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Centro de Ciências Biológicas e da Saúde

Departamento de Enfermagem
Enfermagem Ginecológica e Obstétrica

MATERIAL DIDÁTICO-INSTRUCIONAL

SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À


GESTANTE COM HEMORRAGIAS DA GESTAÇÃO

Profª Msc Sandra L. Felix de Freitas


Profª Dra Maria Auxiliadora de Souza Gerk
Profª Dra Dra Sandra Lucia Arantes
Profª Dra Cristina Brandt Nunes
Profª Msc Marisa Rufino Ferreira Luizari

Campo Grande, 2010


Sumário
1 HEMORRAGIAS DA PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO..........................................6
1.1 ABORTAMENTO.......................................................................................................... 6
1.1.1 Tipos de Abortamento............................................................................................. 6
1.1.1.1 Abortamento espontâneo................................................................................. 7
1.1.1.2 Abortamento Provocado.................................................................................. 9
1.1.1.3 Ameaça de abortamento (ou abortamento evitável)...................................... 11
1.1.1.4 Abortamento inevitável/Incompleto.............................................................. 11
1.1.1.5 Abortamento retido........................................................................................ 12
1.1.1.6 Abortamento completo...................................................................................12
1.1.1.7 Abortamento oculto ou retido........................................................................ 13
1.1.1.8 Abortamento recorrente ou habitual.............................................................. 13
1.1.1.9 Abortamento séptico ou infectado................................................................. 13
1.2 Gravidez ectópica.......................................................................................................... 15
1.2.1 Gravidez Tubária................................................................................................... 15
1.2.2 Doença Trofoblástica Gestacional (DTG)............................................................. 23
1.3 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À GESTANTE COM
HEMORRAGIA DA PRIMEIRA METADE...................................................................... 28
1.3.1 Diagnósticos de enfermagem segundo a NANDA (2010) e prescrições de
enfermagem utilizando-se o eixo ação da CIPE - versão 1.0 (2007)...............................28
1.3.2 Prescrição de Enfermagem.................................................................................... 28
2 HEMORRAGIAS DA SEGUNDA METADE DA GESTAÇÃO........................................29
2.1 Placenta Prévia.............................................................................................................. 29
Conduta de Enfermagem.............................................................................................33
2.1.1 Descolamento Prematuro de Placenta................................................................... 33
2.2 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À GESTANTE COM
HEMORRAGIAS DA GESTAÇÃO....................................................................................41
2.2.1 Diagnósticos de enfermagem segundo a NANDA (2010) e prescrições de
enfermagem utilizando-se o eixo ação da CIPE - versão 1.0 (2007)...............................41
2.2.1.1 Em caso de Placenta Prévia........................................................................... 41
2.2.1.2 Em caso de Descolamento Prematuro de Placenta........................................ 42
REFERÊNCIAS........................................................................................................................44
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OBJETIVOS DO CAPÍTULO

Geral

● Desenvolver assistência, sistematizada e fundamentada, à mulher com


hemorragia da primeira metade da gestação.

Específicos:

● Reconhecer as causas das hemorragias da primeira metade da gestação;

● Identificar os diagnósticos de enfermagem em cada caso;

● Elaborar a prescrição de enfermagem adequada aos diagnósticos


identificados.
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INTRODUÇÃO

A gestação é um fenômeno fisiológico, mas algumas gestantes que, por sofrer


algum tipo de agravo ou por possuírem características específicas são mais
suscetíveis de apresentar uma evolução desfavorável, tanto para o feto como si
mesma. São as chamadas de gestantes de risco (BRASIL, 2000 apud GOUVEIA;
LOPES, 2004), que representam, aproximadamente, 15% do total de mulheres
grávidas (BRASIL, 2001 apud GOUVEIA; LOPES, 2004).

“A gestação de alto risco ocorre quando existe alguma doença na gestante ou


qualquer outra condição sócia biológica que possa prejudicar a evolução da
gestação” (BUZZO et al, 2007, p.89).

O termo risco tem significados diversos para profissionais diferentes. No caso


dos médicos o termo pode estar focalizado em processos mórbidos e nos
tratamentos que visam a prevenção das complicações. Para os enfermeiros o termo
leva também à concentração dos cuidados de enfermagem e no impacto
psicossocial do agravo, para a gestante e sua família. Juntos, estes profissionais,
precisam trabalhar como uma equipe, com o objetivo principal de atendimento que
consiste em “assegurar o melhor desfecho possível para a gestante, seu feto e sua
família” (RICCI, 2008, p.440).

De acordo com o Ministério da Saúde, a avaliação do risco deverá ser feita


em cada consulta de pré-natal (BRASIL, 2005), uma vez que, fatores adcionais
podem ser identificados em consultas subsequentes (RICCI, 2008)

Se, no decorrer da gestação, surgir alguma situação que caracterize alto risco
gestacional, a gestante deverá ser encaminhada para dar continuidade do pré-natal
com o médico na unidade básica de saúde (UBS) ou em centros de referência,
dependendo do caso (BRASIL, 2005).

Um dos distúrbios que caracterizam o risco gestacional é a hemorragia na


gravidez, podendo ser de variadas etiologias.

Segundo Ricci (2008) qualquer hemorragia que ocorra durante a gravidez é


sério e potencialmente fatal. São vários os distúrbios que podem levar uma gestante
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ao sangramento e, estes podem acontecer desde início até o final da gravidez. As


gestantes de risco precisam ser consideradas como um grupo com necessidades
específicas, em que “a esperança do sucesso da evolução da gestação até o termo
se confronta com as complicações presentes ou potenciais”.

Há diagnósticos de enfermagem e problemas colaborativos que são comuns


às gestantes de risco, independente do diagnóstico (clínico e/ou obstétrico)
que estejam apresentando, o que permite estabelecer quais dados devem
ser prioritariamente investigados no momento da admissão da gestante,
quando, algumas vezes, o diagnóstico (clínico e/ou obstétrico) ainda não
está definido. Por outro lado, o diagnóstico quando conhecido, é importante,
pois há diagnósticos de enfermagem e problemas colaborativos que estão
estreitamente relacionados a eles.

Neste capítulo estudaremos as principais causas de perda sanguínea durante


o processo gravídico e a sistematização da assistência de enfermagem adeuqada a
cada caso.
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1 HEMORRAGIAS DA PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO

As causas de hemorragia na gravidez inicial podem ser relacionadas com a


própria gravidez ou de origem ginecológica. Os sangramentos que ocorrem na
primeira metade da gestação são: abortamento, gravidez ectópica e doença
trofoblástica gestacional (RICCI, 2008) e descolamento cório-amniótico (BRASIL,
2005).

1.1 ABORTAMENTO
A origem etimológica da palavra aborto é de origem latina (abortus ou
abortio), conjugação das palavras “ab” (privação) e “ortus” (nascimento), significando
não nascer, impedir o nascimento ou privação do nascimento (SOUZA FILHO;
AMARAL, 2010; CUELLAR, 2010).

1.1.1 Tipos de Abortamento

- Segundo a intenção (forma ou condição jurídica) o abortamento pode ser:

● Espontâneo ou natural;
● Induzido ou provocado;
○ Eletivo ou legal;
○ Criminoso ou ilegal.
O abortamento, segundo a sua intenção, pode ser dividido em duas
categorias: o abortamento espontâneo e o abortamento provocado (BAZOTTI;
STUMM; KIRCHNER, 2009).

