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Dislexia

“Os disléxicos são um numeroso grupo populacional nesta Terra. Eles estão sempre à
nossa volta.

É a pequena que se esquece do almoço em casa pela terceira vez consecutiva, que se
esquece do seu casaco, e do seu trabalho de casa.

É aquele amigo que se perdeu no seu próprio bairro.

É a guia turística que continua a dizer: «Vamos para a direita, para a DIREITA!»
enquanto faz o gesto para a esquerda. É o homem da caixa que não consegue fazer o
troco.

É o jovem que vai às compras no meio de um trabalho, que não sabe por onde começar
e onde acabar. É aquele que na prisão bate com a caneca entre as grades da cela.

É o homem que entre aplausos e reconhecimentos recebe o Prémio Nobel.»

Filomena Teles Grilo Teixeira da Silva, in Lado a Lado – Experiências com a Dislexia

O que é a Dislexia?

Actualmente a definição mais consensual é a da International Dyslexia Association


(2002) e do National Institute of Child Health and Human Development – NICHD:

“Dislexia é uma incapacidade específica de aprendizagem, de origem neurobiológica. É


caracterizada por dificuldades na correcção e/ou fluência na leitura de palavras e por
baixa competência leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam tipicamente de um
défice na componente fonológica da linguagem que é frequentemente imprevisto em
relação a outras capacidades cognitivas e às condições educativas. Secundariamente
podem surgir dificuldades de compreensão leitora, experiência de leitura reduzida que
pode impedir o desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais. (…)
Estudos mostram que indivíduos com Dislexia processam a informação numa área
diferente do cérebro em comparação com os não-disléxicos.”

Estatísticas da Dislexia
A Dislexia é uma das mais comuns deficiências de aprendizagem, sendo que, segundo
pesquisas realizadas, afecta 5 a 17,5% da população escolar.

Em Portugal, segundo a Professora Doutora Helena Serra, vice-presidente da


Associação Portuguesa de Dislexia, existem cerca de 30 000 disléxicos, excluindo
aqueles a que ainda não foi identificado o distúrbio.

Em relação à distribuição por sexos, verifica-se uma desproporção entre os rapazes e as


raparigas quanto à prevalência da Dislexia. Assim, alguns autores referem que 70 a 80%
dos sujeitos diagnosticados com uma perturbação da leitura são do sexo masculino.
Estudos mais recentes apontam para uma proporção mais igualitária entre sexos, muito
embora continuem a ser os rapazes que evidenciam uma superioridade numérica. Tal
desproporção pode ser explicada por duas teorias:

As raparigas apresentam uma maior plasticidade neuronal, o que lhes permite utilizar
outras áreas cerebrais para compensar os défices provenientes de outras regiões;
A exposição do feto a elevados níveis de testosterona (hormona masculina) durante a
gestação, além de poder provocar alterações ao nível cerebral, responsáveis pelo
aparecimento da Dislexia, também induz o aborto espontâneo de fetos do sexo
feminino.

Há ainda outros dados que reforçam a ideia da hereditariedade da Dislexia, como o


facto de cerca de 40% dos irmãos de crianças disléxicas apresentarem, de uma forma
mais ou menos grave, a mesma perturbação e uma criança, cujo pai seja disléxico,
apresentar um risco 8 vezes superior ao da população média de ter este distúrbio.
Origens da Dislexia

“A Dislexia não é o resultado directo de uma agressão ou da acção de um agente


agressor mas sim a falência do organismo em termos de capacidade imediata de
resistência à agressão recebida. Para percebermos a Dislexia e as suas causas temos de
ter bem presente a noção de capacidade individual de resistência e que esta capacidade
varia consoante os indivíduos.”

O. Alves da Silva e G. Serrano

Durante muitos anos a causa da Dislexia permaneceu um mistério. Os factores que


provocam a Dislexia têm sido motivo de grande discussão científica. Há quem fale de
factores neurológicos, genéticos e hereditários, e quem fale de factores emocionais,
afectivos e culturais. De qualquer modo, se o ambiente familiar for favorável à leitura,
se os métodos que se utilizam na escola para aprender a ler forem coerentes e se
aplicarem adequadamente, se o aluno não tiver nenhum problema psíquico, físico ou
sensorial (problemas de visão e audição, por exemplo), se se sentir motivado para a
leitura e actividades escolares, em resumo, se todos os aspectos que confluem numa boa
aprendizagem forem correctos e, apesar de tudo isso, tiver problemas para ler, é muito
provável que nos encontremos perante uma criança disléxica.
Os estudos recentes têm sido convergentes, quer em relação à sua origem genética e
neurobiológica, quer em relação aos processos cognitivos que lhe estão subjacentes.

Têm sido formuladas, ao longo dos tempos, diversas teorias em relação aos processos
cognitivos responsáveis por estas dificuldades, como a Teoria do Défice Fonológico
(que aprofundarei), a Teoria do Défice de Automatização e a Teoria Magnocelular.

Teoria do Défice Fonológico

Nos estudos sobre as causas das dificuldades leitoras a hipótese aceite pela grande
maioria dos investigadores é a Hipótese do Défice Fonológico.

De acordo com esta hipótese, a Dislexia é causada por um défice no sistema de


processamento fonológico motivado por uma “disrupção[1]” no sistema neurológico
cerebral, ao nível do processamento fonológico.

