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CARDIAC ARREST
Antônio Pazin-Filho1; José Carlos dos Santos2; Renato Barroso Pereira de Castro2;
Cláudia Dizioli Franco Bueno2 & André Schmidt1
1
Docentes. Departamento de Clínica Médica. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto -USP.
2
Médicos Assistentes. Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto -USP.
CORRESPONDÊNCIA: Prof. Dr. Antonio Pazin Filho. Centro de Estudos de Emergências em Saúde. Unidade de Emergência – HCFMRP-USP.
Rua Bernardino de Campos, 1000. CEP: 14015-030 - Ribeirão Preto – SP. e-mail: apazin@fmrp.usp.br
PAZIN FILHO A; SANTOS JC; CASTRO RBP; BUENO CDF & SCHMIDT A. Parada cardiorrespiratória (PCR).
Medicina, Ribeirão Preto, 36: 163-178, abr./dez. 2003.
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Pazin Filho A; Santos JC; Castro RBP; Bueno CDF & Schmidt A
Desfibrilação
II RCP 2-8%
Desfibrilação 20%
III RCP
2 4 6 8 10 Tempo
(minutos)
Suspeita de PCR
1. Testar responsividade Responde PCR excluída
Não responde
Não respira
PCR
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Parada cardiorrespiratória
O pedido de ajuda inclui a solicitação de pelas vias aéreas e SENTIR se o fluxo expiratório vai
desfibrilador e de suporte avançado de vida. O preen- de encontro ao seu próprio rosto. Se houver respira-
chimento desses dois quesitos é variável, dependendo ção efetiva, não se trata de PCR, sendo provável que
do contexto (pré ou intra-hospitalar) da PCR. No adul- outras causas de depressão de nível de consciência
to, o pedido de ajuda deve ter prioridade sobre o aten- estejam presentes. Deve-se aguardar a chegada do
dimento da vítima, significando que se o socorrista serviço de urgência junto à vítima, atento ao seu pa-
estiver sozinho, deve abandonar a vítima e acionar o drão respiratório. Caso não seja detectada respiração
sistema de emergência. Tal recomendação está em- efetiva, a permeabilidade das vias aéreas deve ser
basada no fato de o único tratamento disponível para investigada, no intuito de descartar a possibilidade de
a principal causa de PCR, no adulto, constituir-se no corpo estranho obstruindo a via aérea inferior, não vi-
desfibrilador (vide item específico). Já, na criança e sível à inspeção da cavidade oral. Procede-se à reali-
no lactente, como a principal causa é hipóxia, o pedido zação de duas ventilações de resgate, que podem ser
de ajuda deve suceder o suporte ventilatório, inicial. efetuadas por respiração boca-a-boca ou através de
No contexto pré-hospitalar, o pedido de ajuda deve dispositivo bolsa-valva-máscara, no ambiente hospi-
ser o mais claro possível. Quando se solicitar a um talar. Na eventualidade de não se obter expansão do
leigo que busque ajuda, deve-se deixar claro o que se tórax, deve-se repetir a manobra de desobstrução das
espera que ele consiga. A “ajuda”, para o leigo, pode vias aéreas e tentar novamente, porque a parada res-
ser o policial ou o segurança e não a ativação do ser- piratória por corpo estranho é rara no adulto. Geral-
viço de urgência. Ainda, no contexto pré-hospitalar, mente, em tais casos, o contexto da PCR sugere a
quando se solicitar ajuda, numa situação em que exis- etiologia, como por exemplo, a PCR em churrascarias,
tam várias pessoas presentes, deve-se designar uma (obstrução por pedaços de carne). Comprovada a exis-
pessoa em específico, para se garantir que o serviço tência de corpo estranho, deve-se realizar a manobra
de urgência tenha sido acionado. Não se designar uma de Heimliche, consistindo em compressões ascenden-
pessoa pode implicar que ninguém vá solicitar ajuda, tes na região epigástrica da vítima. Na maioria dos
inferindo que outra pessoa já tenha ido acionar o sis- casos, a expansão do tórax será obtida e pode-se pas-
tema de urgência. Quando se tratar de solicitação de sar para o teste do pulso.
ajuda por telefone, uma regra importante a ser segui- O pulso deve ser investigado no sítio carotídeo,
da é que o solicitante inicie a conversa telefônica, mas por ser o último a desaparecer e o primeiro a ser res-
quem deve interrompê-la é o responsável pelo siste- tabelecido numa situação de instalação e reversão de
ma de urgência, o que garante que a ligação só será PCR. Além disso, tem a vantagem da proximidade do
interrompida, quando todas as informações necessá- socorrista. Dez segundos são suficientes para se com-
rias tiverem sido conseguidas. provar a ausência de pulso, com exceção feita aos
Após a ativação do serviço de urgência, proce- pacientes hipotérmicos, para os quais um tempo mai-
de-se à verificação da respiração. A vítima inconsci- or (30 a 40 seg) pode ser necessário. Caso o pulso
ente apresenta relaxamento da musculatura da base esteja presente, trata-se de parada respiratória isola-
da língua, que cai sobre a entrada da via aérea, o que da. Nesse caso, deve-se garantir o suporte ventilató-
implica que toda vítima inconsciente tem a via aérea rio provisório (boca-a-boca ou bolsa-valva-máscara)
obstruída. Além desse fator, outros, como corpos es- até que o acesso definitivo à via aérea (intubação
tranhos, edema das vias aéreas ou secreções, podem orotraqueal) possa ser providenciado. Na ausência de
contribuir para a obstrução das vias aéreas. Frente a pulso, constata-se o diagnóstico de PCR: não-respon-
esse conhecimento, a primeira providência para se tes- de, não-respira e não-tem-pulso.
tar a respiração é a manobra de desobstrução das vias Uma vez constatado o diagnóstico, deve ser
aéreas. Existem duas manobras básicas para isso: reforçado o pedido por ajuda e iniciam-se as mano-
hiperextensão da cabeça e elevação do mento, ou ele- bras de suporte básico de vida.
vação da mandíbula. Ambas são eficazes, embora a
primeira seja proibitiva na possibilidade de trauma 3 - SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV)
cervical.
