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CENTRO PAULA SOUZA

ETEC SANTO AMARO


TÉCNICO EM CONTABILIDADE

CAPITAL INTELECTUAL
CONHECIMENTO TRANSFORMADO EM LUCRO

SÃO PAULO
2010
CENTRO PAULA SOUZA
ETEC SANTO AMARO

Ana Paula Rodrigues Passos


Andréa Freire Dias
Débora Pereira de Oliveira
Ivaneide Maria Silva Pereira

CAPITAL INTELECTUAL
CONHECIMENTO TRANSFORMADO EM LUCRO

Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado à Escola
Técnica Estadual Santo Amaro
para obtenção do grau técnico
em Contabilidade.

Orientadora: Profª: Paula Valéria

SÃO PAULO
2010
CENTRO PAULA SOUZA
ETEC ANTO AMARO

Ana Paula Rodrigues Passos


Andréa Freire Dias
Débora Pereira de Oliveira
Ivaneide Maria Silva Pereira

CAPITAL INTELECTUAL: CONHECIMENTO


TRANSFORMADO EM LUCRO

Trabalho de Conclusão de Curso


aprovado pela Banca Examinadora
para obtenção do Certificado Técnico,
no curso de Contabilidade, da ETEC –
Santo Amaro.

São Paulo, ___, de _________ de 2010.


Professor Orientador: Paula Valéria Chaves Pereira Correia

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________
Ronaldo Leite Paixão Lucas

_______________________________________________________
Fernando Antônio de Campos

_______________________________________________________
Mauro Tadeu Almeida de Oliveira
Dedicamos a todos que
confiaram em nossa
competência para realização
deste trabalho.
AGRADECIMENTOS

À Deus, que nos deu força e


sabedoria para conduzirmos
este trabalho.

Aos orientadores da ETEC


Santo Amaro, pela dedicação e
competência.
Mesmo entre a crescente fileira
de adeptos (...)
a magnitude da revolução
financeira representada pelo
Capital Intelectual
frequentemente não é
compreendida. Na realidade
este novo modelo para medir o
valor transformará não
somente a economia, mas a
própria sociedade em sua
criação de riquezas e obtenção
de valor.
(Edvinsson e Malone, 1998:1)
Resumo

As demonstrações contábeis são instrumentos que dão suporte as tomadas de


decisões nas empresas, porém, é notório que com relação ao valor de mercado e o
valor contábil, as mesmas deixam lacunas que podem inferir em equívocos capazes
de prejudicar a situação da empresa. Mesmo tendo conhecimento destas lacunas e
da importância de se evidenciar o Capital Intelectual, tal evidenciação na grande
maioria dos casos ainda não é promovida pela contabilidade. Diante disto buscou-se
demonstrar a importância dessa avaliação e qual seria a dificuldade que
contabilidade enfrenta que a impossibilita de demonstrar estes valores. Para isto foi
feito inicialmente um resgate histórico, comentaram-se conceitos e procurou-se
esclarecer a importância do Capital intelectual dentro das organizações, como fator
capaz de agregar valores, proporcionar lucros futuros e fazer a empresa continuar
mantendo-se competitiva no mercado. O presente trabalho apresenta os elementos
que formam o Capital Intelectual: o Capital Humano, Capital Estrutural e o Capital
de Clientes, onde foi possível constatar que a empresa só consegue obter
resultados com o Capital intelectual, por meio da associação destes três capitais.
Em seguida aborda o Goodwill, ativo intangível, o qual aparece somente quando a
empresa é vendida, é também chamado de Ágio. Sua diferenciação com o Capital
Intelectual é que sua visão contábil é temporal e limitada, enquanto a do Capital
Intelectual é progressiva e de constante renovação. Na sequência foram
demonstrados alguns modelos de mensuração existentes. Por fim, apresentou-se a
conclusão, onde pode ser constatado a importância da evidenciação do Capital
Intelectual nas demonstrações contábeis.
Objetivo

Pretende-se com este trabalho, auxiliar e informar profissionais da área


contábil, para que estes possam ter uma visão mais ampla da necessidade de
incorporar valores baseados no conhecimento, atualmente apesar de todas as
mudanças tecnológicas, a visão da empresa é de retorno, principalmente, retorno
financeiro.
Justificativa

A busca pela diminuição de custos quanto na valorização dos ativos das


empresas vem sendo bastante discutidas pela crescente importância dos ativos
intangíveis a sua mensuração e contabilização a fim de atender ao objetivo da
Entidade da valorização dos recursos ativos.
Metodologia

O método utilizado para o desenvolvimento deste projeto será a pesquisa


de literatura atual, periódicos, artigos e revistas, sem focar em um ramo específico.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AICPA Instituto Americano de Contadores Públicos

ASOBAT Statement of Basic Accouting Theory

CVM Comissão de Valores Mobiliários

FASB Financial Accouting Standands Board

IASB International Accouting Standart Boart

IASC International Accounting Standards

Q.E. Inteligência Emocional

Q.I. Quociente de Inteligência

TI Tecnologia da Informação
SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................... 14

2 - SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ................................................................... 15


2.1 - DEFINIÇÃO DE CONHECIMENTO ......................................................................... 16
2.2 - CONHECIMENTO COMO RECURSO ECONÔMICO ................................................... 16

3 - ORGANIZAÇÕES NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ............................... 17


3.1 - CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA EVOLUÇÃO .................................................. 18
3.2 - A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL ................................................................................ 18
3.3 - A REVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE .................................................................... 18
3.4 - A REVOLUÇÃO GERENCIAL ................................................................................ 19
3.5 - IMPACTO DA TECNOLOGIA NAS ORGANIZAÇÕES .................................................. 21

4 - CONTABILIDADE NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO .............................. 23


4.1 - BREVE HISTÓRICO DA CONTABILIDADE ............................................................... 24
4.2 - CONTABILIDADE COMO SISTEMA DE INFORMAÇÃO ............................................... 24
4.2 - VALOR DA EMPRESA NA SOCIEDADE DO CONHECIMENTO ..................................... 26

5 - CAPITAL INTELECTUAL ................................................................................... 27


5.1 - ATIVO .............................................................................................................. 28
5.2 - ATIVO INTANGÍVEL ........................................................................................... 30
5.3 - DEFINIÇÕES DO ATIVO INTANGÍVEL .................................................................... 32
5.4 - CONCEITO DE CAPITAL INTELECTUAL ................................................................. 33
5.5 - CAPITAL HUMANO - A MINA NA EMPRESA ........................................................... 35
5.6 - CAPITAL ESTRUTURAL ...................................................................................... 36
5.7 - CAPITAL DO CLIENTE ........................................................................................ 36
5.8 - DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO CONCEITO DE CAPITAL INTELECTUAL .............. 37
5.9 - AVALIAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL ................................................................. 37
5.9.1 - GESTÃO DO CAPITAL INTELECTUAL ................................................................. 38
5.9.2 - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O ATIVO/CAPITAL HUMANO ......................... 40

6 - CONCEITO GOODWILL...................................................................................... 41
6.1 - CLASSIFICAÇÃO DO GOODWILL .......................................................................... 42
6.2 - GOODWILL VERSUS CAPITAL INTELECTUAL ......................................................... 43
6.3 - CONTABILIDADE VERSUS CAPITAL INTELECTUAL ................................................. 45
7 - MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL ................................................. 46
7.1 - MODELOS DE MENSURAÇÃO ............................................................................ 47
7.2 - DIFERENÇA ENTRE VALOR DE MERCADO E O VALOR DE CONTÁBIL ...................... 47
7.3 - MODELO SKANDIA............................................................................................ 48
7.4 - RAZÃO ENTRE VALOR DE MERCADO E O VALOR CONTÁBIL ................................... 50
7.5 - MODELO “Q” DE TOBIN .................................................................................... 51
7.6 – NAVEGADOR DO CAPITAL INTELECTUAL ............................................................. 52
7.7 - BASE LEGAL DE RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL ...... 53
7.8 - VANTAGENS NA MENSURAÇÃO ........................................................................... 53
7.9 - CONTABILIZAÇÃO DO CAPITAL INTELECTUAL ....................................................... 54

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 55
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 56
1 – Introdução

Muito se tem comentado, nos últimos tempos, que os relatórios fornecidos pela
Contabilidade Financeira não retratam certas realidades das empresas, tendo em
vista o fato de o valor contábil das ações estarem muitas vezes abaixo do seu valor
de mercado.

Esse contraste entre os dois valores vem sendo identificado como Capital
Intelectual.

O presente trabalho traz um novo conceito de administração de empresas que


conduz à necessidade de aplicação de novas estratégicas, de nova filosofia de
administração e novas formas de avaliação do valor da empresa.

Mostra-nos o conceito deste ativo intangível, e o impacto que causa sobre a


Contabilidade.

14
2 - Sociedade do Conhecimento

Desde a década de 60 vivenciamos um período de mudanças econômicas,


tecnológicas, políticas e sociais que, aos poucos, vem alterando a estrutura e os
valores da sociedade.
Peter Drucker (1970), em 1968, escreveu a obra Uma Era de
Descontinuidade, quando já percebia tendências que levariam ao que intitulou a
Sociedade de Conhecimento.
Drucker (1970:7-9) apontou descontinuidades em quatro áreas, que se pode
entender como tendências a época, como se segue:

“1. Estão surgindo tecnologias genuinamente novas. É quase certo que elas criarão novas indústrias
importantes e novos tipos de grandes empresas e que tornarão, ao mesmo tempo, obsoletas as grandes
indústrias e empreendimentos atualmente existentes. (...) As próximas décadas do século passado, quando
nascia uma grande indústria baseada em nova tecnologia poucos anos após o aparecimento de outra, e não
farão lembrar a continuidade tecnológica e industrial dos últimos cinqüenta anos.
2. Estamos diante de grandes mudanças na economia mundial. (...) O mundo tornou-se, em outras palavras, um
mercado, um centro de compras global.
3. A matriz política da vida social e econômica está mudando celeremente. A sociedade e a nação de hoje são
pluralistas.
4. O conhecimento, nestas últimas décadas, tornou-se o capital principal. O centro de custo e o recurso crucial
da economia. Isso muda as forças produtivas e o trabalho; o ensino e o aprendizado; o significado do
conhecimento e suas políticas. “Mas também cria o problema das responsabilidades dos novos detentores do
poder, os homens do conhecimento.”

As tendências percebidas por Drucker, em 1968, hoje são uma realidade, e


a necessidade de se compreender e de se adaptar a elas torna-se urgente,
despertando, portanto, os interesses daqueles que, de alguma forma, se sentem
motivados por esse assunto desafiador: a sociedade do conhecimento e suas
implicações.
Aprovado pelo consenso apresentado por proeminentes autores
especialistas no assunto, como Alvin Toffler, Richard Crawford, Lester Thurow,
James Brian Quinn, Robert Reich, entre outros. Cada um a seu modo reconhece,
denomina e justifica a sociedade atual, assumindo seu grande diferencial: o
conhecimento.
Importante ressaltar dessas afirmações é que se atribui o nome de
Sociedade do Conhecimento porque o conhecimento é considerado fator de
produção, com terra, o capital e o trabalho, e sua existência e aplicação passam a
ser fundamentais para a continuidade da Sociedade.
Agregando o conhecimento como o novo fator de produção, que se vem aliar
aos já existentes - terra, capital e trabalho-, ou mesmo como seu substituto
definitivo, instala-se um período de transformações cujos efeitos estão se
espalhando, mundialmente, alterando os sistemas político, social e econômico dos
países que se encontra em tal estágio de desenvolvimento.

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2.1 - Definição de Conhecimento

Devem-se distinguir, entre os filósofos, a origem do Conhecimento.


Aristóteles (apud Giles, 1993:24), afirmava que o conhecimento orienta-se com base
na experiência da percepção e que, auxiliado pela razão, alcança as conexões
necessárias entre as formas dos objetos particulares experimentados.
Quanto à função do conhecimento podem-se destacar duas correntes: a de
Sócrates, que afirmava ser sua função o crescimento intelectual, moral e espiritual, e
a de Protágoras, posterior e em oposição, que afirmava ser a finalidade do
conhecimento capacitar saber o que e como dizer.
Aristóteles, quanto à utilidade do conhecimento, afirmava que este se divide
em:

1. Teórico, como aquele que se procura para si próprio. Exemplo: física;

2. Prático como aquele que se procura visando à ação. Exemplo: ética e política;

3. Produtivo como aquele que se procura para poder produzir ou criar algo.
Exemplo: poesia.

De modo geral, a filosofia define conhecimento como “ato mental,


fundamentado na experiência sensível, pelo qual se formulam juízos verdadeiros e
seguros a respeito de algum objeto ou realidades” (Giles, 1993:23).
Na linguagem do cotidiano, quando se diz que alguém tem conhecimento
sobre determinado assunto ou se pergunta se já tomou conhecimento de algo,
significa afirmar possuir domínio sobre o assunto ou perguntar se sabe sobre algo
que já aconteceu como, por exemplo, uma notícia ou informação.
Duas importantes conclusões emergem da definição assumida. Em primeiro
lugar, somente o ser humano é capaz de utilizar-se, desse modo, da informação,
pois esta, para ter valor, precisa ser transformada em conhecimento, e que tem essa
capacidade fundamental são as pessoas. A tecnologia da informação disponibiliza- a
no momento em que foi gerada, indistintamente. Logo, a vantagem esta na
capacidade de transformá-la. Em segundo lugar, o conhecimento é diferenciado,
pois a pessoa humana é considerada por suas características particulares, físicas e
psíquicas. O indivíduo permite predicados, mas ele mesmo não pode ser predicado
de outros; ele é o único e o emprego de seu conhecimento torna-se uma habilidade.
Por isso que o controle do conhecimento e dos meios de comunicações (das
informações) na Sociedade baseada no Conhecimento passa a ser uma vantagem
competitiva.