- Segundo a cronologia o abortamento pode ser:

● Precoce, com idade gestacional de até 12 semanas;


● Tardio, com idade gestacional superior a 12 semanas.
- Segundo a evolução clínica o abortamento pode ser:

Segundo Brasil (2005b) os abortamentos podem ser classificados, segundo a


sua evolução clínica, em:

● Ameaça de abortamento ou abortamento evitável;


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● Abortamento inevitável/incompleto;
● Abortamento oculto ou retido;
● Abortamento completo;
● Abortamento infectado;
● Abortamento habitual.

1.1.1.1 Abortamento espontâneo

Definição

“O abortamento espontâneo é descrito como a expulsão do feto. O mesmo


acontece sem que a mulher esteja esperando, diferente do abortamento induzido,
que é realizado com o consentimento da mulher” (BAZOTTI; STUMM; KIRCHNER,
2009, p.148).

É a eliminação de produto conceptual antes de 22 semanas de gestação com


concepto de peso inferior a 500 gramas e estatura menor que 16,5 cm (MENEGOCI
et al., 2007, p.26), ou de qualquer outro produto da gestação de qualquer peso e
idade gestacional, especificamente designado (por exemplo, Doença Trofoblástica
Gestacional).

É a morte ou expulsão ovular ocorrida antes de 22 semanas ou quando o


concepto pesa menos de 500g (BRASIL, 2005).

O abortamento é considerado precoce quando ocorre até a 13ª semana e


tardio quando ocorre entre a 13ª e 22ª semanas, sendo que os abortos precoces são
os mais frequentes (CARDOSO, 2007). Cerca de 80% dos casos de abortamento
ocorrem no primeiro trimestre de gestação (RICCI, 2008).

Segundo Cunningham et l. (1997) apud (Cashion, 2002), abortamento


espontâneo é a expulsão do ovo ou concepto antes de sua viabilidade. Isto é:

● Pesando menos que 500g

● Equivalendo a 20-22 semanas de idade gestacional.

Incidência
É impossível estabelecer uma incidência precisa do abortamento espontâneo
devido aos abortos subclínico, ou seja, a mulher aborta sem saber que está grávida.
Interpreta o atraso menstrual como uma irregularidade no ciclo menstrual. No
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entanto, estima-se que, cerca de 15% das gestacoes entre a 4a e a 20a semanas de
evolucao terminam espontaneamente (MEDCURSO, 2004).
Segundo Nakamura e Barreto (1979) apud Schor; Alvarenga (2010), entre
2800 mulheres entrevistadas, 15% delas tinha histórico de aborto espontâneo ou
provocado. Além disso, foi constatado que a incidência do aborto é maior nas áreas
urbanas, numa proporção 2:1 em relação às áreas rurais.

Diagnóstico

Feito por meio da história clínica da cliente, ultrassonografia e laboratorial


(dosagem hormonal: hCG, progesterona).

Etiologia

É conhecida somente em 1/3 dos casos. A etiologia mais comum para


abortamento no primeiro trimestre são as anomalias genéticas fetais. De acordo com
Marchiano (2004) apud Ricci (2008), os casos que ocorrem no segundo trimestre
são mais relacionadas à causas maternas, tais como:

● Incompetência istmo-cervical (esvaecimento e dilatação do colo, indolor,


durante o 2º trimestre de gestação);

● Anomalias congênitas ou adquiridas da cavidade uterina: Mal-formações


uterinas, miomas, hipoplasia uterina, Ashermann (presença de sinéquias
dentro da cavidade uterina decorrentes de curetagens, cirurgias ou
infecções), pólipos;

● Infecções: toxoplasmose, listeriose (doença rara e grave, causada,


usualmente, pelo consumo de alimentos contaminados com a bactéria
Listeria monocytogenes), brucelose, sífilis, micoplasma, citomegalovírus,
herpes, rubéola e vaginose bacteriana;

● Causas imunológicas (Lupus, Síndrome de anticorpos antifosolípides,


incompatibilidade Rh e ABO);

● Endocrinopatias:

○ Insuficiência lútea - corresponde a 35% dos abortamentos habituais;


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○ Hipotireodismo: 50%;

○ Hipertireoidismo: 35%;

○ Diabetes: 30% das gestantes com diabetes abortam.

1.1.1.2 Abortamento Provocado

Definição

Abortamento é a interrupção da gravidez até a 20ª-22ª semana e com o


produto da concepção pesando menos que 500g. O abortamento provocado é
quando a gestação é interrompida por decisão pessoal da mulher (BRASIL, 2005b).

É o abortamento causado por uma ação humana deliberada. Também é


denominado aborto induzido, voluntário ou procurado, ou ainda, interrupção
voluntária da gravidez. Pode ser legal ou ilegal.

Em função do período gestacional em que é realizado, emprega-se uma das


quatro intervenções cirúrgicas seguintes:

● sucção ou aspiração;
● dilatação e curetagem;
● dilatação e expulsão;
● injeção de soluções salinas.

Incidência

A incidência do aborto vem diminuindo no período estudado de 1992 a 2005,


mas ainda pode ser considerada alta para os padrões de saúde pública,
demonstrando que para três nascidos vivos existe um aborto induzido (IPAS, 2007).

Etiologia

Em estudo realizado por Marques (2007) com usuárias do Hospital


Maternidade Alexander Fleming identificou os seguintes motivos para a prática do
aborto provocado ilegal:

● baixo grau de escolaridade;


● gravidez não planejada ou não desejada;
● falta de informação referente a questões contraceptivas;
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● não uso de método contraceptivo;


● dificuldade no acesso aos métodos contraceptivos.

Complicações

Em qualquer um dos métodos utilizados para provocar o abortamento as


consequências são:

● Esterilidade;

● Hemorragias (graves e por vezes ligeiras);

● Perfuração do útero;

● Laceração do colo uterino provocada pelo uso de dilatadores;

● Lesões de bexiga, intestinos e trompas de Falópio;

● Necessidade de transfusão de sangue;

● Retenção de restos de placenta, seguida de infecção, peritonite, tétano, e


septicemia;

● Subseqüentes gestações afetadas, aumentando o risco de prematuridade,


gravidez ectópica, abortamento espontâneo, e baixo peso ao nascer;

● Morte materna (Segundo o relatório, Morte e Negação: Abortamento Inseguro


e Pobreza, das 500 mil mortes maternas que ocorrem a cada ano, 13%, ou 70
mil, podem ser atribuídas a complicações provocadas por um aborto realizado
de forma insegura);

● Consequências psíquicas:
○ Medo;
○ Ansiedade;
○ Dor;
○ Culpa.
É importante ressaltar que o risco e a gravidade das complicações crescem
com o avanço da gestação.
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1.1.1.3 Ameaça de abortamento (ou abortamento evitável)

Definição

Situação em que ocorre, nas primeiras 20-22 semanas de gravidez,


sangramento de pequena a moderada intensidade, podendo existir dores, tipo
cólicas, geralmente pouco intensas, orifício interno do colo uterino impérvio, volume
uterino compatível com idade gestacional (RIBEIRO, 2010) e sem sinais de infecção.

Nestes casos o exame de ultra-som mostra-se normal, podendo encontrar


pequena área de descolamento ovular (BRASIL, 2005b).

