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Acidente do Trabalho na

Enfermagem e Prevenção

Mário Andrade Câmara, nº 16


Marinalva Gregório, nº 15
Alexsandra Santiago, nº 01
Kelly Jaqueline da Silva, nº 13
Leila Patrícia da Silva, nº 14
Gabriela M. A. P. Paulino, nº 06
• Acidente do Trabalho é aquele que ocorre
pelo exercício do trabalho, a serviço da
empresa ou ainda, pelo serviço de
trabalho de segurados especiais,
provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte, a perda ou
redução da capacidade para o trabalho,
permanente ou temporária.
São considerados, ainda, como
AT os acidentes de trajeto, as
doenças profissionais e as
doenças do trabalho.
• A Saúde do Trabalhador constitui um
campo na área da Saúde Coletiva em
plena construção, cujo objeto está
centrado no processo saúde-doença dos
trabalhadores dos diversos grupos
populacionais em sua relação com o
trabalho.
• No que diz respeito aos acidentes de trabalho
(AT) que atingem os trabalhadores das
unidades hospitalares, vale destacar que estes
são ambientes complexos que apresentam
elevado número de riscos ocupacionais para os
seus profissionais, tanto da área de atendimento
aos pacientes/clientes como de todas aquelas
de apoio destes serviços de atenção à saúde,
predispondo-os à ocorrência de acidentes de
variadas naturezas.
• É importante ressaltar que estas ocorrências
derivam de complexas inter-relações e não
devem ser analisados de forma isolada, como
evento particular, mas, através do estudo do
contexto dos processos de trabalho e produção,
das formas como o trabalho é organizado e
realizado, das condições de vida dos
profissionais expostos, das cargas de trabalho
presentes no dia-a-dia dos trabalhadores.
• Oliveira, Makaron e Morrone (1982)
consideram o ambiente hospitalar como
risco não só de acidentes decorrentes do
contato com pacientes portadores de
doenças infecciosas, mas também
daqueles decorrentes do caráter industrial
que têm essas Instituições, como o caso
dos serviços que envolvem centrais de
processamento e esterilização de
materiais
• Muitos pesquisadores têm enfatizado o
sofrimento psíquico advindo do trabalho
hospitalar. Entre estes está Pitta (1999),
destacando que os hospitais têm sido espaços
de concentração de trabalhadores de diversas
áreas, desde médicos, enfermeiros, auxiliares
de enfermagem, operadores de máquinas, entre
muitos outros, que se inter-relacionam com os
usuários dos serviços, num ambiente permeado
de dor e sofrimento
• No Brasil, o Ministério da Saúde (BRASIL,
1995), através da publicação “Segurança no
Ambiente Hospitalar”, considera um arsenal de
variáveis que podem interferir na saúde dos
trabalhadores destas Instituições, classificando
os riscos ocupacionais em: físicos, químicos,
biológicos e mecânicos. A referida publicação
aponta, também, conceitos gerais para o
desenvolvimento de uma nova política peculiar
na área de segurança em instituições
hospitalares, contemplando orientações aos
trabalhadores que culminam em ações
protetoras a eles mesmos, aos usuários dos
serviços e aos visitantes.
• Digno de nota é que os riscos nas unidades
hospitalares são decorrentes, de maneira especial, da
assistência direta prestada pelos profissionais de
saúde a pacientes em diversos graus de gravidade,
assistência esta que implica no manuseio de
equipamentos pesados e materiais perfurantes e/ou
cortantes muitas vezes contaminados por sangue e
outros fluidos corporais, na responsabilidade pelo
preparo e administração de medicamentos e
quimioterápicos, no descarte de materiais
contaminados no lixo hospitalar, nas relações
interpessoais de trabalho e produção, no trabalho em
turnos, no trabalho predominantemente feminino, nos
baixos salários, na tensão emocional advinda do
convívio com a dor, o sofrimento e, muitas vezes, da
perda da vida, entre outros (BULHÕES 1994;
BARBOSA, 1989).
• É importante ressaltar que os acidentes de
trabalho decorrentes da exposição a materiais
biológicos, tão corriqueiros no dia-a-dia das
unidades hospitalares, constituem-se
preocupação de todos os profissionais expostos
aos fatores de riscos decorrentes do contato
direto ou indireto com sangue e outros fluidos
corporais, especialmente no que se refere à
Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS)
e à hepatite B ou C, doenças cujos agravos
trazem conseqüências bastante nocivas à saúde
dos trabalhadores (ROWE e GIUFFRE, 1991;
McCORMICK et al.,1991; SYSTCHENKO,
VOLKMANN e SAURY, 1996; CARDO e BELL,
1997).
• Notadamente, o risco de transmissão do HIV
para os trabalhadores da área da saúde, em
consequência da exposição aos acidentes com
agulhas, tem sido estimado em 0,3% em vários
estudos, enquanto que a probabilidade de
infecção pelo vírus da hepatite B pode atingir
até 40% em situações em que o paciente fonte
de contaminação apresente sorologia positiva
ao antígeno da hepatite B. O risco da hepatite C
é de 1,8%, ou, de 1% a 10%. Já a exposição a
mucosas íntegras ao fluido contaminado traz o
risco médio de 0,1% e a exposição de pele
íntegra apresenta um risco menor de 0,1%
(CARDO e BELL, 1997; BRASIL, 1999).
• Barbosa (1989) discorrendo a respeito de riscos advindos do