2.2 - Conhecimento como Recurso Econômico

Como a capacidade de adquirir e desenvolver o recurso do Conhecimento


é inerente ao ser humano, isto diferencia o recurso do conhecimento dos demais
recursos, em alguns aspectos importantes, considerados a seguir:

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 É um recurso ilimitado, pois a pessoa aprimora seus conhecimentos à medida
que os desenvolve diferente de alguns recursos naturais que se esgotam ao passar
do tempo;

 Está contribuindo para minimizar o consumo dos outros recursos, à medida


que é empregado para aperfeiçoar técnicas existentes;

 Está distribuído pelo mundo, descentralizado a riqueza, pois estará em mãos


daqueles que souberem como criar, mobilizar e organizar o conhecimento,
diferentemente da época industrial, quando a riqueza pertencia a quem detivesse,
regionalmente, os recursos naturais e o capital.

Conclui-se, portanto, que o conhecimento vem aliar-se aos recursos básicos,


até então indispensáveis para o contínuo desenvolvimento da economia. Não como
o substituto definitivo, mas como um requisito básico e, também, indispensável. A
situação econômica está em processo de mudança e mudanças geram novas
necessidades. O conhecimento, considerado na redefinição de seu conceito, é o
novo recurso necessário.

3 - Organizações na Sociedade do Conhecimento

Os períodos de transição em que se encontra a sociedade atual,


ocasionado pelas mudanças amplamente comentadas no capítulo anterior,
culminam em uma nova sociedade com estrutura econômica, política, social e
tecnológica diferentes.
Rogers (1196:7) faz o seguinte comentário:

“O conhecimento está balançando as estruturas na forma como organização


é criada e desenvolvida; como ela “morre” ou é reformulada. Existem
mudanças fundamentais no meio empresarial, em como as economias se
desenvolvem e em como as sociedades prosperam.”

Chiavenato (1993:472) define uma organização como a associação formal


de pessoas com objetivos comuns previamente estabelecidos, podendo ser esse
objetivo empresarial ou não. A organização formalmente constituída pressupõe,
ainda, segundo o autor, a divisão do trabalho, a especialização das funções, a
estrutura hierárquica de atribuição de autoridade e de responsabilidade e a
observação de normas de comportamento estabelecidas racionalmente.
Para Drucker (1993:27), uma organização é um grupo humano composto por
especialistas que trabalham em conjunto em uma tarefa comum. Ela é sempre
especializada e definida por sua tarefa. Quanto à função das organizações, Drucker
(1997:44) afirma que sempre foi a de tornar produtivos os conhecimentos por meio
da integração de conhecimentos especializados numa tarefa comum.
Utilizaremos a divisão estabelecida por Drucker (1993), para a averiguação
das modificações impostas às organizações, onde o autor fixou três grandes
marcos: a Revolução Industrial, a Revolução da Produtividade e a Revolução

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Gerencial, em decorrência da aplicação do conhecimento à ferramenta, processos e
produtos, ao trabalho e a conhecimentos, respectivamente.

3.1 - Contextualização Histórica da Evolução

Para uma melhor compreensão do contexto atual que vivemos, faremos uma
breve retrospectiva dos grandes momentos de mudanças enfrentados pela
humanidade.
A aplicação do conhecimento em novas tecnologias sempre existiu e este foi
e continua sendo o modelo de desenvolvimento das civilizações. Entretanto, a
aplicação do conhecimento até a Revolução Industrial limitava-se a uma profissão
ou a uma aplicação específica, não sendo utilizado em uma segunda aplicação.
A palavra Tecnologia deriva de technê ( grego), que significa o mistério de
uma habilidade, e de logia, que vem a ser conhecimento organizado, sistemático,
significativo.
Por volta de 1770, na França, ocorreu a formalização da Tecnologia, quando
foi editada a Encyclopédie, por Denis Diderot e Jean d’Álembert. Onde reunia de
forma organizada o conhecimento de todas as profissões artesanais. Como principal
impacto à época, a Encyclopédie dizia que os princípios que produziam resultados
em uma produção artesanal, produziriam resultados em qualquer outra profissão
(Drucker, 1993:10).

3.2 - A Revolução Industrial

A materialização da aplicação do conhecimento, ou das tecnologias,


expandiu-se rapidamente pelo mundo. Novas tecnologias eram desenvolvidas,
gerando uma demanda por capital bem acima da que os artesões poderiam suprir.
Surgem, então, as figuras do capitalista e do operário. O primeiro, detentor do capital
e possuidor dos meios de produção, assumindo rapidamente papel central na
economia e na sociedade e, o segundo, necessitado dos meios de produção para
subsistir.
As novas tecnologias geraram, igualmente, a necessidade da concentração
da produção em um só espaço físico, pois a energia da água ou do vapor não podia
estar descentralizada. Consequentemente, surgiram as primeiras fábricas.
É relevante lembrar que as descobertas tecnológicas oriundas dessa época
formaram a base de sustentação para as invenções posteriores, conforme
observado por Drucker (1970:20).

3.3 - A Revolução da Produtividade

Pensando no aumento da produtividade que os estudos na área da Teoria


da Administração tiveram início.
Frederick Taylor, intitulado “o pai” da Administração Científica, em 1881,
forneceu o arcabouço teórico e metodológico ao que Adam Smith, em A riqueza das
nações, reconheceu como sendo o princípio da divisão do trabalho. Segundo este
princípio, qualquer processo complexo pode ser decomposto em uma série de
pequenas tarefas mais simples.

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A sistematização e mecanização do trabalho passam a ser o foco
perseguido por todas as organizações aliadas a aplicação das tecnologias
desenvolvidas em busca da diminuição dos custos e do aumento da produção.
Assim, a economia deixa e ter uma base artesanal e manufatureira para firmar-se
como produção industrial e mecanizada.
Com os benefícios trazidos pela divisão e especialização do trabalho para a
organização em termos de eficiência operacional, este conceito foi-se estendendo
para os demais níveis hierárquicos. Ressalta-se, nesse campo, a contribuição de
Henri Fayol, que se ateve aos estudos da separação das funções dentro da empresa
e aos Princípios da Administração.

3.4 - A Revolução Gerencial

Após a Segunda Guerra Mundial, a estrutura organizacional teve que se


adaptar a demanda intensa e crescente por produtos e serviços, decorrentes da
escassez da época, exigindo a produção em massa.
O aperfeiçoamento do número e variedade de máquinas já existentes, que
facilitavam e abreviavam o trabalho humano, contribuiu para possibilitar essa
adaptação. Contudo, por outro lado, impôs o surgimento de uma nova função: a
gerência. Os gerentes coordenavam a produção aplicando seu conhecimento para
produzir resultados, pois a produtividades por si só não era suficiente para atender a
demanda.
Segundo Drucker (1993:23), primeiramente um gerente era definido como
alguém que é responsável pelo trabalho de subordinado; mas, no início dos anos 50,
esta definição havia mudado para alguém que é responsável pelo desempenho de
pessoas.
Importante se faz ressaltar que o conhecimento, a partir dos anos 50,
passou a ser valorizado nas empresas; entendia-se por conhecimento aquele
formalmente adquirido nas academias, ou seja, os gerentes aplicavam o
conhecimento explícito no exercício de sua função, coordenando os operários e
pessoal de escritório na busca dos objetivos traçados de produtividade e de
desempenho. Até então não era necessário ter diploma de curso superior para
conseguir um trabalho. Entrava-se em uma fábrica como operador de máquinas e
trabalhava-se muito para conquistar novos postos e melhores salários, em
decorrência da produtividade. Apenas as famílias abastadas mandavam seus filhos
à universidade, o que lhes conferia certo status.
Nos anos 50, os funcionários dessas grandes organizações dominavam as
economias desenvolvidas. Eram operários e gerentes de indústrias, servidores civis
e militares, profissionais liberais da área de saúde e ensino e de grandes escritórios
prestadores de serviços, em oposição a menos de um quinto da força de trabalho
que era empregada em tais condições, à época da Primeira Guerra Mundial,
segundo Drucker (1997:31). Tais pessoas trabalhavam em pequenas empresas
familiares, no comércio e em residências e, como tão bem observa Drucker,
trabalhavam para um patrão.
Alvin Toffler, autor do Livro A Terceira Onda, usa a metáfora das ondas para
explicar as grandes mudanças ocorridas na nossa civilização até os dias atuais.

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• 1ª Grande Onda de Mudança pela qual passou a humanidade foi a AGRíCOLA –
(8000 A.C. até 1750 D.C.), ou seja, demorou quase 10.000 anos para ser concluída.
Algumas Características:

Base da Economia: terra.


Economia: descentralizada (cada comunidade produzia a maioria de todas as suas
necessidades).
Energia que movia a Economia: potência muscular humana e animal e fontes
renováveis (sol, vento, etc.).
Produção: artesanal (por encomenda).
Meios de comunicação e de transporte: difíceis; precários; quase inexistentes.
Estoques: limitados.
Local de Trabalho: campo.
Trabalhador: camponês.
Ênfase Contábil: partidas simples.

• 2ª Grande Onda de Mudança foi a INDUSTRIAL (1750 a 1955), ou seja, duraram


205 anos para ser concluída. Grande marco dessa época foi a Revolução Industrial.
Algumas Características:

Base da Economia: fontes energéticas não renováveis (carvão, gás, petróleo).


Economia: separação entre o produtor e o consumidor (mercado).
Energia que movia a Economia: máquinas.
Produção: em massa (padronização dos produtos).
Meios de comunicação e de transporte: estradas de ferro; rodovias; transporte
aéreo, correio, telégrafo, telefone.
Estoques: ilimitados.
Local de Trabalho: fábrica-indústria.
Trabalhador: operário; alta especialização.
Ênfase Contábil: partidas dobradas; custo histórico; elaboração de relatórios
contábeis.

• 3ª Grande Onda de Mudança - CONHECIMENTO, que é a atual que estamos


vivendo, começou na década de 50 continua até os dias de hoje, e as previsões é
que não dure mais do que algumas décadas. Algumas Características:

Base da Economia: informação e o conhecimento.


Economia: global (proximidade do consumidor com a produção). E de produtor e
consumidor – indústria do faça você mesmo.
Energia que move a Economia: forças mentais e intelectuais (ondas cerebrais).
Produção: personalizada (o cliente é quem manda).
Meios de comunicação e de transporte: velozes, poderosos, diversificados; teia
global.
Estoques: virtuais.
Local de Trabalho: escritório – casa.
Trabalhador: do conhecimento; generalista.
Ênfase Contábil: sistemas de informação e capital intelectual.

20
Na era na qual nos encontramos, na 3ª Onda, o conhecimento é o grande
agregador de valor às organizações. A mola propulsora da sociedade atual não é
mais o capital financeiro, máquinas, ferramentas. E sim o conhecimento e a
informação. Esse capital intelectual é que vai gerar riquezas para as organizações
do presente e do futuro.
Entretanto, muitos países estão sentindo o impacto simultâneo de duas, e
até mesmo de três ondas de mudança, completamente diferentes, todas se
movendo com diferentes velocidades e com diferentes graus de força. Ou seja, pode
estar ocorrendo uma superposição de ondas. E isso tem provocando grandes
turbulências às organizações desses países.
A origem dos estudos do capital intelectual coincide com o surgimento da
Sociedade do Conhecimento, que teve início logo após a Segunda Guerra Mundial,
quando o conhecimento e a informação passaram a ter um importante papel na
sociedade. Praticamente coincide com o início da 3ª Onda.

3.5 - Impacto da Tecnologia nas Organizações

A tecnologia da informação e das telecomunicações possibilitou a


globalização da economia. Entende-se este fenômeno de interdependência entre
países e mercados como uma síntese das transformações pelas quais vêm
passando a economia mundial no decorrer dos anos e, mais notadamente, a partir
dos anos 80. Esse novo cenário vem alterando, sobremaneira, o ambiente externo
as organizações em termos geográficos e produtivos.
Brooking (1996:1), ao analisar as mudanças impostas às organizações
atuais, que a utilização da tecnologia da informação e das telecomunicações, e a
necessidade de uma força de trabalho dependente do intelecto e da tecnologia,
estão levando as empresas a aplicar métodos e habilidades muito diferentes dos até
então empregados para acessarem seus consumidores e provê-los de bens e
serviços.
A autora aponta os seguintes aspectos, frutos do desenvolvimento
tecnológico, como subjacentes ao desenvolvimento de novos métodos e habilidade
indispensáveis para a continuidade dos negócios, resumidos a seguir:

 Criação de novos serviços: a tecnologia da informação além de substituir os


métodos manuais de trabalho, possibilitou a criação de novos serviços não possíveis
anteriormente. Exemplificando, tem-se a movimentação de bilhões de dólares nas
bolsas de valores espalhadas pelo mundo, os serviços de cartão de credito,
reservas de vôos, etc.

 Mudança no conceito de espaço físico e de mercado: os empregados não


necessitam estar concentrados fisicamente para a realização do trabalho,
acessando os clientes, gerentes e fornecedores. Da mesma forma, uma
multinacional pode controlar toda a cadeia produtiva e reunir os vários fatores de
produção em nível internacional, sem se comprometer com a produção em si, como
é o caso da Nike, que não possui os meios de produção, pois toda ela é feita sob
encomenda em fábricas que pertencem a outras empresas com base em modelos
desenhados por especialistas nos Estado Unidos. Em termos de mercado, a Internet
tornou-se um mercado virtual, em que se realizam compras e vendas de produtos e

21
serviços, além de possibilitar o acesso a informações de publicidade e propaganda
das empresas;

 Valorização da marca: as empresas precisam de um símbolo que o cliente


possa associar a elas, independentemente do local em que ele estiver, dado a
globalização dos mercados;

 Merchandising de intangíveis: o valor da comercialização do produto


intangível associado ao produto tangível pode ultrapassar, em muito, este último.
Exemplificando, tem-se o valor arrecadado com a bilheteria de um filme de grande
sucesso sendo superado pela venda dos direitos de comercialização das imagens e
dos personagens do filme, como é o caso do Star Wars, cuja receita de bilheteria foi
de U$$ 25.000.000.00, contra U$$ 1.000.000.000.00 decorrentes da
comercialização de seus personagens;

 Patente de tecnologia: as empresas que investem no desenvolvimento de


novas tecnologias necessitam tê-las patenteadas, a fim de possibilitar a avaliação
real da própria empresa.


