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Introdução
Talcott Parsons foi um dos responsáveis por dotar a sociologia de uma posição
de destaque na comunidade académica norte-americana. Trabalhando num período
histórico muito conturbado, Parsons contrariou a tendência seguida pelos seus
conterrâneos e passou a dedicar todo o seu esforço na fundação de uma base teórica
consistente que pudesse conferir um status verdadeiramente científico à sociologia do
seu país, que até então marcada pelo empiricismo, dispersão e por uma certa
superficialidade.
Aqui encontramos uma influência de Durkheim, pois este autor foi também
motivado pelo ideal de superação da crise moral e política que se vivia na Europa no
final do século XIX.
Esta relação do todo e das partes que o compõem, certamente encontra uma
referência no pensamento de Durkheim, quando este define que os fenómenos sociais
encontram uma receptividade na própria constituição orgânico-psíquica do indivíduo.
Parsons afirmava que nas obras destes autores (à excepção de Freud) havia uma
certa convergência. As obras destes autores têm uma relação efectiva com a teoria da
acção e, de certa forma, existe nelas um sistema teórico comum - o voluntarismo. Esta
convergência de pensamento fez com que Parsons reinterpretasse as obras daqueles
autores, o que levou a um novo pensamento - a Teoria Geral da Acção.
Ainda em Weber, Parsons interessou-se pela tese que ele escreveu sobre as
origens do capitalismo e pela relação que estabeleceu sobre a religião, entre valores,
práticas e crenças.
2
Rocher, Guy, Sociologia Geral, p.42
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Segundo Durkheim, a Solidariedade Orgânica é uma característica das sociedades capitalistas, onde,
através da divisão do trabalho social, os indivíduos tornam-se interdependentes, garantindo, assim, a
união social, mas não pelos costumes, tradições etc. Os indivíduos não se assemelham, são diferentes e
necessários, como os órgãos de um ser vivo. Assim, o efeito mais importante da divisão do trabalho não é
o aumento da produtividade, mas a solidariedade que se gera entre os homens.
essas decisões como o efeito parcial de certos tipos de constrangimentos normativos
e situacionais.
Essas acções não seriam totalmente pré-definidas e os actores sociais, nas suas
interecções diárias, desempenhariam um papel activo na formação dos valores comuns
que os unificam e tornam-se possível a organização social.
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O sistema das sociedades modernas p.15
os outros actores - estão mediadas e definidas por um sistema de símbolos
culturalmente estruturados e compartilhados"5.
A primeira classe seria a dos objectos sociais, composta pelos actores, que
poderiam ser qualquer outro actor individual (alter), o actor em si mesmo quando o seu
ponto de referência é ele mesmo (ego), ou a colectividade.
A segunda classe seria constituída pelos objectos físicos, que não interagem, são
incapazes de responder ao ego, mas que são alvos das suas orientações, ou seja, esses
objectos seriam os meios e condições necessárias à acção.
Assim sendo, identificamos que a unidade elementar dos sistemas sociais são as
acções orientadas dos indivíduos em relação a objectos específicos numa dada situação.
Guy Rocher no seu livro Talcott Parsons et la Sociologie Américaine diz que
podemos distinguir três níveis de análise no uso do termo sistema. O primeiro é o do
esquema conceitual da teoria geral da acção, composto por quatro subsistemas:
adaptação (adaptation) prossecução de objectivos (goal attainment), integração
(integration) e latência (part maintenance/latency) Este é o nível de análise mais
abstracto, mais geral.
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sistema das sociedades modernas, p.22
acção total. A esse sector de um sistema de interrelação, chama-se papel. É através da
actuação dos seus diferentes papéis que cada indivíduo se transforma em actor.
As colectividades podem ser entendidas como teias de papéis que se tecem umas
às outras à volta de certos valores ou ideias.
Parsons considera toda a acção como uma totalidade do "unit-act", não sendo
nem simples nem isolada. Para os fins da teoria da acção, o acto-unidade (unit-act) é a
unidade concreta mais reduzida que se pode conceber. O acto é um conjunto
diferenciado de factores interrelacionados que compreende um actor, um objectivo e
uma situação.
Esta situação, onde se inicia e se dá o acto, é composta por sua vez por dois
elementos interrelacionados: as condições, sobre as quais o actor não tem qualquer tipo
de controle, e pelos meios, que o actor pode controlar.
Para Parsons, a acção humana está situada entre duas realidades de "não acção"
que a condicionam: o meio ambiente físico e o meio ambiente simbólico ou cultural,
sendo este último aquilo que dá à acção humana um significado específico na medida
em que ela se reveste de um carácter simbólico e normativo.
Os sistemas de acção estruturam-se em volta de três focos integrativos que são o
actor individual ou sujeito-actor, o sistema interactivo e o sistema de pautas culturais.
Estes sistemas de acção requerem, por sua vez, uma condição de estrutura (composta
pelos modelos normativos ou pelas variáveis estruturais que têm esse papel), por uma
noção de função7, ou seja, pelos pré-requisitos funcionais e também pelos processos do
próprio sistema.
Parsons diz ainda que existem quatro funções em todo o sistema de acção, cada
uma existindo especificamente para responder a uma necessidade do sistema. Estas
funções só poderão ser satisfeitas se existirem funções correspondentes, a que Parsons
chama pré-requisitos funcionais. Estes pré-requisitos funcionais do sistema social são
cumpridos por meio dos papéis.
No que se refere aos processos, Parsons afirma que o sistema de acção não é
estático, estando sim em movimento precisamente por causa destes processos. Daqui
surge-nos a noção de equilíbrio. Em teoria, o conceito de equilíbrio tem uma referência
normativa. Desde que a estrutura do sistema social consista numa cultura normativa
institucionalizada (como é o que Parsons pretende) a manutenção destes padrões
normativos constitui uma referência básica para analisar o equilíbrio do sistema, o seu
desequilíbrio, mudança estrutural, etc.
Por outro lado, Parsons afirma que o sistema social está em constante actividade
- a dinâmica do equilíbrio social - querendo com isto dizer que o movimento faz parte
da própria natureza do sistema social.
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Parsons diz que a noção de função diz respeito a um conjunto de actividades destinadas a responder a
uma necessidade do sistema, enquanto sistema.
Para Parsons, a noção de equilíbrio permite observar melhor os desequilíbrios
permanentes na relação actor-situação, tal como possibilita analisar de forma mais
correcta os processos que acarretam estes desequilíbrios.
Assim podemos concluir que, para Parsons, a sociedade mais não seria que um
sistema de valores e que este sistema de valores seria totalmente integrado, na medida
em que considera a integração como a função social por excelência e os valores comuns
como sendo a condição da integração.
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Maria Stock, TAS
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PARSONS, Talcott, The Social System, El Sistema Social (trad. castelhana), Revista de Occidente,
Madrid, 1979, p.22.
Isto seria basicamente o essencial da Sociologia de Parsons, que o autor define
como sendo "a ciência que procura desenvolver uma teoria analítica dos sistemas
de acção social (que implica uma pluralidade de actores mutuamente orientados
para a acção recíproca), na medida em que estes sistemas podem ser entendidos
em termos de propriedade da integração de valores comuns"10.
Este processo de aprendidazem ocorre durante toda a vida do indivíduo por meio
de um complexo processo de socialização que resulta na construção dos indivíduos
como membros da sociedade.
Os críticos de Parsons
Conclusão