Este Défice Fonológico dificulta a discriminação e processamento dos sons da


linguagem, a consciência de que a linguagem é formada por palavras, as palavras por
sílabas, as sílabas por fonemas e o conhecimento de que os caracteres do alfabeto são a
representação gráfica desses fonemas.

A leitura integra dois processos cognitivos e indissociáveis: a descodificação (a


correspondência grafofonémica) e a compreensão da mensagem escrita. Para que um
texto escrito seja compreendido tem que ser lido primeiro, isto é, tem que ser
descodificado.

O Défice Fonológico dificulta apenas a descodificação. Todas as competências


cognitivas superiores, necessárias à compreensão, estão intactas: a inteligência geral, o
vocabulário, a sintaxe, o discurso, o raciocínio e a formação de conceitos.

A Etiologia[2] da Dislexia tem por base, além das alterações psicolinguísticas referidas
acima na primeira teoria, as alterações genéticas e neurobiológicas.

Até há poucos anos pensava-se que a Dislexia era uma perturbação comportamental
que, primariamente, afectava a leitura.

Actualmente, sabe-se que a Dislexia é uma perturbação parcialmente herdada, com


manifestações clínicas complexas, incluindo défices na leitura, no processamento
fonológico, na memória de trabalho, na capacidade de nomeação rápida, na coordenação
sensoriomotora, na automatização, e no processamento sensorial precoce.

Estudos recentes apontam alguns cromossomas como responsáveis da Dislexia (e daí a


questão da sua hereditariedade), sendo que são apontadas cinco localizações para alelos
de risco, com influência na Dislexia, que se encontram nos cromossomas 2p, 3p-q, 6p,
15q e 18p.
Foram cientistas italianos, em 2004, que primeiro confirmaram que a dislexia tem
origens genéticas, ao verificarem uma falha no cromossoma 15, após realizarem testes
com várias famílias italianas com crianças disléxicas. Já em 2005, cientistas americanos
identificaram uma mutação no gene DCDC2 no cromossoma 6, que leva ao rompimento
dos circuitos cerebrais, decisivos para a leitura e a escrita.

Ainda que se conceba a Dislexia como uma desordem intrínseca ao indivíduo, esta
poderá ser agravada por determinados tipos de metodologia de ensino-aprendizagem da
leitura ou até por factores ambientais.

Profundos e graves distúrbios emocionais, como por exemplo os pais gritarem e


baterem muito na criança durante a sua infância, podem fazer surgir medos
incontroláveis, que levam a um impedimento da normal articulação das palavras por
inibição da voz e pelo sufoco respiratório, dando origem a uma Dislalia. Também está
provado cientificamente que uma doença neurológica específica, por vezes hereditária,
está subjacente à Dislexia.

Outras causas que provocam este distúrbio são a falta de treino do cérebro, que se
verifica, frequentemente, em famílias com baixo nível socio-económico, que lêem
menos aos seus filhos e fazem poucos jogos de linguagem com eles, não estimulando a
actividade dos neurónios; um atraso na maturação do sistema nervoso; e problemas
psicológicos ambientais ou, até, escolares.

[1] Salto de uma faísca entre dois corpos carregados de electricidade.

[2] Estudo sobre a origem das coisas ou de certa categoria de factos; parte da medicina
que estuda as causas das doenças.
Características e sinais de alerta

Sendo a Dislexia como uma perturbação da linguagem, que tem na sua origem
dificuldades a nível do processamento fonológico podem observar-se algumas
manifestações antes do início da aprendizagem da leitura.

Existem alguns sinais que podem indiciar dificuldades futuras. Se esses sinais forem
observados e se persistirem ao longo de vários meses, os pais devem procurar uma
avaliação especializada.

Um diagnóstico precoce da Dislexia numa criança é essencial, pois há uma maior


probabilidade de esta ultrapassar esta perturbação existente no sistema
proprioreceptivo[1].

Assim, alguns sinais e características apresentados por uma criança disléxica


são:
Na primeira infância:

§ Os primeiros sinais indicadores de possíveis dificuldades na linguagem escrita


surgem a nível da linguagem oral. O atraso na aquisição da linguagem pode ser um
primeiro alerta para possíveis problemas de linguagem e de leitura;

§ Depois das crianças começarem a falar surgem dificuldades de pronúncia, algumas


referidas como “linguagem bebé”, que continuam para além do tempo normal. Pelos
cinco anos de idade as crianças devem pronunciar correctamente a maioria das palavras.

No Jardim-de-Infância e Pré-Primária:

§ Linguagem “bebé” persistente;

§ Dificuldade em aprender: nomes de cores (verde, vermelho), de pessoas, de


objectos, de lugares…

§ Dificuldade em memorizar canções e lengalengas;

§ Dificuldade na aquisição dos conceitos temporais e espaciais básicos:


ontem/amanhã, manhã/a manhã, direita/esquerda, antes/depois…

3. No primeiro ano de escolaridade:

§ Dificuldade em associar as letras aos seus sons, por exemplo, em associar a


letra “éfe” com o som [f];

§ Dificuldade em ler monossílabos e em soletrar palavras simples: ao, os, pai,


bola, rato…

§ Recusa ou insistência em adiar as tarefas de leitura e escrita;

§ Necessidade de acompanhamento individual do professor para prosseguir e


concluir os trabalhos;

§ Relutância, lentidão e necessidade de apoio dos pais na realização dos trabalhos


de casa.

