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RESENHA

Mauss, Durkheim e Van Gennep: um olhar sobre a antropologia


francesa do início do século 20.

DURKHEIM, Émile. “Introdução: Objeto da Pesquisa”, “Definição do Fenômeno


Religioso e da Religião”, “III. As crenças propriamente totêmicas”, “V. Origem dessas
crenças”e “Conclusão”. Em : Durkheim, E. As Formas Elementares da Vida Religiosa.
SP: Martins Fontes, 2000: v – xxvii, 3-32, 138 – 154, 166 – 188, 457 – 498.

DURKHEIM, Émile & MAUSS Marcel. “Algumas formas primitivas de classificação”.


Em: Rodrigues, J. A. (org.) Durkheim, Sociologia. SP: Ática, 1978: 183 – 203.

MAUSS, Marcel. “Ensaio sobre a dádiva. Forma e razão da troca nas sociedades
arcaicas”. Em Mauss, M. Sociologia e Antropologia. SP: Cosac & Naify, 2003:185-318
p. 37 a 184 do volume II.

MAUSS, Marcel & HUMBERT, Henri. “Esboço de uma teoria geral da Magia”. Em:
Mauss, M. Sociologia e Antropologia. SP: Cosac & Naify, 2003:49-184 ou p. 36 a 172
do volume I.

VAN GENNEP, Arnold. “VI. Os Ritos de Iniciação” e “X. Conclusões”. Em: Van
Gennep A. Os Ritos de Passagem. RJ: Vozes, 1978:70-103; 157-161.

Danilo Duarte Costa e Silva ¹

1 – Mestrando em Antropologia Social – UFRN

Mauss inicia o “Ensaio sobre a dádiva” apresentando poemas que


representam a questão da dádiva. Mauss apresenta o seguinte questionamento
como fio condutor de sua discussão:

“Qual é a regra de direito e de interesse que, nas sociedades de tipo atrasado


ou arcaico, faz que o presente recebido seja obrigatoriamente retribuído?”
Mauss desenvolve a pesquisa meio a um método comparativo (que o
Mauss considera preciso). Mauss comenta que desenvolve sua pesquisa em
área determinada: da Polinésia, Melanésia, Noroeste Americano e alguns
grandes direitos.

Mauss comentado que em nenhuma parte a obrigação de dar e receber


é mais notável que na polinésia. Em cima de tal comentário Mauss incial sua
análise do sistema de trocas (potlash) polinésio. Olhando para os sistema de
troca polinésio, o Mauss, comenta que sua análise das pesquisas polinésias o
mesmo foi mais adiante do que o sistema de prestações totais atribuídos a
economias nativas, apresentando a forma de potlash presente na economia
local. Mauss comenta sobre o espírito da coisa dada “Maori” que demonstra o
valor espiritual da “coisa trocada”. Mauss apresenta a questão da obrigaçã ode
dar e receber em tais sociedades. Mauss mais adiante apresenta a relação de
presente dados aos homens e presente dado aos deuses, demonstrando que
existe uma relação de troca, até mesmo em relação aos assuntos espirituais,

Mauss apresenta a chamada “regra da generosidade” na sociedade


Andamanesa. Mostrando a obrigação de dar e receber nesta sociedade. Mauss
desenvolve seu comentário e apresenta uma análise do trabalho do Malinowisk
acerca do kula. Mauss comenta que o kula é uma espécie de grande potlash.
Mauss, apresenta o detalhadamente o relação de troca entre os chamados
vaygu’a (braceletes e colares). Após apresentar o detalhamento do kula o
Mauss apresente outras sociedades Melanénias, como a região sul da
melanésia (Fiji).

