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Barsanulfo foi o professor

que todos amam, porque


tinha esse dom sagrado
de guiar as inespertas
inteligências para a Luz,
sem causar-lhes esse
temor tão comum na ação
dos professores de seu
tempo.

Por essa época, ele


professava o Catolicismo
Romano, em que fôra
educado desde o berço.
Bem moço ainda, foi eleito
presidente da Irmandade
de São Vicente de Paulo,
cargo em que prestou
importantes serviços.

Eurípedes pertenceu à
Câmara Municipal de sua
cidade, na qualidade de
Vereador Especial, cargo
de que se aproveitou para
dotar a terra natal do que
tem de melhor em
matéria de legislação.

Sua conversão

Cerca de dezoito
quilômetros de
Sacramento, existe uma
pequena povoação
composta de espíritas, o
mais antigo núcleo de
crentes daquelas
redondezas - é Santa
Maria. Residindo alguns
parentes seus naquela
localidade e atraído pelas
curas maravilhosas
alcançadas por seus tios -
bons médiuns que eram -
e impressionado com o
conjunto de fatos ligados
a essas curas, com as
lições científicas,
filosóficas, de profundeza
tão fora da possibilidade
dos que lá habitavam e
que ele bem conheciae
sabia ineptos, resolveu ir
a Santa Maria para
auscultar de perto a fonte
prodigiosa de tantos
fenômenos.

Honesto, bom e sem


idéias preconcebidas,
pode estudar os fatos,
pondo desde logo, após
uma verificação criteriosa,
fora de toda possibilidade,
a fraude, com que os
inimigos do Espiritismo
sempre tentam denegrir a
nossa crença. Uma sessão
proveitosa a que assistiu e
a leitura metódica das
obras de Allan Kardec,
com o propósito sincero
de aceitar ou não o
Espiritsmo, fizeram com
que Barsanulfo, em pouco
tempo, sentisse no seu
coração as novas luzes da
Doutrina Redentora.

No início do seu
apostolado, um Espírito
que se intitulou de
Protetor os Orfãos,
desejou dificultar o
trabalho de Eurípedes, e,
estando um dia em sua
cátedra, no Liceu
Sacramento, ouviu de
repente uma voz
dulçorosa que se dizia de
São Vicente de Paulo, que
lhe teria dito: "Trabalha,
meu filho és um
missionário. Vai pregar a
Verdade mundo afora; ela
está no Espiritismo".
Julgando que necessitaria
pregar fora dali o
Espiritismo, comunica o
fato aos seus discípulos
que, debulhados em
pranto, seguiam-no,
deixando a população
estarrecida pelo
inesperado
acontecimento.
Entretanto, o verdadeiro
São Vicente de Paulo e
também Santo Agostinho,
ali estavam para amparar
o seu querido filho,
utilizando a ação daquele
irmão que desejava
desviar Barsanulfo de sua
gloriosa senda. Tempos
depois, surgiu-lhe a
mediunidade e, atendendo
a um conselho de São
Vicente de Paulo, fundou
em 1905, o Colégio "Allan
kardec" e o Grupo Espírita
"Esperança e Caridade",
nascendo, assim, em
Sacramento, o
Espiritismo.

Suas lutas

Eurípedes estava, então,


empenhado na satisfção
da vontade dos luminares
do espaço, com os quais
confabulava, graças às
faculdades mediúnicas
que possuia. Médium
curador, vidente, falante,
ouvinte, receitista,
psicógrafo, possuidor do
dom do desdobramento,
de estupenda acuidade
espiritual, Barsanulfo
transformou-se no
primoroso instrumento
dos emissários do bem.
Dirigia o Colégio "Allan
Kardec" e ali ministrava
Português, Francês,
Astronomia, Física,
Química, História Natural
e também a Doutrina
Espírita, auxiliado por
seus irmãos Watersides
Willon e Homilton Wilson
e alguns discípulos
dedicados; presidindo o
Grupo Espírita, recebendo
e moralizando espíritos
que ali baixavam;
superintendendo a
farmácia já transformada
em alopática e, exercendo
a medicina e cirurgia na
cidade e redondezas,
preparando e remetendo
medicamentos e
receituários para qualquer
parte, Eurípedes já não
tinha mais um minuto
para uma palestra amiga,
a não ser nos trânsitos da
farmácia para o Colégio,
deste para alguma casa
onde sua presença era
reclamada! E quando
repousava o corpo
cansado, o espírito
aparecia a seus doentes,
que o viam no leto de dor,
reconfortando-os.

Não apenas de
sacramento, mas de todos
os recantos chegavam
doentes e obsidiados para
serem curados, e todos
recebiam o tratamento
homeopático, aconselhado
pelo espírito do querido
Bezerra de Menezes, com
quem Barsanulfo
mantinha amistosas
conversações. Quantos
desenganados pela
medicina oficial não se
curavam em Sacramento!
Aquela cidade, pequena,
insignificante, tomou vulto
e chegou a possuir muitos
hotéis e mais de vinte
pensões. A qualquer hora
do dia ou da noite, com
uma simples pancada na
janela de seu quarto,
contíguo à farmácia,
respondia com o seu
invariável "pronto!", e a
porta era imediatamente
aberta, fosse para quem
fosse.