4. A partir do segundo ano de escolaridade:


4.1. Problemas de leitura:

§ Progresso muito lento na aquisição da leitura e da ortografia;

§ Substituição de palavras de pronúncia difícil por outras com o mesmo


significado: carro/automóvel…

§ Tendência para adivinhar as palavras, apoiando-se no desenho e no contexto,


em vez de as descodificar;

§ Dificuldade em ler pequenas palavras funcionais como “ai”, “ia”, “ao”, “ou”,
“em”, “de”…

§ Dificuldades na leitura e interpretação de problemas matemáticos;

§ Desagrado e tensão durante a leitura oral, leitura sincopada, trabalhosa e sem


fluência;

§ Dificuldade em terminar os testes no tempo previsto;

§ Caligrafia imperfeita;

§ Os trabalhos de casa parecem não ter fim, ou com os pais recrutados como
leitores;

§ Baixa auto-estima, com sofrimento, que nem sempre é evidente para os outros.

4.2. Problemas de linguagem:

§ Discurso pouco fluente, com pausas, hesitações, “hum’s”…

§ Dificuldade em recordar informações verbais, problemas de memória a curto


termo: datas, nomes, números de telefone, sequências temporais, algoritmos da
multiplicação…

§ Omissão, adição e substituição de fonemas e sílabas;

§ Necessidade de tempo extra, dificuldade em dar respostas orais rápidas.

4.3. Evidência de áreas fortes nos processos cognitivos superiores:

§ Boa capacidade de raciocínio lógico, conceptualização, abstracção e


imaginação;
§ Maior facilidade de aprendizagem dos conteúdos compreendidos de que
memorizados sem integração numa estrutura lógica;

§ Boa compreensão dos conteúdos quando lhe são lidos;

§ Melhores resultados nas áreas que têm menor dependência da leitura:


matemática, informática, artes visuais…

5. Sinais de alerta em jovens e adultos:

5.1. Problemas na leitura:

§ História pessoal de dificuldades na leitura e escrita;

§ Dificuldades em ler e pronunciar palavras pouco comuns, estranhas, ou únicas


como nomes de pessoas, de ruas, de lugares, dos pratos, na lista do restaurante…

§ Não reconhecer palavras que leu ou ouviu quando as lê ou ouve no dia


seguinte;

§ Longas horas na realização dos trabalhos escolares;

§ Sentimentos de embaraço e desconforto quando tem que ler oralmente, com


tendência para evitar essas situações.

5.2. Problemas de linguagem:

§ Persistência das dificuldades na linguagem oral;

§ Dificuldade em recordar datas, números de telefone, nomes de pessoas, de


lugares…

§ Confusão de palavras com pronúncias semelhantes

§ Evita utilizar palavras que teme pronunciar mal.

5.3. Evidência de áreas fortes nos processos cognitivos superiores:

§ A manutenção das áreas fortes evidenciadas durante a escolaridade;

§ Melhoria muito significativa quando lhe é facultado tempo suplementar nos


exames;
§ Ideias criativas com muita originalidade, devidas, essencialmente, ao facto de,
na Dislexia, a parte do cérebro menos afectada ser a direita, responsável pela
criatividade;

§ Sucesso profissional em áreas altamente especializadas como a medicina, o


direito, ciências políticas, finanças, arquitectura…

Porém, nem sempre a manifestação destes sinais são suficientes para se apurar se a
criança ou adulto é realmente disléxico ou se apenas tem:

§ Incapacidade geral de aprender;

§ Imaturidade na iniciação de aprendizagem da leitura;

§ Alterações no estado sensorial e físico;

§ Problemas emocionais;

§ Carências culturais;

§ Métodos de aprendizagem defeituosos.

Um diagnóstico correcto acerca deste transtorno apenas pode ser feito por uma equipa
clínica multidisciplinar, formada por psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos
clínicos e neurologistas. No entanto, são as pessoas, como pais e professores, que
convivem com esta criança, que podem identificar os primeiros sinais de uma possível
Dislexia, necessitando, por isso, de ter em conta determinados dados que são muito
importantes na detecção e despiste da Dislexia, como:

História pessoal:

§ Existência de casos de Dislexia na família;

§ Atraso na aquisição da linguagem;

§ Atrasos na locomoção;

§ Problemas de dominância lateral (lateralidade).

Manifestações da leitura-escrita:
§ Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças subtis de grafia: a-o, c-
o, e-c, f-t, h-n, i-j, m-n, v-u …;

§ Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente
orientação no espaço: b-d, d-p, b-q, d-b, d-p, d-q, n-u, a-e …;

§ Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras: me-em, sol-los, sal-las, pla-pal


…;

§ Adição ou omissão de sons, sílabas ou palavras: famoso-fama, casa-casaco …;

§ Repetições de sílabas, palavras ou frases;

§ Saltar linhas, retroceder linhas ou perder a linha de leitura;

§ Leitura e escrita em espelho;

§ Ilegibilidade.

Outras perturbações escolares:

Sem serem características da Dislexia, estas perturbações normalmente acompanham os


casos de jovens com Dislexia:

§ Orientações direita-esquerda;

§ Dificuldades em matemática.