Mauss, após apresentação de trabalhos realizados nestas regiões


(Melanésia e Polinésia) parte então para a apresentação do Noroeste
Americano. Neste (Noroeste Americano) Mauss, mais uma vez, expõe
exemplos de trabalhos realizados em que o potlash é presente. Mauss
apresenta, em meio a exemplos, quatro formas de potlash americano: 1º
potlash em que as fratias e as famílias dos chefes são os únicos ou quase os
únicos em causa; 2º um potlash em que fratias, clãs, chefes e famílias
desempenham aproximadamente o mesmo papel; 3º um potlash entre chefes
que se enfrentam por clãs; 4º um potlash de chefes e confrarias.
O Mauss comenta que a essência do potlash é “dar” e parte então para um
primeira conclusão do seu trabalho, onde:

“esse principio troca-dádiva deve ter sido o das sociedades que ultrapassaram
a fase da “prestação total”, mas que ainda não chegaram ao contrato individual
puro, ao mercado onde circula o dinheiro, à venda propriamente dita e,
sobretudo, à noção de preço calculado em moeda pesada e reconhecida
(MAUSS, 2003, p. 264)”

Mauss, após chegar a uma primeira conclusão, parte então para tentar
demonstrar que a moral e as trocas praticadas pela sociedades hoje
conservam vestígios de todos os princípios “arcaicos”.

Mauss parte então para uma exposição do direito romano antigo, do direito
indu clássico, direito germânico, direito céltico e por fim o chinês.

Posterior a tal apresentação Mauss parte para a conclusão final do trabalho,


nele Mauss comenta sobre a totalidade do empredimento apresentado,
fazendo menção ao “fato social total”, onde, de forma holística os aspectos
influenciados pelo potlash se configuram e para tanto é necessáiro um olhar
total sobre o empredimento. Em meio ao referido, Mauss apresenta um breve
reflexão que envolve até a clássica história do Rei Arthur, demonstrando que
os princípios presentes na dádiva vem como uma proposta relevante em meiao
a um mundo atual caracterizado por um individualismo nato.

O fato social total apresentado pelo Mauss em parte da conclusão do


texto, no remete a um olhar holístico, que envolve os mais diversos aspectos.
Olhando em meio ao referido para um outro aspecto do social, Mauss,
apresentam nos texto “Esboço de uma Teoria Geral de Magia” um olhar
sobre a questão da Magia. De inicio Mauss comenta a respeito de trabalhos
relativos a Magia. Mauss apresenta um definição inicial de magia como sendo:

“todo rito que não faz parte de um culto organizado, rito privado, secreto,
misteriosos e que tende no limite ao rito proibido(MAUSS 2003, p 61)”

Em meio ao referido Mauss parte então para comentar acerca dos


elementos da magia. Mauss comenta acerca dos elementos da magia: os
mágico, os atos e as representações. Em relação ao mágico Mauss define
mágico, como o agente dos ritos mágicos (MAUSS 2003, p. 63). Mauss de
incio comenta a respeito das qualidades do mágico e sua iniciação a sociedade
mágica. Mauss comenta que para alguém se tornar um mágico é necessário a
revelação, a consagração e a tradição. A iniciação como mágico produz os
mesmos efeitos que outras inciações, ela determina uma mudança de
personalidade que se traduz, eventualmente, em mudança de nome. Um fato
nesta altura importante para se comentar é a questão da sociedade de
mágicos, na qual, o mágico participa (indo de encontro ao que o Durkheim
apresenta em “Forma elementares da vida religiosa” onde afirma que a magia é
algo eminentemente individual e que a diferença para Durkheim da magia e
religião estaria ligada a questão da coletividade da segunda em relação ao
individualismo da primeira) Um segundo aspecto comentado pelo Mauss em
relação aos elementos da magia (alem do mágico) são os atos da magia. Para
Mauss os atos do mágico são os ritos, Mauss comenta inicialmente a respeito
da condição dos ritos, para o autor para a ocorrência do rito são necessárias
condições específicas de tempo e lugar, dentre outras particularidades
necessárias a execução do mesmo, não sendo feito de qualquer forma. A
natureza dos ritos é um outro aspecto desenvolvido pelo Mauss em relação aos
atos. Para o autor os ritos são divididos em manuais e orais. Em relação aos
ritos manuais, para o autor, são os ritos que mais se apresentam como tendo
um caráter mágico, para o autor o simbolismo presente em tais ritos, são
características inerentes aos mesmos. Os ritos orais por sua vez embora são
pronunciados seguindo uma certa seqüência, entretanto, não existe apenas um
tipo de rito desta natureza. O terceiro aspecto dos elementos da magia são
suas representações. Mauss comenta que as práticas mágicas não são vazias
de sentido, pelo contrário elas correspondem a representações, geralmente
muito ricas que constituem o terceiro elemento da magia, ou seja, todo rito é
uma espécie de linguagem e o mesmo traduz uma idéia. Mauss divide as
respreentações em pessoais e impessoais. Olhando para as impessoais as
mesma são separadas em abstratas e concretas. As primeiras abstratas, o
Mauss classifica como as leis da magia, dentre as quais o autor apresenta a lei
da contigüidade (indentificação da parte com o todo), lei da similaridade (onde
o semelhante invoca o semelhante e o semelhante age sobre o semelhante) e
a lei da contrariedade (onde o contrário é expulso pelo contrário). Alem da
representações impessoais abstratadas, o Mauss apresenta as representações
impessoais concretas. Neste ponto o Mauss comenta que o pensamento
mágico, não pode viver de abstração, são necessárias coisas concretas.
Portanto as propriedades entram em cena para dar vida as representações da
magia. Observa-se que as leis não são vazias, elas se ultilizam de
propriedades para a sua realização. Propriedades estas que são as mais
diversas e que estão ligadas a um ato específico (para tanto são usados desde
amuletos até uso de animais, como no exemplo citado pelo Mauss do uso de
um papagaio em relação a alguém que tem a carência da fala). Alem das
representações impessoais (descritas em abstratas e concretas) o Mauss
apresenta as representações pessoais da magia, mais precisamente a
demonologia. Neste ponto o autor comenta a respeito da presença de seres
espirituais que atuam de forma direta para a eficácia do rito mágico. Mauss
apresenta uma primeira categoria de espíritos mágicos como sendo a alma dos
mortos, uma segunda categoria são os deminios propriamente ditos. Uma vez
apresentado o presente quadro de atos mágicos compostos por
representações, o autor parte para algumas considerações gerais e em meio
aos seus comentários o autor conclui tentanto estabelecer uma ponte entre a
magia e a religião, segundo o autor:

