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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Carla Paiva Mattos

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS: POSSIBILIDADES


PARA O MUNDO DO TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso submetido ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia de Produção como requisito parcial à
obtenção do título de MBA

Orientadora: Profa. Rita de Cássia Magalhães Trindade Stano, Dra.

Itajubá, julho de 2005


MATTOS, Carla Paiva. Um Estudo da importância das Inteligências Múltiplas para o
desenvolvimento do Ser Humano e das Organizações. Itajubá: UNIFEI, 2005. (Trabalho de
Conclusão de Curso apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção
da Universidade Federal de Itajubá).

Palavras-Chaves: Inteligências Múltiplas – IM, Ser Humano, Organização, Gardner.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Carla Paiva Mattos

INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS: POSSIBILIDADES


PARA O MUNDO DO TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso aprovado por banca examinadora em


11 de agosto de 2005, conferido ao autor o título de MBA

Banca Examinadora:
Profa. Rita de Cássia Magalhães Trindade Stano, Dra.
Prof. Giovanni Horácio Guimarães, Dr.
Prof. Carlos Eduardo Sanches da Silva, Dr.

Itajubá, julho de 2005


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Dedicatória
Dedico o presente trabalho à minha família e ao Cláudio, que me deram toda
força no decorrer do curso, sempre me mostrando que eu era capaz de vencer.

iv
Agradecimento

Agradeço à minha Orientadora pela motivação que me deu desde a escolha do


tema e pela dedicação até o último minuto de estudo.

Agradeço também a Deus que sempre está ao nosso lado nos protegendo e nos
mostrando qual o melhor caminho.

v
SUMÁRIO
Dedicatória iv
Agradecimento v
Sumário vi
Resumo vii
Abstract vii
1. INTRODUÇÃO 1
1.1 Objetivo 1
1.2 Justificativa 1
2. O QUE É A INTELIGÊNCIA 2
2.1 Auto Conhecimento e Relações Interpessoais 3
2.2 O que é Inteligência Emocional 4
2.3 Educação Emocional 5
2.4 Importância das Emoções 6
3. HOWARD GARDNER 7
3.1 A Teoria das Inteligências Múltiplas 7
3.2 Projeto Zero 11
3.3 A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações 11
4. INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS 14
4.1 Como esta Teoria difere das definições tradicionais de Inteligência 18
4.2 Como se desenvolveu a Teoria das Inteligências Múltiplas desde 1983 20
5. INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E NEUROPSICOLOGIA 22
6. O QUE DIZEM OS CRÍTICOS DA TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS 24
MÚLTIPLAS
7. AS NOVAS INTELIGÊNCIAS 26
8. PEDAGOGIA E ANDRAGOGIA 27
9. INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS NAS ORGANIZAÇÕES 28
10. INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E INOVAÇÃO 32
11. CONCLUSÃO 33
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 34
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR 36

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RESUMO
A Teoria das Inteligências Múltiplas (I. M.) vem expandindo a forma de avaliar e desenvolver
o potencial de cada pessoa. É, sem sombra de dúvida, uma das melhores maneiras de
desenvolver o ser humano, além de também ser de grande interesse para as organizações
nessa época de mudanças cada vez mais rápidas. Por esse motivo, o estudo do tema, pode
realmente mostrar como é importante estudar as inteligências existentes, a fim de desenvolver
a vida de cada pessoa e a vida da organização a que pertence. De fato, apesar de inicialmente
o interesse pelas I.M. ter sido despertado principalmente no nível de ensino de crianças e
jovens, sua importância para o ciclo de aprendizado permanente exigido pelas carreiras de
hoje está sendo cada vez mais apreciado. O uso de técnicas ligadas às I. M. vem crescendo
cada dia e sendo aplicada cada vez mais dentro das organizações, particularmente pelas
Universidades Corporativas, o que assegurará a seqüência de soluções criativas que
garantirão a perenização das organizações. A realização pessoal do indivíduo, através do
estudo das inteligências de cada um, poderá trazer benefícios para todos. Pessoas se
conhecendo melhor e trabalhando mais motivadas, gerando organizações mais produtivas.

Palavras-chave: Inteligências Múltiplas - I. M., Ser Humano, Organização, Gardner.

ABSTRACT
The Multiple Intelligences Theory (MI) is enlarging the way we evaluate and develop each
person’s potential. It is, without doubt, one of the best ways to develop the human being,
besides being also of great interest to all organizations in these times of ever-faster changes.
Therefore, the study of this subject will show effectively how important is to study all kinds
of existing intelligences so that we can develop each person’s life and also the life of his
organization. Actually, besides having been in the beginning of interest mainly at the level of
education for children and the youth, its pertinence to the lifelong learning is over more
appreciated. The use of MI techniques grows permanently inside organizations, mainly in the
Corporate Universities, allowing the creative solution sequence that will warrant the
continuity of organizations. The personal realization of individuals through the study of the
particular intelligence of each one will be beneficial for all. People will know themselves
better, work better and generate more productive organizations.

Keywords: Multiple Intelligences, MI, Human Being, Organization, Gardner.

vii
Capítulo 1 - Introdução

“As inteligências dormem. Inúteis são todas as tentativas de acordá-las por meio da força e
das ameaças. As inteligências só entendem os argumentos do desejo: elas são ferramentas e
brinquedos do desejo”. (Rubens Alves, em Cenas da Vida).

Inteligência! Algo aparentemente fácil de definir. A princípio poderíamos dizer que sim.
Pessoas que tem facilidade de aprender: pessoas inteligentes. Porém, como veremos neste
estudo, qualquer pessoa pode desenvolver inteligências. Crianças, por exemplo, consideradas
com baixo rendimento escolar, podem desenvolver atividades que antes pareciam ser
impossíveis para elas. Veremos a importância do estudo das inteligências para o bom
desenvolvimento do ser humano e conseqüentemente de sua vida profissional.

1.1 Objetivo:
Mostrar a importância do estudo e desenvolvimento das Inteligências Múltiplas, analisando as
contribuições que elas podem oferecer na vida pessoal e na qualidade das Relações do
Trabalho.

1.2 Justificativa:
O grande diferencial para o sucesso em qualquer área sempre esteve nas pessoas. Através do
desenvolvimento do ser humano, pode-se conseguir resultados surpreendentes. Sabemos que
cada indivíduo se identifica e se sobrepõe em uma ou algumas áreas em especial. Daí a
importância de estudar e mostrar às pessoas em que espaço ela pode dar mais de si e se
desenvolver, a fim de atingir seus objetivos e se sobressair bem em sua organização e para sua
carreira profissional. Através de testes e aprofundamento no estudo da inteligência de cada
um, podemos melhorar e acordar inteligências adormecidas, buscando o máximo do potencial
das pessoas.

1
Capítulo 2 - O que é a Inteligência

Inteligência é a capacidade de aprender, compreender e até mesmo adaptar-se facilmente a


uma situação ou a algo novo.
Buscando uma definição clara e aprofundada dessa Faculdade, acompanhamos o texto de
Edênio Valle (1997):
“Como seres inteligentes, não poderíamos deixar de nos perguntar sobre a natureza dessa
capacidade aparentemente exclusiva de entender, raciocinar, ordenar e inventar. Capacidade
que implica não só a compreensão das coisas e do mundo, mas de nós próprios. Na
antigüidade, os gregos, os egípcios, os hebreus, os hindus e também os povos chamados
primitivos tinham alguma interpretação da inteligência humana.
O senso comum define a inteligência como a capacidade para aprender, resolver problemas,
entender situações inéditas, inventar e fazer relações em nível sempre mais abstrato.
No início do século XX, sob o impacto da recém-inaugurada ciência psicológica, tais
interpretações perderam o tom mítico-religioso ou filosófico. Passaram a ser uma investigação
analítica e empírica do comportamento e da capacidade inteligente em seu desdobramento e
globalidade.
Os ingleses e norte-americanos realizaram um ingente esforço. Desenvolveram maneiras
criativas de avaliar as capacidades mentais de crianças a adultos através de testes
padronizados, de dificuldade gradativa, com quesitos aptos a explorar as diversas facetas do
pensamento humano. Voltava-se para problemas de aritmética, raciocínio verbal,
conhecimentos gerais, relações espaciais, provas de vocabulário, etc. Tais quesitos, aplicados
a milhares e milhares de crianças, em condições controladas, receberam cuidadoso tratamento
estatístico, do qual emergiram facetas convergentes, mas distintas, da atividade inteligente.
Devido ao procedimento estatístico utilizado, estas facetas passaram a ser designados como
fatores. A inteligência humana seria, nesta visão, composta de vários fatores que interagem.
Alguns testes captam melhor os amplos, como o fator geral, mais ligado ao raciocínio lógico-
abstrato e importante para qualquer tipo de solução de problemas. Outros testes são mais
específicos. Medem aspectos parciais, como o verbal, importante na comunicação e expressão
verbal, ou o fator espacial, importante na percepção das relações espaciais entre objetos e
conjuntos”.
Segundo estudos feitos por Howard Gardner (1994) sobre inteligência e cognição ficou claro
a existência de alguns pontos fortes ou competências intelectuais diferentes, cada um dos
quais pode ter sua própria história desenvolvimental. A revisão de uma pesquisa recente em

