You are on page 1of 22

As Meninas

Da narrativa literária, de Lygia Fagundes Telles


para a narrativa fílmica, de Emiliano Ribeiro.
O Tema
Na narrativa literária Na narrativa fílmica
• Tendo sido publicada em • O filme manteve-se fiel
1973, a obra reflete o não ao texto, mas ao
momento histórico de “espírito” da obra.
uma década marcada Assim, o objetivo
pelos abusos do governo proposto pela narrativa
militar, traçando um literária permaneceu
panorama da sociedade intacto: fazer com que o
do anos 70, representada espectador assista a
pela juventude ligada à três exemplos de vida
militância política, à social dos anos 70
drogadição e à (representados pelas
decadência dos valores protagonistas)
da classe burguesa.
O Tema

• Conclui-se que nas duas narrativas, através


dos aspectos psicológicos de cada uma das
personagens principais, pode-se observar
três diferentes testemunhos da vida social
dos anos 70:
O Tema
•Lorena: representa a classe burguesa em decadência.
Quando suas reflexões vêm misturar-se às frustrações de
“mulher que jamais conheceu homem”, esse desencontro
entre a estreiteza de princípios sob os quais foi educada e
prazeres amorosos que nunca pôde conhecer permitem
perceber a medida do malogro da sua vida e da classe
que representa.

• Lia: passa o ponto de vista do engajamento político


priorizado (ela é muito desleixada, principalmente com a
aparência). Faz com que o leitor tenha uma visão sobre
as ações políticas da igreja, os sofrimentos dos
engajados e a satisfação dos mesmos em fazer algo em
busca da tão sonhada liberdade.

• Ana Clara: representa a quebra dos padrões de moral na


sociedade, pelo uso de drogas e liberação sexual.
O Tempo
• Na narrativa literária • Na narrativa fílmica
• O tempo do romance é o • Soma-se as alterações de
tempo que dura o círculo luz nas cenas (dia e
de amizade; noite) e um símbolo: uma
• A contagem para o fim se ampulheta que é virada
dá através da ações das no início do filme e
protagonistas que as quebrada durante a
levam aos seus destinos primeira quebra no círculo
(e o fim do círculo, do (a morte de Ana Clara).
tempo e do romance)

• É dada ao leitor a • Não há contagem do


percepção do tempo tempo psicológica, os
psicológico, através de monólogos foram
muitos monólogos.
cortados.
O Espaço

Na narrativa literária
• Apesar de as
Na narrativa fílmica
protagonistas serem
jovens, o espaço do • O objetivo da autora
romance não é o foi mantido pelo
familiar, já que a diretor.
autora queria
mostrar o espaço
social do jovens dos
anos 70
O Espaço

Na narrativa literária
• Os espaços principais
são: o Pensionato Nossa Na narrativa fílmica
Senhora de Fátima e o • Os espaços principais
quarto de cada uma das foram fielmente mantidos
protagonistas (o de
Lorena é luxuoso, o de
Lia é “revolucionário” e o
de Ana Clara é um caos.
O Espaço
Na narrativa literária • Na narrativa fílmica
• Há os espaços de • O espaço de infância
infância de cada uma de Ana Clara não é
das protagonistas incluído. É substituído
(Lorena : a fazenda; por um flash back do
Lia : a Bahia e Ana estupro que ela sofreu
Clara : uma casa (mantendo o objetivo
de demonstrar uma
suja e pobre) que são infância deturpada).
apresentados nos Isso porque os monó_
monólogos. logos foram retirados.
Narrador/ foco narrativo
Na narrativa literária • Não há narrador e os
• As três protagonistas monólogos não são
intercalam-se como apresentados, devido à
narradoras e há muitos instantaneidade com que
e longos monólogos. os fatos com que os fatos
devem ser nela
apresentados.
Narrador/foco narrativo
Na narrativa literária • Na narrativa fílmica
• Paira uma dúvida quanto • Abre com a apresentação
à veracidade do acidente de um flash back de
que vitimou um dos Lorena, dando a certeza
irmãos de Lorena. Essa quanto à veracidade do
dúvida surge em um acidente
diálogo entre Lia e a mãe
de Lorena, que diz que
Rômulo morreu quando
bebê e que a história do
acidente foi inventada por
Lorena
O enredo
• Segundo Eduim Muir, num romance
dramátio, como é As Meninas, a ação e os
personegens são muito truncados, tanto que
uma mudança de situação sempre envolve
uma mudança nos personagens. Em As
Meninas pode-se perceber isso claramente,
pois o enredo funciona como parte do
significado dos personagens..