Aspectos emocionais:

§ Atitude depressiva diante das suas dificuldades;

§ Atitude agressiva e pejorativa diante dos seus iguais ou superiores;

§ Manifestações de antipatia e recusa por actividades ligadas à leitura e à escrita;

§ Falta de confiança.

[1] Sistema que tem como função receber informações dos vários locais do organismo,
tratá-las adequadamente, compatibilizá-las entre si e enviar ordens de acção em
conformidade como resultado obtido.
A Dislexia é uma doença?

A Dislexia não é uma doença; é uma diferença, é um dom. Um dom que apenas cerca de
20% da população possui e que lhes permite ver o mundo de uma forma maravilhosa
em vez das tristes imagens bidimensionais que vêem os restantes mortais. Para eles o
nosso mundo – o das pessoas “normais” – deve parecer-lhes um enorme aborrecimento.
Um disléxico possui uma percepção acutilante, uma memória fotográfica e uma
imaginação prodigiosa. São capazes de inventar um mundo fantástico dentro da sua
cabeça! Se descobertos precocemente e bem encaminhados, podem tornar-se autênticos
génios, como Leonardo Da Vinci e Albert Einstein, ambos disléxicos, como veremos
mais abaixo.

Ao nível científico, a Dislexia não é considerada uma doença, mas apenas um distúrbio
ou transtorno da aprendizagem da leitura. Ou seja, as crianças que apresentam esta
dificuldade terão uma “inteligência normal”, não se podendo, assim, considerar essas
dificuldades como, por exemplo, um atraso/problema intelectual.

Nestas crianças o que está comprometido são os mecanismos essenciais à aprendizagem


da leitura e da escrita. Estes mecanismos são múltiplos, daí que também possamos
encontrar várias variantes da Dislexia, que se podem encontrar todas ao mesmo tempo,
ou apenas uma se manifestar mais evidentemente. Este será um tema do qual irei tratar
no tópico seguinte.

"Estou preocupada que ele possa ser disléxico!"

As variantes da Dislexia

A Dislexia tem, essencialmente, quatro variantes, que são a Disortografia, a Disgrafia, a


Discalculia e a Dislalia. Um indivíduo disléxico pode padecer de todas estas variantes
da Dislexia, nos casos mais graves, ou então apenas de algumas delas, pois a Dislexia
não afecta todas as pessoas da mesma maneira, focando-se mais em certos aspectos,
como ao nível da fala (Dislalia), ao nível da ortografia (Disortografia), ao nível da
grafia (Disgrafia) ou ao nível dos números (Discalculia).

Disortografia

Disortografia é, segundo Garcia Vidal (1989), “o conjunto de erros de escrita que


afectam a palavra mas não o seu traçado ou grafia; é a aptidão para transmitir o código
linguístico falado ou escrito por meio de grafemas ou letras correspondentes,
respeitando a associação correcta entre fonemas (sons) e os grafemas (letras) e falta de
cumprimento das regras ortográficas”.

Causas da Disortografia:
Actualmente, e tendo em conta os requisitos necessários para levar a cabo um
processo ortográfico correcto, já são consensuais quais as causas que levam a uma
Disortografia:

a) Causas de tipo perceptivo

b) Causas de tipo intelectual

c) Causas de tipo linguístico

d) Causas de tipo afectivo-emocional

e) Causas de tipo pedagógico

Tipos de Disortografia:

Segundo Tsvetkova (1977) e Luria (1980), poderemos distinguir sete tipos de


Disortografia:

§ Disortografia temporal

§ Disortografia perceptivo-cinestésica[1]

§ Disortografia cinética

§ Disortografia visuo-espacial

§ Disortografia dinâmica

§ Disortografia semântica

§ Disortografia cultural

Características disortográficas:

A Disortografia implica uma série de erros sistemáticos e reiterados na escrita


e na ortografia, que podem, por vezes, provocar a total ininteligibilidade dos escritos.

Estes erros podem ser classificados, segundo Rosa Torres e Pilar Fernández,
em:

a) Erros de carácter linguístico-perceptivo


b) Erros de carácter visuo-espacial

c) Erros de carácter visuo-analítico

d) Erros relativos ao conteúdo

e) Erros referentes às regras de ortografia

Avaliação/Intervenção:

Tal como na Dislexia, é da máxima importância fazer atempadamente a


avaliação, para posteriormente se poder intervir.

No caso da Disortografia, existem uma variedade de técnicas de intervenção


que vêm sendo utilizadas há muito tempo.

A investigação de carácter psicopedagógico tem-se vindo a aperfeiçoar em


função dos resultados obtidos, e a validar os recursos mais rentáveis a nível da
reeducação e de ajustada reintegração sócio-escolar de crianças com Disortografia.
Assim, a intervenção avançou e aumentou a sua qualidade, tomando-se em consideração
múltiplos aspectos, não se concentrando apenas na correcção dos erros ortográficos,
mas também actuando a nível da percepção auditiva, visual e espacio-temporal,
memória auditiva e visual, vocabulário e outros, pelo que poderemos inferir que os
planos reeducativos são mais amplos e contemplam a necessidade de descentrar a
intervenção do problema em si, dando uma maior amplitude e profundidade à
reeducação.