2
neurobiologia novamente sugeriu a presença de áreas no cérebro, que correspondem, pelo
menos aproximadamente, a determinadas formas de cognição. E estes mesmos estudos
implicam numa organização neural que prova ser hospitaleira à noção de diferentes modos de
processo de informação. Pelo menos nos campos da psicologia e da neurobiologia, o Espírito
do Tempo parece estar aparelhado para a identificação das diversas competências intelectuais
humanas.
Mas a ciência jamais pode proceder de forma completa indutiva. Poderíamos realizar os testes
e experiências psicológicas concebíveis ou esquadrinhar toda instalação e neuroanatômica que
desejássemos e ainda assim não teríamos identificado as procuradas inteligências humanas.
Aqui, nos confrontamos com uma pergunta não sobre a exatidão do conhecimento, mas, antes,
sobre como o conhecimento é obtido. É necessário avançar uma hipótese ou uma teoria e
então testá-la. Apenas quando os pontos fortes – e limitações – da teoria tornam-se
conhecidos à plausibilidade do postulado original torna-se evidente.
Então se torna necessário dizer, de uma vez por todas, que não há e jamais haverá uma lista
única, irrefutável e universalmente aceita de inteligências humanas.
Porque, então, prosseguir neste caminho precário? Porque há necessidade de uma melhor
classificação de todas as competências intelectuais humanas da que temos agora; porque há
muitas evidências recentes surgindo de pesquisas científicas, observações interculturais e
estudos educacionais que precisam ser revisados e organizados; e talvez, acima de tudo,
porque parece que podemos apresentar uma lista de pontos fortes intelectuais que provarão ser
úteis para uma ampla gama de pesquisadores e profissionais e os capacitará a nos
comunicarmos mais eficazmente sobre esta curiosamente sedutora entidade chamada
intelecto. Em outras palavras, a síntese que buscamos jamais pode ser a resposta geral para
todas as pessoas, mas promete oferecer algumas coisas para muitos interessados.

2.1 Auto Conhecimento e Relações Interpessoais


Segundo Littlejohn (1982), a interação em qualquer ambiente que seja nasce da aceitação,
desprendimento e acolhimento, e no mundo atribulado em que vivemos às vezes não nos
damos conta disso. Relacionar-se é dar e receber ao mesmo tempo é abrir-se para o novo.
Passamos mais tempo em nosso ambiente de trabalho do que em nosso lar, e ainda assim não
nos damos conta de como é importante estar em um ambiente saudável, e o quanto isto
depende de cada um. A aceitação começa pela capacidade de escutar o outro, colocar-se no
lugar dele e estar preparado para aceitar ao outro e a nós mesmos.
A base do relacionamento Interpessoal está no autoconhecimento.

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Hoje, mais do que nunca, é importante que tomemos consciência da necessidade de
investirmos no nosso processo de autoconhecimento e nas relações interpessoais, pois
começamos a constatar que, além das notas baixas em leitura e escrita, existe outro tipo de
deficiência vivenciada em nosso meio, a “deficiência emocional”.
Pesquisas recentes afirmam que nossos alunos apresentam déficits de aptidões emocionais,
afirmação que pode ser comprovada se levarmos em conta o comportamento apresentado por
eles: retraimento ou dificuldades de relacionamento social; ansiedade e sintomas depressivos;
problemas de atenção ou de raciocínio; assim como atitudes agressivas e delinqüentes.

2.2 O que é Inteligência Emocional


A Inteligência Emocional está relacionada a habilidades tais como motivar a si mesmo e
persistir mediante frustrações; controlar impulsos, canalizando emoções para situações
apropriadas; praticar gratificação prorrogada; motivar pessoas, ajudando-as a liberarem seus
melhores talentos, e conseguir seu engajamento a objetivos de interesses comuns. (Gilberto
Vitor).
Daniel Goleman, Ph.D. é o presidente do Emotional Intelligence Services (empresa de
consultoria), em Sudbury, Massachusetts. Ao longo de 12 anos, escreveu sobre psicologia e
ciências do cérebro para The New York Times. Editor da revista Psychology Today por nove
anos, lecionou em Harvard (onde recebeu seu doutorado). Além de Inteligência Emocional,
publicado pelo Brasil pela Editora Objetiva, entre seus livros anteriores estão Vital Lies,
Simple Truths (Mentiras Vitais, Verdades Simples), The Meditative Mind (A Mente
Meditativa) e, como co-autor, The Creative Spirit (O Espírito Criativo).
Em um de seus livros, mapeia a Inteligência Emocional em cinco áreas de habilidades:

1. Auto-Conhecimento Emocional: reconhecer um sentimento enquanto ele ocorre.

2. Controle Emocional: habilidade de lidar com seus próprios sentimentos.

3. Auto-Motivação: dirigir emoções a serviço de um objetivo é essencial para manter-se


sempre caminhando.

4. Reconhecimento de emoções em outras pessoas.

5. Habilidade em relacionamentos interpessoais.

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As três primeiras acima referem-se a Inteligência Intra-Pessoal. As duas últimas, a
Inteligência Inter-Pessoal.

Inteligência Inter-Pessoal: é a habilidade de entender outra pessoa: o que as motiva, como


trabalham, como trabalhar cooperativamente com elas.

1. Organização de Grupos: é a habilidade essencial da liderança, que envolve iniciativa e


coordenação de esforços de um grupo, habilidade de obter do grupo o reconhecimento da
liderança, a cooperação espontânea.
2. Negociação de Soluções: o papel do mediador, prevenindo e resolvendo conflitos.
3. Empatia - Sintonia Pessoal: é a capacidade de identificando e entendendo os desejos e
sentimentos das pessoas, responder (reagir) de forma apropriada de forma a canalizá-los ao
interesse comum.
4. Sensibilidade Social: é a capacidade de detectar e identificar sentimentos e motivos das
pessoas.

Inteligência Intra-Pessoal: é a mesma habilidade, só que voltada para si mesmo. É a


capacidade de formar um modelo verdadeiro e preciso de si mesmo e usá-lo de forma efetiva
e construtiva.

2.3 Educação Emocional


A educação emocional é estudada, entre outros, por Daniel Goleman e Celso Antunes.
Para ter sucesso em qualquer profissão, no mundo globalizado e competitivo onde vivemos,
precisamos saber lidar com nossas emoções, identificar e atender às necessidades das pessoas
de nosso relacionamento. Pesquisas da universidade da Harvard mostram que o sucesso
profissional depende muito da competência emocional da pessoa e não somente de sua
qualificação intelectual. Auto-estima, autoconfiança, autoconhecimento, vivências dos valores
morais e éticos preponderantes a todas as pessoas, são o principal objetivo desse importante
tema, que é a Educação Emocional. O homem é dotado, além da inteligência, também de
emoções. Temos então a inteligência cognitiva (QI) e a inteligência emocional (QE). A
educação emocional deve levar o indivíduo, a saber, trabalhar suas emoções, reconhecê-las,
controlá-las e utilizá-las com melhor proveito na vida, tornando os relacionamentos pessoais
mais ricos. É a empatia levando o ser ao contágio emocional, quando transmite e capta modos
um do outro, promovendo o relacionamento interpessoal.

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2.4 Importância das Emoções
Goleman (1997) – fala da importância das emoções, relacionando aos itens a seguir:

Sobrevivência: Nossas emoções foram desenvolvidas naturalmente através de milhões de


anos de evolução. Como resultado, nossas emoções possuem o potencial de nos servir como
um sofisticado e delicado sistema interno de orientação. Nossas emoções nos alertam quando
as necessidades humanas naturais não são encontradas. Por exemplo, quando nos sentimos
sós, nossa necessidade é encontrar outras pessoas. Quando nos sentimos receosos, nossa
necessidade é por segurança. Quando nos sentimos rejeitados, nossa necessidade é por
aceitação.

Tomadas de Decisão: Nossas emoções são uma fonte valiosa da informação. Nossas
emoções nos ajudam a tomar decisões. Os estudos mostram que quando as conexões
emocionais de uma pessoa estão danificadas no cérebro, ela não pode tomar nem mesmo as
decisões simples. Por que? Porque não sentirá nada sobre suas escolhas.

Ajuste de limites: Quando nos sentimos incomodados com o comportamento de uma pessoa,
nossas emoções nos alertam. Se nós aprendermos a confiar em nossas emoções e sensações
isto nos ajudará a ajustar nossos limites que são necessários para proteger nossa saúde física e
mental.