Após a abertura das vias aéreas, o socorrista O suporte básico de vida compreende ventila-
deve aproximar o rosto da face da vítima e VER se ção e massagem cardíaca. Deve ser instituído o mais
há expansão do tórax, OUVIR se há eliminação de ar precocemente possível, e só deve ser interrompido em
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três situações: para se proceder à desfibrilação, para da modalidade de PCR. Existem três modalidades de
a realização da intubação orotraqueal e para a infusão PCR, sendo que as situações de assistolia e atividade
de medicação na cânula orotraqueal. elétrica sem pulso apresentam características muito
A ventilação pode ser executada por métodos próximas, permitindo que o atendimento seja resumi-
não assistidos, como a ventilação boca-a-boca, ou com do em, praticamente, duas situações: fibrilação ventri-
métodos assistidos, ou seja, utilizando-se dispositivos cular e taquicardia ventricular sem pulso, cuja ênfase
intermediários, como a bolsa-valva-máscara. A venti- deve ser a desfibrilação, e assistolia/atividade elétrica
lação boca-a-boca garante maior volume corrente, sem pulso, caracterizadas por busca de uma etiologia.
enquanto que os métodos indiretos são vantajosos ao Tais conceitos são delhados a seguir, e sintetizados na
garantirem maior aporte de oxigênio. Independente da Figura 3.
técnica utilizada, é importante que a ventilação seja
realizada na freqüência de 10 a 12 incursões por mi- 4.1- Fibrilação Ventricular/ Taquicardia Ventri-
nuto e com volume em torno de 8 a 10 ml/kg de peso cular sem Pulso (FV/TV sem pulso)
(na prática, corresponde ao menor volume capaz de A principal causa de PCR, no adulto, é a fibrila-
expandir o tórax da vítima). Essas precauções visam ção ventricular (FV). Esse distúrbio do ritmo cardíaco
reduzir a ocorrência de distensão gástrica, regurgitação é ocasionado por mecanismo de reentrada, ocasionan-
e aspiração brônquica de conteúdo gástrico. do contrações desordenadas e inefetivas das células
A massagem cardíaca externa compreende cardíacas. É o distúrbio do ritmo cardíaco mais co-
compressões torácicas, realizadas sobre a porção cen- mum nos primeiros dois minutos de PCR, no adulto.
tral do esterno. Tais compressões empurram o esterno Evolui, rapidamente, para assistolia, caso não sejam
para o interior do tórax, comprimindo o coração con- estabelecidas medidas de SBV (Figura 1). O único
tra a coluna e favorecendo o seu esvaziamento. São tratamento disponível para o controle desse distúrbio
capazes de restabelecer apenas 10 a 20% do débito do ritmo cardíaco é a desfibrilação (vide item especí-
cardíaco. O socorrista deve posicionar a região hipo- fico).
tenar das mãos sobre o centro do esterno da vítima, A principal causa de FV, em nosso meio, são as
com os braços estendidos, e proceder às compres- síndromes isquêmicas miocárdicas instáveis (SIMI).
sões. O fulcro do movimento deve ser centrado no As taquicardias ventriculares (TV) podem ocasionar
quadril e não nos cotovelos ou ombros do socorrista. PCR e devem ser tratadas como FV. Neste caso, além
A freqüência de compressões deve ser de 100 por das SIMIs, devem ser lembradas as miocardiopatias,
minuto. O emprego da técnica correta de massagem como a chagásica.
cardíaca externa reduz a ocorrência de fraturas de Não existe base científica que comprove a efi-
costela. Devido às calcificações de cartilagens costo- cácia de qualquer medicação anti-arrítmica em rever-
condrais, comuns em pessoas de faixa etária mais ter a FV. As medicações (vide Farmacologia) podem
avançada, na qual a PCR é mais freqüente, apesar de ser utilizadas como auxiliares, facilitadoras para que o
o risco ser reduzido com o emprego de técnica corre- estímulo elétrico possa reverter o ritmo para sinusal.
ta, ele não é totalmente eliminado. Técnica correta Equivale a dizer que não se deve retardar a aplicação
também aumenta a eficácia da massagem e torna o de choque para a infusão de medicação.
procedimento menos cansativo para o socorrista, au- A FV/TV é a modalidade de PCR de melhor
mentando sua capacidade de realizá-lo. A eficácia da prognóstico(1,2) e, em princípio, os esforços de ressus-
massagem pode ser avaliada pela palpação de pulsos citação devem continuar até que o ritmo deixe de ser
arteriais centrais (femoral ou carotídeo) concomitan- FV/TV (ou porque reverteu para sinusal, ou porque
temente às manobras. evoluiu para um ritmo terminal).
