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Brasília
2008
Professor Doutor Roberto Armando Ramos de Aguiar
Reitor Pro Tempore da Universidade de Brasília
Brasília
2008
HONDA, Marcelo Santana
A Demonstração do Valor Adicionado como instrumento de valorização das
ações de empresas de capital aberto / Marcelo Santana Honda – Brasília, 2008.
p. 47
CDD –
Marcelo Santana Honda
Primeiramente, agradeço a Deus por ter me dado todas as condições necessárias para
concluir este trabalho.
À minha esposa Alana, por compreender minha ausência e apoiar minha decisão em
iniciar o curso.
Aos meus pais, Mario e Elisabeth, pelo exemplo de caráter e esforço empregado para
proporcionar aos filhos acesso ao bem mais importante: o conhecimento.
Ao meu orientador, Prof. Dr. César Augusto Tibúrcio Silva, pela paciência e tempo
disponibilizados para me guiar nas etapas de construção deste projeto.
Ao Prof. Mestre Cláudio Moreira Santana, por indicar os pontos de melhoria no
presente trabalho.
“A man is but the product of his
thoughts. What he thinks, he becomes.”
Mahatma Gandhi
RESUMO
RESUMO ............................................................................................................................................................... 9
LISTA DE QUADROS........................................................................................................................................ 10
LISTA DE TABELAS......................................................................................................................................... 11
LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................................................................ 12
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................................................... 16
2.1 Balanço Social ....................................................................................................................................... 16
2.1.1 Conceitos ....................................................................................................................................... 16
2.1.2 O Balanço Social no Brasil ........................................................................................................... 17
2.2 Valor Adicionado .................................................................................................................................. 22
2.2.1 Conceito econômico ...................................................................................................................... 22
2.2.2 Conceito contábil........................................................................................................................... 23
2.3 Demonstração do Valor Adicionado ..................................................................................................... 24
2.3.1 Usos ............................................................................................................................................... 25
2.3.2 Limitações...................................................................................................................................... 26
2.3.3 Usos da DVA no Brasil.................................................................................................................. 28
3 METODOLOGIA ....................................................................................................................................... 31
3.1 Tipologia ............................................................................................................................................... 31
3.2 Técnica .................................................................................................................................................. 31
3.3 Amostra / População.............................................................................................................................. 31
3.4 Procedimentos ....................................................................................................................................... 32
4 RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOS ................................................................................................ 36
4.1 Desempenho das ações no período analisado ........................................................................................ 36
4.2 Desempenho das ações por segmento de atuação da empresa............................................................... 37
4.3 Comparativo do resultado da ação em relação ao resultado do índice BOVESPA ............................... 37
4.4 Relação entre a publicação da Demonstração do Valor Adicionado com o desempenho das ações na
BOVESPA......................................................................................................................................................... 38
5 CONCLUSÕES ........................................................................................................................................... 40
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 42
APÊNDICE .......................................................................................................................................................... 44
ANEXOS .............................................................................................................................................................. 46
13
1 INTRODUÇÃO
Veneza no controle de suas operações, método este que futuramente viria a ser denominado
como Método das Partidas Dobradas. A partir daí, a Contabilidade evoluiu juntamente com o
econômicas para os vários usuários, de forma que propiciem decisões racionais. Vale ressaltar
que se considera usuário da informação contábil, a pessoa física ou jurídica que tenha algum
interesse nos dados de uma empresa, em suma, são os chamados stakeholders. Os usuários de
tais informações podem ser classificados, segundo Marion (2003, p.25), como “internos
competitivas adotadas pelas mesmas, tornando necessário, cada vez mais, prestar conta dos
empresa desempenha como membro constituinte da sociedade no que diz respeito à forma que
Surge, assim, a figura do Balanço Social, instrumento que tem por objetivo “[...]
desempenho das entidades, aos mais diferenciados usuários, entre estes os funcionários”.
Valor Adicionado (DVA) que, segundo Luca (1998, p. 28), é “um relatório contábil que visa
demonstrar o valor da riqueza gerada pela empresa e a distribuição para os elementos que
desempenho das ações de uma empresa na Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA)?
empresa.
Adicionado.
onde é detalhada a tipologia e técnicas utilizadas, bem como os critérios utilizados para
definição da amostra. Também neste capítulo, os procedimentos adotados para tratamento dos
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1.1 Conceitos
tecnológica que propiciou o aumento do ganho das mesmas. A partir da década de 60, nos
raça e sexo no emprego. Posteriormente, em 1977, na França, é aprovada a primeira lei sobre
Balanço Social (Lei nº 77.769). Tal lei, Segundo Tinoco (2006, p. 31) “[...] reconhece pela
primeira vez de forma institucional a importância dos trabalhadores no seio da empresa como
Embora seja um tema relativamente recente, alguns conceitos são apresentados por
diferentes autores:
sociedade.