Certamente, os aspectos apontados por Brooking não só impactam a
estrutura organizacional da empresa em termos de investimentos no sistema de
informações, no planejamento estratégico, para adaptação as condições do mercado
global, no desenvolvimento de novos produtos e serviços, mas também as pessoas
que farão parte de sua estrutura, aplicando seus conhecimentos, que trarão a
vantagem competitiva, a informação esta disponível para todos indistintamente e,
ainda, a tendência de barateamento e da popularização da informática, o diferencial
encontra-se na aplicação da informação, transformando-a em conhecimento.

Seguem algumas opiniões que sustentam a posição assumida:

Para Wriston (1995:7):

“Conhecimento, que em uma época era utilizado pelos


ricos e poderosos como uma vantagem pessoal, agora é combinado
com habilidades gerencias para produzir riqueza. A difusão do
conhecimento aumentou a nossa habilidade para resolver problemas
valorizando o poder da mente na geração de novos produtos
impossíveis de serem criados até um tempo atrás.”

Segundo Rogers (1196-5)

“Hoje com o desenvolvimento dos computadores e da


tecnologia das comunicações, a vantagem das empresas é
promovida por um diferenciador real de competitividade: o talento
humano. Serão necessárias novas formas de capitalizar este
potencial.”

Esses autores ressaltam a importância da aplicação do conhecimento e da


necessidade de aliá-lo a habilidade e qualidades pertencentes ao ser humano, e
que os diferenciam, para a criação de riqueza nas organizações.

22
Outra conclusão que advém da aplicação do conhecimento nas
organizações é a existência de um líder, aqui entendido como uma pessoa que faça
a diferença para a organização, dada sua capacidade de materializar o
conhecimento possuído, revertendo-o em riqueza, cuja sua saída possa
comprometer os resultados.
Brooking (1196:6) comenta que, em artigo publicado no The Sunday Times,
em 1995, foi associada à existência de alguns líderes aos altos lucros alcançados
pelas empresas a que pertencem, e ainda o impacto que estas sofreriam caso estes
líderes as deixassem, por qualquer motivo.
Entende-se que a organização investe na expertise e se possui um líder, sua
ausência pode causar impacto negativo em seus resultados, mesmo que temporário;
o importante, porém, é que durante sua permanência, esta representa um diferencial
a mais, garantindo (ou contribuindo para) a geração futura de lucros.
Pelo exposto, conclui-se que a capacidade de as empresas se adaptarem as
mudanças, daqui por diante, dependerá muito mais da administração dos recursos
intelectuais do que da coordenação física dos empregados que trabalham na
produção, manuseando os ativos tangíveis, pois a própria automação dispensa tal
tarefa e que, principalmente, o intelecto e o conhecimento agregam valor ao produto,
assim como toda a estrutura desenvolvida para gerenciá-lo, resultando em ganho de
poder.
Assim, esta realidade torna urgente o desenvolvimento de novos conceitos
no tocante a mensuração do valor das organizações, fato que vem impactar
diretamente o poder informativo dos relatórios contábeis.

4 - Contabilidade na Sociedade do Conhecimento

A importância da Contabilidade como elo entre os meios internos e externos,


peça fundamental e indispensável para que as organizações possam existir e atingir
a missão previamente estabelecida é transmitida nas palavras de Littleton (1953:14):
“Contabilidade é um serviço de informação especial. Ela começou
com a necessidade de informações dos proprietários das empresas comerciais.
(...) Mas, ao longo do tempo, a Contabilidade expandiu-se em um instrumento
complexo. (...) Como um mapa de navegação, ela assiste na realização da
missão- uma ajuda na medida em que a informação esteja disponível para os
navegadores e para todos os quem interessar”

Assumindo-se que a sociedade atual possui novas estruturas econômicas,


política, social e tecnológica, cumpre verificar quais são os impactos dessas
mudanças na Contabilidade e quais proposições ela precisa fazer para adaptar-se
as características do momento atual e, assim continuar exercendo com eficiência e
eficácia sua principal função, que é a de fornecer a seus usuários informações
relevantes para a tomada de decisões, avaliações e julgamento.
Antes, contudo, julga-se relevante comentar alguns aspectos da história do
conhecimento contábil, enfocado, principalmente, sua evolução em função das
mudanças ocorridas no cenário mundial.

23
4.1 - Breve Histórico da Contabilidade

Verifica-se que a História da Contabilidade apresenta diversas divisões


em função dos autores consultados, fruto do enfoque adotado como marco divisor
das fases.
Sá e Sá (1993:229) mencionam a divisão estabelecida por Frederigo
Melis, que consiste em quatro períodos distintos e que, de forma resumida, destaca-
se a seguir:

 História antiga ou da Contabilidade empírica: período que vai da Antiguidade


até 1202. Compreende os estudos do registro de fatos contábeis na Suméria , Egito,
Elão etc.;

 História média ou da sistematização da Contabilidade: período que vai de,


1202 a 1494. Compreende o período em que a contabilidade assumiu formas
sistemáticas de registros, tendo como ponto Máximo a publicação do método das
partidas dobradas por Luca Pacioli na obra Summa de aritmética geometria
proportioni ET proprogionalitá;

 História moderna ou da literatura da Contabilidade: período que vai de 1494 a


1840. Caracterizada como a fase em que os primeiros livros divulgando o processo
de registro na forma puramente técnica foram publicados;

 História contemporânea ou científica da Contabilidade: período que vai de


1840 até os dias atuais. Caracteriza-se pelos estudos de natureza científica com
plena sistematização do conhecimento.

Na Sociedade do Conhecimento, verifica-se que a Contabilidade se encontra


em busca das melhores formas de se adaptar as mudanças ocorridas, pois o
processo de desenvolvimento é contínuo e refere-se ao momento presente.
A globalização dos mercados repercutiu na Contabilidade, principalmente
em dois aspectos. Primeiro, tornou urgente a padronização das normas
internacionais de Contabilidade, para possibilitar o entendimento nas transações
realizadas pelas empresas mundialmente de forma mais simples e ágil. Esse é um
problema para o quais diversos órgãos vêm dedicando esforços, atualmente. Entre
outros, pode-se citar o Internacional Accounting Standards Committee (IASC).
Segundo, e como consequência do primeiro, aumentou a variedade de usuários das
informações.

4.2 - Contabilidade como Sistema de Informação

Resolução do Conselho Federal de Contabilidade n° 774, ao versar sobre


os objetivos da Contabilidade, assim se pronuncia:

“O objetivo científico da Contabilidade manifesta-se na correta


apresentação do Patrimônio e na apreensão e análise das causas das suas
mutações. Já sob a ótica pragmática, a aplicação da Contabilidade a uma entidade
particularizada, busca prover os usuários com informações sobre aspectos de

24
natureza econômica, financeira e física do Patrimônio da Entidade e suas
mutações, o que compreende registros, demonstrações, análises, diagnósticos,
expressos sob a forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas e outros meios”.

A Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade referendada pela Comissão


de Valores Mobiliários (CVM) assim especifica os objetivos da Contabilidade:
“A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e
avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de
natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação a entidade
objeto de contabilização”.

Compreende-se por sistema de informação um conjunto articulado de dados,


técnicas de acumulação, ajustes e editagens de relatórios que permite:

a. tratar as informações de natureza repetitiva com o Máximo possível de


relevância e o mínimo de custo;

b. dar condições para, através da utilização de informações primárias constantes


do arquivo básico, juntamente com técnicas derivadas da própria Contabilidade e/ou
outras disciplinas, fornecer relatórios de exceção para finalidades especificas, em
oportunidades definidas ou não.”

A Statement of Basic Accouting Theory (Asobat) destaca que os objetivos


da Contabilidade são prover informações para os seguintes propósitos:

1. Tomar decisões acerca do uso de recursos limitados, incluindo a identificação


de áreas cruciais de tomada de decisão e a determinação dos objetivos e metas;

2. Dirigir e controlar os recursos humanos e materiais das organizações;

3. Manter e relatar os custos dos recurso;

4. Facilitar e manter funções sociais.

Segundo Iudícibus (1998:7), “a Contabilidade tem-se destacado ao longo


dos séculos, por ser o principal sistema de informações das entidades”.

Riccio (1989:57) resume em dois pontos principais os objetivos de um


Sistema de Informação Contábil:

1. Prover informações monetárias e não monetárias, destinadas as atividades e


decisões dos níveis operacionais, tático e estratégico da empresa, e também para
os usuários externos a ela;

2. Constituir-se na peça fundamental do Sistema de Informação Gerencial da


empresa.

25
Drucker (1997:73-89), considerando o Princípio da Continuidade, pondera
que as empresas devem ser administradas como negócios permanentes, para a
criação de riqueza, e que este fato óbvio não reflete nas medições tradicionais, pois
requer informações que possibilitem aos executivos fazer julgamentos informados.
Logo, os gerentes precisam de demonstrações que relacionem a condição atual da
empresa a sua capacidade futura de produção de riqueza, a curto e a longos prazos,
e exemplifica: uma perda de posição no mercado ou o fracasso em uma inovação
não aparecem nas cifras contábeis até que o dano já esteja feito.
Segundo o autor, são necessários quatro conjuntos de instrumentos:
informações básicas, informações sobre produtividade, informações sobre
competência e informações sobre alocação de recursos escassos, que constituem o
instrumental para os executivos administrarem os negócios correntes.

 informações básicas: consistem do conjunto mais antigo e mais


amplamente usado de instrumentos gerenciais de diagnóstico, tais como: projeções
de fluxo de caixa, liquidez e medições-padrões;
 informações sobre produtividade: refere-se as informações sobre a
produtividade de recursos-chave, tais como: produtividade do trabalho manual, do
trabalho em serviços e do trabalho baseado no conhecimento;
 informações sobre competência: consistem nas informações sobre a
capacidade que a empresa possui, que é exclusivamente sua e difícil de ser imitada
pelos concorrentes;
 informações sobre alocação de recurso: referem-se as informações sobre
a alocação de capital e de pessoal de bom desempenho.

Com esses quatro conjuntos de instrumentos, Drucker ressalta a importância


de o sistema de informações contábeis reportarem informações sobre o ambiente
em que as grandes mudanças ocorrem que é o meio externo as organizações,
consideradas como informações estratégicas.

4.2 - Valor da Empresa na Sociedade do Conhecimento

Em 1191, o Instituto Americano de Contadores Públicos (AICPA), formou um


Comitê Especial sobre Demonstrações Financeiras visando adaptar os relatórios
financeiros para a economia moderna. Em 1994, o Comitê emitiu o seguinte parecer,
identificando os aspectos que necessitavam de aperfeiçoamento:

1. Prestação de informações sobre planos, oportunidades, riscos e incertezas


das corporações;
2. Uma melhor correspondência entre os sistemas de informações externas e
os sistemas internos de controle gerencial e de informações;
3. Uma discussão mais ampla dos fatores de desempenho não financeiros que
criam valor a longo prazo (Mavrinac e Boyle, 1996:2).

Vale lembrar que o objeto de estudo da Contabilidade é o patrimônio, e ela


veio aperfeiçoando as formas de avaliação patrimonial com base na ocorrência das
mudanças na sociedade, de forma que o resultado apurado retratasse o
maispróximo possível a realidade organizacional.

26
No decorrer das duas últimas décadas, entretanto, a propagação da
tecnologia, das telecomunicações e a aplicação do conhecimento na busca da
vantagem competitiva produziram benefícios intangíveis que não vem sendo
explorados, ou mesmo percebidos a contento pela Contabilidade tradicional. Este
fato, na opinião de Johnson e Kaplan (1996:201-202), consiste em uma falha do
modelo da Contabilidade Financeira que compromete o papel da lucratividade de
curto prazo como indicador válido e confiável da saúde financeira de uma
companhia. Os autores confirmam a necessidade de não se limitar o cálculo do valor
econômico a soma dos ativos individuais, medindo sob qualquer critério de custo,
devendo-se somar o valor dos ativos intangíveis discutidos até então.
Esses benefícios, por serem vitais para a continuidade das organizações no
ambiente atual, são considerados ativos, e a combinação desses vários ativos
intangíveis vem-se atribuindo o nome de Capital Intelectual.
Dessa forma, entende-se que, se estão sendo incorporados outros itens ao
patrimônio da organização, itens que criarão valor a médio e longo prazo, ou seja,
que reverterão em lucro para a empresa, a Contabilidade deve esforçar-se para
identificar e mensurar tais itens, pois isto é de suma importância tanto
gerencialmente quanto para seus usuários externos.
Em suma, o recurso econômico da Sociedade do Conhecimento é
conhecimento do intelecto. Assim sendo, as organizações necessitam investir
grandes somas no ser humano, detentor do conhecimento, e em sistemas de
informações, pois a informação constitui-se na matéria-prima para a aplicação do
conhecimento. Ocorrem como demonstrado, que nenhum desses dois aspectos, de
suma importância para a continuidade das empresas na economia atual, bem como
os demais decorrentes da aplicação da tecnologia a produtos e processos, vêm
sendo considerados, e muito menos divulgados, pela Contabilidade tradicional, sob
qualquer forma de relatório. Consequentemente, um número expressivo das
empresas encontra-se subutilizadas, proporcionalmente a quantidade do recurso
intelectual utilizado, e outras artificialmente sustentadas. Isto é um fato.

5 - Capital Intelectual

A urgência da Contabilidade em considerar determinados ativos intangíveis


na mensuração do real valor da empresa parece ser senso comum, e os fatos
apontados por alguns autores, retratados a seguir, confirmam as consequências
dessa realidade.

“O custo tangível do Windows 95, produzido pela Microsoft,


representa 10% do valor total, sendo a diferença atribuída a conhecimento”.
(Alcântara, 1995:86).

“Bill Gates é o principal ativo de sua empresa. A justificativa dessa


afirmação é o fato de a Microsoft valer hoje, na Bolsa de Valores, algo em torno de
US$ 51 bilhões, quase dez vezes mais do que a empresa fatura” (Sá, 1996:9).