Ao se intercalar em compressões com ventila-
ção, deve-se obedecer à regra de 15 compressões para 4.2- Assistolia
cada 2 ventilações. NÃO DESFIBRILAR.
A assistolia corresponde à ausência total de
4 - MODALIDADE DE PCR qualquer ritmo cardíaco. É a situação terminal. Evi-
dências cada vez mais contundentes apontam que a
Agora, para se prosseguir no atendimento, após identificação de assistolia deva corresponder ao tér-
a instituição das manobras de SBV, deve-se ter noção mino dos esforços. Frente ao seu caráter sombrio, a
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Parada cardiorrespiratória
Figura 3 - Demonstra que o atendimento da PCR pode ser resumido em duas situações.
I – Fibrilação Ventricular/Taquicardia Ventricular sem Pulso (FV/TV sem pulso) – caracterizada pelo fato de o único
tratamento disponível ser a desfibrilação. Observe que após a detecção inicial da PCR, o tratamento inicial (tempo 0) são três
choques sucessivos. Caso a vítima não apresente reversão para ritmo organizado, caracteriza-se a existência de FV refratária.
Nessa situação, garante-se oxigênio, monitor e veia e SBV, e inicia-se o esquema DROGA-CHOQUE-CHECA, caracterizado
pela infusão de uma medicação, aplicação de choque, visando desfibrilação e checagem do pulso para averiguar a reversão.
Tal esquema deve persistir até que haja modificação do ritmo para um mais organizado, ou terminal.
II – Assistolia/Atividade Elétrica Sem Pulso (Assistolia/AESP) – caracterizadas por serem ritmos não chocáveis. Nessa
situação, o objetivo deve ser o diagnóstico diferencial, buscando causa potencialmente reversível de PCR. Observe que, após
o diagnóstico de que não se trata de ritmo chocável, apesar de não serem desferidos choques, também é garantido oxigênio,
monitor e veia e SBV.
Observe que a ADRENALINA é a primeira medicação a ser feita em qualquer situação de PCR. Ela não apresenta dose máxima
e deve ser feita por via endovenosa ou endotraqueal, enquanto persistirem os esforços, em doses fixas (1mg EV; 2mg
endotraqueal).
Os Antiarrítmicos só são utilizados na FV/TV sem pulso, enquanto a Atropina é exclusiva da Assistolia/AESP, em situações
com freqüência cardíaca menor que 60 bpm.
Qualquer medicação utilizada (adrenalina, atropina ou anti-arrítmico) exige intervalo de 3 min entre as dosagens. Na situação
de FV/TV sem pulso, pode-se realizar a entreposição das doses, como ilustrado.
instituição de manobras de ressuscitação, em pacien- cada situação, deve-se considerar o término dos es-
tes terminais, que apresentem PCR em assistolia, é, forços quando: 1) o SBV está sendo oferecido de
cada vez mais, considerada fútil. Em países desenvol- maneira adequada; 2) foi oferecido suporte adequado
vidos, já se considera o desejo dos pacientes com do- de oxigênio através de intubação orotraqueal; 3) não
enças degenerativas incapacitantes ou em estágio ter- se identificou nenhuma causa corrigível; 4) foi identi-
minal de não serem ressuscitados, na eventualidade de ficado que o paciente é portador de uma doença ter-
PCR. Tais pacientes geralmente, portam uma identifi- minal (DNR), o que implica na futilidade das mano-
cação em pulseiras ou em carteiras (DNR - “DO NOT bras; 5) o ritmo documentado no monitor não deixou
RESUSCITATE” – “NÃO INICIE RESSUSCITA- de ser assistolia durante todo o atendimento.
ÇÃO”) e a tendência geral é de respeito à decisão. A principal causa de assistolia é a hipóxia, o
O momento de se interromperem os esforços que justifica as ofertas de oxigênio e ventilação efeti-
de ressuscitação levanta uma série de considerações vas, como prioritárias no atendimento. Existem outras
éticas. Embora a decisão deva ser individualizada para causas, comuns também para a situação de AESP
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(vide Figura 4), que devem ser procuradas e corri- punção pericárdica ou a drenagem do tórax com agu-
gidas, se identificadas. No entanto, deve-se ter pre- lha, possam parecer agressivos, sendo que o socorris-
sente que, na situação de assistolia, mesmo a corre- ta se sentiria mais confortável em executá-los frente
ção dessas causas, geralmente, não implica em reso- a uma comprovação diagnóstica por exame subsidiá-
lução da PCR. rio, deve-se lembrar que o tempo para reversão da
O suporte medicamentoso (vide Farmacologia) PCR é exíguo.
deve ser instituído, mesmo que as evidências a favor Medicações podem assumir papel proeminente
não sejam de alto peso científico. em tal situação, como é o caso do bicarbonato de sódio
Pode-se utilizar o marcapasso transcutâneo. Só nas situações de hipercalemia, intoxicação por tricíclico
deve ser tentado no início do atendimento, quando se ou acidose pré-existente. Como a principal causa de
faz o diagnóstico. Não deve ser utilizado como medi- AESP é a hipovolemia, uma prova de volume deve
da heróica, no decorrer do atendimento, quando todas ser tentada, sempre.