O Balanço Social, no seu sentido amplo, compreende questões voltadas aos ambientes
econômico, ambiental, social e de cidadania, sendo composto, segundo Tinoco (2001, p. 23)
• Balanço ecológico
a ADCE procura incentivar o debate a respeito do Balanço Social e sua implantação no Brasil,
O Balanço Social volta a ser tema de discussão na década de 90, desta vez com um
a publicação do Balanço Social pelas empresas. Também neste período o Banespa divulga
relatório com suas ações sociais e, em 1997, o sociólogo Herbert de Souza inicia campanha
pela divulgação do Balanço Social pelas empresas. Ainda em 1997, é apresentado o Projeto
empresas privadas com mais de 100 funcionários e para todas as empresas públicas,
• Impostos pagos
• Alimentação
• Previdência privada
• Saúde
• Segurança no trabalho
• Educação
• Outros benefícios
Outra iniciativa que cabe destaque está relacionada ao modelo de Balanço Social
criado pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) em parceria com a
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operacionais.
aposentados(as).
complemento de salários.
• Outros benefícios: seguros (parcela paga pela empresa), empréstimos (só o custo),
creche, lazer e diversão, por exemplo). Porém podem aparecer aqui somente os
estaduais e municipais.
produção/operação da empresa.
Initiative (GRI).
durante o ano.
• Valor adicionado: receita de venda deduzida dos custos dos recursos adquiridos de
terceiros.
contribuição da empresa não somente no desempenho de seu papel econômico, mas também
enquanto instituição social. Neste momento, surge uma demanda latente por informações a
ambiente, informações estas que deveriam ser demonstradas através da publicação do Balanço
Mais recentemente, a Lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007, que alterou a Lei das
Sociedades Anônimas (Lei 6.404/76), procurou, entre outros objetivos, atualizar a legislação
adotadas no Brasil com aquelas constantes nas normas internacionais de contabilidade (IFRS).
Tal importância é evidenciada através das críticas realizadas por alguns autores em
relação à forma com que a divulgação das informações contábeis é realizada no Brasil. Para
tem por objetivo, segundo Simonsen e Cysne (1989, p.101) “fornecer uma aferição
utilizando o produto como um dos elementos para tal. Cabe esclarecer que o conceito
econômico de produto refere-se ao valor total dos bens produzidos por uma economia em um
Deve-se tomar o cuidado, segundo alguns autores, de não incorrer em dupla contagem
(1991, p. 38) esclarecem que “[...] na prática, a dupla contagem é evitada, trabalhando-se com
23
bem naquele estágio é considerado [...]”. Desta forma, Simonsen e Cysne (1989, p.101)
exemplificam que “o minério de ferro que é empregado na fabricação do aço não é computado
no produto, sendo tratado como consumo intermediário. Mas o minério de ferro produzido
para exportação ou para aumento de estoques é bem final, e como tal entra no cálculo do
produto”. Ou seja, deve-se apurar o valor adicionado somente quando se tratar de produto
apurado em função das transações econômicas realizadas em uma empresa. Nesse ambiente, o
valor adicionado é obtido através da diferença entre os valores de saída do bem produzido
pela empresa e os valores de entrada dos insumos utilizados para produzi-lo, ou seja:
Valor adicionado = valor de saída do bem – valor dos insumos utilizados na produção
insumos intermediários utilizados para a fabricação do bem do cálculo do valor. Desta forma,
insumos como mão-de-obra, energia elétrica, máquinas etc. devem ser desconsiderados na
o valor da riqueza gerada pela empresa e a distribuição para os elementos que contribuíram
forma de divulgação dos resultados de uma empresa através de uma linguagem diferente das
riqueza gerada pela empresa foi repartida entre os agentes ligados a ela, a saber:
terceiros.
para o cálculo do valor adicionado. Luca (1998, p. 35) cita três metodologias diferentes, de
Em função disso, Tinoco (2006, p. 68) cita que ainda existem, mesmo nos países onde
a mesma é mais utilizada, pontos de conflitos para a elaboração dessa demonstração, pois a
Demonstração do Valor Adicionado pode ser elaborada de acordo que o enfoque desejado
pela empresa, uma vez que não existe uma regra rígida para o seu conteúdo e elaboração.
