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Revista
“Sábado”
[“INVESTIGAÇÃO” AO
UNIVERSO SECRETO DA
MAÇONARIA]
“INVESTIGAÇÃO” o universo secreto da maçonaria
AS LIGAÇÕES PODEROSAS DA ORGANIZAÇÃO QUE NÃO QUER APARECER
De venda negra a cobrir os olhos, com a perna esquerda das calças arregaçada e uma parte
do peito completamente à mostra, aquele que ainda hoje é um dos homens mais influentes
de Portugal conseguia apenas distinguir sons, vozes e instruções dadas pelo venerável
mestre da loja maçónica a que estava prestes a aderir como maçon aprendiz. Na derradeira
prova antes de poder ser um membro de pleno direito do Grande Oriente Lusitano (GOL),
fizeram-no dar três voltas completas, de olhos vendados, ao templo maçónico - todas elas
com um significado simbólico. Sempre acompanhado pelo mestre de cerimónias, o homem
que se certifica de que o ritual é escrupulosamente cumprido, superou o teste. Pelo
caminho, teve de ouvir barulhos de espadas a bater no chão e mulheres a bater nas
madeiras e teve de sentir o calor do fogo e a temperatura fria da água. Já com os percursos
feitos sempre da esquerda para a direita da loja; que é como quem diz das trevas para a luz -
, mas ainda de olhos vendados, foi conduzido ao altar. Estava na altura de finalmente ser
iluminado pela figura do venerável. Ao cair da venda, veria a luz.
Viu mais do que isso: um conjunto de homens com aventais de cores e disposições
variadas, alinhados como numa parada militar. À sua frente, o líder da loja levantou uma
espada que atravessava o testamento maçónico que escrevera antes de entrar na loja, numa
câmara escura e sombria, com caveiras humanas desenhadas nas paredes. Nesse pedaço de
papel registara as suas últimas reflexões profanas, que começavam agora a ser
despedaçadas pelas chamas. Jorge Coelho - um dos mais influentes militantes da história
do Partido Socialista estava a entrar num mundo desconhecido da maior parte dos
portugueses: - o universo secreto da maçonaria.
ANTES DELE - QUE CHEGOU ao GOL há pelo menos seis anos, durante o
grãomestrado de Eugénio de Oliveira (1996 / 02) -, muitas outras figuras influentes da
sociedade portuguesa passaram pelo ritual iniciático. Entre elas, Almeida Santos (ex-
presidente da Assembleia da República), António Vitorino (antigo ministro socialista da
Defesa e excomissário europeu), João Soares (ex-presidente da Câmara Municipal de
Lisboa), João Cravinho (ex-ministro das Obras Públicas e actual administrador do Banco
Europeu para a Reconstrução e Desenvolvimento), Ricardo Sá Fernandes (advogado e ex-
secretário de Estado dos Assuntos Fiscais), Maldonado Gonelha (administrador da Caixa
Geral de Depósitos e exministro da Saúde), Isaltino Morais (presidente da Câmara
Municipal de Oeiras) e António de Sousa Lara (ex-subsecretário de Estado da Cultura de
um governo de Cavaco Silva e professor, que acabou envolvido no escândalo da
Universidade Moderna). Esta é uma curta lista entre milhares de nomes, divididos por
várias obediências - as mais representativas são o Grande Oriente Lusitano (GOL),
liderado pelo ex-deputado sodalista António Reis, e a Grande Loja Regular de Portugal
(GLRP), dirigida pelo escritor Mário Martin Guia - que se movem em todos os sectores
de actividade. É a acção conjunta destes homens, que se reúnem entre as paredes discretas
dos templos maçónicos, repletos de símbolos e artefactos, que forma o designado "lóbi
maçónico".
SE NÃO TEM PODER oficialmente, pelo menos está "representado" em vários órgãos de
poder. Rui Pereira, o actual ministro da Administração Interna, já foi director, entre 1997
e 2000, do Serviço de Informações de Segurança (SIS) e mantém desde então relações
próximas com o mundo da espionagem portuguesa. Rui Pereira - que não quis falar sobre
a sua ligação à maçonaria - é também olhado como uma ponte entre o GOL e a GLRP
[Grande Loja Regular de Portugal], através do seu grande amigo José Manuel Anes. Além
de ser hoje grão-mestre honorário da GLRP, Anes é director da revista maçónica Aprendiz
e da publicação Segurança e Defesa, lançada em Outubro de 2006 pela editora Diário de
Bordo, e onde escrevem vários elementos ligados aos serviços secretos.