Como técnicas não recomendadas a crianças que tenham Disortografia temos


os ditados, as cópias e as listas de palavras, e como técnicas recomendadas encontramos
os inventários cacográficos (elaboração de um inventário com os erros cometidos pelo
aluno, para que este os corrija) e ficheiros cacográficos, por exemplo.
Disgrafia

A Disgrafia é definida como uma dificuldade na realização da escrita e afecta os


aspectos topográficos da mesma, ou seja: espaço entre as letras e as palavras, pressão,
ligações, proporção, curvas, inclinação, direcção, ritmo da escrita, postura, limpeza…

O conceito de Disgrafia pode ser abordado em dois contextos:


a) O contexto neurológico relativo às afasias[2]. Aqui se incluem, fundamentalmente,
as agrafias, definidas como uma impossibilidade ou perda da capacidade de escrever,
independentemente de qualquer paralisia.

b) A abordagem disfuncional da Disgrafia. Neste caso, trata-se de perturbações da


escrita que surgem em crianças, e que não correspondem a lesões cerebrais ou
problemas sensoriais, mas a perturbações funcionais.

Causas da Disgrafia

Para Lineares (1993), as causas mais comuns serão de origem motora. No


entanto, existem outros factores etiológicos que poderão interferir nesta perturbação
disgráfica, como:

a) Causas de tipo maturativo

b) Causas caracteriais

c) Causas pedagógicas

Características disgráficas

De forma geral, o sujeito disgráfico apresenta uma série de sinais ou


manifestações secundárias de tipo global que acompanham o seu grafismo defeituoso e,
por sua vez, o determinam. Entre estes sinais contam-se:

Postura gráfica incorrecta;


Forma incorrecta de segurar o instrumento com que se escreve;
Ritmo de escrita muito lento ou excessivamente rápido;
Letra excessivamente grande;
Inclinação;
Letras desligadas ou sobrepostas e ilegíveis;
Traços exageradamente grossos ou demasiadamente suaves.

Requisitos para uma correcta caligrafia

Partindo do pressuposto de que a escrita constitui um acto neuro-perceptivo-


motor, Pierre Vayer (Doutor em Ciências da Educação e Professor de Psicologia)
considera que o sujeito, para escrever correctamente, deve apresentar uma série de
destrezas e requisitos básicos, nomeadamente:

a) Capacidades psicomotoras gerais, entre as quais capacidade de inibição e controle


neuromuscular, independência segmentar, coordenação óculo-manual e organização
espacio-temporal.

b) Coordenação funcional da mão, que se refere à independência mão-braço, dos


dedos, e à coordenação da preensão e pressão.

c) Hábitos neuromotores correctos e bem estabelecidos, sendo os mais importantes a


visão e a transcrição da esquerda para a direita e o posicionamento correcto do lápis.

Para que a criança possa alcançar a caligrafia perfeita quando começa a escrever, deverá
ser capaz de encontrar o seu próprio equilíbrio postural e a forma menos tensa e
cansativa de segurar o lápis, orientar-se no espaço sobre o qual vai escrever, e a linha
sobre a qual vai colocar as letras – esquerda para a direita, associar a imagem da letra ao
som e aos gestos rítmicos que lhe correspondem.

Avaliação/Intervenção

Tal como na Disortografia, não existem provas de avaliação completas e


específicas do grafismo, nem dos aspectos que podem estar relacionados com a
qualidade da caligrafia. É, por isso, difícil chegar a uma avaliação objectiva e completa
que oriente a intervenção posterior.

De tudo o que se disse até este momento, pode deduzir-se que a intervenção
na Disgrafia, tal como qualquer outra intervenção em dificuldades de leitura e escrita,
deve ter um carácter global. Por isso, é necessário elaborar uma intervenção como um
processo que vai do simples ao complexo, partindo da reeducação dos factores que, de
alguma forma, determinam o grafismo, e culminado na correcção dos erros gráficos em
si mesmos.

Partindo deste mesmo critério, Picq e Vayer desenharam uma sequência


reeducativa, subdividida nos seguintes aspectos:

a) Educação psicomotora geral, que engloba aspectos como a relação global e


segmentar, a coordenação sensório-motora, o esquema corporal, a lateralidade e a
organização espacio-temporal;
b) Educação psicomotora diferenciada, na qual se treina a independência do braço e
da mão, e a coordenação e a precisão dos movimentos de mãos e dedos, em função do
grafismo;

c) Exercícios grafomotores ou preparatórios, que coadjuvam a criação de hábitos


perceptivo-motores adequados, a escrita rítmica e os grafismos contínuos.

Esta sequência reeducativa, apesar de ter sido proposta em 1977, foi adaptada para a
realidade actual, tendo sido estabelecidas propostas de intervenção que são consideradas
as mais correctas, e que visam a correcção mais eficiente da escrita da criança
disgráfica.

Discalculia

A Discalculia, um problema causado por má formação neurológica, e que se manifesta


como uma dificuldade da criança em realizar operações matemáticas, classificar
números e colocá-los em sequência. Nas fases mais adiantadas da vida escolar, a
Discalculia também impede a compreensão dos conceitos matemáticos e a sua
incorporação na vida quotidiana. Detectar este problema, no entanto, não é fácil.

Causas da Discalculia

Semelhante à Dislexia, a Discalculia infantil ocorre devido a uma falha na formação


dos circuitos neuronais, ou seja, na rede por onde passam os impulsos nervosos.
Normalmente, os neurónios[3] transmitem informações quimicamente através de uma
rede. Uma falha na conexão dos neurónios localizados na parte superior do cérebro, na
área responsável pelo reconhecimento dos símbolos, é a explicação apresentada para o
aparecimento da Discalculia.