“se podermos mostrar que, em toda a extensão da magia, reinam forças


semelhantes as que agem na religião, teremos demonstrado com isso que a
magia tem o mesmo caráter coletivo que a religião. Não nos restará senão
explicar como essas forças coletivas produziram, apesar do isolamento em que
parecem se achar os mágicos, e seremos levados a idéia de que esses
indivíduos não fizeram senão se apropriar das forças coletivas. (MAUSS 2003,
p. 125).”

Mauss uma vez apresentado os elementos da magia, o autor parte então


para a análise e explicação da mesma. De inicio o autor comenta que seu
intuito é partir para um olhar acerca das forças coletivas que agem na magia
assim como na religião. Incialmente o autor parte para um olhar a respeito das
crenças. O autor comenta que a magia é por exelencia objeto de crenças. A
magia, como a religião é um bloco, ou nela crê ou nela não crê. Neste ponto o
autor comenta que há uma crença por trás da magia, a mesma não é
desenvolvida sem a presença da crença, por parte do mágico da sua eficácia.
O autor comenta que a crença coletiva na magia produz uma serie de
sentimentos e volições comuns a todo o grupo.

Mauss parte então para afirma que em seu levantamento de


representações mágicas ele observou que tanto os mágicos quanto os teóricos,
tentaram explicar a crença na eficácia do rito mágico (pelas formas da simpatia,
noção de propriedae e noção de demônio) e afirma que o nenhuma delas, por
si só foi suficiente para justificar a um mágico sua crença. De incio o Mauss
apresenta a contraposição a idéia que as formulas simpáticas bastam para
representar a totalidade de um rito mágico simpático. Mauss também afirma
que a noção de propriedade não explica, por si só, a crença nos fatos mágicos
e parte então para afirma que a teoria demonológica parece justificar melhor os
ritos que figuram os demônios, entretanto há limitações. Uma vez o Mauss
criticado as tentativas de explicações da crença do mágico ele parte então para
um olhar mais pessoal. Marcel Mauss então parte para introduzir a noção de
MANA. Para o autor MANA uma noção encontrada na Melanésia com esta
nomenclatura ver oferecer uma contribuição para a lacuna que ficou (da
ineficácia da explicação da crença na magia). Mauss desenvolve seu raciocínio
apresentado exemplos que a noção de mana é presente em uma diversidade
de civilizações (embora com outros nomes, como “orenda”). Para o autor o
mana é que produz o valor das coisas e das pessoas, embora, seja uma noção
abstrada. O autor comenta que a idéia de mana é caracterizada por uma serie
de idéias que se confundem uma com as outras, sendo ao mesmo tempo:
qualidade, substancia e atividade. Portanto, o Mauss parte então desta noção
para apresentar um explicação para a questão da crença da magia. Para o
autor esta noção (imprecisa e difícil de definir) é exatamente o elemento que
está contido, de uma forma ou de outra, em várias civilizações e que fornece a
base para o entendimento da dinâmica da magia.

