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Os egípcios criam os símbolos

Por volta do ano 4.000 a.C., algumas comunidades


primitivas aprenderam a usar ferramentas e armas de
bronze. Aldeias situadas às margens de rios transformaram-
se em cidades. A vida ia ficando cada vez mais complexa.
Novas atividades iam surgindo, graças sobretudo ao
desenvolvimento do comércio.
Os agricultores passaram a produzir alimentos em
quantidades superiores às suas necessidades. Com isso
algumas pessoas puderam se dedicar a outras atividades,
tornando-se artesãos, comerciantes, sacerdotes,
administradores.

Como conseqüência desse desenvolvimento surgiu a


escrita. Era o fim da Pré-História e o começo da História.

Os grandes progressos que marcaram o fim da Pré-


História verificaram-se com muita intensidade e rapidez no
Egito.
Você certamente já ouviu falar nas pirâmides do Egito.
Para fazer os projetos de construção das pirâmides e
dos templos, o número concreto não era nada prático. Ele
também não ajudava muito na resolução dos difíceis
problemas criados pelo desenvolvimento da indústria e do
comércio.

Como efetuar cálculos rápidos e precisos com pedras, nós


ou riscos em um osso?
Foi partindo dessa necessidade imediata que estudiosos do
Antigo Egito passaram a representar a quantidade de objetos
de uma coleção através de desenhos – os símbolos.
A criação dos símbolos foi um passo muito importante para
o desenvolvimento da Matemática.
Na Pré-História, o homem juntava 3 bastões com 5 bastões
para obter 8 bastões.
Hoje sabemos representar esta operação por meio de
símbolos.

3+5=8
Muitas vezes não sabemos nem que objetos estamos
somando. Mas isso não importa: a operação pode ser feita da
mesma maneira. Mas como eram os símbolos que os egípcios
criaram para representar os números?

Contando com os egípcios


Há mais ou menos 3.600 anos, o faraó do Egito tinha um
súdito chamado Aahmesu, cujo nome significa “Filho da Lua”.
Aahmesu ocupava na sociedade egípcia uma posição
muito mais humilde que a do faraó: provavelmente era um
escriba. Hoje Aahmesu é mais conhecido do que muitos faraós
e reis do Antigo Egito. Entre os cientistas, ele é chamado de
Ahmes. Foi ele quem escreveu o Papiro Ahmes.

O papiro Ahmes é um antigo manual de matemática. Contém 80


problemas, todos resolvido. A maioria envolvendo assuntos do dia-
a-dia, como o preço do pão, a armazenagem de grãos de trigo, a
alimentação do gado.
Observando e estudando como eram efetuados os cálculos no

Papiro Ahmes, não foi difícil aos cientistas compreender o


sistema de numeração egípcio. Além disso, a decifração dos
hieróglifos – inscrições sagradas das tumbas e monumentos
do Egito – no século XVIII também foi muito útil.
O sistema de numeração egípcio baseava-se em sete
números-chave:

1 10 100 1.000
10.000
100.000 1.000.000
Os egípcios usavam símbolos para representar esses
números.
Um traço vertical representava 1
unidade:
Um osso de calcanhar invertido
representava o número 10:
Um laço valia 100 unidades:
Uma flor de lótus valia 1.000:
Um dedo dobrado valia 10.000:
Com um girino os egípcios
representavam 100.000 unidades:
Uma figura ajoelhada, talvez
representando um deus, valia 1.000.000:

Todos os outros números eram escritos combinando os


números-chave.
Na escrita dos números que usamos atualmente, a ordem
dos algarismos é muito importante.
Se tomarmos um número, como por exemplo:

256
e trocarmos os algarismos de lugar, vamos obter outros
números completamente diferentes:

265 526 562 625


652
Ao escrever os números, os egípcios não se
preocupavam com a ordem dos símbolos. Observe no
desenho que apesar de a ordem dos símbolos não ser a
mesma, os três garotos do Antigo Egito estão escrevendo o
mesmo número:

