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A indústria farmacêutica é outro campo em que a nanotecnologia pode ser útil. Ela
pode ser usada para o desenvolvimento de produtos capazes de tornar os tratamentos
menos agressivos ao paciente, bem como para reduzir os seus custos. "Hoje em dia,
na quimioterapia, é necessário tomar doses altíssimas de um princípio ativo para
assegurar que alguma molécula consiga realmente atingir o alvo e provocar o efeito
biológico desejado", afirma o pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais,
Antonio Lino. Ele explica que, utilizando o encapsulamento do princípio ativo (a
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substância ou composto responsável pelo efeito do medicamento), é possível reduzir a
dose desses fármacos, diminuindo assim os efeitos colaterais tão danosos aos
doentes. Ele conta que a nanotecnologia pode ser útil para proteger as moléculas do
organismo além de otimizar os efeitos do tratamento. "O encapsulamento molecular é
a última fronteira entre efeito biológico e a estrutura molecular, uma vez que a cápsula,
nesse caso, tem o tamanho compatível com as moléculas". Em sua tese de doutorado,
o pesquisador apresenta o sistema macromolecular das ciclodextrinas - derivados de
açúcar - que, por meio de degradação enzimática, formam uma geometria toroidal
(semelhante à de um copo). "Nesse copo, é possível inserir moléculas, porque seu
tamanho é adequado e a sua cavidade possui um ambiente hidrófobo (em que as
moléculas de água não entram)", exemplifica Lino.
Para criar estruturas suficientemente pequenas, que possam ser utilizadas em uma
escala nanométrica, é preciso criar materiais especiais. Cientistas brasileiros estão
desenvolvendo pesquisas em materiais nanoestruturados - fundamentais para a
criação de nanoestruturas. "São materiais produzidos - em geral artificialmente,
embora existam vários na natureza - com o objetivo de colocar em evidência e
explorar uma grande variedade de propriedades fisico-químicas que resultam
diretamente da sua estrutura formativa, com dimensões na escala do nanômetro, ou
seja, de um bilionésimo de metro", diz Israel Baumvol. "Esses materiais apresentam
propriedades mecânicas, óticas, eletrônicas, químicas e bioquímicas e muitas outras
que são peculiares às nanoestruturas. Entre as aplicações que terão maior impacto
sobre nossas vidas podemos citar os nanofármacos, a nanoeletrônica, a gravação e
leitura magnéticas, a nanobiotecnologia e inúmeras outras", complementa.
Na opinião de Brum, a nanotecnologia é ainda uma tecnologia muito nova para que
sejam descobertas grandes aplicações. "Se quisermos continuar avançando na
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miniaturização e na maior capacidade computacional, teremos que desenvolver uma
tecnologia nova, provavelmente baseada em conceitos nano. O mesmo se verifica
para as memórias magnéticas. A combinação da 'nanotecnologia' já praticada pela
natureza com o desenvolvimento de nossa capacidade de manipulação nessa escala,
poderá levar ao desenvolvimento de uma capacidade de atuação nos sistemas
biológicos nunca imaginados antes. Isso, no entanto, ainda está no domínio de
estudos, embora alguns sucessos em laboratórios já tenham sido obtidos", diz o
pesquisador.
Vale salientar que não é somente no Brasil que os produtos nanotecnológicos ainda
pertencem muito mais ao mundo das idéias do que ao dia a dia das pessoas. Brum
conta que as inserções industriais da nanotecnologia ainda são incipientes, e
atualmente os países vêm se destacando muito mais pelos investimentos feitos na
pesquisa do que pelas aplicações. "O que podemos destacar são os países que vem
investindo fortemente nesta área, como os EUA, a Comunidade Européia e o Japão,
que possuem programas nacionais de nanociência e nanotecnologia na ordem de
centenas de milhões de dólares".
Referência Bibliográfica
http://www.comciencia.br/reportagens/nanotecnologia/nano03.htm
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