2.3.1 Usos
permite a sua utilização pelos mais diversos segmentos da sociedade, bem como pode auxiliar
na análise e elaboração de índices para avaliar o desempenho das empresas que a publicam,
valor adicionado aplicado pela Contabilidade Nacional, tal demonstração pode auxiliar no
cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) ao somar-se o valor adicionado produzido por todos
país que o recebe. Nesta situação, a Demonstração do Valor Adicionado pode ser utilizada
2.3.2 Limitações
mesma. Conforme Tinoco (2006, p.68) “[...] isso se deve basicamente à falta de uma
harmonização para essa demonstração, assim como por não possuirmos regras rígidas para
Desta forma, Cosenza (2003, p. 17) elenca a base de cálculo, depreciação, ganhos
conflitantes. Para Tinoco (2006, p. 68) tais pontos referem-se a depreciação, INSS do
(2006, p. 90) cita como limitações a confusão com a DRE, indução errônea da maximização
do valor, falta de padronização e aumento de custos. Finalmente, para Vieira (2004, p. 48) os
pontos conflitantes são valores totalizados, diferença entre produção e vendas, depreciação,
duvidosos.
a) Base de cálculo
adicionado, surge a discussão sobre qual conceito deve ser utilizado para a elaboração da
mesma: econômico ou contábil. Neste caso, a adoção do conceito contábil é mais comum,
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pois está mais relacionado com os princípios contábeis utilizados na elaboração das
b) Depreciação
depreciação deve ser lançada como redutora de vendas para se chegar ao valor adicionado
líquido ou como parte da destinação do valor adicionado bruto. Assim, de acordo com
Vieira (2004, p. 51), asa representações da DVA para cada um destes casos está
c) Impostos
para permitir a realização das atividades da empresa. Desta forma, este é visto como
participante da criação da riqueza da empresa. A discussão, por alguns autores (vide, por
exemplo, Cunha, 2002, p. 92), em relação a este ponto refere-se à inclusão ou não do
empresa.
a) o artigo 188 da referida Lei define a Demonstração do Valor Adicionado como “[...] o
valor da riqueza gerada pela companhia [...]”. Braga e Almeida (2008, p. 36)
questionam se o conceito de geração de riqueza “[...] será fixado com base na receita
Adicionado, Cosenza (2003, p. 16) aponta que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
“[...] emitiu Parecer de Orientação CVM nº 24/92 em que apresenta alguns critérios a serem
Coma base na informação disponibilizada pelo autor, a tabela a seguir foi elaborada com o
6.404/76 realizada pela Lei 11.638, de 28 de dezembro de 2007. A nova redação do artigo
divulgada, Cosenza (2003, p. 17), afirma que “[...] a informação contábil deve estar cada vez
3 METODOLOGIA
3.1 Tipologia
utilizados dados que ainda não receberam tratamento analítico para realizar o teste das
3.2 Técnica
A população escolhida para esta pesquisa foi definida em função das empresas listadas
utilizada a amostragem por julgamento. Este tipo de amostragem consiste, segundo Barbetta
(2003, p. 56) na escolha de elementos julgados como típicos da população que se deseja
estudar.
da Demonstração do Valor Adicionado não era obrigatória no período analisado. Desta forma,
prejudicada em função da seleção de empresas que não apresentassem a DVA nas suas
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demonstrações contábeis. Assim, evitou-se o risco de excluir da pesquisa alguma empresa que
pudesse ter publicado a DVA. Como resultado, obteve-se uma amostra formada por 42
A seleção dos elementos para compor a amostra objeto de estudo foi realizada
período analisado.
3.4 Procedimentos
ao site da BOVESPA, onde foram identificadas aquelas que estavam classificadas nos níveis
Adicionado. A consulta a tais informações foi realizada por meio das Demonstrações
Corporativa, das empresas que publicaram DVA entre 1996 e 2006, conforme apresentado no
Quadro 2.
Identificadas as empresas que fariam parte da amostra, o passo seguinte foi obter o
histórico de cotação das ações negociadas na BOVESPA. O levantamento de tais dados foi
possuía vários tipos de ações negociadas na bolsa de valores. Desta forma, foi necessário
identificar a ação com maior volume de negociação para ser utilizada como parâmetro para a
análise estatística. O critério utilizado para realizar tal identificação foi a soma da quantidade
de ações negociadas anualmente por elemento da amostra, cujo resultado apontaria a ação
com maior influência na rentabilidade da empresa analisada. Para realizar tal levantamento,
optou-se por realizar uma simplificação para permitir o agrupamento das ações tendo em vista
a grande de variedade de tipos de ações encontrada. Como exemplo, citam-se as ações de tipo
PNA, PNB, PNC, PND, PNE, PNF, PNG e PNH agrupadas como PN. Outro ponto que
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restringiu a seleção da amostra foi o fato de ter sido utilizado somente ações negociadas no
mercado a vista.