Mauss parte então para comentar a respetiita da relação da forças


coletivas com a magia. Segundo o autor a magia é um produto das forças
coletivas e a idéia de mana é a expressão. Mauss parte para a conclusão
entendo que a magia é sim um fenômeno social, partido então para mostrar o
lugar da magia em meio a outros fenômenos sociais. Segundo o autor o
parentesco da magia está ligado a religião e as técnicas e a ciência. Mauss
comenta entretanto, que entanto a religião tende a metafísica, ou seja ao
abstrado, a magia tende ao concreto. Magia para o autor é antes de tudo a arte
do fazer. Mauss apresenta uma certa ligação da magia com a origem da
técnica e da ciência e comenta a respeito da sua contribuição para a algumas
ciências específicas. Mauss conclui afirmando que pensemos encontrar na
magia a forma primera de representações coletivas que se tornaram depois
fundmento do entendimento individual. Portanto, o autor comenta que seu
trablaho não se reduz a uma olhar acerca da sociologia religiosa e sim do
estudo das representeções coletivas. Mauss encerra seu artigo comenta
acerca do proveito do seu estudo para a sociologia uma vez que ele demotrou
como um fenômeno coletivo pode assuimir forças individuais. Indo em outra
vertente em termos de magia. Emile Durkheim comenta em “Definição do
Fenômeno Religioso e da Religião” que a magia é eminentemente individual
e tal fato seria o principal fator que a diferenciara da religião. Em termos de
religião Durkheim desenvolve a conceituação inicialmente comentando a
respeito das noções ligadas a religião. A priori Durkheim critica a noção
desenvolvida que leva a religião como sinônimo de sobrenatural, para tanto, o
autor contrapõe Spencer, Jevons, dentre outros, argumentando que até mesmo
no cristianismo, ouve períodos onde a noção de sobrenatural estava ausente.
Uma segunda noção de religião criticada pelo Durkheim é a definição de
religião ligada a divindade. Para Durkheim tal fato seria improvável, uma vez
que há religiões, como o budismo, onde a religiões esta separada da divindade.
Após contrapor estas duas definições, Durkheim vai para sua própria definição
de religião. Para o autor um primeiro aspecto que podemos enquadrar na
definição do método religioso é a questão do sagrado e do profano. Em cima
de tal temática, o autor, conforme levanta também a questão da coletividade
ligada a religião. Durkheim, conclui o capítulo apresentando uma definição
própria de religião, definição esta que está adequada ao enquadramento, feito
a posteriori, da religião ao totemismo. Em cima de tal fato, convém no presente
momento olharmos para um artigo desenvolvido em parceria com o Mauss que
descreve de forma apropriada a questão da classificação. “Formas Primitivas
de Classificação” é um artigo elaborado de forma conjunta do Marceu Mauss
como o Emile Durkheim. Neste artigo, de inicio há uma referencia ao sistema
australiano de classificação, onde segundo os autores, são os mais humildes
conhecidos. As fratias são as divisões básicas que estão presentes nas tribos,
todas as coisas estão divididas nesta classificação chamada pelos autores de
bipartida, ou seja, todas as coisas estão dispostas em duas categorias que
correspondem as duas fratias. Sendo a complexidade do sistema observada a
partir do olhar para a divisão de quatro classes matrimoniais. Uma vez
apresentado pelos autores estas divisões básicas eles partem para comentar a
respeito da sua generalização. Entretanto, os autores chegam a uma primeira
conclusão que embora não possam afirmar que tais sistema de classificação
(fratias, classema matrimoniais e clãs) estejam necessariamente presentes no
totemismo, todavia, eles observam uma estreita ligação entre o sistema social
e o sistema lógico. Maus e Durkheim então partem para um olhar acerca das
ligações dos sistema apresentado por eles com outros mais complexos.
Desenvolvendo sua linha de raciocínio os autores comentam que a ponte entre
este sistema simples e os sistemas mais complexos estão na relação que os
mesmos tem com a lógica. Ou seja, verifica-se uma espécie de “embrião”
presente na relação de tais sistemas, onde os mesmos remetem para o
desenvolvimento da ciência lógica. Durkheim também apresenta em “As
crenças propriamente totêmicas, capítulo III” detalhes acerca de sistema de
classificação e a noção de gênero. Em se artigo de inicio o Durkheim apresenta
a questão da fratia, dando exemplos acerca da classificação desenvolvidas
pelos nativos nas mesmas. O autor detalha a questão da dualidade das