Comunicação: Nossas emoções ajudam-nos a comunicar com os outros. Nossas expressões


faciais, por exemplo, podem demonstrar uma grande quantidade de emoções. Com o olhar,
podemos sinalizar que precisamos de ajuda. Se formos também verbalmente hábeis,
juntamente com nossas expressões teremos uma possibilidade maior de melhor expressar
nossas emoções. Também é necessário que nós sejamos eficazes para escutar e entender os
problemas dos outros.

União: Nossas emoções são talvez a maior fonte potencial capaz de unir todos os membros da
espécie humana. Claramente, as diferenças religiosas, culturais e políticas não permitem isto,
apesar das emoções serem "universais".

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Capítulo 3 - Howard Gardner

Howard Gardner é professor de Educação e co-diretor do Projeto Zero, no Harvard Graduate


School of Education, e professor adjunto de Neurologia na Boston University School of
Medicine. É autor de inúmeros livros, incluindo “Estruturas da Mente”, “A Criança Pré-
Escolar: como pensa e como a escola pode ensiná-la” e, mais recentemente, “Mentes que
Criam”. Em 1981, Gardner recebeu o Mac Arthur Prize Fellowship e, em 1990, tornou-se o
primeiro americano a receber o Louisville Grawemeyer Award in Education.
Psicólogo construtivista influenciado por Piaget, Gardner é professor especializado em
educação e neurologia. Em 1983, ele e uma equipe de pesquisadores divulgaram a teoria de
inteligências múltiplas, questionando a visão predominante de inteligência centrada nas
habilidades lingüísticas e lógico-matemáticas. Para Gardner, a inteligência consiste na
habilidade para resolver problemas ou criar produtos que sejam significativos em um ou mais
ambientes culturais. Na teoria, são identificados nove "tipos" de inteligência. Em cada pessoa,
tais inteligências se combinam de forma diferente. Na educação, a teoria de inteligências
múltiplas implica o desenvolvimento de avaliações que sejam adequadas às diversas
habilidades, a criação de currículos específicos para cada saber; um ambiente educacional
mais e amplo e variado. Gardner é um crítico implacável dos testes de QI e de aptidão escolar.
É considerado um dos principais pedagogos deste final de século.

3.1 A Teoria das Inteligências Múltiplas


A Teoria das Inteligências Múltiplas foi elaborada a partir dos anos 80 por pesquisadores da
Universidade Norte-Americana de Harvard, liderados pelo psicólogo Howard Gardner. Sua
origem é interessante. Acompanhando o desempenho profissional de pessoas que haviam sido
alunos fracos, Gardner se surpreendeu com o sucesso obtido por vários deles.
O pesquisador passou então a questionar a avaliação escolar, cujos critérios não incluem a
análise de capacidades que, no entanto, são importantes na vida das pessoas. Concluiu que as
formas convencionais de avaliação apenas traduzem a concepção de inteligência, limitada à
valorização da competência lógico-matemática e da lingüística.
Gardner demonstrou, porém, que as demais faculdades também são produtos de processos
mentais e que não há motivos para diferenciá-las do que se geralmente considera inteligência.
Assim, segundo “uma visão pluralista da mente”, ampliou o conceito de inteligência única
para o de um feixe de capacidades. Para ele, “inteligência é a capacidade de resolver
problemas ou elaborar produtos valorizados em um ambiente cultural ou comunitário”.
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O psicólogo estabeleceu vários critérios para que uma inteligência seja considerada como tal,
desde possível manifestação em todos os grupos culturais até a localização de sua área no
cérebro. Ele próprio identificou sete inteligências, mas não considera esse número definitivo.
A Teoria das Inteligências Múltiplas, de Howard Gardner (1985) é uma alternativa para o
conceito de inteligência como uma capacidade inata, geral e única, que permite aos indivíduos
uma performance, maior ou menor, em qualquer área de atuação. Sua insatisfação com a idéia
de QI e com visões unitárias de inteligência, que focalizam, sobretudo as habilidades para o
sucesso escolar, levou Gardner a redefinir inteligência à luz das origens biológicas da
habilidade para resolver problemas. Através da avaliação das atuações de diferentes
profissionais em diversas culturas, e do repertório de habilidades dos seres humanos na busca
de soluções, culturalmente apropriadas, para os seus problemas, Gardner trabalhou no sentido
inverso ao desenvolvimento, retroagindo para eventualmente chegar às inteligências que
deram origem a tais realizações. Na sua pesquisa, Gardner estudou também o
desenvolvimento de diferentes habilidades em crianças normais e crianças superdotadas;
adultos com lesões cerebrais e como estes não perdem a intensidade de sua produção
intelectual, mas sim uma ou algumas habilidades, sem que outras habilidades sejam sequer
atingidas; populações ditas excepcionais, tais como idiot-savants e autistas, e como os
primeiros podem dispor de apenas uma competência, sendo bastante incapazes nas demais
funções cerebrais, enquanto as crianças autistas apresentam ausências nas suas habilidades
intelectuais; como se deu o desenvolvimento cognitivo através dos milênios.
Gardner sugere, ainda, que as habilidades humanas não sejam organizadas de forma
horizontal; ele propõe que se pense nessas habilidades como organizadas verticalmente, e que,
ao invés de haver uma faculdade mental geral, como a memória, talvez existam formas
independentes de percepção, memória e aprendizado, em cada área ou domínio, com possíveis
semelhanças entre as áreas, mas não necessariamente uma relação direta.
Howard Gardner diz que todas as pessoas têm múltiplas inteligências. Estas podem ser
desenvolvidas e fortalecidas, ou ignoradas e enfraquecidas. Ele diz, atualmente, que cada
indivíduo tem nove inteligências.

A Teoria das Inteligências Múltiplas, um resultado do empenho para se conhecer as


capacidades cerebrais é uma nova concepção científica sobre a mente, uma visão pluralista,
que reconhece diferentes facetas de cognição. Segundo essa teoria, todo ser humano,
excluídos os casos de lesões cerebrais, possui potencialidade a serem desenvolvidas de
diversos tipos de inteligência, entendendo-se inteligência como a capacidade de resolver

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problemas ou elaborar produtos valorizados em um ambiente cultural ou comunitário. A
resolução de problemas inclui a habilidade de comunicações de idéias e emoções, que não
precisam necessariamente ocorrer através da comunicação verbal, da inteligência lingüística.

A pesquisa feita a partir de uma perspectiva fundamental em aspectos psicológicos e


biológicos, constata que embora as inteligências sejam inatas e façam parte da natureza
humana como os olhos ou coração, é a partir das relações com o ambiente e com a cultura,
que o homem desenvolve mais algumas e deixa de aprimorar outras. Gardner defende que
estas gamas de habilidade não são fixas por Deus, mas construída por homens e mulheres. Um
potencial biopsicológico, que depende de estímulos culturais para ser desenvolvido.

Conforme esclarecimento do pesquisador, a idéia das inteligências múltiplas é antiga e ele não
pretende reivindicar a sua autoria, mas sim o fato de organizar esses conceitos e sistematizá-
los a partir de novas descobertas sobre o cérebro humano.

Nesta nova visão, as conceituadas inteligências lógico-matemática e lingüística são apenas


parte de um espectro muito mais amplo. Há capacidades importantes para a vida humana,
tanto do ponto de vista de realização pessoal quanto profissional, que não são desenvolvidas
nas escolas. Gardner não fala mais de uma inteligência, mas de um feixe de inteligências,
onde a lógica-matemática e lingüística são colocados na mesma condição das demais. É
inteligente quem administra um hotel, quem cura alguém, quem faz um poema, quem possui
auto conhecimento, quem constrói um computador, quem sabe se guiar numa floresta.

Na sua teoria, Gardner propõe que todos os indivíduos, em princípio, têm a habilidade de
questionar e procurar respostas usando todas as inteligências. Todos os indivíduos possuem,
como parte de sua bagagem genética, certas habilidades básicas em todas as inteligências. A
linha de desenvolvimento de cada inteligência, no entanto, será determinada tanto por fatores
genéticos e neurobiológicos quanto por condições ambientais.

A noção de cultura é básica para a Teoria das Inteligências Múltiplas. Com a sua definição de
inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos que são
significativos em um ou mais ambientes culturais, Gardner sugere que alguns talentos só se
desenvolvem porque são valorizados pelo ambiente. Ele afirma que cada cultura valoriza
certos talentos, que devem ser dominados por uma quantidade de indivíduos e, depois,
passados para a geração seguinte.

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Segundo Gardner, cada domínio, ou inteligência pode ser visto em termos de uma seqüência
de estágios: enquanto todos os indivíduos normais possuem os estágios mais básicos em todas
as inteligências, os estágios mais sofisticados dependem de maior trabalho ou aprendizado.