Segunda-feira, 18h30, Janeiro de 2007. Dois homens de fato escuro e gravata saem do n.º
17 da Rua João Saraiva, em Alvalade, e atravessam apressadamente a estrada neste fim de
tarde já escuro. Dirigem-se a uma carrinha cinzenta Citroën C5. Abrem a mala, retiram
aquilo que parecem roupas dobradas e uma maleta de cabedal preto, com pequenas rodas,
que um deles arrasta pelo chão. Num instante, já estão a regressar ao edifício, mas ainda
falta cerca de meia hora para a reunião da Loja Mercúrio, talvez a mais secreta da
maçonaria regular portuguesa. À medida que o tempo vai passando, começam a chegar os
carros. Um BMW 520i segue devagar, o motorista leva-o algumas dezenas de metros
adiante, dobra a esquina e estaciona. Jorge Silva Carvalho, o chefe de gabinete que o
secretário-geral do SIRP (Serviço de Informações da República Portuguesa) requisitou ao
SIS, sai do banco traseiro, ajeita o fato azul-escuro e põe-se calmamente a caminho,
deixando para trás o carro que é propriedade da secreta militar e que, desde 2002, foi
cedido ao gabinete do director do SIRP, Júlio Pereira. Quase no mesmo instante, mas do
outro lado da rua, o motorista de um BMW propriedade da Câmara Municipal de Oeiras
estaciona e um homem sai apressado em direcção ao edifício degradado. É Isaltino
Morais, que se junta a Emanuel Martins, líder do PS de Oeiras e um dos 17 maçons
presentes na reunião de irmãos que se vai prolongar por mais de duas horas. Emanuel
Martins tem sido o principal responsável pelo facto de Isaltino Morais ainda não ter caído
da presidência da câmara: contra todas as expectativas, o líder da oposição tem vindo a
manifestar solidariedade para com o autarca e seu "irmão", acusado pelo Ministério Público
dos crimes de corrupção, branqueamento de capitais e abuso de poder. Questionado sobre o
assunto, Isaltino Morais não quis falar. Por essa altura, já outros carros topo de gama
procuram estacionamento. Alguns estão a coberto do anonimato assegurado pelos registos -
uns são Mercedes em leasing, outros são Audis registados em nome de empresas. Outros
nem tanto, como são o caso de um Citroën C5 azul guiado por Paulo Miranda, o homem
que foi vice-presidente do Conselho Nacional do CDS, ou o Opel Vectra que é propriedade
do ex-reitor da Universidade Moderna, Britaldo Rodrigues.
Hoje é dia de iniciações de aprendizes, gente que vai entrar nos segredos da maçonaria. Um
homem de cerca de 50 anos parece perdido. Olha para os edifícios em redor, agarra no
telemóvel e obtém a confirmação do número da porta. Lá dentro, no andar superior ao
corredor dos Passos Perdidos (onde são afixados os nomes de quem está em vias de ser
iniciado), José Moreno, o social-democrata subdirector do Gabinete de Planeamento do
Ministério das Finanças, e Paulo Noguês, especialista em marketing político e
institucional, estão a postos para iniciar os rituais secretos da Grande Loja Regular de
Portugal, que serão inevitavelmente seguidos de um ágape, uma espécie de convívio de
homenagem aos recém-admitidos.
OS NOVOS “IRMÃOS” terão aí a oportunidade de, pela primeira vez, tomar contacto
com a linguagem codificada da instituição: obedecendo às instruções dos mestres (o grau
máximo que se pode atingir numa loja maçónica), pegam num "canhão" (copo), "carregam-
no" (enchem-no) de "pólvora forte branca" (vinho branco) ou, em alternativa, de "pólvora
forte vermelha"ite (vinho tinto) ou de "pólvora explosiva" (champanhe); "alinham"
(colocam os copos em linha) e "fazem fogo" (bebem). A bebida é frequentemente
acompanhada de "materiais" (comida). Há quem opte por colocá-los na "telha" (prato),
agarrando na "trolha" (colher) ou no "tridente" (garfo), para de seguida "demolir os
materiais" (mastigar). Para que o ambiente permaneça descontraído, é possível
experimentar "pólvora do Líbano" (tabaco) ou "fazer fogo" com "pólvora fulminante"
(licor). Normalmente este ritual tem lugar na sede da própria obediência, mas o edifício
degradado em que funciona a maçonaria regular, situado em Alvalade, não é propício a
grandes convívios. Resultado: os "irmãos" preferem carregar a simbologia para o
restaurante mais próximo, onde discretamente convivem ao jantar. Como aconteceu nessa
noite.