mesmas e desenvolve a idéia com detalhes dos contrastes da classificação nas
fratias. Por exemplo a lua é classificada em uma fratia e o sol é classificado em
outro. Durkheim ainda comenta que todas as coisas de interesse para o nativo
são classificadas em uma ou outra fratia, sem distinção. Disto isto Durkheim
passa então para comentar a respeito da formação na humanidade da idéia de
gênero ou de classe. Conceituando gênero como o quadro exterior cujo
conteúdo é formado, em parte, por objetos percebidos como semelhantes e
classificação como sendo um sistema cujas partes estão dispostas segundo
uma ordem hierárquica. Durkeim, uma vez apresentado o conceito de ambos,
chega a uma conclusão onde a origem de ambas derivou da sociedade.
Durkheim apresenta posteriormente a questão do totem como vínculo
religioso que une as classificados no clã. Para o autor, em determinados casos,
podem existir também, alem dos totens, os subtotens. O Durkheim comenta
que os subtotens durante a histórias registros informam que os mesmos
chegaram a ser tornar totens. Durkheim desenvolve sua linha de raciocínio
com o fim de demonstrar os vínculos entre totens de clãs distintos trabalhando
com a idéia que o totemismo, assim como politeísmo grego, é um sistema
complexo que, embora exista uma certa autonomia em cada clã da prática da
sua religião, entretanto, há um relações mutuas que tornam o totemismo um
complexo religioso. Um dos momentos que demonstra estes vínculos é no
momento da iniciação. Olhando para iniciação Arnold Van Gennep apresenta
em “Ritos de Iniciação” características relacionados a iniciação do indivíduo
em relação a diversos aspectos (classes de idade, sociedade secretas, religião,
etc...). Van Gennep apresenta com detalhes tipos e etapas dos ritos voltados
para iniciação. Van Gennep inicia o artigo comentando a respeito da clara
diferença entre ritos de iniciação e a questão da puberdade. Segundo o autor,
não se deve confundir um com outro, uma vez que os diversos exemplos
apresentados pelo autor servem de argumento em relação aos aspectos
distintos de ambos. Uma vez deixado isto claro, Van Gennep parte para
comentar a respeito da circuncisão (o ato de cortar parte específica do penis)
desenvolvendo a idéia de tal ato em relação aos ritos de iniciação e fazendo
tambem uma coorelação com a questão da puberdade, argumentado em torno
das variações de idade na qual a mesma é realizada. Van gennep após
comentar a respeito da puberdade parte então para comentar a respeito das
iniciações nas sociedades totemicas. É interessante notar o comentários do
autor (p. 76) a respeito do fato do mesmo não considerar importante para as
finalidades do seu livro a questão relativas a origem dos custume (se
relacionado a uma difusão por emprestimo ou de forma independente). Dito isto
o autor parte então para comentar acerca dos detalhes de iniciação a
sociedades totêmicas. Van Gennep cita dos trabalhos de Howitt, Spencer e
Gillen, Roth e Mathews em relação a iniciação de grupos totêmicos na
Austrália. Citando Howitt a respeito dos Kurnai o autor apresenta a idéia de
separação do meio infantil e partida para uma nova etapa da vida, onde não há
retorno. O rito proporciona a separação do individuo do seu passado.
Comentando, a respeito das fraternidades mágico religiosas Van Gennep relata
a questão da necessidade de cerimônia de passagem, onde o mesmo é
introduzido na sociedade. Van Gennep mostra que, enquanto com os
autralianaos a separação se dá entre o indivíduo e sua mãe, em relação aos
Kwakiutle a separação está ligada a um espírito e a agregação a nova etapa da
vida se dá em meio a aquisição do espírito do clã. Depois de se deter nos
detalhes relativos a iniciação nas sociedades tometicas e fraternidades mágico-
religiosas Van Gennep parte então para apresentar a iniciação a religião dos
Sabeanos (religião fundada por João Batista (personagem Bíblico)) e a questão
da iniciação das sociedades secretas. Van Gennep comenta que o objetivo da
iniciação nas sociedades secretas tem fins distintos da iniciação as sociedades
totêmicas e fraternidades, pois nas sociedades secretas (da Oceania, com
execessão da Austrália e da África) os objetivos políticos e econômicos
(enquanto que nas sociedades tometicas e fraternidades o controle da natureza
seria o propósito).Em meio a tal realidade, entretanto, há semelhanças em
ambos os ritos. Van Gennep enfatiza em meio a descrição dos ritos de
iniciação a sociedades secretas que há uma caracterisitcas comum de:
separação, de margem e de agregação.