Tratamento

Não existe indicação de internação hospitalar, a mulher deve ser


orientada para ficar em repouso, utilizar analgésico se apresentar dor,
evitar relações sexuais durante a perda sangüínea, e retornar ao
atendimento de pré-natal. Nos casos em que não ocorre regressão das
alterações ou se surgir febre, dor pélvica localizada ou sangramento com
odor fétido, deve a mulher retornar ao serviço de saúde para nova avaliação
(Ibdem, p.22).

1.1.1.4 Abortamento inevitável/Incompleto

Definição

Situação em que o

“sangramento é maior que na ameaça de abortamento, que diminui com a


saída de coágulos ou de restos ovulares, as dores costumam ser de maior
intensidade que na ameaça e o orifício cervical interno encontra-se aberto.
O exame de ultra-som confirma a hipótese diagnóstica, embora não seja
imprescindível” (BRASIL, 2005b, p.23).

Tratamento

O Ministerio da Saúde (BRASIL, 2005b) recomenda que:

● Se a idade gestacional for inferior a 12 semanas, pelo tamanho uterino,


indica-se a aspiração manual intra-uterina (AMIU), por ser método mais
seguro e permitir maior rapidez no esvaziamento uterino.

● Em casos em que não for possível empregar essa técnica, indica-se a


realização da curetagem uterina.
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● Em úteros com volume compatível com idade gestacional superior a


12 semanas, emprega-se o misoprostol na dose de 200mcg de 12 em 12
horas, via vaginal, durante dois dias, com três a cinco dias de intervalo,
podendo ser associado à indução com ocitocina.

● Após a expulsão, se o volume uterino for compatível com gestação


com inferior a 12 semanas, faz-se a AMIU ou realiza-se a curetagem uterina.

● Avaliar a perda sangüínea e, se for extremamente necessário, indica-


se a transfusão sangüínea.

1.1.1.5 Abortamento retido

Definição

Com frequência, os casos de abortamento retido cursam com regressão dos


sintomas e sinais de gravidez, o colo uterino permanece impérvio e não ocorre perda
sangüínea. A ultrasonografia revela “ausência de sinais de vitalidade ou a presença
de saco gestacional sem embrião (ovo anembrionado). Pode ocorrer o abortamento
retido sem os sinais de ameaça” (BRASIL, 2005b, p.23).

Tratamento

Pode ser tratado utilizando-se o misoprostol ou, quando o tamanho uterino


corresponder à gestação com menos de 12 semanas, pode-se empregar a técnica
de AMIU (Ibdem).

1.1.1.6 Abortamento completo

Definição

Casos em que o sangramento e as cólicas diminuem ou cessam após a


expulsão do material ovular. O orifício cervical interno pode estar aberto e o volume
uterino mostra-se menor que o esperado para a idade gestacional. Na
ultrassonografia a cavidade uterina encontra-se vazia ou com imagens sugestivas de
coágulos. Este tipo de abortamento ocorre geralmente, em gestações com menos de
oito semanas. (BRASIL, 2005b).
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Tratamento

Manter observação, com atenção especial ao sangramento e aos sinais de infecção


uterina. Se o sangramento persistir, ou em casos em que a mulher deseja
interromper a perda sanguínea, realiza-se a aspiração manual intra-uterina (AMIU)
ou a curetagem uterina (Ibdem).

1.1.1.7 Abortamento oculto ou retido

Definição

Situação em que ocorre regressão dos sintomas e sinais da gestação, o colo


uterino encontra-se fechado, sem perda sanguínea mas a ultrassonografia revela
ausência de sinais de vitalidade embrionária/fetal ou a presença de saco gestacional
sem embrião (ovo anembrionado) (BRASIL, 2005b).

Tratamento

Segundo o Ministério da Saúde (Brasil, 2005b) este caso pode ser tratado
utilizando-se o misoprostol ou, quando o tamanho uterino corresponder à idade
gestacional inferior a 12 semanas, pode-se empregar a técnica de AMIU.

1.1.1.8 Abortamento recorrente ou habitual

Definição

Caracteriza-se pela perda espontânea e consecutiva de três ou mais


gestações antes da 22ª semana. É primário quando a mulher jamais conseguiu levar
a termo qualquer gestação, e secundário quando houve uma gravidez a termo
(BRASIL, 2005b, p.24).

Tratamento

Estas mulheres devem ser encaminhadas para tratamento especializado, em


que seja possível identificar as causas e realizar tratamentos específicos (ibdem).

1.1.1.9 Abortamento séptico ou infectado

Definição
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Abortamento associado a manipulações da cavidade uterina pelo uso de


técnicas inadequadas e inseguras. As infecções são polimicrobianas e provocadas,
geralmente, por bactérias da própria flora vaginal (BRASIL, 2005b).

Manifestações clínicas

● Elevação da temperatura;

● Sangramento genital com odor fétido ou eliminação de pus através do colo


uterino;

● Dores abdominais;

● Dor referida durante a manipulação dos órgãos pélvicos, pelo toque vaginal.

Tratamento

São casos graves e devem ser tratados, independentemente da vitalidade do


feto. A norma sugerida pelo Ministério da Saúde (Brasil, 2005b) é:

● O esvaziamento uterino, nos úteros com tamanho compatível com


idade gestacional de até 12 semanas, deve ser realizado, preferencialmente,
por aspiração manual intra-uterina (AMIU), por apresentar menores taxas de
complicações, menor necessidade de dilatação cervical e realizar a aspiração
do material infectado.

● Durante a realização desse procedimento, o médico deve estar atento


para o fato de que a perda do vácuo pode significar perfuração uterina prévia.
Na impossibilidade do uso da AMIU, pode-se empregar a curetagem uterina;
em ambas, durante o esvaziamento uterino deve acontecer a infusão de
ocitocina.

● Nos casos mais graves, acompanhados por peritonite e que


apresentam demora na resposta satisfatória, deve-se proceder a laparotomia
exploradora e, se necessário, realizar a retirada de órgãos pélvicos
acometidos pela infecção.
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● A persistência de febre após os cuidados iniciais pode significar


abscessos pélvicos ou tromboflebite. Nesse caso, indica-se a utilização da
heparina.

1.2 GRAVIDEZ ECTÓPICA

1.2.1 Gravidez Tubária

Definição

Prenhez ectópica (PE) é a implantação e o desenvolvimento do ovo fora da


cavidade corporal do útero. Também são consideradas ectópicas a gravidez que
ocorre nas regiões cervical e a cornual do útero (MENEGOCI, et al., 2007).

A gravidez ectópica é a principal causa de morte materna no primeiro


trimestre da gestação por este motivo é importante o diagnóstico precoce(Ibdem).

Localização

Segundo Craig et al. (2008), mais de 95% dos casos de gravidez ectópica são
de implantação tubária, sendo os casos de implantação ovariana, intersticiais e
abdominais muito infrequentes, motivo pelo qual nos limitaremos a discutir os casos
de implantação na trompa.
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As gravidezes ectópicas não tubárias representam um pequeno percentual


de todas as ectópicas, mas estão associadas à elevada morbidade (JOURDAIN et
al, 2003).

As localizações atípicas mais frequentes são: intersticial, cervical, de cicatriz


de cesárea, ovariana e abdominal (ELITO JUNIOR et al., 2008).

A gravidez intersticial representa elevada morbidade, com taxa de 2,2% de


mortalidade materna. Aproximadamente 4,7% das ectópicas implantam no
segmento intersticial da tuba (Ibdem, p.155).