“A Oticon Holding S.A, indústria de aparelhos auditivos


dinamarquesa, registrou um crescimento, em termos de valor de mercado, de 150
milhões de coroas dinamarquesas em 1991 para 2,4 bilhões atualmente, embora
somente 400 milhões de coroas encontrem-se registrados no balanço patrimonial”
(Labarre, 1996:53)

27
Analisando-se as citações, pode-se concluir a primeira vista, que o hiato
deixado pela Contabilidade tradicional reflete-se na diferença entre o valor
patrimonial e o valor de mercado, visível no valor das ações em Bolsa. Todavia, dois
outros aspectos que chamam a atenção é que, igualmente, pode-se atribuir a lacuna
deixada pela Contabilidade são identificados: o comportamento inesperado das
ações de certas companhias, mesmo quando essas enfrentam alguma situação
adversa, e a mudança na composição dos custos dos produtos e serviços, pois os
custos tangíveis estão perdendo espaço para o recurso do conhecimento.
Na prática, os ativos intangíveis só vêm sendo avaliados precisamente
quando a empresa é vendida. Entretanto, os gestores necessitam ter conhecimento
(identificação e mensuração) desses ativos que a empresa possui, para administrar
sua continuidade e, assim, divulgar informações mais próximas da realidade para os
interessados.
Conceituar o valor que se encontra “escondido” dentro da empresa, como se
referem alguns autores, ao que se vem atribuindo o nome de Capital Intelectual, é o
objetivo desse capítulo, pois, a exemplo da Intel e da Microsoft, que estão valendo,
juntas, US$ 239 bilhões, sendo que seus ativos tangíveis chegam apenas a US$ 34
bilhões (Exame Informática, 1997:98), existem muitas outras empresas.E, como tão
oportunamente observam Edvinsson e Malone (1998:2), “o valor de uma Intel ou de
uma Microsoft não reside nos tijolos e na argamassa ou mesmo nos estoques, mas
em outro tipo intangível de ativo: o Capital Intelectual”.
Para atender tal intuito, julga-se importante tecer algumas considerações
sobre o Ativo no tocante apenas ao conceito que se firma para o entendimento do
Capital Intelectual, não objetivando, portanto, uma revisão bibliográfica.

5.1 - Ativo

Ativo, para a Contabilidade tradicional, compreende os bens e os direitos da


entidade expressos em moeda. Por sua vez são classificados em ativos tangíveis e
ativos intangíveis. Numa diferenciação simplista, os primeiros são aqueles que
possuem existência física e os segundos são os que não a possuem.

Entretanto, na prática empresarial, a classificação não é tão simples assim,


apresentando transtorno na identificação dos itens que compõem o grupo dos ativos
no balanço patrimonial, principalmente os ativos intangíveis, afetando,
sobremaneira, o real valor da empresa, como visto até então.
Numa análise mais abrangente da definição de ativo, mas não admitida
pelas normas contábeis atuais (Contabilidade Financeira), pode-se considerar as
elencadas a seguir:

 Paton (1962:46), ao considerar as características físicas do ativo, afirma que


“os ativos não são inerentemente tangíveis ou físicos. Um ativo representa uma
quantia econômica. Pode, ou não, estar relacionado ou ser representado por um
objeto físico”.

 Martins (1972:30), em sua tese de doutoramento sobre a mensuração do


ativo intangível, adota a seguinte definição para o ativo: “o ativo é o futuro resultado
econômico que se espera obter de um agente”.

28
De forma mais analítica, Iudícibus (1194:106) confirma a visão de Paton ao
assumir a principal característica de um ativo:

“A característica fundamental é a sua capacidade de


prestar serviços futuros a entidade que os tem, individual ou
conjuntamente com outros ativos e fatores de produção, capazes de
se transformar, direta ou indiretamente, em fluxos de entrada de
caixa. Todo ativo representa, mediata ou imediatamente, direta ou
indiretamente, uma promessa futura de caixa. Quando falamos
indiretamente, queremos referir- nos aos ativos que não são
vendidos como tais para realizarmos dinheiro, mas que contribuem
para o esforço de geração de produtos que mais se transformam em
disponível.”

Martins (1972:29) sintetiza a principal diferença nas duas visões expostas


sobre como conceituar um ativo. Segundo o autor, a diferença reside entre qualificar
o agente como sendo o ativo e qualificar o resultado trazido pelo o agente. Assim,
exemplifica: o caminhão é o agente; o transporte é o ativo. Mais adiante,
complementa que: “o agente tem importância apenas na extensão em que pode
trazer resultados econômicos futuros”.
Atribuir valor a um ativo tangível parece ser mais fácil do que a um ativo
intangível, pois, com raras exceções, e por definição, os ativos tangíveis possuem
corpo e não necessitam de uma avaliação com maior grau de subjetividade,
levando-se em conta algumas considerações quanto a valoração a preço de custo,
de mercado ou de realização.
Assim, a questão permanece nos ativos intangíveis, principalmente por ser a
essência dos elementos que hoje formam o valor real da entidade e, como observa
Martins (1972:54), “talvez a característica mais comum a todos os itens do Ativo
Intangível seja o grau de incerteza existentes na avaliação dos futuros resultados
que por eles poderão ser proporcionados”. Em outras palavras, a falta de
objetividade.
O ativo compreende as aplicações de recursos representados por bens e
direitos (Resolução CFC 847/99). São bens e direitos de uma entidade. Pode-se
dizer que é a raiz da Demonstração de Posição Financeira (antigo Balanço
Patrimonial), pois o balanço precisa respeitar a equação fundamental da
contabilidade financeira: Ativo=Passivo+Patrimônio Líquido.
Para a técnica de contabilidade financeira, na categoria ativo da
(Demonstração de Posição Financeira), as contas devem estar dispostas em ordem
decrescente de grau de liquidez dos elementos nela registrados, dividido em dois
grupos principais: Ativo Imobilizado ( ou não circulante) e Ativo Circulante.

Divisão Detalhada de Ativos da Demonstração de Posição Financeira:

 Imobilizado (não circulante)


 Imobilizado Incorpóreo (Intangível)
Exemplo: Marcas e Patentes

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 Imobilizado Corpóreo
Exemplo: Imóveis, Veículos e Equipamentos

 Investimentos Financeiros
Exemplos: Partes de capital em empresas de grupo, títulos e outras aplicações
financeiras.

 Circulante
 Existências
Exemplos: Mercadorias e Caixa

 Dívidas de terceiros de curto prazo.


Exemplos: Dívidas de clientes e dívidas do Estado e outros entes públicos.

 Depósitos bancários e caixa.


Exemplos: Depósitos bancários, dinheiro em caixa.

5.2 - Ativo Intangível

Ao averiguar-se a evolução histórica envolvendo a sistemática de


reconhecimento e mensuração dos ativos intangíveis pela Contabilidade, verifica-se
que essa preocupação não é recente, muito pelo contrário, remonta à séculos,
embora trabalhos específicos sobre o tema datem do final do século passado.
Todo o interesse que o tema vem despertando nos meios acadêmicos e
profissional durante tantos anos, gerando controvérsias e evolução na aceitação e
conceito, embora não tendo encontrado, ainda, unanimidade quanto a seu
tratamento, adquire maior urgência a medida que os intangíveis ganham espaço na
economia atual em sua totalidade e nas organizações, especificamente e, conforme
já comentado, vêm sendo identificados por Capital Intelectual.
A matéria publicada no The Economist (Apud Gazeta Mercantil, 1998:20)
ilustra esse fato. Segundo o artigo, é crescente a securitização de ativos intangíveis,
como, por exemplo, a de direitos autorais. Nota-se que o autor chamou esse tipo de
securitização de “recebíveis bem exóticos”. Acredita-se que o adjetivo empregado
pode ser atribuído a mudança de paradigma ainda não assimilada pelo próprio autor.
Martins (1972:58) considera que os Princípios do Custo como Base do Valor
e o da Confrontação das Despesas com as Receitas mais as Convenções da
Objetividade e do Conservadorismo têm restringindo a aceitação de vários itens
como elementos componentes do ativo, impedindo a Contabilidade de evidenciar os
fatos da maneira mais próxima do real, cujos efeitos mais dramáticos se fazem sentir
nos ativos intangíveis, dando origem ao Goodwill.
Deve-se considerar que a objetividade, além de ser uma convenção para a
Contabilidade, é também perseguida pelos cientistas em geral, tornando-se,
algumas vezes, uma “obsessão”. Talvez, por essa convenção não poder ser
aplicada consistentemente e de forma plena pela Contabilidade Financeira aos
intangíveis, seja esta senão a única, mas a principal causa de seu não-
reconhecimento (outra causa poderia ser o Conservadorismo, conforme apontado
por Martins e, também, o Princípio do Custo como Base de Valor).

30
Entretanto, deve-se levar em conta a visão de Bierman Jr. (1963), referente
a essa questão, quando se afirma que é de fato impossível se ter uma estrita
interpretação de evidencia objetiva, a menos que a Contabilidade seja limitada a
mensuração do caixa. O mais perto que um contador pode chegar a exatidão
informacional é no montante de caixa disponível. Parece óbvio que o autor
imaginava um macro ambiente com e economia estável, ou seja, sem inflação ou
deflação, quando fez tal afirmação. Do contrário, até a mensuração do caixa estaria
sujeita a determinado grau de subjetividade.
O Goodwill é um dos componentes dos Ativos Intangíveis e, como tal, vem
sendo alvo de muito estudos e pesquisas, dada sua complexidade, relevância e
discordância entre os autores estudiosos do assunto.
Os Ativos Intangíveis são importantes fontes de valorização das empresas.
Sendo assim, fatores como marcas, patentes, tecnologia, pesquisas,
desenvolvimento e domínio do conhecimento humano tornam essenciais para a sua
valorização. Ele é um subgrupo da Demonstração de Posição Financeira (antigo
Balanço Patrimonial).
Os bens intangíveis não possuem existência física, porém representam
uma aplicação de capital indispensável aos objetivos sociais, que tem como uma
das principais características a potencialidade de gerar benefícios futuros para as
empresas.
Ganharam reconhecimento com as grandes mudanças na elaboração e
divulgação das demonstrações contábeis, de acordo com a Lei 11.638, de 28 de
dezembro de 2007.
Os principais atributos de um ativo são: o controle dos recursos e a
capacidade de proporcionar benefícios futuros para a organização. O termo tangível
vem do latim "tangere" ou do grego "tango" que significa tocar. Logo, os bens
intangíveis são aqueles que não podem ser tocados, porque não possuem corpo
físico. Na composição do ativo de uma entidade, existem ativos materiais ou
tangíveis, e ativos imateriais ou intangíveis.
O valor da entidade não se restringe à soma dos valores de seus ativos
tangíveis, pois se inclui os valores de ativos intangíveis: o surgimento de produtos
inovadores, o conhecimento de processos de produção flexíveis e de alta qualidade,
o talento e a moral dos empregados, a fidelidade dos clientes e imagem dos
produtos, rede de distribuição eficiente, etc.
De acordo com Lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007, ativo intangível
são direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da
companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio
adquirido.

Podemos identificar dois grupos de Ativos Intangíveis:

 Identificáveis: para os quais se podem dar um nome (Marcas, Patentes, etc).


 Não identificáveis: Que contemplam principalmente, os Ativos Humanos e
outros fatores como qualidade, confiabilidade, tecnologia, lealdade dos clientes, etc.

31
5.3 - Definições do Ativo Intangível

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis define que o ativo intangível é um


ativo não monetário identificável sem substância física ou o ágio pago por
expectativa de rentabilidade futura (Goodwill).
O Financial Accounting Standart Board (FASB), por outro lado, apresenta
uma definição bem mais restrita, estabelecendo apenas que os intangíveis são
ativos, que carecem de substância física.
Nessa mesma tendência, o International Accounting Standard Board
(IASB), organismo internacional de emissão de padrões contábeis, estabelece que
Ativos Intangíveis são aqueles que não tem substância física, ou tem um valor que
não é convertido para aquelas substâncias físicas que eles possuem, a exemplo de
um software, o qual não é razoavelmente mensurado em relação ao custo dos
disquetes que o contém (EPSTEIN e MIRZA, 2004) .
Schmidt e Santos (2002) definem ativos intangíveis como recursos
incorpóreos controlados pela entidade capazes de produzir fluxos de caixa futuros. A
definição apresentada pelos autores é uma extensão da definição de ativo,
incorporando a característica de intangibilidade.
Hoss (2003) enfatiza a natureza dos Ativos Intangíveis, seu agrupamento,
direcionadores e normas. Aponta metodologia baseada em premissas do valor
contábil que reflete o valor econômico da organização. Baseia-se nas dimensões
humanistas, processuais, estruturais e ambientais, sob o foco passado-presente e
presente-futuro, levando-se em conta as perspectivas interna e externa.
Assim, levando em consideração estas definições, as maiorias dos ativos
intangíveis correspondem à definição de ativo, logo estes eram conhecidos como
ativo imobilizado, porém, existem argumentos de que os intangíveis devem ser
tratados de forma diferente dos tangíveis.
Segundo Kaplan e Norton (1997), o valor é conseguido com o
aperfeiçoamento da capacidade de gerar mais conhecimento, ou seja, da
capacidade de gerenciar a intangibilidade dos ativos invisíveis. A capacidade de
mobilização e exploração dos ativos intangíveis ou invisíveis torna-se muito mais
decisiva que gerenciar e investir em ativos tangíveis.
Oliveira (1999) defende a utilização do conceito de valor econômico na
avaliação de intangíveis. A seu entender, o valor econômico constitui uma ideia
subjetiva, embora sua forma de mensurá-lo não necessariamente deva encerrar tal
característica. Oliveira (1999) pressupõe que o valor de um ativo reside no custo de
oportunidade, oriundo de sua aquisição e que deva ser mensurado no momento da
decisão e trazido a valor presente pela taxas de oportunidades financeiras. Defende
que, quer seja o Ativo Intangível adquirido individualmente ou como parte de uma
cesta de ativos, quer seja gerado internamente ou recebido em doação, o problema
de sua avaliação econômica, descartando o critério contábil do custo histórico como
base de valor, deve ser resolvida considerando-se o fluxo de benefícios, custos de
oportunidades envolvidos, risco, etc.
A administração científica foi o grande salto qualitativo, não só em termos
de produtividade, mas também de dignidade no trabalho (STEWART, 1998). Para
Drucker (1970), o passo mais importante em direção à economia do conhecimento
foi à administração científica, ou seja, a aplicação sistemática da análise e do estudo
do trabalho manual. Pela primeira vez na história, o trabalho foi considerado como

