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Física e Química

Preparação para o 1º teste intermédio de física e


química

Física ano 1

Módulo Inicial – das fontes de energia ao utilizador

Tema A- Situação energética mundial. Degradação e conservação


de energia.

1. Situação energética Mundial e degradação da energia

1.1Fontes de energia

As fontes de energia não renováveis são:

• Combustíveis fósseis: carvão, petróleo e gás natural;

• Nucleares: urânio

Os combustíveis fósseis ao emitirem gases de estufa para a


atmosfera, principalmente, CO2, contribuem de um modo eficaz para a
degradação ambiental. Quanto as fontes nucleares, a sua utilização acarreta
problemas de armazenamento dos resíduos radioactivos, e em caso de
acidente, graves problemas ambientais.

As energias renováveis e as respectivas fontes são:


• Energia solar : Sol;
• Energia maremotriz: ondas e marés;
• Energia eólica: Vento;
• Energia hidráulica: água;
• Energia de biomassa: lenha, resíduos industriais, gases
resultantes da fermentação de resíduos animais e vegetais
(principalmente metano);
• Energia geotérmica: fumarolas e géiseres

Os impactos ambientais resultantes da utilização de fontes renováveis


são, de um modo geral, pouco significativos. Contudo, os rendimentos
energéticos são baixos, ao invés das não renováveis, uma vez que a sua
produção é variável e que o armazenamento de excedentes é
extremamente difícil.

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1.2Transferências e transformações de energia. Rendimento

A fim de satisfazer as necessidades energéticas mundiais, diariamente


são consumidas, nas centrais produtoras de energia eléctrica, quantidades
extraordinárias de carvão, petróleo, gás natural, água turbinada e
combustível nuclear.
A energia eléctrica produzida nas centrais – fontes de energia eléctrica –
é, a partir da rede eléctrica, transferida para os diversos locais de utilização.
Nestes verificam-se quer transferências de energia, quer transformações de
energia.
Em suma, a energia é transferida das fontes para os receptores onde é
transformada em energia útil.
Mas nestes processos uma parte da energia é degradada, isto é, não se
transforma na forma pretendida, dissipando-se geralmente, como calor

Energia útil
Receptor
Transferência
Fonte E. Dissipada
Energia (transformaç
disponível ão)

Assim, para avaliar a eficácia de um processo recorre-se ao conceito


de rendimento, η. Ou seja, determina-se a relação entre a energia útil
produzida e a energia disponivel ( energia fornecida). O rendimento é
sempre inferior a 100%.

Eutil
η= ×100
Edisponivel

Edisponivel = Eutil + Edissipada

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2. Conservação da Energia

2.1Lei da conservação da energia

No estudo de um processo físico é importante começar por identificar:

- Sistema: corpo ou parte do Universo que é o objecto de estudo,


perfeitamente limitado por uma fronteira;

- Fronteira: superfície real ou imaginária, bem definida, que separa o


sistema das duas vizinhanças;

-Vizinhança : corpos ou parte do Universo que envolve o sistema e com o


qual pode interagir;

Os sistemas físicos classificam-se em:

- Abertos: há troca ou permuta de matéria e energia com a vizinhança;

-Fechados: não há permuta de matéria, mas há troca de energia com as


vizinhanças;

-Isolados: não há troca de matéria nem de energia com o exterior

A energia manifesta-se através de transferências e de transformações e,


em qualquer processo, a sua quantidade não se altera, apesar de uma parte
se degradar.

Lei da conservação da energia

Num sistema isolado, qualquer que seja o processo, a energia total


permanece constante.

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2.2Energia mecânica, energia interna e temperatura

A nível macroscópico, a energia de um sistema designa-se por energia


mecânica, Em , que é uma soma da sua energia cinética, Ec, associada ao
seu movimento de translação, e da sua energia potencial, Ep , associada a
interacção com os outros sistemas.

Em = Ec + Ep

A energia cinética de translação de um corpo, de massa m e velocidade de


módulo v, é igual a metade do produto da sua massa pelo quadrado do
modulo da sua velocidade.

1
Ec = mv 2
2
-1

m vem expressa em kg e v em ms , unidades SI de massa e de velocidade,

respectivamente.

A energia potencial, energia armazenada no sistema e potencialmente

disponível a ser utilizada, manifesta-se de diferentes modos, resultantes de

diferentes interacções.

A energia potencial gravítica de um corpo, sistema corpo- Terra, aumenta

com a distância que o separa do solo.

Epg = mgh

A nível microscópico a energia de um sistema designa-se por energia

interna.

A energia interna é a soma da energia potencial, resultante das interacções

entre partículas constituintes do sistema (átomos, moléculas e iões), e da

energia cinética, associada ao permanente movimento das partículas.

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A energia interna de um sistema depende da sua massa (quanto maior a

massa mais energia) e está também relacionada com a temperatura.

A temperatura de um sistema (de um corpo) é proporcional a energia

cinética média de translação das suas partículas.

Escalas de temperatura

A unidade SI de temperatura é o Kelvin (K), que pertence a escala de Kelvin

ou escala absoluta, não qual são impossíveis valores negativos.

A expressão que relaciona a escala de celsius (θ) com a absoluta (T) é

(T / K ) = (θ /º C ) + 273,15

E a expressão que relaciona a escala de Fahrenheit (θ) com a de celsius (θ)

é:

9
(θ /º F ) = (θ /º C ) + 32
5

2.3Transferências de energia e de potência

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A energia transferida entre sistemas pode ocorrer de diferentes modos:

trabalho, calor e radiação.

Trabalho(W)

Transferência de energia organizada, que ocorre sempre que uma força

actua num sistema e este se desloca devido á sua acção.

- No caso da força (F) ter a mesma linha de acção do deslocamento (d) do

corpo, o trabalho pode calcular-se tendo em consideração que:

W = Fd

Calor (Q)

Transferência de energia desorganizada, que ocorre entre sistemas a

temperaturas diferentes, prolongando-se, espontaneamente, através de um

meio material, do sistema a temperatura mais elevada para o sistema a

temperatura mais baixa.

- A quantidade de energia transferida sob a forma de calor pode ser

quantificada, desde que se conheça a massa do sistema (m) que cede ou

recebe a energia, a sua capacidade térmica mássica (c) e a variação da

temperatura que ocorreu (ΔT):

Q = mc∆T

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Radiação (R)

È definida como a energia que é irradiada é um fenómeno natural e,


independentemente da sua forma, a radiação ocorre sempre por ondas
electromagnéticas.

c=λf

C= velocidade da radiação num determinado meio

F= frequência da radiação

λ = Comprimento de onda

A energia associada a radiação é directamente proporcional a sua


frequência:

E = hv

E= energia de radiação

H- constante de planck (6.626 x 10-34 Js)

Trabalho, calor e radiação são tudo formas de transferência de energia e


como tal são expressas em joules (J), no SI. É através destas transferências
que a energia interna de um sistema pode variar, ΔU ( se não isolado),
podendo este trocar energia sob apenas uma destas formas ou das 3,
rápida ou lentamente.

∆U = Q + W + R

Potência

È a quantidade de energia transferida para um sistema por unidade de


tempo.

∆E
P=
∆t

A unidade SI da potencia é o joule por segundo que se designa por watt (W).

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Unidade 1 - A energia do Sol para a Terra

Tema A: Absorção e emissão de radiação

1 Absorção e emissão de radiação

1.1Espectro electromagnético. Intensidade da radiação

• A emissão de radiação electromagnética dá-se quando cargas


eléctricas (por exemplo, electrões) transitem de um nível de energia
para outro de energia inferior. Um electrão ao transitar do nível de
energia E2 para o nível E1 emite um fotão, ao qual, pela lei da
conservação de energia está associada uma energia E2-E1.

• A absorção de radiação electromagnética por cargas eléctricas pode


originar transições para níveis de energia mais elevados. Um electrão
ao absorver um fotão, pode transitar do nível E1 para o nível E2.

• Qualquer radiação electromagnética se propaga no vazio a mesma


velocidade c = 3,0 x 108 ms-1, a velocidade da luz. Contudo, nos
meios materiais a velocidade de propagação da radiação é inferior à
velocidade da luz.

• A radiação electromagnética pode ser decomposta em componentes


com uma frequência, v, e um comprimento de onda λ0 , reportado ao
vazio, bem definidos. Estas grandezas físicas estão relacionadas pela
velocidade da luz:

c = vλ 0

• O espectro electromagnético é constituído pelos diferentes tipos de


radiação electromagnética - ondas rádio, microondas. Radiação
infravermelha, radiação visível (luz), radiação ultravioleta, raios X e
raios γ – que diferem apenas no valor de algumas grandezas, como o
comprimento de onda e a frequência.

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• A frequência pemite caracterizar uma radiação no espectro


electromagnético, pois é independente do meio de propagação.

• O comprimento de onda de uma radiação de frequência v depende do


meio de propagação ( v= λv)

• Os diferentes tipos de radiação, desde as ondas rádio a raios γ,


correspondem a diferentes gamas de frequência ou de comprimento
de onda, reportadas ao vazio.

• A radiação visível, radiação electromagnética a que o olho humano é


sensível, corresponde a uma gama muito estreita de comprimento de

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onda ( de 400nm a 780 nm) e portanto de frequências de 4 x10 14 Hz a


8 x1014 Hz

• A energia total de uma radiação é igual a soma das energias


associadas a cada frequência ou a cada comprimento de onda,
reportado ao vazio.