Uma curiosidade: Um curioso incidente que aconteceu em nosso país antes da Copa do
Mundo de 1958. O Brasil possuía seu primeiro psicólogo esportivo, João Carvalhaes, que
atendia a seleção brasileira de futebol. O psicólogo resolveu aplicar em todos os jogadores
testes de QI. Garrincha, que estava no apogeu de sua carreira, após responder os testes ficou
sabendo que seu quociente intelectual era irrisório, sendo classificado como débil mental. Por
este motivo quase foi impedido de participar da Copa. (MODERNELL, 1992).

Ninguém duvida do talento que possuía este atleta quando se encontrava no meio de um
gramado com a bola nos pés. Todavia, o teste psicométrico de inteligência indicava Garrincha
como uma pessoa sem grandes chances de ser bem sucedido em sua vida, o que não
correspondeu à realidade. Fica claro que os testes de QI predizem apenas como vai ser o
desempenho escolar e não o sucesso profissional depois de concluída a instrução formal.

É dentro desta perspectiva que Gardner apresenta a teoria das Inteligências Múltiplas (IM). Os
testes de QI medem apenas as capacidades lógica e lingüística, capacidades que normalmente
são as únicas exigidas e avaliadas pelas escolas e, sem dúvida, as capacidades mais
valorizadas em nossa sociedade. Gardner pretende considerar também as outras capacidades,
as outras "inteligências" menos lembradas, para analisá-las em sua teoria.

Para selecionar quais as inteligências que seriam trabalhadas em sua teoria foram utilizadas
diversas fontes: as informações disponíveis sobre o desenvolvimento normal e o
desenvolvimento do indivíduo talentoso; estudos sobre populações prodígios, idiotas sábios,
crianças autistas, crianças com dificuldade de aprendizagem; dados sobre a evolução da
cognição; considerações culturais comparadas sobre a cognição; estudos psicométricos;
estudos de treinamento psicológico e principalmente análise da perda das capacidades
cognitivas nas condições de lesão cerebral. Cada inteligência deveria ter uma operação nuclear
ou um conjunto de operações identificáveis e deveria também ser capaz de ser codificada em
um sistema de símbolos. (GARDNER, 1995).

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3.2 Projeto Zero
O Projeto Zero de Harvard, iniciado por Nelson Goodman e co-dirigido por Howard Gardner
e David Perkins, realiza pesquisas básicas sobre cognição, aprendizagem e artes há 30 anos. A
Universidade Harvard, nos Estados Unidos, desenhou o Projeto Zero, que reúne equipes
interdisciplinares com o objetivo de estudar as relações entre a inteligência, a compreensão e
o ensino. A educadora Argentina Paula Pogré, 47, da Universidade Nacional de General
Sarmiento, que integra a equipe, diz que o desafio de lidar com a diversidade é algo novo.

3.3 A Teoria das Inteligências Múltiplas e suas Implicações


No início do século XX, as autoridades francesas solicitaram a Alfredo Binet que criasse um
instrumento pelo qual se pudesse prever quais as crianças que teriam sucesso nos liceus
parisienses. O instrumento criado por Binet testava a habilidade das crianças nas áreas verbal
e lógica, já que os currículos acadêmicos dos liceus enfatizavam, sobretudo o
desenvolvimento da linguagem e da matemática. Este instrumento deu origem ao primeiro
teste da inteligência, desenvolvido por Terman, na Universidade de Standford, na Califórnia:
o Standford-Binet Inteligence Scale.
Subseqüentes testes de inteligência e a comunidade de psicometria tiveram enorme influência,
durante este século sobre a idéia que se tem de inteligência, embora o próprio Binet (Binet &
Simon, 1905 Apud Kornhaber & Gardner, 1989) tenha declarado que um único número,
derivado da performance de uma criança em um teste, não poderia retratar uma questão tão
complexa quanto à inteligência humana.
As pesquisas mais recentes em desenvolvimento cognitivo e neuropsicologia sugerem que as
habilidades cognitivas são bem mais diferenciadas e mais específicas do que se acreditava
(Gardner, 1985). Neurologistas têm documentado que o sistema nervoso humano não é um
órgão com propósito único nem tão pouco é infinitamente plástico. Acredita-se, hoje, que o
sistema nervoso seja altamente diferenciado e que diferentes centros neurais processem
diferentes tipos de informação (Gardner, 1987).
Howard Gardner, baseou-se nestas pesquisas para questionar a tradicional visão da
inteligência, uma visão que enfatiza as habilidades lingüística e lógico-matemática. Segundo
Gardner, todos os indivíduos normais são capazes de uma atuação em pelo menos sete
diferentes e, até certo ponto, independentes áreas intelectuais. Ele sugere que não existem
habilidades gerais, duvida da possibilidade de se medir a inteligência através de testes de
papel e lápis e dá grande importância a diferentes atuações valorizadas em culturas diferentes.

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Finalmente, ele define inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar
produtos que sejam significativos em um ou mais ambientes culturais.

Para Gardner, reduzir a inteligência às capacidades intelectuais é um erro, pois se pode falar
com segurança de pelo menos sete tipos de inteligências diferentes: lingüística, lógico-
matemática, corporal-cinestésica, musical, visual-espacial, interpessoal (em relação aos
outros), pessoal (em relação a si mesmo).

Segundo ele, essas inteligências são sete jeitos diferentes de conhecer o mundo, e a maior ou
menor aptidão para cada uma delas define um perfil de cada aluno, de cada pessoa.

As idéias de Gardner recebem muitas críticas de psicólogos. Uma delas é que, ao se "enraizar"
as aptidões intelectuais em sete grupos predefinidos, esquece-se do enorme papel que o meio
pode ter, ao abrir diversos caminhos de desenvolvimento. A crítica mais comum é do tipo
"Por que não 10, 15, 18 tipos de inteligência?" Outros dizem que Gardner confunde
"inteligência" com "habilidade", o que empobrece o conceito. A maioria dessas objeções é
abordada pelo próprio Gardner em seus livros.

Para a pedagogia, mais preocupada com possíveis aplicações práticas do que com o rigor
acadêmico, essa teoria é muito atrativa, especialmente porque Gardner comanda um projeto
de escola experimental na Universidade de Harvard (Projeto Zero), por meio do qual tenta
verificar na prática as conseqüências de suas idéias para a educação.

Em sua escola, a música, a dança, a dramatização, o desenho não são considerados apenas
novas "matérias" que vêm enriquecer e equilibrar o currículo, mas também estratégias
didáticas para o ensino de conteúdos mais tradicionais, procurando respeitar os possíveis
diferentes modos de aprender. Trabalhos em equipe e realização de projetos, criação,
apreciação e crítica de obras de arte, auto-avaliação e concepção da escola como uma pequena
comunidade são outras das características do projeto pedagógico de Gardner.

Não que essas idéias sejam absolutamente originais. O próprio Gardner faz questão de deixar
claro que, em termos de aplicação à educação, sua teoria leva a práticas que já foram em
grande parte introduzidas desde o início do século, pelo menos por pedagogos ligados ao
movimento da Escola Progressiva (conhecida também como Escola Nova).

Assim como acontece no caso da Teoria da Inteligência Emocional, a Teoria das I.M. de
Gardner parece dever parte de seu sucesso à capacidade de agregar em torno de si um grande

12
descontentamento com uma educação excessivamente preocupada com a transmissão de
conteúdos intelectuais.

Uma escola que admita a influência, em sua concepção de trabalho, da teoria das inteligências
múltiplas, certamente poderá introduzir inovações interessantes em suas práticas, oferecendo
mais oportunidades para que cada aluno encontre rumos próprios para seu crescimento.

13
Capítulo 4 - As Inteligências Múltiplas

Gardner identificou as nove inteligências a seguir:

1. Inteligência Verbal-Linguística
2. Inteligência Lógico-Matemática
3. Inteligência Musical
4. Inteligência Visual-Espacial
5. Inteligência Corporal-Cinestésica
6. Inteligência Interpessoal
7. Inteligência Intrapessoal
8. Inteligência Naturalista
9. Inteligência Existencial

Ele postula que essas competências intelectuais são relativamente independentes, tem sua
origem e limites genéticos próprios e substratos neuroanatômicos, específicos e dispõem de
processos cognitivos próprios. Segundo ele, os seres humanos dispõem de graus variados de
cada uma das inteligências e maneiras diferentes com que elas se combinam e organizam e se
utilizam dessas capacidades intelectuais para resolver problemas e criar produtos. Gardner
ressalta que, embora estas inteligências sejam, até certo ponto, independentes uma das outras,
elas raramente funcionam isoladamente. Embora algumas ocupações exemplifiquem uma
inteligência, na maioria dos casos as ocupações ilustram bem a necessidade de uma
combinação de inteligências. Por exemplo, um cirurgião necessita da acuidade da inteligência
espacial combinada com a destreza da cinestésica.