45
Os papiros da Matemática egípcia
Quase tudo o que sabemos sobre a Matemática dos
antigos egípcios se baseia em dois grandes papiros: o Papiro
Ahmes e o Papiro de Moscou.
O primeiro foi escrito por volta de 1.650 a.C. e tem
aproximadamente 5,5 m de comprimento e 32 cm de largura.
Foi comprado em 1.858 por um antiquário escocês chamado
Henry Rhind. Por isso é conhecido também como Papiro de
Rhind. Atualmente encontra-se no British Museum, de Londres.
O Papiro de Moscou é uma estreita tira de 5,5 m de
comprimento por 8 cm de largura, com 25 problemas. Encontra-
se atualmente em Moscou. Não se sabe nada sobre o seu autor.

A técnica de calcular dos egípcios


Com a ajuda deste sistema de numeração, os egípcios
conseguiam efetuar todos os cálculos que envolviam números
inteiros.
Para isso, empregavam uma técnica de cálculo muito
especial: todas as operações matemáticas eram efetuadas
através de uma adição.
Por exemplo, a multiplicação 13 * 9 indicava que o 9
deveria ser adicionado treze vezes.

13 * 9 = 9 + 9 + 9 + 9 + 9 + 9 + 9 + 9 + 9
+9+9+9+9
A tabela abaixo ajuda a compreender como os egípcios
concluíam a muliplicação:

Número de
Resultado
parcelas
1 9
2 18
4 36
8 72
Eles buscavam na tabela um total de 13 parcelas; era
simplesmente a soma das três colunas destacadas:

1 + 4 + 8 = 13
O resultado da multiplicação 13 * 9 era a soma dos
resultados desta três colunas:

9 + 36 + 72 = 117
Os egípcios eram realmente muito habilidosos e criativos
nos cálculos com números inteiros.
Mas, em muitos problemas práticos, eles sentiam
necessidades de expressar um pedaço de alguma coisa através
de um número.
E para isso os números inteiros não serviam.

Descobrindo a fração
Por volta do ano 3.000 a.C., um antigo faraó de nome
Sesóstris...
“... repartiu o solo do Egito às margens do rio Nilo entre seus
habitantes.
Se o rio levava qualquer parte do lote de um homem, o faraó
mandava funcionários examinarem e determinarem por medida
a extensão exata da perda.”
Estas palavras foram escritas pelo historiador grego
Heródoto, há cerca de 2.300 anos.
O rio Nilo atravessa uma vasta planície.

Uma vez por ano, na época das cheias, as águas do Nilo


sobem muitos metros acima de seu leito normal, inundando
uma vasta região ao longo de suas margens. Quando as águas
baixam, deixam descobertas uma estreita faixa de terras
férteis, prontas para o cultivo.
Desde a Antigüidade, as águas do Nilo fertilizam os
campos, beneficiando a agricultura do Egito. Foi nas terras
férteis do vale deste rio que se desenvolveu a civilização
egípcia.
Cada metro de terra era precioso e tinha de ser muito bem
cuidado.
Sesóstris repartiu estas preciosas terras entre uns poucos
agricultores privilegiados.
Todos os anos, durante o mês de junho, o nível das águas
do Nilo começava a subir. Era o início da inundação, que durava
até setembro.
Ao avançar sobre as margens, o rio derrubava as cercas de
pedra que cada agricultor usava par marcar os limites do
terreno de cada agricultor.
Usavam cordas para fazer a medição.
Havia uma unidade de medida assinada na própria corda.
As pessoas encarregadas de medir esticavam a corda e
verificavam quantas vezes aquela unidade de medida estava
contida nos lados do terreno. Daí, serem conhecidas como
estiradores de cordas.
No entanto, por mais adequada que fosse a unidade de
medida escolhida, dificilmente cabia um número inteiro de
vezes no lados do terreno.
Foi por essa razão que os egípcios criaram um novo tipo
de número: o número fracionário.
Para representar os números fracionários, usavam
frações.