• A intensidade da radiação incidente numa superfície é a potência


incidente por unidade de área. Quanto maior for a área de exposição,
A, maior será a energia incidente, logo, a potência total deve ser
proporcional a esta área, desde que a intensidade da radiação, I, não
varie de ponto para ponto. Isto é :

P = IA

1.2Interacção da radiação com a matéria

1.2.1 Radiação térmica. Lei de Stefan - Boltzmann e deslocamento de Wien

A radiação térmica é a radiação emitida por um corpo e depende da sua


temperatura. Qualquer corpo troca constantemente com o exterior este tipo
de radiação.

Apesar do espectro da radiação térmica variar ligeiramente com a


composição do corpo, há uma classe de corpos, designados por corpos
negros que, a mesma temperatura, emitem radiação térmica que apresenta
o mesmo espectro.

As propriedades da radiação térmica emitida por um corpo são:

• O espectro da intensidade da radiação emitida é continuo


dependendo da temperatura, T, e do comprimento de onda, λ, da
radiação emitida.

• O espectro apresenta um máximo em λ=λmáx que depende apenas da


temperatura

• O comprimento de onda a que corresponde a intensidade máxima da


radiação, λmáx, é inversamente proporcional à temperatura – lei de
Wien

b = T λ máx

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Em que b= 2,9 x10-3 mK

• A potencia total irradiada pela superfície A de um corpo, isto é,


somada sobre todas as gamas de comprimento de onda, é
directamente proporcional a quarta potência da temperatura absoluta
em kelvins - lei de Stefan – Boltzamann

Prad = eσ AT 4

σ – Constante de Stefan – Boltzamann e vale 5,67 x 10-8 Wm-2K4

e- emissividade do corpo, varia entre 0 e 1, para zero o corpo so


reflecte e para 1 o corpo só emite e só absorve

1.2.2 Equilíbrio térmico

Se a intensidade da radiação absorvida por um corpo é superior à emitida, a


sua energia bem como a sua temperatura aumentam. Mas, se emitir mais
do que absorve, a sua energia e a sua temperatura diminuem.

Em equilíbrio térmico, a temperatura do corpo é constante, logo, as taxas


de absorção e de emissão de radiação são iguais. Isto é, a energia emitida é
igual a absorvida e, consequentemente , a potencia da radicação absorvida
tem a mesma expressão da emitida :

Pabsorvida = eσ AT 4

Em suma:

Se dois sistemas estiverem em equilíbrio térmico com um terceiro sistema


eles estão em equilíbrio térmico entre si - lei zero da termodinâmica

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2. A radiação solar e o sistema Terra - atmosfera

2.1Balanço energético da Terra

A potência da radiação solar que, à distância média entre o sol e a


Terra, incide numa superfície de área unitária orientada
perpendicularmente ao feixe solar designa-se constante solar, So, cujo
valor, estabelecido por medição directa fora da atmosfera a partir de
satélites, é igual a 1367 Wm-2.

Da radiação incidente no topo da atmosfera, cerca de 30% é


reflectida pelo sistema Terra- Atmosfera, isto é, a reflectividade
média global planetária, ou albedo, a, é igual a 0.3.

Por outro lado, como a Terra intercepta a radiação solar que


2
atravessa um disco de área π R T
, onde Rt é o raio da Terra, a
potencia recebida por unidade de área, Iatm, é, no topo da atmosfera:

2 2
I atm
× 4π RT = S0 × π RT

S0
I atm =
4

Supondo que a atmosfera é completamente transparente, a


intensidade da radiação que atinge a superfície terrestre, Is, é:

I s
= I atm (1− a )

S0
I s
=
4
(1 − a)

Se agora supuser que a Terra emite como um corpo negro e que se


encontra em equilíbrio térmico recorrendo à lei de Stefan –
Boltzamann, obtém – se :

S0 4
(1 − a) = σ T s
4
1
S 4
Ts =  0 (1 − a) 
 4σ 

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Esta expressão permite estimar a temperatura média global à


superfície terrestre, cujo valor é de 255K (-18ºC). Mas esta
temperatura é significamente inferior à temperatura media global da
superfície da Terra, que é de 288K (15ºC).

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2.2Efeito de estufa

Numa atmosfera limpa uma elevada quantidade de energia solar é


transmitida e absorvida pela superfície terrestre. Mas a energia emitida pela
superfície da Terra é amplamente absorvida, na atmosfera, pelo dióxido de
carbono, pelo vapor de água e pelo ozono. Esta absorção da radiação
térmica infravermelha pelos gases atmosféricos, que se designa efeito
atmosférico ou efeito de estufa, é a responsável pelo valor médio da
temperatura da superfície terrestre ser de 288k e não de 255K.

Na verdade, o sistema Terra-atmosfera emite (no topo da atmosfera)


240 Wm-2 , equivalente a um corpo negro a temperatura de 255K, e á
superfície terrestre emite 390 Wm-2 , a que corresponde um corpo negro à
temperatura de 288K. Esta diferença de 33K entre as temperaturas da
superfície da Terra e do sistema Terra-atmosfera, que traduz o efeito estufa,
é imputada aos gases atmosféricos que, ao absorverem radiação
infravermelha, são só responsáveis por este efeito e que, por esta razão, se
designam por gases de estufa.

3. A radiação solar na produção de energia eléctrica

Um painel fotovoltaico é constituído por uma associação de células de


silício, um semicondutor, que ser designam por células fotovoltaicas.

Uma célula fotovoltaica não é mais do que um gerador que converte


uma parte da energia solar que recebe em energia eléctrica. De facto, uma
célula fotovoltaica é sensível à radiação de comprimento de onda entre os
300nm e os 600nm.

O rendimento do processo de conversão da radiação solar em energia


eléctrica é baixo, cerca de 12%

Para dimensionar um painel fotovoltaico, é necessário:

• Determinar a potência eléctrica que se necessita;

• Conhecer a potência solar média por unidade de área;

• Conhecer o rendimento do processo fotovoltaico

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Tema B – A energia no aquecimento/ arrefecimento de


sistemas

1. Transferência de energia como calor. Bons e maus condutores

1.1Mecanismos de transferência de energia como calor

1.1.1 Condução do calor

No processo de condução a energia é transferida por interacções, a nível


microscópico, das partículas constituintes da matéria (gasosa, liquida ou
sólida), sem que haja qualquer transporte material.

Há condução de calor quando há transferência de energia através de um


meio material onde existem zonas a diferentes temperaturas. Por exemplo:
através do vidro de uma janela, através de uma barra metálica com
extremidades diferentes temperaturas.

A quantidade de energia transferida como calor por unidade de tempo


Q
P = , num processo de condução, é directamente proporcional à área da
c
∆t
superfície, A, e a diferença de temperaturas Tq – Tf , inversamente
proporcional a espessura, L, e depende dos materiais.

Estas grandezas estão relacionadas com a expressão:

Tq − T f
Pc = kA
L

que traduz a lei de condução do calor ou Lei de Fourier e onde k é a


condutividade térmica, propriedade que caracteriza a condução de calor em
materiais, cuja unidade SI é o joule por segundo por metro por Kelvin (J s -1
m-1 K-1) ou o watt por metro por Kelvin (W m-1 k-1).

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Condutividade térmica de alguns materiais

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1.1.2 Convecção do calor

No processo de convecção a energia é transferida entre regiões de um


fluido (gás ou líquido), sujeito à acção da gravidade, por movimentos que
misturam partes do fluido a diferentes temperaturas, correntes de
convecção.

Verifica-se que, para a mesma pressão, a massa volúmica de um fluido


diminui com o aumento da temperatura, logo, a matéria menos densa ( a
temperatura superior) sobe, enquanto a mais densa ( a temperatura
inferior), que se encontra na parte superior, desce.

A convecção é um processo físico de extrema importância na transferência


de energia em fluidos, desempenhando um papel fundamental no sistema
climático da Terra.

1.2A condutividade térmica e os bons e maus condutores de calor

Há materiais em que o processo de transmissão de energia como calor


ocorre lentamente, enquanto noutros é muito rápido.

Esta diferença comportamental da condução do calor deve-se ao facto de os


diferentes materiais apresentarem diferentes condutividades térmicas que
podem diferir de várias ordens de grandeza.

Assim, com base nos valores de condutividade térmica, os materiais


dividem-se em:

• Bons condutores de calor, que se caracterizam por valores de


condutividade térmica elevados;

• Maus condutores de calor, que se caracterizam por valores de


condutividade térmica baixos.

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2. Primeira Lei da Termodinâmica

Numa transformação entre os dois estados de equilíbrio, a variação de


energia interna de um sistema, ΔU, é igual à quantidade de energia
transferida como trabalho, calor e radiação:

∆U = W + Q + R

Por convecçao considera-se que:

• A energia recebida pelo sistema, quer como trabalho, calor ou


radiação, é positiva, pois aumenta a energia interna , ∆U > 0 ;

• A energia cedida pelo sistema, como trabalho, calor ou radiação, é


negativa, pois a energia interna diminui, ∆U < 0 ;

2.1Trabalho, calor e radiação: processos equivalentes

Da primeira lei da termodinâmica verifica-se que os processos de


transferência de energia, W,Q e R, são equivalentes, pois a soma W+Q+R é
igual a variação da energia interna, ΔU, e esta depende apenas dos estados
inicial e final.