• Por esse motivo, não será abordado o


enredo, em nenhuma das narrativas, tendo
em vista sua descrição no tópico destinado
às personagens e ao desfecho.
Os personagens protagonistas

“Se eu não pensasse tanto em fazer


amor, se Ana Clara não pensasse tanto
em enriquecer, se Lião não pensasse
noite e dia em revolução...”
(Frase de Lorena, presente na narrativa literária e na fílmica)
Na narrativa literária
Lorena
Na narrativa fílmica
• Tem um berço
burguês e rígido • O impasse na vida
senso moral, porém de Lorena é
é apaixonada por mantido,
“M.N.”, um homem representando,
mais velho, casado assim, nas duas
e com filhos. narrativas, a
decadência da
classe burguesa
nos anos 70.
Lorena
Na narrativa literária Na narrativa fílmica

• No fim do filme, desiste


• Mesmo com o fim
de “M.N.”, queima uma
do círculo de foto dele e demonstra
amizade, mantem-se desejar mudar,
sonhando em ter perguntando a
“uma noite de amor” Lia:”Será que eu posso
com “M.N.” mudar?” ; e Lia
responde:”Você já está
mudando.”
Lorena
Na narrativa literária • Na narrativa fílmica
• Ao retirar o corpo de • A contradição entre a
A.C. do pensionato e vontade de mudar e a
abandoná-lo em uma postura imposta em sua
praça, reassume sua educação são
mantidas. Mas, como
postura burguesa,
visto em relação a
tentando salvar as
“M.N.”, no filme o
aparências e diz: “Já desejo de mudança é
que a morte não tem ressaltado.
remédio, posso salvar
as circunstâncias.”
Lia
Na narrativa literária Na narrativa fílmica
• Apresentada como • É apresentada apenas
uma revolucionária, como uma
inclusive da revolução revolucionária
sexual (pois tem um política, pois a cena
namorado-que está em que tira a
preso- e não vê virgindade do
problemas em tirar a “companheiro” não é
virgindade de um incluída.
“companheiro
revolucionário”.
Lia
Na narrativa literária Na narrativa fílmica
• O ato dela que • A viagem dela tem
colabora para com o uma conotação mais
fim do círculo de romântica do que
amizade é a viagem política. Isso pode ser
que ela faz para a percebido em um
Argélia- um país que diálogo criado pelo
estava diretor, entre Lia e o
desenvolvendo um seu namorado, a
sistema socialista, ou quem ela diz: “Sou
seja, a viagem é uma melhor mulher do que
realização política de soldado.”
Lia.
Ana Clara
Na narrativa literária
• A consciência de culpa
transparente nos
delírios revelam o
drama existencial que
envolveu jovens cuja
fraqueza e insegurança
os levaram a um
abismo do qual
dificilmente sairiam:a
liberdade irresponsável,
a liberação sexual e o Na narrativa fílmica
uso de drogas • A rebeldia e a
(incorporados à vida contestação de valores
dos jovens na década são mantidas como forte
de 70, como forma de marcas do personagem
contestar valores).
Na narrativa literária Ana Clara
• O único traço não
rebelde de Ana é Na narrativa fílmica
quanto ao seu
namorado Max, a • A rebeldia de ana é
quem ela trata bem mais acentuada,
incondicionalmente pois ela trata muito
e sofre porque terá mal o seu namorado
que abandoná-lo por ele não mais ser
para casar com rico e culpa-o pro
o”Escamoso”, um ela “ter” que se
homem mais velho e casar com o
rico. “Escamoso”.
O desfecho
Na narrativa literária Na narrativa fílmica
• A morte de Ana Clara é • A quebra é mais clara: além da
apresentada como morte de A.C., as cenas finais
único fato concreto da são as de Lia embarcando em
quebra do círculo, já um avião e de Lorena
que a concretização da plantando um Ipê no jardim
viagem de Lia, para a (esse Ipê representa, segundo
Argélia, não é uma das Madres, uma árvore
apresentada. que custa a crescer mas que é
difícil de derrubar, assim como
Lorena).
Conclusões
• Emiliano Ribeiro, ao decodificar a mensagem
literária, optou por um a única linha
narrativa, sem a complexidade lograda no
texto de L.F.T (ou seja, sem os monólogos
das três narradoras)
• Assim, percebe-se que o diretor optou
por reelaborar a narrativa para eu a
fílmica pudesse ficar dentro dos
padrões convencionais que asseguram
a receptividade do espectador.
AMPULHETA
Jorge Fernando dos Santos
                 (http://www.tanto.com.br/Jorgefernando-ampulheta.htm)
  

cai a areia
                        grão a grão
                           gota a
                             gota
                              vai
                               a
                             vida
                          ávida de
                        vinho e pão
                      escoa,   esvai 

You might also like