as outras medidas já foram instaladas. As evidências
sobre a efetividade do dispositivo, na situação de
assistolia, são pobres. Diagnóstico Diferencial – Assistolia/ AESP
4.3 - Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP) Diagnóstico Conduta
NÃO DESFIBRILAR. Hipovolemia reposição volêmica
Sobre o termo AESP, foram agrupados todos Hipóxia fornecimento de O2
os outros possíveis ritmos cardíacos, que podem ser Hipercalemia bicarbonato de Na
identificados numa PCR, excluídos apenas FV/TV sem Hipotermia aquecimento ativo
pulso e a assistolia. Pode compreender ritmos bradi- (H+) Acidose preexistente bicarbonato de Na
cárdicos ou taquicárdicos, com complexo QRS estrei- Tamponamento cardíaco punção pericárdica
to ou alargado, sinusal, supraventricular ou ventricu- Tensão no Pneumotórax drenagem torácica
lar. O importante é identificar que, apesar de existir Tromboembolismo Pulmonar -
um ritmo organizado no monitor, não existe acopla- Tóxicos bicarbonato de Na
mento do ritmo com pulsação efetiva (com débito car- Trombo na Coronária (IAM) -
díaco). O importante é garantir o SBV e tentar identi-
ficar a provável etiologia da PCR. São as mesmas Figura 4 – Diagnóstico diferencial em PCR, nas situações de
etiologias que devem ser procuradas na assistolia, mas, assistolia e AESP.
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Parada cardiorrespiratória
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AMIODARONA FV/TV sem pulso Ataque - Diminui a condução atra- - Hip o te ns ã o a rte ria l é o
Apre s e ntação - PCR - 300 mg ev em vés do sitema His- Purkinje e principal efeito colateral
- 150 mg/ 3 ml; bolus seguidos, de 20 ml dede feixes anô- malos - Bradicardia (pode neces-
ampolas. SF; considerar 150 mg após - Inibe receptores alfa e beta sitar de marca- passo)
1 5 min se não ho uver re- adrenérgicos e possui pro- - Precipita em meio básico
versão priedades vagolíticas e de - Diminui o metabolismo da
- Fora da PC R - 150 mg bloqueadores de canais de digoxina e da warfarina
d iluíd o e m 1 0 0 ml, infun-
cálcio - Efeito aditivo com outras
didos em 15 min; pode- se - Aume nt a a d ur a ç ã o d o medicações que prolongam
rep etir a cad a 1 5 min até
potencial de ação em todo o o QT: antiarrítmicos Classe
conversão do ritmo. tecido cardíaco I A , fe no t ia zínic o s , t r ic í-
- N o nó sinusal - red uz a clicos, tiazídicos e sotalol.
M anute nção F C , d iminui a c o nd uç ã o
- 1 mg/ min nas primeiras p ara o nó AV e d iminui a
6 h, seguido de 0,5 mg/min resposta ventricular
nas 18 h consecutivas.
BICARBONATO Assistolia ou AESP Ataque - Nas fases iniciais da PCR, - Complicações - acidose
DE SÓDIO - S O MEN TE EM - 1 mEq/ kg ev inicialmen- a ma s s a ge m e ve nt ila ç ã o do líquido cerebroespinal;
Apre s e ntação S ITUAÇ Õ ES DE te metade dessa dose a eficazes são suficientes para hipernatremia e hiperos-
- soluções de bicar- RES S US C I TAÇ ÃO cada 10 min posterior- co ntro lar a acid o se meta- molaridade.
bonato de sódio PROLONGADA OU mente bólica. - Cuidados na adminis-
8,4% - 1mEq/ml EM Q U E S E S U S - - Suplementação de bicar- tração - administrar em via
P EI TE DE: I N TO - b o na t o na s fa s e s inic ia is separada de aminas vaso-
XIC AÇ ÃO PO R p o d e a c a r r e t a r c o mp li- ativas ou adrenalina, pois
AN TIDEP RES S IVO cações inativa tais substâncias.
TRIC ÍC LIC O S , - Nas fases tardias da PCR
AC IDO SE ME- (> 10 min) ou nos casos em
TABÓ LIC A O U HI- q ue s us p e it e d e a c id o s e
PERPOTASSEMIA prévia, o bicarbonato pode
ser benéfico.
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Parada cardiorrespiratória
MAGNÉSIO - TV polimórfica, in- Ataque - Essencial para várias en- - Cuidado em pacientes em uso
Apre s e ntação d uzid a p o r d r o ga s , - 1 a 2 gr em 50 a 100 ml zimas intracardíacas, que d e d igita l, c o m ins ufic iê nc ia
- ampolas de me s mo na a us ê nc ia de S G5% em 5 a 60 min atuam na condução. renal crônica, bloqueios atrio-
sulfato de magnésio de deficiência de ma- (fora da PCR) ou 1 a 2 g - De fic iê nc ia imp lic a e m ventriculares, pré- existentes.
6% (0,6 g/10 ml). gnésio. e m 1 0 ml d e S G 5 % e m vá ria s a no rma lid a d e s d e - Contra- indicações - depres-
- TV polimórfica, in- bolus (na PCR). c o nd uç ã o e a ut o ma t ic i- são respiratória, hipocalcemia
duzida por deficiência dade. e hipermagnesemia.
de magnésio. M anute nção - S up r ime a a uto ma tic i- - Sinais de overdose - hipo-
- PCR quando distúr- - 0,5 a 1 g/hora. d a d e mio c á rd ic a e m c é - t e ns ã o , r ub o r fa c ia l, b r a d i-
bio do ritmo apresen- lulas parcialmente despo- cardia e graus avançados de
tado for sugestivo de larizadas. BAV, depressão respiratória,
Torsades de Pointes. a lte r a ç ã o d o níve l d e c o ns -
c iê nc ia , d iminuiç ã o d o s r e -
fle xo s mus c ula re s e fla c id e z
muscular.