Reflexos na Aprendizagem

Aptidões esperadas
Dificuldades

3 a 6 anos
§ Ter compreensão dos conceitos de igual e diferente, curto e longo, grande e
pequeno, menos que e mais que

§ Classificar objectos pelo tamanho, cor e forma

§ Reconhecer números de 0 a 9 e contar até 10


§ Nomear formas

§ Reproduzir formas e figuras


§ Problemas em nomear quantidades matemáticas, números, termos, símbolos

§ Insucesso ao numerar, comparar, manipular objectos reais ou imagens

6 a 12 anos
§ Agrupar objectos de 10 em 10

§ Ler e escrever de 0 a 99

§ Nomear o valor do dinheiro

§ Dizer a hora

§ Realizar operações matemáticas como soma e subtracção

§ Começar a usar mapas

§ Compreender metades, quartas partes e números ordinais


§ Leitura e escrita incorrecta dos símbolos matemáticos

12 a 16 anos
§ Capacidade para usar números na vida quotidiana

§ Uso de calculadoras

§ Leitura de quadros, gráficos e mapas

§ Entendimento do conceito de probabilidade

§ Desenvolvimento de problemas
§ Falta de compreensão dos conceitos matemáticos

§ Dificuldade na execução mental e concreta de cálculos numéricos

Características da Discalculia
Dificuldades na identificação de números (visual e auditiva);
Incapacidade para estabelecer uma correspondência recíproca (contar objectos e
associar um numeral a cada um);
Escassa habilidade para contar;
Dificuldade nos cálculos;
Dificuldade na compreensão do valor das moedas;
Dificuldade de compreensão da linguagem matemática e dos símbolos;
Dificuldade em resolver problemas orais.
Problemas associados

Deficiente organização visuo-espacial e integração não verbal: não conseguem


distinguir rapidamente as diferenças entre formas, tamanhos, quantidades e
comprimentos;
Dificuldade em observa grupos de objectos e dizer qual deles contém uma maior
quantidade de elementos, em calcular distâncias e em fazer julgamentos de organização
visuo-espacial;
Desempenhos em testes de inteligência, superiores nas funções verbais
comparativamente às funções não verbais.

Avaliação/Intervenção

Caso não seja detectado a tempo, este distúrbio pode comprometer o desenvolvimento
escolar de maneira mais ampla. Inseguro devido à sua limitação, o estudante geralmente
tem medo de enfrentar novas experiências de aprendizagem por acreditar que não é
capaz de evoluir. Pode também vir a adoptar comportamentos inadequados, tornando-se
agressivo, apático ou desinteressado. Sem saber o que se passa, pais, professores e até
colegas correm o risco de abalar ainda mais a auto-estima da criança com críticas e
punições. Por isso, é importante chegar a um diagnóstico rápido, de preferência com a
avaliação de psicopedagogos e neurologistas, e começar o tratamento adequado.

Os psicopedagogos geralmente iniciam a terapia visando melhorar a imagem que a


criança tem de si mesma, valorizando as actividades para as quais ela demonstra ter
maior aptidão. O próximo passo é descobrir como é o seu próprio processo de
aprendizagem. Às vezes, ela tem um modo de raciocinar que não é o padrão,
estabelecendo uma lógica particular que foge ao usual. A partir daí, quando esta "porta"
é descoberta, uma série de exercícios neuromotores e gráficos vão ajudá-la a trabalhar
melhor com os símbolos. Quanto à escola, é necessário que os professores desenvolvam
actividades específicas com este aluno, sem necessidade de isolá-lo do resto da turma
nas outras disciplinas, recorrendo, para isso, a material concreto, como cubos de
madeira e bolas, de forma a construir e apreender mais facilmente os conceitos
matemáticos.

Este tipo de "tratamento" não possui um limite de tempo definido, pois depende de cada
caso. É importante que o aluno só deixe de receber atendimento especializado quando
readquirir a autoconfiança. Já o uso de remédios é apenas necessário para minimizar
possíveis sintomas associados, como distúrbios de atenção e hiperactividade.

Dislalia

A Dislalia, actualmente também designada por desvio fonológico, é um distúrbio da


fala, caracterizado pela dificuldade em articular as palavras, pronunciando-as mal,
omitindo ou acrescentando fonemas, tr0cando um fonema por outro ou ainda
distorcendo-os. A falha na articulação das palavras pode ainda ocorrer ao nível de
fonemas ou de sílabas.

Causas da Dislalia

Dislalia provocada por perturbações orgânicas


Dislalia Funcional

Características da Dislalia

Omissão de fonemas
Substituição de fonemas
Acréscimo de fonemas

Avaliação/Intervenção

Para que se possa averiguar se uma pessoa é mesmo dislálica e quais as


origens da sua Dislalia, é feita, inicialmente, uma pesquisa das condições físicas e da
mobilidade dos órgãos necessários à articulação das palavras, como o palato, os lábios e
a língua, assim como a audição nos aspectos da quantidade e qualidade (percepção)
auditiva, pois a Dislalia também pode ser provocada por uma má audição, o que leva a
pessoa a repetir sons que não são os reais.

Para que este distúrbio seja minimizado, é importante uma estimulação da


percepção auditiva, para que a criança ou o adulto possa identificar e corrigir a sua
emissão de fonemas, sílabas, palavras e frases.