Ainda segundo os mesmos autores, a gravidez ectópica cervical é a


implantação e desenvolvimento do ovo no canal cervical. Representa,
aproximadamente, 0,4% de todas as ectópicas. É acompanhada de elevada
morbimortalidade, podendo acarretar hemorragia intensa, devido a rica
vascularização do colo do útero e a pouca quantidade de fibras musculares (Ibdem).

Uma outra forma de gravidez ectópica é a de cicatriz de cesárea. É a forma


mais rara de ectópica. Duas consequências mórbidas e graves da cesariana são a
placenta acreta e a gravidez ectópica de cicatriz de cesárea.

A gravidez abdominal pode ser primária, de difícil comprovação, ou


secundária, após abortamento para a cavidade abdominal de ovo previamente
implantado na trompa. Há possibilidade de evolução da gestação até idades
gestacionais avançadas, com alta prevalência de malformações estruturais fetais
(OLIVEIRA; MONTEIRO; LOPES, 2010).

A gestação ovariana pode ser resultante de alterações da função de captação


ovular (presentes nas fimbrias tubárias) e a processos aderenciais e inflamatórios,
que impedem a mobilização da trompa (BIGOLIN et al., 2007)

Gravidez heterotópica é quando ocorre uma gestação intra-uterina combinada


com uma extra-uterina. A incidência é de 1/30.000 gestações espontâneas. Sua
incidência atual é de 1% dos casos de ectópica e está relacionada às técnicas de
reprodução assistida (ELITO JUNIOR et al., 2008).
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Fatores predisponentes

Infecções devidas a abortamentos provocados e complicações por doença


sexualmente transmissível, anomalias nas tropas, insucessos na laqueadura tubária,
salpingoplastias, tumores que provoquem deformações ou tortuosidades nas tropas
(MENEGOCI, et al., 2007).

Diagnóstico

Os achados clínicos mais frequentes são a dor abdominal e sangramento


transvaginal. Outros dados importantes são: o atraso menstrual e fatores de risco
associados (VASCONCELOS; MEDEIROS, 2004).

Ao exame físico, pode ser evidenciada massa anexial palpável ou não,


abaulamento em fundo-de-saco de Douglas e, em alguns casos, irritação peritoneal
e instabilidade hemodinâmica (Ibdem).

Ainda segundo os mesmos autores, nem sempre a tríade clínica de: (1) dor
pélvica, (2) sangramento transvaginal e (3) massa anexial palpável estão presente,
além de não serem sinais patognomônicos (sintomas próprios de cada moléstia e
cuja identificação permite um diagnóstico certo). Dessa forma, é fundamental que se
faça a dosagem do beta-hCG e a ultra-sonografia. A identificação de embrião ou
saco gestacional implantados fora da cavidade uterina são as evidências mais
definitivas de uma gravidez ectópica embora outros achados (massa anexial
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complexa e líquido livre em fundo de saco em moderada quantidade) associados


com a anamnese e exame físico podem ajudar a fechar o diagnóstico. Quando o
beta-hCG for maior que 2000UI/l o saco gestacional deverá ser visualizado. Caso
contrário há grande possibilidade de ser uma gestação ectópica.

A ultra-sonografia deve ser feita criteriosamente com avaliação dos anexos,


visto da possibilidade de uma gravidez heterotópica (gestação intra uterina
associada a uma ectópica), apesar de ser rara e com uma incidência de 1 para 4000
a 7000 gestações (Ibdem).

O diagnóstico precoce da gravidez ectópica é importante para reduzir o risco


de ruptura tubária, além de melhorar o sucesso das condutas conservadoras (ELITO
JUNIOR et al., 2008, p.150).

Alem da tríade podem ser encontrados sinais não-especificos mas que podem
aumentar a probabilidade do diagnostico:

● Sinal do Cullen – equimose ao nível do umbigo


● Sinal do Adler – ao mobilizar a paciente de um lado e do outro, piora a dor
● Sinal do Palmer – hipertermia retal matinal

Em caso de inundação peritoneal podem surgir os seguintes sinais:

● Sinal do Proust positivo (grito do Douglas) – paciente grita quando se toca o


fundo-de-saco de Douglas);

● Sinal do Solovij (sensação de neve ao apalpar o Douglas) e positivo;


● Sinal do Ody (dor no fundo de saco anterior – região vesical) positivo;
● Sinal do Hurzfeld (vontade muito forte de urinar);
● Sinal do Banki – dor à mobilização do colo;
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● Sinal do Meylan e Mosadegh - Dor em região anal.

No caso de rotura tubária, o quadro clínico está diretamente relacionado à


quantidade de perda sanguínea: hipotensão, taquicardia, palidez cutâneo-mucosa. A
paciente pode apresentar hipertermia (MENEGOCI et al., 2007).

Instala-se hemoperitônio com agravamento da sintomatologia dolorosa pela


irritação peritoneal, bem como passa a ocorrer instabilidade hemodinâmica
ou mesmo choque hipovolêmico. A queixa de dor irradiada ao ombro se
deve à irritação dos ramos subdiafragmáticos do nervo frênico, constituindo
o sinal de Laffont (Ibdem, p.28).

Tratamento

A conduta pode ser clínica ou cirúrgica ou expectante.

A associação de diagnóstico precoce e a conduta antes da ruptura tubária


reduziu de forma espantosa a mortalidade materna ocasionada pela gravidez
ectópica (BERG et al., 2003 apud ELITO JUNIOR et al., 2008).

Inicialmente realiza-se uma avaliação do estado hemodinâmico, garantir um


bom acesso periférico, hidratar, colher exames laboratoriais (tipagem sanguínea,
hemograma e beta-hCG) e providenciar reserva sanguínea (VASCONCELOS;
MEDEIROS, 2004).

➔ Conduta expectante

A conduta expectante surgiu após o conhecimento mais pormenorizado da


história natural da gravidez ectópica.

Em 1955, foi realizado um estudo prospectivo de conduta expectante da


gravidez ectópica em 119 pacientes em que o pesquisador Lund obteve sucesso em
57% dos casos, constadando que “muitas gravidezes ectópicas evoluem
espontaneamente para abortamento tubário e reabsorção, sem que haja
sangramento importante ou ruptura da tuba” (LUND, 1055 apud ELITO JUNIOR, et
al., 2008, p.154).

➔ Tratamento medicamentoso

Protocolos para o tratamento medicamentoso da gravidez ectópica com


metotrexato (MTX) “foram estabelecidos no final da década de 1980 e esta conduta
20

vem sendo utilizada por vários serviços desde então” (TANAKA et al., 1982; ORY et
al., 1986; STOVALL; LING; BUSTER, 1989; Pisarska; Carson; Buster, 1998;
LIPSCOMB; STOVALL; LING, 2000 apud, p.152).

Segundo Elito Junior et al. (2008), o MTX é um antagonista do ácido fólico. O


ácido fólico é convertido em tetrahidrofolato pela enzima dehidrofolato redutase
(DHFR), etapa importante na síntese do DNA em precursores do RNA. O MTX,
inibindo a DHFR, leva a diminuição de elementos necessários para síntese do ácido
desoxirribonucléico (DNA) e ácido ribonucléico (RNA).

Ainda segundo esses autores existem dois esquemas consagrados para


ministração do MTX: o de dose única e o de múltiplas doses.