PROCAINAMIDA FV/TV sem pulso Ataque - Reduz condução atrial, - Re d uzir a d o s e d e ma nu-
Apre s e ntação - 20 mg/ min até: ventricular e no sistema de t e nç ã o e m ins ufic iê nc ia he -
- ampolas resolução do distúrbio de His- Purkinge. pática e renal.
500 mg/5ml ritmo, hipotensão, - Diminui a automaticidade. - C o ntra - ind ic a ç õ e s - lúp us
alargamento do QRS e r it e ma t o s o s is t ê mic o ; p a -
>50% basal, dose máxima c ie nte s c o m re a ç ã o d e s e n-
de 17 mg/kg ter sido sibilidade à procaína ou outros
administrada. anestésicos à base de ésteres;
QT prolongado.
M anute nção - I nt e r a ç ã o me d ic a me nt o -
- 1 a 4 mg/min sa - amiodarona (metabolismo
hepático), lidocaína (depressão
SNC) e colinérgicos (precipita
crises miastênicas em pacientes
com Miastenia Gravis).
VASOPRESSINA FV/TV sem pulso - 40 UI ev em bolus uma - Aume nta a p re ssã o d e - Devido a sua duração pro-
única vez. perfusão. longada, pode ser utilizada em
uma única dose.
- M e s mo s c uid a d o s r e q ue -
ridos para adrenalina.
AESP - Atividade Elétrica; BAV - bloqueio atrioventricular; FA - fibrilação atrial; FC - freqüência cardíaca; NAV - nó atrioventricular; NSA - nó sinoatrial;
ICC - insuficiência cardíaca congestiva; PCR - parada cardiorrespiratória; Sem Pulso SNC - sistema nervoso central; TSV - taquicardia supraventricular;
TV - taquicardia ventricular.
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Deve-se dar preferência, sempre, para acesso o estado de acidose, presente em PCR prolongada.
calibroso no antebraço, para a infusão de medicação Quando comparada à adrenalina, não mostrou supe-
endovenosa. O acesso venoso pode ser difícil na PCR. rioridade na redução de mortalidade(7).
Em tais situações, pode-se utilizar a via endotraqueal.
Apenas as seguintes medicações podem ser aplicadas 6.2- Antiarrítmicos
pela cânula orotraqueal: Naloxone, Epinefrina, Lido- Os antiarrítmicos devem ser utilizados como
caína e Atropina (“quem faz medicação na cânula, faz facilitadores, ou seja, podem ser utilizados na PCR
NELA”). Para que a medicação seja absorvida pela por FV/TV sem pulso, para potencializar o efeito do
via endotraqueal, deve atingir o plano dos alvéolos, que desfibrilador. Como medicações isoladas, não há evi-
pode ser obtido pela aplicação da medicação através dências de que sejam capazes de converter o ritmo
de um cateter inserido através do tubo endotraqueal, o para sinusal.
mais profundamente possível, seguido da infusão de Todos os antiarrítmicos são, potencialmente, pró-
10 ml de solução salina, e da insuflação pulmonar com arrítmicos. Esse efeito aumenta à medida em que se
dispositivo bolsa-valva-máscara, por duas a quatro associam os antiarrítmicos. Tal constatação tem ga-
vezes. Isso garante que a medicação seja dispersa para nhado força e norteou a redução da ênfase dada ao
os alvéolos em aerossol e possa ser absorvida. uso dessas medicações nas atuais diretrizes de res-
A via intra-óssea também pode ser utilizada, suscitação.
embora seja mais freqüente o seu uso em atendimen- Com base nas duas premissas citadas, atual-
tos pediátricos. mente, recomenda-se a escolha de um único antiarrít-
mico, para ser utilizado na PCR. Após esgotada a dose
6.1- Vasoconstritores dessa medicação, não se deve associar um novo anti-
Existem evidências, mostrando que o uso de arrítmico.
vasoconstritores, no contexto da PCR, implique em Dentre os antiarrítmicos utilizados, a amiodaro-
uma série de efeitos potencialmente benéficos, embo- na vem ganhando espaço, apresentando, atualmente,
ra, até o momento, não se tenha comprovado melhora o maior número de evidências de que seja útil nesse
da sobrevida. O principal efeito que se atribui a tais contexto(8,9).
medicamentos é o aumento da pressão de perfusão
coronariana - PPC (diferença entre a pressão arterial 6.3- Outras medicações
sistólica e a pressão do átrio direito)(5,6). Na PCR, a O bicarbonato de sódio pode ser utilizado ape-
PPC decai lentamente nos primeiros quatro minutos nas nas situações de Assistolia/AESP, quando se sus-
de PCR e, posteriormente, sofre uma queda mais peitar de acidose pré-existente, hiperpotassemia co-
pronunciada. Quando os valores caem abaixo de nhecida ou intoxicações por tricíclicos.