32
merecedor da atenção do homem educado. A chave para se produzir mais era
trabalhar mais inteligentemente.
Então no ano de 2007 houve um desmembramento do ativo imobilizado,
que, a partir da vigência da Lei 11.638/2007, ou seja, a partir de 01.01.2008, passa
a contar apenas com bens corpóreos de uso permanente.
Na contabilidade, o Ativo Intangível representa um elemento sem
substância física, mas com valor econômico, como, as já ditas: patentes, marcas,
direitos autorais, Capital Intelectual, entre outros.
Deve ser ressaltado que, para as companhias abertas, a existência desse
subgrupo "Intangível" já se encontra regulada pela Deliberação Comissão de Valores
Mobiliários - CVM nº 488/05.
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis Pronunciamentos Técnico n°
04/2008 diz que alguns ativos intangíveis podem estar contidos em elementos que
possuem substância física, como um disco (como no caso do software),
documentação jurídica (caso de uma licença ou patente) ou em um filme. Para saber
se um ativo que contém elementos intangíveis e tangíveis deve ser tratado como um
ativo imobilizado ou como ativo intangível, nos termos da presente Pronunciamento,
a entidade avalia qual elemento é mais significativo. Por exemplo, um software de
uma máquina-ferramenta controlada por computador que não funciona sem esse
software específico é parte integrante do referido equipamento, devendo ser tratado
como ativo imobilizado. O mesmo se aplica ao sistema operacional de um
computador. Quando o software não é parte integrante do respectivo hardware, ele
deve ser tratado como ativo intangível.
Pode-se concluir que os Ativos Intangíveis são importantes fontes para a
valorização das empresas. Isto se deve ao fato de que os Ativos Intangíveis
identificam de uma forma dinâmica o potencial da empresa, no presente e a sua
capacidade de gerar benefícios no curto e longo prazo.

5.4 - Conceito de Capital Intelectual

No momento presente, os conceitos de Capital Intelectual diferem em alguns


aspectos, mas na essência, apresenta o mesmo conteúdo.
Brooking (1996:12-13) define Capital Intelectual como uma combinação de
ativos intangíveis, fruto das mudanças nas áreas da tecnologia da informação, mídia
e comunicação, que trazem benefícios intangíveis para as empresas e que
capacitam seu funcionamento. Para a autora, o Capital Intelectual pode ser dividido
em quatro categorias: ativos de mercado, ativos humano, ativos de propriedade
intelectual e ativos de infra-estrutura. Onde ela define a composição de cada grupo
da seguinte forma:
 Ativos de mercado: potencial que a empresa possui em decorrência dos
intangíveis, que estão relacionados ao mercado, tais como marca, clientes, lealdade
dos clientes, negócios recorrentes, negócios em andamento, canais de distribuição,
franquias, etc.;

 Ativos humanos: os benefícios que o indivíduo pode proporcionar as


organizações por meio de sua expertise, criatividade, conhecimento, habilidade para
resolver problemas, tudo visto de forma coletiva e dinâmica;

33
 Ativos de propriedade intelectual: os ativos necessitam de proteção legal
para proporcionarem as organizações benefícios, tais como know-how ( segredos
industriais), copyright (patentes), etc.

 Ativos de infra-estrutura: as tecnologias, as metodologias e os processos


empregados como cultura, sistema de informação, métodos gerenciais, aceitação de
risco, banco de dados de clientes, etc.

Os fatores que geram o capital intelectual de acordo com Brooking apud


Antônio & Martins (2002), são:

- conhecimento, pelo funcionário, de sua importância para os objetivos da empresa;

- funcionários tratados como ativo raro;

- alocar a pessoa certa considerando suas habilidades;

- definir uma estratégica próativa para tratar a propriedade intelectual;

- mensurar o valor de marcas;

- avaliar investimentos em canais de distribuição;

- avaliar infra-estrutura e adequado ambiente de trabalho;

- valorizar a opinião dos funcionários;

- oportunizar a participação dos funcionários na definição dos objetivos da empresa.

- estimular os funcionários para a inovação.

Para Stewart (1998:XIII), capital intelectual "é a soma do conhecimento de


todos em uma empresa, o que lhe proporciona vantagem competitiva. (...) constitui a
matéria intelectual – conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência
– que pode ser utilizada para gerar riqueza."
Para Edvinson & Malone (1998), capital intelectual é a soma do capital
humano e do capital estrutural (CI=CH+CE). O capital intelectual surge do
intercâmbio entre esses dois.
Capital Humano – corresponde a toda capacidade, conhecimento, habilidade
e experiência individuais dos empregados de uma organização para realizar as
tarefas. Não pode ser propriedade da empresa. Representa a parte mais difícil do
modelo de capital intelectual.
Capital Estrutural – é formado pela infra-estrutura que apóia o capital
humano: equipamentos de informática, softwares, bancos de dados, redes, etc.
Esses autores usam a metáfora da árvore para melhor explicar o capital
intelectual, fazendo a seguinte analogia:
- Frutos = lucros;

34
- Folhas, galhos e tronco = representam a empresa conforme é conhecida
pelo mercado e expressa pelo processo contábil (parte visível);
- Raiz = capital intelectual (valor oculto).
Para ter bons frutos a árvore precisa ser alimentada por raízes fortes e
sadias. Com raízes bem cuidadas a empresa florescerá; já, com raízes avariadas a
empresa poderá morrer. Raízes fortes podem constituir o único fator que preserva
uma árvore durante uma seca ou uma geada inesperada.
Para Nonaka e Takeuchi (1997), capital intelectual / conhecimento – é um
ativo intangível que está disperso na cabeça das pessoas que integram uma
empresa e em documentos gerados em sua estrutura, como relatórios,
memorandos, arquivos eletrônicos e, especialmente, na sua experiência prática.
Esses autores conceituam o conhecimento explícito (existência concreta) e o
conhecimento tácito (intuitivo).
Na atualidade, o Capital Intelectual pode ser divido em três grandes capitais.
O capital humano, o capital estrutural e o cliente. Todos são intangíveis, mas
descrevem coisas tangíveis para os executivos. É o intercâmbio entre que cria o
Capital Intelectual.

5.5 - Capital Humano - A Mina na Empresa

As pessoas geram capital para a empresa através de sua competência, sua


atitude e sua capacidade para inovar. As competências incluem as habilidades e a
educação. E a atitude se refere às condutas. Porém é finalmente a capacidade de
inovar, a que pode gerar mais valor para uma companhia. Tudo isto constitui o que
chamamos de capital humano.
Constitui o capital humano o conhecimento acumulado, a habilidade e
experiências dos funcionários para realizar as tarefas do dia-a-dia, os valores, a
cultura, a filosofia da empresa, e diversos ativos intangíveis, ou seja, as pessoas que
são os ativos humanos da empresa. A principal estratégia da empresa será de atrair,
reter, desenvolver e aproveitar o máximo o talento humano, que será cada vez mais,
a principal vantagem competitiva.
Para entender melhor o capital humano é preciso entender as habilidades
que determinam qualquer tarefa, processo ou negócio, relacionadas abaixo:
Habilidade do tipo commodity: são as habilidades adquiridas, costumam
não serem específicas de uma empresa e podem ter o mesmo valor para qualquer
organização. É por exemplo, a habilidade de atender ao telefone.
Habilidades alavancadas: o conhecimento pode ser mais valioso para uma
determinada empresa do que para outra. São específicas a um setor e não a uma
empresa. Os programadores, por exemplo, da Andersen Consulting podem
alavancar essa habilidade enquanto os do Bank of America só agregam valores aos
seus funcionários.
Habilidades proprietárias: são os talentos específicos à empresa, em torno
dos quais uma organização constrói seu negócio. Pode ser codificada em forma de
patentes, direitos autorais, expertise. O Ritz-Carlton é o especialista em
administração hoteleira.

35
A gestão do capital humano passa pelo levantamento do potencial humano,
pela identificação das potencialidades estratégicas a desenvolver e pela capacitação
necessária.
O capital humano, portanto, configurando-se como um grande referencial de
sucesso no meio empresarial, é o que vai determinar o futuro da companhia. Sem
um gerenciamento adequado deste requisito, nenhuma empresa terá sucesso com
suas metas e objetivos e, consequentemente, não alcançará os resultados
esperados. Muito menos poderá pretender manter-se competitiva no mercado.

5.6 - Capital Estrutural

Compreende os ativos intangíveis relacionados com a estrutura e os


processos de funcionamento interno e externo da organização que apóiam o capital
humano, ou, tudo o que permanece na empresa quando os empregados vão para
casa.
Edvinsson (1997) propõe a seguinte divisão para o capital estrutural:
Capital organizacional abrange o investimento da empresa em sistemas,
instrumentos e filosofia operacional que agilizam o fluxo de conhecimento pela
organização, bem como em direção às áreas externas, como aquelas voltadas para
os canais de suprimento e distribuição.
Capital de inovação refere-se à capacidade de renovação e aos resultados
da inovação sob a forma de direitos comerciais amparados por lei, propriedade
intelectual e outros ativos e talentos intangíveis utilizados para criar e colocar
rapidamente no mercado de novos produtos e serviços.
Capital de processo é constituído por aqueles processos, técnicas (como o
ISO 9000) e programas direcionados aos empregados, que aumentam a ampliam a
eficiência da produção ou a prestação de serviços.
É o tipo de conhecimento prático empregado na criação contínua de valor.
Para gerenciar o capital estrutural, é preciso uma rápida distribuição do
conhecimento, o aumento do conhecimento coletivo em menor tempo de espera e
profissionais mais produtivos. A função da gerência da empresa é utilizar
corretamente o capital estrutural, para que o mesmo aumente o valor para os
acionistas.

5.7 - Capital do Cliente

É definido como o valor de sua franquia, seus relacionamentos contínuos


com pessoas e organizações para as quais vende.
Para Sveby (1998), a escolha da empresa do conhecimento no que diz
respeito a clientes, portanto, tem um significado estratégico vital porque o tipo de
cliente com os quais uma empresa do conhecimento trabalha determinada tanto a
qualidade quanto a quantidade de suas receitas intangíveis do conhecimento.
Existem três tipos de clientes, segundo o mesmo autor.

36
- os que melhoram a imagem, no qual suas referências e seus depoimentos são
muitos valiosos;
- os clientes que melhoram a organização, esses exigem soluções de ponta,
melhorando a estrutura interna da empresa; e
- os clientes que aumentam a competência, que contribuem com projetos que
desafiam a competência dos funcionários, fazendo que os funcionários aprendam
com eles.

5.8 - Desenvolvimento Histórico do Conceito de Capital Intelectual

Verifica-se que, a despeito de proeminentes autores, principalmente Peter


Drucker, terem versado sobre o impacto do conhecimento como recurso para a
sociedade décadas atrás, a primeira matéria empregando o conceito do Capital
Intelectual de que se tem informação foi publicada por Thomas Stewart, na Fortune,
em 1994, com o título: Your company´s most valuable asset: intellectual capital.
Essa matéria, que serviu de base para alguns artigos acadêmicos nos
Estados Unidos e no Brasil, abordava as primeiras experiências realizadas por
algumas companhias para mensurar seu Capital Intelectual, cujo principal executivo
para esse assunto era Leif Edivinsson, diversas vezes citado anteriormente. Nesse
artigo, todas as organizações empregaram a mesma denominação para explicar o
mesmo fenômeno, qual seja: Capital Intelectual.
O que se verificou em maior abundancia foram estudos desenvolvidos em
torno de um dos elementos que compõem o Capital Intelectual: o Capital Humano. A
história mostra que economistas, a partir do século XV, já investiram esforço para
encontrar uma forma de atribuir valor monetário ao ser humano. Os objetivos que
impulsionaram tais pesquisas foram de caráter econômico, como, por exemplo,
estimar perdas com as guerras e com as migrações.
Segundo a visão dos economistas da época, o ser humano é considerado
capital por possuir capacidade de gerar bens e serviços, por meio do emprego de
sua força de trabalho e do conhecimento, constituindo-se em importante fonte de
acumulação e de crescimento.
A importância da aceitação do Capital Humano para economia em geral é
muito bem colocada por Schultz (1967:64). Segundo o autor, um conceito de capital
restrito a estruturas, equipamentos de produção e patrimônio é extremamente
limitado para estudar tanto o crescimento econômico computável (renda nacional)
como o que é mais importante, todas as conquistas, no bem-estar, geradas pelo
progresso econômico em longos períodos de tempo. A instrução e o progresso no
conhecimento constituem importantes fontes de crescimento econômico.
Complementa, citando Kuznets, que o conceito de capital e de formação de capital
deveria ser ampliado de forma a incluir investimentos em seres humanos, o que se
dá, basicamente, pelo investimento na instrução.

5.9 - Avaliação do capital intelectual

Existe uma metodologia desenvolvida por Sveiby (1998) para avaliação dos
ativos intangíveis, que tem como objetivo criar um sistema de gerenciamento de

37
informações para os gestores da empresa, que precisam conhecê-la, acompanhar a
sua evolução e adotar medidas corretivas, quando necessárias.
As avaliações dos ativos intangíveis são feitas para atender as necessidades
de atendimento dos clientes, credores e acionistas ou para uso dos gestores da
empresa.
Para avaliar os ativos intangíveis, o processo é o seguinte: determinação da
finalidade: uso externo e/ou interno; a classificação dos funcionários dentro de uma
das três categorias de ativos intangíveis, que são: competência, estrutura interna e
estrutura externa; a formulação de uma estratégia para gestão do conhecimento;
informações que deverão enfatizar o fluxo, a mudança e os dados de controle;
comparação dos indicadores em relação aos anos anteriores; apresentação dos
indicadores num quadro denominado de Monitor de Ativos Intangíveis.
As informações geradas pela Avaliação do Capital Intelectual são úteis para
os gestores, já que lhes possibilitam: sistematização das informações; identificação
e mensuração de indicadores financeiros e não financeiros; detalhamento da
competência dos profissionais, geradores de receitas da organização; proporcionam
subsídios para tomada de decisões sobre pessoal, investimentos e clientes.