1. Inteligência Verbal-Linguística: Habilidade para lidar com palavras de maneira criativa.


Os componentes centrais da inteligência verbal-lingüística são habilidades verbais bem
desenvolvidas e uma sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras, além de
uma especial percepção das diferentes funções da linguagem. É o tipo de capacidade exibida
em sua forma mais completa. Quando trabalhada esta inteligência, leva a pessoa a expressar-
se com mais clareza utilizando-se da fala e escrita para expressar sua realidade, sonhos e
relacionar-se. Manifesta-se na habilidade para lidar criativamente com as palavras nos
diferentes níveis da linguagem (semântica, sintaxe), tanto na formal como na escrita, no caso

14
de sociedades letradas. Particularmente notável nos poetas e escritores, é desenvolvida
também por oradores, jornalistas, publicitários, vendedores, etc.

2. Inteligência Lógico-Matemática: Como o nome indica, é a capacidade lógica e


matemática, assim como a capacidade científica. O estímulo para seu desenvolvimento
estrutura na pessoa novas formas sobre o pensar e uma percepção apurada dos elementos da
grandeza, peso, distância, tempo e outros que envolvem ação sobre o ambiente. Habilidade
de pensar de forma abstrata e conceitual e a capacidade de discernir padrões lógicos e
numéricos. Determina a habilidade para raciocínio dedutivo, além da capacidade para
solucionar problemas envolvendo números e demais elementos matemáticos. É a competência
mais diretamente associada ao pensamento científico, portanto, à idéia tradicional da
inteligência. Como exemplo podemos citar pesquisadores, cientistas, engenheiros, etc.

3. Inteligência Musical: Habilidade para produzir e apreciar ritmos, tons e timbres e assim a
capacidade de entender a linguagem sonora. Está ligado às pessoas que conseguem identificar
sons, ler e criar músicas com facilidade, expressando-se através desta linguagem. As pessoas
dotadas desse tipo de inteligência geralmente não precisam de aprendizado formal para
exercê-las, como é o caso de muitos famosos da música popular brasileira. Para esse tipo de
inteligência citamos os músicos e compositores.

4. Inteligência Visual-Espacial: Capacidade de pensar em imagens e desenhos, visualizar de


forma precisa e abstrata, formar um modelo mental preciso de uma situação espacial e utilizar
esse modelo para orientar-se entre objetos ou transformar as características de um
determinado espaço. Quando estimulada desperta a pessoa para a compreensão mais ampla de
espaço físico e temporal onde vive e convive e sensibiliza para a identificação de suas
referências de beleza e fantasia. Ela é especialmente desenvolvida, por exemplo, em
arquitetos, ilustradores, artistas plásticos, navegadores, pilotos, cirurgiões, engenheiros,
escultores, etc.

5. Inteligência Corporal-Cinestésica: Habilidade de controlar os movimentos do corpo e de


manipular habilmente objetos (cinestesia é o sentido pelo qual percebemos os movimentos
musculares, o peso e a posição dos membros). É a capacidade de resolver problemas,
comunicar-se ou de elaborar produtos utilizando o corpo inteiro, ou partes do corpo,
controlando os movimentos e manipulando objetos com destreza. O estímulo dessa

15
inteligência pode privilegiar dois campos que se complementam: a sensibilidade ampla, ligada
a força, equilíbrio, destreza e outras manifestações do corpo como um todo, ou a sensibilidade
fina ligada ao tato, paladar, olfato, visão, atenção e outros componentes. Seu estímulo ensina a
pessoa à “ver” e não apenas olhar. Atletas, mágicos, dançarinos, malabaristas, mímicos, etc,
tem essa inteligência desenvolvida.

6. Inteligência Interpessoal: Capacidade de detectar e responder apropriadamente aos


humores, motivações e desejos dos outros. Compreender outras pessoas: o que as motiva,
como elas trabalham, como trabalhar cooperativamente com elas. Buscar a empatia com
abertura e controle emocional a fim de responder adequadamente as atitudes, emoções,
motivações e desejos das outras pessoas. Esse tipo de inteligência ressalta nos indivíduos de
fácil relacionamento pessoal, como líderes de grupos, políticos, terapeutas professores,
animadores de espetáculo, etc.

7. Inteligência Intrapessoal: Capacidade de autoconhecimento e estar de acordo com seus


sentimentos íntimos, valores, crenças e processos de raciocínio. Competência de uma pessoa
para conhecer-se e estar bem consigo mesma, administrando seus sentimentos e emoções a
favor de seus projetos. É uma capacidade correlativa, voltada para dentro, de formar um
modelo acurado e verídico de si mesmo e de utilizar esse modelo para operar efetivamente a
vida, ou seja, de buscar o autoconhecimento, tendo uma boa percepção de sua identidade
assim como a capacidade de discernir e dominar suas emoções. Auto-estima e auto-aceitação.
Muito clara em todas as profissões.

8. Inteligência Naturalista: Habilidade de reconhecer e categorizar plantas, animais,


outdoors e objetos da natureza. Competência do homem de entender o mundo e a natureza,
perceber e compreender a sua mortalidade, a vida como um todo e as diferenças entre os
diversos tipos de vida existentes no planeta.

9. Inteligência Existencial: Sensibilidade e habilidade para enfrentar as mais profundas


questões sobre a existência humana, tais como o significado da vida, porque morremos, e de
onde viemos. Fazer perguntas básicas sobre a vida, a morte, o universo. Capacidade da pessoa
em situar-se ao alcance da compreensão integral do cosmos e do infinito, assim como a
capacidade de dispor de referências a características existenciais da condição humana,
compreendendo de maneira integral o significado da existência, portanto, da vida e da morte,

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o destino do mundo físico e psicológico e a relação do amor por um outro, pela arte ou por
uma causa. Esse tipo de inteligência aplica, nas ações do cotidiano, princípios e valores
espirituais, com o objetivo de encontrar paz e tranqüilidade. Envolve a capacidade de
encontrar um propósito para a própria vida e de lidar com problemas existenciais (perda,
fracasso, rompimentos, etc.).

Com essa descoberta, Gardner quebrou paradigmas e a este respeito Celso Antunes diz:
“Esses paradigmas, ainda que não modifiquem os tradicionais conceitos usados para definir
“Inteligências”, alteram, e de forma extremamente sensível, a compreensão sobre como
aprendemos ou não aprendemos, e principalmente substitui a concepção de que possuímos
“apenas uma inteligência “. Derruba-se o mito de que a transmissão de informações pode
tornar pessoas receptoras mais inteligentes e descobre-se que, na realidade, abrigamos um
elenco extremamente diversificado de “diferentes” Inteligências, sensíveis a estímulos que, se
aplicados através de um projeto e nas idades convenientes, altera profundamente a concepção
que o ser humano faz de si mesmo e os limites de suas potencialidades.

Gardner definiu os primeiros sete tipos de inteligência em seu livro “Estruturas da Mente”, de
1983, e incluiu as outras duas em seu livro “Inteligência Revista”, de 1999.

Baseando-se em seus estudos de muitas pessoas, com diferentes estilos de vida, em suas
profissões e circunstâncias do dia-a-dia, Gardner desenvolveu a teoria das inteligências
múltiplas. Ele realizou entrevistas e pesquisa cerebral com centenas de pessoas, incluindo
vítimas de derrame cerebral, prodígios, indivíduos autistas e os super dotados, que ele chamou
de “idiotas sábios”.

De acordo com Gardner,


• Todas as pessoas possuem todos os 9 tipos de inteligências em graus variados.
• Cada pessoa tem uma composição diferente de inteligência.
• Podemos melhorar o ensino atuando nas múltiplas inteligências de nossos alunos.
• Estes tipos de inteligência estão localizados em áreas distintas do cérebro e podem
funcionar de modo independente ou conjunto.
• Estas inteligências podem definir a espécie humana.

17
Um caso extremo:
Bill Hewlett, um dos dois fundadores, em 1939, da empresa Hewlett-Packard (HP), que
originou a maior concentração de empresas de alta tecnologia existente até hoje, o Vale do
Silício, entre San Francisco e San Jose, na Califórnia, era dislético, o que lhe trazia
dificuldades com a maioria dos tipos de inteligência identificados por Gardner. Entretanto,
tinha em alto grau as inteligências lógico-matemática, intrapessoal e naturalista, o que lhe
permitiu ser um dos mais festejados empreendedores do mundo, tendo recebido as maiores
honrarias em sua especialidade, sendo Presidente do Instituto dos Engenheiros Eletricistas e
Eletrônicos, membro da Academia Nacional de Engenharia, da Academia Nacional de
Ciência, etc...

4.1 Como esta teoria difere das definições tradicionais de


inteligência
A teoria das inteligências múltiplas de Gardner desafiou crenças tradicionais nos campos de
educação e ciência cognitiva.