Van Gennep posterior ao relato do rito de iniciação a sociedaes


secretas, passa então para a descrição da iniciação as classes de idades entre
os Masai e posteiormente apresentando os ritos dos Wayo caracterizados por
um mixto de ritos de classes de idades e ritos de etapas e margens sucessivas.
Uma vez apresentado os exemplos de ritos de classes de idades e de etapas,
Van Gennep parte então para comentar a respeito do ritos de entrada no
cristianismo, no islã e nos mistérios antigos. Para o autor o cristianismo pegou
muita coisa emprestado dos mistérios egípcios, sírios, asiáticos e gregos,
sendo de acordo com autor, dificio compreender um sem levar em
consideração os outros. Van Gennep desenvolve uma crítica aos estudos que
deixaram de lado um exame mais cuidadoso da sequencia dos ritos oriundos
dos mistérios antigos (olhando para a influencia que os mesmos tem sobre o
cistianismo) e comenta que o propósito de seu livro como um todo é reagir
contra o procedimento folclorista ou antropológico que consiste em extrair de
um sequencia diversos ritos e consideram-nos isoladamente, tirando assim sua
principal razão de ser e sua situação lógica no conjunto dos mecanismos (p.
86). Disto isto Van Gennep parte então para comentar a respeito da definição
de mistéiro e apresenta uma definição pessoal ligada ao fato do mesmo (o
mistério) possibilitar a passagem do mundo sagrado para o mundo profano.
Van Gennep, parte então para apresentar ritos de iniciação ligados a
antiguidade onde posteriormente o autor faz uma ponte dos mesmos com o
batismo cristão. Para o autor por influencia dos cultos asiáticos, gregos e
egípcios dos cristãos, a comunidade dos cristãos, a principio uniforme, dividiu-
se pouco a pouco em classes que correspondem a graus de mistérios. Van
Gennep detalha e demonstra em meio aos detalhes a semelhança do ritual
cristão com os outros ritos. Após o relato do cristianismo Van Gennep passa
então para a questão das confrarias religiosas. Após citar o Islã e novamente
exemplos ligados ao cristianismo o autor parte para detalhar alguns ritos indus.
Van Gennep apresenta o exemplo da prostitutas sagradas. Van Gennep, logo
adiante, parte então para a apresentação da entrada as profissões. Para tanto
o autor cita o exemplo ligado aos Estados Unidos e parte para apresentar a
questão dos brâmanes. A ordenação do padre e do mago ocupa espaço
próximo ao final do capítulo, juntamente com o comentário acerca da
entronização do chefe e dos reis, a excomunhão e a exclusão e por fim o
período de margem, demonstrando que nos mesmos há uma suspensão das
regras (sendo em alguns casos introduzida a liberalidade sexual). Van Gennep
ao final do artigo emite um ponto vista pessoal em relação as teorias de
Schurtz e Webster. Van Gennep discorda de ambas e se vale da ordem na
qual classificou as diversas sociedades especiais para examinar os ritos de
iniciação, sendo baseados na distinção dos elementos, não no acaso, para
reforçar a sua crítica.