No protocolo de dose única, é ministrado o MTX na dose de 50 mg/m2 por via


intramuscular (VASCONCELOS; MEDEIROS, 2004; ELITO JUNIOR et al., 2008).

Já o protocolo de múltiplas doses consiste na aplicação intramuscular de MTX


na dose de 1 mg/kg (nos dias 1, 3, 5 e 7) alternando com leucovorin (ácido folínico)
na dose de 0,1 mg/kg (nos dias 2, 4, 6 e 8) (ELITO JUNIOR et al., 1999).

O tratamento com MTX pode ser ministrado localmente na tuba, em dose de 1


mg/kg (FERNANDEZ et al., 1995 apud ELITO JUNIOR et al., 2008), em geral guiado
por uma ultrassonografia transvaginal. Para realizar este procedimento, é necessário
que a paciente esteja sedada. Para realizar a injeção utiliza-se agulha calibre 20 ou
22 acoplada à sonda vaginal. A principal indicação para o tratamento com MTX local
é a presença de embrião vivo e nos casos de localização atípica da gravidez
ectópica (gravidez intersticial, gravidez ectópica cervical, gravidez de cicatriz de
cesárea, gravidez ovariana, e heterotópica) (ELITO JÚNIOR et al., 1999; CEPNI et
al., 2004 apud ELITO JUNIOR, 2008).

Nos casos de gravidez ectópica íntegra o tratamento com MTX é seguro e


efetivo (SCHOENFELD et al., 1992 apud ELITO JUNIOR et al., 2008), mas a
mulher pode apresentar os seguintes efeitos colaterais: estomatite, gastrite, diarréia,
hepato- e mielotoxicidade (VASCONCELOS; MEDEIROS, 2004).

Ainda segundo Vasconcelos e Medeiros (2004), os critérios para o uso do


MTX são:
21

● Gravidez ectópica íntegra


● Embrião sem atividade cardíaca
● Estabilidade Hemodinâmica
● Ausência de doença hepática ou renal
● Consentimento informado da paciente

O seguimento da paciente após o uso do MTX deve incluir:

● Curva de pulso e PA 2/2h nas primeiras 24h.


● US nos dias 3, 7, quinzenal ou mensal.
● Rotina laboratorial (no 3º,10º, 30º e 60º dia):
○ Hemograma completo.
○ beta-hCG.
○ uréia e creatinina.
○ TAP, TGO, TGP e coagulograma.
● Histerossalpingografia (após 60 dias).

➔ Tratamento cirúrgico

De acordo com Vasconcelos e Medeiros (2004), o tratamento cirúrgico


abrange diversos procedimentos desde os mais conservadores (laparoscopia,
salpingotomia linear, salpingostomia linear e ordenha tubária) até as laparotomias
exploradoras com exérese (excisão, extirpação) anexial, dependendo do estado
hemodinâmico da paciente, localização da implantação e desejo de engravidar.

A cirurgia é a conduta padrão no tratamento da gravidez ectópica sendo a via


preferencia a laparoscópica. A laparotomia deve ser realizada nos casos de ruptura
tubária com instabilidade hemodinâmica. A cirurgia feita por laparoscopia apresenta
inúmeras vantagens, tais como: menor tempo de internação, recuperação mais
rápida e menores custos (LUNDORFF et al., 1991 apud ELITO JUNIOR, 2008).

A grande controvérsia no tratamento cirúrgico, nas pacientes desejosas de


preservar o futuro reprodutivo, é entre a cirurgia radical (salpingectomia) e a cirurgia
conservadora (salpingostomia) (BANGSGAARD et al., 2003).
22

A salpingostomia (operação que consiste em praticar uma abertura artificial


ou fístula na trompa de Falópio) está indicada nos casos em que se pretende
preservar a fertilidade.

Se acordo com Elito Junior (2008), a salpingectomia (extirpação, retirada da


trompa de Falópio) está indicada nos seguintes casos:

● nas pacientes com prole constituída,


● nos casos de lesão tubárea irreparável,
● nas tentativas de salpingostomia com sangramento persistente,
● quando ocorre recidiva de gravidez ectópica na mesma tuba
● quando os títulos da β-hCG são muito elevados.
23

1.2.2 Doença Trofoblástica Gestacional (DTG)

Definição

Também conhecida como Neoplasia Trofoblástica Gestaciona (NTG), é uma


neoplasia vesiculosada (em forma de vesícula) das vilosidades coriônicas
(BERKOWITZ; GOLDSTEIN, 2009) .

Neoplasia é um crescimento anormal das células, comumente chamado de


tumor.

Trofoblasto é a parede externa do embrião humano que forma posteriormente


a camada superficial da placenta.

Logo, as Neoplasias Trofoblasticas Gestacionais são tumores originários do


trofoblasto.

Etiologia - Fatores predisponentes:

● Gravidez nos extremos da vida reprodutiva;

● Doença molar prévia - Risco de nova gravidez molar:

○ 1% após uma mola

○ 15 a 18% após duas molas.

Incidência

Ocorre, no ocidente, numa proporção de um caso para 1.000 a 2.000


gestações (STEIGRAD, 2003 apud ANDRADE, 2009).

Classificação

● Mola hidatiforme (MH)

○ total ou completa (MHC) – 75% dos casos;

○ parcial ou incompleta (MHP) – 25% dos casos;

● formas com comportamento maligno:


24

○ mola invasora;

○ coriocarcinoma;

○ tumor trofoblástico de leito placentário.

A MH é uma complicação da gravidez com potencial para evolução para


doença com comportamento maligno e que ocorre, no Ocidente, numa proporção de
um caso para 1.000 a 2.000 gestações (STEIGRAD, 2003 apud ANDRADE, 2009),
sendo a doença trofoblástica gestacional (DTG) mais frequente.
25

A MHC é o resultado da fecundação de um óvulo sem núcleo ativo, o


que significa que todos os genes na MHC são de origem paterna
(dissomia uniparental). Entre as MHC, 90% têm cariótipo 46,XX e os
10% restantes, 46,XY. Estas anomalias cromossômicas causam a perda
precoce do embrião e proliferação excessiva do tecido trofoblástico
(ZARAGOZA et al, 2000 apud ANDRADE, 2009).
A MHP é associada ou causada por triploidia (69XXY) e mais raramente
tetraploidia (92XXXY), com o conjunto de cromossomos extra-haplóide
de origem paterna (diandria). Estas anomalias ocorrem quando um
óvulo normal é fecundado por dois espermatozoides ou um
espermatozoide diplóide (Ibdem).
Manifestações clínicas

Segundo Berkowitz; Goldstein (2009), as manifestações mais comuns na


DTG são:

● Fluido vaginal sanguinolento - hemorragia persistente no 1º trimestre (92%);


● Algumas mulheres podem apresentar Doença Hipertensiva Específica da
Gravidez (DHEG) precoce e hiperêmese gravídica;
● Ao exame físico observa-se:
○ Crescimento rápido do útero – útero grande para a idade gestacional
(54%);
○ Consistência uterina diferente do normal, amolecida;
○ Ausência de movimentos fetais
○ Ausência de BCFs (em caso de MHC)
○ Expulsão de cistos semelhantes a uvas pelo útero – se o colo uterino
estiver pérvio pode-se palpar e extrair as vesículas (43%);
○ Ausência do sinal de Hegar;
○ Algumas pacientes têm cistos luteínicospalpáveis.