2.2Capacidade térmica mássica e calor latente

2.2.1 Transferência de energia como calor sem mudança de estado

A quantidade de energia transferida como calor necessária para que a


temperatura de uma dada substância sofra uma variação de temperatura, é
directamente proporcional a sua massa, m, e é dada pela expressão:

Q = mc∆T

Onde c é a característica térmica da substância que se designa capacidade


térmica mássica e que é igual a quantidade de energia que é necessário
fornecer a 1Kg dessa substancia para que a sua temperatura aumente 1K. A
unidade Si da capacidade térmica mássica é J Kg-1 K-1

2.2.2 Transferência de energia como calor com mudança de estado

A quantidade de energia que é necessário fornecer a uma dada massa, m ,


de uma substancia para que experimente uma mudança de estado, a uma
dada pressão e temperatura, é:

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Q = mL

L é uma característica de cada substancia que se designa pró calor de


transformação mássico, é a energia que é necessário fornecer à massa de
1 Kg da substancia para que mude de estado.

A unidade Si do calor de transformação mássico é J k-1.

3. Degradação de energia. Segunda lei da termodinâmica

3.1Rendimento em processos termodinâmicos

Uma máquina térmica converte uma certa quantidade de calor em trabalho.


É um sistema que realiza processos termodinâmicos cíclicos durante os
quais recebe energia, como calor, da fonte quente, Qq, realiza sobre o
exterior o trabalho, W, e cede calor a fonte fria, Qf.

O rendimento de uma máquina térmica é :

W
η=
Qq

Comoη = Qq − Q f , então:

Qq − Q f
η=
Qq

Qf
η = 1−
Qq

Repare-se que a energia dissipada é igual ao calor cedido pela máquina à


fonte fria.

Uma máquina frigorífica tem como função manter fria a fonte fria. Nesta
máquina o sistema termodinâmico é um fluido sobre o qual é realizado
trabalho. Nestas máquinas fornece-se energia como trabalho, W, retira-se
energia à fonte fria como calor, Qf, e cede-se calor, Qq, à fonte quente.

A eficiência, ε , de uma máquina frigorifica é a razão entre a


energia retirada como calor da fonte fria e o trabalho realizado
(energia fornecida):
Qf
ε=
W

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Como W = Qq − Q f , então:

Qf
ε=
Qq − Q f

3.2Segunda lei da Termodinâmica

Qualquer transferência de energia conduz à diminuição de energia útil,


apesar da energia total se manter constante, pois uma parte deixa de estar
disponível para a realização de trabalho.

A segunda lei da Termodinâmica prevê esta degradação.

Os processos que ocorrem espontaneamente na Natureza dão-se no sentido


da diminuição da energia útil.

Há uma grandeza física associada à qualidade de energia, que é uma


variável de estado termodinâmico - a entropia.

A entropia é a medida da desordem do sistema e é tanto maior quanto


maior for esta desordem. Em termos energéticos significa que a entropia
aumenta com a diminuição da qualidade de energia, atingindo um máximo
em condições de equilíbrio.

A segunda lei da termodinâmica pode ser expressa em termos de entropia:

Os processos espontâneos, irreversíveis, evoluem no sentido em que há um


aumento de entropia.

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Unidade 2 - Energia em movimentos

Tema A – Transferências e transformações de energia em sistemas


complexos. Aproximação ao modelo da partícula material

1. Modelo da partícula material. Transferência de energia como


trabalho.

1.1Modelo da partícula material. Centro de massa

Um sistema mecânico, em que não se consideram quaisquer efeitos


térmicos, pode, em certas situações, ser representado por um só ponto, o
centro de massa.

Um corpo rígido, um sólido indeformável, em que as posições relativas das


partículas que o constituem são constantes, quando em movimento de:

• Translação, pode ser representado pelo seu centro de massa, pois


todos os seus pontos têm a mesma velocidade;

• Rotação em torno do eixo, não pode ser representado pelo seu centro
de massa, visto que os pontos pertencentes ao eixo estão parados e
à medida que se afastam deste a velocidade aumenta.

Assim, um sistema em movimento de translação pode ser representado por


um só ponto, o centro de massa. Pode ser representado como uma partícula
material, com a massa igual à do corpo e com posição e velocidade do
centro de massa.

1.2Transferência de energia como trabalho

A quantidade de energia transferida para um sistema mecânico que envolva


força se movimento é medida pelo trabalho de uma força.

Mas o trabalho, de uma força, e consequentemente, a variação de energia


de um corpo, dependem da força, e do deslocamento e do teu ponto de
aplicação.

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Na situação (a) a força e o deslocamento têm o mesmo sentido, a


velocidade do corpo aumenta, logo, aumenta a sua energia cinética. Na
situação (b) a força e o deslocamento têm sentidos opostos, portanto, a
velocidade diminui, bem como a energia cinética. Na situação (c)a força é
perpendicular ao deslocamento, a velocidade é constante, logo, a energia
cinética do corpo não se altera.

Uma vez que W = ∆Ec , pode concluir-se:

• O trabalho realizado por uma força de módulo constante, F, que actua


sobre um corpo na direcção e sentido do deslocamento, d, é positivo
e é dado por:

W = F×d

• O trabalho realizado por uma força de módulo constante, F, que actua


sobre um corpo na direcção e sentido oposto ao do deslocamento, d,
é negativo e é dado por:

W = −F × d

• O trabalho realizado por uma força de módulo constante, F, que actua


sobre um corpo na com direcção perpendicular à do deslocamento, d,
é nulo:

W =0

A unidade SI de trabalho é o joule (J)

Um joule é o trabalho realizado por uma força constante de intensidade um


newton, que actua na direcção e sentido do deslocamento, quando o seu
ponto de aplicação se desloca um metro.

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2. Trabalho realizado pela resultante das forças que actuam sobre um


sistema

2.1Trabalho realizado por uma força constante não colinear com o


deslocamento

2.1.1 Expressão geral do valor do trabalho de uma força constante

Para determinar o trabalho realizado pró uma força não colinear com o
deslocamento tem que se decompor a força em duas componentes: uma
com a direcção do deslocamento, Fx, responsável pelo trabalho realizado, e
a outra que lhe é normal, Fy.

Repare-se que o trabalho realizado pela componente vertical é nulo, pois é


perpendicular ao deslocamento, logo, o trabalho realizado pela força é igual
ao trabalho realizado pela componente Fx, que se designa por força eficaz,
→ →
ou seja, F = F ef .

Assim, tem-se :

W = Fef × d

Mas Fef = F cos θ , logo

W = Fd cosθ

Esta expressão permite calcular o trabalho realizado por uma força


constante qualquer que seja a sua direcção em relação ao deslocamento.

Repare-se que:

• Se 0º ≤ θ < 90º , então cos θ > 0 , logo, o trabalho realizado pela força é
positivo e designa-se por trabalho potente ou motor. A força
contribui para o movimento e apresenta a máxima eficácia quando
θ = 0º , pois o cos 0º = 1.

• Se , θ = 90º como cos 90º = 0 , então o trabalho é nulo

• Se 90º < θ ≤ 180º , cos < 0 , então o trabalho realizado pela força é
negativo e designa-se por trabalho resistente. A força opõe-se ao

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movimento do corpo e apresenta a máxima eficácia na realização do


trabalho resistente para θ = 180º , pois cos180º = − 1 .

2.1.2 Determinação gráfica do trabalho realizado por uma força

Na figura mostram-se as representações gráficas da força eficaz vs


deslocamento, para uma força potente (a) e uma força resistente (b).

Para cada uma da situações pode definir-se um rectângulo de largura Fef e


comprimento d, cuja área é A = Fef × d .

Note-se que o valor numérico desta área é igual ao do trabalho realizado


pela força durante o deslocamento respectivo. Contudo, é de salientar:

• Se o trabalho é potente, o seu valor é igual á área contida no gráfico


de Fef e o eixo xx, que está acima deste eixo, é positivo;

• Se o trabalho é resistente, o seu valor é simétrico da área contida no


gráfico de Fef e o eixo dos xx, que está abaixo deste eixo, é negativo.

2.2Trabalho realizado por várias forças que actuam sobre um sistema

Se, sobre um corpo, actuar mais do que uma força, a alteração da sua
energia é igual ao trabalho total realizado por todas as forças.

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Desde que o corpo se comporte como uma partícula material, isto é, que
possa ser representado pelo seu centro de massa, o trabalho total pode ser
determinado por 2 processos:

• O trabalho total é a soma dos trabalhos realizados individualmente


por cada força

Wtotal = W → + W → +... + W →
F1 F2 Fn

n
Wtotal = Σ W→
i =1 F

Onde W→F representa o trabalho realizado por cada uma das forças.

• O trabalho total é igual ao trabalho realizado pela resultante das


forças, que é igual à soma vectorial de todas as forças e que traduz o
efeito das várias forças que sobre ele actuam. Ou seja:

→ → → →
F r = F1 + F2 + ...+ Fn

Wtotal = W→
Fr

Wtotal = Fr ∆r cos θ

Concluindo:

O trabalho realizado pela resultante das forças que actuam sobre um corpo
em movimento de translação é igual a soma dos trabalhos realizados por
cada uma das forças.