Um segundo texto do Van Gennep, de título, “Conclusões” apresenta


as considerações acerca de todo o seu livro. Van Gennep comenta a respeito
das classificações na qual são organizados os indivíduos e para passar para
outras classificações tem que submeter-se a cerminonias diversas. Van
Gennep comenta que há duas grandes divisões primárias, tendo ou base
sexual ou mágico-religiosa. O autor comenta que o objetivo do presente livro
não são os ritos em si, mas sim seu significado e sua sequencia. Em meio ao
referido o autor justifica o fato dos detalhes minuciosos dos ritos apresentados
(tanto de separação, como de margem, como de agregação). Um segundo fato
relevante comentado pelo autor é a existência de margens e um terceiro é a
questão da passagem material relacionada a idéia de passagem, ou seja,
existem casos que literalmente por algo material como um pórtico ou uma
porta. Van finaliza o texto apresentando uma correlação dos ritos com aspectos
do cosmos. Enquanto o Van Gennep, desenvolveu seu artigo com base em
vários exemplos o Emile Durkheim, em “Introdução: Objeto de pesquisa”
trabalha com a idéia de se entender o fenômeno religioso a partir de um único
exemplo que satisfaça dois critérios: o de tal religião está presente em
sociedades o mais simples possível e da não necessidade de se voltar para
outra religião para explicar a que se pretende estudar.

De inicio o Durkheim apresenta a intenção do presente livro de estudar a


religião mais arcaica. Durkheim comenta que para tanto, colocou dois critérios:
a presença da mesma em uma sociedade primitiva e o não uso de elementos
de outras religiões para explicar-la. Em meio ao referido, entretanto, Durkheim
apresenta a questão do vinculo do propósito de tal estudo (por causa do
positivismo inerente a sociologia) com relações para o homem de hoje.