[1] Sentido pelo qual se tem a percepção dos membros e dos movimentos corporais.

[2] Perda total ou parcial da função da palavra, como pode acontecer ao nível da
linguagem escrita.

[3] Células do sistema nervoso, cuja função principal é a transmissão de impulsos


nervosos, que são modificações de energia eléctrica ou química.

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Os problemas de aprendizagem

A Dislexia é vulgarmente diagnosticada entre os seis e os oito anos de idade, durante a


primeira fase da escolaridade. É nesta altura que se começam a verificar os primeiros
problemas de aprendizagem, que, muitas vezes, também podem ser sinais indicadores
deste distúrbio, tais como:
§ Dificuldades na linguagem oral;

§ Não associação de símbolos gráficos com as suas componentes auditivas;

§ Dificuldades em seguir orientações e instruções;

§ Dificuldades de memorização auditiva;

§ Problemas de atenção;

§ Problemas de lateralidade;

§ Dificuldades em aprender sequências, tais como a ordem dos dias da semana ou


dos meses do ano;

§ Dificuldades em distinguir as diferentes sílabas nas palavras e em identificar as


diferentes letras;

§ Dificuldades em aprender os números, com trocas frequentes das sequências


numéricas (por exemplo, escrevendo 27 em vez de 72).

Intervenção na sala de aula

As crianças portadoras do distúrbio da Dislexia têm uma maior necessidade de


acompanhamento constante, não só dos pais, mas também dos professores que a
acompanham e que são responsáveis por a sua aprendizagem.

Partindo do princípio de que não existe uma receita fundamental e universal que possa
ser usada dentro de uma sala de aula para a melhoria das capacidades de leitura e escrita
de uma criança disléxica, podem-se apontar algumas pistas de conduta facilmente
aplicáveis numa sala de aula, como:

1. Colocar o aluno numa das carteiras mais próximas do professor, para que este o
possa “vigiar”, de modo a captar-lhe a atenção e ajudá-lo nas suas dificuldades;

2. Eliminar possíveis focos de distracção (materiais desnecessários, janelas, colegas


desconcentrados, barulhos…);

3. Organizar os materiais de trabalho do aluno (organização do dossier, esquemas de


cores, pasta de arquivos de trabalhos realizados…);
4. Aulas de apoio individualizado a Língua Portuguesa (tendo em conta as
dificuldades mais relevantes apresentadas pelo aluno), e a Matemática, se se revelar
uma medida necessária;

5. Não excluir o disléxico do ambiente da sala de aula;

6. Elogiar e encorajar sempre que possível, encontrando pontos positivos;

7. Marcar menos trabalhos de casa;

8. Pedir respostas orais quando possível;

9. Quando tiver de ler palavras longas, ensiná-lo a dividir em sílabas, ajudando-o a


pronunciar correctamente as palavras;

10. Certificar-se de que ele percebeu tudo e se lembra das instruções;

11. Corrigir aspectos gramaticais, níveis de conteúdos e não a ortografia – sublinhar o


que está certo em vez do que está errado;

12. Rever com ele o alfabeto, os dias da semana e os meses do ano na sequência certa.
Ajudá-lo, também, a ver as horas.

Além de todas estas atitudes que podem ser tomadas dentro da sala de aula, há algumas
situações que não devem, de maneira nenhuma, ocorrer, tais como:

1. Pedir a uma criança com Dislexia para ler em público se ela mostrar desagrado;

2. Ridicularizá-la ou usar sarcasmo;

3. Fazê-la escrever o trabalho todo de novo;

4. Compará-la com os outros alunos da turma;


5. Corrigir todos os erros dos trabalhos escritos, pois pode ser muito desencorajador;

6. Pedir-lhe que mude a sua caligrafia.

Também é necessário ter em conta que uma criança disléxica apresenta determinadas
“restrições”, como:

1. Cansa-se mais depressa do que os outros porque precisa de uma maior


concentração;

2. Pode ler um texto correctamente mas não perceber o sentido;

3. Normalmente tem dificuldade em aprender uma segunda língua;

4. Pode omitir uma palavra, ou escrevê-la duas vezes;

5. Não pode tirar bons apontamentos porque não pode ouvir e escrever ao mesmo
tempo;

6. Lê devagar por causa das suas dificuldades, assim está sempre sob pressão;

7. Poderá provavelmente ser pessoalmente desorganizado – poderá ser distraído ou


esquecido, independentemente do quanto se esforce;

8. Parece apresentar dificuldades em seguir uma sequência de instruções.

O tratamento da Dislexia

Não existe cura para a Dislexia, ainda que crianças disléxicas sejam capazes de obter
boas notas. Estes alunos precisam de ser ensinados com métodos especiais adequados às
suas necessidades. Existem uma série de técnicas para ensinar uma criança disléxica.

Primeiro que tudo, quando aparecerem problemas na leitura e na escrita, tanto se se


tratar de atrasos simples na aprendizagem como se se tratar de um quadro de Dislexia
específica, convém dar segurança à criança, não lhe transmitir ansiedade, confiar nos
professores e, se for necessário e de acordo com a escola, receber o apoio de um
especialista.

