Professional Documents
Culture Documents
Descrição:
A história de Héber Soares, um médium que fazia operações, e curava
pessoas com doenças que a medicina dizia não ter. Mas que deixou de
operar e abandonou a mediunidade quando teve um encontro com
Jesus.
Página | 1
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
CAPÍTULO I
Página | 2
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
— Será que ela ainda está viva? Héber ouviu alguém perguntar.
Foi para casa. A noite chegou e ele se recolheu aos seus aposentos.
Tentou dormir, mas não conseguiu. Tinha a sensação de estar sendo
vigiado. Haveria alguém no quarto? Um calafrio lhe correu pelas costas.
Respirou fundo e resolveu encarar de frente fosse quem fosse. Virou e viu:
era uma menina. Seria a mesma que ele atropelara, ou tratava-se de uma
terrível alucinação? Havia ainda a possibilidade de ser uma manifestação
espiritual...Não teve tempo para discernir: começou a debater-se no chão.
Fora de si, mordia seu próprio corpo e gritava horrendamente. Tais gritos
acordaram os pais que, apavorados, invadiram o quarto.
— Não seria melhor um médico? Pode ser muito grave e a gente não
pode perder tempo, argumentou o pai sem muita certeza do que deviam
fazer.
Página | 3
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
O velho retrucou:
— Não posso. Essa missão vem de Deus. E eu não posso tirar o que
Deus deu.
A esta altura, Héber já estava voltando a si. Sentiu que havia algo
estranho e amedrontador no ambiente. “O que será que me aconteceu?”
pensou.
— Seu filho tem três alternativas: ou ele segue essa bela missão e
ajuda a milhares de pessoas, ou acabará louco, ou ainda porá fim à vida
através de um suicídio.
Página | 4
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
CAPÍTULO II
Ele não tinha a resposta, mas de uma coisa sabia: havia nele um
desejo subconsciente de morrer. Sentia-se fortemente atormentado e,
quando se entregava a devaneios e prostituição, estava apenas
manifestando seu desejo mórbido de gastar-se, como se o uso do seu
corpo pelas prostitutas fosse capaz de consumir-lhe a vida, à semelhança
de uma pedra-pomes que, pelo muito atritar, desgasta e desaparece.
Página | 5
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Página | 6
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
— Este rapaz tem uma missão maravilhosa. Ele vai curar milhares
de pessoas. Pouca gente há no mundo com uma missão tão bonita. Só que
quando falarem isso pra ele, vai recusar.
Página | 7
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
— Meu filho, eu vim até aqui para conversar com você. Ouça-me por
um pouco. Você já imaginou quantos milhares de pessoas poderiam se
beneficiar com a sua missão? Elas são pobres. Não podem pagar os
médicos. Você poderá curá-las, tão-somente se entregue à missão que lhe
está determinada cumpri. Filho, no Astral há médicos que podem fazer uso
de você para curar toda sorte de enfermidades. Entregue-se, filho.
Mas ele reconhecia que não suportaria aquilo por muito mais tempo
e imaginava que, do ponto de vista dos espíritos, a questão seria: “até
quando esse rapaz vai ser desobediente?”
Página | 8
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
CAPÍTULO III
E outro:
O desespero era tanto que ele nem conseguia mais dormir sozinho.
Todas as noites, duas ou três pessoas se revezavam dormindo ao lado da
sua cama. Só aí se pode perceber que não há nada mais concreto neste
mundo do que o medo do abstrato. E naquela luta ele sofria a dor de
perder o seu eu, pois a cada dia crescia a sensação de que alguém estava
Página | 9
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Por aqueles dias, ele amanheceu com febre. Ninguém sabia o que
era aquilo, e o rapaz não podia deixar o leito. Estava terrivelmente abatido.
Quando o levaram ao hospital, o diagnóstico acusou apêndice supurado.
Foi um corre-corre. Como o médico garantiu a urgência da operação, os
Página | 10
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Página | 11
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
CAPÍTULO IV
Página | 12
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Página | 13
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
COMO TRABALHA
Página | 14
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
ENTIDADES
INÍCIO
UM CASO IMPRESSIONANTE
Página | 15
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
esposo, não cessa de dar graças a Deus e pedir a sua proteção para o
jovem médium.
OUTROS CASOS
O menor Carlos, filho do Sr. Gilson Cabral, tinha uma carne crescida no
olho esquerdo. Seu pai levou-o a Héber. A equipe médica do Astral operou-
o e hoje não mais exibe a excrescência ocular.
CAMPANHA
Página | 16
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
CAPÍTULO V
Página | 17
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
aquele? Qual seria a sua fonte? Eram perguntas que ficavam no ar sem
nenhuma resposta.
Página | 18
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
CAPÍTULO VI
Página | 19
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Deixou de ser surpresa para Héber o fato de ler seu nome nos
jornais cariocas, muitas vezes em grandes manchetes de primeira página.