De acordo com uma definição tradicional, inteligência “é uma capacidade cognitiva uniforme
com a qual as pessoas nascem”. Esta capacidade é facilmente medida por testes de múltipla
escolha com poucas perguntas curtas.

De acordo com Gardner, inteligência é:


• A habilidade de criar um produto efetivo ou de oferecer um serviço que é valorizado em
uma determinada cultura;
• Um conjunto de habilidades que tornam possível a uma pessoa resolver os problemas da
vida;
• O potencial para encontrar ou criar soluções para problemas, o que envolve desenvolver
conhecimento novo.

É importante observar que essas definições referem-se basicamente a características de


pessoas adultas.
Um sistema educacional baseado nos padrões nacionais e em testes eficientes, relativamente
baratos e universais de múltipla escolha é central ao conceito tradicional de inteligência. Na
prática o resultado do teste padronizado de QI (quociente de inteligência) serve para ordenar
as pessoas segundo seus pontos fortes e fracos. Qualifica estudantes para serviços especiais
18
(tais como programas para os superdotados ou para os excepcionais). Um uso infeliz dos
testes de QI em escolas é que freqüentemente resulta em rotular os estudantes.
Muitos educadores, pesquisadores, estudantes e pais vêm rejeitando tais testes de múltipla
escolha como medida de inteligência. A teoria das inteligências múltiplas serviu como um
ponto de apoio para uma reconsideração destas práticas educacionais do século passado.

Visão tradicional de “Inteligência” Teoria das “Inteligências Múltiplas”


Inteligência pode ser medida por testes com Uma avaliação das múltiplas inteligências
respostas curtas, tais como o de QI. de um indivíduo por orientar seu estilo de
aprendizado e de resolução de problemas.
Não se usa testes de respostas curtas, pois
estes não conseguem medir o comando ou
um entendimento profundo de uma
disciplina. Somente medem habilidade para
memorização e de se dar bem em testes de
respostas curtas.
As pessoas já nascem com uma quantidade As pessoas têm todas as inteligências, mas
definida de inteligência cada pessoa tem uma combinação única, ou
perfil.
O nível de inteligência não muda durante Todas as pessoas podem aprimorar cada
toda a vida uma das inteligências, embora algumas
tenham maior facilidade em uma área que
outras.
Inteligência consiste somente de habilidade Há muito mais tipos de inteligência, que
em linguagem e lógica. refletem maneiras diferentes de interagir
com o mundo.
Na prática tradicional, os professores Pedagogia considerando as inteligências
ensinam o mesmo material para todos os múltiplas exigem que os professores
alunos. ensinem e avaliem os alunos conforme suas
características particulares de inteligência.

19
Professores ensinam um tópico ou assunto. Professores estruturam as atividades de
ensino em redor de um tópico ou questão e
ligam os assuntos. Professores desenvolvem
estratégias que permitem aos estudantes
demonstrarem múltiplas formas de
compreensão da matéria e valorizarem sua
individualidade.
(Gardner – 1994)

4.2 Como se desenvolveu a Teoria das Inteligências Múltiplas


desde 1983
A Teoria das Inteligências Múltiplas evoluiu e foi amplamente aceita. Após a publicação de
“Estruturas da Mente” em 1983, Howard Gardner tornou-se imediatamente uma celebridade
entre muitos professores e administradores de escolas. Além de escrever muitos outros livros
e artigos no assunto, Gardner trabalhou como consultor de uma grande variedade de escolas.
O movimento que defende e aplica as inteligências múltiplas atualmente inclui editores,
simpósios, sites da web, manuais tipo “faça você mesmo”, consultores educacionais auto-
intitulados “especialistas em I.M.”, além de um grande número de críticos.
Howard Gardner e outros revisaram e expandiram a Teoria:

Gardner, formulador da Teoria, continua a ser seu principal porta-voz. Ele é considerado o
mais influente teórico educacional desde Dewey. Gardner publicou 18 livros e centenas de
artigos, entre os quais os principais são:

• Estruturas da Mente (1983), que introduziu a Teoria das inteligências Múltiplas;


• A Mente Disciplinada: o que Todos os Estudantes Deveriam Compreender (1999), que
propõe um método pedagógico centrado em tópicos muito importantes e mostra como eles
poderiam ser ensinados de uma forma I.M.;
• Inteligência Revista: Inteligências Múltiplas para o Século XXI (1999), relata a evolução e
as revisões da Teoria das Inteligências Múltiplas.

Entre muitos professores, educadores, consultores e especialistas que fizeram contribuições


valiosas no campo das Inteligências Múltiplas, encontram-se:

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Stephen Jay Gould, Professor da Universidade de New York, que publicou recentemente
“Full House: the Spread of Excellence from Plato to Darwin”. Seus outros livros “The
Mismeasure of Man” e “The Panda’s Thumb”, estão entre suas principais obras nas áreas de
ciência, evolução e inteligência humana;

Robert J. Sternberg, Professor da Universidade de Yale, que propôs uma teoria ainda mais
avançada da inteligência, complementar às I.M., em sua obra “Beyond IQ: a Triarchic Theory
or inteligence”;

Carolyn Chapmann, consultora e palestrante que publicou “If the Shoe Fits…: Developing
Multiple Intelligences in the Classroom”, e foi co-autora de “Multiple Assessments for
Multiple Intelligences” e “Multiple Intelligences Centers and Projects”.

Jane Carlson-Pickering desenvolveu o Programa M.I.Smart! E é Professora dos cursos de pós-


graduação da Universidade de Rhode Island.

No Brasil, temos as várias obras de Celso Antunes, que, entre seus mais de 170 livros
publicados, tem várias obras que tratam de Inteligências Múltiplas; os trabalhos do Instituto
MVC, que usa I.M. nos seus projetos de Universidades Corporativas, tanto no país quanto no
exterior; os treinamentos empresariais da empresa KDPKepler também usam I.M.

O método de I.M. encoraja os professores, administradores a visualizarem a habilidade


intelectual de maneira mais ampla, vendo que artes visuais, música e dança podem ser tão
valiosos para a compreensão do mundo pelos estudantes e profissionais quanto assuntos mais
tradicionais. Muitos professores e administradores têm aplicado aspectos da Teoria em suas
salas de aula, escolas e já em empresas.

Gardner afirma que o estudo sério e em profundidade de alguns poucos assuntos pode nos
levar a desenvolver uma paixão para explorar idéias realmente profundas, muito melhor do
que o estudo superficial de uma grande quantidade de assuntos.

21
Capítulo 5 - Inteligências Múltiplas e Neuropsicologia

Uma das fontes para a escolha das inteligências propostas foi o estudo de como tais
capacidades falham sob condições de lesão cerebral. Isto pressupõe que cada inteligência
possui uma localização cerebral. Assim sendo, uma lesão que incapacitaria determinada
inteligência, deixaria as demais intactas. A tabela abaixo apresenta um resumo da
representação cortical de todas as inteligências.

Inteligência Área cortical responsável

Lógico-matemática Região têmporo-paríeto-ocipital

Lingüística Área de Wernicke, área de Broca, região têmporo-paríeto-ocipital


(hemisfério esquerdo)

Musical Lobo temporal (hemisfério direito)

Corporal-cinestésica Giro pós-central, córtex pré-motor

Espacial Região têmporo-paríeto-ocipital

Interpessoal Lobos frontais

Intrapessoal Lobos frontais

Tabela – Localização corticais das inteligências múltiplas propostas por Gardner (1994)

Podemos perceber através da tabela que diversas inteligências são regidas pela mesma área do
córtex cerebral. A região têmporo-paríeto-ocipital é responsável ao mesmo tempo pelas
inteligências lógico-matemática, lingüística e espacial. As inteligências pessoais também são
comandadas por uma única área: os lobos frontais.

Isto invalida a independência das inteligências que Gardner propõe. Imaginemos uma lesão na
região têmporo-paríeto-ocipital. Ela acabaria por afetar três inteligências ao mesmo tempo e
não apenas uma.

Além disso, neste caso, os desenvolvimentos das inteligências lógico-matemática, lingüística e


espacial não aconteceriam separadamente, mas seriam dependentes entre si. Luria (1981, p.
24-25) desenvolve uma explicação destas áreas como sendo integradoras e essencialmente

22
espaciais. Assim, tanto a matemática quanto a gramática seriam trabalhadas pelo cérebro de
uma forma espacial. Uma deficiência espacial tornaria incapazes tarefas de relacionar
"espacialmente" os números entre si e construir uma frase trabalhando as relações "espaciais"
entre as palavras.

Não se trata das inteligências lógico-matemática e lingüística serem englobadas pela


inteligência espacial, mas da aceitação de uma dependência e de uma relação íntima entre
determinadas inteligências.