As complicadas frações egípcias


Os egípcios interpretavam a fração somente como uma
parte da unidade. Por isso, utilizavam apenas as frações
unitárias, isto é, com numerador igual a 1.
Para escrever as frações unitárias, colocavam um sinal
oval alongado sobre o denominador.
As outras frações eram expressas através de uma soma de
frações de numerador 1.
Os egípcios não colocavam o sinal de adição - + - entre as
frações, porque os símbolos das operações ainda não tinham
sido inventados.
No sistema de numeração egípcio, os símbolos repetiam-
se com muita freqüência. Por isso, tanto os cálculos com
números inteiros quanto aqueles que envolviam números
fracionários eram muito complicados.
Assim como os egípcios, outros povos também criaram o
seu próprio sistema de numeração. Porém, na hora de efetuar
os cálculos, em qualquer um dos sistemas empregados, as
pessoas sempre esbarravam em alguma dificuldade.
Apenas por volta do século III a.C. começou a se formar
um sistema de numeração bem mais prático e eficiente do que
os outros criados até então: o sistema de numeração
romano.
Contando com os romanos
De todas as civilizações da Antigüidade, a dos romanos foi
sem dúvida a mais importante.
Seu centro era a cidade de Roma. Desde sua fundação, em
753 a.C., até ser ocupada por povos estrangeiros em 476 d.C.,
seus habitantes enfrentaram um número incalculável de
guerras de todos os tipos. Inicialmente, para se defenderem dos
ataques de povos vizinhos; mais tarde nas campanhas de
conquistas de novos territórios.
Foi assim que, pouco a pouco, os romanos foram
conquistando a península Itálica e o restante da Europa, além
de uma parte da Ásia e o norte de África.

Apesar de a maioria da população viver na miséria, em


Roma havia luxo e muita riqueza, usufruídas por uma minoria
rica e poderosa. Roupas luxuosas, comidas finas e festas
grandiosas faziam parte do dia-a-dia da elite romana.
Foi nesta Roma de miséria e luxo que se desenvolveu e
aperfeiçoou o número concreto, que vinha sendo usado desde a
época das cavernas.
Como foi que os romanos conseguiram isso?

O sistema de numeração romano


Os romanos foram espertos. Eles não inventaram símbolos
novos para representar os números; usaram as próprias letras
do alfabeto.

I V X L
C D M
Como será que eles combinaram estes símbolos para
formar o seu sistema de numeração?
O sistema de numeração romano baseava-se em sete
números-chave:
I tinha o valor 1.
V valia 5.
X representava 10 unidades.
L indicava 50 unidades.
C valia 100.
D valia 500.
M valia 1.000.

Quando apareciam vários números iguais juntos, os


romanos somavam os seus valores.

II = 1 + 1 = 2
XX = 10 + 10 = 20
XXX = 10 + 10 + 10 = 30

Quando dois números diferentes vinham juntos, e o menor


vinha antes do maior, subtraíam os seus valores.

IV = 4 porque 5 - 1 = 4
IX = 9 porque 10 – 1 = 9
XC = 90 porque 100 – 10 = 90

Mas se o número maior vinha antes do menor, eles


somavam os seus valores.

VI = 6 porque 5 + 1 = 6
XXV = 25 porque 20 + 5 = 25
XXXVI = 36 porque 30 + 5 + 1 = 36
LX = 60 porque 50 + 10 = 60

Ao lermos
o cartaz,
ficamos
sabendo que o
exercíto de
Roma fez
numa certa
época MCDV
prisioneiros de
guerra. Para ler
um número
como MCDV,
veja os
cálculos que os
romanos
faziam:
Em primeiro lugar buscavam a letra de maior valor.

M = 1.000

Como antes de M não tinha nenhuma letra, buscavam a


segunda letra de maior valor.

D = 500

Depois tiravam de D o valor da letra que vem antes.