Como acontece com todas


as criaturas que se
dedicam de boa vontade a
ajudar o próximo, fazendo
sempre o melhor bem
possível, também
Eurípedes sofreu
tremenda campanha.
Católicos de sacramento,
aliados a um infeliz
médico de Uberaba,
católico, que ao lado de
sua residência mantinha
uma capela de Nossa
Senhora de Lourdes,
moveram contra o
benfeitor sacramentano a
mais execrável
perseguição, culminada
por um processo penal
por exercício ilegal da
medicina! Todavia, não
houve juiz que quisesse
pronunciar a Eurípedes, e
o processo, depois de
andar de "Herodes para
Pilatos", em todos os
distritos da grande
comarca, foi julgado
prescrito por falta de
pronúncia! Quando o
Delegado da Polícia,
encarregado do inquérito
policial, mandou notificá-
lo para comparecer,
Barsanulfo, de valise em
punho, repleta de ferros
cirúrgicos e antisséticos,
pediu-lhe que fosse
concedida permissão de
ministrar as suas
declarações por escrito,
porque naquele instante
ia atender a uma
parturiente que
necessitava de uma
intervenção cirúrgica
urgente. E saiu
apressadamente no
cumprimento do seu
dever! Os admiradores - e
eran tantos! - já
desesperados queriam
solucionar o caso pelas
armas, mas o coração
boníssimo de Eurípedes
evitou que isso
acontecesse,
aconselhando calma a
todos e um enterro
simbólico do processo, foi
o final alegre do incidente.

Seus invejosos inimigos


julgaram que poderiam
lançar sobre ele a pecha
de ignorante e embusteiro
e promoveram um debate
público, em frente à
Matriz, entre Barsanulfo e
o orador sacro
Pe.Feliciano Yague. Em
primeiro lugar, falou o
Padre. Grita, esbraveja,
qualificando a nossa
crença de diabólica,
pretendendo provar que o
demônio seja o agente
principal dos fatos
espíritas. Depois em
linguagem incendiada pelo
ódio aos espíritas, xingá-
os de maneira horrível,
sem a mínima
compostura, ameaçando-
os com as caldeiras dos
infernos! E os alunos do
Colégio Allan Kardec, mais
de duzentos de ambos os
sexos, sorriam, de
antemão satisfeitos com a
inevitável derrota que ia
sofrer aquele sacerdote
leviano, que tinha a
infantilidade de falar em
diabo naquela cidade,
onde qualquer criança
espírita sabe provar que
essa falsa entidade não
passa de uma idiota
invencionisse dos tempos
que já se foram nas
brumosas dobras do
passado. Eurípedes
levantou-se e foi recebido
por uma salva de palmas.
Em seguida, erguendo a
fronte ao Céu, implora o
amparo de Deus para
toda aquela gente ali
consagrada, numa prece
estraordinariamente bela
que arranca lágrimas de
enternecimento aos
corações amigos do bem.

Implora a benção do
Altíssimo para aquele
padre ainda um tanto
longe da senda do Amor,
e encete a mais profunda
réplica às palavras do
pregador católico.
Barsanulfo prova a
inexistência do demônio e
do inferno material
eterno, e durante algumas
horas, que pareceram
minutos, dá àquela massa
popular ali estacionada,
presa pela magia daquela
voz poderosamente
vencedora, as mais
concludentes provas da
veracidade do Espiritismo,
o puro Cristianismo, ao
mesmo tempo que
mostrava àquela
compacta assistência os
erros do Catolicismo.
Quando concluiu a sua
belíssima oração, palmas
e vivas reboaram pelo
espaço, e aquela gente,
comovida, abraçava
Barsanulfo, desprezando o
pregador católico.
Eurípedes dá ali mesma
prova cabal de verdadeiro
amor cristão: estreitando
o sacerdote de encontro
ao coração, num amplexo
fraternal.

Sua desencarnação

Em 1918, a impiedosa
gripe que tantas vítimas
fez, invadiu também
Sacramento. Eurípedes
fôra também atingido,
justamente quando ele
não descansava um só
momento, nem dia, nem
noite quase. A febre
abatia-o, de momento a
momento, mas milhares
de receitas partiam da sua
abençoada boca e os
medicamentos eram
manipulados sob a sua
carinhosa vigilância.

Quadro doloroso: milhares


de pedidos de
medicamentos àquele que
se queimava numa febre
de 40 graus! E eram todos
atendidos. A enfermidade
foi acabando com a
fortaleza de aço daquele
apóstolo da Caridade que
medicava seus enfermos
até o momento
culminante do seu
aniquilamento material.

A febre fazia-o delirar... A


impressão era dolorosa...
Todos choravam,
angustiados, antevendo já
o terrível desfecho,
quando um onde de
esperança acalmou os
corações: Barsanulfo,
despedindo dos laços
materiais, exclamou
"Graças, Pai, estou
salvo!". E todos pensaram
que ele estava salvo da
doença... mas ele dada
graças a Deus pela
redenção de seu espírito.

Às 6 horas de 1o. de
novembro de 1918,
Sacramento foi
despertada pela notícia da
desencarnação de
Eurípedes, que reboou por
todos os cantos como se
um cataclisma
descomunal desabasse
sobre todos! Desde os
primeiros momentos após
o seu falecimento, o povo
em peso, chorando,
enchia a câmara
mortuária daquele ente
querido que se evoláva
para o espaço.

Chovia. A Natureza,
acompanhando em sua
profunda dor os milhares
de pessoas soluçantes que
acompanhavam o féretro
ao cemitério, derramava
também as suas lágrimas
sobre aquele corpo inerte
que ia ser lançado ao pó
da terra. E até hoje, a sua
sepultura simples, como
ele a quis, cobre-se de
flores que mãos piedosas
depositam sobre ela, , e
no lar augusto sua
mamãe foi sempre alvo da
imorredoura gratidão de
todos quando receberam
bençãoes de seu filho
querido. QUE JESUS
ABENÇÕE O QUERIDO
ESPÍRITO DE EURÍPEDES
BARSANULFO!

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