Resumindo: todos terão a consciência de que para manter o espírito puro é necessário muito
esforço interno. Se não, veja-se a declaração de princípios da lista encabeçada em 2002 por
António Arnaut, na qual se mencionava a corrupção e o compadrio nos partidos políticos,
defendendo-se até a existência de um "novo tipo de prática maçónica" que levasse os
"irmãos" para longe das disputas partidárias, tanto mais que os partidos, "que deviam ser
intérpretes do interesse nacional e escolas de civismo", se transformaram em "máquinas de
conquista de poder e agendas de emprego". O diagnóstico era, portanto, desanimador. "A
corrupção alastra, o compadrio substitui o mérito, o interesse material oblitera o dever de
servir a comunidade", dizia o documento, apontando outros potenciais culpados: "São as
multinacionais que inspiram certas leis e são os canais de televisão que ditam as regras,
criam factos políticos e impõem a obscenidade."
EM 1998, Fernando Negrão, o actual candidato do PSD à Câmara de Lisboa, que era então
director da Polícia Judiciária, afirmou ao jornal Expresso que a maçonaria "com certeza
democratizará a sua visibilidade". Inquirido pelo mesmo jornal, Jorge Coelho, que era
ministro da Administração Interna, disse que não faria sentido uma investigação sobre
quem é quem na maçonaria portuguesa porque a época das perseguições já passara. O
ponto de vista do exdirigente socialista parece ter vingado: na discussão que decorreu no
ano passado no Parlamento, os deputados esclareceram muito bem quais seriam as novas
regras do registo público de interesses a vigorar a partir de 2009. De fora ficaram, por
proposta do PS e com a abstenção de toda a oposição, as ligações à maçonaria.
A maçonaria está por todo o lado. Para intervir activamente na sociedade civil, cria as
chamadas instituições para-maçónicas. Entidades como a Academia das Ciências de
Lisboa, a Universidade Livre, os Pupilos do Exército, a Voz do Operário, a editora Hugin
ou o Montepio Geral foram pensadas primeiro em lojas maçónicas e só depois lançadas na
sociedade civil, normalmente com maçons na sua direcção. Foi isso que aconteceu também
com a Universidade Moderna. Um professor maçom que esteve ligado ao projecto desde o
início garante que a ideia foi desenvolvida na maçonaria. "O José Júlio Gonçalves e o
Oliveira Marques [historiador que morreu recentemente] estavam em conflito porque os
dois queriam ser reitores", afirma. "Nessa altura, a ideia era chamar-lhe Europa, mas um dia
o José Júlio, que era quem tinha arranjado forma de viabilizar o projecto, perdeu a
paciência e disse ao Oliveira Marques para fazer a sua própria universidade. Foi quando
criou a Moderna." A versão é contestada por Nandim de Carvalho, fundador e primeiro
presidente da Assembleia Geral da Universidade, que garante que Oliveira Marques "não
teve participação" na ideia. O projecto acabaria por dar origem a um dos maiores
escândalos políticos dos últimos 20 anos, prejudicando a imagem da maçonaria, sobretudo
da GLRP. E também a de alguns políticos, como Paulo Portas, que foi o primeiro gestor da
empresa de sondagens da universidade, a Amostra, e que conduzia um Jaguar da Moderna,
ou Santana Lopes, que também geriu a Amostra e que tinha ao serviço um Mercedes Classe
A - carros disponibilizados por José Braga Gonçalves, administrador da universidade,
filho de José Júlio Gonçalves e membro da maçonaria da Casa do Sino.