5.9.1 - Gestão do Capital Intelectual

Segundo estudo do Financial and Management Acconting Committee


(Técnica Contable) apud Baum & Gonçalves (2001) os conceitos básicos relativos à
medida e gestão do capital intelectual estão relacionados a três aspectos:
Contexto econômico – o crescimento é maior nas indústrias e nações
voltadas à criação, transformação e capitalização dos conhecimentos do que
aquelas ligadas à exploração e utilização dos recursos naturais em seus processos.
O conhecimento é um diferencial de competitividade.
Contexto Contábil – a contabilidade tradicional não está habilitada a medir
aspectos da empresa quanto à capacidade de dirigentes e pessoal, o valor das
informações, da capacidade tecnológica, potencial de mercado e investimentos em
pesquisa e desenvolvimento.
Contexto Empresarial – a visão na gestão da empresa, a partir da atual era
do conhecimento em relação à era industrial passa a ter o seguinte enfoque:

38
Para Stewart (1998) os ativos intelectuais de uma corporação, são
geralmente três ou quatro vezes mais valiosos que os tangíveis que constam nos
livros e diz que os passos para administrá-lo são:

- definir a importância do investimento intelectual para o desenvolvimento de


novos produtos;

- avaliar a estratégia dos componentes e o ativo do conhecimento;

- classificar o seu portfólio: o que você tem, o que você usa, onde eles estão
alocados;

- analisar e avaliar o valor do portfólio: quanto eles custam, o que pode ser
feito para maximizar o valor deles, se deve mantê-los, vendê-los ou
abandoná-los;

- investir baseado no que se apreendeu nos passos anteriores, identificar


espaços que devem ser preenchidos para explorar conhecimento, defender-
se da concorrência, direcionar a ação da empresa ou avançar na tecnologia; e

- reunir o seu novo portfólio de conhecimento.

Encontra-se em desvantagem em relação às demais, as empresas que


ainda não se deram conta do seu Capital Intelectual, pois não encontraram a
importância do mesmo dentro do seu patrimônio. O primeiro passo para o
gerenciamento deste capital é identificá-lo, para depois mensurá-lo.
Percebe-se então que o gerenciamento do capital intelectual é mais do que
apenas o gerenciamento de conhecimentos. Gerenciamento do capital intelectual
para Edvinsson (1997) é a alavancagem do capital humano e do capital estrutural
em conjunto. Trata-se de um efeito multiplicador entre capital humano e capital
estrutural. Isso posto, capital intelectual é uma função de gênero e de metas.
Padoveze (2000) apresenta as medidas como sugestão para o gerenciamento do
capital intelectual.

Indicadores para o capital humano – reputação dos empregados da


companhia junto a empresa de colocação de empregados; anos de experiência na
profissão; taxa de empregados com menos do que dois anos de experiência;
satisfação dos empregados; proporção dos empregados, dando novas idéias e
sugestões e proporção implementada; valor adicionado por empregado; valor
adicionado por unidade monetária de salário.

Indicadores para o capital estrutural – número de patentes; percentual de


despesas de P&D (pesquisa e desenvolvimento) sobre as vendas líquidas; custo de
manutenção de patentes; custo de projeto do ciclo de vida por vendas; número de
computadores individuais, ligados ao banco de dados; número de vezes que o

39
banco de dados é consultado; atualização do banco de dados; contribuição ao
banco de dados; volume de uso do sistema de informação (SI); custo do SI por
vendas; lucro por custo do SI; satisfação com o serviço do SI; taxa de
implementação de novas ideias pelo total de novas ideias geradas; número de
introdução de novos produtos; introdução de novos produtos por empregado;
número de equipes de projeto multifuncionais; proporção do lucro dos novos
produtos introduzidos; tendência do ciclo de vida dos produtos nos últimos cinco
anos; tempo médio para planejamento e desenvolvimento de produto; valor das
novas ideias (economias e ganhos em dinheiro).

Indicadores para a clientela e relacionamentos – participação no


mercado; crescimento no volume de negócios; proporção das vendas por
repetitividade dos clientes; lealdade à marca; satisfação dos clientes; reclamação
dos clientes; rentabilidade dos produtos como uma proporção das vendas; número
de alianças cliente/fornecedores e seu valor; proporção dos negócios dos clientes
(ou fornecedores) que os produtos e serviços da empresa representam (em valor).
Desta forma, segundo Tinoco (1996), o valor gerado em decorrência do
trabalho humano, constitui-se em um ativo que precisa ser devidamente
contabilizado, mensurado, analisado e divulgado.

5.9.2 - Algumas Considerações sobre o Ativo/Capital Humano

O Capital Intelectual, como definido até o momento, abrange vários


elementos intangíveis, além do próprio Capital Humano. O que se entende de tal
procedimento é o fato de o Capital Intelectual ser relativo ao intelecto, que só os
seres humanos possuem. Assim sendo, o Capital Intelectual abrange o elemento
possuidor do recurso do conhecimento e tudo mais que é resultante da aplicação do
conhecimento.
Verifica-se que, por vezes, Capital Intelectual e Capital Humano se
confundem, sendo entendido como Capital Intelectual somente aquele que deriva do
conhecimento humano. A importância que o ser humano, possuidor do recurso
fundamental do conhecimento, representa para as organizações, atualmente pode
conduzir a tal equívoco.
Como o Ativo Humano ou Capital Humano compreende os benefícios
que o indivíduo pode propiciar para as organizações, é natural que hoje em dia as
empresas dediquem maiores esforços para identificar aquelas pessoas que poderão
otimizar essa relação de causa e efeito. Quanto melhor o capital humano/ativo
humano de uma organização, melhores resultados ela alcançará no Capital
Intelectual.
Consequentemente, as organizações necessitam apoiar-se no Recurso
Humano do conhecimento, não mais no Recurso Humano da força braçal; a
tecnologia, à medida que, por um lado, supre este fator, por outro demanda pelo
potencial humano da inteligência. Entretanto, a percepção de inteligência não capta
apenas o Quociente de Inteligência (Q.I.), mensurado pela aplicação de testes
específicos até então. Leva-se em conta, nas organizações, a Inteligência Emocional
(Q.E.), teoria desenvolvida por Goleman (1996). A Inteligência Emocional abrange
aspectos como motivação e persistência diante de frustrações, autocontrole,

40
habilidade de não permitir que a aflição impeça a capacidade de pensar e
principalmente, o relacionamento em grupo e a empatia.
Goleman (1996:176), referindo-se ao ambiente organizacional, cita o
estudo realizado entre os engenheiros e cientistas que apresentavam os melhores
resultados do teste de Q.I. Acadêmico dos Laboratórios Bell, quais denominou os de
“profissionais-estrelas”. Entretanto, observou que, dentro desse banco de talentos,
alguns despontam como estrelas, enquanto outros têm apenas produção mediana, e
ressalta: “O que faz a diferença entre as estrelas e os outros não é o Q.I. acadêmico
deles, mas o Q.E.
São mais capazes de motivar-se, e de transformar suas redes informais
em equipes improvisadas. Em outras palavras, pode-se concluir que a Inteligência
Emocional envolve a habilidade de resolver problemas e enfrentar situações
adversas, de expor ideias com clareza e rapidez, de ser criativo e saber materializar
sua imaginação.

6 - Conceito Goodwill

Considerando a complexidade que envolve o tema Goodwill, pretende-se no


momento, apenas estabelecer alguns aspectos quanto a sua natureza, avaliação e
classificação, os quais possibilitarão uma comparação com o conceito do Capital
Intelectual.
Monobe (1986:51), em sua tese de doutoramento intitulada Contribuição a
Mensuração e Contabilização do Goodwill adquirido, observa que a primeira
aparição do Goodwill foi vinculada a terra [em 1571], e gradativamente foi sendo
relacionado ao comércio, a atividade industrial, a fidelidade da clientela, a
localização privilegiada, a personalidade dos proprietários, a processos industriais, e
a conexões financeiras.
Todos esses fatores vieram sendo apontados como os responsáveis (ou
fatores contribuintes) pela geração de lucro da empresa em longo prazo e não
reconhecidos pela Contabilidade. Esta característica persiste até hoje para certos
fatores e para outros tantos que foram sendo acrescidos a medida que os ativos
intangíveis não contabilizados ou não identificados vieram aumentando
proporcionalmente aos demais ativos em virtude da sofisticação dos negócios
(Monobe, 1986:51-52, 63).
É sabido que a Contabilidade Financeira reconhece e contabiliza o Goodwill
apenas quando ocorre a compra de uma empresa.
Quanto a seu valor, o autor afirma que, numa conceituação moderna, o
Goodwill corresponde a diferença entre o valor atual de toda a empresa, ou seja, sua
capacidade de geração de lucros futuros, e o valor econômico de seus ativos,
apresentando, portanto, uma característica residual (Monobe, 1986:65).
Segundo o The Chartered Institute of Management Accountants, o mais
importante instituto de contadores gerenciais do Reino Unido, em sua Terminologia
Oficial de Contabilidade Gerencial (1996:87) Goodwill é definido como a diferença
entre o valor de um negócio em sua totalidade e a soma dos ativos individuais
avaliados por seu valor justo.
Segundo as duas significativas definições apresentadas, pode-se inferir que
não existe um consenso sobre a critério de valor a ser utilizado, cujo
aprofundamento, conforme já dito, não é o objetivo no momento. Entretanto, quanto
a sua característica residual, não há dúvidas.

41
6.1 - Classificação do Goodwill

Conforme a classificação de Coyngton, valendo ressaltar que é datado de


1923 (Apud Martins, 1972:74), o Goodwill assume a seguinte divisão:

 Goodwill comercial: criado em função, exclusivamente, de toda a empresa,


independentemente das pessoas proprietárias ou administradoras;

 Goodwill pessoal: decorrente de uma ou várias pessoas que integram a


empresa, sendo proprietária(s) ou administradora(s);

 Goodwill profissional: desenvolvido por uma classe profissional que cria uma
imagem que a distingue dentro da sociedade, propiciando condições de alta
renumeração, como no caso dos médicos, advogados e contadores em alguns
países;

 Goodwill evanescente: característico de certos produtos que a moda cria e,


portanto, possuem curta duração;

 Goodwill de nome ou marca comercial: ocasionado pela imagem do nome da


empresa que produz o produto ou da marca sob o qual é comercializado. Distingue-
se do anterior pela durabilidade.

Admitindo-se a classificação para o Goodwill de Paton e Paton (Apud Martis,


1972:73), divulgada em 1952, há:

 Goodwill comercial: decorrente de serviços colaterais, como equipe cortês


de vendedores, entregas convenientes, facilidade de crédito, dependências
apropriadas para serviços de manutenção, qualidade do produto em relação ao
preço, atitude e hábito do consumidor como fruto de nome comercial e marca
tornados proeminentes em função de propaganda persistente, localização da firma;

 Goodwill industrial: decorrente de altos salários, baixo rotatividade de


empregados, oportunidades internas satisfatórias para acesso a posições
hierárquicas superiores, serviço médico, sistema de segurança adequado, desde
que tais fatores contribuam para a boa imagem da empresa e também para a
redução do custo unitário de produção em virtude da eficiência de uma força de
trabalho operando nessas condições;

 Goodwill financeiro: derivado da atitude de investidores e de fontes de


financiamento e de crédito em virtude de a empresa possuir sólida situação para
cumprir suas obrigações e manter sua imagem ou, ainda, obter recursos financeiros
que lhe permitam aquisições de matéria-prima ou mercadorias em melhores termos
e preços;

 Goodwill político: em decorrência de boas relações com o Governo.

42
6.2 - Goodwill Versus Capital Intelectual

Após a conceituação de Capital Intelectual e de Goodwill, julga-se oportuno


tecer-lhes algumas considerações, tendo em vista ambos abordarem os ativos
intangíveis, identificando os pontos em comum, a fim de que se possa estabelecer
uma relação ente os dois conceitos.
O valor do Goodwill de uma empresa segundo observou Manobe (1986:62),
seja em sua forma convencional, seja em sua forma definida como sinergético,
estará sempre relacionado com a capacidade de geração de lucros dessa empresa.
Da mesma forma, os autores até então citados relacionam o Capital Intelectual a
geração de lucros à longo prazo. Isso parece um tanto coerente com a definição de
ativo adotada.
Ao se observarem os fatores responsáveis pela formação do Goodwill,
segundo Catlett e Olson (Apud Martins, 1972:75), e pela formação do Capital
Intelectual, segundo Brooking (1996:17), podem ser identificados vários pontos e
comum, conforme visto a seguir:

Fatores que geram o Goodwill:

 Administração superior;

 Organização ou gerente de vendas proeminentes;

 Fraqueza na administração do competidor;

 Propaganda eficaz;

 Processos secretos de fabricação;

 Boas relações com os empregados;

 Crédito proeminente como resultado de uma sólida reputação;

 Excelente treinamento para os empregados;

 Alta posição perante a comunidade, conseguida por meio de ações


filantrópicae participação de atividades cívicas por parte dos administradores da
empresa;

 Desenvolvimento desfavorável nas operações do competidor;

 Associações favoráveis com outra empresa;

 Localização favorável.

É relevante observar que os autores admitem a impossibilidade de listar


todos os fatores e condições em virtude da própria natureza do Goodwill.
Fatores que geram o Capital Intelectual:

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 Conhecimento, por parte do funcionário, do que representa seu trabalho para
objetivo global da companhia;

 Funcionário tratado como um ativo raro;

 Esforço da administração para alocar a pessoa na função certa,


considerando suas habilidades;

 Existência de oportunidade para desenvolvimento profissional e pessoal;

 Avaliação do retorno sobre o investimento realizado em Pesquisa &


Desenvolvimento (P&D);

 Identificação do Know-how (segredos industriais) gerado pela P&D;

 Identificação dos clientes recorrentes;

 Existência de uma estratégia proativa para tratar a propriedade intelectual;

 Mensuração do valor da marca;

 Avaliação do retorno sobre o investimento realizado em canais de


distribuição;

 Sinergia entre os programas de treinamento e os objetivos corporativos;

 Existência de uma infra-estrutura para ajudar os funcionários a desempenhar


um bom trabalho;

 Valorização das opiniões dos funcionários sobre os aspectos traçados;

 Encorajamento dos funcionários para inovar;

 Valorização da cultura organizacional.