A Associação Internacional de Dislexia promove activamente a utilização dos métodos


multissensoriais, e indica os princípios e conteúdos educativos a ensinar:

Método Multissensorial
Caracterização

Aprendizagem Multissensorial
A leitura e a escrita são actividades multissensoriais. As crianças têm que olhar para as
letras impressas, dizer, ou subvocalizar, os sons, fazer os movimentos necessários à
escrita e usar os conhecimentos linguísticos para aceder ao sentido da palavra.

Métodos Fonomímicos-Multissensoriais
Utilizam, simultaneamente, os diversos sentidos. As crianças ouvem e reproduzem os
fonemas, memorizam as lengalengas e os gestos que lhes estão associados, activando,
assim, em simultâneo, as diferentes vias de acesso ao cérebro. Os diversos neurónios
estabelecem interligações entre si, facilitando a aprendizagem e a memorização.

Estruturado e Cumulativo
A organização dos conteúdos a aprender segue a sequência do desenvolvimento
linguístico e fonológico. Inicia-se com os elementos mais fáceis e básicos e progride
gradualmente para os mais difíceis. Os conceitos ensinados devem ser revistos
sistematicamente para manter e reforçar a sua memorização.

Ensino Directo, Explícito


Os diferentes conceitos devem ser ensinados directa, explícita e conscientemente, nunca
por dedução.

Ensino Diagnóstico
Deve ser realizada uma avaliação diagnostica das competências adquiridas e a adquirir.

Ensino Sintético e Analítico


Devem ser realizados exercícios de ensino explícito da “Fusão Fonémica”, “Fusão
Silábica”, “Segmentação Silábica” e “Segmentação Fonémica”.

Automatização das Competências Aprendidas


As competências aprendidas devem ser treinadas até à sua automatização, isto é, até à
sua realização, sem atenção consciente e com o mínimo de esforço e de tempo. A
automatização irá disponibilizar a atenção para aceder à compreensão do texto.
Os pais, como pessoas que mais convivem com a criança disléxica, devem ser os
primeiros a tomar alguma atitude, de modo a procurarem ajudar o seu filho no combate
a este distúrbio. Como tal, aqui ficam algumas pistas indicadas por psicólogos sobre
como os pais devem agir se tiverem um ou mais filhos disléxicos:

O que devem fazer


O que não devem fazer

§ Ler com o seu filho disléxico sempre que puder nos tempos livres, mesmo que ele
já seja adolescente. A criança precisa de todo o auxílio e encorajamento, pois só a
persistência e o treino a levarão a um nível de leitura satisfatório.

§ Mostrar interesse nas notas da escola e no trabalho de casa da criança e ajudá-la


nessas tarefas – este seu filho precisa de mais apoio que os outros.

§ Tentar arranjar versões filmadas em vídeo dos livros necessários às lições de


português e encorajar a criança a ver e apreciar peças de teatro ou espectáculos falados,
ao vivo ou que passem na televisão ou rádio.

§ Estabelecer uma boa relação com os professores do seu filho, assegurando-se de


que eles têm consciência das necessidades especiais da criança, e articular com eles um
trabalho conjunto de apoio ao seu filho.

§ Elogiar todas as realizações ou melhorias de aprendizagem. Não deixar de apreciar


mesmo as mais simples, como marcar correctamente os números do telefone e/ou
escrevê-los na agenda.

§ Ajudar a criança que tem dificuldade em distinguir a esquerda da direita – por


exemplo, colocar a campainha da bicicleta no lado direito do guiador, lembrando-lhe
que deve guiar pelo lado da “campainha” na estrada.
§ Não ralhar com a criança se ela tiver dificuldades em apertar os atacadores dos
sapatos ou dar o nó numa gravata – a melhor atitude consiste em encorajar as tentativas
e reforçar os sucessos.

§ Não perder a paciência se a criança tiver dificuldade com o calendário, ajudando-a


a compreender as semanas e os dias, sendo criativo e usando imagens, cores e,
sobretudo, a imaginação.

§ Não mostrar favoritismo em relação aos irmãos e irmãs “normais”.

§ Não arrastar a criança de um médico para outro em busca de constantes “segundas


opiniões”, que podem ser perturbadoras, nada adiantam e, sobretudo, podem atrasar
muito o início ou o evoluir favorável de um processo terapêutico que será prolongado –
muitas vezes, dura tanto tempo quanto o da educação escolar da criança. Por isso,
ganhar confiança num médico, colaborar e não desistir são as melhores atitudes.

Famosos disléxicos
A Dislexia, essencialmente caracterizada pela dificuldade em ler e escrever, tem sido
muitas vezes erradamente interpretada, como um sinal de baixa capacidade intelectual.
Muito pelo contrário, muitos disléxicos conseguem, em certas áreas e em certos
momentos da sua actividade, uma performance superior à média do seu grupo etário.

Como prova viva deste facto, temos as inúmeras personalidades do


conhecimento geral que, embora portadoras deste transtorno, singraram em alguma área
específica. Poderíamos enumerar todas elas, porém escolhi apenas algumas que
poderiam impressionar mais, pois os seus feitos e as suas capacidades não denotam a
existência da Dislexia nas suas vidas.

Agatha Christie
Albert Einstein
Alexander Graham Bell
Anthony Hopkins
Beethoven
Bill Gates
Cher
Galileu Galilei
John Lennon
Júlio Verne
Leonardo da Vinci
Louis Pasteur
Mozart
Steven Spielberg
Thomas Edison
Tom Cruise
Walt Disney

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