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2.2.1 Trabalho realizado sobre um corpo que se desloca ao longo de um


plano inclinado

Considere-se um bloco de massa m, que parte do repouso do topo de um


plano inclinado, de comprimento d e altura h, e que se desloca ao longo
deste com atrito desprezável.

A variação da energia cinética do bloco é igual ao


trabalho realizado por todas as forças que sobre ele
→ →
actuam: o peso do bloco, P , e a reacção normal , N ,
exercida pela superfície de apoio.

Repare-se que a reacção normal é perpendicular ao


deslocamento, logo, não se realiza trabalho. E que o
peso ao definir um ângulo θ com a direcção do
movimento deve ser decomposto segundo a direcção

tangente à trajectória, p , e a direcção perpendicular,
x

→ →
Py . A componente normal do peso, Py , não realiza

trabalho, mas a sua componente tangencial, P , a força eficaz, é a
x

responsável pela variação da velocidade do bloco.

Em suma, o trabalho total realizado pelas forças que actuam sobre o bloco,
→ →
N e P , no deslocamento de A a B, é igual ao trabalho realizado pela força

eficaz, P .
x

WAB = Px d

Como Px = P cos θ e P = mg , então:

WAB = mgd cos θ

h h
mas , cos θ = , substituindo na equação anterior, tem-se WAB = mgd ,
d d

26
Física e Química

WAB = mgh

2.2.2 Trabalho realizado pelas forças dissipativas

Quando um corpo desliza sobre uma superfície, esta exerce sobre ele uma
força de contacto com duas componentes: uma componente perpendicular

à superfície, a reacção normal, N ; e uma componente paralela à superfície

e de sentido oposto ao deslocamento , a força de atrito, F .
a

Repare-se que o trabalho realizado pela força de atrito é um trabalho


resistente ,

W → = − Fa d
Fa

Responsável pela diminuição da energia mecânica do sistema.

A força de atrito, é pois, uma força dissipativa que traduz a nível


macroscópico as complexas interacções que, a nível microscópico, se
manifestam entre as minúsculas rugosidades em contacto.

27
Física e Química

Tema B- A energia de sistemas em movimentos de translação

1. Lei do trabalho-energia ou teorema da Energia Cinética

O trabalho realizado pela resultante de todas as forças que actuam sobre


um sistema é igual a variação da sua energia cinética – Lei do trabalho
energia

W → = ∆Ec
Fr

Dado que a variação da energia cinética do sistema, ΔE c , é igual a energia


cinética final , Ec , menos a energia cinética inicial, Eco , e em cada instante
1 2
a energia cinética é Ec = mv , onde m é a massa do sistema e v a
2
velocidade, então, a Lei do Trabalho - Energia Ou Teorema da energia
cinética pode ser traduzida pela seguinte expressão:

1 1
W → = mv 2 − mv 02
Fr 2 2

2. Lei da conservação da energia mecânica

2.1Energia potencial gravítica

Um corpo, de massa m, é elevado lentamente de uma altura



Δh por acção de uma força F , de intensidade igual ao peso do
corpo, P = mg .

Desprezando a resistência do ar, a resultante das forças que


actuam sobre o corpo é nula e portanto, a variação da energia

cinética é nula. Mas o ponto de aplicação da força F
experimenta um deslocamento igual a variação da altura do corpo; logo,
realiza trabalho e, consequentemente, transfere energia para este. Isto é, a
energia associada a posição do corpo designa-se por energia potencial
gravítica.

Então pode escrever-se:

∆E p = W→ = F × ∆h
F

28
Física e Química

Mas como F = mg , então:

∆E p = mg∆ h

Como a variação de altura é ∆h = h − h0 , tem-se:

∆E p = mg (h − h0 )

Esta expressão não permite saber a energia potencial, permite apenas


calcular a variação de energia potencial gravítica de um corpo, de massa m,
quando a sua altura varia entre h e h0.

Para se obter a expressão da energia potencial gravítica é necessário definir


um valor de referência.

Isto é, para uma dada posição define-se um determinado valor de energia


potencial. Repare-se que tanto a escolha da posição de referência como o
valor de referência de energia potencial a atribuir nesta posição são
arbitrários.

Contudo, é normal definir a nível do solo (altura nula) como a posição a que
corresponde energia potencial gravítica nula, pelo que para qualquer outra
posição de altura h se tem:

∆E p = E p − E p 0

E p − 0 = mg ( h − 0 =

E p = mgh

Desta expressão conclui-se que a energia potencial gravítica para um corpo


de massa m é tanto maior quanto maior for a altura a que se encontra.

2.2Trabalho realizado pelo peso de um corpo

Retomando a situação apresentada no ponto anterior, pode afirmar-se que o


trabalho realizado pelas forças que actuam sobre o corpo é nulo, visto que a
variação da sua energia cinética é nula. Isto é:

W→ + W→ = 0
F P

Ou seja,
W→ = −W→
F P

29
Física e Química

E como
W→ = mg( h − h0 )
F

Então:
W→ = −mg (h − h0 )
P

W→ = −∆E p
P

Na verdade, durante uma subida a energia potencial gravítica aumenta e o


trabalho realizado pelo peso do corpo é resistente ou negativo, pois actua
em sentido contrário ao do deslocamento, enquanto numa descida a
energia potencial gravítica diminui e o trabalho realizado pelo peso é
potente ou positivo, pois tem o sentido do deslocamento.

Concluindo:

O trabalho realizado pelo peso de um corpo, durante uma qualquer


mudança de posição, é simétrico da variação da energia potencial gravítica

W→ = −∆E p
P

2.3Trabalho realizado pelas forças conservativas e conservação de


energia mecânica

Considerando desprezável a resistência do ar, um corpo,


de massa m, lançado verticalmente para cima com

velocidade inicial v fica, quer durante a subida quer
0

durante a descida, submetido apenas à acção do peso.

O trabalho realizado pelo peso do corpo durante a subida,


de A a B, é:
AB AB
W →
P
= −( E Pb − E Pa) ⇔ W →
P
= −mg (hb −ha )
AB
W →
P
= −mgh

E durante a descida, de B a A, é:
BA BA
W →
P
= −( E Pa − E Pb) ⇔ W →
P
= −mg (ha −hb )
BA
W →
P
= mgh

30
Física e Química

Repare-se que o trabalho realizado pelo peso de A a B é simétrico do


realizado de B a A, donde se conclui que o trabalho total realizado é nulo,
pois:

ABA AB BA
W →
P
= W →P + W →P
ABA
W →
P
= − mgh + mgh
ABA
W →
P
=0

Isto é, o trabalho realizado pelo peso de um corpo ao descrever uma


trajectória fechada é nulo.

As forças que, como o peso, realizam trabalho nulo quando o seu ponto de
aplicação descreve uma trajectória qualquer fechada, designam-se por
forças conservativas.

Em suma, uma força é conservativa quando:

• O trabalho realizado é independente da trajectória, dependendo


apenas das posições inicial e final;

• O trabalho realizado é simétrico a variação da energia potencial

W → = −∆E p
Fcons .

• O trabalho realizado ao longo de uma trajectória fechada é nulo.

Mas, e de acordo com a Lei do Trabalho - Energia, o trabalho realizado pela


resultante de todas as forças que actuam sobre um sistema, conservativas
e não conservativas, é igual a variação da energia cinética,

W → = ∆Ec
FR .

W → +W → = ∆Ec
Fcons . Fn . cons

Caso não actuem forças não conservativas ou caso o seu trabalho seja nulo,
então:

W → = ∆E c
Fcons .

Como WF → = ∆E p , tem-se:
cons .

∆Ec = −∆E p ⇔ E c − E c0 = − (E p − E p0 )
Ec + E p = E c0 + E p0

Uma vez que a soma das energias cinética e potencial se designa por
energia mecânica, verifica-se que:

31
Física e Química

Em = Em0

E como ∆Em = Em − Em0 , então:

∆Em = 0

Esta expressão traduz a Lei da Conservação da Energia Mecânica: Num


sistema conservativo, um sistema em que o trabalho da resultante das
forças é igual apenas ao das forças conservativas, a variação de energia
mecânica é nula, ou seja, há conservação de energia mecânica .

3. Variação da energia mecânica e conservação da energia

3.1Trabalho realizado pelas forças não conservativas

Em qualquer sistema mecânico a variação de energia cinética é igual ao


trabalho realizado por todas as forças que sobre ele actuam,

WFcons + WF .n .cons = ∆Ec

Como WFcons = −∆E p , então :

WFcons = ∆Ec + ∆E p

E como ∆Ec + ∆E p = Em , tem-se

WFcons = ∆Em

Isto é, o trabalho das forças não conservativas é igual à variação da energia


mecânica.

A força de atrito que se manifesta entre


duas superfícies em contacto bem como a
resistência do ar são exemplos de forças
não conservativas.

Estas forças que dificultam o movimento ao actuarem em sentido contrário


ao do deslocamento realizam trabalho resistente que se traduz por uma
diminuição da energia mecânica do sistema.

Por outras palavras, as forças não conservativas que realizam sempre


trabalho negativo, forças dissipativas, como o atrito e a resistência do ar,
são responsáveis pela diminuição da energia mecânica.

3.2Rendimento. Dissipação de energia

32
Física e Química

Num sistema real é pouco provável não actuarem forças dissipativas, pelo
que a energia mecânica não se conserva.