Uma delas tinha o seu lado engraçado apenas por causa de um detalhe que
o jornalista não deixou de registrar: é que o paciente tinha alguns escudos
do Vasco incrustados nos dentes. Foi assim que O Dia documentou a cura
do torcedor vascaíno:
Após ter sido desenganado por três médicos, que não conseguiam
diagnosticar seu mal, João Ferreira da Silva, o Cartola, torcedor fervoroso
do Vasco da Gama, procurou o parapsicólogo amazonense Héber Almeida
Soares e obteve cura conforme nos disse ontem.
Página | 20
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Saiu chutando pedras. Ah, que raiva! Foi somente em casa, depois
de muita reflexão, que resolveu criar novo ânimo e não se render ao
primeiro obstáculo. “Essas coisas têm que ser resolvidas mesmo é com o
dono da companhia. Falar com subordinado é o mesmo que nada. E eu não
me chamo Héber se não conseguir chegar ao mandão lá de dentro”, decidiu
com veemência.
Página | 21
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Mesmo assim, qualquer coisa naquele moço fez com que o velho
retrocedesse.
Vitória! Ele sonhara com essa possibilidade, mas agora... mal podia
acreditar! Com um gesto, ao mesmo tempo forte e íntimo, o experiente e
bem sucedido empresário fez sinal ao rapaz para que o seguisse.
Página | 22
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
fábrica, ainda pequena, quando esta era apenas o ideal de um homem tão
sonhador quanto ele.
CAPÍTULO VII
Pego de surpresa, Héber respondeu sem rodeios, pois viu que não
tinha mais tempo para encompridar aquela prosa:
Página | 23
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
— Bem... eu fico muito agradecido. Mas acho que seria difícil para
mim. O senhor sabe, eu não tenho nenhuma ajuda do jornal para viajar até
lá, e mesmo que eu diga que já falei com o senhor, quem vai acreditar
nessa história?
Foi uma longa espera até que ele visse o mesmo carro que entrara
na fábrica parar diante do aeroporto. Viu quando o velho desceu
acompanhado do secretário que lhe carregava as malas. Com um ar
despreocupado, o homem esperou que seu secretário se desvencilhasse
das bagagens e dos bilhetes. Feito isto, o industrial entrou para a sala de
espera. Héber tratou de marcar o seu bilhete imediatamente, mas achou
melhor não entrar na sala. E, uma vez vinda a ordem do embarque, foi
propositadamente, o último a entrar no avião.
Página | 24
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Héber teve que retornar mais uma vez à sala de espera e, só depois
de duas horas, foi convidado a entrar no gabinete da presidência. E, diante
do mesmo diretor que há pouco o desiludira, o velho lhe disse:
Página | 25
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Héber não podia ver onde é que ele entrava nesta história toda, já
que não conhecia nada na área de administração de empresas. O que teria
ela a ver com uma dificuldade como aquela? Por acaso, o velho pretenderia
recorrer aos seus poderes mediúnicos para escolher um novo gerente? Ou
será que essa confissão veio da necessidade que aquele homem de elevada
posição tinha de compartilhar seus sofrimentos e perdas? A Héber era
impossível avaliar as razões daquele velho e experiente empresário. E foi
realmente muito assustado que ouviu aquela frase à queima-roupa.
Página | 26
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
— De mim?
Página | 27
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
CAPÍTULO VIII
Página | 28
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Página | 29
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
CAPÍTULO IX
Foi com sincera tristeza que Héber recebeu a notícia de que o velho
empresário havia adoecido. Ele habituara-se a vê-lo forte e decidido na
cabeceira da mesa de reuniões da diretoria. Gostava de almoçar com ele e
aprender com a sua experiência. Enfim, o velho era um verdadeiro amigo.
A morte do industrial veio como um golpe. Ao contrário do que se
imaginava, aquele foi um tempo de grande dor e sofrimento para o rapaz.
Para Héber era o fim. Ele sabia quanta inveja lhe consagravam os
demais diretores. O ambiente se tornou hostil. Uma noite, vendo que não
havia mais lugar para ele na fábrica, redigiu uma carta demitindo-se da
companhia.
Em meio a tudo isso, uma outra notícia veio abalar seus nervos: a
mulher com a qual ele vivia também o traíra e abandonara. Sua renúncia
formal da diretoria da empresa mais o afastamento da mulher fizeram dele
um homem desiludido e angustiado. Viu-se presa de uma terrível tensão
nervosa. Com a separação da mulher, perdeu grande parte dos seus bens,
pois o seu gênio comercial não conseguiu fazer dele um machão.
Página | 30
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Por esse tempo, ele apaixonou-se. Rita lhe parecia doce a amiga. Os
dois descobriram um ponto comum que os aproximou de imediato: o
desemprego. Rita era formada em Direito mas, como ele, não conseguia
encontrar trabalho. Através daqueles primeiros contatos, nasceu uma
grande amizade. Ele sentia um suave bem-estar nos momentos em que
Rita estava por perto.