trabalho e que atingem os profissionais que atuam em
unidades hospitalares, aborda os riscos físicos tais como
aqueles provenientes da eletricidade, dos pisos escorregadios,
ruídos, umidade, calor má iluminação radiações, ventilação
inadequada.
• Quanto aos riscos ergonômicos a autora destaca os riscos de
fadiga psíquica, física e o trabalho noturno. Associa, ainda,
estes fatores como causa ou conseqüência de outros como
gastrites, úlceras, dores variadas, palpitações, agravamento da
hipertensão arterial, transtornos de personalidade, entre muitos
outros.
• Com respeito aos riscos químicos, a mesma levanta que tanto
podem causar efeitos à saúde dos trabalhadores como
também provocar efeitos teratogênicos e abortogênicos nas
mulheres expostas. Relata a ainda a importância da exposição
crônica à baixas doses, que pode constituir um risco para
câncer, relatada por vários autores.
• Sabidamente, a ocorrência dos AT é atribuída muitas
vezes ao não seguimento das normas PU,
Equipamentos de Proteção Individual, entre outros.
No entanto, aventa-se que muitas outras variáveis
também devem contribuir para as ocorrências: falta de
treinamento, inexperiência, indisponibilidade de
equipamentos de segurança, cansaço, repetitividade
de tarefas, dupla jornada de trabalho, distúrbios
emocionais, excesso de autoconfiança, qualificação
profissional inadequada, falta de organização do
serviço, trabalho em turnos, desequilíbrio emocional
na vigência de situações de emergência, negligência
de outros, “carga” de trabalho, características próprias
do trabalho realizado nas unidades hospitalares, que
possui caráter altamente industrial, com concentração
de tecnologia crescente de alta complexidade.
• Diante desta problemática, há que se buscar
todas as estratégias preventivas possíveis que
possam contribuir para a prevenção dos AT e
promoção à saúde do trabalhador de unidades
hospitalares. Estratégias estas que devem ser
institucionalizadas, e trabalhadas com o
fortalecimento das Comissões Internas de
Prevenção de Acidentes (CIPA), assim como
todas as demais estruturas organizacionais que
se encarregam de educação e vigilância em
saúde nas Instituições como as Comissões de
Controle de Infecção Hospitalar, Departamentos
de Educação Continuada, entre outros,
existentes nas estruturas dos Hospitais.
• A prevenção e educação permanente no sentido
de evitar novas ocorrências são desafio para
todos os envolvidos e demanda esforços
intensos de formação e informação aos
profissionais e alunos dos cursos da área
visando a prevenção dos acidentes de trabalho
que culminam, sempre, em desgaste emocional
do profissional, riscos à saúde, problemas de
ordem econômica e social, necessidade de
investimentos financeiros, problemas éticos e
legais envolvendo os profissionais, pacientes e
a instituição, entre outros.
• Especial atenção, reitera-se, deve ser
dada aos currículos escolares na
formação dos profissionais de saúde,
embasando os seus alunos, para que
possam pensar a realidade dos
trabalhadores e atuar de maneira
compatível com a promoção á saúde.
• No que se refere à saúde em seu
contexto global, a Constituição Federal
Brasileira de 1988 expressa no seu artigo
196 que:
• A saúde é direito de todos e dever do
Estado, garantido mediante políticas
sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário
às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação (BRASIL, 1988).
• Já a Lei 8080/90, por sua vez, afirma em seu
artigo 2º. Parágrafo 3º.
• A saúde tem como fatores determinantes e
condicionantes, entre outros, a alimentação, a
moradia, o saneamento básico, o meio
ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o
transporte, o lazer e o acesso a bens e serviços
essenciais: os níveis de saúde da população
expressam a organização social e econômica do
País (BRASIL, 1999 – grifos nossos)
• A nova orientação das políticas de saúde
trouxe em seu bojo a discussão a respeito
da Saúde do Trabalhador, exigindo a
introdução de novas práticas.
• Há que se considerar que o trabalho
apresenta-se como fator fundamental para
que os princípios constitucionais sejam
devidamente respeitados, por tratar-se de
fonte de mudanças na sociedade em
direção a melhores condições de vida
para toda a população.
• Sendo assim, o processo de trabalho e o
processo de produção, estabelecidos no
contexto do trabalho e nos quais o homem
participa como agente, podem compor-se
em fatores determinantes para o desgaste
da saúde deste trabalhador.
Consequentemente, os padrões de morbi-
mortalidade dos trabalhadores se
apresentam de acordo com a maneira
como estes estão inseridos nas formas de
produção.
• A complexidade da área de Saúde do
Trabalhador, traz a necessidade de
estudos, compromisso com capacitação,
pesquisas, estudos na área, e sobretudo
ações através de políticas de saúde que
busquem a atenção à saúde. Atenção que
não se sujeita meramente a socorros
fracionados destinados ao trabalhador
doente. (MENDES e DIAS, 1999).
• Estratégias preventivas apresentam-se
como desafio para administradores e
trabalhadores, onde o maior ganho está
na promoção da saúde destes
profissionais.

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