D – C = 500 – 100 = 400

Somavam 400 ao valor de M, porque CD está depois e M.

M + CD = 1.000 + 400 = 1.400

Sobrava apenas o V. Então:

MCDV = 1.400 + 5= 1.405

Os milhares
Como você acabou de ver, o número 1.000 era
representado pela letra M.
Assim, MM correspondiam a 2.000 e MMM a 3.000.
E os números maiores que 3.000?
Para escrever 4.000 ou números maiores que ele, os
romanos usavam um traço horizontal sobre as letras que
representavam esses números.
Um traço multiplicava o número representado abaixo dele
por 1.000.
Dois traços sobre o M davam-lhe o valor de 1 milhão.
O sistema de numeração romano foi adotado por muitos
povos. Mas ainda era difícil efetuar cálculos com este sistema.
Por isso, matemáticos de todo o mundo continuaram a
procurar intensamente símbolos mais simples e mais
apropriados para representar os números.
E como resultado dessas pesquisas, aconteceu na Índia
uma das mais notáveis invenções de toda a história da
Matemática: O sistema de numeração decimal.
Afinal os nossos números

No século VI foram fundados na Síria alguns centros de


cultura grega. Consistiam numa espécie de clube onde os
sócios se reuniam para discutir exclusivamente a arte e a
cultura vindas da Grécia.
Ao participar de uma conferência num destes clubes, em
662, o bispo sírio Severus Sebokt, profundamente irritado com
o fato de as pessoas elogiarem qualquer coisa vinda dos
gregos, explodiu dizendo:

“Existem outros povos que também sabem alguma coisa!


Os hindus, por exemplo, têm valiosos métodos de cálculos.
São métodos fantásticos! E imaginem que os cálculos
são feitos por apenas nove sinais!”.
A referência a nove, e não dez símbolos, significa que o
passo mais importante dado pelos hindus para formar o seu
sistema de numeração – a invenção do zero - ainda não tinha
chegado ao Ocidente.
A idéia dos hindus de introduzir uma notação para uma
posição vazia – um ovo de ganso, redondo – ocorreu na
Índia, no fim do século VI. Mas foram necessários muitos
séculos para que esse símbolo chegasse à Europa.
Com a introdução do décimo sinal – o zero – o sistema de
numeração tal qual o conhecemos hoje estava completo.
Até chegar aos números que você aprendeu a ler e
escrever, os símbolos criados pelos hindus mudaram bastante.
Hoje, estes símbolos são chamados de algarismos indo-
arábicos.
Se foram os matemáticos hindus que inventaram o nosso
sistema de numeração, o que os árabes têm a ver com isso?
E por que os símbolos

0 1 2 3 4 5 6 7 8
9
são chamados de algarismos?
Os árabes divulgam ao mundo
os números hindus
Simbad, o marujo, Aladim e sua lâmpada maravilhosa,
Harum al-Raschid são nomes familiares para quem conhece os
contos de As mil e uma noites. Mas Simbad e Aladim são
apenas personagens do livro, Harum al-Raschid realmente
existiu. Foi o califa de Bagdá, do ano 786 até 809.
Durante o seu reinado os povos árabes travaram uma
séria de guerras de conquista. E como prêmios de guerra, livros
de diversos centros científicos foram levados para Bagdá e
traduzidos para a língua árabe.

Em 809, o califa de Bagdá passou a ser al-Mamum, filho de


Harum al-Rahchid.
Al-Mamum era muito vaidoso. Dizia com toda a convicção.
“Não há ninguém mais culto em
todos os ramos do saber do que eu”.
Como era um apaixonado da ciência, o califa procurou
tornar Bagdá o maior centro científico do mundo, contratando
os grandes sábios muçulmanos da época.