O mesmo ocorre com as inteligências pessoais. É possível perceber que em várias


características tais capacidades equivalem-se. Afinal, uma mesma área cerebral é responsável
pelas duas. Todo psicoterapeuta conhece e chega mesmo a ser lugar-comum o fato de que só
podemos conhecer bem o outro se conhecermos bem a nós mesmos primeiro. Sendo assim
uma inteligência interpessoal desenvolvida necessita de uma inteligência intrapessoal também
bem trabalhada, o que sugere não existir uma independência entre as inteligências.

23
Capítulo 6 - O que dizem os críticos da Teoria das
Inteligências Múltiplas

Não sendo um crítico, mas expandindo a Teoria, R. ª Emmons, neuropsicólogo interessado na


religiosidade humana, postulou a existência de uma “Inteligência Espiritual”, o que causou
longo debate com Gardner, terminando este por acrescentar uma “Inteligência Existencial”,
no sentido da proposta de Emmons.

E. D. Hirsch Jr., autor de “Cultural Literacy: what Every American Needs to Know” (1988), e
outros, tratando basicamente do ensino fundamental, alegam que a Teoria das Inteligências
Múltiplas não encoraja os educadores a ensinarem um “núcleo de conhecimento” – uma
coleção dos “fatos essenciais que todos os Americanos devem saber”.

Há pouco tempo, Hirsch e Gardner debateram pelo New York Times a situação da educação
no Estado, discutindo principalmente o que deve e não deve ser ensinado.

Respondendo aos defensores do “núcleo de conhecimento” indispensável, Gardner propõe


que o currículo do ensino fundamental seja organizado em torno das mais básicas questões da
existência humana, tais como a Teoria da Evolução de Darwin, o Holocausto, etc... Em seu
livro “A Mente Disciplinada: o que Todos os Estudantes Deveriam Compreender”, Gardner
escreve “os estudantes devem experimentar com profundidade suficiente um conjunto
razoável de exemplos, de forma a verem como deve pensar e agir um cientista, um geômetra,
um artista, um historiador”.

Os principais argumentos dos críticos da Teoria são:

Não é nada novo. Críticos da Teoria sustentam que o trabalho de Gardner não é novidade – o
que ele chama de “inteligências” são basicamente habilidades cuja importância
educadores e psicólogos cognitivos sempre reconheceram.

Não está bem definida. Alguns críticos se perguntam se o número de “inteligências” vai
continuar aumentando – estes teóricos acreditam que noções tais como habilidade
corporal/cinestésica ou musical representam aptidões ou talentos individuais e não

24
“inteligências”. Muitos críticos também dizem que a Teoria não possui o rigor e a precisão
de uma ciência efetiva. Gardner responde que atualmente é impossível garantir uma lista
exaustiva e definitiva de inteligências.

É dependente da cultura. A Teoria prevê que a cultura de um indivíduo tem um importante


papel na determinação de suas inteligências. Críticos afirmam que a inteligência efetiva é
revelada quando um indivíduo tem que confrontar uma tarefa estranha em um ambiente
estranho.

Contraria os Padrões Nacionais. Se a I.M. for adotada amplamente, ficará impossível


comparar e classificar as habilidades dos estudantes em diferentes escolas.

Não é prática. Educadores confrontados com salas de aula lotadas e com falta de recursos
vêm a Teoria das Inteligências Múltiplas como utópica.

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Capítulo 7 - As Novas Inteligências

"Uma lista de 700 inteligências seria proibitiva para o teórico e inútil para o praticante.
Conseqüentemente, a teoria das IM tenta articular apenas um número manejável de
inteligências que parecem constituir tipos naturais". (GARDNER, 1995, p.45) Esta foi à
resposta dada pelo autor da teoria das inteligências múltiplas quando perguntado o que
impediria a construção de novas inteligências: elas poderiam deixar de ser 9 e tornarem-se
700!

Porém surge a impressão de que o próprio autor está caminhando contra o que afirmou ao
apresentar as "novas" inteligências naturalística, espacial e existencial. Tendo em vista as
inúmeras capacidades humanas, por que a escolha arbitrária de algumas delas em detrimento
de outras? Se o objetivo era tornar as inteligências manejáveis estando elas em número
limitado de modo que o uso prático da teoria possuísse maior eficácia, a adoção de novas
inteligências somente dificultaria este processo.

Se Gardner apresenta novas inteligências, nada impede que outras inteligências sejam
descobertas – ou criadas – por outros autores. Isto seria muito interessante. Desde que, sejam
feitos estudos sérios como os já vistos, tudo é bem vindo. Assim poderemos entender cada vez
melhor o mistério da mente humana.

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Capítulo 8 - Pedagogia e Andragogia

Pedagogia trata do aprendizado das crianças, enquanto que a andragogia trata do aprendizado
dos adultos. Esta última é mais recente, pois até há pouco tempo se imaginava que os mesmos
métodos serviriam para ensinar a crianças e a adultos.
Logo que Gardner publicou sua Teoria das I.M., ela ganhou rapidamente interesse e aplicação
em pedagogia, mas, apesar de suas definições originais referirem-se a adultos, demorou muito
para ter seu interesse despertado em andragogia. Só recentemente alguns centros de ensino
superior e corporativo passaram a oferecer técnicas baseadas em I.M., tais como o MITA
(Multiple Intelligence Teaching Approach), do Houghton College, e o SLMI System
(Successful Leaning through Multiple Intelligences) do Impetus Institute, que trabalha
basicamente no Japão. No Brasil, a empresa de treinamento corporativo KDPKepler tem
oferecido cursos usando I.M.

Características da Pedagogia Andragogia


Aprendizagem

Professor é o centro das A aprendizagem adquire uma


ações, decide o que característica mais centrada
Relação Professor/Aluno ensinar, como ensinar e no aluno, na independência e
avalia a aprendizagem. na auto-gestão da
aprendizagem.
Crianças (ou adultos) Pessoas aprendem o que
devem aprender o que a realmente precisam saber
Razões da Aprendizagem sociedade espera que (aprendizagem para a
saibam (seguindo um aplicação prática na vida
currículo padronizado) diária).
O ensino é didático, A experiência é rica fonte de
padronizado e a aprendizagem, através da
Experiência do Aluno
experiência do aluno tem discussão e da solução de
pouco valor. problemas em grupo.
Aprendizagem por assunto Aprendizagem baseada em
Orientação da ou matéria problemas, exigindo ampla
Aprendizagem gama de conhecimentos para
se chegar a solução.

Dr. Luiz Roberto G. Fava (1996).

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Capítulo 9 - Inteligências Múltiplas nas Organizações

Tendo em vista que as escolas tradicionais não acompanharam o ritmo das mudanças no
mercado e que a qualidade da equipe passou a ser fator fundamental na competitividade das
organizações, muitas grandes empresas, começando com mais intensidade pelos EUA na
década de 80 (apesar da primeira ter sido a da GE, o Crotonville Management Development
Institute, fundada já em 1955), começaram a transformar seus antigos setores de treinamento e
desenvolvimento (T&D) em estruturas mais ambiciosas, culminando com as chamadas
“Universidades Corporativas (UC)”. Atualmente já existem quase 3000 delas nos EUA e
quase 5000 no mundo, das quais cerca de 200 no Brasil.

Mesmo as organizações que não foram tão longe, na sua maioria, reestruturaram seus setores
de T&D, deixando a situação passiva de simplesmente escolher entre ofertas de Universidades
tradicionais e de empresas de treinamento, para definir ativamente o que efetivamente querem
e precisam oferecer a seu pessoal, de que maneira desejam que seja dado e como irão avaliar
o retorno que obterão do investimento em T&D.

A atividade de capacitação deixa de ser um “centro de custo”, tal como os antigos setores de
T&D, e passa a ser um “centro de resultados”, não somente estratégicos, pela melhor
performance dos treinados, mas também financeiros, já que seus serviços podem ser vendidos
interna e externamente à empresa.

Nas suas ações de treinamento e desenvolvimento, os novos setores de T&D organizam ações
especificamente destinadas a preparar colaboradores exatamente nas competências
necessárias a alguma função estratégica (ou operacional) da empresa, já de antemão tendo
planejado os meios de avaliar o retorno que tal ação dará à empresa. Acompanham também a
evolução de cada colaborador da empresa e oferecem-lhe periodicamente treinamentos, seja
presencial, seja à distância, para garantir a evolução de sua carreira no grupo.

Isso deve garantir à empresa a competitividade no sentido de Peter Senge: “será mais
competitiva a empresa que aprender mais rápido que seus concorrentes”.

Muitas empresas passaram a recrutar pessoal sem levar em consideração suas atividades
passadas, mas procurando avaliar seu potencial futuro. É comum, hoje em dia, encontrar

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solicitações de pessoal com frases do tipo: “tudo o que você precisar saber para trabalhar
conosco será ensinado na própria empresa – o que nos interessa é seu potencial de contribuir
com nosso sucesso!” Neste potencial, é importante o perfil de I.M. do candidato.