“OS PERSONAGENAGENS”
AS LIGAÇÕES PODEROSAS DA ORGANIZAÇÃO QUE NÃO QUER APARECER
Rui Pereira (actual ministro da Administração Interna e ex-director dos serviços secretos)
Jorge Silva Carvalho (chefe de gabinete de Júlio Pereira, director do Serviço de Informações da
República Portuguesa)
Fausto (cantor)
Por vezes pergunta-se entre nós o que é a Maçonaria e o porquê do antagonismo entre
religião cristã e maçonaria e o motivo por que um cristão, designadamente um católico, não
pode pertencer a associações maçónicas sem trair a sua Fé. É preciso saber que, mesmo
quando a associação maçónica (cuja adesão é vinculativa) não professa declarado ateísmo
ou agnosticismo, a sua concepção de um “Supremo arquitecto do Universo” não é
compatível com a concepção cristã do Deus pessoal dos ensinamentos de Jesus Cristo que
nos são transmitidos pela Igreja. Daí o esclarecimento da S. Congregação da Doutrina da
Fé, com data de 26 de Novembro de 1982: – «Os fiéis que pertencem às associações
maçónicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada
Comunhão». «Separar a fé da vida concreta não é bom, nem para a fé, nem para a vida,
pois é exactamente a Vida verdadeira que celebram na Ceia do Senhor.» «Um católico,
consciente da sua fé e que celebra a Eucaristia, não pode ser mação, e se o for
convictamente, não pode celebrar a eucaristia». – Cardeal-Patriarca, D. José Policarpo,
in Nota Pastoral da Quaresma de 2005.
José Manuel Fava (arquitecto e ex-sogro de José Sócrates) José Miguel Boquinhas (médico,
presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental e ex-
secretário socialista de Estado da Saúde) maçon e amigo de Jorge Coelho, de quem passou
a ser sócio numa clínica de exames laboratoriais, a Fisiocontrol. José Moreno - (GLRP) -
Vice-grão-mestre / Mercúrio (social democrata, subdirector do Gabinete de Planeamento do
Ministério das Finanças) José Nuno Martins (apresentador) José Oliveira Costa - (GLRP)-
Assistente grande inspector / Bispo Alves Martins. Júlio Meirinhos - (GLRP) - Vice-grão-
mestre / Rigor L Homem - (GLRP) - Segunda grande vigilante / Conímbriga Lemos de
Sousa (professor catedrático) Luís Fontoura, social democrata e ex-secretário de Estado da
Cooperação dos governos de Balsemão.
Luís Honrado Ramos - (GLRP) - Grande mestre de cerimónias / Almeida Garrett . Luís
Lopes - (GLRP) - Assistente de grão-mestre / Marquês de Pombal Luís Moitinho de
Oliveira (advogado) . Luís Nunes de Almeida, o ex-presidente do Tribunal Constitucional
(TC) falecido em 2004, mestre da Loja Convergência. (Rito maçónico efectuado
abusivamente na Capela mortuária da Basílica da Estrela ). Luís Pombo - (GLRP) -
Segunda grande experto / Miramar Maldonado Gonelha (socialista, administrador da Caixa
Geral de Depósitos e ex-ministro da Saúde) Manuel Cabido Mota - (GLRP) - Grande
superintendente e guardião do templo / Harmonia Manuel Martins da Costa - (GLRP) -
Assistente de / grande secretário / Marquês de Pombal Manuel Pinto - (GLRP) - Grande
organista / Porto do Graal - (advogado) Manuel Sacavém - (GLRP) - Grande inspector /
Lusitânia Manuel Tavares Oliveira - (GLRP) - Vice-grande inspector / Anderson Mário Gil
Damião da Silva - (GLRP) - Assistente de grande secretário I Norton de Matos Mário
Martins Guia - (GLRP) - Grão-mestre / Norton de Matos – (escritor) Mário Máximo -
(GLRP) - Grande orador / Nova Avalon Mário Zambujal (escritor) Miguel Almeida, social-
democrata maçon, que terá sido o braço direito de Santana Lopes na Câmara de Lisboa.
Miguel Cardina - (advogado) (GLRP) - Primeiro grande experto / Mestre Afonso
Domingues. Miguel Coelho, líder da distrital do partido. Miguel de Almeida (deputado; ex-
vereador social democrata do GOL) Moita Flores (argumentista e presidente da Câmara
Municipal de Santarém) Nandim de Carvalho ((ex-grão-mestre da GLRP) Nicolau Breyner
(actor) Nuno Godinho Matos (advogado) Nuno Jordão - (GLRP) - Grande porta-espada I
Nova luz Nuno Silva - (GLRP) - Vice-grande inspector / Fernando Pessoa Oliveira
Marques, (GLRP) historiador que morreu recentemente. Palma lnácio (ex-resistente
antifacista) Paulo Albuquerque - (GLRP) - Assistente grande inspector / Lusitânia Paulo
Miranda, o homem que foi vice-presidente do Conselho Nacional do CDS, Paulo Noguês -
(GLRP) - Assistente de grão-mestre / Brasília - (especialista em marketing político e
institucional).
MULHERES VENDADAS
“Se a solidariedade entre “irmãs” existe, eu nunca a vi."