Até então, Rita não tinha tido sequer a sorte do marido. Continuava
desempregada. E foi motivada pelo desespero que começou apelar para a
macumba. Havia chegado à conclusão de que os espíritos que atuavam no
marido não podiam fazer absolutamente nada por ela. Afinal, por que
razão o esposo teria ficado tanto tempo sem trabalho. Os espíritos podiam
ou não podiam? Ou será que não queriam?
Na verdade, ela achava que havia uma total ausência de paz nos
olhos sempre inquietos do marido. Ou então, era exatamente o oposto:
quando estava em transe, seu olhar era mórbido e gelado, parecido com o
que vira numa foto do médium Chico Xavier.
Página | 31
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
CAPÍTULO X
Página | 32
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
desejaria ouvi-la com paciência e, ainda por cima, teria uma palavra de
Deus para ela?
— Vou ficar no carro. Vá sozinha. Acho até melhor: você ficará mais
à vontade.
Página | 33
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
encontro. Sua aflição era tão grande que Rita esqueceu de mencionar
esses fatos. Apenas falou da sua profunda angústia.
— Achei paz. Achei amor. Achei verdade, Héber. É disso que você
também está precisando, meu querido. É disso! Falou.
Página | 34
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
CAPÍTULO XI
Página | 35
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
— Pastor, mas então você não sabe com quem estava falando?
Aquele homem é uma das maiores autoridades em fenomenologia espírita
no Brasil, disse o presbítero.
— O Héber diz que uns espíritos do além tomaram conta dele e que,
quando eles se manifestam, ele não se lembra de nada. Só que eu, a essa
altura do campeonato, nem sei mais se acredito. Veja só: se são reais,
nunca nos ajudaram a sair dos nossos problemas.
Rita concluiu:
Página | 36
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
— Bom, disse, este mesmo Jesus, cuja palavra tem que ser
respeitada e crida, ele mesmo afirmou que a Bíblia é a Palavra de Deus.
Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a
sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem
feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem
consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao
Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança de diante de
ti.”
— “Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou
a sua filha”.
Página | 37
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Ele concluiu a leitura na parte que diz: “... pois todo aquele que faz
tal coisa é abominação ao Senhor.”
Página | 38
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Héber não ficou contente com esta resposta. Argumentou que “tudo
o que os espíritos diziam e faziam eram coisas que só entidades falecidas é
que poderiam saber”. Tomei novamente a palavra e disse:
Página | 39
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
que todos saibam quem tu és.” Depois dessa ordem, os espíritos do além
diziam: “Eu sou demônio e estou aqui para enganar.”
Página | 40
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Página | 41
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
CAPÍTULO XII
— Não desanime, Héber. Eles vão tentar resistir. Não vão entregar
os pontos facilmente. Mas você não deve temer. A Bíblia diz, em Tiago 4:7,
o seguinte: “resisti ao diabo e ele fugirá de vós”.
Página | 42
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
— Foi por sua causa que eu me tornei espírita. Como é que você me
abandona?
— Meu filho, você trouxe luz ao nosso caminho. Não nos deixe
sozinhos.
Página | 43
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Foi por isso que, certa noite, após uma reunião de oração na casa
de meu pai, eles manifestaram o desejo de receber uma oração específica
sobre a esterilidade de Rita. Meu pai impôs as mãos sobre ela, pedindo ao
Senhor que, assim como fizera a Ana (de acordo com a narrativa do
primeiro capítulo do primeiro livro de Samuel), também operasse a sua
graça sobre Rita.
Depois desse livramento que Jesus lhe suscitou e à sua casa, a vida
do casal passou a correr tranqüila e sem maiores turbulências. O período
convulsivo havia terminado. Era como se o mar tivesse cessado o seu
rugido. Passou a tormenta e as ondas se acalmaram. A superfície
atormentada cedera a vez à bonança. O Senhor “assim os levou ao
desejado porto”.
Página | 44
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
sua história. Por isso, ele não é um pregador. Ele simplifica demais os
fatos. No entanto, ele tem outros dons. Um deles ocupa, na minha opinião,
importantíssimo lugar na Igreja de Cristo. Trata-se da intercessão. Héber é
um homem que se deleita na oração. Às vezes, chega às raias do
pragmatismo e reduz toda e qualquer situação a um momento de oração.
Já tem havido casos nos quais temos estado, meu pai e eu, diante
desses espíritos ilustrados e, presumidamente de luz. Estes, geralmente,
se apresentam como um ser humano desencarnado que aqui estão
tentando ajudar e doutrinar os fiéis, além de estarem trabalhando no
desenvolvimento do médium. Acontece que, quando nós entramos no lugar
onde estão e perguntamos: “Qual é o teu nome? Fala, em nome de Jesus”,
a resposta que ouvimos é sempre a seguinte: “Eu sou demônio e aqui
estou para enganar”.
Página | 45
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
CAPÍTULO XIII
Página | 46
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Página | 47
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Ah! Como eu desejo que esta semente caia numa boa terra e
frutifique!
Página | 48
Nos Bastidores dos espíritos – Caio Fábio D’Araújo Filho
Deus o abençoe!
Página | 49