Entre eles estava o mais brilhante matemático árabe de


todos os tempos: al-Khowarizmi.
Estudando os livros de Matemática vindos da Índia e
traduzidos para a língua árabe, al-Khowarizmi surpreendeu-se a
princípio com aqueles estranhos símbolos que incluíam um ovo
de ganso!
Logo, al-Khowarizmi compreendeu o tesouro que os
matemáticos hindus haviam descobertos. Com aquele sistema
de numeração, todos os cálculos seriam feitos de um modo
mais rápido e seguro. Era impossível imaginar a enorme
importância que essa descoberta teria para o desenvolvimento
da Matemática.

Al-Khowarizmi decidiu contar ao mundo as boas nova.


Escreveu um livro chamado Sobre a arte hindu de calcular,
explicando com detalhes como funcionavam os dez símbolos
hindus.
Com o livro de al-Khowarizmi, matemáticos do mundo todo
tomaram conhecimento do sistema de numeração hindu.
Os símbolos – 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 – ficaram conhecidos
como a notação de al-Khowarizmi, de onde se originou o
termo latino algorismus. Daí o nome algarismo.
São estes números criados pelos matemáticos da Índia e
divulgados para outros povos pelo árabe al-Khowarizmi que
constituem o nosso sistema de numeração decimal conhecidos
como algarismo indo-arábicos.

Os números racionais
Com o sistema de numeração hindu ficou fácil escrever
qualquer número, por maior que ele fosse.