De facto, devido ao trabalho realizado pelas forças dissipativas, ao longo de


uma dada trajectória, a energia mecânica final pode ser aproveitada,
energia útil, é inferior à que inicialmente estava disponível.

Desta análise conclui-se que o rendimento de sistemas mecânicos é inferior


a 100%, uma vez que, por definição, rendimento é:

Eútil
η=
Edisp.

Apesar de não se verificar a conservação de energia mecânica, há


conservação de energia dos sistemas em interacção, pois a energia
dissipada resulta num aquecimento das superfícies em contacto e
consequentemente num aumento da energia interna.

Física ano 2

Tema A- Viagens com GPS

1. Funcionamento e aplicações do GPS

O sistema GPS ( Sistema de Posicionamento Global) foi desenvolvido por


razões militares, pelos EUA , mas hoje é amplamente utilizado para fins
civis, em diversas aplicações, tais como:

• Localizar : localizar qualquer ponto da Terra;

• Navegar: navegação quer de barco quer de aviões;

• Conduzir: fornece informação precisa sobre um dado percurso;

• Mapear: criação de mapas mais rigorosos;

O GPS é constituído por uma rede de 24 satélites. Cada um destes


satélites da uma volta à Terra em 12H e emite sinais identificadores, na
banda do microondas. Em qualquer instante, pelo menos 4 satélites estão
acessíveis à comunicação de qualquer ponto da Terra.

O receptor GPS ao receber o sinal emitido por um satélite identifica-o


e, por comparação com o que tem registado, localiza-o com exactidão.

1.1 Funcionamento do GPS

33
Física e Química

Para localizar um lugar na Terra o receptor recorre ao método geométrico


da Triangulação, após calcular a sua distância a 3 satélites.

Cálculo da distância a um satélite:

• O sinal emitido por um satélite informa qual a sua posição na orbita q


qual a hora, t, marcada nos eu relógio atómico.

• O receptor recebe o sinal no instante t+Δt, que coincide com a hora


marcada no seu relógio de quartzo.

• Como o sinal se desloca a velocidade da luz, o receptor calcula a


distancia , d, que o separa do satélite, pois

d = c∆t

Método da triangulação:

Calculadas as distâncias aos satélites A, B e C, é então, possível


determinar a posição do ponto P, onde se encontra o receptor.

• Com a distancia dA, traça-se uma circunferência centrada em A que


contem a posição do receptor, mas que poderá ser qualquer ponto da
circunferência.

• Com a distancia dB traça-se uma segunda circunferência centrada em


B, que intercepta em dois pontos a circunferência centrada em A, um
dos quais será o ponto P.

• Com a distancia dC traça-se a circunferência centrada em C, que


intercepta dois pontos da centrada em A, um dos quais é comum à
circunferência centrada em B e que representa o ponto P.

Nota: o sistema GPS utiliza a intersecção de esferas e não de


circunferências.

Sincronização dos relógios

Repare-se que, para um receptor calcular a sua posição, são suficientes os


sinais emitidos por três emissores. Contudo, utiliza-se um quarto satélite de
referência, cujo sinal tem como objectivo sincronizar os relógios atómicos
extremamente precisos que equipam os satélites e os de quartzo, menos
precisos, que equipam os receptores, uma vez que a determinação do
tempo, Δt, que o sinal leva a chegar ao receptor é crucial.

34
Física e Química

35
Física e Química

2. Conceitos introdutórios para a descrição de movimentos

2.1. Posição : coordenadas geográficas e cartesianas

2.1.1 Coordenadas geográficas

Para indicar a posição de um lugar à superfície da Terra costumamos


utilizar as chamadas coordenadas geográficas: latitude, longitude e altitude.
Estas coordenadas são as mais apropriadas à localização de um lugar num
mapa, ou no sistema GPS.

Latitude
A latitude é definida em relação ao equador medida ao longo do meridiano
de Greenwich, podendo variar entre 0º e 90º, para Norte ou parra Sul

Longitude
A longitude é a distância ao meridiano de Greenwich, medida ao longo do
Equador. Esta distância mede-se em graus, podendo variar entre 0º e 180º,
para Este ou para Oeste.

Altitude
Altitude, é a altura na vertical, medida em unidade de comprimento,
relativamente ao nível médio das águas do mar (positiva acima do nível
médio, negativa abaixo desse nível).

2.1.2 Coordenadas Cartesianas

O sistema de coordenadas cartesianas é um outro sistema de


referenciar posições. Este sistema é constituído por 3 eixos perpendiculares
entre si e em cuja intersecção (origem do referencial) se encontra o
observador. Num plano, a posição é determinada com dois eixos de
referência (duas coordenadas).
Para estudar movimentos num local à superfície da Terra, quase
sempre podemos ignorar a curvatura dessa superfície,considerando-a plana.
Nem sempre duas pessoas estão de acordo quando descrevem o
mesmo movimento. Um exemplo do dia-a-dia: um passageiro de um
comboio em movimento olha para outro sentado à sua frente e diz que ele
está parado, ou em repouso relativamente a si. Mas uma pessoa que esteja
a ver passar o comboio diz que aquele passageiro está em movimento. Ou
seja, quando se descreve o movimento de um corpo, é essencial que se
diga “em relação a quê” é que o corpo se move. Ao objecto de referência
liga-se um sistema de eixos ou referencial.

36
Física e Química

2.3Trajectória, distancia percorrida e deslocamento

A trajectória descrita por uma partícula em movimento é definida pelas


sucessivas posições ocupadas ao longo do tempo.
As trajectórias podem ser:
• Curvilíneas: quando os pontos ocupados pela partícula ao longo
do tempo definem uma curva – circular, parabólica, etc.
• Rectilíneas: quando os pontos ocupados pela partícula ao longo
do tempo definem uma recta.

A distancia percorrida, s, por uma partícula é a medida de todo o


percurso efectuado ao longo da trajectória e , por conseguinte, é uma
grandeza escalar positiva.

O deslocamento é uma grandeza vectorial que caracteriza a variação de


uma partícula, num dado intervalo de tempo, com origem na posição inicial
e extremidade na posição final.

Atente-se que o valor do deslocamento, Δx, num dado intervalo tempo,


pode ser:
• Positivo : a partícula desloca-se no sentido positivo;
• Negativo : a partículas desloca-se no sentido negativo;
• Nulo: a partícula desloca-se , mas regressa à posição inicial.

Em conclusão : o deslocamento de uma partícula, durante um certo


intervalo de tempo, depende apenas das posições final e inicial.

2.4Rapidez e velocidade

• A rapidez média é uma grandeza escalar positiva e que indica qual a


distancia percorrida, em média, pela partícula na unidade de tempo.
s
Rm =
∆t
• A velocidade média, é uma grandeza vectorial e que indica qual o
deslocamento experimentado, em média, pela partícula, na unidade
de tempo.


→ ∆r
Vm =
∆t
A velocidade média tem a direcção e o sentido do vector
deslocamento, pode apresentar valores positivos ou negativos.

37
Física e Química

A velocidade instantânea é o limite para que tende a velocidade média


quando o intervalo de tempo tende para zero


→ ∆r
v=
∆t

É, pois, uma grandeza vectorial que, em cada ponto , é tangente à


trajectória e que apresenta o sentido do movimento.

2.5Gráficos posição – tempo e velocidade - tempo

O vector velocidade altera-se sempre que se altera a direcção, o sentido


e/ou o módulo.
Se a velocidade é nula, pode-se concluir que o corpo está em repouso
em relação ao referencial. Quando o corpo inverte o sentido do movimento
o valor da velocidade é nulo.
Através de um gráfico posição tempo pode-se determinar a velocidade
do corpo, em cada instante, através do declive da recta tangente à curva do
gráfico, no ponto considerado.

v=
x −x
2 1

t −t
2 1

Sendo x1 e x2 ordenadas da recta tangente a curva no instante considerado.

38
Física e Química

A variação do valor da velocidade, em função do tempo, pode também ser


representada através de um gráfico velocidade – tempo.

A área do gráfico indica o valor do deslocamento do corpo. No instante t 1,


verifica-se a inversão do sentido do movimento.

39
Física e Química

Tema B - Da Terra à Lua

1. Interacções à distancia e de contacto. Terceira lei de Newton e Lei da


Gravitação Universal.

1.1Interacções à distância e de contacto. Forças fundamentais da


Natureza

As interacções entre corpos, e consequentemente, as forças podem ser:

• de contacto: quando o corpo que exerce a força está em contacto


com o corpo que sofre a acção desta – por exemplo, a força exercida
pelo pé de um jogador sobre a bola de futebol – e que deixa de se
manifestar quando o contacto deixa de existir.

• à distancia: quando a interacção se manifesta, quer os corpos


estejam em contacto quer a uma certa distância entre eles - por
exemplo, a força gravítica, a força eléctrica e a força magnética.

As quatro interacções fundamentais na Natureza às quais se deve a


estrutura do universo são:

• interacção gravitacional: manifesta-se entre todas as partículas com


massa e é sempre atractiva.

• Interacção electromagnética: manifesta-se entre partículas com carga


eléctrica e pode ser atractiva ou repulsiva.

• Interacção nuclear forte: manifesta-se entre os quarks, é responsável


pela coesão do núcleo atómico, ou seja, mantém unidos os protões e
os neutrões nucleares.