Tratamento

● Esvaziamento imediato do útero


● Monitoragem seriada dos níveis de b-HCG (por 6 meses a 1 ano)
● Contracepção durante 1 ano
● Recorrência
○ Ocorre em 20% com mola completa
26

○ Invade miométrio ou torna-se metastática


○ Tratamento com methotrexate
● A maioria volta a conceber e evolui com gravidez normal

Complicações

● Hemorragia;

● Infecção;

● Toxemia;

● Perfuração espontânea ou acidental do útero;

● Mortalidade materna;

● A p a r e c i m e n t o po s t e r i o r de cori a d e n o m a d e s t r u t i v o ou cori o c a r c i n o m a .

Seguimento após o tratamento da mola hidatiforme

O objetivo mais importante do seguimento é detectar precocemente os casos


que apresentem persistência da doença (ANDRADE, 2009).

A gonadotrofina coriônica humana (hCG), hormônio glicoprotéico,é produzido


pelo tecido trofoblástico normal e tumoral. O parâmetro mais importante para o
acompanhamento de pacientes, após o esvaziamento molar é a dosagem da hCG 6,
pois “detecta a persistência de trofoblasto ativo nas paredes do útero, ou em outros
locais, e fornece dados para a intervenção terapêutica precoce” (MAESTÁ et al.,
2000, p.374).

A Sociedade Brasileira de NTG recomenda que seja feita dosagem semanal


de β-hCG após o esvaziamento molar, até que se obtenha três dosagens
consecutivas normais. Após isso, fazer dosagens quinzenais, passando a mensal
até que se completem 6 meses após o resultado negativo (Ibdem). Após a remissão
definitiva deve ser feita uma revisão anual até o fim da vida

Consiste de:

● Exame pélvico - Deve ser feito a cada consulta para visualizar sangramento,
conteúdo vaginal, volume do útero e, eventualmente, detectar metástases;
27

● Dosagem de hCG - A intervalos semanais após o esvaziamento uterino, até


obtenção de três dosagens consecutivamente normais (<5mU/mL).

○ Prosseguir com intervalo quinzenal (uma dosagem) e, então, mensal até


completar seis meses após o primeiro resultado negativo quando houver
remissão espontânea e um ano quando a paciente for submetida à
quimioterapia.

● Raio - X - Radiografia dos campos pleuro-pulmonares com intervalos mensais


até alcançar remissão. Surgidas metástases é recomendável fazer tomografia
computadorizada do tórax.

● Anticoncepção - Deve ser iniciada imediatamente a contracepção hormonal


após o esvaziamento uterino (BELFORT, 2006).
28

1.3 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À


GESTANTE COM HEMORRAGIA DA PRIMEIRA METADE

1.3.1 Diagnósticos de enfermagem segundo a NANDA (2010) e


prescrições de enfermagem utilizando-se o eixo ação da CIPE - versão
1.0 (2007)

Risco de volume de líquidos deficiente, relacionado a possibilidade de


sangramento, secundário ao abortamento, gravidez ectópica ou DTG;

Volume de líquidos deficiente, evidenciado por FC aumentada, diminuição


do volume do pulso (filiforme), PA diminuída, diminuição de débito urinário,
relacionado à hemorragia;

Dor aguda, evidenciada pelo relato verbal de dor abdominal em cólicas,


relacionada ao abortamento ou ruptura da trompa;

Náusea, evidenciada por ... relacionada à...

Ansiedade, evidenciada por manifestação de apreensão, nervosismo,


preocupação, relacionada a ameaça ou mudança no estado de saude;

Conhecimento deficiente sobre a patologia e tratamento

Processos familiares alterados, evidenciado por, relacionado.

1.3.2 Prescrição de Enfermagem

Tarefa: Realizar a prescrição de enfermagem para o caso de hemorragias da


primeira metade da gestação, fundamentando-a cientificamente.
29

2 HEMORRAGIAS DA SEGUNDA METADE DA GESTAÇÃO


2.1 Placenta Prévia

Definição
Distúrbio hemorrágico que ocorre nos últimos dois trimestres da gestação,
quando a implantação placentária ocorre no segmento inferior do útero.

A placenta prévia (PP) vem se tornando cada vez mais frequente,


paralelamente ao crescente índice de cesarianas, um dos seus principais fatores
predisponentes (ANANTH et al., 1997; FREDERIKSEN et al., 1999 apud TORLONI;
MORON; CAMANO, 2001).

Etiologia
Fatores de risco para placenta prévia incluem parto cesárea anterior,
abortamentos provocados, cirurgias intra-uterinas, tabagismo, gravidez gemelar,
multiparidade e idade materna avançada (acima dos 30 anos) (OYELESE;
SMULIAN, 2006).

Diagnóstico
O diagnóstico da placenta prévia é feito pela ultrassonografia transvaginal
(Ibdem).

Manifestações clínicas
● Sangramento vaginal vermelho vivo, indolor, durante o 2º ou 3º
trimestre,

○ Sem causa aparente,

○ Inicialmente de pequena intensidade,

○ Cessa espontaneamente, porém recorre,

○ De intensidade crescente.

Classificação
● PP Total: o OCI do colo está totalmente ocupado pela placenta
30

● PP Parcial: o OCI está parcialmente ocupado por tecido placentário

● PP Marginal: a borda inferior do OCI está tangenciado pela placenta

● P Baixa: a placenta insere-se na Zona perigosa de Barnes (segmento uterino


inferior) mas não atinge o OCI do colo.

Complicações
Estudo desenvolvido por Usta et al. (2005) demonstrou que as doenças
hipertensivas, tabagismo e cesarianas prévias foram fatores de risco para acretismo
31

placentário em casos de gestantes com placenta prévia. A placenta prévia-acreta


esteve associada a altos índices de morbidade materna. Os resultados de
morbidade neonatal foram similares em casos de placenta prévia isolada e de
placenta prévia-acreta.

Em estudo retrospectivo realizado por Torloni; Moron e Camano (2001), o


acretismo ocorreu em 19,2% das pacientes com PP.

Ainda segundo os mesmos autores, uma das mais temidas complicações da


PP é o acretismo placentário, que se caracteriza por invasão do trofoblasto no
miométrio, resultando em importante hemorragia quando o obstetra tenta efetuar a
dequitação.

Cassificação do acrestismo placentario:

● Placenta acreta: placenta penetra mais profundamente na decídua,


atingindo o miométrio (músculo uterino) apenas superficialmente.

● Placenta increta: quando a placenta penetra mais profundamente no


útero e atinge o miométrio mais profundamente.

● Placenta percreta: a placenta ultrapassa o miométrio e atinge a


serosa (peritônio visceral).

Tratamento

Para a maioria das gestantes será programada a cesárea. Segundo


Gaudier (2003 apud Ricci, 2008), o tratamento da Placenta Prévia depende de
vários fatores:

● volume do sangramento,
● tipo de placenta prévia,
● desenvolvimento fetal (idade gestacional),
● posição do feto,
● paridade da gestante,
● presença ou não de trabalho de parto.

Se gestante e feto estáveis – conduta terapêutica pode ser expectante,


com cuidados domiciliares ou hospitalares. O cuidado pode ser domiciliar se:
32

● não houver hemorragia ativa

● a cliente tiver acesso disponível a transporte,

● for capaz de manter repouso no leito em casa

● se tiver capacidade de compreender instruções.