Outro ponto importante trata do nascimento do Capital Intelectual. Para


Brooking (1996:12), o Capital Intelectual começou quando o primeiro vendedor
estabeleceu um bom relacionamento com o seu cliente, o que denominou Goodwill.
Já Edvinsson e Malone (1997:11) consideram que o Capital Intelectual pode
apresentar-se como uma nova teoria, mas que ele esteve sempre presente na forma
de bom-senso (considerado um dos elementos do Goodwill), e que o interesse em
entender a diferença entre o valor de mercado de uma empresa e seu valor contábil
sempre existiu. O que se modificou foi a forma de entender esse diferencial. Antes
ele era atribuído a fatores inteiramente subjetivos e que, portanto, jamais poderiam
ser medidos [Goodwill].
A afirmação dos autores sugere que o Capital Intelectual iniciou-se com
base no Goodwill, quando de seu conceito inicial e limitado,sugerindo, ainda, uma
precipitada aglutinação dos dois conceitos. Isso pode ser confirmado comparando-

44
se as classificações de ambos e os fatores responsáveis por suas formações.
Entretanto, a afirmação de H. Thomas Johnson (apud Edvinsson e Malone, 1998:4),
ao considerar que o Capital Intelectual se encontra escondido no interior do “mais
misterioso lançamento contábil , aquele referente ao Goodwill”, dá-nos uma idéia de
complementaridade. Quanto a questão de identificação de tais elementos, esta se
apresenta de forma muito mais complexa do que pode parecer a primeira vista,
conforme a literatura consultada.
Monobe (1986:55), ao se referir a problemática da identificação do Goodwill,
assume que “um dos problemas subsistentes continua sendo a linha divisória entre o
valor atribuível ao Goodwill e aqueles atribuíveis a outros intangíveis, o que acarreta
especialmente dificuldade na sua mensuração”.
Assim sendo, conclui-se que o modelo desenvolvido para mensuração do
Capital Intelectual pode ser entendido como uma tentativa de identificar e mensurar
alguns dos fatores (ativos intangíveis) que contribuem para a geração de lucros
futuros, minimizando a quantidade de intangíveis não identificados e,
consequentemente, o valor do Goodwill.
Conclui-se, portanto, que os idealizadores do modelo estão resolvendo parte
dos componentes subjetivos do Goodwill e não o problema do Goodwill em sua
totalidade, ou melhor, “explicando a diferença entre o valor contábil e o valor de
mercado” como se referem.

Pode-se concluir, portanto, conforme demonstrado, que:

 A preocupação em identificar e mensurar os valores intangíveis de uma


empresa não é recente.

 Os autores citados assumem a existência do Capital Intelectual já à séculos,


tendo como origem o Goodwill;

 Capital Intelectual é um conceito que identifica e agrupa elementos intangíveis


(de acordo com as classificações) que antes pertenciam ao Goodwill, considerando-
se o Goodwill como resultante da não-aceitação pela contabilidade Financeira de
vários itens como componentes do ativo, em virtude, principalmente, do Princípios
do Custo como Base de Valor e da Confrontação das Despesas com as Receitas
mais as Convenções da Objetividade e do Conservadorismo.

6.3 - Contabilidade versus Capital Intelectual

Observa-se o Capital Intelectual como um dos principais e talvez o mais


importante gerador de riqueza nas empresas. Diante disso, percebe-se claramente a
necessidade da atenção que deve ser dada ao seu estudo, evidenciação e gestão.
Visto a importância da gestão do Capital Intelectual, observa-se um fato
relevante: o capital Intelectual não se enquadra nos modelos contábeis tradicionais.
Edvinsson e Malone (1998) relatam que o modelo tradicional da
contabilidade, que descreveu com tanto brilho as operações das empresas durante
meio milênio, não tem conseguido acompanhar a revolução que está ocorrendo no
mundo dos negócios. De maneira idêntica ao organograma, à brochura institucional,
ao manual de pessoal, os demonstrativos financeiros das grandes empresas

45
mostram-se cada vez mais estáticos e obsoletos para acompanhar a organização
moderna, com sua estrutura fluida, parceria estratégica, trabalho em equipe,
marketing em rede de multimídia e repositório vitais de recursos humanos
intelectuais. Um dos principais desafios encontrados pela contabilidade consiste na
mensuração do Capital Intelectual.
Beuren e Beltrame apud Wernke (2002), retratam esta dificuldade dizendo
que este é um desafio precisa ser vencido mediante pesquisas e experiências
práticas e que, adicionalmente, é necessário evidenciar o retorno proporcionado pelo
Capital Intelectual. Sua importância consiste basicamente no fato de que em muitas
empresas, notadamente as que utilizam tecnologia de ponta, determinado executivo
de grupo de pessoas (por exemplo, pesquisadores e cientistas) são responsáveis
pela manutenção da parcela de mercado ou liderança em termos de práticas
adotadas e inovações oriundas do conhecimento que estes detêm.

7 - Mensuração do Capital Intelectual

As entidades frequentemente despendem recursos ou contraem obrigações


com a aquisição, o desenvolvimento, a manutenção ou o aprimoramento de
recursos intangíveis como conhecimento.
A partir da existência dessas novas tecnologias e serviços, as empresas
necessitam adequar-se a uma nova realidade, onde o conhecimento torna se um
recurso econômico.
Mesmo sendo considerado um ativo intangível, o capital intelectual pode ser
mensurado. Esta mensuração irá complementar e enriquecer a contabilidade,
fazendo com que alcance o seu papel de fornecer informações úteis da melhor
maneira possível, já que a contabilidade necessita de demonstrações contábeis com
informações atuais de natureza intelectual, humana, ecológica e social.
Não obstante, quando se observa e compara o valor constante das
demonstrações contábeis de uma empresa com o seu valor econômico, constata-se
uma diferença considerável. O valor de mercado de uma empresa varia
normalmente entre duas e nove vezes o seu valor contábil. Ou seja, existe uma
significativa diferença entre o valor contábil e o valor de mercado de uma empresa.
De posse desta constatação, pode-se afirmar que existem nas organizações
outros ativos além dos físicos que justificam tal disparidade entre o valor de mercado
e o valor contábil de uma organização. A esses ativos, que agregam um valor
excedente às organizações, deu-se o nome de ativos intangíveis ou capital
intelectual.
A mensuração do Capital Intelectual gera informações úteis para os
gestores, possibilitando uma detalhada verificação da competência dos profissionais
geradores de receitas da organização, proporcionando auxílio para a tomada de
decisões a respeito de clientes, pessoal e investimentos.
Alguns modelos têm sido utilizados para mensurar o capital intelectual.
Estes serão demonstrados com suas características, vantagens e limitações.
A mensuração é um dos processos mais difíceis em se tratando do tema
capital Intelectual, pois consiste na mensuração de ativos intangíveis como:potencial
humano, marcas, patentes, entre outros.
Góis (2000) diz que o Capital Intelectual pode afetar e ser afetado pela
cultura particular de cada organização, bem como pelos distintos processos e
relacionamentos a ela associados. Essa complexa relação cria a necessidade de

46
realizar uma análise rigorosa de modo a mensurar, relatar e gerir o Capital
Intelectual de uma empresa. Sendo o Capital Intelectual um fator importante em
qualquer empresa, uma das maiores dificuldades encontradas a cerca do tema é a
mensuração.
Padoveze (2000) sensibilizado por esta dificuldade fala que a nomenclatura
Capital Intelectual é usada para diferenciar esse ativo intangível dos demais ativos
da empresa. Dessa maneira, o valor da empresa é o somatório do Capital Intelectual
mais o Capital Físico, representados pelos ativos tradicionais da empresa. Um dos
principais desafios atuais da contabilidade é a mensuração do Capital Intelectual.

7.1 - Modelos de Mensuração

7.2 - Diferença entre Valor de Mercado e o Valor de Contábil

A existência de uma diferença entre o valor de mercado e o valor contábil de


uma organização é um fato inquestionável. Assim, visando iluminar e clarear esta
lacuna entre estes valores (mercado e contábil). Será apresentada a forma de
mensuração para o responsável por tal diferença, ou seja, para o capital intelectual.
Não obstante, devido à natureza do assunto capital intelectual, a mensuração do
mesmo é uma tarefa complexa, pois envolve muitas variáveis.
Não é raro, atualmente, encontrar casos em que o valor de mercado de uma
empresa supere em muito o valor contábil da mesma. Parte desse fato se deve, em
particular no setor de serviços, a importância da gestão do capital intelectual em
relação à gestão dos ativos físicos. Neste cenário, a economia caracterizada no
conhecimento, tem surgido marcas que geram retornos substanciais à medida que
se desvinculam de um produto específico ou de um meio físico. Segundo Terra
(2000, p.21), existem vários exemplos de marcas que tem gerado retornos
elevadíssimos aos seus proprietários por sua associação a vários tipos distintos de
produtos físicos. Como outros produtos do conhecimento, as marcas seguem regras
semelhantes: é possível aumentar seu valor à medida que se amplia seu uso e
difusão. É o caso da Nike, da Microsoft e Star Wars, cujos valores de mercado
superam os respectivos valores contábeis, dado o nível de agregação de valor da
marca ao produto ou serviço. Essas empresas se preocupam muito com marketing,
a marca e na manutenção da dependência dos seus clientes à sua marca. Para
ilustrar melhor a relação valor contábil x valor de mercado, podemos citar o caso da
IBM e da Microsft que, segundo Stewart (1998, p.30), ao fazermos uma análise dos
livros contábeis das duas empresas mostra diferenças significativas. Apesar do
volume de vendas da IBM ser muito maior, a Microsoft é a empresa mais valiosa: em
novembro de 1996, a capitalização total de mercado da IBM era de US$70,7 bilhões;
o da Microsoft era de US$85,5 bilhões. Mas os ativos subjacentes a esse capital
eram inteiramente diferentes. No início de 1996, a IBM possuía livre de depreciação,
US$16,6 bilhões em bens móveis, fábricas e equipamentos; os ativos fixos líquidos
da Microsoft totalizavam US$930 milhões.
Utilizando a segunda abordagem do FAS nº333, do FASB (Financial
Accounting Standards Board), onde o capital intelectual é a diferença entre o valor
real de mercado e o valor real de mercado dos ativos tangíveis, menos os passivos
da companhia, podem-se fazer uma estimativa do valor do capital intelectual de uma
empresa.

47
Neste modelo, o valor do capital intelectual é obtido através da diferença
entre o valor contábil e o valor de mercado (valor de cotação em bolsa) de uma
empresa. Este é calculado utilizando-se a equação:

CI = VM – VC

Onde
CI = Capital Intelectual;
VM = Valor de Mercado (preço por ação multiplicado pelo número total de
ações do capital da empresa)
VC = Valor Contábil (valor registrado no Patrimônio Líquido da entidade).

Caracterizado por sua simplicidade, já que, se o valor de mercado é maior do


que seu valor contábil, a diferença será o capital intelectual da empresa.

7.3 - Modelo Skandia

Nos últimos anos, o Grupo Skandia vem despertando o interesse dos meios
acadêmicos e empresariais e da mídia por ter sido o primeiro grupo a divulgar um
relatório contendo dados sobre a avaliação do Capital Intelectual de suas empresas.
Esse relatório foi distribuído aos acionistas em 1995, como suplemento das
Demonstrações Financeiras referentes a 1994.
Considerando que não é objetivo deste artigo apresentar o modelo de
mensuração do Capital Intelectual desenvolvido pelo grupo, optou-se por abordar de
forma bem simplificada a sua essência, dando-se maior ênfase à Fórmula de
Mensuração do Capital Intelectual.
O grupo identificou certos valores de sucesso que deveriam ser
maximizados e incorporados à estratégia organizacional. Esses fatores, por sua vez,
foram agrupados em cinco áreas distintas de foco:
1. Foco Financeiro.
2. Foco Clientes.
3. Foco Processo.
4. Foco Renovação e Desenvolvimento.
5. Foco Humano.

Para cada um desses focos foram estabelecidos indicadores que permitem


medir o seu desempenho.
A fim de estabelecer uma equação que traduzisse em um número o valor do
Capital Intelectual, a Skandia estabeleceu os seguintes passos:
1. Identificar um conjunto básico de índices, que possa ser aplicado a toda a
sociedade com mínimas adaptações.
2. Reconhecer que cada organização possa ter um Capital Intelectual adicional que
necessite ser avaliado por outros índices.

48
3. Estabelecer uma variável que capte a não tão-perfeita previsibilidade do futuro,
bem como a dos equipamentos, das organizações e das pessoas que nela
trabalham.

Capital Intelectual Organizacional = iC

Onde: C = Valor monetário do Capital Intelectual


i = Coeficiente de Eficiência
O valor de C é obtido a partir de uma relação que contém os indicadores
mais representativos de cada área de foco, avaliados monetariamente, excluindo os
que pertencem mais propriamente ao Balanço Patrimonial. Esses indicadores
referem-se ao exercício social:
1. Receitas resultantes da atuação em novos negócios.
2. Investimento no desenvolvimento de novos mercados.
3. Investimento no desenvolvimento do setor industrial.
4. Investimento no desenvolvimento de novos canais.
5. Investimento em Tecnologia da Informação (TI) aplicada a vendas, serviço e
suporte.
6. Investimento em TI, aplicada à administração.
7. Novos equipamentos de TI.
8. Investimento no suporte aos clientes.
9. Investimento no serviço aos clientes.
10.Investimento no treinamento de clientes.
11.Despesas com clientes não-relacionadas ao produto.
12.Investimento no desenvolvimento da competência dos empregados.
13.Investimento em suporte e treinamento relativo a novos produtos para os
empregados
14.Treinamento especialmente direcionado aos empregados que não trabalham nas
instalações da empresa.
15.Investimento em treinamento, comunicação e suporte direcionados aos
empregados permanentes em período integral.
16.Programas de treinamento e suporte especialmente direcionados aos
empregados temporários de período integral.
17.Programas de treinamento e suporte especialmente direcionados aos
empregados temporários de tempo parcial.
18.Investimento no desenvolvimento de parcerias.
19.Investimentos na identificação da marca (logotipo/nome).