20 mmHg, mesmo que o paciente seja submetido à Fora de tais situações, o bicarbonato de sódio
desfibrilação e haja reversão para um ritmo mais or- tem lugar apenas nas situações de PCR prolongada,
ganizado, não se consegue recuperação hemodinâmi- porém sua eficácia é duvidosa.
ca. Acredita-se que isso seja ocasionado pelo aumen- A atropina tem lugar, também, nas situações de
to do retorno venoso para o lado direito do coração e Assistolia/AESP (na AESP apenas quando o ritmo no
desvio do septo interventricular para a esquerda, im- monitor apresentar freqüência menor que 60 bpm).
pedindo a distensão das fibras miocárdicas esquerdas
e o mecanismo de Frank-Starling. As manobras de 7- CUIDADOS PÓS-RESSUSCITAÇÃO
SBV e o uso de vasoconstritores, embora incapazes
de elevar a PPC para valores pré-PCR, são capazes O período que se segue à reversão de parada
de eleva-los acima de 20 mmHg. cardiorrespiratória (PCR) pode envolver uma gama
Atualmente, a adrenalina e a vasopressina são de apresentações, incluindo desde o paciente que re-
utilizadas na PCR, como vasoconstritores. A vasopres- cupera a consciência imediatamente, até quadros de
sina está liberada para uso nas situações de FV/TV choque de difícil manuseio. A forma com que se apre-
Sem Pulso e especula-se a indicação de seu uso para sentam os casos depende da duração, da etiologia e
as outras modalidades de PCR. Tem como atrativo das condições de atendimento.
meia-vida mais prolongada, que permite uma única Os sobreviventes podem se apresentar com re-
injeção durante a PCR e sofre menor inativação com cuperação da consciência e estabilidade hemodinâmi-
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Parada cardiorrespiratória
ca, mas, geralmente, apresentam hipotensão e choque cada 30 min, para evitar danos à circulação do mem-
num período inicial que varia de 12 a 24 h após a para- bro superior, que está posicionado inferiormente, apoi-
da cardíaca. Nessa fase inicial, cerca de metade dos ando a cabeça.
pacientes morre. Segue-se período variável de um a Nos casos em que se dispuser de DEA, mante-
três dias em que se observa melhora do padrão hemo- nha o aparelho ligado e os eletrodos aderidos ao tórax
dinâmico, podendo cursar com restabelecimento das do paciente, mesmo após o retorno da circulação es-
funções. Um fator limitante para a resolução do qua- pontânea. O aparelho executará a análise do ritmo a
dro, nesse período, passa a ser o comprometimento de cada minuto, auxiliando na monitorização, até que o
outros órgãos, como fígado, rins e pâncreas, que po- suporte avançado de vida esteja disponível.
dem apresentar disfunção, com evolução para Síndro-
me de Disfunção dos Múltiplos Órgãos (SDMO). Os 7.1.2- Providencie o transporte do paciente para
pacientes que assim se apresentam, geralmente, cur- Unidade de Terapia Intensiva
sam com septicemia, devido à quebra da “barreira in- Inúmeros fatores podem contribuir para a
testinal”, apresentando prognóstico reservado(10). instabilização do paciente previamente estável, dentre
Os cuidados pós-ressuscitação irão, portanto, eles: a interrupção de infusão de drogas vasoativas ou
variar de acordo com a forma com que se apresenta o anti-arrítmicas, deslocamento do tubo orotraqueal,
paciente e a fase em que ele se encontra. ocorrência de alterações do ritmo cardíaco com re-
percussões hemodinâmicas, entre outras.
7.1- Medidas Gerais Idealmente, o transporte deve contar com, pelo
7.1.1- Cuidados com o paciente revertido de PCR menos, dois profissionais treinados, sendo um deles
fora do ambiente hospitalar – Suporte Bá- habilitado em SAVC. Ventilador de transporte, acoplado
sico de Vida. ao leito, se o paciente estiver sedado e intubado.
Oximetria de pulso permite detectar hipoxemia, cuja
Caso não estejam disponíveis condições para principal causa é a ventilação inadequada, sendo fator
suporte avançado de vida, reavalie o paciente, utili- desencadeante de arritmias potencialmente letais.
zando o ABCD secundário, descrito mais à frente. Medicações de urgência e material de suporte básico
Em paciente com pulso, mas sem respiração e avançado de vida devem fazer parte do equipamen-
espontânea ou com respiração inadequada, execute res- to levado em cada transporte.
piração boca-a-boca até que o suporte avançado de vida
esteja disponível para garantir uma via aérea definitiva. A– Vias aéreas
Se o paciente apresentar ventilação e circula- A.1- Garanta o posicionamento adequado do
ção espontâneas efetivas, garanta a permeabilidade tubo endotraqueal
da via aérea. Uma das maneiras de fazê-lo é colocar
o paciente em posição de resgate(11). A posição de res- Cuidados redobrados são recomendados na ob-
gate visa permitir que a via aérea fique desobstruída, tenção e na manutenção da via aérea(12). Após a re-
ao impedir que a língua se desloque posteriormente e versão da PCR, está indicada a utilização de capnó-
ao favorecer a drenagem de secreções. Há vários ti- grafos ou capnômetros, para a checagem contínua do
pos de posicionamento da vítima, que podem ser adequado posicionamento do tubo endotraqueal. A uti-
implementados desde que não impliquem em riscos lização de isolados critérios clínicos pode não ser ga-
para o paciente (por exemplo, se há suspeita de trau- rantia adequada, principalmente ao se considerar trans-
ma cervical, a mobilização pode implicar em dano porte desses pacientes, quer extra-hospitalar (do local
medular). O posicionamento da vítima em posição in- do evento até o hospital), quer intra-hospitalar (das
termediária, entre o decúbito dorsal e o decúbito late- dependências da emergência ou enfermaria até o am-
ral (o mais próximo possível do decúbito lateral), é re- biente de terapia intensiva).