• Interacção nuclear fraca: manifesta-se entre os quarks, é responsável


pelo decaimento radioactivo de certos núcleos, em que o neutrão
passa a um protão ou vice- versa com emissão de radiação beta e
neutrinos.

40
Física e Química

1.2Terceira lei de Newton ou lei da Acção- Reacção

Sempre que um corpo exerce uma força sobre o outro, este reage,
exercendo sobre o primeiro uma força com a mesma intensidade e direcção
mas com sentido oposto.

→ →
=−
F AB F BA

Estas forças, que constituem um par acção reacção, apresentam as


seguintes características:

• Têm a mesma linha de acção, a mesma direcção

• Têm a mesma intensidade, o mesmo módulo

• Têm sentidos opostos

• Têm pontos de aplicação em corpos diferentes

1.3Lei da gravitação universal

As forças atractivas que se verificam entre dois corpos têm intensidade


directamente proporcional ao produto das suas massas e inversamente
proporcional ao quadrado da distância existente entre os seus centros de
massa.

GMm
Fg =
d2
Fg – intensidade da força gravítica

G – constante de gravitação universal

M e m- massa dos corpos que interactuam

d- distancia existente entre os centros de massa dos corpos

A direcção da força é a linha que une os seus centros de massa e o


sentido é dirigido para o centro de massa do corpo que exerce a força.

41
Física e Química

2. As interacções e os movimentos. Segunda lei de Newton e Lei da


Inércia

2.1Efeitos das forças sobre a velocidade. A aceleração

Quando dois corpos interactuam, a s forças que actuam durante a


interacção provocam efeitos que podem ser:

• Deformação

• Alteração do seu estado de movimento ou de repouso.

A alteração do estado de movimento verifica-se quando a velocidade


com que o corpo se movimenta varia. AS alterações na velocidade podem
ser relativamente ao módulo, sentido e/ou direcção, podendo o corpo ficar
em repouso.

A alteração do estado de repouso ocorre sempre que um corpo esta em


repouso e por acção de uma força adquire velocidade.

O modo como a velocidade varia, com o decorrer do tempo, quer em


sentido, quer em direcção, quer em módulo, é traduzida pela aceleração.

A aceleração média é a taxa de variação temporal da velocidade



→ ∆v
am =
∆t
A aceleração média, é definida como o limite para que tende a variação de
velocidade quando o intervalo de tempo tende para zero.

→ ∆v
a = lim
∆t → 0 ∆t

A unidade SI de aceleração é ms-2

2.2Segunda Lei de Newton ou Lei fundamental da Dinâmica

A força resultante de um sistema de forças que actua sobre um corpo,


considerando-o como uma partícula material, é directamente proporcional
à aceleração imprimida, tendo a mesma direcção e sentido.
→ →
Fr = m a

Da análise desta expressão conclui-se:

• A aceleração e a resultante das forças têm a mesma direcção e o


mesmo sentido;

• Para a mesma resultante das forças, quanto maior for a massa do


corpo menos será a aceleração que adquire – maior será a resistência
à alteração da sua velocidade, maior será a sua inércia;

42
Física e Química

• Como a massa é a medida da inércia do corpo, designa-se por massa


inercial.

2.3Primeira lei de Newton ou lei da inércia

Um corpo, considerado como partícula material, permanece em repouso ou


com movimento rectilíneo e uniforme se sobre ele não actuar qualquer força
ou se actuar um sistema de forças cuja resultante é nula.

→ →
Fr = 0
→ → → uuuuur
v = 0 ou v = const.

2.4Descrição de movimentos rectilíneos

O movimento de um corpo, num dado intervalo de tempo, Δt, é


determinado quer pelas condições quer pela resultante das forças que sobre
ele actuam.

Considere-se um corpo de massa m, que se desloca sobre uma


uu
r
superfície horizontal com velocidade constante v0 no instante, t0 , em que
ur
sobre ele passa a actuar uma força constante, F , paralela a superfície de
apoio.

uu
r
A resultante das forças que sobre ele actuam, Fr , é:
uu
r ur uur ur
Fr = P + Rn + F
uur ur
Como Rn = − P , então:
uu
r ur
Fr = F
uu
r r
Donde se conclui que Fr é constante e, consequentemente, a aceleração a ,
uu
r r
é também constante , pois Fr = ma . Mas como:
r
r ∆v
a= ,
∆t

43
Física e Química

A aceleração e a velocidade inicial do corpo têm a mesma direcção. A


velocidade varia apenas em valor e o corpo fica animado de movimento
rectilíneo uniformemente variado.

A expressão que relaciona o valor da aceleração e o valor da


variação da velocidade, no intervalo de tempo é:

v − v0
a ⇔ v = v0 + a ( t − t0 ) .
t + t0

Considerando o instante inicial t0=0, a expressão anterior vem sob a forma

v = v0 + at

Esta equação traduz a lei das velocidades do movimento rectilíneo


uniformemente variado.

O gráfico velocidade-tempo para este movimento é um segmento de recta


cujo declive é o valor da aceleração.

Recorrendo ao gráfico v=v(t), determina-se o deslocamento da partícula


durante o intervalo de tempo Δt, através da área contida sob o segmento de
recta.

A partir do gráfico representado na figura e fazendo coincidir o eixo dos xx


com a direcção da trajectória, pode concluir-se que o valor do
deslocamento, Δx, é dado por:

1
∆x = A1 + A2 ⇔ ∆x = v0 t + ( v − v0 ) t
2
Dado que v=v0+at , substituindo na expressão anterior, tem-se :

1 1
∆x = v0t + (v0 + at − v0 )t ⇔ ∆x = v0 t + at 2
2 2

E como ∆x = x − x0 , onde x0 é a coordenada da posição inicial da partícula,


vem:

1
x = x0 + v0t + at 2
2

44
Física e Química

Esta expressão traduz a lei das posições do movimento


uniformemente variado, onde x0 e v0 são as condições iniciais do
movimento.

Mas, caso a resultante das forças que actuam sobre um corpo , que
uu
r
se desloca com velocidade v0 , seja nula, a aceleração do movimento é nula,
e o corpo deslocar-se-á com velocidade constante, animado de movimento
rectilíneo uniforme.

Assim, paro um dado intervalo de tempo a lei da velocidade do movimento


rectilíneo uniforme é dada pela expressão:
v = const.
E a lei das posições por:

x = x0 + vt

Em conclusão:

O movimento rectilíneo diz-se:

• Movimento rectilíneo uniformemente variado se o módulo da


velocidade aumenta, isto é, se a velocidade inicial e a aceleração
tiverem o mesmo sentido;

• Movimento rectilíneo uniformemente retardado se o módula da


velocidade diminui, isto é, se a velocidade inicial e a aceleração
tiverem sentidos opostos;

• Movimento rectilíneo uniforme se o módulo da velocidade é


constante

3. Movimentos próximos da superfície da Terra

3.1Lançamento na vertical e queda considerando a resistência do ar


desprezável

Durante o movimento no ar, segundo a vertical, o corpo fica sujeito a


duas forças: a força gravítica e a resistência do ar ao movimento.

Se considerarmos a resistência do ar desprezável, o corpo só fica


sujeito à força gravítica que é uma força constante.

Quando o corpo se encontra próxima da superfície da Terra, a força


gravítica é o seu peso e é dado por:
ur ur
P = mg
ur
Em que g é a aceleração gravítica

MT
g=
( rT + h )
2

45
Física e Química

Sendo o seu valor médio 9,8ms-2 .

Quando a resultante das forças é constante, a aceleração também, o


que provoca uma variação uniforme da velocidade e o movimento é
rectilíneo uniformemente variado.

Lei da aceleração: a = − g

Lei das velocidades: v = v0 − gt

Lei das posições:


1 2
y = y0 + v0 t − gt
2

v02
altura máxima − hmax = hmax = y-y0 variação máxima da altura
2g

v0
tempo de subida − ts =
g

3.2Lançamento vertical e queda com resistência do ar não desprezável

Nas situações em que não é possível desprezar a resistência do ar, a


força de atrito existente entre o corpo e o ar vai aumentando à medida que
a velocidade aumenta. À medida que o corpo desce, a intensidade da força
resultante vai diminuindo e quando a força de atrito adquire uma
intensidade igual à do peso do corpo, a força resultante anula-se.

Durante a queda, ate que a resistência do ar anule o peso do corpo, o


movimento é rectilíneo acelerado. O módulo da velocidade aumenta com o
decorrer do tempo, contudo a sua variação é cada vez menor. O módulo da
aceleração a que o corpo está sujeito vai diminuindo.

46
Física e Química

Quando a resistência do ar anula o peso do corpo, a aceleração anula-se


e o corpo passa a movimentar-se com velocidade constante - o movimento
é rectilíneo uniforme.

As expressões que caracterizam o movimento são:


r uuuuuur
y = y0 + vt v = const.

Da análise do esquema representado podemos concluir:

• Na subida, a intensidade da resultante é superior à da força gravítica,


o módulo da aceleração é superior ao da força gravítica;

• Na descida, a intensidade da resultante é inferior à da força gravítica,


o módulo da aceleração é inferior ao da aceleração gravítica.

3.3Lançamento horizontal com resistência do ar desprezável

Se um corpo for lançado horizontalmente com velocidade, fica submetido


apenas a penas à acção da força gravítica, caso se despreze o efeito da
resistência do ar, descrevendo uam trajectória parabólica no plano,
resultante de dois movimentos independentes, um segundo o eixo dos xx e
outro do eixo dos yy.