Durkheim se justifica em optar pela escolha de uma religião primitiva


para o estudo da religião afirmando que tal fato se deve a razões de método.O
Durkheim passa então para falar acerca da noção de tempo. Para o autor a
construção da noção de tempo se deu a partir da sociedade, uma vez que sem
a mesma o se desenvolvimento seria improvável. Uma segunda noção que o
autor faz a relação com a sociedade é o espaço. Para o autor o espaço tem
sua origem de forma similar na sociedade. Durkheim, logo de inicio deixa
“escapar” que o presente livro chega na conclusão que o pensamento
religiosos tem sua origem no social e parte para demonstrar, através de
argumento que perpassam a filosofia (como o ponto de vista dos apriorista em
relação a noção de categoria) que também a noção de categoria tem sua
origem mais provável no social. Para pensar um pouco mais acerca da origem,
Durkheim apresenta em “Origens destas crenças” detalhes acerca de como
surgiu o totemismo. Inicialmente o autor apresenta as teorias que comentaram
a respeito do fato. Uma primeira teoria comentada pelo autor é a teoria que liga
o surgimento do totemismo a uma forma de culto dos antepassados. Durkhem
citando o Tylor e o Wilken apresenta e contrapõe este primeiro ponto de vista.
Jevons é um terceiro autor citado pelo Durkheim que apresenta uma outra
teoria para origem do totemismo. Para Jevons o totemismo teria se originado
como resposta ao desconhecido. Durkheim de forma semelhante ao que fez
com o Tylor e Wilken contrapõe a teoria do Jevons. Feito isto, Durkheim
comenta que um erro intrínseco que está atrelado a resolução do problema é a
questão da existência de dois tipos de totems: Um individual e outro coletivo.
Para o autor em cima de tal pressuposto se pode realmente analisar o
totemismo. Em torno disto, o Durkheim, de forma semelhante ao que fez em
relação as teorias acerca do totemismo, apresenta as teorias para surgimento
do totem individual e do coletivo. De inicio combate a idéia do totem coletivo ter
surgido do totem individual, dentre outros argumentos, pelo fato de em uma
tribo onde o totemismo está presente, não há a repetição (salvo onde o
totemismo está em decadência) de uma mesmo totem. Portanto, caso o
totemismo individual fosse a origem do coletivo, tal fato seria regra. Durkheim
conclui seu texto separando as categorias de explicação para a origem
totemismo em duas. A primeira categoria (do Frazer e Lang) onde classifica o
totemismo como não religioso e uma segunda categoria que, embora
reconheçam o totemismo como religião, entretanto, entendem que o mesmo
deriva de outra religião. Durkheim, durante o texto contrapõe as duas. Antes de
partir para uma conclusão final, convem no presente momento olhar para a
“Conclusão” que o Durkheim encontra no livro “As formas elementares da
vida religiosa”. Olhando para tal um primeiro ponto a ser citado é a questão. De
início o Durkheim desenvolve um comentário acerca da possibilidade de
ampliar o que o autor encontrou, em termos de noções fundamentais de
religião, para um universo mais amplo de conhecimento científico. Dentre
algumas conclusões elaboradas pelo Durkheim o autor afirma que embora
exista algo de eterno o culto e a fé na religião, para entender a mesma é
necessária uma teoria. Tal teoria é obrigada, segundo o autor, a se apoiar nas
diversas ciências (sociologia, psicologia, etc) entretanto, por mais que a ciência
avence no estudo da religião, averia a insuficiência para descrever a fé. Uma
questão levantada pelo autor logo então comente a respeito da relação entre a
religião e a ciência é a questão relativa a lógica e a religião. Neste ínterim o
autor se debruça sobre o assunto estabelecendo a relação entre a lógica
(ciência) e a religião. Uma ultima conclusão encontrada pelo autor é que a
religião é algo social. Tendo portanto sua constituição como produto da
coletividade. Durkheim afirma que a sociedade não é algo Ilógico, sendo a
conciecia coletiva a forma mais elevada de vida psíquica. Durkheim afirma que
só ela (a sociedade) pode fornecer ao espírito marcos que se aplicam a
totalidade dos seres. Segundo o autor atribuir ao pensamento lógico origens
sociais não é rebaixar seu valor, ao contrário é relacioná-lo a causa que o
implica naturalmente. Durkheim faz uma ponte entre o pensamento científico e
a religião, comentando que ambos se originam da mesma fonte (a sociedade).
Portanto, Durkheim coloca a sociedade em um patamar onde está considera o
mais poderoso “feixe de forças físicas e morais” cujo espetáculo a natureza
oferece (p. 498).

O olhar na França do inicio do século nos fornece um valioso panorama


que terá implicações em outras áreas do conhecimento (alem da antropologia).
De inicio se percebe o quanto a escola francesa está dialogando (isso quando
se olha para o Durkheim) com o positivismo (de Conte) e quanto a mesma
escola se distancia das noções que receberam por herança do evolucionismo.
Embora não se possa estabelecer uma rígida uniformidade entre o pensamento
da escola francesa (haja vista existem pontos de vista distintos, como o que se
refere ao totemismo por parte do Durkheim e Mauss, por exemplo) pode-se de
forma geral observar a temática da religião como objeto de interesse dos
autores analisados. Olhando para a temática, enquanto o Durkheim se ocupa
de apresentar uma valiosa contribuição acerca do pensamento religioso, vemos
o Marcel Mauss, contribuindo de igual forma, em relação a magia e o Van
Gennep, se aprofundando em um aspecto que tem relação com ambas as
partes (os ritos de iniciação). Um certo diálogo, com a epistemologia do
conhecimento científico, também é desenvolvido, tanto quando olhamos para o
texto que o Durkheim desenvolve com o Mauss, quanto, na própria obra do
Durkheim (ao olharmos para sua conclusão, principalmente). Ver-se também,
como não poderia deixar de ser em autores ligados à uma ciência
caracterizada pelo Durkheim como positivista em meio a uma sociedade
capitalista (sociologia), alem da temática da religião vemos uma contribuição
significativa para com as relações de capital (isto quanto olhamos para as
questões abordadas pelo Mauss no ensaio sobre a dádiva). Por fim, a escola
francesa, apresenta de forma geral, importantes contribuições que podem
dialogar, tanto para o estudo da magia e da religião nos dias atuais, quanto,
fornece uma preciosa contribuição para aspectos contemporâneos da questão
da gênese da economia.

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