a seguir:
com maior volume de negociação, realizou-se então o cálculo da rentabilidade da ação tanto
para o ano de publicação da DVA, quanto para o ano anterior, através da equação abaixo. O
PMA f
Re ntabilidad et = − 1 x100 , onde:
PMAi
índice BOVESPA. Com os dados do valor médio do índice, pôde-se calcular a variação do
RA t − RIBVt
Variação = , onde:
RA t −1 − RIBVt −1
Tal equação procura indicar que haverá relação entre a publicação da Demonstração
positivo, fica demonstrada a relação entre os retornos. Caso contrário, isto é, para um
Conforme pode ser observado na Tabela 2, 61% (20) das empresas analisadas
obtiveram valorização de suas ações entre o período de 1996 e 2006. Tal valorização, quando
estratificado segundo o nível de Governança Corporativa, demonstra que 35% (7) delas
estavam classificadas no Novo Mercado, 10% (2) no Nível 2 e 55% (11) no Nível 1. Por outro
lado, as ações das empresas que apresentaram desvalorização totalizaram 39% da amostra
estudada, com a seguinte distribuição: 23% no Novo Mercado, 0% no Nível 2 e 77% no Nível
1.
A análise dos dados em relação ao segmento de atuação das empresas mostra que as
ações que obtiveram valorização no período analisado estão concentradas nas empresas
atuantes nos segmentos Energia Elétrica (4), Papel e Celulose (3) e Bancos (2) que juntas
Resultado do IBOVESPA
Valorização Desvalorização
Valorização 16 4
Resultado da ação Desvalorização 10 3
IBOVESPA
+
Ação
- +
anterior, não foram consistentes o suficiente para validar a hipótese apresentada neste
trabalho. Embora, em alguns casos, a valorização das ações das empresas tenha acompanhado
0 < r < 0,3 – Correlação muito fraca, pouco se pode concluir sobre esta relação
5 CONCLUSÕES
empresas listadas nos níveis diferenciados de Governança Corporativa. Para tanto, foi
DVA e o ano anterior, comparando tais dados com o desempenho da BOVESPA no mesmo
período.
Através da equação definida para evidenciar tal relação, foi possível identificar que a
relação ao índice BOVESPA. Desta forma, pode-se responder ao problema de pesquisa com a
do índice BOVESPA não permitiram chegar a uma conclusão que validasse a hipótese
apresentada neste trabalho. Uma possibilidade da inexistência de tal relação é o fato de que a
Demonstração do Valor Adicionado analisa fatos passados ocorridos na empresa, uma vez
que a base de sua elaboração está na Demonstração do Resultado do Exercício. Por outro
lado, o desempenho histórico da empresa pode não ser a única variável utilizada pelo
investidor para a tomada de decisão. Também podem ser levados em consideração os aspectos
futuros da empresa analisada, tais como análises de tendência do mercado no qual a empresa
atua, projetos em desenvolvimento pela empresa que possam gerar maior fluxo de receita etc.
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Embora a Demonstração do Valor Adicionado não possa ser utilizada como forma de
suscitar a valorização das ações de uma empresa, na medida em que se acreditava que uma
positivamente investidores do mercado de capitais, não se deve tirar sua importância enquanto
empresa gerou de riqueza para a sociedade e como a mesma foi distribuída entre os agentes
empresa está exercendo seu papel dentro da sociedade, uma vez que utiliza dos recursos
Finalmente, não se poderia deixar de comentar que as alterações realizadas, pela Lei
utilizada e realizar novo comparativo entre o desempenho das ações das empresas com o
elaboração da Demonstração do Valor Adicionado, dado que a literatura sobre o assunto não
REFERÊNCIAS
BRASIL. Projeto de Lei Nº 3116/97. Cria o Balanço Social para as empresas e dá outras
providências. Câmara dos Deputados.
GARISON, Ray H.; NORREN, Eric W. Contabilidade Gerencial. Rio de Janeiro: LTC,
2001.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Contabilidade Gerencial. 6a ed. São Paulo: Atlas, 1998.
MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 10a ed. São Paulo: Atlas, 2003.
SCHERER, Luciano Márcio. Valor adicionado: análise empírica de sua relevância para
as companhias abertas que publicam a demonstração do valor adicionado. São Paulo,
2006. Tese (Doutorado em Ciências Contábeis). Universidade de São Paulo.
APÊNDICE
ANEXOS
1 – RECEITAS
1 – RECEITAS
4 - RETENÇÕES