47
Física e Química

NOTA: o tempo de queda de um corpo que é lançado horizontalmente é


igual ao tempo de queda na vertical de outro corpo, quando ambos partem
da mesma altura, considerando a resistência do ar desprezável.

4. Movimento circular e uniforme

Uma partícula esta animada de movimento circular e uniforme quando a


resultante das forças que sobre ela actuam é uma força centripta, pois, em
cada instante, é perpendicular a velocidade, de módulo constante, radial e
dirigida para o centro da trajectória.

A aceleração do movimento circular e uniforme, aceleração centripta, é


pois, radial, dirigida para o centro da trajectória e de módulo constante.

Para estudar o movimento é preciso definir algumas grandezas que o


caracterizam:

• Período(T): tempo que a partícula demora a completar uma


rotação - a unidade SI é o segundo;

• Frequência(f): numero de rotações executadas na unidade de


tempo - unidade SI é o hertz

O período e a frequência relacionam-se por:

1
T=
f

• Velocidade angular (ω): é o ângulo descrito pela partícula na


unidade de tempo - unidade SI é o rads-1:

∆θ
ω=
∆t
Se a partícula descrever uam volta completa, Δθ=2π e Δt=T, então:


ω= ou ω = 2π f
T

• Velocidade(v): como o módulo da velocidade coincide com o da


celeridade média, é igual ao arco descrito na unidade de tempo:

2π R
v= ou v = ω R
T
Onde R representa o raio da trajectória.

48
Física e Química

• Aceleração centrípeta(ac) : o módulo da aceleração centrípeta,


responsável pela variação da direcção da velocidade , é:

v2
ac = ou ac = ω 2 R
R

5. Características e aplicações de um satélite geoestacionário

Um satélite geoestacionário é um satélite artificial que:

• Orbita em torno da Terra;


• Descreve uma trajectória circular constante;
• Acompanha o movimento da Terra com velocidade de módulo
constante, direcção tangente a trajectória e sentido de oeste para
este;
• Demora 1 dia a completar uma volta em torno da Terra;
• É actuado pela força gravítica;
• Tem um movimento circular e uniforme.

Os satélites geoestacionários utilizam-se para:

• Observação do Planeta para investigação e meteorologia;


• Comunicações;
• Determinação de posição – GPS.

Para se lançar um satélite artificial é necessário imprimir-lhe uma


velocidade inicial elevada, de modo a conseguir escapar à acção da força
gravítica e atingir a altitude desejada.
Na altitude de órbita é-lhe imprimida uma velocidade horizontal -
M
velocidade de órbita – cujo valor é dado por v = G .
r
A velocidade de escape e a velocidade de órbita são-lhe comunicadas
através de foguetões apropriados.

49
Física e Química

Tema A- Comunicação de informação a curtas distâncias: o som

1. Transmissão de sinais

1.1Propagação de um sinal

Um sinal é uma alteração de uma propriedade física do meio.


Os sinais podem ser de curta duração – a que se chama pulso – ou de longa
duração. Um pulso é uma perturbação produzida num dado instante.
Uma onda é uma porpagação de uma perturbação no espaço. O sinal de
curta duração é uma onda solitária e resulta da propagação de um só pulso.
O sinal de longa duração é uma onda persistente e resulta da
propagação de pulsos contínuos.
Os sinais podem ser periódicos se repetem as suas características em
intervalos de tempo iguais e dizem-se não periódicos quando tal não
acontece.
As ondas, quanto ao meio de propagação, classificam-se em:
• Ondas mecânicas: necessitam de um meio material para se
propagarem. Exemplo: som.
• Ondas electromagnéticas: não necessitam de um meio material para
se propagarem, propagam-se na presença ou ausência de meio.
Exemplo: radiação visível.

As ondas em relação ao modo como se propagam classificam-se em:


• Ondas transversais: a direcção em que se deu a perturbação é
perpendicular á direcção de propagação da onda, como as ondas
electromagnéticas.
• Ondas longitudinais: se a direcção em que se deu a perturbação
coincide com a direcção de propagação da onda, como o som.

As ondas não transportam matéria mas fazem o transporte da


energia.
Em qualquer tipo de ondas decorre sempre um intervalo de tempo
entre a produção do sinal e a sua recepção pelo que o modulo da
velocidade da onda é dado por:

s
v=
∆t

Em que s e a distancia percorrida pelo pulso no intervalo de tempo Δt.

50
Física e Química

1.2Onda periódica

Uma onda periódica resulta da propagação de pulsos iguais, emitidos em


intervalos de tempo iguais.

Uma onda periódica é, pois, uma onda persistente, cujas características


se repetem no tempo e no espaço.

A periodicidade no tempo de uma onda é caracterizada pelo período.

• O período, é o intervalo de tempo decorrido entre dois pulsos


consecutivos. A unidade SI é o segundo

A periodicidade no espaço de uma onda é caracterizada pelo seu


comprimento de onda.

• O comprimento de onda, é a distância a que se propaga a onda num


período. È a menos distancia que separa duas partículas do meio de
propagação que estão na mesma fase de oscilação. A unidade SI é o
metro.

• A amplitude, é o máximo afastamento relativamente a posição de


equilíbrio. A unidade SI é o metro.

• A frequência, é o número de oscilações por unidade de tempo.


Depende da frequência da fonte emissora. A unidade SI é o hertz.

Uma onda propaga-se a uam distancia igual ao seu comprimento de


onda, durante um intervalo de tempo igual ao do período. A velocidade de
s
propagação da onda é v = , então pode ser escrita:
∆t

λ
v=
T
1
E como f = , então: v=λf
T

51
Física e Química

1.3Sinal harmónico e onda harmónica

Um sinal harmónico resulta de perturbações periódicas produzidas


quando a fonte emite pulsos sinusoidais ou harmónicos. Um sinal
harmónico ou sinusoidal é descrito matematicamente pelas funções seno ou
co-seno.

Um sinusoidal ou harmónico é expresso pela função:

y = A sin ( ωt )

Onde:

A- É a amplitude de oscilação;

y- é a elongação, o afastamento, em cada instante da fonte emissora


em relação a posição de equilíbrio;

ω- é a frequência angular de oscilação da fonte emissora.

A frequência angular esta relacionada com a frequência da oscilação por

ω = 2π f

E com o período por


ω=
T
A unidade SI da frequência angular é o radiano por segundo.

Uma onda harmónica é a propagação no espaço e no tempo de um


sinal harmónico ou sinusoidal.

Uma onda harmónica, como qualquer onda periódica apresenta:

• Periodicidade no tempo;

• Periodicidade no espaço.

O período, a frequência e a amplitude de uma onda harmónica são


determinados pelo sinal da fonte emissora.

52
Física e Química

2. O som

2.1Produção e propagação de um sinal sonoro: onda mecânica


longitudinal

O som tem origem na vibração de uma partícula do meio material


elástico.

Um sinal sonoro propaga-se no meio em que se encontra a fonte


emissora, gerando uma onda sonora.

As características de uma onda sonora, a frequência e amplitude, são


determinadas pelas da fonte sonora, isto é, pela frequência e pela
amplitude do sinal sonoro.

Na verdade, uma onda sonora resulta do movimento vibratório das


partículas do meio circundante da fonte sonoro, pró exemplos moléculas de
ar. Este movimento é comunicado às partículas vizinhas, que passam
também a vibrar.

Os movimentos vibratórios das partículas geram sucessivas zonas de


maior densidade, as zonas de compressão - zonas de alta pressão -, e de
menor densidade, as zonas de rarefacção - zonas de baixa pressão.

O som é uma onda de pressão, pois há zonas de compressão e de


rarefacção do ar que variam periodicamente no tempo e no espaço.
Nos meios gasosos é normal caracterizar a onda sonora pelas
variações de pressão, uma vez que são estas que permitem aos receptores
(ouvidos, microfones) detectarem e identificarem um sinal sonoro.
A diferença de pressão designa-se por pressão sonora e está
relacionada com a amplitude da onda sonora.
As ondas sonoras são ondas longitudinais pois as sucessivas
compressões e rarefacções ocorrem na direcção de propagação. As
partículas do meio oscilam na direcção de propagação da onda.
O som é uma onda mecânica, pois só se propaga em meios materiais
e , consequentemente, a Sua velocidade depende do meio de propagação.

53
Física e Química

Os sons distinguem-se através das seguintes características:

• A intensidade é a energia que, na unidade de tempo, atravessa uma


área unitária perpendicular à direcção de propagação. É proporcional
ao quadrado da amplitude da onda sonora.
A intensidade permite distinguir um som fraco de um som forte. Duas
ondas sonoras com diferentes amplitudes, mas com a mesma
frequência, correspondem a sons com diferentes intensidades. À
onda de maior amplitude corresponde um som mais forte.

• A altura depende, essencialmente, da frequência da onda sonora.

A altura permite distinguir um som alto ou agudo de um som baixo ou


grave. Duas ondas com diferentes frequências e igual amplitude
correspondem a sons com diferentes alturas. À onda de maior
frequência corresponde um som mais agudo.

2.2Sons simples e complexos: espectro sonoro

Um som puro ou simples, como o emitido por um diapasão, tem uma


frequência bem definida e um só comprimento de onda. A forma é a função
seno ou co-seno, isto é, é uma onda harmónica.