comendado pelas novas diretrizes. Reavalie, constan- Fixe o tubo endotraqueal, garantindo que ele não
temente (a cada minuto), o paciente, quanto à persis- seja deslocado com a movimentação do paciente. Dis-
tência de ventilação e circulação. A posição de resga- positivos comerciais para a fixação adequada do tubo
te deve permitir o fácil reposicionamento em decúbito estão se tornando disponíveis, e as evidências apon-
dorsal, caso surja, novamente, parada cardíaca. Mude tam que seu uso possa ser superior ao dos dispositivos
o paciente de posição (inverta do lado do decúbito) a comumente empregados.
173
Pazin Filho A; Santos JC; Castro RBP; Bueno CDF & Schmidt A
174
Parada cardiorrespiratória
miocárdica, aumento do “shunt” intrapulmonar com hemodinâmicos, inicie a busca da etiologia da parada
piora dos padrões respiratórios, além da piora da per- cardíaca. O ritmo apresentado durante o atendimento
fusão intestinal, podem estar associadas ao seu uso. da parada pode ser o ponto de partida para a busca da
Evite o uso de drogas nefrotóxicas. causa.
Fibrilação Ventricular/Taquicardia Ventri-
C.3 – Tonometria Gástrica cular sem Pulso (FV/TV) - Um elevado contingente
A monitorização do gradiente gástrico/sistêmico dos pacientes que se apresentaram em ritmo de fibri-
de PCO2 tem sido apontada como recurso que pode lação ou taquicardia ventricular, durante a parada, são
avaliar o estado de hipoperfusão esplâncnico. portadores de doença coronariana significativa(19). Em-
bora a gênese das arritmias ventriculares seja multi-
C.4 – Monitorização Eletrocardiográfica Con-
fatorial no contexto da morte súbita, esse dado leva
tínua
ao questionamento da contribuição da obstrução co-
Mantenha o paciente monitorizado para detec- ronariana aguda (síndrome isquêmica aguda), nos ca-
ção precoce de arritmias. Garanta que esteja rece- sos de parada cardíaca, considerando-se que a pre-
bendo infusão contínua de antiarrítmico, para prevenir sença desse fator implica em técnicas de reperfusão
novos eventos arrítmicos, caso, durante o atendimento coronariana, como tratamento imediato. Spaulding
da PCR, tenha sido documentada a ocorrência de fi- et al(20) submeteram à coronariografia um grupo de 84
brilação ou taquicardia ventricular. Taquiarritmias su- pacientes sobreviventes de PCR fora do hospital, logo
praventriculares pós-ressuscitação são comuns no após a admissão. Foi realizada a comparação de da-
período de reversão imediato, devido ao nível circulante dos clínicos e eletrocardiográficos com os dados de
das catecolaminas utilizadas durante a reversão da coronariografia, visando determinar o poder dessas
parada. Geralmente, são autolimitadas e não necessi- variáveis no diagnóstico de síndrome isquêmica agu-
tam de tratamento(13). da. História de dor precordial, precedendo a parada
A presença de bradiarritmias no período pós-
cardíaca e eletrocardiograma de 12 derivações, obti-
ressuscitação deve direcionar o socorrista para uma
do após a reversão apresentaram valor preditivo posi-
revisão do ABCD secundário, garantindo que não exis-
tivo e negativo de 0,67 e 0,74 isoladamente, e de 0,87
tam falhas no suporte ventilatório principalmente. Caso
e 0,61, quando associados, para a presença de obstru-
a bradicardia persista após essa revisão considere o
ção coronariana, detectada por coronariografia, obti-
tratamento segundo o algoritmo de bradicardia,(18) des-
da imediatamente após a reversão da PCR. Aqueles
crito no capítulo de Distúrbios do Ritmo Cardíaco.
pacientes que tiveram obstrução coronariana docu-
C.5 – Acesso Venoso mentada, com sinais de obstrução recente (imagem
Mantenha acesso venoso adequado às neces- sugestiva de trombo ou facilidade da corda-guia em
sidades de reposição volêmica, considerando acesso ultrapassar a lesão) foram submetidos à angioplastia,
central para monitorização invasiva de pressões intra- observando-se melhora da sobrevida nos casos em
cavitárias. que se obteve sucesso. O baixo valor preditivo nega-
Troque as punções venosas, realizadas sem tivo dos dados clínicos e eletrocardiográficos encon-
assepsia, durante o atendimento da parada cardíaca, trado e o benefício sobre a mortalidade nos pacientes
por punções assépticas. em que a angioplastia foi realizada com sucesso levou
Mantenha infusão de soluções fisiológicas a os autores a considerar a indicação de coronariogra-
0,9%, reservando as soluções glicosadas para pacien- fia imediatamente após a reversão da parada cardía-
tes com hipoglicemia comprovada. Hiperglicemia, no ca naqueles pacientes em que uma causa não possa
período PCR, pode potencializar o dano para o siste- ser determinada. Algumas limitações, como o número
ma nervoso central. de pacientes incluídos, impõem novos trabalhos para
confirmação dessa indicação(21). Naqueles pacientes
D – Diagnóstico em que se obtenha confirmação eletrocardiográfica
D.1- Procurar estabelecer a causa da parada de infarto agudo do miocárdio, a seleção de uma tera-
cardíaca pêutica de reperfusão é necessária. A massagem car-
díaca externa, desde que não prolongada, está grada-
Simultaneamente aos cuidados estabelecidos tivamente deixando de ser considerada contra-indica-
acima e tão logo se consiga a estabilização dos níveis ção à terapia trombolítica. No entanto, a angioplastia,
175
Pazin Filho A; Santos JC; Castro RBP; Bueno CDF & Schmidt A
em tais pacientes, pode ser a abordagem mais segura, ros, e a busca de causas deve ser a mesma dos casos
desde que haja equipe de hemodinâmica qualificada e de atividade elétrica sem pulso, de acordo com as no-
disponível, e que seja realizada em tempo hábil. vas Diretrizes de Ressuscitação(18).