O cuidado deverá ser hospitalar se:

● houver hemorragia ativa

● a cliente precisar de assistência e monitoração contínuas,

● não conseguir lidar com exigências da assistência domiciliar.

Conduta de Enfermagem

Concentra-se na monitoração materno-fetal, avaliando sinais e sintomas


de sangramento vaginal, sofrimento fetal, proporcionando apoio à cliente e à
família, orientando-a quanto aos eventos e procedimentos a serem realizados
(RICCI, 2008).

2.1.1 Descolamento Prematuro de Placenta

Definição

É definida como a separação intempestiva da placenta normalmente inserida


de seu sítio de implantação, em gestação de 20 ou mais semanas completas e antes
do nascimentodo concepto resulta de uma série de processos fisiopatológicos,
muitas vezes de origem desconhecida (ZUGAIB , 2008).

Incidência

Incide em 0,5 a 3,0% das gestações.

Etiologia
Sua etiologia não é totalmente conhecida, podendo ser, didaticamente,
dividida em traumática e não-traumática (SOUZA; CAMANO, 2006).
33

Ainda segundo os mesmos autores, a etiologia traumática ou mecânica, pode


ser classificada em interna e externa. As causas traumáticas externas são restritas
aos grandes acidentes e traumas (acidentes automobilísticos, trauma mecânico)
(IPERBA, 2004). A prática da versão cefálica externa também pode determinar
quadro de DPP por meio de trauma externo.

Entre as causas traumáticas internas, merecem destaque o cordão curto,


polidrâmnio com escoamento rápido, movimentos fetais excessivos, retração uterina
após o parto do primeiro gemelar, hipertonia uterina (primária ou por abuso de
ocitócicos), entre outras (Ibdem).

As causas não-traumáticas de DPP constituem o aspecto etiológico mais


importante, com destaque para os chamados fatores predisponentes. A literatura
clássica e estudos mais recentes têm enumerado os principais:

● hipertensão arterial (ANANTH et al., 1999 apud SOUZA; CAMANO,


2006);
● baixa condição socioeconômica (FAIZ et al., 20010 apud SOUZA;
CAMANO, 2006);
● multiparidade (ALVES; ALENCAR JUNIOR, 2004);
● idade materna avançada (Ibdem);

● relato de DPP em gestação anterior (Ibdem);


● cesárea prévia (LYDON-ROCHELLE et al., 2001 apud SOUZA;
CAMANO, 2006);
● corioamnionite (IPERBA, 2004);
● Sobredistenção uterina (gestação múltipla, polidrâmnio) (ALVES;
ALENCAR JUNIOR, 2004);
● diabetes melito (IPERBA, 2004);

● tempo prolongado de rotura de membranas (Ibdem);


● tabagismo (ALVES; ALENCAR JUNIOR, 2004);
● etilismo e uso de drogas ilícitas, principalmente cocaína (YAMAGUCHI
et al., 2010).
34

Manifestações clínicas
O diagnóstico de DPP é fundamentalmente clínico, baseado nos achados do
quadro clínico. Classicamente, caracteriza-se por dor localizada geralmente no
fundo do útero, repentina e intensa, seguida da perda sangüínea em 80% dos casos.
Ao exame físico geral, a paciente prefere o decúbito lateral no mesmo lado da
implantação placentária (sinal de Hastings de Mello e Ivan Figueiredo). A gestante
pode manifestar sinais de estado hipovolêmico e a pressão arterial pode até
mostrar-se em níveis normais, e não elevados, em função dessas alterações
(SOUZA; CAMANO, 2006).

Ainda segundo Souza e Camano, o exame obstétrico detecta,


frequentemente, a hipertonia uterina e o batimentos cardíacos fetais comumente
ausentes. O exame genital pode detectar a hemorragia e bolsa das águas tensas. O
sangue pode ficar oculto atrás da placenta (hematoma retroplacentário), cujas
bordas permanecem aderidas à parede uterina. A formação do hematoma
retroplacentário promove o aumento progressivo da altura uterina, por vezes,
clinicamente detectável. A hipertonia surge como mecanismo reflexo. Ocorre o
colapso das veias, com acentuada diminuição do fluxo, porém o arterial, de maior
pressão, pouco se altera. Há aumento da pressão intra-uterina, estase sanguínea e
rotura dos vasos útero-placentários, causando aumento e agravamento da área de
descolamento.

Conforme a placenta se separa do útero ocorre a hemorragia, que pode ser


aparente ou oculta. No caso de hemorragia oculta, o sangue fica represado e se
coagula atrás da placenta, caracterizando o hematoma retroplacentário.

Em 80% dos casos o sangue descola ou rompe as membranas e flui para o


exterior, levando ao sangramento vaginal, causando a hemorragia externa. Nos 20%
restantes, o sangue fica retido atrás da placenta, caracterizando a hemorragia
oculta.
35

Classificação - Classificação de Sher


● GRAU Zero – O diagnostico é retrospectivo, sem complicações para a
gestante ou para o feto.

● GRAU 1 ou Leve – mínimo ou nenhum sangramento, não existe


comprometimento fetal e nem materno. O diagnóstico é geralmente
retrospectivo, com a observação do hematoma retroplacentário no estudo da
placenta ou durante a gravidez como achado casual em avaliação
ultrasonográfica.
36

● GRAU 2 ou moderado – diagnóstico baseado em sinais clássicos de DPP:


○ Sangramento genital (presente em 80% dos casos, sangue escuro);
○ Dor abdominal súbita e intensa;
○ Hipertonia Uterina, útero doloroso à palpação;
○ Ausculta fetal difícil ou ausente;
○ Aumento progressivo do volume uterino (hemorragia oculta);
○ Bolsa das águas tensa;
○ Aumento da pressão arterial ou hipotensão secundário ao choque
hipovolêmico.

● GRAU 3 ou grave – sinais clássicos do DPP associados ao óbito fetal


○ 3A - sem coagulopatia
○ 3B - com coagulopatia

Complicações
O DPP é uma grave entidade hemorrágica da segunda metade da gravidez,
com elevados índices de mortalidade perinatal (cerca de 25%) e também materna
(PRUAL et al., 2000 apud SOUZA; CAMANO, 2006).

O prognóstico dos recem-nascidos sobreviventes não é bom, principalmente


pela prematuridade e anoxia, com sequelas frequentes. Quanto ao prognóstico
materno o mesmo também pode estar comprometido principalmente em função da
lesão de múltiplos órgãos, decorrente do choque hipovolêmico e pela instalação de
distúrbios da coagulação (SOUZA; CAMANO, 2006).

Segundo Alves; Alencar Junior (2004) são complicações do DPP:

● Choque hemorrágico
● Coagulopatias de consumo: CIVD (Coagulação intravascular disseminada) -
Estão presentes em cerca de 40% dos casos graves de descolamento
prematuro da placenta. Vários mecanismos têm sido correlacionados, sendo
os mais importantes o consumo local dos fatores de coagulação, através da
formação do coágulo retroplacentário, e o consumo sistêmico, através da
coagulação intravascular disseminada conseqüente da passagem da
tromboplastina para a circulação materna (SOUZA et al., 2007).
37

● Insuficiência renal - necrose córtico-renal bilateral aguda na gravidez (2).