Um som complexo, como o som emitido pela corda de uma viola, resulta
da combinação de sons puros. Não é uma onda sinusoidal com frequência
bem definida.

Um harmónico é um som puro cuja frequência é um múltiplo inteiro de


uma dada frequência, isto é, da frequência do som fundamental.

54
Física e Química

O timbre resulta da combinação do som fundamental e dos seus


harmónicos. Confere características específicas ao som de um dado
instrumento musical. Permite, pois, distinguir dois sons com a mesma
intensidade e com a mesma frequência, mas emitidos por diferentes
instrumentos.
O espectro sonoro está relacionado com as frequências sonoras e
contempla não só os sons aos quais o ouvido humano é sensível, os sons
audíveis, mas também os infra-sons e os ultra-sons.

No espectro sonoro há, pois, que destacar 3 bandas de frequência:

• Sons audíveis, que correspondem a uma banda de frequências


compreendida entre os 20 Hz( som muito grave) e os 20000Hz (som
muito agudo);

• Infra-sons, que correspondem a uma banda de frequências


compreendida entre 0 e 20Hz;

• Ultra-sons, que correspondem a uma banda de frequências superiores


a 20000Hz.

55
Física e Química

Tema B- comunicação de informação a curtas distâncias: o


microfone e o altifalante

1. Campos magnético e eléctrico e linhas de campo

1.1Campo magnético e linhas de campo magnético

O campo magnético é uma região do espaço onde se manifestam as


acções de um íman ou de uma corrente eléctrica. Isto é, um campo
magnético pode ser criado quer por ímanes quer por correntes eléctricas.
ur
O vector campo magnético, B , é uma grandeza que caracteriza, em
cada ponto, o campo magnético. A unidade Si do campo magnético é o
tesla(T).

Um campo magnético pode ser visualizado através das linhas de


campo que, por convecção, começam no pólo norte e terminam no pólo sul.

Propriedades das linhas de campo magnético

As linhas de campo magnético são em cada ponto tangentes ao


vector campo magnético e têm o sentido deste. Como consequência
apresentam as seguintes propriedades:

• Fecham-se sobre si mesmas;

• Nunca se cruzam;

• São mais densas nas regiões onde o campo magnético é mais


intenso;

• Saem do pólo norte e entram no pólo sul.

O campo magnético criado entre os ramos paralelos de um íman em U


ou no interior de um solenoide, uma bobina, percorrido por uma corrente
estacionário, é um campo magnético uniforme.

No campo magnético uniforme, o vector campo magnético, é constante


e as linhas de campo são paralelas entre si.

56
Física e Química

1.2Campo eléctrico e linhas de campo eléctrico

A carga de prova q colo no ponto P, à distância r


da carga criadora, Q, do campo eléctrico fica
uu
r
submetida à força eléctrica Fe .

A grandeza que caracteriza o campo eléctrico


num dado ponto e que é igual a força eléctrica por
unidade de carga designa-se pró vector campo
ur
eléctrico ou campo eléctrico em P, E .
uu
r ur
Fe = qE

A unidade SI de campo eléctrico é o volt por metro.

Características do vector campo eléctrico

A intensidade do campo eléctrico, no ponto P, é tanto maior quanto maior


for o módulo da carga criadora e quanto menor for a distancia do ponto a
esta carga.

• É uma grandeza posicional, pois só


depende da posição do ponto à carga
criadora;

• O campo criado por uma só carga é um


campo de forças atractiva sou
repulsivas;

• É radial, pois tem direcção do raio que passa pelo ponto.

• É centrípto se a carga criadora é negativa e centrifugo se a carga


criadora é positiva

O campo eléctrico criado por várias cargas é igual a soma vectorial dos
campos criados por cada uma das cargas.

Um campo eléctrico pode ser visualizado através das linhas de campo.

Propriedades das linhas de campo eléctrico

As linhas de campo eléctrico são, por definição, em cada ponto,


tangentes ao vector campo eléctrico e têm o sentido deste.

57
Física e Química

Como consequência apresentam as seguintes propriedades:

• Por cada ponto do campo passa somente uma linha de campo;

• Representando um campo por um determinado número de linhas de


campo, na região onde a mesma área é atravessada por um número
maior destas, o campo é mais intenso;

• Num campo criado por várias cargas, as linhas de campo começam


numa carga positiva e terminam numa carga negativa.

Um campo eléctrico criado entre duas placas paralelas e condutoras


com cargas de sinais opostos é um campo eléctrico uniforme.
O vector campo eléctrico é constante e as linhas de campo são
paralelas entre si, estão dirigidas da placa positiva para a negativa.

58
Física e Química

2. Força electromotriz induzida

2.1Fluxo magnético através de uma ou de varias espiras condutoras

O fluxo magnético é uma grandeza física que esta relacionada com o


número de linhas de campo que atravessa uma determinada área e que,
por definição, é o produto da intensidade do campo magnético, pelo valor
da área e pelo co-seno do ângulo:
ur
φ = B A cos ( θ )

A unidade Si de fluxo magnético é o weber(Wb).

O fluxo magnético que atravessa uma espira pode variar


se se alterar:

• A intensidade do campo magnético;

• A área atravessada pelo campo magnético;

• O ângulo que o campo magnético faz com a espira.

O fluxo magnético que atravessa uma espira de área A, que se encontra


ur
num campo magnético de intensidade B , pode ser positivo ou negativo ,
dependendo do sentido arbitrado para a direcção da normal à superfície
(cosθ varia entre +1 e -1). Contudo, é:

• Máximo quando a espira esta perpendicularmente ao vector campo


magnético, pois θ=0º e cos0º=1;

• Nulo quando a espira esta colocada com a mesma direcção do vector


magnético, isto é, θ=90º e cos90º=0

O fluxo magnético total , que atravessa uma bobina constituída por N


espiras, todas iguais, é igual ao produto do número de espiras pelo fluxo
magnético que atravessa cada uma delas:

φt = Nφ

59
Física e Química

2.2Indução electromagnética

Quando o fluxo do campo magnético que atravessa a superfície


delimitada por uma espira condutora varia no tempo, surge uma corrente
eléctrica na espira, que se designa por corrente induzida. Este fenómeno
chama-se indução electromagnética.

A variação do fluxo magnético junto de um circuito pode surgir


quando:

• Se move um íman junto a um circuito;

• Se move o circuito nas proximidades de um íman;

• O circuito é deformado.

Repare-se que a variação do fluxo magnético gera uma corrente


eléctrica à qual esta associado um campo eléctrico, donde se conclui que as
fontes de campo eléctrico são não só cargas eléctricas, mas também
campos eléctricos variáveis.

Tanto o sentido como a intensidade da corrente eléctrica induzida estão


relacionados com a variação do fluxo magnético que atravessa a área da
superfície delimitada pela espira (bobina).

O sentido da corrente depende do sentido do movimento do íman, que


inverte quando inverte o sentido do movimento do íman. A intensidade
depende da rapidez com que este movimento se dá, ou seja, a intensidade
da corrente eléctrica induzida é tanto maior quanto mais rápida for a
variação do fluxo magnético.

Em suma: um circuito percorrido por uma corrente eléctrica variável cria


uma corrente induzida variável noutro circuito que se encontre nas
vizinhanças.

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Física e Química

2.3Lei de Faraday. Produção de electricidade

Nos terminais de uma bobine, onde se produz corrente eléctrica através de


indução electromagnética, é possível medir uma ddp ou tensão, a qual é
denominada força electromotriz induzida e é representada por ε.

A força electromotriz induzida e definida pela lei de Faraday.

Lei de Faraday

A força electromotriz induzida é a taxa de variação do fluxo magnético que


atravessa uma espira ou espiras.

∆φ
ε =
∆t

A unidade Si da f.e.m é o volt.

A força electromotriz é a quantidade de energia que se transforma


num gerador e que está disponível sobre a forma de energia eléctrica.

3. Funcionamento de um microfone e de um altifalante de indução

Um microfone é constituído por um imane fixo, uma espira móvel e uma


membrana oscilante.
Uma onda sonora bate na membrana oscilante e põe-a a vibrar, o que
faz com que a espira móvel seja aproximada e afastada do imane fixo, i.e.,
leva a que a espira tenha um movimento de “vaivém” relativo ao imane, o
que faz com que ocorra uma variação de fluxo magnético na espira.
Esta variação de fluxo magnético cria uma força electromotriz
induzida com valores proporcionais aos valores dos deslocamentos da
espira. Quanto maiores forem os deslocamentos da espira, maior vai ser o
módulo da força electromotriz induzida.
Assim, um microfone, inserido num circuito, transforma ondas
mecânicas sonoras em corrente eléctrica alternada.
Um altifalante é constituído por um imane fixo, uma bobina e uma
membrana oscilante.
A corrente eléctrica alternada que é produzida no microfone, fruto da
força
electromotriz induzida, atravessa a bobina e esta, um solenóide, passa a ter
um
movimento de “vaivém” relativamente ao imane fixo, provocando a
oscilação da
membrana.
Assim, o altifalante, inserido num circuito, transforma a corrente
eléctrica alternada em ondas mecânicas sonoras, sendo a frequência da
corrente alternada igual à frequência das ondas sonoras.

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Física e Química

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