0 13 35 98
1.024 3.645.872
Como estes números foram criados pela necessidade
prática de contar as coisas da natureza, eles são chamados de
números naturais.
Os números naturais simplificaram muito o trabalho com
números fracionários.
Não havia mais necessidade de escrever um número
fracionário por meio de uma adição de dois fracionários, como
faziam os matemáticos egípcios.
O número fracionário passou a ser escrito como uma razão
de dois números naturais.
A palavra razão em matemática significa divisão.
Portanto, os números inteiros e os números fracionários podem
ser expressos como uma razão de dois números naturais. Por
isso, são chamados de números racionais.
A descoberta de números racionais foi um grande passo
para o desenvolvimento da Matemática.
A importância dos Egípcios para a Matemática
Os Egípcios tiveram grande importância para o desenvolvimento da
Matemática, pois foram eles quem criaram os primeiros símbolos para
representar números. Não podemos dizer ao certo quais foram os
primeiros indícios da existência da Matemática no Egito, uma vez que
o material no qual possivelmente existiriam escritas anteriores às
mais antigas encontradas, pode não ter resistido à força do tempo. Os
materiais encontrados que continham inscrições, existem a mais de
três milênios de idade. Um dos mais resistentes materiais, o papiro,
era produzido através de uma planta com o mesmo nome, de folhas
longas e fibrosas, de onde se retirava um miolo esponjoso em forma
de tiras Era seco de modo que toda a seiva fosse retirada,
entrelaçavam-se as tiras e as mesmas eram prensadas, para
posteriormente servir para anotações. Também foram encontradas
inscrições em cunhas (inscrições em barro posteriormente endurecido
pelo Sol). Tão importante quanto aos materiais anteriores eram as
pedras, a principal delas, chamada de Pedra Rosetta, encontrada em
1799 e que continha importantes informações a respeito dos
números. Havia nela uma numeração que baseava-se no sistema
decimal. Determinados símbolos indicavam valores de 10, 100, 1000,
10.000 e 100.000. Por repetição desses símbolos, escrevia-se o
número desejado. Obviamente, os símbolos tiveram de ser
modificados com o tempo, pois não havia praticidade na sua
utilização, mas ficava provada a precisão de contagem dos Egípcios.
Devido as grandes enchentes que ocorriam de julho a outubro, todos
os anos as terras de cada produtor precisavam ser demarcadas para
uma correta cobrança de tributos (trigo e gado) ao Rei Sesóstris
correspondente às terras efetivamente utilizadas. O procedimento
para a medição contava com os chamados “puxadores de cordas”, os
“harpedonaptas” (KARLSON,1961,p.83). A medição utilizava o método
que mais tarde viria a ser chamado de Teorema de Pitágoras.
Consistia em uma corda com nós, formando triângulos retângulos de
lados 3, 4 e 5. Com estes triângulos, eram formatados os retângulos
correspondentes às áreas. Nasce, pois, a Geometria. Inicialmente,
essas medições eram o suficiente, mas com o passar do tempo,
houve a necessidade de se utilizar números fracionários para a exata
medição, não somente de terras. Então surge o Papiro de Rhind. O
Papiro de Rhind, mais conhecido como o Papiro Ahmes, é o maior e
mais importante dos papiros encontrados. É uma das principais fontes
de informação sobre os conhecimentos matemáticos dos egípcios da
época. Tratam-se de escritos hieráticos, diferentes da escrita
hieroglífica. Este papiro data mais de três milênios de anos e
apresenta 84 problemas e soluções, relacionados a cerveja, pão e
outras coisas do cotidiano para se expressar. Ainda, encontra-se no
papiro uma incrível tabela para a transformação de frações gerais em
somas de frações unitárias. Esta tabela demonstrava uma habilidade
aritmética difícil de ser encontrar até mesmo nos dias de hoje, apesar
de nossos recursos técnicos e tecnológicos. A operação aritmética
fundamental no Egito era a adição. A multiplicação e divisão eram
efetuadas no tempo de Ahmes por sucessivas duplações. Na divisão,
inverte-se o processo de “duplação”: o divisor é dobrado
sucessivamente ao invés do multiplicando. Além das notações
citadas, ainda havia inúmeras outras cuja idéia estaria presente em
estudos posteriores, como por exemplo, o Teorema de Pitágoras.
Após a civilização egípcia, surgiram os romanos que passaram a
utilizar as letras do próprio alfabeto para representar os números.
Porém, o sistema de numeração decimal ainda era de difícil
compreensão. Para resolver este problema, surge na Índia, no final do
século VI uma importante notação: a descoberta do algarismo 0
(zero). Este novo algarismo veio para preencher os espaços que
ficavam vazios entre as casas decimais. Quando este surgiu, já havia
outro sistema de numeração, bem parecido ao que utilizamos
atualmente. O novo sistema fora desenvolvido pelos hindus, mas
quem os divulgou pelo mundo foram os árabes (por isso o nome de
Algarismos Hindu-arábicos). A Índia teve grande participação na
História da Matemática, pois deve-se a seus matemáticos o sistema
de numeração decimal que encontramos hoje. Com todos estes
avanços, ainda faltava um ponto de extrema importância para a
História: os números negativos. Eles aparecem pela primeira vez na
China antiga. Os chineses estavam acostumados a calcular com duas
coleções de barras - vermelha para os números positivos e preta para
os números negativos. No entanto, não aceitavam a idéia de um
número negativo poder ser solução de uma equação. Os Matemáticos
indianos descobriram os números negativos quando tentavam
formular um algoritmo para a resolução de equações quadráticas. Um
exemplo disso são as contribuições de Brahomagupta, pois a
aritmética sistematizada dos números negativos encontra-se pela
primeira vez na sua obra. As regras sobre grandezas eram já
conhecidas através dos teoremas gregos sobre subtração, como por
exemplo, (a -b) (c -d) = ac +bd -ad -bc, mas os hindus converteram-
nas em regras numéricas sobre números negativos e positivos. Na
Grécia, enquanto o Helenismo se difundia contra os bárbaros,
Euclides de Alexandria (360 a.C – 295 a.C) cria a famosa Geometria
Euclidiana. Em 300 a.C cria Os Elementos, um conjunto de treze livros
que o torna o mais importante autor de Matemática da Antiguidade
greco-romana. A obra cobria toda a aritmética, álgebra e geometria
conhecidas até então no mundo grego e reunia os trabalhos de seus
predecessores (isso se verifica com maior clareza no texto postado
sobre a importância dos gregos para a matemática).

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