Embora sua realização, no contexto agudo, ime-
diatamente após a reversão da parada cardíaca, ainda D.2 – Tente estabelecer a presença de doen-
seja discutível, a coronariografia está indicada após a ças subjacentes, que possam dificultar a estabilização
estabilização dos pacientes que foram revertidos de do paciente
uma parada cardíaca e que não tiveram um diagnósti- Doenças subjacentes podem tanto ser a causa
co claro estabelecido(22), pela alta prevalência de com- da parada cardíaca como podem ser fatores que difi-
prometimento extenso da circulação coronariana. cultem a estabilização do paciente. A determinação e
Aproximadamente 90% dos pacientes que apre- correção de anormalidades laboratoriais deve ser exe-
sentaram fibrilação ventricular, durante a parada car- cutada.
díaca, apresentam doença cardíaca estrutural (doen-
ça coronariana ou miocardiopatia) quer de conheci- 7.2 - Cuidados Específicos
mento prévio quer não. No entanto, cerca de 5% des-
ses não apresentam doença cardíaca estrutural docu- 7.2.1- Posicionamento do Paciente
mentável, os chamados casos de fibrilação ventricu- Em decúbito dorsal, com a cabeceira elevada a
lar idiopática(23). Tais pacientes, geralmente, são jo- 30o, para diminuir a pressão intracraniana.
vens, previamente hígidos, sendo a parada cardíaca a
primeira manifestação da doença, e apresentam ele- 7.2.2 – Temperatura
vada taxa de recidiva se a causa não for determinada A hipertermia pode estar presente no período
e tratada adequadamente. A investigação desses pa- pós-ressuscitação e é extremamente deletéria para o
cientes pode ser prolongada e de difícil determinação, sistema nervoso central. Cada 1oC de aumento na
e envolve, além da história clínica e do exame físico, a temperatura implica em um aumento de 8% no meta-
realização de exames, como: avaliação laboratorial bolismo cerebral. Deve ser agressivamente controla-
(função tireoidiana, alcoolemia sérica, provas de ativi- da(10) com a utilização de antitérmicos e compressas
dade inflamatória, glicemia, alterações hidroeletrolíti- geladas. Evidências recentes sobre o benefício da
cas), ecocardiograma, testes de estresse, coronario- hipotermia(24), em sobreviventes inconscientes de
grafia, estudo eletrofisiológico e, em alguns casos, PCR por FV, recomendam o resfriamento dos paci-
biópsia endomiocárdica, quando se suspeitar de entes para temperaturas entre 32o e 34o C durante 12
miocardite, como causa da PCR. a 24 h. Os dados são promissores também para ou-
Atividade Elétrica Sem Pulso (AESP) - Con- tras modalidades de PCR. Complicações documenta-
sidere outras hipóteses, principalmente para os paci- das com o uso de hipotermia são: aumento da viscosi-
entes que apresentaram parada cardíaca em ativida- dade sanguínea, maior susceptibilidade à infecção e
de elétrica sem pulso e certifique-se de que as causas às arritmias.
que, porventura, já tenham sido identificadas, durante
o atendimento da parada, tenham resolução definitiva 7.2.3 – Cuidados neurológicos específicos
(por exemplo, providencie drenagem torácica no pa- A ocorrência de convulsões aumenta o consu-
ciente que apresentou parada cardíaca por pneumo- mo energético cerebral e, portanto, elas devem ser
tórax que foi drenado por agulha durante a parada). agressivamente combatidas.
Na determinação dessas outras hipóteses, a avalia-
ção radiológica do tórax e a avaliação laboratorial são 7.2.4 – Sondagem gástrica
imprescindíveis. Caso sejam determinadas alterações Realize a colocação de sonda nasogástrica de
laboratoriais, como níveis elevados de potássio, efe- demora nos pacientes inconscientes, pós-ressuscita-
tue a correção. ção. Mantenha em drenagem espontânea, se os ruí-
Assistolia - A caracterização da assistolia, como dos hidroaéreos intestinais estiverem ausentes, e ini-
ritmo terminal, numa parada cardíaca, está cada vez cie alimentação enteral tão logo haja restabelecimento
mais cristalizada. Os casos que têm assistolia docu- dos mesmos. Considere a utilização de bloqueadores
mentada e que apresentam reversão da PCR são ra- H2, para prevenir sangramento intestinal.
176
Parada cardiorrespiratória
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ABSTRACT - The principles of cardiac arrest management are reviewed with emphasis on the
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