Há muitos anos que a Microsoft recruta desta forma e muitas outras empresas de ponta estão
aderindo a este tipo de recrutamento. Muitas exigem nível superior, mas não interessa em que
especialidade. Algumas até preferem doutores, tal como a Google, uma das mais inovadoras
empresas da atualidade, cujo IPO (Initial Public Offering – abertura de capital na bolsa de
valores), mesmo após o estouro da “bolha da Internet”, foi um grande sucesso na NASDAQ.
Ela coloca nas suas solicitações de candidatos “Ph.D. é valorizado”.

Acompanhando as evoluções da Psicologia sobre o comportamento humano, as empresas


mudaram muito os critérios para seleção dos profissionais que preencherão as suas vagas.

A pouquíssimo tempo atrás, media-se a capacidade de um indivíduo pelo nível do seu Q.I.,
aplicando testes que supostamente mediam a inteligência de um determinado indivíduo.

Mas hoje, o pensamento das organizações já mudou bastante. Muitas enxergam claramente,
que um indivíduo pode não ter um determinado tipo de inteligência bem desenvolvida, mas
pode ser um gênio em outra.

Levando em consideração as diferenças dos tipos de inteligência, as empresas estão mudando


as suas posturas, deixando de lado os testes de Q.I. e dando mais importância a capacidade de
se relacionar de um candidato, valorizando desta forma as inteligências Intrapessoais e
Interpessoais, ou seja, de nada adianta um determinado profissional possuir uma alta
capacidade intelectual, porém atualmente o que está sendo mais valorizado na hora da seleção
é aquele que sabe lidar com as emoções, relacionando-se bem e suportando as pressões
constantes de uma rotina de trabalho.

Com um mercado cada vez mais competitivo e globalizado, há a necessidade de possuir um


diferencial.
A matéria-prima, a qualidade do serviço ou produto tem muitas possibilidades de serem iguais
ao dos concorrentes. Mas quando se tem um atendimento e uma competência de
relacionamento, começamos a ver o diferencial entre as empresas.

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Geralmente, o sistema de ensino mais claro é voltado para as áreas Lógico-Matemática e
Lingüística. Mas, segundo a Teoria das Inteligências Múltiplas, podemos e devemos utilizar
outras áreas de nosso cérebro para desenvolvimento pessoal e, conseqüentemente, para o
profissional. Assim, poderemos utilizar outras inteligências para resolver problemas que a
nossa competência técnica não resolveria. Enfim, acredito que o estudos das inteligências
pode gerar profissionais muito mais capacitados para o mercado exigente em que vivemos
(Weber – 1996 ).

Numa época em que o valor do “ativo intangível” de uma empresa, representada por pessoas,
talentos, conhecimento, informação, participação de mercado, marcas, patentes, cultura
organizacional, clima, liderança, processos, organização, etc..., é muito maior do que o do
“ativo tangível”, que é o que aparece na contabilidade (edifícios, equipamentos, capital, ...),
na proporção de 6 para 1 no Brasil, segundo levantamento recente do Instituto MVC, e muito
maior para empresas do conhecimento, tais como a Microsoft (100 para 1!), a capacitação é a
principal responsável pela evolução do intangível!

Alguns autores chamam o conjunto dos intangíveis de “capital intelectual” da empresa, outros
de “inteligência competitiva”, e existe um enorme interesse em como gerir essa parte mais
valiosa da empresa. O uso aqui da palavra “inteligência” não tem nada a ver com seu
significado no sentido de Gardner nas I.M.

Muitos chamam gestão do capital intelectual de “gestão do conhecimento” na empresa, que é


uma atividade ainda pouco estabilizada e em rápida evolução, mas de enorme interesse na
atualidade (Gomes E Braga – 2002).

Sem dúvida, para adequar os colaboradores da melhor maneira possível aos objetivos da
empresa e oferecer-lhes treinamentos melhor adaptados a cada um, será da maior importância
levar em consideração seu perfil de I.M., o que poucos ainda fazem.

A gestão da carreira de cada colaborador, levando em consideração utilizar da melhor maneira


possível seu mix de inteligências, e compensando as eventuais deficiências, levarão ao seu
melhor desenvolvimento e satisfação, culminando na indispensável motivação para
permanecer na empresa.

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Assim, cada vez mais, as empresas deverão utilizar I.M. na sua estratégia de pessoal, que,
enfim, é o que vai garantir sua perenidade da organização.

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Capítulo 10 - Inteligências Múltiplas e Inovação

No limite, a organização deverá desenvolver nos colaboradores o “pensamento produtivo”,


que é aquele dirigido a encontrar novas soluções para as questões cada vez mais diferentes
encontradas no dia a dia. O ensino tradicional acostuma as pessoas ao “pensamento
reprodutivo”, que é aquele que procura, a cada problema encontrado, aplicar algum
conhecimento prévio para resolvê-lo. Isto tolhe a criatividade e a inovação, dificultando a
evolução competitiva da empresa.

Estudos mostram que a principal característica do pensamento produtivo é a diversidade de


pontos de vista aplicada ao problema em tela. É a postura de perguntar: “de quantas diferentes
maneiras posso ver o problema?”, “como posso repensar à maneira de vê-lo?”, “de quantas
maneiras diferentes posso resolvê-lo?”, e não “o que alguém já me ensinou que posso aplicar
para resolvê-lo?”.

Para isso é de grande valor usar equipes constituídas de pessoas com perfis diversos de I.M.,
pois cada um verá o problema pela sua ótica e, no conjunto, poderão encontrar respostas
muito originais, inovadoras, que garantam a competitividade continuada da empresa.

O método MITA (Ellen Weber, Ph.D.- 1996), por exemplo, consiste de cinco fases:

• A primeira consiste em, perante um problema, questão, ou tema de interesse, definir


“questões a perguntar” – não uma só, mas várias, de acordo com o perfil de I.M. de cada
participante.
• Em seguida, para cada visão, “identificar objetivos”;
• Depois, “estabelecer critérios de avaliação”;
• Aí “explicitar uma tarefa a cumprir”;
• E, finalmente, “refletir para avaliar o resultado”.

Com uma equipe de boa diversidade, essa fase final, feita em conjunto, poderá levar a
soluções muito criativas (Weber – 1996).

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Capítulo 11 - Conclusão

A Teoria das Inteligências Múltiplas tem uma grande importância ao conseguir derrubar a
idéia de uma inteligência única. Há muito, a ciência estava impregnada com essa idéia. E já
era tempo de fazermos uso de uma noção de inteligência mais dinâmica.
Assim, Gardner escolheu as citadas inteligências e acreditou em uma dependência entre elas.
O ser humano é dotado de capacidades desconhecidas, que vão aparecendo no decorrer dos
tempos. E que, desenvolvida e trabalhada a capacidade de cada um, pode-se descobrir pessoas
muito talentosas que antes estavam escondidas.
Segundo Gardner, todos tem as nove inteligências, porém uma ou outra melhor vista e
desenvolvida em cada um. Procurar desenvolver a inteligência em que cada pessoa em
particular é mais apta, é um ato importante para o crescimento do ser humano e de qualquer
organização.
A empresa em conjunto com seus líderes e seus colaboradores, pode e deve procurar se
conhecer bem, a fim de perceber qual suas melhores capacidades, podendo assim fazer com
que cada um dê o melhor de si em sua área ou para que sejam remanejados em suas funções
ficando cada um no lugar que melhor pode se desenvolver.
As máquinas somos nós, sem dúvida. Máquinas humanas, de aprendizado, cujos valores e
potencialidades influenciaram até mesmo a “linha de produção” de Smith e as “organizações
que aprendem” de Senge.
Não apenas na vida pessoal, mas também na vida organizacional, aprender é a palavra-chave
para o desenvolvimento que, de individual e particular, torna-se comum e geral e faz a grande
diferença no mundo, hoje. Talvez mais tarde, para que possamos ser bem sucedidos levando
junto às organizações em que nos situamos, pode ser um grande diferencial ter o domínio
dessa competência, a capacidade de aprender, a fim de que possamos nos preparar para os
novos tempos, pois conforme certa vez afirmou um dos expoentes europeus do planejamento
estratégico, Arie de Geus, ex-vice-presidente de planejamento da Royal Dutch/Shell, a
habilidade de aprender mais depressa do que os concorrentes pode ser a única vantagem
competitiva nos dias atuais.
As novas atividades de capacitação das organizações, utilizando técnicas de Inteligências
Múltiplas, poderão garantir uma equipe estável e ótima, que gere a seqüência de soluções que
não só respondam às rápidas mudanças do ambiente competitivo, mas venham a antecipá-las,
assegurando a perenização da empresa.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Petrópolis, RJ: Vozes, 2001. Fasc. 3.
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ser Inteligente. 27ª ed. Objetiva. 1995.
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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

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8. Almeida, Laurinda Ramalho. As Relações Interpessoais na Formação de Professores. São
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