49
20.Investimento em novas patentes e direitos autorais.

O Índice de Coeficiente de Eficiência do Capital Intelectual é obtido por meio


dos indicadores mais representativos de cada área de foco expressos em
porcentagens, quocientes e índices, cuja média aritmética dos índices permite
colocá-los em uma porcentagem única. Esses parâmetros referem-se ao presente:
1. Participação de Mercado (%).
2. Índice de Satisfação dos Clientes (%).
3. Índice de Liderança (%).
4. Índice de Motivação (%).
5. Índice de Investimento em Pesquisa & Desenvolvimento / Investimento Total (%).
6. Índice de Horas de Treinamento (%).
7. Desempenho / Meta de Qualidade (%).
8. Retenção dos Empregados (%).
9. Eficiência Administrativa / Receitas (%).
Verifica-se que a fórmula apresentada pela Skandia mede o Capital
Intelectual em função da quantidade de investimentos, medidos em termos
monetários, realizados nos elementos que podem ser mensurados objetivamente.
Por exemplo: investimentos no suporte aos clientes e investimentos em TI, aplicada
a vendas, serviço e suporte. Estes investimentos poderão impactar a satisfação do
cliente ou não.
Entretanto, não consideram como Capital Intelectual o valor total do
investimento (valor de custo) realizado, mas, apenas, à proporção que reverterá
para a empresa, a médio ou longo prazos, medida em função do índice percentual
de satisfação dos clientes (indicador não-financeiro). Assim sendo, pode-se concluir
que a medida de Capital Intelectual apresenta-se, à primeira vista, como um número,
portanto, uma mensuração aparentemente objetiva, mas dada a própria natureza de
alguns índices, é composta por um certo grau de subjetividade.

7.4 - Razão entre Valor de Mercado e o Valor Contábil

Uma medida simples é a divisão entre o valor de mercado e o patrimônio


contábil; mas esta medida revela problemas como, mudanças bruscas no
comportamento do mercado de ações, por exemplo, se houver mudança no
comportamento do mercado financeiro, do tipo como aumento da taxa de juros e o
se valor de mercado da empresa cair. Então o capital intelectual também caiu?
Ou se a empresa for negociada abaixo do valor contábil, então a empresa
não possui Capital Intelectual. Outro problema é quando da adoção de critérios e
procedimentos contábeis diferentes por parte das empresas, não havendo assim
possibilidade de comparação entre os dados obtidos.

50
7.5 - Modelo “Q” de Tobin

Desenvolvida pelo economista James Tobin, ganhador do prêmio Nobel;


este método é a comparação entre o valor de mercado e o seu custo de reposição
dos ativos. Foi desenvolvida para prever decisões de investimentos, independente
de influências macroeconômicas. STEWART (1998:202) explica que “se o Q for
menor que 1 – ou seja, se um ativo vale menos que seu custo de reposição – é
improvável que uma empresa compre novos ativos do mesmo tipo; por outro lado,
as empresas tendem a investir quando o valor de ativos semelhantes é maior do que
seu custo de reposição.”
Não se trata de uma medida desenvolvida para medir o capital intelectual,
mas é um bom referencial. É possível calcular o “Q” de Tobin para ativos específicos
– veículos, máquinas, edificações – ou para uma empresa como um todo. Com base
neste indicador, é observado que em companhias como a indústria de software,
onde o Capital Intelectual é abundante, o “Q " de Tobin tende para um indicador de
7,00 ou mais. ; e que nas companhias de capital físico intensivo, o "Q " de Tobin
tende para valores perto de 1,00. (LOPO MARTINEZ ,1999).
Segundo STEWART (1998:203), o uso do “Q” de Tobin em lugar dos razões
entre valor de mercado e o valor contábil elimina os efeitos de diferentes formas de
avaliação do ativo. Sendo uma medida mais viável de comparação entre empresa
em um período de vários anos. Porém, LOPO MARTINEZ (1999) alerta que o “Q "
de Tobin está sujeito às mesmas variáveis externas que influenciam no valor de
mercado, como também, distorções devido aos critérios da contabilidade adotados
que influenciam nos valores contábeis.
Porém, não concordamos com a segunda afirmação, pois a representação
do ativo com base em valores de mercado, elimina distorções na avaliação dos
ativos tangíveis entre as empresas.
Q = Valor de Mercado / Custo de Reposição
Desenvolvido pelo economista James Tobin, ganhador do prêmio Nobel.
Não se trata de uma medida desenvolvida para medir especificamente o capital
intelectual, entretanto é um bom referencial. Este método prevê a comparação entre
o valor de mercado e o seu custo de reposição dos ativos.
Fórmula de Mensuração:
Desenvolvido pelo economista James Tobin, ganhador do prêmio Nobel.
Não se trata de uma medida desenvolvida para medir especificamente o capital
intelectual, entretanto é um bom referencial. Este método prevê a comparação entre
o valor de mercado e o seu custo de reposição dos ativos.
Se Q<1 (ou seja, um ativo valendo menos do que seu custo de reposição) é
improvável que uma empresa compre novos ativos daquele tipo.
Se Q>1 (ou seja, um ativo valendo mais do que seu custo de reposição) a
empresa tende a investir mais naquele tipo de ativo. Foi desenvolvido para
prever decisões de investimentos independentes de influências macroeconômicas.
Aplica-se para ativos específicos, por exemplo, veículos, máquinas, etc.
Nas indústrias de software, observa-se que o "Q de Tobin" tende para um
número igual ou superior a sete (7,00). Enquanto que nas companhias onde
predomina o capital físico, esse indicador tende para valores próximos a um (1,00).
A vantagem desse indicador em relação à razão entre o valor de mercado e
o valor contábil (VM/VC) é que elimina os efeitos de diferentes formas de avaliação
do ativo.

51
Enquanto a desvantagem é que está sujeito às mesmas variáveis externas
que influenciam o valor de mercado.

7.6 – Navegador do Capital Intelectual

Stewart (1998) entende que o capital intelectual deve analisar o


desempenho da empresa sob várias perspectivas. Para tanto, sugere um gráfico
circular, cortado por várias linhas, em forma de uma tela de radar. Esse gráfico tem a
vantagem de poder agrupar várias medidas diferentes (por exemplo: razão, %,
valores absolutos etc.) num mesmo quadro.
O autor utiliza uma medida geral (razão valor de mercado/valor contábil) e
indicadores para cada um dos elementos que compõem o capital intelectual:
humano, estrutural e cliente.
Exemplificando o Navegador do Capital Intelectual, temos a seguinte figura,
onde a área do interior do polígono representa a situação atual enquanto a área
externa indica a situação desejada. Em outras palavras, alcançar a extremidade do
círculo seria o ideal.

Com base no gráfico acima, podemos concluir que a empresa em termos de


"satisfação de clientes" está quase atingindo as metas pretendidas. Entretanto, o
índice de "participação de novos produtos na receita total" está longe do objetivado
pela empresa.
Podemos concluir, neste exemplo, que a empresa tem um desempenho
satisfatório em Medidas de Capital do Cliente, entretanto um péssimo desempenho
nos índices de Medidas de Capital Estrutural.

52
O Navegador do capital intelectual tem a vantagem da fácil visualização e do
acompanhamento da evolução do desempenho da empresa. Deve-se ter cuidado
especial na escolha dos índices de desempenho, para que sejam adequados à
estratégia da empresa.

7.7 - Base legal de reconhecimento e mensuração do Capital Intelectual

A definição de ativo intangível requer que ele seja identificável, e separável,


ou seja, ser separado da entidade e vendido, transferido, licenciado, alugado ou
trocado, individualmente ou junto com um contrato; ativo ou passivo relacionado,
independente da intenção de uso pela entidade.
A entidade controla um ativo quando detém o poder de obter benefícios
econômicos futuros gerados pelo recurso subjacente e de restringir o acesso de
terceiros a esses benefícios. Normalmente, a capacidade da entidade de controlar
os benefícios econômicos futuros de ativo intangível advém de direitos legais.
Os benefícios econômicos futuros gerados por ativo intangível podem incluir
a receita da venda de produtos ou serviços, redução de custos ou outros benefícios
resultantes do uso do ativo pela entidade. Por exemplo, o uso da propriedade
intelectual em um processo de produção pode reduzir os custos de produção futuros
em vez de aumentar as receitas futuras.
A entidade deve avaliar a probabilidade de geração dos benefícios
econômicos futuros utilizando premissas razoáveis e comprováveis que representem
a melhor estimativa da administração em relação ao conjunto de condições
econômicas que existirão durante a vida útil do ativo.
A entidade utiliza seu julgamento, para avaliar o grau de certeza relacionado
ao fluxo de benefícios econômicos futuros atribuíveis ao uso do ativo, com base nas
evidências disponíveis no momento do reconhecimento inicial, dando maior peso às
evidências externas.
Um ativo intangível deve ser reconhecido inicialmente ao custo, o sistema de
custeio de uma entidade podem muitas vezes mensurar com segurança o custo da
geração interna de ativo intangível e outros gastos incorridos.
O custo de ativo intangível gerado internamente que se qualifica para o
reconhecimento contábil se restringe à soma dos gastos incorridos a partir da data
em que o ativo intangível atende os critérios de reconhecimento não permitindo a
reintegração de gastos anteriormente reconhecidos como despesa.
O custo de ativo intangível gerado internamente inclui todos os gastos
diretamente atribuíveis, necessários à criação, produção e preparação do ativo para
ser capaz de funcionar da forma pretendida pela administração.IV
O PA
7.8 - Vantagens na mensuração

Num mercado cada vez mais competitivo, o sucesso nos negócios, depende
basicamente da qualidade do conhecimento que cada organização aplica nos seus
processos coorporativos / empresariais. Nesse contexto, o desafio de se utilizar do
conhecimento residente na empresa, com o objetivo de criar vantagens
competitivas, torna-se mais crucial.
Em relação às vantagens na mensuração do capital intelectual, aponta as
vantagens da mensuração do capital intelectual, entre elas destaca-se: aumento no
potencial informativo da Contabilidade; redimensionamento patrimonial da entidade

53
(clareza e adequação); canalização correta dos recursos para investimentos em
capital humano e capital estrutural; facilitar a escolha do investidor; determinar de
que maneira uma melhor gestão do conhecimento ajudará à empresa a ganhar ou a
economizar dinheiro e ainda, evitar danos e injustiças que uma avaliação patrimonial
incorreta traz, gerando lucros ou prejuízos indevidos.
Também identificam as razões pelas quais as organizações estão buscando
mensurar o seu capital intelectual, entre elas, a avaliações do capital intelectual
permite as empresas a formularem suas estratégias, pois a mensuração do capital
intelectual ajuda a organização identificar suas competências corporativas e os
melhores recursos para aproveitar as oportunidades; a avaliação dos indicadores de
desempenho do capital intelectual contribui para as empresas avaliarem suas
estratégias, ao mesmo tempo em que as executam; os indicadores do capital
intelectual ajudam as organizações nas decisões de desenvolver, diversificar e
expandir seus recursos, como no caso de alianças estratégicas, aquisições;
possibilita o uso de medidas financeiras juntamente com as medidas não financeiras
e permite a comunicação aos acionistas sobre os maiores concorrentes, crescimento
do mercado, volatilidade e perigos inerentes nas avaliações incorretas das empresas
e aumento do custo de capital.

7.9 - Contabilização do Capital Intelectual

O efeito do Capital Intelectual já é apurado na conta de resultados no final do


exercício e consubstanciado no Balanço Patrimonial, no Patrimônio Líquido em
conta de Lucros e Reservas e registrado em Conta do Ativo, assim como, as Marcas
e Patentes que antigamente eram vistas como despesas, pelos custos de suas
origens e atualmente está sendo tratada pelas empresas como se fosse
investimentos.
Sendo assim, a conta credora seria Capital Intelectual e a conta devedora
seriam gastos incorridos para a aquisição.

VO PASSI

54
Conclusão

A complexidade do ambiente empresarial atual exige a aplicação de


instrumentos de intervenção cada vez mais sofisticados e inovadores. O modelo de
gestão do Capital Intelectual surge como uma forte alternativa para todas as
organizações, independentemente de tamanho, atividade ou nacionalidade.
Na Sociedade do Conhecimento, as organizações em geral precisam
aprender a administrar sua capacidade intelectual, que corresponde ao seu ativo
mais importante. Não se pode mais subestimar a importância do Capital Intelectual,
usando-o de forma ineficiente e sem nenhum controle contábil, diante da sua grande
repercussão no patrimônio das organizações.
Caminhamos para dias nos quais será difícil conceber demonstrações
contábeis sem informações de natureza intelectual, humana, ecológica e social. Na
verdade, a mensuração do Capital Intelectual vem a complementar o atual sistema
de mensuração patrimonial, atribuindo-lhe uma visão mais sistêmica, enriquecendo-
o com novas informações, tornando-o mais coerente com as exigências do atual
contexto econômico, político e social.
As Demonstrações de Posições Financeiras (antigo Balanço Patrimonial)
devem também atender, neste particular, as necessidades dos seus usuários. As
informações imprescindíveis para decisões rápidas e seguras, no mundo atual,
necessitam ser adequadamente expostas.
Toda essa mudança provocada pelo Capital Intelectual, se, por um lado,
pode gerar frustração aos profissionais da Contabilidade, por outro lado, é uma
oportunidade para fortalecer ainda mais a relevância dessa categoria profissional
para a sociedade. Esse parece-nos o caminho a ser trilhado pela Contabilidade para
manter-se atual, moderna e na vanguarda dos acontecimentos da nova era.

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