fecundidade". O
regulação de natalidade compreendido no sentido Autor da Encíclica desaprova e contesta com
mais profundo e completo. (...) Essa prática firmeza toda a forma de interpretação redutiva (e,
honorável, como se pode ver, não é apenas uma em tal sentido, "parcial"), e propõe com
―maneira de se comportar‖ em certo campo, mas insistência a compreensão integral. A paternidade-
uma atitude que constrói a maturidade moral maternidade responsável, entendida
integralmente, nada mais é que uma importante
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39. Pensa-se, freqüentemente, que a continência função poderia ser definida como "negativa". Mas
provoca tensões interiores, das quais o homem existe também outra função (que podemos chamar
deve libertar-se. À luz das análises feitas, a "positiva") do domínio de si: e é a habilidade de
continência, entendida integralmente, é, antes, orientar as respectivas reações, seja quanto ao seu
o único caminho para libertar o homem de tais conteúdo, seja quanto ao seu caráter.
tensões. A continência significa nada mais que o
esforço espiritual direcionado a expressar a
"linguagem do corpo" não só na verdade, mas
também na autêntica riqueza das "manifestações
de afeto". (TdC 129)
A Continência entre a
“Excitação” e a “Emoção”
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A distinção entre "excitação" e "emoção" aspecto "puro" do significado esponsal do corpo.
salientada nesta análise, comprova apenas a Deste modo, a continência desenvolve a
riqueza reativo-emotiva subjetiva do "eu" comunhão pessoal do homem e da mulher, uma
humano; esta riqueza exclui qualquer redução comunhão que não pode se formar e de se
unilateral e faz com que a virtude da continência desenvolver na plena verdade das suas
possa ser praticada como capacidade de dirigir a possibilidades unicamente no terreno da
manifestação quer da excitação quer da emoção, concupiscência. Exatamente isto afirma a
suscitadas pela recíproca reatividade da Encíclica Humanae vitae. (TdC 130)
masculinidade e da feminilidade.
A virtude da continência, entendida deste modo,
tem uma função essencial para manter o equilíbrio O Dom da Reverência
interior entre os dois significados, o unitivo e o
procriador, do ato conjugal (ver HV 12), em vista 45. À luz da Encíclica Humanae vitae, o elemento
de uma paternidade e maternidade fundamental da espiritualidade conjugal é o amor
verdadeiramente responsáveis. (TdC 130) infundido no coração dos esposos como dom do
Espírito Santo (ver Rom 5, 5). Os esposos
recebem este dom no sacramento, com uma
particular "consagração". O amor está unido à
castidade conjugal, que, manifestando-se como
continência, realiza a ordem interior da
convivência conjugal.
Castidade significa viver na ordenação do
coração. Esta ordem permite o desenvolvimento
das "manifestações afetivas" na proporção e no
significado que lhes são próprios. Deste modo, é
confirmada também a castidade conjugal como
"vida no Espírito" (ver Gal 5, 25), segundo a
44. O correto modo de entender e praticar a expressão de São Paulo. O Apóstolo tinha em
continência periódica como virtude (ou seja, mente não só as energias interiores do espírito
segundo a Humanae vitae, n. 21, o "auto- humano, mas, sobretudo, a influência santificante
domínio") também é essencialmente decisivo para do Espírito Santo e de seus dons particulares.
a "naturalidade" do método, denominado também No centro da espiritualidade conjugal, está, pois,
ele "método natural": esta é "naturalidade" a nível a castidade, não só como virtude moral (formada
da pessoa. Não se pode, portanto, pensar numa pelo amor), mas igualmente como virtude ligada
aplicação mecânica das leis biológicas. Por si aos dons do Espírito Santo — antes de tudo, com
mesmo, o conhecimento dos "ritmos de o dom da reverência peloque vem de Deus—
fecundidade" — embora indispensável — não cria ("donum pietatis"). Este dom está no pensamento
ainda aquela liberdade interior do dom, que é do Autor da Epístola aos Efésios, quando exorta
explicitamente espiritual em sua natureza, e os cônjuges a "sujeitarem-se uns aos outros no
depende da maturidade do homem interior. Essa temor de Cristo" (Ef 5, 21). Assim, por
liberdade pressupõe que a pessoa seja capaz de conseguinte, a ordem interior da convivência
direcionar as reações sensuais e emotivas de modo conjugal, que permite às "manifestações afetivas"
a permitir o ―dom‖ de si para o outro ―eu‖ com desenvolverem-se segundo a sua justa proporção e
base na posse amadurecida do próprio "eu" na sua significado, é fruto não só da virtude em que os
subjetividade corpórea e emotiva. cônjuges se exercitam, mas também dos dons do
Como sabemos, pelas análises bíblicas e Espírito Santo com os quais colaboram. (TdC
teológicas feitas anteriormente, o corpo humano, 131)
na sua masculinidade e feminilidade, é
interiormente ordenado para a comunhão das 46. Aqueles "dois", que — segundo a expressão
pessoas (communio personarum). Nisto consiste o mais antiga da Bíblia — "serão uma só carne"
seu significado esponsal. (Gen 2, 24), não podem realizar tal união no nível
Precisamente o significado esponsal do corpo foi próprio das pessoas (communio personarum),
deformado, quase em suas próprias bases, pela senão mediante as forças provenientes do espírito
concupiscência (em particular, pela e, precisamente, do Espírito Santo que purifica,
concupiscência da carne, no âmbito da "tríplice vivifica, fortalece e aperfeiçoa as forças do
concupiscência"). A virtude da continência na, sua espírito humano. "O Espírito é que dá a vida, a
forma amadurecida, revela gradualmente o carne não serve para nada" (Jo 6, 63). (TdC 131)
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50. A Encíclica Humanae vitae permite-nos
47. A reverência dos dois significados do ato delinear uma espiritualidade conjugal. Este é o
conjugal só pode desenvolver-se plenamente com clima humano e sobrenatural em que — tendo em
base numa profunda orientação à dignidade conta a ordem "biológica" e, ao mesmo tempo,
pessoal daquilo que na pessoa humana é com base na castidade sustentada pelo donum
intrínseco à masculinidade e à feminilidade, e pietatis— se forma a harmonia interior do
inseparavelmente em referência à dignidade matrimônio, com respeito ao que a que a Encíclica
pessoal da nova vida, que pode nascer da união chama de "duplo significado do ato conjugal" (HV
conjugal do homem e da mulher. O dom da 12). Esta harmonia significa que os cônjuges
reverência pelo que é criado por Deus exprime-se, convivem juntos na verdade interior da
precisamente, em tal orientação. (TdC 131) "linguagem do corpo". A Encíclica Humanae
vitae proclama a inseparabilidade da conexão
48. Toda a prática da honorável regulação da entre esta "verdade" e o amor. (TdC 132)
fertilidade, tão estreitamente unida à paternidade e
à maternidade responsáveis, é parte da
espiritualidade conjugal e familiar cristã; e só __________________________________
vivendo "segundo o Espírito" se torna
interiormente verdadeira e autêntica. (TdC 131) Perguntas para aprofundamento
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