Também é observada necrose tubular em alguns casos. Ambas as patologias
são conseqüentes do reflexo isquêmico útero-renal, da coagulação
intravascular disseminada, da liberação de substâncias nefrotóxicas e do
estado de choque prolongado nos casos graves (6).(apud SOUZA et al.,
2007).
● Insuficiência cardio-respiratória
● Síndrome de Sheehan (necrose do lobo posterior da hipófise)
● Morte materna

Tratamento
Quanto ao tratamento do DPP, Neilson (2002 apud Souza. Camano, 2006)
apontou os seguintes princípios: parturição rápida, adequada transfusão sangüínea,
adequada analgesia, monitorização da condição materna e avaliação da condição
fetal.

O tratamento inclui o manejo clínico e o obstétrico. É fundamental a


manutenção do estado volêmico, frequentemente por meio de transfusões de
concentrado de glóbulos, ricos em fatores de coagulação afim de minimizar os riscos
de insuficiência renal e coagulopatias.

De acordo com Alves; Alencar Junior (2004) a condutaem casos de DPP deve
constituir-se em:

1. Hospitalização imediata

2. Medidas gerais

➔ Oxigenação
➔ Punção venosa com jelco
➔ Reposição volêmica : infusão de RL ou SF 0,9% 1000ml
➔ Posição adequada : Trendelemburg e DLE
➔ Sondagem vesical de demora (controle da diurese)
➔ Cateter para PVC, se necessário.
➔ Amniotomia : diminui a pressão intra-uterina e melhora a oxigenação fetal
➔ Hemotransfusão: nos casos de instabilidade hemodinâmica
38

3. Propedêutica laboratorial

➔ Tipagem sanguínea e provas cruzadas


➔ Hematimetria
➔ Coagulograma
➔ Dosagem de fibrinogênio
➔ Provas de função renal (uréia,creatinina,ácido úrico)

4. Interrupção da gestação

➔ Cesárea
➢ Feto vivo viável
➢ Feto morto com comprometimento materno progressivo
➔ Parto vaginal
➢ Feto morto ou inviável
➢ Feto vivo com boa vitalidade e possibilidade de parto rápido , com
quadro materno estável.
39

2.2 SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À


GESTANTE COM HEMORRAGIAS DA SEGUNDA METADE DA
GESTAÇÃO

2.2.1 Diagnósticos de enfermagem segundo a NANDA (2010) e


prescrições de enfermagem utilizando-se o eixo ação da CIPE - versão
1.0 (2007)

2.2.1.1 Em caso de Placenta Prévia

Risco de volume de líquidos deficiente, relacionado a possibilidade


de sangramento;

Volume de líquidos deficiente, evidenciado por FC aumentada, diminuição


do volume do pulso (filiforme), PA diminuída, diminuição de débito urinário,
relacionado à hemorragia;

Risco de crescimento desproporcional do feto relacionado a


prematuridade.

Ansiedade, evidenciada por manifestação de apreensão, nervosismo,


preocupação, relacionada a ameaça ou mudança no estado de saude.

Prescrição de Enfermagem

A prescrição de enfermagem deve ser orientada a cada caso,


dependendo da gravidade da situação.Independente se na assistência domiciliar
ou hospitalar – monitorar:

○ Volume sanguíneo perdido;

○ Nível de dor e contratilidade uterina;

○ Resultados de exames laboratoriais.

● Para avaliar a perda sanguínea: Realizar contagem de absorventes de


modo contínuo, comunicando ao médico responsável quaisquer alterações
relacionadas ao volume e frequência de perda sanguínea;

● Verificar FR, FC, PA de 4/4h ou em menor intervalo conforme a


gravidade do caso;
40

● Observar alterações na coloração da pele de 4/4h ou em menor


intervalo conforme a gravidade do caso;

● mensurar e registrar volume urinário de 4/4h ou conforme necessidade;

● Manter próximo do leito o material de emergência;

● verificar a FCF de 15 em 15 minutos ou e acordo com a gravidade do


caso;

● Instalar acesso venoso em veia calibrosa;

● Instruir a gestante a permanecer em repouso absoluto no leito;

● Avaliar o entendimento da cliente sobre a patologia e suas implicações;

● Fornecer informações à gestante sobre seu problema e tratamento;

● Promover conforto e segurança;

● Instruir a gestante para realizar o mobilograma;

● Observar capacidade de enfrentamento da gestante quanto às


restrições impostas pelo tratamento;

● Estimular dieta balanceada e nutritiva;

● Administrar imunoglobulina anti-Rh se gestante Rh negativo;

● Preparar cliente para cesárea quando necessário;

● Informar a cliente com relação ao risco do distúrbio ocorrer novamente.

2.2.1.2 Em caso de Descolamento Prematuro de Placenta

Risco de volume de líquidos deficiente, relacionado a perda


sanguínea;

Volume de líquidos deficiente, evidenciado por FC aumentada, diminuição


do volume do pulso (filiforme), PA diminuída, diminuição de débito urinário,
relacionado à hemorragia, seja ela oculta ou não;

Risco de crescimento desproporcional do feto relacionado a


prematuridade ou areas de placenta necrosada;
41

Ansiedade, evidenciada por manifestação de apreensão, nervosismo,


preocupação, relacionada a ameaça ou mudança no estado de saude.

Prescrição de Enfermagem

● Avaliara presença de fatores de risco para o DPP;


● Observar vitalidade fetal: BCF de 15 em 15 minutos, ou de acordo com o grau
de complexidade;
● Verificar FR, FC, PA de 1/1h ou em menor intervalo conforme a gravidade do
caso;
● Puncionar veia calibrosa;
● Realizar sondagem vesical;
● Realizar balanço hídrico;
● Observar e anotar o tipo de dor, localização e intensidade;
● Avaliar o tônus e dinâmica uterina;
● Observar sinais sugestivos de choque hipovolêmico e relata-los
imediatamente;
● Observar sangramento vaginal a cada 30min e registrar;
● Mensurar altura uterina a cada 30m minutos e registrar;
● Observar sinais de sofrimento fetal: auscultando BCFs a cada 30 minutos e
avaliando a movimentação fetal;
● Observar presença de sinais de CID: gengivas hemorrágicas, petéquias, etc;
● Promover apoio emocional à cliente e família;
● Explicar os procedimentos que serão realizados;
● Preparar a cliente e família para uma possível intervenção cirúrgica;
● Auxiliar a família a lidar com a perda fetal ou com o RN na UTI neonatal.
42

REFERÊNCIAS
ALVES, Rossana Maria; ALENCAR JÚNIOR, Carlos Augusto. Sangramento do terceiro
trimestre. In: FEITOSA, Francisco Edson de Lucena. Manual de condutas clínica
obstétrica. Universidade Federal do Ceará. 2004. Disponível em <
http://www.meac.ufc.br/obstetricia/manual_meac/Sangramento%20do%20Terceiro%20Trime
stre.pdf> Acesso em mai 2010.

ANDRADE, Jurandyr Moreira de. Mola hidatiforme e doença trofoblástica gestacional. Rev
Bras Ginecol Obstet. 2009; 31(2):94-101

BANGSGAARD, N. et al. Improved fertility following conservative surgical treatment of


ectopic pregnancy. BJOG. 2003;110(8):765-70.

BAZOTTI, Kellen Daiane Valandro; STUMM, Eniva Miladi Fernandes; KIRCHNER, Rosane
Maria. Ser cuidada por profissionais da saúde: percepções e sentimentos de mulheres que
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